Lesão ativa de cárie em esmalte e perda mineral após o uso...

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MIRIAN DE WAELE SOUCHOIS DE MARSILLAC Lesão ativa de cárie em esmalte e perda mineral após o uso de fluoretos em superfície oclusal: Estudo “in vitro”. Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Odontologia, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Odontologia - Área de concentração: Odontopediatria. Orientador: Prof. Dr. Ricardo de Sousa Vieira Florianópolis 2007

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  • MIRIAN DE WAELE SOUCHOIS DE MARSILLAC

    Lesão ativa de cárie em esmalte e perda mineral após o uso de

    fluoretos em superfície oclusal: Estudo “in vitro”.

    Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Odontologia - Área de concentração: Odontopediatria.

    Orientador: Prof. Dr. Ricardo de Sousa Vieira

    Florianópolis 2007

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    Catalogação na fonte por: Vera Ingrid Hobold Sovernigo CRB-14/009

    D278l De Marsillac, Mirian de Waele Souchois Lesão ativa de cárie em esmalte e perda mineral após o uso e fluoretos em superfície oclusal: estudo in vitro / Mirian de Waele Souchois De Marsillac; orientador Ricardo de Sousa Vieira. – Florianópolis, 2007. 180 f. ; il. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Odontologia - Opção Odontopediatria. Inclui bibliografia.

    1. Cárie dentária. 2. Microscopia, eletrônica de varredura; 3. Cimentos de Ionômeros de Vidro; 4. Fluoretos Tópicos. I.Vieira, Ricardo de Sousa. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. III. Título. CDU 616.314-053.2

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    Mirian de Waele Souchois de Marsillac

    Lesão ativa de cárie em esmalte e perda mineral após o uso e fluoretos em superfície oclusal:

    Estudo “in vitro”.

    Esta tese foi julgada adequada para obtenção do título de “Doutor em Odontologia”, área de concentração Odontopediatria, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina.

    Florianópolis, 23 de novembro de 2007.

    _________________________________________ Prof. Dr. Ricardo de Sousa Vieira

    Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia

    BANCA EXAMINADORA

    ____________________________________________ Prof. Dr. Ricardo de Sousa Vieira

    Orientador

    ____________________________________________ Prof. Dr. Orlando Ayrton de Toledo

    Membro

    ____________________________________________ Prof. Dr. Luiz Flávio Martins Moliterno

    Membro

    ____________________________________________ Prof. Dr. Alberto Carlos Botazzo Delbem

    Membro

    ____________________________________________ Prof. Dr. Luiz Henrique Maykot Prates

    Membro

  • 4

    Epígrafe

    “Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade

    de Deus em Cristo Jesus para convosco”.

    1 Tessalonicenses 5.18

  • 5

    Dedico esta tese a

    Deus.

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    Agradecimentos Especiais

    Ao meu orientador, Prof. Dr. Ricardo de Sousa Vieira, pela a sua

    paciência, presença constante, disponibilidade, confiança, amizade e sua

    retidão.

    À memória de minha mãe Arlene Adrienne de Waele Mello e de meu pai

    Hilton Souchois de Albuquerque Mello. Agradeço a ambos não só pelo

    maravilhoso exemplo de vida, mas também de profissionalismo no atendimento

    ao paciente e na elaborção de aulas e textos. Meus primeiros professores de

    caráter, humildade, sabedoria e de perseverança em Cristo. Meu amor por

    vocês é sem fronteiras.

    Ao meu marido Fernando de Marsillac Lapolli, pelo seu amor,

    companheirismo, entrega, paciência, disposição, compreensão e colaboração.

    Acho que todas as palavras escritas não conseguem expressar o meu amor por

    você.

    As minhas irmãs Vivian de Waele Mello Braz e Lilian de Waele Mello,

    cunhados e sobrinhos e aos demais familiares, pelo amor e apoio.

  • 7

    Aos parentes do meu marido, que me apoiaram, dividiram seu amor, me

    receberam, em datas comemorativas ou não, e trouxeram esperança em

    pequenos gestos. Vocês são jóias raras que Deus colocou no meu conívio.

    As minhas amigas Profa. Dra. Hannelore Taschini Loevy, mestres

    Gisele Caldas Alexandre e Maria Cristina Quelhas, e a Jacqueline Reifman,

    pela presença, apoio e incentivo que vinham sempre por correio, e-mail ou

    telefonema.

    Aos professores da Disciplina de Odontopediatria do Departamento de

    Estomatologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de

    Santa Catarina, Dr. Ricardo de Sousa Vieira e Dras. Vera Lúcia Bosco, Maria

    José de Carvalho Rocha, Izabel Cristina Santos Almeida, Joecí de Oliveira,

    Sílvia Schaefer Tavares e Rosamaria Areal, pelos ensinamentos e troca de

    informações, sempre fundamentados em evidências científicas. O esforço

    dispendido com o curso de doutorado será sempre lembrado e a amizade

    sincera de vocês é meu maior presente.

    Aos professores e amigos da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade

    de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Sônia Lúcia

    Macedo Marçal, Vera Lúcia Campos Santos, Marialice Pentagna, Dr. Luiz

    Flávio Martins Moliterno e as Dras. Branca Heloisa de Oliveira Martins

  • 8

    Vieira e Vera Sovieiro, pelo incentivo, paricipação e amor, mesmo estando tão

    distantes.

    À técnica em higiene dental Mirabel de Lima, com quem tive o prazer de

    trabalhar no consultório particular, e também meus pais, por incansáveis anos.

    Sei que poderei contar sempre com sua honestidade e senso de justiça.

    Aos novos amigos e mestres Alice Mara Rodrigues Batista, Thais

    Regina Kummer, Karin Faust, Fabiane Borges de Liz, Luciana Rodrigues

    Vieira Batista, Fábio Luiz Andretti, Cleonice da Silveira Teixeira e aos

    Doutores Meire Coelho Ferreira, Carla Moreira Pitoni, Ângela Scarparro

    Caldo-Teixeira, Cláudia Fernandes Volpato, Naudy Brodbeck May, Luiz

    Carlos Machado Miguel, Dircelene Colares de Souza, Cimara Fortes

    Ferreira, Lizete Feuser e demais colegas do curso de Pós-Graduação em

    Odontologia, pelo carinhoso convívio.

  • 9

    Agradecimentos

    À Universidade Federal de Santa Catarina onde fui tão bem acolhida e

    me possibilitou a oportunidade de realizar o curso de Doutorado em

    Odontologia.

    Ao Diretor do Centro de Ciências da Saúde, Prof. Dr. Cléo Nunes de

    Souza, pela simpatia e interesse com que sempre tratou todos os alunos.

    Ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia na pessoa do

    Coordenador, Prof. Dr. Ricardo de Sousa Vieira e do Sub-Coordenador Prof.

    Dr. Luiz Henrique Maykot Prates, pelo estímulo, confiança e apoio dedicados a

    minha pessoa.

    À Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), através do

    Programa de Capacitação Docente (PROCAD), por ter possibilitado o meu

    afastamento da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da

    Universidade do Rio de Janeiro e, assim, me auxiliar nessa empreitada para a

    obtenção do título de Doutor em Odontologia.

    Aos Chefes do Departamento de Odontologia Preventiva e Comunitária

    da Faculdade de Odontologia do Estado do Rio e Janeiro nos anos de 2004-5,

  • 10

    Profa. Dra. Branca Heloisa de Oliveira Martins Vieira, e de 2006-7, Profa.

    Dra. Flávia Raposo Gebara Artese, por terem apoiado minha escolha em

    realizar o Curso de Doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina,

    permitindo o meu afastamento deste departamento.

    Aos Professores Doutores Ricardo de Sousa Vieira, Izabel Cristina

    Santos Almeida e Luiz Henrique Maykot Prates da Universidade Federal de

    Santa Catarina, pela contribuição feita ao projeto de tese durante a banca

    examinadora de qualificação do mesmo.

    Aos Professores Doutores Ricardo de Sousa Vieira, Luiz Fávio Martins

    Moliterno, Orlando Ayrton de Toledo, Alberto Carlos Botazzo Delbem, Luiz

    Henrique Maykot Prates, e à suplente Profa. Dra. Izabel Cristina Santos

    Almeida, pela paticição na minha banca examinadora de Tese de Doutorado

    em Odontologia – Área de Concentração em Odontopediatria.

    Ao Prof. Dr. Miguel Pedro Guerra e à funcionária Maria Luisa Peixoto,

    do Laboatório de Fisiologia do Desenvolvimento e Genética Vegetal,

    Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Agrárias da Universidade

    Federal de Santa Catarina, por cederem o estereomicroscópio e o microscópio

    de luz polarizada para a confecção desta tese. É muito bom trabalhar com

    pessoas acolhedoras e disponíveis como vocês.

  • 11

    À Profa. Dra. Ana Maria Maliska, a Mislene A. de Castro e a Keila

    Christina Kleinjohann, do Laboratório de Caracterização Microestrutural do

    Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa

    Catarina, pela disponibilidade e carinho dispensados a mim durante a confecção

    das fotomicrografias desta tese.

    À Farmaceutica Dayane Nunes de Andrade, da Farmácia de

    Manipulação Flor de Anis, pela formulação das soluções utilizadas nesta

    pesquisa. Sua rapidez e o bom atendimento fizeram toda a diferença.

    Aos Cirurgiões-dentistas Porfa. Vera Lúcia Campos Santos, Nivaldo

    Nuernberg, Levy Rau, Simone Pigozzi Haro e Fernando Baca, que não

    mediram esforços em contribuir com a doação e o envio dos terceiros molares

    inclusos extraídos de seus pacientes.

    À memória da funcionária Janete de Oliveira, auxiliar da Disciplina de

    Cirurgia do Departamento de Estomatologia do Centro de Ciências da Saúde da

    Universidade Federal de Santa Catarina, pelo incansável auxílio na doação dos

    cisos inclusos removidos cirurgicamente nessa disciplina.

    Ao apoio dos Doutores Professores Mônica Almeida Tostes Amaral,

    Cinthia Pereira Machado Tabchoury, Jaime Aparecido Cury e Alberto

  • 12

    Carlos Botazzo Delbem, que me ajudaram, à distância através de e-mails, a

    solucionar algumas questões metodológicas.

    Aos amigos da turma de Doutorado em Odontopediatria, na área de

    concentração de Odontopediatria, e atualmente Doutores, Ana Cristina Gerent

    Petry Nunes, Ângela Scarparo Caldo-Teixeira, Carla Moreira Pitoni,

    Eduardo Grigollo Patussi, Isabelita Azevedo Duarte, Meire Coelho Ferreira

    e Michele da Silva Bolan, pelas experiências vividas e compartilhadas.

    Aos amigos da turma de Mestrado em Odontopediatria, na área de

    concentração de Odontopediatria, e atualmente Mestres, Alice Mara Rodrigues

    Batista, Thais Regina Kummer, Ana Carolina Couto Robles, Karin Faust,

    Núbia de Rosso Giuliani, pelo carinhoso convívio.

    À Dra. Carla Moreira Pitoni, pelo auxílio com a revisão da análise

    estatística desta pesquisa e pela nossa amizade.

    À Mestra Karin Faust e Dras. Ângela Scarparo Caldo-Teixeira, Meire

    Coelho Ferreira e Carla Moreira Pitoni, por terem compartihado

    conhecimentos técnicos e laboratoriais tão importantes para a finalização desta

    tese.

  • 13

    Ao Prof. Dr. Sérgio Fernando Torres Freitas, pelo auxílio em algumas

    questões estatísticas.

    Às secretárias da Disciplina de Odontopediatria, Elisabete Luz Caldeira

    de Andrada e Ivalda Delmore dos Santos, pela prestimosidade e simpatia com

    que sempre me trataram.

    Às bibliotecárias Vera Ingrid Hobold Sovernigo, Maria Gorete Montguti

    Savi e também às funcionárias Avani Feltz e Márcia Dietrich Santiago da

    Biblioteca Setorial de Odontologia, pela disposição e o bom humor.

    Ao funcionário Lauro Silva, do Labotório de Pesquisa da Odontologia,

    pelo companheirismo e incansável auxílio.

    À funcionária Ana Maria Vieira Frandolozzo, do Programa de Pós-

    Graduação em Odontologia, e ao estagiário Diego André Caron, por estarem

    sempre prontos a atender meus pedidos e resolver meus problemas.

    À Profa. Márcia Rosena Soares Freccia, pela revisão do português, às

    Profa. Sônia Lúcia Macedo Marçal e à Profa. Dra. Branca Heloisa de

    Oliveira Martins Vieira, pelas revisões do inglês. Um texto bem redigido

    simplifica a compreenção e traz satisfação ao ler.

  • 14

    Aos demais funcionários da Universidade Federal de Santa Catarina,

    pelo convívio diário.

  • 15

    LISTA DE ABREVIATURAS Å: ångström

    °C: grau Celsius

    KHN: valor de dureza Knoop (“Knoop Hardness Number”)

    kV: Kilovolt

    litro: l

    m/l: mililitro por litro

    ml: mililitro

    mm: milímetro

    mm2: milímetro quadrado

    μm: micrometro

    μmol/l F: micromol por litro de íon flúor

    M: molar

    mM: milimolar

    %: porcentagem

    ppm F: parte por milhão de íon flúor

    pH: potencial hidrogeniônico

    rpm: rotações por minuto

    ®: Marca registrada

    ™: Marca registrada (“Trademark”)

    x: vezes

  • 16

    SUMÁRIO Pg

    Resumo 17

    Abstract 20

    Introdução Geral 22

    Artigo 1 - Versão em Português

    Lesão de mancha branca ativa, com erosão e/ou amolecimento

    superficial, em esmalte dental humano produzida por ácido

    lático.

    28

    Artigo 1 - Versão em Inglês

    Artificial active white spot lesion with surface softening and/or

    erosion in human dental enamel produced by lactic acid.

    53

    Artigo 2 - Versão em Português

    Efeito de um cimento de ionômero vidro e um verniz fluoreto na

    perda mineral de cárie artificial oclusal: Estudo in vitro.

    76

    Artigo 2 - Versão em Inglês

    Effect of a glass ionomer cement and a fluoride varnish on

    mineral loss of artificial occlusal caries: In vitro study.

    107

    Referências 136

    Apêndices 145

    Anexos 156

  • 17

    Resumo

  • 18

    De Marsillac, Mirian de Waele Souchois. Lesão ativa de cárie em esmalte e perda mineral após o uso e fluoretos em superfície oclusal: Estudo in vitro. 2007. 180f. Tese (Doutorado em Odontologia – Área de concentração Odontopediatria) – Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

    RESUMO

    O presente estudo in vitro foi dividido em dois artigos. O primeiro artigo foi realizado para avaliar através de microscopia eletrônica de varredura (MEV) e pelo teste de microdureza interna (MI) se a metodologia descrita neste experimento pode ser utilizada na indução de lesão de mancha branca ativa (MBA) em esmalte dentário humano. Dez molares permanentes humanos foram utilizados neste experimento in vitro onde foram induzidas lesões de MBA em superfície lisa e não abrasionadas de esmalte. Uma amostra de superfície lisa de cada dente foi recoberta com duas camadas de esmalte para unhas, exceto por uma área medindo 2,5 mm x 1 mm (2,5 mm2), delimitada no centro da amostra. Cada amostra foi exposta individualmente a 10,4 ml de uma solução desmineralizadora contendo: 0,1 mol/l de ácido lático tamponado; 0,2% de ácido poliacrílico; 0,03 ppm F; e a solução foi saturada com 50% de hidroxiapatita em pH 5,0 durante 42 dias (37oC) sem agitação. As amostras foram seccionadas no centro das lesões de MBA e uma metade foi analisada ao MEV e a outra foi submetida a teste de MI. Resultados: A média de profundidade da lesão de MBA foi de 80 μm (dp = 78,8) e foi possível detectar ao olho nu uma superfície branca rugosa e sem brilho. As fotomicrografias feitas com o MEV demonstraram que embora algumas áreas na superfície das lesões de MBA aparentassem estar relativamente intactas, outros locais da lesão apresentavam erosão. Um padrão prismático de dissolução, com o aumento das bainhas dos prismas de esmalte, foi observado em todas as amostras. Em algumas amostras também foram observados locais de destruição do centro dos prismas de esmalte. Essa metodologia pode ser utilizada para induzir lesões de MBA em esmalte dental humano, porém, quando forem realizados testes de MI, deve ser levada em consideração a erosão na superfície das mesmas. O segundo artigo determinou a perda mineral (∆Z) de lesões de MBA artificiais: apenas expostas a um desafio cariogênico de alto risco (DCAR) ou previamente tratadas com um cimento de ionômero vidro (CIV) ou um verniz fluoretado (VF), passando depois pelo mesmo DCAR. Sessenta terceiros molares humanos não irrupcionados foram secionados na superfície occlusal, em sentido buco-lingual, e desmineralizados por 42 dias. Uma metade oclusal de cada dente foi alocada para o grupo controle (D), e a outra foi destinada para grupos experimentais: A (ciclagem de pH); B (CIV + ciclagem de pH); e C (VF + ciclagem de pH). O teste de microdureza interna foi realizado. O teste de ANOVA de um critério (p=0.008) e o teste de Tukey (95%) determinou haver diferença estatística entre os grupos. Os valores médios para ∆Z foram de 4.983,53 para o grupo A(b); 3.090,93 para B(a); 4.303,29 para C(ab); e 4505.61 para o grupo D(b). Lesões de MBA, quando expostas a um DCAR, sofrem uma perda mineral considerável. Quando essas

  • 19

    lesões foram tratadas com CIV obtiveram os menores resultados para ∆Z enquanto o VF promoveu resultados intermediários. Implicações clínicas: Os produtos fluoretados testados podem diminuir a perda mineral de lesões naturais de MBA em superfícies oclusais.

    Palavras-chave: Cárie Dentária; Esmalte Dentário, ultraestrutura; Microscopia, eletrônica de varredura; Cimento de Ionômero de Vidro; Cárie Dentária; Fluoretos Tópicos.

  • 20

    Abstract

  • 21

    De Marsillac, Mirian de Waele Souchois. Enamel active white spot lesion and mineral loss after the use of fluorides in occlusal surface: An in vitro study. 2007. 180f. Thesis (PhD in Dentistry – Pediatric Dentistry) – Post-graduate Program in Dentistry, Federal University of Santa Catarina, Florianópolis.

    ABSTRACT The present in vitro experiment was divided in to two articles. The first article was made to assess trough scanning electron microscopy (SEM) and by cross-section microhardness test (CSMH) whether the methodology exposed in this experiment can be used to induce active white spot lesion (WSL) in human dental enamel. Ten human permanent molars were used in this in vitro experiment to create artificial active WSLs on smooth and unabraided enamel surfaces. One section of each tooth was double coated with nail varnish except for a limited area sized 2.5 mm x 1 mm (2.5 mm2) at the center of the surface. Each specimen was individually exposed to 10.4 ml of a demineralizing solution containing: 0.1 mol/l lactic acid buffer; 0.2% polyacrilic acid; 0.03 ppm F; and 50% saturated with hydroxyapatite at pH 5.0, during 42 days (37oC) without agitation. Samples were sectioned in the center of the artificial WSL and one half was analyzed in SEM and the other half was submitted to CSMH test. The mean depth of the active WSL was 80 μm (sd= 78.8) and a white dull rough surface could be detected by the unaided eye. SEM images demonstrated that although some surface areas of the active WSL appeared to be relative intact erosion was present. A prismatic pattern of dissolution was observed in all samples with an enlargement of the prism sheaths. In some samples there were also sites of destruction of prism cores. This methodology can be used to induce an active WSLs in human dental enamel but surface erosion has to be taken into account when performing CSMH test.The second article was an experiment sought to determine the mineral loss (∆Z) of artificially induced active WSLs: exposed to a high risk cariogenic challenge (HRCC) using pH cycling; treated with a glass ionomer cement (GIC) or a fluoride varnish (FV) and submitted to the same HRCC. Sixty unerupted human third molars were sectioned buccolingually on the occlusal surface and demineralized for 42 days. One half of each tooth was allocated to a control group (D) and the other were used as experimental groups: A (pH cycling); B (GIC + pH cycling); and C (FV + pH cycling). Cross sectional microhardness test was performed and ∆Z was assessed. One way ANOVA (p=0.008) and Tukey´s test (95%) determined statistical difference among groups. Mean values for ∆Z were 4983.53 for group A(b); 3090.93 for B(a); 4303.29 for C(ab); and 4505.61 for group D(b). HRCC promoted a greater mineral loss in active WSLs. Lesions treated with GIC had the lowest ∆Z improving the mineral content of WSLs while FV had intermediate results. The fluoride products tested might be able to improve mineral loss on natural occlusal WSLs. Key words: Dental Caries; Dental Enamel, ultrastructure; Microscopy, electron scanning; Glass Ionomer Cement; Dental Caries; Topical Fluorides.

  • 22

    Introdução

  • 23

    INTRODUÇÃO

    Analisando dados obtidos no Projeto SB Brasil 2000 para crianças,

    adolescentes e adultos, é possível verificar que a cárie dentária ainda é um

    problema de saúde pública no nosso país (BRASIL, 2004).

    A cárie dentária é associada com maior freqüência a determinados dentes

    e à morfologia dentária específica, sendo os sulcos e fissuras os prinicipais

    locais onde a doença predomina. Estratégias para avaliação do risco à cárie

    dentária devem ser realizadas para uma população específica, indivíduos e

    determinados sítios dentários (ANDERSON, 2002).

    A face oclusal dos primeiros molares permanentes possui uma tendência

    maior à cárie dentária (LI et al., 1993; WORKSHOP ON GUIDELINES FOR

    SEALANT USE: RECOMMENDATIONS, 1995; BLAYNEY e HILL, 1967). Esses

    dentes são de fundamental importância para o correto desenvolvimento da

    oclusão nos seres humanos (TAVARES et al., 2002). Os primeiros molares

    permanentes irrompem na boca da criança em torno dos seis anos de idade

    (LUNT e LAW, 1974) e, geralmente, são um dos primeiros dentes permanentes

    a fazê-lo. Esses elementos dentários levam em torno de 12 meses, desde o

    primeiro aparecimento na gengiva, até a completa oclusão funcional

    (CARVALHO; EKSTRAND; THYLSTRUP, 1991; SATO, 1991). Dentes não

    irrupcionados possuem porosidades no esmalte externo que podem facilitar a

    difusão de ácidos oriundos da placa bacteriana, enquanto esses não

    completarem sua maturação pós-irruptiva (FEJERSKOV; JOSEPHSEN; NYVAD,

  • 24

    1984). Além disso, o potencial de risco à doença cárie nos primeiros molares

    permanentes é maior que nos outros dentes devido a sua macromorfologia

    oclusal. O acúmulo de placa bacteriana nas fóssulas e fissuras oclusais desses

    dentes têm uma redução significativa, quando os mesmos atingem uma oclusão

    funcional (EKSTRAND et al., 1993). Sua limpeza pode ficar prejudicada pela

    falta de uma adequada higiene bucal. Entretanto, um programa de higiene bucal

    individualizado para primeiros molares permanentes em irrupção, com consultas

    de retornos para limpeza profissional e motivação, uma escovação diferenciada

    e o auxílio dos responsáveis, duas vezes ao dia, foram capazes de reduzir a

    placa bacteriana e o número de lesões de mancha branca ativa (MBA) nesses

    dentes, durante o período de um ano (CARVALHO; EKSTRAND; THYLSTRUP,

    1991).

    A utilização de fluoretos é um método reconhecidamente eficaz na

    prevenção e na remineralização de lesões iniciais de cárie no esmalte dentário

    (TEN CATE e FEATHERSTONE, 1991; FEATHERSTONE, 2000;

    FEATHERSTONE, 2004). O uso de fluoretos deve ser baseado no risco de cárie

    do paciente (TINANOFF e DOUGLAS, 2002). Para aumentar a possibilidade de

    contato do fluoreto tópico à superfície dentária, o mesmo foi adicionado ao

    verniz odontológico (VF) a fim de que pudesse, então, permanecer durante

    períodos prolongados (MURRAY, 1992; BLINKHORN e DAVIES, 1998). O uso

    de vernizes fluoretados é encorajado pela literatura odontológica (ISMAIL, 1998;

    BELTRÁN-AGUILAR; GOLDSTEIN; LOCKWOOD, 2000; AMERICAN

    ACADEMY OF PEDIATRIC DENTISTRY, 2006-7). Os VFs podem prevenir a

    http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=pubmed&dopt=Abstract&list_uids=9803034&query_hl=12&itool=pubmed_docsum

  • 25

    desmineralização do esmalte em dentes decíduos (MURRAY; WINTER; HURST,

    1977; WEINSTEIN et al., 1994; WEINTRAUB et al., 2006) e permanentes

    (HOLM; HOLST; MEJÀRE, 1984; MURRAY; WINTER; HURST, 1977). Os VFs

    também podem retardar a progressão e remineralizar as lesões de MBA em

    esmalte dental de decíduos (WEINSTEIN et al., 1994; AUTIO-GOLD e

    COURTS, 2001; QUEIROZ et al., 2003), dentes permanentes (ÖGAARD;

    RÖLLA; HELGELAND, 1984; HOLMEN et al., 1986; ADRIAENS; DERMAUT;

    VERBEECK, 1990), incluindo superfícies de sulcos e fissuras de molares

    permanentes (FLÓRIO et al., 2001).

    Outra forma de intervir de maneira não invasiva é através do uso de

    selantes de fóssulas e fissuras. Os selantes resinosos possuem uma grande

    resistência ao deslocamento em relação aos selantes de cimento de ionômero

    de vidro (CIV) (WORKSHOP ON GUIDELINES FOR SEALANT USE:

    RECOMMENDATIONS, 1995; AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRIC

    DENTISTRY, 2006-7). Os selantes resinosos são efetivos na prevenção de cárie

    dentária, desde que sua integridade marginal e sua retenção no local sejam

    mantidas intactas (GWINNETT et al., 1982). Um estudo clínico demonstrou que

    lesões de cárie oclusal, quando seladas com selante resinoso, tornavam-se

    inativas desde que o mesmo permanecesse sem infiltração, rachadura e/ou

    perda (MERTZ-FAIRHURST; SCHUSTER; FAIRHURST, 1986). Quanto à

    retenção do selante de CIV, alguns autores o consideram com uma pequena

    capacidade em permanecer retido nos sulcos e fissuras dos dentes (ÖVREBÖ e

    RAADAL, 1990; WILLIAMS et al., 1996). Por outro lado, vários estudos clínicos

    http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?Db=pubmed&Cmd=Search&Term=%22Dermaut%20LR%22%5BAuthor%5D&itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_RVAbstractPlushttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?Db=pubmed&Cmd=Search&Term=%22Verbeeck%20RM%22%5BAuthor%5D&itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_RVAbstractPlus

  • 26

    utilizando os selantes de CIV têm demonstrado sua efetividade na prevenção de

    cárie e uma boa retenção, em consultas de retorno até dois (MCLEAN e

    WILSON, 1974), três (HOLMGREN et al., 2000; FRENCKEN; MAKONI;

    SITHOLE, 1998) e cinco anos (PARDI et al., 2003; TAIFUR et al., 2003; BARJA-

    FIDALGO et al., 2005). Dentes que receberam um selante de CIV e são

    expostos novamente ao meio bucal, devido à perda do selamento, possuem

    chances menores de desenvolver cárie dentária (WILLIAMS et al., 1996;

    BEIRUTI et al., 2006). Esse fato pode ser resultado da combinação do efeito

    conjunto da aquisição de fluoreto naquela superfície, oriundo do selante de CIV,

    e da presença desse material como resíduo no interior das fóssulas e fissuras

    (MEJÀRE e MJÖR, 1990; SEPPÄ e FORSS, 1991). Por isso, Williams et al.

    (1996) recomendam o uso do selante de CIV como um material odontológico

    capaz de liberação de fluoreto ao invés de um simples obliterador de fóssulas e

    fissuras. Esses autores também o indicam em situações onde podem ocorrer

    certa presença de umidade, em casos onde o paciente tenha pouca idade ou

    não possua capacidade para colaborar.

    É necessário que o profissional utilize os conceitos modernos de

    diagnóstico de cárie (PITTS, 2004) para fazer observação e controle da lesão

    inicial em esmalte dentário ou ainda optar por outros tratamentos não invasivos.

    Esses conceitos também auxiliam o profissional a avaliar o desfecho para

    qualquer um dos dois procedimentos adotados. A adesão do paciente é sempre

    um fator primordial a ser considerado pelo profissional, qualquer que seja o

    procedimento adotado por ele. Os fatores etiológicos que impelem o processo

  • 27

    carioso devem ser modificados, caso contrário qualquer tratamento não invasivo

    ou invasivo que o profissional adote jamais será efetivo a longo prazo. Quando

    uma lesão de esmalte é diagnosticada em seu início, o equilíbrio no processo

    dinâmico entre a desmineralização e a remineralização pode acarretar em

    cavitação, reparo, reversão ou manutenção da situação. O ideal seria que

    pequenas concentrações de fluoreto estivessem presentes na interface dente e

    fluidos bucais ou entre fluido da placa bacteriana e o dente. O fluoreto altera o

    equilíbrio fisiológico entre a perda mineral e o reparo em favor do último (TEN

    CATE; FEATHERSTONE, 1991; FEATHERSTONE, 2000).

    O presente estudo teve dois objetivos: a) Avaliar por intermédio de

    microscopia eletrônica de varredura (MEV) e pelo teste de microdureza interna

    (MI) se a metodologia descrita neste experimento pode ser utilizada na indução

    de lesão de mancha branca ativa (MBA) em esmalte dentário humano; b)

    Determinar a perda mineral (∆Z) de lesões artificiais de MBA, produzidas em

    oclusal de terceiros molares inclusos extraídos, apenas expostas a um desafio

    cariogênico de alto risco (DCAR) ou previamente tratadas com um CIV ou ainda

    um VF, posteriormente também submetidas ao mesmo DCAR.

  • 28

    Artigo 1: Versão em Português

  • 29

    Lesão de mancha branca ativa, com erosão e/ou amolecimento superficial, em esmalte dental humano produzida por ácido lático.

    1. Mirian de Waele Souchois de Marsillac, Mestrado em Odontologia, Aluna

    do Doutorado em Odontologia da Universidade Federal de Santa

    Catarina, Florianópolis e Professora Assistente da Disciplina de

    Odontopediatria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

    2. Ricardo de Sousa Vieira, Doutor em Odontologia, Professor Associado I

    na Disciplina de Odontopediatria da Universidade Federal de Santa

    Catarina, Florianópolis, Brasil.

    Contato com autor:

    Mirian de Waele Souchois de Marsillac

    Endereço: Boulevard 28 de setembro, 157/ sala 226, Vila Isabel, Rio de Janeiro

    – RJ. CEP 20.551-030

    e-mail: [email protected]

    Telefone/Fax: (21) 2587-6372

    mailto:[email protected]

  • 30

    Resumo:

    Objetivo: Avaliar através de microscopia eletrônica de varredura (MEV) e pelo teste de microdureza interna (MI) se a metodologia descrita neste experimento pode ser utilizada na indução de lesão de mancha branca ativa (MBA) em esmalte dentário humano. Metodologia: Dez molares permanentes humanos foram utilizados neste experimento in vitro onde foram induzidas lesões de MBA em superfície lisa e não abrasionadas de esmalte. Uma amostra de superfície lisa de cada dente foi recoberta com duas camadas de esmalte para unhas, exceto por uma área medindo 2,5 mm x 1 mm (2,5 mm2), delimitada no centro da amostra. Cada amostra foi exposta individualmente a 10,4 ml de uma solução desmineralizadora contendo: 0,1 mol/l de ácido lático tamponado; 0,2% de ácido poliacrílico; 0,03 ppm F; e a solução foi saturada com 50% de hidroxiapatita em pH 5,0 durante 42 dias (37oC) sem agitação. As amostras foram seccionadas no centro das lesões de MBA e uma metade foi analisada ao MEV e a outra foi submetida a teste de MI. Resultados: A média de profundidade da lesão de MBA foi de 80 μm (dp = 78,8) e foi possível detectar ao olho nu uma superfície branca rugosa e sem brilho. As fotomicrografias feitas com o MEV demonstraram que embora algumas áreas na superfície das lesões de MBA aparentassem estar relativamente intactas, outros locais da lesão apresentavam erosão. Um padrão prismático de dissolução, com o aumento das bainhas dos prismas de esmalte, foi observado em todas as amostras. Em algumas amostras também foram observados locais de destruição do centro dos prismas de esmalte. Essa metodologia pode ser utilizada para induzir lesões de MBA em esmalte dental humano, porém, quando forem realizados testes de MI, deve ser levada em consideração a erosão na superfície das mesmas. Relevância clínica: As lesões de MBA induzidas artificialmente foram capazes de se assemelhar às lesões de MBA naturais. As imagens obtidas com o MEV do esmalte dentário poderiam ajudar o clínico a compreender a real extensão da doença e facilitar nos experimentos in situ que estivessem relacionados com a remineralização de lesões de MBA. Palavras-chave: Cárie Dentária; Esmalte Dentário, ultraestrutura; Microscopia, eletrônica de varredura.

  • 31

    INTRODUÇÃO:

    O primeiro sinal visual da cárie dentária é comumente conhecido como

    uma “lesão de mancha branca”. As etapas iniciais dessa lesão não podem ser

    detectadas ao olho nu. O diagnóstico clínico desse tipo de lesão só pode ser

    realizado quando o dente está limpo, seco e bem iluminado.1,2 A superfície do

    esmalte que está envolvida nessa lesão perde o brilho e se torna esbranquiçada,

    macia e com uma textura áspera. Algumas vezes essa lesão pode se tornar

    pigmentada por material exógeno que é absorvido nessa região porosa.3,4,5

    Embora a lesão de MBA seja considerada por muitos como uma lesão

    incipiente, essa é um estágio relativamente tardio do processo carioso no

    esmalte dentário.6

    Alguns estudos in vivo relatam modificações no aspecto clínico e

    histológico da superfície do esmalte dentário durante a inativação de uma lesão

    de MBA.7,8,9 Tem sido mostrado que as lesões de MBA no esmalte dentário com

    uma aparência esbranquiçada, sem brilho e rugosa, quando se tornaram inativas

    adquiriram um aspecto de superfície brilhante, lisa e dura.

    Antes mesmo que a lesão cariosa se torne visível ao olho nu, essa já

    envolveu a dissolução da microestrutura externa do esmalte dentário. A

    embebição de amostras de esmalte dentário em quinolina para a observação em

    microscopia de luz polarizada, demonstrou que a dissolução era identificada

    como uma zona translúcida.3 A liberação de componentes químicos, pela

    dissolução parcial da periferia dos cristalitos7,10, para a fase líquida que os

    circunda11,12, é uma reação inicial importante entre o ácido oriundo da placa

  • 32

    bacteriana e a superfície do esmalte dentário. Quando o ácido lático é utilizado

    para o estudo de lesão artificial de MBA, fase líquida da lesão permanece

    saturada em relação aos diferentes íons durante o ataque carioso. A

    desmineralização de um dente consiste em dois processos: a dissolução do

    mineral no limite mais interno da mesma (zona de vanguarda da lesão) e a

    difusão dos íons de ácido do metabolismo bacteriano, sendo que os íons

    minerais são transportados para fora da matriz do esmalte. Geralmente, a

    difusão é um processo mais lento que a dissolução.12 A difusão do ácido da

    placa bacteriana ocorre predominantemente nos espaços interprismáticos e

    intercristalinos (ou poros) do esmalte dentário preenchidos com água e

    proteínas. Vários estudos têm demonstrado que a zona de superfície da lesão é

    mais porosa que o esmalte dentário sadio circunjacente ao mesmo. O aumento

    das bainhas dos prismas são vias estruturais de passagem do ácido da

    superfície do esmalte dentário para a lesão de subsuperfície em formação. O

    esmalte dentário abaixo dessa zona afetada é mais poroso que a sua superfície.

    Conseqüentemente, essa superfície ou zona de esmalte dentário afetada não é

    uma área intacta e mostra uma tendência clara à desmineralização de

    subsuperfície.5,7,10,11,13,14,15,16

    Um experimento in vivo demonstrou que a dissolução direta da superfície

    do esmalte dentário era observada em todos os estágios de desenvolvimento da

    lesão, promovendo um aumento dos espaços intercristalinos.7 Com o progresso

    da lesão, a erosão direta dessa superfície se torna mais evidente e pode ser

    detectada clinicamente como uma MBA. Quando comparado ao esmalte sadio a

  • 33

    lesão de MBA possui uma superfície rugosa, esbranquiçada e sem brilho ou com

    um aspecto de “branco giz”. Dois fenômenos podem ser relacionados às

    características clínicas citadas: uma delas é a desmineralização de

    subsuperfície devido ao aumento da porosidade interna do esmalte dentário e a

    outra é causada pela erosão direta do esmalte superficial. A superfície irregular

    e erodida juntamente com a lesão de subsuperfície geram as características

    clínicas já mencionadas típicas da lesão de MBA.10,16

    O objetivo do presente estudo in vitro foi de avaliar por microscopia

    eletrônica de varredura (MEV) e pelo teste de microdureza interna (MI) se a

    metodologia aplicada neste experimento pode ser utilizada para a indução de

    lesão artificial de MBA no esmalte dentário humano.

    MATERIAIS E MÉTODOS:

    Dez molares humanos irrupcionados foram utilizados neste experimento.

    O parecer consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres

    Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil) aprovou o

    desenvolvimento desta pesquisa. Os dentes usados neste estudo foram

    extraídos por motivos alheios à mesma e as razões para tal estavam

    especificadas no prontuário odontológico do paciente. Todos os pacientes eram

    adultos, residentes em local com água de abastecimento fluoretada (1 ppm F), e

    foram atendidos na Universidade Federal de Santa Catarina. Inicialmente todos

    os dentes foram limpos com água corrente e detergente, com uma escova

  • 34

    dental. Qualquer tecido mole foi removido dos dentes empregando-se uma

    cureta dental. Em seguida, foi realizada uma profilaxia com taça de borracha e

    uma mistura de pedra-pomes e água deionizada em baixa rotação. Todos os

    espécimes foram lavados com água deionizada e o seccionamento das raízes

    dentárias foi efetuado com um disco diamantado (no 11-4254, serie 15 LC,

    Buehler – Lake Bluff Illinois - EUA) acoplado a uma cortadeira elétrica

    (ISOMET™ 1000, Buehler - Lake Bluff, Illinois – EUA) refrigerada com água

    deionizada. O tecido pulpar foi removido das coroas dentárias e essas foram

    seccionadas duas vezes no longo eixo da coroa dental gerando quatro

    amostras. Todas as amostras obtidas foram inspecionadas em um

    estereomicroscópio (Olympus SZH10 - Olympus Optical do Brasil, Ltda., São

    Paulo, SP - Brasil) acoplado a um sistema de captura de imagem digital

    (Olympus DP12 - Olympus Optical do Brasil, Ltda., São Paulo, SP - Brasil) para

    excluir exemplares contendo defeitos de superfície, rachaduras, cárie dentária

    e/ou alterações de coloração (25x). Apenas uma das amostras de cada dente foi

    selecionada.

    Todas as superfícies lisas e não abrasionadas foram isoladas com duas

    camadas de um esmalte vermelho para unhas, exceto por uma área limitada

    com papel adesivo medindo 2,5 mm x 1 mm (2,5 mm2). Após total secagem do

    esmalte para unhas em temperatura ambiente, foi removido o papel adesivo e as

    amostras foram submersas em 10,4 ml17,18 de uma solução desmineralizadora a

    37oC sem agitação. A solução desmineralizadora foi preparada baseada em

    White17 e continha: 0,1 mol/l de ácido láctico tamponado; 0,2% de ácido

  • 35

    poliacrílico (Carbopol® 980 – DEG Importadora de Produtos Químicos Ltda., São

    Paulo, SP - Brazil); 0,03 ppm F19; essa solução foi saturada com 50% de

    hidroxiapatita (Gen-phos HA - Hospitália Cirúrgica Catarinense Ltda.,

    Florianópolis Santa Catarina - Brasil) em pH 5,0.

    As amostras permaneceram em 10,4 ml de solução desmineralizadora

    durante 42 dias, sendo que uma nova solução era preparada e trocada a cada

    14 dias. Para evitar o crescimento de fungos foi acrescentado 0,18% de

    metilparabeno a essa solução.20

    Após a desmineralização, cada amostra foi lavada com água deionizada

    durante 10 segundos. Todas as amostras foram seccionadas no centro da lesão

    de MBA artificial utilizando-se o mesmo disco diamantado em uma cortadeira

    elétrica ISOMET 1000. Esse procedimento foi realizado com refrigeração de

    água deionizada em baixa rotação (100 rpm). As amostras foram, então, limpas

    em frascos individualizados com água deionizada em um aparelho de ultra-som

    (Ultrasonic Cleaner 1440D - Odontobrás Indústria de Equipamentos Médicos e

    Odontológicos, Ribeirão Preto, SP – Brasil), por 20 minutos, e secadas em

    temperatura ambiente sobre papel absorvente. Dez das amostras seccionadas

    foram submetidas a teste de microdureza interna (MI) do esmalte dentário e as

    outras respectivas secções foram observadas em microscópio eletrônico de

    varredura (MEV).

    Antes de efetuar o teste de MI as amostras foram incluidas em resina de

    poliéster (Central do Fiber Glass, Florianópolis, SC - Brasil) e após a sua presa

    foram lixadas e polidas em uma politriz da marca DP10 Struers machine22

  • 36

    (Panambra Industrial e Técnica SA, São Paulo, SP - Brasil). O teste de MI do

    esmalte dentário foi realizado com um indentador Knoop em um microdurômetro

    Shimadzu Micro Hardness Tester, Serie HMV-2 (Shimadzu Corporation Testing

    & Weighing equipment division, Kioto - Japão), como descrito previamente por

    Argenta et al.21 e De Marsillac et al.22 (em apreciação). Tanto a área da lesão de

    MBA quanto o esmalte sadio circunjacente, coberto pelo esmalte para unhas,

    foram submetidos ao teste de MI. Após a obtenção das médias de MI, em cada

    uma das sete profundidades para o esmalte sadio e da lesão, esses valores

    foram transformados em porcentagem do volume mineral segundo a fórmula de

    Featherstone et al.23 A profundidade da lesão foi definida por Djikman et al.24

    baseada, a partir da parte externa do esmalte, no teor de até 95% do valor de

    conteúdo mineral do esmalte sadio.

    As amostras submetidas ao MEV requerem desidratação em

    concentrações crescentes de etanol.25 Todas as amostras foram cobertas com

    uma camada de ouro de cerca de 300 Å de espessura5 em um aparelho Sputter

    Coater, Bal-Tec SCD005 (BAL-TEC AG, Balzers - Principado de Liechtenstein) a

    vácuo. A superfície externa do esmalte dentário foi observada e fotografada com

    um MEV (Philips XL30, Eindhoven - Holanda), de maneira randomizada, nos

    seguintes aumentos: 16, 60, 250 e 400 vezes e, em alguns espécimes, um

    aumento de 8.000x foi utilizado. Uma visão sagital (interna) do esmalte dentário

    com lesão de MBA foi analisada com aumentos de 120, 200 e, em algumas

    ocasiões, de 400 vezes. O aparelho de MEV foi operado em 10 ou 20 kV.

  • 37

    RESULTADOS:

    A tabela 1 contém a média da MI Knoop e o respectivo valor de

    porcentagem mineral juntamente com o desvio padrão (dp) obtido em cada

    profundidade analisada na lesão de MBA ou no esmalte hígido. Devido à erosão

    ou a uma grande perda de substância mineral (amolecimento) na superfície da

    lesão de MBA, todas as amostras tiveram um valor de dureza Knoop muito baixo

    ou perda da superfície externa em até 20 μm. Sempre que houver um valor

    muito baixo de dureza Knoop, esse não poderá ser medido de forma adequada

    no monitor do computador. Ainda nessa tabela, a profundidade média da lesão

    de MBA foi de 100 μm (80,3 e dp = 12,1).

    Table 1 – Valores de microdureza Knoop para esmalte sadio e para a lesão de MBA, volume de porcentagem mineral e desvio padrão (dp) em cada profundidade avaliada.

    Esmalte Sadio (N=10) Lesão de MBA (N=10) Profundidade Média Knoop

    (dp) % de volume mineral (dp)

    Média Knoop (dp)

    % de volume mineral (dp)

    20 μm 295,8 (39,5) 85,1 (5,1) ---------- ---------- 40 μm 307,8 (44,2) 86,6 (5,5) 29,75 (13,5) 34,4 (3,8) 60 μm 321,7 (58,8) 88,1 (7,2) 116,4 (58,8) 54,4 (17,3) 80 μm 324,1 (39,5) 88,6 (4,8) 231,9 (78,8) 75,9 (10,8) 100 μm 332,8 (30,5) 89,7 (3,7) 265,2 (30,5) 80,3 (12,1) 120 μm 345,6 (33,0) 91,2 (3,8) 307,7 (33,2) 86,6 (3,8) 140 μm 352,3 (23,5) 92,0 (2,7) 327,5 (25,4) 89,1 (2,8)

    Tabela 2 (APÊNDICE A) mostra o número de amostras com um baixo

    valor Knoop (amolecimento) ao teste de MI ou perda de estrutura do esmalte

    (erosão) em todas as profundidades avaliadas.

  • 38

    As fotomicrografias feitas com auxílio do MEV foram realizadas de forma

    aleatória das áreas de lesão de MBA em cada uma das dez amostras. O local da

    amostra exposto a solução desmineralizadora pôde ser distinguido ao olho nú e

    também em aumento de 16x ao MEV (figura 1). As imagens demonstraram que,

    em aumentos menores (16x ou 60x), algumas áreas da lesão de MBAestavam

    erodidas e outras pareciam aparentemente intactas quando comparadas ao

    esmalte sadio circundante (figura 1).

    Figura 1 – Fotografia da amostra do dente número 4 em estereomicroscópio (7x) demonstrando a área do esmalte dentário exposta à solução desmineralizadora na porção superior direita da imagem. Aspecto da mesma amostra em pequeno aumento (16x) ao MEV.

  • 39

    Um padrão prismático de destruição foi observado em todas as amostras

    que foram analisadas em áreas erodidas e nas áreas de esmalte aparentemente

    intacto. Esse padrão origina um aumento da bainha do prisma (figura 2).

    Algumas áreas superficiais foram acometidas por erosão, onde foram

    evidenciadas pericimatias subjacentes se sobrepondo no esmalte dentário

    (figura 2).

    Figura 2 – Amostra do dente número 4 demonstrando a erosão da superfície evidenciando pericimatias subjacentes (60x) na imagem superior direita. As setas na imagem de maior aumento (250x) apontam para a sobreposição das pericimatias. Na mesma fotomicrografia pode ser distinguido um padrão prismático de destruição.

  • 40

    Algumas vezes o aumento das bainhas dos prismas criou uma estrutura

    em forma de “arcos” (seta na figura 3). Todas amostras apresentaram destruição

    do centro dos prismas (figura 3) em áreas de erosão superficial.

    Figura 3 – No quadro da maior imagem (400x) a amostra do dente número 3 mostra um padrão prismático de destruição da superfície do esmalte e a seta indica a estrutura em forma de arco. A destruição do centro do prisma pode ser vista na fotomicrografia no canto superior direito (8.000x).

  • 41

    Vias estruturais, promovidas pela difusão da solução desmineralizadora,

    são observadas nos espaços interprismáticos e intercristalinos em um local de

    padrão prismático de desmineralização em uma área não erodida na amostra do

    dente 6 (figura 4).

    Figura 4 – Amostra do dente número 6 no canto superior direito (8.000x) mostra um local sadio de esmalte dentário e na imagem maior as setas destacam as áreas de dissolução intercristalina e interprismática no mesmo dente, em um local onde não havia erosão da MBA (8.000x).

  • 42

    A fotomicrografia da porção interna da lesão de MBA também mostra

    algumas partes de perda da superfície externa do esmalte (figura 5).

    Figura 5 – Secção transversal da lesão de MBA da amostra do dente número 4 onde as chaves delimitam a porção erodida da superfície do esmalte dentário (120x).

    DiSCUSSÃO:

    Uma solução de ácido lático tamponada foi utilizada neste experimento

    para produzir lesão de cárie em amostras de esmalte dentário humano,17,18

    porque esse ácido representa 90% ou mais da sacarose e/ou glicose fermentada

    pelos Streptococcus.26,27 Esses são os microorganismos predominantes no início

  • 43

    da colonização da placa dental em esmalte ou superfícies radiculares28 em

    indivíduos cárie ativos ou não.29

    A solução desmineralizadora empregada neste estudo foi capaz de criar

    cárie artificial em molares humanos extraídos que se assemelham à lesão

    natural de MBA de superfície lisa quando comparados a literatura. O ácido

    poliacrílico foi usado nessa formulação para restringir a difusão do ácido láctico

    no esmalte dentário e criar lesões de subsuperfície.17,30,31 Uma pequena

    concentração de fluoreto19 também foi utilizada para auxiliar na criação da zona

    de superfície da lesão de MBA e evitar uma grande erosão do esmalte

    dentário.32 Outros estudos laboratoriais têm utilizado diferentes métodos para

    restringir a difusão do ácido na superfície do esmalte e criar lesões de

    subsuperfície em esmalte dentário humano ou bovino como: sistemas de

    géis33,34; soluções desmineralizadoras enriquecidas com cálcio e fosfato

    contendo fluoretos35,36,37 ou sem fluoreto38,39; soluções desmineralizadoras com

    protetores de superfície e enriquecidas com cálcio e fosfato contendo ou não

    fluoretos.11,17,18 As substâncias mais utilizadas como protetores de superfície na

    formação de lesões artificiais de subsuperfície em esmalte dentário são ou o

    Metano hidroxidifosfonato (MHDP)11 ou o ácido carboxílico (Carbopol™).17 O

    MHDP pode interagir com o ácido lático tamponado através da competição com

    os locais contendo cálcio no esmalte dentário e o ácido poliacrílico possui uma

    ação independente30. O ácido poliacrílico é um excelente protetor de superfície

    para o esmalte dentário e ainda permite que os ácidos orgânicos se difundam

  • 44

    pela zona de superfície do mesmo, promovendo uma lesão de subsuperfície.

    Essa substância química é comercializada com maior facilidade que o MHDP.31

    A média da profundidade da lesão artificial de MBA obtida neste estudo in

    vitro foi de 100 μm (80,3 e dp = 12,1). Essa pode não ser uma lesão muito

    profunda, porém, ela pode ser detectada ao olho nu e como smalte úmido

    devido ao somatório dos efeitos da superfície erodida e à lesão de subsuperfície.

    Um experimento in vitro realizado por Margolis et al.32 também utilizou uma

    solução de ácido lático (0,1 M), parcialmente saturada em relação ao mineral do

    esmalte dentário, em pH 4,3, e baixas concentrações de fluoreto. Essa solução

    desmineralizadora não possuía um agente protetor de superfície como a usada

    no presente estudo e por isso as imagens ao MEV evidenciaram que, após 72

    horas, as soluções contendo 0,004 e 0,009 ppm F apresentaram cavitações na

    superfície do esmalte. Outras soluções desmineralizadoras contendo 0,024;

    0,054 e 0,154 ppm F formaram uma superfície de esmalte dentário

    aparentemente intacto após o mesmo período. O exame visual dessas amostras

    apresentava um aspecto esbranquiçado, embora nas fotomicrografias com

    aumento de 500x não tenha havido diferença entre a área afetada e o esmalte

    sadio.

    Caso uma lesão de MBA seja detectada após secagem, provavelmente

    ela deve estar limitada a uma discreta dissolução da superfície do esmalte

    dentário e a uma desmineralização da subsuperfície na sua porção externa.

    Quando uma lesão de MBA é visível em uma superfície dentária úmida, a

    mesma já penetrou mais na superfície do esmalte dentário1,16. As características

  • 45

    de uma lesão de mancha branca com uma superfície de coloração

    esbranquiçada, sem brilho e rugosa indicam um estágio avançado da lesão

    cariosa no esmalte dentário e é então denominada de MBA.7,8,9,10,16,40 É por isso

    que Ekstrand2 sugeriu que as pesquisas clínicas registrassem essas diferenças

    nas lesões de mancha branca em esmalte carioso utilizando um critério visual

    que possibilitasse constatar a atividade e a profundidade das lesões em faces

    oclusais.

    As amostras de lesão de MBA obtidas neste experimento apresentaram

    dois graus de envolvimento da superfície do esmalte mesmo em aumento de

    apenas 16x (figura 1): áreas de erosão e áreas aparentemente

    intactassemelhante ao esmalte sadio circundante. Esses locais distintos da

    lesão de MBA também demonstraram possuir diferentes graus de dissolução do

    esmalte. Nos locais de esmalte dentário aparentemente intacto foi possível

    detectar um acometimento inicial do esmalte dentário devido ao acentuamento

    das características anatômicas superficiais com: maior definição nas áreas de

    sobreposição das pericimátias e aprofundamento das depressões referentes aos

    processos de Tomes. Segundo Holmen et al.7 isso já caracteriza uma dissolução

    inical do esmalte pelo processo carioso.

    Um padrão prismático de desmineralização, com um aumento das

    bainhas dos prismas, foi detectado em algumas partes da lesão de MBA (figuras

    2 e 3). Esse padrão pôde ser visualizado tanto em locais aparentemente intactos

    como nas áreas de erosão de todas as amostras. Estes achados corroboram

    com os de Haikel et al.5 , Holmen et al.7, e Frank15 que analisaram lesões de

  • 46

    MBA naturais. Alguns autores5,15 consideram que o padrão prismático de

    desminerlização seja um dos graus iniciais do processo carioso. Nos locais de

    erosão da lesão de MBA também foram observadas áreas onde o padrão

    prismático apresentava dissolução do centro dos prismas (figura 3). Segundo

    Haikel et al.5 e Frank15 isso indica um grau mais avançado de comprometimento

    do esmalte dentário pelo processo carioso.

    O presente estudo não teve como foco principal evidenciar a

    microestrutura interna da lesão de MBA e sim a superfície da mesma.

    Entretanto, o aspecto interno da superfíice erodida do esmalte com lesão de

    MBA pode ser verificado na figura 5. Frank15 também estudou ao MEV a porção

    interna da lesão natural de MBA em esmalte dentário humano após o

    seccionamento. Ele evidenciou que o aumento das bainhas dos prismas também

    ocorria nessa porção interna da lesão.

    Alguns “buracos ou orifícios focais” foram encontrados em locais de lesão

    de MBA e de esmalte sadio nas amostras observadas nessa pesquisa in vitro.

    Haikel et al.5 detectaram que apenas 10% das suas amostras apresentaram

    “buracos ou orifícios focais” na superfície de lesões naturais de MBA ou nas

    lesões cariosas pigmentadas de dentes decíduos ou permanentes. De acordo

    com esses autores, os “buracos ou orifícios focais” podem ser encontrados no

    esmalte dental sadio ou em lesões de MBA, entretanto, eles não parecem ser

    uma característica especial do processo carioso no esmalte dentário.

    A figura 4 compara um local com superfície de esmalte sadio a um local

    não erodido da superfície de lesão de MBA com padrão prismático de

  • 47

    desmineralização de uma mesma amostra usando o mesmo aumento (8.000x).

    A imagem maior dessa figura demonstra as vias de difusão criadas pela solução

    desmineralizadora nos espaços intercristalinos e interprismáticos. É através

    desses espaços que o ácido da placa bacteriana tem acesso a subsuperfície do

    esmalte dentário como relatam outros autores. 4,6,9,10,12,14,15

    A metodologia apresentada nesta pesquisa pode promover uma

    adequada fonte de estudo para o processo carioso de lesões de MBA em

    esmalte dentário humano. O teste de MI e as fotomicrografias avaliadas na atual

    pesquisa in vitro demonstraram que a solução desmineralizadora utilizada foi

    capaz de criar lesão artificial de MBA em esmalte dentário humano de maneira

    semelhante à lesão cariosa natural. Contudo, a erosão superficial dessas lesões

    deve ser levada em consideração quando forem realizados teste de MI.

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  • 53

    Artigo 1: Versão em Inglês

  • 54

    Artificial active white spot lesion with surface softening and/or erosion in human dental enamel produced by lactic acid.

    1. Mirian de Waele Souchois de Marsillac, DDS, MSc, PhD candidate at the

    Department of Pediatric Dentistry from the Federal University of Santa

    Catarina, Florianópolis and Assistant Professor, Department of

    Community and Preventive Dentistry, State University of Rio de Janeiro,

    Brazil.

    2. Ricardo de Sousa Vieira, DDS, MSc, PhD, Associate Professor at the

    Department of Pediatric Dentistry from the Federal University of Santa

    Catarina, Florianópolis, Brazil.

    Corresponding author:

    Mirian de Waele Souchois de Marsillac

    Address: Boulevard 28 de setembro, 157/ sala 226, Vila Isabel, Rio de Janeiro –

    RJ. CEP 20.551-030

    e-mail: [email protected]

    Telephone/Fax: (21) 2587-6372

    mailto:[email protected]

  • 55

    Artificial active white spot lesion with surface softening and/or erosion in

    human dental enamel produced by lactic acid. Abstract:

    Purpose: To assess trough scanning electron microscopy (SEM) and

    cross-sections microhardness (CSMH) test whether the methodology exposed in

    this experiment can be used to study active white spot lesion (WSL) in human

    dental enamel. Methods: Ten human permanent molars were used in this in vitro

    experiment to create artificial active WSLs on smooth and unabraided enamel

    surfaces. One section of each tooth was double coated with nail varnish except

    for a limited area sized 2.5 mm x 1 mm (2.5 mm2) at the center of the surface.

    Each specimen was individually exposed to 10.4 ml of a demineralizing solution

    containing: 0.1 mol/l lactic acid buffer; 0.2% polyacrilic acid; 0.03 ppm F; and

    50% saturated with hydroxyapatite at pH 5.0, during 42 days (37oC) without

    agitation. Samples were sectioned in the center of the artificial WSL and one half

    was analyzed in SEM and the other half was submitted to CSMH. Results: The

    mean depth of the active WSL was 80 μm (sd= 78.8) and a white dull rough

    surface could be detected by the unaided eye. SEM images demonstrated that

    although some surface areas of the active WSL appeared to be relative intact

    erosion was present. A prismatic pattern of dissolution was observed in all

    samples with an enlargement of the prism sheaths. In some samples there were

    also sites of destruction of prism cores. This methodology can be used to induce

    active WSLs in human dental enamel but surface erosion has to be taken into

    account when performing CSMH test.

    Clinical Significance: Artificial induced active WSLs resembled natural ones. The

    SEM images of active WSLs on enamel would help the clinician understand the

    actual extent of the disease and could facilitate in situ experiments that deal with

    remineralization of enamel lesions.

    Key words: Dental Caries; Dental Enamel, ultrastructure; Microscopy, electron scanning.

  • 56

    INTRODUCTION:

    The first visual clinical sign of dental caries is commonly known as a “white

    spot lesion” (WSL). Early stages of this lesion cannot be detected with an

    unaided eye. Clinical diagnosis of this kind of lesion can only be performed on a

    clean, dried and well illuminated tooth. 1,2 The enamel surface involved in this

    lesion looses its gloss and turns whitish, soft and with a roughened texture.

    Sometimes this lesion becomes stained by exogenous material adsorbed to the

    porous region.3,4,5 Although the white spot lesion is considered by many as an

    incipient carious lesion it is actually a relatively late stage of the carious process

    in enamel.6

    Clinical aspects and histological features of surface enamel changes

    during the arrestment of active carious lesions in vivo have been reported.7,8,9 It

    has been shown that active carious enamel lesions with a whitish opaque

    appearance and a rough surface, when transformed into an inactive stage obtain

    a smooth and hard surface.

    Before the lesion becomes macroscopically visible to the naked eye it

    already involves the dissolution of the external microsurface. Imbibition in

    quinoline and observation under a polarized light microscope demonstrated that

    this dissolution was identified as a translucent zone.3 An important initial reaction

    between the acid from the dental plaque and the enamel surface is the partial

    dissolution of the crystallites peripheries,7,10 liberating these chemical

    components to the surrounding water phase.11,12 When using lactic acid to study

    artificial WSL the fluid within the lesion remained saturated with respect to

  • 57

    different ions during caries attack. Demineralization of a tooth consists in two

    processes: dissolution of the mineral at the advancing front of the lesion, and

    diffusion of acid ions from bacteria metabolism and solubilized mineral ions that

    are transported out of the lattice. Generally, diffusion is the slowest of these two

    processes.12 Acid diffusion from the dental plaque occurs predominantly in the

    interprismatic and intercrystalline spaces (or pores) filled with water and proteins.

    A number of studies have demonstrated that the surface zone of the lesion has

    more porous than the surrounding sound enamel. Enlargement of prism sheaths

    are structure pathways from the enamel surface to the forming sub-surface

    lesion. The enamel underneath this affected zone is more porous than the latter.

    Consequently, this is not an almost intact surface area as some professionals

    assume. Moreover, it clearly shows a tendency to subsurface

    demineralization.5,7,10,11,13,14,15,16

    An in vivo experiment demonstrated a direct dissolution of the enamel

    surface observed in every stage of lesion development, and leading to an

    enlargement of intercrystalline space.7 As the lesion progresses the direct

    surface erosion becomes more evident and can be clinically detected as an

    active WSL. Clinical characteristics of this active lesion are the rough, white dull

    (without surface luster) or chalky appearance with a distinct level from the sound

    enamel to the affected zone. Two phenomena are related to this clinical

    characteristic, one is the subsurface demineralization due to the increased

    internal enamel porosity and the other one is caused by the direct surface

  • 58

    erosion. Both, the irregular eroded surface and the subsurface lesion, generates

    the clinical aspects that are characteristics of a WSL cited above. 10,16

    The aim of the present in vitro study was to determine by SEM and cross-

    sectional microhardness (CSMH) test whether the methodology used in this

    experiment can be use to induce artificial active WSL on human dental enamel.

    MATERIAL AND METHODS

    Ten extracted irrupted molars were used in this study which had ethical

    approval by the Committee of Ethics in Human Being Research of the Federal

    University of Santa Catarina (Brazil). These teeth were extracted for reasons

    specified at the patient’s dental record forms and had no relation to this

    experiment. All patients were adults, living on a water fluoridated area (1 ppm F),

    and attending the Federal University of Santa Catarina Dental School. Initially all

    teeth were cleaned under running tap water with detergent and a toothbrush. Any

    soft tissue was removed from the teeth with the aid of a dental scaler. A

    prophylaxis was performed with pumice slurry and a mechanic rotating cup and,

    subsequently the teeth were washed with deionized water. Roots were sectioned

    with a wafering diamond blade (#11-4254, Series 15 LC, Buehler - Lake Bluff,

    Illinois – USA) on a cutting machine (ISOMET™ 1000, Buehler - Lake Bluff,

    Illinois – USA) refrigerated with deionized water. Pulp tissues were discharged

    and the crowns were sectioned twice on the occlusal surface, trough its long

    axis, giving rise to four samples. All samples were visually inspected on a

  • 59

    stereomicroscope (Olympus SZH10 - Olympus Optical do Brazil, Ltda., São

    Paulo, SP - Brazil) coupled to a digital imaging capturing system (Olympus DP12

    - Olympus Optical do Brasil, Ltda., São Paulo, SP - Brazil) for enamel defects

    such as cracks, caries or discolorations (x25). Only one sample from each tooth

    was selected for the experiment.

    All smooth and unabraided surfaces were painted with two coats of a red

    nail varnish except for an area limited with an adhesive paper, sized 2.5 mm x 1

    mm (2.5 mm2). The adhesive paper was removed after the nail varnish had dried

    completely at room temperature and samples were individually immersed in 10.4

    ml17,18 of a demineralizing solution without agitation at 37oC. The demineralizing

    solution was prepared based on White17 containing: 0.1 mol/l lactic acid buffer;

    0.2% polyacrilic acid (Carbopol® 980 – DEG Importadora de Produtos Químicos

    Ltda., São Paulo, SP - Brazil); 0.03 ppm F19 and 50% saturated with

    hydroxyapatite (Gen-phos HA - Hospitália Cirúrgica Catarinense Ltda.,

    Florianópolis Santa Catarina - Brazil) at pH 5.0. Samples remained in 10.4 ml of

    demineralizing solution for 42 days and within every 14 days the solutions were

    changed for a new freshly prepared one. To avoid fungal growth in the

    demineralizing solution 0.18% methylparaben was added to it. 20

    After demineralization, each surface was washed in deionized water for 10

    seconds and sectioned in half at the center of the lesion utilizing ISOMET 1000

    cutting machine and a diamond wafering blade. This procedure was performed

    under deionized water cooling and with a low rotating speed of 100 rpm. All

    specimens were ultrasonicated (Ultrasonic Cleaner #1440D - Odontobrás

  • 60

    Indústria de Equipamentos Médicos e Odontológicos, Ribeirão Preto, SP –

    Brazil) for 20 minutes in individual vials containing deionized water and were left

    to dry at room temperature on top of an absorbent paper. Ten halves were

    submitted to cross-sectional microhardness (CSMH) test and the other ten

    halves were observed on a scanning electron microscope (SEM).

    Before accomplishing CSMH test all samples were embedded in polyester

    resin (Central do Fiber Glass, Florianópolis, SC - Brazil) and after its cure they

    were grounded and polished22 on a Politriz DP10 Struers machine22 (Panambra

    Industrial e Técnica SA, São Paulo, SP - Brazil). CSMH test was performed with

    a Knoop indenter on a Shimadzu Micro Hardness Tester, HMV-2 Series

    (Shimadzu Corporation Testing & Weighing equipment division, Kioto - Japan),

    as previously described by Argenta et al.21 and De Marsillac et al.22 (In press).

    Both active WSL and sound enamel area beneath the nail varnish were

    submitted to this test. After obtaining the mean values of CSMH test on each of

    the seven tested depths these findings were transformed into volume percent

    mineral trough the formula used by Featherstone et al.23 The depth of the lesion

    has been defined as up to 95% of the mineral content of the sound enamel.24

    SEM analysis required dehydration with increasing concentrations of

    ethanol.25 All specimens were coated with a layer of gold-palladium of about 300

    Å of thickness5 in a Sputter Coater, Bal-Tec SCD005, machine (BAL-TEC AG,

    Balzers - Principality of Liechtenstein) under vacuum. Enamel outer surface was

    observed and photographed, at random, with the aid of a scanning electron

    microscopy (Philips XL30, Eindhoven - Netherlands) using magnifications of 16,

  • 61

    60, 250, 400 times and in some specimens a 8.000 magnification was also used.

    Sagital (internal) view of the artificial WSL in the enamel was studied with

    magnifications of 120, 200 and sometimes x400. The SEM was operated at 10 or

    20kV.

    RESULTS:

    Table 1 indicates the mean Knoop hardness number and its volume

    percent mineral along with their standard deviation obtained on each depth of the

    CSMH test in WSL or sound and enamel. Due to surface erosion or to a great

    loss of mineral substance (softening) on the surface of the WSLs all samples had

    either a very low Knoop value or lost the outer 20 μm enamel structure.

    Whenever there is a very low Knoop value it cannot be adequately measured on

    the computer monitor. Table 1 also shows that the mean depth of the active WSL

    was 100 μm (80.3 and dp = 12.1).

    Table 1 - Sound and enamel active WSL’s Knoop hardness value, volume

    percent mineral and standard deviation (sd) for each depth evaluated.

    Sound Enamel (N=10) WSL (N=10) Mean Knoop

    (sd) Volume %

    mineral (sd) Mean Knoop

    (sd) Volume %

    mineral (sd) 20 μm 295.8 (39.5) 85.1 (5.1) ---------- ---------- 40 μm 307.8 (44.2) 86.6 (5.5) 29.75 (13.5) 34.4 (3.8) 60 μm 321.7 (58.8) 88.1 (7.2) 116.4 (58.8) 54.4 (17.3) 80 μm 324.1 (39.5) 88.6 (4.8) 231.9 (78.8) 75.9 (10.8) 100 μm 332.8 (30.5) 89.7 (3.7) 265.2 (30.5) 80.3 (12.1) 120 μm 345.6 (33.0) 91.2 (3.8) 307.7 (33.2) 86.6 (3.8) 140 μm 352.3 (23.5) 92.0 (2.7) 327.5 (25.4) 89.1 (2.8)

  • 62

    Table 2 (APPENDIX A) shows the number of samples with a low Knoop

    value (softening) for CSHM test and loss of enamel structure (erosion) in every

    depth evaluated.

    SEM photographs were made at random from WSL areas on each of the

    ten samples. Areas exposed to the demineralizing solution could be

    distinguished to the naked eye and in x16 magnification on SEM (figure 1) in all

    samples. These images also demonstrated that at smaller magnifications (x16 or

    x60) some areas of the active WSL appeared to be relative intact compared to

    the sound enamel surrounding it (figure 1).

    Figure 1 – Sample tooth number 4 photographed on a stereomicroscope (x7) showing the area exposed to the demineralizing solution (upper right image) and a SEM image with a small magnification (x16) of this sample.

  • 63

    A prismatic pattern of surface destruction was observed in all of the

    samples in both eroded and/or apparently intact areas (figure 2). This pattern

    creates a widening of the prism sheaths. Some surface areas were undertaken

    by erosion and exposed underneath perikymata overlapping (figure 2).

    Figure 2 – Sample tooth number 4 showing surface erosion with exposed underlying perikymata (x60) on the upper right image. Arrows in the larger image point out the overlapping perikymata (x250). In the same image a prismatic pattern of surface destruction can be noticed.

  • 64

    Some times the widened prism sheaths created an “arcade-formed”

    structure (arrow in figure 3). All samples showed destruction of prism cores

    (figure 3) related to areas with surface erosion.

    Figure 3 – Sample tooth number 3 with prismatic pattern of surface destruction (x400) on the larger picture with an “arcade-formed” structure (arrow). The upper right image shows the destruction of prism cores in magnifications (x8,000).

  • 65

    Diffusion pathways through intercrystalline and interprismatic spaces can

    be detected on a non eroded area with a prismatic pattern of demineralization

    from tooth sample number 6 (figure 4).

    Figure 4 – Sample tooth number 6 showing a sound enamel surface on the upper right image (x8,000). On the larger image arrows pointing out some of the areas with dissolution of crystallines and interprismatic area on an active WSL in the same sample tooth (x8,000).

  • 66

    The SEM image of the internal aspect of the active WSL also shows the

    loss of some parts of the superficial enamel (figure 5).

    Figure 5 – Cross-sectional view (x120) of sample tooth number 4 showing the internal aspect of the surface erosion delimitated by brackets.

    DISCUSSION:

    A lactate buffer was used to produce artificial caries lesions in human

    enamel specimens17,18 due to the fact that this acid represents 90% or more of

    the sucrose and/or glucose fermented by Streptococci.26,27 These are the

  • 67

    dominant microorganisms in the early colonization of dental plaque in enamel or

    root surfaces28 whether in caries active or inactive individuals.29

    The demineralizing solution used in this study was able to create artificial

    caries on extracted human molar teeth resembling a natural active WSL in

    smooth surface. In order to restrict lactic acid diffusion on the enamel and create

    caries-like subsurface lesions a polyacrilic acid was used.17,30,31 A small

    concentration of fluoride19 was also employed to help create a surface zone in

    the WSL and avoid greater surface erosion.32 Other laboratory works have used

    different methods to create WSLs in human or bovine teeth as: gel systems33,34;

    demineralizing solutions enriched with calcium and phosphate with fluoride35,36,37

    or without it38,39; demineralizing solutions with surface protectors, enriched with

    calcium and phosphate with or without fluoride.11,17,18 Methane

    hydroxydiphosphonate (MHDP)11 or polyacrylic acid (Carbopol™)17 are the most

    used surface protectors substances used for in vitro subsurface caries formation.

    MHDP might interact with lactate buffer by competition of calcium sites in the

    enamel and polyacrylic acid acted independently.30 Polyacrylic acid is an

    excellent surface protector for the enamel and it still enables the organic acids to

    diffuse through the surface zone generating a subsurface lesion. This chemical

    substance is more easily purchased than MHDP.31

    The mean depth of artificial active WSL obtained in this in vitro study was

    100 μm (80.3 e dp = 12.1). This is not a very deep lesion but it could be detected

    by the naked eye and with a humid surface because of the added effect of

    eroded surface and the subsurface lesion. A in vitro study performed by Margolis

  • 68

    et al.32 also employed a lactate solution (0.1 M) partially saturated with respect

    to enamel mineral with a 4.3 pH and low levels of fluoride. This solution did not

    have a surface protector agent as the one used in the present study therefore

    they found cavitations on SEM images at the surface enamel after 72 hours with

    0.004 and 0.009 ppm F demineralizing solutions. Other solutions containing

    0.024, 0.054 and 0.154 ppm F formed an apparently intact enamel surface in the

    same time interval. Visually the enamel surface appeared whitish although in

    SEM photographs with a x500 magnification there was no difference between the

    affected area and sound enamel.

    If a WSL is detected after air drying it is probably limited to a discrete

    dissolution of the enamel surface and to a subsurface demineralization in the

    outer enamel. Whenever a WSL is visible on a wet tooth surface it has been

    penetrated more into the enamel surface.1,16 The whitish, without luster and

    rough surface feature on the surface of the artificial WSL denotes an advanced

    stage of the lesion and it is called active WSL.7,8,9,10,16,40 That is why Ekstrand2

    suggests that clinical trials record these differences in WSL by using visual

    criteria to asses the depth and the activity of occlusal caries.

    Even at small magnification as x16 (figure 1) artificial WSLs induced in this

    experiment demonstrated two types of enamel surface involvement: areas of

    erosion and other areas apparently intact, when compared to the sound enamel

    surrounding it. These two distinct sites of the WSL also presented different levels

    of enamel dissolution. An initial dissolution pattern was detected in areas with

    apparently intact enamel where anatomical features were more pronounced such

  • 69

    as perikymata overlappings and deepened Tomes´ process pits. According to

    Holmen et al.7 these accentuations of developmental features characterizes an

    initial stage of enamel dissolution due to the carious process.

    A prismatic pattern of demineralization, with an enlargement of the prism

    sheaths, was detected on some parts of the active WSL. It was present either on

    apparently intact or eroded areas in every sample (figure 2 and 3). This finding

    corroborates to what Haikel et al.5, Holmen et al.7, and Frank15 saw on natural

    active WSLs. Some authors5,15 consider that