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LETRAMENTO LITERÁRIO E A CULTURA AFRICANA EM SALA DE AULA
Amélia Rosana da Costa1
Vanderléia da Silva Oliveira2
Resumo: O processo de letramento literário potencializa no aluno o prazer estético e senso crítico, por meio do conhecimento e da interação multicultural, desenvolvendo a leitura e proporcionando a aquisição de novos conhecimentos, sobretudo relacionados ao universo da cultura africana. Nesse sentido, um dos propósitos desse trabalho é verificar como o letramento literário auxilia na assimilação dos conteúdos relacionados aos contos presentes no livro O príncipe medroso e outros contos africanos, de Anna Soler-Pont (2009), na percepção de como são parecidos com nossos contos de origem européia. A literatura de origem africana torna-se um tema relevante para o educador e para o educando, na medida em que os despertam para um questionamento crítico das relações étnico-raciais e seus desdobramentos: a questão do preconceito, da pluralidade cultural, o substrato histórico e cultural africano e a noção de que há literatura na África, ainda que, em sua maior parte, ágrafa. Palavras-chave: Letramento literário. Cultura africana. Prática de leitura. Conto africano. Sequência básica.
Introdução
A Lei Federal 10.639/2003, sancionada em 2003 pelo Presidente da
República, que altera a LDB (BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da
Educação, 1996), institui a obrigatoriedade no Ensino Fundamental e Médio,
público e particular de se incluir no currículo o estudo da História e Cultura
Afro-brasileira e Africana. Essa Lei foi sancionada devido à imensa luta de
movimentos sociais por reconhecimento da contribuição da cultura e história
africana em nossa sociedade.
O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana faz-se necessário
para garantir uma ressignificação e valorização cultural das matrizes africanas
que formam a diversidade cultural brasileira. Portanto, os professores exercem
importante papel no processo da luta contra o preconceito e a discriminação
racial no Brasil. Com a aprovação da referida Lei também foi instituído o dia
Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), em homenagem ao dia da
morte do líder quilombola negro Zumbi dos Palmares. Importante lembrar que
1 Professora da Rede Estadual de Educação, formada em Letras Anglo-Portuguesas pela
Fundação Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Cornélio Procópio e pós-graduada em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira pela mesma universidade, Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE – SEED-PR, Turma 2012. 2 Professora Doutora em Letras, pela UEL, Mestre em Literaturas de Língua Portuguesa, pela
UNESP-Assis, pertencente ao Centro de Letras, Comunicação e Arte, da UENP- Cornélio Procópio. Atua na área de Literatura brasileira e Teoria Literária.
Palmares é a primeira idéia de república constituída no Brasil e não foi apenas
refúgio apenas de negros fugidos e ex-escravos, mas de indígenas que
perderam suas terras para o colonizador europeu, pequenos agricultores
arruinados e demais pessoas, que viam no Quilombo, um lar. O dia da
consciência negra é marcado pela luta contra o preconceito racial no Brasil.
A obrigatoriedade da Lei, no entanto, está longe de proporcionar o
efetivo reconhecimento e valorização da Cultura e História Afro-brasileiras e
Africanas, o que se lamenta é que apesar de muitos estudiosos se debruçarem
sobre o tema, muitos professores fazem vistas grossas e repudiam preparar
material relativo ao assunto, passam ao largo de tornarem-se agentes de
transformação, preferindo cultuar uma visão de mundo eurocêntrica.
Considerando estes aspectos, este artigo relata uma experiência de
intervenção no espaço escolar da rede pública do Paraná, inserida nas
atividades do programa PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional).
Nela, o foco foi o de experimentar a prática do letramento literário a partir da
abordagem de contos africanos coletados da cultura oral na África Subsaariana
por Anna Soler-Pont e reunidas no livro O príncipe medroso e outros contos
africanos. A coletânea reúne desde contos mais conhecidas como os de
animais e da criação do dia e da noite até os mais desconhecidos como os de
príncipes e princesas. Apesar dos obstáculos enfrentados por apresentar uma
proposta de letramento literário num cenário em que pouco se faz pela leitura
literária no espaço escolar da escola pública, os resultados obtidos foram
plenamente satisfatórios em relação à proposta apresentada.
1 A Cultura africana em sala de aula
A rica cultura africana, quando trazida para a sala de aula, constrói nos
alunos uma visão diferenciada do continente africano, sempre mostrado na
mídia, como uma terra de flagelos e calamidades e poucas vezes como uma
terra de valorização da figura do contador de histórias (griotes), da valorização
da sabedoria dos ancestrais, do culto aos seres da floresta e dos mares, das
histórias de príncipes e princesas, de reis e rainhas, etc.
Sendo a função da escola e dos professores a formação de nossos
alunos para exercer seu papel na sociedade de maneira crítica e autônoma,
faz-se necessário que se resgate do limbo a que foi submetida durante séculos
e séculos a história de resistência e luta de um povo que sofre, mas preserva
sua cultura e história a todo custo, para que, assim, possamos nos reconhecer
nela, valorizá-la, respeitá-la e valorizarmos e respeitarmos como nação que
recebeu influências africanas em nossa formação histórica, econômica,
cultural, religiosa...
Portanto a promulgação da Lei foi relevante para que uma numerosa
parcela da população possa ter seus direitos garantidos e sua identidade
valorizada. De acordo com Souza (2006, p.7):
Abordar conteúdos que trazem para a sala de aula a história da África e do Brasil africano é fazer cumprir nossos grandes objetivos como educadores; levar à reflexão sobre a discriminação racial, valorizar a diversidade étnica, gerar debate, estimular valores e comportamentos de respeito, solidariedade e tolerância.
Uma maneira eficiente de conseguir esse resgate histórico é por meio da
arte, uma vez que ela não embolora, enferruja ou envelhece. De todas as artes,
uma que é eficaz para o enriquecimento cultural, afetivo, histórico e espiritual é
a literária. É ela que nos enleva e faz com que nos reconheçamos seres
humanos despidos de preconceitos e racismos, medos e inseguranças. A
literatura é uma aliada ao efetivo exercício da cidadania e resgate da auto-
estima de crianças que não se reconhecem na escola que cultua o ideal
europeu. Como escreve Márcia Abreu em Cultura Letrada:
Assim, pode ser muito interessante ler e estudar Literatura, pois ela pode favorecer o encontro com a alteridade (alteridade de temas, alteridade de modos de se expressar, alteridade de critérios de avaliação). Não se encontrou, até hoje, nenhum povo que não contasse histórias ou que não cantasse, mas cada povo, ou cada grupo, tem um jeito próprio de fazer isso e uma maneira peculiar de apreciar essas produções. (2006, p.111)
Literatura e história resgatam elementos que acompanham as
manifestações humanas das quais a arte é um dos meios mais antigos. A
literatura pode ajudar-nos a perceber a beleza existente no outro, basta que se
abra o coração e os olhos para descobrir o belo presente no diferente.
Reconhecer as diferentes representações culturais é fundamental para
uma educação democrática, e a literatura é um instrumento privilegiado para
canalizar a reflexão sobre as formas de significar o mundo e as relações que
nele se estabelecem. O tema da diversidade cultural tem sido abordado
constantemente, mas pouco ou quase nada de concreto se efetiva a esse
respeito no seio de nossas escolas e para além de seus muros. Dessa
maneira, faz-se necessário e urgente, a abertura de um amplo debate sobre o
apagamento de parcela significativa da população que sobrevive à margem da
sociedade e luta para ter sua cultura reconhecida e valorada. Nesse sentido, é
preciso que a escola promova o envolvimento do aluno nessa discussão.
Para a vencedora do prêmio Jabuti 2009, Marisa Lajolo (1993, p.59),
Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra (leitura) não prevista.
Explorar ao máximo as potencialidades desse tipo de texto propicia
condições para que o encontro do aluno com a literatura seja uma busca plena
de sentido para ele e para o encontro com a diversidade, no caso específico
desse trabalho, com contos africanos de expressão oral, contido no livro O
príncipe medroso e outros contos africanos, recontados por Anna Soler-
Pont. A respeito de contos Câmara Cascudo acrescenta (2003, p. 12):
Para todos nós é o primeiro leite intelectual. Os primeiros heróis, as primeiras cismas, os primeiros sonhos, os movimentos de solidariedade, amor, ódio, compaixão vêm com as histórias fabulosas ouvidas na infância.
O segredo da literatura é o envolvimento que ela nos proporciona num
mundo feito de palavras, “dessa forma, a linguagem é vista como um fenômeno
social” (PARANÁ, 2008, p.49) posto que a língua estabelece a interação entre
as pessoas e favorece os diálogos possíveis entre escritor e leitores.
2. Letramento literário
Para operar a educação literária há a necessidade de se eleger uma
metodologia para se abordar o texto e a temática africana em sala de aula.
Muitos são os autores que se debruçam sobre esse tema, porém poucos são
efetivamente professores no pleno exercício da função pedagógica, o que
confere a esses poucos um diferencial, pois experienciam o que se passa com
os professores que se propõem a realizar um trabalho de qualidade com seus
alunos. Em se tratando disso, a metodologia que norteia essa prática de leitura
é a do letramento literário defendida pelo professor Rildo Cosson (2007).
O letramento literário é uma prática especial de letramento na qual a
literatura é compreendida de forma ampla. Na perspectiva do letramento
literário, o foco é o aprendizado da compreensão e da ressignificação dos
textos, por meio da motivação de quem ensina e de quem aprende. A literatura
precisa de um processo de “escolarização”, mas não de forma
descaracterizada e negada sua função social. É uma proposta de ensino de
leitura literária para a escola básica, a fim de fazer do ensino da literatura uma
prática significativa.
Trata-se do processo de letramento que se faz via textos literários
completos, não fragmentados, também apresenta uma proposta de formação
de comunidade de leitores que vá além da sala de aula e da escola, noutras
palavras, é o uso social da literatura. Cosson (2007) mostra que a prática
literária faz com que incorporemos em nós identidades de outros sem renunciar
a nossa própria, usando a linguagem para ser o outro, romper os limites do
espaço e do tempo de nossa experiência e ainda sermos nós mesmos. É por
isso que interiorizamos com mais intensidade as verdades dadas pela poesia e
pela ficção.
Mais que um conhecimento literário, o que se pode trazer ao aluno é
uma experiência de leitura a ser compartilhada. Convém perceber que essa
experiência poderá e deverá ser ampliada com informações específicas do
campo literário e até fora dele. Cosson afirma que “A literatura é plena de
saberes sobre o homem e o mundo” (2007, p. 17) e observa que é no exercício
da leitura e da escrita dos textos literários que se desvela a arbitrariedade das
regras impostas aos discursos padronizados da sociedade letrada e se constrói
um modo próprio de se fazer dono da linguagem. O autor alerta para o fato de
que o letramento literário é uma prática social e, como tal, responsabilidade da
escola. A questão a ser enfrentada não é se a escola deve ou não escolarizar a
literatura, mas sim como fazer essa escolarização sem descaracterizá-la, sem
transformá-la em um simulacro de si mesma que mais nega do que confirma
seu poder de humanização.
A proposta da Sequência Básica apresentada por Cosson é simples e
engloba quatro fases: motivação, introdução, leitura e interpretação. A primeira
fase motivação consiste na preparação do aluno para a recepção da obra
propriamente dita. Para tornar essa etapa estimulante, deve-se despertar a
curiosidade para a leitura do texto que se quer trabalhar. É necessário escolher
uma atividade ou situação que permita ao aluno, interagir de modo criativo na
proposta. “O princípio do faz de conta” mostra-se essencial na maioria das
atividades de motivação. O limite para a motivação deve ser de uma aula, pois
se passar disso não cumprirá seu papel com eficácia dentro da proposta para a
qual foi destinada. Pode ser realizada numa aula mais longa para, em seguida,
passar de imediato à introdução.
Chama-se introdução a apresentação do autor e da obra. Nesse item
um ponto positivo é falar da obra e de sua importância naquele momento,
justificando a escolha. A apresentação física da obra é o momento em são
apresentados também a capa, a orelha e outros aspectos paratextuais que
compõem a obra. O professor, nesse caso, realiza coletivamente uma leitura
do livro. Os prefácios também são objetos de atividades específicas de
confronto de expectativas do leitor e fornecem elementos para debates e outras
atividades. A introdução não pode ser muito extensa, uma vez que seu objetivo
é permitir que o aluno receba a obra de uma maneira positiva.
A próxima fase é a da leitura propriamente dita. Usualmente, o
professor solicita que o aluno leia um texto e durante o tempo de leitura nada
mais faz. A leitura escolar precisa de auxílio, acompanhamento, porque tem
direção, objetivos a cumprir. Quando o texto é muito extenso, o ideal é que a
leitura seja feita fora da sala de aula, como na biblioteca e por determinado
período. Durante esse tempo, a professora convida o aluno a apresentar os
resultados da leitura no que se denominam intervalos. Os intervalos podem ser
feitos por meio de uma simples conversa com a turma ou de atividades
específicas. Um exemplo de intervalos com atividades específicas é a leitura
de outros textos menores que tenham alguma relação com o texto maior,
permitindo que se teçam relações breves entre os textos. Também pode ser a
leitura de um capítulo ou trecho que interesse à professora destacar.
E, por último, temos a fase de interpretação. O autor propõe nesse
cenário do letramento literário pensá-la em dois momentos distintos: um interior
e outro exterior. O momento interior é o que acompanha a decifração da obra
e tem seu ápice na apreensão global da obra que se realiza após a leitura. É o
chamado encontro do leitor, da obra e do autor. Esse encontro é individual, e é
o cerne do trabalho literário a ser desenvolvido, não pode ser substituído pelo
resumo da obra, nem pelo filme ou qualquer outro artifício. O momento
externo é a concretização, a materialização da interpretação como ato de
construção de sentido em uma determinada comunidade. É preciso
compartilhar a interpretação e ampliar os sentidos construídos individualmente.
As atividades de interpretação devem ter com princípio a externalização da
leitura, ou seja, seu registro. Esse registro fica a critério da turma e do
professor. Pode ser em forma de resenha, dramatização, diário, mural, música,
etc.
3 Experiência vivida
Com muita expectativa, a proposta pedagógica Letramento literário e a
cultura africana em sala de aula, elaborada no formato de unidade didática,
foi apresentada para a comunidade escolar na semana pedagógica no início do
ano letivo de 2013. A maioria dos presentes adorou a idéia de se trabalhar
com o letramento literário a fim de evidenciar a cultura africana tão presente em
nossa formação como nação e, paradoxalmente, tão ausente de nossas
escolas. A direção havia ficado encarregada de fornecer os livros para a
efetivação da proposta, no entanto, devido a problemas administrativo-
financeiros, não foi possível tal ação. A segunda opção, portanto, foi a de
fotocopiar o livro todo, para fins pedagógicos, desenvolver a proposta, uma vez
que é necessário que cada aluno possua um exemplar da obra a ser utilizada
para a sistematização da leitura. Antes que as cópias ficassem prontas, foi
apresentada a proposta do Letramento literário e a cultura africana em sala
de aula à classe do oitavo ano C, mostrado o livro, explorado capa, ilustrações,
biografia da autora, glossário, mapa da África e demais particularidades.
A fim de satisfazer a curiosidade despertada nos educandos, foi
realizada pela professora a leitura do primeiro conto “Os Reis de Gondar”,
parando em alguns pontos para criar o clima de suspense:
Era um dia como os de outrora... e um pobre camponês, tão pobre que tinha apenas a pele sobre os ossos e três galinhas que ciscavam alguns grãos de teff que encontrava pela terra poeirenta, estava sentado na entrada da sua velha cabana como todo fim de tarde. De repente, viu chegar um caçador montado a cavalo. O caçador se aproximou, desmontou, cumprimentou-o e disse: _ Eu me perdi pela montanha e estou procurando o caminho que leva à cidade de Gondar. (...)
A experiência da audição da história fez com que o texto se
materializasse para os alunos, transformando-se num universo de texturas,
cheiros, cores, sentimentos, emoções e formas intensamente humanos.
(COSSON, 2007, p.17) Eles pediram mais histórias, fizeram muitos
comentários e Os Reis de Gondar ficou sendo, desde então, um dos contos
preferidos da turma, talvez pela simplicidade da narração ou por conter apenas
dois personagens ou ainda pela bonita lição de vida que o conto perpassa.
Uma das alunas descobriu logo quem era o rei da história e, ao final do projeto,
decidiu ler essa história aos pais e alunos. É importante observar, sobre esta
primeira prática de leitura, que:
Pode-se, num primeiro momento, conversar, do modo mais espontâneo e honesto possível, sobre o livro indicado. E fazer isso lembrando que a pergunta que fundamentalmente importa não é o que o autor quer dizer com o texto, mas o que o leitor sentiu ao ler, porque essa é a condição básica para qualquer entendimento posterior. Professor e alunos, num primeiro tempo, devem esquecer a seleção, a indicação, a pressão, e trocar impressões de leitura, do mesmo modo como se fala de qualquer forma de expressão cultural, seja um filme, uma peça, um show. (CADERMATORI, 2009, p.81)
Esse foi um aperitivo do projeto de intervenção que seria desenvolvido
quando os alunos tivessem cada qual o seu exemplar em mãos, como é o
apropriado em se tratando de uma sequência básica. Tendo por base o texto
norteador da Sequência Básica elaborada pelo professor Rildo Cosson, é
preciso refletir a respeito de que:
A experiência literária não só nos permite saber da vida por meio da experiência do outro, como também vivenciar essa experiência. [...] E por possuir essa função de tornar o mundo compreensível transformando sua materialidade em palavras de cores, odores, sabores e formas intensamente humanas que a literatura tem e precisa manter um lugar especial nas escolas. (2007, p.17).
Já o início da proposta, propriamente dita, se deu com a seguinte
indagação: “Você imagina de onde surgem as histórias?” O questionamento
resultou numa interessante reflexão sobre o conhecimento daquilo que os
alunos já trazem para o contexto da sala de aula. Um aluno respondeu que é
da cabeça do autor, uma aluna disse que é da imaginação, outra respondeu
que passa de boca em boca, um aluno, percebendo que se tratava de cultura
africana, respondeu que era da África. Verifica-se que “a literatura aparece
claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os
tempos” (CANDIDO, 1995, p.3)
Ao propor para que os alunos realizassem as leituras dos contos em
casa, percebi que teria dificuldades para implantar a proposta devido à falta de
hábito de leitura dos alunos. Verificou-se que “o grau de familiaridade do leitor
com o conteúdo veiculado pelo texto interfere, também, no modo de realizar a
leitura” (ANTUNES, 2003, p.77). A experiência com a proposta de letramento
literário comprovou, então, a enorme necessidade de se desenvolver propostas
pontuais de leitura sistematizadas com o intuito de vencer as dificuldades
diagnosticadas. O prazo para a leitura foi estendido, mas em vão. Os alunos
não realizaram as leituras mesmo com o prazo estendido, assim é possível
verificar que as observações de Todorov são pertinentes: “Se o texto literário
não nos mostrar outros mundos possíveis e não puder enriquecer nossa vida e
nosso pensamento, então de fato, a literatura está em perigo” (2009, p.12).
Diante de tais entraves, a opção foi realizar as leituras na classe em dias
alternados aos dos intervalos e intercalar atividades lúdicas. A sala era
heterogênea, havia alunos com dificuldade de atenção e alguns inquietos,
outros apresentavam dificuldades de compreensão, alguns apresentavam,
inclusive, comportamento inadequado ao convívio social. Em vista desse perfil,
outras ações foram incorporadas ao corpo do projeto com o intuito de tornar a
leitura mais prazerosa, pois se tratava de uma turma que ainda precisa de
muitos incentivos para ler. Tais ações serão detalhadas em fase posterior. A
idéia inicial de estabelecer uma ação interdisciplinar com as disciplinas de
História e Geografia não se efetivou. Talvez, por conta de excesso de carga
horária e encargos pedagógicos referentes às disciplinas supracitadas ou do
próprio colégio, que oferta Ensino Fundamental, Médio, Normal e EJA em um
mesmo espaço e com o mesmo quadro docente, não tenha sido possível a
integração. Do mesmo modo, a equipe gestora e pedagógica também não
puderam atender às demandas do projeto.
Em vista de tais complicações, foi proposto um pacto aos alunos para se
trabalhar com o letramento literário na sala do oitavo ano e os alunos o
aceitaram colaborando para que o desafio de “se trabalhar com o diferente em
uma escola que resiste a mudanças se consolidasse numa prática de leitura
significativa” (COSSON, 2007, p.11).
Em busca de soluções para as dificuldades encontradas, visando à
realização do projeto, houve a exposição dos vários problemas detectados
aos professores do GTR (grupo de trabalho em rede), sob minha
responsabilidade, como parte integrante do PDE. Todas as professoras
integrantes do GTR foram solidárias ao oferecer auxílio com suas
experiências pedagógicas em sala de aula. Com esse apoio, foi possível
perceber que os anseios e dificuldades de práticas pedagógicas afins são
análogos e as soluções para a efetivação da proposta de letramento literário,
muitas vezes, surgem da necessidade de se criar procedimentos, estratégias,
atividades coordenadas de ensino e aprendizagem de leitura na escola.
Importante descobrir que a solidariedade dos professores possibilitou a
continuidade dos trabalhos.
Uma das sugestões foi a da história e confecção da Abayomi, que é
uma bonequinha negra feita de sobras de panos, dobraduras e alguns poucos
nós. A Abayomi foi criada pela artesã maranhense Lena Martins em 1987,
com o objetivo de fortalecimento da auto-estima africana. Muito antes, as
mães, nos navios negreiros, rasgavam suas vestem e confeccionavam
Abayomi para entreter seus filhos cativos. Abayomi, de origem iorubá, quer
dizer encontro precioso.
A partir disso, o primeiro intervalo foi realizado contemplando as
atividades previstas tais como ilustrações, pesquisas de lendas na biblioteca a
fim de realizar paralelo com as histórias de príncipes e princesas da primeira
unidade do livro “O príncipe medroso e outros contos africanos”. Também foi
exposto, na sala de aula, o mapa do continente africano, a fim de que os
alunos pudessem reconhecer os países componentes do famoso "chifre da
África", região muito peculiar por ser o local em que os contos migraram para a
África, influenciados por toda uma tradição ficcional arábica.
A segunda unidade do livro trata de contos de animais e, portanto, mais
próximos do imaginário que nos deparamos ao falar em África, mas nem por
isso os textos são menos belos. Para perceber a estrutura fabular e o tom
mítico dos textos foi proposto aos alunos assistirem a um recorte da animação
infantil Kiriku e a feiticeira (MICHEL OCELOT, 2001). Os alunos gostaram e
pediram para ver o filme todo no que foram atendidos. Gostaram a ponto de
decorarem a música feita em homenagem a Kiriku “Kiriku é pequeno, mas é
meu amigo. Kiriku é pequeno, mas tem seu valor”. A animação veio a calhar
uma vez que mostra o cotidiano de uma aldeia africana, a luta pela posse da
água, a figura do professor da aldeia (ancião), a relação familiar, a amizade, o
bulling, as casas das aldeias (redondas), o ouro (ganância), Karabá a feiticeira,
a maldade e Kiriku o bem. O texto fílmico apresenta um contexto excelente
para trabalhar a cultura africana e sua estrutura é ótima para apresentar o
contexto fabular presente no livro O príncipe medroso e outros contos
africanos.
Para ilustrar a vila de Kiriku, realizamos a leitura de um texto informativo,
Casas redondas do Quênia (ZAZLAVSKY, 2000, p.111), em seguida, na sala
de aula, com sulfites amarelos, construímos as casas redondas do Quênia e da
aldeiola onde vive Kiriku, o herói senegalês.
A avó de Rodah havia crescido em uma casa construída no estilo da tribo Kamba, do Quênia. Troncos de árvores novas eram fincados na terra em disposição circular. Eram amarrados, no alto, a uma estaca mais grossa. Aros de madeira eram colocados nas árvores. Depois disso, toda a estrutura era coberta com camadas de capim, formando o telhado. Construir uma casa kamba exigia trabalho pesado. (ZAZLAVSKY, 2000 p.111)
A leitura dos onze contos de animais foi realizada mais uma vez, na sala
de aula. Os alunos com mais fluência e mais instigados a ler acabaram
realizando a leitura extraclasse, alguns leram na sala para os colegas nas
rodas de leitura. Nem todos gostam de ler em voz alta e esses não foram
forçados a ler, foram muito incentivados, alguns aceitaram compartilhar
momentos de leitura em voz alta, outros, nem tanto. As questões propostas
sobre os contos de animais foram realizadas na sala de aula, pois a turma em
que a Sequência Básica foi aplicada é heterogênea e precisa de intervenção
individual e muito incentivo. A atividade que mais chamou a atenção e deu
mais trabalho foi a da inclusão de uma lebre, animal retratado na fábula “A
lebre e o gênio da selva” (SOLER-PONT, p. 67) na aldeia de Kiriku. Os alunos
desenvolveram a narrativa com uma aposta entre Kiriku e a lebre, propondo um
desafio entre as duas personagens e ainda decidindo quem deveria vencer o
combate. A atividade foi realizada individualmente.
Os alunos foram incentivados a consultar o glossário no final do livro
para conhecer palavras próprias da região onde as histórias foram coletadas e
que foram usadas em sua grafia original nos contos, algumas delas são teff
cereal, mill (cereal),baobá (árvore símbolo da África), bunna (café) etc.
Na concepção das Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa:
A leitura de imagens, como: fotos, cartazes, propagandas, imagens digitais e virtuais, figuras que povoam com intensidade crescente nosso cotidiano, deve contemplar os multiletramentos. (PARANÁ, 2008, p.71)
Figura 1 Figura 2
Fonte: www.memoriaspostumas.com.br - http://clioblogdehistoria.blogspot.com.br/
Após a apresentação das duas imagens acima, os alunos tiveram a
oportunidade de escolher uma das gravuras e descrevê-la, procurando
descobrir que período de nossa recente história estava sendo retratado nela.
Um dos alunos escolheu a imagem dois e a descreveu assim: “É um grupo de
mulheres que estavam dançando para fazer chover, mas a rainha estava
debaixo de um guarda-chuva e mais duas mulheres, uma segurava o guarda
chuva e outra segurando suas vestes, outra tocando tambor, outra tocando
violino e outras dançando”. Observa-se que, apesar de cometer alguns deslizes
históricos, a narrativa foi construída observando que se tratava de uma ocasião
festiva, a presença de uma mulher à frente com a coroa representando a rainha
foi percebida pelo aluno que a identificou como a rainha. Os instrumentos nas
mãos das outras mulheres não passaram despercebidos pelo aluno que
apenas confundiu o reco-reco (instrumento musical de percussão que produz
som provocado por atrito) com um instrumento clássico, o violino. O objetivo
de tal atividade de leitura foi o de propiciar ao aluno uma atitude crítica a fim de
perceber o sujeito presente nos textos imagéticos, uma vez que, na sala de
aula, é necessário analisar nas atividades de interpretação e compreensão de
um texto: os conhecimentos de mundo do aluno.
Após a realização da atividade, em outro momento, houve uma leitura
coletiva das obras, oralmente e debate sobre o período histórico em que estão
inseridas.
Com o intuito de enriquecer o trabalho pedagógico e potencializar a
leitura houve a preocupação de coletar textos informativos referentes ao
universo africano, alguns complementaram a abordagem pretendida, são eles:
Contadores de História, de Rogério Barbosa de Andrade, e muitos livros
sobre a cultura africana localizados na biblioteca Cora Coralina do Colégio
Estadual Marcílio Dias.
Houve o cuidado de se trabalhar rapidamente com a estrutura das
fábulas a fim de relembrar sua definição. Os alunos também pesquisaram uma
fábula brasileira, sendo a mais pesquisada a lenda da mandioca ou a lenda de
Mani. É a história de uma indiazinha que nasceu toda branquinha e por esse
motivo era desprezada por seu pai, o Cacique, mas amada por seu avô, o Pajé,
de tanta tristeza e desprezo a pequena índia adoece e seu avô não consegue
curá-la. Mani morre e em seu túmulo nascem as raízes que iriam alimentar a
sua tribo, a mandioca, cujas raízes são tão branquinhas quanto ela.
Considerando-se que a escola tem o papel de formar o aluno para o
exercício da cidadania, deve-se buscar desconstruir o preconceito e a
discriminação racial, arraigados em nossa cultura eurocêntrica, dessa maneira
o artigo 5º da Constituição Federal (BRASIL, 1988, p.03) foi um amparo para
a realização dessa tarefa:
Artigo 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza; XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória aos direitos e liberdades fundamentais; XLI I – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; http://www.epd.edu.brena de reclusão. (1988, p.03)
É preciso ter em mente que a literatura amplia horizontes e faz com que
o imaginário coletivo ganhe forma, sobretudo em se tratando de literatura
ágrafa, como é o caso da origem dos contos presentes em O príncipe
medroso e outros contos africanos. Dessa forma, a terceira parte da
coletânea que trata da criação do universo, foi iniciada com a seguinte
indagação: “Como você imagina que foi criado o mundo?” De onde vem a terra/
como se formou o Universo? Muito antes das teorias científicas explicarem a
origem do mundo, todas as culturas do planeta tinham dado resposta a estas
perguntas inquietantes. É preciso salientar que, na etapa final do projeto, os
alunos se encontravam mais familiarizados com a leitura.
Nesse contexto, além das atividades de leitura e escritas previstas no
projeto, houve a inclusão de dramatizações dos contos lidos dentro da sala de
aula, o que faz lembrar as palavras de Cosson: “A literatura nos diz o que
somos e nos incentiva a desejar e a expressar o mundo por nós mesmos”
(2007, p.17).
Em um dos intervalos dessa última etapa, os alunos assistiram a um
filme intitulado Mãos talentosas (THOMAS CARTER, 2009). O filme retrata a
vida de um menino pobre, Ben Carson (Cuba Gooding Jr.), que não conseguia
aprender a ler nem escrever, mas com a ajuda da mãe se tornou
neurocirurgião de fama mundial. Era um menino negro de Detroit, desmotivado,
que tirava notas baixas na escola porque não enxergava direito. Entretanto,
aos 33 anos, ele se tornou o diretor do Centro de Neurologia Pediátrica de um
grande hospital e iniciador de cirurgias no cérebro.
A antepenúltima atividade foi com a história da luta de Zumbi, herói que
lutou pela liberdade na Serra da Barriga, no Quilombo dos Palmares e deu a
vida pela liberdade em 20 de novembro de 1695, tornando-se um mito. Antes,
realizou-se a leitura do conto que encerra a coletânea, “O escravo e fogo da
amizade que o libertou” (SOLER-PONT, 2009). Após as duas leituras os alunos
deveriam escrever uma dissertação explicando o que a liberdade representava
na vida de cada um. Um dos alunos escreveu: “Para mim, liberdade é saber
que só há duas pessoas nesse mundo que cuidam de mim, minha mãe e meu
pai, mesmo assim eu sou livre para brincar, pular, correr e me divertir com
meus amigos”. A liberdade é um bem que todos entendem, não importando
classe sócio-econômica ou outros valores sociais. A penúltima atividade foi a
de apresentação de um relato escrito sobre o projeto Letramento literário e a
cultura africana na sala de aula, momento em que os alunos escreveram
sobre sua compreensão global da obra lida.
E, por fim, o fechamento do projeto se deu com a apresentação dos
resultados obtidos aos pais e responsáveis. A professora expôs a experiência
realizada ao longo de quatro meses e meio, e três alunos leram seus contos
preferidos aos presentes: “Os reis de Gondar”, “O sonho da tartaruga” e “A
lebre e o gênio da lâmpada”. O mural foi coberto com os textos produzidos e
algumas máscaras africanas confeccionadas em classe. E, mais uma vez, o
texto literário voltou a ocupar o centro e não a periferia do processo
educacional, conforme o que preconiza Todorov (ano 2009 p.11).
Considerações Finais
Na realização dessa proposta de sistematização de leitura, aconteceram
muitos desencontros que desafiaram sua concretização. O primeiro percalço
ocorreu quando foi sugerido pela equipe pedagógica que se mudasse todo o
programa desenvolvido durante a primeira etapa do PDE, em função da
compra dos livros ser um investimento muito caro.
Outro ponto negativo foram os muitos encargos enfrentados pela equipe
gestora e pedagógica, dificultando o acompanhamento das ações de
letramento. A sala que coube para a realização da proposta era heterogênea,
com defasagem na leitura, alunos díspares quanto à idade-série, o que
ocasionou atrasos ao processo e o tempo de aplicação foi maior que o previsto.
A pouca familiaridade da professora aplicadora com o manuseio de
mapas geográficos e fatos históricos foi contornável, devido ao desejo de
conhecer e ensinar as relações tecidas entre literatura e sociedade. Mas, a
integração dos demais professores da turma teria enriquecido sobremaneira
essa proposta. O que nos leva a seguinte reflexão: até quando os professores
PDE vão pesquisar, estudar, capacitar-se, ler, refletir, pensar, elaborar
propostas bem fundamentadas, orientadas por mestres e/ou doutores,
articuladas às demais disciplinas do conhecimento e, ao retornar às suas
respectivas salas e escolas, se depararem com um cenário desestimulante e
equipes desmotivadoras? Enquanto persistir este descompassado entre
academia, escola pública e autoridade governamental não haverá avanços
significativos na educação.
Analisando os pontos positivos, é importante ressaltar que a Sequência
Básica permitiu a interação de todos os envolvidos na realização das
atividades, uma vez que os alunos contavam com um exemplar da obra ao seu
dispor – ainda que fotocopiadas - levando-os a apreciarem a leitura e poderem
comentá-las com os colegas.
Por fim, o processo de letramento literário, conforme proposto por
Cosson (2007), possibilitou uma organização do trabalho pedagógico que
resultou em uma ação educacional eficiente para o ensino de literatura no
espaço escolar, com algumas adaptações para atender às necessidades da
turma. O fator primordial desse letramento literário foi o da leitura da obra
completa.
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Referências
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