LIBERALZINHO Especial Arte Para - frmaiorana.org.br · porque propõe um fórum de debate e...

16
BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008 LI BER A LZI NHO LI BER A LZI NHO www.orm.com.br/liberalzinho ÑÔ×ÞÛÎßÔ REVISTA INTEGRANTE DE O LIBERAL. NÃO PODE SER VENDIDA SEPARADAMENTE. Especial Arte Para na trilha da Siga a trilha do Arte Pará nos museus e na cidade e faça uma expedição artística, exploratória!

Transcript of LIBERALZINHO Especial Arte Para - frmaiorana.org.br · porque propõe um fórum de debate e...

BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008

LIBERALZINHOÑ Ô×ÞÛÎßÔ

LIBERALZINHOwww.orm.com.br/liberalzinho

Ñ Ô×ÞÛÎßÔ

REVISTA INTEGRANTE DE O LIBERAL. NÃO PODE SER VENDIDA SEPARADAMENTE.

Especial Arte Para

na trilha daSiga a trilha do Arte Pará nos museus e na cidade e faça uma expedição artística, exploratória!

BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008Ñ Ô×ÞÛÎßÔ2

E-mail: [email protected]

Ñ Ô×ÞÛÎßÔ

LIBERALZINHO

PresidenteLucidéa Batista Maiorana

Presidente ExecutivoRomulo Maiorana Jr.

Diretor-Editor Corporativo Ronaldo Maiorana

Diretora Administrativa Rosângela Maiorana Kzan

Diretora ComercialRosemary Maiorana

Diretor IndustrialJoão Pojucam de Moraes Filho

Diretor Redator-Chefe Walmir Botelho D’Oliveira

Diretor de Novos NegóciosRibamar Gomes

Diretor de MarketingGuarany Júnior

Diretores José Edson Salame José Luiz Sá Pereira

Editora: Vânia LealEditor de Arte: Airton Nascimento

End. Av. 25 de Setembro, 2473 � Marco. CEP � 66093-000. Tel.: 3216-1113.

Capa: Yasmim Cavalcante de Lima e Silva e Nassin Francisco Ocante AgebaneFotos de capa: Ary SouzaFotos da edição: Flávya Mutran

S U M Á R I O

Em sua 27ª edição o Arte Pará abre caminho e vai para além dos espaços expositivos convencionais. Vai para vários lugares. Vai para a cidade, vai para o interior do estado se firma como ARTE PARÁ porque propõe um fórum de debate e reflexão sempre provocador, e

nos convida a cada nova versão a aprender que os questionamentos e respostas sobre a vida e sobre a arte virão da experiência particular de cada sujeito, cada grupo, considerando a riqueza das diferenças, das inter-relações e das interconexões entre imagens,

mídias e símbolos. Assim, o Arte Pará permanece pulsando, infiltrado nas redes da vida. Venha fazer parte dessa rede que estimula a ler, ler, conhecer, sentir e fazer arte. Venham ter uma relação mais intimista com os artistas e com as obras Esperamos vocês!

3 E 4 Arte Contemporânea 5 e 6 Arte Pará abre caminho 7 A trilha do Arte Pará 8, 9 e 10 O que vemos no cotidiano?

11 Na arte e na imaginação 12 e 13 Arte e instalação 14 e 15 Criatividades 16 Quem é quem

papodez

Þ®«²± Ê·»·®¿ Ú®¿²½·­½± Û¹±² ¼¿ ݱ²½»·9=± п½ »½± Ê·½¬±® Ü» Ô¿ α¯«» Ú»´·°» Þ·¬¬»²½±«®¬ п«´± Í»®¹·± Ü» ͱ«­¿ Þ»¦»®®¿ Ûª¿²¼®± Ю¿¼± Û´½·½´»· ß®¿&¶± Î6¹± Ì ·¿¹± Ó¿®¬·²­ ¼» Ó»´± Ò·± Ü·¿­×­¿¾» Í¿²¬¿²¿ ß´»¨¿²¼®» Þ»´7³ Þ»¬¬·²¿ Ê¿¦ Ù«·³¿®=»­Ú»´·°» ͽ¿²¼»´¿®·Ô±·­» α¼®·¹«»­Ó¿®·¿²¿ Ù¿´»²¼»®Ü¿²·»´§ Ó»·®»´»­ ¼± α­?®·±

Ò±¾»®¬± Ó±®»·®¿ Ö«²·±® Ý´?«¼·¿ Æ·³³»®Î¿¯«» ͬ±´º Ö±®¹» Ô«3­ Ó¿®¹¿´ ± Ó¿¬±­ Û¼·´»²¿ Ú´±®»²¦¿²± Ó·®·¿´ª¿ ß´¾»®¬± Þ·¬¿®Ó·½¸» з²¸± Ö±½¿¬±­ 麟«²¼± Ú·®³·²± ¼» Ñ ·ª»·®¿ Ò»¬± ο·³«²¼± Ò±²¿¬± ¼¿ Í·´ª¿ Õ»§´¿ ͱ¾®¿ » α¾»®¬¿ Ý¿®ª¿´¸± Þ®«²± Ý¿²¬«?®·¿ Ü·®½»« ¼¿ ݱ­¬¿ Ó¿«7­Ò¿·´¿²¿ Ì ·»´§ Í¿´±³=± л®»·®¿ Ý´?«¼·± ß­­«²9=± Ý¿®´¿ Ûª¿²±ª·¬½¸

Û ¬±² Ô&½·± ¼±­ Í¿²¬±­ Ö±­§²¿´¼± Ê¿´»­ Ú»®®»·®¿ Ü¿²·» Û­½±¾¿® ͱº·¿ Ü»´ ¿¬±®®» Þ±®¹»­ Ú´?ª·¿ Ó»¬¦´»® Ó¿®½»´± Ù¸¿²¼· ߪ» ·²± Þ¿¬·­¬¿ Ó· »²¿ Ì®¿ª¿­­±­ Ì¿¬·¿²¿ ͬ®±°° Ö±­7 Ô«·¦ ͬ7º¿²± Ó·¿²«¬¬· Ú´±®¿ λ¾±´´± Ù«· ¸»®³» Ý«²¸¿Í7®¹·± Ý¿®¼±­±ß®³¿²¼± ͱ¾®¿´×¦»® Ý¿³°±­Î«³¿Ö¿·® Ö«²·±®Ô¿®¿ Þ±®¹»­

Ì»®»¦¿ Þ¿²¼»·®¿Ö±¿± Ý·®·´±ß®³¿²¼± Ï«»·®±¦Ó» ·­­¿ Þ¿®¾»®§Ý·²¬§¿ Ó¿®¯«»­ñ Ç«®· ß³±®·³ß²¬,²·± Ê»²·½·«­ Ó¿®·²¸±Û ·»²» Ì»²-®·±Ú´?ª·± ß®¿&¶±Ö±­7 ß²¬,²·±Ô«·¦ ¼±­ ß²¶±­Ó¿®¹¿´ ± ß9«Ó·­¬®¿ Ê·´¸»²¿Ò¿¬±Ñ®·¿²¿ Ü«¿®¬»Î§¾¿­É»®´´»§ Ñ ·ª»·®¿ Ý´¿§¬±² Ò¿­½·³»²¬±

Ý·½´»§ ß®¿F¶±Ô§¹·¿ _®»¿­ É¿´³±® ݱ®®6¿Ñ®·¿²¿ Ü«¿®¬»Ó¿®·¿ ݸ®·­¬·²¿ Þ¿®¾±­¿ß²¿ п«´¿ Ô·³¿ß½?½·± ͱ¾®¿´Ö±®¹» Ó»²¿ Þ¿®®»¬±Ý¿®´¿ Æ¿½¿²·²·Ó¿¾» Þ»¬¸±²·½±Í·´ª·± Ù«»¼»­Î«¾»²­ Ó¿²±Í·²ª¿´ Ù¿®½·¿Ó¿®·²¿´¼± ­¿²¬±­

Osartistas

LocaisehorariosdevisitaÓËÍÛË ÐßÎßÛÒÍÛ ÛÓ×Ô×Ñ ÙÑÛÔÜ× óÓÐÛÙÛ²¼»®»9±æ ߪò Ó¿¹¿´ =»­ Þ¿®¿¬¿ô

Û󳿷 æ ´«·¦ª·¼»·®¿à³«­»«ó¹±»´¼·ò¾®ñ ª»®¿¾¿­¬±­à³«­»«ó¹±»´¼·ò¾®ò Ú«²½·±²¿³»²¬±æ ¼» ¬»®9¿ @ ­»¨¬¿óº»·®¿ô ¼¿­

ÓËÍÛË Üß ËÒ×ÊÛÎÍ×ÜßÜÛ ÚÛÜÛÎßÔ ÜÑ ÐßÎ_ ó ÓËÚп۲¼»®»9±æ ߪò Ù±ª»®²¿¼±® Ö±­7

Û󳿷 æ ³«­»«ó«º°¿à«º°¿ò¾®ñ ³«­»«º°¿à¹³¿· ò½±³ Ú«²½·±²¿³»²¬±æ ¼» ¬»®9¿ @ ­»¨¬¿óº»·®¿ô ¼¿­

ÓËÍÛË Ø×ÍÌMÎ×ÝÑ ÜÑ ÛÍÌßÜÑ ÜÑ ÐßÎ_Û²¼»®»9±æ п´?½·± Ô¿«®± ͱ¼®7 ñ Ю¿9¿ ܱ³ л¼®± ××ô ­ñ²ò Ý·¼¿¼» Ê»´ ¿ò Þ»´7³ò

Û󳿷 æ ³«­»«¸»°à§¿¸±±´ò½±³ò¾®Ú«²½·±²¿³»²¬±æ ¬»®9¿

ÓËÍÛË ÜÛ ßÎÌÛ ÍßÝÎßÛ²¼»®»9±æ Ю¿9¿ ܱ³ Ú®»· Ý¿»¬¿²± Þ®¿²¼=±ô ­ñ²ò Ý·¼¿¼» Ê»´ ¿ò

Û󳿷 æ ³¿­°¿àª»´± 󳿷´ò½±³ò¾®Ú«²½·±²¿³»²¬±æ ¼» ¬»®9¿óº»·®¿ @ ¼±³·²¹±ô

ÙßÔÐ]Ñ ÜßÍ ßÎÌÛÍ ÜÛ ÓßÎßÞ_ ó ÙßÓÔ±½¿´æ Ù¿´°=± ¼» ß®¬»­ ó ÙßÓ Û²¼»®»9±æ Ì®¿ª»­­¿

з±²»·®¿

Û󳿷 æ ½±²¬¿¬±­à¹¿³ò±®¹ò¾®ñ¹¿³à¹¿³ò±®¹ò¾® Ú«²½·±²¿³»²¬±æ Í»¹«²¼¿ ¿ ­»¨¬¿ »³ ¸±®?®·± ½±³»®½·¿´ò

Ê×ÌMÎ×ß ÞßÎÎÑÍ ÙßÔÛÎ×ß ÜÛ ßÎÌÛÍÔ±½¿´æ Ê·¬-®·¿ Þ¿®®±­ Ù¿´»®·¿Û²¼»®»9±æ ߪ»²·¼¿

Ò±ª± ر®·¦±²¬»óÓ¿®¿¾?óп®?ÛóÓ¿· æ ª·¬±®·¿¾¿®®±ó­¿®¬»à§¿¸±±ò½±³ò¾®Ú«²½·±²¿³»²¬±æ ­»¹«²¼¿ ¿ ­»¨¬¿ »³ ¸±®?®·± ½±³»®½·¿´

ÚßÝËÔÜßÜÛ ×ÒÌÛÙÎßÜß ÜÑ ÌßÐßÖMÍ ó Ú×ÌÛ²¼»®»9±æ Ϋ¿ α­¿

ß»®±°±®¬± Ê»´¸± ó Í¿²¬¿®7³

Í·¬»æ ¬¬°æññ©©©òº·¬ò¾®Ú«²½·±²¿³»²¬±æ ­»¹«²¼¿ ¿ ­»¨¬¿ »³ ¸±®?®·± ½±³»®½·¿´ß¹»²¼¿³»²¬±Ø±®?®·± ݱ³»®½·¿´

λ­°±²­?ª» æ Ø»´ »² λ·­

selecionados e convidados

APOIO CULTURAL: Sindicato de Transportes de Passeiros em Belém - SETRAS - BEL, Governo do Estado do Pará - SECULT, O Liberal na Escola, SETRANS -BEL - Passe Fácil

Ñ Ô×ÞÛÎßÔ BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008 3

Já dizia o poeta Fernando Pessoa que “a finalidade da arte não é agradar. O prazer é aqui um meio; não é nesse

caso um fim. A finalidade da arte é elevar. Eis um motivo para você aventurar-se na arte como exercício de liberdade. Como exercício para elevar-se. O que é considerado como determinado padrão, estilo em um determinado momento histórico não o é necessariamente em outro. E a arte nos mostra que o gosto é social, se modifica. Nos mostra que é impor-tante estar atento para os sinais dos tempos e seus significados. Mostra-nos a influência dos gostos e valores pessoais dos diversos públicos inse-ridos nesse contexto.

E a arte contemporânea tem significado?

É preciso procurar transformar respostas em novas perguntas. Mediar o desejo e a necessidade de aprender; conhecer e reconhe-cer a arte por que

Ela provoca, convoca, estimula nossos sentidos com o propósito de descondicioná-los. Ou seja, num estado não ordenado, não estabe-lecido e com essas desconstruções de sentidos nos abre para outras possibilidades de ver. Tem um livro mágico que fala dessas desconstru-ções que é “O Mundo de Sofia”, e nos conta a estória de uma garota que recebe pelo correio perguntas intri-gantes que a fazem refletir sobre ela e as coisas que estão no mundo. Sofia

ARTEcontemporanea

a partir dessas perguntas apren-deu que “A ÚNICA COISA DE QUE PRECISAMOS PARA NOS TORNAR BONS FILÓSOFOS É A CAPACIDADE DE NOS ADMIRARMOS COM AS COISAS.” E qual a relação do mundo de Sofia com a arte contemporânea?

Podemos dizer que a arte con-temporânea não se revela com evidência. Ela nos convida para pararmos de ver as coisas como vemos todos os dias e passe a ver de uma forma completamente diferente.

Ela convoca para nos admirar-mos com as coisas. E pode ser que

isto aconteça justamente numa ida ao Arte Pará, ou até mesmo num passeio. E aí está o grande enigma: a vida cotidiana e a arte. A arte nos convoca a desaprender os princípios do evidente, do que está diante dos olhos de uma forma clara e comum que é atribuído aos objetos, às coisas. Ela propõe um olhar curioso, aten-cioso porque tudo pode surgir tudo pode relacionar-se com tudo em jogo permanente. O dia-a-dia e a arte estão completamente entrelaçados. A arte cria algo novo, porque não é cópia ou pura reprodução do dia-a-dia, mas a representação simbólica dos objetos e idéias – que podem ser visuais, sonoros, gestuais, corporais.

Magritte é um ótimo exemplo porque ele propõe o olhar diferen-ciado do comum. Ele foi um pintor que nasceu na Bélgica em 1898, se hoje estivesse vivo teria 110 anos.O artista deixou sua marca na história da arte no movimento Surrealista que tem esse nome por refletir idéias de algo além do Realismo. Os Surrealistas diziam que a arte deve se libertar das exigências da lógica e da razão, ir além da consciência cotidiana e expressar os sonhos. Porém, não bastava serem sonhos comuns, deveriam ser sonhos de formas variadas e confusas, fugin-do do modo de ver tradicional, como um boi com asas ou peixes andando nas nuvens.

Magritte confirma que a arte não é cópia ou pura representação do dia-a-dia e sim a representação simbólica dos objetos, idéias e até mesmo das palavras.

Quando criou a obra Os Dois Mistérios em 1966, há 42 anos, pare-ce querer discutir a representação na arte.

ARTEcontemporanea

J

René Magritte - La trahison des imagens, 1952-53

BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008Ñ Ô×ÞÛÎßÔ4

ARTEcontemporanea

o caso da obra Os Dois Mistérios ele usou o código das palavras quando escreve: ISTO NÃO É UM CACHIMBO, e

também o código da imagem de um cachimbo, no caso é o objeto repre-sentado pela pintura.

Ora, se o artista diz: ISTO NÃO É UM CACHIMBO, podemos então pensar que é outra coisa? Uma casa? Uma bola? Uma tele-visão?

Pensaríamos se entendemos a representação artística somente como uma cópia do mundo real. O artista quer nos provocar sobre o modo de ser da representação artística, desco-lada da idéia de cópia fiel da realida-de. O artista escreveu na época:

�Vocês podem encher de fumo o meu cachimbo? Não, não é mesmo? Ele é apenas uma representação. Portanto, se eu tivesse escrito sob o meu quadro: ISTO É UM CACHIMBO�, eu teria mentido�.

O artista nos convida para exerci-tar encontrar na própria obra outros elementos para sua interpretação.

Que tal começar percebendo o que a imagem primeira lhe suge-re? O marinheiro Popeye? Seu avô? O Saci-Pererê? Para o indí-gena provavelmente a imagemlembraria o cachimbo da paz. E para você?

Vários caminhos devem ser per-corridos e por trás de todas as possí-veis sensações e lembranças desper-

do o espírito do tempo, com a visão, o pensamento e o sentimento das pessoas em seus momentos.

Não poderíamos escrever para vocês afirmando que para conhe-cer arte basta apenas sentir. Nossa intenção aqui é igual ao do artista, fazer com que vocês leiam e queiram saber os deta-lhes dessas informações, como um investigador que Magritte nos sugere.

E também não podemos deixar de colocar algumas palavras chave que parecem complicadas, porém fazem parte da linguagem da arte e como arte é conhecimento, temos certeza que vocês vão interagir e apreender para dialogar melhor no Arte Pará e na vida porque a arte faz parte do dia-a-dia e por esse motivo é uma forma de entender porque razão a maneira de percebê-la também se modifica no decorrer dos tempos. Então, é importante que vocês se acostumem a pensar sobre a arte de seu próprio tempo.

A Arte possui na própria criação da vida humana um lugar bem mais essencial do que costumamos supor

E ao conhecer e compreender algo não apenas por aprender novas infor-mações, mas por participar dos cír-culos de saber que envolve ler, ouvir certas coisas, ir ao Arte Pará, conhe-cer museus, ir ao cinema, são hábitos que vão fazendo parte dos círculos dos saberes e necessitam de contato porque é a partir dessas experiências que descobriremos um mundo de conhecimento. Deixe-se possuir por seus hábitos, veja a arte diretamente na fonte no Arte Pará e na cidade.

O desejode saber

N tadas por essa imagem com certeza estarão imbuídas nas experiências e conhecimentos anteriores. Mesmo que nunca tenhamos presenciado alguma pessoa fumando um cachim-bo, podemos reconhecer esse objeto porque já vimos em um desenho na TV, em filmes, livros, revistas, etc.

Nesse momento nossa memória é ativada e vai buscar no nosso banco de dados, que é nossa memória, informa-ções e conhecimentos que nós acumulamos afinal somos seres de memória, somos seres sociais e nossa história pessoal e cultural está impregnada em nós que vai se construindo pelo tempo. Como uma rede que vai sendo costurada de idéias, valores, sentimentos,

emoções e nessa junção cada pes-soa vai construindo um arquivo das experiências reais ou simbólicas. E mesmo sem se dar conta nossa rede está impregnada de fios preciosos de arte, filosofia, ética, estética, ideologia, política e cultura.

Parece complicado não é mesmo? Porém, para entender a elaboração da arte há necessidade de compreen-são, de que arte é conhecimento, com

conteúdos próprios ligados a história da arte e

dos homens para dessa forma

estabelecer um grande número de r e l a ç õ e s . Para contar essa história,

a arte preci-sa ser plena de

verdade, refletin-

O que a imagem primeira

lhe sugere?

Ñ Ô×ÞÛÎßÔ BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008 5

Mais infiltradonas redes da vida

ARTE PARAÁabre caminho

uando chega outubro Belém fica mágica! É tempo em que a cidade vira um festi-val de comidas gostosas,

todos ficam diferentes e o cheiro de maniçoba no ar deixa tudo mais perfumado pelas ruas. Foi justamente neste espírito festivo típico do Círio de Nossa Senhora de Nazaré que, em 1982, o jornalista Romulo Maiorana reuniu artistas visu-ais do Pará em uma grande exposição de arte em Belém, crian-do assim a Fundação Romulo Maiorana e o Salão Arte Pará, que tradicionalmen-te é aberto na noite de quinta-feira que antecede a procissão do Círio de Nazaré, sempre no segundo domin-go de outubro

Inicialmente, o jornalista tinha como objetivo divulgar artistas plás-ticos locais e o primeiro salão foi coordenado pela Sra. Sônia Renda e, a partir de 1987 a direção e coor-denação do salão e da FRM coube à Roberta Maiorana, que desde então vem confirmando o evento como um dos mais importantes no cenário das artes nacionais. Ao olharmos para a cartografia do Arte Pará 2008 vamos perceber a participação dos artistas de outros estados que juntos poten-cializam as ações do Arte Pará. Este ano o Arte Pará recebeu 325 inscri-ções de 18 estados do Brasil e 01 de Madrid-Espanha.

Verificamos que a cartografia

vários eixos, inclusive o cruzamento das técnicas.

E no Arte Pará 2005, no papel de curador, Paulo Herkenhoff expandiu, alargou o espaço expositivo para além das salas convencionais do �salão� e os museus são ocupados

e também a própria cidade.

Paulo rompe com as hierarquias artísti-

cas e mistura em um mesmo espa-ço, convidados, artistas seleciona-dos e artistas pre-

miados. As obras e os artistas se unem

por diálogos semelhan-tes ou opostos.

Dessa forma a designação de �Salão Arte Pará� não dá mais conta porque vai para além dos espaços expositivos convencionais. Vai para vários lugares, vai para a cidade e para o interior do Estado, e se firma como ARTE PARÁ porque propõe um fórum de debate e reflexão.

Nessa conexão, Paulo Herkenhoff nos mostra que todos são importan-tes: a equipe da Fundação Romulo Maiorana, a equipe de montagem, a equipe de educadores, a equipe de curadores, o público, as instituições, o corpo de jurado que seleciona as obras, os patrocinadores, o trabalhador que carrega os materiais, os artistas, enfim, todos que fazem o evento acontecer.

Q

MiguelChikaoka, Arte Pará

2006

Os locais de origem dos artistas selecionados

artística do Arte Pará se move cons-tantemente, pesso-as se deslocam cada vez mais de um lugar para o outro e nesse movimen-to, misturam culturas, ultrapassam fronteiras, integram identidades. E essa mistura não é um problema para o Arte Pará por-que nessa relação social da arte, acompanha este processo das misturas de elementos e de lin-guagens.

O curador e crítico de arte, Paulo Herkenhoff, escreve que a arte contem-porânea se constrói por

AMPA

MA

TO

CERN

PB

PE

BA

DF

GOMG

SP

RJ

MS

PR

SCRS

BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008Ñ Ô×ÞÛÎßÔ6

olhar de educador do cura-dor faz ver o outro. Assim como a arte contemporânea que nos coloca nessa rede

de interação e parte dessa relação eu - comigo e eu - com- o outro, numa ação pautada na construção de processos coletivos de reflexão e ação sobre temas sociais, histó-ria de vida, política, antropologia, e outros temas que torna a arte mais abrangente ao se referir e ao se relacionar com aquilo que diz respeito a outras áreas de conhe-cimento.

João Cabral de Melo Neto tem um poema conhecido e escreve que um galo sozinho não é capaz de produzir a manhã. Para isso, seria necessário que o canto deste unisse ao de outros, até que o conjunto sônico de todos os galos finalmente tecesse a manhã.

Essa é uma forma poética – e, por isso mesmo, não menos impor-tante que qualquer outra – de nar-rar a força do coletivo, a importân-cia de os indivíduos ou grupos de indivíduos se articularem no senti-do de dar sentido para suas ações, como um conjunto sônico que ao completar vinte e sete anos de tra-balhos contínuos, se firma como

propositor de diálogos e realiza-ção, além de um importante espa-ço entre a produção e a recepção dos artistas e do público, consoli-dando sua ligação com a vida, com a educação, com as universidades, com os espaços culturais da cida-de, com a extensão para o interior do estado, este ano vai acontecer em Marabá e Santarém. Romulo Maiorana estava certo em criar o espaço da arte, assim, temos muito que comemorar.

Sempre provocador, o Arte Pará nos convida a cada nova versão a aprender que os questiona-mentos e respostas sobre a vida e sobre a arte virão da experi-ência particular de cada sujei-to, cada grupo, considerando a riqueza das diferenças, das inter-relações e das intercone-xões entre imagens, mídias e símbolos.

Assim, o Arte Pará permane-ce pulsando, como era o desejo inicial do seu idealizador. “Como uma ação contínua e continua-da, buscando sempre o melhor de nossa arte e cultura”.*Infiltrado nas redes da vida.

O

O melhorda nossa arte

ARTE PARAÁabre caminho

Montagem - ação pautada na construção do coletivo

Montagem - preparação da obra para o público

Montagem - Espaço entre a produção e a recepção da obra

Ñ Ô×ÞÛÎßÔ BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008 7

trilha do Arte Pará é convida-tiva e desafiante. Você pode percorrer o Museu Histórico do Estado do Para-MHEP que tem o Poético nome para as

salas expositivas de Trânsitos e Irradiações porque vem trazendo o trânsito dos artistas de vários luga-res que mistura culturas mistura identidades, mistura linguagem, ultrapassam fronteiras e irradiam a produção artística dos diferentes lugares do Brasil. Tem também na Sala Manuel Pastana do MHEP a exposição SUBURBANO com a curadoria criativa e sempre surpreendente de Emanuel Franco que se apropria de materiais precá-rios encontrados no mercado de con-sumo. Assim, a sala Suburbano reúne obras selecionadas, ou produzida por artistas convidados do interior do estado e de outros centros do país. Além das instalações produzidas com materiais coletados em feiras livres e mercados de municípios.

Seguindo a trilha você vai para o Museu de Arte Sacra- Galeria Fidanda, e vai ver a sala que tem o nome de Arte e Transcendência por que vai propor um diálogocom as mais diversas manifesta-ções da cultura que dialogam o sagrado e o profano vinculados por meio da arte.

A trilha seguinte vai para o Museu

espaço do Museu que é localizado em casarão do século XIX e possue detalhes arquitetônicos e elementos decorativos. É um desafio carregado de aventura porque vamos ver obras contemporâneas no espaço repleto de sofisticação visual na qual a burgue-sia amazônida vivia. E como cruzar as obras e o espaço do museu? Você só saberá se parar nessa trilha.

Seguindo a trilha, se aproprie do Mapa Orgânico, no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi. Exercite seu olhar no espaço aberto porque as obras do Arte Pará ocuparão recantos e caminhos do parque que vão interagir com a diver-sidade amazônica. Esteja atento, você pode ser surpreendido pelas instalações e pela apreensão da natureza.

A trilha não para por ai.

Em Marabá, interior do estado a parada obrigatória é no Galpão de Arte de Marabá � GAM e na Vitória Barros Galeria de Artes. Em Santarém, a trilhasegue para a Galeria da Faculdade Integrada do Tapajós � FIT.

Outubro é assim, Círio e Arte Pará. Venha viver os movimentos da cida-de e da arte, você é nosso convidado especial!

A

Libertesuas ideias

A TRILHAdo arte para

Museu de Arte SacraMAS

Museu Paraense Emílio GoeldiMPEG

Museu Histórico do estado do ParáMHEP

Museu da Universidade Federal do Pará MUFPa

da Universidade do Estado do Pará -MUFPa. Dê uma parada e veja a sala

Espaço Ocupado que vai te convidar para dialogar as obras expostas e o

BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008Ñ Ô×ÞÛÎßÔ8

O QUE VEMOSno cotidiano?

escultor é aquele que rea-liza o trabalho de esculpir uma escultura que dentre várias definições que recebe

pode ser classificada como a arte que representa imagens em três dimensões, ou seja: altura, largura e profundidade, dessa forma com volume, que resulta então numa forma tridimensional com corpo e relevo que se expande pelo espaço, ocupam ruas, praças e museus.

Pode-se fazer uma escultura de materiais diversos como o barro, pano, derreter o bronze, ferro, prata, ouro, marfim, borracha, madeira e até o plástico. Há! O corpo humano também.

Um pouquinho de história é importante para a nossa compreen-são porque a história da escultura se mistura com a própria história das primeiras civilizações como na pré-história, por exemplo, os seres que viviam nas cavernas acredita-vam na existência de vários deuses ligados ao poder da natureza, como a chuva e o sol. Mas qual o sentido de tudo isso? Ainda não sabemos ao certo. É bem possível que rela-cionavam esses poderes com a fer-tilidade da terra.

Eles viveram no período paleolí-tico superior, entre 35 mil e 10 mil anos atrás. Nessa época, o clima da Europa era muito frio e nossos ancestrais vestiam roupas confec-

O cionadas em peles de animais, cole-tavam frutos e eram excelentes caçadores.

Na condição de artistas, desen-volveram técnicas bastante requin-tadas, eles empregaram instrumen-tos feitos de sílex para cortar, gra-var ou esculpir as pedras. O homem do Cro-magno faz Vênus que têm os afetuosos nomes de Boneca ( ou Menina) ou Polichinelo.

É provável que a escultura mais conhecida de toda a história da civilização ocidental seja a Vênus de Milo, da Grécia Antiga. A Vênus, feita em mármore branco, represen-ta o ideal clássico de beleza femini-na. Suas proporções são perfeitas, servem de referências para a pro-porção da miss universo. A Vênus de Milo foi encontrada há 188 anos, com os braços quebrados.

Os monumentos são formas mais conhecidas de escultura. São colocados em diversos locais como rua, praças e têm uma função bem definida: servem para homenagear personagens e marcos históricos e se tornam uma referência, um car-tão de visita das cidades.

O centro histórico de Belém do Pará, localizado no bairro da Cidade Velha abriga o complexo Feliz Lusitânia com a Catedral da Sé, o Forte do Presépio, o Museu de Arte sacra e a Casa das Onze Janelas. Na praça que fica no centro do com-plexo, temos a escultura de Frei Caetano Brandão, feita pelos artis-

Bonecas (ou meninas) ou polichinelos

Aartenaosepara

Vênus de Milo

Mercado do Ver-o-Peso, Walda Marques, Arte Pará 2006

Ñ Ô×ÞÛÎßÔ BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008 9

tas italianos Domenico de Angelis e Giovanni Capranesi. Aliás, o nome da praça é Frei Caetano Brandão.

A estátua é uma homenagem ao Dom Frei Caetano Brandãoque foi o VI bispo do Pará e é tão rica de detalhes. Se você entrar no Museu de Arte Sacra, de frente para a praça, vai poder ver a pin-tura do mesmo frei na exposição do museu e também os artistas do Arte Pará na Galeria Fidanza.

A escultura de Frei Caetano Brandão não é o nosso cartão de visita, mas assume a função de homenagear um personagem. Nosso cartão de visita é o monumento do Mercado Ver-O-Peso, eleito pela revista Caras como uma das sete maravilhas brasileiras. Que legal! Belém é tão rica de monumentos.

A Torre Eiffel é um símbolo da França. Tem esse nome para home-nagear o seu construtor, Gustave Eiffel. A torre tem 300 metros de altura e foi construída para come-morar o centenário da revolução francesa.

Pois bem, muitos artistas no século 20, passaram a questionar a própria matéria-prima utilizada na fabricação de esculturas. Ao invés de derreter o metal, esses artistas propõem dobras e cortes de chapas de metal. Com isso, formam obje-tos de arte tridimensionais que se relacionam com o espaço, princípio

básico da escultura.Em 1960, há 40 anos, Lygia

Clark, uma importante artista da arte brasileira, criou uma série de esculturas constituídas de metais articuláveis denominadas de Bichos. São esculturas para serem recriadas por seu público que se torna também artista. O público mexia, mudava de posição, par-ticipava da obra não ficava mais só observando, soltava e fazia também os seus bichos. Acontece nesse momento a recuperação das possibilidades criadoras do artista, não mais considerado um inventor de modelos industriais, e a incor-poração efetiva do público, que ao tocar e manipular as obras torna-se parte delas.

Mas nem sempre as escultu-ras representam uma figura ou uma pessoa, como vocês viram o Mercado Ver-O-Peso não tem o tipo de representação parecida com a do frei Caetano Brandão

Já a obra de Vitória Barros, artista que expôs no Arte Pará 2007 é composta de 08 (oito) uni-dades ou partes de tubos e cone-xões PVC e ralos de esgoto de tamanhos e formas variados. Ela não tem parte de dentro nem de fora, não tem começo nem fim. A forma não parece com figuras que você conhece ou pessoas, ela é uma forma abstrata. Classifica-se pela forma tridimensional e pela intenção como escultura.

aaruaeomuseu

Estátua do Frei Caetano Brandão, Domenico de Angelis e Giovani Capranesi

Aquávia, Vitória Barros, Arte Pará 2006

Série Bichos - Lygia Clark

BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008Ñ Ô×ÞÛÎßÔ10

O QUE VEMOSno cotidiano?

ocê observou que vários mate-riais foram usados pelos artis-tas. Para fazer a Vênus na Pré-História eles usaram a pedra para dar formas as suas doces

bonecas. Os Gregos usaram o mármo-re branco. A escultura do Frei Caetano Brandão foi feita de alumínio e bron-ze. Esses materiais são duros, o pano é mole. Esculturas são produzidas de tecidos diversos. Emanuel Franco expôs no Arte Pará 2005 formas de sapos feitas de lonas de caminhão já

às fantasias. Parangolés só mostra seus tons, cores, formas, texturas e os materiais com que é executada: tecido, borracha, tinta, papel, cola, plástico, corda, palhas a partir dos movimentos de alguém que o usa. Assim como Lygia Clark ele convida o público para participar da obra.

Parangolés são esculturas para vestir, tocar e trocar. Parangolés é considerada uma escultura móvel.

Na Arte podemos fazer, ver e sen-tir as esculturas. Nosso próprio corpo pode se tornar uma escul-tura de verdade. Você brincade estátua? Então, você já está fazendo seu corpo de escultura.

No Arte Pará 2007, a artista Lúcia Gomes criou a obra “Madonna”, no qual ela aparece envolta num saco. A obra de Lúcia celebra a vida, a gravidez, a maternidade e o abrigo original.

Com estes exemplos podemos perceber até onde pode ir à imagi-nação e a criação dos artistas. As esculturas que você imaginou e as que foram citadas aqui, com ou sem movimento e outros mais, foram rea-lizadas e reinventadas por artistas ao longo da história. A escultura está presente no Arte Pará e nas ruas das cidades. De diferentes maneiras.

V

Esculturas Feitas de palaVras

gastas pelo tempo de uso.O artista Arnaldo Antunes dá

corpo à palavra INFINITOZINHO, observe que ele empilha letras desengonçadas. O artista expôs no Arte Pará 2006, foi nosso convidado especial.

Hélio Oiticica é um artista impor-tante na Arte Brasileira e criou em 1960, há 48 anos, tecidos em formas de capas que chamam Parangolés para homenagear o povo brasileiro e à sua cultura ligada ao carnaval,

Madonna - Lúcia Gomes

Infinitozinho-Arnaldo Antunes,Arte Pará 2006

Formas de sapo feitas de lona - Emanuel Franco, Arte Pará 2006

Ñ Ô×ÞÛÎßÔ BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008 11

s olhos compõem o modo como estabelecemos contato com as imagens do mundo. Mostra-nos a beleza, a variedade das for-mas, o brilho e as cores. É um

sentido que está muito presente em nossa vida. Fazemos semelhanças ao olhar e ao ato de enxergar, em nossos modos de expressão e, também usa-mos da memória baseada neste sen-tido para nos lembrarmos de passa-gens, para reconstruirmos a imagem de um acontecimento ou então para elaborarmos uma idéia.

O olhar faz parte da maneira como vemos o mundo e nos colo-camos diante dele. Ver é olhar para receber conhe-cimento.

A palavra ver vem do grego eido: ver, observar, examinar, instruir, informar, conhecer, saber; E do latim, vídeo: ver, olhar, perceber; Olhar é tomar conhe-cimento. Deste ponto de vista, aquele que vê, sabe. Vê a forma das coisas exteriores, as percebe e constrói uma imagem dentro de si, formando e apu-rando a consciência do ver. Da mesma maneira, aplica essa consciência nas coisas vistas e se projeta no mundo, lançando-se numa experiência do fazer parte. Sinval Garcia projeta no mundo e lança-se na fabricação de Paisagens In-Visíveis e utiliza do suporte fotográ-fico como um meio capaz de ativar a

memória individual e coletiva.

PAISAGEM SE FABRICA?

Sinval Garcia fabricou, ele não este-ve nos lugares em que nos apresenta as paisagens de Colinas do Golã no Irã, nem no Largo da Vitória na Tanzânia-África e outras mais que fazem parte da série. Na verdade, o artista reinventa no laboratório fotográfico uma paisagem monocro-mática. Após a fabricação de suas paisagens de ficção, ele vai pesqui-sar mapas-mundi e mapas de rele-vos para buscar seus desertos, suas planícies, seus lagos e a partir das relações que faz, nomeia suas ima-gens com as paisagens inventadas em que denomina lugares diversos do mundo.O poema de Carlos Drummond de Andrade intitulado “Paisagem: como se Faz” parece descrever as Paisagens In-Visíveis de Sinval Garcia quando diz: Esta paisagem? Não existe.Existe espaço vacantea semear de paisagem retrospectiva.A presença da serra, das embaúbas, das fontes. Que presença?Tudo é mais tardevinte anos depois. Como nos dramas.Apropriamo-nos de parte para através da licença poética expres-sar como as Paisagens In-Visíveis de Sinval Garcia despertam nosso

O

Podemos Fabricar paisagens

NA ARTE Ena imaginacao

Montanhas de Sinval Garcia

está no Museu Histórico do

Estado do Para-MHEP

Grande Onda de Rubens Mano está no Museu Histórico do Estado do Pará- MHEP

sentido para a aventura de nos lem-brarmos das paisagens e ao mesmo tempo criarmos também nossos lugares. No Arte Pará você pode ver de perto os detalhes das paisagens Montanhas Tumucumaque – Brasil de Sinval que é de São Paulo-SP e também nosso convidado especial. Esperamos vocês. Venham também criar suas paisagens!

Espaço da natureza e a condição da natureza do artista

O artista Rubens Mano, nosso con-vidado pra lá de especial que é de São Paulo e está inserido no cenário contemporâneo da arte brasileira, trás para o Arte Pará a fotografia intitulada

Última Onda que requer um olhar atento e investigativo sobre o espaço da natureza e a condição da natureza do artista que se encontra em esta-do de suspensão. Não por vontade própria, mas porque ele é constante-mente convocado para justificar sua condição de artista que ver-se vendo e ver-se sendo visto, em um estado de suspensão do mundo. Essas reflexões de ações tornam-se estratégia de um estado de coisas entre o que o artista contemporâneo faz e o que ele recebe. O artista como sujeito é colocado a pensar sobre sua posição em um esta-do de coisas pelo qual, fora da obra, achava que não era atingido. Última Onda remete a essa suspensão, mobi-lidade e o constante deslocamento do artista contemporâneo na arte.

BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008Ñ Ô×ÞÛÎßÔ12

o visitar exposições de arte contemporânea, nos depara-mos com as chamadas “ins-talações”, que é uma práti-

ca artística cuja denominação nas-ceu nos anos de 1970 e que virou um gênero de obra de arte, dessa forma é um agrupamento de obje-tos, idéias, elementos multimídias, dentre outros materiais. A princípio nos anos de 1960, era chamada de “ambiente” e buscava acabar com a

passividade do público que em vez de ficar parado olhando uma tela ou escultura, era convidado a envolver-se na obra, a passear por ela.

A instalação remete à escultura ou à arte objeto pelo uso do espa-ço tridimensional, mas deles se distingue bastante.

Vocês verificaram os exemplos de escultura em espaços públicos

A

No cotidianoe no Arte Para

ARTEe instalacao

em que usa o espaço tridimensional, mas raramente oferece um espaço para ser habitado, numa relação de estar dentro ou fora. Isto porque o corpo do espectador não penetra no interior da área ocupada pela escultura.

Portanto, a instalação expande as questões da escultura. Não se trata somente de ocupar uma determi-nada área do espaço como as peças escultóricas, mas de se apropriar de

uma arquitetura chamando a aten-ção para o lugar que é transformado. O corpo do visitante é envolvido para se tornar um espaço de experiências estéticas que são experiências liga-das à idéia de explorar outros senti-dos, como o tato e audição.

O espectador agora entra no espaço interior da obra de arte, explo-ra os possíveis recursos expressivos todo tipo de técnica. Recorrem a pinturas, esculturas, objetos, músi-ca, poesia, materiais naturais como pedra e terra e até o teatro.

Em certos tipos de instalação o espectador é levado a tirar os sapatos para sentir a textura da areia, ou da pedra no chão, dependendo da pro-posta do artista. Em outras é levado a sentir objetos frios ou quentes. E todas as experiências sensoriais têm o objeti-vo de envolver o espectador e o corpo que também vai torna-se um espaço de experiências estéticas que são expe-riências ligadas à idéia de explorar outros sentidos, como o tato e audição

Outra idéia é de que a obra deve permanecer num espaço cole-tivo. Daí a dificuldade que há em colocar esses trabalhos dentro de uma casa ou apartamento. Já pensou a sala da nossa casa cheia de pedrinhas?

Algumas instalações incorporam o ritmo da natureza, usando, por exemplo, flores que murcham. Vem daí outra de suas características: tem uma duração curta, são passageiras, são efêmeras. São colocadas no espa-ço expositivo para cumprir seu ciclo.

Instalação Transposição

Marcone Moreira, Arte Pará

2007

Instalação Transumância - Jocatos, Arte Pará 2005

Ñ Ô×ÞÛÎßÔ BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008 13

instalação se liga a idéia de qua-tro partes que fecham um espa-ço. Parecido com uma caixa. É um lugar onde se entra com o corpo e que nunca poderá ser

sentido na totalidade de uma só vez. Dentro de um ambiente proposto

pelo artista, pode-se andar sentar tocar nos objetos, e nesse andar, sentar, per-correr, tocar, se faz uma montagem de momentos já vividos durante os percursos para que se construa na mente o todo da obra. COMO SE CRIA ESSE TODO?

É criado um todo pelas relações espaciais entre os objetos com o espa-ço arquitetônico, e o participante é obrigado a ver a si próprio como parte da situação criada. Ele está envolvido numa experiência perceptiva nova, de corpo inteiro.

No Arte Pará 2005 o artista Jocatos propôs trazer e detalhar o altar da casa de D.Oriandina de Oliveira, do bairro da Sacramenta, para o Museu. Jocatos denominou a instalação de Transumância que no Aurélio significa “migração periódica de um rebanho”. E assim, o artista instala no ambiente do museu, o ambiente do altar de D.Oriandina e também todos os obje-tos do ambiente da sala onde fica o

altar da casa de D.Oriandina e dessa forma, cria um altar de sua autoria com imagens e cartazes do Círio de Nossa Senhora de Nazaré.

Quando entrávamos no ambiente proposto por Jocatos no museu, acon-tecia uma sensação de estar em outro lugar, menos no museu. Os detalhes da encanação, as cadeiras, a toalha de mesa, a cortina separando o ambiente, e também nossa relação com a virgem de Nazaré. Cada pessoa tinha uma sensação de memória diferente porque as coisas fazem relação com que nos é familiar, com que nos vivenciamos.

No ambiente de instalações, é sempre exigida à participação dire-ta do espectador na exploraçãodo espaço da sala. No Arte Pará é possível entrar numa instalação, é possível envolver-se numa experi-ência nova, de corpo inteiro.

Nessa proposição dos artistas, a idéia é ampliar nossa percepção das várias formas de experiências, das várias formas de representação do mundo, daquilo que a gente chama de arte.

Esperamos que o espaço que você vai habitar nas instalações das exposi-ções do Arte Pará seja revelador!

A

Uma caixade surpresas

Instalação Sombras - Álvaro Batista de Souza Júnior, Arte Pará 2007

Instalação Aquecimento Global - Francelino Mesquita, Arte Pará 2007

BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008Ñ Ô×ÞÛÎßÔ14

criatividades

S/ título

A obra do artista Loise Rodrigues está no Museu de Arte Sacra

A ARTISTA FAZ SUA PINTURA VALORIZANDO A COR E A REPETIÇÃO DAS LINHAS. ASSIM, OS MOVIMENTOS DO PINCEL SÃO EXECUTADOS SEMPRE NO MESMO SENTIDO (HORIZONTAL COM LISTRAS) E DE FORMA CONTROLADA DANDO A IMPRESSÃO DE FIOS DE LÃS COLORIDOS.

OBSERVE ATENTAMENTE O GESTO DO PINCEL DA ARTISTA E CONTINUE A PINTURA. NÃO SE ESQUEÇA DE CRIAR SUAS CORES. (LOISE RODRIGUES)

MATERIAIS NECESSÁRIOS: TINTA GUACHE ANTIALÉRGICA NAS CORES: VERMELHO, AMARELO E AZUL. Lembrem-se, as cores primárias misturadas resultam em outras cores. Dessa forma, experimente misturá-las para descobrir cores diferentes.Pincel finoÁgua para lavar o pincelRecipiente para misturar tinta.

Ñ Ô×ÞÛÎßÔ BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008 15

Caixa do Tempo

A obra do artista Bruno Vieira está no Museu Histórico do Estado do Pará

O ARTISTA NESTA OBRA TRABALHOU COM CORES PARA MOSTRAR AS VARIAÇÕES DO TEMPO. NUMERE NA PALETA DO ARTISTA AS CORES QUE ELE USOU NA OBRA. DEPOIS COM ESSAS CORES CRIE NO ESPAÇO EM BRANCO UMA PINTURA QUE REPRESENTE A VARIAÇÃO DAS CORES DO CÉU.

MATERIAIS NECESSÁRIOS:LÁPISTINTA DE CORES VARIADASPINCELÁGUA PARA LAVAR O PINCELRECIPIENTE PARA TINTA

Caixa do Tempo Caixa do Tempo

BELÉM, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008Ñ Ô×ÞÛÎßÔ16

Quem seleciona as obras para compor o Arte Para?

Nesta 27ª edição, foram convidados, Mariana Panitz que é de Brasília; Paulo Reis que é do Paraná; Oriana Duarte que é de Pernambuco; Marisa Mokarzel e Jorge Eiró que são de Belém para selecionar as obras dos espaços expositivos do Arte Pará . Este ano, 325 artistas mandaram portifólios de suas obras, e o júri verificou criteriosamente e com respeito as 325 propostas, sendo que foram selecionados 44 artistas que totalizam 87 obras que em conjunto comunicam-se uma com as outras, revelando singularidades em

comum. O trabalho de seleção das obras é importante e requer que o júri seja do campo da arte e tenha experiência no processo para

dialogar em conjunto e definir o conceito da exposição. As obras selecionadas apontam o conceito.

Quem sao os curadores do Arte Para?A comissão curatorial este ano é formada por Alexandre Sequeira, Emanuel Franco e Orlando Maneschy, todos são de Belém. Os curadores são do campo da arte, pesquisam, escolhem as obras dos artistas selecionados e artistas convidados, para juntos fazer o Arte Pará acontecer. Também são responsáveis em fazer com que as obras desses artistas apareçam de forma expressiva para o público tendo como propósito de que uma boa curadoria é aquela que consegue fazer com que o artista realize seu trabalho da melhor

forma possível. Assim, Alexandre, Emanuel e Orlando estão de parabéns porque o Arte Pará está infiltrado na arte e na cidade.

Quem sao os patrocinadores? Ao visitar os espaços de exposição do Arte Pará, temos que lembrar e saber que a estrutura apresentada tem o patrocínio das conceituadas empresas: Supermercados Nazaré, Marko Engenharia, Vale, Unimed Belém, e ESAMAZ- Escola Superior da Amazônia.O Apoio Cultural é um setor que soma esforços e promove ações no Arte Pará. Este ano temos o apoio do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros em Belém � SETRANS-BEL, Governo do Estado do Pará � SECULT, O

Liberal na Escola e SETRANS-BEL - Passe - Fácil.

quemequem