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    Programa Avançado de Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica

    Tutora: Roseli Brito www.sosprofessor.com.br

    Esses dados valem ouro

    As informações que estão na sua secretaria ajudam a definir as ações e

    metas educacionais

    Dados escolares familiares ao dia a dia do gestor, como os referentes à avaliação,movimentação e situação do aluno - geralmente requisitados anualmente pelo Ministério daEducação e pelas secretarias de Educação -, são bem mais do que simples levantamentosnuméricos. Quando olhados com atenção, eles se transformam em instrumentos valiosos paradetectar problemas, definir encaminhamentos, analisar variáveis e definir metas. A semanapedagógica é uma excelente oportunidade para a equipe discutir e analisar esses.

    Se num ano muitos alunos deixaram a escola ou ficaram retidos, é preciso fazer algunsquestionamentos e verificar quais as possíveis variáveis do cotidiano escolar que justificam essenúmero.

    O passo seguinte é planejar as ações que devem ser implementadas antes de o problema seagravar e as que evitarão que ele aconteça no futuro. Para mostrar como usar essas tabelas,Roberta Panico, coordenadora pedagógica do Centro de Educação e Documentação para AçãoComunitária (Cedac) e consultora de NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR, fez uma simulação dosíndices de uma unidade que atende alunos da primeira etapa do Ensino Fundamental (leiaquadro abaixo) . Ela levantou questões que a equipe gestora pode fazer com base neles e ospossíveis caminhos que a equipe gestora pode trilhar.

    Dica geral: se os números analisados isoladamente parecerem pequenos ou irrelevantes,transforme-os em porcentagem. Você verá como eles revelam a situação da escola e tornamvisíveis os problemas, facilitando a tomada de decisão (como no segundo quadro, que traz uma

     parte de uma tabela de turmas da segunda etapa do Ensino Fundamental) .

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    Como organizar e interpretar as tabelas

     Acompanhe nesta simulação dos dados de uma escola as questões que podem ser levantadaspela equipe gestora, a análise e as sugestões de encaminhamento para resolver os problemasdetectados.

    Questões :

    Quantos alunos foram matriculados no 1º ano? E no 5º? A diferença é de 20 alunos. Essesdados correspondem à média de matrículas dos últimos anos? Por que esse número diminuiuao longo da escolaridade?

    Encaminhamento A não manutenção do número de matrículas revela um funil de reprovação ou evasão e podesignificar que a escola não está dando conta da aprendizagem de todos os alunos. É preciso

    verificar se os professores estão ensinando apenas para os "mais sabidos" e deixando deoferecer apoio aos que apresentam dificuldades.

    QuestõesPor que o 2º ano tem um índice de reprovação maior do que os outros? Ele corresponde àantiga 1ª série, período de alfabetização das crianças. O professor regente tem a experiêncianecessária nessa área?

    EncaminhamentoO diretor pode atuar na distribuição das salas aos professores de acordo com o preparo e aexperiência de cada um. Há locais em que a escolha é regida por lei. Mesmo assim, é papel dodiretor conversar com a equipe, compartilhar asinformações sobre a movimentação escolar com o grupo e propor tomadas de decisões quefavoreçam todos, principalmente os alunos.

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    QuestõesQuais são os motivos da evasão dos alunos nesta escola? Por que as crianças deixaram defrequentar as aulas?

    Encaminhamento

     Vale a pena o diretor ir em busca dessas respostas na comunidade e, principalmente, procuraras famílias para saber o que levou as crianças a abandonar a sala de aula. De posse dessasinformações, ele também deve discutir com a equipe quais seriam as possibilidades paradiminuir esse número. Uma variável possível a ser considerada: será que os alunos desistiramporque não estavam conseguindo aprender?

    Questões

    Os alunos que precisam de correção de fluxo repetiram de ano na própria escola ou já vieramde outras unidades nessa situação? O que é possível fazer para que o número total de alunoscom defasagem idade/série não seja tão elevado (18 crianças)?

    EncaminhamentoPensar em um projeto específico para esses alunos (como grupo de apoio, por exemplo), demodo que, ao fim do ano letivo, todos eles tenham as condições necessárias para seremreclassificados, como autoriza a Lei de Diretrizes e Bases. Analisar os motivos da repetência.

     Análise bimestral

    Encarar os problemas e as dificuldades ao longo do ano letivo ou em seu término para buscarsoluções e estabelecer metas e melhoria para o ano seguinte é bem mais eficiente do quedeixar a situação da escola só ser revelada nas avaliações externas. Pensando nisso, ClécioLima Sousa, diretor da EM Mariano da Silva Barroso e diretor-formador da rede pública deensino de Pindaré-Mirim, a 250 quilômetros de São Luís, orienta a equipe docente a olhar osresultados das avaliações no fim de cada bimestre e a se questionar: se o ano acabasse hoje,quantos alunos seriam reprovados? Quantos teriam abandonado as aulas? Por quais motivosisso teria acontecido?

    "Verificamos que, no caso de nossa escola, faltava a integração entre a direção, a coordenaçãoe o corpo docente na definição de metas e também a responsabilização pelos resultados deaprendizagem dos alunos. Nas discussões, foram levantadas variáveis que podem terinfluenciado o desempenho dos alunos, como a estrutura das escolas e o envolvimento dasfamílias", diz Clécio. Desse modo, foi possível retraçar metas e mudar o curso dos problemasencontrados antes que eles se tornassem definitivos.

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     Algumas secretarias solicitam esses números periodicamente e incentivam os gestores a utilizá-los na melhoria da qualidade de ensino. Em Taboão da Serra, município da Grande São Paulo,as escolas preenchem o quadro de situação dos alunos no início do ano letivo. Depois, ao longodos meses, as informações coletadas e tabuladas seguem norteando o trabalho das equipes."Se a retenção aumenta, a tabela ajuda a enxergar o problema. Então, uma equipe de

    formação vai à escola debater as possíveis causas e propor soluções", afirma Ricardo deOliveira Queiroz, diretor de divisão de Ensino Fundamental da Secretaria de Educação do município.

    Providências da rede

    O levantamento feito pela escola também ajuda as secretarias a detectar a necessidade daimplantação de políticas. "Caso o rendimento geral de uma disciplina caia, formadores,diretores e docentes se reúnem para discutir novas abordagens", afirma Ricardo. Segundo ele,a atenção com os números é uma das responsáveis pela diminuição da retenção escolar, de 8para 4%, que vem ocorrendo desde 2005.

    Dados de aprovação, reprovação e movimento também são solicitados anualmente peloInstituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), sempre após oCenso Escolar, no primeiro semestre. "Os diretores colocam informações da escola no site doSistema Educacenso e, com elas, tiram-se as médias sobre as taxas de evasão, repetência epromoção, usadas para medir o fluxo escolar. Essas, por sua vez, são usadas como umamedida de produtividade do sistema educacional", explica Maria Inês Pestana, diretora deEstatísticas da Educação do Inep. Tempos depois, os diretores recebem a nota do Índice deDesenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e das metas do Plano de Desenvolvimento daEducação (PDE) de sua escola - calculados com base no quadro apresentado por cada unidade.

    Quem já usou os dados da escola para definir mudanças aprovou. Veronice Coelho, formadorade diretores da Secretaria Municipal de Educação de Parauapebas, a 834 quilômetros de Belém,conta que é possível medir os avanços de um período para o outro e perceber o que faltamelhorar.

    Ela conta que, em 2009, a principal meta na rede foi continuar o trabalho começado dois anosantes para combater a repetência e a evasão: "Para isso, avaliamos as tabelas dos últimos anose estabelecemos metas para a Secretaria e para cada escola junto com o diretor. Dependendodos problemas que detectamos, tomamos medidas personalizadas para cada unidade."

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    Para a segunda etapa do Ensino Fundamental

    QuestãoQual a disciplina que mais reprova alunos?

    Encaminhamento Comparar a quantidade de aulas dadas e do número de frequência dos alunos da disciplina quemais reprova. Existe alguma relação entre falta de professor e alunos e o índice de reprovação

    da disciplina? Se existe, valeria a pena uma boa conversa com o professor e com os alunos daclasse. É preciso discutir com formadores e docentes para pensar em novas abordagens para oensino da disciplina.

    QuestãoOs índices de distorção idade/série são altos. O que vem produzindo estes números ao longo daescolaridade?

    Encaminhamento Fazer um levantamento do histórico da vida escolar desses alunos desde a época do ingressona escola. Quantos são matriculados desde a Educação Infantil? Quantos vieram transferidos deoutras unidades? Levantar com a equipe pedagógica (do 1º ao 7º ano) o que faz a escolaproduzir esses índices. Planejar projetos de correção de fluxo.

    Obs. A porcentagem da aprovação e reprovação é calculada, sobre o número de matriculasfinais e a dos índices de evasão, transferência e distorção idade-série sobre as iniciais.

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    Em 2007, os índices de abandono escolar para as turmas de 5ª e 8ª séries da área urbanaeram de 2,8 e 11,1%, respectivamente, e os de reprovação, 6,7 e 20,1%. "Apostamos em umamaior articulação das instituições com a comunidade e juntos avaliamos o risco social quepoderia levar as crianças a sair da escola. Para esse trabalho, contamos com o apoio doConselho Escolar e do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente", diz Veronice.

    Em 2008, os números já mostraram que a realidade estava mudando: os de evasão caíram

    para 2,1 e 9,2% (5ª e 8ª séries da área urbana), e os de retenção, para 2,6 e 10,2%(igualmente). "Notamos também que faltava investir mais em formação dos educandos e,agora, já começamos a notar melhoras significativas nos índices de desempenho. Por isso,acredito que, se não olhamos para as tabelas e não traçamos metas claras, nossas ações ficamsoltas", afirma ela.

    Dez questões para pensar

    Os números são instrumentos que levam à reflexão sobre diversas questões. Aqui, algunspontos que podem ser analisados pela equipe gestora:

    1 É importante comparar os resultados dos alunos de uma mesma série e perguntar: há uma

    divisão desigual de turmas (classes "fortes" e "fracas"?) Qual sala reprova mais?

    2 Os alunos estão evadindo ou pedindo transferência? Será que os pais estão insatisfeitos? Acomunidade passa por problemas?

    3 De que maneira você e a equipe gestora podem contribuir para elevar o índice geral deaprovação? Será que falta acompanhar mais de perto o desempenho dos alunos ou o trabalhode professores e coordenadores?

    4 Há necessidade de montar grupos de apoio para os alunos com mais dificuldade deaprendizagem?

    5 Os professores do 5º ano estão considerando que na próxima etapa da escolaridade ascrianças passarão por diversas mudanças e é necessário prepará-las para que não caiam nasestatísticas de reprovação e evasão ao passar por essa transição?

    6 Que ações pedagógicas podem ser implementadas nas últimas séries da primeira fase doEnsino Fundamental de modo a facilitar a adaptação dos estudantes ao segmento seguinte?

    7 Qual é a disciplina que mais impacta os índices de reprovação? Não seria o caso de reunir osprofessores e planejar uma nova abordagem?

    8  Ao longo dos anos, a evasão pode estar relacionada a dificuldades de adaptação às novassituações que os estudantes encontraram pelo percurso?

    9 Que metas podem ser traçadas e implementadas para melhorar os índices globais no próximoano?

    10 Você, diretor/coordenador, está olhando os números da tabela adequadamente ou apenaspor burocracia?

    Artigo extraído da Revista Nova Escola Gestão Escolar