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Premium X - Ouro Poesias & Textos

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Copyright 2015 (1ª Edição) Todos os direitos desta edição reservados aos autores. Impresso no Brasil

Printed in Brazil Depósito Legal na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº

1.825, de 20/12/1907.

Projeto Editorial Diagramação: Antônio Ramos da Silva

Capa:

UQC – Comunicação Visual Ltda

Revisão Técnica e Ortográfica: Autores.

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ISBN –

PERMISSÃO DOS AUTORES PARA CITAÇÃO

Elaborada por: Andréa Blaskovski CRB 14/999

É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo,

inclusive quanto às características gráficas e/ou editoriais. A violação de

direitos autorais constitui crime (Código Penal, art. 184 e Parágrafos, e Lei nº

6.895, de 17/12/1980) sujeitando-se à busca e apreensão e indenizações

diversas (Lei nº 9.610/98).

A634 Galeria premium X - Ouro : poesias & textos / Antônio Ramos da Silva … [et al.]. – 1. ed. – [S.l.] : Bookess,

2015. 179 p.

ISBN: 978-85-

1. Poesia brasileira. 2. Literatura brasileira –

Miscelânea. I. Ramos da Silva, Antônio II. Título.

CDD: 869.98

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Apresentação Objetivo do projeto “Premium” é reunir adeptos da escrita em uma obra oficial, divulgar, publicar; não ser dependente de editoras.

A EPO - Editora PRIMA OBRA – Acendendo palavras

disponibiliza esse atalho que nos dará tanto prazer quanto; e é possível o reconhecido por parte do leitor. Reunimos nesse projeto 46 escritores do Brasil e 11 convidados estrangeiros.

A importância desse projeto é “tirar as Letras do Baú” do escritor de primeira obra e primeira publicação e também registrar a produção intelectual no acervo da Biblioteca Nacional; seremos reconhecidos como escritor (a). Isso faz bem ao ego. Convidamos vários escritores (as) do Brasil e de outros países para esse intercambio, isso possibilitou uma maior divulgação da obra e dos participantes. .

Esta obra é um projeto da Academia de Letras Infanto-Juvenil para Santa Catarina Municipal São Bento do Sul integrando escritores do Brasil, Angola, Itália e Portugal. Intercâmbio cultural de ideias retratadas em poesias, pensamentos e textos.

“Reunir Escritas é Possível”.

A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces. Aristóteles

Antônio Ramos da Silva

Editor - PRIMA OBRA

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Sumário:

Antônio Ramos da Silva 11 Lace Luiza 95

Adriana Garda de Souza 14 Margarida Cimbolini 98

Ana Antunes 17 Maria Elizabeth Almeida 101

Ana Júlia Machado 20 Maria Ivoneide Juvino de Melo 104

Anete Vargas Bitencourt 23 Maria Lamanna 107

Antonio Jorge dos Santos 26 Maria Luíza Faria 110

Audelina Macieira 29 Marize Rodrigues Ukwakusima 113

Carlos Margarido 32 Marli Cruz 116

Carmine Monaco 35 Maurélio Machado 119

Catarina Santos 38 Mirian Menezes de Oliveira 122

Célio Gilberto Silva 41 Natália Pais Dinis 125

Céu Pina 44 Neusa Lopes 128

Chico Valiente Farro 47 Paulo Cesar Gomes 131

Cristina Amaro 50 Raimundo Martins Cardoso 134

Dallwa Lobo 53 Raimundo Nonato Lopes 137

Elair Cabral 56 Rita Padoin 140

Elisabete Leite 59 Rose Arouck 143

Elma Leite 62 Rose Bona 146

Fabiano Rodrigues 65 Sofia Valadares 149

Fátima Araújo 68 Solange Moreira de Souza 152

Fatima Bittencourt 71 Sueli Schulka 155

Gleici Kelli Fagundes 74 Telema Poeta 158

Glória Mateus 77 Teresinha Cardoso Cardoso 161

Ireni Ribeiro de Assis 80 Thaís Zambonin 164

Ivanilde Dranka 83 Vanuza Couto Alves 167

Izabella Pavesi 86 Vólia Loureiro Do Amaral 170

José Batista 89 Zeila Ribas Vianna 173

Jose Valentim Melao 92 Ana Maria Vavassori 176

Gilmar Voltolini 177

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Antônio Ramos da Silva

Leve

Chorei ao relento exaurido, diluído

em lágrimas de saudade.

Amanheci, atirei tudo ao vento...

Hoje, acordei ao meu lado;

se de mim fugiu tanto tempo... me esqueci.

Vejo luz de vida dela, aquela

agora que compreendi; sem mais querelas sem mais feridas tapo o que vivi.

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Dois corações

A cada passo que ela dá transborda versos. Por onde ela passa, poesia a lhe seguir.

Tudo silencia e escurece,

deixando-nos a sós... diante de nós adormece.

Mulher de beleza completa, na certa se acha em defeito.

Só desfruto-a sob efeito; sempre em sinal de alerta.

Tropeço nas letras

inspirando-me tanto, ao ponto do punho a disparar,

brancas folhas dançar desenhando todo encanto.

O que a ela tem de sobra,

que me encantou de começo... a luz, isso nela transborda,

a luz dela é tanta, não meço. Que se for de seu desejo,

planto dois corações no peito.

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Poesia só

Quando estou só reconheço os versos.

Quando estou só busco inspiração nas faces da vida. Quando estou só me sinto mais infeliz.

Quando estou só busco cantos nas vozes do silêncio. Quando estou só as palavras desdenham mais profundas.

Quando e quando!

Nada quando, as palavras que encantam magias.

Quando estou junto ao amor, a poesia nasce livremente feita flores fortes.

Quando estou feliz as palavras nascem livres e soltas, exaladas da alma de amor.

Quando estou amando a poesia vem em vida, mais feliz. Quando estou junto à poesia em vida

descubro e declamo o amor. Quando estou ao lado do amor em pensamentos,

sinto a poesia no ar vindo ao encontro do encanto no peito.

Quando estou em silêncio!

Percebo que o silêncio apresenta um toque de palavras de amor que sonha feliz com palavras da vida que se tornam

poesias.

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Adriana Garda de Souza

Carnevale

Ponha a máscara colorida, e a fantasia. Vá ao encontro de seu Arlequim, Colombina.

Flerte com o Pierrot, aumenta a estima! Noturnos olhares, sorrisos, desfilam.

No corpo enverga bela e feminina.

A alma sôfrega aspira etílica bebida! Leve esquece as dores, vive amores!

Clichê não teme; desarma altivez. Deixa o momento ter as rédeas uma vez.

Para que tanto orgulho, machucada? Tudo passa e não cultiva mágoas.

Ferida estanca. Folia levanta!

Seja senhora em sua postura. Faça com seu par, bela figura.

Vai bailar. Cantar. Cansar em amar...

Quando quarta de cinzas chegar; tire a vestimenta da utopia!

Envergue renovada, a máscara do dia.

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Caminho com você ao meu encontro

Eu quero as respostas agora, não me importa se vai magoar, se vou sofrer!

Estou cansada de esperar para viver de ir lutar pelo que quero pra valer.

Esse caminho que já venho trilhando, de qualquer modo não me poupou de topadas.

Quis pegar um atalho, uma via que achei mais rápida, mas cheguei numa encruzilhada!

Agora que preciso saber para onde vou me mover. Não encontro nenhuma placa. Uma sinalização.

Vou precisar parar sentar e pensar. Não vou prosseguir até encontrar

a resposta que toque minha alma, meu coração!

Tentei evitar a dor, driblar o sonho com ilusão, mas quando se chega nesse ponto; não tem mais não,

ou se vive com verdade ou encara a solidão!

Você me alertou de cara! Você acertou na lata! Você me avisou e entendeu!

Então vem! Senta comigo vamos dar uma parada! Enquanto a gente fala, deu o tempo; veio o sinal!

Você decifra pra mim! Você me estende a mão para prosseguir!

Vamos ao nosso encontro. O caminho está aí!

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Frêmitos

Meu corpo sedento de não vividos amores me atraem de novo , me trazem aqui!

Odores, olhares, na pele o tremor. Na busca de um rosto, me trazem aqui!

Procura insana que a alma não sacia. De olhar em olhar, o frêmito de ti!

Quero. Não quero, não sei! O que úmidos anseios. Tremores ligeiros. Tão sutis, são intensos passam por mim.

Será um alguém? Delírio sem nome. Paixão sem ninguém!

Tempo que passa. Angustia que fica!

A boca entreabre expressar sem conseguir,

o que só toques olhares e gozos, enfim, poderá definir!

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Ana Antunes

A ternura do amor

Ele aconchegou-me Nos seus braços

Com ternura Eu deixei-me vencer

Pela emoção do toque Envolvida pela fragrância

Do seu amor Momento maravilhoso.

Arrebatados pelo etéreo

O tempo pareceu cristalizar-se Espalhando reflexos de luz

Alegria irrefreável Na quietude do amor

Porque o que o amor quer O amor alcança.

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Mulher

Como és linda Mulher que passas!

Quem sabe os teus segredos? Amas contra ventos e marés

Sorris Quando queres gritar.

Cantas Quando queres chorar.

Abraças e cuidas Acalentas e regas com amor.

Na formosura Carregas a paciência

Imaginas um mundo melhor. És as flores do outono

O néctar e essência rara. Pensas com o coração

Ages pela emoção E vences pelo amor Nas asas da vida.

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Quero

Quero abrir os meus braços E sentir-te

Como sentem as crianças O afago das mães.

Quero o carinho da tua mão

Nascente do desejo Um no outro

Seremos eternos. Quero cheirar as flores Sentir o céu Experimentar a calma Ficar em paz Numa doce magia.

Quero sentir o sol do amor A aquecer-me

Em ti renascerei Deixa-me a sonhar.

Quero os teus olhos cintilantes

Na alvorada do desejo Ama-me devagar

No amor que é nosso!

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Ana Júlia Machado

Sofrimento do ermo

Linfa nômade das nascentes que enxugaram na inquietação da bruma flexuosa.

É procedente de bálsamos, que excederam! Magote de luminescência irradiada e adensada.

Ceivada mácula em aquáticas fragilidades que ao escol da vassalagem assome no âmago e existência!

Faísca fervor de dilúculos em noviças,

e folhas e hastes espinhosas à flor do fel, que é solidão e lágrimas, já nas ramadas, que fulgura...

Irritava o sofrimento do meu retiro.

À vacilante e beata agonia sob os olhos do altíssimo que atenta célere.

E envelhece num esmaecido ocaso de atormentados seres todos da nostalgia.

Sob a mercê da fachada uni poderosa.

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Noites de trevas

Há escuridões esconjuradas, em que concebo delas um verídico sepulcrário,

glaciais não obstante do fervor! Flagelações, érebo nas minhas cogitações.

Torrentes de melancolia! Infidelidades dos indivíduos! Debelados em deliberações,

gâmbias dilaceradas pela desumanidade, entorpecimento que não possui término.

Anunciador das tenebrosidades de ansas pretas, amofinações conspurcas e velhacarias,

o tic-tac inclinado da basílica assevera o fenecimento, minhas emoções estreitam pela duração.

Tempo que não alcanço já de reexistir sobre as linfas ofuscas da névoa.

Trevas. Imensidade insurreição... treva sem termo à vista.

Oh, ser humano amaldiçoado que caminhas às cegas. Retrais o sono aos que ambicionam paz,

e a vida aos inocentes!

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Se os seres fossem exemplares

Se os seres fossem construtivos não alcançaria paradigmas de existência; não haveria pungimentos e nem tão pouco

inventos.

Se tudo sucedesse incensurável, nãos não se coligariam, e quimeras não seriam perfilhadas.

Se os seres fossem incensuráveis observares não se suplementariam e momices intersectada ignotas.

Se o seres fossem irrepreensíveis os plangores não haveria os

discursos seriam edificativos.

Se os seres fossem exemplares eu galgaria no precipício sem pavor do decesso, pois ansas eu conquistaria.

Se os seres fossem exemplares eu permearia a magnitude sem

trepidez de ser transportada pelas sinuosidades sem apreensões de me desperdiçar em suas profundezas.

Se os seres fossem exemplares infelicidades não possuiriam e a

terapêutica não seria indagada.

Se os seres fossem edificativos não atentaria a investigação pela mestria. Não ser; não é por fortuitamente, logo nem o

desígnio é irretocável.

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Anete Vargas Bitencourt

Chão de estrelas

Ao passar por entre pedra em caminhos difíceis...

Encontro estrelas radiantes

que iluminam brilham aos poucos como milagres;

transformando em tapetes reluzentes.

No caminhar mais pesado

leves passos cintilantes.

Por entre pedras... a passar levo

meu pedaço de esperança neste chão

encantado e brilhante.

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As luzes da cidade

Lá nos arranha-céus as luzes da cidade

brilham como estrelas.

Pontinhos pequenos luminosos ofuscantes nos confins do horizonte

se perdem como estrelas.

No céu infinito iluminando dando vida, luz em sua existência.

A cidade dorme em silêncio

entre um barulho e outro distante quebrando a calmaria ocasional.

Na penumbra da noite silenciosa, o vento faz companhia,

trazendo o cheiro da brisa das madrugadas frias,

lapidando pensamento no tempo.

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Pegadas na areia

São tantas que nem sei, só sei que lá deixei...

e cruzar entre tantas mais para sempre vão ficar.

Nesta imensa praia...

pegadas, secas, molhadas são para sempre pegadas

na areia gelada.

Se fazendo, desfazendo, simplesmente esquecidas.

Deixadas quem sabe serem notadas...

Até mesmo faladas apreciadas no mais leve solto caminhar.

Neste lindo lugar,

pegadas na areia seca, quente, fofa, fina, branca,

que o vento faz soprar.

Ventando leve, forte se perdendo... se achando no mais longe deste lugar...

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Antônio Jorge dos Santos

Quem é você?

Você que cobre o sol para eu não ser castigado por ele! Você que me acolhe nos dias chuvosos!

Você que caminha comigo nos momentos difíceis! Você que me acalenta em meu adormecer!

Você que planta em mim esperança em cada amanhecer! Você que me encanta com seu carinho em todo momento!

Você que me mostra soluções para meus problemas! Você que não me deixa triste um minuto sequer!

Você que me ama de verdade! Você que me dedicou todo amor!

Você que não pode nunca ser esquecida! Você que tanto amo!

Você que é minha razão de viver! Quem é você?

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Fios de algodão

O que resta fazer com meus sonhos se como fios de algodão foram levados,

e nem mesmo sei para onde? Só me restam lembranças.

Um dia duvidei dos meus sonhos. Hoje já não duvido mais.

Vivemos um lindo sonho de amor. Sonhos que foram levados pelo vento

dançando igual poeira, apenas desaparecendo no vazio...

Penso, viajo com meu coração. Lá está seu nome, seu lugar, pronto para sonhar outra vez. Uma dúvida insiste e procura por uma resposta, onde estão nossos sonhos? Estão nas noites quando sai à lua, nas estrelas a cintilar, ou estão perto de mim? Devem estar em algum lugar, mas onde?

E para o meu desassossego, te busco, te procuro.

Por que você é vida, é amor. Amor que sempre sonhei.

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Infinito mar

Ao relento, com muita tristeza no coração!

Tristeza, e enfado de corpo e alma, por tudo que só me levam a você.

Porque, sem você, sinto um vazio em meu coração,

sinto-me, como um navio em alto mar, sem uma bússola para mostrar-me para onde ir,

o que fazer em meio a uma tempestade, neste bravo mar?

Já cansado e nada aparece, para brotar em mim uma esperança!

Nem ninguém para socorrer-me. Mais em minha mente está você!

Nem mesmo mais forte vento.

Nem a mais densa neblina, poderá separar-me de você! Fomos unidos pelo destino,

e nada nos separará...

Fico aqui o tempo que preciso for esperando por você,

esperando que me diga que me ama, e será minha para sempre!

Espero que venha me salvar, neste infinito mar...

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Audelina Macieira

O amor é saudade

O amor é andar descalço comer manjar dos deuses encontrar-se com a razão

e enganar a solidão.

O amor é mais que arrumar a vida; é arrumar as ideias em um pensamento;

é discordar do tempo, para fugir do agora sorrindo sempre ao estar ali estático.

O amor é uma forma interior de sentir as pessoas

e respeitar o seu estado orgânico, esperando a felicidade que está em um design inventado no ar.

O amor é saudade dos velhos tempos de menino;

é melancolia abstrata da memória que vive; é saudade, amor é saudade.

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O ser que ama

O ser que ama é como o sol está sempre ali, iluminando o ser amado,

que distraidamente se aquece no seu calor.

O ser que ama é como as árvores as mais antigas com as raízes firme

que asseguram a fresca e a sombra ao ser amado que segue em direção as nuvens.

O ser que ama não se incomoda

com a chuva fria, com a casa fria e com o café frio; seu corpo é quente como uma lareira.

O ser que ama compra flores no inverno só para enfeitar os olhos do ser que ama

e mesmo quando distante, a sua alma vai ouvir a sua voz

e vai estar sempre atento ao chamado do seu ser amado.

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31

Revolta

Meu compromisso não é com você! É com a natureza, tenha certeza. Proteger as florestas, as árvores,

os vales, as flores, os rios e os mares.

Meu sentimento não é por você! É por todos os velhos abandonados

em asilos largados maltratados, doentes, carentes...

sem ninguém para lhes visitar.

Minha dor não é de doença! É espiritual...

quando vejo tantos homens: sem trabalho, sem salário,

sem o pão de cada dia; sem dignidade sem poesia.

Minha crítica não é social nem política.

É humana! É honesta!

É triste!

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32

Carlos Manuel Alves Margarido

Sémis

Metade da outra parte, na metade de mim…

Nesta parte que somos,

uma parte, à parte…

Repartimos juntos, reparte o momento, sem ti!

Parti sem saber

da outra parte de mim…

Hoje sou uma parte, à parte, partida, sem ti…

Cai à sombra, na luz, que acendeu em mim!

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Adormeci

Na água fria, Nas iras profundas do sono.

Ramos verdes, cresceram na seiva da ilusão.

Tão cedo, tão tarde, não cedo…

Adormeci

Nas verdades, que encolheram o dia.

Todas as ondas, formaram uma só gota do passado,

deixado de ti, invisível na transparência,

apertada de mim.

Sem calor, sem pele, sem nada…

Adormeci

No sangue da terra. Na secura da substância.

Na ânsia roída por dentro, ceguei, sem ver…

Adormeci sem ti, adormeci...

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34

Derreter

Esvaece o amor nos fios da pele…

Arrepanham os dedos e as mãos! Retalhasse o peito,

na profundidade do golpe!

Sangue, meu amor, o meu sangue…

Expulso de mim,

no calor das tuas entranhas, flores de paz,

no breu, sem nome, colado, apertado…

O gemido do calor trocado!

Não, eu não te amo... É tua a carne do meu coração!

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Carmine Mônaco

Tradução: Maria Cristina Alves Dias

O mal em excesso

Do nada não restam sobras,

nada foi dado, nada recebido.

O mal em excesso,

ao contrário, transborda

quanto mais se é dado de volta.

Assim,

por ódio demais, todo mundo volta

ao seu vazio, os dedos na foto

não são uma mão verdadeira, a presa não tem raízes

e finalmente cai.

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Gotas e furacões

Há furacões que chegam e levam tudo embora, redemoinhos metálicos poderosos como Deus.

Grandes e inchados como nações em armas. Implacáveis em suas guerras não declaradas,

arremessam no ar, família, trabalho, casa, carro, jardim e garagem, pra fora, longe, em um outro continente, deixando você

sangrando, só e nu.

Há furações que chegam com o sol, doces e delicados como uma brisa.

Esperando somente que abra o seu coração para apunhalar você com uma única gota de chumbo

que deixa tudo intacto, sem cor e inútil. Família, trabalho, casa, carro, jardim e garagem

e matam somente você.

Há furacões que sacodem tudo a sua volta, as vigas se abalam, os muros tremem,

flashes de luz infiltram entre as fendas e os pregos, e os estrondos do trovão sacodem as estruturas.

Mas você continua a lavar os seus pratos, enxugá-los e colocá-los um sobre o outro,

porque sabe que não está ali por você, não é o seu furacão.

Há gotas que chegam com calma, batem a sua porta com gentileza

e docemente pronunciam o seu nome. E você não pode fazer outra coisa a não ser abrir.

Uma lágrima sombria escorre no princípio e envolve você como uma mosca para levá-lo embora

porque te ama, te ama verdadeiramente por ambos, e talvez você queira somente ficar onde está,

sangrando, sozinho e nu.

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37

Há gotas e furacões que chegam juntos, doces e violentos, feitos de relâmpagos e mel,

gigantescos exércitos de nuvens, abelhas e gafanhotos,

você sai para olhá-los, estão bem juntos, são feitos um para o outro,

você puxa pra cima a gola do casaco, já chove a cântaros mais não importa,

você acende um cigarro contra o vento, as suas mãos tremem, é adrenalina, você senta nos degraus da varanda,

exala o seu veneno branco em pequenas fumaças desfiadas

e os desafia a matar você, fumo, gotas e furacões.

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Catarina Santos

Festejando

Quero cantar a felicidade que sinto. Falar do amor em prosa e verso, tamanha alegria me envolve que paralisa o tempo. Um instante suspenso no ar, sublime momento levitando, quase tocando o céu. Festejando este amor incomparável.

Quero cantar o que sinto quando o amado

me toma o pensamento. Quero fotografar meu coração

quando com o dele encontra.

Quero escrever seu nome no céu, num balão colorido levando um recado, uma mensagem, “Venha festejar também”.

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Caminho

Já não sei se é para ficar ou partir. Esta dor da espera a me acompanhar

parece não ter fim.

Até onde, até quando a terei por companhia? Ficará ela, em algum ponto

esperando outra alma desavisada? Deixarei de esperar em algum momento?

Quanta saudade, quanta angústia!

Soubesse ser tão doloroso o caminho teria tomado o atalho evitando igualmente

os momentos felizes do passado e os do porvir, que chegam como os raios de sol a alegrar os pássaros

e faz as cigarras cantarem ao seu prenúncio.

Ah, quanta alegria! Um instante sublime eternizando este amor.

Pensando bem! Se soubesse teria escolhido a mesma direção.

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40

Visita inoportuna

O que dizer daquela visita! Chegou sorrateira numa manhã quente de verão. Sentou-se a cama junto

ao corpo frágil, lentamente, sem a menor intenção de deixá-lo. Viera passar o dia, quiçá à noite!

Incumbia-se de uma missão. Ninguém percebera sua chegada

e tão pouco a partida. Ficou ali dividindo o mesmo leito, o mesmo ar, tal qual um parasita

a sugar da seiva. A pouca seiva que ainda havia.

O corpo alquebrado, parecia pedir-lhe para ir-se, inutilmente.

Procurava o ar, procurava a vida que se esvaía com aquela presença.

Enfraquecia-se. Porém, ela ficaria o tempo necessário

para arrebatar-lhe o mais precioso bem. Fatigado pela luta árdua de anos

e agora por esta presença indesejada. Rende-se a ela.

Rende-se a morte.

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Célio Gilberto Silva

Cara lavada

Meu rosto indica sofrimento. Decepção.

Rotula a indignação.

Minha dor tripudia a razão. Estou triste. Sozinho.

Desesperado, pois busco vida... onde a morte se manifestou.

Meu rosto exprime mensagens.

Enigmas. Melodramas da grande paixão

deixando escrito no livro do viver histórias de um aperto de mão;

de um beijo melindrado roubado naquele portão.

Já que conjuga na linha do horizonte

o grande verbo da reconstrução. Meu rosto! É o crepúsculo presente...

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42

Eu frustração

A dor da solidão! Preencheu os espaços vazios

que estava a espera... a mais perfeita paixão.

Só que depois de tanta angústia

nem mesmo o vento refresca a minha alma,

ameniza a tristeza... que mistifica minha razão.

Que faz do meu coração

um barco a deriva. Um náufrago sem rumo,

sem ilusão.

A dor da desilusão! Afunda a perspectiva...

na lama da incompreensão. No penhasco do viver...

sem possibilidade de salvação.

Credo cruzes! Que frustração.

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O pão da vida

O pão da vida! Eu fermentei semeando carinho.

Amor. Fidelidade. Prosperidade com proteção.

Entretanto! Em teus seios; suguei...

a essência da vitalidade. O pão da vida eu imortalizei abraçando o grande viver, degustando o néctar da fertilidade. Já que em teus braços; temperei... a felicidade com alegria... pelo amor que conquistei.

Felicidade que administrei... quando comecei a me alimentar

com o pão da vida; imolado. Untado por Jesus!

Que morreu para nos salvar. Felicidade que abracei... quando passei a caminhar as estradas do sonho sereno.

Sem as ilusões fantasiar; já que saquei o sol

querendo a lua namorar. Dizendo ao universo; enciumado, que na terra... Eles! Sol e lua iriam morar.

O pão da vida eu abençoei fazendo-me respeitar

pedindo a Deus proteção para o câncer não me matar.

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Céu Pina

Imortal

Sonho que chorou. Noite que passou. Sede indefinível. Iminente abate.

Palavras… Crueldade… Verdade… Exprimo…

Perda de vida. O que falece,

dentro de nós. Musgo humano.

Imortal. Esperarei,

pelo tempo. Mãos de Deus.

Ficarei… Depois da alma.

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45

Num segundo

Curva do horizonte. Farol de letras.

A vida é gérmen. A alma é vasta. Luz impotente.

Infiéis conquistam. Desejam o oceano.

Tudo sucede. Faz história

no pó que a terra aceita. Teu nome…

É sombra eterna. Ventre do império.

Febre do além. De dever e de ser.

Assim vivi… Assim morri…

A vida… O todo…

Ou o ser nada. Num segundo.

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Culpe

Grito… Jura…

Ecos que cantam, Versos ao vento. Pedra no abismo.

Deixe minha culpa, em paz…

Numa culpa sem culpa.

Pare de me culpar. Quando a culpa, tem dois lados.

Aprendi a dizer,

Adeus… Se foi erro, confesso…

Tive a Lua como mãe.

Fui machucada. Meu desabafo.

A quem pedir perdão? Quem me deve perdoar?

Só ele… O meu coração…

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Chico Valiente Farro

Desterro

Fevereiro

décimo quarto dia

procurei o dia inteiro por esta minha

poesia.

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Fênix

Depois de ontem, a cada ano

ressurjo do meu nada poético

faço alegria do meu desengano

pareço feliz enquanto patético.

Perplexo

Lembro-me, à porta, circunflexo

quando chegavas correndo feliz

a buscar o meu gordo amplexo.

Hoje à janela distante da varanda

busco tua vida, errante sarabanda

no horizonte, a curar a cicatriz.

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49

MORAES...

da história

O ipanêmico caminho do mar

sempre a fustigar

meu deslocamento secular.

Redes

Sociais

Nenhum amigo a mais

nenhuma amizade há mais

curtir, curtir, curtir.

Não gostou? Bloqueie!

Fico aqui a sorrir.

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Cristina Amaro

Distante

Que caminhos pisei eu?

Por que becos escuros eu fui andando?

Sempre longe... distante do que era meu.

Sempre longe... até do que andei sonhando.

Que vida de lágrimas eu percorri?

Nesse mundo estranho onde cheguei.

Que muralhas de vento eu construí?

Que desfeitas torres eu levantei?

Que hoje o meu grito

ouve se nos milhões de gritos

da minha vida gasta em tanto nada.

Dos meus passos,

correndo aflitos para chegar aonde?

A que estrada?

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51

Espero me!

Há muito tempo que todas as coisas

se despediram de mim.

E eu já estava só com o final das tardes

a ver passar os dias na janela.

E já era tremendamente triste.

E já era perfeitamente só.

Pois há muito tempo

que eu teria de ser esquecida.

E até o rio parava em frente à casa

a olhar pra mim e murmurava baixinho:

Que só eu morava ali.

E a rua hoje espera por outros passos.

As árvores são outras árvores

e moram outras folhas nos seus braços.

Tudo partiu!

E eu sou a última rosa que ficou no roseiral.

As palavras que secaram no estendal.

Sou a que fiquei num mundo

em que ninguém me conhece

e onde tudo me esquece.

Num mundo em que nada do que permanece

Hoje em mim se reconhece.

Mas eu espero me em todas as coisas.

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52

Escrevo

Escrevo com que palavras?

Sinto que sou todos os silêncios

mergulhados em lágrimas

que nunca partiram.

Escrevo com que palavras?

Sou um barco afundado em que ilha?

De que mar?

Onde nenhuma sereia me encontrou.

Sou uma floresta a arder cheia de pássaros.

Sou esse voo aflito sem palavras.

Sou um túmulo de onde me levanto

e onde à noite eu morta, ando.

Escrevo com que palavras?

Se já tudo foi escrito.

Se já tudo foi dito.

Sou apenas o silêncio!

Porém eu grito!

Mas esse grito está na voz dos peixes

quando morrem.

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53

Dallwa Lobo

Mundo chamado terra

Mundo que se desaba.

Paredes que desmoronam.

Vida que se cansa, mansa...

Fera que se agita rompendo grades.

Ferindo almas.

Ganhando espaço!

Ave que se alevanta

querendo alçar no voo, espaço sereno.

Profundo.

Vazio!

Vida! Não desesperes.

Ergue a tua fronte e espera.

Amanhã será outro dia.

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54

Acalanto III

Mesmo que o mundo desabe

com nuvens sombrias no horizonte. Mesmo que a vida nos mostre

o seu lado mais sombrio. Só quero estar com você!

Tudo se transforma. Tão lindo e irreal.

Amo você! Tudo é fantástico e colorido.

Você é o meu ser. Você é o meu sol!

Sugo a sua presença

como a abelha o pólen da flor! Amor que foi. Amor que é!

Despertando sempre novas emoções.

Constantes, perenes, serenas. Às vezes meio louco,

mas é amor com certeza! É devaneio? É sonho?

É puro, inocente, mas avassalador se consumindo em chamas.

Total!

Físico e espírito se fundem, se encontram se acariciam. É como uma lânguida onda

que se espraia por todo meu ser...

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55

O poeta falou...

O poeta falou

da pedra no caminho.

Era sábio este poeta...

Sacudi a cabeça

e dela saltaram

outras tantas pedras.

Algumas até chutamos!

Outras tantas a gente esmaga

outras, nos caem na cabeça

tirando-nos temporariamente do ar.

Em algumas tropeçamos.

Podemos cair!

- Pessoa,

Por favor, me ajuda a levantar?

- Não posso! Sou uma pedra.

Não tenho mãos...

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Elair Xavier

Em asas de Serafins

O doce amargou... fujo do breu, pela fenda da cortina

e lanço um olhar demorado sobre os lençóis em desalinho...

Lá, com a mesma camisa ficara você, descalço do foco de suas ambições.

A correr sem rumo pelos vãos das árvores,

flutuo na clareira do verso e sigo em asas de serafins,

para além de projetos em solo.

Ao voar consigo reunir alguns cacos, colar alguns sonhos, renovar rotas

em jogos de xadrez.

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Nobre farol

O peito vibrou com o sorriso bonito,

que veio moldado por lindo brilhante, firmado na Ode de cunho erudito, no coro dos anjos, cantar exultante.

Ilustre homilia dos deuses do amor, ecoa nos montes trazendo a canção,

aureolas da arte retinem louvor, bailando nas chamas da minha paixão.

Agora remamos o barco do sonho,

nas águas de um mar colorido e risonho, e juntos teremos feliz navegar.

Levados por ondas da arte que acalma,

pulsando nos versos que brotam da alma, seremos farol da nobreza de amar.

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Retalhos ao vento

Nas páginas pérfidas, frias, caladas. Cunhadas apenas no livro da dor,

fantasmas em noites escuras, geladas, loucuras em versos em busca do amor.

O lindo poema jamais foi escrito,

apenas, relembra momentos felizes, Romeu, Julieta pesado transcrito, embora fumaça, deixou cicatrizes.

As noites de chuva derramam saudades,

em gotas chorosas penosas verdades, na triste enxurrada carrega a imagem!

E fica o vazio mutilando a esperança,

de ouvir frases lindas de amor e bonança, retalhos ao vento, ilusão e miragem!

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Elisabete Leite

Amor frenesi

Amor que chegou sem permissão

É avassalador, completo e diferente Invadiu o coração com grande emoção Um vulcão em erupção permanente.

Amor que é como fogo ardente Sentimento puro que causa queimou

Um tesouro que aceito contente Deixando-me em estado de pleno ardor.

Que é constituído por eternos momentos Não é paixão é amor completamente real

Intenso e constituído por outros sentimentos É um delicioso alimento e nutritivo cereal.

É um amor diferente e indescritível Um diamante em estado bruto

Que impulsiona como combustível De grande valor sentimental e absoluto.

Amor novo que contagia Que a cada dia cresce e faz fluí

Provoca emoção e eterna alegria Um amor escaldante, frenesi.

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Clamo por vida

Clamo por segurança em todo mundo Pela fraternidade universal na terra

Sentimento de amor belo e profundo A Paz mundial sem nenhuma guerra E presença da fé no coração fecundo.

Clamo por educação, moradia e saúde, Por total igualdade de fato sem medo

Justiça e liberdade a todos com amiúde Criança tenha carinho e seu brinquedo

Todos vivam em harmonia com virtude.

Clamo pela conservação do meio ambiente Pelo respeito total e de fato à Mãe natureza Ajuda aos necessitados e crianças carentes Preservação do verde das matas e riqueza Por justiça social a todos de modo urgente.

Clamo por todo transporte coletivo digno

Pela valorização plena do povo trabalhador Que o governo seja presente e fidedigno

Por uma vida de esperança com esplendor O mundo seja construído por gente benigno.

Clamo total respeito aos idosos por direito A união dos pais e filhos enquanto família Viver uma vida sem nenhum preconceito Orações pela paz nas religiões com vigília

Que meu poema passe mensagem e conceito.

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Voando para felicidade

Voei alto na busca pela felicidade Imitei a águia, com meu voo certeiro

Ansiei ser solta para amar com vontade Voado livre no meu voo aventureiro,

Sem amarras para seguir minha viagem Cruzando fronteiras, quebrando paradigmas,

Ultrapassando limites com veemência, coragem! Na eterna procura pelas alegrias da vida,

Pássaros em revoada seguem comigo na caminhada Enquanto o sol anuncia o alvorecer no horizonte

A primavera é amiga nessa minha jornada, E a liberdade é minha eterna companheira

Livre, vou seguindo em frente com um único propósito Viajando para executar uma grande missão

Sem perder o norte, pois as aves indicam a direção, O caminho certo, que me leve para dentro do seu coração...

No âmago da minh’alma, a felicidade brota novamente As tristezas seguem outro rumo e vão embora Tornando meu destino mais uma vez aparente

O despertar para vida renasce, como uma nova história, As rosas florescem nos galhos em botão

Mostrando-se para os raios solares, toda sua grandeza O vento sopra jogando suas pétalas ao chão

Adubando a terra em equilíbrio com a natureza Um sentimento se faz presente, o amor

Enchendo minha vida de luz e calor Hoje, sou feliz nesse voo que não acabou!

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62

Elma Leite

Fragmentos

Madrugadas são caminhos silenciosos nos quais a sombra da saudade...

passeia em lembranças fragmentadas, que o meu amor guarda de ti!

Eu ainda sinto a tua presença

no sorriso de estrelas acordadas. E quando a solidão escura de nós

tenta perturba-me, estrelas iluminam minh'alma e me levam para junto de ti!

Nesse instante,

nosso amor se encontra. Eles se amam intensamente!

Mas quando as estrelas se apagam para dormir meu amor na escuridão,

se perde de ti e retorna ao vazio novamente!

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63

Depois

Acordo-me na noite e o silêncio suga-me. Transporta-me para o abismo da solidão.

Lá, saudade me espera... companheira inseparável do meu coração!

Bebe comigo a tua ausência,

na taça inquebrável do que fomos. São goles intermináveis, brindes de dor...

que embriagam minha alma, famélica do teu amor!

Meio tonta...

minh'alma recosta num canto de mim e chora copiosamente a tua falta...

ela não aprendeu ser só, sem ti!

Depois... depois de tudo - buscas,

devaneios eu sei que ainda te amo nesse vazio, porque bebo a tua presença...

em minha memória e me sacio!

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Avesso

Eu amo o teu avesso! Nele, eu te enxergo de um jeito

que só os olhos da alma, são capazes de ver - entender.

Lá, eu esbarro-me...

no que ainda desconheço de ti e sinto que o meu amor sobrevive

daquilo que não lhe é íntimo.

Daquilo que é preciso desvendar! Eu amo o teu avesso...

mesmo só, desvestida de ti. Tu fostes embora de mim

antes que o teu amor me amasse.

Mas resisto... porque tenho a certeza de que valeu!

A minha alma te enxergou na tua essência. Na mais perfeita singularidade

que o amor pode enxergar. Hoje eu entendo, fui feliz...

porque eu te amei no teu avesso!

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Fabiano Rodrigues

Na sina e não assina Um poeta nunca sabe o que fazer e faz. Fala através das letras; sente pelo papel.

Se não marchar direito vai preso no quartel; mas ele sabe o que dizer alegra-se em ser. Também sofre e sente dor. E a cada cinco poesias um revés no amor.

Não! Amor não, paixão... pois amor não é ventania! É o que silencia uma tempestade. É o que deságua em serenidade!

Do poético sonhador. À luz do espectador.

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Chorei Hoje chorei. Não só de tristeza, mas pela beleza que ela me deu na mão. Hoje chorei. Não só pela dor, mas por todo amor que emana do meu coração.

Hoje chorei. Não só de saudade,

mas por todas as coisas que hoje já não são.

Hoje chorei.

Não só de amargura, mas pela vida dura

que percebo no mundão.

Hoje chorei. Não só por liberdades, mas pelas sinceras amizades que nunca são em vão. Hoje chorei. Não só por medo, mas pelo apego que faz qualquer opinião. Hoje chorei. Não só pela chuva, mas também pelo sol que energizam minha intenção. Hoje chorei.

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67

Não só pela bondade, mas também pelas vontades que talvez ainda virão. Hoje chorei. Não só por rebeldia, mas também pela magia que é oriunda da revolução.

Hoje chorei.

Não só pelo destino, mas também pelos caminhos

que me trazem a compreensão.

Hoje chorei. Não só por chorar,

mas principalmente por observar tudo até então.

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Fátima Araújo

Aonde não estou as palavras falam

Meu avesso em tropeço num vazio e sufoco esta amarga presença do que me falta!

Amarras cravadas em versos e delírios...

Num dia que amanhece à noite... num céu sem lustre azul pintado sem cor.

Numa vã esperança desfalecida...

E quantas vezes estendi a mão tentando tocar o vazio sentir e atingir o sonho sem tino ou desatino.

Quantas vezes ecoou este silêncio

golpe de espada ou florete arrancando mágoas sofridas vazio sagaz e manhoso silêncio brutal e maldito...

Quanto em ti está escrito!

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Abram alas!

Tropeçando por aí andam eles à deriva. Mocidade errante a procura de vida!

Estudar, trabalhar, progredir...

Vejam lá que tarefa. Por favor! Não digam nada.

Nada que os impeça!

A Juventude é tesouro. Há que tratá-la com zelo.

Por que escárnio e desprezo? Não basta de falgelo?

Pais sem amor.

Famílias degradadas. Fomos maus o suficiente.

Por favor! Abram alas!

São eles o nosso futuro. Determinação e manjar. Sociedade te esconjuro. Deixai os jovens gritar!

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Talvez

Talvez hoje esse tempo passe e liberte esta inútil liberdade este silêncio que me invade

em meus olhos cruel verdade.

Talvez amanhã contemple o céu e a uma estrela pergunte a razão restos, abismos cegos…

saudade proibida que não sacia. Por que não solevas o véu?

Mas hoje talvez o que resta são lembranças de sonhos inacabados suspiros angustiados

num peito que dói, num tempo que habitava a mais suave ternura o mais doce afeto.

Amanhã talvez derrube o talvez!

Construa um voltar e colha margaridas… enfeite a vida, o hoje, o amanhã… colore sorrisos e espalhe abraços.

Talvez este tempo se chame saudade

alma vazia alma calada murmura, soluça, mas canta.

Amanhã talvez seja derrota!

O sol pode não brilhar, mas continuarei a caminhar até o meu tempo encontrar.

E sem um “talvez” no qual acreditar.

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Fátima Bittencourt

Inspirações

Sinto meu olfato lúcido. Minha audição com menos ruídos.

Minha missão mais soldada. Meu tato menos esquecido.

Meu corpo semiembriagado. Minha consciência ainda tem muitas vozes

e cada voz traz-me milhares de histórias e de cada história vou-me filtrando

para comunhão da chegada!

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Casa própria da paz

Nutra-me de sementes desnutridas em mim dos pomares inférteis por dispersões.

Reverencia-me das memórias de meu corpo nos templos das memórias dos poros livres.

Filtra-me das jornadas dos desejos nos mergulhos de ilusórios saberes.

Organiza-me pela ordem do familiar caos onde flui o que já se é reinventado.

Reza-me de desapegos dos milagres fakes onde a lucidez regra meus instintos. Acolha-me de amor incondicional onde já tenho estadia e passe free.

Celebra-me com aplausos dos renascidos no “Tao” plasmático de poeiras cósmicas.

Convide-me aos portais dos sábios sem jamais existir o da última ignorância.

Gesta-me no caminho dos gentis ciclos onde aguardo os downloads das dimensões.

Permita-me respirar o ar dos mistérios onde os guardiões me confortam o infinito. Grita-me se aumentar a distância da alma

até que sinta mais e mais meu vazio que já tem a casa própria da paz!

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Quem és?

Quem és tu

alegre cavalheiro do esquecimento das espadas

das armadilhas de ciclos de desejos

mostre sua alma sua calma seu cálice sua cruz.

Quem és tu

alegre cavalheiro que encanta minha dama

para uma valsa de circo

para cair na fonte gargalhando no silêncio

de seus segredos.

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Gleici Kelli Fagundes

Traços das mãos

Em cada traço Deus escreveu uma história. Cada caminho cada problema cada barreira.

Todos os sentimentos em um traço apenas. Os traços se misturam.

Confundem-me! Tenho medo de me machucar

e um traço apagar. Tenho medo de cair e de um traço fugir.

Pois um pedaço da minha vida pode se perder. Um sentimento pode morrer.

Minhas lágrimas podem secar. Posso ficar sem ar

e assim tudo acabar.

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Tudo se compara

A saudade é como uma flor. Com o tempo cresce. Vem; marca e passa.

A cicatriz é como um diário.

Conta o dia e a história.

O ódio é como o fogo. Queima e destrói.

As lágrimas são como a chuva.

Cada gota cai e seca.

A vida é como um livro. Tem começo; meio e fim.

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Tempestades

Hoje vejo minha vida como uma tempestade.

Em meio e ela; você é meu guarda-chuva...

Sinto que você tenta me proteger. Defender-me.

Salvar-me. Mais as gotas me atingem.

Machucam-me. Molham-me.

O vento me deixa com frio. Meu corpo congela.

Seus braços me cercam tentando me aquecer.

Raios caem. Fico assustada. Altos barulhos. Fortes estouros.

Fecho meus olhos. Fecho-me dentro de mim

no silêncio de um novo nascer.

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Ireni de Assis Ribeiro

Paz

Procura-se a tal felicidade. Tem o título de perfeita.

Onde está; quem a levou? Alguém a procurar. Por favor! Avise-me.

Preciso encontrar.

A tristeza encaixotei. Tão longe mandei.

Tenho a fé. A esperança... Segurei!

Falta-me a felicidade.

Tenho que achar. Muitos a esperam.

Tenho... Tenho que espalhar

a felicidade a esperança e a fé. Tornear-se-ão paz.

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Amigo

Doe-me em lágrimas por coisas que decerto

nem uma delas escorreu por mim.

Desperdicei ladeiras de sorrisos

e nem para nosso ninho veio.

Ferida no percurso da vida. Levantei.

Chagas curaram ao longo do caminho, dedicada aquém mais ajudei.

A me ver, repulsa sobre mim lançará.

Na esquina ou em qualquer lugar. Caído só um vira-lata a me acudir

lambendo minhas feridas; como se doutor fosse...

Com curativo da saliva cicatrizando.

Com seu pelo me aquecendo. Quatro patas; só falta falar.

Branco encardido jogado pelo mundo. Melhor amigo dessa moribunda. Trouxe de novo algo a acalentar.

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Saudade

Ilusão é achar que a saudade tem cura! Aprisionamos a nossa memória.

Saudade é bicho traiçoeiro ataca tirando pedaços corrompendo lapsos levando a loucura

quem tanto procura.

O amor que se foi... correndo em fúria tentando outro alguém.

Amar a estúpida saudade é dar volta à tortura.

O amor não se pode matar. A sentença é sofrer e de saudade morrer.

Lembranças

Ondas cobrem a rede do saber deixando vazio meu ser.

Lembrança do que sou não ficou... fragmentos do que fui.

Vai-se arrastada pela areia levando-a junto tudo que acumulei.

Rede que tanto pesquei! Não mais me leva ao fundo deste mar vazio

sem lembrar-me que amei.

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Glória Mateus

Ilusão

Vivo na ilusão de um amor. Quando penso em desistir o meu coração não permiti.

Quando decido ir à busca

desse amor eu me decepciono.

Tento tirar este sentimento do meu coração e não consigo.

Procuro me desviar desse amor

que me consome aos poucos. Mesmo não querendo te amar te amo.

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Você é meu vício

Hoje decidi que eu não vou

tentar tirar você mais da minha vida.

Percebi que eu não consigo

porque eu te quero a todos os momentos.

Você é como uma dose de alegria

que me faz querer viver.

Você é o meu vício de todos os dias

e momentos que está na minha alma.

Você faz os meus dias serem maravilhoso

e com vontade de conquistar o mundo inteiro.

Você se tornou o meu mundo.

Você é vida que me faz respirar todas as manhãs.

Você é o meu vício de querer amar

intensamente a todos os momentos.

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Amo-te

Com a caneta em punho e papel nas mãos falo-te de todo o meu amor.

Quero que saibas que é um amor inesquecível.

Amo-te como pássaro liberto. Te amo como a natureza ao amanhecer.

Amo-te da forma como uma mulher ama o seu homem.

Eu quero você de um jeito sublime. O seu amor me faz feliz.

Você deixa os meus dias especiais. Os meus pensamentos sempre voam ao teu encontro.

Meu coração aberto te esperando

e sempre apertado de saudade suas. Meus pensamentos e minha alma te buscando para junto de mim; meu coração vida minha.

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Ivanilde Kiem Dranka

Esquina Parada ali na esquina observo o vai e vem. São pessoas de todas as raças. São culturas, sacolas enfim.

Animais plantas e automóveis. Semblantes alegres... cansados.

Alguns pintados disfarçam o tempo; outros enrugados registram histórias.

O que pensam, sentem e sonham? Não sei! Na correria do meu dia não falei com ninguém.

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84

Janela

Que janela é esta que outrora se abria

para receber a luz do sol, do luar e a brisa suave das manhãs?!

Que janela é esta

que se abria para chamar a criançada para aquele lanche surpresa no final da tarde

ou então para simplesmente jogar a erva da cuia e renovar o chimarrão.

Que janela é esta

que todos olhavam para admirar a linda paisagem com árvores, pássaros e flores.

Que janela é esta

que se abria todas as manhãs de todos os dias

e que agora a bela janela da vida a cortina da morte sem pedir licença

para sempre a fechou...

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Primavera

Primavera da minha infância que cheirinho suave e gostoso

das flores silvestres, das abelhas, do mel. Do jardim furta cor.

Daquelas árvores frondosas. Das sombras, dos frutos, dos pássaros.

Das secas folhas adubando o solo onde novas plantas em flor vêm.

Saudade da praça florida.

Da pipoca colorida. Do sorvete, do balanço.

Do gira-gira da criançada. Dos gritos, sorrisos, enfim.

Eram tantas as histórias contadas naqueles bancos. Foram tantos os olhares. Os romances, os acasos.

Os nomes cravados nas “árvores” dentro de um coração.

Primavera tão esperada. Noites estreladas, brisa, silêncio.

Amanhecer ensolarado. Modelos coloridos desfilavam em um vai e vem.

Para onde vão de onde vem? Não importa agora. Está grafado na memória!

E as flores. As lagartas. As borboletas.

A chuva. O arco-íris. Queira Deus que jamais fiquem só para relembrar.

Que os homens com o seu “progresso”; num caminho sem regresso; das flores, da primavera,

voltem urgente cuidar.

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Izabella Pavesi

Beija-flor

Apreciando o rubro entardecer, ziguezagueando entre azaléias,

intrépido beija-flor brindou-me... Com seu roçar instigante, seu farfalhar ondulante,

e seu cristalino olhar. Sibilosamente bailando...

O silvo a me sussurrar uma secreta sinfonia, a doçura do porvir,

a tessitura da beleza, a essência da divindade. Mergulhando pelos ares em plenos voos rasantes,

imprevisivelmente... Prazeroso livre voar.

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Cruzes na areia

Na suave areia da praia vejo centenas de cruzes fincadas.

Chocante imagem!

Os gritos de nossos meninos não chegam ao coração do poder.

Triste súplica!

Nossa nação mergulha na violência; estarrecidos assistimos ao descalabro

a inércia de governantes.

Mães clamam por amparo e choram. Pais vertem lágrimas de dor;

multiplicam-se os apelos.

Nossa guerra é diária, constante. O povo nas ruas em passeatas grita:

Paz e sensatez!

Até onde iremos? Bradando por um país melhor?

Até quando?

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Meu farol

Arma fulminante!... Teus olhos lampejantes,

segredos insinuam enigmáticos, as linhas sinuosas da minha pele.

Fervoroso olhar me dá asas, colho estrelas, pra te enfeitiçar...

Ah! Esse teu olhar é puro fascínio. Translumbrante!

Barca de delícias... Na vertigem das horas

o arrepio do amor pulsante, teus olhos... faróis acesos,

catando luas pra me encantar, teus olhos são meu perigo, faróis guiam... fascinação!

Teus olhos... minha perdição! Vivaz chama, carícia,

na retina acesa, farol de ângulos múltiplos...

Transporta-me em sussurros. Quando teus grandes olhos

cravam os meus, incendeiam! Toda radiante, enlevada.

Te amo ardentemente!

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José Batista

Anoitecendo

Cada noite é uma saudade inacabada, uma tortura desfazendo sonhos,

uma viagem sem retorno, um abraço na solidão,

uma luz perdida na escuridão, um desejo perdido no tempo,

uma lágrima agredindo o silêncio, um choro invadindo a alma, uma lembrança incontida,

um mergulho em tua ausência, uma paisagem esquecida no canto do quarto,

uma dor que maltrata, uma espera que nunca acaba.

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Catador de sonhos reinventados

Não sei falar de amores conquistados. Vivi a vida catando sonhos reinventados,

reciclando desejos abandonados, buscando abrigos ao relento,

agasalhando-me no frio dos olhares esquivos, perdendo-me no desencontro das mãos distantes,

colhendo noites despedaçadas, para transformar em leito,

forrado por anseios reaproveitados, num tempo forjado por ressentimentos,

feridas abertas pelas ausências que a vida colecionou na memória,

são lembranças do que não se viveu, e que morreu entre a busca e a espera,

um voo proibido de voar, retorno que não existiu por não ter onde pousar,

naufrágio onde o sonho se perdeu, aceno que a distância apagou.

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Abandono

Noite passada invadi teu sono,

roubei-te um beijo, adormeci ao teu lado,

embalei-me no perfume de teus cabelos, realizei todos os meus sonhos em um único,

violei todos os teus desejos, retornei à vida entristecido,

pois que descobri que não estava, em nenhum deles.

Perdi-me na noite vazia de mim, atravessei desfiladeiros sem fim,

mergulhei no absurdo que é viver sem ti, flagelei-me nas ruas que desconheci,

mendiguei a vida de volta assim, e nessa fome que tenho de ti,

dormi ao relento nesse tempo que não vivi, andei por onde as dores me guiaram,

e jamais descobri para onde fui, tentei voltar ao teu sono,

mas já nem conseguia mais lembrar teu rosto, pois que a tristeza inundou-me o semblante

que lavou tuas marcas em meu corpo, e sendo assim, não consigo mais sonhar-te de novo.

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José Valentim Melão

Revoar

Da passarada procurando abrigo. O sol esvaindo.

A noite soturna avança. A lua qual criança derrama seu leite

plasmando a atmosfera feérica contornando a face enrugada

que trazes sem saber em teu rosto os primeiros raios da aurora.

Logo tomarão lugar no domínio à luz e seu rosto resplandece lindo!

Sim, a manhã verteu em intenso brilho! Os pinceis começam a tingir de cores

formoso arrebol e uma borboleta sai sutilmente da crisálida;

vai mansamente pousar na linha do horizonte! Uma revoada delas deixou-me envolto

quando encontrei seu olhar! Deixando a mostra sua aura imensa!

Senti a alegria explodindo em meu peito. Assim a vida é um encanto!

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Tormento

Hoje acordei precisando de mim. Ao dar aquela olhadela sobre meu ser descortinei um coração contrito, angustiado. Fiquei ensimesmado. Percebi que havia um sofrimento na alma como se tivesse acometido por um rasgo. E de lá vi sair uma tristeza imensa. Povoando um vale denso a minha frente e a dor invadindo meu corpo. Foi estabelecendo sentimentos agourentos sofridos, melancólicos, depressivos. Fiquei abúlico, prostrado, a cabeça pesada. Como que não estava funcionando! Assim esta onda foi me levando por todo o dia e a noite também.

Pressenti na noite anterior ao observar a lua que algo estava por vir.

Senti uma saudade danada do cosmo. Das estrelas a imensidão.

Possível ressonância terrestre resultante de aquele contemplar inevitável.

A dor do mundo!

Neste dia os ecos ainda são sentidos, mas passou! O retorno vai acontecendo e o mundo exterior começa a tomar vulto. Então a ligação vai se estabelecendo e o mundo vai se tornando novamente a projeção destes olhos que derramam amor sobre todas as coisas!

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Saudades das estrelas

Quando chega à noite e meus olhos miram as estrelas, e o pensamento começa a navegar indo em frente. No que a lógica limita, a imaginação segue adiante! E os passos são de estrela a estrela... só para conferir a luminosidade de cada uma. Chuva de asteroides passa feito vagalumes incendiando de luz aquele recanto. De súbito ao virar o cenário se compõe irrompendo minha retina!

Já não sei se estou a observar, ou é projeção. Até parece que o universo sai da imaginação...

e vai acontecendo, engendrando sem fim! Passa suntuoso cometa e lá vou eu

surfando nas estrelas sem nunca chegar!

E num movimento convergente... a volta vem abraçar

e a luz traça rumo fulminante. Eis me aqui na terra a olhar as estrelas, e já na saudade percebo que o cérebro está aceso. São incontáveis neurônios recriando as estrelas. O universo está dentro de mim! Chega de saudade!

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Lace Luiza

Serena

Eu subo a montanha do meu ser

quando preciso me encontrar galgar o espírito, espairecer...

Vago só, é deveras longa a jornada enlaço todos os meus sentimentos

olhos marejados, a encarar o nada...

O sorriso tão longe, muito remoto remexo nas gavetas da afeição

memórias todas lá, como numa foto...

Busco dias de sol para a minha nirvana expurgo para longe a molesta melancolia

a ventura reaparece em uma bela roldana...

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Inverno em mim

No meu coração se fez inverno desde que você me deixou.

Levou meu brilho, meu regalo, minha cor...

Minha alma é gélida!

Em mim nevou... Vivo com os pensamentos presos num tempo antigo!

Provei do seu amor,

me envenenou, hoje já não vivo...

O sol já não brilha mais. Tudo de um branco frio,

solitário, mordaz! Sem você não consigo... ser feliz não sou capaz!

Quero gritar,

dormir e não mais acordar! Nada me apraz...

Você levou tudo de mim.

Minha sagacidade, minha existência, minha paz!

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Fruto

Na minha vida deixaste um vasto vazio!

Lado a lado com a tristeza caminho. Meu coração para a alegria está arredio!

Choro incontrolável, diante do seu sepulcro. Brado! Indignada com sua repentina partida!

Você ao meu júbilo pertencia, na vida era o meu lucro...

Essa agonia é como um negro punhal!

No meu peito atravessado. Contaminando tudo em mim,

turvando o meu astral!

Meu único alento, é o fruto do nosso amor...

que aflora em mim! Amenizando minha dor...

Afago o meu ventre com brandura.

Um singelo sorriso nasce em meu rosto! Idealizo-o correndo,

me abraçando com ternura...

Sei que essa dor sucumbirá quando ele chegar!

E você em espírito aqui estará... para nosso lindo filho abraçar!

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Margarida Cimbolini

Ciúme

Tenho ciúme do poeta cujo lume me enche de espanto e claridade daquele que sabe cantar a magia

que escuta a alma e a guia no finito da sua infinidade.

Invejo o clarividente tão simples

que cândido e ardente me ensina eternidade.

Ciumenta sou daquele que sem queixume quieto e calado sábio e fadado

transforma as palavras sem alarde e as leva ao mais alto cume em poesia...

em profana santidade.

São estes os crimes que confesso impunemente

crendo que daí não vem mal á humanidade.

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Sentir

Às vezes eu sinto. Sinto a vida.

Tão minha tão grande! Tão una! Tão forte!

Tão frágil! Tão imensa!

Tão insustentável! Sem dimensão,

mas tão há minha medida. Tão eu!

Morre-me então a morte! Não pode morrer a sorte... de ter um corpo e sentir; não pode viver a morte

nesta viagem de ir. Então a angústia serena e só assim vale a pena ter alma... ter corpo.

Só sabendo vale a pena ser humana gerar e parir!

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Gestos

Tem a alma gestos brancos, gestos que veem de dentro.

Tem a alma gestos puros elevam o pensamento!

São gestos...

quiçá sementeiras... gestos quietos

da cor das amendoeiras! Gestos da alma.

Mil águas a regar o mundo. Águas mil a calar fundo!

São elas bênçãos de brilhos. Viajo correndo esses trilhos e recebo os seus recados...

são sussurros... são trinados.

São beijos que recebo com as minhas mãos abertas e com meus olhos fechados.

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Maria Elizabeth de Almeida

Utopia

Estrelas dançantes, com vestes brilhantes. Enfeitando o céu com luzes vibrantes.

Às vezes, juntas, por outras, separadas.

Formando, em grandes grupos, constelações prateadas.

Tu trazes clamor, reflete esplendor, nos corpos ardentes, banhados de amor.

Por vezes à noite, diverte caindo, riscando o céu concede pedido.

Não há de se falar em solidão, pois solidão não há! Pois temos sua presença em qualquer lugar.

O véu de estrelas que embalam o teu sono,

te traz companhia, revela teus sonhos. Se isso for ilusão, iludido quero ficar,

seja bem-vindo utopia! Pois, já é noite! E o espetáculo mais lindo do céu já vai começar.

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Hoje quero ficar só

Vou caminhando com meus pensamentos, talvez em algum lugar eu me sente...

num banco em uma praça.

Percebo pessoas cabisbaixas apressadas. Numa correria que dá dó;

tanta pressa para chegar num lugar só.

Cada uma delas carrega consigo o peso do desalento desânimo.

Eu faço parte de uma delas! Caminho para chegar a lugar algum...

vejo pessoas mecânicas sorrirem sem sentimento nenhum.

A melancolia, tristeza,

apatia tomam conta de todo meu ser...

Que mundo é esse? Por que as pessoas se tornam assim?

Contínuo caminhando...

agora me deparo com pessoas em grandes muros e portões eletrônicos

com medo de tudo e de todos.

Eu contínuo a caminhada. Não tenho medo de nada!

Sou livre em qualquer chegada.

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Não vá

Quando você disse: vou me afastar por uns tempos,

senti minha ilusão se despedindo, não vá. Sem ilusão eu não vivo.

Que será de mim sem tua bagagem,

de pensamentos, desejos, loucura imaginárias e caricias.

Ah! Minha linda.

Tu me levas para ele a todo instante, me fazes sentir o gosto do beijo,

transportas meus sentimentos para um amor, de mãos nervosas e trêmulas em meu corpo.

Sinto o riscar em meus cabelos,

num forte abraço de ternura e paixão, preciso que fiques;

tu és minha companheira, contigo faço minhas melhores viagens,

estas sempre comigo.

Me levas para o mundo ilusório, no qual eu sempre quero ficar,

mais você me faz voltar. Ah! Não vai me deixar.

Sem inspiração eu jamais vou ficar.

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Maria Ivoneide Juvino de Melo

Ópio natural

Neste estado febril incessantemente secretada

renova devaneia dentro de mim um narcótico natural que libera a paixão.

Confesso-te. Careço-te embebedo-me num frenesi

que a mim é uma doçura literal. Sou-te leal.

Somos neste momento e em todos uma. Possui-me sem restrição

conduz-me à alma à fascinação . Inebriação versada.

declaro-me sem reservas sem limites ultrapasso todos por ti é a ti que quero.

Te amo desmesuradamente deusa das deusas. Oh! Poesia beija-me!

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105

Visita-me, sem nunca sair de mim

Quisera imergir

na imensidão do mar

e não estar em você.

Deveras

a distância do continente in-contenta,

tenta insiste-mente o torna ilha

sendo ilha .... milhas e milhas

em mim estar imersa

no a(mar) satisfaz-me

faz refaz ...

visita-me sem nunca

sair de mim.

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106

Amor cantado em versos

Tesouro amado guardo-te em silêncio

entre o coração e a alma por vezes entra a seu deleite

na corrente sanguínea e devaneia meu sentir

faço-te menino quando ofereço meu colo

fascinante nas suas linhas bem delineadas

quando faço o dele o meu coração másculo

quando inalo seu cheiro misterioso

quando no meu abrigo se achega

sensível ao amor, à mulher e aos desejos que lhe causam

os sentidos quando deitados na relva

brincamos de esconder com as nuvens errantes

deliciosamente colamos pelo céu estrelinhas brilhantes.

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107

Maria Lamanna

Meu Canto Canto o canto que canto em meu canto. Canto meu canto alegre. Canto meu canto de prantos. Canto como todos cantam,

mas jamais deixarei de cantar o meu canto em meu canto.

Canto... Canto os pássaros. Canto os amores. Canto as paixões. Canto as dores. Canto as flores. Canto as tristezas.

E da vida... Eu canto as belezas.

Canto o que me encanta. Canto o que me fascina. Canto meu canto de mulher.

Canto meu canto de menina. e assim eu vou cantando de acordo com a minha sina!

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Etnia Sou bisneta do escravo; bisneta do Português que invadiu o Brasil. Sou bisneta do barão desalmado; bisneta da negra que pariu. Sou neta do escravo reprodutor que veio para servir ao seu senhor. Sou filha da escrava da senzala. Sou filha do barão que a usou. Sou negra da pele clara genética do meu bisavô.

Sou mulher do índio da aldeia,

a etnia da raça brasileira.

Sou passado. Sou presente.

Sou futuro.

Sou mãe do mulato de olhos esverdeados.

Sou mãe da loura de cabelos encaracolados.

Sou avó do índio que se tornou um advogado.

Avó da negra que defende o injustiçado.

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Sou bisavó do branco que trabalha no congresso. Sou a ordem. Sou o progresso de um país que está em recesso. Sou a independência. Sou a morte de um país que está em falência. Sou africana. Sou italiana. Sou portuguesa. Sou brasileira. Sou fruto da mistura de raças. Sou a raça brasileira!

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Maria Luíza Faria

Em Ti

Quero-te sem dúbio desejo sem velar o gosto do sal do corpo...

Quero-te

sorvendo os cristais do beijo anda por vir...

o sopro do ósculo que geme na alma.

Quero-te

no amor que respira em silêncio sereno, mas antes, sôfrego,

cava a paixão, e redime o pecado. Quero envelhecer-me em ti.

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111

Gravo-te!

Pedes-me que não te graves em mim, mas como não gravar teu olhar de esperança,

pousado sobre o meu?

Como não gravar tua presença rondando a penumbra de minhas noites,

não permitindo que a lua se infiltre, sonâmbula, e roube meus sonhos, enquanto me esqueço

em desejos impossíveis?

Como não gravar a certeza de que minha alma desconhece caminhos estrangeiros e chega a ti,

segredando o prazer criado no silêncio da paixão?

Como não gravar teu sopro ingênuo, silencioso, que atravessa as persianas do tempo

e deixa teu rastro, teu sussurro, tua memória em cada sentido meu?

Pedes-me que não te graves em mim,

mas esqueces-te de ir embora!

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112

Sorver-te

Espalha-te em mim inteiro sem buscar perfeição, apenas, espalha-te,

sem temer a lua clara, sem ruborizar as frestas raras da noite que não adormece.

Espalha-te, colhendo-me

enquanto eu conto as pausas e antecipo o gosto

no escuro que nos protege.

Espalha-te, sem medo sem pressa, entre um riso e outro. Preencha de sonhos. As curvas carentes.

Não guarde os suspiros, os confessáveis e plenos.

Espalha-te do princípio ao fim,

e na aurora indefesa. Soletre tua canção,

a que te condena, compromete-nos, e suga-me... derrama-te em mim,

enquanto sorvo-te!

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Marize Rodrigues Ukwakusima

Haverá um amanhã?

A noite é longa e fria. A insanidade está em lugares próximos.

Os sonhos dão os últimos suspiros olhando para os planos que morreram.

Os que mataram olham insensíveis; apreciam apenas os lugares alcançados.

Nunca sentiram o sabor do amor.

Que apodreçam em suas alturas alcançadas com passos pesados

sobre a dor e o desespero dos que confiaram

e agora estão por terra extenuados por não aprenderem

que não se pode ter certeza que o Sol vai voltar

e haverá um amanhã. Quem pode ter essa certeza?

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114

Enterro

Hoje me apetece cometer um assassinato.

Sim, quero matar-te! Matar-te em meu coração em minha mente, matar-te arrancar-te de minh'alma

da minha vida, arrancar-te.

Quero-te morto! Que saia o féretro de dentro de mim.

Ei de preparar-te um belo enterro. Enterrar-te-ei em cova profunda

para não correr o perigo que retornes para dentro de mim.

Morra o teu riso!

Teus beijos; quero bem mortos. Enterro contigo o nosso amor;

dele não quero lembranças.

Preciso matar-te querido para que eu possa viver.

Será que me entendes, carinho? Te deixarei belas rosas

em meu coração os espinhos.

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Incompleta

Condenada para todo o sempre enclausurada numa prisão sem grades a sofrer a perda de sua própria metade.

Caminhando sem descanso através da névoa da solidão,

uma ânfora de cristal em suas mãos.

Onde recolhia cada lágrima que caia a fonte de lágrimas não secava, a ânfora cristalina não enchia.

Era o preço por amar demais.

Seria para sempre metade. Sua metade não encontraria jamais.

Vagando nas brumas da ilusão

a procura do que perdera tendo no peito metade do coração.

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Marli da Cruz

Homenagem O velho amigo boêmio

Um homem que vive triste

sem brilho no seu olhar vai embora homem velho volta o boêmio para o bar.

Viver sem felicidade

nada pode somar.

É melhor ser um boêmio que um homem triste a chorar.

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Covardia

Para espantar a saudade comecei a escrever. Na tela do teu sorriso cheguei a me perder.

Naveguei em seu olhar. Chorei até sem querer.

Da boca ao coração percorri com alegria despertei na solidão em frente desta tela fria.

Escrevi com letras douradas palavras e poesias. Com lágrimas apagava letra a letra cada dia.

Não encontrei coragem para dizer o que eu queria,

assim perdi quem amava por conta da covardia.

O cheiro da tua pele parece provocar. Meus olhos enchem de lágrimas, acho que vou chorar.

Ou esta maldita tristeza que o tempo não cura. Saudade porque não some, me livra desta loucura.

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Livre arbítrio

Se encontrar o caminho certo vá. Se eu não estiver nele, siga sozinho,

se for não volte, se, voltar não me procure. Se me encontrar não me chame. Se eu não te atender não chore.

A vida e feita de escolhas.

Escolha com sabedoria, certas ou erradas, a escolha é sua vá em frente; chega de desculpas.

Tome o leme da sua vida. Siga, não olhe para trás, eu farei o mesmo.

Escolha! Escolha ser feliz. Escolha viver sua própria vida,

nunca viva a vida do outro mesmo que este outro seja eu.

Não pare até encontrar a felicidade, talvez ela esteja na próxima esquina,

onde o deserto acaba a verde grama cresce.

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119

Maurélio Machado

Amor

Nas mãos dos ventos te trago a poesia; os meus lamentos

deixei-os no passado amargurados dias.

Faço este afago

deixo-te meus sentimentos pássaro alado;

ao mar meus tormentos só sorrisos de alegria.

Para ti magnífica flor...

Sorria, sorria... meu encantado amor.

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Meus dois lados

Constato que há em mim um coração esperançoso,

mas alma cheia de amargura.

É sempre assim... Momento prazeroso. Instantes de ternura.

Na caminhada busco sim.

Sucesso permanente acalentado; a paz para o meu coração

contigo sempre ao meu lado, perfume de alecrim.

Estimulando longa paixão nestes labirintos sem-fim.

Caminhamos apaixonados. Sonho brilhante e multicor

sob o peso dos meus dois lados; longos beijos no jardim.

Trocas longas de juras de amor.

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Poesia para uma pedra

Silencioso segue o séquito na manhã chuvosa e tristonha entre os labirintos dos túmulos

adormecem flores, pedras e lembranças.

A pequena multidão cessa a caminhada. A hora derradeira é chegada. Tempo de orar pela partida. Os últimos laços de adeus

ante o jazigo funesto e cinza uma cruz encravada no alto

súplicas pelas bênçãos de Deus flores incolores adormecidas

entre velas derretidas empobrecidas.

Luzes bruxuleantes. Sombras aterrorizantes

ao derredor lamúrias e lágrimas no canto fúnebre a hora sombria.

Derradeira despedida

para sempre se foi uma vida. Rezas em forma de poesia

diante da branca lápide fria a poesia para uma pedra.

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122

Mirian Menezes de Oliveira

Conflito dos “EUS”

O “eu” que fui e ainda sou... grita pela eternidade...

Não sou a mesma,

mas também não sou AQUELA... que, de mim, nunca se apartou...

Leio poemas antigos...

retomo velhos escritos...

Sinto as linhas do tempo... tracejadas... contínuas...

Mundos e mundos...

circulam... giram... saltam...

Ideias vão e vem, mas nunca iguais!

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Morta-viva Folha seca que o vento leva, Liberta de tronco vivente... Uma mancha de sangue carrega: Amostra de vida dormente.

Membro seco de humilde tronco... Morcegos a tem como oásis! Planta bela! Alimenta “monstros”? “Só” sei que é uma planta de fases!

Circula a seiva em tronco vivo... A folha? Tem sangue na “pele”? “Morta-viva?” – É membro ativo!

Morcego? – É bicho com ninho! Na árvore, busca a epiderme... Ser vivo... derrama carinho...

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124

NÓS

(...) palavra não-palavra una trina sujeito simples complexo substantivo próprio comum

três letras três pontos (reticências)

NÓS

terceiro elemento circular

curvilíneo pontiagudo!

NÓS: Substantivo quase verbo: três pilares.

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Natália Pais Dinis

Paixão

Visto-me no tecido de luz e cor da natureza, inundo-me na aurora após noite triunfante

de luar pelo frescor do mês de Maio. Fico serena e radiosa, quando me abraças

e me chamas de tua pétala de rosa.

Então, envolvemo-nos numa onda acetinada,

em tons de ouro acobreado, na paixão pelo levante da nossa madrugada.

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126

Perfeito... Imperfeito! Recuso-me aos desígnios imutáveis, eclipses, vendavais, inóspitas ravinas e desfiladeiros ou às salivas ácidas das marés.

Quero antes, sentir um doce formigueiro no meu corpo, pelo deslizar suave da polpa dos teus dedos, à noite, quando te espero.

Ai, como me lembra o cintilar das estrelas e o mar de prata naquelas noites de verão! Bem sabes; não te quero nas ausências dessas noites.

Mas antes no doce enrosca do meu corpo, à tua espera. Por isso, recuso as ausências, mesmo as breves, completa-me o imperfeito no perfeito, das noites e madrugadas em que te espero.

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Por que… Não sonho com vidas que não tenho, nem o irreal me domina.

Não tenho paixão na ilusão da fantasia. Choro com a miséria e a gente a sofrer.

Vivo o amor no pleno do meu querer.

Te transformo em fonte da minha sede quando em ti quero ficar.

Me transfuso, sangue do meu sangue, numa eterna lembrança de ti.

O silêncio dos teus braços me veste, no frio dos meus ombros seminus. Me arrepio no pressentir da tua chegada, quando à noitinha e pela madrugada, o teu cheiro chega antes de ti.

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Neusa Lopes

Hibisco

Hibisco que balança contempla a dança das ondas. Mar que se faz verde esmeralda.

Hibisco que expõe o esplendor da roxa cor. Pétalas macias, pedras, areia quente.

Tudo encanta esta gente que tem a arte do olhar!

Concha A concha envolta em espumas desliza pelas ondas aninha-se na areia com seus desenhos naturais, guarda os segredos do mar. Em sua simplicidade quem sabe deixou rastros e pérolas. Volta-se a ela um olhar feito arte. Mãos que transformam a catam. Um olhar busca entender que quando uma concha se abre ela se mostra, brilha e vive!

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Pedra do Mar

Desenhada pela natureza. Moldada pelo mar.

Maravilha a contemplar a pedra do mar.

Pedra. Restinga. Flores.

Quanta sutileza esconde. Teus mariscos. Teus amores...

pedra que não pode fazer nada.

A onda vai. A onda vem.

Pedra não pensa! Quem comanda é o mar!

O mar explode... espumas carinhosas sobre a pedra. As ondas não usam a razão. Vão pela emoção. Só erram em consequência da maré e agridem a pedra. Mas o mar; ele não pensa! A pedra gostaria de gritar. Sair daquele lugar. Poder e com razão, colocar ordem na paisagem. O mar, ele também não pensa. Segue o rumo que foi destinado a fazer, mas quando agredida a pedra do mar o mar avança para proteger.

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Noite e Dia

Noite de vento que soprou. Lua cheia que brilhou. Chuva que caiu forte.

Sons do mar. Reflexo que ilumina.

História que não termina. Noite que foi.

Dia que veio chegou virando a esquina; com o tempo passando pela janela.

Seria uma sina? Pessoa bela. Suspiro.

Seria de retratar na tela? Noite e dia.

Coração sem teto, nem endereço. Um dia inteiro. Novo dia.

Novo recomeço. Noite que foi sem adereço. Novo janeiro novo apreço. Um novo dia. Mais um dia!

Sempre um dia. Nada como um dia que traz a nova noite.

Noite. Dia. Luz alegria. Uma canção. Vida de transformação!

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Paulo Cesar Gomes

Goles de poesia

Respirei fundo o amanhecer de um novo dia; puxei os lençóis perfumados de amor, adornos de uma noite sem fim...

Levitei aromas, levantei pra vida!

Retirei da cama a flor caída pétala por pétala,

algumas maceradas como fossem uvas a prover o vinho.

Tomei em goles uma xícara de poesia, sentei-me ao sol para ouvir passarinhos...

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Psicopatia iluminada

Dizem que sou louco; psicopata da ilusão.

Dizem que alicio, seduzo

produzo sentimentos em vão.

Dizem que sou louco. Louco é quem sente pouco;

quem tem cicatriz nenhuma, coração fechado alma de graúna.

É quem disfarça entre um riso e outro.

A mágoa do próprio desgosto. Do não sentir por vez alguma

o florir de uma paixão.

Dizem que sou louco; psicopata da ilusão.

Psicopata é quem sente nada. Nada afeta.

Nenhuma lágrima floresce Nenhum sentimento cresce

diante a magia de um poeta.

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Folhas

Folhas secas passeiam ao vento arrastam-se pelo chão da estrada

seguem no assoprar do tempo como quem já não sentem nada.

Folhas brancas amassadas

viajam sozinhas para o infinito seguem tristes seguem caladas

nas mãos do poeta aflito.

Folhas pétalas perfumadas deitam-se em ninhos de amor seguem lindas bem-amadas como quem ainda fosse flor.

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Raimundo Martins Cardoso

Rebeldia

Vivo amontoando as horas

no intuito de encontrar no porão desse paiol

de humanas divergências, uma forma inexorável

de sentir sem expressar, de ouvir sem responder e de ver sem protestar!

Atravesso os dias

debulhando a mente, reciclando as palavras. A defasagem dos seres. A erosão dos poderes.

Chega de ingerir este gole de angústia!.

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Minha musa

Minha musa tão sonhada, formato dos versos meus,

insone, de madrugada, imagino os beijos teus.

Minha musa encantadora, meus desejos, pesadelo...

Ah! Quem me dera que agora ouvisses o meu apelo!

Minha musa, minha trova,

incessante inspiração, meu cantar exibe a prova da mais plena devoção!

Minha musa, às vezes, creio

que, em síntese, pouco a pouco, inebriado de anseio,

eu tornar-me-ei um louco!

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Mera ilusão

Grudei os olhos festivos nas páginas do Aurélio

e coletei adjetivos e juntei inspiração...

Desvendei palavras novas, para, num verso ou canção,

traduzir tua beleza e tocar teu coração.

Ah! Mera ilusão, bem sei!

Semeaste indiferença pela minha estrada afora!

Mas o meu peito, afinal, é uma espécie de casa

onde o sonho ainda mora.

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Raimundo Nonato Lopes

Coração teimoso

Recolho-me angustiado ao meu peito dilacerado e triste

que não resiste às dores e aos dissabores cunhados.

Na escala dos anos mal vividos.

Dor material nas veias ao espalhar o sangue

partido do peito deteriorado.

Inerte! Dor metafórica, platônica, irresistível.

Dor histórica, sinfônica, infalível. Dor simplória, amiga, companheira. Dor ingrata, sem graça, dominadora.

Arrancar-te-ei deste coração. Deste peito, e viverei...

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Nostalgia

Venho cansado e triste dos caminhos que percorri no meu tempo de rapaz cheios de beleza de alegria e de paz

e agora feio e palmilhado de espinhos...

Eram caminhos limpos e de certezas. Vendo aves voando num céu azulado.

Era um sonhador de um sonho dourado vivendo um jardim florido de belezas.

O tempo ia passando e eu não percebia

como a árvore velha minhas folhas perdia e assim sozinho aos poucos ia ficando...

Como um rio sem peixes suas águas secando. Fui me vendo isolado e no tédio pensando?!

Que na vida ser velho é ser nostalgia.

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Entrega

Esta noite é inesquecível. Eu vi a estrela de Manuel Bandeira

aquela estrela da vida inteira estava apagada.

Eu vi.

Eu vi a pedra do meio do caminho de Carlos Drummond de Andrade

que Bandeira e eu tropeçamos.

Eu vi. Esta noite é inolvidável.

Incomensurável. Pelos cantos dos sapos da lagoa.

Pelo sabiá de Gonçalves Dias cantando no jardim. Esta noite é imane

e Pasárgada fica bem ali... na Pérsia. Pertinho de mim.

Nesta noite vou pular os muros.

Atravessar os mares. Usufruir novos olhares.

Não ouvirei as estrelas. Subirei nas trepadeiras.

Embalsamarei a lua. As estrelas cerrarei para não darem a luz.

Quebrarei tabus. Triturarei as pedras do meio do caminho.

Despojar-me-ei da luta e me entregarei ao holocausto do amor.

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Rita Padoin

Luas

Belas e frágeis és, belezas da terra, de um mar de esplendor brotam,

sementes lançadas ao vento germinam em terras férteis.

Oh! Luas, virgens e belas.

No céu despontas sorridente nasces fina como o sorriso

do grande Deus que te contemplas.

Esplendorosas são as estrelas ao anoitecer vão cintilando

dos azuis cristais ao branco sublime. Uma linda flor que nasce das profundezas do lago.

Oh! Grande mãe natureza.

Ofereces teu manto para cobrir as colinas com desenhos belos e irregulares,

como uma aquarela deslumbrante.

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Enigma

Sou uma mulher que a vida ensinou a dar valor às pequenas coisas. Talvez pela educação que recebi, talvez por morar numa cidade pequena, talvez porque não tive tantas e tantas oportunidades como às de hoje ou talvez porque já nasci com este olhar que crê nas belezas que a natureza oferece.

Sou uma mulher cujo semblante quer dizer muitas coisas. No olhar há um livro a ser decifrada, cada página uma história, cada linha um segredo. Assim sou eu, cheia de enigmas como qualquer ser humano, que tem dentro da caixa seus segredos.

Sou uma mulher, que às vezes se sente tão adulta que leva no ombro o mundo inteiro e outras vezes tão frágil quanto uma criança que ainda brinca de ser feliz. Assim, sou eu, às vezes uma criança, outras vezes mulher.

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Sou o que desejas

Sou o que desejas. Sou aquilo que me lês. Sou um livro aberto e todas as páginas me descrevem em poucas linhas. Sou o que o tempo quer, o vento deseja, a lua espera, as estrelas procuram, as horas buscam, o mundo almeja e tu sonhas.

Sou para ti de tudo um pouco e um pouco de tudo. Sou a mistura que o tempo reserva em pequenas porções e juntando dá grandes e imensas devastações. Uma mistura de delicadeza e aromas, de intensidades e buscas. Sou o tempo e o espaço unidos. Sou o bom e o mau. Uma intensa orgia de pensamentos e imaginações. Permite apresentar-me sem muitos rodeios. Permite dizer-te em poucas palavras o que o sentimento acolhe. Permite mostrar-te o que habita dentro de mim. Permite-me abrir as portas sem esperar que lá fora haja alguém à minha espera. Deixarei a porta totalmente aberta; assim que sentires a vontade, entra. Apossa-te da cadeira que está ao lado esquerdo da sala, caso não tiveres coragem de ir em frente. Caso tenhas, adentre, siga o teu instinto. Estarei à tua espera. Parece-te constrangedor? Não, não é. Apenas o tempo determinou que assim fosse e eu acatei, agora sem medo. Agora tudo deverá acontecer como o tempo havia previsto. Como ele mesmo determinou. Sinto-me livre para seguir em frente, sem medo e sem destino certo desta viagem.

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Rose Arouck

Insônia

Rolo na cama e o sono não vem; penso na vida, penso na morte...

Sinto-me deusa, ou uma escrava refém de mãos que apertam e direcionam a minha sorte.

Escuto o sino chamando na matriz;

lembro da minha infância quando acreditava que da vida era aprendiz

e que o mundo mestre por inteiro me amava.

Continuo a revirar-me na cama, que nunca me pareceu tão imensa,

assemelhando-se com a nau que naufragava

E eu dentro daquela insônia me afogava torturada por visão lívida e tensa

de mim mesma que em redoma navegava.

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No limite do meu "Eu"

No limite do meu "Eu" estagnou-se a esperança.

Mostrou-se vulgar, sem a certeza do que há

além do auge que a torna mansa.

Vegetou sobre o meu verso estrangulando meu universo,

deixando-me às margens do caos. Agora, sem rumo e desesperada,

vago só por essa estrada sob a vigilância de homens maus.

Sou uma réplica acidentada

que copiou a vil cilada, para intensamente viver...

Nesta meta arremedada

Eu incógnita sou quase nada, limitando o meu querer.

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Conversa de botequim

Olha o que a desconfiança me faz; esparrama meus restos mortais sobre a campa da insensatez.

Olha outra vez, pareço jazer na luxuria dando trela pra incúria que me abraça com estupidez.

É fatal o esquecimento, é letal e poeirento...

Subo em uma canastra vazia onde antes a fé dormia;

será meu âmago crucificado ao relento de um passado

eternamente cobrado por uma sorte cruel?

Fui estandarte da escória escrevi com giz minha história agora escrevo com fel.

Escondo de mim essa face, que a inglória nunca me ache pra cantar o que perdeu.

Vá buscar sua certeza sente aqui na minha mesa;

no fim quem chorou fui eu.

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Rose Bona

Renúncias e recomeço

Às vezes escrevo para me reconciliar de coisas que não concluí.

De palavras que cumpri e não prometi. De lugares que sonhei visitar e não visitei.

De sonhos que projetei e abandonei. Das vezes que sorri para não chorar.

Das noites que não dormi para pensar. Das vezes que desisti sem ao menos tentar.

Das pessoas que por mim deixei passar. Das experiências que não vivi por medo de errar.

No entanto, eu ainda posso recomeçar, juntar todos os fragmentos e memórias

de uma vida para compor uma linda história.

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Eu e meu EU

Elevando os pensamentos ao infinito contemplei o céu. Por alguma razão

eu precisava distrair a mente naquele momento.

O silêncio manifestou-se

e lentamente as sensações de vazio foram embora. Não fiz questionamentos.

Não tentei decifrar os segredos, nem os mistérios...

Simplesmente percorri um Universo de sonhos. Permiti-me voar em pensamento.

Levemente ouvi o sussurro do vento. Senti a brisa a tocar-me como bálsamo de ternura

a trazer-me o frescor que renovou todo o meu SER.

A leveza daquele momento era tão enigmática, indecifrável me levando a plenitude

que era encontrar a outra parte de mim. Uma quietude invadiu-me a alma

que preencheu meu verdadeiro eu.

Fiquei completa de mim. Finalmente encontrei-me.

Fiz as pazes comigo mesma. Vivi aquele momento tão único, tão meu.

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148

Ombros mais fortes

Incansável na busca pelo conhecimento;

descobri que há uma riqueza adormecida dentro de nós.

Incansável na busca pela razão de viver; descobri que não há razão para interromper

nossa viagem da vida.

Incansável na busca pela felicidade; descobri que ela sorriu para mim quando me viu compartilhando

e auxiliando as pessoas a viverem mais e melhor.

Incansável na busca pela transformação e integração do ser humano;

descobri que o mundo só muda se eu mudar.

Incansável na busca pela paz; descobri que esta habita em mim

cada vez que estendo a minha mão para servir.

Incansável na busca para um mundo melhor; descobri um sopro de vida dentro deste coração...

Então, simplesmente parei de me lamentar e pedi ombros mais fortes para continuar...

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Sofia Valadares

Ecos da alma

Hoje, sou flor a chorar! Exausta da vida... paro, penso,

ouço o grito do silêncio interior, o mundo abraço procurando o norte.

Hoje, sou borboleta de asas feridas,

ando perdida na roda do tempo, a minha poesia não tem voz, de ser feliz eu tenho fome.

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Fragmentos de mim

As palavras são o manto de seda que me cobre e desnuda a essência,

são como um suculento fruto afrodisíaco que degusto com ternura e paixão.

Nem sempre despertam o meu sorriso, mas sempre aquecem o meu coração, e só de as sentir vibrar dentro de mim

há uma infinita serenidade que me alcança.

As palavras são o meu Mundo, são fragmentos de emoções da alma

que entrego a quem as escuta, intimamente as saboreia.

Ah! As palavras são as minhas confidentes, diamantes preciosos que me deslumbram,

são o grito, lágrima, fragrância e sorriso que os meus dedos ousam moldar

como o oleiro docemente molda o barro.

As palavras... são a minha genuína obra de arte,

porém, não se enganem Eu não sou poeta...

apenas, amante das palavras.

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Chovem emoções

Chove dentro de mim amor. Chovem as palavras que não te ofereci

como se estivessem desordenadas e cambaleassem nas esquinas do tempo

desejando chegar a ti.

Chovem memórias esquecidas chovem sensações vividas

chovem perguntas chovem silêncios presentes e ausentes, os teus.

Chovem emoções...

Como chove, meu amor! E, lá fora o sol já acordou,

beijou a flor, acariciou o mar, mas dentro de mim só chove, meu amor.

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Solange Moreira de Souza

Ilusão

A tua tão real magnífica simplicidade gera um elo que atrai cumplicidade.

Dignifica-te de uma forma inexplicável. Tão diferente do orgulho implacável.

Dom mais belo que ainda pode se ver... um olhar profundo e puro de um ser.

Onde a arrogância prepotente prevalece e uma onda de descaso que desfalece...

quão seria o mundo maravilhoso assim

onde os sentimentos altruístas sim, utopia? Não, se tu existes não é uma utopia.

Apenas infelizmente uma grande dinastia, que prega o ter maior que o ser, bobagem.

O que se cabe na bagagem, com sinceridade? A partida é universal, deveria ser a humildade.

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Efemeridade

Quando os meus olhos se fecharem e o seu brilho se apagar muito além.

Quando o meu sorriso se perder de amar ali naquela praia defronte ao mar.

Terei cumprido o efêmero sentido de viver. Deixarei para trás todo o meu pequeno ser.

Tornar-me-ei a essência de uma alma em que o sentimento fez-se a calma.

Momento esplêndido de um coração

que pulsou a verdadeira emoção.

Enfim não será somente o fim, apenas a herdeira de uma nova etapa sim.

Desconhecida, mas com certeza um belo verso. Uma partida para o infinito desse novo universo.

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Desumano

Grita a alma dorida que chama sofrida.

Fogo que é cruzado. O povo acuado...

Atinge o inocente ser que padece ao falecer.

Até sem saber, atrocidade.

História, qual é sua veracidade? Mundo o que é isto, realidade?

Verdade tão cruel que cega aos olhos e a mente nega.

Este é o século da crueldade?

Qual será o legado do futuro, presente, vida, ser imaturo. Sentir a escuridão imersa sem sentido, vivida nessa era de transição tão atroz. Desumano animal feroz...

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Sueli Schulka

Gotas de amor

Ouço a chuva... As gotas escorrem pela alma, e amor espalha-se pelo chão.

São gotas geladas que tremem o corpo

e esquenta o coração.

Alucinação... Desejo... Paixão...

É um temporal, invadindo teu corpo e o meu.

Aconteceu... A chuva no breu.

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Tem dias Tem dias... que coloco minha alegoria, visto-me de poesia, e saio por aí a sonhar.

Tem dias... que perco a razão, converso com meu coração, e deixo a loucura chegar.

Tem dias... que não preciso me alimentar, sinto o ar e vou respirar, para minha fome saciar.

Tem dias... que ouço o canto dos pássaros, como hino de louvor, abençoando os meus passos.

Tem dias... que nesta grande incerteza, encontro toda beleza, do nosso Senhor Criador.

Tem dias... que a natureza, consagra-me por inteira, renovando meu interior.

Tem dias... que vivo a agonia, de uma mulher peregrina, em busca do esplendor.

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157

Tem dias... que ao nascer do dia, olho pra fotografia, que você fez com amor.

Tem dias... que dói teu desprezo, tua arrogância e ironia, deixando em mim grande peso.

Tem dias... que sinto teu coração, batendo junto ao meu como a nossa linda canção.

Tem dias... pois hoje é um dia, quero te amar por inteiro, meu grande amor primeiro.

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Telema Poeta

Teu jeito

Este teu jeito de anjo que tanto me fascina

faz crescer meu desejo com esta fala de menina.

Por que não vens unir-se a mim? Minha espera adormece no luar

onde te vejo despida sorrindo assim fingindo não querer me amar.

Eu te sinto presente no vento.

Te ouço na brisa, corpo quente. Suspiros, delírios, tudo sinto.

Estou em chamas de tanta paixão.

Esta embriaguez te faz em mim presente e me faz mergulhar nesta turva ilusão.

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Descrença do amor

Alguma coisa apagou o meu sorriso ou alguém roubou de mim o juízo?! Não é normal que eu ande pela rua e só lágrima tenha para dar à lua.

Algumas coisas valiosas levaram de mim

ou alguém está desejando o meu fim?! Não é normal que eu pare assim de sorrir e não tenha mais caminho para onde ir.

Agora vivo solitário, sem vontade de viver;

perdi a crença no amor, e só bobagem. É o que sinto nas palavras que me dizem.

Agora não sinto mais em nada prazer.

Tudo que vejo, que faço, tem sabor de nada. Não consigo mais amar sem pensar em alma penada.

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Talvez o tempo

Quem sabe o tempo te faça ver! Que ninguém te amou tanto como eu amei. Que ninguém chorou tanto como eu chorei.

Que fui o único que soube te dar prazer.

Quem sabe o tempo te faça sentir! A mesma saudade que hoje me faz chorar.

A mesma vontade louca de te procurar e se doar a ti sem medo de se ferir.

Quem sabe o tempo te faça acordar

e percebas que aí onde estás não tem carinho. Que aí aonde vais não é o caminho.

Que nos meus braços, aqui sim, é o teu lugar.

Quem sabe com o tempo tu aprendas a dar valor às coisas pequenas da vida;

a entregar o coração e esquecer as feridas, a sorrir pra vida sem buscar a razão.

Quem sabe o tempo te faça amar.

Quem sabe o tempo te faça acordar. Quem sabe o tempo te faça voltar

e ainda encontres livre o meu coração.

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Teresinha Lydice Cardoso

Apraz-me

Sorver o néctar Das palavras

Senti-las andarilhas Incrustadas na pele

Deslizante como mel Lentamente

Sendo absorvidas Em sussurros Envolventes Estremeço Emudecida Permaneço

Entorpecida... Regada

No prazer voluntário De sentir e ser.

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Sonho

Teus sussurros Desalinham-me

Queimam a carne Padecida na distância

Sons

Percorrem o corpo Alongado nos lençóis

Vazios

Impudico calor aquece Beijos ousados nas ondas

da magia

Mãos a deslizar o cetim que me vestia

Lânguida

Entrego-me a Morfeu Me aconchego delírios

de prazer em teus braços

Ficas em mim e sonho Até o romper do dia.

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Poeta

São imagens Desdobradas Recordações Eternamente Guardadas

Tempo Noites frias Acaloradas Por mãos

Cerne Os dedos escrevem

Verões Tornam

Invernos... Consumidos

Sentidos Sem tempo de validade

Um simples ponto Poesia

Alto astral Tudo transforma

Magia Poeta é poesia.

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Thaís Zambonin

Tempo

Quem diria que o tempo passaria

tão rápido e que eu te esqueceria

tão fácil. Que o mundo me faria

tão feliz sem você ao meu lado.

Que minha vida não seria tão vazia,

pois você não a contagia.

Eu sonhei... que seria

ruim, mas tudo nessa vida um dia tem um fim.

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Natureza

Tu és tudo que respira; é o ar que nos dá à vida,

é o brilho de todas as manhãs, é a beleza sem explicação.

Tu és o vento; é o som que vem dentro.

Tu és tudo aquilo que nasce, vive e morre.

Tu és o mundo a minha volta e tudo perfeito e natural desde os seres minúsculos aos gigantescos; dos rios aos oceanos, és grandioso e exuberante.

Nós seres humanos ignorantes

de você não sabemos cuidar. Nosso dia-a-dia a desmatar,

suas belezas escravizar, nosso lixo a você condenar.

Sabemos que temos que preservar, mas se sua morte acontecer

nossa vida vai acabar.

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Sintomas Amor

Saudade é tão bom te abraçar te sentir tão perto.

Desejos

ao encontrar meu corpo no seu. Me sinto mais segura.

Ardente. Lábios grossos.

Quando os meus lábios tocam aos seus.

Meu corpo arrepia.

Perdida. Meu coração dispara

e fico sem saber o que fazer. Satisfação.

Meus olhos brilham. Refletem o seu sorriso.

Entrega.

A felicidade bateu a minha porta e a deixei entrar.

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Vanuza Couto Alves

Frio de amor Em teus braços me aconchego, faço do frio insones desejos, louca por teus beijos.

Afago o teu peito,

descubro teu coração afoito de amor,

no tremor dos nossos corpos.

O que mais somos, senão duas almas apaixonadas, e o frio um aliado motivo para fazermos poesia de amor!

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A menina

Que você via estonteante, na menina dos seus olhos, já deu os primeiros passos

para amar de novo, mesmo que por instantes,

eu chore as lembranças de um sonho nebuloso que passou.

Decidi que o meu coração

não tem porque desperdiçar tempo para amar,

resolvi reinventar o amor, quando as janelas do meu coração

se abriram para receber novos sorrisos que me encantaram.

Saudades ficam no coração da gente, porque nem tudo passa por passar

pelos nossos sentimentos, não seria diferente comigo,

por isso você ainda é paisagem, da minha primavera de amor!

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Amar-te

É um sonho lindo, Quase divino que o meu coração não sabe explicar.

Amar-te é não mensurar as tristezas, é encantar-se com a beleza desse nosso amor,

que nasceu dos nossos olhares, pedindo para ficarmos...

Amar-te é escrever versos de amor,

pedindo ao beija-flor, para cantar todas as manhãs, bem pertinho da nossa janela,

antes do sol nascer, para o nosso amor despertar bem festejado,

com os mimos da natureza.

Amar-te é virar as páginas do passado. É saber onde estás agora, meu amor!

Certamente, estás nestes versos meus!

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Vólia Loureiro do Amaral

Borboletas

Borboletas coloridas, tão alegres, pequeninas,

voam aqui e ali, qual sorriso de menina.

Borboletas pequeninas voam despreocupadas,

vão, de flor em flor, embriagando-se do néctar,

solução açucarada.

Nem sabem elas da dor, pouco lhes importa a vida, buscam mel de flor em flor,

essa é a sua lida.

Ah, seu pudesse criar asas, e com elas também voar, seguindo de flor em flor, esquecendo-me da dor

levando a vida a sonhar.

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Aceitação

De que adianta eu te negar, poesia,

se estás dentro de mim, se ocupas todo meu ser, se é por ti que sei viver.

De que adianta não querer as madrugadas

se elas lá estão, todos os dias, convidando-me a sonhar

e fazendo com que os versos derramem-se de mim como se fosse uma hemorragia.

De que adianta eu esquecer as estrelas,

se, mesmo que eu feche meus olhos a elas, estas brilham em minha alma

e o sentimento explode em meu coração de poeta.

Não tenho como negar-te. Sei que meu destino é viver de ti e para ti, e deixar que o amor rasgue minha alma,

e que nasças com as manhãs, num parto tantas vezes dorido.

Então, que o sentimento me tome,

que me invada o peito e que eu possa me esvair em poesia,

hoje e sempre, até quando Deus quiser.

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Caçadora de versos

Sou caçadora de estrelas que busca no infinito do horizonte

aquelas mais brilhantes para minha noite enfeitar.

Sou caçadora de versos que busca na palavra

as rimas e sons corretos para um poema criar.

Viajo nas madrugadas

no dorso da poesia, faço versos e elegias exponho minha alma e meus sentimentos

na palavra assim falada.

E o amor será sempre o meu mote,

e, depois da minha morte talvez, com um pouco

de sorte, meu verso seja lembrado

e talvez seja cantado por quem saiba o que é o amor.

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Zeila Ribas Vianna

Reconstrução

Urge encontrar sentido para mais um ano

nas escassas alegrias que consigo peneirar da mesmice

que hoje é meu cotidiano.

Devo continuar, mas faltam planos, projetos; faltam afetos.

Não consigo encontrar a esperança,

que ao longo da jornada, me amparou, alimentou

e, agora se apagou, ficou pelo caminho,

se extinguiu como o fogo que se apaga por não mais ter o que queimar.

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Realidade

Quando menos se espera você se dá conta

que o tempo passou.

Nada de projetos longos, esperas por colheitas remotas.

O tempo ficou escasso.

Talvez o corpo não sinta, mas a razão sabe que é hora

de diminuir o passo.

Paradoxo! Também agora,

tudo se torna urgente.

É preciso fazer o que vem sendo adiado.

Talvez não haja tempo para realizar o não realizado!

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Indagações

Saudade, medo, frustração. Saudade de mim,

de algum lugar, de alguém. Mas quem?

De todos e de mim também.

Dos que foram para não voltar, e dos que ainda posso encontrar.

Medo, sentimento desconhecido,

em todo o tempo vivido nunca antes sentido. Medo do que?

De não ter coragem?

Não saber aonde chegar ou perder a fé antes do fim da viagem? Somar mais perdas a tudo que já perdi?

Frustração de buscar, perguntar,

e quase nada encontrar? Por que tanto indago e me incomodo?

Por que não me acomodo, relaxo as costas, desisto de buscar respostas?

Quero a alegria, a simplicidade, a magia,

a coragem, as certezas de quem sabia. Eu era assim, por que não sou mais?

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Ana Maria Vavassori

O Amor é libertador

O amor é libertador, deixa livre o ser amado para estar aonde quiser. A paixão emburrece o indivíduo, o deixa dependente do outro e o desejo de ter a necessidade de controle, no amor nos sentimos livre, e liberdade damos em troca, para que quando juntos estivermos seja em plenitude absoluta. A paixão é possessiva enquanto o amor não sufoca, não aperta, apenas zela pelo outro em seu querer mais puro na certeza de que estarão sempre unidos por laços invisíveis de afeto em plena sintonia com o universo do outro.

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Gilmar Voltolini

Espelho da alma

O rosto é o espelho da alma. Os olhos são as janelas, mas cuidado, elas podem ser as grades de uma prisão. Navegando num mar de ondas calmas, foi o que vi antes de me aprofundar no azul das suas retinas. Fui entrando com cautela, como quem sonda terreno desconhecido em noite de puro breu. Nas águas profundas a maresia entorpecia minha alma, narcotizando meus sentidos, enquanto a brisa insuflava as velas dum coração hirto pelo choque repentino do seu olhar. Deixei levar-me, pois estava hipnotizado e surpreso, de encontro às rochas escarpadas sedentas do rubro líquido venoso. Os olhos são as janelas da alma, mas se transformaram numa prisão, as grades não as vi quando fui atraído. Quis sair, já era tarde. Prisioneiro sem libelo acusatório. Adormeci. Sonhei com a liberdade, dos campos floridos de jasmim com o velejar ao lado das aves sem ninho de viver sem as dores do amor de amar sem sentir culpa. Acordei, era hora de ir trabalhar. Trânsito congestionado, pista da direita interrompida, mais um conserto sem aviso. Pedestre atravessando fora da faixa. Gás carbônico asfixiando o bebê no carrinho. Quis voltar para o meu sonho, mas não consegui. O sonho é a fuga da alma para voos de plena liberdade.

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