Lições da escola parque - ABCEM

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1 Edição 124 Abril 2017 ISSN 1414-6517 Associação Brasileira da Construção Metálica - ABCEM MERCADO Os benefícios de pertencer ao time ENTREVISTA Marino Garofani: o país tem futuro AÇO EM EVIDÊNCIA Metálica brilha no monotrilho ENERGIA SOLAR O sol é para todos Lições da escola parque Graded School recria espaço com sistemas construtivos industrializados A estrutura escultural de La Nuvola INTERNACIONAL

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Edição 124 Abril 2017 ISSN 1414-6517Associação Brasileira da Construção Metálica - ABCEM

MERCADOOs benefícios de pertencer ao time

ENTREVISTA Marino Garofani: o país tem futuro

AÇO EM EVIDÊNCIAMetálica brilha no monotrilho

ENERGIA SOLAR O sol é para todos

Lições da escola parqueGraded School recria espaço com sistemas construtivos industrializados

A estrutura escultural de La Nuvola

INTERNACIONAL

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03 MERCADOOs benefícios de pertencer ao time

04 ENTREVISTA: MARINO GAROFANIO país tem futuro

06 ENERGIA SOLARO sol é para todos

08 CONSTRUINDO COM AÇOGraded School: aprendendo com a escola parque

11 AÇO EM EVIDÊNCIAMetálica brilha no monotrilho

13 INTERNACIONALA estrutura escultural de La Nuvola

Conselho Diretor ABCEM: Presidente - Marino Garofani(Brafer); Vice-Presidentes - César Bilibio (Medabil), FúlvioZajakoff (Bemo), Vinícius Rodrigues Morais Junior (Gerdau),Ulysses Barbosa Nunes (Armco Staco), Raul Quiroga (Incomisa),Heloísa Pomaro (Micura Steel Frame); Conselheiros - Ademarde C. Barbosa Filho (Codeme), Alexandre Queiroz Schmidt(Brametal), Ascânio Merrighi (Usiminas), Bernardo Rath Garcia(Techsteel Eng.), Cassio Ferraz Sampaio Jr. (Sidertec),Christophe Schwarzberg (Marko), Edson de Miranda (Perfilor),Eduardo Moretti (Tuper), Eduardo Zanotti (Arcelormittal), HildeuDellaretti Jr (Vallourec), Horácio Steinmann (Metasa), JesusHernandez (Hispano), Luis Claudio Dagnese (Dagnese), LuizCarlos Caggiano Santos (Brafer), Volmir Suppitz (Nova JVA),Weber Reis (CSN); Conselho Fiscal - Marcelo Micali (SiriusMetais), Steffen Barke Nevermann (DanicaZipco), ValdecirLourenço Furtado (Ciser); Diretora Executiva - Patrícia NunesDavidsohn, [email protected]; Secretaria Geral - Av.Brig. Faria Lima, 1931, 9º andar, Cj 91, 01452-001, São Paulo,SP, www.abcem.org.br; Projeto Gráfico e diagramação -Hiro Okita; Foto capa - Divulgação HTB

A Revista Construção Metálica não se responsabiliza por opiniões apresen-tadas em artigos e trabalhos assinados. Reprodução permitida, desde queexpressamente autorizada pela ABCEM.

ASSOCIE-SE À ABCEM Fone/Fax: (11) 3816-6597 • [email protected]

O momento não é dos mais favoráveis para a economiabrasileira. Em 2016, o PIB do Brasil voltou a cair (-3,6%),acompanhando o desempenho negativo de 2015 (-3,8%).Os números do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE) confirmam que o país vive a pior reces-são de sua história, maior até que a do biênio 1930-31,anos que se seguiram à quebra da Bolsa de Valores deNova Iorque (1929), período em que a economia brasilei-ra recuou 2,1% e 3,3%, respectivamente.

O que parece ser o caminho para o Brasil, a exemplo dobem-sucedido programa New Deal dos EUA, é fortaleceros investimentos em infraestrutura. E nesse aspecto vale apena perseverar na busca de novos modelos de financia-mento. Em oposição ao Estado centralizador e provedor,podemos implementar um modelo com maior presença eparticipação da iniciativa privada, o que traria duplo bene-fício: dar ao país a oportunidade de crescimento econômi-co sustentável, com maior oferta de empregos e negócios,e aliviar as contas públicas. A indústria da construçãometálica tem muito a contribuir na pavimentação dessecaminho.

No plano privado, também temos contribuições. O setorcontinua dando provas de que a estrutura metálica, alémde seus atrativos estéticos, é a melhor solução para evitardesperdício de materiais e garantir o prazo da obra.Exemplo típico é a Graded School, escola quase centená-ria (fundada em 1920) que está se renovando completa-mente com apoio da construção industrializada. Tambémsingular é a obra La Nuvola, centro de congressos erguidoem Roma, que mostra como o aço pode dar asas à imagi-nação dos arquitetos. Nesta edição, temos ainda a soluçãometálica em estações do monotrilho de São Paulo, obradas mais importantes da capital paulista.

Como se vê, o aço está presente em muitos projetos e éponto comum de uma grande cadeia produtiva. Ampliar onúmero e a qualidade das empresas dessa cadeia é o prin-cipal objetivo da ABCEM. Daí o convite, também expres-so nesta edição, para que mais profissionais e empresas deestruturas metálicas participem conosco da entidade. Eque sejam bem-vindos.

Marino GarofaniPresidente da ABCEM

Prezado leitor

SUMÁRIOEDITORIAL

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Edição 124 Abril 2017 ISSN 1414-6517Associação Brasileira da Construção Metálica - ABCEM

MERCADOOs benefícios de pertencer ao time

ENTREVISTA Marino Garofani: o país tem futuro

AÇO EM EVIDÊNCIAMetálica brilha no monotrilho

ENERGIA SOLAR O sol é para todos

Lições da escola parqueGraded School recria espaço com sistemas construtivos industrializados

A estrutura escultural de La Nuvola

INTERNACIONAL

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MERCADO

om mais de 40 anos de existência, aABCEM conquistou um espaço de desta-

que como representante de fabricantes deestruturas metálicas, usinas siderúrgicas, empre-sas de galvanização, projetistas e outras espe-cialidades do setor da construção em aço. Aentidade é responsável pelo Construmetal, prin-cipal evento da área no Brasil, e pelo PrêmioABCEM, que reconhece os arquitetos autores deprojetos predominantemente em aço. Além deunir a cadeia produtiva com essas iniciativas, aentidade atua como mediadora dos interessesdo setor frente a órgãos estaduais e federais,concessionárias de serviços públicos, entidadesde classe nacionais e internacionais, além deincentivar a elaboração de nor-mas técnicas e promover odesenvolvimento da qualidadede produtos e insumos de aço.

O Light Steel Frame (LSF) é umexemplo recente do apoio daABCEM ao desenvolvimentosetorial. O segmento ganhouuma Vice-Presidência na Asso-ciação, necessária diante docrescimento e da importânciaque o LSF vem assumindo naconstrução civil. Com o fortale-cimento institucional veio também a oportuni-dade de discutir com mais profundidade aspec-tos de qualidade. “Desde que me aproximei daABCEM, há cerca de cinco anos, tenho feito umesforço para colocar na pauta do dia a discus-são de normas sobre Light Steel Frame”, explicaa arquiteta Heloisa Pomaro, diretora da Micteche vice-presidente da ABCEM na área. Outra ini-ciativa nesse sentido é o selo desenvolvido emparceria com a Associação Brasileira de NormasTécnicas (ABNT). “Oferecer o Selo deExcelência ABCEM a nossos associados signifi-

ca fomentar a discussão de um padrão de qualidade emtodo o setor do aço”, aponta Heloisa.

Os cursos são um dos benefícios práticos e imediatospara empresas e profissionais do meio, já que os associa-dos da ABCEM têm desconto nos cursos oferecidos pelaassociação. Em 2017, o responsável por ministrar as aulasé o engenheiro Fernando Ottoboni Pinho, mestre emTecnologia da Construção de Edifícios pelo Instituto dePesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).Segundo ele, os cursos oferecidos pela ABCEM são deextensão e atualização, voltados principalmente para

profissionais com conhecimentos prévios na área. Mesmo assim, opúblico dos cursos é abrangente. “Nas últimas aulas ministradas,havia muitos arquitetos e estudantes de engenharia”, comenta.

Fernando dá dicas sobre como escolher o curso mais apropriado aoaluno (veja quadro). “O curso de galpões industriais em aço tem focomaior em projeto e pode ser mais proveitoso para profissionais compouca familiaridade com cálculo. Nos cursos sobre pontes metálicase ligações metálicas, noções de cálculo são recomendadas. Já ocurso de edifícios de múltiplos andares tem foco especial na NBR8800:2008 - Projetos de Estrutura de Aço e de Estruturas Mistas deAço e Concreto de Edifícios”, explica.

CURSOS ABCEM 2017

Data

Maio (5, 6, 19 e 20)

Junho (2, 3, 9 e 10)

Julho (14 e 15)

Outubro (20, 21, 27 e 28)

Curso

Galpões Industriais em Aço

Projeto e Montagem de Pontes Metálicas

Dimensionamento de Ligações Metálicas

Edifícios de Múltiplos Andares em Aço e NBR 8800

Todos os cursos são realizados no Auditório da ABCEM (Av. Brigadeiro Faria Lima,1931 - 9º andar Cj 91 - São Paulo – SP), no horário das 8h às 17h, e contam commaterial didático e coffee break.

Os benefícios de pertencer ao time

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FAÇA PARTE DA MAIOR E MAIS ATUANTE ASSOCIAÇÃO DO SETORASSOCIE-SE À ABCEM • http://www.abcem.org.br/

Cursos, premiações, eventos etroca de informação estão entre asvantagens de associar-se à ABCEM

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ENTREVISTA

MARINO GAROFANI

om mais de 50 anos dedicados às estruturas metálicas, o enge-nheiro civil Marino Garofani acompanhou de perto tanto a

evolução tecnológica do setor como as crises econômicas brasileiras.Eleito presidente da ABCEM para o mandato 2016-2018, o diretorpresidente na Brafer Construções Metálicas S/A assumiu o cargo emmais um desses momentos críticos para a construção civil brasileira,cujo mercado vem encolhendo há mais de dois anos.

Nesta entrevista para Construção Metálica, Garofani se mostra oti-mista com as medidas tomadas até agora pelo governo federal pararecuperar a confiança e o crescimento do País. Mas lembra que osetor só voltará a crescer mediante novos investimentos e a rupturada cultura da obra inacabada. “Tudo que foi investido não se reverteem benefício ao País. São recursos imobilizados e que não trazemresultado. Esse é um problema crônico e recorrente”, diz.

O mercado da construção civil passa por uma forte crise. Qual é a suaavaliação das atuais medidas do governo Temer para recuperar a econo-mia do País?A economia está estagnada há dois anos porque novos investimentos nãoestão acontecendo, que são justamente o motor da economia e da ativi-dade das empresas que compõem a nossa entidade, a ABCEM. Mas achoque o governo está no caminho certo. Vejo que todas as medidas que elevem tomando devem conduzir o País ao desenvolvimento.

A crise no setor não vem também de muitas obras paradas?Sim, existem obras paradas, até de grande porte, como as ferroviasTransnordestina (iniciada em 2006) e Norte-Sul (iniciada em 1987). Esseé um dos grandes problemas do Brasil: o País investe muito em obras quenão dão retorno porque não são terminadas. Simplesmente as obrasparam por falta de recursos, de projeto ou de planejamento. Existemcasos famosos, como o da Transposição do Rio São Francisco, em que foiinvestido um volume imenso de recursos (atualmente, supera 8 bilhõesde reais) e até hoje não foi acabada. Então, tudo o que foi investido nãose reverte em benefício ao País. São recursos imobilizados e que não tra-zem resultado. Esse é um problema crônico e recorrente, que ocorre emtodos os campos.

O governo federal pretende ampliar a concessão de serviços deinfraestrutura. Esse modelo pode melhorar a situação?Sim, existe um plano de investimento em infraestrutura que, se for ativa-do, vai trazer um volume grande de novas obras.

A construção metálica pode participar desse novo modelo de conces-sões?A indústria metálica participa de todos os ramos da construção civil eindustrial do País. Estamos presentes no setor rodoviário, ferroviário, por-tos, aeroportos, energia e especialmente nas obras industriais, como nasáreas de celulose, siderurgia, mineração, petróleo, gás. Todos esses sãosetores que absorvem o nosso produto.

A operação Lava Jato restringiu a participação degrandes empreiteiras brasileiras em processos li-citatórios e a expectativa do mercado é queempresas menores possam ocupar esse espaço,por meio de uma melhor distribuição dos proje-tos. O senhor concorda com essa visão?Sim. Isso faz sentido porque obras de grande porteexigem empresas com grande capacidade finan-ceira. Se as grandes obras forem divididas em lotesou obras menores, isso vai proporcionar o acessode empresas menores ao sistema. Essa é uma ques-tão importante.

As concessões, nesse formato, podem interessaràs empresas associadas da ABCEM?Eu diria que apenas em obras onde a construçãometálica é preponderante. Se forem obras em quepredominam outros materiais ou sistemas cons-trutivos, as empresas de construção metálicaseriam contratadas pela empresa responsávelpela obra. Isso é o que acontece, de modo geral.Normalmente, as empresas de construção metáli-ca são contratadas para projetar, fabricar e mon-tar a estrutura metálica que é parte de uma obramaior.

Então, o senhor não vê as concessões como umnicho de negócios?Não deixa de ser um nicho, porque nesse modelode PPI, de parceria para infraestrutura, a construçãometálica participaria, sem dúvida. Mas não comoinvestidora e sim como fornecedora. Aliás, essemercado já existe, mas está restrito às poucas obrasque estão em andamento hoje. Um exemplo são os

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A ABCEM existe para representar as empresas de construção metálicajunto aos órgãos governamentais, ao público em geral e à imprensa. Suafunção é divulgar e desenvolver a construção metálica. As empresas dosetor que estão fora da ABCEM perdem por não receber o mesmo nível deinformações setoriais, não participam dos eventos técnicos, científicos ecomerciais que a ABCEM organiza. Ao mesmo tempo elas acabam sebeneficiando do trabalho de divulgação que a ABCEM faz. Hoje, aABCEM congrega as usinas siderúrgicas, que têm na construção metálicaum grande mercado, que absorve cerca de 30% da produção de aço doBrasil, os fabricantes de estrutura metálica, de telhas metálicas e de steelframe, que é o sistema de construção leve, as empresas de galvanização,para proteção do aço contra a corrosão, as empresas projetistas de estru-tura metálica e ainda arquitetos, que de certa forma militam no setor.Uma das metas da minha gestão é trazer mais associados, para que aABCEM tenha mais força e representatividade.

Como o setor trabalha para superar a crise?Aguardamos, claro, um novo ciclo de progresso, que sem dúvida virános próximos anos. Mas, apesar do momento crítico, a indústria conti-nua ativa, voltando-se inclusive para o mercado externo. Uma das nos-sas metas agora, juntamente com o Instituto Aço-Brasil, é conseguir umaumento do Reintegra (Regime Especial de Reintegração de ValoresTributários para as Empresas Exportadoras), incentivo à exportação quechegou a ser de 5% no passado e hoje é de 0,1%. Outro aspecto quepoderia ser um incentivo grande para nossas empresas é o conteúdonacional nas obras e fornecimentos da Petrobras, que recentemente con-vidou empresas estrangeiras e deixou de acreditar nas empresas nacio-nais, passando a fazer licitações para fornecedores de fora do Brasil. Essaé uma distorção que esperamos que o governo venha a sanar. Junto comoutras entidades, temos nos mobilizado e exigido um tratamento maisjusto para o fornecedor brasileiro.

aeroportos. O aeroporto de Guarulhos, em suaexpansão, tem um novo terminal de passageiros,uma obra muito grande, totalmente em estruturametálica. O mesmo acontece com a expansão doGaleão, no Rio de Janeiro. As Olímpiadas também.Todos os ginásios e instalações esportivas foram fei-tos em estrutura metálica. Na Copa do Mundo de2014, todos os estádios construídos ou reformadospara o evento tiveram cobertura metálica. NoMaracanã, por exemplo, a parte nova da arquiban-cada é totalmente metálica. Ela não aparece por-que está coberta pelos degraus de concreto.Mesmo em edificações, o uso da estrutura metálicacresceu muito porque é um sistema construtivomuito dinâmico e torna a obra muito rápida.

Essa é uma característica conhecida. Mas o queaconteceu para que o sistema passasse a ser maisutilizado nos últimos anos?Acho que é uma somatória de fatores. A indústriaé hoje muito mais aparelhada e desenvolvida doque era no passado. E, ao mesmo tempo, os inves-tidores são mais conscientes e sabem tomar deci-sões que favorecem os investimentos. A estruturametálica se torna vantajosa em edifícios nos quaiso prazo de execução é importante, de modo a tra-zer o retorno mais rápido do capital investido.

A ABCEM representa os principais players da construção metálica. Qual é o papel dela paraseus associados?

Obra do Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos

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ENERGIA SOLAR

geração de energia solar ainda é insignificante no Brasil.Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o

País possui 4.659 usinas geradoras de energia, que incluem váriasfontes (biomassa, hidrelétrica, eólica, fóssil, nuclear), mas apenas42 delas são solares fotovoltaicas. E elas geram apenas 0,0143%do total de 151,6 GW de potência instalada. Diante de númerostão acanhados, a boa notícia está no futuro. O País terá nos pró-ximos anos, de acordo com a Aneel, a adição de 9,2 GW (240usinas) de potência instalada, sendo 6,6% dela proveniente deusinas solares. Com potência outorgada, mas sem obras iniciadas,estão outras 572 usinas (15,4 GW), sendo 90 delas de energiafotovoltaica, o que corresponde a 15,32% da potência.

Mas o mercado promete ser ainda maior. Em janeiro último, aAneel estimou que a energia solar vá responder por 15% damatriz energética brasileira até 2024 e movimentar cerca de 100bilhões de reais até 2030. “A estimativa da Aneel realmente éessa. Mas ela contempla os investimentos em GeraçãoConcentrada (GC), de usinas geradoras com potências maioresque 5 MW, e em Geração Distribuída (GD), que trata dos inves-timentos de pequeno porte (menores que 5 MW), resultado deiniciativas pontuais, como indústrias, shopping centers, condomí-nios residenciais etc.”, explica o engenheiro Luiz Carlos

Caggiano Santos, vice-presidente da BraferConstruções Metálicas. No caso dos investi-mentos em GC, decorrentes dos Leilões deReserva (LER), em que o governo comprome-te-se a comprar a energia gerada durante 25anos, o dirigente lembra que os leilões sãorealizados desde 2014 e os primeiros parquesestão em construção. “Os primeiros despa-chos de energia gerada devem ocorrer já emagosto de 2017”, diz.

Trata-se de uma nova oportunidade de mer-cado, que a indústria nacional de construçãometálica procura atender. Embora não exis-tam barreiras para a produção de componen-tes no Brasil, a tecnologia hoje é importada,devido principalmente ao preço do aço nomercado interno. “É possível importar essasestruturas atualmente com diferença emtorno de 15% em favor da importação. Opreço do aço no Brasil, em dólares, é signifi-cativamente mais alto que no mercado inter-nacional”, observa Caggiano Santos.

O sol é para todos

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Opção limpa, renovável e acessível, a energia solar ganha espaço na matriz energética brasileira e cria novos mercados

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Adesão

Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo têmse destacado na adoção da Geração Distribuída, mas outrosEstados buscam aproveitar melhor as vantagens potenciais daenergia renovável. No Paraná, por meio de uma portaria doInstituto Ambiental do Paraná (IAP), o governo regulamentou emfevereiro último as regras para o licenciamento de uso de energiasolar no Estado, estratificando as exigências de acordo com apotência a ser instalada. A medida deve beneficiar principalmen-te o setor agrícola.

Em Goiás, o governo estadual lançou um programa para estimu-lar o uso de energia solar, isentando pequenos e micro geradorese consumidores de energia solar do recolhimento do ICMS.Apoiado em uma série de incentivos, o programa pretendeampliar as linhas de crédito para financiamento dos projetos, sim-plificar o licenciamento ambiental e adotar placas solares nasmoradias de programas habitacionais e em prédios públicos.

No Ceará, a GD conta desde meados de 2016 com o apoio doBanco do Nordeste do Brasil (BNB), que criou uma linha de cré-dito para financiar a micro e mini geração distribuída de energiaelétrica. O FNE Sol destina-se a empresas de todos os portes esetores, produtores e empresas rurais, cooperativas e associações.Podem ser financiados sistemas completos envolvendo geradoresde energia, inversores, materiais auxiliares e instalação. “Essascondições favoráveis para a aquisição de painéis solares, princi-palmente com parcelamento e juros subsidiados, têm favorecido aprocura por sistemas fotovoltaicos”, diz o empresário JesusHernandez, da Hispano Estruturas Metálicas, que fornece as estru-turas de geração fotovoltaica no mercado de Fortaleza e região. “Aenergia economizada paga o investimento”, acrescenta.

Para atuar no mercado de GC, a Brafer asso-ciou-se ao Grupo Clavijo, da Espanha, aquem cabe o fornecimento das estruturasmóveis (trackers) - seguidores solares de umeixo horizontal com multifilas ou monofila. Ogrupo espanhol detém mais de 1,2 GW depotência instalada em todo o mundo, metadedela em estruturas móveis. As peças importa-das, que correspondem a aproximadamente20% do valor total, integram a estrutura com-pleta produzida no Brasil pela Brafer, queassume também a entrega no sítio do projetoe as garantias do sistema.

Geração Distribuída

Outro vetor de crescimento da energia solarvem da Geração Distribuída, viabilizada noPaís pela Resolução 482/2012 da Aneel. Amedida criou o Sistema de Compensação deEnergia Elétrica, que permitiu aos consumi-dores investirem em sistemas próprios degeração de energia e, inclusive, prover o sis-tema concessionário com a energia exceden-te, não utilizada pelo produtor. Em 2015, aResolução 687, que passou a vigorar emmarço de 2016, estendeu os benefícios dosistema a outros usuários, como cooperativase consórcios (geração compartilhada). Assim,em apenas quatro anos de regulamentação, aenergia solar vem dando saltos de produção,a ponto de a Aneel estimar que, até 2024, oPaís terá cerca de 1,2 milhão de geradores deenergia solar instalados em casas e empresas.

Diferentemente da Geração Concentrada,que é instalada no solo, em grandes parques,e consome algo em torno de 70 t de aço porMW, a Geração Distribuída visa a produçãode energia em pequena escala. A estrutura deaço ou alumínio, neste caso, pode ser instala-da em telhados, terraços, lajes, solo ou esta-cionamentos, o que for mais conveniente aoprodutor/consumidor. As instalações tambémindependem de ações governamentais. “Osprojetos de Geração Distribuída são incenti-vados no aspecto fiscal com isenções deICMS; no aspecto operacional, em harmoniacom as distribuidoras de energia; e por meiode financiamentos dos bancos oficiais. Opotencial, neste caso, é muito grande em fun-ção da capilaridade no mercado”, avaliaCaggiano Santos.

Existe uma diferença quando se trata de sistemas de geração deenergia solar. A tecnologia fotovoltaica, responsável por proporcio-nar uma alternativa limpa e renovável de geração de energia elétri-ca, converte diretamente os raios solares em eletricidade. Trata-sede uma opção acessível e de manutenção mínima para reduzir osgastos com eletricidade.

A energia solar térmica (aquecedor solar), por sua vez, usa o calordo sol para aquecimento de água. O sistema possui coletores (pla-cas) ou tubos para captar o calor do sol e aquecer a água, que ficaarmazenada em reservatórios (boilers), para distribuição posterior.As placas não geram eletricidade, embora contribuam para a redu-ção do consumo de energia.

Energia solar fotovoltaica x energia solar térmica

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CONSTRUINDO COM AÇO

ma das escolas mais tradicionais de SãoPaulo, voltada a preparar seus alunos a

estudar nos Estados Unidos, a Graded School,ou Associação Escola Graduada de SãoPaulo, fundada em 1920, passa por grandestransformações. Desde 2010 a escola deu iní-cio a um master plan que pretende transfor-mar a área de 63 mil m2 ocupada pela insti-tuição no Morumbi. Nela, cerca de 1260 alu-nos cursam da pré-escola ao ensino médio(Lower, Middle e High School).

O master plan da nova Graded foi desenvol-vido pela empresa H2L2, especializada emprojetos educacionais internacionais, e trans-formado em projeto arquitetônico pelo escri-tório Zanettini, também bastante experiente

nessa área. As obras tiveram início em2014, com a renovação do Playground

e Ginásio do Lower School, eseguem um planejamento

executivo que deve seestender por

vários anos,

Aprendendo com a escola parqueCom quase 100 anos de existência, a Graded School redesenha seuespaço e marca posição com sistemas construtivos industrializados

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uma vez que o projeto de renovação e expan-são das instalações seguirá com a escola emfuncionamento.

O principal aspecto do projeto, explica oarquiteto Siegbert Zanettini, é o conceito deescola parque adotado, em substituição àatual disposição de edifícios blocados e con-finados, sem espaços interativos. “A ideia deuma escola parque com praças cobertas earborizadas para áreas de aprendizagem e deconhecimentos inovadores e sustentáveis foium dos pilares do projeto. Os eixos principaisde circulação foram integrados a essas praçase também ao playground. Toda a área espor-tiva se articula com as áreas de circulação,facilitando o escoamento e as rotas de saída”,afirma. “O partido prevê duas grandes praças,para onde se voltam todas as salas de aula”,acrescenta.

Resultado das diversas visitas do arquiteto àescola, a concepção do projeto valorizouaspectos como a manutenção e ampliação davegetação de grande porte, que ocupa setoresde toda a área de implantação; a criação daspraças de encontro cobertas em meio à vege-

tação adulta (base da escola parque); oseixos de circulação que integram

essas áreas; e a introdução deuma garagem coberta

para quase 650v e í c u l o s

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de vários portes, inclusive ônibus e cami-nhões, eliminando a fila de espera externa(pela av. Giovanni Gronchi) para acesso àescola. No plano do desenho arquitetônico, afim de evitar os ruídos externos, as salas deaula (cerca de 50 m2 providas de varandas)são voltadas a áreas arborizadas; todos osespaços internos possuem instalações quepermitem ocupações flexíveis; e a construçãoadota sistemas construtivos industrializados,como estruturas metálicas e pré-fabricadas deconcreto, a fim de minimizar resíduos e des-perdício.

O programa prevê a reforma e ampliação deespaços edificados, como o prédio de trêsandares da Lower School; o auditório, comaumento da capacidade da plateia para 640pessoas; o Art Center, o refeitório, a cozinha,e a Biblioteca; a construção de novos edifí-cios de três pavimentos para Lower / Middle/ High School e a reforma de edificaçõessecundárias. Integram ainda a obra: a cons-trução da nova garagem, que sustenta doiscampos de futebol e uma pista de atletismo;um mini ginásio e um novo ginásio esporti-vo; o Student Center, área de 1,5 mil m2 para

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Em primeiro plano e abaixo, o Student Center, área de 1,5 mil m2 com estrutura metálica espacial, para convíviodos alunos. Na foto debaixo, perspectiva das salas de auladefronte a uma praça

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convívio e realização de trabalhos escolares,e um novo prédio administrativo com trêsandares. Ao término das obras, todo esseconjunto resultará em 66.408 m2 de áreaconstruída e em um total de 112 salas deaula, incluindo 11 ambientes para ativida-des artísticas, podendo receber um total de1600 alunos.

Planejamento e execução

Ana Cristina Chalita, superintendente deServiços Técnicos da HTB, construtora res-ponsável pelas obras, explica que a execuçãodo master plan obedece a um planejamentobaseado em fases. A segunda fase, iniciadaem 2015, consumiu 14 meses e compreen-deu a construção da nova entrada principal,do estacionamento ao nível da rua JoséGalante e dos dois campos de futebol –ambos providos de grama sintética, sendo umdeles com dimensões oficiais e pista de atle-tismo - sobre a laje de cobertura da garagem.Também fez parte desta etapa a construçãodo Student Center, com sua estrutura metáli-ca espacial e cobertura de vidro laminadotranslúcido de 14 mm, material com caracte-rísticas reflexivas e de controle solar, capazde prover um ambiente agradável e protegidoda insolação.

A estrutura metálica dessa área teve atençãoespecial no projeto. Os pilares tubulares res-ponsáveis por receber as cargas da cobertura

foram projetados à semelhança de árvores,ramificando-se em direção ao teto. O viga-mento por sua vez, inicialmente em vigacaixa, foi alterado para viga W. “Com isso,redesenhamos todo o sistema de captação deáguas pluviais, que desce em prumadas con-centradas até a caixa de coleta”, explica aarquiteta Paula Oliveira, coordenadora deProjetos da HTB.

A estrutura metálica também está presente nomini ginásio. No espaço generosamente ilu-minado, a estrutura metálica destaca-se pelasvigas casteladas com aberturas em círculos,uma alternativa às vigas treliçadas, maiscomuns neste tipo de edificação (o coroa-mento da cobertura adota vigas lisas).

A fase 3 do projeto, que contempla a cons-trução de novo ginásio de esportes, deve seriniciada ainda em 2017. A fase seguinte nãotem data de prosseguimento. Ana CristinaChalita explica que a etapa começará neces-sariamente pelo novo edifício administrativo,chamado “pulmão”, que serve como espaçocoringa na acomodação dos alunos durantea construção das salas de aula, que tambémutilizam sistema construtivo industrializado(vigas, pilares e steel deck com capa de con-creto). A construção dessas instalações deveconsumir outros quatro anos de obras.Apesar do tempo longo, Ana observa que,neste caso, “o prazo seria bem maior sem aestrutura metálica”.

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AÇO EM EVIDÊNCIA

ara dar leveza às estruturas empregadasna nova Linha 15 (Prata) do monotrilho

de São Paulo, na zona leste da cidade, umadas premissas do projeto arquitetônico dasestações foi o uso de construção metálica emvários elementos. Desde as estruturas decobertura das estações até as escadas, supor-tes de cabos e passarelas de acesso para opúblico e de manutenção estão sendo feitasneste sistema.

Ao todo serão 17 estações elevadas, instala-das nos canteiros centrais de avenidas da VilaPrudente até São Mateus. A linha completaterá 26,6 km de extensão e deverá beneficiarmeio milhão de passageiros por dia (somenteno trecho entre estes dois bairros, a demandaprevista é de 340 mil usuários/dia).

Hoje, apenas as estações Vila Prudente, que se conecta à linha 2(Verde), e Oratório estão em operação, mas o Metrô promete queo novo ramal completo será entregue até 2018, a um custo finalestimado de R$ 7,2 bilhões.

Pioneira

A linha é a pioneira no Brasil a implantar o sistema de monotri-lhos com tração elétrica e sustentação por pneus. O veículo sedesloca sobre uma viga com pneus laterais que guiam e estabili-zam o trem. Mas é na composição arquitetônica das estações quea estrutura metálica brilha.

O engenheiro Adriano Joslin, diretor de obras da BraferConstruções Metálicas, destaca a rapidez com que os elementos decobertura são construídos e a contribuição positiva para a arquite-tura que a estrutura metálica proporciona, sobretudo em uma obradeste porte. No caso, a empresa responde pela fabricação e mon-

O aço brilha no monotrilhoDiversos elementos estruturais em aço foram incorporados às estações da Linha 15 (Prata), que está sendo construída na zona leste de São Paulo

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Passarela de acesso à estação em formato de túnel: estrutura metálica e vidros curvos autolimpantes

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Extensão total: 26,6 kmNúmero de estações: 17Demanda prevista: 500 mil passageiros/diaPeso dos elementos metálicos: 2.630 tPrevisão de entrega: 2018

LINHA 15 (PRATA) DO MONOTRILHO DE SÃO PAULO

tagem de 2.630 t de elementos metálicos de oito estações de doislotes: trecho São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União(lote 1) e trecho Jardim Planalto, Sapopemba, Fazenda da Juta e SãoMateus (lote 2). “Além disso, a construção metálica é, se compara-da à civil, mais limpa e uniforme, pois requer menos elementosconstrutivos executados no canteiro”, ressalta.

Segundo o engenheiro, a superfície metálica de todos os elemen-tos foi tratada com uma camada de pintura epóxi e outra de pin-tura poliuretano. É o caso das passarelas e rampas, que servem detravessia elevada (entre 12 m e 15 m) da avenida para pedestrese de acesso dos usuários às estações. Estas estruturas são fecha-das com vidros curvos autolimpantes. “As passarelas de acessopúblico são em formato de ‘túneis’, compostos por perfis ‘I’calandrados e por vigas retas no seu piso, e as escadas são total-mente soldadas, ou seja, não possuem parafusos nos degraus”,descreve Joslin.

As passarelas são enviadas com sua base (piso) prontas de fábri-ca. “Algumas precisam ser emendadas em obra, mas a maioria ésimplesmente retirada do caminhão e lançada na posição final,com máquinas que também chegam a 400 t”, explica. Segundoele, a montagem das partes que tornam as passarelas um “túnel”é feita in loco, elemento por elemento.

As coberturas, por sua vez, também são formadas por arcos deperfis “I” calandrados. Este elemento, conta o engenheiro, é fabri-cado em módulos, que são pré-montados em pequenas áreas

confinadas na região da obra, e depois içadospor guindastes que variam de 220 a 400 t decapacidade. Joslin revela que todas essasoperações têm exigido o fechamento das ruaslaterais das estações, e por isso estes serviçosocorrem geralmente nos finais de semana ouem período noturno. Até porque, justifica,como as estações estão situadas no canteirocentral de avenidas movimentadas, apresen-tam em comum dificuldades adicionais: “afalta de grandes áreas para construção doselementos metálicos e até para o patolamen-to dos guindastes”, afirma.

Paisagismo

A infraestrutura do monotrilho também per-mitirá renovar o espaço urbano no local deimplantação da linha com um projeto de pai-sagismo que inclui arborização sob a via ele-vada – nas calçadas adjacentes – e integraçãocom as áreas verdes do entorno, formandocorredores ao longo do percurso. A criaçãode ciclovias é outro item da pauta de infraes-trutura da linha. Após a conclusão da linha15 (Prata), a zona leste de São Paulo contarácom cerca de 6.000 árvores, número cincovezes maior do que o existente hoje.

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INTERNACIONAL

Nuovo Centro Congressi de Romachama a atenção, principalmente, por

sua complexidade estrutural. O projeto assi-nado pelo Studio Fuksas, dos arquitetos italia-nos Massimiliano e Doriana Fuksas, foi ergui-do com 37 mil toneladas de aço – o equiva-lente a quase cinco torres Eiffel –, levando 18anos para ficar pronto.

Externamente, o conjunto apresenta linhassimples e retas: trata-se de uma caixa retangu-lar feita de vidro e aço, medindo 175 m delargura, 70 m de comprimento e 40 m dealtura. No interior desse invólucro, no entan-to, surge um grande casulo sem forma defini-da, que rendeu ao centro o apelido de LaNuvola (A Nuvem, em italiano).

O casulo é formado por uma estrutura metá-

lica independente, apenas apoiada em elementos de concretoarmado – duas vigas nas extremidades, que tocam lateralmente oinvólucro, e três pilares centrais. Na porção superior dessa baserelativamente ortogonal surgem os elementos responsáveis pelomarcante visual do conjunto: peças de aço curvas e retorcidas,confeccionadas com corte plasma CNC em alta definição.Algumas delas foram pré-moldadas e somente aparafusadasdurante a construção; outras, soldadas in loco – medida que exi-giu o içamento da máquina de solda. Como finalização, essa car-caça metálica foi revestida com 15 mil m² de uma membrana têx-til microperfurada de fibra de vidro, que recebeu tratamento anti-chamas à base de silicone.

“O maior desafio do projeto executivo foi corresponder a todas asnecessidades plásticas da composição arquitetônica”, avaliamMassimiliano e Doriana Fuksas, ressaltando que, graças ao minu-cioso trabalho dos escritórios de engenharia envolvidos, não foinecessário adaptar o desenho: a construção segue com precisãoo modelo tridimensional originalmente proposto pela dupla.

A estrutura escultural de La NuvolaEm centro de convenções italiano, as múltiplas soluções de engenharia estrutural atendem aosexigentes padrões estéticos da arquitetura moderna

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Local: Roma, ItáliaInício do projeto: 1998Conclusão da obra: 2016Área: 55.000 m²Arquitetura: Studio Fuksas Construtora: Società Italiana per

Condotte D’Acqua SPAEngenharia: Studio Majowiecki e

Studio Sarti (estruturas); Ai Engineering (plantas)

Tensoestrutura: Atek

FICHA TÉCNICA

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Menos rebuscado, o invólucro retangular queabriga a nuvem é estruturado por duas cama-das de treliças metálicas com fechamento depanos de vidro. Para a camada externa dafachada, optou-se pelo vidro laminado extra-claro, que oferece máxima transparência; jápara a interna e para a cobertura, a escolharecaiu sobre o vidro insulado com fator deproteção solar, que colabora para o confortotérmico do prédio. Paralelamente, painéisfotovoltaicos instalados na cobertura ajudama produzir energia e protegem o edifício dosuperaquecimento por meio da mitigação daradiação solar.

Prevenção a terremotos

La Nuvola conta ainda com três pavimentossubterrâneos, que possuem estrutura e funda-ções de concreto armado – estas, por sinal,tiveram severas limitações dimensionais eforam construídas com a menor profundidadepossível a fim de evitar danos a evidênciasarqueológicas que porventura estejam alisoterradas.

Operando sinergicamente com o concreto, asfundações possuem isoladores sísmicos (apa-relhos metálicos do tipo Vasoflon), tecnologiade amortecimento que aumenta a capacidadede deformação dos elementos estruturais,separando a construção da vibração do solo.“Nesse sentido, o uso majoritário do aço nasestruturas do conjunto também foi essencial,uma vez que a maleabilidade do material éoutra forma de ajudar a dissipar a energia doterremoto que é transmitida ao prédio”, apon-tam Fabio e Gilberto Sarti, do Studio Sarti,uma das empresas de engenharia responsá-veis pelo projeto.

Fruto de um concurso público, a obra custouaos cofres romanos 239 milhões de euros, eexigiu incontáveis esforços de mão de obra emaquinário durante as quase duas décadasde construção – razão pela qual foi (e aindaé) alvo de opiniões bastante controversasentre os italianos. A expectativa, no entanto,é alta: espera-se que o novo centro de negó-cios, que oferece auditórios e salas de exibi-ção com capacidade total para mais de 8 milpessoas, atraia para a cidade de 300 a 400milhões de euros por ano.

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