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Mário Gerlin nasceu em Pieve di Soligo, Província de Treviso na Itália, em 27 de outubro de 1919, durante o enterro de sua irmãzinha Maria de apenas quatro anos, atingida pela meningite. Os outros três irmãos mais novos, com Mario, na idade de sete, também são afetados por uma forma misteriosa e incurável, de paralisia progressiva, e seus irmãos morrem com a idade de quarenta anos. Embora tivesse uma educação profundamente religiosa em casa, aos dezessete anos, como uma reação à tragédia familiar muito séria, diz aos pais já não acredita em Deus e abandona todas as práticas religiosas.

Depois de obter um diploma de ensino fundamental e médio, ele se matriculou na Faculdade de Direito da Universidade de Pádua. Ele queria ser jornalista. Mas teve que servir o seu país na Segunda Guerra Mundial como tenente de infantaria. De volta para casa em fevereiro de 1946, encontrando os pais e três irmãos prematuramente envelhecidos com as pernas paralisadas. Deixa a universidade e foi cuidar dos seus familiares.

Muito embora, mesmo cuidando dos pais e irmãos ainda se sente revoltado com Deus, que trouxe tanta desgraça na sua família, e se declara ateu.

Julho de 1953: Junto com um amigo, Mário faz uma longa viagem de motocicleta pela Espanha e sul da França, fazendo uma breve paragem mais por curiosidade, do qualquer outra coisa em Lourdes.

E o que aconteceu em Lourdes?: “Mais tarde passando diante da gruta, parei alguns

instantes para ver a branca imagem da Virgem Santíssima, mas sempre bem atento para não deixar-me levar por aquela sugestão coletiva, quase histérica, assim eu pensava, da multidão que empurrava-me para a frente. Todavia, tomado por uma violenta e irresistível comoção, e ficando por uns instantes aos pés da imagem, engastada na rocha escura como uma linda pérola branca, consegui apenas murmurar: - Senhora, mãe de Jesus, se Ele existir, ajuda-me encontrá-lo! E através de um véu de lágrimas, pareceu-me quase vê-la sorrir, como para dizer-me que aceitava o meu sincero pedido”. (Do livro: O Senhor Prefeito se Fez Padre)

Mas o momento da conversão chegou somente dois anos depois. O ápice de sua conversão aconteceu de uma forma muito bonita e está nos slides seguintes, tirada de seu livro auto-biográfico: “O Senhor Prefeito se Fez Padre”. Para não perdermos uma linha sequer, digitalizamos os trechos, onde ele próprio conta sua história.

O reencontro com sua família foi também muito lindo e emocionante. Passou junto com os seus a viver de novo a sua fé. Mas Mário Gerlin não se contentava com apenas a oração do terço e a missa diária.

Ele se sente imediatamente atraído pela espiritualidade dos Irmãozinhos de Charles de Focauld e recomendado pelo irmão Carlos Carretto, faz experiência com eles na França no Verão de 1956. Mas entendeu que o seu lugar, a sua "cruz" é ficar na sua casa ao lado de seus entes queridos, que no momento tinham mais necessidade dele.

Mário se torna vice-prefeito de sua cidade natal pelo Partido Democrata Cristão. Depois foi eleito prefeito em 1960, permaneceu no cargo por dois mandatos consecutivos.

Caminhava na política, mas não deixava de buscar mais e mais a sua fé.

Em 1969 depois de estudar por quatro anos o Instituto de Estudos da Religião da Pontifícia Universidade Católica de Milão, por indicação do seu bispo Dom Albino Luciani, o Prefeito Mário Gerlim renuncia para se tornar padre, aos 50 anos de idade...

Pieve di Soligo, 8 de dezembro de 1969: Mário Gerlin foi ordenado sacerdote pelas

mãos de Dom Albino Luciani, o bispo de Vittorio Veneto, que no dia seguinte foi nomeado patriarca de Veneza e mais tarde viria a ser o Papa João Paulo I, o inesquecível "Papa do Sorriso”. Durante este período de prefeito e padre, os pais e dois irmãos morreram e o último morreu em julho de 1974, cuidado amorosamente por sua tia Luiza.

BURUNDI (1970-1972) Padre Mário foi como missionário para o Burundi,

na África Central. Na África se encontrou com os hansenianos pela primeira vez (leprosos), no seu encontro com Mariya e seus dois filhos e também o Yosefu, que o faz dedicar toda a sua vida aos hansenianos, quando viu na pessoa destes dois o próprio Cristo sofredor. Voltou à Itália em junho de 1972, quando aconteceu o terrível genocídio do Bahuti, que vitimou mais de 200 mil pessoas. Na Itália ficou por um ano e meio como capelão na paróquia de Lentiai (Belluno).

Março de 1974. Pe. Mário parte para o Brasil, juntamente com o saudoso Dr. Marcello Cândia e se tornou o primeiro capelão da colônia de hansenianos de Marituba, em Belém do Pará, colônia que foi visitado pelo Papa João Paulo II, em julho de 1980.

Desde junho de 1977, foi capelão dos sanatórios para hansenianos de Bambuí e Sabará no estado de Minas Gerais, ajudando a cuidar dos doentes e cerca de cinco centenas de seus filhos. Dedicou-se à integração social e religiosa junto com as Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário, presente há mais de quarenta anos em três sanatórios de Minas Gerais.

Na apresentação do livro “O Cálice de Padre Mário - As histórias dos últimos dos últimos“, editado em

italiano, Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo, arcebispo emérito de Belo Horizonte, um amigo e

admirador de Padre Mario Gerlin, assim se expressa: "O encanto da pessoa e das façanhas de Padre

Mário Gerlin ficou indelevelmente gravada na minha memória. Acima de qualquer outra dimensão, prevaleceu nele o homem de Deus, totalmente dedicado aos irmãos, especialmente os menores e sofrimento de todos os tipos. É, portanto, um desafio para mim, a abordagem do personagem policromado do ilustre filho de Pieve di Soligo, mesmo que tenhamos sido ligados por laços de estreita amizade.

“Primeiro de tudo, Padre Mário sempre foi um homem de Deus, portanto, um homem de oração. As saudações iniciais em suas cartas para nós sugeria as de Paulo, cheia de oferendas, bênçãos, de exortações à alegria que vem de Deus, era evidente a sua grande familiaridade com as fontes da fé, as. Sagradas Escrituras, a Liturgia, a Sagrada Tradição”.

“Porque Mario não era só um pouco de tudo isso, catequista, teólogo, místico, mestre da fé, sempre atualizado sobre os problemas da Igreja e do mundo, Padre Mário era também um homem da Igreja, um amigo do Papa João Paulo I e João Paulo II, os cardeais e bispos”.

“A CNBB. - A Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil - tinha-o como um consultor respeitado e influente para a pastoral da de saúde. E na preparação da Campanha da Fraternidade de 1981, confiou a tarefa de visitar os 37 leprosários existentes no Brasil, com o compromisso de apresentar um relatório detalhado. Padre Mario cumpriu essa missão com sua habitual competência, como um moderno Marco Polo, no serviço do Evangelho em uma turnê de 40.000 km através do sertão, da selva e do interior do Brasil, visitando as 37 colônias, com seus 28 educandários, com seus 13.000 doentes, e os suas cerca de 1.700 crianças”.

“Ele era um homem totalmente dedicado à caridade e ao amor “o último dos últimos". A Irmã Maria Carmela sempre lhe pedia para ele descansar, mas o homem de ação e de futuro, organizado e incansável, respondia:. 'Não posso parar, eu vou ter tempo para descansar no Paraíso". Nós. brasileiros, estamos orgulhosos de tê-lo como nosso Padre Damião de Molokai, nosso apóstolo dos leprosos, aqueles que Padre Mário, com imensa ternura e materna, chamava "os últimos dos últimos".

Também por ocasião do livro “O Cálice de Padre Mario - As histórias dos últimos dos últimos“, O Papa João Paulo II, que conhecia pessoalmente Padre Mário, ao receber um exemplar e sabedor das cartas de Bambuí, que Padre Mário escrevia em resposta ao livro "O Cálice de Padre Mario” Sua Santidade diz: “agradeço-lhe a sua amável e valorosa contribuição, congratulo-me com esta publicação, que ajuda a manter viva e divulgar a memória de Padre Mário Gerlin, através de suas cartas de Bambuí e também do Sanatório de Sabará, no Brasil, invoco a materna proteção de Maria, de quem ele era muito devoto, e Eu vos envio a minha Bênção Apostólica”.

No Sanatório de Bambuí, Padre Mário passou a última parte de sua extraordinária obra missionária, culminando com a sua morte, que ocorreu em 27 de Fevereiro de1993, em Belo Horizonte.

Padre Mario foi enterrado no pequeno cemitério de hansenianos do Sanatório São Francisco de Assis em Bambuí, entre seus amados e seu túmulo é atualmente objeto de veneração e de oração.

Em 31/01/1998, Bodas de Ouro de vida religiosa de Irmã Carmela, na foto com Irmã Maria Grazia (no meio) e Irmã Maria Rosina (a esquerda) ambas também completavam 50 anos de vida religiosa. Atrás de Irmã Carmela Dom Eurico que era Bispo de Luz e depois arcebispo de Juiz de Fora. Dom neste dia em Bambuí concelebrou com Dom Serafim.

Termino este slides que trouxe um pequeno, mas muito pequeno resumo da vida de Pe. Mário Gerlim. Agradeço por sua paciência em ver tudo e espero que realmente eu tenha conseguido passar para você que não o conheceu, quem foi Padre Mário.

No último slide você verá uma foto tirada por Pe. Mario lá na colônia em Bambuí, com dizeres dele próprio e que na época virou cartão postal da Paulinas.

JORGE LUIZ MENDESjorgemendespfamiliar@yahoo.com.br

Divinópolis – MG