C:\Fakepath\Literatura De InformaçãO Versus Literatura Indianista
LIMITES E POSSIBILIDADES DA LITERATURA INFANTIL NA … · Literatura é um fenômeno de linguagem...
Transcript of LIMITES E POSSIBILIDADES DA LITERATURA INFANTIL NA … · Literatura é um fenômeno de linguagem...
LIMITES E POSSIBILIDADES DA LITERATURA INFANTIL NA EDUCAÇÃO ESPECIAL: um estudo de caso
Autora: Clarice Maria Loli1
Orientadora: Leonor Dias Paini2
Resumo
Este artigo tem a intenção de refletir sobre a contribuição e a importância da literatura infantil no desenvolvimento e aprendizagem da criança com Síndrome de Down. Utilizou-se de pesquisa bibliográfica sobre literatura infantil para crianças com Síndrome de Down. Metodologia: pesquisa qualitativa em que se utilizou de levantamento de dados, seleção de livros e CD roon, aplicados em seis encontros com atividades de contação de histórias para crianças da pré-escola da Escola Carmem Lúcia Rauen Lopes - Educação Infantil e Ensino Fundamental na Modalidade de Educação Especial. Como resultado, foi possível constatar a contribuição que as atividades com textos literários proporcionaram ao aluno, estimulando a área cognitiva, psicomotora e afetivo/emocional. Evidenciou-se que a literatura Infantil deve ser muito utilizada na educação escolar, de forma intencionalmente planejada e mediada. Embora a leitura possa ser feita em vários espaços, é na escola que ela é desenvolvida e aprendida, pois desempenha um papel fundamental no processo ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Literatura infantil. Contação de história. Síndrome de Down.
1 Introdução
O mundo está vivendo uma época de grandes transformações. A ampliação
dos meios de comunicação, a explosão de recursos eletrônicos, a informatização,
todos trazendo muita informação e diversão. Todas essas inovações têm
1Professora PDE 2010. Professora Especialista da Rede Pública do Estado do Paraná. Escola Carmem Lúcia Rauen Lopes- E.I. e E.F. na
modalidade de Educação Especial de Paranavaí - PR.
2 Orientadora do PDE. Doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano USP/SP. Professora da área de Psicologia da Educação, Departamento de Educação da UEM (Universidade Estadual de Maringá), PR.
influenciado em muitas áreas da sociedade e, entre elas, está a educação e o
ensino.
Nos embates sobre as mudanças educacionais, a literatura infantil é uma
área de destaque. Diante deste quadro, a maior dúvida recai sobre a sobrevivência
dos livros, ou seja, de todo material impresso. Ainda assim, o uso de livros diversos
e de literatura infantil continuou tendo seu lugar garantido na educação, bem como
diz Coelho (2000, p. 15) “É ao livro, à palavra escrita, que atribuímos a maior
responsabilidade na formação da consciência de mundo das crianças e dos jovens”.
Apesar desta valorização dos livros e das artes literárias, a análise realizada
pela especialista Maria Antonieta da Cunha (2008) na pesquisa “Retratos da leitura
no Brasil”, mostra que o índice de leitura melhorou, mas os brasileiros ainda leem
pouco. Uma grande parte da população não conhece materiais de leitura ou
conhece muito pouco. Há uma dificuldade de acesso aos livros e, quando este
ocorre, não há interesse e/ou gosto pela leitura. Muitos declaram não ler por terem
problemas com as habilidades necessárias à leitura. A pesquisa ainda revela que a
leitura não é socialmente valorizada, tanto que a maioria dos leitores disse nunca
terem visto seus pais lendo. Se a família não tem conseguido incutir o valor da
leitura, cabe à escola, hoje universalizada a todos, esta valorização e prazer pela
leitura.
Entre todos estão os alunos com necessidade educacional especial e entre
estes as crianças que apresentam Síndrome de Down. Geralmente elas são
diagnosticadas por uma série de características e uma das mais constantes é a
deficiência intelectual que, segundo a Associação Americana de Desenvolvimento
Mental (apud Voivodic, 2007, p. 43) “é a condição na qual o cérebro está impedido
de atingir seu pleno funcionamento, prejudicando a aprendizagem e a integração
social do indivíduo”, acarretando, consequentemente, em um atraso em todas as
áreas do desenvolvimento em maior ou menor grau.
Na tentativa de aprofundar os conhecimentos sobre este tema, a
problemática de pesquisa se evidencia: até que ponto a contação de histórias de
literatura infantil pode contribuir no desenvolvimento e aprendizagem da criança com
Síndrome de Down?
Diante desta problemática, foi proposto, então, refletir como está sendo
definida a literatura infantil, que estratégias utilizar na contação de histórias, quem é
o aluno com Síndrome de Down e como se caracteriza esta síndrome.
Tais questionamentos conduziram à pesquisa bibliográfica referente à
literatura infantil, seleção de livros e pequenos vídeos, elaboração de atividades de
contação de histórias, descritas na unidade didática, e significação da Síndrome de
Down. Primeiramente, será apresentada a pesquisa teórica sobre literatura infantil e
contação de histórias. Em seguida será caracterizada a Síndrome de Down e
descrito o processo de intervenção pedagógica, realizado no pré-escolar da Escola
de Educação Especial Carmem Lúcia Rauen Lopes, na qual o aluno investigado
estava inserido. Por fim, serão apresentadas as considerações finais.
2 Literatura infantil
Muitos estudos se propõem a refletir sobre o conceito de Literatura Infantil.
Se perguntarem aos pais, professores ou bibliotecários eles irão dizer que é
literatura escrita para crianças, então se percebe que, antes de ser literatura infantil,
ela é literatura. Como a literatura é produzida de acordo com o modo de vida e o
mundo num determinado tempo, vários autores dizem ser difícil defini-la.
Nelly Novaes Coelho, grande pesquisadora do assunto, tem pautado sua
obra em duas idéias:
1. Literatura é um fenômeno de linguagem plasmado por uma experiência vital/cultural direta ou indiretamente ligada a determinado contexto social e à determinada tradição histórica.2. Literatura é arte e, como tal, as relações de aprendizagem e vivências que se estabelecem entre ela e o indivíduo, são fundamentais para que este alcance sua formação integral (sua consciência do eu + o outro + mundo, em harmonia dinâmica) (COELHO, 2000, p.10).
A autora tem razão quando diz que a relação e a vivência com a literatura
são fundamentais para a formação integral do ser humano, pois através da arte ele
tem a oportunidade de se transformar enriquecendo sua experiência de vida, já que
o fenômeno da linguagem tem uma função importante no desenvolvimento
intelectual do homem. Ela é tida como formadora de consciência por abortar temas
na maioria das vezes ligados às questões e situações universais inerentes ao ser
humano.
Sobre a literatura infantil a autora diz que:
A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através das palavras. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/ impossível realização [...] (COELHO, 2000, p. 27).
A literatura oportuniza a criança o entendimento do mundo que a rodeia, de
si mesma, do outro e de seu ambiente, estabelecendo a semelhança imprescindível
entre o verdadeiro e o imaginário, favorecendo o desenvolvimento da personalidade
e da capacidade de expressão, ampliando sua criatividade e seu conhecimento. Ela
apresenta uma linguagem própria e expressa as vivências do ser humano. É uma
comunicação entre o adulto, que escreve, e a criança, que ouve ou lê.
Em Costa (2007, p. 16) “a literatura será entendida como aquela que se
relaciona direta e exclusivamente com a arte da palavra, com a estética e com o
imaginário.”, e que a literatura infantil está inserida neste mesmo contexto, só que
cativando e seduzindo as crianças.
Quando materiais de literatura são oferecidos às crianças, seja lendo para
elas ou deixando-as explorarem os livros mesmo antes de lerem, observa-se como
estes as seduzem e as fazem felizes. Elas entram em um mundo de fantasia e
imaginação, desligando-se do mundo a sua volta, mas, ao mesmo tempo, tendo a
oportunidade de observar e compreender o ambiente em que vivem, aumentando a
sua visão de mundo. Conforme Coelho (2000, p. 15) “é ao livro, à palavra escrita,
que atribuímos a maior responsabilidade na formação da consciência de mundo das
crianças e dos jovens.”.
Segundo Ligia Cadermatori (1986, p. 8), a questão sobre a literatura infantil
está no adjetivo “infantil”, que indica a quem se destina esta literatura com temas,
ponto de vista e linguagem próprias a este público.
Para Lajolo
A literatura é porta de entrada para variado mundos que nascem das várias leituras que dela se fazem. Os mundos que ela cria não se desfazem na última página do livro, na última frase da canção, na última fala da representação nem na última tela do hipertexto. Permanecem no leitor, incorporados como vivência, marcos da história de leitura de cada um (LAJOLO, 2001, p.44).
Os textos literários são escritos apoiados na imaginação, fantasia e mistério.
Falam de coisas reais, mas de um modo fictício e, por isso, eles levam os que
ouvem ou lêem estes textos a desenvolverem o pensamento, a linguagem, os
valores, os padrões de comportamento, enfim, são estímulos a sua imaginação.
As leituras mostram a importância da literatura infantil no processo de
formação da criança desde seus primeiros dias de vida. Abramovich (2008, p.16)
ressalta “Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas,
muitas histórias [...]” e Coelho (2000, p. 43) coloca sobre a literatura feita para as
crianças “[...] é o meio ideal não só para auxiliá-las a desenvolver suas
potencialidades naturais, como também para auxiliá-las nas várias etapas de
amadurecimento que medeiam a infância e a idade adulta.”
Com base em Cademartori (1986), compreende-se que o ser humano só se
torna humano à medida que vai formando conceitos. A infância é o momento
principal nesta formação e a literatura infantil é um instrumento importante para o
homem, sendo uma das manifestações culturais e um dos campos de interpretação
do mundo, pois possibilita a reformulação de conceitos e a autonomia do
pensamento. Como já é sabido, é importante que a criança ouça muitas histórias
repetidas vezes, pois é oralmente que ela faz os primeiros contatos com histórias,
textos, poemas e outros.
Ler para as crianças é despertar o interesse, a atenção, o imaginário e o
mundo das emoções como raiva, tristeza, medo, alegria, insegurança, pavor, paz,
tranquilidade e outras mais; é desenvolver a expressão de idéias e o prazer pela
leitura, responder a tantas perguntas e encontrar soluções e idéias. Através dos
personagens, podem-se perceber os conflitos, impasses, soluções que são comuns
ao ser humano e, assim, entender melhor as próprias dificuldades e encontrar ideias
para a resolução delas. Através das histórias também é possível viajar a outros
mundos e tempos.
Se estar em contato com textos literários é tão importante para a criança, o
trabalho com estes textos na escola também o é, como enfatiza Costa.
Na escola, desde o primeiro dia de sua entrada, a criança precisa ser exposta ao contato com histórias e poemas, contados oralmente pelo professor ou mostrados em livros ao alcance dos olhos e do manuseio da criança. A criação de um ambiente favorável à leitura irá pouco a pouco construindo na mente infantil a imagem de uma atividade enriquecedora e prazerosa. Não se trata apenas de vocabulário, mas de estruturas poéticas e narrativas. A criança aprende a temporalidade dos contos (o antes e o depois das ações), aprende a reconhecer o herói, a importância da ação narrativa, as imagens de movimento, de espaços e caráter dos personagens, bem como a presença de imagens de comparação, metáforas e sinestesias (COSTA, 2007, p. 46).
Coelho também afirma que:
[...] a escola é, hoje, o espaço privilegiado, em que deverão ser lançadas as bases para a formação do indivíduo. E, nesse espaço, privilegiamos os estudos literários, pois, de maneira mais abrangente do que quaisquer outros, eles estimulam o exercício da mente; a percepção do real em suas múltiplas significações; a consciência do eu em relação ao outro; a leitura do mundo em seus vários níveis e, principalmente, dinamizam o estudo e conhecimento da língua, da expressão verbal significativa e consciente – condição sine qua non para a plena realidade do ser (COELHO 2000, p. 16).
O professor, ao trazer a literatura para a sala de aula, proporciona um
diálogo com o aluno, o livro, a sua realidade e a cultura. Quando a criança ouve
histórias, ela tem a oportunidade de refletir, elaborando pontos de vista, trocando
idéias, criando novas situações, questionando ou se identificando com personagens
e atitudes, formando, assim, novas situações ou revelando alguma situação que está
vivendo. É importante que a criança tome gosto pela literatura e crie o hábito de ler.
Para isto, ela deve estar constantemente em contato com materiais de leitura e
estes devem ser utilizados de maneira adequada, favorecendo a aprendizagem e a
construção do conhecimento de maneira prazerosa.
Com relação a isto, Costa cita que:
Para que a literatura cumpra seu papel no imaginário do leitor, é fundamental a mediação do professor na condução dos trabalhos em sala de aula e no exemplo que ele dá a seus alunos, lendo e demonstrando, sempre que possível, a utilidade do livro e o prazer que a leitura traz para o intelecto e a sensibilidade (COSTA, 2007, p. 20).
Para Abramovich (1997), a literatura faz parte da escola, mas questiona a
maneira como ela é proposta às crianças. Muitas vezes, a leitura de um livro,
geralmente escolhido pelo professor, é colocada como uma obrigação, uma tarefa e
com prazo determinado. A autora explica que o professor faz isso por conhecer
muito pouco de literatura infantil e por isso nem sempre o critério de seleção é o da
qualidade e sim aquele mais conhecido ou que teve acesso por outros motivos.
Abramovich (1997) sugere um trabalho sistematizado, no qual o professor
converse sobre o livro lido, dê oportunidade de discussão sobre a história, o começo
e o fim, o ritmo, os personagens, a capa, a encadernação, a paginação, o tipo e o
tamanho das letras, o formato do livro e tantas outras coisas que poderão ser
discutidas. O professor também pode sugerir que os alunos escrevam sobre o que
foi discutido ou sobre algo que foi importante para ele; troquem opiniões e percebam
que sobre o mesmo livro pode haver diferentes opiniões; releiam algo que foi
importante em determinado dia, entre outras atividades que poderão ser realizadas.
Para concluir a autora cita que:
Enfim, simplesmente colocar a leitura do livro infantil brasileiro no currículo escolar não quer dizer nada... Pode-se até estar formando pessoas com ojeriza permanente pela leitura, tal a quantidade de livros ruins que lhes pedem que leiam, aliada a nenhuma crítica que é solicitada [...] (ABRAMOVICH, 1997, p. 148).
Concorda-se com a autora, pois na prática em sala nota-se que alguns
professores tentam fazer um trabalho com a literatura infantil, mas não possuem
uma boa fundamentação teórica e também não têm o hábito da leitura, o que torna
reduzido seu conhecimento acerca do acervo literário, dos autores mais
representativos, de metodologias adequadas, enfim, o seu fazer pedagógico
também se torna reduzido.
Para que a criança possa ter maior benefício ao conviver com a literatura
infantil é preciso observar e respeitar os estágios psicológicos do seu
desenvolvimento, ou seja, adequar os livros às diversas etapas pelas quais a criança
normalmente passa. Segundo Coelho
[...] a inclusão do leitor em determinada “categoria” depende não apenas de sua faixa etária, mas principalmente da inter-relação entre sua idade cronológica, nível de amadurecimento biopsíquico-afetivo-intelectual e grau ou nível de conhecimento/domínio do mecanismo da leitura. Daí que as indicações de livros para determinadas ‘faixas etárias’ sejam sempre aproximativas (COELHO, 2000, p. 32).
Portanto, segundo Coelho (2000), existem cinco categorias de leitor de
acordo com o desenvolvimento psicológico da criança:
Pré – leitor Dos 15/17 meses aos 3 anos (Primeira infância)
A partir dos 2/3 anos (Segunda infância).
Leitor iniciante A partir dos 6/7anos.
Leitor em processo A partir dos 8/9 anos.
Leitor fluente A partir dos 10/11 anos.
Leitor crítico A partir dos 12/13 anos.
O pré-leitor. Esta categoria abrange duas etapas: a primeira infância (dos
15/17 meses aos 3 anos) e a segunda infância (a partir dos 2/3 anos). Na primeira
infância, a atuação do adulto é muito importante na nomeação e manuseio de
objetos, brinquedos, álbuns, desenhos soltos, entre outros, para que a criança vá
relacionando as imagens às palavras. É o momento que inicia o desenvolvimento da
própria linguagem, quando a criança começa a nomear tudo a sua volta. Também é
nesta etapa que a criança toca em tudo que alcança. Ela está, através do tato e dos
contatos afetivos, fazendo o reconhecimento da realidade que a rodeia, dando início
ao desenvolvimento mental.
Na segunda infância inicia-se a fase do egocentrismo, quase não fazendo
distinção entre o mundo interno e o externo. A atuação do adulto aqui continua
sendo fundamental, principalmente no desenvolvimento da linguagem, que deve ser
proporcionado através de brincadeiras e atividades a partir de leitura de livros e
outras atividades lúdicas. Nesta etapa é muito significativo para as crianças tudo o
que se passa ao seu redor. Os livros para esta etapa devem ser ricos em
ilustrações, desenhos e com pouco texto escrito ou até mesmo sem texto para a
criança ir percebendo a relação entre o mundo concreto e o mundo das palavras que
nomeia esse concreto. As ilustrações devem apresentar um contexto conhecido pela
criança com humor, um pouco de mistério e expectativa, apresentando repetições de
elementos que possam prender a atenção e interesse das crianças.
O leitor iniciante (a partir dos 6/7 anos). Aqui ainda é fundamental a
presença do adulto estimulando a criança, que está começando a aprendizagem da
leitura e a decodificação dos símbolos gráficos. Nesta etapa também se dá o início
do processo de reflexão sobre a realidade e de socialização. Os livros para esta
etapa devem narrar situações simples, bem humoradas, cômicas com começo, meio
e fim, com predomínio das imagens sobre o texto. As palavras devem ser simples e
as frases curtas. O enredo pode se desenvolver com fatos do cotidiano ou no
maravilhoso, o importante é que estimule a inteligência, a imaginação e fantasia ou
desperte desejo, alegria, sonhos, frustrações, etc. As personagens podem ser
humanas, bichos, objetos, mas deixando claro, traços do comportamento como bom/
mau, bonito/feio, forte/fraco. Histórias com enredo que estimulem o pensar, o querer
e o sentir.
Leitor em processo (a partir dos 8/9 anos). A criança nesta etapa já
dominou o mecanismo da leitura, mas a presença do adulto continua sendo
importante na estimulação da leitura e na proposição de atividades após as leituras.
Interessa-se por questionamentos e desafios de qualquer natureza. Seu
pensamento está mais desenvolvido, permitindo-lhe efetuar operações mentais. Os
leitores desta etapa sentem grande atração por narrativas que apresentam humor,
sátira, surpresas e que tenham um acontecimento central com começo, meio e fim
bem delineados. Os livros devem ser escritos com frases simples e diretas e ir
gradativamente introduzindo frases mais compostas, ainda com a presença de
imagens. O real e o imaginário também agradam este leitor.
O leitor fluente (a partir dos 10/11 anos). Aqui já está se estabilizando o
mecanismo da leitura. Tem maior capacidade de concentração e de compreensão
de mundo apresentado no livro. Nesta idade está na pré-adolescência e se sente
com maior poder interior, apresenta maior racionalização e inteligência e se acha
capaz de resolver seus problemas sozinho, dispensando o apoio do adulto, muitas
vezes tendo certo desequilíbrio em suas relações, mas sentem forte atração em
participar de grupos. Interessa-se por histórias que apresentam valores políticos e
éticos, por heróis e heroínas que lutam por um ideal, que apresentam desafios,
aventuras ou romances. Os livros podem conter poucas imagens ou até serem sem
imagens. Gostam também de mitos e lendas, deuses e heróis, novelas de ficção
científica ou policial. Agradam-se mais por contos, crônicas e novelas.
O leitor crítico (a partir dos 12/13 anos). Nesta etapa já tem domínio da
leitura e da escrita. Está sendo desenvolvido com mais intensidade o pensamento
reflexivo e a consciência crítica. Interessa-se pelo saber, tem noção do quanto é
importante para se chegar ao fazer e ao poder que almeja para sua realização. Deve
buscar alguns conhecimentos sobre a teoria literária.
Ao se tratar de literatura, deve-se levar em consideração a variedade de
textos escritos, porém não há um consenso entre os teóricos na definição dos
gêneros literários. Coelho (2000) classifica em gênero e subgênero. Como gênero
literário tem-se a poesia, a ficção e o teatro. Como subgêneros da poesia têm-se a
elegia, o soneto, a ode, o hino, a madrigal, etc. Da ficção o conto, o romance, a
novela e a literatura infantil enquanto que do teatro a farsa, a tragédia, a ópera, a
comédia, etc. De acordo com esta classificação, a literatura infantil pertence ao
gênero ficção, dirigida a um público específico. Há uma variedade de formas de
narrativas como fábula, apólogo, parábola, alegoria, mito, lenda, saga, conto e etc.
Costa (2007) considera como gênero da literatura infantil a narrativa e a poesia.
Quanto à narrativa, a autora coloca que há uma variedade de tipos como mito,
lenda, fábula, apólogo, conto, novela, crônica e narrativa mista.
Há diversas maneiras de explorar a literatura infantil na escola e uma delas
é a contação de história. Ela é uma fonte de prazer e contribui para o
desenvolvimento integral da criança. É uma arte e está presente em todas as
culturas.
Abramovich, diz que:
Ler história para crianças, sempre, sempre... É poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelos personagens, com a idéia do conto ou com o jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento [...]É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras idéias para solucionar questões (como as personagens fizeram...). É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos – dum jeito ou de outro – através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas personagens de cada história (cada uma a seu modo)[...] É a cada vez ir se identificando com outra personagem (cada qual no momento que corresponde àquele que está sendo vivido pela criança)... e, assim, esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas[...] (ABRAMOVICH, 1997, p. 17).
Dada a importância das histórias infantis tanto como fonte de prazer quanto
como contribuição ao seu desenvolvimento intelectual e favorecimento à
aprendizagem, não se pode usá-la de qualquer forma, assim como arte não pode
ser feita de qualquer maneira. Primeiramente, deve-se fazer a escolha do que vai
ser contado e esta escolha deve levar em consideração vários fatores como a faixa
etária do ouvinte, o seu interesse, a qualidade literária da obra, o ambiente entre
outros. É necessário que seja bem conhecida, que se tenha lido várias vezes
anteriormente, identificado as partes principais e sentido as emoções que ela
provoca para que ao se narrar a história seja passada a emoção verdadeira. Deve
ser escolhida segundo algum critério seu, ou porque achou engraçada ou porque
mostra alguma situação que está sendo vivida, para que possa provocar na criança
o gosto pela leitura, despertar a motivação de ler por prazer, de sonhar, vivenciar o
encantamento contido nas histórias.
Depois de escolhida e estudada a história, deve-se preocupar com a forma
ou recursos que irão utilizar para apresentá-la. Coelho (1997) destaca algumas
destas formas ou recursos:
• A simples narrativa: é a maneira mais antiga, na qual o narrador se utiliza
somente da voz e da expressão corporal. Esta forma estimula os ouvintes a
usarem a imaginação e a criatividade;
• A narrativa com auxílio do livro: usada principalmente quando a ilustração
complementa o texto. Esta forma de apresentação incentiva o gosto pela
leitura e contribui para desenvolver a sequência lógica do pensamento;
• O uso de gravuras: pode-se utilizar este recurso para ampliar, destacar ou
selecionar as imagens, tanto reproduzindo as gravuras ou fazendo colagens
para montar as cenas. Esta forma permite a organização do pensamento, a
identificação da ideia central, fatos principais e etc;
• Uso de flanelógrafo ou velcômetro: é um recurso visual para ser usado
em histórias em que o personagem principal e outros personagens entram e
saem de cena movimentando-se no enredo, muito prático por possibilitar
este movimento entre os personagens;
• Uso de desenhos: pode-se usar este recurso com histórias de poucos
personagens e traços rápidos. Conforme vai se contando a história, vai
sendo desenhado no quadro de giz ou em uma folha grande de papel e,
conforme o enredo da história, os próprios ouvintes podem ir fazendo ou
completando os desenhos;
• Com a interferência do narrador e dos ouvintes: aqui os ouvintes podem
participar através da voz e/ou gestos, usando uma palavra, frase, uma
cantiga, podendo ser individual ou em grupo. A interferência depende do
narrador que, com sua criatividade e conforme a história, a introduz no texto
para melhor atrair a atenção do público ouvinte.
Como é percebido, há diversas maneiras de se contar histórias e é ela
própria que vai indicar a melhor forma. Há também outros recursos que podem ser
utilizados como fantoches, marionetes, sombras, dobraduras, sucatas, objetos
variados, elementos da natureza, etc. Ainda segundo Coelho (1997), antes de iniciar
a contação, deve-se ter uma breve conversa para facilitar o entendimento da história
e evitar interrupções, tomando cuidado para não antecipar fatos do enredo. São só
alguns esclarecimentos e sondagem sobre o assunto da história e uma oportunidade
para conhecer as crianças e deixá-las falarem. Quando for utilizar o livro, deve-se
mostrá-lo, dando informação sobre o título, o autor, o ilustrador e explorar a
ilustração da capa, fazendo algumas perguntas sobre o que estão vendo, o que
pode estar acontecendo ou o que acham que vai acontecer ou aconteceria, ou seja,
colocar questões para que as crianças levantem hipóteses, antecipem os
acontecimentos da história ou não.
Alguns itens devem ser observados para obter êxito na contação:
• Estar consciente de que a história que é importante;
• Contar com naturalidade e espontaneidade sem ser artificial, sem
exagero nos gestos e expressões faciais e corporais;
• O momento deve ser agradável. As crianças devem estar bem
acomodadas, pode ser sentadas em semicírculo no chão ou em
cadeiras;
• É com a voz que se transmite a emoção. É importante saber usá-la de
acordo com o que se está contando. Em determinado momento
levante o tom de voz, acelere, sussurre, suavize, dê pausas para que
a criança imagine a situação;
• Quando se está narrando, podem ocorrer interrupções tanto como
complemento como fora do contexto da história. Se for um
complemento, confirme com um gesto, um sorriso ou uma palavra. No
segundo caso olhe, dê um sorriso e com um gesto peça para
aguardar. Assim que terminar, dê oportunidade para a criança se
expressar;
• Ao terminar a contação, geralmente as crianças pedem que a história
seja contada novamente. Se as circunstâncias permitirem, é bom
contar outra vez. Também é bom repeti-la em outros dias, dando
oportunidade para que sintam o prazer e as emoções novamente;
• Após a contação, pode-se fazer uma roda de conversa, fazendo
comentários e questionamentos não como uma interpretação e nem
para salientar a mensagem contida na história, mas para que a
criança se expresse e ao mesmo tempo revele como percebeu a
mensagem e/ou personagens.
Terminada esta etapa, pode-se propor atividades a partir da história. Há
diversos tipos de atividades que podem ser desenvolvidas para enriquecimento
associadas a outras práticas educativas como dramatização, desenhos, colagens,
pintura, modelagem, dobradura, construção de brinquedos e tantas outras, conforme
o enredo da história.
3 Síndrome de Down: do que estamos falando?
A Síndrome de Down ocorre devido a um erro genético e pode ser
diagnosticada logo após o nascimento por apresentar pelo menos seis dentre um
conjunto de dez características específicas, que foram descritas por Hal (apud
Schwartzman, 1999, p.31):
- Reflexo de Moro hipoativo;
- Hipotonia;
- Face com perfil achatado;
- Fissuras palpebrais com inclinação para cima;
- Orelhas pequenas, arredondadas e displásicas;
- Excesso de pele na nuca;
- Prega palmar única;
- Hiperextensão das grandes articulações;
- Pélvis com anormalidades morfológicas ao Raio-X;
- Hipoplasia da falange média do 5º dedo.
Para confirmar o diagnóstico, pode ser feito um exame genético chamado
cariótipo. Esse erro genético ocorre por acaso durante a divisão celular no início da
formação do bebê. Na célula normal existem 46 cromossomos divididos em 23
pares. Os indivíduos que apresentam a síndrome apresentam 47 cromossomos
sendo o cromossomo extra ligado ao par 21, por isso às vezes pode ser chamada
trissomia do 21. Esta alteração pode ocorrer de três formas: a trissomia do 21
padrão ou simples e está presente em cerca de 95% dos casos; a trissomia por
translocação, na qual o cromossomo 21 extra está aderido a um outro par
geralmente o 14 e ocorre em aproximadamente 3% dos casos; e o mosaico, no qual
há uma mistura de células normais e células trissômicas e ocorre em
aproximadamente 2% dos casos. A incidência deste erro genético é de 1:600 a
1:800 nascidos vivos e é maior conforme aumenta a idade da mãe.
Como as crianças com Síndrome de Down apresentam características
físicas semelhantes, pode-se pensar que o mesmo acontece com seu
comportamento e desenvolvimento, mas isso não é real. Segundo Schwartzman:
[...] não há um padrão estereotipado e previsível em todas as crianças afetadas, uma vez que tanto o comportamento quanto
o desenvolvimento da inteligência não dependem exclusivamente da alteração cromossômica, mas também do restante do potencial genético bem como das importantíssimas influências derivadas do meio (SCHWARTZMAN, 1999, p. 58).
Popularmente tem se afirmado que as pessoas com Síndrome de Down são
sossegadas, carinhosas, teimosas, mas nem sempre apresentam estas
características, podendo haver variação no comportamento e diferenças quanto ao
potencial genético, características raciais, familiares e culturais, assim como nas
pessoas que não apresentam alterações cromossômicas.
Quanto ao desenvolvimento da inteligência, a deficiência mental em maior
ou menor grau é uma das características mais constantes, provocando um atraso
em todas as áreas do desenvolvimento. Contudo, ressalta Schwartzman que:
Quando discutimos o prognóstico destes pacientes é importante deixar claro que há grande variabilidade clínica tanto no que se refere aos aspectos físicos quanto cognitivos. Algumas crianças são muito mais afetadas do que outras, de forma que o espectro do comportamento é muito amplo. Não temos elemento para afirmar prognósticos seguros quanto ao grau de comprometimento destas crianças durante os dois primeiros anos de vida. Muito embora alguns autores tenham tentado correlacionar dados físicos, tais como hipotonia muscular e peso de nascimento, com o desenvolvimento ulterior, estes dados deverão ser interpretados com muita cautela, uma vez que se sabe que algumas crianças com graus severos de hipotonia demonstram desenvolvimento bastante razoável nas ares da linguagem e cognição (SCHWARTZMAN, 1999, p.59).
Segundo Melero (apud Voivodic, 2007, p. 43), “a inteligência não se define,
se constrói. A genética representa apenas uma possibilidade, e as competências
cognitivas são algo que se adquire.” Quanto ao desenvolvimento motor, todos os
marcos (sentar, ficar em pé, andar) aparecerão mais tarde. Para Schwartzman
(1999), a presença de hipotonia muscular colabora para este atraso motor e esse
atraso evidentemente interfere no desenvolvimento de outras áreas.
A área que a criança com Síndrome de Down geralmente apresenta maior
atraso, segundo Schwartzman (1999), é a área da linguagem. Em média, emitem a
primeira palavra aos 18 meses e começam a juntar palavras aos 30 meses e
geralmente compreendem mais do que emitem. Apresentam dificuldades
articulatórias que podem persistir até a vida adulta. Apesar destas dificuldades, a
maioria compreende as regras utilizadas na conversação e faz uso funcional da
linguagem, sendo bastante variável o desenvolvimento das habilidades
comunicativas.
As crianças com Síndrome de Down apresentam déficit de atenção segundo
Voivodic (2007), podendo comprometer seu envolvimento em atividades e seu modo
de explorar o meio. Segundo Melero (apud Voivodic, 2007, p. 45), “as famílias e os
profissionais que lidam com a criança, através da estimulação, podem ajudar a
diminuir o déficit, ensinando a prestar atenção, ou seja, ensinado-a a atender”. Além
de apresentarem déficit de atenção, apresentam também déficit de memória,
principalmente na memória auditiva imediata, não retendo as informações, o que
prejudica a produção e o processamento da linguagem. Ainda segundo Voivodic
(2007), apresenta déficit na memória em longo prazo, podendo interferir na
generalização, na elaboração de conceitos e no planejamento de situações.
Quanto ao brincar, segundo Schwartzman (1999), a criança com Síndrome
de Down brinca mais ou menos seguindo o mesmo padrão que as crianças em
geral, sendo observadas pequenas diferenças. Talvez por apresentarem menor
habilidade motora, tendem a manipular e explorar menos, mas de modo geral
demonstram uma atividade lúdica adequada ao seu nível cognitivo, com exceção
para o uso do faz de conta. Nestas áreas e em outras se observa a grande
importância de ter um planejamento de intervenções iniciadas o mais precocemente
possível. É no seio da família, primeiro grupo social, que a criança viverá suas
primeiras experiências sociais, emocionais e de aprendizagem. Ocorre que muitas
vezes essas experiências podem ficar comprometidas devido ao impacto sofrido
pelos pais ao receberem a notícia que o filho apresenta Síndrome de Down. Para
que a família supere este impacto, é necessária a mediação de profissionais,
mostrando as possibilidades de desenvolvimento e não somente os aspectos
negativos.
O segundo grupo social que a criança deve participar é o da escola, que se
inicia com a educação infantil (de zero a cinco anos). É na escola que vai se
adquirindo gradativamente conhecimentos cada vez mais complexos e necessários
à formação. É também na escola que a criança passa a conviver com um grupo
diferente do ambiente familiar, exigindo dela novas formas de interação social. As
crianças que apresentam Síndrome de Down podem ser matriculadas tanto em
escolas regulares como em escolas especiais, porém em ambas os desafios são
grandes, conforme se vê nas Diretrizes Curriculares da Educação Especial:
No entanto, o desafio da participação e aprendizagem, com qualidade, dos alunos com necessidades educacionais especiais, seja em escolas regulares, seja em escolas especiais, exige da escola a prática da flexibilização curricular que se concretiza na análise da adequação de objetivos propostos, na adoção de metodologias alternativas de ensino, no uso de recursos humanos, técnicos e materiais específicos, no redimensionamento do tempo e espaço escolar, entre outros aspectos, para que esses alunos exerçam o direito de aprender em igualdade de oportunidades e condições ( PARANÁ, 2006, p.9).
Neste sentido, percebe-se que as escolas devem concentrar esforços para
desenvolver e potencializar as capacidades do aluno, adequando o currículo às
necessidades especiais deste, selecionando objetivos, conteúdos e estratégias de
modo que melhor favoreçam seu desenvolvimento.
4 Da mediação e implementação do projeto na escola
A implementação foi realizada no segundo semestre de 2011.
Primeiramente, foi apresentado, durante a semana pedagógica, o projeto de
intervenção pedagógica para direção, equipe pedagógica, professores e funcionários
com o objetivo de socializar o projeto com todos os profissionais da escola. Em
seguida, foi selecionado um aluno com Síndrome de Down, matriculado na
Educação Infantil da Escola Carmem Lúcia Rauen Lopes –E.I. e E.F. na Modalidade
de Educação Especial de Paranavaí.
Na sequência, foi iniciada a coleta de dados sobre a vida da criança através
de entrevista com a mãe, relatórios da equipe multidisciplinar e de avaliação
pedagógica da professora e fez-se o primeiro contato com a turma para o
estabelecimento de vínculos afetivos.
Os encontros para aplicação das atividades de contação de histórias que
constam na unidade didática foram semanais na turma do pré-escolar, na qual o
aluno investigado estava inserido, com a intenção de observar fatores que
comprovem que a literatura pode ser um recurso importante no desenvolvimento e
aprendizagem do aluno com Síndrome de Down. As atividades foram planejadas
visando estimular as áreas do desenvolvimento infantil, mas em especial a atenção,
imaginação, memória, percepção e linguagem a partir da escuta de textos literários.
Apresentam-se neste texto, de maneira sintetizada, os dados coletados na
entrevista com a mãe, dados de relatórios e dos encontros para aplicação das
atividades de contação de histórias. O nome próprio do sujeito da pesquisa foi
substituído pelo pseudônimo André para preservar sua identidade.
Na entrevista com a mãe foram levantados os dados a seguir: André nasceu
aos 02/01/2006, do sexo masculino, agora com idade de 5 anos e 8 meses, filho de
S.A.G., com 39 anos de idade, secretária com 1º grau completo, e de R.F., com 54
anos, gerente de serviços. Assim que a criança nasceu, a mãe ficou sabendo que
ela apresentava Síndrome de Down, confirmada pelo exame do cariótipo. Aos 6
meses de idade, ele foi encaminhado pelo médico à escola especial na qual está
frequentando. Faz acompanhamento no contra turno com fonoaudióloga, psicóloga,
terapeuta ocupacional e fisioterapeuta (equoterapia). Tem um primo de 1º grau e um
parente distante com a mesma síndrome. No momento não apresenta nenhuma
doença, não utiliza medicamentos e faz uso de palmilha por ter uma perna mais
curta que a outra.
André tem um irmão 14 anos mais velho por parte da mãe, que não mora na
mesma casa, mas se encontram todos os dias. Atualmente mora com a mãe, os
avós e um tio materno. Os pais são separados e André passa os finais de semana
com o pai. Em seu dia-a-dia acorda cedo, geralmente não sai de casa e fica
assistindo televisão, DVD gospel e infantil, rabiscando com caneta e/ou giz de cera,
andando de bicicleta ou brincando, quase sempre com seus animais de borracha. A
mãe é evangélica e leva André duas vezes por semana à igreja, onde ele é aceito
por todos, gosta de participar batendo palmas e tentando cantar. Não aceita dormir
sozinho, por isso ainda dorme com a mãe e apresenta sono normal. André tem
controle do esfíncter vesical diurno, a noite usa fralda e ainda não controla o anal.
Tem bom relacionamento com os vizinhos e com os de casa, gosta de cooperar
tentando varrer ou passar pano no chão.
Quanto aos limites, às vezes apresenta teimosia, respeitando somente na
hora que é chamada sua atenção, logo voltando a fazer o que não deveria. Nos
finais de semana brinca com outras crianças da mesma idade ou menores, sai com
o pai para ver futebol e já internalizou esta rotina dizendo para a mãe “papai la”, o
que quer dizer que o papai vai levá-lo ao jogo de bola. Também costuma leva-lo à
praça para brincar no parquinho infantil e quando há alguma festa que a família
participa André sempre o acompanha.
Sua comunicação em casa é através de apontamentos, gestos e algumas
palavras como vô, vó, mama, bala. Tenta relatar fatos ocorridos na escola e mostra
tudo o que leva. A mãe percebe que o filho vem melhorando na linguagem e no
comportamento e espera que ele seja alfabetizado, mas o mais importante para ela
é que o filho seja feliz.
No exame do cariótipo e nos relatórios da equipe multidisciplinar e da
professora foi possível levantar os dados a seguir: Seu diagnóstico é Síndrome de
Down por trissomia livre. Apresenta atraso no desenvolvimento neuropsicomotor,
déficit cognitivo, distúrbio de linguagem e hipotonia orofacial. Quanto aos órgãos
fonoarticulatórios, ocorre redução do tônus dos lábios, das bochechas e da língua.
Esta permanece protuída e, consequentemente, ocorre falta de controle motor dos
órgãos responsáveis pela articulação. Os lábios se encontram entre abertos,
podendo ser observada a respiração oral.
Apresenta boa socialização com iniciativa para ações comunicativas e
interações socioafetivas, demonstrando afetividade e carinho, adaptando-se bem às
pessoas e situações novas. Compreende ordens simples e apresenta reação e
expressão facial e corporal diante de situações ou emoções diversas. É participativo
durante as atividades propostas, não tendo preferências, gosta de todas elas e,
quando não consegue realizar alguma atividade, faz tentativa e pede ajuda. Quando
desrespeita regras e normas e é chamada sua atenção, obedece de imediato e logo
volta a fazer novamente. Nas atividades de rotina diária como escovar dentes,
utilizar sanitários e demais necessita de orientação e apoio.
Sua coordenação motora global é boa, necessitando de apoio apenas em
atividades de equilíbrio. A coordenação motora fina está sendo trabalhada com
moldes vazados e giz de cera para o estabelecimento de limites. Quando utiliza lápis
de cor, pinta com rabiscos e ainda não definiu a lateralidade. Quanto ao recorte,
necessita do auxilio da professora e utiliza tesoura adaptada. É um aluno assíduo e
a família demonstra interesse e preocupação com a vida escolar do filho.
Para a aplicação das atividades foram realizados seis encontros, dos quais
serão relatados três.
Para o primeiro encontro foi escolhida a história “O sapo bocarrão”, de Keith
Faulker, com ilustrações de Jonathan Lambert e tradução de Heloisa Jahn. Para
iniciar, os alunos sentaram em semicírculo nas cadeiras e foi dito que conheceu-se
uma história de animais, que será contada hoje. Foram levados vários animais em
uma caixa surpresa e foi-se tirando e perguntando “será que na história tem
cachorro, pato, sapo...?”, até terminá-los. Depois a caixa foi passada e foi permitido
que os alunos tirassem os animais e os nomeassem. Em seguida, foram dadas
várias dicas sobre o animal principal da história até que a advinha foi solucionada e
conversou-se com os alunos sobre as características do sapo, dando-lhes
informações que os auxiliassem na compreensão da história.
André demonstrou não compreender a situação da adivinha, mas
demonstrou interesse pela atividade já se sentando em uma cadeira numa atitude de
expectador, com uma postura de espera e atenção junto aos seus pares, mostrando
sentimento de pertença ao grupo. Ao tirar os animais da caixa surpresa, André
demonstrava com o olhar e o corpo a surpresa, mas não nomeava os animais. Por
apresentar atraso no desenvolvimento da linguagem se expressa pouco oralmente,
fazendo tentativas de expressão de palavras, emitindo, às vezes, o início ou o final
delas, como, por exemplo, cachorro “ca”, sapo “po”. Mesmo não nomeando os
animais ele fez questão de participar quando a caixa ia passando e os alunos tirando
um animal e nomeando-os. Era nítido seu interesse em participar.
Esta narração foi realizada com o auxilio do livro. Fez-se a exploração da
capa e da imaginação dos alunos através de perguntas para que levantassem
hipóteses sobre o conteúdo da história. Embora André não se expresse oralmente,
ele levantava para mostrar com o dedo o desenho do sapo e da mosca que
aparecem na capa do livro. Passou-se para a narrativa da história, mostrando as
dobraduras surpresas que estão no meio das páginas, mas sem explorá-las da
primeira vez. Somente na segunda vez foram exploradas as imagens, chamando a
atenção para alguns elementos como, por exemplo, “vamos imitar a boca do sapo”.
André imitava abrindo a boca e espichando a língua para fora como o sapo.
Demonstrou muito interesse pelo livro, levantando e tentando pegá-lo da mão da
narradora, o que foi permitido a todos os alunos.
Após a contação, foram entregues figuras variadas de sapo para que as
crianças pintassem, carimbassem com o dedo e tinta guache as manchas no
desenho e recortassem para posteriormente serem coladas em um cartaz com o
título da história para que ficasse na sala. André tentou pintar com lápis de cor,
rabiscando o desenho, mas ainda sem limite. Para o carimbo das manchas e recorte
do desenho ele necessitou de ajuda, mas em nenhum momento rejeitou a atividade,
pelo contrário, demonstrou interesse e um pouco de ansiedade para realizar esta
atividade.
Para o segundo encontro, antes da data marcada para apresentar a história
“Que barulheira“, de Therezinha Casassanta, com ilustrações de Edna de Castro, foi
enviado um bilhete aos pais perguntando se as crianças tinham animais em casa e
qual era. André não tem animal e a mãe explicou que acha o filho pequeno e sem
noção de perigo.
No dia de contar a história, com os alunos sentados em semicírculo, foi
falado que conheceu a história de um menino que tinha vários bichos e foi
perguntado se eles tinham animais em casa e, com o auxilio das respostas obtidas
através dos bilhetes, direcionou-se as perguntas como “Quem tem cachorro, gato,
galinha?”. Permitiu-se que os alunos falassem sobre seus animais e conforme
falavam eram feitas novas perguntas como “Que som faz o cachorro?”. André
imitava os colegas quando esses diziam “au, au” ou “miau, miau”, interagindo com o
grupo.
Após esta conversa, foi falado o nome da história e passou-se a narração
com o auxílio de “palitoches” com as figuras do menino e dos dez animais que
aparecem na história (cachorro, gato, pato, peru, canário, galinha, cabrito, arara,
vaca e papagaio). Terminada a narração, foi-se explorando as figuras dos animais,
principais características e principalmente o som onomatopaico que cada animal
produz. André participou emitindo os sons do cachorro, gato, galinha, cabrito e vaca.
Feito isso, foi entregue um palitoche para cada aluno, deixando-os explorar
e era solicitado “Quem está com a vaca vem aqui na frente” e era perguntado “Como
a vaca respondeu para o menino?”. André queria vir na frente toda vez e era
necessário chamar sua atenção para observar com qual animal ele estava, o que
demonstra que ele compreendia a ordem dada, mas não observava com qual animal
estava. Quando era solicitado que todos repetissem o som, André também repetia.
Durante toda a atividade o aluno mostrou-se estimulado.
Concluída esta etapa, mostrou-se o livro e, ao passar as páginas, os alunos
iam descobrindo os animais. André levantava e vinha até o livro para apontar com o
dedo os animais e fez questão de folhear o livro. Após a exploração da história, os
alunos se acomodaram nas carteiras de dois em dois e foi dado o jogo de memória
com figuras de animais. Foram explicadas as regras e iniciou-se o jogo. André não
compreendeu a regra do jogo e queria virar todas as figuras até encontrar a figura
igual.
No terceiro encontro, foi apresentado o filme com a história “Os três
porquinhos”, da Walt Disney. Foi pedido às crianças que se sentassem nas cadeiras,
que já estavam em semicírculo, e contou-se que elas iriam assistir ao filme que
conta a história de três porquinhos. Conversou-se com os alunos sobre esse animal,
se já viram, o que gosta de comer, etc. André ficava atento, mas não respondia
oralmente as perguntas, mas demonstrava interesse no que os outros estavam
falando e quis participar emitindo sons incompreensíveis. Após esta conversa, foi
iniciado o filme. André ficou atento o tempo todo, reagindo com expressões faciais e
corporais de alegria, quando os porquinhos cantavam e dançavam; de medo, se
segurando na cadeira quando o lobo aparecia; e de satisfação quando o lobo saiu
correndo todo queimado. Terminado o filme, os alunos solicitaram que fosse
passado novamente. Nesta segunda vez, André imitava o sopro do lobo. Esta
linguagem não verbal indica que está havendo compreensão, interação social e
presença de conceitos internalizados.
Terminado o filme, foram feitas perguntas sobre a história e sobre o medo.
Alguns falaram sobre seus medos e André não respondia verbalmente, emitindo
sons “a, a, a,” não sendo possível concluir se compreendia as perguntas, mas ficava
no grupo tentando participar. Em seguida, os alunos se acomodaram em suas
carteiras e foram entregues a eles desenhos com os rostos dos três porquinhos e do
lobo mau para confecção de dedoches utilizando rolinhos vazios de papel higiênico.
André pintava usando giz de cera com dificuldade quanto ao limite, mas gostava de
fazer todas as atividades propostas. Para o recorte das figuras, foi necessário o
auxilio da professora utilizando a tesoura adaptada e a colagem foi feita pela
professora na frente do aluno, pois André ainda não conseguia dosar a quantidade
de cola. Ele gostava de confeccionar objetos que pudesse levar para casa e ficava
satisfeito ao ver suas produções. Em entrevista com a mãe, esta relatou que, ao
chegar em casa, já tirava os objetos da bolsa para mostrar aos familiares e fazia
tentativas de relato, gesticulando, emitindo sons, tentando se fazer entender.
Nos demais encontros foram trabalhadas as histórias “Luciana em casa da
vovó”, de Fernanda Lopes de Almeida, com ilustrações de Agostinho Gisé; “O pote
de melado”, de Mary França, com ilustrações de Eliardo França e o vídeo “O patinho
feio” os quais estão descritos no material didático.
Neste mesmo semestre, apresentou-se a 15 professores da Educação
Básica da Rede Estadual de Ensino de vários municípios do Paraná o projeto, a
produção didático pedagógica e o plano de implementação do projeto na escola
através do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), que é uma das atividades previstas
no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE/PR), utilizando-se mídias
interativas.
Iniciou-se questionando o uso da literatura infantil e a necessidade de
aprofundamento teórico. As cursistas afirmaram que a literatura infantil é utilizada
em suas escolas de diversas formas, mas não sistematicamente. Relataram também
que sempre há necessidade de aprofundamento teórico e que um curso como esse
possibilita aprofundamento e retomada de estudos referente ao assunto, além de
proporcionar troca de experiências entre as participantes e motivação entre os
professores que não estão fazendo o curso, pois sempre há comentários e relatos
sobre os conteúdos dos GTRS nos momentos de hora atividade dos professores nas
escolas.
Foram apresentadas várias formas de contação de histórias, das quais
algumas foram destacadas juntamente com reflexões quanto à importância do
conhecimento prévio da história e o uso de diversos recursos para despertar o
interesse e o prazer pelas histórias. O recurso mais destacado foi o uso de
fantoches por ser de fácil manuseio tanto pelo professor como pelos alunos e foram
sugeridas outras formas como, por exemplo, uso de sino para iniciar a história, de
fantasia de acordo com algum personagem, avental com velcro, uso de um elemento
da própria história, de músicas, entre outros.
Os textos elaborados deixaram claro, que o projeto e a produção didático-
pedagógica são relevantes tanto para a escola pública como para a escola especial,
pois a maioria dos alunos tem seu primeiro contato com a literatura infantil na escola
e que contar história é dar ao aluno a oportunidade de contato com o mundo real e
imaginário, contribuindo para sua formação afetiva, cognitiva, social e cultural.
Também foi ressaltado que a mediação do professor é fundamental para
que o aluno tome gosto pela literatura e, para isso, além de levar obras literárias
para a sala de aula, o professor deve desenvolver o hábito da leitura, tanto de obras
literárias como de fundamentação teórica sobre o assunto. Várias participantes
destacaram a importância da interação professor/aluno/família, com sugestões de
projetos envolvendo a família, como empréstimos de livros no final de semana para
serem lidos em casa por algum familiar que, além de contribuir com o
desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, reforça os vínculos afetivos. Outra
sugestão foi que os pedagogos juntamente com os professores elaborem projetos
para que a literatura seja contemplada no plano de trabalho docente pelo menos
uma vez por semana, tornando o uso deste recurso uma rotina na escola, mas que
para isso as escolas necessitam ampliar o acervo existente e deixar os livros
acessíveis tanto para os alunos como para os professores.
As discussões mostraram que trabalhar com literatura não exige apenas que
o professor goste de ler ou de contar histórias, mas é necessária também uma
preparação adequada, com o uso de recursos diversificados e interessantes, que
tornem a contação um momento único, prazeroso e cheio de encanto. Para alcançar
um ensino de qualidade, se faz necessário que o professor descubra critérios e que
saiba selecionar as obras literárias a serem trabalhadas com os alunos, além de
procurar melhores meios para desenvolver a sensibilidade literária, selecionando
materiais e mediando as atividades de forma que os elementos literários presentes
nos textos contribuam para ampliar os conhecimentos, propiciando aprendizagem e
desenvolvimento.
5 Considerações finais
A pesquisa possibilitou a confirmação do que já se acreditava: o uso da
literatura infantil pode contribuir no desenvolvimento e aprendizagem de crianças
com síndrome de Down. Sabe-se que as características mais constantes em criança
com esta síndrome é a deficiência intelectual, déficit de atenção e de memória,
principalmente a memória auditiva imediata (Voivodic, 2007), atraso na área da
linguagem (Schwartzman, 1999), além de outras, causando prejuízo na
aprendizagem e no desenvolvimento. Todas estas características devem ser
compreendidas pelo professor para que estimule, valorize e intervenha em todos os
momentos de aprendizagem. Neste contexto, surge a necessidade de se concentrar
esforços adequando objetivos, conteúdos, adotando metodologias e estratégias
alternativas de modo a favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem.
Para esta pesquisa, a estratégia de ensino escolhida foi a contação de
histórias, possibilitando o desenvolvimento da atenção, da imaginação, da
linguagem e tantas outras áreas como diz Coelho (2000,p.10) “Literatura é arte e,
como tal, as relações de aprendizagem e vivências que se estabelecem entre ela e o
indivíduo, são fundamentais para que este alcance sua formação integral...”.
A implementação pedagógica possibilitou a observação dos benefícios que
as atividades com textos literários proporcionaram ao aluno, estimulando a área
cognitiva (atenção, concentração, memória, percepção, linguagem, raciocínio e
conceituação), psicomotora (imagem e esquema corporal, organização espacial e
temporal e a coordenação motora global e fina) e afetivo/emocional. Mostrou a
importância de se conhecer o aluno, saber a sua história, o desenvolvimento motor,
cognitivo, emocional, as maiores necessidades no processo ensino aprendizagem
para poder intervir de modo que o aluno avance em sua aprendizagem e no seu
desenvolvimento.
Também ficou claro que a literatura Infantil deve ser muito utilizada na
educação infantil, mas não de qualquer maneira ou de improviso, mas sim de forma
intencionalmente planejada e mediada como diz Valdez e Costa (2007, p. 182)
“Precisamos priorizar as atividades lúdicas não somente como atividades isoladas,
mas disponibilizar à criança o patrimônio material e cultural, o que é direito dela...”, e
que para a escolha de uma história é necessário ter o hábito da leitura, observar a
idade cronológica, o desenvolvimento intelectual, o interesse, a qualidade da obra, o
ambiente e, acima de tudo, ter sido analisada , estudada e escolhida a melhor forma
de apresentação de modo a favorecer o envolvimento do aluno, mantendo um nível
considerável de atenção e interesse.
A pesquisa confirmou a necessidade de muito estudo e leitura para um bom
encaminhamento pedagógico das atividades docentes. Portanto, há que se
conquistar junto aos sistemas de ensino melhores condições de trabalho como a
ampliação do tempo destinado ao planejamento de atividades e a garantia de
formação continuada, como este programa de desenvolvimento educacional que
está se encerrando, o qual, pelo seu formato, possibilitou dedicação exclusiva,
retorno à academia, troca de experiências e aprofundamento teórico/prático pessoal
e coletivo através do grupo de trabalho em rede. Levando todos estes aspectos em
consideração, acredita-se que este programa possa contribuir para a melhoria da
educação paranaense.
Referências
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil : gostosuras e bobices. 5. ed. São
Paulo: Scipione, 2008. (Pensamento e Ação no Magistério).
ALMEIDA, Fernanda Lopes. Luciana em Casa da Vovó. Ilustrações de A. Gisé.
3. ed. São Paulo: Ática, 1994.
CADEMARTORI, Lígia. O que é literatura infantil . São Paulo: Brasiliense,
1986. (Coleção Primeiros Passos).
CAMARGO, Janira Siqueira; ALENCAR, Gisele Aparecida Ribeiro de. A contação de
história com objetos “mágicos”. In: CARBELLO, Sandra Regina Cassol; COMAR,
Sueli Ribeiro (Orgs.). Educação no século XXI : múltiplos desafios. Maringá:
EDUEM, 2009.
CASASANTA, Therezinha. Que Barulheira. Ilustrações de E. de Castro. São
Paulo: FTD, 1986.
COELHO, Maria Betty. Contar histórias : uma arte sem idade. 7. ed. São Paulo:
Ática, 1997.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil : teoria, análise, didática. 1. ed. São
Paulo: Moderna, 2000.
COSTA, M. M. da. Metodologia do ensino da literatura infantil . Curitiba:
IBPEX, 2007.
CUNHA,Maria Antonieta A. Acesso à leitura no Brasil: considerações a partir da
pesquisa. In: AMORIM, Galeno. (Coord.). Retratos da Leitura no Brasil . São
Paulo: Instituto Pró-Livro, 2008. Disponível em:
<http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/dados/anexos/48.pdf>. Acesso em: 21 dez.
2010.
DISNEY, Walt. Os três porquinhos . Animation Collection. Seleção de curtas
clássicos. Disney, 2009. DVD.
FAULKNER, Keith. O Sapo Bocarrão : um livro de dobraduras-surpresa.
Ilustrações de J. Lambert. trad. H. Jahn. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1995.
FRANÇA, Mary. O Pote de Melado . Ilustrações de Eliardo França. 21. ed. São
Paulo: Ática, 2000.
LAJOLO, Marisa. Literatura : leitores e leitura. São Paulo: Moderna, 2001.
MUNDO TODOLIVRO. O Patinho Feio . Editora Todolivro, 2011. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=liWISgGDr9M&feature=related >. Acesso em:
30/05/2011.