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Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, Recife, vols. 5 e 6, p.19-31, 2008-2009. – OBITUÁRIO – LINDALVO FARIAS: Reminiscências da trajetória de um Engenheiro Agrônomo OSVALDO MARTINS FURTADO DE SOUZA 1 CONCEIÇÃO MARTINS 2 1 Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, Recife, Pernambuco. 2 Biblioteca Central da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Pernambuco. _______________ 1. O MENINO, O JOVEM E OS TEMPOS DO COLÉGIO MARISTA As recordações da adolescência, ainda vivas, emocionam. Lembrar os tempos idos do Colégio Marista nos anos de 1936 e 1937 é rever na memória as imagens dos colegas de classe, os bons momentos em sala de aula, as brincadeiras. É ouvir as risadas juvenis, o corre-corre, o burburinho dos corredores do Colégio. É, porém, recordar o menino chamado Lindalvo Farias. Saudades, dos jogos de botão de mesa, quase todas as tardes, na sala de jantar da casa de Antônio Maria, na esquina da Rua Conde da Boa Vista com a Rua da União. Lembranças de muitos momentos que não voltam mais. Passados todos esses anos, o Colégio Marista do Recife encerrou suas atividades – parece até propósito inusitado. Segundo Hilton Duarte, também ex-aluno daquele estabelecimento de ensino, no ano da santificação do Padre Marcelino Champagnat (1789-1840), foi fundado, em 2 de janeiro de 1817, na França, o Instituto dos Pequenos Irmãos de Maria, posteriormente transformado em Irmãos Maristas. Instituição que tinha como objetivo difundir o culto à Maria e ensinar a mocidade e jovens camponeses. ______________________________________ Artigo em homenagem à memória do saudoso Engenheiro Agrônomo e Professor, Lindalvo Virgínio de Farias, formado pela Escola Superior de Agricultura de Pernambuco (ESAP) em 1947. Titular da cadeira de nº 23 e 2º Vice Presidente da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica. Paraibano de Boa Vista de Cabaceiras, nasceu em 03 de junho de 1920 e faleceu no Recife em 28 de abril de 2009. 1 Engenheiro Agrônomo, Professor aposentado da UFRPE e Titular da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica. 2 Bibliotecária da UFRPE, Mestre em Comunicação, Coordenadora do Núcleo do Conhecimento “Prof. João Baptista Oliveira dos Santos”, Sócia Benemérita da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica.

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– OBITUÁRIO –

LINDALVO FARIAS:Reminiscências da trajetória de um Engenheiro Agrônomo

osvaldo martins Furtado dE souza1

ConCEição martins2

1 Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, Recife, Pernambuco.2 Biblioteca Central da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Pernambuco.

_______________

1. o mEnino, o jovEm E os tEmpos do Colégio marista

As recordações da adolescência, ainda vivas, emocionam. Lembrar os tempos idos do Colégio Marista nos anos de 1936 e 1937 é rever na memória as imagens dos colegas de classe, os bons momentos em sala de aula, as brincadeiras. É ouvir as risadas juvenis, o corre-corre, o burburinho dos corredores do Colégio. É, porém, recordar o menino chamado Lindalvo Farias.

Saudades, dos jogos de botão de mesa, quase todas as tardes, na sala de jantar da casa de Antônio Maria, na esquina da Rua Conde da Boa Vista com a Rua da União. Lembranças de muitos momentos que não voltam mais.

Passados todos esses anos, o Colégio Marista do Recife encerrou suas atividades – parece até propósito inusitado. Segundo Hilton Duarte, também ex-aluno daquele estabelecimento de ensino, no ano da santificação do Padre Marcelino Champagnat (1789-1840), foi fundado, em 2 de janeiro de 1817, na França, o Instituto dos Pequenos Irmãos de Maria, posteriormente transformado em Irmãos Maristas. Instituição que tinha como objetivo difundir o culto à Maria e ensinar a mocidade e jovens camponeses.

______________________________________Artigo em homenagem à memória do saudoso Engenheiro Agrônomo e Professor, Lindalvo Virgínio de Farias, formado pela Escola Superior de Agricultura de Pernambuco (ESAP) em 1947. Titular da cadeira de nº 23 e 2º Vice Presidente da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica. Paraibano de Boa Vista de Cabaceiras, nasceu em 03 de junho de 1920 e faleceu no Recife em 28 de abril de 2009.1 Engenheiro Agrônomo, Professor aposentado da UFRPE e Titular da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica.2 Bibliotecária da UFRPE, Mestre em Comunicação, Coordenadora do Núcleo do Conhecimento “Prof. João Baptista Oliveira dos Santos”, Sócia Benemérita da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica.

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Há poucos dias, ao reler o convite de formatura realizada em 29 de novembro de 1937, relembramos a missa cantada na Igreja de Santo Antônio, a sessão solene no salão do Colégio constando dos discursos do orador da turma, Augusto Holanda, e do paraninfo, Sérgio Loreto Filho, seguidos das apresentações do Orfeão sob a batuta do maestro Miguel Barkokebas e apresentação da Opereta “O escravo de Murilo”, de Rouquier. “O coração bateu mais forte”3.

Dos vinte e quatro secundaristas formados, a maioria foi chamada pela “mais indesejável das visitas”, a qual, infelizmente, não se consegue deixar de receber algum dia. Outros se dispersaram, pelo mundo cumprindo o seu destino, e poucos, não passando de meia dúzia, “batiam o ponto” uma vez por ano, em almoço, não mais só confraternização, mas, de lembranças dos oito anos vividos naquele saudoso casarão da Avenida Conde da Boa Vista. Fazem parte deste grupo os remanescentes: Hilton Duarte (Empresário), Rivadávia Barbosa (Engenheiro Civil), Reginaldo Santiago (Médico), Fernando Didier (Tenente-Aviador), José Valença (Professor), Lindalvo Farias e Osvaldo Martins, ambos Engenheiros Agrônomos.

Quanta saudade dos Professores leigos: Clodoaldo Peixoto, Francisco Lopes Correia, Mário Medeiros, Arlindo Lima, Miguel Barkokebas, e do sargento Durval; dos Irmãos Maristas, Reginaldo, Pacômio, Estanislau, Eloy, Leão, Jerônimo, Jorge, Edgard e Cipriano. Suportaram, todos eles, as presepadas malucas de muitos daqueles garotos.

Das atividades esportivas, o voleibol era o seu esporte preferido, sendo campeão em 1937, pelo Colégio Marista, de torneio promovido pelo Irmão Jerônimo ou “Dorinha”, assim chamado pelos alunos porque usava um gorrinho preto, tanto nos recreios como durante as aulas. Devido ao seu forte físico atlético, Lindalvo – “O Tarzan” – apelido que recebeu dos colegas, costumava subir as escadas do Colégio, carregando nos ombros os colegas mais franzinos, preferencialmente, Valença, que esbravejava sempre sem nada poder evitar, ante tamanha demonstração de força do “Tarzan”.

Lembrar é reviver, é trazer ao presente fatos de ontem: “Com Lindalvo Farias, tivemos intensa e duradoura amizade, inclusive durante a sua vida de namoro com a sua Maria José, quando, passando pela calçada do Hotel Recife, esquina da Rua do Hospício com a Praça Maciel Pinheiro, ela, do 1º andar do referido Hotel, sacudiu um

______________________________________3 Relembra Osvaldo Martins Furtado de Souza, amigo de infância de Lindalvo Farias, durante a tessitura deste artigo.

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pequeno lenço, por mim recolhido e entregue ao Lindalvo. Posteriormente, soube que semelhante procedimento, foi motivo do 1º e último reatamento do seu namoro que com as bênçãos de Deus concretizou-se em uma bela e atemporal história de amor firmada pelos laços do matrimônio, formando uma pródiga família que lhe rendeu 03 filhos”4.

2. aCadêmiCo promissor do Curso dE agronomia da EsCola supErior dE agronomia dE pErnambuCo – Esap

Aprovado no vestibular para a Escola Superior de Agricultura de Pernambuco no ano de 1944, Lindalvo Farias iniciou o Curso de Agronomia e estudou com afinco, concluindo o referido Curso na turma de Agronomandos de 1947, a qual teve por nome “Turma Prof. Yony de Sá Barretto Sampaio”, em homenagem ao mestre prematuramente falecido, por sugestão de Lindalvo, operoso presidente do Diretório Acadêmico.

Já naquela época, o jovem universitário começava a deixar transparecer seu idealismo e capacidade de liderança ao ser eleito presidente do Diretório Acadêmico de Agronomia e Química para o biênio 1946/47.

Dinâmico e atuante, enquanto presidente do Diretório Acadêmico de Agronomia e Química, sua gestão teve como destaque a visita do Dr. Apolônio Salles, Ex-Ministro da Agricultura e Senador da República, à Escola de Agricultura de Pernambuco (ESAP), atendendo a convite do Diretório, onde realizou conferência sobre o tema “Aproveitamento do São Francisco” para a criação da futura Hidroelétrica de Paulo Afonso, em sessão presidida pelo acadêmico Lindalvo Farias, presidente daquele Diretório Acadêmico, segundo o qual, “aquela ocasião foi marcada pelo lançamento em primeiro pronunciamento público formal sobre o assunto pelo Dr. Apolônio Salles”.

Solenidade cuja mesa diretora esteve composta pelo Deputado Barbosa Lima Sobrinho, candidato do PSD ao Governo do Estado de Pernambuco, Professor Manuel Almeida de Castro, Diretor da Escola e pelo Dr. Manuel Rodrigues, Ex-Secretário da Agricultura, com auditório repleto de Professores, Agrônomos Técnicos, Engenheiros, Químicos, Veterinários e numerosos alunos.

______________________________________4 Rememoração de Osvaldo Martins, durante a escrita deste artigo. Os filhos são: Graco De’ Carli Farias, Bruno De’ Carli Farias e Marcos De’ Carli Farias.

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Iniciando a solenidade, Lindalvo Farias disse da sua satisfação em receber o ilustre visitante, “nome que se ligará à grande obra de aproveitamento de Paulo Afonso e de redenção econômica do nordeste”. O exitoso evento obteve cobertura da imprensa com a publicação de matérias nos jornais locais. O Dr. Apolônio Salles terminou sua fala fazendo um apelo a todos, para que pugnassem a fim de tornar o “aproveitamento do São Francisco” uma realidade nacional.

O ano de 1946 foi marcado também pela realização do IX Congresso Nacional de Estudantes - UNE, no Rio de Janeiro, então capital da República. Logo, Lindalvo liderou o grupo de vinte e quatro estudantes pernambucanos ansiosos em participarem do evento e coesos na luta pela redemocratização do País.

Por fim, ao elaborar o Relatório das Ações 1946-1947, documento conciso e bastante elucidativo que serve de modelo para as atuais gerações, Lindalvo Farias agradece o apoio e a colaboração de vários colegas que, com tanto esforço e dedicação à classe, tornaram possíveis a realização e o êxito da Festa da Primavera de 19465. Dentre as efetivas ações do Diretório, além das já mencionadas, destacam-se ainda a representação no Conselho Técnico-Administrativo, a Nota de Pezar e Reconhecimento pelo falecimento do Prof. Yony de Sá Barretto Sampaio, grande animador das iniciativas do Diretório, ao qual ele muito ajudou e prestigiou.

No mês de julho de 1947, segundo Lindalvo Farias, “a então turma de concluintes de Agronomia, e eu fazia parte dessa turma6, excursionando pelo Nordeste, testemunhou (reencontrou e cumprimentou o Dr. Apolônio), durante a Conferência da Bacia do São Francisco, cerimônia realizada às margens do São Francisco, reunindo o Presidente da República, os Ministros e Governadores dos Estados Nordestinos, ocasião da assinatura do Decreto pelo Presidente Eurico Gaspar Dutra para aproveitamento de Paulo Afonso – primeiro passo para a matriz energética da atual CHESF”. Rememoração ratificada na matéria publicada no Jornal O Globo7.

Lindalvo Farias colou grau, recebendo o Diploma de Engenheiro Agrônomo em dezembro de 1947, iniciando uma vida profissional marcada pelo idealismo, paixão pela política e intenso sentimento de amor ao próximo. Pós-graduado em Solos pela University PURDUE, Estados Unidos, em Convênio com a Universidade

______________________________________5 Farias, Lindalvo Virgínio de. Relatório das Atividades do Diretório Acadêmico de Agronomia e Química, realizadas no Exercício de 07 de junho de 1946 a 07 de maio de 1947. Recife, 1947.p. 9 Acervo da Produção Intelectual dos Patronos Pernambucana de Ciência Agronômica – Memória Viva da UFRPE. Disponível ao público para consulta.6 Rememoração de Osvaldo Martins Furtado de Souza.7 Acervo da Produção Intelectual dos Patronos e Acadêmicos da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica – Memória Viva da UFRPE. Disponível ao público para consulta.

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Rural de Minas Gerais, e em Administração da Produção pela Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, em Convênio com o Núcleo de Assistência Industrial (NAI) em Pernambuco, continuou exercitando esses sentimentos em suas ações voltadas para o social e para o homem do povo.

3. o EngEnhEiro agrônomo: dEdiCado à Causa dos homEns Comuns

Cabe-nos destacar a figura do Lindalvo Farias político e idealista na luta pelos direitos e melhoria da qualidade de vida da população carente: o Lindalvo Farias, humano, lírico e extremamente voltado para o social; o jovem catedrático da Escola de Agronomia de Areia, na Paraíba. “Um desses homens que vivem as 24 horas de sua vida em função de seu ofício, o qual exerce não como uma fonte de renda apenas, mas, sobretudo, como uma paixão, como uma cachaça”8. É nesse mosaico de atividades que dois momentos se entrecruzam na labuta diária da sua profissão e, neles, inúmeras e marcantes ações se destacam, conforme podemos observar a seguir.

______________________________________8 Segundo matéria publicada no Diário da Noite do dia 07 de julho de 1958. Acervo da Produção Intelectual dos Patronos e Acadêmicos da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica – Memória Viva da UFRPE. Disponível ao público para consulta.

Foto 1. — Agronomandos da Escola Superior de Agricultura de Pernambuco – 1947. (Autor: desconhecido)

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3.1. O político de ações inovadoras na administração de Pelópidas Silveira

Professor da Escola de Agronomia do Nordeste, em Areia, Paraíba, Lindalvo Farias no ano de 1956 veio ao Recife para assistir à posse de Pelópidas Silveira na Prefeitura Municipal do Recife, Pernambuco. Veio e aqui permaneceu. Após a solenidade de posse, foi convidado pelo Prefeito recém-empossado para assumir o Departamento que cuidava das feiras, mercados e matadouros da Cidade do Recife, a partir de então o chamado Departamento de Agricultura da Prefeitura Municipal do Recife (que tinha status de Secretaria). Este teve à frente de sua administração, no período de 1956 a 1959, o jovem Agrônomo Lindalvo Farias, que passou a associar suas novas funções, pelo menos de início, às suas atividades docentes na Escola de Agronomia de Areia, na Paraíba.

Árvores, plantas, abastecimento, mercados e matadouros públicos, enfim, qualidade de vida da população, eram os assuntos merecedores da atenção desse jovem gestor entusiasta, para as melhorias que pretendia por em prática na municipalidade.

A partir de iniciativas inovadoras e bom desempenho, o Departamento de Agricultura Municipal do Recife transmutou da inércia para o dinamismo, recebendo a partir de então a credibilidade do recifense e, diga-se de passagem, crédito não apenas da sociedade, mas também dos órgãos da imprensa falada, escrita e televisada que passaram a acompanhar e a noticiar o “Plano de Abastecimento para a Cidade do Recife”, divulgando todas as atividades que ora eram postas em prática pelo ousado, inovador e entusiasta Engenheiro Agrônomo Lindalvo Farias, à frente daquele antigo-novo Departamento.

E assim, nesse roteiro de cada dia, muitas foram as irregularidades detectadas no Departamento, para as quais se buscaram soluções. Inúmeros os problemas apontados, e para os quais eram indicadas as soluções viáveis.

O planejamento e as mudanças que sinalizavam para uma remodelação de paradigma na administração pública da época teve início com a participação de Lindalvo Farias em reunião no Salão Nobre da Câmara Municipal do Recife, com diversos vereadores, para explanar sobre as atividades e planos do Departamento de Agricultura, Mercados e Matadouros (D.A.M.M.)9, do qual estava Diretor, objetivando trocar pontos de vista entre o Executivo e o Deliberativo municipais, ______________________________________9 O antigo Departamento de Agricultura da Prefeitura Municipal do Recife foi renomeado, passando a ser denominado Departamento de Agricultura, Mercados e Matadouros (D.A.M.M.), regulamentado através do Decreto nº 485, de agosto de 1956.

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em torno de assuntos de primordial importância para a administração da Cidade. Aos poucos, as propostas foram se tornando realidade e renderam um novo traçado no setor de Agricultura e Arborização do Município.

Oportuno relembrar que o grupo de técnicos franceses, convidados por Celso Furtado, superintendente da Sudene, para estudar o abastecimento urbano do Nordeste, durante visita do Conselho Coordenador de Abastecimento para os Centros Urbanos, criado por Juscelino Kubitschek e chefiado pelo pernambucano Josué de Castro, ao tomar conhecimento dos primeiros resultados dos estudos aqui realizados, convidou Lindalvo Farias para ir ao Rio de Janeiro.

Ao regressar, Lindalvo deu continuidade aos estudos já com a finalidade de criar uma Central de Abastecimento no Recife e, em 1957, apresentou o primeiro plano de abastecimento urbano da cidade. Chamado “Plano Mínimo de Abastecimento do Recife”, apresentava sugestão para a criação de uma central de abastecimento. Dois anos após, em 1959, durante palestra no Instituto dos Arquitetos de Pernambuco (IAB-PE), Lindalvo já informava o local onde a mesma deveria ser instalada, nas imediações do Curado, onde hoje é a CEASA10.

A meta da melhoria do abastecimento alimentar da Cidade continuou, especialmente, no que dizia respeito à higienização e reorganização dos Mercados Públicos da Encruzilhada e de São José, trazendo modernidade para as estruturas físicas, como a melhoria dos esgotos e reformulação dos compartimentos de serviços desses estabelecimentos públicos, satisfazendo a sociedade.

3.2. O político e suas ações sociais e de preservação do meio ambiente

A modernização do Matadouro dos Peixinhos despertou a curiosidade da imprensa local, que passou a acompanhar de perto toda a movimentação. “A palavra é restaurar”. Com essa máxima, Lindalvo colocou em movimento todas as possibilidades financeiras e técnicas e o apoio da imprensa, ao abrir espaço para que jornalistas e fotógrafos visitassem as dependências do Matadouro e acompanhassem os trabalhos, franqueando o acesso para que trabalhadores pudessem ser entrevistados e fotografados enquanto exerciam atividades naquela repartição pública.

Voltado para essa problemática, revelou capacidade invulgar para concretizar,

______________________________________10 Em 1959, Lindalvo Farias havia deixado o D.A.M.M. e representava a Prefeitura do Recife no Conselho de Desenvolvimento do Nordeste – CODENO, que antecedeu a Sudene. In: CEASA Pernambuco: a primeira Central de Abastecimento do Brasil. 2007. p. 37-45.

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em termos político e prático, medidas administrativas de sentido novo, rapidamente percebidas pela sensibilidade popular, encarando problemas antes definidos como insolúveis.

Dinâmico, lançou-se à solução do problema do Matadouro, acompanhando os trabalhos de melhoria com tamanho entusiasmo que conseguia contagiar a todos os trabalhadores envolvidos que percebiam sua capacidade e observavam sua vontade de mudar. Conforme é possível observar na fotografia a seguir, enquanto concede entrevista, trabalhadores executam tarefas no Matadouro dos Peixinhos.

Por outro lado, visionário, Lindalvo Farias antevia o problema que seria provocado pela constante depredação do meio ambiente com a devastação das florestas. Assim, tomou como uma de suas bandeiras a questão da arborização, luta travada há muito tempo.

Nesse sentido, associou sua Diretoria a Diretoria de Bem–Estar Público, unindo esforços para dotar a cidade de verde Essa plantação foi precedida de uma preparação prévia do solo, com barro, estrume, água e cuidados diários. Assim, foi traçado um vasto plano de arborização para o Recife. Durante todo o seu mandato à frente do Departamento de Agricultura, Mercados e Matadouros (D.A.M.M.), Lindalvo Farias anualmente distribuiu à população mudas de árvores frutíferas e de plantas ornamentais.

No ano de 1957, foram distribuídas cerca de 50 mil mudas em duas oportunidades: a primeira foi no mês de março, época mais propícia para o plantio, segundo ele. A segunda em setembro. Naquele ano de 1957, por ocasião da comemoração do Dia da Árvore, foi realizada entre 14 e 21 de setembro, com o patrocínio da Pernambuco Trammways & Power Co. Ltd., e apoio dos jornais locais, a “Campanha de Reflorestamento - Coopere com o Brasil - Plante sua árvore”. Composta de ampla programação, incluindo irradiação de Programa dedicado à Semana da Árvore pela Rádio Clube de Pernambuco e Rádio Jornal do Commercio, complementada pelo plantio de 08 mudas de árvores de essência florestal, ou madeiras de lei, em Fernandes Vieira, nas instalações da Pernambuco Tramways & Power Co. Ltd.

A Prefeitura, ao aliar plantas às calçadas e praças, embelezava a cidade e dava uma ajuda essencial à saúde e sobrevivência da população11. Ao final do seu mandato, em 1959, a Prefeitura atingiu a meta de arborização. Mais de 14 mil árvores foram

______________________________________11 Era o que afirmava a matéria PLANTAS E FLORES, publicada no Jornal da Manhã, edição de 23 de novembro de 1956, disponível no Acervo da Produção Intelectual dos Patronos e Acadêmicos da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica – Memória Viva da UFRPE.

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plantadas em 1958, meta estabelecida para aquele ano. Em 1959, fazendo um resgate da sua administração, Lindalvo afirmou: “basta confrontar o resultado do plantio... em 1956 foram plantadas 4.712 árvores das variadas espécies, em 1957, 6.658. O ano passado, o número foi elevado para 14.642, atingindo verdadeiro recorde”12.

Porém, não era apenas das árvores que Lindalvo lembrava na busca de soluções para a preservação do meio ambiente. Anos depois, na década de 1990, a questão do lixo continuava a chamar a sua atenção. A esse tema, dedicou parte dos seus estudos e planejamentos. Bastante antigo: assim pode ser definido o problema sanitário do lixo na Cidade do Recife. Nos tempos atuais, continua sendo manchete de jornais e assunto de debate político e da população. Até 1953, era incinerado em fornos nas proximidades do centro urbano, na época denominado Forno do Lixo do Pombal, desmontado naquele ano.

Lindalvo Farias, enquanto Diretor Técnico e Operacional da Cagep, em 1990, introduziu o método de excelente qualidade, cujo produto é aplicável a qualquer tipo de lavoura sem poluir o meio ambiente. O assunto passou a ser tratado com seriedade, visando à obtenção de matéria orgânica estabilizada, sob a forma de húmus, semelhante à manta vegetal dos solos de florestas. A partir da idealização de um diagrama de estruturação do aproveitamento do lixo urbano, da autoria de Lindalvo, no ano de 1991 na Central de Abastecimento – Ceasa- em Pernambuco, o lixo voltou a ser manchete na imprensa local, pois as toneladas de lixo ali produzidas passaram a virar adubo e até a dar lucro.

4. o mEstrE, o téCniCo E o lídEr dE ClassE

O Engenheiro Agrônomo Lindalvo Farias, um menino de Boavista de Cabaceiras, Paraíba, que cresceu no Recife, tornou-se Professor Catedrático de Química da Escola de Agronomia do Nordeste, Areia na Paraíba (1951 a 1969). Adulto em Pernambuco, seu espírito irreverente, dinâmico e questionador continuou a conduzi-lo sempre à atividade docente, lecionando a Disciplina “Comercialização e Abastecimento” para pós-graduados (Agrônomos e Economistas) em Cursos promovidos pela Sudene e pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Foi professor de “Comercialização Agrícola” para técnicos de nível médio e gerentes de cooperativas em diversos cursos promovidos pela Sudene e Incra.______________________________________12 Durante entrevista concedida ao Diário de Pernambuco, matéria publicada na edição de 30 de janeiro de 1959, disponível no Acervo da Produção Intelectual dos Patronos e Acadêmicos da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica – Memória Viva da UFRPE.

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Enquanto Técnico, ao dedicar sua atenção à questão do abastecimento, foi contemplado com os convites para atuar como Secretário de Agricultura, Mercados e Matadouros da Prefeitura Municipal do Recife, gestão do Prefeito Pelópidas Silveira; Secretário de Abastecimento e Concessão da Prefeitura do Recife, gestão do Prefeito Carlos Duarte;

Idealizada por Lindalvo Farias, a Central de Abastecimento (CEASA), iniciada no Recife, foi levada sob sua coordenação para Maceió (AL), Santo Amaro (BA), São Francisco do Conde (BA) e Candeias (BA), Feira de Santana (BA) e Alagoinhas (BA), levando-o, depois, ao cargo de Diretor Técnico-Fundador das Centrais de Abastecimento do Nordeste – CANESA – hoje CEASAS.

Formulou a Ampliação da Rede da Companhia de Armazéns Gerais do Estado de Pernambuco – CAGEP e o “Projeto Esperança” da Arquidiocese de Olinda e Recife, para assentamento de famílias rurais e desenvolvimento de atividades agrícolas em três engenhos da Zona da Mata de Pernambuco, desenvolvendo, dessa forma, um singular trabalho social ao lado do Dom da Paz, Dom Hélder Câmara.

Idealista, dedicou parte das suas atividades à melhoria das condições da Classe Agronômica de Pernambuco. Eleito para a Presidência da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Nordeste, fundada pelo seu preceptor, grande incentivador e amigo Prof. Yony de Sá Barretto Sampaio, levou consigo a seriedade que sempre imprimiu aos trabalhos e às pesquisas que realizou nos setores aonde havia trabalhado, impondo-se como técnico de gabarito à frente daquele Órgão de Classe. Penetrou nas áreas endurecidas e com os conhecimentos e a palavra objetiva numa diretriz bem orientada e batalhadora, conquistou correligionários e opositores. Estava certo, é claro, de que problemas e rusgas co-existem nesse ambiente onde se respira política.

Participou de diversos eventos, destacando-se sua participação no V Congresso Brasileiro de Agronomia, realizado de 10 a 18 de outubro de 1967 no Salão Nobre da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), ocasião em que apresentou a contribuição: “A Universidade e o Problema do Abastecimento: Tese – Criação de uma Disciplina sobre Abastecimento”, aprovada com louvor havendo sido recomendada sua publicação nos Anais daquele Evento13.

______________________________________13 A Ata da Primeira Sessão Plenária do V Congresso Brasileiro de Agronomia acompanhada pelo documento “A Universidade e o Problema do Abastecimento”, encontram-se Disponíveis para consulta no Acervo da Produção Intelectual dos Patronos e Acadêmicos da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica – Memória Viva da UFRPE.

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5. o autor, o palEstrantE, o poEta, EnFim, o imortal da agronomia pErnambuCana dE CiênCia agronômiCa

Bom desempenho, dinamismo e ousadia, marcas registradas do administrador, do político, do defensor da Classe Agronômica e, especialmente, do homem comum. Tais facetas lhe renderam a tessitura de livro, textos, apostilas diversas, artigos apresentados em Conferências e publicados nos Anais de Congressos. Abençoado com o dom da palavra e excelente orador, sabia conquistar o público presente às suas palestras e conferências sempre marcadas pela alegria e entusiasmo.

Mais recentemente, atendendo a convites, realizou em 2007 a Palestra “Frutas Regionais: Potencialidades Econômicas”, temática cujo teor dominava como poucos, durante as reuniões mensais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica para os seus pares da Agronomia, no Auditório da Biblioteca Central da UFRPE e da Academia Pernambucana de Ciência, da qual era também titular. Reapresentada para os Professores e alunos do Curso de Gastronomia da UFRPE. As ricas explanações foram seguidas de saborosa degustação de geléias, doces e licores, produzidos por Lindalvo em sua própria residência, cujos sabores deliciaram os colegas presentes e alunos, conforme as fotos 2, 3, 4 e 514.

O sucesso foi instantâneo. Interessante foi observar o impacto que as palavras do “velho Professor” causaram naquelas jovens cabeças estudantis. Melhor ainda acompanhar os contatos e o interesse do grupo de professores, atuais líderes do ensino na área gastronômica do Estado, buscando a fonte de saber chamada Prof. Lindalvo Farias. Novos mestres da Gastronomia, buscando o conhecimento do sábio Professor.

É com saudade que recordamos seu entusiasmo quando se referia às questões do Abastecimento e Fruticultura, denotando preocupação quanto à continuidade das suas idéias, pois, segundo ele, “o ideal é que vocês, jovens alunos assumam essas idéias e passem a se dedicar à fruticultura, a comercialização e a potencialidade das frutas nativas e alienígenas aqui adaptadas e melhoradas. É de suma importância que vocês, jovens, venham no futuro próximo, a desenvolver as técnicas de fabricação de doces, geléias e licores utilizando as nossas frutas”15.

______________________________________14 Conceição Martins, co-autora deste artigo, honradamente, colaborou com o Prof. Lindalvo Farias através da elaboração e exibição do power point e do apoio logístico durante as 03 Palestras, duas na Biblioteca Central da UFRPE e uma na UNICAP, registrando-as através de fotografias. Dentre elas, as fotos 2 a 5 ilustram este artigo.15 Fala do Prof. Lindalvo Farias aos estudantes do Curso de Gastronomia da UFRPE, durante a Palestra “Frutas Regionais: Potencialidade Econômica”, realizada no Auditório da Biblioteca Central da UFRPE em 05 de agosto de 2007.

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Recordamos, ainda, o interesse e a empatia dos alunos do curso de Gastronomia da UFRPE e dos seus pares na Academia Pernambucana de Ciência Agronômica e da Academia Pernambucana de Ciências, ao participarem das suas Palestras, pois todos vibravam com suas aulas informais - como se fossem meros bate-papos entre amigos - sem deixarem, contudo, de ser cultas, didáticas e pedagógicas. O entusiasmo com que nos falava sobre o umbu, a mangaba e os cajus de Pernambuco contagiava a todos nós. Isso sem falar das deliciosas geléias, doces e licores que nos convidava a saborear.

Finalmente, tomamos a última parte deste subtítulo – ENFIM, O IMORTAL DA AGRONOMIA PERNAMBUCANA - para finalizar nossa homenagem ao saudoso Professor Lindalvo Farias, como costumeiramente era chamado pelos seus pares, ex-alunos - seguidores fiéis do Mestre - e admiradores. O Engenheiro Agrônomo, Imortal da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, ocupante da Cadeira nº 23, cujo Patrono é Otávio Gomes de Morais Vasconcelos, exercia ainda função de 2º Vice-Presidente desta Academia, única no País, que em 2009 celebra 26 anos

Fotos 2, 3, 4 e 5. — Professor Lindalvo Farias em vários momentos. (Autor: Conceição Martins)

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de criação e o Jubileu de Prata de sua instalação.Lembramos com saudade das suas participações nas reuniões ordinárias e nos

demais momentos de encontro dos Acadêmicos, sempre marcadas pela alegria e pela vitalidade com a qual debatia e participava dos assuntos da pauta.

Enfim, “grande satisfação” foi o sentimento que, enquanto Imortal, demonstrou ao fazer parte desta Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, ao conviver com seus pares no câmpus da UFRPE. Sentimento expressado através de uma única palavra. A representação do sentimento do nosso Acadêmico Titular, Engenheiro Agrônomo e Professor Lindalvo Farias, continua presente como patrimônio cultural e imaterial da memória da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica – Memória Viva da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Ah! Saudoso Professor Lindalvo Farias, quiçá sua idéia de produção e comercialização de produtos a partir das frutas nativas e exóticas seja posta em prática por alguns desses jovens. Quiçá seu Projeto de criação de uma Disciplina sobre Fruticultura venha a se tornar realidade na Universidade. Quiçá seu “Projeto de Fruticultura Abrangente para a Região Nordeste” seja posto em prática pelas autoridades.

6. agradECimEntos

Agradecemos à família do saudoso Engenheiro Agrônomo e Professor, Lindalvo Virgínio de Farias, na pessoa do seu filho, Dr. Graco De’ Carli Farias, a doação da documentação composta pela coleção de fotografias, recortes de jornais, livros, artigos e apostilas de Cursos de sua autoria, que a partir de então passam a compor o acervo da Produção Intelectual dos Patronos e Acadêmicos da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica – Memória Viva da UFRPE. Documentação disponível ao público para consulta.