Lírica-Camoniana

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pequena síntese das características da lírica Camoniana.

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Lrica Camoniana:Obra lrica marcada por uma dualidade: por um lado, a poesia de carcter trovadoresco dos cancioneiros, por outro, as novas composies introduzidas pelo Renascimento.

Poesia sustentada em plos antagnicos: mulher ideal e perfeita / mulher feiticeira; amor espiritual/ amor sensual; humildade / orgulho; inocncia / sentimento de culpa; viso da natureza: natureza como espelho da alma / natureza contrastante com o estado de alma; desencanto face ao desconcerto do mundo (atitude confessionalista).

reas Temticas:

Amor:Encarado como o princpio fundamental da existncia, a fora capaz de sublimar o mundo.Visto como um sentimento indefinvel e com vrias contradies;Um dirio, uma longa srie de confidncias, queixas e meditaes.Diviso interior do sujeito potico causada pelo conflito amoroso; o poder transformador do amor e os seus efeitos variados, paradoxais e contraditrios:Amor espiritual/platnico vs. Amor carnal/fsico;Amor platnico personificado por Laura: sentimento de adorao do objeto amado, que leva contemplao.Amor carnal personificado por Vnus: sentimento que deseja a posse fsica do objeto amado associado paixo ardente.

Retrato Feminino: Sntese harmoniosa entre as tradies medieval e palaciana e as novas influncias renascentistas.Retrato da mulher perspectivada na conceo de Petrarca e Dante. Arqutipo da mulher camoniana:H dois tipos de mulher na poesia de Lus de Cames: - Mulher que obedece s normas da beleza petrarquista (Laura): pele e olhos claros, faces rosadas, lbios levemente ruborizados, dentes nacarados e cabelos louros; perfeio fsica, de inspirao platnica, corresponde uma dimenso espiritual irrepreensvel:Inteligncia, bom senso, comedimento e sociabilidade, honestidade, mansido, doura, graciosidade.A mulher petrarquista tambm intocvel, inacessvel, ausente, perfeita e sublime e exerce um poder mgico/transformador sobre o amado ou at sobre a prpria natureza. Perante esta mulher, o poeta coloca-se de joelhos em atitude de vassalagem e adorao. - Mulher terrena (Vnus): modelada de formas ondulantes e atraentes. Perante esta mulher, o homem sente-se irrestivelmente atrado, de forma sensual e carnal.A amada surge umas vezes perspetivada como ser anglico, outras como feiticeira.

Natureza:A Natureza surge quase sempre ligada poesia amorosa, como projeo do eu, confidente do sujeito lrico, expresso do sentimento amoroso, etc.Personificao da Natureza;Meio de engrandecimento das graas da amada; o sujeito potico s sensvel beleza da natureza se a amada estiver presente ou se o seu amor for correspondido.Locus amoenus- natureza harmoniosa, serena, luminosa e alegre. Cenrios buclicos, diurnos, verdejantes, suaves, com guas frescas e cristalinas.Contemplao da Natureza por si mesmo.

Saudade:Saudade que faz sofrer, mas inspira o poeta; Saudade da mulher (petrarquista); saudade de Dinamene, que morreu num naufrgio. A ausncia da amada insuportvel e divide o sujeito potico.Saudade da Ptria.Saudade da Infncia, ou da me.Saudade de uma outra vida, de uma outra terra e do cu.

Desconcerto do Mundo:Para Cames, o problema do desconcerto do mundo est constantemente presente. O mundo aparece como um desconcerto, produto de um destino confuso e irracional.Mundo fragmentado, contraditrio e problemtico.Absurdo: da morte e do tempo;Distribuio da riqueza e do poder; grandes diferenas sociais.O homem que tem mrito no valorizado, no tem sorte. Por outro lado, os maus e medocres nadam num mar de contentamento.

Destino:Para o poeta, tudo o que de mal a vida lhe traz culpa do destino;O destino priva o homem da sua liberdade, da capacidade de se determinar. a presena malfica do destino que enche a vida de irracionalidade. Na tentativa de lutar contra a m fortuna, o sujeito recorda, muitas vezes, o bem passado.Entregar-se ao amor ou revoltar-se contra ele um combate em que o poeta v a mo do destino, que o derrota.Por mais que se esforce no percebe a razo do seu destino, que de tudo o priva.

Tempo e Mudana:A mudana e o tempo so vistos como algo negativo: a mudana cclica e o tempo anula qualquer esperana.Confronto entre a mudana reversvel da Natureza e a mudana irreversvel do homem.Tudo diferente do que deveria ser, tudo varia, nada permanece.O tempo humano caminha para um fim: a morte. Todos os males vm da mudana e toda a mudana vem do tempo, que no dominamos.O passado torna-se o oposto do presente.