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Literatura amazônica: para quê?

José Denis de Oliveira Bezerra1

Introdução

Falar da literatura de expressão amazônica é um grande desafio, e, em muitas vezes,

já se tornou algo enfadonho, pois acredito que tal discussão deve seguir outros rumos, sem ser

esgotada, mas que o campo das reflexões se amplie ou até mesmo seja (re) descoberto. Meu

objetivo aqui não é criar novos paradigmas, mas refletir sobre os conceitos de literatura, de

Amazônia e do que chamamos, na contemporaneidade, de práticas culturais artísticas,

focando a arte literária.

Convivo com esse tema desde a minha graduação, quando comecei a participar das

atividades de ensino, pesquisa e extensão do grupo de pesquisa Culturas e Memórias

Amazônicas – CUMA – do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado

do Pará, coordenado pela professora Josebel Akel Fares, que nas suas atividades, como

docente e pesquisadora, destaca sempre como objeto de reflexão e produção acadêmica a

importância de se estudar as práticas culturais da região amazônica. Depois, tive a

oportunidade de continuar esta discussão no mestrado em Letras da Universidade Federal do

Pará, quando estudei as práticas teatrais na Belém do século XX, por meio da História Oral,

pautadas em uma abordagem em torno das poéticas modernas de criação, centradas

principalmente nos grupos Norte Teatro Escola do Pará, no grupo Cena Aberta e nos que eu

chamei de oriundos deste último grupo. Mais uma vez me deparei com a questão de uma

produção artística local. Além disso, ainda me vejo totalmente envolvido com tal temática,

tanto na minha prática enquanto docente de literatura, na graduação, na UEPA, e na Pós-

Graduação, na FIBRA, ministrando a disciplina Literatura Amazônica; quanto no novo

desafio que começou no segundo semestre de 2011, ao ingressar no curso de doutorado, no

Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia, quando novamente tenho como

objeto de pesquisa o teatro no Pará.

1 Doutorando em História, no Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia, da Universidade

Federal do Pará. Mestre em Letras – Estudos Literários/UFPa. Professor de Literatura do Curso de Letras/UEPA.

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Assim, destaco algumas questões para o debate sobre uma literatura amazônica: a

querela entre o regional e o universal, os discursos sobre essa identidade amazônica na

produção literária, e o sistema literário amazônico, com ênfase na recepção.

Literatura amazônica: entre o local e o universal

A discussão entre os valores universais e locais da literatura amazônica é a que mais

se vê na academia, quando se discute a importância e o valor dessa produção literária. Esta

discussão é feita pelo professor José Guilherme Fernandes (2005) quando, em seu texto

Literatura Brasileira de Expressão Amazônica, Literatura Amazônia ou Literatura da

Amazônia?, publicado na Revista da Pós-Graduação de Letras da UFPA – MOARA N˚23, a

partir das ideias de Edilson Pantoja e Paulo Nunes, procura dá uma nova significação e

problematização acerca da definição mais coerente à produção literária ligada à região

amazônica. Muito mais atrelado a uma questão etimológica, com o intuito de abordar as

questões de identidades e relação de poder que circunscreve tal linguagem, fundamentadas

nas concepções marxistas de Gramsci com relação à hegemonia e o poder, penso que isso é a

ampliação do debate.

As ideias de Paulo Nunes de que “a expressão literatura paraense, além de ser

acanhada demais, fere a universalidade, princípio básico a qualquer manifestação que se

deseje artística” 2 são colocadas por Fernandes (2005) em confronto às de Edilson Pantoja,

que contra argumenta a partir do texto de Nunes o fato “de não se poder, em nome de um

desejo de universalização, suprimir o regional. O universal não existe sem o particular, o

nacional não existe sem o regional, de modo que, em nome do primeiro, não se pode ignorar o

segundo” 3.

É importante destacar que as duas ideias são muito pertinentes quando se aborda a

literatura produzida na ou a partir da Amazônia. Os valores regionais, hábitos, costumes,

línguas, sempre estiveram em confronto com a busca de uma universalização da cultura. A

aceitação das diferenças e da valorização dos diversos discursos que compõe as sociedades

contemporâneas, as chamadas minorias: mulheres, etnias e os mais variados grupos e pessoas,

vêm destacando-se a partir dos estudos culturais, iniciados nos anos sessenta.

Como afirma Euclides da Cunha, a Amazônia esteve por muito tempo à margem da

história, e só hoje a região se destaca nas discussões internacionais, ressaltando que os

2 Texto extraído do endereço: http://escritoresap.blogspot.com/2008/01/artigo-do-professor-paulo-nunes.html 3 Texto extraído do endereço: http://joaojorgereis.blogspot.com/2011/08/nao-existe-uma-literatura-paraense.html.

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interesses nacionais e internacionais estão muito mais voltados para as potencialidades

naturais da biodiversidade da fauna e flora amazônica, do que para o homem da região, ou

seja, para as culturas que a cada dia se (re) configuram e (re) descobrem, indo para além das

questões latifundiárias e a violência no campo, os impactos ambientais e as riquezas minerais.

Além disso, é importante que outros valores tomem a cena com mais força e respeito.

O sistema literário amazônico

Penso que ao falar das questões pertinentes à produção literária na Amazônia,

devemos perceber três pontos: a produção, o produto e a recepção. Baseio-me na análise de

Antonio Cândido (1959), no primeiro capítulo do livro Formação da Literatura Brasileira,

quando ele define a literatura enquanto sistema, distinguindo, a partir do Neoclassicismo, o

conceito de literatura ao de manifestações literárias. Candido (1959) pensa a literatura

enquanto elemento orgânico da civilização, e que há elementos de natureza social e psíquica

que se manifestam historicamente. Entre eles, destaca “um conjunto de produtores literários,

mais ou menos conscientes do seu papel; um conjunto de receptores, formando os diferentes

tipos de público, sem os quais a obra não vive; um mecanismo transmissor (de modo geral,

uma linguagem, traduzida em estilos), que liga uns aos outros” (p.23). Assim, o crítico afirma

que com esses três elementos chega-se a “uma comunicação inter-humana, a literatura, que

aparece sob este ângulo como sistema simbólico, por meio do qual as veleidades mais

profundas do indivíduo se transformam em elementos de contacto entre os homens, e de

interpretação das diferentes esferas da realidade” (idem).

Além desses três elementos, há, também, a tradição, ou seja, a formação da

continuidade literária, quando ocorrem as transmissões, e o artista produz a sua arte sem

desatrelar-se à história que o colocou nesse espaço sócio-cultural, do qual faz parte. Tal

pensamento é a base da modernidade literária pensada por Baudelaire.

A partir disso, quando penso, hoje, sobre a discussão das práticas artísticas na/da

Amazônia, defendo que: 1) devemos entender que as produções culturais na região amazônica

não estão apenas ligadas à ideia de uma cultura letrada, das belas letras, das belas artes,

buscando sempre elementos universalizantes, mas que as culturas amazônicas e, portanto, a

sua produção e recepção artística são híbridas. Além disso, 2) é necessário ampliar as ações

para a formação de um público leitor desta literatura, por acreditar que temos os elementos do

sistema literário produção, produto e tradição com mais força do que a recepção. É justamente

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nesta questão, que dou ênfase, pois precisamos pensar em todas as camadas da sociedade e,

principalmente, o meio educacional e o artístico-cultural, no desenvolvimento de políticas que

contribuam no fortalecimento desse terceiro elemento.

Quando falamos em leitura, recepção (leitores, espectadores, ouvintes), é necessário

refletir sobre os espaços de circulação desses bens culturais. Quais são estes lugares e os

sujeitos que os coordenam, ou seja, quem conduz essas trajetórias por onde passam os objetos

artísticos. Isso açambarca desde a edição de livros, da publicidade, e principalmente pela

circulação. Candido (1959, p.24) comenta que

em um livro de crítica, mas escrito do ponto de vista histórico, como este, as

obras não podem aparecer em si, na autonomia que manifestam, quando abstraímos as circunstâncias enumeradas; aparecem, por sua força da

perspectiva escolhida, integrando em dado momento um sistema articulado

e, ao influir sobre a elaboração de outras, formando, no tempo, uma tradição.

Percebe-se, a partir dessas ideias, que a tradição entre os autores da literatura

brasileira de expressão amazônica existe, pois este grupo de produtores artísticos criou entre

si essa continuidade literária. E, também, que as obras dialogam entre si, porque os seus

autores estão interligados. Mas, destaca-se a necessidade de expansão do grupo dos

leitores/receptores.

A leitura das obras da literatura de expressão amazônica ainda continua centrada,

restrita a certos grupos, no ciclo acadêmico, e nos grupos que exercem tal prática ainda com o

objetivo de se afastarem da chamada cultura popular, e, principalmente, das práticas culturas

de massa, na relação de poder, na disputa por uma hegemonia entre esses grupos. Sobre isso

Canclini (1998, p.36) diz que

Bourdieu dá uma resposta parcial a esta questão. Observa que a formação de campos específicos do gosto e do saber, em que certos bens são valorizados

por sua escassez e limitados a consumos exclusivos, serve para construir e

renovar s distinção das elites. Em sociedades modernas e democráticas, onde

não há superioridade de sangue nem de títulos de nobreza, o consumo se torna uma área fundamental para instaurar e comunicar as diferenças.

É necessário refletir, (re) construir, ampliar e aceitar novos e velhos campos de

produção e circulação dos bens artísticos culturais, em especial a literatura. Assim, destaca-se

que seja fundamental investir na formação desses ciclos de recepção, e desfazer o muro que

separa os campos simbólicos de poder, que, hoje, cada vez mais se escolhe quem pode

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adentrar a esse espaço estético. O primeiro passo é aceitar as novas formas de expressão,

principalmente as de massa, sem deixar de ter o olhar crítico sobre o que as circunscrevem.

A recepção das poéticas amazônicas.

Neste momento, socializo algumas experiências voltadas para o campo da formação

de leitores de literatura de expressão amazônica. Nas últimas décadas do século XX,

presenciaram-se duas experiências institucionais, em busca da regionalização dos currículos,

com base na parte diversificada, ambos os projetos incluíam a produção de livros didáticos.

Segundo Josebel Fares4,

a primeira implantada a nível municipal em 1985 e desenvolvida por mais de

10 anos e publicou na área da leitura/literatura “Texto e Pretexto: experiência de educação contextualizada a partir da literatura feita por

autores paraenses”, em 4 volumes, destinado a todos os alunos da rede

municipal, de 5ª a 8ª série do 1º grau, de autoria de Josebel Akel Fares, Josse Fares, Paulo Nunes e Reivaldo Vinas (Belém: Semec, 1986). A segunda, a

nível estadual, no início dos anos 1990, só se tem referência da implantação

de um plano piloto, desenvolvido em 05 escolas do interior do Estado.

Também se publicou um livro didático escrito por professores da área da literatura - “Do texto ao texto: leitura, gramática e criação”, 1 vol, destinado

a alunos de 5ª série do 1º grau, de autoria de Josebel Akel Fares, José Ildone

Soeiro, Josse Fares, Maria Lúcia Medeiros, Nilza Melo e Silva e Paulo Nunes (Belém: Seduc, 1994).

Ainda segundo Fares (2011) 5,

além destas duas formas, de certo modo impositiva, de leitura da literatura de expressão amazônica, registra-se que alguns autores conseguem furar o

cerco e ser publicados em editoras de nome nacional e aceitos pela crítica.

Este é o caso de autores como amazonenses Milton Hatoum e Márcio Sousa, e o poeta piauiense, considerado paraense- Mário Faustino; todavia eles

precisaram deixar o espaço territorial amazônico para terem suas obras

reconhecidas pelo grande público.

Quando se discute a produção e a recepção da literatura de expressão amazônica, não

se pretende defender o isolamento regional, tampouco a corrida dos escritores para os grandes

centros, ao contrário, objetiva-se averiguar qual a relação dos leitores, que estão no mundo

4 Informações tiradas dos projetos de Iniciação Científica, desenvolvidos pela linha de pesquisa Poéticas, do

grupo de pesquisa Culturas e Memórias Amazônicas, orientados pela professora e por mim. 5 Texto apresentado, em 2011, no evento XX EPENN, na sessão especial Educação e Desafios Amazônicos.

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global e no regional, com as obras no plano da leitura, pois se corrobora com a ideia de Leon

Tolstoi, é na aldeia que nasce qualquer escritor e é dela que se parte para o mundo. Sobre isso

Fares (2011) acrescenta que

o amazônico faz parte desses dois mundos: um que habita o território da globalização - e para constatarmos isso, basta observar a existência das

antenas parabólicas e das antenas de celular nos mais longínquos espaços do

Brasil; e outro, que é o mesmo, que recebe os ensinamentos da terra e da tradição. Daí, não se está pensando em concepções xenófobas, mas em

priorizar a pesquisa da leitura voltada à realidade literária regional.

Outras experiências são as ações de ensino, pesquisa e extensão do CUMA, por meio

da Linha de pesquisa Poéticas, que desde 2006, focaliza suas atividades na divulgação,

produção e recepção das poéticas amazônicas, principalmente por meio de projetos de

iniciação científica, que têm por principal meta apresentar aos alunos do Ensino Básico da

cidade de Belém as obras de autores amazônicos. Para Fares (2011),

o referido programa de leitura das obras poéticas de expressão amazônica surge com o fim de intervir na situação de “desleitura”, estudar mecanismos

para restabelecer o valor da literatura e traçar um perfil sobre como

estudantes de Ensino Básico recebem as obras literárias amazônicas, tendo

como base de análise teórica a Estética da Recepção, e as teorias do discurso.

Citam-se os projetos até então desenvolvidos: 1) Literatura: recepção das poéticas

amazônicas; 2) Literatura: recepção, memória e imagens de escola; 3) Memórias da

Literatura de Cordel: recepção e ensino; 4) Lúcia, Lindanor e Eneida: memória, recepção e

leitura; 5) Símbolos culturais na literatura amazônica; 6) Faustino, Barata e Plínio:

educação e recepção da poesia amazônica6.

Para fazer, neste momento, uma pausa, e não encerrar as discussões, retorno ao título

deste texto Literatura amazônica: para que? Título este parafraseado do autor Antoine

Compangon (Literatura para que?), ensaio no qual ele reflete sobre o papel da literatura na

sociedade francesa contemporânea. O que a literatura pode fazer? Literatura para que? Eu não

suporto literatura! São frases que se tornaram comuns aos nossos ouvidos, professores de

literatura, tanto no ensino básico, quanto nos cursos de graduação e pós-graduação de Letras.

Não se deve pensar, hoje, que a literatura é a salvação da sociedade, ou que os

letrados são seres melhores ou superiores, pois se vê que as pessoas vivem sem a literatura.

6 Este último projeto foi aprovado na chamada PIBIC/Cnpq/2011 e ainda está em andamento, encerrar-se-á em

junho de 2012.

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Destaca-se que a questão seja outra: enquanto professor de literatura e, portanto, formador de

leitores e fomentador de leituras, devemos dizer à sociedade que a literatura não é uma

válvula de escape ou que todos os problemas humanos serão resolvidos com ela, ou ainda, que

as pessoas serão melhores se elas lerem textos literários, os clássicos, mas mostrar que a

literatura, ou melhor, como diz Compagnon “o exercício jamais fechado da leitura continua o

lugar por excelência do aprendizado de si e do outro, descoberta não de uma personalidade

fixa, mas de uma identidade obstinadamente em devenir”.

Assim, falar da literatura brasileira de expressão amazônica é, acima de tudo, pensar,

juntos, na construção de uma tradição de leitura dessas obras, abrir e construir novos espaços

de apreciação, que vá além da escola e da academia, que descubra novos palcos para se fazer

representar.

Referências

CÂNDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 1959.

CANCLINI, Néstor García. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da

modernidade. Tradução Heloísa Pezza Cintrão, Ana Regina Lessa. 2. ed. São Paulo: EDUSP,

1998.

COMPAGNON, Antoine. Literatura para quê? Tradução Laura Taddei Bandini. Belo

Horizonte: Editora da UFMG, 2009.

FARES, Josebel Akel. O Não lugar das vozes literárias da Amazônia na escola. XX

EPENN. Manaus. 2011.

_________ Texto e Pretexto: experiência de educação contextualizada a partir da literatura

feita por autores amazônicos, volume 01. 2. Ed. Belém: CEJUP, 1992.

FARES, Josebel Akel; FARES, Josse; NUNES, Paulo; VINAS, Rey. Texto e Pretexto:

experiência de educação contextualizada a partir da literatura feita por autores amazônicos,

volume 02. 3. Ed. Belém: CEJUP, 1996.

FERNANDES, José Guilherme dos Santos. Literatura brasileira de expressão amazônica,

literatura amazônica ou literatura da Amazônia? In: MOARA. Revista da Pós-Graduação

em Letras da UFPA. Belém: CLA/UFPA, 2005.

NUNES, Paulo. Literatura Paraense Existe? In:

http://escritoresap.blogspot.com/2008/01/artigo-do-professor-paulo-nunes.html.

PANTOJA, Edilson. Não existe uma literatura paraense?! In:

http://joaojorgereis.blogspot.com/2011/08/nao-existe-uma-literatura-araense.html.