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Palavra é Arte - POESIA • 1

72ª Edição

POESIA

2 • POESIA - Palavra é Arte

CULTURA EDITORIAL04.877.022/0001-95

RUA COMENDADOR GOMES COSTA, 49BARRIS - SALVADOR - BAHIA

71 3329 6129

Dados para Catalogação

Cultura editorialPalavra é Arte/Gilberto Martins. –

Salvador, BA: Cultura Editorial, 20141. Literatura.

ISBN: 978-85-99993-32-3

Projeto Gráfico e diagramação:Lucy Dolácio e Walter Chaves

Capa:Lucy Dolácio

Distribuidor para todo o Brasil:Seg Livros Com Representações

Rua Com Gomes Costa, 49, Barris - Salvador - BATelefone: (71) 3329-6129

E-mail: [email protected]


A palavra mágica

Certa palavra dorme na sombra / de um livro raro. / Como desencantá-la? / É a senha da vida / a senha do mundo. / Vou procurá-la. / Vou procurá-la a vida inteira / no mundo todo. / Se tarda o encontro, se não a encontro, / não desanimo, / procuro sempre. / Procuro sempre, e minha procura / ficará sendo / minha palavra.

Carlos Drummond de Andrade

Mas onde encontrar esta palavra mágica, este verbete que nos mostre a beleza ou a aridez do mundo que está aí à nossa volta? Todos nós a temos, todos nós a conhecemos. Contudo, como encontrá-la? Fazer poesia é garimpar em terreno pedregoso, repleto de seixos ou, às vezes, de abundante oferta. O poeta é, portanto, garimpeiro das palavras e lapidador ao mesmo tempo, Se a poesia, como dizem alguns, nasce da alma, somente aqueles de alma generosa e doce serão capazes de fazê-la. E Cleane Medeiros Costa é uma dessas pessoas. Por isso dedicamos a ela esta edição do Palavra é arte.

Gilberto Martins


Cleane Medeiros CostaMenina da estação .......................................................Jamais te esquecerei ....................................................Mistérios .......................................................................A rosa ...........................................................................O fim, talvez ..................................................................Sofrendo à toa ..............................................................Varzea nova ..................................................................Borboleta ......................................................................Morto ...........................................................................O gato ...........................................................................Sou inocente .................................................................Amor .............................................................................Um verdadeiro amor ....................................................Mariana TebaldiOs dias ..........................................................................Grace ............................................................................Cara Lucidez..................................................................Quando o silêncio cai ...................................................Elorena .........................................................................A rua .............................................................................Lamentos perdidos .......................................................Canção do anoitecer .....................................................Guadalupe Faro de PaulaSonho a realizar ............................................................

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Sumário


A árvore que partiu ......................................................Dia lindo .......................................................................Delícia de mar ...............................................................Está escrito ...................................................................O tempo passa ..............................................................Amigo ...........................................................................Assim não dá ................................................................Bagunçado ....................................................................Sonho de amor .............................................................Guerreiro TharleyAmorizade é assim mesmo... ........................................Aqui, dentro de mim ....................................................Chuva de pedras ...........................................................Emilly ............................................................................Pardalzinho do telhado ................................................O mendigo ....................................................................Se te amar fosse bom ...................................................Tá bonito pra chover .....................................................Até que o dia amanheça ...............................................Abitante teu ..................................................................Márcia RamosA espera... .....................................................................Exílio de amor ...............................................................Respingos de amor .......................................................Um ladrão de lembranças! ...........................................Tela do mundo ..............................................................Pássaro livre .................................................................Hoje, apenas hoje .........................................................Momentos ....................................................................Para a alma não existe disfarce ....................................

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Você ..............................................................................Cartas ...........................................................................Castelo de areia ............................................................Moinhos de vento ........................................................A rotina .........................................................................Renata Braga FreitasSaudade ........................................................................Sorriso ..........................................................................Coração vazio ou não ...................................................Na sua falta ...................................................................Então pergunto-te! .......................................................Dor ................................................................................Amor de infância ..........................................................Cura-me ........................................................................Você ..............................................................................Flash .............................................................................Caio Sobral RochaIncerteza .......................................................................Dor sem feridas ............................................................Fênix de Jade ................................................................Tudo tem seu fim ..........................................................Trajetória ......................................................................Lute! .............................................................................O tempo .......................................................................Momentos ....................................................................Utopia e realidade ........................................................Ângelo MartinsOração ..........................................................................Meu segredo ................................................................Foi um sonho ................................................................

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Adeus ...........................................................................Por que amar é assim? ................................................A beleza da pobreza ....................................................Cama vazia ...................................................................Mulher .........................................................................A senha ........................................................................Natal ............................................................................Flor de Ébano ..............................................................Luiz Carlos SantosEncantamento .............................................................Minha paixão ...............................................................Chorando em versos ....................................................O vento levou ..............................................................Miragem ......................................................................Acima da razão ............................................................Que não me falte você ................................................Pelas veias que corre o sangue ....................................Devaneio .....................................................................Acalento ......................................................................Vitor Pereira JrComo poderia ..............................................................Quem é este? ..............................................................Tudo era amor .............................................................O que diz o coração .....................................................Tudo dentro .................................................................É preciso ......................................................................Êxtase ..........................................................................Quando eu envelhecer ................................................A cidade sem amanhã .................................................Poema da química .......................................................

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Violência para todos .....................................................Jorge HenriqueBêbados ........................................................................Finde, ano! ...................................................................Dia cinza .......................................................................Comédia pagã ...............................................................Estações?Estas não .......................................................Iceberg ..........................................................................Deixar saber..................................................................Antes que eu... .............................................................

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MENINA DA ESTAÇÃO

E sentou-se ao meu ladoE começou a contar,O que da vida vive a pensar,Assunto hoje ainda não encerrado.

Disse-me ser infeliz,Que da vida tem desgosto,Quando menina tinha mais gosto.Quando ainda sonhava em ser atriz

Depois de muito, confessa:Busco emoções extremas!Acho a vida suprema!Só calmaria não presta!

Odeia limitações,Sonha liberdade plena.Diz de si, por vezes ter pena, Em dadas situações.

Acha que a olham tortoMas demonstra não importar,Por que todos irão se igualar,No dia em que estiverem mortos.

Ela não tem fricote algumAté viaja com passagem só de ida.Sente-se dona da vida.Uma maluca para alguns.


Nem tudo engole quieta,É muito questi onadora,Diz ainda ser sonhadora,Mas a vida é toda incerta.

Por muitos, é censurada,E às vezes se entristece,E com a vida se aborrece,Só vive bem agoniada.

Ah! Adora fi losofi a, química e biologia,Artes, teatro, História e ciências sociais,Ama os contemporâneos e os animaisSó crê no que pode ver, não gosta de fantasias.

Dá muita atenção ao presente,Não gosta de planejar,No desti no, não costuma acreditarAliás, em quase tudo é descrente!

Disse-me que sua certeza,É de que não tem certeza de quase nada!Adora o céu na madrugadaEnvolve-se com sua beleza...

Identi fi quei-me com coisas que falou,Disse eu: Acho que na vida tens destreza!Achas mesmo de nada na vida ter certeza?– Nossa! Meu ônibus chegou!

Cleane Medeiros Costa

Disse eu: Acho que na vida tens destreza!Achas mesmo de nada na vida ter certeza?


JAMAIS TE ESQUECEREI

Ao passar do tempoDescobri em teu olhar,Um senti mento profundoAo meu peito apertar.

O tempo está passando,E podemos nos afastar,E mesmo assim nada no mundoVai me impedir de te amar.

Desejo-te felicidadesE que vivas muito bem!Guarde-me em seu peitoOnde o guardarei também.

Você marcou minha vidaDisso sempre lembrarei,Se um dia não mais nos encontrarmos, saiba:Que jamais te esquecerei!



MISTÉRIOS

Muitos mistérios deste mundoJamais serão revelados,Certos segredos da vida,São extremamente guardados.

Não se sabe os motivosdesconhecida é a verdade,à inteligência humanaestes segredos não cabem.

Talvez não houvesse graçaSe vivêssemos de tudo sabendoQuão surreal universoEste onde nós vivemos.

Querem saber das estrelasOnde estarão penduradas?E a intensa chamar do sol,De onde foi originada?

Será obra de um ser supremo?E de onde ele surgiu?Não é lógico para mim,Porque ninguém jamais o viu.

Muitos têm tanto apresso,mas outros desacreditam,Principalmente após o avanço científicoMuitas coisas, já não se explicam.

Cleane

Realce


“Só sei que nada sei”Assim Sócrates afi rmou,Creio que foi o mais exatoDe tudo o que já falou!

Porque por mais que o tempo passe,e por mais que possamos descobrir,Ninguém jamais saberá de tudoE os mistérios não têm fi m.

Quanto mais aprendemosMais, queremos aprender,e sempre haverão perguntasque ninguém possa responder.



A ROSA

Quão bela é a rosaAtraente, delicada,Os olhos notam a perfeição,E o olfato, o quanto é perfumada!

As mãos sentem a suavidade,Inesquecível é a sensação do toque,Tanta perfeição se acabaCom a sua lenta morte.

Se turva aquele lindo vermelho, Fica feia, endurece.Toda a maciez se perde,O perfume apodrece.

Tantas belezas há na vida,Tanto dor, quanto prazer,O homem é tudo e nada. Como a rosa,Morrerá, se deteriorará, vai apodrecer!



O FIM, TALVEZ

Quando começouPensei que fosse diferenteTinha sonhos e esperançaE estava sempre contente.

Houve infi nitos momentos mágicosInexplicáveis sensaçõesE mesmo havendo intrigasSempre venciam as emoções.

Tudo o que é bom, dura pouco.E agora não foi diferente,Roti na, cansaço e brigas, Passaram a tomar a frente.

Pode haver soluçãoMas também pode ser o fi mSó com o tempo descobrirei,O que será melhor pra mim.



SOFRENDO À TOA

Onde estará você agora?Porque mandei você embora?Meu coração está preocupado.Desentendemo-nos à toa,E uma coisa que era tão boaHoje está tudo acabado.

Sinto um vazio dentro de mim,Preciso de você aqui,E não sei se voltará atrásVocê não é mais criançaAinda tenho esperançaO amor sabe o que faz.

Mas quem sabe fi ca tudo bemDe repente você vem,E a gente possa se entender.E acaba este sofrimento,Que está matando por dentroEu e você.



VÁRZEA NOVA

Zacarias Domingos de JesusCasualmente encontrou,Um lugarzinho escondidoE foi onde se acomodou!

Trouxe consigo a famíliaPara viver neste lugar,Mal sabendo que um diaTanta gente, residiria por cá

Várzea Nova!Assim hoje é chamada.É só um pedacinho de chãoMas por tanta gente é amada!

Aqui plantamos feijão, milho, mandiocaE sisal principalmente.É o qual vem há tanto tempoSustentando sua gente!

Seu povo é humildesimples e batalhador,É um lugar de gente feliz,Povo honesto e trabalhador.


Derramam seu suor no soloDebaixo do sol a cantar,Quando a chuva caira recompensa virá.

Quem vive aqui não quer parti rQuem parte sonha em voltar.Quão belo e cati vadorSe tornou este lugar!

Várzea Nova, cidade tranquilalugar bom de se viverOnde eu nasci, e onde quero morrer!



BORBOLETA

ZLinda, muito linda!A vi batendo asas entre a fl oresta,De concreto e aço,Como quem não tem pressa.

Cortando os ares,mudando assim a paisagem,Breve, mas exuberanteÉ a sua passagem.

Extremamente frágeis são as lindas asas,Exatamente como a própria vida,Em sua morte ninguém sofre,Ninguém chora sua despedida.

E assim como muitos sonhos,Em pó, ela se torna,Mas no fi m de tudo, aqui nada se perde,Apenas se modifi ca, aqui tudo se transforma.


Cleane

Realce


MORTO

O mundo é um ermo esquisitoUm mar de dúvidas me sufoca,Aqui penso: estamos sósEm busca de respostas.

Parti mos sem compreenderA brevidade da vida,Perdemo-nos no tempo e no espaçoQuando a razão se fi nda.

E depois do últi mo suspiroNão mais pensa, nada mais é dito.Nada mais háNão há nem paz nem confl ito. Morto não pensa nem fala, nada sente!Não é alegre ou triste.Morto não sorri, morto não chora,Morto, não existe!



O GATO

Mal começou o dia e vi,Um inocente gato,Com as vísceras esparramadas,À mostra no asfalto.

Na linda manhã de segunda,Do céu descia um clarão,Do gato vi um líquido grosso e turvoEscorrendo pelo chão.

Não ti nham ainda os urubus,Senti do o cheiro da morte,Mas as moscas já degustavam,A escura seiva, aproveitando a “sorte”.

A carne, virará uma lama podre,nojenta a escorrer.O que inevitavelmenteOs bichos irão beber.

Tudo o que é matéria viva,Certamente há de morrer.Como ocorreu com o gato,Os vermes hão de comer.



SOU INOCENTE

No meu coração há uma forçaQue tomou conta de mim,Esta eu tento controlarInuti lmente sem conseguir.

Esta força me sufocaEstá presa bem aqui,Querendo me fazer viver,Algo que jamais vivi.

Sou forte, mas não tanto,Temo que esta, termine de me invadir,Fazendo de mim o que quiserSem minha mente consenti r.

Se esta força me vencerSerei crucifi cada injustamente,Foi tudo culpa desta paixão,Portanto sou inocente!



AMOR

Esta sensação que está dentro de mim,Induziu-me a pensar assim:O amor é egoísta e excludente.Por se apossar de um serQue sem ao menos quererÉ envolvido loucamente.

O corpo e a alma perdem a razão,Ficam cegos de paixãoNem sequer enxergam o perigo.Torna num marionete o amante,Que vive um dilema constante:Quero esquecer, mas não consigo!

Passa a viver numa agonia,Que seja noite ou seja dia,Vive a pensar no amado.É uma força tão terrível,Que se torna impossível,Não viver alucinado.

Se este, fosse o centro das atenções,Ou desejado por milhões,Não lhe valeria de nada!Pois vive um descontentamentoE o único desejo por dentro,É ter a pessoa amada!



UM VERDADEIRO AMOR

Sempre sonhei e espereiJá até me desespereiEm busca de um grande amor.Até pessoas escolhi,Mas não demorou e percebiDe que nada adiantou.

Sozinha, solitária e indecisaO que a gente precisaÉ amar e ser amada.Desabafar, chorar, sorrir,E do lado de alguém se senti rCompleta e realizada.

Após desisti r, quando menos esperei Foi que com o meu amor me encontreiSó aí, houve o fi m do meu tédio.Ao ser escolhida pelo amor,Acabou toda a minha dor.Que magnífi co privilégio.

Descobri que não adianta tentarNão adianta procurarPor que não é como parece.Se perseguirmos, ele foge!O amor não se escolheEle vem e acontece!



OS DIAS

Oh, como os dias passam sem percebermos!Causando mudanças irreversíveis em nós e nos outros.O que assusta é que ainda assim não entendemos,Que é hora de deixar os pássaros voarem soltos.

Inaceitáveis pensamentos assombram mentes cientes,Por que se preocupar com algo perdido no passado?Enquanto nossas crianças adotam ideias vigentes,Que veem na televisão, e em enredos inapropriados.

Parece que o momento de mudança nunca irá chegar,Eles querem revolução e se assustam quando os jovens matam!Criam seus fi lhos em jaulas e lhes moldam para caçar,Pois são seus deuses, governos e armas que exaltam!

Os dias correm e morremos em diferentes histórias...Entre milhares que compõe o grande teatro real,Fabricado de menti ras, com um pouco de memórias,Estrelado pelo ser mentalmente sano, mais insano e mortal,

O humano, que se afoga na própria lama.Nos dias, dos outros dias, de mais dias que não existem.Nas noites vazias em que deito em minha cama,Eu sei o moti vo porque muitos de sua vida desistem.

Mariana Tebaldi


GRACE

Se aproxime Grace, por favor, não se sinta mal,Há uma vida de maravilhas lá fora.A troca de estações a deixa mais sentimental,Mas me diga, é o outono ou a primavera que adora?

Uma mente desolada pela infinitas maldadesOu infinitas instabilidades de uma vida vazia.Grace, sem graça nenhuma um dia morria,E no outro ressurgia sem deixar saudades.

Tão jovem para ser tão velha e miserável.Sente-se aqui ao meu lado, beba ainda,Não é por falta de alguém amável,Sabe que é esperta, vazia, e linda.

Oh, Grace, onde foi que errara?Já nascera voltada para a desgraça.Mal sabem pelo o que passara,Já fora caça, ladra, e farsa.


Agora lhe sobra nada, o nada de sempre e de tudo,Odeia, e nem mais sabe o que isso signifi ca.“Vai”, eles dizem, “leve embora todo esse entulho.”Sem fazer barulho, e ela se explica:“Da graça é o que mais vão senti r falta”

Se reti rando como uma boneca jogada no lixo,Ela despenca na calçada morta mais uma vez.“É aqui onde fi co, é aqui onde existo”E volta a pedir dinheiro para poder passar o mês.

Mariana Tebaldi


CARA LUCIDEZ

Este é o Correto, desumanoCriando um novo transtornoEm um novo livro especializadoCaro e pesado Para seu filho alienado.Interne o seu critérioEsbanje lucidez com seus hemisférios.No dia em que a rebelião nascerOs loucos é que irão escrever!

Chame o doutor!Não podemos entender o que ele diz,Eu vejo em seu rosto toda a dor,É o que ele sempre quis.

Engane-me mais um pouco,Eu estou quase caindo em seu enredo.Eu sei! Acho que sou louco!Tomarei a pílula sem medo.


Uma desculpa para a nova doença,Certi fi cados nos provam falsa veracidade.Pode ser, depende de sua crença,Não se preocupe, Deus tem piedade.

Vista o semblante politi camente Correto,Sorria um dia mais, ou eles lhe entorpecerão.Está tudo bem, eles sabem o que é certo,Não abras muitos os olhos, ou lhe cegarão.

Mariana Tebaldi


QUANDO O SILÊNCIO CAI

No meio da noite, permaneço desperta,Ouvindo ao longe o som da revolução.Eu vivo aqui, como muitos, uma vida secreta,Quando o silêncio cai, e tudo vira escuridão.

Meu coração acelera e minha respiração está pesada,Em um futuro que nunca existi rá.Nenhuma marca vou deixar de minha estada,Pois tudo sobre mim desvanecerá.

Essa é uma volta que não teve ida,De sonhos quebrados e memórias inverti das.É o que sobra para preencher o vazio,Caso o contrário só existi ria silêncio e frio.

Agora os sons de motores e engrenagens,Criam não muito distantes, pequenas imagens, Da evolução que deu errado,De um mundo agora, devastado.

Mariana Tebaldi


ELORENA

Venha serena pelas águas brancas,Abrace o manto vermelho da essência divina.Fora em toda sua vida, uma entre as santas,Mas deixara obscura, sua alma cristalina.

Uma nova vida se expandiu a sua frente,Como negar que todo o bem que antes conhecia,Era uma farsa distorcida para o mal inerente?Elorena estava sobre a neve, e no frio se perdia.

Deuses de um mundo inconstanteEnvoltos em semblantes de luz,Lhe guiaram pela estrada brilhanteE lhe crucifi caram perante à cruz.

Elorena, enganada pelo mundo imortal,Abandonou sua fi lha no berço do mal.Algum dia, em outro amanhecer, Corrompida pelo ódio de ser,Elorena, a Deusa da Noite, irá renascer.

Mariana Tebaldi


A RUA

Vivo mais outro dia sobre esse lugarOuvindo o barulho afastado na rua.Pudesse eu seguir e tudo abandonar,Virar as costas e andar pelo caminho da lua.

Mas é aquela luz que me segura,Com brilho vazio e morto em minha alma.Enquanto ouço o barulho da rua,Os medos afl oram em minha calma.

Pudesse eu ser apenas um sonho perdido,Esquecido por alguém no amanhecer,Assim sem senti r eu teria desaparecido,Longe desse lugar que me faz enlouquecer.

Mariana Tebaldi


LAMENTOS PERDIDOS

Sem pontas soltas, sombroso espelhar,Daqueles olhos mortos, sem cor, sem dor.Espelhos tortos, refletem a negra flor do olhar,Daquele rosto vazio, sem ódio, sem amor.

Vá, pelo anoitecer dos campos coloridos...Dos sonhos de outrora, dos sonhos não vividos...Pobre alma da floresta, não se afogue no lago adormecido.Volte, pelo amanhecer dos lamentos perdidos...

Vejo sua sombra, no meu reflexo nascer,Ainda distante, mas perto o suficiente para sentir.Sua alma vai crescer, por cantos escuros ser,Parte das árvores, parte do meu existir.

Em um só sopro, o vento nos canta uma canção...Em um só corpo, torto, já morto,A negra flor não mais é, refletida em vão...Em nosso olhar absorto, sem dor, sem compaixão.


Em meu espírito deposite toda dor, do márti r dos sonhos,Do choro sem louvor, deixe a prece em vão ser seu apoio.Uma vez caído em desespero, não há perdão para o ser afoito,Só há o perigo do terrível desti no, sem sonhos vividos,Apenas pensamentos perdidos, de um espírito sem amor.

Não perdoamos os que não veem a noite nascer,Pois não pouparam nossa alma prestes a morrer.Quando a luz surgiu,Logo veio o escuro, como nuvens de sangue quente...Sua prece interveio,Mas no inverno de mau agouro que seu ser não sente...Apenas o frio senti u.

Mariana Tebaldi


CANÇÃO DO ANOITECER

Salvem a Rainha que morreu antes bruxa!Respeitem seu fracasso, riam de sua bravura.Salvem o Rei que fugiu da luta!Cuspam em sua covardia, riam de sua desgraça,Enquanto sua derrota é preservada em pintura.

Desastroso amanhecer que nos aguarda,Incerto desti no pregado de injusti ça.Vivemos no berço da tempestade que tarda,É sem medo que a noite nos enfeiti ça.

Lá, no recanto das almas perdidas,No infortúnio dos homens sem lar...Nossas lágrimas repousam adormecidas,Longe do mar, longe de nosso cantar...

Mariana Tebaldi


SONHO A REALIZAR

De tanto olhar me apaixoneiA tua voz me convenceuSaudades sinto, de um tempo bomQue o amor em prosa, ainda era moda

Te convencer foi luta em vãoAdoração e sedução, te magoouNo coração a dor fi couO senti mento, falou mais alto

A sombra que te cobriuA lua te descobriuO mar que te levouNa areia te devolveu

Volte a me amarCarinhos quero te darNão pode a vida deixarUm sonho sem realizar

Guadalupe Faro de PaulaGuadalupe Faro de Paula


A ÁRVORE QUE PARTIU

Ontem ouvi um choroChoro que nunca ouviDói na minha almaTudo o que eu vi

Ali ela sempre esteveE mal não fez a ninguémConfesso que não entendiPor que a ti raram dali

Por mais que atrapalhasseEla nasceu aliE se a alguém incomodouFoi porque tarde chegaram ali

Hoje ela parti uMas muito contribuiuAlegria ela nos deuCom tudo que ofereceu

Vai, minha queridaSua dor eu sinto aquiNada pude fazerPois não estava aqui

Teus frutos serão lembradosTua sombra não será esquecidaA mais linda das árvoresUm dia morou aqui

Guadalupe Faro de Paula


DIA LINDO

Quando acordo pela manhãAbro a janela e contemplo o diaOlho o céu, e ele está lindo Vejo as montanhas, e os pássaros

Não há felicidade maior, que ver o brilho do solPor mais difí cil que a vida sejaAs manhãs nos trazem uma certeza O sofrimento e as tristeza, dão lugar com tanta beleza

Mude a sua vida, valorizando cada diaComece todos os dias, agradecendo o dom da vidaAs providências Divinas, se renovam dia a diaJamais será esquecida, por quem te deu a vida



DELÍCIA DE MAR

Águas claras, que me falamVenha cá, vou te banharÁguas quentes, que batem suavementeVou te curar, assim que aqui você entrar

Mar que tão doce foi, hoje salgado estáMar prometa fi car, manso e lindo de olharQuero muito ir buscar, a joia que lá deixeiJunto fi carei e de ti nunca esquecerei

Delícia de mar, só quero te amarMar que minha vida mudouQuando para longe, o meu amor mandouTesouro encantado, fi que ao meu lado

No mar quero me jogar, e você encontrarNunca irá se afogar, não deixarei te faltarO mais puro ar, sempre vou te darLábios molhados vão te encontrar, e muito te beijar



ESTÁ ESCRITO

Não adianta da estrada sairPor onde andou, tardiamente voltouNinguém disse que havia acabadoDiz que é para fi carO vento soprou, distante do marInsiste em encantarDe loucuras vai vivendo, buscando explicaçãoEstá escrito vou te encontrarVida linda, vida minha, precisa conti nuarMe leve de volta ao marEstá escrito na areia do marLá é que tem que fi carVamos esperar, tudo pode mudarO medo não vai perseguirEstá escrito, não adianta fugirEle sente e entrega, o que você não enxerga



O TEMPO PASSA

O tempo vai passandoVejo nuvens, vejo chuvaVejo estrelas, vejo a luaVejo o céu e a noite escuraVejo o dia, se passandoJá não posso mais sonharA vida chama, preciso conti nuarO ti c tac do relógio, passo a escutarOs ponteiros vão girando; eu aqui a observarMe reporto para o marMar, onde o meu amor estáJá não posso mais chorarBarco passa, vento sopraE lá dentro ele levaMinha dor não vai emboraInsisti ndo em fi carÓ imagem tão profundaNo meu peito a carregarDói aperta e dilaceraCoração a esquentarDia passa noite vem Conti nuo a perguntarNos livros vou buscarO que podem me ensinarSó me falam sobre o tempoTanto tempo a esperarMinha dor não vai emboraPois seu tempo é só amar



AMIGO

Todos se foram, aqui estouEle está comigo, atento em meus pensamentosNão grita, não bate, ouve e ensinaQuando quer falar, no peito ele bate e dóiLogo sei, sim... é meu amigoVeio me aconselhar, me trazer seu amor, seu carinhoDa minha dor, tudo sabe, tudo entendeSempre que estou doenteFaz de tudo pra deixar contente

Ah... meu amigo, com você por pertoA alegria vem, o choro tambémMas vem a certeza de que só não estouMeu amigo, me trouxe outro amigoBondade, alegria, sabedoria, vidaHorizonte perdido, renasce, me traz novos rumosMuda minha vida, me mostra o caminhoAbre o livro, e deixa folhearMe apresenta outras letras, me da sua mão

Ah... meu amigo que trouxe outro amigoA minha dor vai tirar, outras histórias contarDo outro lado da terra, muitas delas háGente bonita, sabida e amiga Agora ele diz, tudo vai mudarCompra essa briga, me coloca de volta à vidaTamanha bondade, sem nada em troca me dizMenina você é lindaMe faz companhia, me ensina e me valoriza


Ah... meu amigo que mandou outro amigoAgradecida eu fi co, porque não consigo O livro da vida sozinha escreverCada dia vivido eu acredito, tudo é corretoNada está errado, não posso fi car de olhos fechadosA dor ela existe, o tempo insisteEnsina, que nada é passadoTudo é aprendizado, e fi ca marcadoNo dia a dia, tudo é referência

Ah... meu amigo que trouxe outro amigoPode esperarDo fundo do mar ele vai me ti rarMar, que sempre vou amarE não quero mais chorar



ASSIM NÃO DÁ

Não adianta se chatearCom o que eu tenho a te falarPode o tempo passarE você se emburrarPois de tanto te esperarEu não sei mais me expressarE só consigo te irritarCabe agora a você, a decisão de mudarOs sonhos e o amor, um dia realizarVenha para os meus braços me amarE pare de me assustarCom este seu jeito de me tratarNão adianta me magoarPorque sempre vou te amar



BAGUNÇADO

A Paz, que sempre é esperadaNada sabemos, por isso sofremosNada é ditado, pouco é seguidoCerteza não tenho, apenas desejo

Basta um risco, e tudo está escritoFogo alastrado, tudo queimadoPare e pense, não vale a penaA vida não se resume em um segundo

Amor que se quer, e que não se encontraA pressa acelera e não se aprendeTira a razão e fere o coraçãoNão tem emoção e nem grati dão

Está tudo errado, não tem mais espaçoResultado esperado, busque coragemAinda há tempo, pode ser encontradoEla existe, está à sua frente



SONHO DE AMOR

O pássaro gigante, que realiza sonhosEm todos os ares, sempre estáQuando decola, leva uma esperançaAo pousar, lágrimas pode causar

Pássaro gigante, onde estaráO sonho levou e não mais voltouA saudade deixou, quem nunca me amouO amor plantou e ele vingou

O ser iluminado, que não fi ca paradoNa luta constante, se faz presente a todo instanteVida agitada, não pode mais nadaTempo passado, amor desejado

Nada acertado, está tudo erradoNão deixe de amar. O tempo vai acabarA inspiração pode aumentarSe o coração voltar a amar



AMORIZADE É ASSIM MESMO

Dentro dessa amorizade, sempre digo que te amo, você diz: – vai passar! Mas não quero que isso passe! gosto deste sentimento, de te amigamar... Amo tua amorizade, não quero me alforriar! Num dia fortuito, nos conhecemos ao brigar, mesmo na distância atroz, perdi as contas de quantas vezes nos despedimos, mas o universo conspira em nos aproximar; Lembro tudo que falamos, uma conversa já finda, mas quer saber? Acho que nossa história apenas começou. Sempre serei teu amoramigo, mesmo se os céus se romperem, afogando um sentimento, que não entendendo, mas que não se resume em apenas, amor. Que tu sentes... Que eu sinto...


Ainda me sentes? Ainda te sinto! O que é amorizade? Sinceramente... Nem sei como explicar; amorizade não se descreve em palavras, mas posso até tentar! Amorizade é um senti mento, que te faz rir e faz chorar, é a bagunça na cabeça, é o querer de te abraçar; É o requerer de te ter perto, é a candura ao te olhar é... nem sempre da pra rimar! amor acaba! amorizade... nem o tempo é capaz de apagar.

Guerreiro Tharley


AQUI, DENTRO DE MIM

Sei que te amo, quando meus pensamentos se elevam a um grau em que o céu não é mais o limite,E a eternidade futura, não é mais importante que a tua presença,mesmo rápida, passageira;Pois prefi ro viver com você pouco tempo, que viver uma vida eterna longe de ti .Sei que te amo, quando regras não mais existem,E te encontrar, não é apenas um devaneio, ou um desejo inconti do,e sim uma eminente realidade;Mesmo você sendo um vício incurável e inculpável...E que mesmo a noite, antes de pegar no sono, um leve e involuntário sorriso se forma em meus lábios ao lembrá-la;E a absti nência inconti da e insaciável de tua presença,De teu cheiro ou mesmo de ouvir o som de tua agradável doce voz,Me leva a te procurar em meio à madrugada,Mas o único lugar que te encontro, é aqui, dentro de mim.

Guerreiro Tharley


CHUVA DE PEDRAS

[...] aí a chuva cai,Nessa tarde horrenda,Outrora ardia...Olho as gotas que caem,Deslizando nas folhas da laranjeira;Na lembrança, um rosto:O fantasma do natal passado;No presente, o vazio,No futuro incertezas;Do meu quarto, o doce som das gotas no telhado,No peito, dor avassaladora;Seguindo no caminho fúnebre da minha vida.

Guerreiro Tharley


EMILLY

Ah! Emi doidaÊita, Emi doida,Eu nunca tinha vistoUma Emi tão doida!

Só dorme chupando o dedoEla gosta de gritarSeu cabelo é enrolado Não quer nem se pentearEla fala aceleradoNem para pra respirar...

Ah, Emi doidaÊita, Emi doida,Eu nunca tinha vistoUma Emi tão doida!

Ela come o tempo inteiroAdora mastigar...Ela faz um vanerão Pois na rua quer brincarCorrendo de pé no chãoMenina vem se calçar!!!

As tarefas? – Deixa pra lá!


Detesta um chuveiro Menina vai se banhar!!! Vou já! Zzzzzzzz!!! Espere dormindo Por que sentado vai cansar Ah Emi doida Êita, Emi doida, Eu nunca ti nha visto Uma Emi tão doida.

Guerreiro Tharley


PARDALZINHO DO TELHADO

Pardalzinho do telhado, o que te moti vas a cantar?Já de manhã cedinho sacudindo as asas a gorjear,Em um tom tão feliz que parece estar a louvar;

Pardalzinho do telhado, o que te moti vas a cantar?É a brisa quente e mansa, em Teresina a soprar,Ou o sol de setembro fulgurante a brilhar?É nossa noite de lua encantada no céu sem nuvens,milhões de estrelas, no cruzeiro alumiar...

Pardalzinho, mas que ninho boniti nho!Daqui posso escutar, teus fi lhoti nhos peloquinhos,De bico aberto a piar

Pardalzinho do telhado tens moti vo para cantar!Tu és livre ai em cima, tu tem asas pra voar,Atravessando minha cidade, Teresina,Ah! Lugar melhor não há.

Guerreiro Tharley


O MENDIGO

Quem és tu, ilustre desconhecido?Que se senta na calçada,De terno rasgado, olhar moído;Um linho sujo,Desmazelado, fedido...

Quem és tu, andarilho?Da mão enrugada,Estendida ao vento,Esperando trocadosDormindo ao relento...

Quem és tu, meu querido sonhador?De traços expressivos,Barba, há tempos não tirada.O que fazes aí?De longe ouço murmuros teus!

“Me deem uma esmola pelo amor de Deus!”

Mesmo assim, ainda cantas?!Tocando um violão desafinado,Uma corda quebrada...Num esforço que vem d’alma


Tão humilde senta-se na sarjetaCom voracidade, come seu “almoço”,Com sorte ganhado, sobejado...Pois amanhã, Deus dará.

Onde está tua família?Sim! Porque em algum lugar,Tua velha mãe chora,Te sábio pai não se consola e,Teus fi lhos dormem desiludidosPor que foste embora.

O que te levou às ruas?Foi um amor perdido?Foi um vício maldito?Ou uma doença incurável,incontrolável?

Ou seria a reles incompetênciaDe nossos governantes insensatos?Da politi cagem desenfreada;Quando será, meu Deus, que eles perceberão,Que o ser humano é o verdadeiro tesouro?E, a única coisa que realmente importa.

Guerreiro Tharley


SE TE AMAR FOSSE BOM

Se te amar fosse bom,Tuas palavras duras, não me magoariaTeu olhar, indiferente, não doeriaTua ausência não me perturbaria

Se te amar fosse bom,Tua presença era paz,E não agonia...Teus lábios quentes, nos meus, se fartaria

Se te amar fosse bom,Ah! como eu te queria!

Se pudéssemos voltar no tempoTempo que só anda pra frenteNão avisa que atrás vem genteAchamos que não existe mais nadaAlém da soma de doisNós dois.

E o tempo? Que tempo?!Para os amante o tempo não existeSó o calor dos corpos em um ápice de prazer.

Guerreiro Tharley


TÁ BONITO PRA CHOVER

Tá bonito pra chover!Como é bonito ver,Nos galhos da laranjeira,O rouxinol a gorjear,Vento nos palmeirais a balançar,É o mês de Março,Chega a chuva temporãÉs bem vinda!

A natureza parece cantar O tiziu no capinzal Livre, feliz a estralar, a pular...

O bem-te-vi, grita animadoBem-bem-te-vi, te-vi...Bem-te-vi...

O céu do meu Piauí, D’antes azul, agora é cinza. Uma brisa doce e fresca a nos tocar O ar é mais puro, agradável, nos leva a sonhar,

Há noite, corações apaixonados,Aproveitam o friozinho, Pra ficarem mais pertinho;Mais que nunca, o amor está no ar.


ATÉ QUE O DIA AMANHEÇA

Abril de 2014 - noite.La fora, um sereno fi no,Aqui dentro, chove forte;

A tempestade ainda vai demorar a passar;Ainda vejo a neblina,Escondendo teus olhos dos meus!Até quando esconderá?

Me aproximo da janela;No telhado, ouço o som da chuva,Que parece o choro e lamento,De um pobre ser, inconsolável, ao relento.

As gotas que explodem numa poça na calçada,Emitem sons que lembram soluços;O vento, em sussurros, ao meu ouvido,Revela teus segredos escondidos...

Sons que ainda ecoarão,Dentro de meu ser,Até que o dia amanheça,Ou até quando em fi m, eu te esqueça.

Guerreiro Tharley


ABITANTE TEU

Pode não parecer,Mas sim, eu te vejo!Fala, eu te escuto!Mesmo que, atônito,Eu fique mudo;

Chora! Não prometo te consolar,Mas posso chorar com você!

Se cala, te sinto,Se rir, me conforta,Pois é o que mais importa.

Se sonhas, me transporta,Ao mundo teu,Abitado por um ser, eu.

Guerreiro Tharley


A ESPERA

Na angústia em que me encontro, o tempo se recusa a passar.A espera lancinante arrasta os dias, se tornando minha fiel companheira.O silêncio intensifica os tropéis dos pensamentos...Segredos em grilhões dentro do peito.Preciso libertar minhas emoções, dividi-las com você.Mas, como? Se não consigo encontrá-la!Ouço um ruído e corro para o portão na esperança de avistá-la...Infelizmente, nova desilusão...É apenas o brado da minh’alma que insiste em chamá-la!Esperar por algo concreto, mensurável, é mais fácil...O que nos desespera é a busca por algo que não enxergamos...Apenas necessitamos!


As estações do ano passam inexoravelmente...Os rios ‘beijam’ os mares...As horas delimitam os dias...E eu fi co aqui... A sua espera!Os meus sonhos fl utuam sobre lindos prados verdejantes,lugar perfeito para encontrá-la.Sussurros ecoam ao longe, glorifi cando a possível vitória...Temos hora marcada! Enfi m, o tão almejado encontro...Envolta em raios dourados, delicadamente,sinto sua aproximação e posse.Obrigada ‘Felicidade’, por fi nalmente, o meu coração encontrar!

***

“O amor preenche os espaços, acaba com o ‘vazio’ do coração.”

Márcia Ramos


EXÍLIO DE AMOR

No exílio em que me encontro,Nem a procela da minh’alma trará você.Sigo resignada nessa vida sem esplendor.Enquanto você dorme, fi co aqui a sofrer...Somente o seu amor libertar-me-ia das incertezas,Traria de volta o meu sorriso e velhos sonhos,Acenderia a ‘luz da esperança’ no meu coração,Acordar-me-ia com uma inebriante canção.Quando eu voltar da Terra do exílio e do silêncio,precisarei de um colo para chorar.Depois, será tempo de festa!O inverno sombrio passará,O verão trará o sol,Para os meus dias alegrar.

***

“Assim como os rios nascem, trazem vida e morrem, você foi à lágrima que nasceu nos meus olhos, escorreu pela minha face, acendendo a chama do amor e se apagou, morrendo nos meus lábios.”

Márcia Ramos


RESPINGOS DE AMOR

“Nossas histórias são como poesias...Algumas fáceis, outras, difí ceis de escrever!”Momentos que marcam uma existência,Fragmentos do tempo que não podemos esquecer.Desafi os constantes,Provas de fé e superação,Regras que regem a vida do cidadão.Caímos e levantamos,Choramos e sorrimos,Perdemos e vencemos,Odiamos e amamos,Isso é o que nos faz crescer!Em cada história vivida, respingos de amor...

***

“Reconstruir o passado é fundamental para gerenciarmos o presente e planejarmos o futuro.”

Márcia Ramos


UM LADRÃO DE LEMBRANÇAS!

O ser humano é um ‘reservatório’ de lembranças; o bem maior oferecido nessa vida.O alimento de uma existência!É como colecionar moedas...Diariamente você guarda moedas no ‘cofre da mente’ e elas, no momento certo, trazem a alegria, a tristeza, a dor, o amor, o ódio, os sonhos, mas principalmente, a certeza de estar vivo.De repente, essas lembranças são deixadas para trás.Existe um ladrão que age sorrateiramente, chegando tão de mansinho que nem percebemos.Ele é frio e impiedoso.Rouba almas e corações!De um filme lindo e colorido, sobram cenas em preto e branco.Simples esquecimentos se transformam numa perda existencial.Restam apenas os ‘ecos’ na lembrança.É a chama da vida que se apaga lentamente!O canto do sabiá e o perfume das rosas ficarão esquecidos...


Os dias e as noites serão sempre iguais...No olhar, o eterno questi onamento...A imaginação será o seu maior inimigo...A vida não terá mais senti do...O que você foi, fi cará para trás!Alzheimer, um ladrão de lembranças!Somente o amor, para amenizar o sofrimento dessa doença!Valorize cada minuto da sua vida.Encontre sempre moti vos para sonhar!Não perca tempo!Seja feliz! ***

“Deus é a força moti vadora que nos faz caminhar e seguir em frente todos os dias!”

Márcia Ramos


TELA DO MUNDO

Noites são sempre noites, a diferença está nas lembranças.Momentos tão felizes, hoje se perdem em noites vazias.O calor de uma paixão se transformou na fria solidão.Ainda sinto o teu inebriante perfume no ar...Envolta em lençóis de seda, fi co a te procurar.Doces são as imagens bailando na escuridão...Invadem a minh’alma como uma linda canção.O tempo passou e você jamais voltou.Carregou alegrias e esperanças...Sonhos de uma vida...Deixou dentro de mim, profundas feridas.Porém, a Terra girou, e logo, haverá um novo dia.Na ‘tela do mundo’, pintarei felicidade e então,você será apenas um breve momento de saudade!

***

“Nos acordes afi nados de um violino, ouço as aprazíveis bati das do meu coração.

São descompassadas e repletas de emoção, capazes de ir-radiar amor para uma multi dão.”

Márcia Ramos


PÁSSARO LIVRE

O medo assola minh’alma...Não quero amar ninguém... Grita o meu coração!Ainda sinto a dor da desilusão.O que seria liberdade, se transformou em prisão.Hoje, sou um ‘pássaro livre’ voando na escuridão.Procuro um lugar chamado felicidade.Sei que ele existe, mas é difí cil encontrar...Não perco a esperança de um dia voltar a sonhar.Na Terra do amor confi o minha sorte, afi nal, a‘bússola da vida’ aponta sempre para o Norte.

***

“O amor quando chega é arrebatador!

Primeiro nos enfeiti ça, depois, nos prende na sua teia!”

Márcia Ramos


HOJE, APENAS HOJE

Hoje quero fi car só!Longe desse mundo...Onde ninguém me veja ou ouça...Desejo apenas a minha companhia.Tenho tanto para dizer, porém, as palavras não saem.Mesmo sabendo que é impossível, queria sua presença...Mas você não existe!Queria que senti sse o bater descompassado do meu cora-ção...A solidão que arrasa a minh’alma...O amor que, resignadamente, guardo para você.Hoje quero paz!Preciso apenas dos meus pensamentos.Tenho que me encontrar!Refl eti r sobre o momento em que vivo.Ouvir o ‘silêncio’ e suas respostas.Hoje queria estar no seu coração!Olhar dentro dos seus olhos e me enxergar.Você não está por perto...Existe apenas nas minhas lembranças.Hoje desejo um refúgio!Qualquer lugar...Onde ouça o desabafo do meu coração,tal como um bálsamo para a minha dor.

Márcia Ramos


MOMENTOS

Como defi nir um momento?Será difí cil...Às vezes temos pressa... Afi nal, o tempo urge!Decisões... Sempre haverá. A vida é feita de escolhas!Hoje estamos felizes, amanhã, quem saberá?Acompanhados ou solitários... Carentes mesmo no meio da multi dão!Vencendo ou perdendo... Nunca podemos desisti r!Fazer o bem e estender as mãos a quem precisa... Uma obrigação!Questi onar ou viver... O rio sempre encontrará o mar!Constante aprendizado... A dádiva da renovação!Escuridão ou luz... Depende dos seus pensamentos e escolhas!Uma curva ou reta... Opte sempre pelo caminho que levar ao amor!O silêncio... Muitas vezes as palavras não expressam nossas emoções! “Momentos são acontecimentos que passam como o vento...Marcam e se apagam como a areia, com as ondas do mar.” ***

“Em cada momento de solidão, a oportunidade de nos redescobrirmos...”

Márcia Ramos

“Em cada momento de solidão, a oportunidade de nos


PARA A ALMA NÃO EXISTE DISFARCE

Após mais um dia de trabalho chego à minha casa...Abro a porta, olho a sala e sento exausta no sofá.Penso comigo mesma...Tudo igual!Nada muda o marasmo que é a minha vida.Sinto apenas o meu cheiro e é triste essa constatação.Passam dias, meses, anos e conti nuo assim... Vazia.Dentro de mim, apenas a solidão.A alegria é temporária, tal qual o sorriso de um palhaço.Vejo a felicidade como a estrela que brilha no céu...Sei que existe, mas não posso tocá-la.Sinto falta de um carinho...Algo que devolva a vontade de viver.Preciso ser amada, para ti rar o meu coração desse casti go!Tenho que descobrir uma saída...Afi nal, para a alma, não existe disfarce!No fi m das minhas esperanças, tento novamente resisti r...Quem sabe, amanhã, surja uma estrada fl orida, e nela,resida o cravo do meu jardim!Quem sabe?

***

“Abrir o coração e deixar a esperança entrar, é acreditar que amanhã tudo será diferente!”

Márcia Ramos


VOCÊ

Não adianta eu fugir...Você sempre me encontra!Quando me refugio no céu,Você é a nuvem que envolve o meu corpo...Quando mergulho no oceano,Você é o oxigênio que me mantém viva...Quando me sento no alto de uma montanha,Você é o vento que sussurra loucuras ao meu ouvido...Não adianta...Você sempre está ao meu lado!Quando vou dormir,Você é o sono que embala as minhas noites...Quando me perco no deserto,Você é o oásis que mata a minha sede...Quando fi co na escuridão,Você ilumina a minha alma com o seu olhar...Quando as lágrimas são inevitáveis,A sua presença é a única forma de secá-las!Não adianta eu fugir...Você é o remédio para a minha solidão...O amor, que delicadamente, invade o meu coração!

Márcia Ramos


CARTAS

Num sótão sombrio, mofam esquecidas, lembranças do passado.Doces e imaculados momentos, embrulhados em laços de ceti m...No baú da minha memória, brotam imagens, como fl ores no jardim...Tempos de alegria e sorrisos, tristeza e dor,Despedida e lágrimas, romanti smo e amor.Cartas, hoje amareladas pelo tempo, mas que ainda guardam intensa carga de emoção.Eterna ‘doação’ de senti mentos,Palavras que marcam histórias de vidas,Registradas para sempre nas linhas do meu coração.

***

“Muitas vezes nos questi onamos em busca de respostas...Esquecemos que elas estão dentro do nosso coração.Precisamos arrumar um tempo para ouvi-las!”

Márcia Ramos


CASTELO DE AREIA

Muitas vezes nos fazemos a pergunta:Será que morremos por amor? Na minha concepção, não morremos por amor.Mas com certeza, numa desilusão,pedaços do coração são largados pela estrada da vida!A cada desilusão, mais sofrida é a dor.Temos menos confi ança nos seres humanos,tornando-se mais difí cil a recuperação.Quando construímos um ‘castelo de areia’ na praia,sabemos que a água o destruirá e nos resignamos.Porém, em se tratando da vida real,ninguém aceita a queda do amor!Planejamos e desejamos um amor eterno.“Construir é mais fácil que reconstruir!”Para reconstruir precisamos confi ar, e nesse caso,isso é quase impossível.Por mais que tentemos colar os ‘cacos’,o coração jamais será o mesmo!Sempre faltará um importante pedaço!O amor não é para ser explicado, mas vivido.Para nos resignar, apenas o tempo.Para nos curar, somente encontrando um novo e verda-deiro amor!

Márcia RamosMárcia Ramos


MOINHOS DE VENTO

Sou o vento que transforma vidas,irrigando almas e corações.Sou o vento que carrega o pólen,trazendo o perfume de novas fl ores.Sou o vento que não teme a tempestade,pois se fortalece do amor.Sou o vento que sopra lento,acompanhando o bailar das borboletas.Sou o vento que confi a,acreditando que o amanhã será diferente.Sou o vento da beleza,Aquele... Que ilumina o seu sorriso!Sou o vento da esperança,Aquele... Que alivia a sua dor!Sou moinho que gira dia e noite,levando força e fé aos corações carentes.Sou moinho de Deus,Sou moinho do amor.

Márcia Ramos


A ROTINA

Quando a roti na chega,o amor sente o efeito da deterioração.Não existe mais encantamento.Tudo é previsível.Meras repeti ções de temas banais.As palavras agora não são mais sonatas,fazem parte de uma ‘orquestra desafi nada’.É a ação do tempo mudando nossas vidas.Você que era ínti mo se tornou um estranho...Ou será que nunca foi?Coisas do amor, nunca mais!Amores do passado, do presente e quem sabe, do futuro.Ressenti mentos passam como o vento,são coisas do momento...Guardar, não faz bem ao coração!Agora tenho paz, não te desejo mais,preciso dar novos rumos a minha emoção.Quem sabe... Ser feliz!Reescrever uma história de sonhos e paixão.

Márcia Ramos


SAUDADE

Saudade o laço do enlace me enlaça,Na noite escura surgiu,O céu vermelho chama e teu corpo quente febril,Ao livrar-me da velha chama,Canto aos quatro ventosO desejo que em mim surgiuBeijar teu corpo em chamaMais ardente ressurgiu.A Parte, em parte dos diasTensão do que não se tem,Mas buscando em meus momentos a paz que transmiti uFerido em guerra, de tanta dor não resisti u,Do amor que brindamos em noites quentesSó sobrou a saudade de quem parti u.

Renata Braga de Freitas


SORRISO

Nas linhas do encanto,surge com receio seu sorriso,tão belo quanto a fl or do campoo mais perfeito paraíso,sozinho de canto em cantoaperfeiçoei meu lírico,desejei todas as noites cantarpra então somente ver o teu sorriso,com ousadia me joguei,confrontado com perigo eu não sei,deparei com seu sorriso indiscreto,parti cularmente ousado assegurei!A ti midez que antes lhe prendia santi amentedesapareceu num vai-não-vai então aconteceu,especular cada momento,no abstrato da açãorecolho em mim o desejosem que parta o coraçãonão que seja infame, vil,contudo o tempo contara o que nunca se viu,dos meus olhos, só lembrança,dos meus lábios a saudade do sorriso que receoso surgiu.Da amizade repenti naque nem chegou e já parti u.



CORAÇÃO VAZIO OU NÃO

Será! Intrépido? Trepido?Há, pois! Não teme o medo;Não se abate com os obstáculos,Sensível e demasiadamente forte;Sofre horrores e reconsti tui;Coração vazio ou não Diz mais sobre nós mesmo do que pensamos que sabemos; Por tempos lasti mo uma imensa trepidação dentro de mim, Intensidade de confusões senti mentais parece não ter fi m, Impressiono-me com a velocidade com a qual se evolui Que sejam quaisquer coisas; simples, leves, tensas enfi m Os abalos são constan-tes e necessários, Contudo a inconstância nos modula de Acordo com a necessidade de cada olhar Permiti ndo-me ir além do que os meus olhos podem ver, Permiti ndo ir, Permiti ndo-me fi car, Pensando sobre tudo, de onde derivo, Encontrando A resposta, E na pele um arrepio; Derivo de um coração cheio e outro vazio.



NA SUA FALTA

Minha alma;Grita;Explode;Tortura;Expressa;Confessa;Almeja;Deseja;Espanta;Acolhe;Respira;Transpira;Suor ;Desejo;Paixão;Vontade;Arde;Comprime;Expande;Adentro;Centro;Alarde;Compressa;Confessa;E no fi m dorme..



ENTÃO PERGUNTO-TE!

Por que não segura em minhas mãos,E me faz caminhar pelas veredas do teu sorriso,Antes que se apaga num instante inesperado de tensão?Por que não me busca devagarzinho com teu olharE faça sossegar minhas afl ições em teu colo?Porque não me deseja na intensidade louca de umDesejo louco, absurda demente avassalador?Por que não coloca a vontade de lado, E faça o que coração deseja veementementeDe corpo e alma?Por que não sai de onde se encontra,Seu conforto em seu canto pensati vo e salva-me,Dessa angústi a que me mata;Porque não vem rapidamente saciar os desejos dos nossos corpos?Dos porquês, eis que um é mais importante.Por que somente eu desejo-te tanto?Desejo desenfreado, desencadeado por um sorrisoPor uma vontade louca que imerge meu serDeixando transparecer, as vontades os prazeres que podía-mos ter.Desejo de descobrir o novo em um velho conhecido,Desejo de tornar cada instante imensuralvementeInquietante, intenso.Desejo acordar e ver que o desejo se realizou,E que enfi m pude ter você aqui.



DOR

Às vezes deparo-me com a angústi a envolvida em lágrimas,O coração apertado chora e grita em desesperoPor não prati car o que foi planejado,Ver o sonho se esvair como lágrimas nos olhos de uma criança,E quase que por um minuto saio fora mim,Não me reconheço,Falo e faço coisas que não sou,Desabafo em silêncioNa dor que oprime minha alma,Quanto ao tempo que se passaUm segundo, hora pareça ser uma hora,Hora se eterniza no momento inoportuno de uma dor inquietanteQue grita por socorroDor que machuca e corroem a almaAdverti ndo-me e cobrando decisões mais acertadasPoupando companhia alheia, assumindo todo risco de viver sem fazer aluguem sofrerE sofrendo por tudo que não se pode ver



AMOR DE INFÂNCIA

Um arrepio na pele;Um desejo de estar;Ouvindo a nossa música;Com pensamento em você ficar;Desejei todos os dias teu afago;Enganei-me com carinho do cara errado;Não mergulhei por medo de sofrer;Contudo sofro muito mais por agora não saber o que fazer;Ainda que desejássemos;Penso que nosso tempo já acabou;Talvez, tentamos seguir com desejo do passado;Sendo esperado por todos esses anos;Inconscientemente um desejo inconstante;Constando constantemente uma paixão ambulante;Recebi de te uma estrela, na qual é o mais belo dos pre-sentes;


Mas aquele que presenteou não estava aqui;Não pude agradecer nem ao menos o ver parti r;Vejo o brilho da lua, sinto o frio do vento;Em cada vão momento o desejo de parti r;Pra onde eu não sei, mas receio não estar mais aqui;Quando Por fi m resolver nos permiti r;Fecho os olhos, lembro-me do amor inocente que surgiu;Amor da infância, mais sublime que já existi u;Os anos passaram e fi zemos a nossa história;Você parte da minha vida agora;Desejo um dia poder mudar meu pensamento;Mas antes que seja tarde demais;Amo-te em segredo;No pensamento.



CURA-ME

Admirá-lo de longe...Observando a paisagem,Que ofusca os ventos Impetuosos insistentes,Hora perti nente hora não;O fi ndar dos dias calmos,Noites longas,O tardar amanhecer,Surge um profundo vazio;Inerente as lembranças que Trazem à tona Todos os planos,Ideais traçados,Agora lançado ao mar do esquecimento,Embriaguei em lágrimas Que insisti am em me fazerLembrar de te,Confi gurei em minha alma a essência Mais triste do soneto de amor.Não espero que volte!Espero curar-me.



VOCÊ

Quando desejo um beijo,Desejo roubá-lo,Enquanto você!Um beijo roubava ou pedia, A melhor pedida seria os dois;Com muito desejo muita paixão;Dos abraços que anseio;Eu dava enquanto de te recebia;Momento se anseia por beijos Hora longos ou rápidos Desde que fosse você a ser beijado;Busco o frio da estação Que emociona a cada instante Uma possível decisão;Uma noite bem acompanhadaNão importa o titulo,Um namorado nunca deixa de ser amante;Um amante, sempre enamorados;Embalados por um pop, rock, romântico ou clássico;Apreciando um vinho tinto um branco ou vários;


Que sejamos o lugar, desde que seja especialUm passeio ao luar do Recife apreciando a lua;Sendo eu o requinte, quanta bondade sua (rsrs)Passei por perfeita eterna a vida,Na loucura na beleza, Com toda levezaSuti lidade;Agilidade de nossos pensamentos Contudo temos tudo,Mas intenso, e profundoAssim como em suspiroUm olharUm eterno apaixonarHoje você foi minha poesiaespecial.



FLASH

Pela janela vejo fumaça,Vejo pessoas.Pela janela a vida passaO tempo voa;Pela janela ao longe,No horizonte,Viajo em meus pensamentos,Que por algumas pessoasDaria sim vontade de voltar,Voltar no tempo...Daria sim vontadeDe ver aquele sorriso novamenteAquele abraço quenteQue só acontecia com a gente....A saudade me levaPara o passadoEm fl ashes de segundosE me faz retornar,Que em breve terei seu sorriso novamenteSeu abraço calienteAqui para me afagar...Pela janela me pegoSorrindo sozinhaA espera do grande diaAté reencontrar.Por mais que o tempoNos leve para longe,Existe sempre algo que nosFaz estar sempre perto



INCERTEZA

As lembranças do passadoSão uma grande nostalgiaQuando me lembro daqueles momentosEm que a preocupação não existi aPosso hoje afi rmar Que o tempo é preciosoE percebo que o arrependimento O torna valiosoNaquilo que não fi zemos e queríamos fazerNaquilo que fi zemos e não deveríamos fazerAgora só me resta usar esta lógicaPara que meu futuro Tenha um pouco de gloriaMas com certeza a incertezaNão me deixará ter pazE no meu leito de morte Eu vou perceberQue minhas conquistas pousam Nas lembranças de uma vidaE que o arrependimento e a incerteza De que tanto reclameiConstruíram grandes histórias Que para sempre guardarei

Caio Sobral Rocha


DOR SEM FERIDAS

Um enorme vazioCresce a cada instanteE isto faz com que a dorSeja mais constanteA angústi a se desenvolveA escuridão se engrandeceA cada dia que passa Vejo que a dor prevaleceUm senti mento De perder o que não ti nhaA sensação de senti r faltaDo que não existi aApenas as miragensServem de confortoMas teus efeitosSão instantâneosPara essas dores sem feridasVazios da vida Ocasionados por dores sem feridasUm senti mento De perder o que não ti nhaA sensação de senti r faltaDo que não existi aA dor que pausaMas não tem fi mSe as miragensPassassem para a realidadeQuem sabe as dores Sairiam de mim

Caio Sobral Rocha


FÊNIX DE JADE

Eis que surge novamenteO que já se encontrava quase cobertoCoberto com o tempoUm pouco mais e já estaria tudo no passadoMas o inesperado encontro com o brilhoAquele brilho esverdeado que sempre me cati vouRetorna, retorna também a barreiraAquela barreira que impede o alcance do brilhoÉ uma barreira de arame farpadoQue me machuca em cada aproximaçãoEntão só me resta fi car longeFicar longe e me conformarMas se algum dia a barreira se desfi zerEu estarei láEstarei lá para alcançar aquele brilhoQue ao longe drenava minhas forçasE me enchia de esperançasE ao se aproximar Refl eti a minha imagemCom uma sensação de bem estar tão forteQue tudo em volta se apagavaApenas o brilho esverdeado remanescia à minha frenteO brilho que poderia me levar ao topo do mundoMas a esperança pode ser a primeira a nos decepcionarE aconteceu, o brilho está bemBem com o que para mim é a barreiraE como desejo apenas o bem ao brilhoRecolho-me ao silêncioCom o desejo de que a única a surgir das cinzasSeja mesmo a ave mitológica

Caio Sobral Rocha

Com o desejo de que a única a surgir das cinzas


TUDO TEM SEU FIM

Palavras doces e juras eternas,abraços fortes e sorrisos,dias sem chuva com sol fl amejante.O tempo mudou,a chuva se aproximou,as marcas da tempestade foram sanadas,mas o sol já não brilhava mais tão forte.As palavras perderam seu poder,as juras não eram mais eternas.O que aparentava ser apenas umse dividiu e se distanciou.O sol já não brilha maisagora somente o passadoé o guardião daquilo que se apagou.

Caio Sobral Rocha


TRAJETÓRIA

O choro ao ver a luz,a inocência que nos guiao apoio sempre nos dadocom o tempo torna-se contrariadoevoluindo aprendemos a entendere consequentemente a aceitaro que outrora não entendíamospercebemos que tudo ti nha um propósitoe com o passar do tempoos papéis se inverteramagora nós é que apoiamosnós é que cuidamoso que antes foi recebidoagora é prati cadoinverte-se a posição ao segurar as mãosno fi m prati camos tudo que foi nos dadocom um certo arrependimento ao contrariar isso no passado

Caio Sobral Rocha


LUTE!

Não tenha medo de enfrentar seus inimigosSejam eles problemas ou pessoasMesmo que a vitória pareça ser distanteMesmo que o receio seja constanteLute, lute com todas as suas forçasLute, lute como se este fosse seu últi mo diaMesmo que a vitória lhe traga glóriaMesmo que a derrota fi ra seu orgulhoApenas desafi ando seu medoEle será exti ntoPerdendo ou vencendo, luteLute, lute por sua vidaLute, lute com todas as suas forçasLute, lute como se este fosse seu últi mo diaNão viva com o arrependimento no passadoNão viva com um futuro incertoLute por teus propósitosLute por sua vida

Caio Sobral Rocha


O TEMPO

Costumava observar, porém nem sempre atentoÀs vezes até mesmo exposto ao relentoToda a pressa urbana, todo estresse conjuntoDias e dias se passaram, juntei-me à multi dãoHoje faço parte de tal conturbaçãoCai a noite e para a maioria com ela a calmariaSendo momentânea e ao se dissipar volta à correriaPerdendo a vida para ganhá-laParece contraditório, mas é apenas um carmaDifí cil viver sem perder um pouco delaEsforçando ao máximo quando deixamos de viverPara que um dia tal esforço valha a penaE aproveitar intensamente cada minuto que se viveTudo é apenas uma questão de tempo

Caio Sobral Rocha


MOMENTOS

O teu olhar me acalma e excitaO teu corpo me acolhe e me aqueceTua boca me chama e me prendeTuas mãos me sustentamE você faz tudo acontecer...

Caio Sobral Rocha


UTOPIA E REALIDADE

O desejo ilusórioPor um mundo sem razãoO desejo de alcançar sem se esforçarQuando o pensamento racional se dispersaA imaginação começa a fl uirUm mundo utópico se constróiMas como um efeito dominóRapidamente se corróiA poeira ilusória se dissipaTrazendo de volta o mundo realPercebemos que somos apenas humanosLutando para conquistar algo mais próximo possívelDaquela utopia dos sonhos.

Caio Sobral Rocha


ORAÇÃO Senhor, Deus todo poderoso, Criador e Reitor de todo o universo enchei meu coração de amor.Daime consciência das coisas para que eu possa ver o caminho da verdade.Dai-me Senhor, força e saúde para que eu possa, com o suor de meu rosto, ganhar o pão para o sustento de meu lar.Obrigado, Senhor, por tudo o que me destes, desde a pri-meira fração de segundo de minha existência.Obrigado por ter me dado a oportunidade de servir.Senhor todo poderoso, permita que seja ouvida minha prece.Permita que as ondas de meus pensamentos vibrem com toda potência e que seus acordes ressoem e reluzam os sons e as cores de todo o Seu amor.Senhor Deus, todo poderoso, fazei-me ver e senti r, que por mais rico e gigante que seja, sou ínfi mo diante de Tua grandeza.E, com a Tua incomensurável grandeza, com todo o Teu poder, permite que minha mesquinhez dirija-lhe pensam-entos a qualquer instante.Fazei-me ver que Tua grandeza é toda composta de amor e que só o amor constrói.Fazei-me senti r e transmiti r esse amor.Livrai-me de todos os senti mentos de RAIVA – MEDO – CIÚME –ANSIEDADE – INSEGURANÇA - RANCOR E ÓDIO.Fazei com que tudo naquilo em que tocar seja eletrizado com o íon de seu amor.

Ângelo Marti ns


MEU SEGREDO O que a natureza criou esta errado?Do caos à formação do Universo, o que está errado?Não sei, não pode haver alguém que veja algum erro!Mesmo nas aberrações, vejo senti do.Tem senti do porque há explicação cientí fi ca.Portanto a natureza é perfeita.A Lei da subsistência é inexorável.É preciso água, é preciso ar, é preciso amor,é preciso célula nova!Descobriu-se no embrião a fonte da juventude.Não deve ser sem razão que sinto atração por célula nova.

Ângelo Marti ns


FOI UM SONHO Embalado pelos acordes de Orpheu, vi-me envolto nos braços de Morpheu.Protegido, soltei-me, soltei-me como nunca antes fi z.E viajei...Viajei como se no lombo de Pegassus esti vesse.Minha musa estava na garupa agarrada em mim, vibrando a transbordar de felicidade.Que deliciosa aventura vivemos.Pegassus galopava no ar parecendo querer levar-nos à lua.Ia ele tão veloz em sua direção que passei a acreditar que lá faríamos nosso berço.Na lua fazer nosso berço e na verdade de Deus se emaran-har.Oh, Deus, só pode ser um sonho!Um lampejo aturdiu-me, ti rou-me do devaneio.Mas como se fosse real vejo pegassus deixar-nos na lua espreitando nosso idílio aguardando para trazer-nos de volta...

Ângelo Marti ns


ADEUS Não se dá adeusà Felicidade.No jugo, é preciso coragem para decidir.Adeus, significa saudade. Saudade, às vezes, com a sensa-ção doce, por do jugo se livrar.O jugo cerceia,O jugo faz sofrer...Amar quem não te ama, obriga-te ao jugo.Do qual livrar-se exige coragem.Adeus!PORQUE.Um dia eu, perguntei:Por quê?E o porquê nunca encontrei!Hoje, maduro pelo tempo e pela vida sofrida, eu pergunto,Por quê?E o porquê jamais eu saberei.Oh! Deus, por que?!Por que não posso saber?Respostas não encontro do porquê!Porque ao infinito me levas, não dás a mim compreensão trazendo-me a razão?


Por que Deus?Porque!Por que não posso saber?Por que, do céu de minha vida faço o inferno em que vivo?Oh! Deus, por que não posso saber?Por que, os raios fl amejantes do sol, entristecem ao meu olhar?Porquê?Oh! Deus,Porque, da vida às vidas que a vida dei, só posso dizer: não sei! não sei!

Ângelo Marti ns


POR QUE AMAR É ASSIM? Você sabe o que é ter um amor, meu Sinhô?...Fluxo e refl uxo. Como a Maré!...Se baixa, vai-se atrás. Se alta, recua-se, sem saber por que.Amor doe!Amor doe?Então, meu Sinhô, você sabe o que é ter um amor!É, é como a maré: Fluxo e Refl uxo!Quando deveria ser só Refl uxo!Refl uxos sufocantes, duplos, triplo, quádruplo do fl uxo que com amor foi impelido.Meu Sinhô, o amor doe!Doe no refl uxo. Quando deveria vir com amor, vem com dor!Dor causada pelo domínio, pelo sufocante sabor da inferio-ridade.Ai, meu Sinhô, que bom seria se o refl uxo fosse a bruma, expelida pela efervescência do duplo orgasmo!Mas amor refl ete, poder, domínio, Sensação de ter, quan-do quer.Se o vento embala o barco, envolvendo-o com amor, sua Ira emborca-o!Meu Sinhô, como poderei ser o vento, a emborcar meu amor no refl uxo se ira não consigo ter!Ah, meu sinhô, amar é uma ciência!Ciência que de Humanas só tem o senti mento, mas nas ações, Exatas.Pensamos somar, multi plicar, e vemos, diminuir, quando não, dividir!É o fl uxo e o refl uxo!!!

Ângelo Marti ns


A BELEZA DA POBREZA POBREZA! O que é ser pobre?COMO É RICO ESTE TEMA!Do ângulo que se vê, veremos, riqueza na pobreza e po-breza na riqueza.NÃO SE DEVE CONFUNDIR. A natureza é sabia.Não há pobre, entre o céu e a terra, como também não há rico, que não tenha nascido nu.O primeiro ser que habitou a terra era dono de todo o pla-neta. Ele era rico ou pobre?A verdadeira riqueza é impalpável.Só é pobre quem é desprovido do sentimento de amor.SOMOS PARTE INTEGRANTE DA NATUREZA.Fazemos parte de todo um contexto.Na água, no ar, na terra, veremos pobreza e riqueza, cada uma em seu estado natural.Veremos também o vírus. Assim é. Contudo, não por livre arbítrio, mas por inadequação, vê-se mutações entre, po-breza, riqueza e vírus.


HÁ POBRES MILIONÁRIOS E RICOS PAUPÉRRIMOS.Riqueza não é o poder representado pelo dinheiro.RIQUEZA É O PODER AMEALHADO PELO AMOR; ESSA RIQUEZA É INCOMENSURÁVEL, NÃO HÁ VÍRUS QUE A ABALE. A pobreza que se prega não existe.Ninguém que trabalhe, por mais humilde que seja, é pobre. Pobre é o vírus que se deve banir, pois é maléfi co. Aquele que não trabalha, que não tem amor, por si e por seu próximo, que não faz nada por merecer o ar que respira, é semelhante ao Vírus, é maléfi co; esse é irremediavelmente paupérrimo. Em síntese, a natureza é mais do que perfeita.É preciso ter líderes e liderados. É preciso que cada um saiba ser grande em seu próprio meio. Enriquecendo nossos conhecimentos, aperfeiçoando-nos em nosso trabalho e na arte de amar o próximo, veremos como é sabia a natureza.

Ângelo Marti ns


CAMA VAZIA Cama vazia... fria...Sente tua ausência,Teu calor, teu amor.Cama vazia... fria...Mortalha feita de dor!

Cama vazia... fria...A aquecê-la espera teu amor.

Cama vazia... fria...Repele-me, por não tê-la ao meu lado.

Ângelo Marti ns


MULHER... Se, precisasse defi nir o que é mulher,Ser mulherNão hesitara em dizer.Mulher é ser mulherMulher na essência é mulherMulher não no sexoMulher no cheiro, no dengoMulher no rastro de mulher...Não hesitaria em dizerMulher, és a alavanca do sucesso!És o ar que respiramos,a lua que inspira o Poeta,a musa que toca a Lira.És a causa de todo amor que Deus gerou.Não hesitaria em dizer:Mulher, tu és a própria existênciaÉs a terra, o mar o Céu.És a mãe encarnada em mulher!!!

Ângelo Marti ns


A SENHA CAPRICHA UM E MEIO!!!Joseeé, capricha um e meio!!!José era o cozinheiro.Quem fizera o pedido não fora outro senão o próprio Por-tuguês, dono do Restaurante.Esta história é real e se passou num restaurante de bairro, no almoço de uma sexta-feira. Estávamos no escritório, – éramos cinco pessoas igualmente atravessando por momentos penosos financeiramente. Brincando dizía-mos: “Estamos provisoriamente, ocasionalmente “Duros”, contando centavos. Somos vendedores e sabemos que a fase passa.” Alguém, não sei quem, deu a ideia: “Vamos comer bacal-hau no Português. Lá ele serve bem; um bacalhau dá pra dois.”Éramos em cinco. Ao observarmos os preços, vimos que o numerário não daria para dois pratos, o que certamente seria suficiente para nos cinco. Fizemos o cálculo finan-ceiro e resolvemos o pedido: UM E MEIO. Lógico, um e meio bacalhau, para Cinco pessoas. Aquele não era exatamente o pedido que o Português gostaria de ouvir, em uma sexta-feira, principalmente no almoço, quando o prato é deveras procurado e tem-se de esperar por uma mesa.


Qual foi minha surpresa, ouvir em alto e bom som, o por-tuguês bradar ao José cozinheiro. JOSEEÉ! CAPRICHA UM E MEIO!!!Não sei se era senha, ao inusitado pedido, pois concordo, um e meio bacalhau, por mais bem servido que seja, para cinco, não pode dar. Mas deu. Deu e sobrou. Realmente foi caprichado. Acredite sobrou. Nunca vimos tantas cebolas e batatas em água fervida que, pelo menos no gosto, bem lembrava o cheiro de bacalhau. Todos comeram. Lógico estava limpo. Mas quem recla-maria da ausência do bacalhau que em pratos com pedido normal se via em abundância? É pródigo estar-se momentaneamente “Duro”. Não fosse por isto, este fato jamais ser-nos-ia notado. Um dia perguntarei a esse tal Português. Por que CAPRICHA UM E MEIO!!!Com tanta eloquência, é senha?

Ângelo Marti ns


NATAL Natal, ceia...Criança, presente...O que é o Natal?Por que dar presentes?É só em dezembroQue se reúne a Família,Que se ceia,Que se ama a criança?Por quê?Por que foi em DezembroQue Jesus nasceu?Só em dezembro lembramos isso?Por quê?Por que não temos a famíliaReunidos à ceia todos os dias?Dezembro, Natal...Enchei as crianças de presentes,E renegue-lhes amor o ano inteiro.Natal, ceia...Enchei sua mesa para ceia do Natal,Reúna a família e ceie, ceie.Ceie, para até outro dezembro.


Transformeis a beleza puraDe Jesus menino,Exemplo de vida e amor,Exemplo de ternura humildeEm degustação e falsidade.Aperteis a mão, feliciteComo se fosse amigo aqueleQue o ano inteiro desprezastes.Dê presentes, às criançasQue o ano inteiro renegou.E viva o ano inteiro procurandoO amor... que deixou em dezembro

Ângelo Marti ns


FLOR DO ÉBANO É madrugada. O silêncio paira em meu quarto, nem um ruído ouço, nem mesmo o som da corredeira do rio se faz ouvir.Meus pensamentos divagam, removem o passado, ventu-ras e aventuras vividas vêm em minha mente.Quantos idílios...Passaram-se os anos, Apesar da calvície sinto a vida a inspirar-me.Da experiência vivida procurei sugar o néctar para enredar a história desenrolada, não faz muito tempo.Vejo-me ancião a embalar-me inebriado pelo aroma de seu perfume.Vejo-me não mais ancião, mas rejuvenescido, cheio de luz a iluminar o horizonte.Não, não vejo paixão nem ilusão de jovem no esplendor da adolescência.Envolto no seio de uma floresta exuberante, vejo-me recli-nado à sombra de um portentoso Ébano, viçoso, florido e mesmo acordado ponho-me a sonhar.Não foi por acaso que a natureza o fizeste Ébano.Eu aqui à sua sombra sinto-me abraçado cheio de carinho, ouso compará-lo Ébano, por sua cor, sua rigidez, a deusa jovem, que um dia enfeitiçou-me com seus trejeitos trigueiros de garota colegial, cheia de dengo, macia como pluma, ainda cheirando a leite.


Vê-la de Eva, esguia, em seus quase 1,80, impossível imag-iná-la tão jovem.E fazendo-me carinho...Oh, Deus, não ti vesse eu coração tão perfeito, por certo sucumbiria.Não via ela em mim tanta diferença.É certo que a ti ve em meus braços como se tem uma bon-eca da mais pura porcelana.Tateando-a com todo carinho que a experiência nos legou, dei e recebi, recebi e dei, ambos estávamos dando as nos-sas almas o que elas mais queriam.Amar e ser amado.Ébano, era como senti r estar coberto por pétalas de suas fl ores.Seu perfume tenho até hoje arraigado em minhas narinas.Confesso, Ébano esforcei-me para afastá-la de meus pens-amentos e fazê-la compreender que, por mais que nossa alma quisesse, seria impossível conti nuar um idílio que fatalmente a faria sofrer.Mas furtar-me de trazê-la presente em minhas fantasias nunca me permiti rei.Veja, Ébano, a que ponto leva-me à fantasia.Percebes que monologo conti go e a ti comparo-o a ela, que vejo pétalas perfumadas em tuas fl ores e sinto-me coberto por elas.É fantasia sim, fantasia que eu em quanto existi r não quero deixar de vivê-la!

Ângelo Marti ns


ENCANTAMENTO Saes...! Vesti da da noitea provocar as ruas... Que assim...!tão maravilhosamente nua,a encantar o próprio encantamentoe quando a vagar-me na alma te visto de estrelas em meu pensamento.

Saes...! A espalhar teu canto pela madrugadaa silenciar os poetas nos bares e calçadasno esplendor de musa incontestecantas... como se cantasse uma sereiadona, senhora do universo,que de tal leveza e encantamentoos astros se calam para ouvir seus versos.

Luiz Carlos Santos


MINHA PAIXÃO Que faço eu...dessa paixão que avassalaque rasga o peito, não cala,não dorme, não dá sossego. Que faço eu...desse meu enorme apegoque me percorre nas veias,que me estremece as entranhas. Que faço eu...Dessa saudade tamanhaque me prende em suas teias,que mora dentro dos sonhos. Que faço eu...dessa paixão que alucinaque doma, que me domina,mas que eu não vivo sem ela.

Luiz Carlos Santos


CHORANDO EM VERSOS Qualquer lembrançaque eu guarde de presente,qualquer saudadeque me tome de assaltorestos de sonhosque não saem do pensamento,pegam de jeito esse coração incauto. É quando os sonhosbuscam além dos senti mentosrestos de amorque fi cou lá no passadoe os pensamentosvão além da fantasiaque chora em versos o poeta apaixonado. Luiz Carlos Santos


O VENTO LEVOU O vento levou teu sorriso,levou também meu juízoquando levou os teus beijoslevou os nossos desejosdeixando apenas saudades O vento levou nossos sonhos,levou a felicidade...o vento levou a vontadede um dia eu sorrir novamente,levou também a sementedos nossos dias em festa. O vento levou a ternuraque havia então em teus braço,deixou de nossos abraçosapenas poucas lembranças,o vento levou a esperançade um dia eu amar novamente.

Luiz Carlos Santos


MIRAGEM Linda...como se fosse miragem,a mais grandiosa imagemque algum Deus criou um dia. Linda...como o luar no desertoem céu azul encobertode ponti lhados de estrelas. Linda...maravilhosamente linda!que nenhum poeta aindalhe retratou a beleza. Linda...com as cores do encantamentoo mais lindo sacramentoque os Deuses a ti legaram. Linda...a mais Divina miragempro Éden seguiu viagemparti u... Perfumando as fl ores. Luiz Carlos Santos


ACIMA DA RAZÃO Muito além da vida e de amores,de versos, canções e cores,de nostalgia e saudadede sonhos e felicidadeexiste uma alma que canta.

Que sofre, que se levantapelas estradas dos sonhos,por entre risos tristonhos,por entre alegres cantares.

Muito além de toda a razão,acima de toda a quimera,por traz de toda emoçãoessa alma então se supera.

Luiz Carlos Santos


QUE NÃO ME FALTE VOCÊ Mesmo que os Deusesme digam não,mesmo que me falte a canção,ou que claudiquem meus versos,que me falte o ar do universo,mas que não me faltem teus BRAÇOS.

Mesmo que me falte o caminho,que eu me sinta em desalinhoou que me falte a inspiração,mesmo que a rosa perca o perfumeou que eu me mate de ciúme,mas que não me falte teus BEIJOS.

Mesmo que o sol não mais me aqueçamesmo que a vida me esqueça,ou que a lua em mim se apague,mesmo que as estrelas não me vejam,ou que a tristeza me afague,mas que não me falte VOCÊ.

Luiz Carlos Santos


PELAS VEIAS QUE CORRE O SANGUE Pelas veias que corre o sanguecorre a nossa bagagem,de covardia ou coragem,amor, ódio ou paixão.

Corre por nossas veiaso grito de liberdadeou o prazer da maldade,pode ser rosa ou canhão.

Corre por dentro da genteo desejo pela igualdadeou a semente da iniquidade,lealdade ou traição.

Segue na mente do homemtodos os desejos libertose a escolha por certoestá dentro do coração.

Luiz Carlos Santos


DEVANEIO Desnudo minha almae te entrego os pensamentospercorre-me todo o corpoe desnuda-me as entranhas.

Que mesmo a esvair-menesta dor tamanhajamais hei de renegara minha sina.

Desnudo minha almaao amor que tenhoa penetrar-me o sere defl orar-me os sonhos.

E te ouço (na imaginação)como um cantar tristonho,mas de tanta candilezaque me traz alento.

E mesmo saiba que só em sonhos te possua,entrego-me incondicional a ti e de alma nua.

Luiz Carlos Santos


ACALENTO Foi quando a alma se acalentoue que a mente se fez mais leve,que o coração por um momento brevecalou seu grito pra falar de amor.

Foi quando a voz além dos pensamentoslevou seu canto além da madrugadaa noite então se fez enluarada,levou seu brilho além do fi rmamento.

Foi quando o poeta se apaixonou,sorriu pra vida e calou seu prantoe a natureza como por encantopelo poeta se enamorou.

Como se fosse por pura magiatrocou a dor pela felicidade,colheu então o seu buquê de sonhospelos jardins que ele plantou saudades.

Luiz Carlos Santos


COMO PODERIA

Como poderia euSaciar-lhe com um poemaQue cantassePaixões proibidasBeijos roubadosPasseios ensolaradosJantares enluaradosRosas inominadasPalavras rebuscadasVersos rimadosMétrica alexandrinaEstrofes cadenciadasSonetos líricos

Se tudo o que você queriaEra tão somenteMeu abraço?

Vitor Pereira Jr


QUEM É ESTE?

Quem é este que divide a casa comigo?Um convidado desconhecidoMas que diverti do ir descobrindo-o todos os dias...!

Sincero de tudoEntrega-se de todoQuando gargalha e quando choraQuando brinca e quando se apavora

Ele espera tudo de mimMas às vezes só quer um coloÀs vezes só quer que eu assista às suas proezasÀs vezes só quer minha companhia

É, ele tem um jeito que é só deleEle aprende comigo, e eu com eleQuem é ele?!...Não é preciso respostaNem mesmo é preciso pergunta

É eleUm convidadoDiverti do de se ir descobrindo todos os dias

Vitor Pereira Jr


TUDO ERA AMOR

Neste dia faltaram as palavrasNem a música explicavaNem a poesia explicavaPorque tudo era amor

Um inexplicável amorQue foge à razão, à lógica,Mas não aos sentidos,É acima de qualquer compreensão

Como pode um ser tão frágilMe fazer tão forte?Como pode um ser tão diminutoMe fazer tão ligado ao universo?Como pode um ser tão inexperienteMe fazer sentir não precisar entender mais nada?

Um inexplicável amorQue foge à razão, à lógica,Nem a música explicavaPorque tudo era amor

Felicidade no ser em siSimplicidade que contém tantos mistériosQue muda a ordem de tantas coisasA vida é um presente maravilhoso


A naturezaQue traz consigo tudo o que foi antesA história de todos os antepassadosQue vivem ainda hoje em nós

Mas é novo, é único,E também é tudo, é o que foi antes,É a assinatura de Deus, é o amor

Um inexplicável amorQue foge à razão, à lógica,Nem a poesia explicavaPorque tudo era amor

Vitor Pereira Jr


O QUE DIZ O CORAÇÃO

– Se o mel ti vesse o teu nomeSeria mais doce o seu gosto –Diz o poeta.– Teu sorrisoÉ como a luz das estrelasDançando entre as folhas da fi gueiraEnquanto deito, espreito, em relvaSob a brisa que não se cansaSob a lua mansaQue me sorri.Conti go está o sabor que me sacia,A fl or que anunciaA primavera –Diz o poeta.Mas homem que é homem mesmoOlha bem pra sua garota,Ergue as sobrancelhas, e diz:– Vamo?...

Vitor Pereira Jr


TUDO DENTRO

O choroAs coisasA mais bonitaE a ruiva

As uvasO navioO roxoE os perfumes

As cançõesEleAquilo aliE o escuro

O nomeO solO silêncioE a rosa

O rápidoO nãoA pingaA cópia

Os sonhosO gatoVocêE Eu

Vitor Pereira Jr


É PRECISO

O caladoprecisa ser falado

O silêncioprecisa ser traído,corrompido

O que está escondidoprecisa ser descoberto

O que anda acuadonas névoas noturnasprecisa ser trazido à luz

Os demôniosprecisam ser exorcizados

É preciso ser ouvidoÉ preciso ser reveladoÉ preciso esclarecer

Expõe a feridaQuebra o silêncioInvoca os demôniosTraze-os à luz


É preciso falar de dorÉ preciso expor a noiteÉ preciso lembrar o esquecido

O que foi silenciadohá que falarO que silenciouhá que ser detido

Sim, detenham o silenciadorO ocultadorE o que abreas portas do inferno

O que foi preso nas trevasque se liberte

E ao criminosoque impune anda na luzA ele denunciaÉ preciso detê-lo

O mundo precisade quem trai o silênciode quem traz para a luzde quem fala de dor


Não negligenciesa dorNão negligenciesnada

Não te calesNão te esqueçasNão te conformes

Vai sem medoou vai com medoMas vai!Serás um chato?Serás um louco?Que se dane!Viva o chato!Viva o louco!

O mundo precisade loucosOs normaisnão resolveram nada

Viva aos que incomodame os que tiramas máscaras!


Vivaaos que iluminama noite!

Vivaaos que corrompemo silêncio!

Vivaaos que precisam!

É precisofalar de dor

É precisoesclarecer tudo

Não é precisoquem já não precisede nada

É precisoquem precise

Sim, é preciso

Vitor Pereira Jr


ÊXTASE

Uma noiteapenasE suspiros

Enche-me de vidae fôlego

E a noitese faz dia

Uma eternidadeem um instante

Não há noiteNão há dia

Fôlegoapenas

Vitor Pereira Jr


QUANDO EU ENVELHECER

Quando eu envelhecerNão quero me esquecerDo sabor da paçoca torrada pela minha avó,Quando eu era criança,E do aroma do pé de café do quintal do meu avô

Quero envelhecerAmando uma única mulherPelo resto de meus diasAmando em uma mil amoresAmando cada ruguinha de tempo em meu amor

Quero escrever um poema imortalQue inspire os jovens a fazer amorComo se não houvesse amanhã

Quero ser românti co,Bobo mesmo,Ainda estar dizendo te amo a qualquer hora,E não quero esquecer de nada,Quando eu envelhecer

E quero morrer grato pela vidaPor ter experimentado esse fôlegoEsse fogo que é fugaz,Que se exti ngue e não mais acende

Que não é mais,Que já foi,Contudo, foi,E amei

Vitor Pereira Jr


A CIDADE SEM AMANHÃ

A cidade sem amanhãEra uma cidade como outra qualquer,Até que profetizou um astrólogo:“Não viveremos até amanhã”.A maioria dos cidadãosNão deu importânciaÀ tão incerta previsão.Mas houve uns, que, sabendoQue só lhes restavamApenas um dia de vida,Criaram uma coragem tão firme- mas que sempre existira,só que nunca fora desperta -,E resolveram amar,Com todas as forças que tinham,Até os últimos instantes de suas vidas.Os tímidos se declaravam para seus amores,Os insensíveis se corrigiam,Os arrogantes perdoavam as falhas alheias,De tal modo que todos essesAmaram neste diaTudo o quanto não amaramDurante toda a vida.


E quanto mais a alvoradaAproximava-se da cidade,Mais os amantes diziamTudo que sempre quiseram dizer- mas antes não se permiti am.Perdoaram tudo que sempre precisaram perdoar- mas antes temiam.E se entregaram de todo,Como sempre quiseram fazer.E quando as palavras se acabaram,Os amantes se fi tavam,Iluminados pelos seus últi mos raios de sol.E quando o sol nasceuNa cidade sem amanhã,Já não havia ninguém nas ruas,Ninguém nas casas,Ninguém na cidade.Só restara o amor.

Vitor Pereira Jr


POEMA DA QUÍMICA

Os teus beijos, meu amor,Enchem de satisfaçãoOs átomos de meus lábios,Em perfeita vibração

Nossos corpos se atraem,E entram em harmonia,Trocam eletricidade,Carregam-se de energia

Como pode o amorExistir no universo?Serão reações atômicasMal explicadas em verso?

Tudo nesta naturezaSeja viva, seja brutaSe atrai para subsistir:Eis uma lei absoluta

Pois é esta a razãoEm amar um ser que é células:É necessidade mútuaVital em nossas moléculas


Mas não queira, meu amor,Pensar que sou insensívelPor querer solucionarEssa equação invisível

A verdade é que te amoE com você sou felizNossa química nos deuA vida que eu sempre quis

Vitor Pereira Jr


VIOLÊNCIA PARA TODOS

Tudo que existe pode violentarTudo que existe pode ser violentado

A violência que é para uns é justificativa para quem a pratica

Para o malvado que fere, a violência é prazerPara o religioso que sofre, expiaçãoPara o filho que bate, afrontaPara o pai que bate, educação

Para o patrão que explora, lógicaPara o trabalhador que luta, revoluçãoPara o industrial que desmata, progressoPara o capitalista que expropria, direito

Para o ladrão que rouba, necessidadePara a polícia que prende, leiPara o Estado que pune, justiçaPara o cidadão que resiste, sobrevivência

A violência sobre muitos é a paz sobre poucos

A violência do pobre o leva às cadeiasA violência do rico o leva aos bancos


A violência entre os poderosos os leva aos palanquesA violência entre os fracos os leva a elegê-los

A violência de quem domina é chamada governoA violência de quem é dominado é chamada crime

O ensino que violenta é chamado formadorO aluno que violenta é chamado marginal

Tudo que violenta não tem memóriaTudo que é violentado ultrapassa gerações

A violência da fome gera féA violência da mídia gera ibopeA violência do dinheiro gera lucroA violência da guerra gera civilização

Tudo que existe pode violentarTudo que existe pode ser violentado

Vitor Pereira Jr


BÊBADOS

Nós perdoamos os bêbadosNão por que eles não sabem o que fazem,Mas por que fazem até sem saberTudo aquilo que gostaríamos de fazerEm segredo.

Nós rimos dos bêbadosE os invejamos em silêncio,Pois eles parecem ter a coragemDe fazer tudo o que a gente nunca fazPor medo.

Nós abraçamos as privadasEnquanto estamos bêbadosE vomitamos em coro sagradoPorque a culpa é conjuntaE a dor também.

Nós andamos aos tropeçosE imitamos os bêbadosPorque ainda quando estamos sóbrios.Queremos senti r a liberdadeQue ninguém mais tem.

Jorge Henrique


FINDE, ANO!

Moça,Você tem meu humor ácido na bolsaE o nosso fi m de ano na altura dos olhos.

Lembre-seSempre de buscar os óculos,De contar até dois mil e alguns anos,Antes de encontrar um embrulho de prataDe engraçado brilho que dilata pupilas.

Liberte suas doresLimpe seus defeitosCom ácido.

E limpe a gargantaCom bem dez ti pos diferentesDe remédio.

Moça,Você tem o veneno no canto da bocaE a nossa festa na ponta da língua.

Lembre-seDos fogosDe fi m de anoConfundindo-se com estrelas.Saídas do teu delírioAté que fi nde o anoE você se funda com a paredeE se confunda com os ti jolosEnquanto afunda na imensidão.

Jorge Henrique


DIA CINZA

Céu nublado,Ventania.O vento ria nos teus cabelos.Minha única fonte de luz.Os teus cabelos brilhantes.Como o sol que não apareceu,Mas sem o mesmo calor sufocanteAinda bem...

Teus olhos de poesia,A beleza está nos olhos de quem vê.E no teu caso, nos teus que é vistaNaquele dia eu te pus numa revista.Matéria de capa,Da minha capa de chuva.O dia cinza era bomComo nenhum outro...

Havia uma neblinaNas tuas palavras turvas.Eu já não sei, minha amiga,Se alguém ligaPro que você fala.Teus olhos azuis perfeitos, Diferentes do céuDe onde escuto aviões que não vejo...


Os teus olhos eram nuvens.Você começou a choverE percebi que as gotas d’águaSão limpas até um segundo antes de tocar o chão.Tua maquiagem estava borradaE tua pele parecia obra de arteComo tela em exposição,Mostrando uma fl oresta em combustão...

No dia cinza,Só você ti nha cor.A boca vermelha,O sorriso amarelo,Os cabelos brilhantes,Os olhos azuis como piscina.Tu tão pisciana,Dia cinza todo dia da semana...

Jorge Henrique


COMÉDIA PAGÃ

Fechei a boca com cuidado,Cerrei os dentes,E o mundo ainda está cheio,Lotado de pessoas dormentes.As dores mentem,E você toca partes de músicas,Mas não se toca que quando partes,Fico de alma partida.O mundo é cheio de selvagens,Da selva de tijolos e concreto,E com decreto eu procuro minha lei.Eu sei o que você está pensando agora,Que no fundo sou tão somente obsceno,Mas a verdade é que eu enceno.Mundo estranho,Perdem muito tempo bebendo veneno dos outros,E confirmando que vivemos uma comédia pagã.A vida é o sonho de um garoto amarrado.Sonhos são as formas de dar vida ao encontro marcado.Pergunte ao fogo,Pergunte ao ar,Pergunte a fumaça antes de expirar.Fechei a boca com cuidado,Serrei as portas ao meio,Se errei nas partes que me tocas,Peço perdão sem receio,Sei que bebo meu veneno sozinho,Com duas pedras de gelo,Ou diluído no vinho.


De onde eu venho não há drama;Onde eu durmo só há a cama,Mas já faz uma semana que eu fi co sem dormir.Fechei a boca com cuidado,Abri os olhos.Abre os olhos e vê bem.Sorria para a fotoAté fi car com as bochechas dormentes.Se sentes dor, então por que mentes?É um jogo velho,Então eu sei todas as regras.Joga fora o velho olhar sério,Por que a vida é comédia pagã,O riso é fácil,Nas escolas,Casas,Ruas,Nas mulheres,Vivas,Nuas.A piada é que é ruim,Nas pontes,Sarjetas,Nos homens,Mortos,Vesti dos.


Você só pensa nos minutos já investi dos,Então por isso,Não seja por isso.Fechei bem a boca,Lábios colados,O mundo ao lado,Boca de lobo,Chapeuzinho vermelho.O vermelho é o novo preto,Eu luto pra por sangue em meu luto,Mas é hora do recreio.A vida é comédia pagãE eu vim a passeio...

Jorge Henrique


ESTAÇÕES? ESTAS SÃO...

Eu inverno,Eles verão.Você pega no meu péEu seguro a tua mão,Eu fi co calado, mas falo tanta bobagem.Eu falho por qualquer bobagem,Eu rio... Você não usa maquiagemVocê tri... Três vezes na minha viagemEu nem preciso de tanta bagagem,Só de uma mala de mão.Sou mala, você não?Eu na minha cadeira, a noite inteira,Escrevendo todo ti po de porcaria,Roubando as almas de alguns amigosE colocando em palavras numa folha fria.Ainda bem que eles não se preocupam,Eles se ocupam em ler as pequenas cartas veladas,Em mensagens caladas,Que eu mesmo ti ve o trabalho de escrever.Eu brinco,Você colar,Eles te seguram,Todos param pra pensar,Eu fi co escrevendo em letras feias,Num velho caderno de cabeceira,Enquanto penso tanta besteiraE vejo as folhas a cair.Eu outono,Você obra-prima,Primavera...

Jorge Henrique

Eu fi co escrevendo em letras feias,Num velho caderno de cabeceira,Enquanto penso tanta besteira


ICEBERG

Bati minha cabeçaNo elogio de concretoQue eu não soube receberJoguei meu elogioDe cabeça na piscinaPara você entender...

Eu sou capaz de mudar meu mundoE se eu não mudo, fico mudoSem saber o que falar.

Se agora é hora,Vamos embora,Esse não é o meu lugar.Pegue a chave e me carregueNos teus braços de madeira,Onde pela semana inteira eu posso descansar...

Eu sou capaz de prender a respiração,Por bem mais tempo,Ao menos esse é o meu talento,


Mas o teu olhar me arrepia,Você, homem de negócios.Se quer que sejamos sócios,Vista um terno um ano inteiro,Que seja eterno enquanto dure,Ou até Janeiro,

Eu posso ver até bem mais do que você vê na TVE quem te viu e quem te vê,Sabe que não gosta de fi car pra trás.

Então me traga uma bebida.Pode ser uma cerveja bem barata,Dessas que irrigam as veias da cidade,Pois, pra ser sincero as estrelas é que são a verdadeE a verdade só se vê no fi m do dia.Ela costuma ser tão fria...

...quanto o iceberg em que me transformei...

Jorge Henrique


DEIXAR SABER

Vou te deixar saber,Ainda que de leve,Quero que me leve para longe da minha mente,Já que sinto a tua falta profundamente,E me carregue,Tão pesado quanto uma pena.É uma pena não te ver eternamente,E ter na mente só saudade,Insanidade em tão breve idade.Na brevidade do teu olhar,Que está na lembrança,Da minha mente de criança,Embora a minha infânciaEsteja tão distante de você.

Veja bem, moça,Quando eu não sabia da tua existência,Tudo era normal e eu vivia bem.Mas agora, existes pra mim,E tudo é normal, mas é vazio também.Oh, meu bem,Eu te risquei do mapa,E te escrevi numa notinha,Já que eu não tinha outro lugar,Onde coubesses em segredo.Mas segredos logo vão e vêm,E se esvaem tão logo nos convém.E convenhamos, venhamos sempreAo mesmo lugar,Casa, campo, território lunar


Eu dou meus pulos,E pulo algumas linhas,Pulo as rodovias,Pulo, mas desisto de voar.

Jorge Henrique


ANTES QUE EU...

Antes que eu vá embora,Dê-me um beijo de adeus.Antes que a realidade te cubra,E eu te descubra tão problema quanto eu,Antes que o desejo te suje,E que a minha boca suja desfaça o breu.

A minha cama é uma bagunça,Minha gaveta também...

Antes que eu durma,Dê-me um abraço apertado,Antes que os lençóis me aqueçam,E eu já não queira estar ao teu lado,Antes que o travesseiro se esquente,E eu sinta falta do frio de quando estava enamorado.

A minha casa é vazia,O meu coração também...


Ainda antes que eu feche a porta,Dê-me um sorriso inexato,Antes que eu te tranque sozinha,E você se canse por eu ser tão chato,Antes que eu jogue a chave fora,E a chuva leve embora minha frase de impacto.

A minha cozinha é tão fria,O meu pensamento também...

Antes que eu suma na rua,Dê-me uma longa carona,Antes que acabe a gasolina,E a fumaça polua o mundo e eu vá à lona,Antes que os pneus se gastem,E eu me veja perdido em alguma zona.

A minha TV é anti ga,A minha mágoa também...

Jorge Henrique

LIVRO BASE 72 cleane 01 -...

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