Livro Metalogenese Do Brasil 2011

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LIvro sobre formação de depósitos minerais para geólogos e demais geocientistas.

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  • M E T A L O G N E S E D O B R A S I L

  • R E P B L I C A F E D E R AT I VA D O B R A S I LM I N I S T R I O D E M I N A S E E N E R G I A

    Ministro de EstadoJos Jorge de Vasconcelos Lima

    S E C R E TA R I A D E M I N A S E E N E R G I A

    SecretrioLuciano de Freitas Borges

    S E RV I O G E O L G I C O D O B R A S I L

    Diretor-PresidenteUmberto R. Costa

    Diretor de Geologia e Recursos MineraisLuiz Augusto Bizzi

    F U N D A O U N I V E R S I D A D E D E B R A S L I A

    ReitorLauro Morhy

    Vice-ReitorTimothy Martin Mulholland

    E D I T O R A U N I V E R S I D A D E D E B R A S L I ADiretor

    Alexandre Lima

    Conselho Editorial

    PresidenteElisabeth Cancelli

    Alexandre Lima, Estevo Chaves de Rezende Martins, Henryk Siewierski, Jos Maria G. de Almeida Jnior, Moema Malheiros

    Pontes, Reinhardt Adolfo Fuck, Srgio Paulo Rouanet e Sylvia Ficher

  • MARCEL AUGUSTE DARDENNE UNBCARLOS SCHOBBENHAUS CPRM

    Metalognese do Brasil

    CPRMServio Geolgico do Brasil

  • Equipe editorial: Airton Lugarinho (Superviso editorial); Rejane de Meneses (Acompanhamento editorial); Rbia Maria Pereira (Preparao de originais e reviso); Marcel Auguste Dardenne (Reviso fi nal); Mrcio Duarte Macedo (Projeto grfi co e Editorao eletrnica); Cristina Gomide (Capa).

    Copyright 2001 by Marcel Auguste Dardenne e Carlos Schobbenhaus.Impresso no Brasil

    Direitos exclusivos para esta edio:

    Editora Universidade de BrasliaSCS Q. 02, Bloco C, no 78 Ed. OK, 2o andar70300-500 Braslia, DFTel: (0xx61) 226-6874Fax: (0xx61) [email protected]

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    Ficha catalogrfi ca elaborada pelaBiblioteca Central da Universidade de Braslia

    Dardenne, Marcel AugusteD216 Metalognese do Brasil / Marcel Auguste Dardenne e

    Carlos Schobbenhaus. Braslia : Editora Universidade de Braslia, 2001.

    392 p. : il.

    ISBN: 85-230-0647-8

    1. Metalognese -Amrica do Sul. 2. Geologia- Brasil. 3. Depsitos minerais-Brasil. I. Schobbenhaus, Carlos. II. Ttulo.

    CDU 553.078(7/8)553.078(81)

  • A G R A D E C I M E N T O S ........................................................................................... 13A P R E S E N T A O .................................................................................................. 15P R E F C I O ......................................................................................................................... 17I N T R O D U O ................................................................................................................. 19O quadro geotectnico da Plataforma Sul-Americana.......................................... 19

    C A P T U L O 1

    O Crton Amaznico ................................................................................................ 25

    1.1 O Escudo das Gianas .................................................................................................. 25 1.1.1 Provncia Imataca ....................................................................................................... 28 1.1.2 Terrenos granito-greenstone paleoproterozicos ............................................. 29 1.1.2.1 Provncias Pastora-Barama-Mazaruni e Paramaka .................................... 30 1.1.2.2. Provncia Vila Nova ........................................................................................ 32 1.1.2.2.1 Depsitos de cromita de Bacuri ou Igarap do Breu .......................... 34 1.1.2.2.2 Depsitos de mangans da Serra do Navio......................................... 36 1.1.2.2.3 Depsitos de ouro da Serra de Ipitinga ............................................... 37 1.1.2.2.4 Depsito de Ouro de Amapari............................................................. 38 1.1.2.2.5 Depsito de Ouro do Vicente .............................................................. 40 1.1.2.2.6 Depsito de Ouro de Santa Maria....................................................... 40 1.1.2.2.7 Depsitos de ferro: Bacabal, Leo, Santa Maria e Baixo Grande ...... 40 1.1.3. Distrito Estanfero de Pitinga.................................................................................. 41 1.1.3.1 Macio Grantico gua Boa .......................................................................... 41 1.1.3.2 Macio Grantico Madeira ............................................................................. 43 1.1.4 Depsitos de diamante do Grupo Roraima ........................................................ 44 1.1.5 Distrito Estanfero de Surucucus ........................................................................... 45 1.1.6 Provncia Alcalina Neoproterozica..................................................................... 45 1.1.6.1 Carbonatitos de Seis Lagos/Cerro Impacto ................................................. 45 1.1.6.2 Kimberlito de Quebrada Grande e outras reas diamantferas................. 46

    1.2 O Escudo do Brasil-Central......................................................................................... 46 1.2.1 Provncia Rio Maria ................................................................................................... 46 1.2.1.1 Depsitos aurferos do tipo Lode .................................................................. 48 1.2.1.1.1 Depsitos Au de Diadema................................................................... 48 1.2.1.1.2 Depsitos Au de Babau-Lagoa Seca ................................................. 50

    Sumrio

  • 6 Metalognese do Brasil

    1.2.1.1.2.1 Depsito Au de Babau .................................................... 50 1.2.1.1.2.2 Depsito Au de Lagoa Seca .............................................. 51 1.2.1.2 Depsitos Au-Cu-Bi-Mo do tipo Lode Porfi rtico...................................... 52 1.2.2 Provncia Carajs ........................................................................................................ 54 1.2.2.1 Depsitos de ferro da Serra dos Carajs ...................................................... 56 1.2.2.2 Depsito de Cromita de Luanga.................................................................... 62 1.2.2.3 Depsitos de cobre-ouro ................................................................................ 63 1.2.2.3.1 Depsitos Cu-Au de Igarap Bahia e Alemo .................................... 64 1.2.2.3.2 Depsito Cu-Zn-Au de Pojuca............................................................ 67 1.2.2.3.3 Depsito Cu-Au de Salobo ................................................................. 68 1.2.2.3.4 Depsitos Cu-Au de Sossego-Cristalino-S118...................................... 68 1.2.2.4 Depsitos de mangans................................................................................... 70 1.2.2.4.1 Depsitos Mn de Azul/Sereno ............................................................ 71 1.2.2.4.2 Depsito Mn de Buritirama ................................................................ 73 1.2.2.5 Depsito Au de Serra Pelada/Serra Leste .................................................... 73 1.2.2.6 Depsitos de nquel latertico associados aos complexos mfi co-

    ultramfi cos ..................................................................................................... 76 1.2.2.7 Depsitos minerais associados aos granitos anorognicos

    paleoproterozicos das provncias Rio Maria e Carajs ........................... 76 1.2.2.7.1 Depsito Cu-Au de guas Claras ....................................................... 76 1.2.2.7.2 Depsito W da Pedra Preta ................................................................. 77 1.2.2.7.3 Mineralizaes associadas ao Granito Central da Serra dos Carajs.. 77 1.2.2.7.4 Depsito Cu-Au do Granito Pojuca/Gameleira .................................. 78 1.2.3 Provncia Tapajs........................................................................................................ 78 1.2.4 Provncia Alta Floresta.............................................................................................. 83 1.2.4.1 Mineralizao Au do tipo Veio de Quartzo hospedado em zona de

    cisalha mento..................................................................................................... 86 1.2.4.2 Mineralizao Au do tipo Prfi ro (disseminado) ....................................... 86 1.2.4.3 Mineralizao Au do tipo Stockwork............................................................ 88 1.2.4.4 Depsitos Pb-Zn-Cu-Au de Aripuan .......................................................... 88 1.2.4.5 Depsito Au de Moreru .................................................................................. 92 1.2.4.6 Depsitos Cu de Terra Preta........................................................................... 92 1.2.5 Distrito Aurfero do Alto Jauru............................................................................... 94 1.2.6 Provncia Aurfera do Alto Guapor ..................................................................... 96 1.2.7 Provncia Estanfera de Rondnia ........................................................................ 97 1.2.7.1 Depsitos Sn da Sute So-Loureno-Caripunas (SLC) ......................... 100 1.2.7.2 Depsitos Sn da Sute Younger Granites de Rondnia (YGR).............. 100 1.2.7.2.1 Macio Massangana.......................................................................... 100 1.2.7.2.2 Macio Santa Brbara ....................................................................... 101 1.2.7.2.3 Distrito Bom Futuro.......................................................................... 103

    C A P T U L O 2

    O Crton do So Francisco ........................................................................... 107

    2.1 O Compartimento Oriental........................................................................................ 107 2.1.1 Depsito de Barita de Itapura ............................................................................... 110 2.1.2 Provncia Aurfera do Rio Itapicuru ................................................................... 110

  • Sumrio 7

    2.1.2.1 Fazenda Maria Preta...................................................................................... 110 2.1.2.2 Faixa Weber .................................................................................................... 112 2.1.3 Distrito de Cobre do Rio Cura ......................................................................... 114 2.1.4 Depsito de Cobre do Serrote da Laje ............................................................... 115 2.1.5 Distritos de cromita do Rio Jacurici e Campo Formoso.............................. 115 2.1.5.1 Depsitos do Rio Jacurici............................................................................. 115 2.1.5.2 Depsitos de Campo Formoso..................................................................... 120 2.1.6 Depsitos de esmeralda de Carnaba e Socot................................................ 121 2.1.6.1 Depsitos de Carnaba .................................................................................. 121 2.1.6.2 Depsitos de Socot ...................................................................................... 122 2.1.7 Depsito Au-U-Pi de Jacobina ............................................................................. 123

    2.2 O Compartimento Central ......................................................................................... 125 2.2.1 Depsitos minerais associados a greenstone belts......................................... 125 2.2.1.1 Ocorrncias de ouro e metais bases ............................................................ 125 2.2.1.2 Depsitos de magnesita da Serra das guas ............................................. 125 2.2.2 Depsitos de ferro-titnio-vandio-fosfato ...................................................... 128 2.2.2.1 Depsitos Fe-Ti-V-Pt do Sill do Rio Jacar............................................... 128 2.2.2.2 Depsitos Fe-Ti-V de Campo Alegre de Lourdes .................................... 128 2.2.2.3 Depsitos de fosfato de Angico dos Dias .................................................. 128 2.2.3 Depsito Pb-Zn de Boquira ................................................................................... 130 2.2.4 Depsitos Fe-Mn de Urandi-Licnio de Almeida........................................... 132 2.2.5 Depsitos diamantferos da Chapada Diamantina ......................................... 132 2.2.6 Depsitos minerais da Bacia de Irec ................................................................ 135 2.2.6.1 Depsito de Fosfato da Fazenda Trs Irms ............................................. 135 2.2.6.2 Depsitos Pb-Zn do Grupo Una.................................................................. 137 2.2.7 Distrito Uranfero de Lagoa Real ........................................................................ 137

    2.3 O Compartimento Ocidental .................................................................................... 137 2.3.1 Ocorrncias de ouro e metais bases no Bloco Guanambi-Correntina-So

    Domingos..................................................................................................................... 138 2.3.2 Provncia Au-Fe-Mn do Quadriltero Ferrfero.............................................. 139 2.3.2.1 Depsitos minerais associados aos greenstone belts antigos ( 3,0Ga)..... 143 2.3.2.1.1 Depsito de Cromita de Pium-hi....................................................... 143 2.3.2.1.2 Depsito Ni-Cu-Co-Pt de OToole ................................................... 143 2.3.2.1.3 Depsito Ni Latertico do Morro do Nquel ..................................... 146 2.3.2.2 Depsitos minerais associados ao Greenstone Belt Rio das Velhas (GBRV)...146 2.3.2.2.1 Depsitos de ouro ............................................................................. 146 2.3.2.2.2 Depsitos de mangans..................................................................... 150 2.3.2.3 Depsitos minerais associados ao Supergrupo Minas (SGM) ............... 153 2.3.2.3.1 Depsitos Au-U-Pi da Fm. Moeda.................................................... 153 2.3.2.3.2 Depsitos de itabiritos da Fm. Cau ................................................. 155 2.3.2.3.3 Depsitos Fe-Mn de Miguel Congo.................................................. 156 2.3.2.4 Depsitos minerais associados ao Evento Transamaznico/Brasiliano 157 2.3.2.4.1 Depsitos de ouro do Distrito de Mariana ........................................ 157 2.3.2.4.1.1 Depsito Au de Passagem de Mariana ........................ 157 2.3.2.4.1.2 Depsito Au de Antnio Pereira .................................. 159 2.3.2.4.2 Depsitos de topzio ......................................................................... 160 2.3.2.4.3 Depsitos Au das minas de Cau ...................................................... 162

  • 8 Metalognese do Brasil

    C A P T U L O 3

    As Faixas Dobradas do Neoproterozico e as Coberturas Correlatas ............................................................................................................................ 165

    3.1 A Faixa Braslia e o Macio de Gois ................................................................ 165 3.1.1 Depsitos minerais do Macio de Gois........................................................... 165 3.1.1.1 Depsitos minerais do Greenstone Belt Crixs ........................................ 165 3.1.1.1.1 Depsitos Au da Mina III/Mina Nova/Mina Pompex....................... 168 3.1.1.1.2 Depsito Au da Mina Inglesa............................................................ 173 3.1.1.1.3 Depsito Ni de Boa Vista.................................................................. 174 3.1.1.2 Os depsitos minerais do Greenstone Belt Guarinos............................... 175 3.1.1.2.1 Depsito Au de Maria Lzara ........................................................... 175 3.1.1.2.2 Depsitos Au da Mina Caiamar ........................................................ 176 3.1.1.3 Depsitos minerais do Greenstone Belt Pilar Gois ................................ 176 3.1.1.4 Depsitos de ouro do Greenstone Belt Gois Velho ................................ 177 3.1.1.5 Depsitos de esmeralda de Santa Terezinha.............................................. 177 3.1.2 Depsitos minerais do Bloco Almas-Dianpolis-Cavalcante .................... 179 3.1.2.1 Depsitos Au de Almas-Dianpolis............................................................ 179 3.1.2.2 Depsito de Urnio da Raizaminha ............................................................ 181 3.1.2.3 Depsitos minerais associados Sute Aurumina .................................... 182 3.1.2.4 Depsito de Ouro de Pontal ......................................................................... 182 3.1.3 Rifte Intracontinental Paleoproterozico .......................................................... 182 3.1.3.1 Depsitos minerais associados aos complexos mfi co-ultramfi cos

    (CMUs) de Barro Alto (BA), Niquelndia (NQ), Cana Brava (CB)..... 183 3.1.3.1.1 Depsitos de nquel latertico de Niquelndia e Barro Alto ............. 185 3.1.3.1.2 Depsito de Amianto de Cana Brava ................................................ 185 3.1.3.1.3 Depsitos de EGP de Niquelndia e Cana Brava ............................. 186 3.1.3.2 Provncia Estanfera de Gois...................................................................... 187 3.1.3.2.1 Depsitos de estanho da Subprovncia Rio Paran........................... 188 3.1.3.2.1.1 Depsitos Sn associados ao Granito Pedra Branca....... 188 3.1.3.2.1.2 Depsitos Sn associados ao Granito Mangabeira ......... 189 3.1.3.2.1.3 Depsitos Sn associados ao Granito Sucuri................... 189 3.1.3.2.2 Depsitos de estanho da Subprovncia Tocantins ............................. 191 3.1.3.2.2.1 Depsitos Sn associados ao Granito Serra Branca........ 192 3.1.3.2.2.2 Depsitos Sn associados ao Granito Serra Dourada ..... 193 3.1.3.3 Depsitos minerais associados ao Grupo Ara.......................................... 193 3.1.4 Depsitos minerais associados ao Ciclo Brasiliano ...................................... 193 3.1.4.1 Depsitos minerais associados ao desenvolvimento de Bacia de Margem

    Passiva no Meso/Neoproterozico ............................................................. 194 3.1.4.1.1 Depsitos Pb-Zn (Cu) de Palmeirpolis/Juscelndia........................ 194 3.1.4.1.2 Depsito Pb-Zn de Castelo.............................................................. 194 3.1.4.2 Depsitos minerais associados ao Arco Magmtico de Gois ............... 194 3.1.4.2.1 Depsito Au-Ag-Ba de Zacarias ....................................................... 195 3.1.4.2.2 Depsito Cu-Au de Chapada ............................................................ 195 3.1.4.2.3 Depsito Au de Posse ...................................................................... 195 3.1.4.2.4 Depsito Au-Cu-Bi de Mundinho..................................................... 196 3.1.4.3 Depsitos minerais associados ao Grupo Vazante ................................... 198 3.1.4.3.1 Depsitos de fosfato de Rocinha e Lagamar..................................... 198

  • Sumrio 9

    3.1.4.3.2 Depsito Pb-Zn de Morro Agudo ..................................................... 198 3.1.4.3.3 Depsito Zn de Vazante .................................................................... 201 3.1.4.4 Depsitos Pb-Zn-Ag-CaF2 associados ao Grupo Bambu ...................... 203 3.1.4.5 Depsitos de ouro associados ao Evento Brasiliano na Zona Externa

    da Faixa Braslia ............................................................................................ 206 3.1.4.5.1 Depsitos de ouro de Minau-Niquelndia....................................... 206 3.1.4.5.1.1 Depsitos Au tipo Buraco ............................................. 206 3.1.4.5.1.2 Depsitos Au tipo Santa Rita .......................................... 207 3.1.4.5.2 Depsitos Au de Cavalcante ............................................................. 207 3.1.4.5.3 Depsito Au de Luzinia................................................................... 209 3.1.4.5.4 Depsito do Morro do Ouro.............................................................. 210 3.1.4.6 Depsitos minerais associados ao magmatismo sin a tarditectnico do

    Ciclo Brasiliano ............................................................................................. 211 3.1.4.6.1 Depsitos Sn associados a granitos................................................... 212 3.1.4.6.2 Depsitos Ni-Cu-Co de Americano do Brasil e Mangabal............... 212

    3.2 A Faixa Araua............................................................................................................... 214 3.2.1 Depsitos associados a seqncias vulcano-sedimentares do tipo greens-

    tone belts ...................................................................................................................... 214 3.2.1.1 Depsitos associados Seqncia Vulcano-Sedimentar de Serro......... 214 3.2.1.1.1 Depsitos de cromita de Serro/Alvorada de Minas .......................... 214 3.2.1.1.2 Depsito de Ouro de Zagaia ............................................................. 215 3.2.1.2 Depsito de Ouro Fino associado Seqncia Vulcano-Sedimentar de

    Riacho dos Machados.................................................................................... 215 3.2.2 Depsitos de itabiritos............................................................................................. 216 3.2.3 Depsitos minerais associados ao Supergrupo Espinhao.......................... 217 3.2.3.1 Depsitos de diamante da regio de Diamantina ..................................... 217 3.2.3.2 Depsitos de fosfato de Conceio do Mato Dentro ............................... 219 3.2.4 Depsitos minerais associados Faixa Araua s.s....................................... 221 3.2.4.1 Depsitos de ferro de Porteirinha................................................................ 221 3.2.4.2 Diamictitos diamantferos do Grupo Macabas ....................................... 221 3.2.4.3 Depsitos de grafi ta de Pedra Azul............................................................. 221 3.2.4.4 Provncia Pegmattica Oriental do Brasil .................................................. 225 3.2.4.5 Depsitos de scheelita e wolframita no vale do Rio Jequitinhonha...... 231 3.2.4.5.1 Depsitos de scheelita associados a rochas calcissilicatadas............ 231 3.2.4.5.2 Depsitos de wolframita-scheelita associados a veios de quartzo.... 231

    3.3 A Faixa Alto Rio Grande............................................................................................. 231

    3.4 A Faixa Ribeira ................................................................................................................ 232 3.4.1 Depsitos de ouro da Serra de Itaberaba........................................................... 233 3.4.2 Depsitos Pb-Zn-(Cu)-Ba-Ag do tipo Perau ................................................... 233 3.4.3 Depsitos Pb-Zn-Ag do tipo Panelas ................................................................. 237 3.4.4 Depsitos associados aos granitos brasilianos ................................................ 238 3.4.4.1 Depsitos W-Mo-Cu associados ao Granito Itaoca ................................. 238 3.4.4.2 Depsito W (Sn-Mo) associado Sute Catinga ...................................... 238 3.4.4.3 Depsito Au de Campo Largo ..................................................................... 238 3.4.5 Depsitos minerais associados a zonas de cisalhamento brasilianas ...... 238 3.4.5.1 Depsito Pb-Zn-Ag (Cu) do Ribeiro da Prata......................................... 238

  • 10 Metalognese do Brasil

    3.4.5.2 Depsitos de talco da Faixa Itaiacoca ........................................................ 239 3.4.6 Depsitos de fl uorita do Vale do Ribeira .......................................................... 239 3.4.6.1 Depsitos strata-bound de fl uorita ............................................................. 239 3.4.6.1.1 Sete Barras ...................................................................................... 239 3.4.6.1.2 Mato Dentro ...................................................................................... 241 3.4.6.1.3 Volta Grande ..................................................................................... 241 3.4.6.2 Depsito Filoneano do Braz......................................................................... 242

    3.5 A Faixa Dom Feliciano ................................................................................................ 242 3.5.1 Depsitos Cu-Pb-Zn do Distrito de Camaqu................................................. 243 3.5.2 Depsitos Au de Lavras do Sul ............................................................................ 245 3.5.3 Depsitos Sn de Encruzilhada do Sul ................................................................ 245

    3.6 A Provncia Borborema ............................................................................................... 245 3.6.1 Depsitos de magnesita da Faixa Mvel Ors................................................ 247 3.6.2 Depsitos minerais da Faixa Serid ................................................................... 248 3.6.2.1 Provncia Scheelitfera.................................................................................. 250 3.6.2.2 Provncia Aurfera.......................................................................................... 252 3.6.2.3 Provncia Pegmattica ................................................................................... 252 3.6.3 Distrito Pegmattico de Solonpole .................................................................... 254 3.6.4 Depsito de Urnio de Itataia ............................................................................... 254

    3.7 As Faixas Paraguai e Araguaia .............................................................................. 254 3.7.1 Faixa Araguaia ........................................................................................................... 255 3.7.2 Faixa Paraguai............................................................................................................ 256 3.7.2.1 Distrito Fe-Mn de Urucum........................................................................... 256 3.7.2.2 Depsitos de ouro do Grupo Cuiab .......................................................... 258

    C A P T U L O 4

    As Coberturas Fanerozicas da Plataforma e o Magmatismo Associado.................................................................................... 261

    4.1 O Paleozico ..................................................................................................................... 261 4.1.1 Depsitos de ferro ooltico..................................................................................... 261 4.1.1.1 Depsito de Paraso do Norte-Miracema na Bacia do Parnaba............ 263 4.1.1.2 Depsito de Jatapu......................................................................................... 263 4.1.1.3 Depsito de Garapu....................................................................................... 264 4.1.2 Depsitos de potssio de Fazendinha e Arari no Mdio Amazonas ...... 264 4.1.3 Depsitos de carvo do Sul do Brasil ................................................................ 266 4.1.3.1 Carvo de Santa Catarina ............................................................................. 267 4.1.3.2 Carvo do Rio Grande do Sul...................................................................... 268 4.1.4 Depsitos de folhelhos pirobetuminosos da Formao Irati ...................... 269 4.1.5 Depsito de Urnio de Figueira ........................................................................... 270 4.1.6 Ocorrncias diamantferas nas seqncias paleozicas ............................... 272

    4.2 O Mesozico ..................................................................................................................... 274

  • Sumrio 11

    4.2.1 Depsitos associados ao vulcanismo.................................................................. 274 4.2.1.1 Depsitos de ametista e gata do Rio Grande do Sul .............................. 274 4.2.1.1.1 Distrito Mineiro do Alto Uruguai: ametista ...................................... 274 4.2.1.1.2 Distrito Mineiro do Salto do Jacu: gata ......................................... 276 4.2.1.2 Depsitos de opala do Piau ......................................................................... 277 4.2.2 Depsitos associados aos complexos ultramfi co-alcalino-carbonatticos.... 277 4.2.2.1 Complexos das regies Sul e Sudeste ........................................................ 277 4.2.2.1.1 Depsito de Fosfato de Jacupiranga ................................................. 277 4.2.2.1.2 Depsito de Urnio de Poos de Caldas ........................................... 278 4.2.2.1.3 Depsito de Fluorita de Mato Preto .................................................. 280 4.2.2.2 Complexos da Regio Centro-Oeste .......................................................... 283 4.2.2.2.1 Provncia Carbonattica do Alto Paranaba ....................................... 283 4.2.2.2.1.1 Complexo do Barreiro .................................................... 285 4.2.2.2.1.2 Complexo de Tapira........................................................ 288 4.2.2.2.1.3 Complexo de Catalo ..................................................... 288 4.2.2.2.2 Provncia Alcalina de Ipor-Rio Verde ............................................. 290 4.2.3 Depsitos de diamante associados s intruses kimberlticas ................... 290 4.2.3.1 Provncia Kimberltica de Juna .................................................................. 291 4.2.3.2 Provncia Kimberltica do Alto Paranaba................................................. 292 4.2.4 Depsitos fi lonianos hidrotermais....................................................................... 295 4.2.4.1 Distrito de Fluorita de Santa Catarina ........................................................ 295 4.2.4.2 Veios de ametista do Alto Bonito................................................................ 297 4.2.5 Depsitos associados circulao de fl uidos conatos .................................. 298 4.2.5.1 Ocorrncias de urnio da Formao Serg................................................. 298 4.2.5.2 Depsitos de barita da Fm. Marizal/Taipu-Mirim.................................... 299 4.2.5.2.1 Depsito de Camamu........................................................................ 299 4.2.5.2.2 Depsito da Fazenda Barra ............................................................... 303 4.2.6 Depsitos sedimentares s.s. ................................................................................... 303 4.2.6.1 Depsitos clsticos diamantferos............................................................... 304 4.2.6.2 Depsitos de evaporitos................................................................................ 304 4.2.6.2.1 Depsito de Sal-Gema da Ilha de Matarandiba ................................ 304 4.2.6.2.2 Depsitos de potssio de Sergipe-Alagoas ....................................... 305 4.2.6.2.3 Depsito de Enxofre Nativo de Castanhal ........................................ 308 4.2.6.2.4 Depsitos de gipsita do Nordeste do Brasil ...................................... 310 4.2.6.2.5 Depsitos de fosfato da Bacia Pernambuco/Paraba......................... 312

    4.3 O Cenozico ...................................................................................................................... 312 4.3.1 Depsitos minerais de origem latertica ............................................................ 312 4.3.1.1 Depsitos de bauxita ..................................................................................... 314 4.3.1.1.1 Bauxitas da Provncia Amaznica .................................................... 314 4.3.1.1.1.1 Depsitos de bauxita da Amaznia Oriental .................. 314 4.3.1.1.1.2 Depsitos de bauxita fosftica do NE do Par e NW

    do Maranho .................................................................. 317 4.3.1.1.1.3 Depsito de Bauxita de Carajs ..................................... 317 4.3.1.1.2 Bauxitas da Provncia Centro-Leste.................................................. 318 4.3.1.1.2.1 Depsitos de bauxita do Quadriltero Ferrfero............ 318 4.3.1.1.2.2 Depsitos de bauxita da Serra da Mantiqueira.............. 318 4.3.1.1.3 Depsitos de bauxita da Provncia Alcalina...................................... 318 4.3.1.2 Depsitos de caulim da Regio Amaznica .............................................. 319

  • 12 Metalognese do Brasil

    4.3.1.3 Depsitos de nquel latertico ...................................................................... 322 4.3.1.3.1 Depsito Ni Latertico tipo Morro do Nquel ................................... 322 4.3.1.3.2 Depsito Ni Latertico de So Joo do Piau ................................... 323 4.3.1.3.3 Depsito Ni Latertico tipo Vermelho na Provncia Mineral de Carajs ..... 235 4.3.1.3.4 Depsitos Ni Latertico de Niquelndia e Barro Alto....................... 325 4.3.1.3.5 Depsitos Ni Latertico tipo Santa F da Provncia Alcalina de Gois ...... 238 4.3.1.4 Depsitos de ouro latertico ......................................................................... 331 4.3.2 Depsitos minerais do tipo Placer ...................................................................... 333 4.3.2.1 Depsitos aluvionares ................................................................................... 333 4.3.2.1.1 Depsitos de ouro e de cassiterita..................................................... 333 4.3.2.1.2 Depsitos de diamante ...................................................................... 333 4.3.2.2 Depsitos de placeres de praia na margem costeira do Brasil ............... 333 4.3.2.2.1 Depsitos ETR-Ti nos Estados da Bahia, do Esprito Santo e do Rio

    de Janeiro .......................................................................................... 335 4.3.2.2.2 Depsitos Ti-Zr de Mataraca ............................................................ 335 4.3.2.2.3 Depsitos Ti do Distrito de Bujuru ................................................... 335

    C A P T U L O 5

    A Distribuio dos Depsitos Minerais atravs do Tempo Geolgico no Territrio Brasileiro pocas Metalogenticas ........................................................................................................ 337

    L I S T A D E F I G U R A S ................................................................................................ 343R E F E R N C I A S B I B L I O G R F I C A S .............................................................. 349

  • ESTA OBRA FOI SUBSIDIADA pelo PADCT/CNPq (atravs do Pro-cesso n 62.0248/94-7), rgo a que devemos expressar os nossos mais profundos agradecimentos, devido a boa vontade e compreenso frente aos sucessivos atrasos de fi nalizao.

    Ns, os autores, apresentamos tambm nossos mais vivos agradecimentos aos alunos e aos ex-alunos da UnB, que se encarregaram, com enorme competncia e pacincia, da digitao original do texto: Fabiano R. L. Faulstich e Cris-tine Hortncia C. Pontes; bem como aos que se encarrega-

    ram da exmia organizao das ilustraes: Fabiano R. L. Faulstich, Luciana Tibiri, Leandro Guimares da Silva, Leonardo Resende e Leonildes Soares de Melo Filho, da UnB, e Helena Soares Zanetti Eyben, da CPRM.

    Finalmente, nosso agradecimento especial aos cole-gas da Universidade de Braslia e do Servio Geolgico do Brasil CPRM, os quais souberam, com gentileza e sabedoria, incentivar os nossos esforos no sentido de concluir esta tarefa.

    Agradecimentos

  • O SERVIO GELGICO DO BRASIL sente-se honrado em apresentar e em subsidiar a publicao do livro Metalog-nese do Brasil, de autoria de Marcel Dardenne e de Carlos Schobbenhaus, dois dos mais renomados pesquisadores ligados ao estudo das geocincias no Brasil.

    A obra vem a complementar o entendimento de depsitos minerais brasileiros, cobrindo sucintamente aspectos geoqumicos e hidrodinmicos da formao dos principais depsitos minerais, e fazendo referncia a resultados da aplicao de geoqumica, e a estudos de incluses fl uidas e de istopos estveis e radiognicos que permitem a formulao de modelos genticos de sistemas de gerao dos depsitos. Cientes de que tais modelos so teis na explorao e na lavra de depsitos minerais, mas tm utilidade limitada na descoberta de novos distritos minerais, os autores privilegiam a dis-cusso do problema da distribuio geogrfi ca de dep-sitos minerais, que tratado primeiramente em termos de ambientes geolgicos e tectnicos, em vez de nuan-ces da geoqumica de solues mineralizantes. Ainda que hajam controvrsia e incerteza quanto ao posiciona-mento tectnico de algumas das provncias discutidas no texto, funo do atual estado de conhecimento da geolo-gia do Brasil, esta obra marca um progresso nessa rea do conhecimento, que no teve desenvolvimento com-

    patvel com o de estudos geoqumicos. Poucos livros que lidam com depsitos minerais oferecem esse tipo de enfoque, ainda mais os baseados na experincia de dois cientistas com tal conhecimento da geologia do Brasil.

    Acreditamos que as informaes contidas neste estudo sero contribuio importante para o avano do conheci-mento do potencial metalogentico do Brasil, e de grande valia para estudantes e analistas de investimentos com interesse na rea. O estudo prov uma base que apresenta uma ampla variedade de depsitos minerais e indicaes sobre seu condicionamento tectnico, permitindo identifi -car potencialidades e peculiaridades das principais provn-cias minerais brasileiras.

    Na leitura da obra sobressai a diversifi cao do poten-cial mineral brasileiro, o que constitui aspecto relevante neste momento em que se vislumbra uma retomada dos investimentos no setor mineral brasileiro.

    Umberto CostaDiretor-Presidente

    Servio Geolgico do Brasil

    Luiz Augusto BizziDiretor de Geologia e Recursos Minerais

    Servio Geolgico do Brasil

    Apresentao

  • Prefcio

    ESTA OBRA PROCURA SUPRIR A necessidade de um documento em lngua portuguesa que integre os depsitos minerais brasileiros evoluo geolgica do Brasil. Esse objetivo foi alcanado atravs de uma paciente coleta de dados, de estudos especfi cos e de inmeras visitas aos diversos dep-sitos minerais no Brasil. Este trabalho refl ete o extraordin-rio desenvolvimento do conhecimento geolgico ocorrido no pas durante as duas ltimas dcadas, o qual aconteceu paralelamente exploso dos cursos de ps-graduao na rea das cincias da terra, nas universidades brasileiras, e implantao do Servio Geolgico do Brasil. Essa acelera-o do nvel e da qualidade do conhecimento permitiu esta-belecer as bases geocronolgicas, petrolgicas, geoqumi-cas e estruturais necessrias elaborao de um arcabouo geotectnico coerente, onde os depsitos minerais se inse-rem naturalmente, delineando-se, assim, os grandes traos da metalognese na Plataforma Sul-Americana.

    Esta obra privilegia a integrao dos depsitos minerais ao seu contexto geolgico regional, salientando os proble-

    mas e propondo hipteses que sugiram caminhos proveito-sos para as pesquisas futuras. O livro encontra-se repleto de ilustraes que substituem descries fastidiosas e colo-cam em evidncia os principais controles metalogenticos. Para atingir esses objetivos, a pesquisa bibliogrfi ca foi ampla e intensa, mas as citaes tiveram de fi car restritas aos artigos mais abrangentes. Essa bibliografi a incorpora os artigos publicados at o fi nal de 1999, e algumas cita-es referentes ao ano de 2000, decorrentes da amabili-dade de colegas que nos deram acesso a seus manuscritos.

    Nossa expectativa a de que o livro atenda aos anseios da comunidade geolgica e se torne uma fonte de con-sulta profcua neste momento da evoluo da metalog-nese do Brasil.

    No possvel destacar aqui os inmeros colegas que contriburam signifi cativamente na elaborao deste traba-lho, cabendo a ns reconhecer, humildemente, que o apoio da comunidade geolgica nunca nos faltou e representou sempre um incentivo a mais.

    Os autores

  • Introduo

    O PRINCIPAL OBJETIVO DESTE trabalho delinear os traos mais marcantes da metalogenia do Brasil, defi nindo, ao longo de sua evoluo geotectnica, as unidades metaloge-nticas mais importantes na forma de provncias e de distri-tos minerais economicamente signifi cativos. Essa proposta conta tambm com a caracterizao de depsitos minerais selecionados e de pocas metalogenticas mais favorveis individualizao de um ou mais tipos de depsitos minerais.

    No intuito de conseguir uma melhor compreenso da poro brasileira da Plataforma Sul-Americana, o subt-tulo Escudo das Gianas inclui um tratamento sucinto dos grandes traos da evoluo e da metalogenia dos pases vizinhos do Brasil.

    As divises geocronolgicas adotadas seguem as re co-mendaes da International Stratigraphic Chart (Unesco/IUGS/2000). Para o Proterozico, no entanto, preferimos utilizar a diviso em trs conjuntos com limites em 2500Ma, 1800Ma, 1000Ma, seguindo a linha do mapa tectnico da Amrica do Sul (Almeida, 1978). O limite Proterozico/Cambriano adotado foi estabelecido em 544Ma, seguindo a sugesto de Bowring et al. (1993).

    O quadro geotectnico da Plataforma Sul-americana

    A Plataforma Sul-Americana (Fig. 1), cuja consolidao se completou no fi nal do Neoproteozico, constitui, junto com a Plataforma Patagnica e a Faixa Andina, uma das trs grandes divises tectnicas do continente sul-ameri-cano (Almeida, 1978; Schobbenhaus e Campos, 1984).

    Essa plataforma, antes denominada Plataforma Bra-sileira (Almeida, 1967), forma o ncleo da Amrica do Sul, cobrindo uma rea de cerca de 15 x 106 km2, 40% dos quais esto expostos em trs escudos pr-cambrianos: Giana, Brasil-Central (ou Guapor) e Atlntico. Dados

    geocronolgicos indicam que a evoluo do Crton Ama-znico envolveu diversos eventos tectnicos e uma impor-tante adio de material juvenil durante o Arqueano, o Pa leo proterozico e o Mesoproterozico, bem como o re tra ba lhamento de crosta continental mais antiga. Cerca de 34% da crosta continental exposta nesses escudos foi formada durante o Arqueano; 80% durante o Paleoproterozico, no Ciclo Transamaznico; e 98% no fi nal do Neoproterozico, no Ciclo Brasiliano (Cordani et al. 1988; Cordani e Sato, 1999). No fi nal do Neoproterozico, a Plataforma Sul-Americana era representada por diversas placas ou ncleos cratnicos independentes. A amalgamao fi nal desses ter-renos (Fig. 2) foi efetivada entre 650 e 535Ma, mediante uma srie de colises representando a Orognese Brasi-liana (Pan-africana). Os mais importantes crtons sinbra-silianos da Plataforma Sul-Americana so: Crton Ama-znico, Crton do So Franscisco e Crton do Rio de La Plata. O embasamento desses crtons formado essencial-mente de rochas metamrfi cas de mdio a alto graus, alm de associaes do tipo granito-greenstone e inmeros gra-nitides. Fragmentos arqueanos menores representados por ncleos de alto a mdio graus so encontrados nas faixas mveis proterozicas.

    Os terrenos mais antigos no Crton Amaznico foram observados no Complexo de Imataca, na Venezuela, entre 3,4 e 3,7Ga (Sidder e Mendoza, 1995). Nas Gianas cons-tam idades de residncia crustal da ordem de 3,6Ga (Gibbs e Barron, 1993). Protlitos arqueanos ocorrem tambm nos terrenos Cupixi/Amap, Brasil, entre 2,9 e 3,1Ga (Lafon et al. 1998), e nas provncias de Rio Maria/Carajs, Brasil, entre 2,98 e 2,80Ga (Tassinari e Macambira, 1999). Nessa ltima provncia tambm h registro de zirces em grani-tos e rochas sedimentares com idades superiores a 3,7Ga (rea granito-greenstone de Rio Maria). No Crton do So Francisco, as idades mais antigas identifi cadas situam-se entre 3,4 e 3,1Ga (Cordani e Sato, 1999). De modo geral,

  • 20 Metalognese do Brasil

    Fig. 1 Diviso tectnica da Plataforma Sul-Americana (segundo Almeida et al., 1976, com modifi caes).

  • Fig. 2 Principais unidades estruturais da Plataforma Sul-Americana. Crtons brasilianos e reas cratnicas menores: Amaznico (A), So Francisco (B), Rio de La Plata (C), Lus Alves (D), Tibicuary (E), Gois Central (F), So Lus (G). Coberturas plataformais proterozicas selecionadas: Bambu (I), Chapada Diamantina (II), Benefi cente-Iriri-Teles Pires e outras (III), Urupi-Iricoum (IV), Roraima-Surumu (V). Faixas mveis brasilianas: Paraguai-Araguaia (1), Gurupi (2), Provncia Borborema (3), Sergipano (4), Rio Preto-Ria-cho do Pontal (5), Brasliza (6), Araua (7), Ribeira (8), Dom Feliciano (9), Sierras Pampeanas Orientales (10). Segundo Schobbenhaus e Bellizzia (2000); Schobbenhaus e Campos (1984), Almeida (1978) e outras fontes referidas no texto.AS: Asuncin, BA: Buenos Aires, BH: Belo Horizonte, BL: Belm, BR: Braslia, CB: Ciudad Bolivar, CN: Cayenne, CO: Crdoba, CS: Cruzeiro do Sul, CU: Cuiab, GFR: Guiana Francesa, GUY: Guyana, GT: Georgetown, IQ: Iquitos, MI: Mitu, MN: Manaus, MV: Montevideo, PM: Paramaribo, PV: Porto Velho, RC: Recife, RJ: Rio de Janeiro, SC: Santa Cruz de la Sierra, SL: So Lus, SUR: Suriname, SV: Salvador.

    Introduo 21

  • 22 Metalognese do Brasil

    a maioria dos resultados radiomtricos nesse crton rela-ciona-se ao Arqueano tardio, entre 2,9 e 2,5Ga, sendo mais comuns nas reas de terrenos granito-greenstone.

    Os terrenos granito-greenstone e seqncias similares representam extensas reas no interior dos antigos crtons da Plataforma Sul-Americana, tais como (a) as provncias de Rio Maria e de Carajs (Escudo Brasil-Central); (b) o Bloco do Gavio e o Quadriltero Ferrfero, no Crton do So Francisco; e (c) a rea de Crixs, no Macio de Gois. Algumas dessas associaes granito-greenstone indicam idades paleoproterozicas em torno de 2,2-2,1Ga, como a regio do Rio Itapicuru (Crton do So Francisco) e o extenso cinturo no norte-nordeste do Escudo das Gia-nas. Formaes ferrferas (BIFs) do tipo Lago Superior (Paleoproterozico), dos tipos Carajs e Algoma (Arqueano), e tambm sedimentos do tipo Witwatersrand esto presen-tes em algumas dessas reas cratnicas.

    Com o fechamento do tectonismo Brasiliano, uma rede de faixas mveis foi formada separando as reas cratni-cas. No lado do Atlntico, essas faixas mveis so repre-sentadas pelas faixas Borborema, Braslia, Araua, Alto Rio Grande, Ribeira e Dom Feliciano. Na poro central do Brasil, a Faixa Paraguai-Araguaia ( 550Ma), com mais de 3 mil km de extenso, prolonga-se para a Bolvia e para o Paraguai. As faixas mveis brasilianas normalmente so representadas por rochas metassedimentares/vulcnicas de baixo a mdio (localmente alto) graus, intrudidas por diversos tipos de granitides. Essas faixas incluem, em parte, rochas mais antigas retrabalhadas. Diferentemente das demais faixas, a Provncia Borborema representa uma rede complexa de orgenos desenvolvidos em torno de diversos pequenos ncleos cratnicos paleoproterozicos e/ou, mais raramente, arqueanos.

    Elementos marcantes nos crtons Amaznico e So Francisco so as extensas coberturas plataformais sedi-mentares e vulcnicas, notadamente do Mesoproterozico e do Neoproterozico, pouco ou quase nada deformadas, e com estruturas primrias geralmente bem preservadas. Essas coberturas representam, provavelmente, as maiores exposies desse tipo no Globo. No Crton Amaznico, essas coberturas plataformais foram formadas entre 1950 e 1000Ma e uma boa parte delas acha-se intrudida por uma srie de granitides anorognicos. A mais importante fase de magmatismo ( 1950-1700Ma) representada por um vul-canismo calcialcalino, cido a intermedirio (tipo Uatum, Cuchivero, etc.), sobreposto por sedimentos maduros continentais/marinhos rasos (tipo Roraima/Benefi cente). No Crton do So Francisco ocorrem grandes coberturas plataformais clsticas e carbonticas do Meso-Neoprotero-

    zico (tipo Chapada Diamantina, Ara e Bambu). Um mag-matismo anorognico associado com a abertura de diversos riftes continentais (Espinhao-Ara), ocorreu nesse crton entre 1770 e 1700Ma (Brito Neves et al. 1997).

    Extensas reas da proto-Plataforma Sul-Americana foram distendidas, entre 1100 e 950Ma, ocorrendo a frag-mentao dos crtons e a evoluo das bacias brasilianas. O fechamento dessas bacias durante a Orognese Brasi-liana se deu em decorrncia da amalgamao dos diversos crtons e blocos cratnicos menores, que se estendeu at o incio do Paleozico e teve como resultado a consolidao da atual Plataforma Sul-Americana (Almeida et al. 1976, 1981).

    A Plataforma Sul-Americana constitui o embasamento de: (a) cinco grandes bacias intracratnicas paleozicas Solimes, Amazonas, Parnaba, Paran e Chaco-Paran (Milani e Zaln, 1999); (b) diversas bacias mesozicas/cenozicas menores, ao longo da costa atlntica (Cainelli e Mohriak, 1999); e (c) bacias subandinas no extenso fore-deep andino (Llanos, Beni, Chaco, Pampas), ao longo do limite com a Cordilheira Andina, quase totalmente masca-radas por sedimentos cenozicos.

    Desde o fechamento da Orognese Brasiliana, essa extensa massa pr-cambriana fi cou praticamente isenta de eventos tectnicos. Uma reativao plataformal de ampli-tude maior ocorreu somente no Mesozico, com a abertura do Atlntico-Sul (Evento Sul-Atlantiano; Schobbenhaus e Campos, 1984). Esse evento estendeu-se at o incio do Tercirio e propiciou a erupo de enormes massas de lavas baslticas, a intruso de uma srie de chamins alca-lino-carbonatticas e de pipes kimberlticos e kamafugti-cos. A gerao de bacias sedimentares do tipo rifte, ao longo de toda a costa atlntica, tambm est relacionada a esse evento geotectnico (Almeida, 1967; Schobbenhaus e Brito Neves, 1996; Tassinari e Macambira, 1999; Cordani et al. 1988).

    Durante o Cenozico, a plataforma permaneceu est-vel, sendo submetida to-somente ao intemperismo super-gnico com o desenvolvimento de um espesso manto de alterao latertica. Ao longo desse perodo, a estabilidade da plataforma foi interrompida, no seu interior, pela reati-vao tectnica de antigos lineamentos, caracterizando o que se costuma denominar como Neotectnica.

    Esse esboo do quadro geotectnico da Plataforma Sul-Americana serve de pano de fundo introdutrio para a dis-tribuio dos principais depsitos minerais (Fig. 3), bem como para o desenvolvimento de uma proposta de evolu-o metalogentica do Brasil.

  • Fig. 3 Distribuio das principais provncias minerais pr-cambrianas e dos depsitos minerais selecionados na Plataforma Sul-Americana. Fontes referidas no texto. Abreviaes: asb. asbesto; diam. dia-mante; gem. gemas; gra. grafi ta; mag. magnesita; ETR Terras Raras.

    Introduo 23

  • COM UMA SUPERFCIE TOTAL de aproximadamente 4,3 milhes de km2, o Crton Amaznico representa uma das maiores reas cratnicas do mundo, estabilizada no fi nal do Meso-proterozico (Almeida et al. 1976; Cordani et al. 1988). Geografi camente, o Crton Amaznico dividido em dois blocos pela Bacia do Amazonas (Fig. 2): Escudo das Gia-nas e Escudo Brasil-Central (ou Guapor).

    Segundo o modelo desenvolvido por Cordani e Brito Neves (1982), Lima (1984), Teixeira et al. (1989), Tassi-nari (1996), Tassinari e Macambira (1999), e Cordani e Sato (1999), a evoluo geotectnica que conduziu cra-tonizao da regio amaznica resulta de um processo de acreo crustal progressiva a partir de um ncleo mais antigo, estabilizado no fi m do Arqueano, em torno de 2,5Ga (Macambira e Lafon, 1995), e envolvido por faixas mveis e/ou por geocronolgicas que se sucederam no tempo e no espao. Nessa concepo, o Crton Amaznico foi dividido em seis provncias geocronolgicas (Fig. 4): Provn-cia Amaznia Central (2,3Ga); Provncia Maroni-Itacainas (2,3-1,95Ga); Provncia Ventuari-Tapajs (1,95-1,8Ga); Pro-vncia Rio Negro-Juruena (1,8-1,55Ga); Provncia Ron dnia-San Igncio (1,55-1,3Ga); e Provncia Sunss (1,3-1,0Ga).

    Cada uma dessas provncias formada por associaes plutnicas, vulcnicas e sedimentares especfi cas, eviden-ciadas por suas caractersticas litolgicas, geocronolgi-cas, geoqumicas e isotpicas. A estabilizao progressiva da regio amaznica ao longo do Proterozico conta com manifestaes sucessivas de uma tectnica rptil intracon-tinental evidenciada pelo desenvolvimento de mecanismos de rifteamento com vulcanismo associado, pela deposio de sedimentos continentais e marinhos, e pela migrao do plutonismo anorognico. Esses eventos encerraram-se no fi nal do Proterozico Mdio, em torno de 1,0Ga, quando o Crton Amaznico se encontrava bordejado em toda a sua poro meridional e oriental pela Faixa Dobrada Para-guai-Araguaia.

    1.1 O Escudo das Gianas

    O Escudo das Gianas estende-se da margem do Oceano Atlntico, no extremo norte e nordeste da Plataforma Sul-Americana, at a bacia sedimentar do Amazonas, ao sul (Fig. 5).

    O Escudo das Gianas pode ser dividido em:a) Um terreno granultico e gnissico, na parte oriental

    da Venezuela, com protlito arqueano (Complexo de Imataca);

    b) Um terreno granito-greenstone paleoproterozico, com 300-400 km de largura ao longo da margem atlntica;

    c) Um terreno grantico e gnissico no-diferenciado;d) Uma parte central e ocidental com extensas coberturas de

    rochas vulcnicas flsicas paleoproterozicas e sedi-mentares, continentais a marinhas, paleomesoprote-rozicas.

    Adicionalmente, ocorrem intrusivas granticas paleo a mesoproterozicas (~1,8 e 1,5Ga), diques, sills e derrames mfi cos mesoproterozicos ou mais jovens, alm de com-plexos alcalinos tambm do Mesoproterozico. Eventos paleoproterozicos. de cerca de 2,0Ga (Orognese Tran-samaznica), envolvendo metamorfi smo, deformao e mag-matismo grantico, afetaram o Complexo de Imataca, os ter-renos granito-greenstones e, em parte, o terreno grantico e gnissico no-diferenciado (Gibbs e Barron, 1983, 1993).

    Dataes U-Pb at o momento obtidas no Brasil (Estado de Roraima) indicam que, entre 2000 e 1950Ma, foram geradas rochas vulcnicas calcialcalinas continen-tais, cidas a intermedirias, localmente acompanhadas de sedimentos clsticos. Esse vulcanismo encontrado, na maior parte das reas central e oeste do escudo, asso-ciado, em parte, a intrusivas granticas e granodiorticas, em torno de 1850Ma, sendo, s vezes, de carter subvulc-nico. Esse vulcano-plutonismo, que recebeu o nome cole-

    C A P T U L O 1 O Crton Amaznico

  • 26 Metalognese do Brasil

    Fig. 4 Mapa esquemtico do Crton Amaznico, com a distribuio das provncias geocro-nolgicas (segundo Teixeira et al., 1989; Tassinari, 1996; Tassinari e Macambira, 1999).

  • O Crton Amaznico 27

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    al.,

    19

    93; B

    rook

    s et a

    l., 19

    95; S

    idde

    r, 19

    95).

  • 28 Metalognese do Brasil

    tivo de Uatum (Gibbs e Barron, 1983, 1993), acha-se amplamente distribudo no Escudo das Gianas. Reis e Fraga (1996) ponderam que o carter co-gentico admi-tido para as vulcnicas e plutnicas Uatum inconsis-tente nessa regio, por suas marcantes incompatibilidades geoqumicas. As vulcnicas Uatum so mais compatveis com as caractersticas observadas nas sutes ps-orogni-cas relacionadas ao Evento Transamaznico (Fraga et al. 1996). As vulcnicas do tipo Uatum foram deformadas em nvel crustal raso, admitindo-se que tenham sido afe-tadas pela Orognese Transamaznica, e so interpretadas como um evento tardi ou ps-colisional desse evento tec-tnico (Reis e Fraga, 1996; Bosma et al. 1983).

    O Evento ou Supergrupo Uatum engloba diversas denominaes regionais desse vulcanismo: Surumu e Iri-coum, no Brasil; Cuchivero, na Venezuela; Burro-Burro e Kuyuwini, na Guyana; e Dalbana, no Suriname. Anlises U-Pb em zirces de riolitos das formaes Surumu e Iri-coum forneceram idades de 1,96Ga (Schobbenhaus et al. 1994); e ash-fl ows do Grupo Cuchivero, prximo a Santa Helena de Uairn, na Venezuela; foram datados em 1,98Ga (Brooks et al. 1995).

    Com idade em torno de 1,5Ga, registra-se, no Brasil, tambm a intruso de sienitos normais e alcalinos (Ca chor ro, Serra do Acari e Mapari). Na fronteira do Brasil com a Guyana ocorre intruso alcalina, datada em 1,0Ga (Mutum). Durante o perodo de 1,3 a 1,1Ga, a margem ocidental do Escudo das Gianas foi afetada por metamor-fi smo de alto grau, o que resultou na formao de um cin-turo granultico nos Andes colombianos. No interior do Escudo das Gianas h evidncia de falhamentos, retraba-lhamento e fechamento de sistemas isotpicos em micas, alm de intruses gneas, no fi nal do Mesoproterozico e incio do Neoproterozico, provavelmente associados a atividades mais intensas na periferia do escudo. A maioria das falhas so orientadas para nordeste e esto associadas com milonitos e pseudotaquilitos. Esse evento tem sido referido como Orinoquense, KMudku, Nickerie ou Jari-Falsino (Gibbs e Barron, 1993). possvel que essas falhas envolvam substancial reativao de zonas de fraqueza mais antigas, e representem papel importante na concentrao de mineralizaes de ouro.

    Nas extensas regies do Escudo das Gianas, ocupa-das por terrenos granticos e gnissicos no-diferenciados, e por terrenos granito-greenstones, Tassinari e Macambira (1999) identifi cam diversas provncias geocronolgicas, como j referido no item anterior (Fig. 4). Segundo esses autores, no Escudo da Gianas as reas da crosta conti-nental que no foram afetadas pela Orognese Transama-

    znica (Provncia Amaznia Central) ocupam a regio do alto Rio Trombetas e reas contguas, bem como as reas subjacentes ao Grupo Roraima, na divisa trplice Brasil-Giana-Venezuela, no chamado ncleo de Pakaraima. Uma idade arqueana suposta para a Provncia Amaznia Cen-tral pelo referidos autores, uma vez que cartografi a geo-lgica em escala adequada, e/ou estudos geocronolgicos sistemticos, praticamente inexistem nessas regies.

    Terrenos com unidades arqueanas comprovadas ainda so raros no Escudo das Gianas. A rea de maior extenso representada pelo Complexo de Imataca (3,4 a 3,7Ga). reas menores so reconhecidas nos terrenos exticos de Cupixi (2,9-2,6Ga), a NW de Macap, Brasil. Vrias determinaes isotpicas, usando a sistemtica Sm-Nd no mbito dos gnaisses Fallawatra, determinaes U-Pb sobre zirces herdados em rochas da Formao Isle de Cayenne e de granitides e quartzitos na Giana Francesa, indicam a presena de protlitos arqueanos (3,2-3,3Ga) na poro oriental do Escudo das Gianas. A pouca expressividade areal de tais domnios arqueanos, no estgio atual do conhecimento, deve-se escassez de estudos na regio e ao rejuvenecimento isotpico durante o metamorfi smo de alta presso no Transamaznico (Luiz Bizzi, com. verbal).

    1.1.1 Provncia Imataca

    Os granulitos e gnaisses do Complexo de Imataca repre-sentam o terreno mais antigo do escudo, e exibem con-tatos por falha com as rochas pr-cambrianas circundan-tes. Esse complexo, de direo nordeste, forma uma cadeia montanhosa com, pelo menos, 510 km de extenso do Rio Aro at o delta do Orinoco, no limite mais setentrional do Escudo das Gianas (Fig. 5). Os protlitos do com-plexo eram representados por rochas sedimentares clsti-cas e qumicas, vulcnicas subareas silcicas calcialcali-nas e, em menor quantidade, rochas plutnicas. As suas rochas encontram-se intensamente dobradas e foram sub-metidas a um metamorfi smo que varia de fcies granulito com dois piroxnios a fcies anfi bolito. representado por ortognaisses, paragnaisses, granulitos, charnoquitos e BIFs metamrfi cos e, em menor quantidade, por rochas sedi-mentares manganesferas, mrmores dolomticos e anor-tositos. Protlitos metassedimentares de algumas rochas gnissicas foram datados em 3,7-3,4Ga.

    Em torno de 3,4Ga, o Complexo de Imataca formou um ncleo continental estvel. A intruso de rochas gran-ticas e o desenvolvimento de migmatitos (Migmatito de La Ceiba) defi nem um evento tectono-magmtico em 2,8Ga

  • O Crton Amaznico 29

    (SHRIMP em zirco), quando suas rochas foram deforma-das e regionalmente metamorfi zadas durante o Evento Aroense (Martin-Bellizzia, 1972). Entre 2,15-1,96Ga, du rante a Orognese Transamaznica, essas rochas foram subme-tidas a metamorfi smo de fcies anfi bolito e granulito, e sofreram intruses granticas (Sidder e Mendoza, 1995).

    Dentre as diversas litologias do Complexo Imataca des-tacam-se intercalaes de formaes ferrferas bandadas, responsveis pela gerao de importante provncia metalo-gentica com mais de 2 bilhes de toneladas mtricas de minrio de ferro. Esses BIFs, que representam menos de 1% das rochas do complexo e apresentam espessuras que variam de alguns centmetros a dez metros, chegando a at duzentos metros, contm os maiores depsitos de ferro, especialmente quando dobrados e expostos meteorizao. Diversos depsitos de BIF enriquecido, tais como Cerro Bolivar e San Isidro, esto entre os maiores do Globo. As reservas de ferro so maiores que 1855 x 106 ton.mtricas com teor de cerca de 63% Fe, e cerca de 11700 x 106 ton. mtricas com um teor de cerca de 44% Fe. O protomin-rio do BIF consiste de uma associao de fcies xido, na qual magnetita e hematita so os minerais predominantes. Minrio enriquecido de BIF, composto predominantemente de goethita e limonita, geralmente ocorre nos limbos e cen-tros dos sinclinais. As camadas ricas em ferro so inti-mamente interestratifi cadas com camadas silicosas ricas em quartzo e em minerais metamrfi cos portadores de ferro. Esses depsitos tm maior similaridade com os BIFs do tipo Lago Superior/Carajs, ainda que alguns BIFs do tipo Algoma tambm possam estar presentes. O contedo de metais preciosos nesses depsitos aparentemente baixo.

    A maioria dos depsitos de ferro alinhada leste-oeste, seguindo o trend estrutural dominante do complexo. Eles formam o topo de cristas salientes formadas de material rico em ferro, mais resistente e tipicamente 200 m ou mais acima do terreno circundante.

    O Quadriltero Ferrfero de San Isidro apresenta as maiores reservas conhecidas do complexo. Esse distrito associado com anfi blio-piroxnio gnaisse, gnaisse gran-tico e anfi bolito. O minrio foi depositado como um pre-cipitado qumico de origem vulcnica exalativa. O teor mdio de ferro varia entre 61 e 68%.

    No Depsito de Cerro Bolivar, a laterita ferruginosa e o minrio frivel foram formados tipicamente de forma-o ferrfera de granulao muito fi na. Hematita, magne-tita e quartzo so os minerais principais. Minerais de silica-tos, principalmente anfi blio sdico e piroxnio, so fases comuns na formao ferrfera. O Depsito de Cerro Boli-var representa uma seo estratigrfi ca espessa de forma-

    o ferrfera (220 m) repetida por dobramento apertado e por falhamento imbricado reverso. O intemperismo foi um fator importante no enriquecimento do corpo de minrio de Cerro Bolivar, e produziu um capeamento de xido de ferro representado por uma laterita ferruginosa constituda de gros primrios de hematita em uma matriz porosa e dura de goethita secundria.

    O Depsito de El Pao ocorre intercalado em hiperst-nio-granulito e em gnaisse quartzo-fedsptico. Trs tipos de minrio esto presentes: minrio silicoso (gnaisse hema-ttico), minrio duro macio de alto grau e canga. Os dois primeiros tipos de minrio consistem de hematita lamelar, cujos cristais so orientados e fortemente deformados.

    Camadas de minrio de mangans enriquecido secun-dariamente esto interestratifi cadas com gnaisses, migma-titos, anfi bolitos e granulitos no Complexo de Imataca. Essas rochas fazem parte de uma seqncia de gondito, quartzo-biotita-xisto, anfi blio-xisto e mrmore dolomtico com espessura de aproximadamente 500 m. As camadas individuais de mangans tm geralmente espessura menor que 10 m, e tm extenso ao longo do strike por mais de 20 km. H indicaes de que suportam tanto o modelo sedi-mentar no-vulcanognico como o modelo vulcanognico para caracterizar esses depsitos de mangans (Bellizzia et al. 1981; Sidder e Mendoza, 1995; Gray et al. 1993).

    1.1.2 Terrenos granito-greenstone paleoproterozicos

    Uma extensa provncia granito-greenstone do Paleopro-terozico (Pastora, Barama-Mazaruni, Marowijne, Para-maka, Maroni, Vila Nova) estende-se ao longo da margem atlntica do escudo, da Venezuela ao Brasil. Essas unida-des incluem tambm formaes supracrustais que diferem dos greenstone belts por sua pobreza relativa em rochas vulcnicas e, em alguns casos, por sua posio estratigr-fi ca mais jovem. Dados geocronolgicos, incluindo dados isocrnicos U-Pb em zirco, Sm-Nd e Rb-Sr, documentam que as rochas vulcnicas dos greenstone belts e rochas gra-nticas associadas das provncias em discusso foram geradas entre 2250 e 2100Ma. Na Giana Francesa, dataes recentes indicam idades entre 2140 e 2090Ma para as vulcnicas Para-maka (Carte Geologique de la Guyane Franaise, 1:500.000, no prelo). Os greenstone belts do Escudo das Gianas pos-suem, de modo geral, a maioria das caractersticas tpicas de seus equivalentes arqueanos de outras regies do Globo. No entanto, mostram uma menor proporo de rochas ultramfi -cas e uma maior extenso de sedimentos clsticos. De forma

  • 30 Metalognese do Brasil

    geral, os greenstone belts do Escudo das Gianas consistem, da base para o topo, de:a) Uma seqncia marinha de rochas vulcnicas mfi cas

    toleiticas;b) Uma seqncia de basaltos toleiticos a calcialcalinos,

    andesitos, dacitos e riolitos;c) Uma seqncia de grauvacas turbidticas, rochas vul-

    canoclsticas, rochas qumicas sedimentares e pelitos.

    Ocorrem tambm metaconglomerados derivados pre-dominantemente das vulcnicas e dos sedimentos asso-ciados. Sedimentos manganesferos e ferruginosos meta-morfi zados, cherts e carbonatos tambm esto presentes. Nos diversos belts tambm ocorrem intrusivas subvulcni-cas flsicas. Os metassedimentos incluem muitas varieda-des de tufos, conglomerados vulcanoclsticos, grauvacas e folhelhos derivados das vulcnicas associadas. Na Guyana, a espessura estratigrfi ca do greenstone belt estimada em cerca de 8-10 km. Nenhuma indicao de fonte continental foi reconhecida nesses metassedimentos. Complexos mfi -cos acamadados tambm esto presentes nos greenstone belts. O grau metamrfi co grada de fcies xisto-verde a anfi bolito.

    Na Venezuela, domos granticos do Complexo Supamo intrudiram os greenstone belts por volta de 2230-2050Ma, dividindo as suas rochas em sinclinrios ramifi cados entre as intruses. Durante a Orognese Transamaznica, em cerca de 2,0Ga, o Complexo de Imataca, os terrenos gra-nito-greenstones e algumas outras reas do escudo foram deformados e metamorfi zados. Esses terrenos representam a unidade metalogentica mais importante do escudo, podendo ser distinguidas trs diferentes provncias: Provn-cia Pastora-Barama-Mazaruni, na Venezuela e na Guyana; Provncia Paramaka, no Suriname, na Giana Francesa e no Brasil (Estado do Amap); e Provncia Vila Nova, nos limites dos Estados do Par e do Amap, no Brasil.

    1.1.2.1 Provncias Pastora-Barama-Mazaruni e Paramaka

    O Escudo as Gianas tem demonstrado conter depsitos aurferos de grande porte. Levando-se em conta que a pro-duo aluvionar do escudo, no sculo XIX, foi de 150 t de ouro, estima-se que as reservas de ouro do Escudo das Gianas excedam a 700 t de ouro. A maior parte das ocorrn-cias mostra teor mdio de 1,5 g/t Au (Bertoni et al. 1998).

    Nessas provncias esto includos os mais importantes greenstone belts produtores de ouro do Escudo das Gia-

    nas (Fig. 5). As mais importantes minas dessas provncias contm, em seu conjunto, cerca de 20 Moz de ouro. Esses terrenos greenstones estendem-se por cerca de 1.500 km ao longo da costa atlntica. A Provncia Pastora-Barama-Mazaruni representada, na Venezuela, pelos grupos Pas tora e Botanamo e, em sua extenso para o norte da Guyana, pelo Supergrupo Barama-Mazaruni (grupos Barama, Cuyuni e Mazaruni). A Provncia Paramaka, por sua vez, repre-sentada, no Suriname, pelo Supergrupo Marowijne e pelos grupos Matapi, Paramaka e Armina. Na Giana Francesa representada pelo Supergrupo Maroni e pelos grupos Paramaka, Bonidoro e Orapu. No Brasil (Amap), a Pro-vncia Paramaka representada pelo Grupo Serra Lom-barda (Ferran, 1988) e, no seu extremo sudeste, pelo Dis-trito Aurfero de Tartarugalzinho. A descontinuidade entre as duas provncias decorre da presena da Bacia Cenozica de Berbice e do Cinturo Granultico Central do Paleopro-terozico. Plutes granticos e batlitos dmicos, gnaisses e migmatitos dividem as unidades dos greenstone belts em sinclinrios ramifi cados. As unidades dos greenstone belts das duas referidas provncias foram depositadas pre-dominantemente em um ambiente submarino. Basaltos, contendo estruturas pillow e mostrando alteraes qumica e mineralgica caractersticas de espilitizao submarina, dominam nas partes inferiores da seqncia greenstone. A poro mdia da seqncia tem uma proporo mais alta de andesitos porfi rticos, dacitos, riolitos, derrames de lavas submarinos e, possivelmente, subareos, com sedi-mentos silcicos e tufceos interderrames. Grauvacas tur-bidticas, pelitos, tufos, rochas sedimentares qumicas e rochas vulcanoclsticas so rochas dominantes na parte supe-rior da seqncia greenstone. Rochas ultramfi cas constituem cerca de 1-2% das rochas gneas dos greenstone belts do Escudo das Gianas, formando geralmente complexos aca-madados mfi co-ultramfi cos (Sidder e Mendoza, 1995).

    A qumica dessas rochas no tem sido sistematicamente estudada. A composio qumica original das rochas gneas foi alterada por intemperismo, alterao hidrotermal (espi-litizao e metassomatismo potssico) e metamorfi smo regio-nal em fcies xisto-verde e anfi bolito. Tendncias de dife-renciao toleitica e calcialcalina so comuns nas rochas vulcnicas. Os tipos mais dominantes de rochas so basal-tos toleiticos subalcalinos de baixo K e andesitos basl-ticos. As rochas vulcnicas foram extravasadas predomi-nantemente em ambiente submarino e tm caractersticas qumicas de basaltos de assoalho ocenico moderno, de rochas de arcos de ilhas e de rochas de arcos continentais. Estudos isotpicos indicam que as rochas vulcnicas so derivadas de fuses de manto juvenil e no contm qual-

  • O Crton Amaznico 31

    quer componente da crosta continental arqueana (Sidder e Mendoza, 1995).

    Os greenstone belts das provncias Pastora-Barama-Mazaruni e Paramaka contm depsitos do tipo veios de quartzo aurferos com baixo contedo de sulfetos, hospe-dados em zonas de cisalhamento. Ouro nativo, pirita e meno-res quantidades de tetraedrita, calcopirita, bornita, molibde-nita, scheelita e esfalerita so os mais tpicos minerais metlicos nos veios de quartzo. Carbonatos (comumente a ankerita) nos veios de quartzo e alterao carbontica com mais de 30 m de largura no interior das rochas encaixan-tes so comuns em alguns distritos aurferos, tais como El Callao, na Venezuela. Adicionalmente alterao carbo-ntica, as rochas encaixantes so intensamente silicifi ca-das, sericitizadas e propilitizadas (com epdoto e clorita), a muitas dezenas de metros de distancia dos veios (Sidder e Mendoza, 1995).

    A mineralizao aurfera do Escudo das Gianas est relacionada a diversos ambientes do tipo epizonal, in cluindo: intrusivas calcialcalinas (Omai, St-Elie, Yaou, Dorlin, Sophie, Eagle Mountain), sedimentos terrgenos deformados (Gross Rosebel, Camp Caiman, Regina, Chan-gement, Esperance), vulcanitos metassomticos e/ou rochas intrusivas (Las Cristinas, Dorlin) e sulfetos semimacios (Paul Isnard, Increble 16, St-Elie). A maior parte das ocor-rncias aurferas hospedada em rochas afetadas por defor-mao dctil-rptil, prxima a grandes estruturas de cisa-lhamento (Bertoni et al. 1998).

    Grandes zonas de cisalhamento dctil so ainda pouco documentadas no Escudo das Gianas. No centro-norte da Venezuela destaca-se a falha de Guri, de direo nordeste-sudoeste, que justape o Complexo de Imataca e os ter-renos paleoproterozicos. Por outro lado, uma das mais importantes feies de cisalhamento do Escudo das Gia-nas relaciona-se ao chamado Sillon Nord-Guyanais (Milsi et al. 1995), no norte das Giana Francesa, associado Orognese Transamaznica. Diversos depsitos importan-tes de ouro so relacionados a essa zona de cisalhamento, os quais compreendem, de oeste para leste: Regina, Tortue, Camp Caiman, Changement, Boulanger, St-Elie, St-Pierre, Paul Isnard e Esperance. Uma outra grande estrutura dctil ocorre ao sul do Sillon Nord-Guyanais, na regio central da Giana Francesa, e representa uma zona de cisalhamento de direo ESE-WNW (Bardoux et al. 1998). Essa estru-tura parece estender-se at o centro da Giana, atraves-sando o Suriname. Dentre os depsitos de ouro, que ocor-rem nas imediaes dessa feio megascpica, podem ser citados: Yaou, Dorlin, Sophie, Repentir, Antino, Ben-zdorp, Omai, Salamangone e Labourrie Siboa (Yoshi-

    dome). Quando analisadas de forma conjunta, nota-se que a maioria das ocorrncias de ouro at agora descobertas no Escudo das Gianas ocorre nas proximidades de grandes estruturas, tais como as antes referidas. Todas as rochas magmticas e sedimentares de greenstone belts hospedando mineralizaes de ouro das provncias de Pastora-Barama-Mazaruni e Paramaka foram afetadas pelo menos por uma fase de deformao dctil. Zonas de cisalhamento e folia-es da primeira fase de deformao foram afetadas por estruturas de uma segunda fase que geralmente menos penetrativa. A segunda fase pode ser ligada geneticamente ao evento KMudku (1,2Ga). Assim, somente as estruturas da primeira fase so classifi cadas como feies transamaz-nicas verdadeiras e a maioria das ocorrncias de ouro docu-mentadas, at o momento, parece relacionar-se a essa fase com remobilizaes ao longo das estruturas da segunda fase (Bardoux et al. 1998).

    A maioria das rochas intrusivas, juntamente com as vul-cnicas Paramaka e Mazaruni, bem como rochas sedimen-tares do Armina, foram deformadas concomitantemente por uma intensa fase de deformao dctil, datada em torno de 1,99Ga, em Omai e St-Elie, fi xando, assim, a idade absoluta da Orognese Transamaznica atravs do escudo das Gianas (Lafrance et al. 1999). Idades U-Pb obtidas de corpos intrusivos em diferentes partes das provncias Pastora-Barama-Mazaruni e Paramaka sugerem ter ocor-rido pelo menos trs eventos intrusivos distintos datados em 2154Ma (Las Cristinas), 2125Ma (St-Elie) e 2090Ma (Omai) (Fig. 5). Quando examinados individualmente, nota-se que a maioria desses corpos intrusivos sofreu pelo menos uma fase de intensa deformao, que em muitos casos sincrnica mineralizao. Dados obtidos em Omai e St-Elie mostram que as mineralizaes ocorreram mais ou menos contemporaneamente nesses depsitos, em cerca de 1990Ma. Indicam tambm que o ouro foi trapeado algumas dezenas de Ma aps o evento intrusivo (Lafrance et al. 1999).

    Em resumo, as caractersticas das ocorrncias de ouro nas provncias de Pastora-Barama-Mazaruni e Paramaka so as seguintes:a) As rochas hospedeiras so variveis, e as vulcnicas

    predominam;b) O controle estrutural a norma, com estilos e tipos

    variveis;c) A proximidade de intruses parece ser importante, mas

    no seguramente comprovada;d) A maioria dos depsitos pode ser relacionada a uma

    fase maior de deformao;e) A maioria das ocorrncias de ouro observadas hos-

  • 32 Metalognese do Brasil

    peda-se em veios de quartzo sin a tarditectnicos;f) Muitas ocorrncias so tambm hospedadas em zonas

    de cisalhamento regionais;g) O ouro geralmente est includo em sulfetos (pirita,

    calcopirita, pirrotita), sendo a pirita a forma de ocor-rncia mais comum (Bardoux et al. 1998).

    Os maiores depsitos de ouro da Provncia Pastora-Barama-Mazaruni so Omai (4,2 Moz) na Guyana, e o con-junto de depsitos de Las Cristinas (8,6 Moz), El Callao, Lo Increble e Botanamo na Venezuela. Na Provncia Para-maka destacam-se: os depsitos de ouro de Gross Rosebel (2,4 Moz), no Suriname; Paul Isnard (2,2 Moz), Camp Caiman (1,1 Moz), Yaou (0,8 Moz), Dorlin (0,35 Moz) e St. Elie, na Giana Francesa; e Salamangone/Laborrie Siboa (0,35 Moz), no Brasil. O Depsito de Omai, na Guyana, a mais signifi cativa mineralizao de ouro conhecida at o momento no Escudo das Gianas, e uma das maiores da Amrica do Sul.

    * Diamante de DachineO Depsito de Diamante de Dachine (Capdevila et al. 1999), situado no Greenstone Belt Inini (Provncia Para-maka) e datado em 2,11Ga, encontra-se associado a rochas ultramfi cas de origem piroclstica ou hialoclstica do pacote vulcnico. Essas rochas so geralmente transfor-madas em albita-carbonato-clorita-talco xistos pelo meta-morfi smo regional de fcies xisto-verde, alm de sofrer alte-rao hidrotermal relacionada a intruses de granitides e gabros ps-tectnicos. Quando preservadas, essas rochas mos-tram fragmentos ultramfi cos (1-3 at 20 cm) dispersos numa matriz fi na. Relictos de fenocristais de olivina so ainda iden-tifi cveis nos fragmentos. Essas rochas ultramfi cas contm de 17 a 28% MgO, e possuem composio semelhante a komatiitos. As concentraes de elementos compatveis (Al, Ti, ETRs) so parecidas com as dos komatiitos depletados em Al de Barberton. Apesar de mostrarem altos teores em K, e granadas do tipo lherzolito, essas rochas no so kimber-litos, haja vista no possurem os minerais acessrios diag-nsticos dos kimberlitos (Mg-ilmenita, Cr-diopsdio e pero-vskita). Podem representar um novo tipo de rocha hospedeira de diamantes. Essas rochas hospedeiras formam corpos com, pelo menos, 5 km de comprimento, e 350 a 1.100 m de lar-gura, e so profundamente alteradas em superfcie (o manto de alterao pode atingir 200 m de espessura). Contm de 1 a 77 diamantes por kg, e so largamente dominadas por microdiaman-tes. Entretanto, diamantes maiores, com dimetro superior a 1 mm, so localmente abundantes (at 4,6 mm), e podem atingir concentraes da ordem de 4 quilates/m3.

    Esse tipo de jazida muito importante por explicar algumas ocorrncias misteriosas de diamante no Escudo das Gianas, e por abrir novas possibilidades de prospec-o no somente na Giana Francesa, mas tambm nos greenstone belts equivalentes do Amap.

    1.1.2.2 Provncia Vila Nova

    A Provncia Vila Nova localiza-se na borda sudeste do Escudo das Gianas, a oeste de Macap, estendendo-se at prximo fronteira com a Giana Francesa. Essa pro-vncia representada pelas seqncias vulcano-sedimenta-res do tipo Grupo Vila Nova, encravadas em complexos metamrfi cos de mdio a alto grau denominados Anana e Gianense, que so constitudos por granulitos, gnaisses e migmatitos (Joo et al. 1978; Joo e Marinho, 1982; Lima et al. 1974; Gibbs e Barron, 1993; Faraco et al. 1995; Faraco e Carvalho, 1994b). Todas essas unidades foram intensamente afetadas pelo Ciclo Transamaznico, por volta de 2,0Ga (Tassinari, 1996; Tassinari e Macam-bira, 1999).

    O Grupo Vila Nova ocorre como faixas descontnuas alongadas e estreitas com direo NW-SE, as quais formam cintures de baixo a mdio graus, com vergncia para NE. Esse grupo considerado como parte equivalente das vrias seqncias paleoproterozicas do Escudo das Gia-nas, datadas entre 2,25 e 2,1Ga (Gibbs e Barron 1983, 1993; Milsi et al. 1995). No Amap, a estratigrafi a do Grupo Vila Nova mais bem defi nida na rea de Serra do Navio (Fig. 6a), onde composta, na base, por um espesso pacote de metavulcnicas de fi liao toleitica, localmente komatitica, metamorfi zadas nas fcies xisto-verde a anfi -bolito (Formao Jornal), as quais esto em contato com a Sute Anana (Scarpelli, 1966). No topo, os ortoanfi bolitos so sobrepostos por formaes ferrferas bandadas do tipo xidos e silicatos, intercaladas com xistos aluminosos con-tendo lentes de mrmores manganesferos (Formao Serra do Navio). A ausncia de vulcnicas flsicas no Grupo Vila Nova uma caracterstica que o diferencia dos greenstone belts das provncias Paramaka e Pastora-Barama-Mazaruni.

    Na regio dos rios Santa Maria e Cupixi, predominam quartzitos e sericita xistos intercalados com itabiritos e metaconglomerados. Essa unidade (Fig. 6b), que est sobre-posta ao Complexo Mfi co-Ultramfi co Bacuri (Fig. 7), considerada como uma fcies detrtica na margem da seqn-cia vulcano-sedimentar (Faraco et al. 1995; Faraco e Car-valho, 1994b; Spier e Ferreira Filho, 1999). Entretanto, essa unidade pode representar, na realidade, um equiva-

  • O Crton Amaznico 33

    Fig. 6a Litoestratigrafi a da Seqncia Vulcnica Inferior do Grupo Vila Nova (segundo Spier e Ferreira Filho, 1999).

    Fig. 6b Litoestratigrafi a da Seqncia Detrtica Superior do Grupo Vila Nova (segundo Spier e Ferreira Filho, 1999).

  • 34 Metalognese do Brasil

    lente da Seqncia Detrtica Superior, descrita na Giana Francesa, a qual foi depositada em bacias alongadas, de tipo pull apart, no fi m da deformao transcorrente, situando-se em posio estratigrfi ca superior e discordante s seqn-cias vulcano-sedimentares.

    Na Provncia Vila Nova, ocorrem rochas intrusivas das sutes Mapuera (biotita-alcaligranito e riebeckita-granito) e Falsino (granodiorito), bem como diversos corpos da Sute Intrusiva Alcalina Mapari, com idades paleo a mesoprote-rozicas. Na margem SW da Provncia Vila Nova, a Sute Intrusiva Mapari representada por dois complexos alca-lino-carbonatticos (Maecuru e Serra do Maracana).

    Sob o ponto de vista metalogentico, a Provncia Vila Nova contm depsitos de cromita associados ao Com-plexo Mfi co-Ultramfi co Bacuri, depsitos de mangans, como o da Serra do Navio, e sobretudo depsitos de ouro, dentre os quais se destaca a Jazida de Amapari.

    Alm desses depsitos j conhecidos, importante salientar a possibilidade da presena de diamante no Grupo Vila Nova, em associao com os termos komatiticos da seqncia vulcnica basal, semelhantemente s ocorrn-cias de Dachine j descritas no item anterior.

    1.1.2.2.1 Depsitos de cromita de Bacuri