LIVRO Paleontologia Sala Aula

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A Paleontologia NA SALA DE AULA Marina Bento Soares Organizadora

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Livro didático de Palentologia

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A PaleontologiaNA SALA DE AULAMarina Bento Soares OrganizadoraISBN 978-85-7697-316-41 edio 2015.OrganizadoraMarina Bento SoaresConselho EditorialAna Maria RibeiroJoo Carlos CoimbraMarina Bento SoaresRussel Teresinha Dutra da RosaSociedade Brasileira de Palentologiawww.sbpbrasil.orgReferncia sugeridaSOARES, M.B.(Org.). A paleontologia na sala de aula. Ribeiro Preto:Sociedade Brasileira de Paleontologia, 2015, 714p.Karla VivianeEditora-chefeEditora Imprensa Livre(51) 3249-7146Rua Comanda, 801Cristal Porto Alegre/RSwww.imprensalivre.netimprensalivre@imprensalivre.netfacebook.com/imprensalivre.editoratwitter.com/editoraimprensaEstelivrofoiproduzidocomrecursosfnanceirosdoCNPq,editalMCT/CNPqn32/2010-FortalecimentodaPaleontologiaNacional,processon 401835/2010-3.A PaleontologiaNA SALA DE AULA 3AGRADECIMENTOSgradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient-fco e Tecnolgico (CNPq) o fomento recebido atravs do Edital 032/2010 Fortalecimento da Paleontologia Nacional e Dr. Ana Maria Ribeiro pela coordenao do projeto que viabilizou a produo do livro. AgradecemosoapoiorecebidodasdiretoriasdaSBP(2009-2015), representadas pelos Doutores Joo Carlos Coimbra, Roberto Ian-nuzzi e Max Cardoso Langer. Alm de um agradecimento adicional Dr. Ana Maria Ribeiro e ao Dr. Joo Carlos Coimbra, por terem, tambm, atuado na Comisso Editorial do livro, estendemos este agradecimento Dr. Russel Teresi-nha Dutra da Rosa, componente da Comisso Editorial. ASomos muito gratos a todos os autores que acreditaram e se en-volveramnoprojeto,contribuindocomentusiasmoecriatividadena produo desta obra que acredita que a Educao a base da socieda-de.Cabesalientaraindaquequasetodasasatividadespropostas no livro foram aplicadas e testadas junto a estudantes de educao b-sica, ps-graduao e, tambm, professores. Muitas delas foram melho-radas e enriquecidas a partir das sugestes recebidas nesta etapa. As-sim, um agradecimento especial aos nossos colaboradores annimos que tiveram papel fundamental no processo de construo do livro.VOLTE AO SUMRIOA PaleontologiaNA SALA DE AULA 4APRESENTAOodo ser humano tem uma curiosidade natural sobre sua ori-gem e sobre a histria da Terra ao longo do tempo geolgi-co.APaleontologia-cinciadecarterinterdisciplinar,situadana interface entre as Cincias Biolgicas e as Geocincias - inspira in-meras questes dessa natureza, fornecendo subsdios para envolvi-mentocientfco,atravsdaintegraodediversoscamposdoco-nhecimento.Defato,osmiditicosdinossauros,bemcomofsseis em geral, funcionam como portas de entrada para muitas crianas e, mesmo, adultos, aproximarem-se da cincia. Nesse sentido, a Pale-ontologia, se bem explorada pedagogicamente, reveste-se de gran-depotencialparaseconstituiremuminstrumentofacilitadordo processo de investigao cientfca e de transformao de uma viso fragmentada para uma viso integrada da Cincia.Apesar de todo esse potencial pedaggico, sabemos que no nossopasoensinodapaleontologiasubexploradonoscurrcu-losdoEnsinoFundamentaleMdio,apesardeseuscontedosin-tegraremosParmetrosCurricularesNacionais(PCN).Issodecorre Tdeumasriedefatoresque,provavelmente,tmincionaforma-opaleontolgica,emgeral,poucoaprofundadadosprofessores deCincias,BiologiaeGeografa.Mesmoaquelesprofessoresque buscaminstrumentalizaoeatualizaosedeparamcomescasso material sobre o assunto, visto que os livros didticos de educao bsica destinam pouco espao para questes de cunho paleontol-gico. Por outro lado, livros direcionados ao Ensino Superior gradua-o, poucos ainda publicados em portugus, carregam uma lingua-gemmaistcnica,dedifciladequaosaladeauladaEducao Bsica.Almdisso,emtermosdeinformaodigital,amaiorbar-reiraoidioma,jqueosprincipaisstiosnainternetsobrerecur-sos educacionais em Paleontologia, a maioria dos quais vinculados a museus e universidades, so apresentados em ingls. Perante tais difculdades, a Paleontologia acaba se confgurando como um tema com pouca expresso no universo escolar.Combasenestaseemoutrasconstataes,ecomointui-to de contribuir na valorizao da Paleontologia no espao escolar, A PaleontologiaNA SALA DE AULA 5apresentamosesteLivroDigitaldePaleontologiaAPaleontologia na Sala de Aula, que conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP), e que foi fnanciado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfco e Tecnolgico (CNPq). A ideia da elaborao do livro nasceu em 2009, durante a se-gunda gesto do Dr. Joo Carlos Coimbra frente da presidncia da SBP. Naquela poca, pensvamos em um formato diferente do que o aqui apresentado um stio na internet que reunisse textos e ati-vidades didticas em portugus, com o intuito de promover a divul-gao da paleontologia entre os professores de Ensino Fundamen-tal e Mdio. Iniciamos os contatos com alguns autores em potencial (colegas professores/pesquisadores), os quais, em geral, se mostra-ram bastante interessados no projeto. Isso foi um incentivo para le-var a ideia a cabo. O projeto-piloto (ainda parcial) foi apresentado no XXI Con-gresso Brasileiro de Paleontologia, realizado em 2009, em Belm do Par.Comapositivareceptividadedemonstradapelacomunidade paleontolgica,econtandocomoapoiodadiretoriadaSBPeleita no mesmo ano, tendo o Dr. Roberto Iannuzzi como presidente, tive-mos a adeso de novos autores. Por meio de fnanciamento conce-didopeloCNPqatravsdoEdital032/2010FortalecimentodaPa-leontologia Nacional, com projeto coordenado pela Dr. Ana Maria Ribeiro, obtivemos o fomento necessrio para a fnalizao do pro-jeto. Naquele momento, o formato do produto foi repensado e op-tamos, ento, pela modalidade livro digital, o qual pode ser acessa-do online no stio da SBP (inclusive por tablets e smartphones) e que tambm permite a impresso em papel de seus contedos em for-mato PDF. Olivrotemcomoobjetivogeralpossibilitarumenriqueci-mento s disciplinas que tradicionalmente abordam temas relacio-nadosPaleontologianaEducaoBsica,atravsdoacessofaci-litadoamateriaisinstrucionais,compostosdetextoseatividades didticas sobre os mais variados temas dentro da paleontologia. Participaramdaelaboraodolivro,paleontlogos(profes-sores/pesquisadores) vinculados a instituies de ensino e pesquisa do Brasil, alm de estudantes de graduao e ps-graduao, todos eles ativamento envolvidos com atividades de ensino e extenso em Paleontologia. Como material de apoio complementar, os professores con-tam com um endereo eletrnico de acesso restrito onde so dispo-nibilizadas resolues das atividades propostas e leituras adicionais. Cabeacrescentarque,comoomeiodigitalextremamen-tedinmico,estaremossistematicamenteabertosaorecebimento de novas propostas que podero ser includas nas prximas edies.Marina Bento Soares OrganizadoraVOLTE AO SUMRIOA PaleontologiaNA SALA DE AULA 6SociedadeBrasileiradePaleontologia(SBP)temoprazerde apresentar,juntocomoapoiodoConselhoNacionaldeDe-senvolvimento Cientfco e Tecnolgico (CNPq), a presente obra digital A Paleontologia na sala de aula. Concebida em gestes anteriores, esta edio do livro contou com um acabamento editorial primoroso que se estendeu da editorao eletrnica da obra ampliao subs-tancial dos contedos, especialmente em relao s atividades did-ticaspropostasparaosalunoseprofessores.Comobemenfatizado pela Organizadora, Profa. Dra. Marina Bento Soares, esta contribuio vem preencher uma imensa e histrica lacuna no ensino da Paleonto-logia no pas, extensvel aos demais pases de lngua portuguesa, pois a facilidade de acesso e disponibilidade via internet levar, sem dvi-da nenhuma, esta obra para leitores em terras no ultramar. Esta rele-vante obra deve se tornar, com passar do tempo, ferramenta impres-cindvel no apoio ao desenvolvimento da Paleontologia em nveis do Ensino Fundamental e Mdio, auxiliando na divulgao e introduo PREFCIOAdos princpios desta rea do conhecimento nas escolas e instituies de ensino. APaleontologiaumadascinciasquemaiscresceemnos-sopasehvriosmotivosparaisso,entreosquaissedestacam:(i) o aumento do interesse na preservao de nosso patrimnio natural (ondeseincluiopaleontolgico);(ii)oincrementonosestudosque versam sobre o passado da Terra e, em especial desta poro do pla-neta chamada Brasil; (iii) o crescimento da conscincia ambiental, que se refete no nosso anseio por alternativas sustentveis para o desen-volvimentodassociedadeshumanas;e(iv),oaumentonosinvesti-mentosemEducaoeCinciae Tecnologia.Porm,paraquetudo issopossasedesenvolvernecessrioummaiorconhecimento,so-bretudo do meio que nos cerca. Como cincia integrativa e interdis-ciplinar que , a Paleontologia cumpre bem a funo de estimular o raciocnio associativo e a curiosidade cientfca, ampliando a viso de mundo das pessoas e convidando-as a questionarem o papel do ho-mem na Terra e sua relao com o meio ambiente. A PaleontologiaNA SALA DE AULA 7Atravsdointeressepelosseresextintoseseusfsseis,aPa-leontologia propicia aos mais jovens sua entrada no mundo cientf-co.NumpasemergentecomooBrasil,ondeodesafoparaoscu-loXXIresume-seemumaeducaomelhorparatodos,vinculadaa um maior desenvolvimento da Cincia e Tecnologia, iniciativas como esta so muito bem-vindas! Deste modo, desejamos a todos que te-nham uma excelente experincia didtica ao desfrutarem das diferen-tes contribuies apresentadas a seguir. Roberto Iannuzzi Sociedade Brasileira de Paleontologia (representando as Gestes 2009 a 2015).VOLTE AO SUMRIOA PaleontologiaNA SALA DE AULA 8Instrues de uso e acesso aos contedosO livro A Paleontologia na Sala de Aula apresentado noformatodigital,oqualpossibilitaacessoon-linealinks externosdainterneteacessoof-lineacontedospara download. O livro pode ser acessado atravs de PCs, tablets e smartphones.Paraacessaroscaptulos(ParteIReferencial Terico) e as atividades (Parte II Prticas em sala de aula), oleitordeveclicarnoitemdesejadonoSumrio.Oslinks soaquelesqueestogrifadosemcorlaranjaaolongo doscaptulosintegranteseatividades.Aoclicaremcima dapalavra,oleitorremetidoaumapginadainternet,a qualseconfguracomoumcontedocomplementarao apresentado no captulo.NaParteIIPrticasemsaladeaula,seencontram os materiais para download. Cada atividade pode conter um ou mais materiais, como tabuleiros de jogos, cartas coloridas etc.,formatadosemparaimpresso.Emtodasasatividades propostassoapresentadosinicialmenteosobjetivos,aqual pblico-alvoaatividadeestdirecionada,oseutempode execuo,amodalidadedetrabalhoemsaladeaula,eos materiais requeridos. Com essas informaes o professor pode fazer uma seleo prvia das atividades de interesse para cada faixaetria.Noitemchamadomaterialdecadaatividadeh linkscomoscontedosrelacionadosparadownload.Estes aparecem em cor laranja.Oprofessorpodercontarcomcontedosprivativos, intituladosOrientaesparaoProfessor,nosquaisso apresentadoscomentriosesugestesdecomotrabalhar asatividadesemsaladeaula,bemcomoasresoluesdas questes propostas. Parateracessoaestescontedos,oprofessordever [email protected],apresentandocomprovantedevnculoinstitucional (escola, universidade, museu etc.).A PaleontologiaNA SALA DE AULA 9SUMRIOPARTE I - REFERENCIAL TERICO1. INTRODUO AO ESTUDO DA PALEONTOLOGIAMarcello Guimares Simes, Sabrina Coelho Rodrigues & Marina Bento Soares, 172. O CICLO DAS ROCHAS Marcello Guimares Simes, Jacqueline Peixoto Neves & Suzana Aparecida Matos, 323. TECTNICA DE PLACAS E O CICLO DOS SUPERCONTINENTES Marcello Guimares Simes, Suzana Aparecida Matos & Jacqueline Peixoto Neves, 464. FSSEIS E PROCESSOS DE FOSSILIZAO Cristina Silveira Vega, Eliseu Vieira Dias & Sabrina Coelho Rodrigues, 905. OS FSSEIS E O TEMPO GEOLGICO Marina Bento Soares, 1036.EVOLUO SOB A PERSPECTIVA DO REGISTRO FSSIL Tiago Raugust, 1297. EXTINO: A OUTRA FACE DA EVOLUO Cesar Leandro Schultz, 1658. TAXONOMIA E SISTEMTICA: COMO CLASSIFICAR OS ORGANISMOS Cristina Silveira Vega & Eliseu Vieira Dias, 192A PaleontologiaNA SALA DE AULA 109. O MUNDO DOS MICROFSSEIS Gerson Fauth e Simone Baecker Fauth, 19710. SIM, NS TEMOS DINOSSAUROS ... E MUITOS! Alexander W. A. Kellner, 23011.TAFONOMIA: O QUE TODOS ESTES FSSEIS ESTO FAZENDO AQUI? Cristina Bertoni Machado, 26212. TAFONOMIA DE INVERTEBRADOS: O ENIGMA DAS CONCHAS Luiza Corral Martins de Oliveira Ponciano, 27313. TAFONOMIA DE VERTEBRADOS: O ENIGMA DOS OSSOS Cristina Bertoni-Machado, 29514. TAFONOMIA EM PALEOBOTNICA: O ENIGMA DAS PLANTAS Guilherme Arsego Roesler & Roberto Iannuzzi, 30915. A PALEOECOLOGIA ATRAVS DOS MICROFSSEIS Geise de Santana dos Anjos Zerfass, 31716. PALEOBIOGEOGRAFIA: A DINMICA DA TERRA E DA VIDAJos Ricardo Inacio Ribeiro & Ana Luiza Ramos Ilha, 33517. PALEOPATOLOGIA: INVESTIGANDO AS DOENAS NOS FSSEIS E NO HOMEM PR-HISTRICO Jorge Ferigolo & Patrcia Rodrigues Braunn, 356 18. DO CAMPO AO LABORATRIO: A VIAGEM DE UM FSSIL Alexander W. A. Kellner, 39819. VERTEBRADOS FSSEIS: DO LABORATRIO PARA A PESQUISA E EXPOSIO Helder de Paula Silva, Jssica Pontes Silva & Alexander W. A. Kellner, 41920.TCNICAS PARA CONFECO DE RPLICAS DE FSSEIS To Veiga de Oliveira, Flvio Augusto Pretto & Voltaire Dutra Paes Neto, 43821. ATIVIDADES LDICAS (JOGOS) COMO FERRAMENTAS NO ENSINO DE PALEONTOLOGIA Jacqueline Peixoto Neves, Luciana Maria Lunardi Campos & Marcello Guimares Simes, 45522. PATRIMNIO PALEONTOLGICO Luiza Corral Martins de Oliveira Ponciano, Deusana Maria da Costa Machado & Aline Rocha de Souza Ferreira de Castro, 460A PaleontologiaNA SALA DE AULA 11PARTE II PRTICAS EM SALA DE AULA1. O TANQUE DE FOSSILIZAO Marcello Guimares Simes & Sabrina Coelho Rodrigues, 4742. A HISTRIA DE UM FSSIL Cristina Bertoni-Machado, 4773. DIFERENAS ENTRE UM FSSIL E UM ORGANISMO ATUAL Cristina Silveira Vega & Eliseu Vieira Dias, 4784.JOGO CICLO DAS ROCHAS Marcello Guimares Simes, Jacqueline Peixoto Neves & Suzana Aparecida Matos, 4805. A TECTNICA DE PLACAS COMO BASE PARA A CONSTRUO DO CONHECIMENTO GEOCIENTFICO E O ENTENDIMENTO DA TERRA ENQUANTO UM PLANETA DINMICO Marcello Guimares Simes, Suzana Aparecida Matos & Jacqueline Peixoto Neves, 4845.1. DESCOBRINDO OS LIMITES DE PLACAS Marcello Guimares Simes, Suzana Aparecida Matos & Jacqueline Peixoto Neves, 4865.2. PLACAS LITOSFRICAS: RECONHECENDO FEIES E PROCESSOS Marcello Guimares Simes, Suzana Aparecida Matos & Jacqueline Peixoto Neves, 4916. VIAJANTE TECTNICO: TECTNICA GLOBAL VIA GOOGLE EARTH Marcello Guimares Simes, Jacqueline Peixoto Neves & Suzana Aparecida Matos, 4937. SIMULANDO O PROCESSO DE FOSSILIZAOVictor Eduardo Pauliv & Fernando A. Sedor, 5208. SIMULANDO O PROCESSO DE FORMAO DE IMPRESSES FOLIARES Veridiana Ribeiro, Esther Pinheiro & Isabela Degani Schmidt, 5259. RECONHECENDO ICNOFSSEIS DE DINOSSAUROS Heitor Francischini & Paula C. Dentzien-Dias, 53110. INTERPRETANDO ICNOFSSEIS: PEGADAS E IMPRESSES Veridiana Ribeiro & Gabrielli Gadens Marcon, 53411. APLICANDO OS PRINCPIOS BSICOS DA ESTRATIGRAFIA Marina Bento Soares, 53812. PRINCPIOS DA ESTRATIGRAFIA EM BLOCODIAGRAMAS Bruno L. Dihl Horn, 540A PaleontologiaNA SALA DE AULA 1213. DATAO ABSOLUTA DE ROCHAS Marina Bento Soares, 54314. OS FSSEIS E A DATAO RELATIVA Marina Bento Soares, 54615. INTEGRANDO MTODOS DE DATAO Marina Bento Soares, 54916. TABELA DO TEMPO GEOLGICO EM ESCALA Marina Bento Soares, 55217. CALENDRIO DO TEMPO GEOLGICO Marina Bento Soares, 55418. A IDADE DA TERRA Fbio Alves Rodrigues, Demtrio Dias Nicolaidis &Russel Teresinha Dutra da Rosa, 55619. JOGO VIDA EM CAMADAS Adriana de Souza Trajano & Juliane Marques-de-Souza, 56020. JOGO NAVEGATOR 100 Mariana Rost Meireles, 56521. JOGO A VIAGEM DO BEAGLE Marc Emerim, Fbio Alves Rodrigues, Fabiano de Souza Gomes, Marise Basso Amaral & Russel Teresinha Dutra da Rosa, 56822. SELEO NATURAL COM BISCOITOS Carlos Eduardo Lucas Vieira, 57223. EQUILBRIO PONTUADO EM AO Marina Bento Soares & Tiago Raugust, 57524. DESVENDANDO AS EXTINES PLEISTOCNICAS Richard A. Faria & Marina Bento Soares, 57925. EXTINCTA: O JOGO DAS EXTINES Ana Emilia Q. de Figueiredo, Karine Lohnmann de Azevedo & Adriana Strapasson de Souza, 58326. JOGO CORRIDA PALEONTOLGICA Jos Eduardo Teixeira Falcon,Michelle Noronha da Matta Baptista, Nathalia Chicon Elert, Paula Vieira Borlini, Suelen Ferreira da Conceio, Tuane da Silva Cabral, Wellington de Oliveira Silva & Taissa Rodrigues, 588A PaleontologiaNA SALA DE AULA 1327. OBSERVANDO E AGRUPANDO ORGANISMOS Cristina Silveira Vega & Eliseu Vieira Dias, 59228. CONSTRUINDO CLADOGRAMAS Cristina Silveira Vega & Eliseu Vieira Dias, 59429. CONSTRUO DE CLADOGRAMA COM BRAQUIPODES Marina Bento Soares & Cristina Silveira Vega, 59630. QUEM COME QUEM E QUANDO? CADEIA ALIMENTAR E EXTINES Simone Baecker Fauth & Gerson Fauth, 59931. ROCHAS SEDIMENTARES REVELANDO MICROFSSEIS Simone Baecker Fauth & Gerson Fauth, 60232. QUE SEGREDOS A AREIA DA PRAIA PODE REVELAR? Simone Baecker Fauth & Gerson Fauth, 60633. O QUE OS MICROFSSEIS PODEM REVELAR? Simone Baecker Fauth e Gerson Fauth, 61034. GROS DE PLEN: COMO RECONSTRUIR PAISAGENS PASSADAS Soraia Girardi Bauermann & Andria Cardoso Pacheco Evaldt, 61235. MATERIAL PALINOLGICO: INTERPRETAO PALEOAMBIENTAL Marcelo Guglielmi Leite, 61736. CRUZADINOS BRASILEIROS Felipe Lima Pinheiro, 62337. DINOSSAUROS EM ARAME: DA ANATOMIA BIOMECANICA Tito Aureliano, 62538. DINOSSAURO RECICLVEL Veridiana Ribeiro & Gabrielli Gadens Marcon, 63739. JOGO PALEOCOMBATE Adriana Strapasson de Souza, Karine Lohnmann de Azevedo & Ana Emilia Q. de Figueiredo, 64340. AMBIENTES DE FOSSILIZAO Cristina Bertoni-Machado, 647A PaleontologiaNA SALA DE AULA 1441.IDENTIFICANDO ASSINATURAS TAFONMICAS Luiza Corral Martins de Oliveira Ponciano &Marina Bento Soares, 64942. DECIFRANDO AS CONCENTRAES FOSSILFERAS Luiza Corral Martins de Oliveira Ponciano, 65143. A SEQUNCIA DE DESARTICULAO DE UM VERTEBRADO Cristina Bertoni-Machado, 65344. INTEMPERISMO EM OSSOS Cristina Bertoni-Machado, 65545. TAFONOMIA EXPERIMENTAL: TRANSPORTE Cristina Bertoni- Machado, 65746. TAFONOGAME: O JOGO DA FOSSILIZAO Flvio Augusto Pretto, Voltaire Dutra Paes Neto, Andressa Paim & Cristina Bertoni-Machado, 65947. ASSINATURAS TAFONMICAS EM VEGETAIS Guilherme Arsego Roesler & Roberto Iannuzzi, 66348. MICROFSSEIS E SEUS PALEOAMBIENTES Geise de Santana dos Anjos Zerfass, 66649. MICROFSSEIS REVELANDO PALEOAMBIENTES Geise de Santana dos Anjos Zerfass, 67150. JOGO PALEONTOLOGICA Gabriel Oliveira Rocha, Filipe de Castro Seixas, Adriano Oliveira Fahel, Diego Sales Argollo & Simone Souza de Moraes, 67351. PALEOBIOGEOGRAFIA E ESPECIAO Marina Bento Soares, 67952. CONSTRUINDO CLADOGRAMAS DE REA Marina Bento Soares & Voltaire Dutra Paes Neto, 68353. OS DINOSSAUROS E A PANBIOGEOGRAFIA Srgio Dias da Silva, 68754. DOENAS NOS FSSEIS E NO HOMEM PR-HISTRICO Jorge Ferigolo & Patrcia Rodrigues Braunn, 69054.1. BINGO PALEOPATOLGICO Jorge Ferigolo & Patrcia Rodrigues Braunn, 691A PaleontologiaNA SALA DE AULA 1554.2. JOGO DE MEMRIA PALEOPATOLGICO Jorge Ferigolo & Patrcia Rodrigues Braunn, 69354.3. CRUZADINHA PALEOPATOLGICA Jorge Ferigolo & Patrcia Rodrigues Braunn, 69554.4. CAA-PALAVRAS PALEOPATOLGICO Jorge Ferigolo & Patrcia Rodrigues Braunn, 69755. JOGO PALEODETETIVE Jacqueline Peixoto Neves, Luciana Maria Lunardi Campos & Marcello Guimares Simes, 69956. DESCOBRINDO O PATRIMNIO PALEONTOLGICO Luiza Corral Martins de Oliveira Ponciano, Deusana Maria da Costa Machado & Aline Rocha de Souza Ferreira de Castro, 70357. DEBATE SOBRE O PATRIMNIO PALEONTOLGICO DA BACIA DO ARARIPE Luiza Corral Martins de Oliveira Ponciano, Deusana Maria da Costa Machado & Aline Rocha de Souza Ferreira de Castro, 70558. PESQUISA SOBRE O PATRIMNIO PALEONTOLGICO Luiza Corral Martins de Oliveira Ponciano, Deusana Maria da Costa Machado & Aline Rocha de Souza Ferreira de Castro, 707AUTORES, 709PARTE IREFERENCIALTERICOVOLTE AO SUMRIOA PaleontologiaNA SALA DE AULA 17INTRODUO AO ESTUDO DA PALEONTOLOGIAMarcello Guimares SimesSabrina Coelho RodriguesMarina Bento SoaresPaleontologia a cincia que estuda os fsseis, ou seja, o vasto document-rio de vida pr-histrica. Paleontologia quer dizer o estudo da vida antiga, do grego Palaios = antigo; ontos = ser; logos = estudo, mas essa uma definio muito vaga. A Paleontologia ocupa-se da descrio e da classificao dos fsseis, da evoluo e da interao dos seres pr-histricos com seus antigos ambientes, da distribuio e da datao das rochas portadoras de fsseis, etc.QUEM ESTUDA OS FSSEIS?APaleontologiaModernaumacinciadinmica,comrelaescomoutras reas do conhecimento, estando preocupada em entender como a evoluo fsica da Terra, em termos das mudanas na sua geografa (paleogeografa), no clima (paleo-clima) e nos ecossistemas (paleoecologia), infuenciou a evoluo das formas de vida pr-histricas.Portanto,aPaleontologiaumacinciainterdisciplinar,relacionada Geologia, Biologia (principalmente Zoologia e Botnica), Ecologia e Oceano-grafa, dentre outros campos do conhecimento preocupados em estudar as interaes A1VOLTE AO SUMRIOA PaleontologiaNA SALA DE AULA 18entreosorganismoseomeioambiente.Atualmente,aPaleontolo-gia preocupa-se tambm com a conservao do patrimnio fossilfe-ro (ver captulo PATRIMNIO PALEONTOLGICO).As grandes subdivises da Paleontologia so a Paleozoolo-gia (estudo dos animais fsseis), a Paleobotnica (estudo das plan-tas fsseis) e a Micropaleontologia (estudo dos microfsseis).O Paleontlogo o cientista que estuda a vida pr-hist-rica,apartirdasevidnciasfornecidaspelosfsseisepelasro-chas. Figura 1. Fsseis de braquipodes (grupo de invertebrados ma-rinhos) preservados nas rochas da Formao Ponta Grossa, Devo-niano, Bacia do Paran. Exemplo de objeto de estudo da Paleozo-ologia. Coleo do Museu de Paleontologia da UFRGS. Escala em centmetros. Foto: Luiz Flvio Lopes.Figura 2. Peixe fssil, um vertebrado encontrado nas rochas do Grupo Santana, Cretceo, Bacia do Araripe. Exemplo de objeto de estudo da Paleozoologia. Coleo do Museu de Paleontologia da UFRGS. Escala em centmetros. Foto: Luiz Flvio Lopes.OsPaleozologossoospaleontlogosespecializados em Paleontologia de Invertebrados, ramo da Paleozoologia que estudaosanimaissemcolunavertebral,ouemPaleontologia deVertebrados(Figuras1e2),incluindooestudodohomem fssil(Paleoantropologia).OsPaleobotnicosestudamasplan-tas fsseis (Figura 3). J os Micropaleontlogos estudam fsseis microscpicos, ou seja, microrganismos fsseis de parede org-nica (ex: plens) ou mineralizada (ex: foraminferos) (Figura 4).A PaleontologiaNA SALA DE AULA 19Figura 3. Impresso de folha de Cordaites sp., encontrada nas rochas da Formao Rio Bonito, Permiano da Bacia do Paran. Exemplo de obje-to de estudo da Paleobotnica. Coleo do Museu de Paleontologia da UFRGS. Escala em centmetros. Foto: Luiz Flvio Lopes.Figura 4. Foraminfero ornamentado, com carapaa mineraliza-da.ExemplodeobjetodeestudodaMicropaleontologia.Foto: Sabrina Coelho Rodrigues. A PaleontologiaNA SALA DE AULA 20O QUE FSSIL?Acima, alguns exemplos de fsseis foram apresentados. No presen-te captulo o leitor ter a oportunidade ser apresentado aos conhecimentos sobre os fsseis e o processo de fossilizao. Maiores detalhes sero encon-trados no captulo FSSEIS E PROCESSOS DE FOSSILIZAO.Oeventodefossilizaoumfenmenonaturalqueenvolve diversos processos biolgicos, fsicos e qumicos. Trata-se de um evento espetacular que, literalmente, envolve a passagem dos restos orgnicos da Biosfera para a Litosfera. Existe at uma cincia parte da Paleonto-logia para estud-lo, chamada de Tafonomia (termo grego que signif-ca leis do sepultamento). A Tafonomia (ver captulo TAFONOMIA: O QUE TODOSESTESFSSEISESTOFAZENDOAQUI?)seencarrega de estudar o processo de fossilizao dos invertebrados, vertebrados ou plantas, considerando os processos atuantes nas diversas fases ou eta-pas da fossilizao, desde a morte dos seres vivos e sua decomposio, at o momento do encontro do fssil pelo paleontlogo.Se voc, leitor, chegou at aqui, ento est pronto para iniciar a empolgante viagem ao mundo do processo de fossilizao. Sugeri-mos comear verifcando o conceito de Fssil.Fsseis(termolatinoquesignificaserdesenterradoou extradodaTerra)sorestosouvestgios(traos)deanimais, vegetais e de outros microorganismos (algas, fungos e bactrias) que viveram em tempos pr-histricos e esto naturalmente pre-servadosnasrochassedimentares(vercaptuloOCICLODAS ROCHAS). Embora exista uma tendncia para considerarmos fs-seisapenasosesqueletosdedinossaurosedeoutrosgrandes vertebradospr-histricosextintos(vercaptuloEXTINO: AOUTRAFACEDAEVOLUO),narealidade,oregistrofs-silcontmrepresentantesdamaioriadosgruposbiolgicos,in-cluindo desde o Homem fssil at aqueles grupos representados por formas de vida microscpica, que s podem ser vistos atravs do auxlio de instrumentos pticos. Os fsseis podem ser classifi-cadoscomoFsseisCorpreoseFsseis Trao(ouvestgios), dentre outras definies. Fssil Corpreo Os fsseis so considerados como fsseis corpreos ou res-tos(Figuras5a7)quandosorepresentadosporrestosorgnicos, especialmentesuaspartesduras,taiscomoasconchas,osossos,os denteseaspartesvegetais(troncos,folhasetc.),almdasimpres-ses, moldes e contramoldes (ver captulo FSSEIS E PROCESSOS DE FOSSILIZAO).A PaleontologiaNA SALA DE AULA 21Figura5.FssildocinodonteTrucidocynodonriograndensis,encontradonasrochasda Formao Santa Maria, Trissico da Bacia do Paran. Coleo do Museu de Paleontologia da UFRGS. Foto: Luiz Flvio Lopes. A PaleontologiaNA SALA DE AULA 22Figura6.Fssildemoluscocefalpode,Ceratitessp.,doTrissicoda Alemanha.ColeodoMuseudePaleontologiadaUFRGS.Escalaem centmetros. Foto: Luiz Flvio Lopes. Figura7. Troncofossilizadodegimnospermaencontradonasrochas daFormaoSantaMaria, Trissico,BaciadoParan.ColeodoMu-seu de Paleontologia da UFRGS. Escala em centmetros. Foto: Luiz Fl-vio Lopes. A PaleontologiaNA SALA DE AULA 23Fssil trao Fsseistrao,tambmconhecidos comovestgios,compreendemoregistro daatividadedeumorganismosobreum substrato,taiscomoaspegadas,aspistas (sequnciadepegadas),asperfuraes,as escavaes (Figuras 8 e 9). Nessa categoria, almdisso,estoincludostambmosco-prlitos(fezesfossilizadas),osovoseosni-nhos fsseis (Figuras 10 a 12). Cabe lembrar, entretanto, que alguns autores preferem tra-tar ovos fossilizados como fsseis corpreos, j que, muitas vezes, estes incluem restos de embries no seu interior.Figura9.Rastrosdeixadosporartrpodes, preservadosnasrochasdoGrupoItarar,Per-mianoInferior,BaciadoParan.Coleodo MuseudePaleontologiadaUFRGS.Escalaem centmetros. Foto: Luiz Flvio Lopes. Figura8.Pistasdedinossauros, encontradasnasrochasdaBacia doRiodoPeixe,Cretceo.Foto: Leonardi&Carvalho.Retiradode Schobbenhaus, et al. (2000). Figura10.Fezesfossilizadasdetubaro,tambm conhecidascomocoprlitos,encontradasnasro-chasdaFormaoRiodoRasto,Permiano,Bacia do Paran. Coleo do Museu de Paleontologia da UFRGS. Foto: Ana Emlia Quezado de Figueiredo.A PaleontologiaNA SALA DE AULA 24Figura 11. Fezes fossilizadas detetrpode,tambmco-nhecidascomocoprlitos, encontradasnasrochasda FormaoSantaMaria,Tri-ssico,BaciadoParan.Co-leodoMuseudePaleon-tologia da UFRGS. Escala em centmetros.Foto:LuizFl-vio Lopes.Figura12.Ovodedinos-saurofossilizado,encon-tradonasrochasdoGrupo Bauru,Cretceo,Baciado Paran. Foto: Beck, S.F. (reti-rado de LIMA, 1986).Figura13.Exemplodefssil-vivo:Lingula, umbraquipodeinarticulado,encontrado nasrochasdaFormaoPontaGrossa,Bacia doParan.Esseinvertebradomarinhodo Paleozoicopossuirepresen tantesviventesnos maresatuais,osquaissomorfologicamente muito semelhantes s formas atu ais. Coleo do MuseudePaleontologiadaUFRGS.Escalaem centmetros. Foto: Luiz Flvio Lopes. Figura 14. Dendritos de mangans, de forma ramifcada,exemplodeumpseudofssil. Essemineral,dehbitoarborescente,aose consolidarentreasfssurasdasrochasacaba assemelhando-sesestruturasorgnicas vegetais. Coleo da UFPR. Escala = 10cm. Foto: Cristina Silveira Vega.Outras defnies de fssil Alm dos fsseis corpreos e trao, exis-temtambmoschamadosfsseisqu-micos,representadospelapreservao debiomolculas,taiscomo,asprote-nas, os aminocidos, os lipdeos e os ci-dosnuclicos(RNA,DNA).Aplica-seo termo fssil-vivo aos organismos do re-gistro fssil que apresentam grande dis-tribuioaolongodotempopr-hist-rico,comrepresentantesviventesainda nos dias atuais (Figura 13). Por fm, tem--seotermopseudofssil,paramarcas, impresses e objetos inorgnicos que se assemelhamaosfsseisverdadeiros(Fi-gura 14).A PaleontologiaNA SALA DE AULA 25ONDE EXATAMENTE OS FSSEIS OCORREM?TORNANDO-SE FSSIL: O PROCESSO DE FOSSILIZAOJforamapresentadosvriosexemplosedefniesdefs-seis.Agoravamosdetalharmaisminuciosamenteosprocessosen-volvidosnofenmenodafossilizao.Paraqueumrestoorgnico torne-sefssil,diversoseventosdeveroocorrer,constituindoas etapasdefossilizao.Paraumamelhorcompreensodasetapas envolvidas na formao de um fssil, ser utilizado como exemplo o mexilho, um organismo que familiar maioria das pessoas. Cabe lembrarqueasetapasmostradassocomunsgrandepartedos restos e vestgios dos seres vivos, desde micro-organismos aos gran-des vertebrados e as plantas. O mexilho um bivalve nome dado aos animais invertebra-dos (moluscos) formados por duas valvas ou concha calcrias que vive em ambientes aquticos (preferencialmente marinhos) onde fcapresos s rochas ou sobre os sedimentos de fundo ou mesmo enterrado nes-tes.Suaspartesmolesoutecidos(manto,rgosreprodutores,brn-quias, sifes), so envoltas pelas conchas calcrias, protegendo-as con-tra o ressecamento, a ao de predadores e servindo como estrutura de suporte para o corpo do animal. A preservao do bivalve como fssil envolver diversas fases, conhecidas como fases ou etapas da fossiliza-o.Veja a seguir. Nacrostaterrestreexistemtrstiposbsicosderochas,ro-chasgneasouMagmticas,rochasSedimentareserochasMeta-mrfcas (ver captulo O CICLO DAS ROCHAS). Predominantemen-te, fsseis so encontrados nas rochas sedimentares. A PaleontologiaNA SALA DE AULA 26Fase 1. a morte Em vida, o bivalve escava os substratos mari-nhos, vivendo enterrado nos sedimentos ou fxasuasconchasemsubstratosoupartcu-las duras. As conchas dos bivalves escavado-resmantmcontatocomainterfacegua--sedimentoatravsdossifes.Emvida,as conchas so articuladas como na Figura 15. Asmudanasambientais(variaodetem-peratura,salinidade),asdoenas,oataque de predadores e o envelhecimento (senilida-de) podem levar os indivduos morte.Figura 15. Colnia de mexilhes vivos, fxos em su-perfcies duras.Fase 2. necrlise ou decomposio Ao morrer, os tecidos do bivalve encerram a ati-vidade biolgica e tem incio a decomposio. Por exemplo, os msculos adutores, respons-veispelaaberturaefechamentodasconcha, deixam de apresentar contrao e relaxamen-to. Em poucas semanas, devido ao processo de necrlise(=decomposiobacterianadoste-cidos)econsequenteperdadamusculatura, obivalvemortoabreasconchas.Inicialmen-te, ambas permanecem ainda articuladas, mas abertas,comoumaborboleta (Figura16). Comacontinuidadedoprocessodenecrli-se, todos os tecidos, includo o ligamento sero atacadospelasbactriaseorganismosnecr-fagos.Apsadeterioraodaspartesmoles, restamasconchasvazias,que,porseremfor-madas por minerais (carbonato de clcio), so maisresistentes.Constituem,portanto,apar-teduradoorganismo,quetemmaiorchance de preservao. Aps a necrlise ou putrefao dos tecidos a concha poder permanecer com as duas partes ainda unidas pelo ligamento ou desarticular-se.Figura 16. Mexilho morto, com as con-chas abertas e as partes moles ainda pre-sentes.A PaleontologiaNA SALA DE AULA 27Fase 3. desarticulao e disperso As conchas dos animais mortos fcam expos-tas ao ambiente, como hoje observamos nas praias.Essaspodemserdesarticuladaspela aodeondasecorrentesouaodeorga-nismosnecrfagos.Afgura17mostraum bivalvecomasconchasaindaarticuladas. Aps a desarticulao, poder haver o trans-portepelaaodagua.Amovimentao das conchas duran te o transporte causa cho-que entre essas e as partculas sedimentares, ouseja,osgrosdeareia,seixos,etc.,resul-tando na fragmen tao e no desgaste da sua superfcie(Figura18).Seasconchaseseus fragmentosforemrecobertosporsedimen-tos podero tornar-se fsseis.Figura17.Mexilhocomperdadas partesmoles(tecidos),restandoape-nassuaconchaprotetora,maisresis-tente.Figura18.Conchasdemexilhes articuladasabertasoudesarticula-das.Noteapresenadesedimen-tos(areiaseoutrosgros)entre asconchas.ModifcadodeTaylor (1990).A PaleontologiaNA SALA DE AULA 28Fase 4. soterramentoA incorporao das conchas no sedimento atravs do recobri-mento ou soterramento uma fase crtica no processo de fos-silizao. O recobrimento rpido, aps a morte, por partculas sedimentaresdepequenadimensoevitaouprevineaao dosorganismosnecrfagoseotransporteeadispersodos restos orgnicos, nesse caso, as conchas do bivalve.Seasconchasnoforemrecobertas,elassedesintegraroe, portanto,noterochancedepreservao.Nosambientes aquticos, a rpida decantao e a deposio de partculas se-dimentaresfnas(pequenadimenso,comoalama)aumen-tam a probabilidade de preservao desses restos orgnicos. Desde que a deposio das partculas fnas ocorra por decan-tao no h muitos distrbios junto ao fundo, que possam ar-rastar e transportar os restos orgnicos. Por exemplo, durante os perodos de chuvas torrenciais, areia fna e lama (partculas muito fnas denominadas silte e argila) so transportados pe-losrios.Alamalevadaemsuspensonagua(guaturva) atasregiescosteiras,ondeirdecantarerecobrirascon-chas e outros restos de organismos que l esto. Esse material fcaraprisionadoeincorporadoscamadasdesedimentos. Com o passar do tempo sucessivas camadas vo se depositan-do, contendo conchas, ossos e outros restos de esqueletos de animais e vegetais.Fase 5. diagnese ou litifcao Comopassardotempo,sucessivascamadasdesedimentos, contendo conchas e outros restos em seu interior vo se acumu-lando. Como os gros ainda esto soltos, o sedimento est inco-erente(comonaareiadepraia).Dentreoutrosfatores,opeso dasrepetidascamadasdesedimentos(comoemumbolode aniversrio contendo vrias camadas) e a infltrao de gua en-tre os gros, no interior do sedimento, podem favorecer a pre-cipitao de minerais que, como uma argamassa, iro ligar (co-lar) cada partcula de sedimento com os restos orgnicos. Nesse momento, a rocha estar cimentada, ou seja, coerente, dura, ou melhor, litifcada ou petrifcada (Figura 19).Durante o processo de litifcao e compactao, os fuidos que semovematravsdosgrossedimentaressopotencialmente destrutivosparaosrestosorgnicos,inclusiveparaasconchas dosbivalves. Dependendo das caractersticas qumicas dos fu-dosdeinfltrao,poderhaverdissoluocompletadascon-chas j incorporadas nos sedimentos. Outros restos, por sua vez, podero sofrer modifcaes qumicas, com a troca ou substitui-o dos elementos minerais. Muitos so os tipos de fossilizao que decorrem das modifcaes qumicas e fsicas, durante o pro-cessodelitifcao(vercaptuloFSSEISEPROCESSOSDE FOSSILIZA O).A PaleontologiaNA SALA DE AULA 29Figura 19. Conchas fsseis de mexilhes, ainda na rocha matriz.A PaleontologiaNA SALA DE AULA 30Fase 6. soerguimento das rochas fossilferas Devidomovimentaodasplacastectni-cas(vercaptulo TECTNICADEPLACASE OCICLODOSSUPERCONTINENTES),assu-cessesderochas,contendoounofsseis, podero sofrer soerguimento (levantamento) emergindosuperfcieterrestre.Pacotesde rochassedimentaresfossilferaspodemfazer parte das cadeias de montanhas, e comumen-te esto dobrados e fraturados devido aos es-forosparasoergu-los.Emalgunscasos,os fsseisalicontidospoderoestardeforma-dos,outrospoderoserdestrudos.Nocaso dosmexilhes,umaveznasuperfcie,ospa-cotes de rochas sofrero eroso e as conchas fsseis podero ser expostas. Aps milhes de anos,ospaleontlogospoderolocaliz-las eextra-lascuidadosamentedarochamatriz (rocha onde foram preservados), e lev-las ao laboratrio,paraestudo(Figura20).Osfs-seiseasrochasseroincorporadosemuma coleocientfca.Assim,umdiapoderoser estudadospelospesquisadoresefgurarem dentre os materiais expostos em museus (ver captulos DO CAMPO AO LABORATRIO: A VIAGEMDEUMFSSIL ePATRIMNIOPA-LEONTOLGICO). Figura20.Detalhedasconchas fsseis de mexilho, extradas da ro-cha matriz.O REGISTRO FSSILOchamadoregistrofssilincluiatotali-dadedosfsseisjdescobertosedescritos,bem como aqueles ainda a serem descobertos pelos pa-leontolgos, ou seja, que ainda no foram escava-dosouextradosdasrochas.Asdescobertaspale-ontolgicas indicam que as evidncias mais antigas de vida na Terra tm, aproximadamente, 3,5 bilhes de anos. Portanto, o registro fssil engloba um vas-toperododetempo,desde3,5bilhesdeanos atrs,atosvestgiosdevidadochamadopero-dohistrico,quandooshumanosdesenvolveram aescrita,hcercade5.500anos.Durante esse vas-toperododetempo,novasformasdevidasurgiram devido evoluo (ver captulo EVOLUO SOB A PERSPECTIVADOREGISTROFSSIL),inicialmen-te nos oceanos, a partir de organismos simples, unice-lulares, como as bactrias, algas e protozorios. Poste-riormente,surgiramosorganismosmaiscomplexos, multicelulares, tais como os fungos, as plantas e os ani-mais invertebrados e vertebrados. Ao longo do curso da evoluo, muitas espcies desapareceram, tal como ocorreucomosdinossauros,cercade66milhesde anos atrs (ver captulo EXTINAO: A OUTRA FACE DA EVOLUO).A PaleontologiaNA SALA DE AULA 31A IMPORTNCIA DOS FSSEISO que torna a Paleontologia to interessante o fato de poder investigare,decertaforma,especularsobreosseresqueviveramh muitotempo.Osfsseisconstituemimportanteevidnciadoproces-so evolutivo. Alm disso, os fsseis so teis para o reconhecimento de pacotes de rochas contemporneos e sua sucesso temporal (ver cap-tulo OS FSSEIS E O TEMPO GEOLGICO). Os fsseis permitem tam-bm o reconhecimento da distribuio dos antigos mares e continen-tes (ver captuloPALEOBIOGEOGRAFIA: A DINMICA DA TERRA E DA VIDA). Fsseis so ferramentas essenciais para a Paleoecologia e re-construodosambientesantigosdesedimentao(vercaptuloA PALEOECOLOGIA ATRAVS DOS MICROFSSEIS). Do ponto de vista econmico, fsseis so importantes na indstria do petrleo e do car-vo.ATIVIDADES VINCULADAS AO CAPTULOO tanque de fossilizaoA histria de um fssilDiferenas entre um fssil e um organismo atualSimulando o processo de fossilizaoInterpretando icnofsseis: pegadas e impresses Simulando a formao de impresses foliaresReconhecendo icnofsseis de dinossaurosREFERNCIASCARVALHO, I. S. 2010. Paleontologia. 3 ed., v. 1., Rio de Janeiro: Intercincia, 734 p. HOLZ,M.&SIMES,M.G.2003.ElementosFundamentaisde Tafonomia.1ed., Porto Alegre: Editora da Universidade - EDUFRGS,231p. LIMA, M.R. 1989. Fsseis do Brasil.T.A. Queiroz Editora e EDUSP, 1989, 118p. SCHOBBENHAUS, C.; CAMPOS, D.A.; QUEIROZ, E.T.; WINGE, M.; BERBERT-BORN, M. 2000.StiosGeolgicosePaleontolgicosdoBrasil.DNPM/CPRM-SIGEP,Braslia, 554p.SIMES, M. G.; RODRIGUES, S. C.; BERTONI-MACHADO, C.; HOLZ, M. 2010. Tafonomia: Processos e Ambientes de Fossilizao. In: Carvalho, I.S. (Ed.). Paleontologia. 3 ed. v. 1, Rio de Janeiro: Intercincia,p. 19-52. TAYLOR, P.D. 1990. Fossil: Aventura Visual. Rio de Janeiro:Globo, 62p.VOLTE AO SUMRIOA PaleontologiaNA SALA DE AULA 32O CICLO DAS ROCHASMarcello Guimares Simes Jacqueline Peixoto NevesSuzana Aparecida Matososso planeta, a Terra, constitudo por quatro geoesferas(litos-fera, atmosfera, hidrosfera e biosfera), cujas interaes conduzi-ram ao aparecimento dos diferentes ambientes e ao desenvolvimento esustentaodavida,comohojeaconhecemos.Nalitosferasoen-contrados os constituintes da Terra slida, isso , os minerais, as rochas e os corpos de rochas. Minerais so slidos naturais e cristalinos, resul-tantes da interao de processos fsico-qumicos em ambientes geol-gicos. So essencialmente formados por processos inorgnicos e pos-suem composio qumica defnida, sendo encontrados naturalmente nacrostaterrestre.Jasrochassoagregadosnaturaisformadosde umoumaisminerais(inclusivevidrovulcnicoematriaorgnica). No necessrio que o material seja consolidado ou litifcado, para ser considerado rocha. Por exemplo, a areia da praia rocha no consoli-dada(incoerente),poisrepresentaumcorpoindependente,formado poragregadosnaturaisdevriosgrosminerais,dentreoutrosmate-riais. Existem trs tipos bsicos de rochas, ou seja, as rochas magmti-cas ou gneas, as rochas sedimentares e as rochas metamrfcas. As rochas magmticas e metamrfcas compem cerca de 95% do volume total de rochas do planeta, com as sedimentares englobando os 5% res-tantes. As rochas e os fsseis fornecem os elementos aos gelogos e pa-leontlogosparaquesejamdecifradososfenmenosqueocorreram no passado da Terra e que moldaram nosso planeta.N2VOLTE AO SUMRIOA PaleontologiaNA SALA DE AULA 33TIPOS DE ROCHASgneas ou MagmticasAcrostaterrestreconstituda,essencialmente,deRochas gneas ou Magmticas, as quais so resultantes do processo de cris-talizao do magma. O magma composto pela fuso de solues complexasdesubstnciasminerais,almdegasesdissolvidose gua. Ao cristalizarem, as substncias do origem aos minerais. Exis-tem basicamente trs grandes tipos de magmas (baslticos, ande-sticoseriolticosougranticos).Aprincipaldiferenaentreeles diz respeito ao contedo de silicatos e aos minerais constituintes.A viscosidade (propriedade de uma substncia oferecer re-sistnciaaofuxo/mobilidade)umadasprincipaiscaractersticas do magma. Ela controlada pela composio qumica (teor de sli-ca), temperatura, grau de cristalinidade (proporo de material cris-talizado no magma) e teor de volteis (gases). Os magmas altamente viscosos contm maior quantidade de poliedros de slica (quartzo) e so menos fuidos. Desse modo, so resfriados e consolidados no in-terior da crosta. J os magmas menos viscosos contm menor quan-tidadedepoliedrosdeslicaesomuitofuidos(atingemasuper-fcie).Atemperaturadomagmavaria,emgeral,entre650e1.400 graus Celsius, sendo que os magmas menos viscosos possuem tem-peratura mais elevada e o inverso ocorre com os magmas mais visco-sos. Os magmas baslticos so pobres em slica (45 a 55%) e muito fuidos. J os magmas granticos so ricos em slica (>65%) e muito viscosos. O magma andestico possui propriedades intermedirias entre esses dois tipos. Os magmas baslticos so os principais cons-tituintes da crosta ocenica, enquanto os magmas granticos e an-desticos esto associados crosta continental. Portanto, magmas distintos so formados em locais diferentes da litosfera. Mas como identifcar as condies geolgicas nas quais os mag-mas so formados? As rochas gneas expressam as condies geolgicas em que se formaram, graas sua textura. A textura refere-se, principal-mente, ao arranjo, ao tamanho e disposio dos minerais que formam a rocha. J a natureza mineralgica fornece os dados a respeito da com-posio qumica do magma. As rochas gneas podem ser caracterizadas quanto textura em: fanerticas, onde os minerais so visveis a olho nu (ex: granito, gabro, diorito) (Figura 1); afanticas, cujos cristais so invi-sveis a olho nu (ex: basalto, riolito, andesito) (Figura 2); vtreas, que so rochas totalmente constitudas por matria amorfa, no cristalizada (ex: obsidiana) (Figura 3). A PaleontologiaNA SALA DE AULA 34Figura 1. Rocha magmtica de textura faner-tica, com minerais visveis a olho nu. Foto: Su-zana A. MatosFigura2.Rochamagmticadetexturaafan-tica, com minerais no visveis a olho nu. Foto: Jacqueline P. NevesFigura3.Rochamagmticavtrea.Fonte: http://goo.gl/Re8NH6.123A PaleontologiaNA SALA DE AULA 35Nocasodasrochasgneasfanerti-cas,atexturapodeseraindadenominada de:equigranular,commineraisdemesmo tamanho(Figura4);inequigranular,com mineraisdetamanhosdiferentes(Figura5); porfrtica, com cristais bem desenvolvidos fenocristais em matriz homognea (Figura 6).Asrochasgneaspodemcontertambm algumas estruturas, como vesculas (cavida-des esfricas vazias, originadas por expanso dosgases)eamgdalas(quandoapresenta vesculas preenchidas por minerais secund-rios) (Figura 7).Figura 4. Rocha gnea fanertica, equigranular. Foto: Suzana A. Matos.Figura 5.Rocha gnea fanertica, inequigranu-lar. Foto: Jacqueline P. Neves.Figura6.Rochagneafanertica,porfrtica (inequigranular). Foto: Suzana A. MatosFigura 7.Rocha gnea basltica com vesculas e amgdalas. Foto: Jacqueline P. Neves.4 56 7A PaleontologiaNA SALA DE AULA 36Como visto acima, os magmas podem se solidifcar dentro da crosta terrestre (alta-mente viscosos), a vrios quilmetros de pro-fundidade,formandoaschamadasrochas gneasintrusivasouplutnicas(ex:grani-to).Oresfriamentodomagmaseprocessa de maneira lenta e gradual, possibilitando o desenvolvimentosucessivodoscristais,ori-ginandoumatexturafanertica.Omagma podeextravasarnasuperfcie,porexemplo, atravsdevulcese/oufendas,dandoori-gem s rochas gneas extrusivas (ex: basal-to). Neste caso os minerais no so visveis a vistadesarmada(texturaafantica)ou,ain-da,apresentamtexturavtrea.Essastextu-rasderivamdorpidoresfriamentoaqueo magmasubmetidonasuperfcieterrestre. Entreosdoistiposcitados(intrusivaseex-trusivas),ocorreumtipointermediriode rochasgneas,ashipoabissais.Formam--seemcondiesgeolgicasquasesuperf-ciaiseocorrem,normalmente,emformade diques e sills. Quando essas massas de rocha soconcordantescomaestruturasocha-madasdesillsousoleirase,quandodiscor-dantes, diques (Figura 8). Sua textura , nor-malmente, porfrtica.Figura 8. Esquema mostrando diversos tipos de estruturas gneas. Modifca-do de Press et al. (2006). A PaleontologiaNA SALA DE AULA 37Rochas sedimentaresTodasasrochas,gneas,sedimentaresemetamrfcas,so-frem, em maior ou menor intensidade, a ao dos agentes naturais (calor,gua,ventos,geleiras,gravidade,atividadedeorganismos, etc.).Estesagentespodemprovocaralteraoemsuasestruturas levandodesagregao(quebra)daspartculasedissoluo dosconstituintesminerais.Aspartculasdesagregadassotrans-portadas e depositadas em outros locais, normalmente reas depri-midas da crosta terrestre, denominadas de bacias sedimentares. Seu acmulo dar origem s rochas sedimentares. Os sedimentos originais que geram estes tipos de rochas podem ser provenientes de decomposio qumica e fsica de rochas j existentes, da pre-cipitaodesoluesmineraisoudoacmulodesubstnciasor-gnicas (por exemplo, conchas de invertebrados, restos vegetais). Asrochassedimentaressomuitoimportantes,poisemborare-presentem apenas cerca de 5% do volume total de rochas do pla-neta, elas cobrem aproximadamente 75% da crosta terrestre e, nor-malmente, contm fsseis (ver captuloFSSEIS E PROCESSOS DE FOSSILIZAO).Segundo a fonte de origem, as rochas sedimentares so clas-sifcadascomoclsticasoudetrticas,originadasporgrosprove-nientesderochasjexistentes.Exemplos:conglomerados,arenitos, siltitos,argilitos;qumicas,originadaspelaprecipitaodesubstn-cias qumicas que se tornaram solveis devido a uma reao qumica. Exemplos: halita (NaCl), calcrio (CaCO3) calcednia ou slex (SiO2) ; or-gnicas ou biognicas, originadas pelo acmulo de material de ori-gemorgnica,principalmente,restosdeinvertebrados,vertebrados evegetais.Exemplos:carvo,coquinas,diatomitos,vazasdeforami-nferos.Nas rochas sedimentares clsticas, um parmetro importante para classifcao a granulometria, ou seja, o tamanho das partcu-las que compem a rocha. De acordo com este parmetro, as rochas sedimentares clsticas ou detrticas podem ser classifcadas em (Figu-ra 9 A a C): A PaleontologiaNA SALA DE AULA 38Pseftos(cascalho),formadospor gros maiores que 2mm de dimetro e poden-do atingir tamanhos at maiores que 256mm. Emseuestadoincoerentesorepresentados pelos mataces, calhaus e seixos. O equivalen-te coerente constitui os conglomerados.Figura9.Fraesgranulomtricasconstituintesderochassedimentares.(A)Psefto(grnulo),tamanhomaiorque 2mmdedimetro.(B)Psamito(areia),tamanhoentre2e0,062mmdedimetro.(C)Pelito(silteeargila),tamanho menor que 0,062 mm de dimetro. Foto: Jacqueline P. Neves.Psamitos(areias),constitudos porgrosentre2mme0,062mmdedi-metro.Emseuestadoincoerenteso representadospelasareias(fina,mdia, grossa), sendo o arenito o seu equivalen-te coerente.Pelitos(lama),formadosporgros de tamanho menor que 0,062mm de dime-tro.Osexemplosincoerentesincluemosil-te e a argila, sendo os siltitos e argilitos (ou lamitos/folhelhos) os correspondentes coe-rentes.A PaleontologiaNA SALA DE AULA 39importantelembraraquiquetoda reaelevadadacrostaterrestre,formadapor qualquertipoderocha,constituireafonte desedimentos(Figura10).nareafonte que as rochas expostas estaro sujeitas ao dosprocessosdeintemperismooumeteori-zao. O produto do intemperismo (gros de-sagregadosemineraisdissolvidos)irento sertransportado(normalmentepelagua) at,fnalmente,serdepositadonabaciase-dimentar.Comotempo,sucessivascamadas de sedimentos vo se acumulando. Concomi-tantemente, nas camadas mais antigas da su-cesso depositada os espaos vazios entre os gros(poros)vodiminuindo,havendotam-bm a expulso da gua intersticial (gua en-treosgros).Emassociaoaesseprocesso ocorreacimentaodosgros,osquaisso ligados (colados) uns aos outros pelas infltra-esdesubstncias(cimento)introduzidas entre os gros e que podem, ao mesmo tem-po, dar a cor rocha. As principais substncias cimentantes so a slica, os carbonatos, o fer-ro e o magnsio. Os arenitos claros so, geral-mente,cimentadospelaslica.Osqueapre-sentamcoresamarelasevermelhasso,em geral,cimentadosporlimonitaouhemati-ta. Os folhelhos so, usualmente, cimentados com material argiloso ou carbonatos e, quan-doescuros,tambmcommatriaorgnica. Acompactaoeacimentaolevamliti-fcao(endurecimento)darochae,emseu conjunto,essesprocessossodenominados de diagnese. Assim, atravs deste proces-soquearochainicialmenteincoerente(com grossoltos)transformadaemrochacoe-rente(compacta,litifcada).Asareias(rocha incoerente),porexemplo,daroorigemaos arenitos (rocha coerente).Figura 10.Processos envol-vidosnaformaodeRo-chasSedimentares.Fonte: http://7cncvg.blogspot.com.br/2011_06_01_archive.html.A PaleontologiaNA SALA DE AULA 40Um dos aspectos mais caractersticos das rochas sedimentares a presena de es-truturasgeradasduranteoprocessodede-posiodossedimentos.Compreendema deposiodossedimentosemlminas,es-tratos ou camadas. As lminas tm espessu-ra entre os planos de acamamento no supe-rior a 0,5 cm (geralmente variam entre 2 mm e0,5cm).Denominam-seestratosquando as espessuras atingem at 2 cm. J as cama-das compreendem estratos com valores, em espessura,superioresa3oumaiscentme-tros.Estesacamamentospodemserparale-los ou subparalelos entre si, ou, ento, se cru-zamemplanosdiferentes,casoemqueso chamadosestratoscruzadosouestratosin-clinados(oblquos).Almdoacamamento ou estratifcao (Figura 11), as rochas sedi-mentares podem apresentar outros tipos de estruturascomo:marcasonduladas(forma-dasapartirdamovimentaodeondasou correntes);gretasdecontrao;concrees de vrios tipos que compreendem incluses dematerialdiferentedosedimento;alm de icnofsseis ou fsseis trao(ver captulo FSSEIS E PROCESSOS DE FOSSILIZAO).Figura11.(A)Estratifcao(lmi-naseestratos)deumarochasedi-mentar. (B) Camadas de rocha sedi-mentardaFormaoIrati.Noteas escalas. Foto: Suzana A. Matos.A PaleontologiaNA SALA DE AULA 41Rochas metamrfcasQuantosubmetidasamudanasdepressoetemperatura,emprofundidadesnacrostater-restredealgumasdezenasdequilmetros(10-30km),asrochaspr-existentes(protlitos)dequal-quer natureza (gnea, sedimentar, metamrfca), sofrem metamorfsmo. Neste processo no h fuso e as mudanas ocorrem no estado slido, atravs de um processo denominado blastese (nucleao e crescimento mineral no estado slido). Assim, o metamorfsmo engloba o conjunto de processos pe-los quais uma determinada rocha (protlito) transformada em outra, atravs de reaes que se pro-cessamsemfusoequecausammudanascomposicionais,texturaiseestruturais.Nestecontexto, por exemplo, o calcrio (protlito = rocha sedimentar qumica) quando metamorfzado dar origem a uma nova rocha, o mrmore (rocha metamrfca). interessante observar que enquanto a diagnese se processa a baixas temperaturas (