Noções de Paleontologia

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Apostila Paleontologia (1) ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- O termo Paleontologia, do grego palaios = antigo; ontos = ser e logos = estudo, denomina a investigação dos remanescentes dos organismos pretéritos e assim embasar a história evolutiva dos seres vivos ao longo do tempo geológico. Os organismos ou seus vestígios, encontrados no registro litológico constituem registros fossilíferos os quais devem ser posicionados do ponto de vista geográfico (distribuição horizontal) e estratigráfico (distribuição vertical). Como ciência, a Paleontologia combina protocolos (métodos) e conceitos das ciências geológicas e biológicas. Seu objeto específico de estudo são os fósseis, cujo estudo revela também, a dinâmica e as peculiaridades ecológicas e ambientais vigentes ao longo dos originais períodos de vida. Disciplinas e ciências correlatas como a Geocronologia, a Estratigrafia, a Geologia, a Geografia, entre outras, amparam os estudos paleontológicos. Esses foram primeiramente realizados pelo barão francês Georges Cuvier (1769 1832); um filósofo, também zoólogo anatomista que se dizia naturalista. Em 1795, Cuvier assumiu a função de assistente do Museu Nacional de História Natural da França. Foi professor e membro do Conselho de Estado nomeado por Napoleão. Possuía grande habilidade para reconstruir organismos a partir de fragmentos fossilizados, técnica que originou a Paleontologia. Entre muitas obras escreveu: "As revoluções do Globo; História dos mamíferos e História dos cetáceos". No contexto da Geologia histórica, a Paleontologia constitui uma ciência-interface entre a Geologia e a Biologia, situação exposta no esboço abaixo. São considerados fósseis os remanescentes de animais ou plantas (ou evidências desses) que viveram há mais de 6000 anos antes do presente e que encontram-se preservados nas rochas, no gelo, no âmbar, nas turfas e betumes (principais substratos ou matrizes da fossilização). Podem ser ossadas de grandes répteis ou minúsculas partes de plantas ou de animais, só visíveis ao microscópio. Fósseis fornecem dados importantes sobre o passado do planeta; são coletados desde o século XII, quando iniciou-se a especulação sobre a sua origem e significado. Os estudos paleontológicos compreendem uma série de aspectos e particularidades que são enfocados dentro de dois grandes grupos de abrangência: Paleobotânica ou Fitopaleontologia , (estudo dos vegetais fósseis) e Paleozoologia , (estudo do registro paleontológico animal) A Paleozoologia de Invertebrados enfoca os fósseis de animais sem estrutura óssea ou cartilaginosa. A Paleozoologia de Vertebrados enfoca os animais portadores de uma estrutura óssea Várias disciplinas ou subáreas integram o universo paleontológico, entre essas destacam-se: a Micropaleontologia: estudo dos microorganismos ou de partes de organismos maiores, possíveis de serem estudados somente com auxílio de lupas e microscópios; Palinologia , estudo dos polens e esporos, células reprodutoras vegetais que variaram grandemente com a evolução e o clima da Terra; Bioestratigrafia; objetiva posicionar cronologicamente os registros litológicos presentes nos diferentes estratos sedimentares, por meio da análise da composição e das características das faunas e floras fósseis; Paleogeografia; enfoca a distribuição espacial e geográfica das populações pretéritas; Paleoclimatologia; estuda indícios voltados ao levantamento das variações climáticas ocorridas ao longo do tempo geológico; Paleoicnologia , que estuda os traços fósseis, assim considerados os rastros, as pegadas, as marcas e os ninhos deixados e construídos por organismos pretéritos. Paleoecologia; busca descrever os ecossistemas do passado

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Apostila

Paleontologia (1) ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- --------

O termo Paleontologia, do grego palaios = antigo; ontos = ser e logos = estudo, denomina a investigação dos remanescentes dos organismos pretéritos e assim embasar a história evolutiva dos seres vivos ao longo do tempo geológico. Os organismos ou seus vestígios, encontrados no registro litológico constituem registros fossilíferos os quais devem ser posicionados do ponto de vista geográfico (distribuição horizontal) e estratigráfico (distribuição vertical). Como ciência, a Paleontologia combina protocolos (métodos) e conceitos das ciências geológicas e biológicas. Seu objeto específico de estudo são os fósseis, cujo estudo revela também, a dinâmica e as peculiaridades ecológicas e ambientais vigentes ao longo dos originais períodos de vida. Disciplinas e ciências correlatas como a Geocronologia, a Estratigrafia, a Geologia, a Geografia, entre outras, amparam os estudos paleontológicos. Esses foram primeiramente realizados pelo barão francês Georges Cuvier (1769 – 1832); um filósofo, também zoólogo anatomista que se dizia naturalista. Em 1795, Cuvier assumiu a função de assistente do Museu Nacional de História Natural da França. Foi professor e membro do Conselho de Estado nomeado por Napoleão. Possuía grande habilidade para reconstruir organismos a partir de fragmentos fossilizados, técnica que originou a Paleontologia. Entre muitas obras escreveu: "As revoluções do Globo; História dos mamíferos e História dos cetáceos". No contexto da Geologia histórica, a Paleontologia constitui uma ciência-interface entre a Geologia e a Biologia, situação exposta no esboço abaixo.

São considerados fósseis os remanescentes de animais ou plantas (ou evidências desses) que viveram há mais de 6000 anos antes do presente e que encontram-se preservados nas rochas, no gelo, no âmbar, nas turfas e betumes (principais substratos ou matrizes da fossilização). Podem ser ossadas de grandes répteis ou minúsculas partes de plantas ou de animais, só visíveis ao microscópio. Fósseis fornecem dados importantes sobre o passado do planeta; são coletados desde o século XII, quando iniciou-se a especulação sobre a sua origem e significado. Os estudos paleontológicos compreendem uma série de aspectos e particularidades que são enfocados dentro de dois grandes grupos de abrangência: Paleobotânica ou Fitopaleontologia, (estudo dos vegetais fósseis) e Paleozoologia, (estudo do registro paleontológico animal) A Paleozoologia de Invertebrados enfoca os fósseis de animais sem estrutura óssea ou cartilaginosa. A Paleozoologia de Vertebrados enfoca os animais portadores de uma estrutura óssea

Várias disciplinas ou subáreas integram o universo paleontológico, entre essas destacam-se: a Micropaleontologia: estudo dos microorganismos ou de partes de organismos maiores, possíveis de serem estudados somente com auxílio de lupas e microscópios; Palinologia, estudo dos polens e esporos, células reprodutoras vegetais que variaram grandemente com a evolução e o clima da Terra; Bioestratigrafia; objetiva posicionar cronologicamente os registros litológicos presentes nos diferentes estratos sedimentares, por meio da análise da composição e das características das faunas e floras fósseis; Paleogeografia; enfoca a distribuição espacial e geográfica das populações pretéritas; Paleoclimatologia; estuda indícios voltados ao levantamento das variações climáticas ocorridas ao longo do tempo geológico; Paleoicnologia, que estuda os traços fósseis, assim considerados os rastros, as pegadas, as marcas e os ninhos deixados e construídos por organismos pretéritos. Paleoecologia; busca descrever os ecossistemas do passado

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e compreender a sua estrutura e funcionamento, permitindo assim, recolocar os organismos fósseis no contexto físico e biológico da sua época

As espécies vivas, assim como as pretéritas, não evoluem isoladamente e sim como parte de comunidades que, em Paleontologia, são referidas como cenoses. Assim, biocenose é um conjunto de seres vivos de um mesmo habitat. Necrocenose é a denominação de um conjunto de seres mortos de um mesmo hábitat. Tanatocenose corresponde a uma necrocenose deposta (depositada) sobre a superfície que habitava. Tafocenose corresponde ao mesmo conjunto de organismos já sepultado (naturalmente soterrado e integrado à litosfera). Orictocenose é a denominação do conjunto de organismos os quais, pela diagênese dos sedimentos, originam um registro litificado. A rocha matriz da fossilização é, via de regra, sedimentar ou metamórfica de alto grau. Rochas magmáticas ou metamórficas de alto-grau, cuja gênese implica na geração de altas temperaturas, não constituem matrizes para a fossilização.

Os biomas pretéritos, como os atuais são modulados por variáveis físicas (clima, natureza dos substratos, geomorfologia, etc.) e biológicas (correlatas as fauna e flora). A fossilização exige circunstâncias ambientais excepcionais; assim, jazidas de macrofósseis são ocorrências raras; fornecem informações limitadas e dependentes da respectiva conservação e das peculiaridades geológicas da matriz. Os microfósseis (esporos, polens, sementes, algas ou restos microscópicos de animais) são encontrados aos milhares em um centímetro cúbico de sedimento, o que garante uma base estatística confiável e abundante, se comparada aos vestígios macroscópicos.

Vários cientistas idealizaram postulados considerados fundamentais nos estudos paleontológicos.

Steno (1669) Idealizou o Princípio da superposição das camadas, a qual afirma que, num conjunto não dobrado de estratos (considerando rochas sedimentares), as unidades superficiais são mais recentes do que as unidades mais profundas.

Hutton (1726-1797), estudou os processos sedimentares e propôs o Princípio do Uniformitarismo, cuja idéia básica defende que os eventos geológicos pretéritos, ocorreram por meio dos mesmos processos naturais hoje ocorrentes. Esse princípio é resumido pela fraze:

"O presente é a chave do passado".

William Smith (1769-1839), autor do primeiro mapa geológico, foi o primeiro cientista a ordenar litologias considerando a respectiva idade por meio fósseis nelas contidos. Idealizou o princípio da Correlação paleontológica, o qual defende que orictocenoses análogas, mesmo em geografias distintas, sejam atribuídas a uma mesma cronologia.

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Nas biocenoses, as espécies não evoluem isoladamente, integram biomas que são modulados por inúmeras variáveis geo-ambientais, biológicas e cronológicas. Essas influem também na qualidade e na quantidade de remanescentes orgânicos nas necro, tanato, tafo e orictocenoses. A fossilização corresponde a um conjunto de processos que interrompem a necrólise, decomposição natural dos organismos. Ocorre em meios variados, mormente em depósitos sedimentares, mas também no gelo, na turfa, no betume e no âmbar (resina vegetal). Organismos ou seus vestígios preservados em rocha há menos de 6.000 anos antes do presente são denominados subfósseis.

Várias construções minerogênicas podem ser confundidas com fósseis: Ex. Marcas de onda nos sedimentos, fendas (septárias) ou gretas de ressecamento, concreções calcárias, falsos corais entre outras. Tais ocorrências são denominadas pseudo-fósseis.

Muitos corpos, por falta de informação referencial, geram dúvidas, sendo por isso denominados problemáticos (Ex. Pucalithus, estruturas pré-cambrianas encontradas na Bolívia, Chile e na Argentina).

A maior parte dos fósseis são bioturbações das rochas ou restos de organismos. É de grande importância o tempo de persistência das condições do meio de preservação, pois essas modularão o nível de preservação dos restos na matriz rochosa.

Tafonomia é o ramo da Paleontologia que enfoca os fenômenos responsáveis pela passagem de um organismo da biosfera para a litosfera. Nesse ramo, denomina-se Biostratinomia, o estudo das peculiaridades da formação das jazidas fossilíferas, os padrões de deposição dos organismos, sua forma de morte, seu possível transporte desde o local de vida até o local de soterramento e o tipo de sedimento ou material potencial gerador da fossilização.

São expressões biostratinômicas:

Alóctone = qualificação de um organismo transportado, removido do respectivo habitat.

Autóctone = qualificação de um organismo encontrado in situ (no local de vida).

Biólito = Rocha integralmente constituída por sedimentos biogênicos.

Caustobiólito = Biólito combustível (Ex. carvão mineral)

Acaustobiólito = biólito não combustível (Ex. diatomito).

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As etapas ou fases de formação de uma jazida fossilífera são nomeadas conforme o estágio das cenoses.

Os meios mais eficientes de fossilização são, em geral, sedimentos selantes (que não deixam passar fluídos). Os sedimentos finos (pelitos), principalmente os gerados via precipitação química, são os mais propícios à fossilização. As rochas sedimentares que melhor prestam-se à preservação de remanescentes orgânicos são os calcários. O Carbonato de cálcio gerador dessas rochas precipita-se em contexto litorâneo, sob lâmina d’água rasa, quente e pouco hidrodinâmica.

Constituição mineral dos esqueletos dos principais grupos passíveis de fossilização.

Grupo Carbonato de cálcio Sílica Fosfato de cálcio

Calcita Aragonita

Foraminíferos C R R R

Poríferos O R C R

Cnidários C C R R

Briozoários C C R R

Braquiópodos C R R O

Gastrópodos O C R R

Biválvios C C R R

Cefalópodos R C R R

Crustáceos C R R C

Trilobitas C R R C

Equinodermos

C R R R

Vertebrados R R R C

Comum, Ocasional, Raro

No âmbito da Tafonomia avaliam-se também as peculiaridades da fóssil-diagênese, fenômeno modulado por altas pressões litostáticas e elevadas temperaturas, do qual resulta a litificação dos remanescentes orgânicos envoltos na matriz litológica (sedimentar).

Denominam-se fósseis vivos os organismos animais ou vegetais ainda presentes no registro biológico cuja existência é remota no registro geológico. Ex. Braquiópodos do gênero Lingula, Répteis Rhynchocephalia da espécie Sphenodon punctatus; os peixes Crossopterígeos (Latiméria) e os marsupiais. Da flora são consideradas fósseis vivos as araucárias, as samambaias, as palmeirinhas e as escadinhas do céu.

Geocronologia: A maior parte (7/8) da história geológica da Terra transcorreu sem a existência de seres vivos. Vimos na Geologia, que as primeiras formas de vida (coacervados) foram sintetizadas nas lamas dos mares primitivos cerca de 3 bilhões de anos antes do presente.

Dentre as rochas marinhas contendo os fósseis mais antigos (pré-cambrianos) encontram-se o Sílex de Gun Flint (Minessota, USA) e os metarenitos das montanhas de Ediacara (Sul da Austrália). No referido sílex constata-se um pacote de 3 m de espessura de estromatólitos (algas azuis fossilizadas). Em Ediacara são encontrados inúmeros fósseis de celenterados e anelídeos marinhos.

O quadro abaixo apresenta um esboço crono-referenciado do desenvolvimento quali-quantitativo dos grupos orgânicos primordiais do registro paleontológico.

A Geocronologia usa como recurso a datação para determinar a idade absoluta de vários tipos de matéria. Para tanto usa protocolos (métodos) adequados as peculiaridades do objeto a datar. As primeiras datações foram realizadas por meio da contagem das linhas de crescimento (dendritos) visíveis na maior parte dos troncos das árvores. Essa técnica foi denominada dendrocronologia.

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Além das noções: subfósseis, pseudofósseis e icnofósseis, importa o conhecimento dos fósseis vivos. Assim considerados os animais e vegetais ainda presentes no registro biológico cuja existência é remota no registro geológico. Muitos desses remanecentes chegaram a ser considerados extintos do registro biológico, situação posteriormente modificada a partir do achado de espécimes em nichos geograficamente remotos. São exemplos de fósseis vivos animais: Os braquiópodos Lingula; os répteis Sphenodon punctatus; os peixes Crossopterígeos (Latiméria) e muitos marsupiais. Dentre a flora são fósseis vivos: as araucárias; as samambaias, as escadinhas do céu e muitas espécies de palmeiras.

TAFONONIA - Os estudos tafonômicos enfocam todos os fenômenos e processos ocorrentes durante a passagem de um organismo da condição de integrante da biosfera para a condição de integrante da litosfera. Para os especialistas nessa área, interessa compreender a diagênese (litificação ou endurecimento) dos sedimentos. Sempre que houver organismos ou vestígios desses, selados nos sedimentos, adota-se o termo fóssil-diagênese. A partir dessa, todos os fenômenos naturais que modificam as litologias fossilíferas modificam, também, o próprio fóssil. A essas modificações dá-se o nome de assinaturas tafonômicas: essas podem ser de abrasão, dissolução, quebramento, etc. A Biostratinomia, também uma disciplina tafonômica, aborda todas os aspectos atinentes a formação das jazidas fossilíferas, sejam sin-deposicionais (durante) ou pós-deposicionais. Essa disciplina considera questões paleo-autoecológicas paleo-demoecológicas e as paleosinecológicas. De acordo com Schroter (1896/1902) a Paleoautoecologia considera os fósseis como estes reagiam aos fatores ambientais. A Paleodemoecologia trata do estudo de cada população em separado, como os organismos fósseis cresciam, as suas taxas de mortalidade e os

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parâmetros que modulavam a sua sobrevivência (Ex. as temperaturas ótimas, a quantidade de luz ideal, a química do meio, a dinâmica dos corpos d’água, etc). A paleosinecologia corresponde ao estudo das orictocenoses, as relações entre as paleo-populações; sua distribuição geográfica e o modo de vida e as relações predador-presa no âmbito do conjunto populacional. Variáveis fóssil-diagenéticas: Fósseis e seus agrupamentos são ocorrências extremamente raras no contexto geológico. A qualidade de um registro paleontológico e, por extensão, da orictocenose e da jazida fossilífera em que se encontram, dependem de inúmeras variáveis que atuam durante (sin) ou depois (pós) a sua deposição e soterramento. As principais variáveis são: a pressão litostática; o tipo de matriz sedimentar do selamento, a temperatura e umidade do meio, o nível de oxigênio no meio, a estabilidade ou dinâmica geoambiental dos depósitos. Registros paleontológicos Paleozóicos (Período Cambriano) O fim da segunda Era geológica (Pré-Cambriana – PЄ) é marcado pelo estabelecimento de um clima mais quente, cujo registro nas rochas marca o início da terceira Era (Paleozóica) ocorrido cerca de 550 milhões de anos antes do presente (Maap). O Paleozóico foi compartimentado em seis Períodos cronológicos, a iniciar pelo Cambriano, (simbolizado pela letra Є). Na figura abaixo a evolução (em diversidade de famílias) dos grupos orgânicaos surgidos no Período Cambriano. O Período Cambriano tem nome derivado de Cambria, antigo nome do País de Gales onde foram encontrados os primeiros registros litológicos do período. Sítios paleontológicos cambrianos, embora raros, podem ser encontrados nos folhelhos de Burgess, no Canadá. No Cambriano as terras emersas (de rocha estéril) distribuíam-se em quatro continente, três menores entre os trópicos: Laurentia (parte central da América do Norte), Báltica (parte da Europa) e Sibéria (mesma região no oeste russo); e um supercontinente no sul: Gondwana.

Os climas eram bem mais quentes do que na Era anterior. A maior parte dos continentes se colocavam no hemisfério Sul, onde foi possível o crescimento de recifes de água-rasa. O hemisfério norte era quase que totalmente coberto por um oceano denominado Panthalassa. Oceanos menores separavam os continentes no hemisfério sul. Durante o Cambriano, ocorreu uma grande diversificação da vida (explosão cambriana), devido ao período de tempo curto 5 Ma) em que ocorreu. O Cambriano marca um ponto importante na história da vida na Terra, é o período em que muitos grupos importantes apareceram no registro biológico. A diversificação dos animais no Cambriano foi grande e rápida para os padrões geológicos; entre esses destacam-se: anelídeos, artrópodes, braquiópodes, equinodermos, moluscos monoplacofóros, onicofóros, esponjas, e priapulideos. Fora do Canadá, foram encontrados registros cambrianos na Sibéria (testemunhos da primeira radiação de braquiopodos, trilobitas e equinodermos). Durante o Cambriano surgiram no registro biológico os invertebrados marinhos com carapaça (gastrópodes, cefalópodes e biválvios). A melhor fossilização das partes duras desses organismos nos substratos sedimentares possibilitou um registro paleontológico muito rico. Com o fim da glaciação pré-cambriana ocorre o preenchimento sedimentar dos dobramentos geossinclíneos. Posteriormente essas mega-dobras originariam orogenias (formação de cordilheira), inclusive o soerguimento andino. Fósseis-guia do Cambriano (graptólitos dendróides) - foram organismos coloniais pertencentes ao filo Hemichordata, que habitaram os mares extinguindo-se no Período Carbonífero. Possuiam um esqueleto colonial composto por uma união de várias tecas de colágeno, cada qual com um indivíduo. Os graptólitos são classificados de acordo com a sua relação geométrica. Os fósseis de graptólitos são abundantes apenas em rochas sedimentares depositadas em ambientes calmos e anóxicos, como xistos ou calcários negros ricos em matéria orgânica. Esses organismos são considerados fósseis=guia do Paleozóico inferior.

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No atual território brasileiro não há registro paleontológico desse período visto que no início da Era Paleozóica nosso território se posicionava em terras emersas, enquanto a vida se restringia aos mares.

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Na maior parte dos sítios paleontológicos, é possível constatar a ausência ou a perturbação dos estratos sedimentares, fato atribuído aos fenômenos geológicos (erosão, meteorização, diastrofismos, rupturas e dobramentos) ou à eventual não deposição. Tais ausências ou eventos geram superícies que no registro litológico são denominadas discordâncias e classificadas conforme a respectiva gênese (Figura 1).

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Figura 1. Esboços representativos dos 3 principais tipos de discordâncias.

As discordâncias de descontinuidade se evidenciam por uma superfície irregular que separa dois estratos litologicamente similares ou distintos. É o registro de um evento erosivo ou meteorizante cronologicamente ocorrido entre a deposição das camadas da base e as do topo. As discordâncias de não-conformidade são superfícies que separam dois estratos de rochas ou sedimentos diferentes, significando um hiato cronológico grande e nas discordâncias angulares a superfície separa unidades litológicas com hábitos (direção e mergulho das camadas) diferentes sendo representativos de mudanças no meio deposiciona ao longo do tempol (ex. base depositada em corpo de águas agitadas e topo depositado em meio lagunar calmo). O registro paleontológico surgido no Ordoviciano - O segundo Período da Era paleozóica é marcado pelo surgimento dos animais marinhos com tecas ou conchas duras, estruturas resistentes, mais favoráveis à preservação. Após o Cambriano os continentes passaram a se deslocar rumo ao hemisfério norte. O clima inicialmente quente deu lugar a uma nova glaciação o que determinou que grande parte dessas áreas emersas ficassem cobertas de gelo (Figura 2). Paleoclimatologia - A qualidade e a quantidade de registros paleontológicos são modulados por variações ambientais vinculadas ao clima. As variações climáticas tem origem orbital (ligada aos movimentos planetários). Com base nesses movimentos e no estudo dos isótopos de oxigênio presentes em testemunhos de gelo, é possível desenhar curvas de variações de temperatura ao longo do tempo (Figura 3). Durante as glaciações o nivel do mar rebaixa; entre esses períodos frios a superfiície da Terra esquenta (situação atual), as calotas polares e geleiras fundem, e o nível do mar se eleva .

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Há 445 Maap, ocorreu uma glaciação que gerou a extinção de 85 por cento da vida marinha. O estudo das xistos e folhelhos marinhos do Ordoviciano revelam haver exigüidade do isótopo 187 do ósmio e grande quantidade de carbono. Baixos teores de ósmico indicam pouca meteorização das rochas continentais (indício de recobrimento por gelo). A exposição dos recifes até então submersos teria propiciado a morte dos organismos recifais e o carreamento da matéria orgânica em decomposição para o mar em recuo.

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Principalmente na primeira metade do Ordoviciano surgem os briozoários, os equinodermos e os primeiros vertebrados: (peixes agnatas e cartilaginosos). Os termos Agnatha (a = sem + gnathos = mandíbula) e Cyclostomata (gr. cyclos = círculo + stoma = boca) referem-se a mais antiga Classe de peixes; foi um grupo diversificado e numeroso, do qual restam duas ordens, as lampreias e as mixinas (peixes-bruxa). As lampreias vivem em regiões temperadas, em águas marinhas ou fluviais, reproduzindo-se em água doce. As mixinas são exclusivamente marinhas e vivem em águas profundas tropicais ou superficiais de zonas temperadas não muito quentes. As designações alternativas deste pequeno grupo (são conhecidas cerca de 50 espécies de peixes considerados primitivos) revelam algumas das suas características mais notórias: Estes animais não apresentam mandíbula e têm uma boca circular provida de ventosa com dentes córneos, com os quais perfuram a pele dos peixes de que se alimentam. Geocronologia Datação via termoluminescência - Existente desde 1978, o método TM baseia-se no fato de que as redes cristalinas do quartzo e do feldspato, apresentam interstícios (armadilhas) que retêm elétrons oriundos de átomos dos elementos radioativos circundantes, principalmente do urânio 238, do tório 232 e do potássio 40. Esses isótopos são comuns em muitos minerais da litosfera. O número de elétrons retidos aumenta com o tempo e, quando submetidos à aquecimentos naturais ou induzidos, os elétrons aprisionados recebem energia suficiente e saem da armadilha, fato que é acompanhado por uma emissão de luz (luminescência), cuja intensidade é proporcional ao número de partículas deslocadas e ao tempo passado desde a última iluminação (aquecimento) natural do corpo (mineral) sob análise. O método é considerado eficiente para datar corpos que contenham cristais de quartzo e ou feldspato e cuja idade seja

inferior aos 100.000 anos.

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Procedimentos de campo: Remanescentes paleontológicos são encontrados geralmente quando de movimentações

do substrato ao longo de empreendimentos civis (estradas pontes, fábricas, hidrelétricas, etc.). A abordagem de um

sítio paleontológico deve ser antecedida de solicitação de pesquisa junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e

Artístico Nacional (IPHAN) com prévia pesquisa cartográfica e bibliográfica incluindo dados prévios acercas da

geologia, das coberturas vegetais, da fauna original, dos recursos hídricos, do contexto sócio-econômico regional.

Devem ser levantados, também previamente, a infra-estrutura viária e de serviços para a instalação da base de

trabalho (acampamento).

Imagens de satélite devem ajudar a compor um mapa-base, sobre o qual deverão ser plotados todos os sítios

encontrados, com as respectivas coordenadas geográficas obtidas via GPS. O mesmo aparelho, a depender do

respectivo poder de resolução, poderá dar uma noção da altimetria local bem como das distâncias lineares mais

significativas.

O sítio a estudar deve ser quadriculado com estacas e barbantes (quadrículas de 2 m de lado) com e identificação

alfanumérica, escala gráfica e norte magnético orientado. Importante também é georreferenciar ( com coordenadas

angulares ou UTM) os limites ou pontos relevantes do sítio sob estudo.

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Os escaves ou cortes estratigráficos revelam diferentes níveis estratigráficos, iniciando por uma decapagem

superficial, com recolhimento e embalagem de todo o material exposto. A decapagem subsuperficial é feita de acordo

com a disposição e as características do sítio e das orictocenoses nesse evidenciadas. Para tanto, os equipamentos

mais usados são martelos geológicos, talhadeiras, pás, peneiras, colheres de pedreiro, espátulas especiais, baldes,

pinceis e caixas para o transporte, trena, material de iluminação e lonas plásticas, etc. Amostras para datação

(geralmente via Carbono 14) devem ser embaladas em plástico atóxico (usado para congelar alimentos). Etiquetagem

deve ser com canetas marcadoras permanentes. Para datações via termoluminescência, amostras devem ser

coletadas em ausência de luz ou, se possível, com o auxílio de tubos de PVC introduzidos horizontalmente (em estrato

sedimentar inconsolidado). Antes da retirada do tubo o lado exposto deve ser tampado, o mesmo ocorrendo com a

outra extremidade, evitando-se exposição à luz. De um substrato rochoso, amostras são retiradas em blocos

destacados por martelamento. Toda a matéria inconsolidada deve ser peneirada, rotina que é repetida para todos os

níveis de escavação ou de retirada de rocha. Os sedimentos devem ser depositados numa área próxima, em montes

separados e correspondentes aos níveis de escavação, facilitando assim a sua reposição ordenada ao fim dos

trabalhos. Considerando os equipamentos atuais, é aconselhável uma ampla e variada cobertura em vídeo e fotos.

Desenhos e croquis devem acompanhar os dados compilados numa caderneta de campo. A retirada e o transporte de

exemplares deve ser realizado com extremo cuidado, preferencialmente em caixas calçadas com isopor.

Geocronologia:

1) A datação por contagem de varves, método aplicável com precisão em depósitos de até 12.000 anos. Córregos que

afluem para corpos estáveis, como lagos, comumente depositam camadas (varves) de silte no verão e argila no

inverno de cada ano. As camadas estabelecidas durante o outono e inverno têm uma cor escura devido à presença de

vegetação morta; aquelas depositadas durante o resto do ano têm uma cor clara. A estratigrafia pode também refletir

a variação sazonal da velocidade de fluxo do riacho. Ao contar cada par de varves pode-se determinar a idade do

depósito.

Organismos surgidos no Período Siluriano

No gráfico abaixo é possível observar que quase todo o Período Siluriano transcorreu sob a glaciação fanerozóica

que, embora curta, alcançou as mais baixas temperaturas, sendo plausível inferir que também o rebaixamento do

nível dos oceanos tenha sido muito grande, fato que pode estar relacionado com fixação dos primeiro vegetais nas

regiões continentais litorâneas.

O rebaixamento do nível dos oceanos ampliou as áreas emersas, fazendo aproximar os continentes internos

(Laurêntia, Báltica e Sibéria) os quais, ao longo do Siluriano ampliaram as áreas já cobertas por gelo. Esses continentes

ocupavam posição cada vez mais setentrional (norte), enquanto o Gondwana fragmentava-se espalhando áreas

emersas mais para a porção oriental do globo.

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Ao longo do Siluriano, as primeiras plantas (Rhiniófitas Cooksonias) evoluíram dos vegetais marinhos formaram vastas

coberturas nos litorais já sedimentados. Ao final do período, o clima mais quente e o degelo das calotas polares,

propiciou uma nova expansão dos oceanos, fazendo ampliar os ambientes rasos, calmos e iluminados, muito propícios

ao desenvolvimento da ictiofauna (peixes Actinopterigeos e pulmonados).

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Fossil-diagênese é o somatório das modificações químicas e físicas sofridas pelos sedimentos e os organismos nesses selados, após a respectiva deposição. As alterações resultantes de metamorfismo e/ou de intemperismo não são consideradas diagenéticas. Na formação das rocha fossilíferas os processos diagenéticos mais importantes são: Compactação: Redução dos interstícios (espaços) intergranulares, maiormente induzido pela pressão litostática (sobrecarga). O mesmo processo pode ser denominado de litificação. Ocorre então uma redução do volume do pacote sedimentar devido ao peso dos estratos sotopostos. A compactação é mais efetiva nos pelitos (sedimentos finos) do que nos psamitos (areias) e psefitos (grânulos); assim os sedimentos finos apresentam maiores índices de compactação. Dissolução: Ação promovida pela percolação hídrica (água é o solvente universal), com efeito especialmente atuante sobre os bioclastos. Recristalização: Consiste na mudança da estrutura cristalina dos minerais, sem alteração da respectiva composição química; assim um mesmo conjunto químico passa de uma estrutura cristalina instável (Ex. Aragonita) para uma estrutura mais estável (Ex. Calcita). Cimentação: Consiste na precipitação no espaço intergranular dos sedimentos de uma substância mineral coesiva (Ex. carbonato, sílica, óxido de ferro, etc.). O cimento promove a transformação de um sedimento friável em matéria consolidada (rocha). Metassomatismos: processo de substituição química de uma litologia pela ação de fluídos reagentes, por meio do qual ocorre a entrada e/ou saída significativa dos componentes químicos originais. Ocorre maiormente nas rochas calcárias (muito reativas) porem, pode ocorrer em qualquer tipo de rocha onde haja conflito geoquímico entre os fluidos percolantes e a composição litológica original. Geocronologia - Datação por isótopos radioativos Vários elementos químicos encontrados na natureza são instáveis; seus isótopos emitem partículas nucleares (prótons e nêutrons). Tais elementos são entes radioativos. A emissão de partículas gera outros isótopos do mesmo elemento ou novos elementos (entes radiogênicos). A emissão radioativa gerando um radiogênico de cada elemento ocorre numa cronologia que é conhecida. Assim, um tipo de matéria que contenha elementos radioativos pode ser datada por meio da contagem dos entes de cada tipo, o que é feito via espectometria de massa. O Carbono 14 é um método útil para determinar a idade de matéria orgânica; não sendo útil para datar rochas magmáticas. Essas podem ser datadas por meio de outros métodos radioativos tais como o Urânio-Chumbo ou o Samário-Niodímio, adiante detalhado. Isótopos radioativos usados na datação de rochas metamórficas, determinam a idade de cada evento metamórfico. Nas sedimentares o método datará cada grão sedimentar, pois essas são formadas por clastos (fragmentos) de idades e origens variadas. Talvez o cronologicamente mais abrangente método de datação radioativa seja o Samário-Neodímio que é aplicado em matérias antigas tendo como base a meia-vida do Samário (106 bilhões de anos ou 106 GA). Esse é o tempo necessário para que a metade dos isótopos radioativos de Sm se transformem em Neodímio. Assim, o método pode ser usado em qualquer matéria da natureza que o contenha, visto que a idade do Universo cerca os 15 bilhões de anos. Organismos surgidos no Período Devoniano A Terra, ao longo do Devoniano experimentava clima interglacial (quente) e propício ao desenvolvimento da fauna marinha, assim como, nas terras emersas, de importantes grupos florísticos . A expansão dos oceanos promoveu grandes transgressões marinhas e a restrição das geleiras às áreas de altas altitudes e longitudes. Alguns autores referem o Devoniano como “o período dos peixes” pela quantidade e grande diversidade dessa fauna marinha. Outros autores apontam o Devoniano como o Período de origem dos anfíbios, embora isso não esteja bem comprovado no registro paleontológico (Vide figuras a seguir). Entre os peixes destacam-se os celacantiformes, com um grupo (Celacanto) ainda presente no registro biológico. Esse peixe, considerado um fóssil-vivo, possui barbatanas pares com bases em pedúnculos semelhantes aos membros dos vertebrados terrestres (espécie ancestral?). Espécimes vivos foram encontrados em 1938, quando já haviam sido cadastradas 120 espécies fósseis do mesmo grupo. Na atualidade povoam a costa oriental da África, a Indonésia e o Oceano Índico.

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Na flora Devoniana surgiram as pró-gimnospermas (ancestrais das gimnospermas). Eram árvores que produziam matéria lenhosa (madeira), sem gerar sementes. Essas plantas reproduziam-se como as samambaias, por meio de esporos. O grupo perdurou até o Período Carbonífero sendo conhecidas duas Órdens: Archaeopteridales e Aneurophytales . Ainda da flora devoniana, suriram as Zosterófitas e as Cladoxilálias; as primeiras eram plantas pequenas foram consideradas as ancestrais das licófitas. Não possuíam folhas ou raízes, realizavam fotossíntese por

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meio das hastes que se bifurcavam em duas de igual tamanho. As Cladoxilálias foram plantas sem folha e com menos de 30 cm de altura, das quais há fósseis de dois grupos: Cladoxylales e Hyeniales. Paleontologia de Campo Fósseis encontrados em cortes estratigráficos (quadrículas escavadas) podem ser datados indiretamente por meio da matéria sedimentar do seu mesmo nível estratigráfico. Para tanto faz-se a percussão de um tubo de PVC rígido na parede do escave, no mesmo nível do remanescente. A retirada deve ser manual e ser feita de modo a evitar a incidência de luz no material a datar (o tubo deve ter as duas extremidades tampadas). O método mais usado é o da termoluminescência (válido para remanescentes de até 100.000 anos). A embalagem de qualquer matéria a datar deve ser feita sem manuseio direto, com plástico atóxico opaco.

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Paleosinecologia é o ramo da Paleontologia que aborda a distribuição espacial dos registros paleontológicos (Paleogeografia) e as condições climáticas que modularam a deposição dos fósseis (Paleoclimatologia). Das ações paleosinecológicas resultam informações qualitativas e quantitativas que são expressas em mapas, gráficos e diagramas, entre eles as colunas paleoestratigráficas e as bioestratigráficas.

Período Carbonífero

Etimologia (do latim: Carbone = carvão). O nome é devido à ocorrência de vastas camadas de carvão, que se

estendem pela Europa do norte, Ásia e América do Norte. No Carbonífero Inferior predominam sedimentos marinhos,

principalmente calcários biogênicos com abundantes fósseis de crinóides e braquiópodes, e muitos recifes de corais.

Nas áreas continentais, o Carbonífero é marcado por intenso desenvolvimento de vegetais que cobriram imensas

regiões com luxuriantes florestas, várias delas providas de árvores com até 40 m de altura. A fauna marinha era

dominada pelos peixes cartilaginosos (condríctios) e a de águas continentais pelos peixes ósseos (osteíctios), esses

habitavam pântanos, lagos e rios, onde se formavam os depósitos de carvão. Os anfíbios tornaram-se comuns, pela

primeira vez, naqueles ambientes de águas continentais, onde se formavam carvões. E em torno de 340 milhões de

anos atrás ocorre o surgimento, no registro fóssil, dos répteis. O ovo amniótico conferiu aos répteis decisiva

vantagem sobre os anfíbios, possibilitando seu domínio sobre o mundo, durante mais de 150 milhões de anos. A

abundância de plantas transformou o Carbonífero num período importante em termos econômicos, já que dele

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remonta a grande maioria das reservas mundiais de carvão, importantes depósitos de petróleo e de xisto

betuminoso. Apesar do predomínio de rochas sedimentares, o Carbonífero de algumas regiões do planeta foi marcado

por vulcanismos, caso da Inglaterra e do leste da Austrália. Em termos geotectônicos, no início do Carbonífero havia

três grandes blocos continentais: Laurasia (América do Norte, Groenlândia e Oeste da Europa), Sibéria (leste da

Europa e leste da Ásia) e Gondwana (América do Sul, África, Índia, Antártica e Austrália). Esses três blocos se moviam

em rota e colisão, e, no final do período chocaram-se, constituindo o super-continente denominado Pangea. Nesse

cenário de junção de terrenos, a colisão entre Laurasia e Gondwana gerou a orogenia Herciniana, notável na

geomorfologia das ilhas britânicas e do oeste da Europa; gerou também a orogenia Apalachiana, na América do Norte.

A colisão da Sibéria com Laurentia gerou a orogenia Uraliana. No Gondwana ocorria uma extensa glaciação, que foi

responsável pelas baixas taxas de sedimentação observada na primeira metade desse período (Vide figuras a seguir).

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Répteis mamaliformes (Sinapsídeos)

(A) Edaphosauro

(B) Varanosauro

Nas bacias sedimentares brasileiras a sedimentação marinha se intercalava com fácies continentais e ocorria a

deposição das formações Faro e Tapajós na Bacia Amazônica, das formações Poti, Piauí, Batinga e Curitiba na Bacia do

Parnaíba e formações Aquidauana e Itararé na Bacia do Paraná.

Répteis mamaliformes Acredita-se que o clima quente e a umidade propiciavam florestas exuberantes que serviriam de fonte de alimento para os dinossauros (grandes répteis), que pela fartura de alimentos tinham chegaram a grandes dimensões. Inicialmente os dinossauros competiam apenas entre si, porém ainda sobre o seu domínio começavam a aparecer seres pequenos e portadores de vantagens adaptativas tais como: sangue quente, grande agilidade e acúmulos de gordura; essas características possibilitava a esse grupo desbravar ambientes mais inóspitos. Foram denominados répteis mamaliformes, grupo que deu origem aos mamíferos.

A B Os temnospôndilos constituíam uma ordem de anfíbios cujo registro inicial é carbonífero mas cujo maior desenvolvimento ocorreu no Permiano. Neste grupo destaca-se o Cacops , forma que viveu no sul dos Estados Unidos com boa adaptação à vida terrestre. Parecia muito com os répteis, seu corpo era protegido por um revestimento de placas ósseas que cobriam a coluna vertebral e formavam uma protuberância robusta. O grupo foi extinto ao final do cretáceo, possivelmente vítima dos mesmos eventos que dizimaram os grandes répteis.

A

B

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Cordaitales foi uma ordem de plantas gimnospermas que no início da Era Mesozóica foram extintas. São consideradas as ancestrais das atuais coníferas. Caracterizavam-se pelas suas folhas semelhantes a fitas e troncos muito desenvolvidos (semelhantes ais das atuais cicadáceas). Eram árvores de grande porte que ocupvam as florestas tropicais do final do Carbonífero. Seus fósses são encontrados em camadas de carvão. Das três famílias de Cordiatales: Cordaitaceae, Pityaceae e Poroxylaceae, as duas . últimas são, atualmente, consideradas progimnospermas, de modo que, segundo as taxonomias mais recentes, as Cordaitales passam a ter apenas a primeira família.

As pteridospermas foram samambaias com sementes, um grupo que, surgido no Carbonífero, perdurou somente até o final da Era Mesozóica.

.

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Ao longo do Período Permiano as mega-florestas de pteridófitas deram espaço às florestas de gimnospermas e surgiram as coníferas modernas. O Pangea estendia-se do pólo norte ao sul. A maior parte da superfície da Terra era ocupada por um único oceano (Panthalassa) e um mar menor ao leste (Tethys). Ao início do período, a Terra passava por uma idade do gelo, onde em regiões polares exibiam camadas profundas de gelo que ainda cobriram o Gondwana; concomitantemente, os trópicos estavam cobertos de florestas pantanosas. Na metade do período, o clima ficou mais quente e as geleiras retrocederam deixando os interiores continentais mais secos. O interior da Pangea exibia clima árido com flutuações sazonais (por falta do efeito moderador dos corpos de água). O clima seco e mais quente continuaria até o final do Permiano (Vide figuras a seguir). O final do Período Permiano foi marcado por uma extinção em massa que teria ocorrido entre os 245 e os 251 milhões

de anos antes do presente. Foi o evento de extinção mais severo já ocorrido na Terra, resultando na morte de

aproximadamente 96% de todas as espécies marinhas e de muitas espécies de vertebrados terrestres.

Essa extinção marca a fronteira entre a Era Paleozóica e a Mesozóica e teria ocorrido por emanação de metano

liberado do hidrato na base dos permafrost (tipo de solo congelado, típico das regiões periglaciais), assim como da

atividade magmática submarina.

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A Paleoautoecologia, também conhecida como Paleontologia evolutiva, enfoca os aspectos fisiológicos e anatômicos dos fósseis com vistas ao levantamento das condicionantes ambientais moduladoras das diferenciações. Embasa materialmente a teoria da evolução, levantando evidências comprobatórias com base na geocronologia e nos produtos da fóssil-diagênese, gerando documentos comprobatórios do aparecimento e da extinção de espécies, bem como da hereditariedade das variantes intra-específicas. Mendel, em 1865, discutiu os fundamentos da hereditariedade mas somente em 1925 esses foram associados ao Darwinismo, idéia que propunha que o tempo e espaço modulam as adaptações dos indivíduos, favorecendo o predomínio dos mais aptos. Posterior, o Mutacionismo Genético (ou Neodarwinismo) defende que os genes constituem a sede da hereditariedade e sua mutação produz novas linhagens, descendentes diferentes dos ancestrais. Nessa idéia as mutações seriam atribuídas às irradiações a que todos os seres vivos estão submetidos as quais geram um somatório de pequenas e bruscas modificações genéticas. Essas, moduladas pela seleção natural, geram seres com características vantajosas, mais aptos à concorrência vital. No registro paleontológico o conjunto das espécies distribui-se no tempo e no espaço como segmentos ou ramos de uma árvore que convergem para um ponto comum e pretérito. Muitas espécies são consideradas marcantes no processo evolutivo por originarem novos ramos filéticos. Neumayr denominou Série filética ao conjunto de organismos que, ao longo do tempo geram, por evolução, descendentes próprios. Denominam-se Waagenons (termo alusivo ao cientista Waagen) as etapas evolutivas de uma Série filética. Segundo Blum, espécies extintas não reaparecem. Em cada ramo filético a evolução é distinta, mas sempre ocorre por meio de mudanças mínimas (microevoluções). No registro paleontológico macroevoluções ou saltos evolutivos correspondem a hiatos de sedimentação; são, portanto, espaços de tempo sem registro sedimentar. Processos evolutivos Divergência evolutiva ocorre quando Indivíduos de um mesmo grupo de organismos é capaz de gerar adaptações morfológicas diferentes se submetido a meios distintos. (Ex. Pássaros de uma mesma espécie exibindo bicos distintos). Convergência evolutiva: Indivíduos pertencentes a grupos distintos submetidos a exigências do meio, adquirem formas similares. (Ex. Pássaros de espécies distintas possuindo um mesmo tipo de bico). Paralelismo evolutivo: Indivíduos de um mesmo grupo, apesar de habitarem meios distintos, mantêm características comuns.

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Dando início à Era Mesozóica, o Período Triássico estendeu-se de 248 até cerca de 208 milhões aap. O limite inferior do Período foi marcado por condições de sedimentação continental semelhantes as do Período Permiano. O réptil Lystrosaurus é considerado o fóssil-guia do início do Triássico. Nesse Período ainda existia o Pangea (do grego pan = toda + gea = terra) circundado pelo Panthalassa (mega oceano) que correspondia ao atual Pacífico. Ao leste do Pangea o mar de Tethys correspondia ao atual Mediterrâneo, e ao norte formava-se o proto-Oceano Ártico. Nos continentes a erosão das montanhas era intensa e os sedimentos gerados, transportados pelo vento, as chuvas e os rios, entulhavam as áreas mais baixas formando, por diagênese, muitos arenitos e folhelhos. Nas imediações do Equador o clima era mais árido, com deposição de camadas de sais (gipso e evaporitos). Os depósitos marinhos das margens continentais geraram rochas carbonáticas. Registra-se nos depósitos triássicos uma sedimentação sugestiva de que o supercontinente começava a separar-se por meio da formação de um rift (vale de falha distensiva). Em alguns casos essas distensões romperam a crosta chegando ao manto, propiciando inúmeros extravasamentos de magma básico, notáveis na Sibéria. No final do Triássico o Pangea começa a separar-se, formando o Oceano Atlântico e originando a atual configuração dos continentes. No Brasil, a separação continental gerou o sistema de rifts e bacias marginais da costa leste. Processos distensivos predominaram durante quase todo o Mesozóico, mas ao final dessa Era (no Período Cretáceo), recomeçaram as colisões na região circum-pacífica, e têm início as orogenias: norte-americana (colisão entre a placa do Pacífico e a da América do Norte) e Andina, (colisão entre a placa de Nazca e a da América do Sul). O clima interglacial propiciou as mesmas condições de sedimentação continental e mar alto do Permiano final. Nas imediações do Equador a aridez ficou registrada por depósitos de evaporitos e gipso. Concomitantemente, depósitos marinhos marginais geraram espessos pacotes de rochas carbonáticas. O final do período ocorreu sob temperaturas declinantes (Vide figuras a seguir).

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Fruto da extinção permiana, a fauna marinha triássica é pouco variada e nos continentes surgem os anfíbios modernos, os crocodilos, as cobras, os lagartos. No Período desenvolvem-se os répteis voadores e vários grupos de dinossauros. As gimnospermas (coníferas) passam a ser a flora dominante.

No Brasil os fósseis triássicos incluem foraminíferos, moluscos, crustáceos, peixes, anfíbios e plantas. Na estratigrafia nacional as unidades que registram o Triássico são as Formações Santa Maria (fósseis de tetrápodes, artrópodes, crustáceos e vegetais) e Piranbóia (macrofósseis). Em nosso território, os répteis não são os fósseis mais abundantes do período mas ocorrem em rochas da Bacia do Paraná, mormente na região sul do Brasil, onde foram encontrados remanescentes dos rincossauros, dos dicinodontes e dos cinodontes, esses fazendo parte do grupo que originou os mamíferos.

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No período Jurássico tem início uma verdadeira corrida evolucionista, os Dinossauros se tornam a espécie dominante, os dinossauros carnívoros começam a ser cada vez mais terríveis, se tornando predadores vorazes que atacavam em grupos bem armados com garras e dentes, para se defender os herbívoros tiveram que se adaptar, alguns começaram a possuir armaduras poderosas outros se tornaram enormes, os maiores seres que já andaram pela Terra. Nos ares os Pterossauros se tornam abundantes e começam a atingir tamanhos enormes e surgem as aves primitivas. Nos oceanos habitavam uma gama vasta de Répteis-marinhos, peixes como tubarões e invertebrados como amonites e belemnites. Árvores como as coníferas se tornam as mais abundantes. No Brasil o Período Jurássico é registrado nos arenitos da Formação Botucatu, unidade que constitui o maior aqüífero do planeta (Guarani). Quando a unidade foi depositada o ambiente era desértico; para muitos autores esses arenitos constituem uma deposição eólica. Na Formação Botucatu são encontrados fósseis de ostracodas, crustáceos e peixes. O final do Jurássico é marcado por muitos derrames de basalto (Formação Serra Geral) que em sua base interdigita-se com a F. Botucatu. Os derrames ocorrem concomitantemente com a separação entre a América do Sul e a África e o soerguimento dos Andes. Botucatu e Serra Geral são as formações que constituem o Grupo são Bento.

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No Cretáceo a fauna marinha não difere muito da jurássica: amonitas abundam no início, mas escasseiam e se extinguem no final do período. Vários tipos de equinodermos e braquiópodos se extinguem no final do período e os corais deixam de ser abundantes. Nos continentes os dinossauros ainda eram dominantes, mas igualmente se extinguiram no final do período. Mamíferos e aves ainda são insignificantes em número. Quanto à flora, os angiospermas (plantas com flores) se diversificam e adquirem bastante importância.

No Brasil depositaram-se ao longo do Período Cretáceo os arenitos do Grupo Bauru (também um aqüífero), rochas que constituem os substrato da região de Três Lagoas. Na região as unidades aflorantes são as Formações Santo Anastácio, Adamantina e Marília. Na base dessas ocorre a unidade Caiuá cuja categoria (Formação ou Grupo) é ainda questionada. Os arenitos Bauru são fossilíferos; neles já foram encontrados remanescentes de grandes répteis, tartarugas, moluscos, crustáceos, peixes e ostracodas, assim como restos de vegetais.

Durante o Cretáceo o planeta sofreu grandes transformações geológicas; grande parte da superfície terrestre estava coberta por mares rasos (Europa, Norte da África, Madagascar, norte da Índia, Japão, margem leste da América do Norte, México e leste da América do Sul). No início do Cretáceo havia quatro grandes áreas de terra bem próximas, e um vasto Oceano Pacífico. Essas massas consistem de América do Sul + África, Índia, América do Norte + Groenlândia + Europa (também chamada de Laurásia) e Austrália. O rift que separou a América do Sul e a África começou de sul para norte no final do Jurássico. No início do Cretáceo, o rift já estava na altura da Nigéria. A separação total se deu no Cretáceo Superior. Outros rifts separaram a Groenlândia da Europa e Madagascar da África. A Índia já havia se separado e estava em rota de colisão com a Ásia. A ligação entre as Américas do Norte e do Sul não existia por completo, sugerindo um estreito que ligava os oceanos Atlântico e Pacífico. No Cretáceo Médio tem início uma grande transgressão marinha que afeta principalmente a Europa e a América do Norte. O padrão sedimentar é semelhante ao do Jurássico (marinho de águas rasas), com ocorrências locais de fácies lacustres, deltáicas e estuarinas. Litologicamente merece menção a ocorrência de um tipo de calcário branco muito fino, conhecido como chalk. Neste período tinha início a Orogenia Alpina, representada pelo entulhamento do Mar de Thetys (bacia entre Laurásia e Gondwana), produzindo espessa pilha de sedimentos marinhos.

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Bioestratigrafia: Coexiste com as Crono, Lito e Aloestratigrafias a Bioestratigrafia, essa cujo objeto de interesse foca o conteúdo fóssil nos estratos de rocha. Nos esboços de aula, ao enfocarmos cada Período geológico sob o viés paleontológico, vimos observando, de todos os grupos orgânicos, as respectivas biozonas. Especialistas no tema, avaliam a distribuição espacial dos táxons e as respectivas morfologia, abundância relativa e estágio evolutivo.

Constituem biozonas exclusivamente estratos sedimentares ou metassedimentares que sejam fossilíferos. Diferentemente das outras categorias estratigráficas as biozonas não obedecem um ordenamento hierárquico. Quanto a espessura as biozonas podem variar de poucos centímetros até milhares de metros.

O estabelecimento de biozonas numa seção estratigráfica é denominado de zoneamento estratigráfico; esse leva em consideração a distribuição vertical dos táxons. Denomina-se acme ou epíbole o intervalo de distribuição vertical de um táxon em que o mesmo é mais abundante e ou diverso. Quanto a tipologia, pode-se reconhecer inúmeros tipos de zonas; dentre as quais destacam-se as seguintes: 1) Cenozona: é uma orictocenose distinta das mais antigas ou recentes. Deve ser denominada pela palavra Zona, seguida da designação (gênero e espécie) de dois ou mais táxons presentes na mesma. Ex. Zona Pinzonella illusa – Plesiocyprinella carinata. 2) Zona de amplitude: Corresponde ao conjunto de estratos onde existe um táxon predominante. 3) Zona de Acme ou epíbole: Biozona correspondente a um estrato ou camada onde registra-se o máximo desenvolvimento de um táxon e 4) Zona de intervalo: Corresponde ao registro sedimentar situado entre o topo e a base de duas biozonas respectivamente sub e sobrejascentes.

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Na situação A, a Zona de Intervalo registra o hiato entre a extinção de dois táxons. Em B, a Zona de Intervalo registra o hiato entre a extinção de um táxon mais antigo e o aparecimento de um mais recente. Em C, a Zona de Intervalo registra o hiato entre o aparecimento de dois táxons.

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Iniciada aos 65 Maap. A Era Cenozóica, até 2005, foi compartimentada em dois períodos, O Quaternário e o Terciário. Até então, a comunidade geológica considerava o aparecimento do homem (ao início do Terciário) como um marco cronológico importante; situação que não persiste. A geocronologia atual adota como períodos cenozóicos os Paleógeno e Neógenos com a compartimentação em diferentes épocas como exposto no quadro abaixo.

Entre os eventos cenozóicos, destacam-se o estabelecimento da geografia atual e o advento de novos padrões climáticos que, pela proximidade temporal, podem ser melhor investigados. Na figura abaixo, a geografia paleógena.

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Ao longo do Paleógeno, os mamíferos, devido ao menor tamanho corpóreo e a pequena diversidade morfológica, passaram por ampla diversificação. A extinção dos dinossauros (fim dos tetrápodes gigantes) promoveu o desenvolvimento dos grupos antes minoritários e agora remanescentes, mormente das aves (dominantes no imediato após a extinção dos grandes répteis) e dos crocodilianos terrestres. A irradiação dos mamíferos ocorreu em duas ondas; a primeira sob clima quente do inicio do Paleógeno e a segunda ao longo do neógeno mais frio. Os mamíferos primordiais tinham uma morfologia diferenciada das formas atuais, eram de porte entre pequeno e médio e de hábito mais arborícola do que terrícola. Predadores maiores e mais especializados não apareceriam até o fim do Paleoceno. Os herbívoros típicos surgiram somente ao final do Eoceno, fato atribuído à retração das florestas a qual sucedeu a extinção dos grandes répteis. As mudanças climáticas eocênicas produziram uma maior diversidade de habitat fazendo irradiar os mamíferos e gerando os atuais nichos terrestres. A separação dos continentes gerou o isolamento de vários grupos de mamíferos e a sua evolução diferenciada (varicância biogeográfica). Essa variação foi atribuída mais à geodinâmica do que aos deslocamentos naturais da fauna. As dispersões ocorreram por movimentos isolados de grupos de indivíduos por grandes distâncias tiveram como resultado extinções e irradiações. Quando o estreito de Tungai secou, os mamíferos que habitavam a Ásia invadiram a Europa. Esses dizimaram vários grupos de mamíferos locais.

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Neógeno, o segundo período da era Cenozóica, inicia há cerca de 23 milhões de anos antes dom presente. O Mioceno, sua primeira Época, perdurou até 5 Maap. O Plioceno (até 2 Maap), o Pleistoceno (até 11.000 aap) e o Holoceno (até o momento atual).

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Muitos autores posicionam essas duas últimas Épocas ainda no Período Quaternário, em 2005, substituído pela comunidade geológica. Durante o Mioceno, cordilheiras como os Pireneus, os Alpes e o Himalaia soerguiam e produziam muitos sedimentos que, depositados nas costas marinhas, geraram depósitos de petróleo. A distribuição continental, próxima a da atual, mostrava a ausência do istmo do Panamá o ora interliga as duas Américas. São exemplos da fauna dessa época:

Remanescentes do Mar de Tethys ainda separavam a Península Arábica da Eurásia. A configuração dos continentes era como exposto no esboço abaixo.

O clima glacial expande os pólos e gera um aumento da aridez. Savanas e pradarias se espalham pelo globo e as florestas tropicais restringem-se a pequenas áreas imediatas ao Equador. Paralelamente ocorrem a decadência dos elefantes, cavalos e rinocerontes e a ascensão dos bovinos, cervos e camelos como os mamíferos herbívoros dominantes. Desenvolvem-se os canídeos e felídeos (especialmente tigres de dentes-de-sabre) e dos primatas Catarrhini, prováveis ancestrais dos Hominídeos. A fauna marinha já era idêntica a atual. No tocante a flora o Mioceno é considerado a “ Idade das Ervas” pois nessa Época surgem as gramíneas. Essas, com outras herbáceas proliferaram onde o clima é quente, fazendo surgir amplas áreas de pasto com impacto na fauna herbívora.

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Plioceno O Istmo do Panamá formado há 3 milhões de anos propiciou a migração da fauna entre as Américas, bem como o fim da troca de correntes entre os oceanos Atlântico e Pacífico, o que resultou em um esfriamento das águas do primeiro, que contribuiu para o aumento das calotas polares, tanto do Ártico como da Antártida, e diminuiu o nível dos oceanos. Alguns especialistas acreditam que esta também foi a causa do inicio das glaciações do Pleistoceno.a. No velho mundo, a aproximação da África e Eurásia cria o mar Mediterrâneo. O clima mais seco e frio, as florestas tropicais continuaram a diminuir, dando espaço para pastagens e savanas nas zonas tropicais (até mesmo a atual região da Amazônia estava coberta por uma savana nesta época), além do surgimento das estepes e dos primeiros grandes desertos. No Plioceno ocorre a proliferação de muitos gêneros e incluindo os ancestrais diretos da fauna atual. Possivelmente o maior destaque desta época seja o desenvolvimento dos hominídeos no leste da África.

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Pleistoceno - Dentro e nas imediações do Círculo Polar Ártico desenvolvem-se a tundra (com solo permafrost) e a taiga. Nos antigos desertos da atual América do Norte surgem pastagens temperadas.Na África do Pleistoceno final, os seres humanos surgiram na África. Animais típicos desta época foram a rena, o urso polar e os rinocerontes lanosos. A vegetação predominante era semelhante à tundra e os desertos frios atuais onde há coberturas de musgos e líquens.

Durante o Pleistoceno o homem evoluiu à sua forma atual e, desde a África migrou via o Iemen para o restante do planeta. Holoceno O início do Holoceno marca fim de uma importante glaciação (Idade do Gelo). A época é informalmente chamada de Antropógeno, por abranger o desenvolvimento da civilização. Uma Ordem de mamíferos placentários, os Eutheria distinguiu-se pela dentição, por possuírem 5 dedos com polegar isolado. A Subordem Antropóidea abriga a Superfamília Hominoidea e essa a Família Hominidae.

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A hominização ocorre via mudança da arcada dentária, conformação da face, projeção nasal, cerebrização e minimização das cristas sagital e supra orbital.

Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Mammalia Ordem: Primates Família: Hominidae Gênero: Homo Espécie: sapiens sapiens

Essa apostila foi elaborada no âmbito do LABGEO/CPTL/UFMS, como material didático complementar para a disciplina de Paleontologia. Fonte das ilustrações (Wikipédia, 2011). Adaptação de figuras e esboços digitais elaborados no Laboratório de Geologia do CPTL/UFMS.