Livro Patrimônio - 7ºA

82

description

Lagamar: Patrimônio natural e cultural - 7ºA - Lourenço Castanho

Transcript of Livro Patrimônio - 7ºA

Page 1: Livro Patrimônio - 7ºA
Page 2: Livro Patrimônio - 7ºA
Page 3: Livro Patrimônio - 7ºA

Lagamar

Patrimônio Cultural e Natural

Page 4: Livro Patrimônio - 7ºA
Page 5: Livro Patrimônio - 7ºA

Capítulo 01 – Patrimônio de Iguape

Sumário

Introdução 7

11

Características da Região Estudada 8

Capítulo 02 – Patrimônio de Cananéia 23

Capítulo 03 – Patrimônio de Ilha do Cardoso

Conclusão

53

81

Créditos 82

Page 6: Livro Patrimônio - 7ºA
Page 7: Livro Patrimônio - 7ºA

Os alunos do 7º ano A fizeram entrevistas, filmagens, observações,

pesquisas e fotografias para entenderem e conhecerem melhor os patrimônios da região

do Lagamar, ou seja, trabalhos de investigação.

Patrimônio é um bem material ou imaterial que possui um valor

simbólico. Há diversos patrimônios, entre eles, cultural, ambiental e histórico. Esses

patrimônios estão presentes em todos os lugares, como em Cananéia, Iguape e Ilha do

Cardoso, a região do Lagamar, onde visitamos.

Introdução

Essa região engloba diversos aspectos como o linguístico, pois os habitantes têm variedade em suas falas;

histórico pela história da cidade, pois Cananéia foi a primeira vila do Brasil; biológico pois na Ilha do Cardoso existe grande

biodiversidade, e é um dos poucos lugares que preservam os cinco ecossistemas: Manguezal, Mata de Encosta, Praia, Costão

Rochoso e Restinga. As casas de Cananéia são um aspecto matemático, pois sua arquitetura está relacionada à geometria, como

o fato de algumas casas serem simétricas; a principal atividade econômica praticada pelos habitantes da região do Lagamar é a

pesca, esse é um aspecto econômico.

O objetivo desse livro é registrar os resultados e conclusões obtidas no Vale do Ribeira. E, passando de geração

para geração, preservamos uma cultura que, no futuro, pode ser extinta, mas estará registrada por meio desse livro.

Em cada ecossistema, fizemos várias pesquisas dirigidas para observar adaptações e relações entre os seres

vivos, também vendo a densidade populacional e a biodiversidade de todos os ecossistemas. Nós também realizamos

entrevistas com pessoas relacionadas com o tema escolhido, e dentre elas, fizemos filmagens, gravações e tiramos fotos.

Todas as disciplinas têm o mesmo objetivo nesse Estudo do Meio, que é buscar responder a pergunta “Por que

preservar?”, mesmo sendo matérias muito diferentes, no final chegam à mesma resposta, porém de pontos de vistas diferentes.

Este livro está estruturado de acordo com os lugares que visitamos: Iguape, Ilha do Cardoso e Cananéia.

7

Page 8: Livro Patrimônio - 7ºA

Características da região estudada

Mapa

Amanda Giannini

Giulia Gini e

Carolina Nobrega

8

Page 9: Livro Patrimônio - 7ºA

Aspectos físicos Clima

O clima predominante na área estudada (Iguape, Cananéia e Ilha do Cardoso) é o

clima subtropical, ele possui as seguintes características:

- Nas áreas de clima subtropical o verão costuma ser curto, porém com temperaturas

elevadas. Já o inverno é bastante rigoroso com baixas temperaturas.

- No inverno a temperatura média anual fica em torno de -5°C, enquanto que no verão

fica em torno de 23°C.

- A umidade relativa do ar anual fica entre 60% e 85%.

- Com relação ao índice pluviométrico anual é um índice considerado moderado.

- Podem ocorrer geadas nestas regiões durante o inverno, principalmente em áreas

mais altas.

Iguape

Em Iguape ocorreram transformações sociais em suas paisagens naturais, no entanto a vegetação predominante é a de Mata Atlântica nela

encontramos espécies como, mata de encosta, gramíneas, algumas samambaias, bromélias, etc.

Cananéia

Em Cananéia também ocorreram transformações sociais em suas paisagens, porem a região ainda é considerada um santuário

ambiental repleto de espécies da fauna e da flora, com lagunas à beira-mar, vegetação de restingas e Mata Atlântica, além de

mangues que são viveiros de peixes.

Ilha do Cardoso

A Ilha do Cardoso é uma área de preservação ambiental, praticamente 90% da área da Ilha do Cardoso é composta por Mata

Atlântica. Lá se encontram cinco ecossistemas em um único ponto: manguezal, restinga, praia, costão rochoso e mata de

encosta. Na Ilha do Cardoso existem basicamente cinco tipos de vegetação Pioneira de Dunas,Vegetação de

Restinga, Floresta Pluvial Tropical da Planície Litorânea e Floresta Pluvial Tropical da Serra do Mar.

9

Page 10: Livro Patrimônio - 7ºA

Relevo

Camilla Dam – Gabriela Velloso – Gabriel de Lucca – Ricardo Marangoni – Jose Irineu

O relevo predominante

e o das planícies e

terras baixas costeiras

que se caracterizam por

formar uma longa e

estreita faixa litorânea,

que vai desde o Amapá

até o Rio Grande do

Sul. Em alguns pontos

dessa extensão, o

planalto avança em

direção ao mar e

interrompe a faixa de

planície. Aparecem,

nesses pontos, falésias,

que são barreiras à

beira-mar resultantes da

erosão marinha.

Page 11: Livro Patrimônio - 7ºA

Patrimônio Iguape

Page 12: Livro Patrimônio - 7ºA
Page 13: Livro Patrimônio - 7ºA

Iguape é um município brasileiro do estado de São Paulo, que está localizado

no Vale do Ribeira. A palavra “Iguape” é de origem tupi-guarani e significa “água

redonda”

Tombada como patrimônio histórico, Iguape é uma das cidades brasileiras mais

antigas. Entre lendas e verdades conta-se até que a história da cidade começou

antes descobrimento do Brasil pelos portugueses, com a chegada de alguns

espanhóis na região.

Ninguém sabe o ano exato da fundação de Iguape, mas alguns historiadores dizem

que em 1537 um primeiro núcleo de espanhóis, já havia se instalado na região.

No começo do século XVI espanhóis, franceses e portugueses passaram pela cidade de Iguape. Durante muito tempo, Iguape foi um local em

que vários exploradores se dirigiam busca metais e minerais preciosos.

Devido a riqueza mineral da região, em 1635 a cidade construiu a primeira casa da moeda brasileira, a Casa da Oficina Real da Fundição de Ouro.

Com o descobrimento do ouro em outras regiões, e principalmente em Minas Gerais, Iguape entrou em declínio, voltando mais tarde, a crescer

com o desenvolvimento da indústria de navegação e com a plantação de arroz. No século XVIII a produção de arroz tornou ainda mais dinâmico o

povoamento da região, com engenhos d’agua e fazendas de arroz.

Atualmente, a maior fonte de economia de Iguape é o turismo, graças a suas paisagens naturais e os festivais religiosos como o de Nossa

Senhora das Neves e ao Senhor Bom Jesus de Iguape, festivais que fazem a cidade de Iguape receber vários turistas para assisti-los.

Victória Muszkat, Enzo Chen Alba, Maria Regina Farina,Lorenzo Uchoa, Arthur Mansur, Gian Luca e Gabriela Rezende.

Morro do Espia está localizado a 80 metros acima do nível do mar, atualmente ele

representa um dos pontos turísticos e religiosos da cidade de Iguape. Nele há uma replica do

Cristo Redentor e para chegar em seu topo pode-se utilizar uma trilha com mais de

quatrocentos degraus ou via carro. A vegetação encontrada nesse ponto é a Mata de Encosta,

vegetação rasteira e de gramíneas.

13

Page 14: Livro Patrimônio - 7ºA

Sua importância no passado foi essencial pois os colonos conseguiam ver se embarcações inimigas (como espanhóis) estavam prestes a atacar a cidade,

ou seja, era usado para a proteção da cidade.

Pode-se observar de seu topo o estuário Lagamar, Iguape, a Ilha do Cardoso, Valo Grande, Ilha Comprida.

Gabriel B. G. Santos,

Christiano A. Borges,

Leticia Candelaria,

Laura Dantas,

Gabriela Rezende,

Paula Quadros,

Caio,

Giovana e

Diego.

Valo Grande está localizado no extremo sul do litoral de São Paulo, no município de Iguape, ele foi

construído no período colonial, no século XIX no ano de 1820, a pedido de Dom Pedro II. No inicio era utilizado

para transportar mercadorias até o porto de Iguape de onde saiam com destino a Portugal, as principais

mercadorias transportadas eram: arroz, café e ouro.

No projeto inicial, ele possuía 4 m de largura por 2 km de extensão, mas devido a um erro de projeto, devido a

correnteza do rio Ribeira de Iguape ocorreu assoreamento do Valo Grande e Estuário Lagarmar, juntamente

com a erosão de suas margens, como consequência ocorreu o porto foi desativado, impossibilitando a

navegação de grande porte no rio.

A erosão de suas margens também causou um aumento na largura do Valo Grande, que passou de 4 m para

200 m, sua extensão do Valo Grande continua a mesma.

O Valo Grande também é considerado uma fronteira, pois divide o lado pobre do menos pobre da cidade de

Iguape.

João Pedro Corrêa, Arthur Dalla, Rodrigo Aarão, Rodrigo Leitão, Camilla Dam –

Gabriela Velloso – Gabriel de Lucca – Ricardo Marangoni – Jose Irineu

14

Page 15: Livro Patrimônio - 7ºA

Desenho Observação do Morro do Espia

André Sogayar Giulia Gini

Page 16: Livro Patrimônio - 7ºA

Religiosidade

A historia religiosa de Iguape sempre acompanhou o desenvolvimento político e

econômico de sua população

E difícil definir uma data especifica da fundação de Iguape lendas e fatos se

misturam: em uma entrevista que fizemos foi dito que ela foi fundada em 1502

por um fugitivo espanhol que deu o nome a cidade de 'Vila Nossa Senhora das

Neves'. A data histórica dizem que é de 1538mas o primeiro registro e de

1577do primeiro livro tombo de Nossa Senhora das Neves.

A primeira igreja da cidade foi a de Nossa Senhora das Neves em 1647 no auge

do extrativismo do ouro Iguape se transformou em um centro de peregrinação.

Em 2 de novembro do mesmo ano foi colocado no altar da igreja a imagem do "

bom Jesus". A lenta conta que um navio português ao encontrar seus inimigos

com receio de ter seus objetos religiosos profanados decidiram lançá-los no

mar. A imagem do senhor do bom Jesus foi encontrado por índios algum tempo

depois e ai foi levada a um riacho sobre o sopé do morro do espia

e foi reconsagrada como padroeira da cidade. Segundo a lenda a pedra sobre qual a imagem do bom Jesus foi banhada cresce continuamente dando

origem ao "senhor bom Jesus de Iguape "que é até hoje a segunda maior festa religiosa do estado de São Paulo depois daquela de Nossa Senhora de

Aparecida.

No ano de 1780 foi dado inicio a construção da nova igreja que envolveu toda a cidade na sua construção. Em 1856 foram levadas imagens da antiga

igreja para a nova e passou a se chamar Igreja do bom Jesus de Iguape que por sua vez em 1956 passou a ser a Basílica de Iguape. A Basílica do bom

Jesus era muito grande para a vila de Iguape além disso a construção era muito moderna para época.

A religiosidade esta muito ligada ao cidadão de Iguape principalmente a católica por que e era a única religião no período da colonização.

Entre as datas de 28 de julho e 6 de agosto Iguape e tomada por peregrinos (romeiros) que lotam a cidade para participar das missas e procissões em

louvor dos padroeiros da cidade. Todo fim de semana Iguape recebe um grande numero de turistas e estudantes mas quando acontece este grande

evento a cidade recebe quase 200. 000 visitantes que lotas as pousadas e hotéis da região.

Arthur Mansur, Camilla Dam, Gabriela Velloso

Gabriela Rezende, José Irineu e Gianluca Abrapour.

16

Page 17: Livro Patrimônio - 7ºA

“A fama do Bom Jesus” A igreja do Bom Jesus influência muito a cultura de Iguape

Quanto tempo demora para preparar a festa?

Camilla, agente começa a preparação da festa aproximadamente 3 a 4 meses antes.

É muito tempo!

É muito tempo porque na verdade a gente trabalha com o poder público. E grande

parte das atividades, por exemplo, locação de equipamentos que ultrapassam um

determinado valor ela tem que seguir todo um trame que, que a lei exige e seguir e

esse período é relativamente grande assim algumas contratações dependendo do

valor tem que ser feitas com 60 dias de antecedência pra da tempo de todo o trame

acontecer por isso agente começa com uma certa antecedência.

E todo mundo contribui, alguns moradores...?

A festa do Bom Jesus é uma festa bem popular, assim a população de uma maneira

geral. Salvo exceções obviamente que existe, mas assim gostam muito desse período,

gostam muito desse processo. Que acontece na cidade essa transformação a cidade

lotada é rola muito emprego temporário então as pessoas trabalham de alguma forma

muitos são voluntários pra, na organização da festa tanto pra Basílica quanto pra

prefeitura então na verdade há um envolvimento muito grande da população nesse

processo.

E hãm a festa então contribui pra economia né? Ela dá...

Também! Também

Muito lucro pros comerciantes

É um, é um, é um aspecto que a festa tem né? Além de da questão religiosa da

questão cultural tem também a questão econômica que permeia é, é falta alguns

ajustes ai no que desrespeita a economia assim muitas as coisas que são vendidas

aqui durante a festa do Bom Jesus elas são vendidas por pessoas que vem de fora

no período da festa, fazem as suas vendas e saem da cidade quer dizer aquele

dinheiro acaba não ficando na economia local de alguma forma os reflexos desse,

desse, desse dinheiro são muito pequenos são esses ajustes que agente tem que

fazer ao longo do tempo mas de uma forma geral também contribui para a economia

da cidade.

E... Essa festa ela sempre foi grande assim com muitos turistas ou ela...

Na verdade, festas desse tipo elas são, elas são o resultado de um processo longo

histórico né, a imagem do Bom Jesus foi encontrada em 1647 tem mais de 350 anos,

360 e pouquinhos né é, é de 1647 então ao longo desse tempo a, a fama do Bom

Jesus, de Santo Milagreiro e tudo mais ela vai se espalhando né antigamente começo

só aqui na cidade, depois a, a região vinha pra cá, o estado vinha pra cá, hoje tem

pessoas do Brasil inteiro que vem pra cá durante a festa do Bom Jesus ...

Tam...

E então e um processo de construção.

Também tem de outros países ou...

Também, também.

Só do Brasil?

Vários estrangeiros ai um pessoal grande da Argentina, do Paraguai, países próximos

aqui que cuja fama da imagem já chegou ate esses lugares.

E a festa influência muito na cultura?

Então tem alguns aspectos por um lado tem um aspecto positivo que tem uma

manutenção de uma tradição cultural que a cidade tem e, e que, e que quando

acontece a festa do Bom Jesus isso se aflora bastante assim, ou seja, você consegue

fazer com que as pessoas pensem um pouco na sua identidade na aquilo que e

importante para elas, por outro lado o grande número de pessoas que vem pra cá

entre essas pessoas existem muitas pessoas que não respeitam a cultura local, então

agente acaba perdendo alguns aspectos né, então é, a, e geralmente o, interessante

seria as pessoas que visitam o lugar vivenciarem um pouco daquele, daquele lugar

quanto mais diferente o modo de vida daquele lugar melhor pra você vivenciar,

experimentar coisas que você não, você não conhecia né, é mas agente percebe em

fluxos muito grandes assim como esse, como a festa de agosto, carnaval, festa do

Bom Jesus ou carnaval que a gente recebe um numero grande de pessoas mas, mas

entre essas pessoas existe um número também bastante considerável que não

respeita muito a, cultura local e acaba influenciando negativamente em muitas

pessoas, muitos grupos mas de uma forma geral ela serve muito pra fomentar , a

questão da cultura tradicional local é muito legal eles se sentirem importantes nesse

processo no local onde tem a imagem do Bom Jesus que pra eles foi um local que o

Bom Jesus escolheu pra vir porque não sei se vocês conhecem a lenda, a lenda do

achado da imagem quando eles acharam a imagem no mar eles tentavam, é, colocar

no mapa de Ola e tentavam levar para uma cidade chamada Itanhaém e, e a imagem

ficava absurdamente pesada eles não conseguiam tirar do lugar e toda vez que eles

falavam que iam trazer para Iguape ela ficava leve e eles vinham. E essa é uma das

historias, uma das lendas que, que permeiam essa historia do Bom Jesus então para

eles o Bom Jesus escolheu ficar aqui então é um momento de orgulho e tal então é...

Também serve para essa questão da manutenção da cultura local.

17

Nosso entrevistado é Carlos Alberto Júnior, secretário de cultura. Iguape dois de maio de 2011.

Por Camilla Nunes Dam

Page 18: Livro Patrimônio - 7ºA

E de onde surgiu esse nome Bom Jesus? Ah, Bom Jesus é Bom Jesus né, é porque é um dom é um Jesus, ele vem vestido com aquela roupa de Jesus no momento de etseuomo né que é itseohomen, quando ele aparece na sacada de priatos, no processo de julgamento quando ele vai ser crucificado, é aquele momento que bateram nele, colocaram o manto vermelho e uma coroa de espinhos estava exatamente, ele retrata esse momento, quase todas as imagens de Bom Jesus que existem, elas são exatamente desse momento. Assim, a participação dos moradores para contribuir para a festa eles ganha um dinheiro? Na verdade, eles se voluntariam, pra ajudar na organização. São muitos? Ah, tem bastante gente, envolve muita gente a festa, por exemplo, no trabalho da infraestrutura da porta da igreja para fora, acho que tem entre trânsito, segurança, fiscalização, eh, a gente tem em torno de 350 pessoas, mais as pessoas que se voluntariam, então, esses 350 são os que a gente paga pra trabalhar e tem as outras que se voluntariam também, a igreja, a basílica que tem muitos voluntários que participam na organização da fila para a visita a imagem, eh, eh em achados e perdidos, que é um número muito grande de pessoas que vêm para cá em um curto prazo de tempo, do dia 28 de julho até o dia 6 de agosto, no feriado do Bom Jesus, dia 5 é a Nossa Senhora das Neves e dia 6 é o dia do Bom Jesus, entre esses dias, costumam passar 200, 230 mil pessoas numa cidade muito pequena, isso então, então eh, eh precisa de bastante gente envolvida nesse processo. Então gera muitos empregos assim, né? Então, ah, gera, gera, os empregos temporários são grandes, as padarias, as pousadas, os hotéis, os restaurantes, quer dizer, isso acaba aumentando muito o número de pessoas durante a festa do Bom Jesus, o número de postos temporários de trabalho aumentam bastante. E, assim, você sabe um pouco da história de como surgiu essa igreja? Eh, essa daqui, então essa daqui é a mais recente que tem aqui. Sério? Eh, essa é a mais recente. Tem quantos anos? Ela foi concluída em, em 1867, mais houveram duas igrejas antes dessa, primeiro a igreja de Nossa Senhora das Neves que foi lá em Encapara, onde a cidade começou, né que foi uma vilinha que foi fundada em Encapara, em 1538, chamava Vilipeia Nossa Senhora das Neves, a Nossa Senhora das Neves é aquela imagem ali no altar, eles, eles eram espaços muito perto da barra do Ribeira, né e aí eles ficavam, eles ficavam sem proteção a ataques de piratas, e tinham pouca água potável, então eles resolveram em 1600, em 1614, aproximadamente, eles resolveram mudar a cidade de lugar, de lá para um lugar mais protegido, pro lado de cá do morro que exatamente esse que a cidade esta, a cidade mudou pra cá em 1714. Eae foi construída outra igrejinha, que é ali onde é a praça ali na frente, a igrejinha era ali no meio, ande tem

aquela cruz, a única peça que sobrou da igreja foi aquela cruz, era o cruzeiro dessa igreja, que também era matriz da Nossa Senhora das Neves. E ai veio o ciclo do arroz, as pessoas eram muito ricas aqui, e ai eles resolveram construir uma igreja maior e ai construíram A Basílica do Bom Jesus, que foi transformada em basílica há pouco tempo né que a que a, Roma reconheceu com basílica e ai a igrejinha que tinha ali na frente foi demolida, infelizmente. Mais essa daqui é a mais recente. Por que se não existiriam dois centros históricos né, esse e aquela lá que é a mais velha. Exatamente, exatamente. A assim a festa tem muita relação com a igreja? Muito, total ela depende única e exclusivamente do que acontece aqui, ah da festa é justamente a programação religiosa, a partir da programação religiosa é que que acontecem todas as outras coisas, mais a questão da religiosidade que envolve a festa e tudo mais, é a questão básica da festa. Assim, a e aqui em Iguape é, tem mais ou menos quantas influências, tem

muitas influências de outros países? Portugueses... Então aqui é Portugueses, Franceses e Espanhóis, foram os que basicamente, é foram à base, da colonização aqui. A gente fica num espaço que é limite do Tratado de Tordesilhas, se vir no mapa o Tratado de Tordesilhas ele passa bem no meio, exatamente aqui no Norte do Paraná, Sul de São Paulo, Iguape, Cananéia. Era uma terra que nem os Portugueses sabiam se pertencia aos Espanhóis, e nem os Espanhóis sabiam se pertenciam aos Portugueses, então por isso que tem pouquíssimo registro histórico do início do processo de colonização, por que não se sabia muito bem a quem essas terras pertenciam, então a gente teve aqui uma influencia muito grande dos Espanhóis e dos Portugueses. Dos Portugueses o fundador foi o Baixa réu Carlos de Fernandes, o mesmo que fundou Cananéia, né, e...o dos Espanhóis o foi o Rui Garcia de Mosqueira, que também teve alguma influencia, depois veio Theodoro Ébano Pereira que foi um uma pessoa influente que que, é , que fez todo o processo de mudança da cidade do lado e agora... E também tiveram Franceses que se você pegar a família mais tradicional do Itaquara que foi esse primeiro núcleo da cidade teve, ela tem o sobre nome Trudes, que eles foram, várias pesquisas foram feitas, com relação a essa família que é muito grande, muito antiga e Itaquara, eles tinham o sobrenome de Trudo que é um nome Francês, e de alguns navegadores que participaram, e pacaram por essa região durante o período. Então é só isso mesmo que a gente queria saber, obrigado. É mesmo? Então espero que vocês tenham gostado. Como a arquitetura das igrejas foram pensadas e construídas ? Na, verdade na época em que essa igreja foi construída, ela foi construída para substituir uma que já existia, não existia arquitetos e engenheiros naquela época, o que existiam eram mestres de oficio, eles é que faziam toda a estruturação, eles é que pensavam toda a estruturação pra construção dessas igrejas. Essa igreja em especial, a basílica do Bom Jesus, ela é uma igreja que ela veio meio que pra justi-

18

Page 19: Livro Patrimônio - 7ºA

ficar a existência dela, uma igreja desse tamanho “pruma” cidade tão pequena na época. Agente começa a perceber que o mestre de oficio teve algumas preocupações; teve a preocupação da segurança, e isso agente percebe quando você vai nos corredores de cima, você vê uma estrutura chamada Cetera sabe o que que é estrutura Cetera? Que tem aquelas flechas? Exatamente, são aquelas janelinhas estreitas que, elas estão estreitas para quem vem de fora, mas quem vem de dentro ela são mais alargadas. Isso dava uma condição das pessoas dali, ter uma visão mais abrangente e também possibilitava ações de defesa, então elas são praticamente fortes, fortes onde a população podia se esconder no caso de Então essa construção era muito avançada para aquela época? Ah, muito. Você pega, por exemplo, tem até a igreja do Rosário, aqui em Iguape também, que foi construída com a sobra dos materiais da construção da Basílica, e se você for lá, uma das coisas que mais me impressionou quando a gente foi trabalhar com o restauro daquela igreja, foi que a medida internas da igreja elas eram muito precisas. E eles não tinham muitos instrumentos pra isso naquela época. Você pega, por exemplo as medidas elas não tinham números quebrados, assim por exemplo, onde era três metros, era três metros certinho, não era três metros e quinze; três metros e vinte ou três metros e meio. Eles conseguirem chegar, a esse nível, a esse nível de aproximação de medidas inteiras sem ter instrumentos na época que possibilitassem isso, é porque eles faziam isso de uma forma muito bem pensada. Então isso é uma coisa bem legal para se levar em consideração. Desculpa outra curiosidade como é que chamava a outra igreja ? A outra igreja? Essa outra igreja? Chama igreja de Nossa senhora do Rosário dos homens pretos ela foi construída com, com sobra da construção dessa igreja, porque na época do auge do ciclo do arroz aqui em Iguape, quinze por cento da população era formada de escravos, escravos negros, que não podiam entrar. Não era permitida a entrada deles na igreja principal, que era essa daqui, aqui só entrava os senhores. Os brancos, o proprietário, então como eles construíram como escravos essa igreja, o

que sobrava de material eles construíam uma igreja para eles. Que é a igreja da Nossa senhora do Rosário dos homens pretos, uma igreja linda, que eu gosto muito. Como a religiosidade contribuiu para a cultura caiçara? É difícil a gente falar de tradição caiçara, sem falar da presença da religiosidade nesse processo, quase tudo tá ligado, se você vai falar de tradição caiçara, por exemplo, os fandangos, da dança do fandango, não se abre um baile de fandango sem antes fazer pra São Gonçalo. Não se abre uma folia sem fazer uma louvação ao divino espírito santo, então tá muito ligado a tradição caiçara com a tradição religiosa, principalmente católica, que era a única igreja que do período da colonização existia. Então a religiosidade as crenças, os contos, os causos, as lendas, todas elas tem uma presença da religiosidade, nesse universo, o que é muito legal, inclusive pra agente repensar valores, rever coisas. Mais pra nós caiçaras, pra cultura caiçara a religião tá muito ligada. Atualmente quais são as religiões predominantes aqui? Aqui em Iguape é um universo muito diverso é uma cidade predominantemente

católica, obviamente por conta da presença do Bom Jesus, por conta do próprio histórico. O primeiro nome que Iguape teve foi Filipeia de Nossa Senhora das Neves. Por conta de uma chegada de um navio estava fugindo de um navio pirata, ele conseguiu escapar, entrou na barra de capara, que era onde tinha o primeiro lucro de população Iguapense, aqui de Iguape, ele entrou nessa barra, uma barra que divide a ilha comprida daqui... da nossa cidade. Então ele entrou para se esconder ali. E o navio que perseguia passou direto e ele atribuiu isso a uma imagem que estava dentro da cabine, desse capitão, desse navio, que era uma imagem da Nossa Senhora das Neves que é aquela lá que tá no altar. Tá vendo aquela ali em baixo? Parece muito com a espanhola. Exatamente. Aquela ali é a imagem original foi atribuída esse milagre a Nossa Senhora das Neves, então ele pediu que construísse uma capela pra ela ali, naquele lugar, e ai deu origem a primeira vila de Iguape, Filipeia de Nossa Senhora das Neves. De lá pra cá veio o Achado do bom Jesus. Então tudo isso tá muito ligado, sempre. Alunos também? Alunos também. Tudo, que vem estudo de meio aqui, eles estudam historia, estudam o meio ambiente. É uma região muito rica nesse, nesses aspectos, ela sofreu pouquíssima interferência, ela ficou durante muito tempo isolada do resto do estado. Por conta de uma intervenção que aconteceu que chamava valo grande. E isso isolou a cidade do resto do estado, durante muito tempo, esse isolamento é que hoje proporcionou pra cidade uma das maiores reservas continuas de mata atlântica do mundo. Aqui em Iguape ? Aqui em Iguape. E um dos maiores, dos maiores acervos arquitetônicos de pedra argamassada do Brasil colônia. Que também tá aqui, tudo isso que vocês tão vendo então, hoje propiciam que agente receba muitos alunos pra fazer estudo de meio na cidade. Turistas das mais diversas, das mais diversas origens, muitos estrangeiros tão vindos pra cá. Mas assim a cidade recebe maior numero de turistas mesmo e de

romeiros é durante a festa do Bom Jesus de Iguape, acontece de 28 de Julho à 8 de agosto. Vem também muito brasileiro do sul? Do sul; de Santa Catarina, Paraná, São Paulo. São os principais emissores. A Igreja tem dinheiro suficiente para sustentar o ano? Como é feita essa renda? Eu posso falar com pouca propriedade em relação a isso mas a igreja tem os seus métodos de manutenção. Aqui é considerada uma paróquia relativamente rica. Porque tem uma representatividade religiosa grande isso daqui é uma basílica do Bom Jesus, são poucas as basílicas no país, uma basílica reconhecida pela santa sé, pelo papa e tudo mais. É uma paróquia grande. Não é só um padre aqui, são vários padres, tem o reitor da basílica, tem o vice reitor, tem o pároco, é um espaço diferenciado aqui dentro da região, acho que na região toda é a paróquia mais rica que tem, então eles tem as formas De se sustentar. Sem contar as contribuições que o fiéis tem, então todos os romeiros quando visitam fazem suas contribuições para manter um espaço tão grande quanto esse, seria muito necessário esse tipo de coisa, são vários funcionários. Então eles tem lá as formas de se sustentarem.

19

Page 20: Livro Patrimônio - 7ºA

Há quanto tempo existe a festa do Bom Jesus de Iguape? Como fazem pra

mantê-la?

A festa do Bom Jesus, ele foi achado na praia aqui em 1647 então a presença dele na

cidade já tem mais de 350 anos. Em 1647 nesses 360 anos, a festa só foi crescendo

porque a fama de imagem milagrosa, milagreira dos milagres que aconteciam. Ela vai

se espalhando e trazendo as pessoas para cá, cada vez mais, mais e mais então hoje

no período de 28 de Julho à 8 de agosto, que é onde mesmo acontece a novena do

Bom Jesus, a cidade se vê ai uma cidade de trinta mil habitantes aproximadamente,

chega a receber 230 mil pessoas durante esse período

Então cabe tudo isso ?

Lógico que não. Então acontece todos os problemas possíveis, imagináveis.

Ambientais também né ?

Também, imagine como que é para uma cidade, conseguir controlar os resíduos

sólidos, o lixo que é produzido durante esse período, esse é um grande problema que

agente tem aqui, que até hoje agente não conseguiu resolver né? De que forma

agente educa as pessoas, pra primeiro tratar os resíduos sólidos de maneira

adequada, e segundo como é que agente escoa todo esse, todo essa produção de lixo

durante esse período ? Então tem mil problemas que envolve, esse processo, além de

coisas incríveis que acontece A manutenção da cultura por exemplo, da religiosidade,

você vê isso se intensificando cada vez mais e isso ajuda muito também para o

próprio Iguapense entender que seu processo histórico foi importante, é importante e

ele se vê como uma pessoa importante durante esse período isso faz muito bem para

fazer a questão, para produzir a manutenção da cultura tradicional.

O dinheiro arrecadado na festa é usado em que ?

Então, tem dois aspectos, tem dinheiro que é arrecadado na festa aqui dentro da

basílica, que a destinação cabe a basílica decidir né? Não sei exatamente como é feito

isso, como é feita a administração desse... Desse dinheiro. É... Depois tem o dinheiro

que é arrecadado lá fora, a questão do comércio, a questão da.. da... né ? Dos

espaços pra... pra comercio e tudo, e tudo mais. O dinheiro que é arrecadado lá fora

eu posso falar sobre ele, que é empregado na própria estrutura da festa e o excedente

disso geralmente a prefeitura compra ambulância, caminhão de lixo, né ? Coisas é...

São investidas nessas coisas o dinheiro arrecadado lá fora.

Quanto tempo demora pra preparar a festa ? Quanto dura a festa ?

Então a festa dura do dia 28 de Julho até o dia 8 de agosto né ? Aproximadamente 10

dias né ? São os nove dias da novena, ele acaba ultrapassando um pouquinho chega

a dez dias de festa. Mas a preparação agente tem feito em 90 dias de antecedência, 3

meses de antecedência, com 3 meses de antecedência agente já tem mais ou menos

desenhado todo o esquema da festa, como vai funcionar, de que forma vai ser...

Quem são as empresas envolvidas no processo, porque tem questões legais também,

com antecedência, as listas, por exemplo dos serviços e tudo, são feitas com

bastante antecedência.

Tá... Quer dizer que também tem patrocinante ?

Quem tem patrocinadores ?

É que vem pra cá ?

Não exatamente, não vem direto com patrocinador.

Não patrocinador mas investidores que investem nessa festa.

Muito, muito, muitos, muitos. A parte comercial dela, da festa, quase toda é composto

pro pessoas de fora, quase toda.

Então o que você ganha no ano, você ganha em dez dias na festa ?

Alguns, em... Alguns sim, dependendo do tipo de atividade, muito comum.

Quantas pessoas precisa para preparar a festa ? Como é essa preparação ?

Então a... A preparação das comissões, ela é muito interessante, mais uma vez eu

digo tem a comissão, que organiza o que acontece aqui dentro da igreja né? E a

comissão que organiza o que acontece fora da igreja.

Você faz parte da de fora.

É... Então eu faço parte da comissão de fora e eu ajudo em algumas coisas daqui de

dentro, muitas coisas agente faz também em parceria, mas... Mas lá fora por exemplo,

agente tem envolvido na festa aproximadamente duzentas pessoas diariamente

envolvidas na preparação da festa, o que diz respeito a segurança, limpeza

manutenção, fiscalização... E ai uma... Uma comissão organizadora formada por

aproximadamente vinte e cinco pessoas, que pensam a festa e veem como ela vai

acontecer.

Pra se preparar para festa a cidade faz inúmeras manutenções, certo ?

Uhum.

Então quais são elas ?

Então, são várias preparações que a cidade tem que fazer pra... Pra festa. Tem a

parte da fiscalização, é muito legal quando você vem aqui na cidade um pouquinho

antes da festa, as pessoas estão pintando suas casas, elas querem sempre que a

cidade esteja bonita para, pra isso e tal. Então tem toda uma preparação social

também, uma preparação religiosa, por exemplo, hoje é o dia 6, Todo dia 6 é feita uma

homenagem ao Bom Jesus, porque o dia dele é o dia 6, fica tocando a música lá fora,

a noite tem uma missa muito grande aqui. Vem, gente de toda cidade pra participar.

Então a... a... O período de preparação é um período importante e ele não só se

restringe a aquele momento da festa. Ele acontece durante um bom tempo né? E

ambas as equipes já estão trabalhando, a da prefeitura já iniciou os processos de

licitatórios lá, já tá pensando em como vai ser o formato da festa. Quantas pessoas

mais ou menos agente vai esperar, quantas pessoas a cidade vai se preparar, será

que dessa vez agente consegue resolver o problema do lixo? Qual vai ser a

estratégia, vamos distribuir lixeiras na entrada da cidade, pros ônibus, vamos distribuir

panfleto, a mais se distribuir panfleto o panfleto vira lixo também, então... Então são

várias discussões que são feitas para agente tenta resolver algumas questões da

festa, que elas já começaram.

20

Page 21: Livro Patrimônio - 7ºA

O grupo acha que é importante preservar, pois se não preservarmos, no futuro não existirá mais a cultura local. O grupo também acha que

preservar é uma forma de respeitar algo muito importante para uma sociedade. O entrevistado concluiu “Existem pessoas que respeitam a

cultura local e outras que a desrespeitam e assim perdem alguns aspectos da cultura. As pessoas que respeitam acabam influenciando na

cultura. ” E ele também concluiu que a cultura é algo de muita importância. O grupo concordou que a cultura é um patrimônio históricoe por isso

devemos preservá-lo. Por isso temos o dever de respeitá-la e cuidar para que ela permaneça e ninguém pode desrespeitá-la pois Iguape tem

uma grande diversidade de cultura.

Conclusões

21

Page 22: Livro Patrimônio - 7ºA

Iguape Inglês

He is the Secretary of Culture in Iguape. His

name is Carlos. He is very cool and told us all

about the culture of Iguape .

Page 23: Livro Patrimônio - 7ºA

Patrimônio de Cananéia

Page 24: Livro Patrimônio - 7ºA
Page 25: Livro Patrimônio - 7ºA

Cananéia, uma cidadezinha pouco conhecida pelos moradores do Brasil, mas muito importante para a história brasileira pois foi lá que os

portugueses criaram uma das primeiras vilas do Brasil e foi lá que eles deixar um pouco de sua cultura natal: a maioria das construções de lá são

tombadas porque são da época dos portugueses e tem uma grande importância histórica até a igreja daquela época ainda “sobrevive” as mudanças

sociais feitas pelos homens.

A pesca é a maior fonte de riquezas da cidade é importante pois da muitos empregos aos moradores além do peixe ser uma comida típica de lá mas

depois que a ilha do Cardoso virou um Parque Estadual o número de pescaria diminuiu muito pois não podia pescar tanto quanto era possível.

Nessa pequena cidade foram entrevistados Joacir Budasz e Ademir Lisboa dois pescadores de Cananéia que nos contaram um pouco sobre a

maneira de vida de um pescador naquela cidade histórica e além da pesca nos contaram também sobre o turismo e a história daquele local.

A Pesca e o turismo em Cananéia: Reflexos do Parque Estadual

Cananéia e sua beleza: casas coloniais

Barcos de pesca no porto de Cananéia

Praça de Cananéia

Ademir e sua querida cidade de Cananéia Barcos de pesca onde Ademir trabalha A praça de Cananéia

25

Page 26: Livro Patrimônio - 7ºA

“Tem o cação e a cascada”

Joacir nos conta sobre suas experiências na pesca e

sobre a cidade em que mora

Nós entrevistamos Joacir Budasz um pescador que

nasceu em Guaratuba Paraná estudou apenas até a

5° série e hoje mora em Cananéia e trabalha como

pescador. Nasceu em 12/03/1971 e hoje nos conta

sobre o turismo e suas experiências de pesca na

cidade.

Cananéia foi a primeira cidade do Brasil fundada pelos portugueses

em 1502por que ela não recebe tanto prestigio hoje?

Porque eu acho que está faltando um bom governo mais falta um pouco

mais de responsabilidade pelos organizadores daqui precisa trazer turismo

porque aqui é uma cidade de turismo e aqui não tem como. . . O pessoal

daqui eu acho que é meio parado o prefeito talvez um pouco culpado ou

um pouco da associação da cidade um pouco culpada porque seria uma

cidade histórica e jamais pode deixar parado então tem que te

estabelecimento pra traze o turismo pra Cananéia por isso fica parado.

E o senhor acha que o turismo aqui não está legal?

Não, não, não está bem não, porque aqui é uma cidade histórica de muitos

e muitos anos atrás e falta muita organização aqui falta acho que o pessoal

praticamente quem manda aqui é o prefeito e os vereadores e não tem. . .

Se não vê nada aqui na cidade você pode ver o que seria uma praça dessa

uma arvore dessa de anos e anos é abandonada isso aqui era pra ta bem,

bem cuidado.

Muitas pessoas defendem e outras criticam o turismo de Cananéia,

qual é a sua opinião em relação a isso?

Aí a crítica talvez. . . talvez seja porque. . . muitos criticam porque talvez

Não pode se organiza e apoia e aqueles que dão valor e que falam bem é

porque moram aqui né são os estabelecimento deles aqui né eles são

obrigados a fala bem.

Muitas pessoas defendem e outras criticam o turismo de Cananéia qual é a

sua opinião em relação a isso?

Aí a crítica talvez. . . talvez seja porque. . . muitos criticam porque talvez Não

pode se organiza e apoia e aqueles que dão valor e que falam bem é porque

moram aqui né são os estabelecimentos deles aqui né eles são obrigados a falar

bem.

Você acha que no período da festa os hotéis estão prontos para receber

tantos turistas?

Não não estão. . . não tem condições

Você acha que o valo grande continua causando problemas como causava

antigamente?

Continua ainda continua causando problemas. . .

Entrevista - Pesca e Turismo

26

Page 27: Livro Patrimônio - 7ºA

Mas que tipo de problemas?

Tem vários tipos de problemas e tem alguns que a gente não pode citar.

Você acha que os espanhóis tiveram muita influência na cidade?

Não era o meu tempo... um pouco da história que eu conheço teve participações

boas.

Os espanhóis exerceram mais influências econômicas ou culturais?

Culturais, bastante culturais. Foi a descendência deles aqui, e a cultura de Cananéia

foi sobre eles.

Os passeios de barco até a ilha do Cardoso atraem muito dinheiro?

Atrai muitas ambições... que dize que atrai dinheiro

Mas o senhor acha que é bom pra cidade? Você acha que ajuda a cidade ou

mais as pessoas mesmo?

Mais as pessoas, a cidade está parada.

Isso não ajuda ?

Não

E pensando nisso, o senhor mora aqui desde quando?

Desde 1985.

E desde 85 o senhor trabalha com pesca?

Trabalho com pesca.

E o senhor começou com pesca aqui ou lá no Paraná?

Não, comecei no Paraná.

E as técnicas que vocês usavam de pesca lá são as mesmas daqui?

É na época era mesmo, mas agora como tá evoluindo... cada vez melhor.

Você pode falar um pouquinho de como era a técnica lá e como é a que vocês

usam hoje?

A técnica lá, a maioria era manual, na época que eu comecei né e hoje já é mais...

Manual como?

Mais na mão... mais serviço...

De vara, de rede...

Não, de rede, mas hoje em dia tem mais guincho, aparelhagem, tem bastante...

tecnologia.

E vocês usam... vocês saem para pescar e ficam muito... como é que é isso?

A gente sai para pescar e fica quinze dias no mar.

Vocês pescam em alto mar?

Alto mar, alto mar, fica quinze dias, o barco pesa 15 toneladas.

Quais são os principais peixes?

Pescada e cação

Como é que faz? Comercializa...

Comércio por Ceasa

Por Ceasa em São Paulo? E o barco é de quem?

O barco é do Marcio.

E não é de vocês, e como é que é isso, é de cooperativa, vocês são

funcionários?

A gente é funcionário, você sabe né, é firma.

Vocês recebem por pesca ou por mês?

Por pesca, mas a gente tem carteira assinada, trabalha certinho, mas a gente

recebe por pesca, pela mercadoria que a gente mata.

E como é que é na época que tem ali a desova, que os peixes, tão

reproduzindo...

Tem a defesa deles, no alto mar tem a defesa do cação, do anjo, do cação viola e a

raia... e dentro do rio tem o bagre, a corvina e a tainha.

O que você gosta e Cananéia que te faz morar aqui?

A cidade é... tranquila, da pra gente vive bem com a família, cria bem os filho, não

tem muita criminalidade, a gente não vê muitas..., muitos erros, é uma cidade boa

para viver com a família.

O senhor tem filhos?

Aqui em Cananéia eu tenho um, e tá nascendo outro.

E eles, o senhor quer que eles sejam pescadores também?

Não.

Por quê?

Não, não é muito bom... , é muito sofrimento no mar porque tem muitas vez que a

gente vai pro mar e não volta, e muitos amigos da gente foram e não voltaram.

E como é que sua esposa é? Você é casado?

Não, sô separado.

E os filhos, sentem muita falta?

Sentem, bastante, fica quinze dias no mar e eu tenho um filho que tá em um sítio

em Taquari e o outro que vai nasce que não me viu ainda. Aí é complicado um

27

Page 28: Livro Patrimônio - 7ºA

pouco, você sente bastante saudade, e fica difícil a convivência, da criação, pra gente dá uma boa educação, a mãe que tem que tá presente mais. E eles estudam? Estudam Já tem idade pra estudar? Já, tão estudando, graças a deus Quais são as comidas típicas de Cananéia além de peixe e frutos do mar? Comida típica? Pizzaria, feijoada... Qual a principal atividade econômica da cidade, além de pesca? Olha... só os comércios, só os comércios, mercado, padarias, lojas e mais nada. A maior fonte de renda é a pesca né, dentro de Cananéia, e o turismo, só que a pesca influi muito mais do que o turismo, dá muito mais emprego pra muita gente. E como você poderia definir a pesca? Você tem alguma relação com ela, assim, afetiva, porque o senhor resolveu ser pescador? No começo... eu achei... tipo uma aventura, mas hoje em dia... bão... assim... amorosa, porque a gente fica um pouco afastado da família, mas, agente fica um pouco longe das coisas ruim e da muito emprego pra muitas pessoas, da garantia de um alimento sadio que é o peixe. Então a pesca é boa... assim... em torno de quem gosta. E o senhor gosta ou não? Joacir: Não, não Se você pudesse você faria o que? Eu? Eu iria ser fazendeiro. Então em vez de criar bicho da água ia criar bicho da terra? Isso, tanto é que eu comprei um sítio pra começa. E dos peixes tem algum que você gosta mais? Tem o Cação e a Cascada Tem alguma música... alguma... alguma cultura relacionada a pesca, algum costume, alguma festa sobre a pesca aqui em Cananéia? A festa do mar, né. É legal porque a festa do mar é a festa do pescador e pro turismo que é mais fruto do mar. E como é esta festa? Você sabe? Tem vários tipos de opções: Tem baile, tem circo, tem compras, tipo uma feira, é dia e noite né, é bom, muito bom. E que tipo de música que toca? Bailão.

Bailão? E bailão é o que? Sertanejo?

É, é sertanejo.

E o Fandango? Toca bastante por aqui? Sê conhece o Fandango?

Não, não toca Fandango, bem pouco.

Você conhece o Fandango?

Conheço, conheço.

Você conhece alguém que toca?

Só no Paraná.

No Paraná também tem Fandango?

Tem, tem Fandango, lá é a terra do Fandango.

Lá tem mais Fandango do que aqui?

Tem, cidade é maior né.

E você já foi a algum baile de Fandango?

Já, já fui a vários.

E o senhor quer falar alguma coisa, deixar alguma mensagem sobre algo que

nós não perguntamos ao senhor?

Eu posso dizer que os alunos capricham nos seus estudos, nas suas pesquisa, e

se informam no estudo que é importante, e nunca deixam de amar uns aos outros,

de respeitar uns aos outros, que é muito importante na sociedade hoje em dia,

eles tem respeito e amor uns aos outros.

Obrigado.

Por nada.

Joacir Budasz

28

Page 29: Livro Patrimônio - 7ºA

Há quanto tempo você mora em Cananéia?

Há 20 anos.

Há festas e eventos que movimentam a cidade?

Sim, festa do mar, festa de agosto são as épocas mais...

Quais são os pontos turísticos de Cananéia?

A praça no centro é mais aqui onde estamos mesmo, muita historia foi por aqui

mesmo.

Qual o impacto do turismo na cidade?

O turismo aqui é tudo. O pessoal aqui vive mais do turismo e da pesca. Temos que

agradecer muito o turismo do pessoal.

O turismo pode ser considerado uma atividade econômica para a cidade?

Com ajudas econômicas? Sim, porque se não fosse o turismo e a pesca. E aqui não

tem muitas opções.

Então a cidade depende do turismo?

Muito, com certeza.

Há algum centro histórico em Cananéia?

Centro histórico é mais a pracinha, para tirar foto, e é o que as pessoas mais

conhecem.

Mas tem outros além desse?

O principal é esse mesmo. Pode até ter outros.

Quais são as atividades econômicas em Cananéia?

Os hotéis, por exemplo, esta influenciando muito. Esta tendo muita construção de

hotel e pousada. E aqui não

tem muita capacidade de construir muitos hotéis. Por exemplo, no verão para pegar

esse numero de pessoas que vem para a cidade.

Há interferências do culturismo na cultura da cidade, na economia?

Não interfere muito na cultura.

E na economia interfere bastante.

A transformação da Ilha do Cardoso em Parque Nacional tem alguma

interferência em Cananéia?

Aqui para nós não, porque tem que ser desse jeito mesmo se não vira bagunça.

Desse jeito esta melhor, desse jeito que esta hoje.

Entrevista com Ademir Lisboa Teixeira Ademir Lisboa Teixeira é pescador, marinheiro e mora em Cananéia

Qual a sua opinião sobre a cidade de Cananéia?

È uma cidade ótima para mim pelo menos. Me criei aqui, vivo aqui vou morrer por

aqui mesmo. E com movimento ou não, não quero sair daqui, tenho meu trabalho,

graças a Deus minha família. Quero ficar por aqui mesmo.

Porque a pesca é importante para a cidade?

A pesca é importante porque as pessoas já dependem da pesca. Dependem disso

até hoje, é um meio de sobrevivência também. A pesca é a principal atividade

econômica da cidade, se não fosse a pesca aqui muitas pessoas ficariam

desempregadas.

Quais são os feriados mais importantes de Cananéia?

Páscoa, carnaval, final de ano, esses são os mais principais que tem.

Eles têm relação com a cidade de Cananéia?

Dia 12 de Agosto nós fazemos uma profissão no mar, é data do aniversário da

cidade. Nossa senhora de aparecida, barcos enfeitados, isso é a festa de tradição.

Como é o seu trabalho?

To no barco faz 4 meses, trabalho de marinheiro, trabalhamos com passeios e

pescaria. Passeios para, ilha do Cardoso, pontal, onde aparecer nós estamos indo.

Guarujá, e pescaria a gente pesca aqui no canal quando sai de barco, ou fazemos

pescaria em alto mar também. E as pessoas alugam o barco para pesca e para

passeios.

Aqui a água é salgada?

È água salgada mesmo.

Quando tem aluguel para pesca, é aluguel para pesca esportiva ou para

pesca profissional?

Pesca esportiva, profissional não.

Na pesca esportiva tem gente que solta o peixe dependendo do tamanho ou com o

peixe maior o pessoal acaba levando.

Tem fiscalização de tipo de peixe ou quantidade que você pode pegar no

mar?

Robalo menos de trinta centímetros é obrigado a soltar no mar.

Como foi essa lição de ser pescador para ter um barco?

Na verdade eu fiz um curso na Capitania, estudei 3 meses, para me formar moço

de convés, o barco não é meu, os dois irmãos Rodson e Adicir que são os donos

do barco. E me chamaram para trabalhar com eles.

29

Page 30: Livro Patrimônio - 7ºA

Então você pesca sempre junto com eles?

Sim, nós pescamos. E é o que eu estou falando, é a pesca esportiva. Com um

grupo de pessoas que vem, mas no momento eu não estou pescando mais, mas já

pesquei 20 anos. Posso volta para a pesca ainda. Minha pescaria era no rio,

trabalhava no camarão.

O que te fez deixar de ser pescador para trabalhar no mar?

Eu falei já que queria trabalhar na pesca a minha vida inteira mas optei a isso aqui,

eu fui pro barco mesmo, porque eu me formei em uma carteira, um curso da

marinha, estudei 3 meses e me formei em moço de convés. Mas é, mais por isso

que eu estou trabalhando aqui no barco. Para esquenta a minha carteira ficar 1 ano

ai, depois me formar em marinheiro de convés. E me aperfeiçoar no meu trabalho.

E esse trabalho vai ser muito melhor do que a pesca.

O que você mais gosta nesse trabalho?

O que eu gosto muito é estar no mar, eu sempre fui um homem do mar. De estar

pescando e trabalhando no turismo.

O turismo é melhor, porque você acolhe as pessoas novas e mostra um pouquinho

do que você sabe e passa para eles.

Nas altas temporadas tem bastante passeio de barco?

Temos sim, nós não paramos dês do ano novo e vai ate a páscoa, carnaval. Muito

trabalho mesmo. Agente não para. Todos os dias estamos fazendo passeio e

pescaria, mais passeios que pescaria.

Quais são os turistas principais que vem aqui?

Vem gente de toda a parte aqui, em todo lugar do Brasil se encontra turista. São

americanos, franceses... Vem todo o tipo de turista.

Barcos velejando

Ademir Lisboa Teixeira 30

Page 31: Livro Patrimônio - 7ºA

Cananéia, uma cidade apreciada por turistas de todo o mundo, como os americanos e

os franceses, que vem conhecer seus patrimônios, como seus centros históricos e

turísticos, como a praça que visitamos, além de seus patrimônios, a cidade de

Cananéia tem suas comemorações, festas, como a festa do mar e a festa de agosto;

eventos; e feriados, como a Páscoa, o Carnaval e o fim de ano, que movimentam a

cidade. O feriado que tem relação com a cidade de Cananéia é o feriado “Profissão do

Mar”, no dia 12 de agosto, em que se comemora o aniversário da cidade.

Em Cananéia, a base da economia da cidade é a pesca, pois a cidade depende muito

da pesca, não há muitas opções de emprego na cidade, se não tivesse a pesca, muitos

habitantes de Cananéia estariam desempregados.

“A pesca é importante porque as pessoas já dependem da pesca. Dependem disso até

Conclusão

hoje, é um meio de sobrevivência também. A pesca é a principal atividade econômica da cidade, se não fosse a pesca aqui muitas pessoas ficariam desempregadas”,

conta Ademir Lisboa.

“A maior fonte de renda é a pesca né, dentro de Cananéia, e o turismo, só que a pesca influi muito mais do que o turismo, dá muito mais emprego pra muita gente”, conta

Joacir.

O turismo na cidade de Cananéia pode ser considerado uma atividade econômica, pois o turismo movimenta a cidade e interfere em sua economia. O turismo movimenta

os hotéis, as pousadas, as pescarias e os passeios de barco, gerando lucros para a cidade. “O turismo aqui é tudo”, diz Ademir.

31

Page 32: Livro Patrimônio - 7ºA

Fotomontagens

32

Page 33: Livro Patrimônio - 7ºA

33

Page 34: Livro Patrimônio - 7ºA

Arthur Dalla

34

Page 35: Livro Patrimônio - 7ºA

35

Page 36: Livro Patrimônio - 7ºA

36

Page 37: Livro Patrimônio - 7ºA

37

Page 38: Livro Patrimônio - 7ºA

38

Page 39: Livro Patrimônio - 7ºA

39

Page 40: Livro Patrimônio - 7ºA

La belleza de la plaza Cananéia

Fuimos a una plaza

en Cananéia

Es una plaza muy diversa

porque hay aspectos españoles

pero también hay aspectos brasileños, como los

árboles.

Hay una iglesia,

una iglesia 'tombada' e importante.

Hay un monumento en el centro de la plaza,

y este monumento es muy importante para

religiosidad.

Existen dos cañones muy grandes

Son muy importantes para los españoles,

de nuestra parte de la historia de los europeos en

Cananéia.

No hay mucha vegetación,

por eso no parece una plaza brasileña

parece una plaza de estilo español.

Christiano Borges, Gian Luca Abrarpour, André Sogayar,

Giovana Castro, Gabriela Rezende

40

Page 41: Livro Patrimônio - 7ºA

Una belleza de Cananéia

En la plaza de Cananéia

hay un monumento

y varias arcadas.

Hay también una iglesia

llena de plantas

y de bancos.

Y muchas personas para disfrutar

del confortable lugar

Caio Silva, Diego Daud, Felipe Monzillo, Gabriel

Santos, Lorenzo Uchôa e João Pedro Corrêa

La belleza de una plaza

Era una plaza

muy bonita, con flores,

llena de cosas bonitas y antiguas.

Allá había una iglesia

En la plaza hay un monumento con

dos cañones en su alrededor,

muchos bancos y lámparas antiguas

y !personas llenas de vida!

Laura Dantas, Luiza de Alexandria, Giulia Gini, Camilla Dam, José

Irineu Bordon, Ma. Eduarda Alves

41

Page 42: Livro Patrimônio - 7ºA

A arquitetura de Cananéia está presente em meu bairro?

Eu vi a Matemática nos meus estudos quando. . .

“percebi que a geometria tem relação com tudo, como na arquitetura das casas de Cananéia. A

simetria das casas e o alinhamento das mesmas têm relação com a formação e influências

históricas da cidade. ”(Christiano7ª A)

“estudei sobre as construções, sobre as casas simétricas e não simétricas, ao medir as proporções

entre metros, braças, lanços, lancinhos e taipas. ”(Letícia7A)

“quando nós observamos algumas casas de Cananéia. Nas casas quase todas tinham fachadas do

mesmo tamanho, usando como unidade de medida o metro e até as braças. Eu também percebi a

Matemática quando vi que algumas casas eram simétricas e outras não. ”(Caio7A)

“. . . percebi que tem muitas edificações sobre o alinhamento de rua. . ”(Camilla Dam7A)

Com essa pergunta, tivemos que abrir os olhos para perceber a Matemática no nosso cotidiano, ou seja, uma Matemática que extrapola os muros da escola e se insere

dentro de nossa casa, nosso bairro, nossa cidade, enfim, nosso universo.

Desenvolver a habilidade de observação não é uma tarefa simples. Ela requer que fiquemos atentos a tudo e a todos os detalhes que nos rodeiam.

Nossos estudos sobre a Arquitetura de Cananéia começaram quando lemos um texto que relata como as casas foram construídas no centro histórico de Cananéia.

Curiosidades foram muitas. Nos deparamos com medidas de comprimento e de área que nunca havíamos visto antes em nossos estudos. Destacamos: taipa de pilão,

braça, légua braça, quadrada, alqueire paulista, lanço e lancinho. Vimos e estabelecemos relações com o nosso sistema métrico de medidas de comprimento e de área.

Quem já imaginou observar o telhado de uma casa e verificar se é um telhado de “duas águas”? Pois bem, nós aprendemos e observamos que muitas casas em Cananéia

e em São Paulo possuem esse formato de telhado.

Fo

to:

Ca

mila

Da

m7

A

Fo

to:

Die

go

7A

Foto: Diego7A

Fo

to:

Art

hu

r M

an

su

r7A

42

Page 43: Livro Patrimônio - 7ºA

Em Cananéia vimos que as construções são feitas sobre o alinhamento da rua, porém, em São Paul, ono nosso bairro pudemos constatar que algumas

são feitas sobre o alinhamento de rua e outras não.

Afinal, o que significa ‘construções sobre o alinhamento de rua’?

Concluímos, após as nossas observações que são construções em que a frente da casa (porta e janelas) se encontra diretamente na calçada.

Fo

to:

Gia

n L

uc

a7

A

Fo

to:

Gia

n L

uc

a7

A

Ao refletirmos sobre ‘quais implicações das construções que são feitas sobre o alinhamento de rua, percebemos que. . .

“na minha opinião, o maior problema é a falta de segurança, á que a entrada da casa é na própria calçada. ”(Gabriel Santos7A)

“teria menos espaços para os pedestres andarem. . . ”(Rodrigo7A)

“não permite a existência de jardim ou área de lazer em frente a edificação. ”(João Pedro7A)

“tem pouca segurança, pode ocorrer alagamentos. . . ” (Stéfani7B)

Foto: Camila Dam7A Foto: Caio7A Foto: Rodrigo L. 7A

Construções em São Paulo feitas sobre o alinhamento de rua 43

Page 44: Livro Patrimônio - 7ºA

E a simetria? Muitas fachadas das construções são feitas de forma simétrica. Em Cananéia e em nosso bairro pudemos perceber que há fachadas que são simétricas

e outras não. Não conseguimos descobrir o porquê dessa diferença, mas temos uma hipótese: trata-se de um padrão estético.

Foto: Antonioni Fasano7A Foto: Caio7A

Efetuamos muitas medições. Tivemos que medir a fachada de uma residência em Cananéia e a nossa residência, apara verificar as relações entre braças, lanço e

lancinho.

Foto: Christiano Borges7A

a fachada da minha casa tem 21, 8 m. Esse número não representa um múltiplo de 2, 2 m. Minha residência tem

aproximadamente 9, 9 braças. Equivale a aproximadamente 3 lanços, pois há aproximadamente 9 braças

(taipas)”. (Amanda7A)

“a fachada da minha casa tem 10 metros e equivale a 4, 54 braças. Não equivale nem a um lanço e nem a um

lancinho”. (Antonioni Fasano7A)

Muitas construções de Cananéia são tombadas pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,

Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado) e percebemos que em nossa cidade há várias edificações que

também são ‘tombadas’. Ao estudarmos os porquês desses tombamentos, vimos que o que mais se destaca é

o fato da importância histórica e arquitetônica para a nossa cidade. Com os ‘tombamentos’ podemos resgatar

um pouco a memória e a história de nossa cidade e de nossas famílias. É como viajar no tempo.

Foto: Caio7A

44

Page 45: Livro Patrimônio - 7ºA

Por fim entre simetrias e telhados de duas águas. . .

. . . o que aprendemos muito foi olhar e perceber

uma série de conceitos que estudamos na sala de

aula presentes em Cananéia e em nosso bairro.

Observar as construções que estão presentes em

nosso bairro, nos fez ver como, muitas vezes, não

percebemos detalhes que estão presentes nos

livros e sequer fazíamos relação com a nossa

realidade.

Fo

to:

Gia

n L

uc

a7

A

Page 46: Livro Patrimônio - 7ºA

Música e Dança Fandango

No estudo do meio, fizemos entrevistas com fandangueiros, para

aprender sobre patrimônio.

O fandango é uma importante parte da cultura caiçara. Esse estilo

musical é originalmente de Portugal, mais foi, aqui no Brasil, adaptado a

nossa cultura. A música já está há muitos anos entre os caiçaras, por

meio da tradição oral.

Antigamente era praticado pelos caiçaras após um mutirão, que é uma

plantação em conjunto. Para agradecer os outros, o dono das terras

fazia uma grande festa, com comida e muita musica.

Nessas entrevistas os fandangueiros Joaquim, Beto, Pedro e João

Firmino falaram sobre como o fandango veio para o Brasil, sobre a

conexão que a música tem com os moradores, com a cultura e com

suas próprias vidas. Falam também sobre onde e como aprenderam a

tocar e sobre sua banda.

46

Page 47: Livro Patrimônio - 7ºA

Há quanto tempo você faz essa música?

Desde criança, com a idade de 8 anos eu já acompanhava o toque do fandango,

tocando viola, cavaquinho, pandeiro e caixinha. Acompanhava o Fandango com meus

pais.

De quando e onde surgiu essa dança?

Essa dança é muito antiga,quando eu nasci já conheci a dança do Fandango. Diziam

os mais velhos, que o Fandango veio da Europa, Veio da Espanha e de Portugal e

aqui originou-se com a dança que já existia por aqui.

Você sabe quando que começou?

Essa data eu não sei, mas é muito antiga. Logo depois da descoberta de Cananéia já

foi começado essa dança do Fandango aqui.

Da onde veio o nome Fandango?

O nome Fandango, diz a história que o Fandango, é uma dança barulhenta, então é a

única dança que existia naquela época, não tinha

outro tipo de diversões, então o Fandango eles faziam o quê?

Eles faziam mutirões, ajutórios para preparar uma roça, por exemplo, não sei se você

conhece, roça para plantar arroz, milho, rama. Então, eles se reuniam em 20,30

pessoas num dia para fazer

uma roça para uma pessoa e o único pagamento era o Fandango. Fandango é

essa dança que nós apresentamos para vocês ou vamos apresentar para

vocês. Essa dança era o pagamento do trabalho daquele dia que todo mundo junto

fazia o mutirão, que eles chamavam, né.

Então foi assim que começou a dança do Fandango naquela época.

E tem algum limite de idade?

Não, não tem .A dança, começa, como eu falei para você, eu comecei o Fandango,

quando eu comecei a entender as coisas, já comecei a tocar e já comecei a dançar. E

até hoje, eu estou com 70 anos e estou tocando, estou dançando, estou cantando,

estou brincando o Fandango.

Essa dança teve alguma influência espanhola ou portuguesa?

Teve, porque na época, quando começou essa dança, aqui em Cananéia,

principalmente aqui em Cananéia, que é a história que eu conheço é daqui de

Cananéia. Então, o povo que veio morar em Cananéia,30 por cento do povo, morava

na cidade e 70 por cento morava nos sítios, cultivava uma terras, fazendo plantações.

Entrevista - Fandango

Fandango é uma música vinda de Cananéia com muita historia no passado.

Nessa entrevista você irá saber, a historia completa do grupo Fandango. Quando começou, porque começou.

(entrevista feita dia 3/05/11, Cananéia, Hotel Golfinho Plaza )

Então esse povo que morava nos sítios, nas terras, cultivavam as terras de plantações,

é esse povo que se reuniu em mutirões para fazer os trabalhos de dia e à noite e o

pagamento era o Fandango. E o Fandango também, existia como uma diversão para

Carnaval. Eram 4 noites de Fandango de Carnaval, nas festas de aniversário, noite, era

noite de Fandango. Qualquer tipo de festejo que tinha dos padroeiros naquele tempo,

cada bairro tinha um padroeiro, festa do padroeiro, também existia a dança do

Fandango, como uma das diversões; era a única das diversões que tinha para o povo

simples, que moravam, eram um povo caiçara, que moravam e trabalhavam na lavoura

era o Fandango.

Precisa ter algum preparo físico para fazer as danças?

Olha algumas, sim. Porque nós temos a dança rufada, que dizem. A dança rufada,

naquele tempo. Hoje, nós chamamos a dança batida. Naquele tempo era dança rufada.

Rufada o que é? Era um tamanco de madeira, fazia só a sola com couro em cima, um

tamanco de madeira, para o pessoal bater aquilo no assoalho, na tábua de canela, de

lei, para bater aquilo ali. Então precisava ter um pouquinho de sustância para aguenta

bater uma dança daquela inteira,20,30 minutos. Precisava ter um pouquinho de

sustância nas pernas. E até hoje, ainda tem, o Beto mesmo, tem um grupo de dança

batida, que até hoje dança batida. Só que ele não trouxe hoje. Só que ,é interessante, a

professora deveria ter pedido para mostrar o que era o que era dança rufada. Fandango

rufado. Então era cansativo, precisava ter um .. .

Tem alguma roupa específica?

Não, cada grupo, agora, cada grupo de dança de Fandango, eles tem um grupo,

conjunto de roupa de camisa, com o nome do grupo, igual ao grupo que nós tocamos,

que é grupo Esperança, do Beto, é grupo Esperança. Então a camisa tem o nome do

grupo, que está nas costas dele está o nome do grupo.

Tem algum mínimo de pessoas necessárias?

O nosso grupo é com 6 pessoas, composta com 6 pessoas, hoje está faltando uma, o

rapaz não pode vir, estava com problema da saúde e não pode vim. Está faltando um que toca cavaquinho. Então, o grupo certo é 6 pessoas. O mínimo é 6?

o mínimo é 6. Tem um máximo também? Só pode ter até esse número ou 6 é o número certo?

Não, pode ter mais, mas só que não precisa. Não tem necessidade de mais pessoas

para tocar, né.

47

Page 48: Livro Patrimônio - 7ºA

Qual a importância do Fandango?

A importância do Fandango....é como eu já comecei falando, o Fandango para nós,

era uma dança que estava ficando pedida, porque, no começo como eu falei para

vocês, a gente usava o Fandango, como pagamento de um trabalho, de um mutirão.

Depois o pessoal foi saindo de trabalhar nas terras, foi mudando para a cidade e o

fandango ficou um pouco esquecido, ficou um pouco parado, porque o pessoal que

trabalhava na lavoura, veio todo mundo para a cidade e foi se espalhando, como se

diz, se dispersando e ficou um pouco perdido, né. Com o ocorrer do tempo, a gente

que estava aqui, que tinha essa origem do Fandango, que tinha essa tradição que não

deixar perder, que não queria deixar acabar, começou formar, reunir-se um grupo que

sabia tocar e cantar e formar grupos, como esse grupo. Até o Beto pode falar, quer

que ele responda um pouco do grupo para você?

Troca de entrevistado.....

Qual a importância do Fandango? O que veio acontecendo com o Fandango, modernizou os instrumentos, aí veio o

teclado, veio esse outro tipo de instrumento...aí o que aconteceu, a viola, essa viola de

aro, são fabricados de caxete, você devia fazer essa pergunta, material do que ela é

feita ,aí ela foi para parede, ser pendurada como um enfeite. Só que aí em 2000,acho

que foi 2001, veio uma pessoa e tentou fazer o ressurgimento desse Fandango.

Então esse Fandango morreu como ele falou, foi e acabou. Praticamente ele ficou

deteriorado e acabou. E aí essa pessoa veio, que não é daqui, ele tem o nome por

apelido de Limonada, e aí ele reuniu nós, e fomos formando um grupo e esse grupo

veio vindo. Mas existe um negócio que é fundamental, você sabe o combustível desse

Fandango que hoje nós tocamos...nós vamos tocar para você ver, se tiver

oportunidade vocês verem, as pessoas mais importantes acima de Deus ,abaixo de

Deus, são vocês. Porque graças a Deus, aos professores, aos monitores e a vocês que o Fandango está vivo. Porque pela cultura nossa de Cananéia, ele já tinha

ido. Já tinha se acabado.

Como os instrumentos são feitos? Isso aqui é feito por um artesão, que ele sabe quando cortar a madeira, ele sabe fazer de tudo. Aí o que aconteceu, chegou uma época que não podia mais cortar a madeira. Até isso foi proibido. Aí veio a lei ambiental e não é você chegar ali no quiosque ou em outro lugar e ver a viola lá pendurada e comprar. Você pode ir lá e comprar uma viola, o cara vai te contar a história, as vezes ele não vai te contar a história verdadeira. A história verdadeira muitas vezes, o artesão que está lá no sítio, eu, ele, sabemos quem é. As vezes nem o dente da boca ele não tem. E ele vai lá, já aconteceu isso.

Como os instrumentos são feitos?

Isso aqui é feito por um artesão, que ele sabe quando cortar a madeira, ele sabe fazer

de tudo. Aí o que aconteceu, chegou uma época que não podia mais cortar a madeira.

Até isso foi proibido. Aí veio a lei ambiental e não é você chegar ali no quiosque ou

em outro lugar e ver a viola lá pendurada e comprar . Você pode ir lá e comprar uma

viola, o cara vai te contar a história, as vezes ele não vai te contar a história

verdadeira. A história verdadeira muitas vezes, o artesão que está lá no sítio, eu, ele,

sabemos quem é. As vezes nem o dente da boca ele não tem. E ele vai lá, já

aconteceu isso. Ele vai cortar a madeira e dá de cara com o guarda florestal e ele , é

principalmente o que aconteceu com ele, por ele ser pobre, ele é injustiçado.se ele

fosse rico, ele não ia lá no mato cortar madeira, mandava outro cortar. Como ele é

pobre e vai cortar ele foi até injustiçado. Todas essa coisas aconteceram por quê?

porque o cara acha que aquele, aquele caiçara lá, ele não entende de manejo, ele

entende perfeitamente quando é para cortar e quando não é para cortar. Ele entende

perfeitamente porque acima de tudo ele tem uma consciência muito bem iluminada

pelo Sol, pela Lua e por esse grande Deus. Pode ter certeza disso daí.

Vocês poderiam falar sobre os instrumento? Como eles são feito? É, o instrumento então, como eu estou te falando...nós montamos um grupo para quê? Para estar resgatando o que há de melhor. Já existe pessoas que veio entrevistar nós, aqui mesmo de Cananéia, e hoje ele tem o nome, praticamente quase no patamar mais alto. Mas se você falar para ele, campeão afina essa viola aqui...ele não vai saber, campeão....toca essa vila...ela não vai saber. Mas só que ele ,entendeu, ele conseguiu fazer com que tudo acontecesse, parasse na mão dele e ele passasse para você, que é um bom aluno, para essa moça e para outros, como era um grande conhecedor. E afinal, ele nunca passou a mão num cabo de foice ,num rabo de enxada, num cabo de machado. Nada disso ele fez, mas ele, porque viu o Sr. Joaquim falar ,viu eu falar, ele aproveitou tudo isso nosso e hoje ele fala para você como se ele estivesse feito. E é tudo mentira. Então você tome muito cuidado quando você for entrevistar alguém, principalmente dessa cidade porque aqui tem muito nego de boa lábia. Pode ter certeza também, não é Sr. Joaquim?

Entrevistado Sr. Joaquim:

É, são os atravessadores, né? Quem faz o instrumento, como o Beto já falou, mora lá

no sítio, lá num canto lá, ele fez essa viola, fez essa e fez outras e deu na nossa mão.

Por quê? Porque nós conhecemos também a história do Fandango e a história d a

viola, como foi feita de madeira, o trabalho que deu para fazer, mas vem os

atravessadores, que pegam essa viola e penduram lá para vender que nem sabem do

que é feito, como é feito. E se sabe fomos nós que contemos para ele. Então nós

temos que valorizar muito essa tradição e esse artesões que realmente fazem esse

instrumentos, que moram lá no mato, muitas vezes. Esses são os verdadeiros

artesanatos que fazem os artesãos que esses instrumentos para nós. Tem alguns que

sabem fazer também, no nosso grupo mesmo, aquele senhor que toca rabeca que

ficou lá, ele mesmo fez a rabeca dele. Eu também se eu for fazer ,com muita

dificuldade uma viola, eu faço. Porque desde criança eu vi fazer e consigo fazer. Só

que eu ,não sei, acho que é um dom da pessoa .Eu não faço, compro de outros que

fazem. Então, os instrumentos são feitos assim. Feito da madeira, vai no mato, como

o Beto já falou, corta a madeira, tira tudo em farpinhas fina, madeirinhas fina, faz a

forma, faz tudo, cola, faz um instrumento e deixa aqui. Isso não vem de fora. Isso é

feito aqui mesmo no meio do mato de Cananéia, é caiçara.

48

Page 49: Livro Patrimônio - 7ºA

Entrevistado Sr. Beto: Porque você veja só se eu fosse um desse, que gosta de

mentir, eu podia falar para você, fui eu que fiz. E até você provar o contrário? Só que

eu tenho certeza ,que é muito gratificante, deitar na minha cama hoje e para minha

pessoa, pro meu eu ,falar puxa vida, depois de 58 anos, fui entrevistado por um moço

muito digno de sabedoria, muito digno, muito digno. Não preciso eu mentir para você,

para mim ver o valor que você tem e você com certeza, vai ver, vai analisar o valor

desse homem e de eu. Mas tem pessoas que falam muito mais bonito do que nós e

nem sabe de nada .Só porque entrevistou eu ,entrevistou o Sr. Joaquim e hoje ele faz

esse repeteco de tudo e vai chegar e falar para você assim, eu fiz a viola. Negativo

campeão, não fez nada, nem afinar a viola ele não sabe ,quanto mais fazer essa aqui,

tem 80 anos .Essa aqui. E veja só com que material o cara fez e nunca descolou

,com que material ele deixou tão fininho que é capaz de furar .Vê só 80 anos atrás. A

sabedoria já era bastante elevada para aqueles que tinham as coisas como

verdadeiro. Não como mentira ,como verdadeiro. É isso daí. Então , hoje, que nem foi

uma pena que a professora não pediu para gente trazer o fandango rufado ,trazer as

mocinhas que dançam ,os rapazes que dançam. É muito bonito o fandango rufado.

Porque tamanco, na época, era o único calçado simples de por no pé, simples de por

no pé. Que era uma lasca de madeira e um couro de bicho por cima. Então quando

você punha no pé ,aí ele imite o som. Era fácil, não existia como você fazer,

confeccionar um sapato, ou qualquer coisa ou outro. Então a lasca da madeira com o

couro por cima era a coisa mais fácil de fazer. Segundo os inteligentes. por isso que é

Fandango, dança barulhenta. Quem estudou. Eu não estudei isso, mas eu fui saber

para poder estar falando para você, com pessoas sérias que tiveram tempo de

estudar. Eu nunca tive, porque desde o teu tamanho já encarava a vida, que não era

muito fácil.

Entrevistado Sr. Joaquim: E essa dança do Fandango é só aqui, no sul de São

Paulo e norte do Paraná. É de São Vicente a Paranaguá, é a dança do Fandango.

Fandango caiçara, da beira do mar. Ali do lado do Rio Grande do Sul, para aqueles

cantos para lá, já é outro tipo de dança, também é da origem deles, originou-se da

dança deles lá, é diferente da nossa dança. A nossa dança é o Fandango. A deles é

num lugar é da tia, cada um da o nome deles lá, né. Então a nossa aqui é Fandango.

É só nesse pedaço terra aqui, entre São Vicente e Paranaguá que existe a dança do

Fandango.

Entrevistado Sr. Beto: E existe uma demanda ainda entre os paranaense e os

cananiense, que eles querem saber em que porto que o primeiro Fandango

desembarcou. Então eles querem, eles dizem que é lá, em Paranaguá .Nós falamos

que é aqui. Já tem outros que falam que foi em Morretes e nós falamos que foi aqui. O

primeiro Fandango, que veio do sul da Espanha num navio negreiro, ele deve ter

chegado aqui no porto de Cananéia, acho que lá não.

Até essa demanda existe.

E aí, vamos dizer assim, hoje nós fazíamos uma festa .Nessa festa acontecia de você

gostar de uma mocinha lá, então eu ,o violeiro, falava, o cara está gostando da

mocinha, aquele era o princípio de fazer uma moda coloca uma melodia .E assim,

aconteceu essa aqui que eu trouxe para você ver. O rapaz veio no porto de Cananéia,

onde tava o primeiro navio de guerra do porto de Cananéia. Aí contou a história pro

fandangueiro lá, o fandangueiro fez a moda ,colocou a melodia, há 75 anos atrás e

nós vamos cantar para você.

Vê só como ela é:

No porto de Cananéia está dois navios parados carregados de armamento 400 mil

soldados, vieram de estacamento porque a guerra foi formada.

E entenda-me que estamos falando com a mesma para não ter modificação daquela

data pra hoje, porque, se você for colocar as palavras de hoje você vai ver, então: “o

governo alemão aliado por Japão, eles vão mandar busca 400 aviões para destruir

Cananéia , não sei se destruirá não .Minha gente que venham ver estamos no fim do

mundo, vai ver irmão contra irmão, países contra países e nação contra noção. Ainda

pretendo acabar e veja só tocar a música com uma palavra.

Daquela época não tinha nem noção do que ele falava, mas a palavra foi feita.

E dessa moda, a palavra foi feita, todos os brasileiros estão ai.

Então tinha que acontecer esse fato, o cara modava e fazia a moda. E hoje depois de

80 anos, ela está aqui vivinha, só que tem essas coisas né, que tem q entender que

isso daqui é o quebra –cabeça que o cara fez, ele não ta ofendendo ninguém, de jeito

nenhum, mas essa aqui é a moda real, se a gente não usa essa frase, foi ele que fez,

e nós que usamos. Por que que veio esses navios em Cananéia , porque o telegrama

veio do Canadá , mas não era pra vim pra ca, daí diz q veio errado, porque naquela

época era tudo por telegrafo, daí falam que essas modas aconteceram por causa de

um telegrama que veio errado. Daí sobre o navio veio a musica.

Pode pergunta mais coisas porque é muito gratificante estar aqui batendo papo com

você.

Ao final da entrevista tocaram uma música para nós

sobre o que eles vieram fazer no Golfinho Plaza Hotel.

49

Page 50: Livro Patrimônio - 7ºA

Eu desde pequeno escuto

Fandangueiros contam o que é a musica fandango, tanto para eles, quanto para a cidade.

O fandango é uma musica que era frequentemente tocado pelos caiçaras, moradores de certa região em São Paulo, Ilha do Cardoso, e agora é tocada por pequenos grupos em Cananéia.

Onde e quando se originou a musica fandango? Pedro: Segundo os historiadores, que aqui vinham pesquisar sobre o fandango, esse nome dizem que vem da península ibérica, né, Portugal e Espanha, que veio aqui, as primeiras pessoas que vieram pra Cananéia, e aqui em Cananéia se organizou as comunidades aqui que moravam na ilha do Cardoso e que foram se agrupando e ia acontecendo os mutirões, né seu João? João Firmino: é Pedro: onde veio acontecendo os mutirões e ai que era a forma que acontecia os fandangos, e quando tinha uma roça, uma cavada de roça , né seu João? João Firmino: é, uma varação de canoa.

Pedro: Uma varação de canoa, então ai como não tinha pagamento, e não tinha um pagamento eles chamavam reunião o pessoal que trabalhava ao dia inteiro nessas roças e depois acontecia o fandango, né, como uma forma de pagamento desse trabalho do dia, então eles começavam ai à noite e varava a noite inteira, né, passavam a noite inteira dançando bebendo, comendo, né se João? João Firmino: é Pedro: dessa forma se enraízo aqui na nossa região, que acontece em Iguape também, no Paraná, dessa mesma forma, sendo através das manifestações, do mutirão, das comunidades que plantavam e colhiam, então sempre nesse sistema de ajuda e o fandango era sempre ocasionado desta forma Então ele sofreu muita influencia portuguesa, alias ela veio de lá? Pedro: é ele veio de lá, ele sofreu a influencia aqui, né, quando ele chegou, com a mistura do caiçara, as mudanças foram acontecendo aqui, segundo historiadores, né, porque não é uma coisa muito concreta, porque ele foi, ele é uma coisa que vai sendo passada de pai pra filho, né, então o pessoal, no momento, não, nessa parte vai passando e eles não vão, tipo, organizando as coisas, sabendo como é que veio, vai passando, vai passando e não ta registrado muito, né, mas segundo historiadores que vão pesquisando chegou se na conclusão que veio de Portugal, e se enraizou aqui, e misturou com a cultura do caiçara, e deu essa forma de musica Como vocês acham que a musica fandango influencia na cultura do caiçara? Pedro: Olha, ela já é uma forma de, desde quando ela começou, né, já é uma forma de, da cultura própria, por causa que veja, é um acontecimento social como, um acontecimento social com tinha mutirão, né, que as pessoas se organizavam, e foi crescendo e foi se enraizando e foi passando de pai pra filho, eu acho que é uma manifestação que já é própria do caiçara, né,

Quais são os instrumentos utilizados nas apresentações? Pedro e João Firmino: Rabeca, viola caiçara, pandeiro, caixa de folia, cavaquinho. Como é o adufo? Pedro: seria uma forma de pandeiro, é um pandeiro, mas era feito de forma artesanal e hoje em dia é muito difícil de se achar, é um pandeiro normal só que era feito com pele de animal, que na época não era proibido se caçar, hoje em dia é né, então, se usava pele de animal e com, feita artesanalmente, só que hoje em dia a gente usa mais o pandeiro e a caixa também e, os instrumentos a maioria são confeccionados com caxeta né, que é essa madeira aqui, levinha, depois você pode está vendo também Não são vocês que fazem os instrumentos? Pedro: não, os instrumentos são todos que o pessoal mesmo que confecciona, a maioria deles. João Firmino: é Pedro: a caixa de folia, a rabeca, essa rabeca foi o seu João mesmo, que pode conta pra nós, foi ele que fez, ele mesmo confecciona os instrumentos, essas outras violas que vocês vão ver depois também são confeccionadas pelos próprios artesões daqui, não são por eles que tão tocando hoje mais, pelos artesões da cidade que fazem os próprios instrumentos deles e isso vira um ciclo né, o fandango é assim a mesma pessoa que vai, que a madeira, e a caxeta, que entrega, que faz, que fabrica, que passa pros tocadores e vira um ciclo né. Esse tipo de musica se relaciona com a religião de Cananéia? E com a economia? Pedro: com a religião, não sei ela não se relaciona muito diretamente com a religião, mas antigamente com a cultura tem uma parte né, não se chama fandango, mas na verdade ela veio junto com o fandango também, que outra parte né que se chama folia de reis. Né seu João? João Firmino: é

Pedro: que tem a folia de reis e tem a bandeira do divino, que ta tendo agora em Cananéia, mas não relacionada diretamente com esse tipo de religiosidade. João Firmino: é E a economia? Pedro: economia, não, eu acho que não. Não tem muito á ver assim. Tem que ver de que ponto de vista você ta vendo economicamente As letras das musicas, geralmente, falam sobre o que? Pedro: essa parte das letras das musicas são feitas né pelos compositores, que são os nudistas né, então isso ai é uma forma que tem de o pessoal, é como se fosse

50

Page 51: Livro Patrimônio - 7ºA

jornal falado da historia do caiçara, do cotidiano do caiçara né, antigamente era assim,

do cotidiano do caiçara, como assim, por exemplo, ele via uma pescaria boa,

acontecia uma pescaria, ou uma historia que ele via lá no fandango, de um amor de

uma pessoa ou alguém .

interessado em alguém ele via então a cabeça dele era como se fosse de repente

assim ele via e falava ai mais isso da musica ai ele vai lá.

Então é bem focado no cotidiano?

Pedro: Focado no cotidiano, é como se fosse o jornal impresso do que aconteceu

naquele bairro, naquele lugar, hoje em dia né, como já não existe mais os mutirões,

então como é que é o pessoal fala muito sobre preservação, sobre as vezes

ambientais, sobre o que ta expressando hoje em dia né, como não existe mas

mutirões, é mais pra esse lado né, da preservação

Em que a musica influência na vida de vocês?

Pedro: na minha bastante, porque eu desde pequeno escuto né, porque meu pai toca

rabeca né, ele é da folia de reis, é da ramalia do divino também, então desde pequeno

eu escuto né então influência minha entranha, eu toco desde, o que?, os 15 anos que

eu acompanho meu pai pra onde ele vai, quando ele toca a rabeca com os grupos

dele eu sempre me apresento junto com ele, ele toca precursão, a rabeca, então na

verdade me influencia porque eu sempre escutei e sempre gostei do fandango, então

já tenho enraizado né, é uma coisa que você, que fica na sua cabeça, sempre então

dessa forma me marca né o fandango

Além de músicos vocês exercem mais alguma profissão?

Pedro: eu só pescador, o seu João também é, aposentado, mais é pescador.

João Firmino: pescador também.

A musica se relaciona com alguma outra cultura, tirando o caiçara? A

portuguesa seria.

Pedro: É no caso é, porque aqui ela sofreu muita influencia né, mais ela veio de

Portugal, os historiadores dizem, aqui é a nossa forma já né, virou bem tradicional

caiçara.

De onde vem o nome fandango?

Pedro: então, esse nome, segundo os estudiosos, que fandango significa dança

barulhenta

Ao longo do tempo a musica sofreu tipos de mudanças, quais foram, vocês

sabem?

Pedro: mudança, então a maioria da mudança foi na forma de que ela veio, das

melodias, que hoje em dia se preocupam muito, que o pessoal vai envelhecendo,

muda-se algumas formas, diferença de ritmo, mais rápido tem gente que prefere tocar

mais devagar, mais quase nenhuma né, continua a mesma

Como ocorreu a formação deste grupo?

Pedro: esse grupo aqui ta desde 2001 né, eu não só dês do começo deste grupo aqui,

mas seu João é, desde o começo, desde 2001 né seu João, que vocês foram pra ilha

do Cardoso

João Firmino: é desde 2000

Pedro: eles foram pra ilha do Cardoso, um senhor que veio de fora aqui que eles

fizeram um encontro para ta resgatando a cultura porque, acho que no começo dos

anos 70,teve a criação do parque estadual então esse pessoal que morava na ilha do

Cardoso teve que se retirar né, mudaram pra cidade porque não podia mais morar lá,

então como não podia mais planta, não podia derrubar, não podia mais fazer essas

puxadas de canoa, então o que aconteceu o pessoal mudo pra cidade com isso o que

aconteceu com o fandango, como agora , como esse pessoal vai se expressar a sua

cultura, como vai tocar, se não tem mais os mutirões então todo mundo pegou seu

instrumento e foi pra parede ali tocar, a partir mais ou menos do começo dos anos 90,

veio o pessoal que tentou esse resgate, invés de acontecer os mutirões teve o que

hoje acontece, muitas escolas que vem. E nisso o pessoal começou a se organizar em

grupos, não tinha mais a forma de você ir lá e convidar pessoa pro mutirão então se

reuniram em grupo pra tentar resgatar, e hoje em dia são uns 8 ou 9 grupos em

Cananéia

Como é a preparação do grupo antes das apresentações? Vocês tem alguma reza ou

algum tipo de outra coisa?

Pedro: não, não tem esse costume não.

Vocês tocam algum outro tipo de musica além do fandango?

Pedro: eu não, só fandango.

Quais instrumentos vocês tocam?

Pedro: eu toco pandeiro, toco caixa, e estou aprendendo a tocar rabeca

João Firmino: toco rabeca, cavaquinho, violão, viola.

51

Page 52: Livro Patrimônio - 7ºA

The man is working. He is collecting

rubbish.

He does this for a living.

The tractor helps him to do the work

faster.

You can see that the houses are very old.

He lives in Cananeia, a tourist spot, on the coast of São Paulo

Cananéia

52

Page 53: Livro Patrimônio - 7ºA

Patrimônio de Ilha do Cardoso

Page 54: Livro Patrimônio - 7ºA
Page 55: Livro Patrimônio - 7ºA

A Ilha do Cardoso é um grande patrimônio socioambiental Brasileiro, pois concentra uma grande biodiversidade (fauna e flora) e cultura diferenciada como a Caiçara.

Para preservar essa biodiversidade a Ilha foi transformada em Parque Estadual ( PEIC )

Os moradores da Ilha, caiçaras, tem uma cultura própria e seu modo de viver é único, eles possuem uma relação intima com os elementos naturais, um exemplo disso,

esta na pesca, se eles pescarem um peixe e ele estiver com óvulos ou se for muito pequeno, eles o devolvem para o mar, pois assim não prejudicam a pesca.

Grande parte de seus moradores foram “expulsos” da ilha após esta ter se transformado em PEIC, pois a direção do parque afirmava que os caiçaras desmatariam e

transformariam os ambientes naturais da ilha. Poucos foram os caiçaras que resistiram à pressão e permaneceram na ilha e atualmente algumas famílias retornaram a

suas antigas moradias.

A paisagem da Ilha do Cardoso apresenta pequenas construções sociais (casas) distantes uma das outras e feitas de madeira. Os poucos aparelhos eletrodomésticos são

movidos à base de energia solar (poucas funcionam devido a falta de manutenção) ou de baterias de carros.

A maior parte do território é composta por elementos naturais como a praia, a vegetação, o estuário, o costão rochoso, o manguezal, etc.

No passado a cultura caiçara dos moradores da ilha do Cardoso possuía diversos elementos que atualmente não possuem mais, tais como, mutirão (um ajudava o outro

na construção das casas, roça, caça, pesca, etc.), fandango (comemoração feita a base de musicas e danças nativas para comemorar o final do trabalho), caça, pesca,

roça, trafico de farinha, artesanato, etc.

Atualmente as atividades econômicas e culturais presentes na Ilha se resumem a pesca familiar, atividades ligadas ao monitoramento ambiental e turismo.

Gabriela Rezende e Luiza Alexandria

Caiçaras

O passado, presente e futuro do caiçarês. Os caiçaras querem definir o futuro de sua tradição oral

Desde 1500, início da colonização, os usos linguísticos brasileiros vêm se formando. Primeiro por conta da miscigenação entre portugueses e índios, depois com as

contribuições linguísticas dos negros que foram trazidos como escravos e, mais tardiamente, com as de outros imigrantes. Os caiçaras, nascidos e criados no litoral

brasileiro, fruto da união de portugueses e índios, desenvolveram uma variedade linguística muito rica, que reflete a cultura deles ligada à pesca, à caça e à agricultura de

subsistência.

Um dos locais onde ainda existe a cultura caiçara é a região do Lagamar, que fica entre o litoral sul de São Paulo e o norte do Paraná. É também no Lagamar que se

localiza a cidade de Cananeia e a Ilha do Cardoso, alguns dos lugares onde se tenta preservar a cultura caiçara.

Algo bem interessante de se observar é que a Ilha do Cardoso, há pouco tempo, foi transformada em um parque estadual, o que acabou por afetar a cultura caiçara, pois

muitos habitantes de lá foram expulsos da ilha e a pesca, principal atividade econômica deles, teve que diminuir muito para que os peixes fossem preservados,

sobretudo, os que se encontravam ameaçados de extinção ou os que estivessem na época da desova.

Com esse acontecimento, a região teve de aumentar o turismo, uma atividade econômica não tão importante para a cultura caiçara quando comparada à pesca.

Com o deslocamento forçado da ilha para as cidades próximas, como Cananeia, os filhos dos caiçaras não estão mais vivenciando o modo de viver de seus ancestrais e

estão se distanciando cada vez mais da cultura tradicional desse povo. Foi isso que levou o senhor Romeu Mário Rodrigues, um dos últimos moradores da ilha, a

escrever o Dicionário O caiçares, que contém muitas informações sobre a cultura e a variedade linguística dos caiçaras.

A iniciativa do senhor Romeu é muito válida, pois o caiçarês ficou ameaçado. Mas, a questão é: uma língua é um patrimônio histórico? É possível preservar a fala de um

povo? Sim, a língua é um patrimônio, pois ela guarda informações sobre o povo que a fala, mas não é possível preservar o modo de falar, embora seja possível registrar,

documentar, para que essa cultura imaterial possa ser consultada e valorizada.

Assim como o latim e o tupi, o caiçarês, ainda que se guardem as devidas proporções, também pode ser extinto, mas graças ao senhor Romeu e ao seu dicionário, a

cultura caiçara pode ser preservada como um patrimônio imaterial.

Arthur Dalla, Lorenzo Uchoa, Gabriel De Lucca, Rodrigo Leitão e Rodrigo Aarão e Ricardo

Sem acento, no original: RODRIGUES, Romeu Mário. Dicionário O caiçares. São Paulo: Composição Editorial, 2007.

55

Page 56: Livro Patrimônio - 7ºA

A importância de preservar uma tradição oral

Patrimônio cultural caiçara

Visitar a região do Vale do Ribeira é conhecer um ótimo lugar para entrar em contato com a cultura caiçara. O Lagamar é uma das poucas regiões em que se fala o

caiçarês, mas essa variedade linguística pode não existir mais, pois os caiçaras estão sendo aculturados.

Tudo começou com a criação do PEIC, Parque Estadual da Ilha do Cardoso, o que fez com que muitos caiçaras fossem obrigados a se retirar de suas casas, para que o

parque fosse preservado, fazendo com que muitos deixassem sua cultura ao se instalar nas cidades mais próximas.

A solução que os caiçaras encontraram para “salvar” sua cultura foi o turismo. O Fandango, que antes era uma forma de se divertir, hoje é uma forma de ganhar dinheiro.

Preconceito linguístico

As pessoas que possuem baixa escolaridade geralmente não falam de acordo com a norma padrão, pois, como não estudaram ou não completaram todos os anos de

estudo, escrevem do jeito que pronunciam as palavras. Por esse motivo, existe o preconceito linguístico, como, por exemplo, quando uma pessoa escolarizada lê uma

placa com “erros” ortográficos, ela ri e ridiculariza a pessoa que escreveu a placa.

Mas é preciso refletir, pois não existe errado na língua, desde que a intenção comunicativa se efetive, ainda que a norma padrão seja o que o próprio nome sugere, ou

seja, uma maneira de uniformizar a linguagem escrita. Ressalte-se ainda que os chamados deslizes na fala acontecem com qualquer pessoa, escolarizada ou não.

Os caiçaras têm uma variedade linguística bastante peculiar, mas algumas pessoas têm preconceito em relação ao modo como os caiçaras falam, e esse preconceito

desencadeia muitos outros como, por exemplo, os de origem social e econômica.

Alguns turistas, quando visitam a região do Lagamar, estranham a maneira como os caiçaras falam, acham alguns termos muito engraçados e acreditam que eles falam

daquela maneira porque não tiveram acesso a uma escola de qualidade, mas isso é um engano, a oralidade deles reflete a rica cultura caiçara, da qual são muito

orgulhosos.

Enquanto a língua escrita tem um padrão, a língua falada é mais flexível, é usada com mais espontaneidade, está em constante mudança, por isso não pode ser

preservada, mas é possível deixar registros escritos e gravações, como fez o caiçara Romeu Mário Rodrigues, que escreveu um dicionário com algumas palavras em

caiçarês.

Com esse dicionário, ainda que a variedade linguística dos caiçaras desapareça, teremos a memória preservada dessa cultura riquíssima que faz parte do patrimônio da

região do Vale do Ribeira.

Amanda Schwanke, Camilla Dam, Gabriela Velloso, Gabriela Rezende

Tradição oral

56

Page 57: Livro Patrimônio - 7ºA

Aspectos da Vida do Caiçara na Ilha do Cardoso O Parque Nacional da Ilha do Cardoso foi uma transformação com lados positivos e negativos. O lado bom dessa mudança foi que a biodiversidade local pode ser

preservada. Mas o lado ruim é que a cultura caiçara foi prejudicada, com os moradores sendo expulsos da ilha por um tempo, e perdendo vestígios de sua cultura.

“O termo caiçara tem origem no vocabulário tupi-guarani- CAÁIÇARA- o homem do litoral” (SAMPAIO, 1987). Ser caiçara é viver de certas atividades, tais como: a caça,

a pesca familiar, a roça, o mutirão, o fandango, o tráfico de farinha e o artesanato, e possuir uma relação íntima com a natureza.

A importância dessa cultura é que ela é um patrimônio brasileiro, pois é necessário preservá-la, para manter viva suas tradições.

A tarafa é uma rede feita pelas mãos caiçaras, que mostra uma parte da realidade desse povo, antes da ilha ser um parque, podendo ser considerado um elemento

cultural. Essa rede era mais utilizada antigamente pois é usada para pescar uma grande quantidade de peixes. O processo de pesca com o cerco começa de manha

cedo para ter sucesso na atividade. O pescador joga essa rede sobre o mar e as pontas pesadas por conter pedaços de ferro caem sobre a areia, prendendo os animais

que estiverem embaixo.

Na entrevista feita com Seu Daniel (morador da ilha), aparecem aspectos da cultura caiçara: a pesca, o trabalho na lavoura, o mutirão, a roçada, as plantações, o

fandango e a casa de farinha. Entre outros temas abordados.

“Ser caiçara é ser trabalhador..

Os Moradores da Ilha - Caiçaras

Morador da Ilha do Cardoso conta sobre sua vida e sua cultura

Essa é a entrevista que fizemos com Daniel (morador da Ilha do

Cardoso), ela explicará como é o modo de vida de um caiçara e também

o que mudou em sua cultura após a Ilha ser transformada em Parque

Estadual da Ilha do Cardoso.

Para o Sr. O que é ser caiçara?

Daniel: Ser caiçara é ser trabalhador, um cara que trabalha na lavoura.

É um trabalhão...

Quais foram as transformações que ocorreram na sua vida?

Daniel: Eu pescava... E trabalhava na lavoura também. Olha, agora não

pesco mais porque sem barco! Eu faço como o pessoal.

solto uma rede ai do lado...

O que representa o mutirão e o fandango para a cultura caiçara?

Daniel: O mutirão é uma satisfação...

57

Page 58: Livro Patrimônio - 7ºA

E o Sr. Ia muito as festas?

Daniel: No mutirão eu participava, pois era da roça, era muito bom...

O fandango também tinha, tinha muito fandango.

Quais as interferências do turismo na cultura caiçara?

Daniel: O turismo tem aqui agora, ta sendo organizado, a gente aceita tudo, né!

Não tem coisa assim não, o pessoal vem aqui do turismo com um tipo de barraca,

mas não trazem um estilo de música, é sossegado, aqui não tem nada.

O que ocorreu com a grande maioria dos moradores nativos da Ilha do Cardoso

após a transformação em parque?

Daniel: O governador que quis expulsar o pessoal daqui da ilha, organizar.

Muitos foram embora de cisma e, se sair, não ganha nada e eu fiquei por aqui

mesmo e os outros mais velhos não ficam, então... Quem era daqui foi para Cananéia

também, então fica bem pouca gente aqui.

O Sr. Ainda gosta de viver na Ilha do Cardoso? Por que?

Daniel: Se eu gosto da ilha... Gosto desse lugar.

Quais eram os métodos que vocês usavam para preservar a ilha antes

dela se tornar um parque?

Daniel: Antes do parque, tinha a lavoura, tinha também... Quando a gente

fazia uma roça para plantar, não ia cortar árvore grande, sabe.

Você tinha preocupação em ficar preservando para no futuro ainda

ter ainda esse lugar?

Daniel: Sim, a madeira que a gente plantava aqui, logo brotava

também...

Você sente falta dessa época? Era melhor antes de ser parque,

quando podia ter agricultura, fazer fandango, fazer o mutirão, poder

pescar?

Daniel: Sim... Sinto um pouco... Sinto falta.

Vocês mantiveram a mesma cultura?

Daniel: A gente, sei lá, teve um mas depois não teve jeito, teve que mudar, com o

parque.

O que o senhor sente mais falta daquela época?

Daniel: Olha, sempre plantava, sobrevivia da plantação.

É e a religião do povo caiçara é importante?

Daniel: É, porque a gente é um povo muito unido.

E o Sr. Poderia nos dizer qual é a sua religião e como você a pratica?

Daniel: É eu sou católico.

O senhor tinha a casa da farinha na época? Pode explicar um pouco

como era?

Daniel: Tinha sim. A máquina de fazer farinha, é um tipo de engenho,

aquela roda para fazer as coisas. Saía a massa da farinha ali, molhada e

tinha um cerco assim que chamada tipiti. Ali, fazia cheio daquela massa

e punha sal para coar a água. Outro dia estava seco. Aí o pessoal ia ali, depois

pegava para colocar no forno, na fornalha, tinha a boca e fazia o fogo lá dentro,

depois esquentava o forno ali em cima. Saía a farinha torrada, bem torradinha.

Além da mandioca, o que mais Senhor plantava?

Daniel: Olha, meu pai plantava milho, feijão, tinha até café, batata doce também.

Agora, sem a agricultura, aonde o senhor compra estes produtos?

Daniel: Lá em Cananéia, também não é

tudo, tem o mercado.

O Senhor acha que um dia ainda vai dar para plantar de novo aqui na ilha?

Daniel: Não sei não, do jeito que a... Acho que sem poder agora... (risadas)

Por um lado o parque foi bom para a natureza mas por outro o parque

muito isso? Daniel: Sinto um pouco.

58

Page 59: Livro Patrimônio - 7ºA

Morador e moradia

Ilha - Caiçaras

Neste Estudo do Meio tivemos a oportunidade de ver como a cultura é importante na vida caiçara, pois por meio dela eles mantém viva suas tradições e elementos

étnicos.

A tradição oral é a principal forma de preservar a cultura.

Com a transformação da ilha em PEIC (Parque Estadual da Ilha do Cardoso) muitos elementos culturais foram perdidos, pois a maioria das atividades econômicas

foram proibidas, e grande parte dos moradores foram expulsos.

Aprendemos que à necessidade de preservar para manter viva suas tradições.

Algumas considerações:

59

Page 60: Livro Patrimônio - 7ºA
Page 61: Livro Patrimônio - 7ºA

A biodiversidade da Ilha do Cardoso

Page 62: Livro Patrimônio - 7ºA

Uma das etapas do trabalho realizado no Estudo do Meio foi a visita a uma Unidade de Conservação, o Parque Estadual da Ilha do Cardoso, onde realizamos

observações e pesquisas sobre a biodiversidade encontrada nos diversos ecossistemas que visitamos.

Para compreender com maior profundidade as características da biodiversidade na região, fizemos trabalhos de observação e pesquisa dirigida, buscando

aprofundar os conhecimentos relacionados ao patrimônio Biológico da região para que pudéssemos refletir, organizar, interpretar os dados coletados e chegar a

conclusões sobre a importância da preservação da Biodiversidade.

O trabalho foi focado nos ecossistemas que visitamos nos dois dias em que fomos ao PEIC. – PRAIA, COSTÃO ROCHOSO, MANGUEZAL, RESTINGA e

MATA DE ENCOSTA.

Para cada ecossistema foram elaborados diversos tipos de procedimentos de pesquisa. Inicialmente, fizemos observações para caracterizar os ecossistemas,

seus fatores abióticos e seres vivos. Em seguida, partimos para a pesquisa dirigida, que necessita de observações mais detalhadas, procedimentos de

identificação de espécies, contagem do nº de indivíduos de cada espécie e medições. Com os resultados das pesquisas em pudemos perceber que cada

ecossistema apresenta características próprias e as espécies ali presentes estão perfeitamente adaptadas às condições do ambiente através de características

que apresentam.

Neste capítulo, explicaremos o que são Unidades de Conservação, a história da criação do PEIC e apresentaremos os procedimentos, resultados e

conclusões das atividades de pesquisa que realizamos nos ecossistemas.

62

Page 63: Livro Patrimônio - 7ºA

O que são Unidades de Conservação

Unidades de conservação são espaços ambientais que apresentam importantes características naturais e são instituídas e protegidas pelo poder público, que

tem como objetivo a preservação ou conservação do patrimônio natural.

São criadas para diminuir os efeitos da destruição dos ecossistemas. As UCs mantém a diversidade biológica, espécies ameaçadas de extinção, preservam e

restauram a diversidade de ecossistemas, promovem a sustentabilidade no uso dos recursos naturais e favorecem condições para a educação ambiental.

Se não houvesse as unidades de conservação, talvez não existisse a nossa rica biodiversidade. Porém, com a fiscalização precária dessas áreas, ainda há

invasores que atuam prejudicando o equilíbrio ambiental de regiões que deveriam ser preservadas.

O P.E.I.C. - Parque Estadual da Ilha do Cardoso

O P.E.I.C. foi criado através do decreto 40.319, no dia 3 de julho de 1962.

A conservação da região, e essencial para a preservação das espécies endêmicas. O Lagamar (local onde se localiza o PEIC) é habitado por vários animais e

plantas ameaçadas de extinção. Os principais ecossistemas encontrados na Ilha são: praia, costão rochoso, manguezal, restinga e mata de encosta.

O P.E.I.C. é formado por área coberta por Mata Atlântica. Outro motivo para ter sido criado foi a grande quantidade de espécies em extinção.

Na época da criação do parque, vários moradores nativos, os caiçaras foram expulsos da ilha, que ficou desprotegida, pois os moradores que utilizavam os

recursos de modo controlado, não estavam mais em seu ambiente.

Percebendo esse fato, o governo determinou que os nativos pudessem voltar á ilha, para praticar a educação ambiental. Para garantir a preservação o governo

estabeleceu rígidas leis, que proíbem a produção para venda e a pesca predatória.

Com alguns caiçaras morando na ilha e educando os turistas, esperamos que a cultura local, que sempre foi transmitida de geração a geração, não se perca.

63

Page 64: Livro Patrimônio - 7ºA

O solo da Praia é arenoso e úmido, a água é salgada. Devido à

ausência de vegetação de grande porte, há grande incidência de luz

O índice de decomposição é baixo, pois a maré retira toda a matéria

orgânica do solo da praia, sendo assim impossível a permanência de

seres decompositores no local.

Fatores Abióticos:

Nessa foto podemos observar a incidência de luz, o solo e a falta de

fertilidade no solo.

José Fernando de Barros Nogueira, Professor de Ciências, L.C.

Ecossistema

Praia

Vegetal

A Ipomeia é um vegetal que é encontrado na areia da praia. Seu

caule é grosso e leve. Essa adaptação permite, que quando a

maré sobe, ela flutue a não se despedace. Suas folhas são

grossas e grandes para armazenar água.

Seu nome científico é Ipomoea pescapri

Ipomeia no solo da praia

Características dos ecossistemas

64

Page 65: Livro Patrimônio - 7ºA

Animal

A estrela do mar de nove braços (Luidia senegalensis) é geralmente

encontrada em locais de baixo hidro dinamismo. Tem a adaptação de

regenerar-se quando há perda de um braço por um ato predador ou por

outras causas. Essa estrela do mar pode ser predada por outras de sua

espécie, por aves marinhas quando a maré está baixa. Suas causas de

morte são geralmente por poluição e por mortalidade acidental.

José Fernando de Barros Nogueira, Professor de Ciências, L.C.

65

Page 66: Livro Patrimônio - 7ºA

Teia Alimentar

66

Page 67: Livro Patrimônio - 7ºA

As espécies fixas do costão rochoso dependem da maré para se

alimentar, pois algumas delas se alimentam somente na maré alta.

Além disso, as rochas do costão, ao sofrerem erosão pelo impacto

das ondas, formam a areia da praia.

A praia influencia o manguezal. Pois quando a maré sobe, ela inunda

o manguezal levando matéria orgânica que se deposita em seu solo.

Além disso, diversas espécies marinhas visitam o manguezal em sua

época de reprodução, pois é um lugar seguro e com abundância de

alimento.

Relações da Praia com

outros ecossistemas

Pesquisa: Biodiversidade e densidade populacional

Com essa pesquisa, objetivamos realizar uma contagem de espécies

e indivíduos por unidade de área para avaliação da diversidade de

espécies e da densidade populacional dos vegetais da praia

Escolhemos uma área para estudo e montamos um quadrilátero

delimitando- os com barbante e varetas.

Realizamos a contagem de números de indivíduos de cada espécie

nas áreas escolhidas

Identificamos as espécies encontradas, registramos os valores

obtidos e fotografamos a área pesquisada.

Região estudada – Praia do pereirinha

67

Page 68: Livro Patrimônio - 7ºA

Espécies encontradas:

- Ipomeia: 1 individuo

- Spartina da praia: 3 indivíduos

- Palberyia: 2 indivíduos

- Violinha da praia: 5 indivíduos

A biodiversidade de seres vivos na

praia é pequena, por causa de seu

solo muito solto, salgado,

extremamente pobre em matéria

orgânica e sem capacidade de reter

água. Por ter solo arenoso só algumas

plantas conseguem sobreviver na

praia mas sempre na zona supra

litorânea. As plantas que conseguem

sobreviver a essas condições são

chamadas de plantas rasteiras; elas

tem adaptações que as ajudam a

viver. A ipomeia por exemplo possui

caules longos e raízes fortes que

permitem sua fixação nesse tipo de

solo.

Pouca biodiversidade e baixa densidade populacional – Laura D. M>

Conclusões:

68

Page 69: Livro Patrimônio - 7ºA

Ao visitarmos a praia, sempre levamos garrafas, materiais recicláveis, lixo

orgânico entre outros. Se deixados por lá, acabam indo ao mar por causa da

maré.

Quando a Ilha do Cardoso se transformou em parque começou a receber

visitas de escolas, universidades e cientistas que queriam estudar o local.

Algumas pessoas, sem ter consciência de que seus atos prejudicam o

ambiente, jogam lixo no chão, o que pode prejudicar outros ecossistemas e

animais marinhos, que podem confundir lixo com alimentos e ingeri-lo.

Consequências da intervenção

Humana na praia

Por que preservar a praia?

Porque animais marinhos e algumas plantas que vivem no solo arenoso da

praia podem ser extintos e muitos animais que usam a praia para reproduzir

por exemplo a tartaruga não conseguirá mais e suas várias espécies serão

extintas.

Devemos preservar pois esse ecossistema afeta a todos os outros, ou

seja, se a praia for poluída ela irá afetar o manguezal, a restinga, a mata

de encosta e costão rochoso e todos os seres vivos que moram nesses

locais, inclusive a nós.

69

Page 70: Livro Patrimônio - 7ºA

Ecossistema

Mata de Encosta

O solo da mata é argiloso, com alto Índice de decomposição, o que faz com que o solo seja muito fértil, pois recebe nutrientes pela decomposição

da matéria orgânica produzida pela própria vegetação. Essa é uma característica única dessa região, pois como a densidade de luz é baixa, as

plantas precisam ser altas para receber luminosidade. As plantas rasteiras possuem folhas grandes e largas, o que faz com que assimilem maior

quantidade de luz para a realização da fotossíntese.

A Mata de Encosta se encontra nas encostas dos morros e planaltos com altitude entre 50 a 900m.

Algumas características da mata variam de acordo com a altitude.

A maré não influencia na vegetação da mata de encosta, pois essa ela se localiza em um morro e isso faz com que a maré não chegue até lá. A

água do solo da Mata de Encosta é doce.

Vegetação densa da mata de encosta.

Camila Dam

Exemplares de Euterpe edulis na mata de encosta

Carolina Nóbrega

Caracterização do ecossistema

70

Page 71: Livro Patrimônio - 7ºA

Na Mata de Encosta, encontram- se, diversas espécies de árvores como Palmito Jussara, Jaborandi, Cafezinho, Guanandi, Jacarandá, Ficheiro (Guaperuvu) e

também samambaias e bromélias que ficam no topo das árvores, pois como a Mata é escura e fechada elas precisam receber luz para a sua sobrevivência.

Bromélias

Bromélia na Mata de Encosta – Camila Dam

Biodiversidade

O formato das folhas das bromélias possibilitam o armazenamento de água

para a sobrevivência nos galhos das árvores

As bromélias são plantas nativas do continente americano e estão presente

em diversos tipos de ecossistemas na natureza.

A família das bromélias é composta de três sub-famílias, com

aproximadamente 56 gêneros e 3.000 espécies.

As bromélias muitas vezes aparecem em outras circunstâncias como o

abacaxi (Ananas comosus) que é muito conhecido, e poucos sabem que é

uma bromélia.

O papagaio de cara roxa, é uma espécie animal encontrada na Mata de

Encosta.

Seu nome cientifico é Amazona brasiliensis, e está em processo de

extinção extinção.

O papagaio muda de moradia frequentemente, para fugir de seus

predadores.

Possui um bico encurvado, o qual o permite se alimentar de sementes.

Papagaio

71

Page 72: Livro Patrimônio - 7ºA

Teia Alimentar

72

Page 73: Livro Patrimônio - 7ºA

A imagem retrata o manguezal. A formação do solo

desse ecossistema depende de materiais vindos da

mata. Fernando Nogueira

A mata de encosta está

relacionada com o manguezal

devido ao fato de que os rios que

nascem nos morros, atravessam a

mata e carregam argila do

solo e matéria orgânica, que

contribuem para a formação do

solo do manguezal

Muitas espécies presentes na

mata, estão também na restinga.

As sementes de vegetais da mata

são levadas à restinga por

animais ou mesmo pelo vento e

germinam, contribuindo para a

formação da flora da restinga

Vegetação da restinga, formada em grande parte

por espécies presentes na mata de encosta

Fernando Nogueira

Relações com

outros ecossistemas

Palmitos Juçaras e Palmeiras

De: Victória Muszkat

Pesquisas dirigidas

Objetivos e procedimentos:

Para analisar as características e adaptações de espécies vegetais da Mata, escolhemos duas arvores: Guapuruvu e

Palmito Juçara.

Medimos a circunferência do tronco, fizemos uma estimativa da altura das árvores e analisamos algumas

características delas;

Resultados:

1-Guapuruvu

- Circunferência do tronco: 2,3m

- Altura: cerca de 25m

2- Palmito Juçara

- Circunferência do tronco: 0,70m

- Altura: cerca de 15m

Concluímos que, a largura do tronco não está relacionada quanto mais baixa, mais larga ela é. Também vimos que as

folhas das arvores, dependendo da altura que elas estão, elas tem cores diferentes por causa da luminosidade.

73

Page 74: Livro Patrimônio - 7ºA

Resultados:

6 Palmito Jussara

1 Jaborandi

2 Cafezinho

1 Guanandi

1 Jacarana

Foto tirada por: Camilla Dam

Na Mata de Encosta fizemos um quadrante e identificamos as

espécies que encontramos. Realizamos a contagem das espécies e

o número de indivíduos de cada espécie que existia dentro do

quadrante. No final da pesquisa, fotografamos a área estudada.

Consequências da intervenção humana

O ecossistema da mata de encosta apresenta uma grande diversidade vegetal e animal. Por esse motivo, as interferências

negativas que ocorrem podem prejudicar muitos seres vivos, pois há uma grande interdependência entre eles. O Palmito Juçara,

por exemplo, está sendo extraído indiscriminadamente pelos palmiteiros, o que está levando essa espécie a um processo de

extinção. Por ser a base de diversas cadeias alimentares da mata, sua eliminação afetará profundamente a biodiversidade.

Palmito Juçara

De: Victória Muszkat

Por que preservar o ecossistema?

Ao longo do nosso trabalho concluímos que, preservar é uma forma de respeitar algo muito importante para o planeta. Sem as

plantas, não teríamos oxigênio para respirar.

Concluímos que temos o dever de respeitar a natureza e cuidar para que ela permaneça e ninguém possa desmatá-la ou

destruí-la.

Com esse trabalho aprendemos que, o Lagamar é uma APP (Área de Preservação Permanente), pois engloba diversos

ecossistemas, além de uma importante fauna e flora. Nesses ecossistemas visitados, descobrimos que existem muitas

espécies endêmicas, e se eles entrarem em extinção, nunca mais irão existir.

74

Page 75: Livro Patrimônio - 7ºA

Caracterização do ecossistema

A restinga é um ecossistema que se localiza nas regiões litorâneas, logo acima das praias.

Possui um solo arenoso , e sua fertilidade se deve à matéria orgânica produzida pelos vegetais ali presentes.

A luminosidade na restinga, é alta pois as árvores não são muito desenvolvidas e permitem que uma

quantidade razoável de luz chegue ao solo, onde há grande quantidade de bromélias.

A água é doce, porém não muito fácil de se encontrar devido à alta permeabilidade do solo.

Entre os vegetais encontrados na restinga, existem muitas orquídeas e bromélias.

As orquídeas são plantas epífitas que sobrevivem em troncos de diversas árvores. Seu método de

reprodução é a dispersão de sementes.

Orquídeas em uma área de restinga

Biodiversidade

Entre os animais encontrados na restinga, existem muitos pássaros, como o Ramphocelus bresilius,

também conhecido como Tiê-sangue.

Uma característica que o destaca das demais aves é a coloração vermelha preta dos machos. A fêmea é

marrom. Quando jovens, não apresentam essa diferença na coloração.

Tié-sangue macho e fêmea

“Alma de gato”, ave comum na restinga da Ilha do Cardoso

José Fernando Nopgueira

A restinga é um ecossistema que apresenta grande diversidade de aves, já que abriga uma rica variedade de

árvores frutíferas.

Ecossistema

Restinga

75

Page 76: Livro Patrimônio - 7ºA

Teia Alimentar

Pesquisa dirigida

O principal objetivo da pesquisa realizada foi a análise da densidade populacional e das características de uma espécie encontrada na restinga – o

Palmito Juçara – Euterpe edulis

Procedimentos:

-Escolhemos uma área para a realização da pesquisa, montamos os quadriláteros delimitando-os com barbante e varetas.

-Identificamos os indivíduos da espécie a ser estudada.

-Realizamos a contagem do nº de indivíduos adultos em idade reprodutiva, plantas jovens, e brotos e uma estimativa da altura das plantas.

76

Page 77: Livro Patrimônio - 7ºA

Resultados e conclusões:

-7 plantas, dentre eles, 3 brotos e 4 jovens.

-O maior: 1,70m.

-O menor: 0,20m

Mapeamento da área estudada

Após a realização das pesquisas e análise dos resultados, concluímos que a

espécie estudada não se distribui de maneira uniforme no ecossistema. Nos

locais onde são encontradas, temos uma grande quantidade de indivíduos em

uma pequena área, o que significa uma alta densidade populacional.

As consequências da intervenção humana nesta área, são muito graves. Isso porque o Palmito-Juçara é muito raro e caro e por isso é procurado e “roubado” por

palmiteiros em proporções enormes. Isso, causa muitos danos para a biodiversidade da Restinga, já que os frutos do palmito servem de alimento para diversas

espécies de aves e pequenos mamíferos e a eliminação dessa espécie pode levá-los á extinção.

A importância de se preservar a restinga se deve ao fato de que sua enorme biodiversidade, que inclui muitas espécies frutíferas, influencia diversos outros

ecossistemas, através das relações alimentares que ocorrem.

Pois não só acabara com muita biodiversidade, como os sistemas relacionados a restinga ( como visto acima ) também serão prejudicados. Na restinga, também se

perderá o palmito-juçara que alimenta muitos animais, inclusive nós, seres humanos. Também se perderão muitas flores, inclusive muitas delas como as orquídeas, e

muitas outras arvores, bromélias e samambaias. Os animais perdidos também serão muitos, entre eles animais como o Tié-sangue, aranhas, cobras, e MILHÕES de

outros tipos de insetos.

Consequências da intervenção humana e preservação do ecossistema

77

Page 78: Livro Patrimônio - 7ºA

Praia

Page 79: Livro Patrimônio - 7ºA

Lorenzo Uchôa

Page 80: Livro Patrimônio - 7ºA

A man is loading his boat, and he is putting the garbage on the boat to take to Cananéia.

Maria Eduarda Queiroz

Page 81: Livro Patrimônio - 7ºA

Você acabou de conhecer alguns dos trabalhos realizados ao longo desse

trimestre.

Em todos os aspectos (social, biológico, econômico, matemático, linguístico,

histórico, geográfico) deve-se preservar. No aspecto biológico deve-se preservar os

ecossistemas porque eles tem uma grande diversidade de animais e vegetais,

tendo animais endêmicos que estão entrando em extinção; no histórico e

matemático, as casas foram tombadas para preservar as características culturas e

arquitetônicas da época em que forma construídas e a Igreja do Bom Jesus

também tem que ser preservado porque apresenta características de uma religião

muito antiga. A variedade linguística dos caiçaras tem que ser preservada, pois a

Ilha do Cardoso é o único lugar que ainda se fala o caiçares, no aspecto

econômico, tem que se preservar a maneira que eles pescam porque eles possuem

uma própria técnica de pesca, onde eles utilizam a tarrafa e o cerco.

Nós podemos concluir que o ser humano é um agente transformador, pois

ele conseguiu expulsar muitos caiçaras da Ilha do Cardoso, também conseguiu

extinguir com parte da cultura caiçara, como o mutirão, porém eles preservaram a

biodiversidade do local. Os paulistas tem um modo muito diferente dos habitantes

Conclusão

da região do Lagamar porque a maioria dos produtos de hoje em dia são industrializados diferentemente dos caiçaras que produziam para o seu próprio consumo. A maioria

dos trabalhos em São Paulo usam-se computadores e outras tecnologias. Já na região do Vale do Ribeira os computadores não são muito usados. O Parque da Serra da

Cantareira foi preservado para os seres humanos não desmatarem e não construírem mais casas e prédios ao redor, como foi feito na Ilha do Cardoso.

O livro ajuda na preservação dos patrimônios da região do Lagamar, pois ele registra, e não deixa que eles sejam apagados pelo tempo, quando os patrimônios não existirem

mais, ainda restarão os registros e lembranças presentes nesse livro.

81

Page 82: Livro Patrimônio - 7ºA

Créditos Diretor Geral

Alexandre Abbatepaulo

Diretor da Unidade

Antonio Sérgio Pfleger de Almeida

Coordenador da Série

Marcelo Luiz Caleiro e Wild Veiga

Coordenador dos Estudos do Meio

Augusto Monteiro Ozório

Equipe de Professores

Alessandra Garcia Vieira

Chrislaine dos Santos Souza

Débie dos Santos Bastos

Gisela de Azevedo Noronha

João da Silva Damásio

José Fernando de Barros Nogueira

Kadine Teixeira Lucas

Kathia Myrna Cristofani de Moura Coutinho

Leila Gonçalves Achur

Luiza Regina Branco Fernandes

Maria Aurora de Jesus Ferreira Primuk

Patrícia Pereira Figueiró

Rodrigo Lemonica Rosa

Rosely Salvitti

Tiago Mendes de Almeida