Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

41
14ª Jornada de Extensão Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011 Área Temática: Comunicação 14ª Jornada de Extensão Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011 Resumos 14ª Jornada de Extensão Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011 Cultura

Transcript of Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

Page 1: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Comunicação

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Resumos

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Cultura

Page 2: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

A INTRANSIGÊNCIA RELIGIOSA NO FILME “ O PAGADOR DE PROMESSAS”1

Elizangela do Socorro Oliveira Ferreira Lobato2

Eliene Vasconcellos Amaral

RESUMO: Este trabalho objetiva mostrar o preconceito e a intolerância religiosa na obra do dramaturgo Dias Gomes, intitulada O pagador de promessas, escrita em 1959 e adaptada pelo mesmo para cinema na década de 60. O estudo em pauta vai relatar de que maneira se processam os temas acima citados. A Bahia servira de local para a estória, por apresentar as bases do sincretismo religioso, porém No filme, a religião predominante é o catolicismo. Representado nas figuras clerical que demonstrarão como o preconceito e a intolerância estão cristalizados, e como estes atuarão sobre um homem simples, que não consegue compreender a intransigência católica diante de sua promessa. Veremos no decorrer do enredo as vantagens obtidas por aqueles que detêm o poder das palavras. O herói atuará como peça de engrenagem de um sistema que não dá vez aqueles conseguem dialogar diante de palavras que desconhece. Apesar disso, não se rende e pagará com a própria vida.

Palavras-Chave: Intransigência. Sincretismo religioso. Inclusão. Exclusão.

INTRODUÇÃO A formação da cultura brasileira apresenta antecedentes importantes. Com a chegada dos portugueses no século XV ao Brasil, eles encontraram aqui condições propícias para povoar, porém isto acabou servindo de pretexto para as futuras explorações que se fariam de forma gradativa. Era necessária mão de obra para tal objetivo. Como os nativos aqui encontrados não atendiam suas necessidades, buscaram em solo africano realizar seus interesses. Com a chegada da população negra, os europeus transformaram- nos em escravos, como fonte de lucro da metrópole. No filme O pagador de promessas(1959), de Dias Gomes(1922-1999) o dramaturgo não escolheu aleatoriamente a Bahia como cenário para abordar um tema tão discutido em torno da diversidade religiosa, pois como sabemos, foi lá que os primeiros negros se instalaram por muito tempo, segundo del Priore

Inseridos nas franjas dos centros urbanos, esses quilombos viviam um cotidiano marcado por negociações e conflitos. Como o do Orobó, o do Andaraí e o do Oitizeiro, instalados nas cercanias de Barra do Rio de Contas, e que deram algum trabalho às autoridades. Em fins do século XVII, também existiam mocambos instalados em Camamu, Cairu e Ilhéus, localizando-se numa área de mangues pouco policiada e despovoada(...)(2010, p. 67).

Com isso, a herança africana original teve de se confrontar com as concepções de diferentes origens culturais trazidas da Europa. Transformados em escravos na América, eles precisaram abdicar de sua religião. E para isso, precisaram se render aos desejos do europeu, nas suas práticas religiosas os escravos adoravam por meio dos santos católicos seus verdadeiros santos africanos, o que aos poucos foi dando origem ao que hoje recebeu o nome de sincretismo religioso. Com isso, a imposição europeia se fez dominante. Ou não seriam os europeus que tiveram de se incorporar a religião africana. Enfim, essa miscigenação de etnia é indiscutível como contribuição para a cultura brasileira. Porém, nessa junção houve perdas, porque sempre há os opressores e oprimidos. Nesse caso, os negros acabaram assumindo o segundo papel, e tiveram de refazer o modo de trabalhar sua religião aos moldes que atendessem os opressores. E a falta de compreensão da igreja católica diante desse fato histórico, a qual é bem explorada na narrativa fílmica.

MATERIAL E METODOLOGIAEm sala de aula, exibimos o filme O pagador de promessas, por meio de data-show e um aparelho de DVD.

30

Page 3: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

Conseguinte a isso, foram explorados fatos históricos que permeiam o processo de construção do homem, a cerca da religiosidade, através de diálogos e recortes do filme, que esclarecem como se configura o papel da igreja e sua influência na obra em questão. Em seguida, distribuímos aos alunos uma folha em papel A4, que havia como abordagem o poder que a igreja católica exerce na mentalidade humana, desde a colonização até os dias atuais. Para tanto, foi utilizado como referencial teórico o autor del Priore.

Ø No início do ciclo, foi realizada a apresentação do filme, para que os alunos tivessem um conhecimento prévio da temática a ser explorada.

Ø Posteriormente a apresentação, o filme passou a ser exibido.Ø Com o término do filme, começou uma sessão de discussão com os alunos, tendo como objetivo

observar a compreensão e opiniões deles a respeito do filme, integrando todos na discussão.Ø Discutimos aspectos da religiosidade brasileira, desde o processo de colonização e foi entregue as

folhas em papel A4, que discorria sobre o papel igreja, desde a colonização.Ø Abordamos a respeito do processo de miscigenação, que ocorreu no período em questão. Com isso,

falamos sobre o sincretismo religioso, constituído durante a escravidão, com a vinda dos africanos para o país. Para tanto, foi utilizado recortes do filme, com a presença da religiosidade africana.

Ø Evidenciamos a presença da igreja, como instituição provida de influência na mentalidade do homem e as transformações ocorridas no processo de religiosidade, desde a escravidão até a contemporaneidade.

Ø Trabalhamos com recortes do filme, a fim de expor cenas que identificassem a presença da igreja, interpondo-se no pagamento da promessa do personagem central.

Ø Ressaltamos o fator cultural existente no país, o qual enriqueceu a etnia, cultura e religião do país.

RESULTADOS E DISCUSSÕESNos resultados parciais desse trabalho, observamos que todos os alunos discutiram em torno do filme e

expuseram seu entendimento. Eles foram capazes de identificar que a religião insere-se como um elemento capaz de modificar o pensamento do homem e fazê-lo defender suas crenças com vigor, tal como a figura principal de O pagador de promesas reagiu. E identificaram que, por mais distanciados que estejamos do período colonial, tanto a escravidão como a religiosidade constituem realidades do presente e enriquecem a cultura do Brasil.

CONCLUSÃOTendo como foco a realização da compreensão e discussão reflexiva por parte dos alunos, notamos que

essa abordagem contribuiu para que os alunos pudessem aprender que a colonização brasileira foi bastante fecunda para a nossa cultura, pois a mesma deixou suas raízes na religião e etnia do país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOMES, Dias. O pagador de promessas. 49. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.

31

Page 4: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

CONGRESSO ESTUDANTIL DE MÚSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ –“I CONGRESSO ESTUDANTIL DE MÚSICA DO BRASIL”

Fabrício André Nunes BastosGraduando em Licenciatura Plena em Música da Universidade Federal do Pará

Bolsista da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX/UFPA)Letícia Silva e SILVA

Graduanda em Licenciatura Plena em Música da Universidade Federal do Pará

Lohana Sobania GOMES

Curso Licenciatura Plena em Música da Universidade Federal do Pará

RESUMO: Tratou-se de um evento, promovido pelo curso de Graduação em Música da UFPA, por meio do qual se reuniram estudantes dos cursos superiores de música das universidades Federal e Estadual do Pará, envolvendo os cursos de Belém, Soure, Oriximiná, Santarém e Vigia, atraindo também estudantes de outros estados brasileiros. O congresso foi realizado em Belém, no Atelier de Artes, no campus do Guamá, em Maio de 2010 e a segunda versão em Abril de 2011. O evento propôs oficinas, workshops, shows, exposições de artigos, banners, venda de livros, palestras e mini-cursos ministrados por alunos – a presença de professores convidados proveniente de outros estados oportunizou um intercâmbio favorável a todos os participantes do congresso. Neste artigo abordaremos a história do congresso desde a sua idealização, expondo a metodologia de cada etapa do evento exibindo os principais temas abordados, apontando os resultados e ganhos obtidos com materialização desse acontecimento que foi e está sendo muito gratificante para todos que estudam e trabalham com educação musical no Pará.

Palavras-Chave: música, educação, congresso, educação musical.

INTRODUÇÃO

A ideia do Congresso Estudantil de Música da Universidade Federal do Pará (CEMUFPA) surgiu durante uma aula no curso de música da UFPA, após uma dinâmica onde tivemos que utilizar alguns instrumentos de percussão que se encontrava numa sala empoeirada no Atelier de Artes, a professora da disciplina Lia Braga sugeriu que os alunos organizassem oficinas para dar ocupação às salas pelo período da manhã utilizando os instrumentos, pois muitos instrumentos estavam se deteriorando por alta de manuseio. Ainda sugerindo idéias para os alunos a professora falou de um possível evento onde os participantes seriam os alunos de música da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Estadual do Pará (UEPA) surgindo então a idéia de fazer o primeiro congresso de música no Pará.

Elaborado o projeto no final do ano de 2009 teve então aprovação nas instâncias superiores, garantido então o pleno apoio da Universidade Federal do Pará, para a realização do mesmo. Durante a elaboração da programação surgiu várias idéias, de como seria o formato do congresso e quem seriam os professores convidados para expor palestra e oficinas. Com muita coragem e passando por muitas dificuldades que todo grande evento encontra, no dia 27 de Maio de 2010, deu-se inicio às atividades do primeiro congresso estudantil de música realizado no Pará e no Brasil, o evento ocorreu todo como planejado sem nenhum imprevisto obtendo o número de participantes além do esperado e garantindo o sucesso do evento.

Eventos culturais e esportivos, tais como os Jogos Olímpicos e festivais musicais, podem agregar valor simbólico às cidades que os promovem. Os eventos são

32

Page 5: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

elementos importantes para estabelecer a diferenciação e colaboram para a valorização do capital simbólico coletivo. (MELO NETO, 1998, p. 36-37).

Posteriormente, o congresso foi contemplado em edital com o Prêmio Proex de Arte e Cultura 2010, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Pará, garantindo recursos para uma próxima edição que foi realizada em Abril de 2011. Com recursos garantidos e a experiência da realização do primeiro, a expectativa para a segundo edição era maior em relação à programação do evento. Durante a organização da segunda edição surgiram alguns imprevistos como o contingenciamento no auxilio a passagem aérea, apoio fundamental para a participação de professores de outros estados a participarem do congresso. Os imprevistos continuaram e no primeiro semestre de 2011, a Faculdade de Artes Visuais junto ao Instituto de Ciência das Artes, começam a discutir sobre a ocupação do Atelier de Artes alegando que a demanda da FAV estava crescendo e não competindo mais naquele espaço, então no segundo dia do congresso houve uma manifestação organizada pelos corpos docentes e discentes da FAV. Mesmo perante as dificuldades apresentadas o congresso teve recorde de público nas duas edições realizadas trazendo estímulo aos estudantes e profissionais dessa área em nossa região.

METODOLOGIAA primeira edição do congresso apresentou três dias de evento, o primeiro dia começou com o credenciamento

dos participantes, em seguida houve a abertura do evento com uma palestra. Logo após a palestra vieram as oficinas, no total foram cinco oficinas ofertadas, no final da manhã ainda contamos com uma apresentação musical no hall do Atelier. No turno da tarde deu-se início às comunicações e as palestras.

Em seguida, ocorreu o lançamento de livros e as apresentações musicais iniciaram às 18 horas e se estenderam até às 22 horas. Os dias seguintes seguiram também esse formato: pela manhã oficinas e pela tarde comunicação e palestras. Passaram pelos dois palcos do congresso mais de 15 grupos musicais. No palco do hall houve apresentação dos grupos, Brazuca Jazz, Graduation Band e Bem Chorado, no palco armado no estacionamento da UFPA, passaram a Orquestra de violoncelistas da Amazônia, banda Álibi de Orfeu, Clube do Choro, grupo de carimbó Casa Verde, Banda B3, Felipe Cordeiro, Pio Lobato e as cantoras Aíla Magalhães e Nana reis. Já a segunda edição do congresso foi iniciada com a apresentação do grupo Conceitos Sonoros, formado por integrantes que haviam acabado de ingressar no curso de música da UFPA em 2011. Estes grupos se apresentaram no auditório do Atelier antes da plenária de abertura. Após o professor Miguel dos Anjos (falar em nota de rodapé quem é este professor) falou em seu discurso de abertura “Já participei de vários congressos pelo mundo, e o fato de ter um grupo musical de estudantes dando início ao evento é primordial para lembrarmos que estamos em um congresso estudantil de música”.

Nessa segunda edição do congresso não tivemos o palco no estacionamento e assim todas as apresentações musicais foram no palco do hall no atelier. Pela parte da manhã aconteceram os shows dos grupos Charme do Choro e Coral Flor de Lótus, na programação tiveram os grupos Graduation Band, Pimentas Inflamáveis, Rafael Noleto, Big Band da UEPA, Árvore Ar, Entálpia Máxima, Bem Chorado, Lápis do Mundo e Batalhão das Estrelas. Foram seis as oficinas ofertadas na segunda edição do congresso a novidade ficou com os mini-cursos ministrados por alunos e egressos do curso de Licenciatura em Música.

A idéia de se fazer o congresso no Atelier de Artes é chamar a atenção da sociedade acadêmica para o curso de Licenciatura Plena em Música que ainda é pouco visualizado. Muita gente dentro da universidade ainda desconhece o curso que funciona há 19 anos no campus do Guamá e um dos primeiros cursos de graduação em música do Brasil. Foram ofertadas na primeira edição do congresso cinco oficinas cada uma com lotação de quarenta alunos em virtude da capacidade das salas e das oficinas realizou-se duzentas inscrições, já segunda edição contou com uma oficina a mais e consequentemente a oferta para as inscrições aumentaram totalizando-se em duzentas e cinquenta.

33

Page 6: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados demonstram que nas duas edições do CEMUFPA, foi promovido o intercâmbio entre estudante

e egressos de cursos de Graduação em Música da capital e interior do Pará, sendo que na primeira edição mais de 30% dos participantes eram do interior do estado, e na segunda edição tivemos mais trabalhos enviados por alunos do interior em comparação a primeira edição, foram realizadas 7 (sete) palestras na área da Educação Musical, Inclusão Social e Etnomusicologia, foram 11 (onze) oficinas cumpridas com os mais diversos temas. Realizou-se rodas de diálogos durante as duas edições do evento, onde foram apresentados comunicações e relatos de experiência assim como pôsteres.

A cultura é o elemento que garante a todos – criadores, artistas e platéias – o direito à celebração de sua identidade, à manifestação de sua sensibilidade e emoção, desenvolvendo, a um só tempo, o espírito crítico, a imaginação e o sentido de coletividade, num processo de conscientização, sociabilização e transformação social (CORRÊA, 2004, p. 31) – sem aspas

Com o prêmio Proex de Arte e Cultura 2010, foi possível registrar profissionalmente as imagens e vídeos do evento em geral. Além (retirar a palavra também) da conquista quanto à reforma do auditório assim como a pintura das várias salas do prédio do ateliê de artes para a realização de sua segunda edição.

Enfatizamos que durante a primeira edição do CEMUFPA fomos comunicados que esse fora o primeiro congresso estudantil de música realizado no Brasil por estudantes, e o primeiro congresso de música do norte País. Contudo, ressaltamos a importância desse título que é de grande valia para todos aqueles que participaram de forma direta e indireta para a realização das duas edições.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A terceira edição do CEMUFPA já começou a ser elaborada, após a credibilidade conquistada através do sucesso e respeito das edições passadas os estudantes de música do estado do Pará vêm ganhando prestígio. Para as próximas edições visamos obter uma maior divulgação e participação dos estudantes do interior do estado.

REFERÊNCIAS

CORRÊA, Marcos Barreto. Do Marketing ao Desenvolvimento Cultural: relacionamento entre empresa e cultura, refleções e experiências. Belo Horizonte: editora, 2004

HARVEY, David. A arte de lucrar: globalização, monopólio e exploração da cultura in Por uma outra comunicação – mídias, mundialização cultural e poder. Rio de Janeiro: Record, 2003.

PEREIRA, Ethel Shiraishi. Eventos culturais e a geração de rendimentos monopólicos. Local: Faculdade Cásper Líbero, setembro de 2007

VIEIRA, Lia Braga. A construção do professor de música: o modelo conservatorial na formação do professor de música em Belém do Pará. Belém/Pará: CEJUP, 2001.

34

Page 7: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

FORMAÇÃO CONTINUADA E INSTRUMENTALIZAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTES.Jamille Brandão Neves.

Sandra Suely dos Santos Francisco.

RESUMO: A Formação Continuada apresentada neste trabalho é desenvolvida através do Programa Arte na Escola - Pólo UFPA/Belém, o qual integra a Rede Arte na Escola cujo objetivo é contribuir para melhorar o ensino da Arte no Brasil. O Pólo Belém atua na capital, região metropolitana e alguns municípios próximos. Foi implantado na UFPA em meados de 1994 e desenvolve diversas ações em parceria com instituições de educação e cultura no sentido de contribuir com a formação continuada e promover a instrumentalização de professores da educação básica que atuam com o Ensino de Arte nas escolas.

Palavras-Chave: Formação Continuada; Ensino de Arte; Instrumentalização; Professores da Educação Básica;

INTRODUÇÃO Desde os primórdios da humanidade a Arte está presente como forma de representação da realidade e expressão natural dos povos. Sendo assim, é de extrema importância a socialização desses saberes artísticos por meio da escola, a qual é um espaço de socialização de saberes, fundamental para o desenvolvimento do homem, considerando a Arte como um desses saberes. Esse ensino, desde o período colonial, no Brasil, passa por limitações, considerando os aspectos históricos da disciplina, que, depois de reivindicações dos professores que atuavam na área e organizados em associações de classe, lutaram para que o ensino das Artes, fosse reconhecido e inserido no currículo da escola de Educação Básica. Essa conquista trouxe ganhos, mas mesmo após fazer parte do currículo escolar, esse ensino ainda hoje é visto, em alguns casos, como mera atividade na escola, embora seja parte integrante do desenvolvimento cognitivo do ser humano. Assim sendo, o professor necessita de constantes atualizações e reflexões de sua prática, e dessa forma, surge no Brasil, alguns projetos que contribuem para a melhoria deste ensino, como a Rede Arte na Escola.

Em Belém, no Pará, o Programa Arte na Escola Pólo- UFPA/Belém, faz parte da Rede Arte na Escola e tem como objetivo incentivar o ensino da Arte com qualidade em Belém, região metropolitana e alguns municípios próximos. Realiza ações por meio de projetos que auxiliam o professor do ensino básico na investigação e qualificação dos processos de ensino e aprendizagem. O Pólo Arte na Escola- Belém/PA disponibiliza materiais de suporte para elaboração de aulas e estudos, beneficiando professores, alunos da rede básica e graduandos de Arte.

Está situado no Campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) no atelier de Artes, e atende professores e graduandos do campo artístico ( música, artes visuais, museologia, cinema, teatro e dança), 08 h às 12 h da manhã de segunda-feira a sexta-feira, e das 14 h às 18 h nas terças e quintas feira.

FORMAÇÃO CONTINUADA E INSTRUMENTALIZAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTES.O ensino da arte nas escolas brasileiras apresenta notória precariedade e limitações se comparado com o

ensino de outros países. Esse problema está anexado a historia brasileira desde seu período colonial. Ainda séculos depois desse processo, o Brasil como um país livre sofre consequências de atos passados, e a necessidade de investimentos na área educacional é fundamental para o seu desenvolvimento, principalmente no campo artístico que desde então assume um papel elitizado e limitador do estudo da arte na sociedade brasileira.

Para Barbosa, "Precisamos levar a arte que hoje está circunscrita a um mundo socialmente limitado a se expandir, tornando-se patrimônio da maioria e elevando o nível de qualidade de vida da população." (1991: 6). O Ensino de Arte na escola é de extrema importância para a formação artística e estética dos alunos, sendo essas capazes de despertar olhares e análises do cotidiano e assim,

35

Page 8: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

“Quando falta ao professor uma consciência clara de sua função e uma fundamentação consciente de arte como área de conhecimento, a escola perde insubstituível oportunidade de formar alunos em uma área de saber essencial à compreensão da pessoa, do espaço, de emoções e tempos em que se vive a formação completa do cidadão.” (Selbach, Simone.2010.PG.34.)

Nesse contexto se constitui a Rede Arte na Escola com o objetivo de contribuir para amenizar esse problema, o qual gera alunos sem o saber artístico, incapazes de perceber, refletir e interagir com a Arte, fato esse que limita as oportunidades de intervir na realidade. A Rede Arte na Escola disponibiliza recursos didáticos para o professor que atua com o Ensino de Arte, no sentido de instrumentalizá-lo e assim, possibilitar o desenvolvimento de novas experiências em sala de aula, expandir conhecimentos sobre o assunto na sociedade, e também utilizar o material na sua própria formação continuada.

Implantado em 1994 na UFPA, o Pólo Arte na Escola – Belém propõe ações em parceria com instituições de educação e cultura que buscam oferecer melhoria na área do Ensino de Arte das redes básicas de ensino. Tais ações durante estes anos resultaram em um número significativo de pessoas atendidas, o que motiva cada vez mais o crescimento do Programa. O PAE-UFPA/Belém, foi inserido na Universidade Federal do Pará através de convenio de cooperação técnica com a Fundação IOCHPE, sendo inicialmente configurado como projeto para logo após se tornar um Programa. Desde então, atua com propostas que visam à melhoria do ensino da Arte em nossa região, o qual recebe apoio da Pró-Reitoria de Extensão da UFPA.

O Pólo Belém-UFPA apresenta os seguintes projetos: 1. Arte Artesanato Indígena: Este tem como objetivo possibilitar a formação continuada de professores do

ensino da arte, desenvolver ações que venham despertar diversas formas de perceber o mundo e conhecê-lo, valorizar a cultura de diversas etnias brasileiras e favorecer experiências estéticas através de exposições itinerantes. É um Projeto que instrumentaliza o professor e promove interdisciplinaridade e a socialização da arte e do artesanato de diversas etnias com a comunidade escolar.

2. Midiateca: Disponibiliza aos professores de todas as Redes de ensino e graduandos do Instituto de Ciências da Arte, diversas mídias que abordam variados assuntos artísticos, entre elas: livros,catálogos, Dvd's, CD's, kit pedagógicos e imagens digitalizadas. O midiateca busca:

“oferecer exemplares com qualidade e informação atualizada, abrangendo os principais elementos da história da arte, da linguagem visual e da leitura da obra, bem como do fazer artístico, da natureza da arte e da sua relação com o meio social. Ela se constitui numa referência em arte brasileira, com foco na arte contemporânea, contemplando, em parte, a pluralidade e a diversidade das raízes existentes no país”(REDE ARTE NA ESCOLA, 2004d, p. 03).

3. Prêmio Arte na Escola Cidadã, que premia e evidencia nacionalmente o trabalho de professores do ensino infantil, fundamental, médio e EJA pelo Brasil.

4. Formação Continuada. Composto por Grupos de Estudos, ciclos de Dvd's, palestras, oficinas, Seminários e outras ações pensadas e propostas com o objetivo de promover a melhoria de ensino, através de reflexões que possibilitem fundamentar professores de arte para o desenvolvimento de ações mais significativas na escola.

RESULTADOS E DISCUSSÕESEm pesquisa realizada pelos bolsistas do PAE-UFPA/Belém sobre as ações desenvolvidas e o numero de

pessoas atendidas acerca do período de 2002 à 2010, o PAE- UFPA/Belém alcançou cerca de 29.496 (vinte e nove

36

Page 9: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

mil, quatrocentos e noventa e seis) pessoas diretamente, com a realização de 60 (sessenta) ações em parceria com diversas instituições, não incluso, nesses dados,o atendimento da Midiateca, que, anualmente, atende cerca de 200 (duzentos) pessoas, entre professores e alunos de graduação em artes e outras áreas afins.

As ações são realizadas com vistas ao desenvolvimento do Ensino de Arte na escola de educação básica, considerando as demandas disponibilizadas pelas secretarias de educação, no sentido de atender conforme as demandas e assim, intervir significativamente na realidade da comunidade escolar.

O PAE-UFPA/Belém busca promover resultados cada vez mais significativos, a cada ano planejando, desenvolvendo e aprimorando suas ações para que as mesmas possam obter melhores resultados e alcançarem maiores números de pessoas atendidas, e assim alcançar seu objetivo de auxiliar na melhoria de ensino.

CONCLUSÃOVisto a importância da formação continuada para professores de arte, o Programa Arte na Escola- Pólo

UFPA/Belém, tem atuado no sentido de auxiliar e motivar esses profissionais a refletir e aprofundar suas idéias, discutir, e socializar com os que atuam nessa área, disponibilizando suas ações através de parcerias diversas.

AGRADECIMENTOSÁ Universidade Federal do Pará, ao Instituto de Ciências da Arte (ICA), à Faculdade de Artes Visuais (FAV), e

as diversas Secretárias de ensino e cultura que estabelecemos parcerias.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana Mae. Tópicos Utópicos. Belo Horizonte.1998.

FERREIRA, Aurora. Arte Escola e Inclusão: Atividades artísticas para trabalhar com diferentes grupos. Editora Vozes.2010.

FRANCISCO, Sandra Suely dos Santos. A formação continuada de professores de arte da região metropolitana de Belém na perspectiva da parceria. Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação da Universidade de Uberaba. Orient. Profa. Dra. Sueli Ferreira. Uberaba, MG. 2007.

SELBACH, Simone. Arte e Didática. Supervisão geral. Petrópolis, RJ: Vozes. -(Coleção Como Bem Ensinar/coordenação Celso Antunes). Vários autores.

ARTE NA ESCOLA, Programa. Rede Arte na Escola. 2004

37

Page 10: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

PROJETO DE EXTENSÃO: LEITURAS DRAMATIZADAS: O LIVRO EM CENA¹Coordenadora: Profª Valéria Andrade²

Monitores: Leandro Ferreira³ Michel Amorim*

14ª Jornada de ExtensãoLeituras Dramatizadas: A Chance de Saber Mais

“Aquele que sabe ler deve partilhar os frutos da leitura”Elie Bajard

A Humanidade hoje parece constituir-se de coisas palpáveis e à frente dos olhos. Mas há outras que não vemos e existem. São as que lemos. Estão escondidas em meio às letras e para que elas se concretizem em nossas cabeças precisamos do ato mais singelo: o ato de ler.

Se não lemos, tudo o que está nos livros jamais chegam até nós. Quem não lê, vê somente uma parte do mundo, fica mais limitado.

Quando estamos em meio a uma roda de conversa sobre determinada leitura, se não lemos, ficamos de fora, sem a possibilidade de contribuir sobre o assunto ou acrescentar fatos à mesma.

A Humanidade hoje parece constituir-se de coisas palpáveis e à frente dos olhos. Mas há outras que não vemos e existem. São as que lemos. Estão escondidas em meio às letras e para que elas se concretizem em nossas cabeças precisamos do ato mais singelo: o ato de ler.

Se não lemos, tudo o que está nos livros jamais chegam até nós. Quem não lê, vê somente uma parte do mundo, fica mais limitado.

Quando estamos em meio a uma roda de conversa sobre determinada leitura, se não lemos, ficamos de fora, sem a possibilidade de contribuir sobre o assunto ou acrescentar fatos à mesma.

A leitura remodela o espírito humano, seu modo de pensar e dizer, de produzir discursos, de ensinar, aprender, conhecer, decidir sobre tudo o que constitui as coisas e o que está além delas. Ainda mais, tem compromisso com o conhecimento, nos leva a formular hipóteses sobre o real e o imaginário, assim como a ter impressões acerca do inventar, investigar, tentar descobrir o novo.

Ler sempre converte a algum saber, transformando o homem que lê, rico em sua liberdade de compreensão mais profunda, ampla e esclarecida do seu próprio ser.

Se não lemos, tudo o que está nos livros jamais chegam até nós. Quem não lê, vê somente uma parte do mundo, fica mais limitado.

Quando estamos em meio a uma roda de conversa sobre determinada leitura, se não lemos, ficamos de fora, sem a possibilidade de contribuir sobre o assunto ou acrescentar fatos à mesma.

A leitura remodela o espírito humano, seu modo de pensar e dizer, de produzir discursos, de ensinar,

1. O Projeto de Extensão: Leituras Dramatizadas: O Livro em Cena, existe há cinco anos, uma oficina por semestre, trinta vagas por

oficina, na Escola de Teatro e Dança da UFPA, foi idealizado pela Profª Drª Bene Martins e é coordenado pela profª Valéria Andrade. Ocorre sempre às

sextas-feiras de 16:00 às 18:00 horas.

2. Prof. Mestranda Valéria Andrade, atriz e professora da Escola de Teatro e Dança da UFPa, ministrando as disciplinas Pensar

Histórico no Teatro, História do Teatro no Pará e Dramaturgias.

3. Ator Formado pela ETDUFPA, Estudante do curso de Licenciatura plena em teatro, UFPA. ([email protected])

* Ator Formado pela ETDUFPA, Estudante do curso de Licenciatura Plena em Teatro, UFPA. ([email protected])

38

Page 11: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

aprender, conhecer, decidir sobre tudo o que constitui as coisas e o que está além delas. Ainda mais, tem compromisso com o conhecimento, nos leva a formular hipóteses sobre o real e o imaginário, assim como a ter impressões acerca do inventar, investigar, tentar descobrir o novo.

Ler sempre converte a algum saber, transformando o homem que lê, rico em sua liberdade de compreensão mais profunda, ampla e esclarecida do seu próprio ser.

A leitura é uma busca existencial, tão essencial que impulsionou a criação do Projeto Leituras Dramatizadas: O Livro em Cena, projeto que dá primazia ao livro/objeto e à riqueza de compreensão de vida à medida que folheamos suas páginas, uma vez que a leitura de mundo precede sempre a leitura da palavra, que por sua vez implica na manipulação do objeto/livro.

O Projeto quer proporcionar a aproximação com o livro, enfatizando sua importância na vida de todo e qualquer indivíduo, e dando-lhe a chance de saber mais; mergulhar profundamente em suas páginas, absorvendo-as de modo a amar o objeto/livro e àquilo que está escrito nele, pois, como diz Ferdinand Buisson*, “Não sabe ler aquele que não faz amar o livro que ele ama. Aquele que só lê baixo para si mesmo, depressa; ele acredita ser mais rápido; ele devora sim, mas não digere. É a leitura em comum que obriga a apreciar, a degustar o que se lê.” (BUISSON, 1989, p.261,)

A leitura precisa ser compartilhada, em voz alta, para que possa emocionar, causar comoção em quem lê e em quem escuta, ajudando-os a criar o hábito de ler vivazmente, com intenção, proporcionando a chance de saber mais àquele que ouve. É ainda se colocar em harmonia com os sentimentos expressos pelo autor, traduzi-los e comunicá-los em torno de si: um sorriso, uma voz emocionada, olhos marejados de lágrimas são manifestações eloqüentes. Além de tornar imprescindível a construção do imaginário de quem lê.

O Projeto apropria-se do exercício teatral como indutor de uma dramaticidade na forma de ler, de compreender o que se lê, sem a finalidade de formar atores, pois este não é o foco; tanto que o termo “dramatizadas” não se resume ao texto teatral, mas também inclui a prosa, a poesia, contos de autores nacionais e paraenses. Esses textos são instrumentos de trabalho no exercício do curso e os exercícios provenientes do teatro servem como caminho para se chegar a uma leitura viva, com intenção, que emocione de fato.

Dois monitores/atores, alunos de licenciatura plena em teatro, encarregam-se - juntamente com a professora Valéria e do professor colaborador Edson Fernando Santos, desta tarefa de preparar este corpo/leitor, que já traz uma história de vida, cotidiana, fazendo o mesmo a desprender-se de seus medos e timidez. A proposição de jogos envolvendo a percepção corporal e de liberação de tensões contribui para que o aluno se sinta livre, a fim de entender o processo leitor do projeto e alcançar os objetivos, constituídos em:

· Exercitar a prática da leitura, como incentivo para despertar o prazer de ler e o "vício” de ler.· Propiciar uma aproximação prazerosa dos interessados com o ator principal do projeto: o livro.· Ampliar conhecimento por meio da leitura.· Exercitar a imaginação e fornecer subsídios para uma leitura mais atenta.· Criar oportunidades para a inclusão social de pessoas inibidas e com dificuldades na leitura. E para fortalecer a importância deste projeto na relação social das pessoas envolvidas com o curso,

trazemos o comentário de alguns alunos participantes do curso:“A oficina de Leituras Dramatizadas foi bastante válida no aprimoramento de técnicas de dicção, expressão

vocal e desenvolvimento correto, preciso, confiante e completo das palavras. Técnicas essas extremamente importantes na minha profissão” (Taís Morena, estudante de jornalismo).

“É mágico me ver conseguir ler textos sem travações ridículas. O dia em que saímos de sala e recitamos no meio da rua, mostrou que posso ler, era só eu querer. Aumentou minha auto-estima” (Danilo Mercês).

“No curso, a leitura foi trabalha pelos professores de modo muito divertido, sempre junto à arte do teatro. Foi um curso ótimo, melhorou minha leitura” (Murilo Moura).

39

Page 12: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

Como metodologia, utilizamos primeiramente a seleção de textos de autores vários, como: Arnaldo Antunes, Fernando Pessoa, Manoel de Barros, Cecília Meireles, Mário Quintana, Olavo Bilac, Manoel Bandeira, Clarice Lispector etc. Além de autores paraenses como: Bruno de Menezes, Max Martins, Maria Lucia Medeiros, João de Jesus Paes Loureiro e outros.

Iniciamos sempre com exercícios corporais provenientes do teatro, trabalhos com voz e dicção, para enfim, deleitarmo-nos por intermédio da leitura.

Portanto, fazemos nossa a fala de Ferdinand Bussion quanto ao desenvolvimento do espírito leitor: “Olhos que brilham ou se abaixam, escondendo uma lágrima, o silêncio que se faz mais intenso em torno do leitor, dedos que param inconscientemente no meio da obra começada. Eis aí a verdadeira leitura que faz bem, que é um laço na família, na sociedade, que aproxima as idades, que anima o lar.” (BUISSON, 1989, p. 261)

Este é o grande legado do projeto Leituras Dramatizadas: O Livro em cena: colocar o livro na posição de destaque na vida de todas as pessoas e possibilitar a chance de saber mais.

BIBLIOGRAFIA Ÿ BAJARD, Elie. Ler e dizer _ Compreensão e comunicação do texto escrito. Editora Cortez. São

Paulo, SP, 2005.

40

Page 13: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

MUSEU: CAMINHO DA MEMÓRIA, PONTE PARA A APRENDIZAGEM.Aldilene Lopes de Morais

Alessandra F. Conde da Silva

RESUMO: A presente pesquisa surgiu a partir do projeto Museu em (re) vista, no qual sou bolsista, cujo principal objetivo resume-se em fazer uma aproximação da escola com o museu. Assim, buscou-se desenvolver atividades que estivessem ligadas à cultura e à busca por aspectos da memória da região bragantina, através de pesquisas e investigações no Museu de Arte Sacra de Bragança (MASB). As imagens, como sabemos, podem fornecer um corpus significativo de aspectos da memória de um povo, no caso, a memória religiosa. Nosso enfoque se voltou a fazer um levantamento histórico de uma das peças contidas do Museu de Arte Sacra. Em seguida, procurou-se configurar um projeto de ensino-aprendizagem, voltado à aproximação do professor da Rede de Ensino com a Arte da sua região. A proposta de pesquisa e de ensino-aprendizagem Museu: caminho da memória, ponte para a aprendizagem, vinculado ao Projeto Museu em (re) vista, procura conduzir o professor a tratar o museu como um veículo educativo.

Palavras-Chave: Museu em (re) vista; Museu de Arte Sacra de Bragança (MASB); Memória; ensino-aprendizagem. INTRODUÇÃO

É do conhecimento geral que as imagens podem fornecer dados expressivos no que concerne à cultura e à memória de uma região. Nessa perspectiva, nosso trabalho consiste em, primeiramente, descobrir as origens e aspectos históricos concernentes a uma das peças do Museu, como já delimitamos acima. O motivo dessa investigação – uma vez que o Museu não apresenta referências históricas sobre as peças em exposição – é fornecer ao espectador – professor e alunos - informações contextuais que o auxiliem no processo de fruição. Notamos, quando de nossas visitas ao museu, cuja companhia, em um dos encontros, tivemos dos alunos da Rede pública, o desconhecimento da história de muitas peças. Por se tratar de um Museu ligado a uma expoente Instituição religiosa, acreditávamos que seria do conhecimento geral as histórias e estórias referentes às imagens de cunho cristão. Jérôme Baschet (1996, p. 2), ao tratar das imagens no período medieval, ao que ele, quando dos procedimentos de investigação e análise, chama de imagem-objeto, informa-nos que as imagens, ou imagens-objetos apresentavam caráter didático religioso. Três funções ele então destaca às imagens-objetos: ensinar, relembrar e comover. É claro que não foi com esta visão que nos colocamos a investigar a peça, isto é, não fomos conduzidos a realizar qualquer propaganda religiosa, mas conhecer uma parte da cultura bragantina que se mostra enfraquecida, porque, de certo modo esquecida. Segundo dados do Museu, bem poucas pessoas tem o hábito de frequentá-lo. Os alunos que conduzimos à apreciação, muitos deles não conheciam a existência do Museu, mas, o que nos causou de fato surpresa, é que nenhum deles o havia visitado anteriormente ao nosso convite. Mas, como disse Baschet, há três funções que os medievais legavam às imagens: ensinar, relembrar e comover. A segunda nos chamou a atenção. Relembrar é por em atividade a memória, é trazer à tona as tradições do passado, é conhecer sua própria história. Sabemos que a região bragantina sofreu grande influência jesuítica e as peças no Museu, nada mais são que um reflexo dessa perpetuação dos valores religiosos. No entanto, ao estarem expostas no Museu, perdem o caráter religioso – ou este é diminuído para alguns - e tornam-se imagens artísticas, símbolos culturais. É nessa perspectiva que nos pusemos a investigá-la. Outra visão de nosso trabalho consiste em produzir um projeto de ensino-aprendizagem cuja finalidade é aproximar professor e alunos do ambiente museológico, possibilitando, não somente uma ampliação quanto aos horizontes de expectativa do visitante ou fruidor quanto à produção dos significados que uma imagem pode suscitar, mas à construção do conhecimento, quer em ambientes escolares tradicionais, formais, quer em ambientes não formais. Assim, nossa proposta se lança a possíveis meios para o professor utilizar o Museu

41

Page 14: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

de forma didática com seus alunos. Sabemos que uma visita ao museu bem direcionada proporciona emoções e sensações diversas.

METODOLOGIANosso projeto se baseia em dois eixos. No primeiro, partimos de uma investigação histórica em uma das

peças contidas no Museu de Arte Sacra de Bragança. Direcionamos o nosso olhar para a imagem de Nossa Senhora das Dores. Buscando uma experiência educativa, produzimos alguns questionamentos sobre o que pode ser visto e quais informações o aluno tem sobre a imagem, que relação essa imagem tem com a memória e a cultura da região. Interessa-nos, portanto, tantos aspectos estruturais, quanto contextuais.

Após essas investigações, uma proposta de ensino-aprendizagem será construída, constituindo, assim, o nosso segundo eixo. Tivemos como referência o material arte br, produzido pelo Programa Nacional Arte na escola. Numa atividade interdisciplinar e intertextual, buscamos lidar com outros gêneros artísticos. Assim, poesias medievais foram utilizadas.

A partir dessas indagações, o professor poderá apresentar a visão medievalista sobre a estética das imagens sacras, pois a santa com o coração cravejado de espadas, não foi construída simplesmente para ser diferente esteticamente das outras imagens, no entanto, o aspecto de feiúra tinha o intuito de causar comoção e ternura em um fiel cristão, como afirma-nos Umberto Eco (2007, p.10). Será apresentada também aos professores, uma pequena história de Nossa Senhora das Dores, que pode ser trabalhada com os alunos. A proposta busca abrir caminhos de desenvolvimento de uma aula em um museu. Por meio dela, o professor poderá instigar os seus alunos a investigarem outra imagem presente no Museu de Arte Sacra, ou a produzirem cantigas – ao molde medieval - ou outros textos. Num terceiro momento desta proposta, após colhermos informações sobre a imagem da santa, conhecer sua história e valores estéticos a ela ligados, produziremos uma historia em quadrinho.

Baschet, como vimos, destacou três princípios norteadores quanto às funções da imagem medieval. O ensino, a relembrança e a comoção, ainda que perca o caráter didático religioso, podem ainda ser vistos como procedimentos de ensino-aprendizagem, de resgate da cultura local, por exemplo, e o prazer estético de que fala Umberto Eco.

RESULTADOS E DISCUSSÃODurante nossas ações, como já nos referimos acima, foi possível identificarmos um grande

desconhecimento por parte dos alunos, com relação ao Museu, assim como também das peças ali expostas. Assim, buscou-se fazer uma aproximação da escola para com o museu, mostrando aos professores que o Museu é um veículo educativo. Partindo desse pressuposto, tivemos por base, ao lidarmos com as imagens que elas inúmeras leituras, requerendo do aluno um papel ativo. Tal posição conduziria o aluno a construir de forma dinâmica, mediado pelo professor, a construção do conhecimento. O professor como mediador do conhecimento tem o papel primordial de conduzir o aluno como um apreciador à construção de significados a respeito das peças ali expostas. Segundo Lauro Zavala (2004, p. 80), o museu é um espaço de educação não formal e o objetivo da visita é múltiplo e distinto em cada experiência concreta; esta se apóia na participação ativa do visitante.

¹ Este material foi criado com o intuito de auxiliar o professor no processo de ensino-aprendizagem. O arte br é o primeiro material educacional produzindo e disponível no Brasil que apresentam obras importantes do século XX que estão contidos em museus de diversas regiões do Brasil. Assim, esse material indica caminhos para o docente utilizar-se da arte a partir das possíveis leituras da imagem² Para auxiliar a compreensão de como as imagens cristãs foram importantes desde a idade media, buscamos outros tipos de textos artísticos, como as Cantigas de Santa Maria de Afonso X. Cantigas que entre diversos temas retratam os milagres marianos. Rodrigues Lapa (1981) salienta-nos que as cantigas figuram no total de 427 criações. Concernente a estrutura, Lapa (1981, p.) expõe que elas apresentam-se em grande parte de forma narrativa, e “em prosa metrificada, que atinge muitas vezes 15 sílabas por verso e, excepcionalmente, 23.”³ Esta atividade está em fase de produção.

42

Page 15: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

Pois a memória é fundamental para uma sociedade, pois ela tem o papel de conservar diversas informações a respeito de determinada sociedade. Jacques Le Goff (1990, p.375) pontua a existência de “instituições – memórias”, em que os museus estão inseridos, os quais têm como principal função, resgatar e perpetuar alguns pontos da memória histórica de um povo ou região.

Sabemos da forte presença do elemento religioso na região bragantina e, por isso, buscamos colher algumas informações sobre como se deu esse processo, ao menos no que disser respeito às imagens. Vimos, em nossa pesquisa, como é de conhecimento geral, que foi com os jesuítas que o cristianismo chegou à região.

Em uma de nossas visitas ao Museu, em que tivemos a oportunidade de levar uma turma de alunos do Ensino Médio, foi possível observar o interesse e a curiosidade por parte deles para com as peças ali expostas. Eles tiravam fotografias, faziam anotações assim como também faziam indagações sobre a origem e motivos relacionados à peça. A partir dessas observações, foi possível constatarmos que o museu é uma grande fonte de ensino, basta somente um bom direcionamento do educador para com o aluno, como já o tem atestado vários estudos. Sabemos que a imagem possibilita inúmeras leituras; essa questão foi bastante perceptível quando direcionamos o olhar dos alunos para uma das peças contidas no Museu. Eles puderam fazer suas leituras a partir do que viam e de seus conhecimentos anteriores. Assim, em nossa proposta, buscamos desenvolver atividades que conduzam o aluno a ampliar melhor a percepção, considerando o já aprendido e apreendendo outras informações.

CONCLUSÃOO projeto de pesquisa Museu em (re) vista foi de suma importância para esclarecermos alguns pontos sobre

a memória cultural e religiosa da região bragantina, assim como também ampliarmos discussões sobre o processo de ensino-aprendizagem.

REFERÊNCIAS

- BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São Paulo: Perspectiva: Porto Alegre: Fundação IOCHPE, 1991.

- BARTHES, Roland. Aula. Trad. de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 1973.- BUORO, Anamelia Buono. Sobre o material arte br e a leitura visual. In: ANAIS DO IV SEMINÁRIO CAPIXABA

SOBRE O ENSINO DA ARTE. I ENCONTRO DO POLO ARTE NA ESCOLA/UFES. Maria Auxiliadora Corassa e Moema Martins Rebouças (Org.). Vitória: Editora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo. 2006.

- DUARTE JR, João Francisco Duarte. Fundamentos estéticos da educação. Campinas, SP: Papirus, 1995.- ECO, Umberto. Obra aberta. Forma e indeterminação nas poéticas contemporâneas, Trad. de Giovanni Cutolo,

São Paulo: Perspectiva, 1988.- III ENCONTRO REGIONAL DA AMÉRICA LATINA E CARIBE – CECA / ICOM. MUSEUS E PATRIMÔNIO

INTANGÍVEL – O PATRIMÔNIO INTANGÍVEL COMO VEÍCULO PARA A AÇÃO EDUCACIONAL E CULTURAL. Sonia Guarita do Amaral (Coord.). São Paulo: Faap. 4 a 6 de agosto de 2004.

- LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução Bernardo Leitão. [et al.]. Campinas, SP Editora da UNICAMP, 1990.

- MARTINS, Maria Celeste Ferreira Dias. Didática do ensino da arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.

43

Page 16: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

OS SABERES DOS MESTRES GRIÔS NO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO MEIO AMBIENTE SOCIOCULTURAL NOS BAIRROS GUAMÁ E TERRA FIRME.

Silvia Regina Hungria Gouveia

RESUMO: A palavra cultura é de origem Romana e oriunda da expressão latina colere, cujo significado relaciona-se

ao cultivo, cuidado, trabalho do homem com a natureza para preservá-la e torna-la possível de habitação. Bairros

como o Guamá e a Terra Firme possuem uma imensidão de manifestações populares e uma gama de Mestres Griôs

que transmitem seus conhecimentos através da oralidade. Paraa identificação dos Mestres Griôs fez-se um

levantamento das manifestações populares para identificá-los, dando início do processo que trará como resultado a

construção de conhecimentos para o desenvolvimento da Pedagogia Griô, e o desenvolver de ações integradas de

Serviço Social e Licenciatura em Artes para atender de forma concomitante as políticas de Educação, Cultura e Meio

Ambiente.

Palavras-Chave: Cultura; Mestres Griôs; Serviço Social; manifestações populares

INTRODUÇÃO

Quando se fala em meio ambiente, nos vem à mente a fauna e flora, o cuidado com a água, a questão do solo,

dentre outros aspectos da natureza. Esta noção do meio ambiente é apenas um aspecto - o meio ambiente natural.

Porém vale salientar que a cultura está inserida na discussão de meio ambiente, considerando a importância da

preservação do patrimônio material e imaterial, das artes e manifestações populares, histórias e saberes de um povo.

No conceito de meio ambiente cultural estão incluídas todas as manifestações dos grupos e classes sociais

do país, visando à proteção da riqueza da cultura, e seu valor histórico, científico. Em nosso país, a cultura é um

direito de todos os cidadãos previsto na Constituição de 1988 nos artigos 225 e 226.

ART.226 - “Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e

imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade,

à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se

incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações

científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e

demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos

e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e

científico”. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988

Assim, a proteção do meio ambiente refere-se também à responsabilidade social com o meio ambiente

cultural, já que a definição de meio ambiente é ampla e abarca o meio ambiente construído, o meio ambiente do

trabalho e o meio ambiente cultural. Igualmente, a cultura popular, não se refere apenas às classes menos

favorecidas, pois a cultura está inserida na vida cotidiana de todos na sociedade sem descriminação de raça, etnia ou

classe social.

Neste sentido, o projeto Ação Griô - Patrimônio ambiental cultural no diálogo entre o ensino de artes na

escola e a tradição da arte popular nos bairros Guamá e Terra Firme, estabelece uma relação direta entre alunos da

44

Page 17: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

Universidade Federal do Pará e artistas populares dos bairros Guamá e Terra Firme e tem como um dos objetivos: construir conhecimento sobre os mestres Griôs e identificar a importância destes como guardiões da memória e da história de um povo ou comunidade que têm a missão ancestral de receber e transmitir os ensinamentos das e nas comunidades e ainda integrar saberes e fazeres populares na educação formal.

Neste contexto, entra em cena a figura dos Mestres Griôs. Griô é uma palavra abrasileirada pelo Ponto de

Cultura Grãos de Luz e Griô, de Lençóis-BA. Vem de Griot, da língua francesa, que traduz a palavra Dieli, que

significa o sangue que circula na língua bamanan. Habitante do território do antigo império Mali na África, o Griô é

umpoeta, contador de histórias, artista. Ele é o sangue que circula os saberes, histórias, mitos, lutas e glórias de seu

povo, dando vida à rede de transmissão oral de sua região e país. (FONTE: ponto de cultura Grãos de luz e Grio).

No Brasil a palavra Griô se refere a todo cidadão que se reconheça e/ou seja, reconhecido pela sua própria

comunidade como, um mestre das artes, cura e ofícios tradicionais, através de uma pedagogia que valoriza o poder

da palavra, oralidade, vivência e da corporeidade (pedagogia Griô) se torna a biblioteca e a memória viva de seu

povo. Em sua caminhada no mundo, ele transmite saberes e fazeres de geração em geração, fortalecendo a

identidade de sua família ancestral e comunidade. Exemplo de Griôs: folião dos reis, capoeirista, parteira, erveira,

carimbozeiro, amo de boi-bumbá, cantadores de ladainhas, artesãos, fazedores de todas as expressões culturais

populares que se transmite pela tradição oral.

METODOLOGIA

Guamá e Terra Firme são os bairros mais populosos e também considerados os mais violentos de Belém do

Pará. Esses bairros aparecem nos noticiários de violência e não pelo universo cultural ali existente. A cultura

populares expressada pelas mais diversas manifestações populares seja na época da quadra junina onde a cultura

popular paraense aparece mais evidenciada nos meios de comunicação, seja na época do Círio onde uma corrente

de fé une todos os paraenses para prestigiar a maior festa religiosa do país que leva para as ruas mais de um milhão

de pessoas, ou na época natalina em que todos comemoram o nascimento do menino Jesus e expressam esse

momento através do teatro com a encenação do auto do Natal. Todos esses acontecimentos artísticos e/ou religiosos

contam, no Guamá e Terra Firme, com a presença de Mestres Griôs para disseminar seus saberes e aprendizados.

A pesquisa bibliográfica permitiu conhecer melhor a temática e inserção na comunidade, onde se realizou um

levantamento sobre Mestres Griôs, de Bois Bumbás, Cordões de Pássaros, Escolas de Samba, cantadores de

quadrilhas juninas identificados nos bairros.

A partir deste levantamento foram selecionados seis Mestres Griôs e deu-se início a reuniões para colher as

histórias de vida dos mestres, e o significado que atribuem as suas atividades artísticas para si mesmos, suas

famílias e comunidade, bem como conhecer como transmitem seus saberes e conhecimentos aos Griôs aprendizes.

Os Griôs aprendizes possuem identificação afetiva e cultural com o Griô mestre e possui uma linguagem e

pedagogia para mediação do diálogo entre o saberes, fazeres e práticas pedagógicas de tradição oral e os conteúdos

e práticas pedagógicas da educação. A tradição oral é o universo de vivência dos saberes e fazeres da cultura de um

povo, etnia, comunidade ou território que é criado e recriado, transmitido e reconhecido coletivamente através da

oralidade de geração em geração, com linguagem própria de percepção, elaboração e expressão, pedagogia de

transmissão e política de reconhecimento. (FONTE: ponto de cultura-Grãos de luz e Griô).

O intuito de colher as histórias de vida dos mestres é para registrar suas histórias para que esta não se perca,

e possa continuar as ser transmitida não só de forma oral, mas também de forma escrita para que este conhecimento

45

Page 18: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

possa alcançar o maior número de pessoas.

Articulação com a Secretaria de Educação (SEDUC) para obter informações sobre a Pedagogia Griô e se há

escolas no Pará onde a ação esteja implantada. Porém a SEDUC desconhece este tipo de pedagogia e relatou que

algumas coordenações desenvolvem alguns cursos de capacitação de alunos e professores. A Coordenação de

Educação Profissional (COEP) oferece cursos técnicos de arte e gramática em algumas escolas em Belém. A

Coordenadoria de Ação Educativa e Complementar (CAEC) promove na quadra junina um festival de musicas típicas

do estado do Pará realizado no DEAF. A SEDUC estabelece um convênio com a Fundação Curro Velho e trabalha nas

escolas através de oficinas de dança, capoeira, teatro etc.

Fazem parte das metas deste projeto articular: com a Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará

(EAUFPA) para participar juntamente com o aluno de Música da formação de um grupo de alunos interessados em

participar do projeto para incentivar o estudo da cultura popular e desenvolver o interesse pela arte em especial pela

música; articulação com IPHAN para obter informações a respeito da transferência de recursos aos mestres que

fazem a transmissão do seu conhecimento à comunidade local; com a Secretaria de Meio Ambiente para conhecer

programas relacionados ao meio ambiente cultural. Porém estas articulações ainda não foram realizas devido o

projeto estar em execução a apenas três messes.

RESULTADOS E DISCUSSÕES PRELIMINARES

A inserção na comunidade está possibilitando uma experiência extraordinária, pois se tem a oportunidade de

trocar experiência com os produtores culturais dos bairros Guamá e Terra Firme e poder usufruir toda sabedoria

destes mestres - é algo muito rico e valioso para o aprendizado.

Esse diálogo entre a universidade e os artistas populares desenvolvidos através do ensino, pesquisa e

extensão é uma experiência única para o discente que ao entrar em contato direto com a realidade tem a

possibilidade de tornar-se um profissional melhor preparado, haja vista que ter uma experiência prática possibilita

fazer uma leitura crítica da realidade e da conjuntura como um todo para assim poder compreender a totalidade

Estado, Mercado, Sociedade que se entrecruzam todo tempo.

O meio ambiente cultural é um assunto cujo avanço nos estudos pode proporcionar um universo de

descobertas. Quando se fala na relação do Serviço Social e cultura ainda se vê a necessidade de um

amadurecimento nos estudos, portanto avançar neste estudo é ir em busca de novas descobertas e possibilidades

da prática profissional do assistente social e ver na cultura um importante instrumento de transformação social.

A pesquisa possibilitou abrir um novo conhecimento antes desconhecido até mesmo pelos próprios artistas

que não conheciam a existência do termo Griô e possibilitou uma abertura para a discussão do meio ambiente

cultural tema pouco explorado por todos.

CONCLUSÃOA cultura não tem um lugar determinado. Elaestá em toda parte onde há um ser humano, pois expressa a

relação do ser humano com o seu meio; é a memória de um povo; é qualquer manifestação de criação, produção e participaçãodo povo.

AGRADECIMENTOSAos artistas populares dos bairros Guamá e Terra Firme por sua disponibilidade e interesse em participar do

46

Page 19: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

projeto; aos Mestres Griôs identificados, por sua colaboração, participação; a professora Heliana Baía Evelin Soria, por suas orientações e conhecimento na área da cultura que foi de suma importância para o andamento do projeto.

REFERÊNCIAS

AÇÃO GRIÔ -Patrimônio ambiental cultural no diálogo entre o ensino de artes na escola e a tradição da arte popular

nos bairros Guamá e Terra Firme. Belém, ICSA/UFPA. 2011. Projeto de Extensão. Arquivos do Programa Luamim.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Brasilia: Senado Federal. 1988.

MOLJO, Carina. CUNHA, Ariane. M, Serviço Social e cultura: considerações as cercas das concepções de cultura na

t r a j e t ó r i a d a p r o d u ç ã o d e s d e s u a g ê n e s e a t é o s a n o s d e 1 9 9 0 . d i s p o n i v e l

em< em 19 de agosto

de 2011.

PACHECO, Lílian: pedagogia Griô a reinvenção da roda vida: Lençois, Bahia, 2006 PINHÃO,Karina.A.G.:Patrimônio

Cultural Brasileiro.Disponível em<

em 23 de agosto de 2011.

SANTOS, J. Luiz dos . O que é Cultura: São Paulo: Editora Brasiliense,1993.

SILVA, da He lo ísa . ROLKOUSKI , Emerson. As vozes do passado-h is tór ia ora l : Pau l ThompsonxPhilippeJoutard.Disponívelem<http://www.sepq.org.br/IIsipeq/anais/pdf/gt5/09.pdf. Acesso em 15 de julho de 2011.

http://www.ufjf.br/revistalibertas/files/2011/02/artigo05_11.pdf.Acesso

http://www.uff.br/cienciaambiental/mv/mv1/MV1%281-2%2907-13.pdf.Acessado

47

Page 20: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

PROCESSOS ARTÍSTICOS E CURATORIAIS CONTEMPORÂNEOS – 2011

Cinthya Marques do Nascimento

RESUMO: Neste trabalho relata-se as propostas desenvolvidas no Programa Processos Artísticos e Curatoriais

Contemporâneos, que estabelece um campo entre o corpo docente, discente, público e suas relações com as Artes.

Palavras–Chave: Arte; Cultura; Ensino;

1 - INTRODUÇÃO

O Programa Processos Artísticos e Curatoriais Contemporâneos constitui um campo de ação que, a partir de

2006 tem início, e passa a desenvolver propostas artísticas/culturais entre corpo docente, discente e público,

estabelecendo um espaço de construção da experiência dialógica entre teoria e prática, (técnica e conceitual), com

ações artístico-reflexivas, workshops, seminários, publicações e mediações.

Assim, o Programa, por meio de suas atividades passa a estimular a produção artística discente, bem como a

fomentar a crítica sobre a mesma, em diálogo com a produção docente, relacionando ensino, pesquisa e extensão,

criando um fluxo de saberes no sistema com o qual o programa se relaciona, estabelecendo a inserção cultural dos

jovens, alunos, artistas e críticos, a partir de proposições no sistema de arte local.

2 - METODOLOGIAS

Desenvolver processos de criação e produção artística com alunos do Curso de Artes Visuais, através de

ações curatoriais, que se relacionam com o ambiente da cidade de Belém, além de buscar pontes com Curso de

graduação em Museologia da UFPA para a constituição de processos, arquivos e acervos das ações e processos.

Elaborando com os alunos participantes do projeto, eventos, mostras e intervenções em espaços públicos a partir do

que será desenvolvido pelo corpo discente ao longo do processo do projeto. Estreitando com isso a relação com a

sociedade através da difusão das atividades, como seminários, palestras e exposições desenvolvidas no projeto.

3 - RELATOS E DISCUSSÃO

3.1 – PROCESSOS ARTÍSTICOS E CURATORIAIS CONVIDAM:

O Programa Processos Artísticos e Curatoriais Contemporâneos promoveu durante o semestre, encontros

entre o corpo docente da Faculdade de Artes Visuais e o público interessado em discutir questões atuais dentro das

artes visuais, analisando os processos artísticos como peças fundamentais para a construção da sociedade, sua

interpretação e seu papel dentro desta. Foram realizados encontros para fomento da discussão dentro da

universidade das atuais produções dos artistas locais paraenses, dentre eles muitos estudantes da faculdade.

Temas como “Produção coletiva e individual”, foram abordados neste momento em que os alunos e artistas

apresentavam seus portfólios e recentes trabalhos com a perspectiva de colaborar com o pensar a produção artística

contemporânea paraense a partir das relações entre arte e vida, suas influências e seus modos de ver a sua própria

produção na aproximação entre público e cenário artístico local. A discussão é fomentada a partir do momento em

que todos os participantes introduzem questões, questionamentos e sugestões a cerca do trabalho artístico

promovendo desta forma um diálogo entre os participantes e uma ampla visão sobre o que está sendo discutido

dentro da arte contemporânea e sua forte relação com o cotidiano.

48

Page 21: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

Durante esses encontros, recebemos a presença da Prof. Dra Marisa Morkazel, que relatou suas experiências com o processo curatorial de diversas exposições, a citar: “Carne/Terra” , individual de Berna Reale, Galeria Kunsthaus, Wiesbaden, Alemanha (2004); Contiguidades, Arte Pará dos Anos 1970 a 2000, realizada no Museu Histórico do estado do Pará (2008); individual de Jeims Duarte no Instituto Cultural Banco Real de Recife (2008) e foi curadora com Orlando Maneschy do Arte Pará 2009. Ficou claro durante a palestra que a Prof. (a) Marisa Morkazel considera importante a iniciação, formação e difusão de obras dos discentes de Artes Visuais para o conhecimento do público em geral que tem interesse na área, bem como considera possível difundir uma idéia por meio da Arte e diversas outra área de conhecimento.

3.2 – EXPOSIÇÃO PRECEDENTES – PROJETO NARRATIVAS DISCENTES

Durante o 1º semestre de 2011, o Programa Processos Artísticos e Curatoriais Contemporâneos trabalhou em

parceria com o projeto “Narrativas Discentes”, resultado do Prêmio Proex para a realização da exposição

“Precedentes” que reuniu trabalhos dos discentes de Artes Visuais que se inscreveram para a categoria Exposição.

Diversas etapas foram realizadas, como: inscrição, o processo curatorial, encontros com o grupo para discussões a

respeito de seus trabalhos e influências artísticas, bem como a exposição que se realizou na Galeria Fotoativa, no

período de 17 a 20 de maio.

Inicialmente foi realizado o processo de inscrição em que os jovens artistas propõem as obras através de

dossiês e portfólios. Após a finalização desta etapa, inicia-se o processo de seleção, a partir da perspectiva curatorial.

Neste momento é discutido entre os integrantes do Programa Processos Artísticos e Curatoriais Contemporâneos

quais as obras que irão participar da exposição. Após a seleção das obras, divulgamos a lista de artistas selecionados

e propomos um encontro com os artistas discentes para uma breve fala a respeito do projeto curatorial que foi

definido para a exposição, a fim de incentivar o diálogo entre os artistas, suas obras e suas concepções artísticas.

O projeto curatorial leva em consideração fatores como análise das obras, concepção artística e

desenvolvimento do tema. A última etapa, porém não menos importante faz referência a montagem final da

exposição na galeria. Nesta etapa todos trabalhamos para que o produto final seja satisfatório e para que as obras

expostas possam passar a mensagem desejada ao público que visita a exposição. Desta forma possibilita-se a

inserção desses jovens artistas ao processo expositivo, além de tornar o processo curatorial amplo e significativo

para todos os discentes que acompanham o processo.

4 - CONCLUSÃO

Todas as investidas do Projeto têm um como desejo tornar acessível à compreensão da Arte

Contemporânea, por meio do ensino, pesquisa e extensão com a sociedade. Percebendo que a arte é conhecimento

e que seu exercício, media relações com o outro e com fatos de nosso entorno, suscitando, aos participantes, o

pensamento crítico e os modos como a arte pode ser ferramenta transformadora, utilizando a Arte como instrumento

de emancipação social.

5 – REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana Mae. Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2002.

FREIRE, Cristina. Arte Conceitual. Jorge Zahar Editor Ltda. 2006. Rio de Janeiro.

FUSARI, Maria F. R.; FERRAZ, Maria H. C. T. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 1992.MANESCHY, Orlando, LIMA, Ana Paula Felicíssimo. Já!Emergências Contemporâneas. Belém: UFPA, 2008.

49

Page 22: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

PROGRAMA TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEMÁureo DE FREITAS

Ph. D. em Educação Musical do Instituto de Ciências da Arte da UFPA

Niely Rodrigues FREITASGraduanda em Licenciatura Plena em Música da Universidade Federal do Pará

Bolsista da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX/UFPA)

Letícia Silva e SILVAGraduanda em Licenciatura Plena em Música da Universidade Federal do Pará

Bolsista de Iniciação Científica (PIBIC/UFPA)

RESUMO: O Programa Cordas da Amazônia (PCA) da Escola de Música da Universidade Federal do Pará (EMUFPA), promove uma inovação de linguagem por intermédio do aprendizado musical visando: a inclusão social de estudantes de instrumentos de cordas friccionadas, e de estudantes diagnosticados com TDAH e Dislexia, e Criação de espaço para atuação prática de estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação de Instituições de Ensino Superior. O PCA consistiu-se num trabalho de natureza acadêmica, interdisciplinar, desenvolvido na EMUFPA, no bairro da Cremação, na cidade de Belém do Pará. O programa ganhou e repercutiu reconhecimento ao utilizar a música como forma de inclusão social de crianças, adolescentes, e adultos interessados no aprendizado do violoncelo, o que o tornou um espaço singular para construção e difusão de conhecimento e inclusão. Quanto ao método foram selecionados estudantes de diversas origens sociais, étnicas, e culturais, acima de nove anos de idade. Foram aceitos alunos provenientes da região metropolitana de Belém para participarem dos Pólos EMUFPA – Cremação, EMAÚS – Jurunas, e EMAÚS Benguí. Foram convidados a integrarem o grupo de pesquisa profissionais e alunos interessados no aprendizado dos Transtornos do Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem. Neste sentido, este trabalho tem por objetivo comparar o aprendizado musical entre crianças e adolescentes com TDAH e crianças e adolescentes sem o transtorno. Assim como, Identificar as possíveis influências da educação musical no processo do aprendizado da leitura e escrita de crianças e adolescentes com e sem característica de risco para Dislexia, ambos inseridos em uma turma de educação musical (violoncelo).

Palavras-Chave: TDAH; Dislexia; educação musical; dificuldade de aprendizado.

INTRODUÇÃOO termo inclusão vem sendo amplamente discutido na última década. Ações inclusivas predominantemente

em âmbito escolar vêm sendo implementadas com vistas a atender as exigências sociais. Ferreira (2005) afirma que inclusão implica em celebrar a diversidade humana, respeitando as diferenças

individuais. Incluem-se aí tanto pessoas que apresentam algum tipo de transtorno ou dificuldade de aprendizagem, e também aquelas que estão à margem das instituições educacionais por diferenças culturais, ou problemas econômicos.

Nesse sentido, o processo de inclusão educacional deve atender a três agentes: (a) alunos marginalizados por questões culturais e/ou econômicas; (b) alunos que apresentem algum tipo de transtorno do desenvolvimento ou dificuldades de aprendizagem; e (c) professores e graduandos que precisam ser qualificados para desenvolver estratégias de ensino mais diversificadas, dinâmicas, e compatíveis com o público que as instituições educacionais recebem (Ferreira, 2005).

Com a aprovação da Lei n°. 11.769, que prevê a inclusão da educação musical como disciplina obrigatória na

50

Page 23: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

educação básica, o debate sobre inclusão educacional deve ser levado também para as instituições de educação musical, visto que é nestas instituições que os profissionais de educação musical são formados (Rasslan, 2008)

A ênfase que era dada anteriormente para o equilíbrio entre a formação musical e pedagógica do educador musical, deu lugar a uma tarefa mais complexa. A inclusão educacional colocou este profissional diante de uma gama de realidades. Agora, não se tem mais nas turmas diferenças, porque cada ser humano é ímpar, mas temos diferenças bem mais contundentes com a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, por exemplo, (Figueiredo, 2005).

Os transtornos do desenvolvimento e dificuldades de aprendizagem são considerados de alta incidência na população. De modo genérico eles podem ser definidos como quaisquer patologias ou eventos, de origem genética ou adquiridos até os primeiros meses de vida, que comprometam o desenvolvimento do indivíduo, podendo causar deficiências, físicas ou mentais, bem como restrições à funcionalidade e à participação social. Exemplos destes transtornos são: (a) o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e (b) os transtornos de aprendizagem, envolvendo a fala, escrita, leitura, e comportamento (Nobre & DeFreitas, 2009).

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a Dislexia são dois dos transtornos e/ou dificuldades de aprendizagem mais frequentes em crianças em idade escolar, persistindo até a vida adulta (Capelline, Salgado & Ciasca, 2007). O TDAH é considerado o transtorno neuropsiquiátrico mais comum da infância e está incluído entre as doenças crônicas mais prevalentes entre escolares. Estudos epidemiológicos dão conta que de 3% a 6% das crianças em idade escolar apresentam TDAH (Faraone, 2003 citado por Capelline, Salgado & Ciasca, 2007).

Por sua vez, a DISLEXIA é caracterizada como transtorno da leitura e da escrita, interferindo diretamente no rendimento escolar, o que pode causar um rendimento acadêmico abaixo do que se espera para a idade cronológica do indivíduo, ao seu potencial intelectual e à sua escolaridade (DSM IV, 1995). Segundo levantamentos epidemiológicos a dislexia acomete em torno de 5 a 10% de escolares (Ciasca e cols; 2003 Citado por Capelline, 2007).

METODOLOGIAO Programa Cordas da Amazônia (PCA) promoveu uma educação musical que atendeu os três pilares da

Universidade Federal do Pará: ensino, extensão, e pesquisa. Seguindo esse pressuposto, pesquisadores do PCA desenvolveram projetos de extensão e projetos de pesquisa que agregaram o Programa Cordas da Amazônia: Projeto Transtornos do Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem (DeFreitas & Nobre, 2008; Lopes, 2008; Rodrigues, 2008).

Quanto aos participantes do Projeto Transtornos do Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem, foi estabelecido critérios de seleção desses estudantes. Ao todo foram selecionados 20 estudantes sem Transtornos do Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem e 08 estudantes com o transtorno; na faixa etária de 09 a 14 anos de idade. Os estudantes inscritos foram entrevistados e avaliados pelos psicólogos do Programa Cordas da Amazônia para identificar aqueles que possuíam TDAH e Dislexia. Esses estudantes, obrigatoriamente, apresentaram o comprovante de que estavam inscritos em escolas de ensino fundamental (regular).

A formação das turmas dos estudantes de violoncelo foi composta por 16 estudantes cada. Sendo que das turmas ofertadas quatro foram voltadas para estudantes com TDAH, onde cada turma foi composta por 11 estudantes sem diagnóstico dos Transtornos do Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem e 5 com TDAH. E duas turmas voltadas para estudantes com características de risco para Dislexia, com 11 estudantes sem diagnóstico dos Transtornos do Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem e 5 com características de risco para Dislexia cada.

Na prática instrumental dos estudantes da intervenção musical: TDAH e Dislexia foram realizada a

51

Page 24: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

musicalização por meio da vivência lúdica, onde ao mesmo tempo em que o estudante aprendeu a conhecer as notas, figuras musicais, claves, compassos, pausas, ritmos e ler partituras, iniciou-se o ensino do Violoncelo sem os rigores técnicos importantes. A técnica instrumental será cobrada posteriormente, respeitando o tempo de aprendizado de cada estudante. Um professor de violoncelo com mais de 10 anos de experiência em sala de aula e 2 pesquisadores/alunos de violoncelo ministraram em conjunto as aulas práticas no Laboratório Experimental de Educação Musical do Programa Cordas da Amazônia (PCA) da Escola de Música da Universidade Federal do Pará (EMUFPA).

O projeto foi submetido ao comitê de ética em pesquisa com seres humanos. Em seguida, foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos responsáveis dos participantes.

A avaliação dos estudantes do Programa Transtornos do Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem da Universidade Federal do Pará foi de responsabilidade de um Ph.D. em Educação Musical, seis voluntários/monitores de violoncelo, e um professor de violoncelo (vinculados a Escola de Música da Universidade Federal do Pará) e três Psicólogos. Além de vinte estudantes de graduação e pós-graduação vinculados à Universidade Federal do Pará e Universidade do Estado do Pará que participaram da coleta de dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados ainda estão sendo coletados, só será feita a análise e discussão desses, após o término das

intervenções em dezembro de 2011. As culminâncias serão apresentadas no Encontro de Arte de Belém – ENARTE 2011 também a ser realizado em dezembro desse ano.

CONCLUSÕESA adoção de modelos pedagógicos eficazes e adequados às necessidades de um aluno com dificuldades de

aprendizagem é necessária. Neste campo, nos propomos a investigar a relação entre a educação musical, TDAH e a dislexia. Contudo, pesquisadores do presente estudo sugerem que crianças e adolescente com o TDAH e Dislexia poderiam melhorar o processo do aprendizado musical, se mantivessem, uma presença contínua em sala de aula.

REFERÊNCIASŸ ANDRADE, R. Uma abordagem evolucionária e neurocientífica da música. Neurociências. Volume 1. no 1. Julho-Agosto. 2004.Ÿ CAPELLINI, Simone Aparecida; FERREIRA, Taís de Lima; SALGADO, Cíntia Alves; CIASCA, Sylvia Maria. Desempenho de escolares bons leitores, com dislexia e com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade em nomeação automática rápida. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, São Paulo, v. 12, p. 114-119, 2007.Ÿ CIASCA, S. M., CAPELLINI, S. A., TONELLOTO, J. M. F. Distúrbios específicos de aprendizagem. in: CiascA, S. M. organizadora. Distúrbio de aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. São Saulo: Casa do psicólogo. pp. 55-66. 2003..Ÿ DeFREITAS, Áureo. D. The influence of complete teacher sequential instruction patterns, teacher delivery style, and student attentiveness on evaluation of teacher effectiveness.. Tese (Doutorado)- University of South Carolina (USA), 2005.Ÿ FERREIRA, Vicente J. Assêncio in Hiperatividade como causa do insucesso na aprendizagem. Jornada Internacional de Educação no Maranhão, São Luis – MA, palestra proferida em 26/05/05.

AGRADECIMENTOSAproveitamos para agradecer a Pró-Reitoria de Extensão por todo o apoio, ofertado ao nosso Programa.

Muito Obrigado (a)!

52

Page 25: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

PROJETO SER BRASILEIRO: UM NOVO OLHAR SOBRE A CULTURA.Darlene Branches Ferreira

RESUMO: O Projeto Ser Brasileiro, do Programa Luamim: peças interventivas na realidade/ UFPA, destina-se à universitários com pendores artísticos e/ou interessados em estudar a cultura brasileira. Apesar de ter sido criado em 2007, atende as Diretrizes Gerais do Plano Nacional de Cultura, lançado em 2009. Este trabalho apresenta o desenvolvimento do projeto no ano de 2011.

Palavras-Chave: Cultura, Ciência, Extensão Universitária, Serviço Social.

INTRODUÇÃOA universidade brasileira é muito recente e ainda, hegemonicamente dependente de construções teóricas

advindas da Europa, muitas das quais inadequadas à realidade sociopolítica e cultural do Brasil (PROGRAMA LUAMIM, 2011).

O conhecimento produzido na academia quase sempre não considera relevante os demais saberes advindos das tradições populares. Isso provoca um certo distanciamento entre o acadêmico e a comunidade externa.

Como afirma o Plano Nacional de Cultura (PNC), é necessário reagir ao processo de homogeneização cultural induzido em âmbito local e mundial e para isso surgem iniciativas voltadas para a proteção e afirmação da diversidade cultural da humanidade.

Diante disso, o Projeto Ser Brasileiro, atuando como atividade extensionista, inscreve a cada ano 20 alunos ingressantes no Curso de Serviço Social com pendores artísticos e interessados em estudar a cultura brasileira. O Projeto se propõe a ser um espaço onde os alunos sejam construtores e multiplicadores de novas formas de pensar e fazer ciência, que não seja excludente dos saberes relacionados ao modo de vida, à arte e cultura do povo brasileiro, especialmente os saberes herdados dos povos africanos e indígenas. Além disso, entende como fundamental para o estudante, atividades de extensão, Não somente como item para seu currículo, mas principalmente como aprendizado pessoal e profissional. Desse modo a instituição deve oferecer condições para o desenvolvimento de tais atividades, como afirma Rubim (apud QUATRO ANOS DE QUÊ? UNIVERSIDADE: ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, 2011) :

A universidade deve ser concebida e realizada como conjunção, em complexidade e diversidade, de uma rica multiplicidade de atividades, onde a sala de aula aparece apenas como um momento, sem dúvida fundamental e obrigatoriamente melhor qualificado que hoje, mas nunca como atividade única e absoluta.

METODOLOGIAAplicou-se uma pesquisa quantitativa e qualitativa em abril de 2011, com questionários elaborados com

perguntas abertas e fechadas com o objetivo de traçar o perfil sociocultural dos ingressantes do Curso de Serviço Social no respectivo ano e para a formação da turma de usuários do projeto. Os 120 questionários foram entregues nos turnos matutino, vespertino e noturno, e foram respondidos com a presença das pesquisadoras. Foram preenchidos 100 questionários. (BRANCHES & CUNHA, 2011)

Após a seleção e formação da turma, foram realizadas atividades como: reuniões mensais para planejamento e avaliação das atividades, sendo utilizados textos para reflexão; dinâmicas de grupo, recursos audiovisuais, entre outros; articulação com serviços e profissionais de outros Institutos da UFPA para consecução do projeto; palestra sobre a História do Carimbó, ministrada pelo Prof. Dr. Jacob Furtado Cantão , antecedendo o ciclo de Oficina de Carimbó, no período de cinco semanas, direcionada aos alunos inscritos no projeto e alunos sem

53

Page 26: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

vínculos com o mesmo. Ainda estão programadas duas atividades: Visita ao Quilombo de Itaboca – Município de Inhangapi; Elaboração de artigos como atividade conclusiva do curso de extensão para os alunos do projeto.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA realização da pesquisa possibilitou traçar o perfil sociocultural dos alunos de Serviço Social ingressantes

no ano de 2011; selecionar os usuários do projeto e produzir o artigo intitulado “Projeto Ser Brasileiro: Perfil dos estudantes de Serviço Social ingressantes no ano de 2011 na UFPA / Campus Belém, aprovado e apresentado como comunicação oral na V Jornada Internacional de Políticas Públicas (JOINPP), em São Luís-MA. As pesquisadoras acrescentaram um novo item ao questionário que vem sendo aplicado desde 2007, correspondente ao modo como os alunos percebem as diversas manifestações culturais de seus locais de origem, obtendo-se o seguinte resultado: Danças folclóricas 36%, artesanato 5%, Festas Religiosas 5%, Teatro 4%, Música 2%, Culinária 2%, Cinema e Comunicação Verbal 1% cada; 41% dos alunos nada informaram. Do total de 100 alunos, 27% afirmaram perceber as influências dessas manifestações e seu cotidiano; 47% não percebem e 26% nada responderam. (BRANCHES & CUNHA, op. cit)

Os dados mostram que, apesar da influencia cultural indígena e africana, presentes no cotidiano da população principalmente através da culinária e comunicação verbal, estes dois itens foram pouco mencionados pelos entrevistados. Isso mostra a dificuldade da sociedade em perceber com clareza a dinâmica de seu próprio cotidiano e as conseqüências disso em suas escolhas e atitudes, pois quando LARAIA (1996) afirma que a cultura abrange todos os aspectos da vida de determinada povo, é impossível visualizar as relações dos indivíduos alheia à mesma.

As reuniões mensais, com frequência média de 10 alunos se constituíram em um espaço de discussão, diálogo e debate, práticas fundamentais no processo de construção do conhecimento, sobretudo para o acadêmico de Serviço Social que atuará diretamente com grupos e coletividades.

Quanto à Oficina de Carimbó, a mesma buscou facilitar a compreensão do Carimbó como um instrumento de resistência da tradição e do conhecimento popular, possuidor de uma história, mas que também absorve influências da atualidade. Esta atividade também objetivou a continuidade do Grupo Folclórico “Encantos do Luamim”, formado em 2007 com a primeira turma de alunos do projeto.

O projeto Ser Brasileiro procurou fomentar nos participantes a necessidade de construir conhecimentos focados no tema da Cultura, especialmente como campo de atuação do Assistente Social pois, de acordo com a pesquisa já citada acima, constatou-se que apenas 6% dos alunos demonstram interesse em atuar nesta área. Sabe-se que essa é uma temática de certa forma, nova na área do Serviço Social, possivelmente devido a isso haja pouco interesse. Por outro lado, há uma clara necessidade de desconstrução da idéia de cultura apenas como “folclore”. É preciso entende-la como algo que abrange todos os aspectos da vida de um povo, ou seja, o modo como as pessoas criam e recriam suas relações, suas crenças, costumes, normas e a também sua organização econômica. É necessário visualizá-la como um direito de todo cidadão e por isso,

Cabe ao poder público estabelecer condições para que as populações que compõem a sociedade brasileira possam criar e se expressar livremente a partir de suas visões de mundo, modos de vida, suas línguas, expressões simbólicas e manifestações estéticas. (PLANO NACIONAL DE CULTURA, 2008-2009)

Nesse sentido a intervenção do assistente social é indispensável na garantia desse direito.

CONCLUSÃOAs atividades de extensão do Projeto Ser Brasileiro são de importância indiscutível ao processo de

conhecimento dos estudantes envolvidos, pois a partir da compreensão da cultura como algo que perpassa o

,

54

Page 27: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

cotidiano do individuo e suas relações, é possível tecer conhecimentos integrando academia e comunidade externa.

AGRADECIMENTOS“Não há saber maior ou menor, há saber diferente” (Paulo Freire). Dessa forma, agradeço imensamente às

pessoas que contribuíram para que o meu saber fosse ampliado e conseqüentemente partilhado com os demais. Agradeço especialmente à Prof. Dra. Heliana Baia Evelin Soria, coordenadora do Programa Luamim: peças interventivas na realidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANCHES, Darlene; CUNHA, Laís Sousa da. Projeto Ser Brasileiro: Perfil dos estudantes de Serviço Social ingressantes no ano de 2011 na UFPA / Campus –Belém. São Luís: UFMA. V

, 2011.

LARAIA, Roque de Barros, Cultrua- um conceito antropológico. 11ª Edição, Jorge Zahar Editor: Rio de Janeiro, 1996.

PLANO NACIONAL DE CULTURA. 2ª Edição. Brasília: Ministério da Cultura, Gestão 2008-2009.

PROGRAMA LUAMIM: PEÇAS INTERVENTIVAS NA REALIDADE. Projeto Ser Brasileiro. Belém: ICSA/ UFPA, 2011. Arquivo de Projetos.

QUATRO ANOS DE QUÊ? UNIVERSIDADE: ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO. Caderno de Textos .Projeto “Roda de diálogos em extensão popular”. Belém: UFPA, 2011.

Jornada Internacional de Políticas Públicas (JOINPP)

55

Page 28: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

TEATRO COM-VIDA

Coordenadora: Patrícia Mara de Miranda Pinheiro

Bolsista: Daisy Pinheiro

RESUMO: O Projeto “Teatro Com-Vida” está sendo desenvolvido desde Março de 2011. Constitui-se como espaço

de experimentação e sistematização dos conhecimentos da área das Artes Cênicas, buscando humanizar o

ambiente hospitalar do Hospital Universitário João de Barros Barreto. Um dos objetivos do projeto é investigar as

formas metodológicas aplicáveis aquele meio, para criar um ambiente lúdico e favorável ao fortalecimento da saúde e

qualidade de vida, oportunizando as crianças, jovens e adultos hospitalizados o acesso a arte. Segundo Bertold

Brecht (1978), “O teatro se torna uma diversão que instaura não apenas o prazer, mas também um ato de reflexão

produtivo” (p.74).

Em nossas intervenções cênicas temos buscado estabelecer novos métodos de abordar um outro foco no

entendimento da saúde, com atenção na busca do que existe de saudável em uma pessoa hospitalizada, e

estimularmos relações afetivas, artísticas e lúdicas a partir desse contexto. Encontramos então um espaço em

potencial para alimentar as relações humanizadoras, descobrindo na arte uma possibilidade para resignificar a

compreensão de saúde nos ambientes hospitalares. Percebemos a necessidade para estes sujeitos, de uma

“medicação” que viesse preenchê-los de sonhos, alegria e esperança, e convidá-los a um encontro com o brincar

levando-os ao riso onde a vida está mais ameaçada.

O Projeto tem como elo articulador no PPP do Curso de Licenciatura em Teatro os conteúdos desenvolvidos

e sistematizados durante as disciplinas no Ensino do Teatro do Curso de Licenciatura em Teatro. Os espaços cênicos

alternativos em Belém passam a ser objetos de estudos e análises das práticas pedagógicas na formação do

professor de teatro. Sendo assim os hospitais são caracterizados como espaços alternativos para a sistematização

dessas vivências.O teatro apresenta uma diversidade de técnicas para a experimentação e criação. O Jogo teatral pode

permitir a experimentação dessas novas experiências e inovações. Para Japiassu (2001) o Jogo Teatral tem como a finalidade oportunizar atividades que servem para o “... crescimento pessoal o desenvolvimento cultural dos jogadores por meio do domínio, da comunicação é do uso interativo da linguagem teatral, numa perspectiva improvisacional ou lúdica” (p.20).

Para Spolin (2001), o jogo além de ser uma atividade comum realizada em grupo, proporciona o envolvimento e a liberdade individual, fatores importantes para o desenvolvimento da experiência, pois “.... qualquer jogo digno de ser jogado é altamente social e propõe instrisecamente um problema a ser solucionado” (p.5).

Palavras-Chave: Práticas lúdicas teatrais – qualidade de vida- saúde – Método ensino teatro em hospitais.

56

Page 29: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

RELATOS E REFLEXÕES SOBRE O PROJETO “O PASSADO NO PRESENTE: MUSEALIZAÇÃO COMPARTILHADA DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO NA VILA DE JOANES, ILHA DO MARAJÓ-PA”

Elinelma Pereira do NascimentoLuzia Gomes Ferreira

RESUMO: O estado do Pará possui um relevante acervo arqueológico, atualmente podemos encontrar esses vestígios tanto em museus quanto em comunidades, a exemplo, da Vila de Joanes. O Patrimônio arqueológico é de suma importância para as pesquisas sobre a ocupação humana na Amazônia, além de nos possibilitar compreender a relação que as populações locais do presente estabelecem com essa porção material do passado que compõe a paisagem local. Partindo de uma perspectiva multivocal e interdisciplinar o Projeto de Extensão O Passado no Presente: Musealização Compartilhada do Patrimônio Arqueológico na Vila de Joanes, Ilha do Marajó – PA propõe exercitar a musealização compartilhada em parceria com os-(as) moradores-(as) da Vila de Joanes, Ilha do Marajó-PA, visando assim um diálogo consonante e simétrico, entre moradores-(as), museólogas e arqueólogas-(os).

Palavras-Chave: Memória, Musealização, Gestão Compartilhada, Patrimônio Arqueológico, Passado.

INTRODUÇÃOCom base nos novos paradigmas da Museologia, os museus podem ser compreendidos como um dos

lugares praticados de memórias, nos quais constantemente construímos representações do passado no presente. Contudo, a discussão acerca da musealização compartilhada, especialmente em sítios arqueológicos habitados, como é o caso de Joanes, ainda é um tema pouco debatido na Museologia e Arqueologia Brasileira. De acordo com Bruno a musealização de sítios arqueológicos é “[...] uma temática complexa, pouco abordada no Brasil pelos debates no âmbito da arqueologia, negligenciadas nos fóruns de museologia [...]” (2005 pp. 235-236).

O Projeto de Extensão “O passado no presente: musealização compartilhada do patrimônio arqueológico na Vila de Joanes, Ilha do Marajó-PA”, além de propor uma parceria acadêmica entre Museologia e Arqueologia, e, estreitando o diálogo com a Antropologia, propõe exercitar a musealização e gestão compartilhada do patrimônio arqueológico, a partir da reestruturação da exposição na Escola de Ensino Fundamental de Joanes. No desenvolvimento desse trabalho adotamos os princípios da multivocalidade, no qual, levamos em consideração as interpretações dos-(as) moradores-(as) acerca dos vestígios materiais que compõem a paisagem da Vila. Através desse projeto concebemos que a relação interrelação entre ensino, pesquisa e extensão propicia um exercício acadêmico no qual a interdisciplinaridade tão falada e pouco executada dentro da academia possa ser colocada em ação.

Compreendemos a exposição como um processo criativo e dialógico, nesse sentido, estamos priorizando à co-gestão do patrimônio arqueológico. Segundo Gonçalves, “A exposição desses novos tempos é um espaço público, de permanente diálogo com a comunidade. Tem papel significativo no processo de construção simbólica e da identidade [...]” (2004, p. 16). Considerando que a exposição é uma narrativa visual construída a partir de um conjunto

¹Graduanda do Bacharelado em Museologia da Faculdade de Artes Visuais e Museologia (FAM) do Instituto de Ciências da Arte (ICA) da Universidade Federal do Pará (UFPA); Bolsista pela Pró-Reitoria de Extensão (PROEX/UFPA) do Projeto de Extensão “O Passado no Presente: Musealização Compartilhada do Patrimônio Arquelógico na Vila de Joanes, Ilha do Marajó – PA”, coordenado pela Prof.ª Luzia Gomes Ferreira. E-mail²Museóloga; Professora Auxiliar da Faculdade de Artes Visuais e Museologia (FAM) do Instituto de Ciências da Arte (ICA) da Universidade Federal do Pará (UFPA), onde leciona para os cursos de Museologia e Artes Visuais; Mestranda em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia (IFCH/PPGA/UFPA), Coordenadora do Projeto de Extensão “O Passado no Presente: Musealização Compartilhada do Patrimônio Arqueológico na Vila de Joanes, Ilha do Marajó – PA”. E-mail

: [email protected]

: [email protected]

57

Page 30: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

de imagens intermediadas pelos objetos, ao desenvolver esse projeto na Vila de Joanes em parceria com os-(as) seus-(suas) moradores-(as), nos proporciona entender a forma como eles-(as) querem se auto-representar nesse espaço expositivo.

METODOLOGIAEste projeto entrecruza olhares de três campos disciplinares: a Museologia, a Arqueologia e a Antropologia.

O desenvolvimento do projeto está norteado pelos princípios da pesquisa qualitativa, que segundo Goldenberg “[...] consistem em descrições detalhadas de situações com o objetivo de compreender os indivíduos em seus próprios termos” (2007, p. 53). Os métodos e técnicas utilizados para o desenvolvimento do referido projeto são:

· Levantamento Bibliográfico e Leituras Dirigidas · Visitas Técnicas· Trabalho de Campo: no desenvolvimento do trabalho de campo são realizadas as seguintes ações:

observação participante, registro de narrativas e registro fotográfico.

RESULTADOS E DISCUSSÕESSegundo Cury, “[...] musealizar é dar forma a um conceito através de objetos” (1999, p.50). Nesse sentido,

podemos inferir que o “[...] mundo dos objetos é, portanto, absolutamente central para um entendimento das identidades de pessoas e sociedades. (...) sem as coisas – cultura material – nós não poderíamos ser nós mesmos nem conhecer a nós mesmos” (TILLEY, 2008, p. 60). Os processos de musealização, nos leva a refletir sobre a relação coisas/pessoas-pessoas/coisas: “Na realidade, as coisas não nos rodeiam, nós formamos com elas um mesmo mundo, somos coisas e gente habitando um indivisível corpo”. (COUTO, 2011, p. 21)

A partir de uma perspectiva museológica musealizar é: “[...] es la operación que tiende a extraer, física y conceptualmente, uma cosa de su médio natural o cultural de origen para darle un status museal, transformándola en musealium o musealia, 'objeto de museo',. (DESVALLÉE; MAIRESSE, 2009, p. 50). Entendemos que a musealização ultrapassa a transposição de objetos de um local para outro, especialmente em contextos como o de Joanes. Dentro de uma nova perspectiva, o ato de musealizar deve integrar diversas ações museológicas em diálogo consonante com os-(as) moradores-(as), compreendendo a reintrodução de elementos “[...] de uma cultura extinta numa sociedade viva [...]” (FUNARI, 1988, p. 24) e identificando de que forma esses fragmentos da cultura material que conformam a paisagem “[...] são apropriados e sofrem mudanças no processo de incorporação por grupos que detém costumes, valores, hábitos distintos do grupo que produziu os primeiros significados” (SANTOS, 2003, p.59).

Pensando o museu como um fenômeno em processo, verificamos que o modelo padrão do museu templo passou por transformações, assim como, eclodiram novas tipologias de museus, a exemplo dos Ecomuseus, Museus Comunitários e Museus de Sítios. Barbuy nos afirma que nos Ecomuseus “O acervo não é indesejado ou banido; ao contrário é ampliado tanto no sentido de sua natureza como no de seu significado, abrangendo bens móveis e territórios inteiros, além de espécimes vivas e de bens imateriais [...]” (1995, p. 210). De acordo com Soares e Scheiner nos “[...] museus comunitários a musealização se dá de forma integral e não cristalizadora dos processos e costumes que são, ao contrário, mantidos na vivência das pessoas [...]” (2009, p. 04). Para Silverman:

Pouca atenção vem sendo dada aos museus em sítios arqueológicos. É revelador desta situação o fato do Conselho Internacional de Museus (ICOM) ter apresentado apenas um esqueleto de definição, em 1982, declarando que os museus de sítio são museus localizados 'no local no qual ocorreram as escavações' (...). Outras categorias de museus sítios reconhecidos pelo ICOM são os etnográficos, ecológicos e históricos. Todos estes museus são considerados como de proteção natural ou propriedade cultural, móveis ou

58

Page 31: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

imóveis, nestes sítios originais para 'adquirir, conservar e comunicar evidências materiais das pessoas e seu meio ambiente. (2006, p. 03).

Desenvolver ações de musealização em contextos como o da Vila de Joanes, possibilita que a própria comunidade atue na co-gestão do seu patrimônio. O ponto principal do gerenciamento feito exclusivamente pelas comunidades locais é a vontade dos moradores em participar dos processos museológicos (PRIOSTI; VARRINE, 2007). O desenvolvimento do projeto na Vila de Joanes advém de um histórico onde os-(as) próprios-(as) moradores-(as) explicitaram o desejo de manter os vestígios arqueológicos na Vila. Conforme aponta Schaan:

[...] Em diversas cidades e comunidades amazônicas têm sido criados pequenos museus, impulsionados por professores e leigos, criando a base para futuros núcleos de estudos, preservação e difusão de questões ligadas ao patrimônio. É preciso, no entanto, dar suporte a essas iniciativas e qualificar as pessoas envolvidas. (2009, p.132).

Através dos relatos orais fica perceptível que os-(as) moradores-(as) de Joanes desejam constituir um museu para abrigar o patrimônio arqueológico, assim como potencializar o turismo local. É importante perceber a relação que os-(as) moradores-(as) estabelecem com o patrimônio arqueológico inserido no seu cotidiano e as (re)-significações que atribuem ao mesmo: “[...] O discurso do patrimônio essencializa a sacralização do passado e seus testemunhos materiais; os moradores, por sua vez, sacralizam o passado ao ressignificar 'lugares e coisas' em suas vidas cotidianas” (BEZERRA, 2011, p. 68).

Podemos relatar que o Projeto O Passado no Presente: Musealização Compartilhada do Patrimônio Arqueológico na Vila de Joanes, Ilha do Marajó – PA tem tido boa aceitação na comunidade, estamos realizando registro das narrativas a partir da coleta de entrevistas e registro fotográfico, concluímos o novo projeto expográfico, a exposição será montada em outubro de 2011. Também, percebemos que o projeto está bem divulgado na UFPA. Fomos convidadas para falar sobre o projeto no Programa UFPA Comunidade da Rádio WEB da UFPA, assim como, cedemos entrevistas para o Jornal Beira-Rio da ASCOM/UFPA, a qual será publicada em outubro de 2011.

CONCLUSÕESExperiências como a do Projeto O Passado no Presente: Musealização Compartilhada do Patrimônio

Arqueológico na Vila de Joanes, Ilha do Marajó – PA são recentes no Brasil, porém, percebemos que no contexto amazônico é viável desenvolver a gestão compartilhada do patrimônio arqueológico.

REFERÊNCIAS- BARBUY, Heloísa. A conformação dos ecomuseus: elementos para compreensão e análise. In: Anais do

Museu Paulista. São Paulo. N. Ser. V.3 pp. 209-236 jan./dez. 1995. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/anaismp/v3n1/a19v3n1.pdf

- BEZERRA, M. “As moedas dos índios”: um estudo de caso sobre os significados do patrimônio arqueológico para os moradores da Vila de Joanes, Ilha do Marajó, Brasil. In: Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas. v. 6, n.1.jan.-abr. 2011. Belém. pp. 57-70.

- BRUNO, Maria C. de. Arqueologia e Antropofagia: a musealização de sítios arqueológicos. In: Revista do Patrimônio. Nº. 31. 2005. pp. 234-247.

- COUTO, Mia. E se Obama fosse africano? : outras intervenções. São Paulo: Companhia das letras, 2011. - DESVALLÉES, André; MAIRESSE, François. Conceptos Claves de Museología - ICOFOM/ICOM. 2009. pp.

48-60.

59

Page 32: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

- FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Arqueologia. Série Princípios, Nº 145, Editora Ática. São Paulo, 1988.- GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. 10. ed.

Rio de Janeiro: Record, 2007.- GONÇALVES, Lisbeth Rebollo. O Museu e a Exposição de Arte no Século XX. São Paulo: Editora da

Universidade de São Paulo/FAPESP, 2004.- SCHAAN, Denise Pahl. Múltiplas vozes, memória e história: por uma gestão compartilhada do patrimônio

arqueológico da Amazônia. In: Marajó, iconografia, história e patrimônio-textos selecionados. Erechim, RS: HABILIS, 2009.

- SANTOS, Myrian Sepúlveda dos. Memória Coletiva & Teoria Social. Annablume, São Paulo, 2003.- SILVERMAN, Helaine. Archaeological Site Museums in Latin América. In: Archaeological Site Museums in

Latin América. University Press of Florida. 2006. pp. 03-17.- SOARES, Bruno C. Brulon; SCHEINER, Tereza. A Ascensão dos Museus Comunitários e os Patrimônios

'Comuns': Um Ensaio Sobre a Casa. In: Anais do X ENANCIB, 2009. pp. 01-21.- PRIOSTI. Odalice; VARRINE. Hugues. O novo museu das gentes brasileiras: criação, reconhecimento e

sustentabilidade dos processos museológicos comunitários. In: Cadernos de Sociomuseologia. Vol.28, N.28, 2007.

- TILLEY, C. - Objetification. In: Tilley, C. et al (eds.) – Handbook of Material Culture. New York: Sage: 2008, pp.60-73.

60

Page 33: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

ROTEIRO GEO-TURÍSTICO NO BAIRRO DA CIDADE VELHA - CONHECENDO O CENTRO HISTÓRICO DE BELÉM NA AMAZÔNIA.

Autor: Felipe Giordano Azevedo da SilvaCo-autora: Nabila Suelly Souza Pereira

Co- autora: Larissa Paola de Lima Damasceno da SilveiraCo- autora: Alessandra da Silva Lobato

RESUMO: O projeto de extensão tem como objetivo a elaboração de um roteiro geo-turístico no bairro da Cidade Velha em Belém, fazendo uma (re)valorização histórico e cultural dos elementos presentes nas diversas paisagens do bairro que reforçam sua formação, utilizando os recursos físicos e humanos presentes nos infocentros, de maneira que a população local participe da elaboração do roteiro, que conta com discussão teórica e conceitual por acadêmicos. Com a efetivação do projeto há a execução do roteiro, ofertando para a sociedade e poder público, criando a perspectiva da utilização do turismo para um melhor desenvolvimento local.

Palavras-Chave: Centro histórico, Roteiros Geo-Turísticos, Infocentros, Cidade Velha.

INTRODUÇÃOO presente projeto nasce das discussões realizadas durante as reuniões do Grupo de pesquisa em

Geografia do Turismo (GGEOTUR) intitulado Turismo e Desenvolvimento sócio-espacial na Amazônia, cadastrado no CNPQ desde o ano de 2002, sob a coordenação da Profª. Dra. Maria Goretti da Costa Tavares no Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará e na Faculdade de Geografia e Cartografia do IFCH – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Durante as reuniões percebeu-se a necessidade de se criar um projeto de extensão que tem como objetivo a implementação de ações voltadas para práticas de turismo histórico, cultural e patrimonial que propiciem a (re)valorização da memória sócio-espacial da cidade de Belém, especificamente no bairro da Cidade Velha, pois um dos problemas identificados pelo grupo refere-se justamente a inexistência de ações voltadas para o turismo em Belém que valorize seu potencial histórico, cultural, patrimonial e, por conseguinte de memória sócio-espacial. Uma vez que a cidade de Belém apresenta lugares que são inseridos no processo de ocupação da região Amazônica desde o século XVII, e possuem rugosidades espaciais (Santos, 2008), ou seja, formas espaciais resultantes deste processo de ocupação, principalmente no que se refere ao período da instalação dos fortes militares pelos portugueses, das missões religiosas, do movimento da Cabanagem e da economia da borracha.

Nota-se também que o projeto é de extrema relevância e pertinência para a resignificação das práticas turísticas em Belém e pode ser visto ainda, como ação estimuladora da memória social, histórica e geográfica da cidade de Belém. Além de contribuir na formação dos atores que atuam na pesquisa (estudantes de Geografia e Turismo), no planejamento de ações turísticas para a cidade de Belém (Paratur, Belemtur, Ministério do Turismo, Secult, Fumbel, ONGs), e na revalorização histórica patrimonial, cultural e turística da cidade (associações locais, população em geral e turistas), conforme nos orienta as leituras sobre o turismo de base comunitária (PAES, 2009; BARTHOLO, 2009).

Destaca-se a importância da utilização dos infocentros no desenvolvimento do projeto, pois possuem recursos pedagógicos que estão propiciando a realização de atividades acadêmicas de caráter interdisciplinar com interação de conceitos e modelos complementares, além da integração e convergência de instrumentos e técnicas

¹Os Infocentros disponibilizam serviços considerados essenciais na sociedade atual como acesso gratuito à internet para a população, capacitação básica em informática com software livre, cursos de informática avançada, além de oficinas de diversos conteúdos visando a difusão da cultura, comunicação e informação das regiões onde o projeto se faz presente. (www.infocentros.pa.gov.br, 2010).

61

Page 34: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

para uma consistência teórica e operacional que tem estruturado o trabalho coletivo e contribuído para uma nova forma de fazer ciência.

METODOLOGIAA metodologia desenvolvida neste trabalho possui como característica a utilização de princípios

participativos e dialogais, tendo como referencial o turismo inclusivo e sustentável, com características de turismo alternativo, conforme propõe Paes (2009).

Esta metodologia está baseada no levantamento bibliográfico, documental e iconográfico sobre o processo de ocupação espacial do centro histórico de Belém, delimitando aspectos espaciais, sociais, históricos, políticos e econômicos com o objetivo de obter referências para a realização das oficinas e elaboração dos roteiros geo-turísticos.

Foram, também, utilizadas outras metodologias, tais como: Realização de oficinas pedagógicas e palestras voltadas para práticas de turismo histórico, cultural e patrimonial que propiciaram a discussão sobre a memória sócio-espacial do centro histórico da cidade Belém, efetivadas por profissionais e estudantes de turismo, geografia, história e outras áreas afins; realização de trabalho de campo para aplicação de entrevistas com os agentes sociais presentes no bairro (associações de moradores), em que o olhar, o ouvir e o escrever foram as bases metodológicas de apoio fundamental nesse processo conforme nos orienta Cardoso de Oliveira (2000); a sensibilização e integração dos moradores do centro histórico, através da realização de reuniões e oficinas para apresentar o projeto, discutir o desenvolvimento das atividades e eleger formas da participação efetiva das mesmas nos roteiros geo-turísticos; elaboração dos roteiros geo-turísticos a partir das informações primárias e secundárias sistematizadas e das oficinas realizadas; e por fim o constante aperfeiçoamento dos roteiros geo-turísticos, levando em consideração as sugestões dos demais participantes, expostas no questionário de avaliação aplicados por e-mail no final da realização dos roteiros.

A construção dos roteiros alternativos de turismo contem também aspectos que são poucos visualizados e visados pelos turistas convencionais, mas que têm grande valor simbólico-cultural para a história do bairro da Cidade Velha e da história de Belém; a implementação dos roteiros geo-turísticos (a pé) no centro histórico da cidade de Belém são direcionados para os turistas e sociedade local, profissionais da área, estudantes, planejadores e empresários do turismo; a elaboração e produção de mapas temáticos, a partir da elaboração de um mapa base da área, é uma etapa da metodologia. Com o cumprimento das metas é feita a sistematização das informações, dados, pesquisas, direcionando para a realização de trabalhos escritos, para que haja a socialização das informações e discussões que busquem a melhoria do projeto.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO projeto na sua primeira versão esteve em vigência desde junho de 2010 à maio de 2011, em que se pode

destacar os seguintes resultados:1. Execução de palestras, oficinas e elaboração de roteiros geo-turísticos para o centro histórico da cidade de Belém, utilizando os infocentros como instrumento para pesquisa e local de preparo dos referidos roteiros, proporcionando palestras sobre turismo, preservação, educação patrimonial e ambiental, dentre outros temas.2. Produziu-se conhecimento relevante capaz de apoiar a promoção de políticas públicas voltadas para o turismo, comprometidas com o desenvolvimento territorial local, através da produção de textos e artigos resultantes das atividades de campo. Além da continuação da pesquisa por parte do grupo.3. Buscou-se contribuir para valorização e resignificação do turismo para a população local e para os turistas da cidade de Belém.4. A contribuição para a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, através das atividades

62

Page 35: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

desenvolvidas nas disciplinas da graduação e da pós-graduação do curso de geografia, e da produção científica em forma de trabalhos de conclusão de curso, dissertações e relatórios de pesquisa, associados as atividades desenvolvidas na presente proposta de extensão.5. Com a realização dos roteiros houve a sensibilização da população local e do poder público para formas de turismo alternativas, que visem a revalorização do patrimônio e busque alcançar um desenvolvimento sócio-espacial com maior equidade. 6. Houve o fortalecimento da formação dos profissionais de maneira interdisciplinar, inserido no contexto do grupo, profissionais de turismo, ciências sociais, história, geografia e áreas afins, onde a troca interdisciplinar trouxe benefícios para o entendimento dos estudos do turismo, contando com palestras para o grupo e pelo grupo para públicos fora da universidade.7. A possibilidade de inclusão social da população que frequenta os infocentros, bem como, através da geração de propostas futuras pela comunidade da Cidade Velha de projetos geradores de renda e emprego a partir das atividades propostas pelo presente projeto de extensão. Essa possibilidade é um objetivo que o GGEOTUR se compromete a tentar concluir nos projetos em continuidade (seja pela PROEX Navega Saberes, pelo MEC, além dos bolsistas que continuam pesquisando a área), visto também as dificuldades de organização dos agentes do bairro. 8. O GGEOTUR desenvolveu 10 roteiros, atingindo aproximadamente 350 pessoas diretamente, houve a aplicação de questionários aos participantes ao final de todos os roteiros, com o intuito de avaliar as possibilidades de melhoras. Os participantes são fundamentais avaliadores, dentre os participantes estavam professores, estudantes, profissionais das áreas da geografia, do turismo, representantes do poder público, entre outros. Importante ressaltar que a maioria dos participantes eram moradores de Belém e que nas avaliações eram constantes as sugestões e elogios, visto que para eles o projeto tem grande relevância para a valorização do centro histórico. 9. O apoio e interesse de órgãos governamentais e não-governamentais para com o projeto, sendo eles, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional- IPHAN , Órgão Oficial de Turismo do Pará- Paratur, Secretaria de Cultura de Belém- SECULT, Associação de moradores Cidade Velha cidade viva- CIVVIVA, e Fábrica Soberana. Além de ter concorrido entre os finalistas do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, no quesito de educação patrimonial do IPHAN. O roteiro da Cidade Velha continuará a ser ofertado, mas com uma constância menor, visto que o grupo planeja novos roteiros, e atualmente realiza um novo roteiro geo-turístico, essas novas medidas são possíveis, também, pelo apoio ao primeiro roteiro financiado pelo edital PROEX Navega Saberes, que está servindo de base para as realizações do GGEOTUR.

CONSIDERAÇÕES FINAISDe acordo com a metodologia e as medidas efetivadas, podemos concluir que o mesmo conseguiu alcançar

os objetivos propostos. Entendendo que tal projeto é de extrema relevância e contribuição para a educação patrimonial da cidade, além da efetivação de uma Universidade que priorize o ensino, a pesquisa e a extensão.

AGRADECIMENTOSNossos agradecimentos estão direcionados a todos que ajudaram a construir e consolidar os Roteiros Geo-

Turísticos. A todos os componentes do GGEOTUR, as instituições que nos apoiaram e a todos os participantes, que são colaboradores fundamentais das nossas ações.

REFERÊNCIAS

Bartholo, R, Sansolo D. G. e Bursztyn. (Org.). Turismo de Base Comunitária. In: Bartholo, Roberto; Sansolo, Davis Gruber; Bursztyn, Ivan. (Org.). Turismo de Base Comunitária - diversidade de olhares e experiências

63

Page 36: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

brasileiras. 1 ed. Rio de Janeiro, RJ: letra e imagem, 2009.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O olhar,o ouvir e o escrever. In: O trabalho do antropólogo. Brasília, Paralelo 15. São Paulo. Editora UNESP. 2000.

PAES, M.T.D. Patrimônio cultural, turismo e identidades territoriais - um olhar geográfico. In: Bartholo, Roberto; Sansolo, Davis Gruber; Bursztyn, Ivan. (Org.). Turismo de Base Comunitária - diversidade de olhares e experiências brasileiras. 1 ed. Rio de Janeiro, RJ: letra e imagem, 2009, v. 1, p. 162-174.

PAES Geografia turismo e Patrimônio Cultural

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. São Paulo: Hucitec, 2008.

, M.T.D. & OLIVEIRA, M. R. S. , . São. Paulo, Ed AnnaBlume, 2010.

64

Page 37: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

TECLADO EM GRUPO – ABORDAGENS PARA O ENSINO DE MÚSICA POPULARAUTOR: Ozian de Sousa Saraiva

CO-AUTOR: Isac Rodrigues de Almeida

RESUMO: Nosso projeto objetiva o ensino de teclado sob o enfoque da musica popular de forma sistematizada e acadêmica. O publico alvo são pessoas de 8 a 75 anos com interesse em aprender ou aperfeiçoar seus conhecimentos musicais. A vivência de sala de aula será integralmente registrada e posteriormente analisada e discutida em conselhos de classe periódicos, tendo sempre em vista a realidade de cada aluno. Todo trabalho desenvolvido será realizado sob o enfoque da pesquisa científica com vista a contribuir para o vasto universo da educação musical. As formas de abordagem dos conteúdos serão primeiramente de forma expositivo-demonstrativo e posteriormente, de acordo com a evolução de cada aluno, o ensino se individualiza. Essa individualização somente é possível graças ao pequeno numero de alunos por turma (12 alunos), e no acompanhamento realizado em cada aula por professor e bolsista. Neste contexto, pode-se evitar ou pelo menos reduzir o número de evasão. A pesquisa tem uma abordagem qualitativa e quantitativa, realizada por meio de estudo de caso dos alunos participantes do curso que tem sede na EMUFPA. Quanto aos instrumentos para coleta de dados, optou-se pela entrevista, questionário e observação. Palavras – Chave: Teclado. Música. Ensino. Popular. Cultura.

INTRODUÇÃOO projeto se apresenta como uma iniciativa no sentido de aproximar a música popular, considerada um dos

elementos que singulariza a cultura brasileira, à prática escolar técnico-profissionalizante e acadêmica através de procedimentos que envolvem experiências de ensino e aprendizagem em situações coletivas, visando atender ao interesse de muitos discentes que buscam as instituições especializadas no ensino de música com intuito de se inserir ou intervir (caso já estejam inseridos) em campos profissionais instituídos nos quais aquela realidade musical está assentada, ou mesmo os que querem meramente encontrar mais uma forma de expressão individual no aprendizado de um instrumento musical visando execução no contexto da música popular. As atividades do projeto serão acompanhadas de registros e discussões que auxiliarão no sentido de aperfeiçoar os resultados e favorecerão a produção acadêmica. O ensino e a aprendizagem da música popular nos processos desenvolvidos neste projeto mostram-se inseridos em uma instituição academicamente erudita, acendendo esperanças e possibilidades de um ensino acadêmico-popular para a sociedade num espaço federal, elucidando assim, sua importância na sociedade paraense, em sua expansão cultural e musical por subsídio da música popular no instrumento teclado.

METODOLOGIAIniciamos o processo metodológico com a seleção de bolsistas que é realizado mediante análise de currículo

e histórico acadêmico. O bolsista a ser escolhido tinha que ter um perfil apropriado para os interesses do projeto, requisitos exigidos como: ativo na Licenciatura Plena em Música da UFPA, exercer atividades na área de música popular, ter pleno domínio do instrumento em foco e atributos qualitativos docentes. Outra seleção faz-se necessária, desta vez para a formação de duas turmas de alunos, sendo a primeira para nível iniciante e a segunda para o nível de aperfeiçoamento, cumprindo cada uma o total de 8 (oito) horas-aula mensais de caráter teórico e prático. Nas aulas semanais as turmas serão assistidas pelo professor coordenador do projeto e acompanhadas pelo bolsista.

Não foi cobrado valor algum em dinheiro sobre as inscrições, apenas 1 kg (um quilo) de alimento não perecível, o que provocou um elevado número de inscritos, sendo formadas após processo de seleção quatro

65

Page 38: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

iniciou o estudo de teclado no projeto ano passado.Após as atividades iniciais que envolveram organização dos planos de ensino e definição dos materiais

didáticos as aulas iniciaram em 28/03/2011. Logo no início sentimos a necessidade de dividir uma turma por faixa etária, pois o processo didático poderia não ter êxito para os alunos. Realizada a divisão possibilitou-se a entrada de mais quatro candidatos classificados e não chamados num primeiro momento por ter-se excedido o número de vagas. A turma dividiu-se em duas, a primeira continuando no mesmo horário e com alunos na faixa etária de 8 à 12 anos e a segunda num outro dia e horário com a faixa etária dos 15 aos 75, o que possibilitou melhor êxito e rendimento no ensino aprendizagem.

Durante o processo de ensino prima-se por abordar teoria ligada à prática no instrumento, para tanto, buscamos suporte em métodos em sintonia com esta proposta, tais quais “Harmonia e Estilos para Teclado” e “Piano e Teclado” de Antônio Adolfo, “Berklee Practice Method” (com áudio incluso) de Russell Hoffmann e Paul Schmeling. Os conteúdos foram divididos nos eixos: exercícios técnicos, leitura e escrita musical, harmonia, modalidades de acompanhamento, recursos do instrumento, improvisação. As atividades selecionadas procuram dar incentivo para que o aluno desenvolva as habilidades de tocar individualmente e em conjunto (neste caso, são propostas tarefas diferenciadas para grupos distintos – acompanhamento e solo, por exemplo).

A avaliação acontece progressivamente, através da observação dos alunos no decorrer do curso. O presente trabalho faz uma reflexão sobre esta prática baseando-se nos fundamentos teóricos de: Swanwick (2002), Hentschke (2003), Adolfo (1994-a), Adolfo (1994-b). Os referidos autores abordam metodologias de ensino da música e alguns destes focalizam noções de teoria musical aplicados ao teclado popular, indicando fundamentos práticos e progressivos onde se coloca o aluno como sujeito ativo no processo de ensino aprendizado, ou seja, aquele faz descobertas e é instigado a tentar criar novos parâmetros musicais.

O projeto prevê ainda uma atividade de culminância a cada final de ano, que tomará forma de apresentação musical aberta ao público; ressaltamos aqui que no final de 2010 houve uma apresentação prestigiada por dezenas de pessoas, com as turmas de iniciantes e do nível II, ambas acompanhadas por uma banda. As turmas de iniciantes executaram músicas em grupo enquanto os alunos do nível II apresentaram individualmente. O compartilhamento de experiências desenvolvidas no projeto, bem como apresentação de pesquisas serão feitos no Seminário de Pesquisa e Extensão do Instituto de Ciências da Arte da UFPA que acontece no mês de novembro deste ano, e/ou no Encontro de Arte (ENARTE), realizado anualmente.

RESULTADOS E DISCUSSÕESOs resultados mostraram que a vivência de cada aluno e seu contato com a música ao longo da vida reflete

diretamente no seu nível de atenção, capacidade de concentração e predisposição para o aprendizado. Neste cenário é possível canalizar novas formas de agir e pensar para os estudantes, de maneira proporcionar uma escuta e um produzir musical mais consciente, valorizando o lado popular da musica. A presente pesquisa surge pela grande demanda de estudantes, de todos os níveis, com interesse em aprender um instrumento sob o enfoque da música popular, observa-se certa lacuna quanto ao papel de escolas públicas especializadas em música em Belém no que tange a formação do músico popular. Nas duas instituições existentes não há cursos específicos na área em questão, deixando tal tarefa a cargo de escolas e professores particulares, experiência que é lapidada naturalmente pela prática do fazer em casas noturnas, igrejas e outros.

É notório os resultados positivos deste projeto no requisito ensino aprendizagem, alunos que entraram com uma aspiração enorme em aprender música, tocar um instrumento, vê-se de repente em um a dois anos, inserido neste meio, como parte ativa, praticante, entendendo mesmo que basicamente o processo musical. A procura de pessoas por cursos desta natureza tem aumentado a cada ano, este ano tivemos um número de candidatos superior

66

Page 39: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

a 115 (cento e quinze).Normalmente ocorreram alguns imprevistos, a exemplo citamos que a convivência de adolescentes e idosos

em algumas turmas tem se apresentado como um grande desafio a ser vencido, fazendo com que planejássemos para o próximo ano, a inclusão máxima de pessoas da mesma faixa etária nas mesmas turmas. Outro ponto que merece destaque: nossos fones de ouvido, que apesar de serem profissionais e muito bons, não suportaram o “monta e desmonta” rotineiro nas nossas atividades de classe, fazendo-se necessário que optássemos aos alunos que individualmente trouxessem seus fones de ouvido para a aula. No ensejo exponho que não temos um laboratório exclusivo disponível para a execução do projeto, portanto faz-se necessário a montagem e desmontagem dos aparelhos, teclados, fontes, pedais, suportes e fones de ouvido, aumentando assim, a porcentagem de chances dos nossos equipamentos terem uma vida útil reduzida.

Casos particulares ocorreram no projeto no decorrer deste ano letivo, por exemplo, alunos de teclado popular com um rendimento satisfatório e que se mostraram interessados a seguir estudos em piano, estes, assistem aulas individuais, com vista à preparação para a prova de seleção do curso básico em piano da Escola de Música da UFPA no ano de 2012, o qual está sendo realizado aulas extras de piano para os mesmos com carga horária semanal de 30min para cada aluno, em horários diferentes dos encontros normalmente realizados no projeto, visando neste ato, encaminhá-los ao estudo da música erudita (mesmo não sendo este o foco do projeto).

CONCLUSÕESTemos nos realizado com o projeto no seu todo, e em busca de melhorá-lo a cada ano em prol de pesquisas e

processos práticos para o ensino de teclado e da música popular para a sociedade, buscamos ampliar nossos horizontes com fins na melhoria educacional do ensino aprendizagem em música.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADOLFO, Antonio. Harmonia e estilos para teclado. 212 p. Rio de Janeiro: Lumiar, 1994ADOLFO, Antonio. Iniciação ao piano e teclado. 132 p. Rio de Janeiro: Lumiar, 1994HENTSCHKE, Liane; DELBEN, Luciana. Ensino de Música: propostas para pensar e agir em sala de aula. Sao Paulo: Moderna, 2003.LAKOMY, Ana Maria. Teorias cognitivas da aprendizagem. 2. ed. rev. e atual. Curitiba: Ibpex, 2008. 93 p. ISBN 978-85-99583-45-6SCHAFER, M. Ouvido Pensante. São Paulo: UNESP, 1991.SWANWICK, K. Ensinando música musicalmente. São Paulo: Cortez, 2002.VASCONCELOS, Ary. Raízes da Música Popular Brasileira ,1991. [s.l.: s.n.]VIEIRA, L.B. A construção do professor de música: o modelo conservatorial na formação e atuação do professor de música em Belém do Pará. Belém, Cejup, 2001.

AGRADECIMENTOS Nossos agradecimentos são de caráter sincero ao Governo Federal e aos diretores e coordenadores do

Instituto de Ciências da Arte (ICA) por “abraçar” e apoiar este projeto, assim como a Universidade Federal do Pará (UFPA), à Pró-reitoria de Extensão (PROEX) e à Escola de Música da UFPA.

67

Page 40: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

MITOPOÉTICA COMO INCENTIVADOR DO ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS NA AMAZÔNIA.Juscilene dos Reis Gomes

RESUMO: O presente trabalho trata de como os professores podem explorar a mitopoética levada para dentro da sala de aula, por alunos que moram em comunidades em que o gênero de característica oral está muito presente. Esta proposta de ensino é fruto do projeto Mitopoética Cultural Amazônica como Elemento Educativo Socializador desenvolvido em três comunidades da cidade de Colares Pará/Brasil que ajuda os professores a usarem o fértil imaginário dos alunos que moram nas comunidades, visto que, como diz João de Jesus Paes Loureiro usado como suporte teórico essas comunidades são lugares propícios para o desenvolvimento das mais curiosas narrativas orais levadas pelos alunos para dentro da sala de aula. Os resultados apresentados são de professores que atuam em salas de aulas na comunidade, e que antes viam a mitopoética como um problema, mas que fizeram do problema a solução. De modo geral ajudar os alunos a aprender de forma interacionista até o presente momento tem sido a melhor forma de ensino; portanto usar a mitopoética como incentivador do ensino e aprendizado em sala de aula, além de ser proveitoso tanto ao aluno e professor é uma maneira de identificação e preservação da riquíssima cultura Amazônica.

Palavras-Chave: Mitopoética, Ensino e aprendizagem, Língua materna.

INTRODUÇÃOA Mitopoética segundo uma das hipóteses de João de Jesus Paes Loureiro é um conjunto de ligações que a

sociedade faz do lugar da cultura com o imaginário. Podemos observar isso com mais frequência em que LOUREIRO chama de lugar propíciou, são eles: as comunidades afastadas dos centros urbanos e vilarejos que deles fazem parte, o índio, o caboclo, os ribeirinhos e colonos, dos quais fazem parte de suas vidas um cenário de rio, matas e animais o que torna a imaginação muito favorável para as narrativas mitopoéticas.

A cultura amazônica está repleta das mais diversas narrativas e delas provem desde as lendas mais conhecidas da Amazônia como a lenda do boto, da matinta pereira etc. até contos regionais de visagens e aparições. É interessante notarmos que a mitopoética está presente no povo amazônico desde muito tempo atrás, até mais do que hoje; mesmo assim em alguns lugares a presença dela é tão forte que exerce uma forte influência nas vidas das pessoas, por exemplo, os pais não vão e nem deixam seus filhos irem ao igarapé durante o meio dia (12 h) porque a mãe d'água pode assombra-lo e se você escutar um assovio durante a noite é a matinta e não mecha com ela, ou você irá apanhar muito. Essas são algumas dentre varias influências sofrida pelas pessoas, devido os mitos que passam de geração a geração. E em alguns casos observamos as pessoas narrarem estórias que aconteceu com eles mesmos ou familiares próximos.

Nas vidas das crianças não é diferente na cidade de Colares Pará/Brasil especificamente nas comunidades Juçarateu, Jenipauba e Mocajatuba podemos observar que a influência é tanta, que os alunos levam isso para dentro das salas de aulas. O projeto de extensão desenvolvido nessas comunidades “A Mitopoética Cultural Amazônico como Elemento Educativo Socializador” tem por base a influência que a mitopoética tem nas vidas das crianças, e como os professores podem usa-la em sala de aula para ensinar. Os professores a principio encararam isso como um problema o que mais tarde veio ser a solução, pois os professores fizeram da mitopoética uma aliada de seus trabalhos. Portanto a Mitopoética pode ser explorada em qualquer lugar onda se encontre interesse por esse gênero.

OBJETIVOSAssim como o projeto de extensão A Mitopoética Cultural Amazônica como Elemento Educativo Socializador

o trabalho Mitopoética como Incentivador do Ensino e Aprendizado de Línguas na Amazônia tem por objetivo produzir

Pôster

68

Page 41: Livro_Anais_14 jornada - CULTURA

14ª Jornada

de Extensão

Universitária 16 a 18 de Novembro de 2011

Área Temática: Cultura

material e atividades que possibilite fazer registro das narrativas infantis ajudando os professores a refletir sobre a a importância desta na educação e integração entre professor, aluno e comunidade; por meio dessa integração fortalecer a educação escolar usando as narrativas orais presente na cultura da comunidade com a finalidade de valorizar e instigar o uso dos costumes locais.

O referido trabalho também tende a enfatizar a importância de se trabalhar língua materna de forma iteracionista em sala de aula e incentivar tanto os agentes envolvidos no projeto quanto os espectadores no evento a refletir como a Mitopoética pode ser de ajuda para o ensino.

METODOLOGIAO trabalho tem como lócus três escolas do município de Colares – Mocajatuba Jenipauba e Juçarateua e se

propõe a corresponder as seguintes indagações: (1) como se inscreve no imaginário infantil as narrativas tradicionais como educação socializadora nessas comunidades e, (2) qual o lugar e os entre lugares a Mitopoética ocupa nessas comunidades. (3) como os professores utilizam e potencializam essas narrativas no cotidiano escolar.

Diante dessas indagações, buscou-se determinar quais os caminhos que serão percorridos para a viabilidade do projeto como um todo, num conjunto de atividades de caráter educativo, cultural, artístico e científico que envolva docentes, pesquisadores, professores das escolas (lócus do trabalho), bolsistas ou voluntários, desenvolvidos juntos às comunidades mediante ações sistematizadoras. Para tanto buscamos dividi-lo em etapas distintas, porém complementares ocorrendo concomitantemente:Ÿ A primeira constituiu-se de levantamento e estudos de fontes bibliográficas e documentos sobre o tema.Ÿ Observação em sala de aula.Ÿ Registro sobre o cotidiano escolar e comunitário como atividades artísticas, econômicas...Ÿ Produção de material escrito como cartilha, artigos, e material áudio visualŸ Divulgação do material produzido através de seminários e cursos. O trabalho também visa promover uma exposição sobre a Mitopoética e como ela pode ser trabalhada em sala de aula para o ensino de língua materna por meios interacionistas que buscam priorizar o aprendizado dos alunos.

RESULTADOSO trabalho com a Mitopoética tem tido vários resultados positivos por exemplo da coleta das narrativas e do

desenvolvimentos dos trabalhos dos professores em sala de aula surgil o DVD “Encantados” um documentário baseado em um trabalho de curso – TCC de alunos da Universidade Federal do Pará, enfocando a relação entre a Mitopoética amazônica, com seus entes, aparições, visagens e lendas, a partir dos relatos oral dos alunos do ensino fundamental en escolas das comunidades Mocajatuba e Jenipauba na cidade de Colares.

No documentário citado acima podemos observar nas falas dos professores o quanto a Mitopoética tem ajudado no desenvolvimento dos alunos. Os professores deixam claro, por exemplo, que alunos que antes tinham dificuldade de aprender melhoraram seu aprendizado e até alguns que eram muito tímidos, inibidos conseguiram vencer esses impasses.

REFERÊNCIAS- ALVES, L. M. S. A. (org.) Educação infantil e estudos na infância na Amazônia – a condição do discurso

narrativo polifônico da criança: traços da Mitopoética Amazônica, 2007.- LOUREIRO, J. J. P. Obras reunidas. Cultura Amazônica uma poética do imaginário. São Paulo. 200.- PERFEITO, A. M. Concepções de Linguagem e o Ensino de Língua Portuguesa. Maringá 2005.- SOUSA, A. As Lendas Amazônicas em Sala de Aula. Manaus. Editora Vale. 2009.

69