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SANTOS, RENATA NUNES RAMOS DOS
Análise de Linhas Flexíveis Sob o Efeito
de Cargas Térmicas [Rio de Janeiro] 2006
XII, 153 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,
M.Sc., Engenharia Civil, 2006)
Dissertação – Universidade Federal do
Rio de Janeiro, COPPE
1. Linhas Flexíveis
2. Cargas Térmicas
3. Elementos Finitos
I. COPPE/UFRJ II. Título (série )
ii
A minha mãe, Maria José.
Ao meu marido, George.
iii
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, professor Gilberto Bruno Ellwanger, pela amizade, presteza e
incentivo, não apenas na orientação desta dissertação, mas ao longo dos três anos de
convívio desde a graduação.
Ao professor José Renato Mendes de Sousa pela amizade, pelo exemplo
profissional e pelas valiosas orientações e ensinamentos tanto no decorrer desta
dissertação, quanto ao longo dos três anos de trabalho no LACEO.
Ao engenheiro George Carneiro Campello, CENPES/PETROBRAS, pela presteza
e pela grande contribuição na elaboração do modelo térmico.
Ao professor Marcos Lopes Dias, IMA-UFRJ, pelas preciosas informações sobre
polímeros.
A todos do LACEO, em especial ao engenheiro Fernando Jorge Mendes de Sousa
pela amizade e pelas orientações na utilização do ANFLEX.
Aos engenheiros e amigos do curso de formação de Terminais e Dutos da
TRANSPETRO pelo apoio e pelo fundamental incentivo na reta final deste trabalho.
Em especial, ao engenheiro Anderson Pacheco, pelo auxílio na utilização do
SOLIDWORKS, aos engenheiros Luciano Amaury dos Santos e Gerson Bridi pelos
esclarecimentos na área de Transferência de Calor e ao engenheiro Ikaro dos Reis Riva
pelas contribuições na utilização do ANFLEX.
Ao CNPq pelo suporte financeiro.
A minha mãe, Maria José, pelo amor incondicional, pelas orações, pelos valiosos
conselhos, pelo constante incentivo, por nunca ter medido esforços para me dar a
melhor educação possível e por ter me ensinado a nunca desistir dos meus objetivos. A
você todo o meu amor e toda a minha gratidão, sempre.
iv
Ao meu pai, Robson, pelo amor e por sempre ter me incentivado em minha vida
profissional.
Ao meu marido, George, pelo grande amor, pela compreensão, pelas orações e por
sempre estar ao meu lado me apoiando e me incentivando. Agradeço ainda pelo
precioso auxílio na execução dos gráficos e figuras e pelos valiosos conselhos para a
conclusão desta dissertação. A você todo o meu amor e a minha admiração.
Aos meus irmãos, Marcos, Barbara e Brian, por todo o amor e apoio.
Aos meus familiares e amigos por todo apoio e incentivo para a conclusão deste
trabalho.
A Deus que, como sempre, me fortaleceu e me motivou nos momentos mais
difíceis dessa jornada, me capacitando para chegar até aqui. Não há palavras capazes de
expressar minha gratidão a Ele por este momento. “Porque dEle, e por meio dEle, e
para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém!”(Romanos
11.36).
v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
ANÁLISE DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO O DE CARGAS TÉRMICAS
Renata Nunes Ramos dos Santos
Dezembro/2006
Orientador: Gilberto Bruno Ellwanger
Programa: Engenharia Civil
Linhas flexíveis são estruturas compostas por diversas camadas estruturais de
materiais metálicos e poliméricos utilizadas para o transporte de diversos fluidos da
indústria de petróleo, especialmente da produção de óleo no mar (offshore). Como a
temperatura dos fluidos transportados é elevada e a temperatura da água do mar em
grandes profundidades é baixa, surgem gradientes de temperatura na direção radial da
linha. Esse carregamento térmico modifica as propriedades das camadas poliméricas e,
conseqüentemente, altera as propriedades mecânicas e o comportamento estrutural de
toda a linha flexível.
O objetivo deste trabalho é desenvolver uma metodologia para avaliar o efeito
das cargas térmicas na resposta estrutural de linhas flexíveis empregando modelos
baseados no método dos elementos finitos. Um procedimento analítico é proposto para
determinar a temperatura através das camadas da linha flexível, assim como a
temperatura do fluido ao longo desta linha. Esta distribuição de temperaturas através das
camadas da linha será também determinada por meio de um modelo térmico baseado no
método dos elementos finitos.
vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
ANALYSIS OF FLEXIBLE PIPES UNDER THERMAL LOADS EFFECT
Renata Nunes Ramos dos Santos
December/2006
Advisor: Gilberto Bruno Ellwanger
Department: Civil Engineering
Flexible pipes are structures made up of steel and polymeric structural layers that
are used to transport several fluids of the oil industry, mainly in offshore oil production.
As the temperature of the transported fluids is usually high and the temperature of deep
sea water is low, thermal gradients arise along the pipe radial direction. Such thermal
loading modifies the properties of the polymeric layers, which consequently alters the
mechanical properties and structural behavior of the entire flexible pipe.
The purpose of this work is to develop a methodology to evaluate the effect of
thermal loads on the structural response of flexible pipes, using finite element models.
An analytical procedure is proposed, for determining the temperature throughout the
layers of the flexible pipe, as well as the fluid temperature along this pipe. This
distribution of temperatures throughout the pipe layers will also be determined using a
thermal finite element model.
vii
ÍNDICE CAPÍTULO I INTRODUÇÃO I.1. ASPECTOS GERAIS ........................................................................................... 1
I.2. MOTIVAÇÃO E OBJETIVO ............................................................................. 2
I.2.1. Garantia de escoamento .............................................................................
3
I.2.2. Garantia da integridade estrutural ...........................................................
8
I.3. DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS .......................................................................
10
CAPÍTULO II DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL II.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................
11
II.2. LINHA FLEXÍVEL DE CAMADAS NÃO-ADERENTES ............................
12
II.3. CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS CAMADAS DE UMA LINHA FLEXÍVEL DE CAMADAS NÃO-ADERENTES ...................................................
13
II.3.1. Camadas metálicas ....................................................................................
13
II.3.1.1 Carcaça intertravada .........................................................................
13
II.3.1.2 Armadura de pressão .........................................................................
15
II.3.1.3 Camada de reforço à pressão.............................................................
17
II.3.1.4 Armaduras de tração ..........................................................................
17
II.3.2. Camadas poliméricas ................................................................................
19
II.3.2.1 Introdução ...........................................................................................
19
II.3.2.2 Propriedades térmicas .......................................................................
21
viii
II.3.2.3 Análise dinâmico-mecânica (DMA) ou análise termodinâmico mecânica (DMTA) ...........................................................................................
24
II.3.2.4. Características dos polímeros utilizados em linhas flexíveis de camadas não-aderentes ...................................................................................
30
II.3.2.5 Principais camadas poliméricas de linhas flexíveis ...........................
32
II.4. MATERIAIS UTILIZADOS PARA O ISOLAMENTO TÉRMICO DE DUTOS .........................................................................................................................
37
II.4.1. Dutos terrestres .........................................................................................
37
II.4.2. Dutos submarinos ......................................................................................
38
II.5. TIPOS DE LINHAS FLEXÍVEIS DE CAMADAS NÃO-ADERENTES .....
41
II.5.1. Configurações típicas de linhas flexíveis .................................................
41
II.5.2. Novas Concepções para linhas flexíveis ..................................................
42
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR III.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................
44
III.2. MODOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ..............................................
44
III.2.1. Condução ..................................................................................................
44
III.2.2. Convecção .................................................................................................
46
III.2.3. Radiação ...................................................................................................
49
III.3. TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM SÓLIDOS COM GEOMETRIA CILÍNDRICA ..............................................................................................................
50
III.3.1. Transferência de calor por condução em sólidos com geometria cilíndrica ................................................................................................................
50
III.3.2. Transferência de calor por convecção em sólidos com geometria cilíndrica ................................................................................................................
53
ix
III.3.3. Transferência de calor por radiação em sólidos com geometria cilíndrica ................................................................................................................
53
III.4. TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM TUBOS MULTICAMADAS ............
53
III.4.1. Balanço de energia ...................................................................................
55
III.4.2. Cálculo dos coeficientes de transferência de calor por convecção ......
58
III.4.2.1 Cálculo do número de Nusselt para escoamento interno ..................
59
III.4.2.2 Cálculo do número de Nusselt para escoamento externo .................
61
III.4.3. Determinação da transferência total de calor, da temperatura de saída e da distribuição de temperaturas ao longo das camadas da tubulação
64
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS IV.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................
66
IV.2. O PROBLEMA TÉRMICO .............................................................................
66
IV.3. PROGRAMA TRANSCAL ..............................................................................
70
IV.3.1. Trecho Horizontal ....................................................................................
70
IV.3.2. Trecho vertical .........................................................................................
73
IV.4. APLICAÇÃO .....................................................................................................
75
IV.4.1. Análise do número de elementos a ser utilizado no trecho vertical do riser ........................................................................................................................
78
IV.4.2. Análise da transferência de calor no escoamento interno ....................
80
IV.4.3. Análise da transferência de calor no escoamento externo ...................
85
IV.4.4. Análise da transferência de calor – escoamentos interno e externo .... 89
IV.4.5 Análise dos efeitos da transferência de calor em função de variação nas características da linha flexível e dos fluidos interno e externo ................
91
x
IV.5. ANÁLISE TÉRMICA POR ELEMENTOS FINITOS ..................................
97
IV.5.1. Aplicação .................................................................................................. 98
IV.5.1.1. Modelagem tridimensional da linha flexível ....................................
100
IV.5.1.2. Dificuldades encontradas na modelagem tridimensional da linha flexível ..............................................................................................................
101
IV.5.1.3. Características gerais do modelo .....................................................
111
IV.5.1.3.1. Malha de elementos finitos ................................................... 111
IV.5.1.3.2. Elementos utilizados ............................................................. 112
IV.5.1.3.3. Solução .................................................................................. 114
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
V.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................
118
V.2. ANÁLISE GLOBAL E ANÁLISE LOCAL .....................................................
118
V.3. DETERMINAÇÃO DA RESPOSTA ESTRUTURAL ....................................
121
V.4. MODELO ESTRUTURAL PARA ANÁLISE LOCAL .................................. 122
V.5. APLICAÇÃO ....................................................................................................... 123
V.5.1 Análise térmica ............................................................................................ 123
V.5.2. Análise estrutural .......................................................................................
131
V.5.2.1. Cálculo do módulo de Young das camadas poliméricas ...................
131
V.5.2.2. Análise local para o cálculo das rigidezes em função da temperatura .....................................................................................................
135
V.5.2.3. Análise global para a determinação dos esforços ..............................
137
V.5.2.4. Análise local para a determinação de tensões e deformações ..........
139
xi
V.5.2.4.1. Análise de tração .................................................................... 139
V.5.2.4.2. Análise de flexão .................................................................... 140
V.5.2.5. Determinação dos esforços, tensões e deformações – Novo caso de carregamento....................................................................................................
141
CAPÍTULO VI CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS VI.1. CONCLUSÕES ...................................................................................................
145
VI.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................
147
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 149
xii
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
I.1. ASPECTOS GERAIS
O ano de 2006 é, sem dúvida, um ano histórico para a produção de petróleo
brasileira. No mês de abril deste ano, com o início da operação da plataforma P-50 da
PETROBRAS, no campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos, foi alcançada a auto-
suficiência na produção de petróleo. Somada à produção da P-50, a produção média de
petróleo do país alcançará 1,910 milhões de barris de petróleo por dia ao final do ano 2006,
ao passo que o consumo nacional médio será, neste mesmo período, de cerca de 1,85
milhões de barris por dia.
Esta produção maior que o consumo não significa que o Brasil irá parar
definitivamente de importar petróleo, pois a maioria das refinarias em atividade no país
ainda não está preparada para produzir todos os derivados necessários ao consumo interno,
devido à densidade do petróleo nacional ser, em média, alta e estas refinarias terem sido
projetadas para o processamento de petróleos de menor densidade. Contudo, a auto-
suficiência coloca o Brasil em uma situação privilegiada, retirando-o da condição de
altamente dependente do petróleo importado, como antes, e tornando-o menos vulnerável
às oscilações do mercado internacional.
Esta conquista deve-se, principalmente, à explotação (produção economicamente
viável) de campos em águas profundas. As reservas nacionais provadas de petróleo
ultrapassam 11 bilhões de barris, sendo que 92,5% do total dessas reservas se localizam no
mar. Com relação ao gás natural, a situação é similar. Do total das reservas provadas
nacionais, que ultrapassa os 300 bilhões de metros cúbicos, mais de 76,5% se concentra no
mar (ANP, 2006).
Essa necessidade de explotação em profundidades cada vez maiores tem motivado a
indústria petrolífera a desenvolver tecnologias mais avançadas para vencer os desafios
impostos pelas grandes profundidades.
1
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
I.2. MOTIVAÇÃO E OBJETIVO
Dentre os desafios gerados pela explotação em águas cada vez mais profundas estão
os problemas relacionados às altas pressões e às altas temperaturas (em inglês, High
Pressure and High Temperatures – HPHT) (Tabela I.1). À medida que se avança para
profundidades maiores, encontram-se temperaturas e pressões cada vez maiores (em média,
há o aumento de 1ºC para cada 30m de profundidade), especialmente nos campos de gás, o
que dificulta a garantia da integridade estrutural das linhas utilizadas para a condução dos
fluidos produzidos.
Tabela I.1 – Limites de temperaturas (2H Offshore, 2003).
Descrição das temperaturas Temperatura (ºC)
Temperaturas típicas de produção 40 - 80
Temperaturas altas 80 -100
Temperaturas muito altas Acima de 100
Atualmente, em palestras sobre o tema, tem-se falado em valores limites da ordem
de 10000 psi para a pressão e 350ºF (176,67ºC) para a temperatura. Pressões e temperaturas
acima desses valores já se enquadrariam na descrição HPHT. Neste trabalho serão
abordados os aspectos relativos às altas temperaturas.
Outro problema também relacionado às grandes profundidades e à temperatura é a
perda de calor ao longo do escoamento do fluido na linha, pois, no caso de produção em
águas profundas, o fluido produzido sai do poço a uma temperatura elevada, bastante
superior a da água do mar, sendo conduzido desde o poço até o sistema flutuante de
produção por meio de dutos submersos. Surge, então, um importante gradiente de
temperatura na direção radial da linha e o fluido passa a perder calor para o meio externo, o
que, conseqüentemente, causa a diminuição de sua temperatura. Essa redução de
temperatura pode gerar problemas no escoamento deste fluido.
Caso ocorra parada de produção, a temperatura do fluido em repouso no tubo
tenderá a igualar-se à temperatura do meio externo com o decorrer do tempo, atingindo
2
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
temperaturas ainda mais baixas do que aquelas atingidas ao longo do escoamento e
dificultando ainda mais a garantia do escoamento.
A garantia de escoamento e a garantia da integridade estrutural dos dutos
submarinos são abordadas nos itens a seguir.
I.2.1. Garantia de escoamento
A redução da temperatura do fluido produzido pode gerar diversos problemas,
como, por exemplo, a deposição de parafinas, a formação de hidratos em poço,
equipamentos, linhas estáticas ou flowlines (dutos assentados no fundo do mar que
conduzem óleo e/ou gás ou, ainda, servem para injetar água no poço produtor) e linhas
dinâmicas ou risers (dutos que ligam as linhas estáticas ao sistema flutuante de produção),
o aumento da viscosidade do fluido escoado e a formação de emulsões (JIAN, 2000, JIAN,
2003).
A parafina é uma substância que ocorre naturalmente na maioria dos óleos crus e
dependendo de suas características pode ser problemática. Sua formação está associada à
existência de condições que são comuns em dutos submarinos: baixa temperatura, alta
pressão e presença de água e gás natural.
A parafina formada se deposita nas paredes da linha e tende a reter água, areia e
petróleo formando depósitos de consistência, dureza e densidade variáveis, obstruindo a
seção do duto (Figura I.1) e gerando diversos prejuízos.
3
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
Figura I.1 – Deposição de parafina nas paredes de um duto.
Os hidratos são sólidos cristalizados, de aparência semelhante ao gelo, formados por
moléculas de gás natural, gás sulfídrico ou dióxido de carbono em contato com a água. A
ocorrência em linhas de produção está sempre associada ao aumento da pressão e à redução
da temperatura (Figura I.2) e pode causar a obstrução parcial ou total de um duto submarino
(Figura I.3).
Figura I.2 – Formação de hidratos associada a altas pressões e baixas temperaturas.
4
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
Figura I.3 – Obstrução de linha por formação de hidrato.
A água é um componente presente naturalmente na maioria das produções de óleo e
gás. Portanto, a menos que a água seja completamente removida, a possibilidade de
formação de hidratos estará sempre presente.
Além disso, com o aumento das profundidades de produção, as condições de
temperatura e pressão passaram a favorecer o aparecimento tanto dos hidratos quanto das
parafinas, o que envolve um grande risco econômico e ambiental, justificando o
investimento em técnicas de prevenção.
A redução da temperatura ao longo do escoamento em um duto também provoca o
aumento da viscosidade do fluido escoado, o que pode dificultar o fluxo exigindo maior
potência de bombeio ou causando a diminuição da vazão.
Outro problema relacionado à redução da temperatura é a eficácia do processo de
separação de emulsões. Uma emulsão óleo em água é formada por minúsculos glóbulos de
óleo distribuídos na água. Para condicionar o óleo a fim de enviá-lo para uma refinaria ou
um terminal ou para exportação, a água contida na emulsão deve ser removida até um baixo
nível residual, que possui valores específicos para cada um desses casos. A eficácia do
processo de separação, contudo, é influenciada pela temperatura. Portanto, a produção em
águas profundas a baixas temperaturas combinada à perda de calor ao longo do escoamento
pode causar problemas neste aspecto.
5
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
A garantia do escoamento, portanto, refere-se ao desenvolvimento e à utilização de
tecnologias para a minimização dos problemas relacionados à redução da temperatura dos
fluidos produzidos. Dentre algumas das tecnologias que têm sido desenvolvidas estão o
sistema pipe-in-pipe, o aquecimento elétrico dos dutos submarinos e os materiais utilizados
para o isolamento térmico destes dutos.
O sistema pipe-in-pipe (Figura I.4) consiste na inserção do duto de produção no
interior de outro de maior diâmetro com a adição de um material isolante no espaço anular
entre eles. O tubo externo tem a função de combater as pressões hidrostáticas e evitar o
contato da água salgada com o isolamento, preservando assim suas propriedades térmicas.
Esta técnica vem sendo aplicada em diversos campos de petróleo ao redor do mundo.
Figura I.4 – Pipe-in-pipe isolado.
Entretanto, visando à melhoria do isolamento térmico no sistema pipe-in-pipe,
técnicas de aquecimento elétrico de dutos têm sido desenvolvidas e utilizadas (Figura I.5).
Estas técnicas têm se mostrado como um eficiente complemento ao isolamento passivo,
reduzindo as perdas de calor do fluido para o ambiente externo. JIAN et al. (2002), JIAN et
al. (2003), CERQUEIRA et al. (2004) e MOURA (2005) tratam do aquecimento elétrico de
dutos.
6
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
Figura I.5 – Pipe-in-pipe aquecido eletricamente.
A Figura I.6 ilustra, para o caso de parada de produção, a queda de temperatura em
um duto isolado pelo sistema pipe-in-pipe e outro com o mesmo sistema de isolamento
complementado com o aquecimento elétrico. O aquecimento elétrico estende o tempo de
resfriamento no interior do duto, retardando o equilíbrio de temperatura entre este e o
ambiente externo.
Figura I.6 – Queda de temperatura: desempenho do pipe-in-pipe e do pipe-in-pipe
aquecido eletricamente (MOURA, 2005).
7
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
Entre os materiais utilizados para o isolamento térmico estão o poliuretano (PU), o
epóxi, o polipropileno (PP) e o policloreto de vinila (PVC). Novas tecnologias de
fabricação e aplicação também têm sido desenvolvidas para a melhoria das propriedades
desses materiais de forma que possam isolar o duto das baixas temperaturas do fundo
oceânico, reduzindo assim a perda de calor entre o fluido produzido e a água do mar.
A necessidade e o tipo de isolamento térmico a ser utilizado, contudo, depende de se
conhecer as propriedades e as características do fluido produzido e da água do mar, a
distância de escoamento entre o poço e o sistema flutuante de produção e as características
da linha a ser utilizada para este escoamento.
I.2.2. Garantia da integridade estrutural
Dentro do contexto de explotação em grandes profundidades, as linhas flexíveis têm
desempenhado um papel fundamental. Devido a vantagens tais como grande flexibilidade,
pré-fabricação, capacidade de armazenamento de grandes comprimentos em carretéis,
custos de instalação e transporte mais baixos e possibilidade de uso em unidades de
produção altamente complacentes, a PETROBRAS emprega linhas flexíveis desde o
começo da explotação da Bacia de Campos, tanto em linhas de produção e exportação de
petróleo e gás quanto em linhas de injeção de água ou gás.
A linha flexível (Figura I.7) é uma estrutura composta por diversas camadas
estruturais de materiais metálicos e poliméricos que, trabalhando em conjunto, provêm
resistência e estanqueidade à linha, mantendo a flexibilidade necessária para conduzir
diversos fluidos da indústria de petróleo e gás, principalmente, na produção de óleo no mar
(offshore).
8
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
Figura I.7 – Linha flexível.
Conforme já mencionado, a diferença entre a elevada temperatura com que o óleo é
produzido e a temperatura da água do mar gera um importante gradiente térmico na direção
radial da linha flexível.
Esse carregamento térmico modifica as propriedades das camadas poliméricas e,
deste modo, acaba por alterar as propriedades mecânicas de toda a linha flexível,
modificando, assim, o seu comportamento estrutural.
O objetivo desta dissertação, portanto, é desenvolver uma metodologia para avaliar
a influência das cargas térmicas na resposta estrutural de linhas flexíveis. Para esta análise
estrutural, que incluirá tanto a análise global quanto a análise local, serão utilizados
modelos baseados no Método dos Elementos Finitos (MEF).
É também objetivo desta dissertação, levando em consideração os fatores descritos
para a garantia do escoamento, propor um procedimento analítico para a determinação da
temperatura do fluido produzido ao longo de sua trajetória de escoamento, desde o poço até
a plataforma de produção, e das temperaturas nas camadas de uma linha flexível devidas a
um gradiente de temperatura em sua direção radial. Este procedimento foi implementado
em um programa desenvolvido em linguagem FORTRAN®.
Além do cálculo analítico, as temperaturas nas camadas de uma linha flexível
devidas a um gradiente térmico em sua direção radial também serão calculadas por meio de
um modelo térmico tridimensional baseado no método dos elementos finitos.
9
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
I.3. DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS
No Capítulo II, a estrutura interna típica de uma linha flexível de camadas não-
aderentes é descrita. Alguns aspectos sobre as propriedades térmicas dos polímeros, a
variação de suas propriedades mecânicas em função da temperatura e sobre os materiais
utilizados para o isolamento térmico de dutos também são abordados.
No Capítulo III, são apresentados os principais conceitos de transferência de calor,
sendo enfatizado o processo de transferência de calor em um tubo multicamada.
No Capítulo IV, são descritos os procedimentos de solução analítica do programa
desenvolvido e a análise térmica é realizada tanto via formulação analítica quanto pelo
Método dos Elementos Finitos (MEF).
No Capítulo V, a influência das cargas térmicas no comportamento estrutural de
linhas flexíveis é avaliada.
No Capítulo VI, são apresentadas as principais conclusões desse trabalho, bem
como sugestões para trabalhos futuros.
10
CAPÍTULO II
DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
II.1. INTRODUÇÃO As linhas flexíveis são estruturas tubulares que apresentam como principais
características baixa rigidez à flexão e elevada rigidez axial, o que se deve ao fato da seção
transversal desta estrutura ser constituída pela combinação de camadas de armaduras
helicoidais e camadas poliméricas. O trabalho em conjunto destas camadas provê
resistência e estanqueidade às linhas, além de possibilitar à estrutura atingir raios de
curvatura muito inferiores aos obtidos por tubos de aço com a mesma capacidade de
pressão.
A estrutura interna de uma linha flexível varia de fabricante para fabricante e
depende do tipo de aplicação à que ela se destina, sendo, portanto, difícil a sua
generalização. Contudo, elas podem ser divididas em dois grupos: linhas de camadas
aderentes (“bonded”) e linhas de camadas não-aderentes (“unbonded” ou “nonbonded”).
As linhas flexíveis de camadas aderentes são constituídas por camadas de tecido,
elastômero e aço coladas por um processo de vulcanização. Os espaços entre as armaduras
de uma mesma camada são preenchidos pelo elastômero, o qual é submetido a elevadas
tensões cisalhantes, provocando o enrijecimento das armaduras, principalmente das
armaduras de tração.
As primeiras linhas flexíveis fabricadas eram de estrutura aderente, sendo projetadas
principalmente para a pressão interna de explosão. Segundo os dados de falha recolhidos
por Dawans e Jarrin (SOUZA, 2002), as linhas de camadas aderentes mostraram-se
inadequadas para evitar falha no caso de despressurização rápida devido à sua alta absorção
de óleo e gás sob pressão e temperatura. Sendo assim, de acordo com os autores, a estrutura
não-aderente é mais apropriada para condições de serviço mais severas.
11
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
As linhas de camadas aderentes são muito pouco utilizadas em projetos offshore.
Por isso, neste estudo, serão analisadas apenas as linhas flexíveis de camadas não-
aderentes.
II.2. LINHA FLEXÍVEL DE CAMADAS NÃO-ADERENTES
A linha flexível de camadas não-aderentes é constituída por camadas independentes,
que são justapostas ou extrusadas umas sobre as outras, podendo deslizar livremente umas
em relação às outras. Seu bom funcionamento é garantido pela pressão de contato entre
essas camadas, que faz com que haja interação entre elas, possibilitando que esta estrutura
resista à grande variedade de carregamentos a que é submetida ao longo de sua vida útil. As
principais camadas que formam uma linha flexível de camadas não-aderentes são
mostradas na Figura II.1.
Figura II.1 – Estrutura típica de linha flexível de camadas não-aderentes.
Os principais fabricantes de linhas flexíveis de camadas não-aderentes são a
COFLEXIP (França), a NKT (Dinamarca) e a WELLSTREAM (EUA). Devido à
modularidade desse tipo de estrutura, é possível que os fabricantes produzam linhas com
camadas específicas para atender às necessidades de cada comprador.
12
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
Sendo assim, é muito difícil generalizar a estrutura interna desta linha flexível, pois
a utilização ou não de determinada camada dependerá do tipo de aplicação à que a linha se
destina. Entretanto, apesar de haver uma grande variedade de tipos de estruturas, as
camadas disponíveis para a construção da linha possuem pequena variação de fabricante
para fabricante. A seguir, serão apresentadas as características das principais camadas que
podem constituir uma linha flexível de camadas não-aderentes.
II.3. CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS CAMADAS DE UMA LINHA
FLEXÍVEL DE CAMADAS NÃO-ADERENTES
II.3.1. Camadas metálicas II.3.1.1 Carcaça intertravada A carcaça intertravada é, geralmente, a camada mais interna de uma linha flexível
(Figura II.1). É constituída de aço e devido à sua forma construtiva, na qual uma ou duas
fitas de aço são intertravadas com pequeno passo e com folgas no intertravamento (Figura
II.2), esta camada possui alta flexibilidade.
A geometria da carcaça confere grande resistência a cargas radiais concentradas ou
distribuídas, devido ao elevado ângulo de assentamento do(s) arame(s) que a constitui(em)
(próximo a 90º). A rigidez axial desta camada, contudo, é baixíssima, o que faz com que ela
não seja própria para resistir a carregamentos longitudinais (axiais). Por ser construída
sobre um mandril, a carcaça intertravada garante boa precisão com relação ao diâmetro
interno e, conseqüentemente, possui pequena ovalização.
As folgas no intertravamento devem ter um valor mínimo de modo a impedir o
travamento da carcaça e uma folga máxima para evitar a extrusão da camada plástica
interna nos interstícios dessa camada. Esses valores mínimo e máximo das folgas devem ser
garantidos pelo fabricante.
13
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
Figura II.2 – Geometria básica da carcaça intertravada (SOUSA, 2005)
A carcaça intertravada possui as seguintes funções:
• Prevenir o colapso da linha flexível devido a uma queda da pressão interna na
estrutura (linhas que transportam gases).
• Fornecer resistência à abrasão causada por partículas existentes nos fluidos
conduzidos ou pela passagem de ferramentas por dentro da linha flexível.
• Prevenir o colapso da linha flexível devido à atuação de cargas radiais
distribuídas, como pressão externa e squeeze, e de cargas radiais concentradas,
como o crushing.
O aço utilizado na fabricação da carcaça intertravada deve possuir boa resistência à
corrosão por hidrocarbonetos e por água. De acordo com a API RP 17B (1998), os
seguintes aços podem ser utilizados para sua construção:
• Aços carbono.
• Aços inoxidáveis ferríticos (AISI 409 e AISI 430).
• Aços inoxidáveis austeníticos (AISIs 304, 304L, 316, 316L).
• Aços inoxidáveis Duplex (UNS S31803).
• Aços-liga com alto teor de níquel (N08825).
A seleção do aço para a fabricação da carcaça deve ser baseada na composição do
fluido interno (presença de hidrocarbonetos, agentes corrosivos, gases, partículas sólidas,
entre outros) e nos carregamentos que essa camada deverá resistir. Conforme a
14
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
agressividade do fluido interno aumenta, o aço mais adequado para a carcaça intertravada
passa gradativamente do aço carbono para o aço-liga com alto teor de níquel (API RP 17B,
1998). Os aços mais comumente utilizados para a construção da carcaça são os aços
inoxidáveis austeníticos 304L e o 316L, que podem ainda passar por modificações para
melhorar sua resistência à corrosão. A API SP 17J (1997) sugere diversos testes para
verificar a escolha do aço utilizado para a carcaça.
As principais características de alguns tipos de aço relacionados na API RP 17B
(1998) podem ser vistas na Tabela II.1
Tabela II.1 – Propriedades dos aços para a carcaça intertravada (SOUSA, 2005).
Ruptura Tipo de aço
Tensão de
escoamento Tensão Deformação
AISI 304 310MPa 620MPa 30,0%
AISI 304L 310MPa 620MPa 30,0%
AISI 316 310MPa 620MPa 40,0%
AISI 316L 310MPa 620MPa 30,0%
AISI 409 205MPa 380MPa 20,0%
AISI 430 205MPa 450MPa 22,0%
UNS S31803 450MPa 620MPa 25,0%
Maiores detalhes sobre as propriedades destes aços, especialmente do aço AISI 304,
podem ser encontradas em SOUSA (2005).
II.3.1.2 Armadura de pressão
A armadura de pressão é uma camada opcional de reforço à pressão constituída por
um ou dois arames de aço enrolados em espiral de pequeno passo.
Por estar assentada com ângulo próximo a 90º, esta camada possui pequena rigidez
axial e à flexão.
A principal função da armadura de pressão é resistir aos esforços radiais
provenientes do carregamento de pressão interna, à pressão externa que atua sobre a linha e
15
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
a cargas mecânicas radiais. Assim, a armadura de pressão auxilia a diminuir os esforços
sobre a carcaça intertravada.
A seção transversal desta camada pode ter diferentes geometrias, conforme mostra a
Figura II.3. Contudo, o perfil mais utilizado em sua construção é o perfil Z, daí a
denominação espiral ou camada zeta.
Figura II.3 – Perfis para a armadura de pressão: (a) perfil Z, (b) perfil C, (c) perfil T
(grampo ligando os perfis) e (d) perfil T (API RP 17B, 1998).
Assim como na carcaça, as folgas existentes devem ser controladas para evitar o
travamento da camada e limitar a extrusão das camadas plásticas adjacentes.
Na fabricação da armadura de pressão, o aço tipicamente utilizado é o aço carbono.
O teor de carbono (baixo, médio ou alto) no aço vai depender das condições de serviço às
quais a camada será exposta. Para casos em que há a necessidade de elevada resistência
mecânica, deve-se utilizar aços com alto teor de carbono, caso as condições de serviço
permitam. Entretanto, para condições de serviço mais agressivas, devem ser utilizados aços
com baixo ou médio teor de carbono, pois o aumento do teor de carbono no aço aumenta a
sua resistência mecânica, mas diminui sua resistência à corrosão. Os aços com baixo teor de
carbono são os mais utilizados para a fabricação da armadura de pressão e algumas de suas
propriedades são mostradas na Tabela II.2
16
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
Tabela II.2 – Propriedades dos aços carbono para armadura de pressão (BERGE et al.,
1992, SOUSA, 2005).
Especificação Grau Acabamento Tensão de
ruptura
Deformação de
ruptura
AFNOR FM 15 trefilado a frio 780MPa -
AFNOR FM 35 trefilado a frio 850MPa 6,0%
Existem ainda outros critérios para a escolha do material para a fabricação da
armadura de pressão tais como a soldabilidade, maleabilidade e composição química do aço
(além do teor de aço, devem ser verificados os teores de manganês, fósforo, cobre, enxofre
e silício). Estes critérios podem ser encontrados na API RP 17B (1998) ou na API SP 17J
(1997).
Quando necessário, pode ser utilizada uma camada de reforço sobre a armadura de
pressão para aumentar a capacidade de resistência à pressão da linha flexível.
II.3.1.3 Camada de reforço à pressão
A camada de reforço à pressão é uma camada opcional também formada por um ou
mais arames enrolados em espiral de pequeno passo.
Sua principal função é fornecer resistência adicional à linha flexível aos
carregamentos de pressão interna e externa. Deste modo, reduz-se a carga atuante na
armadura de pressão e na carcaça intertravada. Esta camada, portanto, é empregada em
linhas flexíveis que irão operar em elevadas profundidades e/ou submetidas à grande
pressão interna.
Os perfis utilizados na fabricação da camada de reforço à pressão são, em geral,
retangulares e de materiais semelhantes à armadura de pressão.
II.3.1.4 Armaduras de tração
As armaduras de tração (Figuras II.1 e II.4) são compostas por um número par de
camadas, geralmente duas, enroladas helicoidalmente em sentidos opostos. Essas camadas
são formadas por vários arames de seção transversal retangular, conformados sobre uma
17
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
camada que lhes serve de suporte. A camada de armadura mais interna é denominada
armadura interna de tração e a mais externa, armadura externa de tração.
Figura II.4 – Assentamento da armadura de tração na linha flexível (SOUSA, 2005)
As armaduras de tração têm como função resistir às cargas axiais e à pressão
interna. Além disso, conferem rigidez à torção à linha flexível. O ângulo de assentamento
relativamente baixo, entre 20º e 55º, não compromete a alta flexibilidade que caracteriza a
linha, pois os arames podem se deslocar quando a linha é flexionada.
O ângulo de assentamento dessas camadas determina o balanço entre a rigidez axial
e radial da estrutura. Para linhas flexíveis submetidas a solicitação não muito severas, este
ângulo de assentamento é da ordem de 55º, que é o ângulo da resultante das forças axiais e
radiais a que a estrutura está submetida quando pressurizada. Este ângulo, conhecido como
ângulo neutro ou de equilíbrio, nos casos de linhas de alta pressão (linhas com armadura de
pressão), pode variar entre 20º e 35º. O ângulo de assentamento pode ainda sofrer variações
devido à natureza estática ou dinâmica do serviço, à presença de camadas de reforço à
pressão, entre outros.
18
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
O espaçamento entre os arames de uma mesma camada deve ser controlado, assim
como na carcaça intertravada e na armadura de pressão, de modo a evitar o contato lateral
entre eles e limitar a extrusão das camadas plásticas vizinhas.
O aço utilizado para a fabricação das armaduras de tração é o aço carbono. O teor de
carbono, assim como nas armaduras de pressão, irá depender das condições de serviço às
quais os arames estarão expostos. No entanto, dadas as elevadas tensões que surgem nos
arames devidas aos carregamentos aplicados na linha flexível, normalmente utiliza-se aço
com elevado teor de carbono. As propriedades de alguns desses aços são apresentadas na
Tabela II.3.
Tabela II.3 – Propriedades dos aços carbono para armadura de tração (BERGE et al., 1992,
SOUSA, 2005).
Especificação Grau Acabamento Tensão de
ruptura
Deformação de
ruptura
AFNOR FM 60 trefilado a frio 1373MPa -
AFNOR FM 72 trefilado a frio 1500MPa 1,0%
II.3.2. Camadas poliméricas
II.3.2.1 Introdução
Polímeros são moléculas relativamente grandes, de pesos moleculares da ordem de
10³ a 106, em cuja estrutura se encontram repetidas unidades químicas simples. Estas
unidades químicas simples são denominadas de “meros” e, por isso, as moléculas formadas
por repetidos “meros” são chamadas de polímeros (do grego, muitas partes) (MANO,
1999).
Admitindo seu significado literal, qualquer molécula com algumas partes pode ser
chamada de polímero. Contudo, essa expressão é geralmente aceita como significando uma
molécula muito maior, de tamanho tal que as propriedades associadas às moléculas de
cadeia longa tenham se tornado evidentes. As propriedades especiais de moléculas muito
grandes não começam a surgir a um peso molecular definido. Entretanto, em geral, a partir
de 1000-1500, essas propriedades começam a aparecer e se tornam evidentes à medida que
19
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
esse número aumenta. Alguns polímeros têm pesos moleculares até mesmo da ordem de
milhões, porém a maioria dos polímeros que tem propriedades físicas úteis, do ponto de
vista técnico, tem pesos moleculares da ordem de dezenas ou centenas de milhar (MANO,
1999).
Os monômeros são compostos químicos que reagem para formar polímeros. Quando
há mais de um tipo de mero na composição do polímero, este é denominado de copolímero
e os monômeros que lhe dão origem são denominados comonômeros. Já quando o polímero
tem apenas um tipo de mero, ele é denominado homopolímero, em contraposição à
expressão copolímero (MANO, 1999).
Para fins de engenharia, é importante classificar os polímeros segundo sua
solubilidade ou fusibilidade e seu comportamento mecânico (SOUSA, 2005). Quanto à
fusibilidade, os polímeros se dividem em (MANO, 1996):
• Termoplásticos: plásticos que podem ser reversivelmente aquecidos e resfriados,
passando respectivamente de massas fundidas a sólidos. Eles podem ser
processados por métodos tradicionais, tais como laminação, injeção e extrusão.
• Termorrígidos: plásticos que fundem quando aquecidos, porém nesse estado
sofrem reação química que causa a formação de ligações cruzadas
intermoleculares, resultando em uma estrutura reticulada, infusível e insolúvel.
De acordo com seu comportamento mecânico, os polímeros são divididos em três
grandes grupos (MANO, 1999):
• Borrachas ou elastômeros: materiais macromoleculares que exibem elasticidade
em longa faixa à temperatura ambiente
• Plásticos: materiais macromoleculares que, apesar de sólidos à temperatura
ambiente em seu estado final, em algum estágio de seu processamento, tornam-
se fluidos e possíveis de serem moldados, por ação isolada ou conjunta de calor
e pressão.
• Fibras: macromoléculas lineares, orientadas linearmente, que apresentam
estreita faixa de extensibilidade parcialmente reversível (como os plásticos).
Possuem elevadas propriedades mecânicas e resistem a variações de temperatura
entre –50ºC e 150ºC, sem alteração substancial destas propriedades mecânicas.
20
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
Algumas fibras, como a fibra de aramida, por exemplo, são infusíveis. Possuem
pequena seção transversal, elevada razão entre o comprimento e as dimensões
laterais e alta flexibilidade.
II.3.2.2 Propriedades térmicas
As propriedades térmicas nos polímeros podem ser observadas quando há
transferência de calor, ou seja, quando o calor é fornecido ou removido do material. Essas
propriedades são definidas a seguir (MANO, 1996):
Calor específico
É a quantidade de energia térmica necessária para elevar de 1ºC a unidade de massa
do material. Os metais apresentam valores de calor específico muito baixos (menor que 0,1
cal/g .ºC), enquanto os plásticos apresentam valores entre 0,2 e 0,5 cal/g .ºC. Apenas a
título de comparação será informado o calor específico da água que é de 1 cal/g .ºC,
bastante superior, portanto, ao dos metais e dos plásticos.
Condutividade térmica
A condutividade térmica mede a quantidade de calor transferido, na unidade de
tempo, por unidade de área, através de uma camada de espessura unitária, sendo a diferença
de temperatura entre as faces de 1ºC. A condutividade térmica expressa a característica do
material ser bom ou mau condutor de calor. Os polímeros são tipicamente maus condutores
de calor, ao contrário dos metais.
Expansão térmica
É a propriedade que mede o volume adicional necessário para acomodar os átomos
e moléculas por estarem vibrando mais rapidamente e com maior amplitude, devido ao
aquecimento. A expansão térmica é avaliada pelo coeficiente de dilatação térmica linear,
21
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
que é o alongamento relativo da peça por unidade de comprimento, sendo expresso em ºC-1.
O coeficiente de dilatação térmica dos polímeros pode atingir até 2,3.10-4/ºC, destacando-se
a borracha de silicone, cujo coeficiente chega ao dobro desse valor, enquanto o aço possui
coeficiente de dilatação térmica aproximadamente igual a 1,1.10-5/ºC, valor, portanto,
bastante inferior ao dos polímeros.
Temperatura de distorção ao calor
É a temperatura a partir da qual o escoamento viscoso do polímero é mais
acentuado. Apesar de ser uma medida empírica, é muito importante, pois permite avaliar a
adequação, ou não, do material para o artefato desejado. Tecnicamente, é designada pela
sigla HDT (Heat Distortion Temperature). Quanto mais alta for essa temperatura, maior
será a resistência à deformação pelo calor. Nos termoplásticos, a temperatura de distorção
ao calor é, via de regra, inferior a 100ºC. Já nos termorrígidos, não ocorre distorção por
aquecimento.
Temperatura de transição vítrea e temperatura de fusão cristalina
Antes de se definir os significados de temperatura de transição vítrea e temperatura
de fusão cristalina, é necessário conhecer os conceitos de polímeros amorfos e cristalinos.
Os polímeros podem existir em estado amorfo, caracterizado por um arranjo
desordenado das moléculas, ou em estado cristalino, estado em que há uma ordenação
tridimensional. A cristalinidade pode ser conceituada como um arranjo ordenado e uma
repetição de estruturas atômicas ou moleculares. Muitos dos polímeros têm algum grau de
cristalinidade, mas raramente é totalmente cristalino.
O grau de cristalinidade do polímero depende da estrutura da cadeia polimérica, do
peso molecular e, até determinado ponto, do tratamento físico a que foi submetido o
polímero. Quanto maior for a cristalinidade, maiores serão a densidade, a rigidez e as
resistências mecânica, térmica e a solventes. As regiões não-cristalinas do polímero
contribuem para a elasticidade, a maciez e a flexibilidade, de modo que um balanço
22
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
adequado dessas características possibilita uma larga faixa de aplicações práticas dos
produtos poliméricos.
Quando aquecidos, os polímeros fundem, apresentando-se em geral como uma
massa irregular, com as cadeias macromoleculares emaranhadas em maior ou menor grau.
Quando essa massa é deixada em repouso (ou seja, é deixada resfriando sem interferência
de forças externas), dependendo da velocidade de resfriamento, as cadeias assumem as
conformações mais favoráveis, formando regiões de estrutura ordenada, cristalina,
descontínua, geralmente lamelar, interligadas por segmentos dessas cadeias. Invertendo o
processo, ao elevar-se progressivamente a temperatura da massa polimérica resfriada,
passa-se primeiro por uma transição, chamada de transição vítrea, à temperatura Tg
(temperatura de transição vítrea). A transição vítrea está associada à região amorfa dos
polímeros. A partir da Tg, as regiões amorfas readquirem progressivamente a sua
mobilidade (pois abaixo dessa temperatura, desaparece a mobilidade das cadeias
macromoleculares e o material se torna mais rígido). Todas as borrachas têm Tg abaixo de
da temperatura ambiente; nos polímeros de uso geral, Tg não ultrapassa 110ºC.
Prosseguindo com o aquecimento, passa-se por uma transição denominada fusão
cristalina à temperatura Tm (temperatura de fusão cristalina). A temperatura de fusão
cristalina, Tm, é aquela em que as regiões ordenadas dos polímeros se desagregam e se
fundem. Essa temperatura envolve mudança de estado e está associada às regiões
cristalinas. Acima dessa temperatura, o polímero estará no estado “líquido” viscoso. Nos
termoplásticos, a temperatura máxima de fusão é inferior a 300ºC, já os plásticos
termorrígidos não apresentam fusão. Os metais, de um modo geral, têm temperaturas de
fusão muito altas; no ferro, por exemplo, é da ordem de 1500ºC.
O conhecimento das temperaturas Tg e Tm é de extrema importância para o objetivo
deste estudo, pois, em geral, há uma significativa mudança das propriedades mecânicas dos
polímeros nesses valores de temperaturas. Uma das propriedades mecânicas importantes
para as análises que serão realizadas nesta dissertação é o módulo de elasticidade
longitudinal (E) dos polímeros. A variação do módulo de elasticidade com a temperatura
pode ser obtida através de ensaio estático e também através da análise dinâmico-mecânica
(DMA) ou análise termodinâmico-mecânica (DMTA). Com esta última análise, obtém-se
um módulo de elasticidade dinâmico, conforme será mostrado no próximo item. No ensaio
23
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
estático, é possível obter E em função da temperatura realizando cada ensaio em uma
temperatura diferente. Para tal, é necessária a utilização de câmara de aquecimento para a
realização da amostra. Este estudo é demorado, pois requer, pelo menos, cinco ensaios para
cada temperatura e o próprio controle da temperatura. A obtenção da variação de E em
função da temperatura através de ensaio estático pode durar até todo um dia, já com a
DMTA, pode-se fazer todo o estudo em aproximadamente uma hora.
II.3.2.3 Análise dinâmico-mecânica (DMA) ou análise termodinâmico-mecânica (DMTA)
A análise dinâmico-mecânica (DMA, do inglês Dynamic Mechanical Analysis) ou
análise termodinâmica-mecânica (DMTA, do inglês Dynamic Mechanical Thermal
Analysis) consiste, de modo geral, em se aplicar uma tensão ou deformação mecânica
oscilatória, normalmente senoidal, de baixa amplitude a um sólido ou líquido viscoso,
medindo-se a deformação sofrida por este ou a tensão resultante, respectivamente sob a
variação de freqüência ou temperatura (CASSU & FELISBERTI, 2005). Deste modo, é
possível avaliar a variação do módulo de elasticidade de um polímero em função da
temperatura.
Dependendo da resposta ao estímulo mecânico, o material pode ser classificado
como elástico ou viscoso. Materiais poliméricos apresentam comportamento mecânico
intermediário ao elástico e ao viscoso, sendo denominados viscoelásticos. A contribuição
elástica e viscosa para o comportamento mecânico do polímero depende da temperatura e
da escala de tempo do experimento.
A análise dinâmico-mecânica permite a separação da contribuição elástica e viscosa
em materiais viscoelásticos, em função tanto da temperatura quanto do tempo.
Supondo que uma amostra é submetida a uma tensão senoidal dada pela Equação
II.1 (CASSU & FELISBERTI, 2005):
)tsen()t( ωσσ 0= (II.1)
sua resposta será uma deformação também senoidal dada por:
24
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
(II.2) )tsen()t( δωεε += 0
onde
0σ = amplitude da tensão aplicada.
0ε = amplitude da deformação aplicada.
ω = freqüência angular da tensão oscilatória à qual a amostra é submetida.
t = tempo.
δ = ângulo de defasagem entre a tensão e a deformação máxima.
Reescrevendo a Equação II.2, obtém-se:
(II.3) )tcos(sencos)tsen()t( ωδεδωεε 00 +=
No caso de materiais perfeitamente elásticos, a tensão aplicada e a deformação
gerada na amostra estão em fase e, deste modo, o ângulo de defasagem, δ , será igual a
zero. Logo, a Equação II.3 se reduz a:
(II.4) )tsen()t( ωεε 0=
e, portanto, a tensão aplicada e a deformação variam em função do )tsen(ω .
Materiais completamente viscosos apresentarão ângulo máximo de defasagem entre
a tensão aplicada e a deformação gerada igual a 90º e, portanto, a Equação II.3 se reduzirá
a:
(II.5) )tcos()t( ωεε 0=
que representa a deformação completamente fora de fase em relação à tensão aplicada,
variando em função de )tcos(ω quando amostra é submetida a uma tensão senoidal, que é o
caso de uma amostra contendo apenas a componente viscosa. Um material que responde
desta forma é classificado como viscoso.
25
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
Como os polímeros são materiais viscoelásticos, o valor de δ estará entre 0º e 90º,
descrevendo o comportamento intermediário ao elástico e ao viscoso.
Tomando-se as Equações II.1 e II.2, define-se o módulo de armazenamento, E’ ou
G’ como sendo a razão entre a amplitude da componente de tensão em fase com a
deformação pela amplitude da deformação:
δδεσ cos*Ecos)/('E == 00 (II.6) (II.7) δδεσ cos*Gcos)/('G == 00
sendo E’ o módulo de elasticidade obtido em experimentos nos quais a amostra é submetida
a estímulos unidirecionais (tração e compressão) e G’ o módulo de cisalhamento elástico,
obtido quando um tensão cisalhante é aplicada à amostra. Sendo assim, pode-se dizer que o
módulo de armazenamento E’ é um módulo elástico obtido de um experimento dinâmico
que separa a componente elástica da viscosa e que ele difere do módulo de elasticidade E,
por este ser obtido através de ensaio estático, onde não se pode obter a componente viscosa.
Para fins práticos, a diferença entre E’ e E é pequena, dentro da mesma ordem de grandeza.
Assim, quando não for possível a obtenção da variação de E com a temperatura, pode-se
utilizar a variação de E’ em função da temperatura, já que esta pode ser mais facilmente
obtida através da DMTA.
A razão entre a amplitude da componente de tensão fora de fase em relação à
deformação pela amplitude da deformação é definida como o módulo de perda, E” ou G”:
(II.8) (II.9)
δδεσ sen*Esen)/("E == 00
δδεσ sen*Gsen)/("G == 00
26
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
Os módulos dinâmicos de elasticidade, E*, e de cisalhamento, G*, podem ser
expressos em notação de números complexos em suas componentes: (II.10) (II.11)
"iE'E*E +=
"iG'G*G +=
Dividindo-se a Equação II.8 pela Equação II.6, obtém-se:
(II.12)δ
δδ tan
cos*Esen*E
'E"E
==
onde δtan é denominada fator de perda ou “damping”. Essa mesma relação é válida para
os parâmetros obtidos em ensaio de cisalhamento, G*, G’ e G”.
O “damping” expressa a capacidade de um material converter energia mecânica.
Sólidos que possuem apenas a componente elástica possuem δtan igual a zero. Exemplos
de materiais que apresentam praticamente apenas a componente elástica são os metais.
Polímeros, por outro lado, apresentam valores de δ da ordem de alguns graus. Em certas
faixas de temperatura, por exemplo, na região de transição vítrea, δ aproxima-se de 30º.
A variação de E’, E” e δtan com a temperatura são alguns dos resultados possíveis
de serem obtidos em uma análise dinâmico-mecânica com a amostra submetida a tensões
normais. Na Figura II.5 são apresentados, apenas a título de ilustração já que esse polímero
não é um material utilizado em linhas flexíveis, os gráficos desses resultados em função da
temperatura para o poli(tereftalato de etileno) (PET).
27
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
Figura II.5 – Curvas de DMA para o poli(tereftalato de etileno) (PET) amorfo (∆) e
semicristalinos (o): a) módulo de armazenamento (E’) x temperatura, a) módulo de perda
(E”) x temperatura e c) tan δ x temperatura (CASSU & FELISBERTI, 2005).
A análise dos gráficos resultantes da DMA permite algumas conclusões. Na região
de transição vítrea, o comportamento mecânico de polímeros amorfos varia de um
comportamento típico de material rígido para o de um material elastomérico, o que pode ser
verificado pela queda abrupta do módulo de armazenamento E’. A faixa de temperatura na
qual este processo ocorre depende de vários fatores, tais como a composição, a
flexibilidade das cadeias, a massa molar do polímero, o grau de cristalinidade, entre outros.
Comparando as curvas de E’ mostradas na Figura II.5, percebe-se que a curva
correspondente ao PET amorfo apresenta um queda brusca no valor do módulo de
armazenamento na região de transição vítrea (110 a 140ºC), enquanto a curva
correspondente ao PET semicristalino tem uma queda de apenas uma ordem de grandeza na
região de transição vítrea, seguido de uma queda mais abrupta próxima a 200ºC, o que se
deve ao início da fusão do material.
Além da redução do módulo de armazenamento, a região de transição vítrea é
caracterizada pelos máximos das curvas de E” e tan δ em função da temperatura. Como
apenas a variação do módulo de armazenamento em função da temperatura é significativo
para o objetivo desta dissertação, não serão abordados os comportamentos das curvas de E”
e tan δ em função da temperatura. Maiores informações a respeito destas curvas podem ser
encontradas em (CASSU & FELISBERTI, 2005).
28
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
A Figura II.6 apresenta o gráfico de E’ em função da temperatura para o polímero
HDPE (polietileno de alta densidade), um dos polímeros recomendados pela API RP 17B
para serem utilizados na camada plástica interna, na camada antidesgate e na camada
plástica externa de linhas flexíveis. Apenas o gráfico com a indicação 100/0 é referente ao
HDPE isolado, já que os outros referem-se às proporções da mistura do HDPE com o
HOCP (oligo(ciclopentadieno) hidrogenado). Apesar destes gráficos mostrarem que a
adição de HOCP influencia as propriedades do HDPE em função da temperatura, não faz
parte do escopo desta dissertação avaliar o comportamento das misturas, mas sim do HDPE
isolado, apenas. Maiores detalhes sobre o comportamento das misturas HDPE/HOCP
podem ser encontradas em MENDES (1994).
Figura II.6 – Variação do módulo de armazenamento E’ em Sistemas HDPE/HOCP
no intervalo -150ºC a 150ºC (MENDES, 1994).
Na Tabela II.4 são mostradas as temperaturas Tg e Tm dos polímeros HDPE, PVDF
(poli(fluoreto de vinilideno)), PA 11 (Poliamida-11) e PA 12 (Poliamida-12), que são
29
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
alguns dos polímeros recomendados pela API RP 17B para a fabricação das camadas
poliméricas de linhas flexíveis.
Tabela II.4 – Tg e Tm dos polímeros HDPE, PVDF, PA 11 e PA 12.
HDPE PVDF PA 11 PA 12
Tg -125 a -100 ºC -40 ºC -70 ºC 140ºC
Tm 130 a 135ºC 160 a 200ºC 175 a 191ºC 167,5 a 184ºC
As temperaturas Tg e Tm da PA 11 e da PA 12 foram obtidas em MATWEB (2006).
Já os valores dessas temperaturas para os polímeros HDPE e PVDF podem ser encontradas
em (MANO, 1996).
A temperatura de operação das linhas flexíveis varia de 4ºC a valores em torno de
120ºC. Sendo assim, de acordo com a Figura II.6 e com a Tabela II.4, o intervalo de
temperatura correspondente à operação das linhas flexíveis encontra-se justamente no
trecho de temperatura acima da Tg e abaixo da Tm, trecho este onde a variação de E com
temperatura é aproximadamente linear. Portanto, a consideração de uma aproximação linear
para a variação de E com a temperatura dos polímeros HDPE, PVDF e PA-11 não resultaria
em grandes erros. No caso da PA-12, como a Tg deste polímero é maior que a temperatura
de operação das linhas, o valor de E se mantém praticamente constante no intervalo de
temperatura correspondente à operação das linhas.
No item a seguir, serão comentadas algumas características dos polímeros utilizados
em linhas flexíveis e a influência da temperatura nestas características será analisada.
II.3.2.4 Características dos polímeros utilizados em linhas flexíveis de camadas não-
aderentes
As camadas poliméricas utilizadas em linhas flexíveis têm como funções: servir
como elemento de vedação, manter os arames das armaduras na posição correta, servir
como camada antidesgaste e como isolantes térmicos. Assim, os polímeros utilizados
nessas camadas devem atender aos seguintes requerimentos (BERGE et al., 1992):
30
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
• Características mecânicas (tensão e deformação de ruptura e módulo de Young)
adequadas.
• Boa resistência à fadiga.
• Baixa permeabilidade e absorção.
• Baixa dilatação
• Resistência química em relação aos fluidos interno e externo.
• Boa resistência à formação de vesículas.
• Boa resistência ao desgaste e à abrasão.
• Boa resistência à deformação lenta e à relaxação.
Durante a vida útil da linha flexível, as camadas poliméricas são expostas a elevadas
pressões, combinações de carregamentos de tração e flexão, temperaturas variando,
tipicamente, entre 4ºC e 120ºC, além da ação abrasiva dos fluidos interno e externo. Logo,
além dos requerimentos supracitados, essas camadas também devem ser capazes de resistir
a essas ações.
Conforme mostrado anteriormente, as propriedades dos polímeros são função da
temperatura a que estes são submetidos. Como exemplo, a variação de algumas
propriedades mecânicas do PVDF com a temperatura são apresentadas na Tabela II.5.
Tabela II.5 – Variação das propriedades mecânicas do PVDF com a temperatura
(STEVENSON & CAMPION, 1995).
Módulo de Young Tensão de
escoamento
Deformação de
escoamento
Tensão de
ruptura
Deformação de
ruptura
23ºC 110ºC 23ºC 110ºC 23ºC 110ºC 23ºC 110ºC 23ºC 110ºC
785MPa 190MPa 36MPa 11MPa 22% 28% 23MPa 25MPa 63% 420%
As propriedades mecânicas dos polímeros, além de variarem com a temperatura,
variam também com a pressão à que são sujeitas. Além disso, estas propriedades são
também altamente não-lineares e, por isso, de difícil caracterização.
Outras propriedades, como a permeabilidade e a absorção também são sensíveis à
variação de temperatura e/ou pressão. Nenhum material polimérico forma uma barreira
31
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
completa às moléculas de gás ou vapor devido às distâncias intermoleculares relativamente
grandes do material e ao movimento térmico das cadeias moleculares (BERGE et al.,
1992). Contudo, altas temperaturas e pressões, podem aumentar as taxas de permeabilidade
e também as de absorção de alguns termoplásticos, o que pode comprometer a resistência
mecânica e a eficiência desses materiais. A deformação lenta e a relaxação também variam
com a temperatura. Em geral, o aumento da temperatura implica o aumento da deformação
lenta e da relaxação (STEVENSON & CAMPION, 1995).
O envelhecimento do material polimérico é outro aspecto afetado pela temperatura e
pela pressão a que o material é submetido. O processo de envelhecimento pode ser
significativamente acelerado quando o polímero é exposto ao fluido conduzido no interior
da linha flexível e/ou ao fluido externo, a elevadas temperaturas e pressões, além de outras
ações externas. O processo de envelhecimento é caracterizado por mudanças nas
propriedades mecânicas dos polímeros como, por exemplo, redução em sua resistência e
ductilidade, devido à retirada de elementos plastificantes (API RP 17B, 1998).
Conclui-se, portanto, que a seleção dos polímeros a serem utilizados nas camadas de
uma linha flexível é uma tarefa bastante complexa, devido à variação das propriedades
desses materiais com a temperatura e a pressão às quais a linha é submetida. Outra
consideração importante é que essas propriedades variam também ao longo do tempo. As
API RP 17B (1998) e API SP 17J (1997) apresentam uma série de recomendações e
sugerem testes para a caracterizar e viabilizar a aplicação dos materiais poliméricos em
linhas flexíveis.
II.3.2.5 Principais camadas poliméricas de linhas flexíveis
Camada plástica interna
A camada plástica interna é uma camada colocada sobre a carcaça intertravada,
geralmente extrusada sobre esta, e que tem como função manter a estanqueidade da linha
flexível já que a carcaça possui folgas por onde o fluido transportado pode permear. Sendo
assim, é necessário que a camada plástica interna possua boa resistência à abrasão, corrosão
e ao ataque químico dos fluidos conduzidos no interior da linha.
32
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
Esta camada deve ter uma espessura suficientemente grande para que seja possível a
transmissão dos esforços para as camadas metálicas adjacentes. Assim, a camada plástica
interna atuará como uma ponte que ajuda a distribuir os esforços entre as camadas,
auxiliando a linha flexível a trabalhar como uma estrutura integrada.
A espessura da camada plástica interna é importante também para a determinação de
sua pressão de colapso. Quanto maior for a relação entre a dimensão das folgas da carcaça
intertravada e da armadura de pressão e a espessura da camada polimérica, menor será a
pressão de colapso desta camada (SOUSA, 2005), que pode ainda ser reduzida de acordo
com a temperatura de operação da linha.
Devido às características necessárias do material para a fabricação desta camada,
geralmente são utilizados termoplásticos extrusáveis, flexíveis, estabilizados no que se
refere ao calor, opacos e resistentes ao impacto e ao desgaste (SOUSA, 2005). Portanto, o
polímero geralmente utilizado nesta camada é a PA 11 (poliamida 11) ou, no caso de linhas
sujeitas a solicitações menos severas, pode ser utilizado o HDPE. A API RP 17B
recomenda também, além dos polímeros supracitados, a utilização do XLPE, do PVDF ou
da PA 12 (poliamida 12). Na Tabela II.6 são apresentadas algumas das propriedades destes
polímeros.
Tabela II.6 – Principais características de alguns polímeros utilizados na camda
interna de linhas flexíveis de camadas não-aderentes (SOUSA, 2005).
Propriedades a 20ºC
Polímero Massa
específica Tensão de
ruptura
Deformação de
ruptura
Módulo de
Young
PA 11 1,06g/cm³ 28MPa 60% 380MPa
HDPE 0,95g/cm³ 16MPa 14% 585MPa
PVDF 1,77g/cm³ 23MPa 63% 785MPa
A Tabela II.7 especifica as temperaturas limites para os polímeros possíveis de
serem utilizados na camada plástica interna em uma linha flexível baseados em uma vida
útil de em serviço de 20 anos.
33
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
Tabela II.7 – Temperaturas limites para os polímeros possíveis de serem utilizados
na camada plástica interna (API RP 17B, 1998)
Polímero Mínima temperatura de
exposição
Máxima temperatura
para operação contínua
HDPE -50ºC 60ºC
XLPE -50ºC 90ºC
PA 11 -20ºC 100ºC
PVDF -20ºC 130ºC
Camadas antidesgaste
As camadas antidesgaste ou camadas plásticas intermediárias têm o objetivo de
minimizar o desgaste das camadas metálicas por fricção entre elas. Esta fricção se dá pela
possibilidade de, em linhas flexíveis de camadas não-aderentes, poder haver deslizamentos
relativos entre as camadas metálicas.
Além de minimizar o desgaste das camadas metálicas, outra função das camadas
antidesgaste é servir de barreira para o fluido externo, no caso de falha do plástico externo,
evitando que este permeie por entre as camadas da linha, além também de evitar o
vazamento do fluido interno, no caso de rompimento da camada plástica interna.
A espessura desta camada deve ser determinada de acordo com os mesmos critérios
utilizados para a camada plástica interna, devendo considerar também o efeito da fricção
entre as camadas metálicas.
Os polímeros utilizados para a confecção dessas camadas devem possuir as
propriedades descritas no item II.3.2.4, com destaque para a boa resistência ao desgaste. Os
polímeros sugeridos pela API RP 17B para a fabricação dessas camadas são: HDPE, XLPE,
PA 11, PA 12 ou PVDF
Fita de reforço à compressão
A fita de reforço à compressão é uma camada polimérica constituída por fibras de
aramida (kevlar®) e assentada sobre a armadura de tração externa, que tem como objetivo
34
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
aumentar a resistência e a rigidez à flexão da linha, prevenindo, assim, o fenômeno
conhecido como birdcaging ou “gaiola de passarinho”.
O birdcaging é a instabilidade provocada pela expansão radial excessiva dos arames
das armaduras de tração, devido às cargas de compressão axial que atuam sobre as linhas
flexíveis. Esse carregamento de compressão se torna ainda mais significativo quando a
explotação de petróleo avança para águas mais profundas.
Camadas isolantes
O isolamento térmico é uma das ferramentas utilizadas para que haja a garantia de
escoamento, aspecto fundamental no projeto de linhas flexíveis para águas profundas e
ultraprofundas.
JIAN (2000) apresenta os objetivos do isolamento térmico:
• Evitar a formação de hidratos.
• Evitar deposição de parafinas.
• Reduzir a viscosidade do fluido transportado para economizar potência de
bombeio.
• Evitar a formação de emulsões.
A API SP 17J (1997) indica que o comprador deve especificar qualquer restrição ao
desempenho da linha flexível quanto à perda ou retenção de calor. Os coeficientes globais
de transferência de calor (Capítulo III) devem ser baseados no diâmetro interno nominal do
tubo e deverão considerar qualquer efeito externo como, por exemplo, o cobrimento de solo
para a linha enterrada. Os materiais utilizados nas camadas de isolamento térmico devem
ser selecionados de modo que o coeficiente global de transferência de calor não atinja
valores inferiores ao especificado para sua vida útil em serviço.
Os materiais indicados pela API RP 17B para serem utilizados na fabricação de
camadas de isolamento térmico são o PP (polipropileno), o PVC (poli(cloreto de vinila)) e
PU (poliuretano). A API RP 17J (1997) aponta que a condutividade térmica da camada
deve ser documentada para as condições seca e molhada e para as temperaturas e pressões
de projeto e de operação. A degradação do desempenho térmico durante a vida útil em
35
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
serviço resultante das ações da pressão, da temperatura e da água do mar deve ser
analisada.
O projeto do sistema de isolamento térmico deve ser baseado na hipótese de que a
barreira protetora externa tenha sido danificada expondo, portanto, o material isolante ao ar
e/ou à água do mar.
A API SP 17J (1997) também indica que as seguintes temperaturas devem ser
especificadas:
• Temperatura de operação ou perfil de temperaturas ao longo da vida útil de
serviço.
• Temperatura mínima de projeto.
• Temperatura máxima de projeto.
As temperaturas mínima e máxima de projeto são as temperaturas mínima e máxima
às quais a linha flexível pode ser submetida durante sua vida útil de serviço.
No Capítulo III, uma metodologia para o cálculo do perfil de temperaturas ao longo
das camadas de uma linha flexível será descrita.
Alguns aspectos sobre os materiais utilizados para o isolamento térmico de dutos
terrestres e submarinos serão abordados no item II.4.
Camada plástica externa
A camada plástica externa é extrusada sobre a armadura externa de tração,
ajudando, assim, a manter os arames das armaduras na posição correta, além de proteger a
linha flexível contra corrosão, abrasão, danos externos (impacto de ferramentas e com o
solo marinho, por exemplo) e auxiliar no isolamento térmico da linha.
Sendo assim, esta camada deve ter espessura suficiente para atender a esses
requisitos e também minimizar a possibilidade de falha por extrusão da camada nos
interstícios da armadura externa de tração.
A camada plástica externa deve ser fabricada com polímeros que possuam
resistência de longo prazo à água salgada e que sejam suficientemente flexíveis para
possibilitar o enrolamento em carretéis.
36
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
Para atender às características supracitadas, a API RP 17B (1998) indica a utilização
dos polímeros HDPE, PA 11 ou PA 12 para a fabricação desta camada.
II.4. MATERIAIS UTILIZADOS PARA O ISOLAMENTO TÉRMICO DE DUTOS
Neste item serão abordadas as características de alguns materiais que podem ser
utilizados para o isolamento térmico de dutos terrestres e submarinos.
II.4.1. Dutos terrestres
Para o isolamento térmico de dutos terrestres alguns materiais possíveis de serem
utilizados são (KOEBSCH, 2006):
• Até 120°C: Poliuretano (PU) expandido sobre tubo revestido com FBE (Fusion
Bonded Epoxy), em camisa de polietileno (PE) (Figura II.7).
• Acima de 120°C: Sistema composto de silicato de cálcio e espuma de
Poliuretano.
Figura II.7 - PU expandido sobre tubo revestido com FBE, em camisa de PE (KOEBSCH,
2006).
37
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
A condutividade térmica é a principal característica do sistema de isolamento, já que
rege a capacidade do material de transmitir calor. A Figura II.8 apresenta a variação da
condutividade térmica do poliuretano expandido em função de sua densidade.
Figura II.8 – Condutividade térmica do poliuretano expandido em função de sua densidade
(KOEBSCH, 2006).
Quanto menor a condutividade térmica de um material, melhor será o isolamento
térmico que ele proporcionará. De acordo com os valores apresentados na Figura II.8,
nota-se que a condutividade térmica do poliuretano expandido apresenta os menores
valores de condutividade térmica para densidades na faixa de 30 a 50 kg/m³. Portanto, a
utilização do poliuretano expandido com densidades nesta faixa de valores proporcionaria
um isolamento térmico mais eficiente.
II.4.2. Dutos submarinos
Alguns dos materiais utilizados para o isolamento térmico de dutos submarinos são
os seguintes (KOEBSCH, 2006):
38
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
• Polipropileno Sólido (SPP)
• Polipropileno Espuma (PP Foam)
• Polipropileno Sintático (Synt PP)
• Poliuretano Sólido (SPU)
• Poliuretano Espuma Pipe-in-Pipe (PUF-PIP)
• Poliuretano Sintático BD e AD (Synt PU)
• Epóxi Sintático
O material a ser escolhido e sua configuração dependerá das necessidades de
desempenho requeridas pelo projeto do sistema de isolamento térmico, da temperatura
máxima de utilização do material e do custo.
Nas Figuras II.9 e II.10, podem ser observados os valores das condutividades
térmicas do polipropileno em função de sua densidade e uma comparação entre as
condutividades do polipropileno e do poliuretano sintáticos em função da profundidade de
utilização.
Figura II.9 - Condutividade térmica do polipropileno em função de sua densidade
(KOEBSCH, 2006).
39
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
Figura II.10 - Comparação entre as condutividades térmicas do PP sintático e do PU
sintático (KOEBSCH, 2006).
Conforme pode ser observado nas Figuras II.9 e II.10, a condutividade térmica dos
materiais utilizados para o isolamento térmico de dutos submarinos apresenta valores
bastante superiores à condutividade térmica do poliuretano expandido (Figura II.8), um dos
materiais utilizados para o isolamento térmico de dutos terrestres. Contudo, apesar de sua
alta eficiência como material isolante, o poliuretano expandido não pode ser utilizado para
dutos submarinos, pois a alta pressão externa à que seria submetido no mar causaria danos a
este material.
A utilização dos materiais isolantes na configuração espuma sintática resulta no
aumento da eficiência desses materiais como isolantes térmicos.
A fabricação de espumas sintáticas consiste na inserção de pequenas estruturas
esféricas normalmente feitas de vidro, denominadas microesferas, na matriz polimérica
sólida. As microesferas, cujos diâmetros variam de 50 a 200 mícrons, são responsáveis pela
alta resistência hidrostática do polímero. A densidade típica das espumas sintáticas varia de
600 a 800kg/m³.
40
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
Já as espumas sintáticas compostas (Figura II.11) são similares às espumas
sintáticas, mas contêm estruturas esféricas maiores, feitas de termoplásticos reforçados, na
matriz polimérica. Estas estruturas são denominadas macroesferas e podem chegar até
75mm de diâmetro. O uso das macroesferas contribui para a diminuição da densidade do
material, que varia normalmente entre 400 e 600kg/m³, oferecendo, ao mesmo tempo, uma
resistência hidrostática razoável.
Figura II.11 – Espuma sintática composta.
II.5. TIPOS DE LINHAS FLEXÍVEIS DE CAMADAS NÃO-ADERENTES
II.5.1. Configurações típicas de linhas flexíveis
As linhas flexíveis de camadas não-aderentes podem ainda ser classificadas em dois
tipos: linhas de parede rugosa (“rough bore”) e de parede lisa (“smooth bore”).
As linhas de parede rugosa possuem a carcaça intertravada como camada mais
interna e são utilizadas pra efetuar o transporte de gases ou de fluidos que contenham gases.
A utilização desta carcaça intertravada se deve ao fato de que uma queda abrupta na
pressão interna da linha pode causar o colapso da estrutura, o que é evitado quando a
estrutura é reforçada pela utilização da carcaça. As linhas de parede rugosa podem possuir
uma camada de reforço à pressão, sendo caracterizadas, então, como linhas de parede
rugosa com reforço à pressão. Deste modo, as linhas de parede rugosa possuem as seguintes
camadas (da mais interna para a mais externa): carcaça intertravada, camada plástica
41
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
interna, armadura de pressão (opcional), um par de armaduras de tração e uma camada
plástica externa.
As linhas de parede lisa não possuem carcaça intertravada e são utilizadas para o
transporte de fluidos que não causam difusão de gases através da camada plástica que, neste
tipo de linha, é a camada mais interna. As linhas de parede lisa possuem as seguintes
camadas: camada plástica interna, armadura de pressão (com uma possível camada de
reforço à pressão), um par de armaduras de tração e uma camada plástica externa. A Figura
II.12 ilustra alguns destes tipos de linha flexível.
(a)
(b)
Figura II.12 – Tipos de linha flexível de camadas não-aderentes: (a) parede lisa e (b) parede
rugosa com reforço à pressão (SOUSA, 2005).
II.5.2. Novas Concepções para linhas flexíveis
Com a explotação de petróleo avançando para águas cada vez mais profundas, faz-
se necessário o desenvolvimento de novas tecnologias que viabilizem a utilização das
linhas flexíveis em lâminas d’água no entorno de 3000m, visto que a tecnologia atualmente
disponível está limitada a aproximadamente 2000m de lâmina d’água para linhas de 6” e
1000m para linhas de 16” (SOUSA, 2005).
Assim, novas concepções para linhas flexíveis têm sido estudadas com o objetivo de
gerar estruturas mais leves, confiáveis e resistentes, capacitar linhas com maior diâmetro
42
CAPÍTULO I I DESCRIÇÃO DE UMA LINHA FLEXÍVEL
interno para a explotação de petróleo e minimizar o número de linhas por poço (SOUSA,
2005).
Buscando atingir esses objetivos, os fabricantes trabalham, basicamente, nas
seguintes funções (SOUSA, 2005): desenvolvimento de novos perfis para as armaduras de
pressão e para a carcaça intertravada; formas de monitorar o comportamento de linhas
flexíveis em serviço; estudo de materiais alternativos mais resistentes e leves, como, por
exemplo, o alumínio, a fibra de aramida e os materiais compósitos, para a substituição das
armaduras de aço; estudo de materiais que propiciem melhor isolamento térmico ou
desenvolvimento de novos conceitos de isolamento térmico; e desenvolvimento de novas
estruturas. Maiores detalhes sobre essas novas concepções para linhas flexíveis podem ser
encontrados em SOUSA (2005).
43
CAPÍTULO III
PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
III.1. INTRODUÇÃO
Sempre que há uma diferença de temperatura em um sistema, ou mesmo quando
dois sistemas a diferentes temperaturas são postos em contato, ocorre a transferência de
energia térmica da região de maior temperatura para a de menor temperatura. Esta
energia em trânsito é chamada de calor e a ciência que estuda essas transferências de
energia é denominada Transferência de Calor. Seu objetivo é não apenas explicar os
meios pelos quais esta energia pode ser transferida, mas também avaliar a taxa com que
o calor é transferido em um sistema sob determinadas condições. Neste capítulo, serão
apresentados alguns conceitos de transferência de calor. Mais informações sobre este
tema podem ser encontradas nos textos clássicos de transferência de calor
(ÖZISIK,1990, INCROPERA & DEWITT, 2003, HOLMAN, 1983)
Existem três modos distintos de transferência de calor: condução, convecção e
radiação. A distribuição de temperatura em um meio é governada pela combinação
desses três modos, não sendo possível isolar totalmente os efeitos de cada um deles.
Contudo, visando à simplificação da análise de um problema, é possível considerar um
modo separadamente sempre que a transferência de calor pelos outros modos for
desprezível (ÖZISIK,1990). Esses modos serão apresentados de forma mais detalhada
no item III.2.
III.2. MODOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR
III.2.1. Condução
Quando há um gradiente de temperatura em um meio estacionário, que pode ser
sólido ou fluido, utiliza-se o termo condução para se referir à transferência de calor que
ocorrerá através desse meio.
Na transferência de calor por condução, a energia é transferida da região de alta
temperatura para a região de baixa temperatura pelo movimento cinético ou pelo
44
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
impacto direto das moléculas, no caso de fluidos em repouso, e pelo movimento de
elétrons no caso de sólidos (ÖZISIK, 1990).
A energia transferida por condução, em uma direção x pode ser quantificada
através do cálculo da taxa de transferência de calor, que é proporcional à área normal à
direção do fluxo, ao gradiente de temperatura naquela direção e à constante de
proporcionalidade k, que é a condutividade térmica do material. Através de um meio
homogêneo, então, a taxa de transferência de calor é dada por:
xTkAqcond ∂
∂−=
(III.1)
onde qcond é a taxa de transferência de calor por condução, k é a condutividade térmica
do material, A é a área da seção transversal ao fluxo de calor e xT ∂∂ é o gradiente de
temperatura na direção do fluxo de calor.
A Equação III.1 é denominada Lei de Fourier e é a equação de definição da
condutividade térmica. A condutividade térmica é uma propriedade do material que
indica a quantidade de calor que fluirá, por unidade de tempo, através de uma unidade
de área, quando o gradiente de temperatura for unitário. Os valores da condutividade
térmica para vários tipos de materiais são mostrados na Tabela III.1.
45
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
Tabela III.1 – Condutividade térmica de alguns metais, sólidos não-metálicos, líquidos e
gases (SOLANO, 2005).
Condutividade térmica a 300K
Material W/m.K
Cobre 399
Alumínio 237
Aço-carbono, 1% C 43
Vidro 0,81
Plástico 0,20-0,30
Água 0,60
Etilenoglicol 0,26
Óleo de motor 0,15
Freon (líquido) 0,07
Hidrogênio 0,18
Ar 0,026
O sinal negativo na Equação III.1 decorre do fato de que o calor é transferido da
região de maior para a região de menor temperatura. Se a temperatura decresce no
sentido positivo de x, ∂T/∂x é negativo e q fica positivo. Assim, o sinal negativo
assegura que q sempre será uma grandeza positiva quando há um fluxo de calor no
sentido dos x positivos.
Dividindo a taxa de transferência de calor em uma direção pela área
perpendicular à direção de transferência, tem-se o fluxo de calor nesta direção:
xTk
AqQcond ∂
∂−==
(III.2)
III.2.2. Convecção
O termo convecção é utilizado para descrever a transferência de calor que ocorre
entre uma superfície e um fluido em movimento quando eles se encontram em
temperaturas diferentes.
46
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
Se o movimento do fluido for induzido artificialmente, a transferência de calor
se dá por convecção forçada. No caso de não haver nenhuma fonte externa de
movimentação do fluido, diz-se que a transferência de calor se dá por convecção livre
ou natural. Neste caso, o escoamento é induzido por forças de empuxo originadas por
diferenças de densidade causadas por variações de temperatura no próprio fluido.
Existe também a possibilidade de ocorrer a mistura das convecções forçada e
natural. Neste caso, tem-se a convecção mista. Como um exemplo de convecção mista,
pode-se citar um caso em que se tenha pequena velocidade associada ao escoamento e
forças de empuxo altas, gerando um escoamento secundário, comparável ao escoamento
forçado imposto.
A taxa de transferência de calor por convecção entre uma superfície quente a Ts
e um fluido em movimento sobre ela a uma temperatura T∞ pode ser expressa pela Lei
de Newton do resfriamento, que é dada por:
( )∞−= TThAq sconv (III.3)
onde qconv é a taxa de transferência de calor, h é o coeficiente de transferência de calor
por convecção e A é a área da superfície em contato com fluido. As temperaturas devem
ser dadas em Kelvin (K).
O fluxo de calor convectivo é obtido pela divisão da taxa de transferência de
calor por convecção pela área. Assim:
( )∞−= TThQ sconv (III.4)
O coeficiente de transferência de calor por convecção, h, varia com o tipo de
fluxo (laminar ou turbulento), com o tipo de convecção (forçada ou natural), com a
geometria do corpo e a área de escoamento, com as propriedades físicas do fluido, com
a temperatura e com a posição ao longo da superfície do corpo.
Quando h varia com a posição ao longo da superfície do corpo, torna-se
conveniente considerar o seu valor médio h sobre a superfície ao invés de seu valor
local h.
Integrando o coeficiente de transferência de calor local por convecção h sobre
toda a superfície, obtém-se a taxa de transferência de calor total qt_conv:
47
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
( ) hdATTq Ast_conv ∫∫−= ∞ (III.5)
Considerando o valor médio do coeficiente de transferência de calor por
convecção, h , a taxa total de transferência de calor pode ser representada por:
( )∞−= TTAhq st_conv (III.6)
Das equações (III.5) e (III.6), tem-se que os coeficientes de convecção médio e
local são relacionados por uma expressão da forma:
hdAA
h A∫∫=1 (III.7)
Para a maioria das aplicações em engenharia, há interesse nos valores médios.
Em corpos que possuem geometria simples, como uma placa lisa, ou o interior
de um tubo circular, por exemplo, o coeficiente de transferência de calor por convecção
pode ser determinado analiticamente (INCROPERA & DEWITT, 2003). Já no caso de
escoamento sobre corpos com configurações mais complexas, utiliza-se o método
experimental para determinar h. O intervalo de valores do coeficiente de transferência
de calor nas várias aplicações de engenharia é bastante amplo. A Tabela III.2 mostra
alguns valores típicos para o coeficiente de transferência de calor por convecção.
Tabela III.2 – Valores típicos para o coeficiente de transferência de calor por
convecção (INCROPERA & DEWITT, 2003).
Processo h (W/m². K)
Convecção livre
Gases 2-25
Líquidos 50-1000
Convecção Forçada
Gases 25-250
Líquidos 100-20000
Convecção com mudança de fase
Ebulição ou condensação 2500-100000
48
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
III.2.3. Radiação
Todas as superfícies a uma temperatura finita emitem energia na forma de ondas
eletromagnéticas (ou por fótons). Esta energia é chamada de radiação térmica. Embora
seja mais comum encontrar a emissão de radiação associada a superfícies sólidas, as
emissões também podem ocorrer a partir de líquidos e gases.
A radiação não necessita de um meio material pra se propagar, ao contrário do
que ocorre com as transferências de calor por condução e convecção. Na realidade, a
transferência de calor por radiação ocorre de forma mais eficiente no vácuo.
A radiação emitida pela superfície tem origem na energia térmica da matéria
limitada pela superfície e a taxa na qual essa energia é liberada é denominada poder
emissivo da superfície, Eb, que é dado pela lei de Stefan-Boltzmann:
4
sb TE σ= (III.8)
onde Ts é a temperatura absoluta da superfície e σ é a constante de Stefan-Boltzmann
(σ vale 5,67 x 10-8 W/m².K4).
A Equação III.8 se refere a uma superfície denominada de radiador ideal ou
corpo negro. O fluxo de calor emitido por uma superfície real é inferior ao emitido por
um corpo negro, sendo dado por:
4
sb TE εσ= (III.9)
onde ε é uma propriedade radiante da superfície denominada emissividade. Possuindo
valores na faixa 10 ≤≤ ε , a emissividade fornece uma medida da capacidade de
emissão de energia de uma superfície em relação ao corpo negro. A emissividade
depende de fatores como a superfície do material e seu acabamento.
Em vez de ser emitida, a radiação pode incidir sobre uma superfície a partir de
sua vizinhança. A taxa na qual a radiação incide sobre uma unidade de área é
denominada irradiação. Toda a irradiação, ou apenas parte dela, pode ser absorvida
pela superfície, aumentando, assim, a energia térmica do material. A taxa na qual a
energia radiante é absorvida por unidade de área pode ser calculada através do
conhecimento de uma propriedade denominada absorvidade, α .
49
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
A taxa líquida de transferência de calor por radiação entre uma superfície
pequena a uma temperatura T1 e uma superfície muito maior que a circunda a uma
temperatura T2, pode ser dada por:
)TT(Aqrad4
24
11 −= σε (III.10)
onde A1 é a área da superfície pequena. A Eq (III.10) expressa a diferença entre a
energia térmica liberada devido à emissão de radiação e aquela ganha devido à absorção
da radiação.
Em muitas aplicações, é conveniente expressar a taxa de transferência de calor
líquida por radiação pela expressão:
)TT(Ahq rrad 21 −= (III.11)
A Equação III.11 define um coeficiente de transferência de calor por radiação hr
análogo ao coeficiente de transferência de calor por convecção. O coeficiente hr é dado
por:
)TT)(TT(hr2
22
121 ++= εσ (III.12)
III.3. TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM SÓLIDOS COM GEOMETRIA
CILÍNDRICA
III.3.1. Transferência de calor por condução em sólidos com geometria cilíndrica
Os sólidos com geometria cilíndrica podem ser tratados como unidimensionais
quando apresentam gradiente de temperatura apenas na direção radial. Assim,
desprezando a condução axial, supondo que a condutividade térmica k seja constante e
considerando condições de regime estacionário sem geração interna de calor, a forma
apropriada da equação de calor para um cilindro oco, cujas superfícies interna e externa
estão expostas a fluidos de diferentes temperaturas, é (INCROPERA & DEWITT,
2003):
50
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
01=⎟
⎠⎞
⎜⎝⎛
drdTr
drd
r (III.13)
onde r é o raio do cilindro.
Considerando a forma apropriada da lei de Fourier, a taxa de transferência de
calor por condução através de uma superfície cilíndrica pode ser escrita como
(INCROPERA & DEWITT, 2003):
drdTkAqcond −= (III.14)
onde A = 2πrL é a área normal à direção da transferência de calor, sendo L o
comprimento do cilindro. De acordo com a Equação III.13, a grandeza r(dT/dr) é
independente de r. Logo, a taxa de transferência de calor por condução, expressa pela
Equação III.14, é uma constante na direção radial.
Figura III.1 – Condução de calor radial através de um sólido de geometria cilíndrica.
Integrando-se a Equação III.13, obtém-se a distribuição radial de temperatura
T(r) no cilindro, que é dada por:
(III.15)21 CrlnC)r(T +=
Para o cálculo das constantes de integração C1 e C2, são aplicadas as seguintes
condições de contorno:
51
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
( ) ( ) 2211 TrTeTrT == (III.16)
onde r1 é o raio interno do cilindro, T1 a temperatura na sua superfície interna, r2 seu
raio externo e T2 a temperatura na sua superfície externa, conforme ilustra a Figura III.1.
Aplicando essas condições à solução geral, Equação III.15, resolvendo para C1 e
C2 e substituindo na Equação III.15, obtém-se:
( ) 2221
21 Trrln
r/rlnTT)r(T +⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−= (III.17)
Conhecida a distribuição radial de temperatura, a taxa de transferência de calor
por condução através de uma superfície cilíndrica, dada pela Equação III.14, pode ser
escrita como (INCROPERA & DEWITT, 2003):
( )
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−
=
1
2
212
rr
ln
TTLkqrπ (III.18)
Cálculo da resistência térmica
Da mesma forma que uma resistência elétrica é associada com a condução de
eletricidade, uma resistência térmica é associada com a condução de calor. Definindo
resistência como a razão entre o potencial motriz e a taxa correspondente de
transferência, a resistência térmica é:
qTR ∆
= (III.19)
Assim, a resistência térmica para a condução através de uma superfície cilíndrica
vale (INCROPERA & DEWITT, 2003):
( )Lk
r/rlnq
)TT(Rr
cond,t π21221 =
−= (III.20)
52
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
III.3.2. Transferência de calor por convecção em sólidos com geometria cilíndrica
Uma resistência térmica também pode estar associada com a transferência de
calor por convecção entre um fluido e uma superfície. Utilizando a lei do resfriamento
de Newton, que é dada pela Equação III.3, tem-se que a resistência térmica para a
convecção, para uma superfície qualquer, vale:
hAqTT
Rconv
sconv,t
1=
−= ∞ (III.21)
onde Ts é a temperatura da superfície e T∞ é a temperatura do fluido.
Substituindo A = 2πrL na Equação III.21, tem-se que, para uma superfície
cilíndrica, a resistência térmica por convecção torna-se:
rLhR conv,t π2
1= (III.22)
III.3.3. Transferência de calor por radiação em sólidos com geometria cilíndrica
Assim como para a convecção, a resistência térmica para a radiação pode ser
calculada em termos do coeficiente de transferência de calor. Logo:
rrrad,t rLhAh
Rπ2
11== (III.23)
III.4. TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM TUBOS MULTICAMADAS
Neste item, será abordado o processo completo de transferência de calor em um
tubo multicamada (Figura III.2) imerso em água do mar, visto ser essa a condição do
tubo nas aplicações consideradas nesta dissertação. Este processo é composto por
(JIAN, 2000):
• Convecção forçada entre o fluido escoado pela tubulação e a superfície
interna de sua primeira camada.
• Condução através das camadas do tubo.
53
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
• Convecção forçada ou livre, dependendo da presença de corrente marítima,
entre a superfície externa da última camada do tubo e a água do mar.
A radiação emitida pela superfície externa do tubo para a água do mar pode ser
considerada desprezível.
A seguir, esses fenômenos serão analisados considerando as seguintes hipóteses:
• Fluidos interno e externo incompressíveis e em regime estacionário de
escoamento.
• Camadas do tubo em perfeito contato térmico.
• Condutividade térmica constante em cada camada da tubulação.
• Condução térmica na direção axial desprezível.
O objetivo final desta análise do processo de transferência de calor em um tubo
multicamada imerso em água do mar é calcular a temperatura ao longo deste tubo, isto
é, a temperatura de saída do fluido interno em cada trecho do tubo, e em cada uma de
suas camadas. Para isso são considerados conhecidos:
• A temperatura de entrada, Tin, do óleo na tubulação.
• A distribuição da temperatura externa (água do mar) ao longo da tubulação,
T∞.
• A vazão com a qual o óleo é escoado, . m&
• As propriedades físicas dos fluidos interno e externo em função da
temperatura.
• As condutividades térmicas do(s) material(is) que compõem a tubulação.
54
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
Figura III.2 – Tubo multicamada.
III.4.1. Balanço de energia
O escoamento em um tubo é completamente limitado em seu interior. Deste
modo, tomando-se o volume de controle apresentado na Figura III.3 e considerando que
os únicos efeitos significativos no escoamento sejam a variação de energia térmica e o
trabalho de fluxo (produto entre a pressão do fluido e o volume específico), chega-se a
seguinte relação (INCROPERA & DEWITT, 2003):
(III.24)
mfip dTcmdq ⋅⋅= &
onde dq e dTm são, respectivamente, as variações da taxa de transferência de calor total
através das paredes do tubo e da temperatura média ao longo de um volume de controle
com comprimento dx; é a vazão mássica do fluido que escoa no interior do tubo; e
é o seu calor específico.
m&
fipc
55
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
Figura III.3 – Volume de controle.
Integrando a Equação III.24 ao longo do comprimento do tubo, tem-se a
expressão:
( )inoutfip TTcmq −⋅⋅= & (III.25)
que relaciona a taxa de transferência total de calor com as temperaturas de saída, Tout, e
entrada, Tin, no tubo.
A taxa de transferência de calor no volume de controle pode ser entendida como
o produto entre o fluxo de calor, Q, e a área interna do volume de controle. Assim:
( ) dxDQdq int ⋅⋅⋅= π (III.26)
onde é o diâmetro interno do tubo. 12 rDint ⋅=
Substituindo a Equação III.26 na Equação III.24, tem-se:
( )fip
intmcm
DQdx
dT⋅
⋅⋅=
&
π (III.27)
O fluxo de calor, por sua vez, é igual a:
(III.28)TUQ ∆⋅=
onde U é o coeficiente global de transferência de calor e ∆T é definido como a diferença
entre a temperatura do fluido externo (constante), ∞T , e a temperatura média (ou de
56
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
mistura) ao longo do volume de controle, Tm, que é a média entre as temperaturas de
entrada e de saída ( )( )2/outinm TTT += .
Substituindo a Equação III.28 na Equação III.27, tem-se:
( )dxU
cmD
TTd
fip
int ⋅⋅⋅⋅
−=∆∆
&
π (III.29)
Integrando ambos os lados da Equação III.29 a partir da entrada do tubo para sua
saída e considerando as Equações III.28 e III.29, deduz-se que:
lnint TAUq ∆⋅⋅= (III.30)
onde Aint é a área interna de exposição ao fluido, ou seja:
LrLDA intint ⋅⋅⋅=⋅⋅= 12 ππ (III.31)
e lnT∆ é a média logarítmica da diferença de temperatura, que é expressa por:
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛∆∆
∆−∆=∆
in
out
inoutln
TTln
TTT (III.32)
com e outout TTT −=∆ ∞ inin TTT −=∆ ∞ .
U é o coeficiente global médio de transferência de calor, que é dado por (JIAN,
2000):
11
111
1
2
1
1
1
1ln...ln11
++
+ ++++=
NNN
N
N hrr
rr
kr
rr
kr
h
U (III.33)
onde ki (i=1...N) é a condutividade térmica de cada camada; h1 é o coeficiente de
convecção interna e hN+1 é o coeficiente de convecção externa.
57
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
Na Equação III.33, as condutividades térmicas são assumidas constantes em
cada uma das camadas do tubo, porém os coeficientes de convecção dependem das
propriedades dos fluidos interno e externo assim como das temperaturas de mistura e
das paredes interna e externa da tubulação. A determinação desses coeficientes surgirá,
freqüentemente, como uma condição de contorno na solução de problemas envolvendo
a transferência de calor por condução. No item a seguir, são apresentadas algumas
correlações empregadas para o cálculo dos coeficientes de transferência de calor por
convecção.
III.4.2. Cálculo dos coeficientes de transferência de calor por convecção
Os coeficientes de convecção interno, h1, e externo, hN+1, dependem do número
de Nusselt, NuD, e podem ser calculados por:
DkNuh D ⋅
= (III.34)
onde D é o diâmetro interno do tubo no cálculo de h1 e o seu diâmetro externo no
cálculo de hN+1; k é a condutividade térmica do fluido considerado.
O cálculo do número de Nusselt, entretanto, depende do tipo de escoamento e,
por conseqüência, do tipo de convecção que se dá na tubulação.
Considerando o escoamento no interior da tubulação, haverá convecção forçada
entre o fluido interno e a parede interna da tubulação. No trecho horizontal de
tubulações offshore, admitindo que estas geralmente encontram-se em grandes
profundidades, onde a velocidade da corrente é baixa, considera-se que há convecção
livre da parede externa da tubulação para o meio externo. Já no trecho vertical dessas
tubulações, a velocidade da corrente não é desprezível e ocorrerá convecção forçada (ou
uma combinação dos efeitos das convecções livre e forçada) entre a superfície externa
do tubo e a água do mar.
58
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
III.4.2.1 Cálculo do número de Nusselt para o escoamento interno
O primeiro passo para o cálculo do número de Nusselt em um escoamento
interno é estabelecer se o escoamento no interior do tubo é laminar ou turbulento. Essa
verificação é feita através do número de Reynolds, ReD:
fi
intfiD
DuRe
ν⋅
= (III.35)
onde fiν é a viscosidade cinemática do fluido interno e é a velocidade média do
fluido na seção transversal considerada, sendo expressa por:
fiu
cfifi A
mu.ρ&
= (III.36)
sendo fiρ a massa específica do fluido interno e a área transversal do tubo. cA
Em um escoamento plenamente desenvolvido, 2300≅DRe corresponde ao
surgimento da turbulência. Condições plenas de turbulência, no entanto, são atingidas
apenas para . 10000≥DRe
Escoamento laminar
Para escoamento laminar em tubos em regiões plenamente desenvolvidas, o
número de Nusselt é constante e vale (INCROPERA & DEWITT, 2003):
⎩⎨⎧
==
=.,66,3.,36,4
1 cteTcteQ
NuD (III.37)
para 2300<DRe
onde Q é o fluxo de calor ao longo do tubo; e T1 é a temperatura da parede interna.
59
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
Escoamento turbulento
A análise da transferência de calor em condições de escoamento turbulento é
bastante complexa. Por esta razão, várias correlações empíricas têm sido propostas e
utilizadas para o cálculo do número de Nusselt. Uma das correlações mais precisas para
o cálculo desse número, segundo INCROPERA & DEWITT (2003), é a expressão
estabelecida por Petukhov, dada por:
)(Pr)/f(,,PrRe)/f(Nu //
DD
187120718
3221 −⋅⋅+
⋅⋅=
(III.38)
para 200050 << Pr, e 64 10510 ⋅<< DRe
sendo ReD dado pela Equação III.35 e o número de Prandtl, Pr, definido por:
fi
fifip
k
cPr
µ⋅= (III.39)
onde kfi é a condutividade térmica do fluido interno e µfi é a viscosidade do fluido
interno.
O fator de atrito, f, é obtido através do diagrama de Moody (INCROPERA &
DEWITT, 2003) para tubos rugosos e, para tubos lisos, é expresso por:
( )[ ] 26417900 −−⋅= ,Reln,f D , 61053000 ⋅≤≤ DRe (III.40)
Para obter concordância entre os dados para números de Reynolds menores,
Gnielinski (INCROPERA & DEWITT, 2003) modificou a correlação de Pethukov e
propôs a seguinte expressão:
( ))1()8/(7,1207,1
1000)8/(3/22/1 −⋅⋅+
⋅−⋅=
PrfPrRefNu D
D (III.41)
para 200050 << Pr, e 61053000 ⋅<< DRe
60
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
O fator de atrito f para esta correlação também é dado pela Equação III.40 para
tubos lisos e pelo diagrama de Moody (INCROPERA & DEWITT, 2003) para tubos
rugosos.
Tanto para a correlação de Petukhov quanto para a de Gnielinski, as
propriedades do fluido devem ser avaliadas em sua temperatura média (Tm).
Nas aplicações desta dissertação, a temperatura da superfície será considerada
constante e a correlação de Gnielinski será utilizada para o cálculo do número de
Nusselt, já que a mesma abrange uma ampla faixa de números de Reynolds, com um
bom nível de precisão (INCROPERA & DEWITT, 2003). Tem-se, então:
• Escoamento laminar: = 3,66 (DNu 2300<DRe )
• Escoamento turbulento: obtido por Gnielinski ( ) DNu 6105Re3000 ⋅≤≤ D
Para evitar uma transição abrupta do número de Nusselt devido à mudança do
regime de escoamento, utilizou-se um perfil linear para
(ESCOBEDO, 2005). Para este intervalo de números de Reynolds, é, então,
calculado por:
3000Re2300 ≤≤ D
DNu
0621,443194227,0 −⋅= DD ReNu
(III.42)
III.4.2.2 Cálculo do número de Nusselt para o escoamento externo
As correlações utilizadas para o cálculo do número de Nusselt para o escoamento
externo dependem da convecção externa ser livre ou forçada.
Convecção livre
Dentre as muitas correlações existentes para a convecção livre sobre um cilindro
horizontal longo isotérmico, há a correlação empírica proposta por Churchill e Chu, que
possui a forma (INCROPERA & DEWITT, 2003):
( )[ ]2
27/816/9
6/1
Pr/559,01387,0
60,0⎭⎬⎫
⎩⎨⎧
+⋅
+= DD
RaNu , 1210≤DRa (III.43)
61
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
onde RaD é o número de Rayleigh, dado por (ÖZISIK,1990):
( )Pr
DTTgRa
fe
ext1ND ⋅
⋅−⋅⋅= ∞+
2
3
νβ
(III.44)
e g é a aceleração da gravidade; β é o coeficiente de expansão térmica volumétrico do
fluido externo, TN+1 é a temperatura da superfície externa do tubo, Dext é o seu diâmetro
externo e feν é a viscosidade cinemática do fluido externo.
Convecção forçada Assim como para a convecção livre, existem também diversas correlações para a
convecção forçada sobre um cilindro. Considerando o movimento de um fluido normal
ao eixo de um cilindro circular (escoamento transversal), Churchill e Bernstein
propuseram uma equação indicada para todo PrReD ⋅ > 0,2. Esta é dada por
(INCROPERA & DEWITT, 2003):
( )[ ]5/48/5
4/13/2
3/12/1
2820001
/4,0162,03,0
⎥⎥⎦
⎤
⎢⎢⎣
⎡⎟⎠⎞
⎜⎝⎛+⋅
+⋅⋅
+= DDD
RePr
PrReNu (III.45)
Convecção combinada livre e forçada A base de cálculo para esta situação é o número de Grashof, que é dado por (ÖZISIK,1990):
( )2
3
fe
1NL
LTTgGr
νβ ⋅−⋅⋅
= ∞+ (III.46)
O número de Grashof desempenha, na convecção livre, o mesmo papel que o
número de Reynolds desempenha na convecção forçada. O número de Reynolds fornece
uma medida da razão entre as forças de inércia e as forças viscosas atuando em um
elemento de fluido. Já o número de Grashof indica a razão da força de empuxo e da
força viscosa atuando no fluido.
62
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
A relação 2L
L
ReGr , que representa a razão entre as forças de empuxo e as forças de
inércia atuando no fluido, é dada por (ÖZISIK,1990):
( )22
fe
1N
L
L
uLTTg
ReGr ⋅−⋅⋅
= ∞+β (III.47)
sendo u a velocidade do fluido externo efe
22
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ ⋅=
νLu
Re feL .
Se 2L
L
ReGr >>1, os efeitos da convecção forçada podem ser desprezados. Já para
os casos em que 2L
ReGr << 1, a convecção livre pode ser desprezada. No
L
caso de
2L
L
ReGr
≈ 1, os efeitos combinados da convecção livre e forçada devem ser considerados
(convecção combinada livre e forçada ou convecção mista), pois estes dois efeitos são
de magnitudes comparáveis. Em um sentido estrito, um escoamento em convecção livre
é um escoamento induzido apenas por forças de empuxo, caso em que não há
velocidade de convecção forçada bem definida. Ao contrário, em um escoamento em
convec
mista, o número de Nusselt pode
ser calculado por (INCROPERA & DEWITT, 2003):
n
D LNuNuNu ±=
Segu o INCROPERA &
DEW
ção forçada há uma velocidade de escoamento bem definida.
Portanto, para casos em que ocorre convecção
nD
nDF
onde FDNu e
LDNu são os números de Nusselt determinados por meio das correlações
existentes para a convecção forçada e livre, respectivamente. nd
ITT (2003), a melhor correlação de dados é obtida para 3=n .
Todas as propriedades do fluido externo devem ser avaliadas na temperatura de
lme (ou temperatura de película), Tf, que pode ser aproximada por:
(III.48)
fi
63
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
64
21 ∞+ +
=TT
T Nf (III.49)
III.4.3.
as da tubulação
vecção interna, já que esses variam
com a
Os
resultad
o Capítulo IV.
erência de calor é uma constante ao longo da direção radial, a
transferência de calor por convecção na parede externa da tubulação é igual à
transferência total de calor. Deste modo, tem-se a terceira equação necessária à
resolução do sistema:
Determinação da transferência total de calor, da temperatura de saída e da
distribuição de temperaturas ao longo das camad
Com as equações apresentadas até aqui, é possível calcular a transferência total
de calor, q, e a temperatura de saída do fluido, Tout.
Isto pode ser feito resolvendo-se o sistema de equações formado pelas Equações
III.25 e III.30. Deve-se destacar, entretanto, que não se conhecem de antemão as
propriedades do fluido interno e o coeficiente de con
temperatura de mistura. Além disso, desconhece-se o coeficiente de convecção
externo e as propriedades do fluido externo, funções da temperatura de filme, que, por
sua vez, depende da temperatura da parede externa.
Assim, a solução do sistema formado pelas Equações III.25 e III.30 deve ser
feita iterativamente. Para isso foi desenvolvido um programa em FORTRAN®.
os obtidos com a utilização do programa foram comparados aos obtidos através
de planilha eletrônica MATHCAD® (SANTOS et al., 2005, SANTOS et al., 2006).
Uma análise detalhada do programa desenvolvido será apresentada n
Convém destacar que a dependência do coeficiente de convecção externo da
temperatura na parede externa gera uma terceira variável ao problema e, por
conseqüência, deve-se incorporar uma terceira equação ao sistema.
Como a transf
( )∞++ −⋅⋅= TTAhq Next1N 1
onde t ⋅⋅= LDA extπ .
icientes de convecção.
(III.50)
ex
Com as Equações III.25, III.30 e III.50, portanto, resolve-se o sistema e se
determinam as grandezas q, Tout, TN+1, além dos coef
CAPÍTULO III PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
De posse desses valores e, mais uma vez, lembrando que a transferência de calor
é uma constante ao longo da direção radial, tem-se:
( ) ( )111 22 ++ ⋅⋅⋅⋅
11
11221
11
11ln...
2ln
21
∞+
+
+ −=
⋅⋅⋅
−===
⋅⋅⋅⋅
= NNN
NNmrrrr
hLrπ
⋅⋅⋅
−−
NNN hLr
TT
Lk
TT
Lk
TTTTq
πππ
Manipulando os termos da Equação III.51, chega-se às temperaturas ao longo
das camadas da tubulação:
(III.51)
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅⋅⋅⋅
⋅−=11
1 21
hLrqTT m π
( )⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅⋅⋅
⋅−=Lk
rrqTT1
1212 2
lnπ
...
( ) ⎟
⎠⎜⎝ ⋅⋅⋅+ LkN
NN π21
A Figura III.4 ilustra essa distribuição radial de temperaturas em um tubo
multicamadas.
⎟⎞
⎜⎛
−= + rrqTT NNln 1
Figura III.4 – Distribuição radial de temperaturas em um tubo multicamadas.
(III.52)
65
CAPÍTULO IV
ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
IV.1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo, será definido o problema térmico que esta dissertação se propõe
a analisar e serão descritos os procedimentos de solução do programa desenvolvido para
a análise térmica de linhas flexíveis, o qual foi baseado na metodologia de cálculo
apresentada no Capítulo III.
Serão também apresentadas duas aplicações: uma estudada analiticamente
através do programa desenvolvido e outra estudada por meio de um modelo térmico
tridimensional baseado no Método dos Elementos Finitos (MEF).
IV.2. O PROBLEMA TÉRMICO
O problema térmico que esta dissertação se propõe a resolver é a análise do
processo de transferência de calor em um riser flexível imerso em água do mar, ou seja,
o que se propõe a calcular são as temperaturas nas camadas de um riser flexível devidas
a um gradiente de temperatura em sua direção radial e a temperatura do fluido
conduzido ao longo de sua trajetória de escoamento. Para esta análise, são considerados
conhecidos, conforme descrito no item III.4, a temperatura de entrada do óleo na
tubulação, a temperatura da água do mar, a vazão mássica com a qual o óleo é escoado,
as propriedades físicas dos fluidos interno e externo em função da temperatura
(INCROPERA & DEWITT, 2003) a as condutividades térmicas dos materiais que
compõem a tubulação.
As hipóteses simplificadoras adotadas no item III.4 para a análise térmica de um
tubo multicamadas são também adotadas para a análise de uma linha flexível, a saber:
fluidos interno e externo incompressíveis e em regime estacionário de escoamento,
camadas do tubo em perfeito contato térmico, condutividade térmica constante em cada
camada da tubulação, condução térmica na direção axial desprezível.
66
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Sendo assim, considere-se o riser flexível em catenária livre apresentado na
Figura IV.1. Por ele, o petróleo extraído do poço é conduzido a uma unidade flutuante
de produção.
Figura IV.1 – Riser em catenária.
Substituindo o ângulo de topo da configuração em catenária por um ângulo de
topo igual a 0º, o riser passará a apresentar a configuração apresentada na Figura IV.2:
Figura IV.2 – Riser com ângulo de topo igual a 0º.
67
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Esta configuração será aproximada para um trecho horizontal e outro vertical,
pois o programa desenvolvido para a análise térmica possui equações específicas para o
cálculo da transferência de calor em tubos multicamadas horizontais e verticais.
Quanto ao escoamento no interior de um riser, três fluidos típicos podem estar
sendo transportados: água, óleo e gás. Pode haver também o escoamento combinado de
alguns ou dos três fluidos. Maiores informações sobre escoamentos multifásicos podem
ser encontradas em LOPES (1986). Nesta dissertação, será considerado apenas o
escoamento de óleo. O programa desenvolvido para análise do problema térmico em
questão considera apenas o escoamento em uma única fase, podendo ser utilizado para a
análise da transferência de calor em escoamentos de qualquer fluido que admita a
hipótese de incompressibilidade.
Existem diversos tipos de petróleo. No Brasil, por exemplo, há predominância
de óleos mais pesados, de baixo grau API. Já na Arábia Saudita, há predominância de
óleos leves, de alto grau API.
O grau API é uma medida da densidade do petróleo, podendo ser utilizado
também para outros fluidos. Ele é expresso pela Equação IV.1:
5,1315,141º −=d
API (IV.1)
sendo d a densidade do fluido, que é a relação entre a massa específica do fluido a uma
dada temperatura com a massa específica de um fluido padrão a uma temperatura
padrão (normalmente água a 20ºC, para líquidos).
A Tabela IV.1 apresenta densidades e viscosidades cinemáticas de petróleos
produzidos em diversos países. As viscosidades cinemáticas estão expressas em
centistokes - cSt (1 cSt = 10-6 m2/s).
68
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Tabela IV.1 – Densidade e viscosidade cinemática de alguns tipos de petróleo
(KOSSATZ, 2006).
Densidade e viscosidade de alguns tipos de petróleo Viscosidade Cinemática Origem d 15°C cSt °C cSt °C Hassi Messaoud (Argélia) 0,800 3,4 5 2,6 15 Qatar Export Blend (Qatar) 0,823 7,3 5 5,2 15 Edjeleh (Argélia) 0,845 8,0 5 5,5 15 Kirkuk (Iraque) 0,844 11,4 5 7,9 15 Agha Jari (Irã) 0,852 20,1 5 11,2 15 Zelten (Líbia) 0,830 19,0 5 11,0 15 Gach Saran (Irã) 0,872 44,0 5 20,5 15 Forties (Mar do Norte) 0,840 7,7 21 3,4 38 Mubarek (Emirados de Sharjah) 0,840 3,2 38 2,8 50 Ninian (Mar do Norte) 0,849 6,9 38 4,7 54 North Rumaila (Iraque) 0,853 10,6 21 6,4 49 North Slope (Alasca) 0,894 51,1 16 28,3 38 Berri (Arábia Saudita) 0,831 5,7 21 3,8 38 Arabian Heavy Blend (Arábia Saudita) 0,886 35,8 21 18,9 38 Arabian Light Blend (Arábia Saudita) 0,858 10,4 21 6,1 38 Iranian Heavy Blend (Irã) 0,872 9,8 38 7,5 54 Iranian Light Blend (Irã) 0,858 6,4 38 4,8 54 Taching (P. R. China) 0,860 45,3 25 29,4 38 Arjuna (Indonésia) 0,836 4,0 32 3,2 38 Attaka (Indonésia) 0,810 1,8 21 1,4 38 Basra (Iraque) 0,856 31,0 9 16,0 27 Boscan (Venezuela) 0,998 19800 38 6200 60 Brass River (Nigéria) 0,811 2,1 21 1,5 38 Brega (Líbia) 0,823 5,6 21 3,5 38 Gulf of Suez Blend (Egito) 0,868 46,6 20 7,8 54 Kuwait Export Blend (Kuwait) 0,868 34,0 5 18,7 15
Devido a essa enorme variedade de tipos de petróleo, cada um com diferentes
propriedades, nesta análise o fluido interno utilizado será o óleo de motor apresentado
em INCROPERA & DEWITT (2003), pois suas propriedades em função da temperatura
estão bem definidas nesta referência. Caso se deseje utilizar o programa desenvolvido
nesta dissertação para uma análise da transferência de calor ao longo de uma linha
flexível para um óleo específico cujas propriedades sejam conhecidas, será necessário
apenas modificar as propriedades deste óleo no arquivo de entrada.
69
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
IV. 3. PROGRAMA TRANSCAL
O programa desenvolvido para a análise térmica de linhas flexíveis a partir da
metodologia de cálculo apresentada no Capítulo III foi denominado TRANSCAL. As
equações apresentadas no capítulo anterior para o escoamento externo pressupõem a
ocorrência de convecção livre sobre um cilindro horizontal longo e de convecção
forçada sobre um cilindro com movimento de um fluido normal ao seu eixo. Portanto,
este programa considera um riser cuja configuração em catenária livre é aproximada por
um trecho horizontal e outro vertical. Os procedimentos do programa para a análise de
cada um desses trechos são descritos no item IV.3.1.
IV.3.1. Trecho Horizontal
Os procedimentos do programa TRANSCAL para a análise térmica do trecho
horizontal do riser são apresentados a seguir:
1) Leitura do arquivo que contém a variação das propriedades do fluido interno com a
temperatura.
O arquivo contém a variação das seguintes propriedades do fluido interno com a
temperatura (INCROPERA & DEWITT, 2003): massa específica, calor específico,
viscosidade absoluta, condutividade térmica e número de Prandtl.
2) Leitura do arquivo que contém a variação das propriedades do fluido externo com a
temperatura.
Neste arquivo são lidas as seguintes propriedades do fluido externo em função
da temperatura (INCROPERA & DEWITT, 2003): massa específica, calor específico,
viscosidade absoluta, condutividade térmica, número de Prandtl, viscosidade
cinemática e coeficiente de expansão térmica volumétrico.
70
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
3) Leitura do arquivo que contém as características do trecho horizontal da linha
flexível e dos fluidos interno e externo.
As características geométricas da linha lidas neste arquivo são: comprimento do
trecho horizontal, diâmetro interno, diâmetro externo, número de camadas, raio das
camadas e condutividade térmica de cada camada.
As características dos fluidos interno e externo lidas são: temperatura de entrada
do fluido interno no primeiro elemento, temperatura do fluido externo, vazão mássica
no interior do tubo e velocidade do fluido externo (velocidade da corrente).
O comprimento horizontal da linha pode ser dividido em elementos,
possibilitando, assim, que diferentes características sejam aplicadas ao longo do mesmo,
como, por exemplo, variação do diâmetro, do número de camadas, das características
das camadas, da temperatura e da velocidade do fluido externo (velocidade da corrente)
e da vazão mássica do fluido interno. Por isso, neste arquivo também é lido o número de
elementos em que o comprimento horizontal da linha será dividido.
4) Cálculo das áreas interna e externa da linha e da área da seção transversal interna.
5) Leitura dos valores iniciais para q, Tm e Tf.
6) Cálculo de q, Tm e Tf - Resolução do sistema de equações não-lineares.
Conforme já explicado no Capítulo III, a solução do sistema de equações não-
lineares deve ser feita de modo iterativo, devido à dependência das propriedades dos
fluidos e dos coeficientes de convecção das temperaturas de mistura e de filme, que são
desconhecidas. A rotina utilizada para a resolução deste sistema é apresentada em
PRESS et al. (1997). Dado um valor inicial para q, Tm e Tf , a resposta final é obtida por
meio de um método de convergência global (Globally Convergent Method), que
combina a rápida convergência local do método de Newton-Raphson com uma
estratégia de convergência global que garante progressos em direção à solução final a
cada iteração (PRESS et al., 1997).
O sistema a ser solucionado, conforme descrito no Capítulo III, é formado pelas
Equações III.25, III.30 e III.50, apresentadas, respectivamente, a seguir:
71
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
( )inoutfip TTcmq −⋅⋅= &
lnint TAUq ∆⋅⋅=
( )∞++ −⋅⋅= TTAhq Next1N 1
Como as propriedades do fluido interno devem ser avaliadas na sua temperatura
média (Tm) e as do fluido externo, na temperatura de filme (Tf), o sistema de equações
será resolvido para essas variáveis e para a taxa de transferência de calor, q. Portanto,
como e ( )( )2/outinm TTT += ( )( )2/1 ∞+ += TTT Nf , ao substituir as variáveis e
por T
outT 1+NT
m e Tf e considerando que haverá decréscimo de temperatura (o calor será
transferido do fluido para o tubo), o sistema a ser resolvido será:
( ) 02 =−⋅⋅⋅− minfip TTcmq &
0=∆⋅⋅− lnint TAUq
( ) 02 =−⋅⋅⋅− ∞+ TTAhq fext1N
7) Cálculo da temperatura de saída do óleo.
Com o valor obtido para Tm, é calculada a temperatura de saída do óleo de cada
elemento.
8) Cálculo dos coeficientes interno e externo de transferência de calor por convecção.
Calculados Tm e Tf, é possível obter os coeficientes interno e externo de
transferência de calor por convecção, h1 e hN+1, utilizando as equações apresentadas no
Capítulo III.
9) Cálculo do coeficiente global de transferência de calor.
Obtidos h1 e hN+1, o coeficiente global de transferência de calor de cada
elemento é, então, calculado.
72
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
10) Cálculo das temperaturas das camadas da linha flexível.
Com os valores de q, Tm e Tf e dos coeficientes de transferência de calor por
convecção, são obtidas, enfim, as temperaturas das camadas da linha flexível.
Os procedimentos descritos anteriormente são efetuados para todos os elementos
do trecho horizontal. A temperatura de saída do óleo de cada elemento será a
temperatura de entrada do mesmo no elemento seguinte. Deste modo, a temperatura de
saída do óleo do último elemento do trecho horizontal será a temperatura de entrada do
primeiro elemento do trecho vertical do riser.
IV.3.2. Trecho vertical
A análise térmica do trecho vertical do riser através do programa TRANSCAL é
realizada conforme descrito a seguir:
1) Leitura do arquivo que contém as características geométricas do trecho vertical da
linha flexível e da vazão mássica do fluido interno.
As características lidas neste arquivo são: comprimento do trecho vertical,
diâmetro interno, diâmetro externo, número de camadas, raio das camadas,
condutividade térmica de cada camada e vazão mássica do fluido interno.
As propriedades dos fluidos interno e externo utilizadas para a análise são as
mesmas lidas para o trecho horizontal.
O comprimento vertical da linha, assim como o horizontal, também foi dividido
em elementos para que possam ser aplicadas diferentes características ao longo do
mesmo. Portanto, neste arquivo também é lido o número de elementos em que o
comprimento vertical da linha será dividido.
No trecho horizontal, a temperatura e a velocidade do fluido externo foram
consideradas constantes ao longo de todo o comprimento do mesmo, já que este trecho
encontra-se em grandes profundidades, onde a velocidade de corrente é praticamente
nula e a temperatura da água do mar está em torno de 4ºC. Já no trecho vertical, foi
considerada uma variação linear da temperatura da água, do fundo do mar até o nível do
mesmo e uma velocidade de corrente também variável.
73
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Os procedimentos 4 a 10, descritos para o trecho horizontal, são repetidos para o
trecho vertical.
Os fluxogramas apresentados nas Figuras IV.3 e IV.4 resumem os
procedimentos descritos.
Figura IV.3 – Fluxograma do programa TRANSCAL – Trecho horizontal.
74
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.4 – Fluxograma do programa TRANSCAL – Trecho vertical.
IV.4. APLICAÇÃO
Neste item, será realizada a análise térmica de um riser de 4,0” utilizando o
programa TRANSCAL. O riser analisado possui as seguintes características:
75
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
• Comprimento total: LT = 3600m
• Comprimento do trecho horizontal: LH = 1600m
• Comprimento do trecho vertical: LV = 2000m
• Vazão mássica do óleo que escoa no interior do riser: = 19,5kg/s. •
m
• Velocidade da corrente no trecho horizontal (fundo do mar): = 0m/s feu
• Velocidade da corrente no trecho vertical: varia de 0m/s a 1,0 m/s feu
• Temperatura da água do mar para o trecho horizontal: = 4ºC. ∞T
• Temperatura da água do mar para o trecho vertical: varia de 4ºC a 25ºC. ∞T
• Propriedades físicas do óleo e da água do mar em função da temperatura
obtidas em INCROPERA & DEWITT (2003).
• As principais características da linha flexível e as condutividades térmicas
das camadas são apresentadas nas Tabelas IV.2 e IV.3.
O riser será analisado para três diferentes temperaturas de entrada do óleo, Tin
:
60ºC, 80ºC e 110ºC. As temperaturas 60ºC e 80ºC são considerados valores típicos de
temperaturas de produção, ao passo que 110ºC já é considerado um valor de temperatura
de produção bastante alto (Tabela I.1).
76
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Tabela IV.2 – Principais características da linha flexível de 4,0” (SOUSA et al., 1999).
Camada
(Material)
Propriedades geométricas
Carcaça intertravada
(AISI 304)
Espessura = 4,0mm
Número de arames = 1;
Ângulo de assentamento = +88,0° Área = 32,0mm2, Inércia† = 55,6mm4
Plástico interno
(PVDF)
Espessura = 5,0mm
Armadura de pressão
(FI 15)
Espessura = 6,2mm
Número de arames = 2;
Ângulo de assentamento = +88,7° Área = 49,2mm2, Inércia† = 109,0mm4, perfil zeta
Plástico antidesgaste
(PVDF)
Espessura = 2,0mm
Armadura interna de tração
(FI 41)
Espessura = 2,0mm
Número de arames = 66;
Ângulo de assentamento = +35,0° Área = 10,0mm2, Inércia† = 3,33mm4, perfil retangular
Armadura externa de tração
(FI 41)
Espessura = 2,0mm
Número de arames = 68;
Ângulo de assentamento = -35,0° Área = 10,0mm2, Inércia† = 3,33mm4, perfil retangular
Fita de reforço à compressão (kevlar®)
Espessura = 1,2mm
Camada plástica externa
(PVDF)
Espessura = 5,0mm
† Menor inércia (inércia normal) do(s) arame(s) que constitui(em) a camada.
77
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Tabela IV.3 – Condutividade térmica das camadas – (INCROPERA & DEWITT, 2003,
MATWEB, 2006).
Camada Condutividade térmica (W/m.K)
Carcaça intertravada 14,90
Plástico interno 0,19
Armadura de pressão 51,90
Plástico antidesgaste 0,19
Armadura interna de tração 51,90
Armadura externa de tração 51,90
Fita de reforço 0,04
Camada plástica externa 0,19
IV.4.1. Análise do número de elementos a ser utilizado no trecho vertical do riser
Conforme explicado nos itens IV.3.1 e IV.3.2, os trechos horizontal e vertical do
riser podem ser divididos em elementos. Como não há variação das condições do fluido
externo para o trecho horizontal e o riser possui as mesmas características ao longo de
todo este trecho, o número de divisões praticamente não afetará os resultados calculados
para este trecho.
Entretanto, para o trecho vertical, a variação do número de divisões pode
ocasionar alterações nos resultados, visto que, apesar do riser possuir as mesmas
características ao longo de todo o seu comprimento, há variação na velocidade do fluido
externo e de sua temperatura ao longo do comprimento vertical.
Nesta aplicação, o trecho horizontal foi dividido em 4 elementos. Já o trecho
vertical foi dividido em 5, 10 e 20 elementos, ou seja, foi dividido em trechos iguais de
400m, 200m e 100m para avaliar se a variação do número de elementos causaria
significativas alterações nos resultados.
Como exemplos de resultados, os gráficos representando a temperatura de saída
do óleo ao longo da profundidade, desde 0m até 2000m (coordenada Z), para o trecho
vertical dividido em 5, 10 e 20 elementos, para a temperatura de entrada do óleo igual a
80ºC e para diferentes velocidades de corrente (perfil triangular, corrente nula e perfil
constante) são apresentados nas Figuras IV.5 a IV.7.
78
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.5 – Temperatura de saída do óleo ao longo da profundidade para o trecho
vertical dividido em 5, 10 e 20 elementos: temperatura de entrada do óleo igual a 80ºC e
perfil triangular de velocidade de corrente com velocidade máxima de 1m/s.
Figura IV.6 – Temperatura de saída do óleo ao longo da profundidade para o trecho
vertical dividido em 5, 10 e 20 elementos: temperatura de entrada do óleo igual a 80ºC e
velocidade de corrente nula.
79
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV. 7 – Temperatura de saída do óleo ao longo da profundidade para o trecho
vertical dividido em 5, 10 e 20 elementos: Temperatura de entrada do óleo igual a 80ºC
e perfil de velocidade de corrente constante e igual a 1m/s.
Conforme pode ser observado nas Figuras IV.5 a IV.7, tanto para uma variação
linear da velocidade de corrente (0 a 1m/s) quanto para velocidades de corrente
constantes (0m/s e 1m/s), os valores da temperatura de saída do óleo não sofreram
alterações ao variar-se o número de divisões do trecho vertical. Portanto, nas análises
seguintes serão utilizadas apenas 5 divisões (5 elementos) no trecho vertical. O riser
será dividido, então, em 9 trechos, sendo 4 elementos horizontais e 5 elementos
verticais.
IV.4.2. Análise da transferência de calor no escoamento interno
Neste item, serão analisadas as variações de alguns parâmetros ao longo do
escoamento no interior do riser em função das temperaturas de entrada do óleo. Os
parâmetros a serem analisados são a velocidade média do fluido interno, o número de
Reynolds, o número de Nusselt e o coeficiente interno de transferência de calor.
80
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Variação da velocidade média do fluido interno ao longo da linha
A Figura IV.8 mostra o comportamento da velocidade média do fluido interno
ao longo do riser. O cálculo desta velocidade é dado pela Equação III.36, apresentada
novamente a seguir:
cfifi A
mu.ρ&
=
Como m e são constantes neste exemplo, o decréscimo de deve-se ao
comportamento da massa específica do óleo, que cresce à medida que a temperatura
diminui. Como a temperatura diminui ao longo do escoamento no riser,
& cA fiu
fiρ cresce,
ocasionando o decréscimo de . fiu
Figura IV.8 – Velocidade média do fluido interno ao longo do riser: temperaturas de
entrada do óleo iguais a 60ºC, 80ºC e 110ºC.
81
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Variação do número de Reynolds para o escoamento interno
O número de Reynolds é diretamente proporcional à velocidade média do fluido
interno e à sua massa específica e inversamente proporcional à viscosidade absoluta do
mesmo, conforme mostrado no Capítulo III. O comportamento do número de Reynolds
ao longo do escoamento interno, mostrado na Figura IV. 9, evidencia que o aumento da
massa específica devido à diminuição da temperatura do fluido ao longo do escoamento
não é suficiente para que haja aumento do número de Reynolds e este diminui ao longo
do riser, pois ufi decresce e a viscosidade aumenta com a redução da temperatura.
Conforme pode ser observado na Figura IV.9, os números de Reynolds ao longo
do riser para a temperatura de entrada igual a 60ºC encontram-se na região de transição
( ), que é uma região complicada, devido à dificuldade de se obter
uma correlação específica que gere bons resultados para o cálculo do número de Nusselt
nesta região. INCROPERA e DEWITT (2003) indicam GHAJAR e TAM (1994) para
uma discussão abrangente da transferência de calor na região de transição.
3000Re2300 ≤≤ D
No Capítulo III, foi utilizada uma variação linear como forma de aproximação
do cálculo do número de Nusselt neste intervalo.
Figura IV.9 – Variação do número de Reynolds ao longo do riser: temperaturas de
entrada do óleo iguais a 60ºC, 80ºC e 110ºC.
82
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Variação do número de Nusselt para o escoamento interno
O número de Nusselt, para o escoamento turbulento, varia de acordo com o
número de Reynolds e, portanto, tem comportamento decrescente ao longo do riser,
conforme mostra a Figura IV.10, já que o comportamento do número de Reynolds
também é decrescente.
Figura IV.10 – Variação do número de Nusselt ao longo do riser: Temperaturas de
entrada do óleo iguais a 60ºC, 80ºC e 110ºC.
Variação do número de Nusselt com o número de Reynolds para o escoamento interno
A variação linear do número de Nusselt adotada para a região de transição pode
ser observada na Figura IV.11. Para as temperaturas de entrada 80ºC e 110ºC, os valores
obtidos para o número de Nusselt foram calculados por meio da equação de Gnielinski e
também podem ser visualizados na Figura IV.11.
Para o escoamento laminar (ReD < 2300), o número de Nusselt é constante (NuD
= 3,66).
83
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.11 – Variação do número de Nusselt com o número de Reynolds:
temperaturas de entrada do óleo iguais a 60ºC, 80ºC e 110ºC.
Variação do coeficiente interno de transferência de calor por convecção ao longo da
linha
O cálculo do coeficiente interno de transferência de calor por convecção é dado
pela Equação III.34, mostrada novamente a seguir:
DkNu
h D ⋅=
Apesar da condutividade térmica do óleo aumentar com o decréscimo de
temperatura ao longo do escoamento, esse aumento é pequeno se comparado à variação
do número de Nusselt, que decresce ao longo da linha (Figura IV.10), e acaba sendo o
responsável pelo decréscimo de h1 ao longo do riser, conforme pode ser observado na
Figura IV.12, já que o diâmetro interno da linha analisada é constante.
84
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.12 – Variação do coeficiente interno de convecção ao longo do riser:
temperaturas de entrada do óleo iguais a 60ºC, 80ºC e 110ºC.
IV.4.3. Análise da transferência de calor no escoamento externo
Neste item, serão analisadas as variações do número de Nusselt para o
escoamento externo e do coeficiente externo de transferência de calor por convecção
também em função das temperaturas de entrada do óleo iguais a 60ºC, 80ºC e 110ºC.
Variação do número de Nusselt para o escoamento externo ao longo da linha
O cálculo do número de Nusselt para o escoamento externo depende da
convecção externa ser livre ou forçada. Para tanto, conforme explicado no Capítulo III,
utiliza-se a relação GrL / ReL2.
As Tabelas IV.4 a IV.6 apresentam, para as temperaturas de entrada do óleo
iguais a 60ºC, 80ºC e 110ºC, os valores de GrL / ReL2, bem como os valores calculados
para o número de Nusselt para a convecção livre, para a convecção forçada e o NuD
resultante, que poderá considerar ou não a combinação dos dois efeitos.
85
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Tabela IV.4 – Valores calculados para GrL / ReL2 e para o número de Nusselt -
Temperatura de entrada do óleo igual a 60ºC.
Temperatura de Entrada do Óleo = 60ºC
Elemento GrL / ReL2 NuD
(convecção livre)
NuD
(convecção forçada)
NuD
resultante
1 29267352,00 39,51 4,64 39,51
2 27574606,00 38,80 4,64 38,80
3 24470720,00 37,41 4,63 37,41
4 18217822,00 34,20 4,63 34,20
5 2,69 19,60 151,52 151,63
6 0,37 21,38 294,40 294,44
7 0,13 21,72 416,31 416,33
8 0,06 21,39 531,53 531,54
9 0,03 20,81 650,65 650,66
Tabela IV.5 – Valores calculados para GrL / ReL2 e para o número de Nusselt -
Temperatura de entrada do óleo igual a 80ºC.
Temperatura de Entrada do Óleo = 80ºC
Elemento GrL / ReL2 NuD
(convecção livre)
NuD
(convecção forçada)
NuD
resultante
1 44273332,00 44,87 4,64 44,87
2 42011720,00 44,15 4,64 44,15
3 39845368,00 43,44 4,64 43,44
4 37770160,00 42,73 4,64 42,73
5 14,57 32,25 151,77 152,26
6 1,76 34,00 294,78 294,94
7 0,60 34,31 416,53 416,60
8 0,28 33,70 531,76 531,81
9 0,14 32,74 650,88 650,90
86
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Tabela IV.6 – Valores calculados para GrL / ReL2 e para o número de Nusselt -
Temperatura de entrada do óleo igual a 110ºC.
Temperatura de Entrada do Óleo = 110ºC
Elemento GrL / ReL2 NuD
(convecção livre)
NuD
(convecção forçada)
NuD
resultante
1 67803064,00 51,23 4,65 51,23
2 64584976,00 50,46 4,64 50,46
3 61492724,00 49,69 4,64 49,69
4 58524340,00 48,93 4,64 48,93
5 22,66 36,85 151,93 152,65
6 2,65 38,49 295,02 295,24
7 0,93 39,08 416,67 416,78
8 0,44 38,75 531,94 532,01
9 0,23 38,10 651,06 651,11
Os valores de GrL /ReL2 apresentados nas Tabelas IV.4 a IV.6 para os quatro
primeiros trechos (comprimento horizontal) são muito maiores que um e, portanto, para
o cálculo dos valores finais de NuD, a convecção forçada foi desprezada. Já para os
trechos que compõem o comprimento vertical (trechos 5 a 9), os valores de GrL /ReL2
estão próximos de um, e, por isso, para o cálculo final de NuD foi considerada a
combinação das convecções livre e forçada. Os valores de NuD ao longo do riser são
apresentados também na Figura IV.13.
87
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.13 – Variação do número de Nusselt para o escoamento externo ao longo do
riser: Temperaturas de entrada do óleo iguais a 60ºC, 80ºC e 110ºC.
Nas Tabelas IV.4 a IV.6 e na Figura IV.13, é possível observar uma leve redução
do número de Nusselt do trecho 1 para o trecho 4, devido à redução do número de
Rayleigh (Equação III.44), que ocorre devido à diminuição do gradiente térmico entre a
superfície externa do tubo e a água do mar, já que a temperatura do óleo diminui ao
longo do escoamento. Já a partir do trecho 5, o que se observa é um grande aumento de
NuD, o que se deve ao aumento da velocidade da corrente, que causa o aumento do
número de Reynolds (escoamento externo) e conduz à transição da convecção livre para
a convecção forçada.
Variação do coeficiente externo de transferência de calor por convecção ao longo da
linha
A variação do número de Nusselt, conforme já comentado para o coeficiente
interno, é responsável pela variação do coeficiente de convecção. Portanto, de acordo
com a Figura IV.14, nota-se que o comportamento do coeficiente externo de
transferência de calor por convecção segue o mesmo comportamento do número de
Nusselt para o escoamento externo, ou seja, uma pequena redução de valor do trecho 1
88
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
para o trecho 4 e um grande aumento do trecho 5 até o trecho 9, devido à transição da
convecção livre para a convecção forçada.
Figura IV.14 – Variação do coeficiente externo de convecção ao longo do riser:
Temperaturas de entrada do óleo iguais a 60ºC, 80ºC e 110ºC.
IV.4.4. Análise da transferência de calor – escoamentos interno e externo
Neste item, serão analisados, também em função das temperaturas de entrada do
óleo, dois parâmetros que dependem tanto do escoamento interno quanto do escoamento
externo: a taxa de transferência de calor e a temperatura de saída do óleo.
Variação da taxa de transferência de calor ao longo da linha
Na Figura IV.15, é possível observar a redução da taxa de transferência de calor,
o que se deve à redução da temperatura do óleo ao longo do riser. Para o trecho vertical,
além desta diminuição da temperatura do fluido interno, há também a redução do
gradiente de temperatura entre o fluido interno e a água do mar, já que com a
diminuição da profundidade, há o aumento da temperatura da água do mar.
89
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.15 – Variação da taxa de transferência de calor ao longo do riser:
Temperaturas de entrada do óleo iguais a 60ºC, 80ºC e 110ºC.
Variação da temperatura de saída do óleo ao longo da linha
A Figura IV.16 mostra o decréscimo da temperatura de saída do óleo ao longo
do riser. Nota-se que a maior variação de temperatura ocorre para o óleo com
temperatura de entrada igual a 110ºC, o que se deve ao fato do maior gradiente entre o
óleo e a água do mar ocorrer justamente para essa temperatura de entrada.
90
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.16 – Variação da temperatura de saída do óleo ao longo do riser:
Temperaturas de entrada do óleo iguais a 60ºC, 80ºC e 110ºC.
A Tabela IV.7 mostra a variação total de temperatura do óleo desde a entrada no
riser (saída do poço) até o seu topo (entrada na plataforma).
Tabela IV.7 - Variação total de temperatura do óleo desde a entrada no riser até o seu
topo.
Temperatura de entrada
do óleo (ºC)
Temperatura de saída
do óleo (ºC)
Variação de
temperatura (ºC)
60 50,07 9,93
80 58,53 21,47
110 79,84 30,16
IV.4.5. Análise dos efeitos da transferência de calor em função de variação nas
características da linha flexível e dos fluidos interno e externo
Devido à parte do escoamento para o óleo com temperatura de entrada no riser
igual a 60ºC se dar na região de transição, região onde os resultados podem não ser
91
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
confiáveis, as demais análises que serão apresentadas nesta dissertação foram realizadas
apenas para as temperaturas de entrada do óleo iguais a 80ºC e a 110ºC.
As Tabelas IV.8 a IV.17 apresentam os resultados obtidos para a temperatura de
saída do óleo ao se considerar a variação da espessura dos plásticos interno e externo, a
variação da velocidade da corrente no trecho vertical da linha e a existência ou não de
uma camada de isolamento térmico de polipropileno sintático que, de acordo com a
Figura II.10, possui condutividade térmica de 0,14 W/m.K. As análises seguintes foram
realizadas para todo o comprimento do riser e, a não ser para as características que estão
sendo variadas, todas as demais características da linha flexível de 4” e dos fluidos são
as mesmas apresentadas no item IV.4.
Temperatura de saída do óleo em função da variação da espessura dos plásticos
externo e interno
Tabela IV.8 - Temperatura de saída do óleo em função da variação da espessura do
plástico externo – Temperatura de entrada do óleo igual a 80ºC.
Temperatura de Entrada do Óleo = 80ºC
Espessura do plástico
externo (mm)
Temperatura de saída do óleo
(ºC)
0,50 54,28
2,00 55,85
5,00 58,53
Tabela IV.9 - Temperatura de saída do óleo em função da variação da espessura do
plástico interno – Temperatura de entrada do óleo igual a 80ºC.
Temperatura de Entrada do Óleo = 80ºC
Espessura do plástico interno
(mm)
Temperatura de saída do óleo
(ºC)
0,50 53,71
2,00 55,48
5,00 58,53
92
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Para a temperatura de entrada do óleo igual a 80ºC, a Tabela IV.8 mostra que um
aumento da espessura do plástico externo da ordem de dez vezes, isto é, de 0,5mm para
5,0mm, conduziu a um aumento de apenas 4,25ºC na temperatura de saída do óleo. Para
o mesmo aumento na espessura do plástico interno, o aumento da temperatura de saída
do óleo foi de 4,82ºC, conforme pode ser observado na Tabela IV.9.
Tabela IV.10 - Temperatura de saída do óleo em função da variação da espessura do
plástico externo – Temperatura de entrada do óleo igual a 110ºC.
Temperatura de Entrada do Óleo = 110ºC
Espessura do plástico
externo (mm)
Temperatura de saída do óleo
(ºC)
0,50 73,30
2,00 75,81
5,00 79,84
Tabela IV.11 - Temperatura de saída do óleo em função da variação da espessura do
plástico interno – Temperatura de entrada do óleo igual a 110ºC.
Temperatura de Entrada do Óleo = 110ºC
Espessura do plástico interno
(mm)
Temperatura de saída do óleo
(ºC)
0,50 72,29
2,00 75,24
5,00 79,84
Já para a temperatura de entrada do óleo igual a 110ºC, um aumento da
espessura do plástico externo da ordem de dez vezes, também de 0,5mm para 5,0mm,
conduziu a um aumento da temperatura de saída do óleo de 6,54ºC, conforme mostra a
Tabela IV.10. O mesmo aumento na espessura do plástico interno, conduziu a um
aumento de 7,55ºC na temperatura de saída do óleo (Tabela IV.11). Esses resultados
mostram que, para esta aplicação, seria mais eficiente aumentar a espessura do plástico
interno em vez da espessura do plástico externo para reduzir a perda de calor.
93
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Temperatura de saída do óleo em função da variação da velocidade de corrente
Tabela IV.12 - Temperatura de saída do óleo em função de um perfil triangular de
velocidade de corrente – Temperatura de entrada do óleo igual a 80ºC.
Temperatura de Entrada do Óleo = 80ºC
Velocidade máxima
(m/s)
Temperatura de saída do óleo
(ºC)
0,25 58,61
0,50 58,56
1,00 58,53
2,00 58,50
Tabela IV.13 - Temperatura de saída do óleo em função de uma velocidade de
corrente constante – Temperatura de entrada do óleo igual a 80ºC.
Temperatura de Entrada do Óleo = 80ºC
Velocidade constante
(m/s)
Temperatura de saída do óleo
(ºC)
0,00 58,80
0,25 58,53
0,50 58,51
1,00 58,49
2,00 58,47
As Tabelas IV.12 e IV.13 mostram que, para a temperatura de entrada igual a
80ºC, a variação da velocidade de corrente, tanto para um perfil linear de variação
quanto para uma velocidade constante ao longo do trecho vertical, teve pouca influência
na variação da temperatura de saída do óleo.
94
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Tabela IV.14 - Temperatura de saída do óleo em função de um perfil triangular de
velocidade de corrente – Temperatura de entrada do óleo igual a 110ºC.
Temperatura de Entrada do Óleo = 110ºC
Velocidade máxima
(m/s)
Temperatura de saída do óleo
(ºC)
0,25 79,96
0,50 79,89
1,00 79,84
2,00 79,80
Tabela IV.15 - Temperatura de saída do óleo em função de uma velocidade de
corrente constante – Temperatura de entrada do óleo igual a 110ºC.
Temperatura de Entrada do Óleo = 110ºC
Velocidade constante
(m/s)
Temperatura de saída do óleo
(ºC)
0,00 80,21
0,25 79,85
0,50 79,81
1,00 79,78
2,00 79,76
As Tabelas IV.14 e IV.15 mostram que, também para a temperatura de entrada
do óleo igual a 110ºC, a variação da velocidade de corrente teve pouca influência na
variação da temperatura de saída do óleo.
95
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Temperatura de saída do óleo em função do isolamento térmico
Tabela IV.16 - Temperatura de saída do óleo em função da existência de uma
camada de isolamento térmico de poliuretano – Temperatura de entrada do óleo
igual a 80ºC.
Temperatura de Entrada do Óleo = 80ºC
Descrição da linha Temperatura de saída do óleo
(ºC)
Linha de 4” sem isolamento
térmico
58,53
Linha de 4”com camada
isolante de PP sintático de 5mm
62,78
Linha de 4”com camada
isolante de PP sintático de
10mm
65,51
Linha de 4”com camada
isolante de PP sintático de
15mm
67,41
Mantidas todas as camadas da linha flexível, a Tabela IV.16 mostra que o
acréscimo de uma camada isolante de polipropileno sintático de 5,0mm provocou uma
diminuição da temperatura do óleo de 17,22ºC, o que corresponde a uma redução de
4,25ºC em relação à perda de temperatura da linha sem isolamento térmico. Já a
utilização de camadas de 10mm e 15mm, aumentaram essas reduções em relação à linha
sem isolamento, respectivamente, em 6,98ºC e 8,88ºC.
96
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Tabela IV.17 - Temperatura de saída do óleo em função da existência de uma
camada de isolamento térmico de poliuretano – Temperatura de entrada do óleo
igual a 110ºC.
Temperatura de Entrada do Óleo = 110ºC
Descrição da linha Temperatura de saída do óleo
(ºC)
Linha de 4” sem isolamento
térmico
79,84
Linha de 4”com camada
isolante de PP sintático de 5mm
86,08
Linha de 4”com camada
isolante de PP sintático de
10mm
90,00
Linha de 4”com camada
isolante de PP sintático de
15mm
92,68
A Tabela IV.17 mostra que o acréscimo da camada isolante de polipropileno
sintático de 5,0mm à linha provocou uma diminuição da temperatura do óleo de
23,92ºC, correspondendo a uma redução de 6,24ºC em relação à perda de temperatura
da linha sem isolamento térmico. Já a utilização de camadas de 10mm e 15mm,
aumentaram essas reduções em relação à linha sem isolamento, respectivamente, em
10,16ºC e 12,78ºC.
Em termos percentuais, a redução da perda de calor devido à utilização da
camada isolante foi praticamente igual para as duas temperaturas de entrada do óleo
analisadas.
IV.5. ANÁLISE TÉRMICA POR ELEMENTOS FINITOS
Neste item, será apresentado um modelo tridimensional para análise térmica de
linhas flexíveis baseado no Método dos Elementos Finitos (MEF).
A construção deste modelo térmico tridimensional e a posterior análise do
mesmo permitirá a comparação dos resultados obtidos pelo MEF com aqueles
97
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
calculados analiticamente através do programa TRANSCAL. Para isto, no item a seguir
serão apresentadas as características da linha flexível a ser modelada e dos fluidos
interno e externo utilizados na análise.
IV.5.1. Aplicação
A linha flexível escolhida para a modelagem é uma linha de 2,5” com
comprimento de 1600m (será analisado apenas um trecho horizontal da linha) que
possui as características apresentadas nas Tabelas IV.18 e IV.19. O fluido interno
utilizado na análise é o óleo de motor e o fluido externo, é a água do mar. As
propriedades de ambos os fluidos podem ser encontradas em INCROPERA e DEWITT
(2003).
As características dos fluidos interno e externo são apresentadas a seguir:
• Vazão mássica do óleo que escoa no interior do riser: = 19,5kg/s. •
m
• Velocidade da corrente: = 0m/s feu
• Temperatura de entrada do óleo: = 80ºC. ∞T
• Temperatura da água do mar: = 4ºC. ∞T
• Propriedades físicas do óleo e da água do mar em função da temperatura
(INCROPERA & DEWITT, 2003).
98
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Tabela IV.18 – Principais características da linha flexível de 2,5”.
Camada
(Material)
Propriedades geométricas
Carcaça intertravada
(AISI 304)
Espessura = 4,46mm
Número de arames = 1;
Ângulo de assentamento = +85,68° Área = 33,63mm2, Inércia† = 60,09mm4
Plástico interno
(PVDF)
Espessura = 4,9mm
Armadura de pressão
(FI 15)
Espessura = 6,31mm
Número de arames = 1;
Ângulo de assentamento = +87,71° Área = 52,88mm2, Inércia† = 122,28mm4, perfil zeta
Plástico antidesgaste
(PVDF)
Espessura = 1,5mm
Armadura interna de tração
(FI 41)
Espessura = 3,0mm
Número de arames = 39;
Ângulo de assentamento = +35,0° Área = 18,0mm2, Inércia† = 13,5mm4, perfil retangular
Plástico antidesgaste
(PVDF)
Espessura = 1,5mm
Armadura externa de tração
(FI 41)
Espessura = 3,0mm
Número de arames = 43;
Ângulo de assentamento = -35,0°
Área = 18,0mm2, Inércia† = 13,5mm4, perfil retangular Camada plástica externa
(PVDF)
Espessura = 0,5mm
† Menor inércia (inércia normal) do(s) arame(s) que constitui(em) a camada.
99
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Tabela IV.19 – Condutividade térmica das camadas – (INCROPERA & DEWITT,
2003, MATWEB, 2006).
Camada Condutividade térmica (W/m.K)
Carcaça intertravada 14,90
Plástico interno 0,19
Armadura de pressão 51,90
Plástico antidesgaste 0,19
Armadura interna de tração 51,90
Plástico antidesgaste 0,19
Armadura externa de tração 51,90
Camada plástica externa 0,19
IV.5.1.1. Modelagem tridimensional da linha flexível
O objetivo da modelagem desta linha é a obtenção da distribuição das
temperaturas nas camadas da linha flexível devida ao gradiente de temperatura na sua
direção radial gerado pela temperatura do óleo no interior da linha, que é de 80ºC, e pela
água do mar, que, a grandes profundidades, é da ordem de 4ºC.
Um dos grandes desafios de qualquer modelo para análise do comportamento
local de linhas flexíveis é a modelagem da carcaça intertravada e da armadura de
pressão. Essas camadas, como apontado no Capítulo II, são constituídas por um ou mais
arames com seção transversal bastante complexa, enrolados em torno do eixo central da
linha flexível seguindo uma hélice de pequeno passo.
A representação direta, isto é, a modelagem fidedigna dessas camadas utilizando
elementos finitos é, por si só, como demonstrado em SOUZA (2002), extremamente
onerosa sob o ponto de vista computacional.
A representação das armaduras de tração do modo mais próximo possível ao seu
formato real, através de elementos sólidos, também é bastante complicada e de elevado
custo computacional.
Contudo, como para o problema térmico só existe um grau de liberdade por nó, a
temperatura, optou-se por realizar esta modelagem fidedigna das camadas, já que com
um número de graus de liberdade inferior ao da análise estrutural, seria necessário um
menor esforço computacional para a solução do problema.
100
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
A opção por esta modelagem fidedigna das camadas da linha flexível, entretanto,
resultou numa série de dificuldades, as quais serão descritas no item a seguir.
IV.5.1.2. Dificuldades encontradas na modelagem tridimensional da linha flexível
A princípio, o programa a ser utilizado para a modelagem e posterior análise
térmica pelo MEF seria o sistema ANSYS®. Logo nesta etapa, surgiu a primeira
dificuldade de modelagem, pois não foi possível construir um sólido helicoidal no
programa ANSYS® para representar as armaduras de tração.
Optou-se, então, por utilizar o sistema ANSYS WORKBENCH®, que é um
programa de análise pelo método dos elementos finitos que possui mais facilidades para
a construção gráfica. Surgiu então a segunda dificuldade, pois apesar de ser
relativamente fácil a construção dos volumes no ANSYS WORKBENCH®, o
processamento gráfico foi se tornando excessivamente lento à medida que o modelo era
construído, principalmente durante a modelagem das armaduras, devido ao grande
número de arames (82 no total). Cabe ressaltar que nesta dissertação foram utilizados os
sistemas ANSYS®, versão 10.0, e ANSYS WORKBENCH®, versão 10.0, instalados
na PETROBRAS.
Apesar disto, foi concluída a construção do modelo, o qual possuía comprimento
equivalente a um passo da hélice descrita pelos arames da armadura externa de tração.
O modelo obtido pode ser visto na Figura IV.17. Apenas a título de visualização de
todas as camadas, o modelo foi dividido longitudinalmente em partes iguais e as partes
das camadas que cobriam as camadas internas subseqüentes foram removidas.
101
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.17 – Modelo completo da linha flexível de 2,5” construído com o programa
ANSYS WORKBENCH®.
Como o objetivo da modelagem era realizar uma análise térmica, optou-se por
retirar a carcaça intertravada do modelo, pois, devido aos seus interstícios, esta ficaria
totalmente submersa no óleo e não participaria do processo de transferência de calor, já
que o óleo estaria em contato com o plástico interno e a convecção interna, mesmo com
a presença da carcaça intertravada, ocorreria entre o óleo e o plástico interno. O modelo
da linha flexível sem a carcaça intertravada é apresentado na Figura IV.18.
102
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.18 – Modelo da linha flexível de 2,5” sem a carcaça intertravada construído
com o programa ANSYS WORKBENCH®
Com os volumes prontos, partiu-se, então, para a construção da malha de
elementos finitos. Nesta etapa, mais uma dificuldade foi encontrada: devido aos arames
da armadura de pressão terem sido assentados com ângulo de 87,7º, o programa ANSYS
WORKBENCH® não conseguiu construir uma malha de elementos finitos para essa
camada.
Optou-se, então, por modelar a armadura de pressão com ângulo de
assentamento de 90º, o que resultou na construção de vários anéis separados. Mais uma
dificuldade relacionada ao tempo de processamento gráfico surgiu nesta etapa. Devido
às demais camadas já estarem construídas, a construção de trinta e cinco anéis da
armadura de pressão, que seria a quantidade de anéis contida em um passo da hélice
descrita pelos arames da armadura externa de tração, tornou-se demasiadamente lenta, o
que levou à desistência da modelagem por meio do ANSYS WORKBENCH® e à busca
por uma nova alternativa para a construção do modelo.
103
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Sabendo que é possível exportar arquivos feitos em sistemas CAD para o
sistema ANSYS®, optou-se por utilizar o programa SOLIDWORKS®, versão 2006,
para a construção dos volumes, já que este possui muitas facilidades para desenhos
mecânicos, além de possibilitar salvar arquivos em extensões lidas pelo sistema
ANSYS®. O objetivo, então, era construir os volumes no programa SOLIDWORKS® ,
exportar para o sistema ANSYS® e, neste ambiente, construir a malha e realizar a
análise térmica por elementos finitos.
O modelo tridimensional da linha flexível construído com o programa
SOLIDWORKS® pode ser visualizado na Figura IV.19.
Figura IV.19 - Modelo da linha flexível de 2,5” construído com o programa
SOLIDWORKS®.
Concluído o desenho dos volumes, partiu-se para a exportação do arquivo para o
sistema ANSYS®. Duas extensões foram testadas: IGES (*.igs) e Parasolid (*.x_t).
Contudo, ao importar os arquivos salvos nas extensões mencionadas para o
sistema ANSYS®, foram verificados problemas nos contatos entre as camadas. Um dos
104
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
problemas pode ser visualizado na Figura IV.20, que mostra os arames da armadura
externa de tração atravessando o plástico externo.
Figura IV.20 - Modelo construído com o programa SOLIDWORKS® e exportado para
o sistema ANSYS® - Arames da armadura externa de tração atravessando o plástico
externo.
Outros problemas, como, por exemplo, falta de contato entre partes das camadas
e os arames da armadura interna de tração atravessando o plástico antidesgaste sobre
ela, podem ser observados na Figura IV.21.
105
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.21 - Modelo construído com o programa SOLIDWORKS® e exportado para
o sistema ANSYS® - Falta de contato entre as camadas e arames da armadura interna
de tração atravessando o plástico antidesgaste.
Partiu-se então para uma nova tentativa. Como o objetivo da modelagem
tridimensional era realizar apenas a análise térmica, optou-se por desenhar um trecho
pequeno da linha flexível em vez de um modelo com comprimento equivalente a um
passo da hélice descrita pelos arames da armadura externa de tração. Deste modo,
poderia ser utilizado o programa ANSYS WORKBENCH®, pois com um modelo de
menor comprimento, o processamento gráfico provavelmente não seria tão lento.
Decidiu-se também aumentar a espessura do plástico externo de 0,5mm para
5,0mm, em uma tentativa de evitar que novos problemas como o ocorrido entre a
armadura externa de tração e o plástico externo ocorressem.
O modelo construído no sistema ANSYS WORKBENCH® pode ser visto na
Figura IV.22. Este modelo tem o comprimento equivalente a apenas quatro anéis da
armadura de pressão.
106
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.22 – Modelo completo da linha flexível de 2,5” (comprimento equivalente a
quatro anéis da armadura de pressão).
Nas Figuras IV.23 a IV.29 cada camada do modelo construído no sistema
ANSYS WORKBENCH® pode ser visualizada.
Figura IV.23 – Armadura externa de tração.
107
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.24– Plástico antidesgaste sobre a armadura interna de tração.
Figura IV.25 – Armadura interna de tração.
108
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.26 - Plástico antidesgaste sobre a armadura interna de pressão.
Figura IV.27 – Armadura de pressão.
109
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.28 - Anel da armadura de pressão.
Figura IV.29 – Plástico interno.
110
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
IV.5.1.3. Características gerais do modelo
IV.5.1.3.1. Malha de elementos finitos
Antes de realizar a análise térmica no programa ANSYS WORKBENCH®,
optou-se por novamente tentar exportar o modelo para o sistema ANSYS®, pois no
programa ANSYS WORKBENCH®, a escolha dos elementos a serem utilizados na
análise é feita de forma automática, não possibilitando ao usuário um maior
gerenciamento sobre a construção da malha. Entretanto, esta tentativa de exportação
para o sistema ANSYS® também não gerou bons resultados e, portanto, optou-se por
utilizar o próprio sistema ANSYS WORKBENCH® para a geração da malha de
elementos finitos e posterior análise térmica.
No que tange à construção da malha, um dos problemas encontrados foi que não
se conseguiu construir uma malha hexaédrica para a armadura de pressão devido à sua
seção transversal complexa e, por isso, foi utilizada uma malha tetraédrica para esta
camada. Para as demais camadas, no entanto, foram construídas malhas hexaédricas.
Após a análise, o sistema ANSYS WORKBENCH® possui a opção de salvar o
arquivo de resultados na extensão “.db”, que é lida pelo sistema ANSYS®. Sendo
assim, é possível visualizar no sistema ANSYS®, tanto a malha de elementos finitos
construída no sistema ANSYS WORKBENCH®, quanto os resultados obtidos por meio
deste sistema. A malha de elementos finitos pode ser visualizada na Figura IV.30.
111
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.30 – Malha de elementos finitos.
O modelo possui 49862 nós e 139696 elementos, dentre os quais 9924 são
elementos sólidos e 129772 são elementos de contato. Seu comprimento é igual a
39mm.
IV.5.1.3.2. Elementos utilizados
Para a modelagem das camadas da linha flexível de 2,5” foram utilizados os
tipos de elementos térmicos relacionados a seguir.
Armadura de pressão
Para a construção da malha da armadura de pressão, foram utilizados elementos
sólidos tetraédricos representados no Sistema ANSYS® pelo elemento “SOLID 87”
(Figura IV.31). O elemento possui dez nós com apenas um grau de liberdade por nó, a
temperatura, sendo adequado para a modelagem de volumes irregulares.
112
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.31 – Representação esquemática do elemento SOLID87 (ANSYS,10.0).
Camadas plásticas
Para a malha das camadas plásticas, foram utilizados elementos sólidos
hexaédricos representados no sistema ANSYS® pelo elemento “SOLID 90” (Figura
IV.32). O elemento possui vinte nós com apenas um grau de liberdade por nó, a
temperatura, sendo adequado para a modelagem de peças curvas.
Figura IV.32 – Representação esquemática do elemento SOLID90 (ANSYS,10.0).
Armaduras de tração
As malhas das armaduras de tração também foram construídas com o elemento
“SOLID 90” (sistema ANSYS®).
113
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Contato entre as camadas
Para que fosse possível a transferência de calor entre as camadas, a interação
entre elas foi feita através de pares de elementos de contato do tipo superfície-superfície
(no sistema ANSYS®, TARGE170 e CONTA174, Figura IV.33). As regiões de contato
foram criadas automaticamente pelo programa ANSYS WORKBENCH®, não sendo
permitidos deslizamento relativo entre as camadas nem tampouco a perda de contato
entre elas.
Figura IV.33 – Representação esquemática dos pares de elementos de contato
TARGE170 e CONTA174 (ANSYS,10.0).
IV.5.1.3.3. Solução
Para a análise térmica, a única propriedade dos materiais requerida é a
condutividade térmica.
As condutividades térmicas das camadas do modelo são mostradas na Tabela
IV.19.
Para a solução deste problema térmico, as condições de contorno requeridas são
a temperatura dos fluidos interno e externo e os coeficientes de transferência de calor
por convecção interno e externo.
A temperatura do fluido interno a ser utilizada é a temperatura média do fluido,
calculada pelo programa TRANSCAL. Os coeficientes de filme interno e externo
também são calculados pelo programa TRANSCAL. Já a temperatura do fluido externo,
é a própria temperatura da água do mar no trecho da linha que será analisado.
114
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
O resultado da análise, isto é, a distribuição de temperaturas ao longo das
camadas da linha flexível, pode ser visualizado tanto no sistema ANSYS
WORKBENCH® quanto no sistema ANSYS®, conforme mencionado anteriormente.
A Figura IV.34 apresenta os resultados obtidos, visualizados no sistema ANSYS®.
Figura IV.34 – Distribuição das temperaturas ao longo das camadas da linha flexível de
2,5”– Sistema ANSYS®.
Uma melhor visualização da distribuição radial de temperaturas nas camadas é
obtida ao realizar um corte no modelo, conforme mostrado na Figura IV.35.
115
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.35 – Distribuição radial de temperaturas ao longo das camadas da
linha flexível de 2,5”– Sistema ANSYS®.
Uma comparação entre as temperaturas ao longo das camadas da linha flexível
obtidas com o sistema ANSYS WORKBENCH® e as calculadas pelo programa
TRANSCAL pode ser visualizada através do gráfico apresentado na Figura IV.36.
Uma análise da comparação entre os resultados obtidos com o Sistema ANSYS
WORKBENCH® e com o programa TRANSCAL permite concluir que a hipótese de
camadas cilíndricas concêntricas, adotada na metodologia analítica de cálculo proposta
nesta dissertação, é válida para o cálculo da distribuição de temperaturas nas camadas
de uma linha flexível, pois as temperaturas obtidas através do MEF, por meio de uma
modelagem fidedigna das camadas da linha, à qual levou em consideração o real
formato destas camadas, considerando, inclusive, o espaçamento entre as armaduras de
tração e os interstícios entre os arames da armadura de pressão, apresentaram-se
praticamente idênticas às calculadas analiticamente.
No Capítulo V, a influência das temperaturas das camadas de um riser flexível
em sua resposta estrutural será analisada.
116
CAPÍTULO IV ANÁLISE TÉRMICA DE LINHAS FLEXÍVEIS
Figura IV.36 - Distribuição radial de temperaturas ao longo das camadas da linha
flexível de 2,5”– Comparação dos resultados obtidos com o Sistema ANSYS
WORKBENCH® e com o programa TRANSCAL.
117
CAPÍTULO V
ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO
DE CARGAS TÉRMICAS
V.1. INTRODUÇÃO
Em uma linha flexível submersa, a diferença entre a elevada temperatura com que o
óleo é produzido e a temperatura da água do mar gera um importante gradiente térmico na
direção radial desta linha.
Esse carregamento térmico modifica as propriedades das camadas poliméricas e,
deste modo, acaba por alterar as propriedades mecânicas de toda a linha flexível,
modificando, assim, o seu comportamento estrutural.
SANTOS et al. (2005) e SANTOS et al. (2006) avaliaram a influência da
temperatura no comportamento estrutural de um trecho horizontal de um riser flexível
submetido, respectivamente, a carregamentos de tração e flexão através de um modelo local
de análise. Neste capítulo, a influência do carregamento térmico na resposta estrutural de
uma linha flexível de 4” será analisada tanto através de análise global quanto de análise
local. Para essas análises, será considerado todo o comprimento do riser, desde o poço até o
sistema flutuante de produção.
V.2. ANÁLISE GLOBAL E ANÁLISE LOCAL
Um riser flexível é exposto a diversos tipos de cargas durante sua vida útil: peso
próprio, correntes marinhas, ondas, movimentos impostos pelo sistema flutuante de
produção, pressão interna e externa entre outras.
Essas cargas podem gerar, em cada seção transversal da linha, esforços de tração,
compressão, torção e/ou flexão, que devem ser resistidos por suas camadas internas.
Os esforços em cada seção transversal da linha flexível podem ser obtidos através
da chamada análise global. Nesse tipo de análise, a resposta da linha aos diversos
118
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
carregamentos impostos é calculada através de modelos teóricos nos quais a linha é
representada exclusivamente através de suas propriedades mecânicas (rigidezes à tração,
torção e flexão).
Calculados os esforços, obtém-se a resposta de cada camada da linha flexível, em
termos de deslocamentos, deformações e tensões através da análise local. Com os
deslocamentos é possível calcular as propriedades mecânicas (rigidezes à tração, torção e
flexão) que são utilizadas como parâmetros de entrada em programas de análise global. A
Figura V.1 ilustra o exposto.
Figura V.1 – Cargas atuantes em risers gerando esforços que são aplicados na análise local
para o cálculo de tensões, deformações e propriedades mecânicas.
119
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
A análise local é uma importante ferramenta para o cálculo das propriedades
mecânicas de linhas flexíveis, pois a determinação destas propriedades através de modelos
numéricos ou analíticos não é uma tarefa fácil. SOUSA (2005) expõe diversas razões para
esta dificuldade:
• O comportamento físico dos materiais que constituem uma linha flexível, em
geral, não é bem conhecido. As propriedades físicas das armaduras metálicas,
por exemplo, são bastante afetadas pelo processo de fabricação dos perfis. As
camadas poliméricas, por sua vez, têm propriedades dependentes da temperatura
e da pressão na linha e, além disso, seu comportamento é altamente não-linear.
• Os fabricantes, nas folhas de dados (datasheets) das linhas, informam poucas
propriedades físicas dos materiais utilizados. Geralmente, essas propriedades
são as encontradas na literatura, isto é, sem considerar as alterações introduzidas
pelo processo de fabricação.
• A própria avaliação das propriedades geométricas dos perfis metálicos também
é bastante difícil, uma vez que os fabricantes costumam passar poucas
informações sobre esses. Muitas vezes, isto acaba por inviabilizar a
determinação, por exemplo, da inércia à flexão e até mesmo da área do perfil.
Some-se a isto que, usualmente, não se conhece o número de arames em cada
camada.
• A linha flexível possui comportamento axial bastante sensível ao sentido em que
se aplica a carga. Em outras palavras, a rigidez à tração costuma ser distinta da
rigidez à compressão e a rigidez à torção horária é distinta da rigidez à torção
anti-horária. Além disso, a rigidez à flexão é dependente do atrito entre as
camadas, que também não é facilmente determinado.
Como o carregamento térmico altera as propriedades mecânicas de toda a linha
flexível devido à modificação das propriedades das camadas poliméricas, este tipo de
carregamento acaba por se tornar mais um complicador no que tange à determinação das
propriedades mecânicas de linhas flexíveis.
120
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
V.3. DETERMINAÇÃO DA RESPOSTA ESTRUTURAL
A análise para a avaliação do efeito do carregamento térmico na resposta estrutural
de uma linha flexível será realizada em duas etapas: análise térmica e análise estrutural.
A análise térmica consiste em determinar:
• A temperatura do fluido transportado em qualquer ponto ao longo da linha
analisada.
• A temperatura de cada camada da linha para a obtenção do módulo de
elasticidade longitudinal (módulo de Young) das camadas poliméricas em
função da temperatura.
Na análise estrutural propriamente dita, serão realizados os seguintes
procedimentos:
• Cálculo do módulo de Young das camadas poliméricas em função da
temperatura.
• Com este módulo de Young, realiza-se a análise local da linha flexível para a
determinação dos deslocamentos, com os quais serão calculadas as rigidezes à
tração, torção e flexão da linha sob o efeito das cargas térmicas. Para esta
análise, considera-se o modelo baseado no método dos elementos finitos
proposto por SOUSA et al. (2005) e o sistema ANSYS®.
• As rigidezes calculadas na análise local serão utilizadas na análise global para a
determinação dos esforços atuantes sobre a linha flexível. Esta análise global
será realizada com a utilização do programa de análise estrutural ANFLEX
(2005).
• Com os esforços oriundos da análise global, realiza-se novamente a análise local
da linha flexível, por meio da qual serão obtidas as tensões e deformações nas
camadas da linha sob a influência do carregamento térmico. Esta análise
também será realizada com a utilização do sistema ANSYS® e do modelo
proposto por SOUSA et al. (2005). Este modelo é descrito no item a seguir.
121
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
V.4. MODELO ESTRUTURAL PARA ANÁLISE LOCAL
O modelo para análise local de linhas flexíveis proposto por SOUSA et al. (2005) é
um modelo tridimensional não-linear baseado no método dos elementos finitos. Esse
modelo discreto é capaz de considerar todas as camadas da linha flexível e possíveis
interações entre elas, além de carregamentos e condições de contorno quaisquer.
Imperfeições na linha flexível, tais como ovalizações ou folgas entre as camadas, também
podem ser modeladas (SOUSA, 2005).
Em linhas gerais, o modelo pode ser visualizado na Figura V.2.
(a)
(b)
Figura V.2 – Vista geral do modelo tridimensional baseado no MEF: (a) vista isométrica e
(b) vista frontal (SOUSA, 2005).
A Figura V.2 ilustra a malha de elementos finitos gerada para a análise local de uma
linha flexível, assumindo um comprimento total equivalente a um passo da hélice descrita
pelos arames da armadura externa de tração. A malha é composta pelos seguintes elementos
finitos (SOUSA, 2005):
• Elementos de casca: utilizados para modelar a carcaça intertravada, a armadura
de pressão, as camadas poliméricas e a tampa de fechamento.
• Elementos de pórtico espacial: são empregados na modelagem dos arames das
armaduras de tração.
• Elementos de contato: são utilizados para viabilizar a interação entre as camadas
que compõem a linha flexível.
122
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Este tipo de modelagem permite a modificação direta do módulo de elasticidade
longitudinal das camadas poliméricas com a temperatura e, assim, obtêm-se, também de
forma direta, os deslocamentos, tensões e deformações no modelo devidos à combinação do
carregamento aplicado com as cargas térmicas.
Outro ponto importante diz respeito à fácil consideração de cargas mecânicas, tais
como tração, torção, flexão etc, atuando simultaneamente com as cargas térmicas. Isto
permite avaliar o impacto da presença dessas cargas nas propriedades mecânicas da linha
flexível e também da distribuição de tensões nas camadas.
V.5. APLICAÇÃO
A estrutura a ser analisada nesta aplicação é o riser flexível de 4” cujas
características são descritas na Tabela IV.2.
Conforme descrito no item V.3, para a análise do efeito do carregamento térmico na
resposta estrutural deste riser, será realizada uma análise térmica e uma análise estrutural.
V.5.1. Análise térmica
Os dados necessários para a análise térmica são apresentados a seguir. Assim como
para a análise apresentada no Capítulo IV, nesta análise também será considerado o óleo de
motor apresentado em INCROPERA e DEWITT (2003) como fluido interno.
• Comprimento total do riser: LT =2500m
• Comprimento do trecho horizontal: LH =1650m
• Comprimento do trecho vertical: LV = 850m
• Vazão mássica do óleo que escoa no interior do riser: = 19,5kg/s. •
m
• Velocidade da corrente no trecho horizontal (fundo do mar): = 0 m/s feu
• Velocidade da corrente no trecho vertical: varia de 0m/s a 1,8 m/s feu
• Temperatura da água do mar para o trecho horizontal: = 4ºC. ∞T
• Temperatura da água do mar para o trecho vertical: varia de 4ºC a 25ºC. ∞T
123
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
• Propriedades físicas do óleo de motor e da água do mar em função da
temperatura (INCROPERA & DEWITT, 2003).
• As condutividades térmicas das camadas do riser são apresentadas na Tabela
IV.3.
O riser será dividido em quatro segmentos horizontais e quatro segmentos verticais,
com os comprimentos mostrados na Figura V.3.
Figura V.3 – Divisão do riser flexível em segmentos.
As propriedades mecânicas de uma linha flexível, normalmente, são calculadas a
20ºC. Portanto, para avaliar o efeito do carregamento térmico na resposta estrutural deste
riser de 4”, ele será analisado para três diferentes valores de temperatura, a saber:
1. Como se a temperatura de todas as suas camadas fosse igual a 20ºC (conforme é
feito na análise convencional).
2. Para a temperatura de entrada do óleo, Tin, igual a 80ºC.
3. Para a temperatura de entrada do óleo igual a 110ºC.
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CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
A resposta estrutural da linha sob a influência das temperaturas de entrada iguais a
80ºC e 110ºC será comparada à resposta da linha flexível a 20ºC.
O programa TRANSCAL foi utilizado para o cálculo da temperatura do fluido ao
longo do riser e das temperaturas de suas camadas devidas ao gradiente radial de
temperatura gerado pela temperatura do óleo transportado ser superior à da água do mar.
Os resultados obtidos para a temperatura de saída do óleo em cada segmento do
riser são apresentados nas Tabelas V.1 e V.2.
Tabela V.1 – Temperatura de saída do óleo em cada segmento do riser. Temperatura
de entrada do óleo igual a 80ºC.
Trecho Segmentos
Taxa de
transferência
de calor (W)
Temperatura
de saída do
óleo (ºC)
1 153307 76,30
2 130978 73,11
3 97459 70,73 Horizontal
4 93725 68,42
5 26487 67,77
6 61134 66,26
7 53105 64,95 Vertical
8 45185 63,82
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CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Tabela V.2 – Temperatura de saída do óleo em cada segmento do riser. Temperatura
de entrada do óleo igual a 110ºC.
Trecho Segmentos
Taxa de
transferência
de calor (W)
Temperatura
de saída do
óleo (ºC)
1 218931 105,02
2 187727 100,70
3 140124 97,46 Horizontal
4 135136 94,31
5 38245 93,41
6 90334 91,29
7 81585 89,37 Vertical
8 72864 87,65
De acordo com as Tabelas V.1 e V.2, observa-se o decréscimo da temperatura de
saída do óleo ao longo do riser, o que se deve à perda de calor por convecção entre o fluido
interno e a superfície interna do riser ao longo do escoamento. É possível observar também
a diminuição da taxa de transferência de calor ao longo do riser, que ocorre pelas razões
apontadas no Capítulo IV. A grande redução desta taxa no quinto segmento do riser, quando
comparada às taxas de transferência de calor dos demais segmentos, deve-se ao
comprimento deste segmento ser inferior aos demais.
Para a temperatura de entrada do óleo igual a 80ºC, a variação total de temperatura,
desde o poço até o sistema flutuante de produção foi de 16,18ºC. Já para a temperatura de
entrada igual a 110ºC, essa variação foi um pouco maior, de 22,35ºC, o que se deve ao
maior gradiente térmico entre o óleo e a água do mar.
Este gradiente térmico gera uma distribuição radial de temperaturas ao longo das
camadas do riser. As Figuras V.4 a V.6 apresentam esta distribuição para as temperaturas
de entrada do óleo iguais a 80ºC e a 110ºC.
Foram escolhidas três regiões para a apresentação do perfil de temperaturas, a saber:
a região que liga o poço ao nó âncora (nó inicial do riser na análise global), correspondente
ao primeiro segmento do riser, a região do TDP (Touch Down Point), que corresponde ao
126
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
primeiro segmento vertical do riser (segmento 5) e a região do topo do riser, que é o quarto
segmento vertical (segmento 8). O primeiro segmento foi escolhido por apresentar as
maiores temperaturas ao longo das camadas, já que recebe o óleo assim que este sai do
poço. Já as duas outras regiões foram escolhidas por serem as regiões onde serão calculadas
as tensões e deformações das camadas, conforme será explicado no item V.5.2.3.
Figura V.4 – Distribuição radial de temperaturas: 1º segmento horizontal.
127
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Figura V.5 – Distribuição radial de temperaturas: 1º segmento vertical. Região do TDP.
Figura V.6 – Distribuição radial de temperaturas: 4º segmento vertical. Região do topo.
128
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Pelos perfis apresentados nas Figuras V.4 a V.6, nota-se que as camadas metálicas,
devido aos seus altos valores de condutividade térmica, quando comparados aos valores das
camadas plásticas (Tabela IV.3), não sofrem variação de temperatura. Já nas camadas
poliméricas, a temperatura nas paredes internas destas camadas são significativamente
reduzidas ao longo de sua espessura, o que se deve às suas baixas condutividades térmicas.
Um decréscimo ainda mais significativo pode ser observado na fita de reforço à
compressão, já que a condutividade térmica desta camada é muito inferior às das demais.
Nas Figuras V.7 a V.9, são apresentadas a variação das temperaturas médias das
camadas poliméricas ao longo do riser, visto que são basicamente essas as camadas que
têm suas propriedades modificadas em função da temperatura.
Figura V.7 – Temperatura média do plástico interno (PI) ao longo do riser.
129
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Figura V.8 – Temperatura média do plástico antidesgaste (AD) ao longo do riser.
Figura V.9 – Temperatura média do plástico externo (PE) ao longo do riser.
130
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Um fato importante de ser observado é que para o trecho horizontal do riser, onde a
temperatura da água do mar é mais baixa, há a tendência de diminuição das temperaturas
das camadas poliméricas. Para o plástico interno (PI), essa tendência de redução da
temperatura ocorre também no trecho vertical, apesar de neste trecho ser menor do que no
trecho horizontal. As temperaturas das camadas plásticas antidesgaste e externa no trecho
vertical, contudo, apresentam uma tendência de elevação, o que se deve às menores taxas
de transferência de calor no trecho vertical. Essa redução da taxa de transferência de calor
no trecho vertical, conforme explicado no Capítulo IV, deve-se ao menor gradiente de
temperatura entre o fluido interno e a água do mar neste trecho, já que com a diminuição da
profundidade, há o aumento da temperatura da água do mar.
V.5.2. Análise estrutural
A análise estrutural do riser flexível, conforme já mencionada no item V.2, será
dividida em quatro etapas:
1. Cálculo dos módulos de Young das camadas poliméricas em função da
temperatura.
2. Análise local da estrutura para a determinação das rigidezes à tração, torção e
flexão de cada trecho do riser em função da temperatura.
3. Análise global para a determinação dos esforços atuantes sobre o riser.
4. Análise local para a determinação de tensões e deformações nas camadas do
riser sob a influência das cargas térmicas.
V.5.2.1. Cálculo do módulo de Young das camadas poliméricas
Assumiu-se que os aços AISI304, FI15 e FI41, utilizados, respectivamente, para a
carcaça intertravada, armadura de pressão e armaduras de tração, possuem módulo de
Young igual a 207000MPa, coeficiente de Poisson igual a 0,3 e que suas propriedades, para
a faixa de temperaturas analisada, não se modificam com a temperatura.
Por outro lado, o módulo de Young do PVDF varia com a temperatura. Essa
variação, na falta de informações adicionais, foi assumida linear entre os dois valores (23°C
131
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
e 110°C) apontados por STEVENSON & CAMPION (1995) (Tabela II.5), conforme
indicado na Figura V.10. Esta aproximação linear para a variação do módulo de elasticidade
do PVDF com a temperatura não resulta em um grande erro, conforme exposto no Capítulo
II. O coeficiente de Poisson foi tomado constante e igual a 0,30.
Figura V.10 – Variação do módulo de Young do PVDF com a temperatura.
Nas Figuras V.11 a V.13, a variação do módulo de Young das camadas poliméricas,
devida à variação de temperatura nessas camadas, é apresentada. O primeiro trecho
apresentado é o segundo segmento, pois o primeiro segmento do riser, aquele que liga o
poço ao nó âncora, não entrará na análise global, já que a partir deste nó até o poço,
considera-se que os carregamentos aplicados não irão gerar esforços significativos neste
trecho do riser.
132
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Figura V.11 – Variação do módulo de elasticidade do plástico interno ao longo do riser.
Figura V.12 – Variação do módulo de elasticidade do plástico antidesgaste ao longo do
riser.
133
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Figura V.13 – Variação do módulo de elasticidade do plástico externo ao longo do riser.
Conforme exposto no item V.5.1, as temperaturas médias das camadas plásticas
antidesgaste e externa no trecho vertical são superiores às temperaturas médias destas
camadas no trecho horizontal, o que causa a redução do módulo de Young das camadas
poliméricas neste trecho, conforme mostram as Figuras V.12 e V.13. Já para a camada
plástica interna, como a temperatura desta camada se mantém praticamente constante no
trecho vertical (Figura V.7), seu o módulo de elasticidade também sofre pouca variação
(Figura V.11).
Outra observação importante em relação às Figuras V.11 a V.13 é o aumento do
módulo de elasticidade conforme se aproxima da superfície externa do riser, onde a
temperatura é bastante inferior à da superfície interna. Na camada plástica externa,
inclusive, os valores do módulo de Young para a temperatura de entrada do óleo igual a
110ºC, que para as demais camadas se manteve bem diferente dos valores obtidos para a
temperatura de entrada igual a 80ºC, se aproxima dos valores encontrados para esta
temperatura de entrada.
134
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Para a análise em que se consideram as temperaturas de todas as camadas do riser
iguais a 20ºC, o valor de módulo de Young considerado para todas as camadas plásticas foi
805,5 MPa (Figura V.10).
V.5.2.2. Análise local para o cálculo das rigidezes em função da temperatura
Para a análise local do riser flexível, conforme já mencionado, foram utilizados o
modelo descrito no item V.4 e o sistema ANSYS ®.
Os seguintes carregamentos foram utilizados para o cálculo das rigidezes:
• Tração: 500kN
• Flexão: 1kNm
• Torção horária e antihorária: 1kNm
As rigidezes calculadas a partir dos deslocamentos obtidos nesta análise são
apresentadas nas Tabelas V.3 a V.5.
Tabela V.3 – Rigidezes: Temperatura das camadas igual a 20ºC.
Rigidez Todos os
segmentos
Tração - EA (kN) 143493 Flexão - EI (kNm²) 12,12 Torção - GJ (kNm²/rad) 356,30
135
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Tabela V.4 – Rigidezes: Temperatura de entrada do óleo igual a 80ºC.
Segmentos
Rigidez 2 3 4 5 6 7 8
Tração - EA
(kN) 139840 140024 140147 140333 140209 140024 139778
Flexão - EI
(kNm²) 9,86 9,95 10,03 10,13 9,98 9,72 9,45
Torção - GJ
(kNm²/rad) 355,30 355,38 355,46 355,54 355,43 355,23 355,02
Tabela V.5 – Rigidezes: Temperatura de entrada do óleo igual a 110ºC.
Segmentos
Rigidez 2 3 4 5 6 7 8
Tração - EA
(kN) 137545 137903 138142 138382 138322 138142 137903
Flexão - EI
(kNm²) 8,93 9,05 9,16 9,29 9,17 8,94 8,69
Torção - GJ
(kNm²/rad) 354,44 354,56 354,65 354,76 354,68 354,51 354,32
Conforme o esperado, observou-se que à medida que se considera um fluido mais
quente escoando no interior do riser, as rigidezes da linha diminuem. Esta redução é mais
significativa para a rigidez à flexão do riser (aproximadamente 23% no segmento 5, região
do TDP), o que se deve ao significativo efeito das camadas poliméricas na resposta à flexão
da linha (SOUSA, 2005).
Analisando a variação das rigidezes ao longo do riser, observa-se que, apesar de
ocorrer a redução da temperatura do óleo ao longo do escoamento, há a diminuição das
rigidezes no trecho vertical do riser, o que também se deve à redução da taxa de
transferência de calor neste trecho, conforme exposto no item relativo à análise térmica.
136
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
V.5.2.3. Análise global para a determinação dos esforços
Com as rigidezes obtidas no item anterior, parte-se para a análise global visando à
obtenção dos esforços atuantes sobre o riser.
O carregamento utilizado para esta análise é resumidamente descrito a seguir:
• Offset: 10% LDA (lâmina d’água) na direção Norte (Far).
• Corrente: centenária, com velocidade superficial de 1,8 m/s, direção norte, perfil
multi-direcional.
• Onda: decenária, com direção Norte.
O sistema flutuante de produção é um FPSO do tipo turret, típico da Bacia de
Campos. Optou-se por defasar a onda e a corrente de 22,5º, utilizando um RAO de 202,5º,
de modo a considerar algum efeito de roll.
Maiores informações sobre as definições dos carregamentos que atuam sobre risers
e sobre a análise global destas estruturas podem ser encontradas em (SOUSA, 2005b).
O efeito da variação das rigidezes da linha em função da temperatura na resposta
estrutural do riser será analisado para dois carregamentos: tração e flexão.
Para essas análises, serão utilizados os esforços máximos obtidos na análise global.
Os máximos esforços de tração aparecem na região do topo do riser. Além do esforço de
tração, surgem também outros esforços na região do topo, contudo, a tração geralmente é o
mais significativo dos esforços que surgem nessa região. Já os momentos fletores máximos
ocorrem na região do TDP. Nesta região, também aparecem outros esforços, mas os
momentos fletores são os mais significativos. Portanto, o cálculo das tensões e deformações
devidas aos esforços de tração e de flexão será realizado para as regiões do topo e do TDP,
respectivamente. Os esforços máximos obtidos na análise global são apresentados nas
Tabelas V.6 e V.7. Já a Tabela V.8, apresenta os raios mínimos de curvatura obtidos na
análise global.
137
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Tabela V.6 – Máximos esforços de tração.
Temperatura
(ºC)
Tração máxima
(kN)
20 254,76
80 254,77
110 254,77
Tabela V.7 – Momentos fletores máximos.
Temperatura
(ºC)
Momento máximo
(kNm)
20 0,88
80 0,75
110 0,69
Tabela V.8 – Raios mínimos de curvatura.
Temperatura
(ºC)
Raio mínimo
(m)
20 12,537
80 12,193
110 12,024
A Tabela V.6 mostra que, praticamente, não há variação dos esforços de tração ao se
modificar a rigidez à tração da linha para os valores obtidos em função da temperatura, o
que se deve à pequena variação dos valores de rigidez à tração da linha em função da
temperatura.
Já o momento fletor máximo que atua na linha (Tabela V.7), sofre uma redução de
aproximadamente 22% com o aumento da temperatura de análise de 20ºC para 110ºC. Esta
redução é quase proporcional à redução da rigidez. O raio de curvatura do riser, em
conseqüência da redução da rigidez à flexão da linha, também diminuiu (Tabela V.8), mas
esse decréscimo foi muito pequeno, da ordem de apenas 4%, devido à pequena influência
da parcela dinâmica do carregamento aplicado na resposta estrutural deste riser.
138
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
V.5.2.4. Análise local para a determinação de tensões e deformações
Com os esforços obtidos no item anterior e utilizando o mesmo modelo descrito
no item V.4, as tensões e deformações nas camadas do riser flexível para a as análises de
tração e flexão são obtidas por meio do sistema ANSYS®.
Conforme já mencionado, a análise das tensões devidas ao esforço de tração será
realizada para a região do topo (segmento 8) e a análise das tensões devidas ao momento
fletor será realizada para a região do TDP (segmento 5).
V.5.2.4.1. Análise de tração
A Tabela V.9 apresenta as tensões nas camadas metálicas do riser flexível para a
região do topo deste riser.
Tabela V.9 – Análise de tração: Tensões na carcaça intertravada e nas armaduras de pressão
e de tração.
Temperatura de análise
(ºC)
Tensões na carcaça
intertravada(MPa)
Tensões na armadura de
pressão (MPa)
Tensões na armadura
interna (MPa)
Tensões na armadura
externa (MPa)
20
24,30 41,00 239,82 220,65
80
20,81 42,67 241,04 221,73
110
17,97 43,98 241,71 222,31
De acordo com os resultados apresentados na Tabela V.9, nota-se que as tensões
na carcaça intertravada sofrem uma importante redução (aproximadamente 26%) à medida
que se aumenta a temperatura de análise de 20ºC para 110ºC. Esta redução se deve à
diminuição da rigidez da camada plástica interna que serve como “ponte” para a
transmissão da pressão de contração radial não resistida pela armadura de pressão. Com
isto, há uma redistribuição das tensões para as demais camadas, ocasionando um pequeno
aumento dos valores de tensão tanto na armadura de pressão, quanto nas armaduras de
tração.
139
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
A redução da rigidez à tração devida ao aumento da temperatura tem um efeito
benéfico sobre a linha, já que as tensões na carcaça intertravada são reduzidas e, mesmo
com o aumento da compressão radial, não há um grande acréscimo de tensão na armadura
de pressão.
V.5.2.4.2. Análise de flexão
As Tabelas V.10 e V.11 apresentam, respectivamente, as tensões nas armaduras
de tração do riser flexível e as deformações das camadas poliméricas para a região do TDP.
Tabela V.10 – Análise de flexão: Tensões nas armaduras de tração
Temperatura de análise (ºC)
Tensões na armadura interna
(MPa)
Tensões na armadura externa
(MPa) 20
60,37 53,37
80
54,55 48,26
110
54,51 48,30
Tabela V.11 – Análise de flexão: Valores máximos das deformações de Von Mises nas
camadas poliméricas
Temperatura de análise (ºC)
Deformações no plástico interno
(%)
Deformações no plástico
antidesgaste (%)
Deformações no plástico externo
(%) 20
0,48 0,56 0,62
80
0,45 0,51 0,57
110
0,45 0,52 0,58
Os resultados apresentados nas Tabela V.10 e V.11 mostram que, para este caso
de carregamento, as tensões nas camadas metálicas e as deformações das camadas
poliméricas sofreram uma pequena variação, da ordem de 10% para as tensões e de 6%
140
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
para as deformações, pois apesar da rigidez à flexão da linha sofrer redução com o aumento
da temperatura de análise, os esforços aplicados na análise local também foram reduzidos,
levando as tensões e as deformações a sofrerem pequenas alterações para as três
temperaturas analisadas. Estes resultados indicam que a linha se manteve íntegra, mesmo
tendo sua rigidez reduzida.
V.5.2.5. Determinação dos esforços, tensões e deformações – Novo caso de carregamento
Visando a um maior entendimento da influência do carregamento térmico no
comportamento estrutural de uma linha flexível, foi aplicado um novo caso de
carregamento sobre a linha. Optou-se por um carregamento com o qual fosse possível obter
uma maior influência da parcela dinâmica do carregamento na resposta. Este carregamento
é resumidamente descrito a seguir:
• Offset: 10% LDA (Near).
• Corrente: totalmente alinhada na direção NW.
• Movimento de Heave prescrito no topo com 5m de amplitude e período de 12s.
• Ângulo de topo = 7º
Nesta análise, foram consideradas apenas duas temperaturas de análise: 20ºC e
110ºC, sendo as propriedades da linha as mesmas apresentadas nas Tabelas V.3 e V.5.
Assim como para o primeiro caso de carregamento, a análise das tensões devidas
ao esforço de tração será realizada para a região do topo do riser e a análise das tensões
devidas ao momento fletor será realizada para a região do TDP.
Os esforços máximos obtidos na análise global para este novo caso de carregamento
são apresentados nas Tabelas V.12 e V.13. Os raios mínimos de curvatura obtidos são
apresentados na Tabela V.14.
141
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Tabela V.12 – Máximos esforços de tração.
Temperatura
(ºC)
Tração máxima
(kN)
20 309,72
110 309,38
Tabela V.13 – Momentos fletores máximos.
Temperatura
(ºC)
Momento máximo
(kNm)
20 2,89
110 2,36
Tabela V.14 – Raios mínimos de curvatura.
Temperatura
(ºC)
Raio mínimo
(m)
20 3,22
110 2,97
Conforme observado para o primeiro caso de carregamento, a Tabela V.12 mostra
que, para este caso de carregamento, também quase não há variação dos esforços de tração
ao se modificar a rigidez à tração da linha, devido à pequena variação dos valores de
rigidez à tração da linha em função da temperatura.
Já o momento fletor máximo que atua na linha (Tabela V.13), sofre uma redução de
aproximadamente 18% com o aumento da temperatura de análise de 20ºC para 110ºC.
Conforme era esperado para este caso de carregamento, a parcela dinâmica teve uma maior
influência no comportamento estrutural da linha, o que é evidenciado pelos menores
valores de raios de curvatura obtidos (Tabela V.14) quando comparados aos obtidos para o
primeiro caso de carregamento. No que tange ao decréscimo do valor do raio de curvatura
devido à influência da temperatura, este também foi pequeno, da ordem de 8%.
A Tabela V.15 apresenta as tensões nas camadas metálicas obtidas para a análise de
tração.
142
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Tabela V.15 – Análise de tração: Tensões na carcaça intertravada e nas armaduras de
tração.
Temperatura de análise
(ºC)
Tensões na carcaça
intertravada(MPa)
Tensões na armadura de
pressão (MPa)
Tensões na armadura
interna (MPa)
Tensões na armadura
externa (MPa)
20
29,51 49,85 291,55 268,25
110
21,83 53,41 293,52 269,97
De acordo com os resultados apresentados na Tabela V.15, observa-se que as
tensões na carcaça intertravada sofrem uma redução também de 26% à medida que se
aumenta a temperatura de análise de 20ºC para 110ºC, o que se deve, conforme já
mencionado, à diminuição da rigidez da camada plástica interna que serve como “ponte”
para a transmissão da pressão de contração radial não resistida pela armadura de pressão.
Assim, para este caso, também ocorre uma redistribuição das tensões para as demais
camadas, ocasionando um pequeno aumento dos valores de tensão tanto na armadura de
pressão, quanto nas armaduras de tração.
As Tabelas V.16 a V.17 apresentam as tensões e deformações obtidas para a análise
de flexão.
Tabela V.16 – Análise de flexão: Tensões nas armaduras de tração
Temperatura de análise (ºC)
Tensões na armadura interna
(MPa)
Tensões na armadura externa
(MPa) 20
198,30 175,31
110
185,27 164,16
143
CAPÍTULO V ANÁLISE ESTRUTURAL DE LINHAS FLEXÍVEIS SOB O EFEITO DE CARGAS TÉRMICAS
Tabela V.17 – Análise de flexão: Valores máximos das deformações de Von Mises nas
camadas poliméricas
Temperatura de análise (ºC)
Deformações no plástico interno
(%)
Deformações no plástico
antidesgaste (%)
Deformações no plástico externo
(%) 20
1,60 1,83 2,05
110
1,53 1,76 1,97
Os resultados apresentados nas Tabela V.16 e V.17 mostram que para este novo
caso de carregamento, as tensões nas camadas metálicas e as deformações das camadas
poliméricas também não sofreram variações significativas, o que se deve aos mesmos
motivos mencionados para o primeiro caso de carregamento.
Com os resultados obtidos para os dois casos de carregamentos analisados, foi
possível verificar a significativa influência da temperatura sobre a rigidez à flexão da linha
flexível, assim como sobre os momentos fletores atuando na região do TDP da linha
analisada e sobre as tensões na carcaça intertravada desta estrutura para a análise com o
carregamento de tração. Os demais resultados obtidos mostraram a pequena influência do
carregamento térmico nas rigidezes à tração e à torção da linha, assim como nos esforços de
tração, raios de curvatura, tensões nas armaduras de pressão e de tração (análise de tração)
e nas tensões e deformações resultantes da análise de flexão.
Estes resultados, contudo, foram obtidos para dois casos específicos de
carregamento, não sendo, portanto, possível generalizá-los para qualquer caso de
carregamento.
Com a metodologia proposta neste trabalho, é possível avaliar o efeito da
temperatura para o caso de carregamento que se deseja analisar e, deste modo, quantificar a
influência das cargas térmicas para cada caso específico de carregamento.
144
CAPÍTULO VI
CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
VI.1. CONCLUSÕES
Esta dissertação teve como principal objetivo a proposta de uma metodologia para
a análise do efeito de cargas térmicas na resposta estrutural de linhas flexíveis.
A partir do programa desenvolvido, foi possível calcular as temperaturas em cada
camada da linha flexível devidas a um gradiente térmico em sua direção radial, bem como a
temperatura do fluido interno ao longo de todo o escoamento. Assim, foi possível calcular
as novas propriedades mecânicas da linha devidas ao efeito das cargas térmicas e estimar a
perda de calor do fluido desde o poço até o sistema flutuante de produção. O programa
também possibilitou avaliar a influência dos diversos parâmetros envolvidos no escoamento
no fenômeno da transferência de calor. Alguns desses resultados são apresentados a seguir.
Na análise da transferência de calor no escoamento interno, observou-se:
1. A redução da velocidade média do fluido interno ao longo do escoamento
devido ao aumento da massa específica do óleo à medida que a temperatura
diminui.
2. O decréscimo do número de Reynolds ao longo do riser devido ao aumento da
viscosidade com a redução da temperatura do fluido ao longo do escoamento.
3. O comportamento decrescente do número de Nusselt ao longo do riser, já que
este varia de acordo com o número de Reynolds.
4. O decréscimo do coeficiente interno de transferência de calor por convecção ao
longo do escoamento, que se deve, principalmente, ao comportamento
decrescente do número de Nusselt ao longo da linha flexível.
Para a análise da transferência de calor no escoamento externo, observou-se:
1. O aumento do número de Nusselt com o aumento da velocidade de corrente.
145
CAPÍTULO VI CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
2. O comportamento do coeficiente externo de transferência de calor por
convecção seguindo o mesmo comportamento do número de Nusselt para o
escoamento externo.
Foram analisados também dois parâmetros que dependem tanto do escoamento
interno quanto do externo: a taxa de transferência de calor e a temperatura de saída do óleo.
Esses dois parâmetros sofrem redução ao longo do escoamento. O decréscimo da taxa de
transferência de calor se deve à redução da temperatura do óleo ao longo do riser e à
diminuição do gradiente de temperatura entre o fluido interno e a água do mar para o trecho
vertical.
No que tange às variações nas características da linha flexível e dos fluidos interno e
externo, observou-se:
1. Maior redução da perda de calor com o aumento da espessura do plástico
interno, quando comparada à redução obtida com o aumento da espessura do
plástico externo. Este resultado, contudo, aplica-se à linha analisada, não
devendo ser generalizado para qualquer estrutura.
2. A pequena influência da velocidade de corrente na temperatura de saída do óleo.
3. A redução da eficiência do isolamento térmico à medida que se aumenta muito a
espessura da camada isolante.
O cálculo da distribuição radial das temperaturas também foi realizado por meio
de um modelo térmico baseado no método dos elementos finitos. Este modelo foi
desenvolvido considerando uma modelagem fidedigna das camadas da linha, de modo a
avaliar a influência das características geométricas desta estrutura na distribuição de
temperatura. A comparação entre as temperaturas obtidas nas camadas da linha pelo
método analítico (programa TRANSCAL) e pelo método dos elementos finitos permitiu
validar as hipóteses simplificadoras adotadas para o desenvolvimento do programa.
A análise estrutural da linha com a consideração do efeito das cargas térmicas
possibilitou a avaliação da influência deste carregamento na resposta estrutural desta linha a
carregamentos de tração e flexão. Deste modo, verificou-se, para os dois casos de
carregamento analisados:
146
CAPÍTULO VI CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
1. A significativa influência da temperatura sobre a rigidez à flexão da linha,
assim como sobre os momentos fletores atuando na região do TDP da linha
analisada e sobre as tensões na carcaça intertravada desta estrutura para a
análise com o carregamento de tração.
2. A pequena influência do carregamento térmico nas rigidezes à tração e à
torção da linha, assim como nos esforços de tração, raios de curvatura, tensões
nas armaduras de pressão e de tração (análise de tração) e nas tensões e
deformações resultantes da análise de flexão.
3. O efeito benéfico para a linha do carregamento térmico na análise de tração,
devido à diminuição da tensão atuante na carcaça intertravada.
Estes resultados, contudo, foram obtidos para dois casos específicos de
carregamento, não sendo possível generalizá-los para qualquer caso de carregamento.
Entretanto, a metodologia proposta neste trabalho permite a quantificação do
efeito das cargas térmicas no comportamento estrutural de linhas flexíveis, possibilitando,
portanto, a quantificação da influência do efeito da temperatura sobre a linha flexível que se
deseja analisar com o caso específico de carregamento que se deseja verificar.
VI.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Visando à aquisição de um maior conhecimento sobre o efeito do carregamento
térmico no comportamento de linhas flexíveis, os seguintes tópicos ficam como sugestões
para trabalhos futuros:
1. Análises experimentais de linhas flexíveis para a avaliação das condições nas
quais o efeito da redução da rigidez à flexão devida ao carregamento térmico
ocasionaria a falha da estrutura.
2. O desenvolvimento de um modelo tridimensional baseado no método dos
elementos finitos, que, com uma modelagem fidedigna das camadas da linha
flexível, possibilite realizar tanto a análise térmica quanto a análise estrutural.
3. A avaliação da extrusão dos plásticos nos interstícios das camadas metálicas
da linha, devido ao aumento das temperaturas das camadas.
147
CAPÍTULO VI CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
4. A consideração da configuração em catenária livre, incluindo o trecho curvo
do riser, em vez da configuração aproximada que foi utilizada no programa
TRANSCAL.
5. A inclusão do regime transiente de escoamento e da possibilidade de análise
de fluidos compressíveis e de fluidos multifásicos no programa.
6. O estudo da variação das propriedades dos polímeros utilizados em linhas
flexíveis com a temperatura.
7. A obtenção das propriedades específicas do fluido transportado na linha, de
modo que seja possível realizar uma análise mais realística do fenômeno de
transferência de calor.
8. A obtenção da rugosidade da carcaça intertravada.
148
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