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  • Mrcia Gorette Lima da Silva

    Adriana Mohr

    Magnlia Fernandes Florncio de Arajo

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    TEMAS DE ENSINO E FORMAO DE PROFESSORES DE CINCIAS

  • TEMAS DE ENSINO E FORMAO DE PROFESSORES DE CINCIAS

  • Mrcia Gorette Lima da SilvaAdriana MohrMagnlia Fernandes Florncio de Arajo

    Natal/RN, 2012

    TEMAS DE ENSINO E FORMAO DE PROFESSORES DE CINCIAS

    Organizadoras

  • Diviso de Servios Tcnicos Catalogao da Publicao na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

    Temas de ensino e formao de professores de cincias / organizao Marcia Gorette Lima da Silva, Adriana Mohr, Magnlia Fernandes Florncio de Arajo. Natal, RN : EDUFRN, 2012.

    208 p.

    ISBN 978-85-7273-884-2

    1. Formao de professores. 2. Ensino. 3. Cincias. I. Silva, Marcia Gorette Lima da. II. Mohr, Adriana. III. Arajo, Magnlia Fernandes Florncio de. CDD 371.3RN/UF/BCZM CDU 371.13

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    Reitorangela Maria Paiva Cruz

    Vice-ReitoraMaria de Ftima Freire Melo Ximenes

    Diretora da EDUFRNMargarida Maria Dias de Oliveira

    Conselho EditoralCipriano Maia de VasconcelosHerculano Ricardo CamposHumberto Hermenegildo de ArajoJohn Andrew FossaMnica Maria Fernandes OliveiraTnia Cristina Meira GarciaTecia Maria de Oliveira MaranhoVirgnia Maria Dantas de ArajoWillian Eufrsio Nunes Pereira

    EditorHelton Rubiano de Macedo

    RevisoNouraide Queiroz

    Capa e projeto grficoIvana Lima

    Editorao eletrnicaIvana Lima

    Superviso editorialAlva Medeiros da Costa

    Superviso grficaFrancisco Guilherme de Santana

    Imagens da capa:

    Ernst Haeckel e Albrecht Drer (Domnio Pblico)

    Copyright 2013. Todos os direitos desta edio reservados EDUFRN Editora da UFRN Av. Senador Salgado Filho, 3000 | Campus Universitrio | Lagoa Nova | 59.078-970 | Natal/RN | BrasilE-mail: [email protected] | www.editora.ufrn.br | Telefone: 84 3215-3236 | Fax: 84 3215-3206

  • Sumrio

    Apresentao 7

    Captulo 1 10 ANOS DO MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA DA UFRN: REVELANDO NOVAS FRONTEIRAS

    Mrcia Gorette Lima da Silva

    Claudianny Amorim Noronha

    Magnlia Fernandes Florncio de Arajo 9

    Captulo 2 COMUNICAR E CONHECER TRABALHOS CIENTFICOS NA REA DA PESQUISA EM ENSINO DE CINCIAS: O IMPORTANTE PAPEL DOS PERIDICOS CIENTFICOS

    Adriana Mohr

    Sylvia Regina Pedrosa Maestrelli 27

    Captulo 3 UNIDADES DE ENSINO POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVAS UEPS

    Marco Antonio Moreira 45

    Captulo 4 A DIFUSO DA QUMICA VERDE PARA A EDUCAO QUMICA ESCOLAR: UM ESTUDO DA EXPERINCIA ITALIANA COM A REVISTA GREEN

    Carlos Alberto Marques

    Franciele Drews de Souza 73

    Captulo 5 DISCUTINDO OS LIMITES E AS POSSIBILIDADES DO ENSINO DE GENTICA ESCOLAR

    ATRAVS DA RESOLUO DE PROBLEMAS

    Lcio Ely Ribeiro Silvrio

    Sylvia Regina Pedrosa Maestrelli 103

    Captulo 6 O QUE DIZEM OS PREFCIOS DOS LIVROS DE QUMICA GERAL DE ENSINO SUPERIOR SOBRE O CONCEITO DE ENERGIA?

    Carlos Neco da Silva Junior

    Mrcia Gorette Lima da Silva

    Fabiana Roberta Gonalves e S. Hussein 123

    Captulo 7 UMA PROPOSTA DIDTICA PARA TRABALHAR A ESTRATGIA DE RESOLUO DE PROBLEMAS NA FORMAO DE PROFESSORES DE QUMICA

    Melquesedeque da Silva Freire

    Mrcia Gorette Lima da Silva 137

  • Captulo 8 DESARROLLO DE UNA UNIDAD DIDCTICA PARA EL ESTUDIO DE LOS PROCESOS DE OXIDACIN-REDUCCIN EN EL PRE-UNIVERSITARIO: CONTRIBUCIONES DE LA TEORA

    DE P. YA. GALPERIN

    Isauro Beltrn Nez

    Betania Leite Ramalho 153

    Captulo 9 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DE ELETROQUMICA SEGUNDO LICENCIANDOS DE QUMICA

    Carlos Neco da Silva Jnior

    Melquesedeque da Silva Freire

    Mrcia Gorette Lima da Silva 181

    Captulo 10 A AULA-DILOGO COMO ESTRATGIA INTERDISCIPLINAR DE ENSINO: UM EXEMPLO DE FORMAO CONTINUADA NA ESCOLA

    Maria da Glria Fernandes Albino

    Magnlia Fernandes Florncio de Arajo 193

  • Apresentao

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    O livro Temas de Ensino e Formao de Professores de Cincias, que com grande satisfao apresentamos, insere-se nas aes previstas pelo projeto Ensino de Cincias e Cultura: revelando novas fronteiras, financiado pelo Edital Casadi-nho do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq). O referido Projeto tem se apoiado, desde 2008, em uma parceria entre pesquisadores do Programa de Ps-Graduao em Ensino de Cincias Naturais e Matemtica da Universidade Federal do Rio grande do Norte (PPGECNM-UFRN) e pesquisadores do Programa de Ps-Graduao em Educao Cientfica e Tecnolgica da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGECT-UFSC). O programa da UFRN, em busca de sua consolidao, e avaliado pela Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES) com nota 4, no ltimo trinio, tem recebido apoio do programa da UFSC, avaliado com nota 5.

    Os pesquisadores participantes desse projeto vm atuando na rea de pesquisa em Ensino de Cincias Naturais. Os interesses mtuos contriburam para o fortalecimento e a consolidao do Grupo de Pesquisa Ensino de Cincias e Cultura, da UFRN e reve-laram que tal iniciativa desdobrou-se, para alm das interaes acadmico-cientficas, em atitudes de solidariedade e amizade.

    Nesse contexto, a publicao que ora se apresenta rene trabalhos dos participantes do projeto e de reconhecidos profissionais com os quais mantemos profcuo dilogo. Refletem as interaes, os debates, as discusses e os estudos realizados, ao longo de trs anos, entre pesquisadores e orientandos de ambos os programas de ps-graduao.

    As contribuies envolvem produes relacionadas ao mestrado profissional e acad-mico desenvolvidas pelos autores, que esperamos possam contribuir para aprendizados e novas questes de pesquisa e debates tanto no mbito da pesquisa em Ensino de Cincias, quanto no cotidiano de professores do ensino bsico e superior em suas salas de aula.

    O contedo do livro estrutura-se a partir de captulos cuja discusso geral para a rea da pesquisa em Ensino de Cincias. Seguem-se textos relativos a questes mais especficas a algumas temticas, objeto de pesquisa dos autores.

    O captulo intitulado 10 anos do Mestrado Profissional em Ensino de Cincias e Ma-temtica da UFRN: revelando novas fronteiras consiste no relato de um estudo de an-lise, descrio e avaliao da produo acadmica do Programa de Ps-Graduao em Ensino de Cincias Naturais e Matemtica da UFRN, apresentando a trajetria desse curso na modalidade mestrado profissional desde sua criao at os dias atuais.

    O captulo Comunicar e conhecer trabalhos cientficos na rea da pesquisa em Ensino de Cincias: o importante papel dos peridicos cientficos o reflexo da interao entre os pesquisadores membros do projeto. Apresenta aspectos relacionados aos peridicos da rea de pesquisa em Ensino de Cincias e seu uso nas investigaes nesse campo.

    Entre as contribuies para a formao de professores encontra-se o captulo Uni-dades de Ensino Potencialmente Significativas o qual discute a construo de uma se-quncia didtica fundamentada em teorias de aprendizagem, particularmente, a da aprendizagem significativa, alm de apresentar exemplos.

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    Os captulos seguintes referem-se a relatos de pesquisa de ps-graduandos de am-bos os grupos (PPGECT-UFSC e PPGECNM-UFRN) que foram discutidos de forma colaborativa. Assim, no captulo Aspectos cientficos e pedaggicos na difuso da Qu-mica Verde para a Educao Qumica Escolar: um estudo da experincia italiana com a Revista Green, os autores discutem uma pesquisa relativa a aspectos epistemolgicos e pedaggicos contidos em discusses de temas e de propostas dirigidas educao qumica escolar, para a abordagem de questes ambientais orientadas, por postulados da Qumica Verde.

    Em Discutindo os limites e as possibilidades do ensino de gentica escolar atravs da resoluo de problemas so apresentados resultados do estudo sobre a resoluo de alguns problemas tpicos de gentica por um grupo de alunos do Ensino Mdio, anali-sando as estratgias empregadas na resoluo das questes e refletindo criticamente sobre sua aplicao de forma mais significativa para os alunos.

    No captulo intitulado O que dizem os prefcios dos livros de Qumica geral de ensino superior sobre o conceito de energia?, os autores apresentam uma anlise do prefcio de livros didticos de Qumica Geral, direcionados ao Ensino Superior, com o objetivo de ca-racterizar as orientaes dadas ao conceito de energia para o estudo dos sistemas qumicos.

    Os autores de Uma proposta didtica para trabalhar a estratgia de resoluo de pro-blemas na formao de professores de Qumica apresentam uma sequncia de atividades baseadas na estratgia de resoluo de problemas para trabalhar na formao inicial da licenciatura em Qumica.

    Desarrollo de una unidad didctica para el estudio de los procesos de oxidacin--reduccin en el pre-universitario: contribuciones de la teora de P. Ya. Galperin um captulo que apresenta os fundamentos de atividades baseadas em referencial terico para abordar conceitos qumicos no Ensino Superior. Em continuidade ao tema, o ca-ptulo Dificuldades de aprendizagem no ensino de eletroqumica segundo licenciandos de Qumica relata uma pesquisa desenvolvida no Ensino Superior.

    Por fim, no captulo A aula-dilogo como estratgia interdisciplinar de ensino: um exemplo de formao continuada na escola, as autoras apresentam uma proposta de abordagem coletiva de elaborao e desenvolvimento de aulas de cincias, de maneira interdisciplinar, desenvolvida durante o mestrado profissional.

    A articulao da pesquisa em Ensino de Cincias e a sala de aula das disciplinas cor-relatas sempre foi um desafio. Acreditamos que o dilogo e a colaborao mtua nesses campos do-se a partir da slida formao inicial e continuada de professores e da atu-ao desses como investigadores de sua prtica. A expectativa que os textos presentes neste livro, fruto da ao conjunta dos autores (pesquisadores e professores), seja pro-fcua fonte de pesquisas e inspirao de novos trabalhos nessa perspectiva colaborativa.

    As organizadoras

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    10 ANOS DO MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA DA UFRN: REVELANDO NOVAS FRONTEIRAS

    Mrcia Gorette Lima da Silva Claudianny Amorim Noronha

    Magnlia Fernandes Florncio de Arajo

    Algumas caractersticas do mestrado profissional

    Os mestrados profissionais (MPs) no Brasil so cursos de ps--graduao Stricto Sensu voltados para o campo profissional, isto , referem-se pesquisa aplicada. Essa modalidade de curso foi regulamentada pela Portaria Normativa no 7 publicada em 23 de ju-nho de 2009, pelo Ministrio da Educao (MEC) e pela Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES), a qual estabe-lece normas especficas de credenciamento e avaliao. No que refere, particularmente, rea de Ensino de Cincias e Matemtica criada em setembro de 2000, pela Capes , os MPs foram criados em 2001.

    Entre as caractersticas desses cursos destacamos: o corpo docente, o prazo de concluso do curso e o trabalho de concluso da dissertao. Com relao ao corpo docente, a Portaria no 7 permite, alm de doutores, a participao equilibrada outros profissionais (mestres, por exemplo) que tenham experincia em pesquisa aplicada ao desenvolvimento e inovao com reconhecimento pela rea objeto de estudo. O prazo de concluso para os MPs de 36 meses e quanto ao trabalho de concluso prev, segundo o art. 7, diferentes formatos, tais como:

    3 O trabalho de concluso final do curso poder ser apresentado em diferentes formatos, tais como dissertao, reviso sistemtica e aprofundada da literatura, artigo, patente, registros de propriedade intelectual, projetos tcnicos, publicaes tecnolgicas; desenvol-vimento de aplicativos, de materiais didticos e instrucionais e de produtos, processos e tcnicas; produo de programas de mdia, editoria, composies, concertos, relatrios finais de pesquisa, sof-twares, estudos de caso, relatrio tcnico com regras de sigilo, manu-al de operao tcnica, protocolo experimental ou de aplicao em servios, proposta de interveno em procedimentos clnicos ou de servio pertinente, projeto de aplicao ou adequao tecnolgica, prottipos para desenvolvimento ou produo de instrumentos, equi-pamentos e kits, projetos de inovao tecnolgica, produo artstica; sem prejuzo de outros formatos, de acordo com a natureza da rea e a finalidade do curso, desde que previamente propostos e aprovados pela CAPES (BRASIL, 2009, p. 31).

    CAPTULO 1

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    Pesquisadores brasileiros sinalizam que, mesmo com o esforo e crescimento dos programas de ps-graduao no Brasil, em termos de produo de conhecimento, voltados principalmente, para a prtica do profissional, ainda pouco expressivo o impacto desse no sistema escolar (MOREIRA, 2004).

    Para Fischer (2003), o mestrado profissional tem o carter de inovao e reconstru-o do modelo tradicional de ensino. J o MEC, no documento referencial para forma-o de professores (BRASIL, 1999), prope que a formao seja orientada por alguns pressupostos, e um deles o desenvolvimento de competncias profissionais, por meio de metodologias pautadas na articulao teoria e prtica, na resoluo de situaes problema e na reflexo sobre a atuao profissional (MATOS; SILVA; ARAJO, 2011).

    Segundo Moreira (2004), o que caracteriza essa modalidade de mestrado uma es-trutura curricular que articule o ensino com a aplicao profissional. O autor defende os mestrados profissionais em ensino e aponta 4 reas relevantes que necessitam de aes entre elas; cita a formao de professores para a educao bsica e para o Ensino Superior que enfatiza disciplinas de contedo especfico.

    Nesse sentido, Moreira argumenta que os MPs tm possibilidade de formar pro-fissionais na perspectiva do ensino e no somente da pesquisa, destacando-se dos mestrados acadmicos. Espera-se no mestrado profissional que: haja reflexo a partir da prtica profissional convergindo com seu objeto de estudo na ps-graduao; a estrutura curricular seja voltada para a preparao e aplicao no campo de atuao profissional do mestrando; o relatrio da dissertao envolva uma proposta de ao profissional (produto), a qual possa promover impacto, de certa forma, imediato, no campo especfico de atuao (MOREIRA, 2004; RIBEIRO, 2009). Cabe destacar que Moreira foi um dos articuladores da criao dos mestrados profissionais em Ensino de Cincias e Matemtica no Brasil.

    O enfoque nos mestrados profissionais revela ainda outras questes que mere-cem esclarecimento, entre elas: a populao-alvo desses cursos (preferencialmente, professores em exerccio); a organizao das atividades didticas, em poucos dias da semana, de forma a favorecer a participao dos professores em exerccio, a incluso na estrutura curricular de disciplinas de contedo especfico de modo que enfatizem no somente o conhecimento especfico, mas tambm a fenomenologia e a transposio didtica, o acompanhamento por parte do orientador da prtica profissional fomentan-do questes de reflexo e estudo a partir dessa vivncia, a questo de pesquisa dirigida ao desenvolvimento e aplicao do conhecimento, isto , em pesquisa aplicada e no bsica (produo de conhecimento).1

    Em linhas gerais, espera-se que o egresso de um mestrado profissional em ensino (Cincias e Matemtica) incorpore em sua prtica profissional as discusses da pes-quisa na rea e, ao utilizar o produto que desenvolve nessa modalidade de curso, possa vir a diminuir o distanciamento entre a pesquisa e a sala de aula (CEVALLOS, 2011). Assim, o trabalho de concluso dos MPs deve ser uma pesquisa aplicada, descrevendo o desenvolvimento de processos ou produtos de natureza educacional, visando me-lhoria do ensino na rea especfica, sugerindo-se fortemente que, em forma e contedo, esse trabalho se constitua em material que possa ser utilizado por outros profissionais.

    1 Para saber mais ver Moreira e Nardi (2009).

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    Mestrados Profissionais

    Mrcia Gorette Lima da Silva, Claudianny Amorim Noronha e Magnlia Fernandes Florncio de Arajo 11

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    A portaria explicita que, nos MPs, o produto final pode ser um trabalho de investi-gao, uma proposta de ao e/ou uma interveno, voltado para um tema aplicado ou uma soluo de problema. O desenvolvimento do produto educacional implica consi-derar o referencial terico e metodolgico da rea.

    Apesar de a rea de Ensino de Cincias e Matemtica j est consolidada no pas h quase 40 anos e sua consolidao junto a Capes ter pouco mais de 10 anos, observa--se um crescimento nessa modalidade de mestrado. Dos 70 cursos de ps-graduao (mestrado acadmico, mestrado profissional e doutorado), 35 so profissionais. O Gr-fico 1, a seguir, ilustra a distribuio de mestrados profissionais em ensino (Cincias e Matemtica) no pas.

    Grfico 1 Distribuio dos mestrados profissionais em ensino por regio

    Fonte: Capes, 2011.

    Essa modalidade, segundo alguns autores (MALDANER, 2008; SILVEIRA; PINTO, 2005), a mais promissora na formao dos professores em exerccio e requer um olhar especial dada sua importncia para uma rea estratgica de desenvolvimento da educao no pas. A proposta desses cursos de elevar o nvel de compromisso e competncia dos professores com a educao bsica, alm de aproximar as pesquisas desenvolvidas no Ensino de Cincias realidade e ao contexto escolar.

    nesse contexto, na modalidade de mestrado profissional, que se insere o Programa de Ps-Graduao em Ensino de Cincias Naturais e Matemtica da Universidade Fe-deral do Rio Grande do Norte (UFRN), cujo histrico de sua criao e as caractersticas do curso so apresentadas, resumidamente, a seguir.

  • 10 ANOS DO MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA DA UFRN: REVELANDO NOVAS FRONTEIRAS12

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    O mestrado profissional em Ensino de Cincias e Matemtica da UFRN

    O Programa de Ps-Graduao em Ensino de Cincias Naturais e Matemtica (PP-GECNM) est vinculado ao Centro de Cincias Exatas e da Terra (CCET) da UFRN. Iniciou as discusses para sua criao em 2001 e as atividades em 2002. Foi o primeiro mestrado profissional criado no Nordeste do pas. Em seu percurso de dez anos de criao, recebeu como mestrandos, professores em exerccio do Rio Grande do Norte, Cear, Paraba, Pernambuco, Piau e Par. O grupo que participou das discusses de criao foi constitudo, na maioria, por docentes com doutorado em Educao, e tambm contou com a participao de outros profissionais da UFRN que possuam formao especfica tinham alguma produo na rea de Ensino de Cincias e Matemtica. A atuao de pesquisa e extenso desse grupo era, basicamente, na escola da rede pblica do Estado, o que os permitia ter algum conhecimento dessa realidade.

    O PPGECNM realiza seleo anualmente, a qual composta por prova escrita, anlise de currculo, entrevista, anlise de um pr-projeto. Tem como pblico-alvo professores em exerccio, preferencialmente, da rede pblica, nas reas de Cincias, Fsica, Biologia, Qumica, Matemtica e reas afins. Dessa forma, no processo seletivo, h uma pontuao diferenciada para profissionais que atuam na rede pblica, en-tretanto, aceita caso haja vagas disponveis e sem ultrapassar 15% do total de vagas oferecidas professores sem experincia.

    O tempo mximo de titulao de 3 anos (36 meses). No primeiro ano, o mestran-do apresenta publicamente seu projeto de pesquisa e a proposta de produto, o qual discutido com um grupo de docentes do curso que, por sua vez, apresenta questes de reflexo que consideram a prtica profissional do mestrando, dentre outros; no segundo ano, h a qualificao, apresentada a uma banca examinadora composta por trs docentes do prprio Programa ou convidados, que avalia o texto e o produto em desenvolvimento; e, no terceiro ano, a defesa da dissertao, cuja banca conta sempre com, no mnimo um membro externo UFRN como examinador.

    Entre os objetivos formativos do PPGECNM, incluem-se: atender necessidade e demanda crescentes de qualificao de professores; promover aos ps-graduandos embasamento de contedos cientficos e de metodologias de ensino atuais; instru-mentalizar os ps-graduandos de modo que tenham autonomia para refletirem e re-dimensionarem sua prtica pedaggica e produzirem conhecimentos que possam ser difundidos no Ensino de Cincias Naturais e Matemtica; criar condies de continui-dade de estudos, pesquisas e formao profissional de modo a estabelecer um dilogo contnuo entre o saber cientfico e o saber escolar; enfatizar a interdisciplinaridade como um fator essencial formao e ao exerccio profissional dos ps-graduandos; contribuir para um maior intercmbio com outras instituies de ensino e pesquisas nacionais e internacionais.

    Com esses objetivos, o PPGECNM almeja contribuir com a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem, por meio da formao dos professores que atuam no siste-ma educacional, principalmente, na Educao Bsica e pblica. Assim, desde a criao, participaram da seleo do PPGECNM aproximadamente 800 candidatos.

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    No Grfico 2, observamos que a procura pelo mestrado profissional, nesse caso es-pecfico, pelo PPGECNM, aumentou de forma significativa nos ltimos anos, quando comparado com os quatro primeiros anos de seleo.

    Grfico 2 Mdia de candidatos na seleo anual do PPGECNM

    Fonte: elaborado pelos autores deste artigo.

    Nesse Grfico, observamos que a procura pelo mestrado profissional vem aumen-tando de forma significativa nos ltimos anos.

    O PPGECNM conta com a participao de professores dos Institutos de Qumica, de Fsica, dos Departamentos de Matemtica, deMicrobiologia e Parasitologia, do Cen-tro de Educao e da Secretaria de Educao a Distncia da UFRN que atuam com a formao de licenciandos.

    O corpo docente conta atualmente2 com 22 doutores, sendo 16 do quadro permanente e 6 colaboradores (PPGECNM, 2012), todos licenciados (Fsica, Qumica, Biologia, ou Matemtica) e com atuao tanto no curso presencial como na modalidade a distncia. Dentre esses, 16 possuem doutorado em Educao ou rea afim (Ensino de Cincias ou Histria e Filosofia da Cincia ou educao matemtica) e 6 com doutorado em campo de conhecimento especfico, mas com produo na rea de Ensino de Cincias e Matemtica. Apesar de a Portaria n 7 permitir profissionais com outra titulao, o Colegiado do curso decidiu pela composio do corpo docente apenas por doutores.

    O curso possui uma rea de concentrao, Ensino de Cincias Naturais e Matem-tica e organiza-se em trs linhas pesquisas, a saber: Histria, Filosofia e Sociologia da Cincia no Ensino de Cincias Naturais e da Matemtica, Educao em Astronomia e Cincias da Terra, Ensino e Aprendizagem de Cincias Naturais e Matemtica. Res-pectivamente, a primeira enfatiza questes relacionadas Histria, Filosofia e Socio-logia das Cincias e da Matemtica e ao seu uso como estratgia didtica, focaliza a contribuio desses elementos ao processo de ensino e de aprendizagem das Cincias Naturais e da Matemtica, bem como formao de professores. A segunda linha,

    2 Dados de dezembro de 2011, disponveis em: .

  • 10 ANOS DO MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA DA UFRN: REVELANDO NOVAS FRONTEIRAS14

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    por sua vez, dedica-se investigao dos processos de ensino e de aprendizagem de Cincias Naturais, com nfase em contedos de Astronomia, Cincias Espaciais e da Terra, tendo como base a Etnoastronomia e a Astronomia Cultural, numa perspectiva socioambiental. Por fim, na terceira linha esto inseridos estudos que visam a desen-volver metodologias e estratgias para o ensino e aprendizagem relativos Educao Bsica e ao Ensino Superior, bem como formao inicial e continuada de professores.

    A estrutura curricular inclui disciplinas de natureza pedaggica e epistemolgica e de contedo especfico, algumas vezes, desenvolvidas em parceria com outros programas de ps-graduao da instituio, a exemplo da Ps-Graduao em Qumica e da Ps--Graduao em Educao. Alm das disciplinas, so exigidas atividades de orientao, participao em seminrio de pesquisa, exame de qualificao de lngua estrangeira.

    Com relao ao financiamento, o curso gratuito, apesar de a Portaria n 7 permitir que os MPs sejam autofinanciveis, o entendimento do corpo docente que nosso pblico-alvo so os professores em exerccio (na maioria da rede pblica) e no devem custear sua formao, mas sim, essa, deve ser custeada pelo Estado. A maioria dos do-centes desta classe de ensino ainda possui um reconhecimento salarial desfavorecido, quando olhamos para outras profisses. Assim, misso desse grupo contribuir com a melhoria do ensino pblico do pas e, portanto, questes econmicas no podem constituir impedimento para a formao continuada deles.

    Dentro desse contexto, o PPGECNM tem sido contemplado com bolsas destinadas tanto a professores quanto a ps-graduandos. Essas bolsas provm de diferentes fon-tes de financiamento. A Capes (DS) concede 4 bolsas, as quais so divididas, por esta agncia, em 3 cotas de mesmo valor, beneficiando 12 mestrandos. A partir de 2008, por meio do Programa de Apoio a Planos de Reestruturao e Expanso das Universidades Federais (REUNI), foram concedidas 3 bolsas para mestrandos e, em 2009, foi autori-zada mais uma bolsa. Alm da concesso direta de bolsas para o programa, aquela e outras agncias de fomento tm contribudo com a oferta de bolsas por meio de projetos coordenados por professores do PPGECNM, a exemplo do Observatrio da Educao, Fundao de Amparo a Pesquisa do Rio Grande do Norte (FAPERN) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq).

    A busca de identidade do mestrado profissional em ensino da UFRN

    Ao longo dos dois primeiros trinios (2001-2003 e 2004-2006) de funcionamento do PPGECNM, o MP foi avaliado com conceito 3, pela Capes. Esse resultado refletia, de certa forma, o perfil do PPGECNM. Nesse perodo, muitos equvocos foram cometidos. Alguns relacionados inexperincia do corpo docente e outros de natureza estrutural e de identidade dos mestrados profissionais e, consequentemente, do nosso.

    Esse panorama refletiu em inquietaes por parte do corpo docente que, em busca de super-las, investiu, alm da submisso de projetos para financiamento externo, j mencionados no item anterior, tambm fez proposies para o grupo. Entre estas, destacamos a realizao, em 2006 do 1 Workshop do PPGECNM, que contou com a participao, no apenas da coordenao e dos professores credenciados, como tam-

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    bm de outros docentes interessados em solicitar credenciamento. Nesse evento, foi discutida a parte administrativa e acadmica dos alunos do mestrado. No 2 Workshop, realizado em 2007, a meta foi discutir a produo dos docentes e apresentar o resultado obtido com as decises tomadas naquele primeiro.

    Em abril de 2008, o programa organizou O 1 Encontro de docentes dos Programas da rea de Ensino de Cincias e Matemtica do Norte-Nordeste, contando com a parti-cipao de 25 docentes dos programas da mesma rea de atuao, a saber: Universidade Federal do Par (UFPA); Universidade Estadual da Paraba (UEPB); Universidade Fede-ral Rural de Pernambuco (UFRPE); Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Uni-versidade Federal da Bahia (UFBA) e UFRN. O encontro promoveu, alm da divulgao e socializao das desenvolvidas pelos programas, sugestes de formas de cooperao entre os mesmos; de meios de divulgao e produo docente e discente; organizao de uma revista eletrnica; e organizao do doutorado em rede. Como resultado desta proximidade vrios projetos foram encaminhados buscando recursos para auxiliar na busca da identidade do PPGECNM. Este apoio veio de projetos aprovados em 2008 como Casadinho (CNPq),3 Programa Nacional de Cooperao Acadmica Ao No-vas Fronteiras Procad-NF Capes4 e Observatrio da Educao Capes.5 O resultado desses projetos relaciona-se poltica de articulao e consequente fortalecimento da rea Ensino de Cincias Naturais e Matemtica.

    Entre as questes que permeavam esses projetos, observava-se a preocupao em buscar a identidade do PPGECNM, isto : quem somos? Que produtos esto sendo desen-volvidos? Que especificidade ou eixo comum existe em nossas pesquisas e orientaes? Onde esto nossos egressos? Este captulo tem como objetivo apresentar parte do resultado obtido desses estudos, voltados, em especial, queles decorrentes da descrio, anlise e avaliao das dissertaes defendidas no mbito do PPGECNM, no perodo de 2002 a 2011.

    Descrio, anlise e avaliao das dissertaes produzidas no PPGECNM

    A rea de Ensino de Cincias j consolidada h quase 40 anos, tanto no contexto in-ternacional como nacional, apresenta elevada produo de conhecimento e crescimento dos programas de ps-graduao, a divulgao, o acesso, a incorporao dos resultados das pesquisas pelas escolas da educao bsica e superior, entretanto, a formao de mestres e doutores na regio Nordeste, ainda limitada. Ao mesmo tempo, necessrio considerar que, medida que o nmero de pesquisas aumenta e cresce o volume de informaes, a rea de investigao vai adquirindo densidade, surgindo a necessidade de avaliarmos criticamente o que j foi feito.

    3 Projeto aprovado pelo edital MCT/CNPq/CT-Infra/CT-Petro/Ao Transversal IV n 16/2008 casadinho, em parceria com a Ps-Gra-duao em Educao Cientfica e Tecnolgica (PPGECT) da UFSC e tem como objetivos criar condies para a associao de projetos de pesquisa; identificar novos tpicos potenciais de pesquisa; incrementar a formao ps-graduada de nossos docentes e ps-graduandos; recuperar e incrementar a infraestrutura necessria para a pesquisa na rea de Ensino de Cincias. Dessa forma, pretende-se promover o fortalecimento do grupo de pesquisa envolvido no Ensino de Cincias e na melhoria da educao bsica brasileira.

    4 Projeto em parceria com a Ps-Graduao em Educao Matemtica da Universidade Estadual Paulista Jlio Mesquita Filho (UNESP--Rio Claro) intitulado Rede de Cooperao Acadmica em Educao Matemtica e Histria da Matemtica UFRN-UNESP-RC.

    5 Projeto tem como objetivo realizar estudos de descrio, anlise e avaliao da produo acadmica dos Programas de Ps-Graduao em Ensino de Cincias e Matemtica da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Universidade Estadual da Paraba, bem como investigar as contribuies da formao continuada, a nvel stricto sensu, de professores egressos para a melhoria da qualidade da Educao Bsica.

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    Isso pressupe, entre outras coisas, uma anlise descritiva do conjunto dessa produ-o, visando a uma avaliao quali-quantitativa do campo de pesquisa. Isto , conhecer as pesquisas dedicadas ao estudo de um conjunto determinado de investigaes sobre uma rea, um tema de interesse especfico ou ainda um campo especfico de estudo: o estado da arte.

    Segundo Megid Neto e Pacheco (2001), so trabalhos de reviso de literatura que analisam a evoluo histrica da produo, tendncias temticas e metodolgicas, os principais resultados das investigaes, problemas e limitaes, as lacunas e reas ainda no exploradas, dentre muitos outros aspectos (BEJARANO; CARVALHO, 2000). Parti-cularmente no PPGECNM, esperamos estabelecer um quadro geral sobre a produo dos egressos, os caminhos que tm sido percorridos, as linhas terico-metodolgicas empregadas, os principais resultados encontrados e as efetivas contribuies para a melhoria do ensino de Cincias e Matemtica.

    Assim, o estudo dividiu-se em duas etapas fundamentais: a primeira tem carter essencialmente bibliogrfico, buscando inventariar as produes das dissertaes pro-duzidas no PPGECNM no perodo de 2002 at 2011. Para tanto, foram adaptados des-critores utilizados na produo dos catlogos da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)/FE/Centro de Documentao em Ensino de Cincias (CEDOC) (1998) que tm permitido estudos sistemticos das produes da rea, alm de se constiturem tambm um banco de dissertaes e teses. O Cedoc organiza seus dados por meio dos seguintes descritores: autor e orientador do trabalho; grau acadmico e instituio em que foi produzido/defendido; ano da defesa; rea de contedo do currculo escolar (F-sica, Biologia, Qumica, Geocincias, Educao Ambiental, dentre outras); foco e subfoco temtico; nvel escolar abrangido pelos estudos (MEGID NETO, 1998).

    Para melhor corresponder s especificidades do PPGECNM, introduzimos dois no-vos descritores (ver Quadro 1), a saber: referenciais terico-metodolgicos e o produto. O primeiro vem sendo utilizado por vrios pesquisadores (a exemplo de Kawamura e Salm (1993); Lemgruber (1999); Marandino e Scarpa (1998); Ferreira (2001); Moreira (2003); Slongo (2004), entre outros) na anlise de produes acadmicas. Esse descritor permite-nos perceber as contribuies e o enquadramento dos referenciais terico--metodolgicos entre as tendncias na rea de Ensino de Cincias e Matemtica no PPGECNM. Em linhas gerais, a anlise das produes, segundo esses descritores, forne-cer os dados iniciais para a reflexo e identificao de novas perspectivas de pesquisa.

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    Quadro 1 Ficha de caracterizao da dissertao do PPGECNM

    Ano de defesa

    Ttulo:

    Autor: Orientador:

    rea de contedos do currculo escolar:

    Foco temtico:

    Subfoco:

    Sujeitos e nvel escolar a que se destina:

    Instituio onde foi desenvolvida a pesquisa:

    Referenciais terico e metodolgico utilizadosEstratgias Metodolgicas/Interveno:Instrumentos: Anlise dos Resultados:

    Resumo:

    Produto apresentado: Sim ( ) No ( )Destacado ( ): Comentrio em anexo ou em apndicePresente no corpo da dissertao ( ) Tipo de produto:

    Local de divulgao:

    Instituio em que o egresso atua:

    Fonte: elaborado pelos autores deste artigo.

    J o segundo descritor introduzido refere-se particularmente aos mestrados profis-sionais, visto que o desenvolvimento do produto da dissertao uma das condies prevista na Portaria n 7. O trabalho de concluso de curso, segundo Moreira e Nardi (2009), constitui-se em um relato de uma experincia e interveno com uso de estra-tgias/metodologia de ensino ou produtos de natureza educacional, preferencialmente apresentando os resultados. J o produto da dissertao pode ser, por exemplo: objetos de aprendizagem (Software, simulaes, hipermdias, etc.), texto didtico para alunos; texto de apoio aos professores; vdeos; equipamentos educacionais; unidades de en-sino; experimentos de bancada, entre outros. Particularmente, esse descritor procura identificar se a dissertao apresenta produto, o tipo de produto, sua apresentao em anexo ou no corpo do trabalho de concluso da dissertao.

    O produto a principal diferena entre os mestrados profissionais (MPs) e os Mes-trados Acadmicos (RIBEIRO, 2005; OSTERMAN; REZENDE, 2009). Segundo Moreira e Nardi (2009), o produto produo tcnica indispensvel para a concluso do mestrado profissional em ensino e deve ser um processo ou ferramenta de natureza educacional que possa ser disseminado, analisado e utilizado por outros professores.

    A segunda etapa deste estudo inclui mapear a localizao geogrfica dos egressos do PPGECNM; identificar o perfil, a atuao profissional e a continuidade na forma-o profissional. Para tanto, foi elaborado um roteiro de entrevista semiestruturada e foram analisadas as falas na busca pela compreenso do significado. Utilizamos alguns elementos da proposta metodolgica da entrevista compreensiva e da multirreferen-cialidade (conforme Matos, Silva e Arajo, 2011). Da primeira, buscamos o forjar de hipteses dos discursos na busca dos ncleos de significados nas falas dos sujeitos,

  • 2004 2006 2008 2014previstoprevisto

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    Cincias e Biologia Qumica MatemticaFsica e Astronomia

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    de significados no explcitos e de possibilidades tericas. Da multirreferencialidade, buscamos perspectivas de relao terica emergentes da fala dos entrevistados (SILVA, 2010; MARTINS, 2004).

    Nos tpicos, a seguir, procuramos descrever a anlise das dissertaes, de acordo com nossas inquietaes, na busca da identidade do mestrado profissional em Ensino de Cincias e Matemtica da UFRN.

    Quais as reas de conhecimento apresentadas nas dissertaes do PPGECNM? Foram produzidas, desde 2002 at 2011, 79 dissertaes (conforme nos demons-

    tra o Grfico 3), e esto previstas para 2012 outras 9 defesas. As dissertaes foram organizadas de acordo com a rea especfica (Ensino de Fsica e Astronomia, Ensino de Cincias e Biologia, Ensino de Qumica e Educao Matemtica) que abordavam, conforme apresentado no Grfico 3.

    Grfico 3 Dissertaes produzidas/a produzir no PPGECNM

    Fonte: elaborado pelos autores deste artigo.

    Observamos, a partir do Grfico 3, um desequilbrio em termos de nmero de disser-taes defendidas na rea de Educao Matemtica e a ausncia na de Biologia, at 2008. Isso em funo do desequilbrio na formao dos docentes credenciados no PPGECNM nesse perodo. Apesar de, desde 2006, j haver posto em prtica a poltica interna para credenciar docentes nessa rea do conhecimento, esse processo envolvia, alm da for-mao do orientador para o mestrado profissional, a sua insero em uma rea cujo foco era o Ensino de Cincias, visto que esses profissionais vinham de uma formao especfica. Assim, em 2006, foi credenciada uma professora, que iniciou suas atividades sendo acompanhada por outro docente mais experiente, e iniciada a formao de um grupo de estudo com outros docentes interessados em se credenciar ao PPGECNM. Em 2009, foram credenciados mais 3 novos orientadores para atuar com a Biologia.

    No se pode deixar de destacar o apoio institucional da UFRN no qual, por meio do Reuni, abre 8 vagas para concurso, distribudas igualmente em Ensino de Biologia, Fsica, Qumica e Matemtica. Dessa forma, havia/h um esforo do corpo docente do

  • Ensino Superior

    Ensino Mdio

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    Ensino Fundamental

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    PPGECNM em aproximar os novos docentes do mestrado profissional. Esses docentes participam de grupos de estudo e das atividades desenvolvidas no mbito do projeto Casadinho/CNPq para o fortalecimento e a consolidao do grupo de pesquisa em Ensino de Cincias do PPGECNM.

    Quais os nveis de ensino em que foi desenvolvida a pesquisa para a dissertao?

    O corpo discente do PPGECNM constitudo essencialmente por professores da educao bsica e superior. A Figura 1 ilustra a distribuio dos nveis de ensino.

    Figura 1 Nveis de ensino das pesquisas desenvolvidas

    Fonte: dados organizados pelos autores deste artigo.

    Pela Figura 1, observamos a nfase em estudos no Ensino Superior, principalmente, relacionados formao em exerccio, com 30 estudos. Cabe destacar que alguns egres-sos desenvolveram seus estudos em dois nveis, por exemplo, no superior e mdio. Por vezes, desenvolviam material didtico ou uma estratgia de ensino, apresentavam para professores em exerccio para posteriormente aplicar na sala de aula do Ensino Mdio. O segundo nvel de ensino mais enfocado foi o mdio, seguindo do Ensino Fundamental.

    Que produto vem sendo desenvolvido no mestrado profissional em ensino da UFRN?

    Como j abordado, nos mestrados profissionais, necessria a apresentao de um produto, do qual, por sua vez, detalhamos alguns esclarecimentos e orientaes sobre a tipologia segundo a Portaria no 07/2009. Observamos nas dissertaes analisa-das a presena do produto, mas chamamos a ateno que nas primeiras dissertaes desenvolvidas no PPGECNM no se observa esse quadro. Muitas vezes, necessrio um processo de aproximao dos orientadores ao mestrado profissional, visto que

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    vivenciaram mestrados e doutorados acadmicos. De certa forma, tal inexperincia reflete na produo do mestrado profissional conforme observamos, na Tabela 1, das 70 dissertaes analisadas, 64 apresentam produto.

    Tabela 1 Tipos de produtos

    Tipo de produto Quantidade

    Unidade de ensino 45

    Ficha de anlise de material didtico 01

    Material de apoio ao professor 02

    Objetos de aprendizagem (vdeo, CD, Tabela, etc.) 08

    Relatrio tcnico 02

    Blog de apoio ao professor 03

    Proposta curricular 03

    No apresentou produto 06

    Total 70

    Fonte: elaborada pelos autores deste artigo.

    Para Moreira e Nardi (2009), o produto de um mestrado profissional em ensino con-siste em uma produo tcnica, podendo ser um processo ou ferramenta de natureza educacional a ser disseminado, analisado e utilizado por outros professores (PRADO; SILVA; ARAJO, 2011).

    Dessa anlise, identificamos dois grupos distintos de produto, a saber: propostas de interveno apresentadas no corpo da dissertao; e o outro consiste no objeto em si, disposto no anexo ou em outro volume independente. Este ltimo comea a refletir o amadurecimento do corpo docente na proposta do mestrado profissional como algo destacvel do corpo da dissertao.

    Quais os focos e subfocos temticos abordados nas dissertaes do PPGECNM?

    Para a caracterizao do foco e subfoco tomamos como base as categorias utilizadas pelo Cedoc para esses descritores (conforme Megid Neto, 1998). Observamos, a partir dessa anlise, um nmero significativo de focos temticos relacionados ao contedo--mtodo e aos recursos didticos que so temas caractersticos dos mestrados profis-sionais em ensino.

    O primeiro foco refere-se, principalmente, a dissertaes que apresentam um m-todo alternativo para abordar um dado conceito cientfico tanto da educao bsica como superior. J o segundo aborda, em geral, propostas de novos recursos didticos, tais como kits experimentais, softwares ou outros meios instrucionais em situaes de ensino. O Grfico 4 apresenta os subfocos identificados na anlise de descrio das dissertaes do PPGECNM.

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    Contedo-mtodo

    Recursos didticos

    Caractersticado aluno

    Caractersticado professor

    Histria da matemtica

    Histriada cincia

    Currculo e programa

    Formao do professor

    Formao de conceitos

    Filosofia da cincia

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    Grfico 4 Focos temticos identificados nas dissertaes do mestrado profissional em ensino da UFRN

    Fonte: elaborado pelos autores deste artigo.

    Com relao aos subfocos, organizamos em cdigos seguindo as categorias propostas pelo Cedoc. Emergiram 9 categorias, sendo que uma delas no constava no acervo do Cedoc por se tratar da rea especfica de Educao Matemtica. A seguir, apresenta-do cada subfoco identificado na anlise de descrio das dissertaes do PPGECNM.

    SF1: trabalhos que propem e/ou aplicam e avaliam novos materiais, kits experi-mentais, softwares ou outros recursos e meios instrucionais em situaes de ensino;

    SF2: trabalhos que propem mtodo alternativo para o ensino de Cincias, ou que descrevem e avaliam prticas pedaggicas e a metodologia de ensino nelas presentes;

    SF3: identificao das concepes do professor sobre cincia, de seu conhecimento espontneo sobre experimentao;

    SF4: identificao do conhecimento prvio do aluno, de suas concepes sobre cincia, conceitos cientficos, etc.;

    SF5: estudos de reviso bibliogrfica em fontes primrias e secundrias que resgatam acontecimentos, fatos, debates, conflitos e circunstncias da produo cientfica em determinada poca do passado remoto e as articulaes entre eles. Necessariamente, esses estudos devem explicitar alguma relao com o ensino na rea de Cincias, como fundamentao de currculos, programas de formao de professores, concepes espontneas dos estudantes e outras implicaes para o processo ensino-aprendizagem;

    SF6: estudos de reviso bibliogrfica em fontes primrias e secundrias que resgatam acontecimentos, fatos, debates, conflitos e circunstncias da produo cientfica em determinada poca do passado remoto, e as articulaes entre eles. Necessariamente, esses estudos devem explicitar alguma relao com o ensino na rea de Matemtica, como fundamentao de programas de formao de professores e outras implicaes para o processo ensino-aprendizagem;

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    SF7: investigaes relacionadas com a formao inicial de professores para o ensino na rea de Cincias Naturais, no mbito da Licenciatura;

    SF8: comparao de modelos de pensamento com modelos conceituais presentes na histria da cincia;

    SF9: avaliao de propostas curriculares ou projetos educacionais. Proposio e desenvolvimento de programas para uma disciplina ou ciclo escolar completo.O quantitativo dessas categorias esboado no Grfico 5.

    Grfico 5 Subfocos temticos identificados nas dissertaes do PPGECNM

    Fonte: elaborado pelos autores deste artigo.

    Chamamos a ateno para um foco e subfoco que emergiu do nosso estudo: Hist-ria da Matemtica como foco e como subfoco estudos de reviso bibliogrfica em fontes primrias e secundrias que resgatam acontecimentos, fatos, debates, conflitos e circuns-tncias da produo cientfica em determinada poca do passado remoto e as articulaes entre eles. Necessariamente, esses estudos devem explicitar alguma relao com o ensino na rea de Matemtica, como fundamentao de programas de formao de professores e outras implicaes para o processo ensino-aprendizagem. Esses refletem a identidade de um grupo de professores que atuam nesse campo de investigao.

    Onde esto atuando os egressos do PPGECNM?

    Outro aspecto que nos interessa no estudo mapear geograficamente onde se lo-calizam os egressos, onde esto atuando aps a concluso do mestrado profissional. Isto , continuaram investindo na formao profissional? A maioria dos egressos, ao ingressar no mestrado profissional, atuava em escolas da educao bsica. Eles per-manecem nas escolas nesse nvel de ensino e/ou atividade profissional? A Tabela 2 apresenta o local de atuao dos egressos.

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    Tabela 2 Atuao dos egressos aps a concluso do mestrado profissional

    Local de atuao Quantidade

    Institutos federais de educao mdia e superior 22

    Escola de educao bsica da rede pblica 13

    Instituies de Ensino Superior (estaduais e federais) 11

    Outras instituies (ONGs e outras atividades) 06

    Faculdades particulares 02

    Escolas de educao bsica da rede particular 02

    No identificado 13

    Total 61

    Fonte: elaborada pelos autores deste artigo.

    Dos 70 egressos, dos quais analisamos as dissertaes, foi possvel identificar a atu-ao profissional de 61 deles. Desses, apenas 2 encontram-se na regio Centro-Oeste, 2 na regio Norte e os demais na regio Nordeste do pas. Entre os egressos, 7 esto cursando doutorado em educao, 5 cursando doutorado em rea especfica (Qumica, Fsica ou Biologia) e 2 j so doutores em Educao. O nmero pouco expressivo de egressos que continuam investindo na formao profissional pode ser reflexo da oferta de programas de doutorado na regio Nordeste se considerarmos que a grande maioria dos egressos est atuando na rede de ensino da educao bsica. Atualmente,6 entre os cursos reconhecidos pela Capes na rea de ensino, existem 20 cursos de doutorado no Brasil, sendo que apenas 2 so no Nordeste (UFBA e UFRPE). Chamamos a ateno para um dado importante que emerge desse quadro: mais da metade dos egressos no esto nas escolas da rede de ensino da educao bsica. Por exemplo, dos egressos cuja dissertao foi desenvolvida em Ensino de Qumica, apenas um permanece na rede pblica do Ensino Mdio, os demais esto ou nos institutos federais de educao mdia e superior ou em universidades federais ou estaduais.

    possvel revelar caminhos da identidade do mestrado profissional em ensino?

    Reconhecemos, neste captulo, o desafio para realizar um estudo de descrio e anlise das dissertaes como vis na busca da identidade do mestrado profissional em Ensino de Cincias e Matemtica da UFRN. Entendemos que preciso triangular outras fontes para alcanar tal objetivo, por exemplo, considerar a produo acadmica do corpo do-cente e os projetos de pesquisa desenvolvidos, entretanto, em um mestrado profissional a demanda vem expressa por cada novo egresso com uma questo-foco diferenciada que os motiva na busca do desenvolvimento profissional. Esse brilho no olhar e o entusiasmo apresentado por cada um deles no podem ser desconsiderados, gerando sempre um novo desafio ao orientador, o qual se renova a partir das necessidades reais da escola.

    6 Dados obtidos em dezembro de 2011 no endereo .

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    Destacamos que, nesses 10 anos, o mestrado profissional em Ensino de Cincias e Matemtica da UFRN alcanou objetivos com relao ao pblico-alvo, atendendo a uma clientela exclusivamente de professores em exerccio. Quanto ao produto educacional revela um amadurecimento do corpo docente em entender a essncia da concluso do curso do mestrado profissional, ao mesmo tempo em que sinaliza a importncia de atuar como tutores dos novos orientadores que se inserem no grupo. O corpo docen-te ainda pequeno comparado demanda de candidatos que participam da seleo anualmente. So necessrias aes dirigidas a esse pblico que se encontra presente no quadro permanente da UFRN. Aes iniciadas em projetos aprovados com apoio financeiro de agncias como CNPq Casadinho , e Capes Procad-NF, os quais contriburam no somente com a infraestrutura fsica, mas tambm como parte da formao em servio de professores do corpo docente do mestrado profissional assim como daqueles interessados no credenciamento.

    Outro ponto importante o fato de os egressos terem mudado de nvel de ensino. Uma das expectativas do mestrado profissional a melhoria da educao bsica com a insero e proximidade imediata da pesquisa nas salas de aula. Boa parte dos egressos hoje atua como professores-formadores, o que de certa forma, um novo ponto de vis-ta, pois entendemos que o saber da experincia deles contribui de forma significativa na problematizao de questes referentes formao inicial de futuros professores.

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  • 10 ANOS DO MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA DA UFRN: REVELANDO NOVAS FRONTEIRAS26

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    COMUNICAR E CONHECER TRABALHOS CIENTFICOS NA REA DA PESQUISA EM ENSINO DE CINCIAS: O IMPORTANTE PAPEL DOS PERIDICOS CIENTFICOS

    Adriana MohrSylvia Regina Pedrosa Maestrelli

    Breve trajetria e caracterizao da rea de pesquisa em Ensino de Cincias no Brasil

    As preocupaes com o ensino sobre a natureza so muito antigas. Por exemplo, Comenius, em sua Didtica Magna de 1630, men-cionava que a experincia direta dos sentidos com os objetos e com a natureza era um dos princpios para melhores aulas. Quando a Biologia j havia se constitudo em uma rea de conhecimento, o ensino das cincias nas escolas tambm ocupou pesquisadores: por exemplo, Thomas Huxley (1892) empenhou-se para que o ensino das cincias na-turais fosse includo e valorizado nas escolas inglesas. Darwin j havia feito observaes deplorando que o estudo oferecido na escola de seu filho fosse s de humanidades e que a se valorizasse apenas a memori-zao (ATKINS, 1974).

    A pesquisa em Ensino de Cincias (diferentemente da prtica pedag-gica do Ensino de Cincias nas escolas) tem uma histria mais recente. Colinvaux (2008) assinala a dcada de 1970 como marco desta nova era.

    No presente texto, abordaremos apenas aspectos da pesquisa em En-sino de Cincias no Brasil.

    H tempos o Ensino de Cincias como campo de pesquisa tem des-pertado o interesse dos estudiosos brasileiros, mas um marco importante foi a traduo, nos anos 1960, de colees norte-americanas para o En-sino de Fsica, Qumica e Biologia de nvel mdio: Physical Science Study Committee (PSSC), Chemical Bond Approach (CAB) e Biological Sciences Curriculum Study (BSCS).

    As inquietaes de professores e licenciandos com problemas espec-ficos do processo ensino-aprendizagem de conceitos cientficos e com as concepes dos alunos sobre temas relacionados ao conhecimento cien-tfico veiculado em sala de aula impulsionaram os estudos. No incio dos anos 1970 foram realizados os primeiros trabalhos acadmicos em nvel de ps-graduao tratando do tema, apresentados no Instituto de Fsica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e na Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo (USP) (NARDI, 2005).

    CAPTULO 2

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    O primeiro curso de ps-graduao na rea surgiu na USP, em 1973, com a criao do Programa de Ps-Graduao Interunidades em Ensino de Cincias, com a participao do Instituto de Fsica e da Faculdade de Educao. O Instituto de Qumica iniciou sua colaborao naquele pro-grama em 1998, e o Instituto de Biocincias juntou-se a eles em 2005.

    De 1973 a 2000 apenas sete programas de ps-graduao em Ensino de Cincias foram criados, e grande parte dos pesquisadores dessa rea foi formada em Programa de Ps-Graduao em Educao ou em reas especficas da cincia que tinham linhas de pesquisa em Ensino de Fsica, Qumica ou Biologia. Foi tambm significativa a parcela de pesquisadores titulados fora do pas, principalmente na Inglaterra e na Frana, alm daqueles que obtiveram o ttulo de mestre ou doutor em outra rea do conhecimento e depois se dedicaram pesquisa especfica em Ensino de Cincias.

    Dessa forma, o nmero de alunos e professores na rea cresceu bas-tante, e em pouco tempo j havia um considervel grupo de respeitados pesquisadores no Ensino de Cincias. Os objetos de estudo, objetivos, mtodos e os prprios conceitos e conhecimentos utilizados e gerados foram se tornando mais especficos dessa rea, o que passou a distinguir esse grupo de pesquisadores tanto da rea da Educao quanto das ou-tras reas de origem, exigindo um espao prprio para a troca de ideias e produo de conhecimento.

    Essa especificidade o que caracteriza a rea de pesquisa em Ensino de Cincias. Na prtica, ela se materializa em suas associaes cientficas, seus eventos, peridicos e programas de ps-graduao especficos.

    A Associao Brasileira de Pesquisa em Educao em Cincias (ABRA-PEC) foi fundada em 1997. Ela representa os pesquisadores de todas as subreas do Ensino de Cincias e nos congrega em torno de discusses de interesse comum. A Abrapec responsvel pela realizao do Encontro Nacional de Pesquisa em Educao em Cincias (ENPEC), que dever ter sua nona edio em 2013.

    A Sociedade Brasileira de Fsica (SBF), especificamente sua Comisso de Ensino, organiza o Simpsio Nacional de Ensino de Fsica (SNEF) com a vigsima edio prevista para 2013.

    A Diviso de Ensino da Sociedade Brasileira de Qumica (SBQ) res-ponde pela organizao do Encontro Nacional de Ensino de Qumica (ENEQ) com sua dcima sexta edio prevista para 2012.

    A Sociedade Brasileira de Ensino de Biologia a responsvel pelo Encontro Nacional de Ensino de Biologia (ENEBIO) que tem a quarta edio prevista para 2012.

    Tais associaes esto abertas a todos os interessados na pesquisa em Educao em Cincias: professores da educao bsica ou superior, brasileiros e estrangeiros. A filiao de pesquisadores s suas respectivas

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    associaes e sua atuao nelas aspecto importante da vida acadmica e fortalece a rea da pesquisa em ensino.

    As publicaes tambm so importantes veculos para a disseminao das ideias e para a promoo do debate na rea. Elas aparecem no incio da histria da pesquisa em Ensino de Cincias no Brasil, confirmando o interesse dos pesquisadores e a im-portncia do reconhecimento dessa rea de investigao.

    Os primeiros grupos de pesquisa, constitudos por professores, graduandos, ps--graduandos e professores da educao bsica com interesse em investigar e debater processos, fenmenos e elementos relacionados ao Ensino de Cincias tambm come-aram a se formar desde cedo, ainda na dcada de 1960, o que foi um importante fator para o crescimento e fortalecimento da rea. O nmero desses grupos tem aumentado e se espalhado por todo o pas; atualmente, uma rpida consulta ao Diretrio dos Grupos de Pesquisa no Brasil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnol-gico (CNPq) mostra-nos que j existem mais de 500 grupos de pesquisa trabalhando com o Ensino de Cincias no Brasil.

    Assim, em resposta aos anseios dessa comunidade que j discutia o Ensino de Cincias h tantos anos, foi criada em setembro de 2000 uma rea especfica na Coor-denao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES) rea 46: Ensino de Cincias e Matemtica.1 Na poca, a rea era constituda por sete programas de ps-graduao, e em 2010 j contava com 60 programas num total de 78 cursos, assim distribudos: 29 mestrados acadmicos, 19 doutorados e 30 mestrados profissionais. A rea tem sido cada vez mais ampliada, tendo includo subreas, tais que a Educao em Sade e o Ensino de Geocincias.2

    Os peridicos da rea de Ensino de Cincias3

    De acordo com o Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia (IBICT), peridicos so as publicaes seriadas editadas em fascculos com designao num-rica, em intervalos de tempo pr-fixados e por tempo indeterminado. Tais publicaes trazem artigos escritos por investigadores de determinada rea, que antes de serem publicados passam por criteriosa reviso feita por pesquisadores experientes (reviso por pares), o que d credibilidade ao artigo. Tais peridicos so comumente chamados de jornais, revistas ou boletins, mas eles so muito diferentes das publicaes que encontramos em bancas de jornais e revistas, no s pelo contedo e pela linguagem, mas tambm, principalmente, pela reviso por pares.

    1 Em junho de 2011, sem qualquer consulta aos pesquisadores da rea, a direo da Capes extinguiu a rea de Ensino de Cincias e Matemtica e criou em seu lugar a rea de Ensino. Quando da redao desse texto, em novembro de 2011, a situao criada por tal ato (coordenador efetivo, escopo da rea, objetivos, diretrizes para novos programas de ps-graduao e avaliao dos j existentes, programas participantes, dentre outros aspectos) ainda no estavam definidos ou claramente divulgados, razo pela qual, e em pro-testo pelo arbitrrio ato e respeito histria construda, ao longo de mais de 30 anos, optamos por continuar a designar a rea como Ensino de Cincias e Matemtica.

    2 Muitas das informaes e dos dados apresentados nesse item foram retirados de stios das associaes cientficas e do Relatrio de Avaliao Trienal da Capes-2007-2009, publicado em setembro de 2010. Disponvel em: .

    3 Embora a rea 46 da Capes englobe Cincias e Matemtica, trataremos neste texto apenas da rea das Cincias, uma vez que a rea de Matemtica tem um desenvolvimento substancial e especfico que mereceria toda uma abordagem especial, o que no se encaixa nas pos-sibilidades deste captulo inclusive, pela formao e atuao das autoras, contudo acreditamos que os interessados na pesquisa em Ensino de Matemtica podem tambm aproveitar o texto transpondo-o e adaptando-o para a sua rea as informaes e discusses aqui propostas.

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    Assim, os peridicos cientficos tm por objetivo a divulgao de pesquisas acadmi-cas para um pblico especfico, o que pode ser feito inclusive em linguagem prpria, ao passo que os chamados peridicos de divulgao cientfica tm por objetivo disseminar os conhecimentos produzidos pelos pesquisadores para a sociedade em geral, e nesse caso a linguagem deve ser acessvel aos leitores com as mais diferentes formaes.

    A necessidade de os pesquisadores de disseminarem e discutirem suas ideias bastante antiga, e provocou o aparecimento dos primeiros peridicos h quase 350 anos. Rodrigues (1996) nos traz alguns dados interessantes a respeito da origem dos peridicos. O mais antigo peridico conhecido o francs Le Journal des Savans (Figura 1), iniciado em janeiro de 1665 e editado por 319 anos, ou seja, at 1984. Esse peridico foi digitalizado e possvel consult-lo livremente pela internet ().

    Figura 1 Le Journal des Savants

    Fonte: disponvel na internet

    Ainda no ano de 1665, a Sociedade Real de Londres lanou um peridico que publicado at os dias atuais (Figura 2). Inicialmente chamada apenas Philosophical Transactions, em 1887 essa revista foi dividida em duas: Philosophical Transactions of the Royal Society-A, dedicada rea da Matemtica, Fsica e Engenharias; e Philoso-phical Transactions of the Royal Society-B, dedicada s cincias biolgicas.

    A revista foi digitalizada e est disponvel na internet (http://royalsocietypublishing.org/journals) para acesso livre desde o primeiro volume, onde possvel consultar artigos de Charles Darwin, Isaac Newton, Robert Boyle e John Dalton, dentre outros.

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    Figura 2 Philosophical Transactions

    Fonte: disponvel na internet

    A seguir apresentamos um resumido panorama de alguns dos peridicos existentes na rea do Ensino de Cincias.4 Para viso mais ampliada sugerimos consulta ao stio do WebQualis5 (procura na aba rea de conhecimento) e Portal de Peridicos da Capes (trataremos desses assuntos mais adiante neste texto). Alertamos que muitos dos im-portantes peridicos da rea de Ensino de Cincias, especialmente estrangeiros, no constam no Webualis ou no Portal de Peridicos.

    Na rea de pesquisa em Ensino de Cincias, o primeiro peridico editado no Brasil foi a Revista Brasileira de Ensino de Fsica (RBEF), lanada em janeiro de 1979, com o nome de Revista de Ensino de Fsica (REF). Publicado pela Sociedade Brasileira de Fsica, esse peridico destina-se a pesquisadores, alunos de graduao e ps-graduao e professores de Fsica em todos os nveis de escolarizao.

    Pouco tempo depois, em 1984, o Departamento de Fsica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) passou a publicar o Caderno Catarinense de Ensino de Fsica, que permaneceu com essa denominao at 2002, quando passou a se chamar Cader-no Brasileiro de Ensino de Fsica (CBEF). Apesar de ser voltado prioritariamente para os cursos de formao de professores de Fsica, tem sido amplamente utilizado em ps-graduaes em Ensino de Cincias/Fsica e em cursos de aperfeioamento para professores do Ensino Mdio.

    Em 1995, a Sociedade Brasileira de Qumica (SBQ) iniciou a publicao de um pe-ridico voltado especificamente para o professor do Ensino Mdio: a revista Qumica Nova na Escola.

    No ano seguinte, o Instituto de Fsica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), iniciou a publicao de Investigaes no Ensino de Cincias (IENCI),

    4 Muitas das informaes e dados apresentados neste item foram retirados de stios dos peridicos citados.5 O Qualis foi criado para o sistema de avaliao da ps-graduao brasileira e classifica peridicos cientficos onde docentes e discentes

    integrantes dos programas de ps-graduao publicam. O Qualis no abrange a totalidade de peridicos cientficos existentes em uma rea. Para mais informaes sobre o Qualis consultar http://www.capes.gov.br/avaliacao/qualis. WebQualis uma pgina de consulta aos peridicos classificados pela Capes (http://qualis.capes.gov.br/webqualis/).

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    dedicada pesquisa bsica em Ensino de Cincias. Dez anos depois, em 2006, essa mesma instituio, passou a editar tambm a revista Experincias em Ensino de Cincias (EENCI), voltada para a pesquisa aplicada. Este peridico publica apenas trabalhos sobre experincias de ensino implementadas em sala de aula e avaliadas. Atualmente a EENCI editada pelo Grupo de Ensino do Instituto de Fsica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

    Cincia & Ensino foi lanada em 1996 pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Cincia & Ensino (gepCE) ento com apoio da Faculdade de Educao da Unicamp. Em 2006, foi criada a verso eletrnica (on-line) e realizada uma reestruturao da revista, que agora editada por uma comisso constituda por membros de trs grupos de pesquisa, o prprio gepCE/Unicamp, o Discursos da Cincia e da Tecnologia na Educao (DICI-TE) da UFSC, e o Grupo de Pesquisa em Educao Aplicada s Geocincias (GPEAG) do IG/Unicamp. Esse peridico destinado prioritariamente a professores de cincias do Ensino Fundamental e Mdio.

    A revista Cincia & Educao, editada sob responsabilidade do Programa de Ps--Graduao em Educao para a Cincia da Faculdade de Cincias da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP), Campus de Bauru, passou a ser publicada com equipe editorial em 1998. uma publicao voltada para a divulgao de resultados de pesquisas em Educao em Cincias, Matemtica e reas afins.

    O Centro de Ensino de Cincias e Matemtica (CECIMIG) e o Programa de Ps-Gra-duao da Faculdade de Educao da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) so responsveis pela publicao da revista Ensaio Pesquisa em educao em cincias. Criada em setembro de 1999, tem por objetivo disseminar o conhecimento produzido por pesquisadores da rea.

    Dentre os principais peridicos brasileiros na rea da pesquisa em Ensino de Cincias, importante citar ainda a Revista Brasileira de Pesquisa em Educao em Cincias (RBPEC), editada pela Abrapec, que desde 2001 publica os resultados de pesquisas na rea.

    Os peridicos apresentados acima no esgotam os ttulos importantes para a rea. Principalmente depois do ano 2000, vrios outros se juntaram a esses, dedicando-se tanto a temas gerais, como a revista Alexandria, quanto a temas especficos dentro do Ensino de Cincias, como por exemplo, Pesquisa em Educao Ambiental e a Revista Latino-Americana de Educao em Astronomia.

    Alm desses exemplos nacionais, vrios peridicos estrangeiros com diferentes focos tambm so fundamentais fontes de consulta para os pesquisadores da rea. Listamos alguns, a ttulo de exemplo, com data de incio de publicao e pas de edi-o: Studies in Science Education (1974, Reino Unido), International Journal of Science Education (1979, Reino Unido), Enseanza de las Cincias (1983, Espanha), Recherches en Didactique des Sciences et des Technologies (editado de 1985 a 2010 com o nome de Aster, Frana), Science & Education (1992, Austrlia), Revista Electrnica de Enseanza de las Ciencias (2001, Espanha).

    Novamente alertamos que a lista apresentada apenas uma pequena frao dos ttulos existentes. fundamental que o pesquisador conhea e utilize os peridicos que veiculam artigos relacionados ao seu tema de pesquisa, tanto nacionais quanto estrangeiros.

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    A reviso bibliogrfica nos peridicos da rea do Ensino de Cincias

    Agora que j apresentamos alguns aspectos sobre peridicos cientficos, vamos questo mais importante para as atividades de investigao do pesquisador: o que fazer com eles?

    Conforme j abordamos, o peridico cientfico um dos importantes componentes da cincia, pois ele permite o registro e a circulao de ideias, o que viabiliza a cincia como empreendimento coletivo. Alguns autores chegam a afirmar que um trabalho cientfico s se completa quando da publicao desta investigao.6

    Mas, qual a relao disso com o trabalho de um pesquisador, leitor ou professor da rea do Ensino de Cincias?

    Sempre que nos propomos a trabalhar com certo tema, ou necessitamos verificar o estado atual de conhecimento em determinada rea ou assunto, temos que ter em men-te o caminho j percorrido por outros pesquisadores que se ocuparam anteriormente daquele tema, ou, em outras palavras, o que j se sabe sobre este tema. Para tanto, devemos consultar o acervo de peridicos cientficos da rea. Ele repositrio de infor-maes, pesquisas, conceitos, teorias, que constituem a base da rea de conhecimento na qual cada um de ns trabalha. A consulta a esse repositrio ento fundamental, e condio sine qua non para o trabalho de pesquisa ou atualizao.

    Faz parte da atividade profissional do professor e do pesquisador estar atualizado na sua rea de conhecimento. Assim, a consulta peridica s publicaes muito im-portante. O hbito de acessar mensalmente os stios dos peridicos de maior interesse para a atividade de cada um algo a ser cultivado desde o incio da formao inicial. Com esse procedimento de leitura dos ttulos e resumos dos artigos podemos saber o que est sendo publicado em nossa rea, alm de conhecer, por intermdio da leitura integral de um artigo, alguma pesquisa ou relato de experincia que nos interessa. O acesso aos stios dos peridicos permite-nos tambm, por meio da leitura do editorial, conhecer e atualizarmo-nos sobre questes importantes e atuais em nossa rea de atuao. Tambm nesses locais podemos ler resenhas de livros de interesse.

    Muitos peridicos possuem um sistema automtico de alerta para seus leitores, quando da publicao de um novo nmero. Isso muito prtico, pois recebemos por correio eletrnico o aviso dessa publicao, com a lista de ttulos publicados. Esse servi-o costuma ser gratuito e para beneficiarmo-nos dele, via de regra, necessrio apenas cadastrar nosso endereo eletrnico no campo correspondente no stio do peridico.

    Atualmente, os recursos da internet tornaram as buscas por informaes muito fceis e generalizadas, mas a simples busca na rede atravs do Google ou de outros buscado-res no adequada nos casos de trabalhos acadmicos, seja porque nem todas as infor-maes coletadas pela busca tm validade cientfica ou porque uma busca assistemtica e geral no nos permite conhecer tudo o que necessrio para o trabalho acadmico. Nesse caso, para aproveitar o repositrio de informaes cientficas disponveis, que so aquelas presentes nos peridicos cientficos, para aprofundar-se adequadamente em

    6 Para os interessados em aprofundar a discusso sobre caractersticas e natureza da cincia, bem como sobre o papel dos peridicos, recomendamos a leitura de trabalhos de John Ziman, especialmente seus livros publicados pela Edusp e Editora Itatiaia intitulados Conhecimento pblico (1979) e A fora do conhecimento (1981).

  • COMUNICAR E CONHECER TRABALHOS CIENTFICOS NA REA DA PESQUISA EM ENSINO DE CINCIAS: O IMPORTANTE PAPEL DOS PERIDICOS CIENTFICOS34

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    um determinado assunto, para conhec-lo e desenvolv-lo, necessrio e fundamental fazer uma reviso bibliogrfica. Trabalhos acadmicos (trabalho de concluso de curso, monografias de especializao, dissertaes de mestrado e teses de doutorado) exigem para sua preparao (o projeto) e execuo (o trabalho propriamente dito) o suporte de uma reviso bibliogrfica (ou de literatura) planejada, organizada e sistematizada.

    Reviso de literatura um processo que rene, analisa e discute informao j pu-blicada (UNESCO, 1962). Quando se trabalha com determinado assunto importante conhec-lo com riqueza de detalhes. Assim, ns, como pesquisadores temos de conhe-cer o que j foi pesquisado sobre ele, pois certamente no somos a primeira pessoa a pensar nesse assunto e a cincia um empreendimento coletivo, que se faz conhecendo os colegas e trabalhos que tambm se ocuparam do assunto que nos interessa.

    Nosso trabalho incluir muitos desses autores e trabalhos, pois teremos que nos apoiar em conhecimentos, conceitos e teorias j desenvolvidos e comparar nossos dados e resultados com os de outros pesquisadores, mas conhecer o assunto de nosso interesse no inclui apenas os principais autores importantes para o desenvolvimento de nosso trabalho (e que nesse caso poderiam ser indicados por um pesquisador mais experiente). Conhecer o assunto implica tambm em saber sobre pesquisas e autores que por diversos motivos (inadequao do enfoque de metodologia, dentre outros) no comporo as referncias de nosso trabalho.

    Essa situao a mesma vivida e descrita por Umberto Eco, quando esse autor nos conta sobre a preparao e escrita de seu famoso romance O Nome da Rosa, que nos transporta vida, aos mistrios e problemas vividos em um mosteiro medieval (e muitos interessantes problemas sobre a relao mestre-aprendiz, alm de incurses sobre a natureza do conhecimento):

    Como se v, bastou mobiliar com pouca coisa nosso mundo e j se tem o incio de uma histria. Temos tambm o incio de um estilo... O problema construir o mundo, as palavras viro quase por si ss...

    O primeiro ano de trabalho do meu romance [O Nome da Rosa] foi dedicado construo do mundo. Longas listas de todos os livros que podiam ser encontrados em uma biblioteca medieval. Elencos de nomes e fichas anagrficas para inmeros personagens, muitos dos quais foram depois excludos da histria. Vale dizer que eu tinha que saber tambm quem eram os outros monges que no aparecem no livro; se no era necessrio que os leitores conhecessem, eu devia conhec-los. Quem foi que disse que a narrativa deve fazer concorrncia ao cartrio de Registro Civil? Mas talvez deva fazer concorrncia tambm ao departamento de obras pblicas. Da as longas pesquisas arquitetnicas sobre fotos e projetos na enciclopdia de arquitetura, para estabelecer a planta da abadia, as distncias e at mesmo o n-mero de degraus de uma escada de caracol. Mario Ferreti disse-me certa vez que meus dilogos so cinematogrficos porque duram o tempo exato. Lgico, quando dois de meus personagens falavam andando do refeitrio para o claustro, eu estava escrevendo com a planta debaixo dos olhos, e quando chegavam paravam de falar.7

    Podemos assim perceber que o conhecimento do que vai compor (de forma expl-cita ou implcita) um trabalho cientfico depende de uma ampla viso do autor sobre

    7 Umberto Eco, Ps-escrito ao Nome da Rosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985 (grifos nossos).

  • Adriana Mohr e Sylvia Regina Pedrosa Maestrelli 35

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    seu assunto de pesquisa e isso conseguido por meio de uma cuidadosa e criteriosa reviso bibliogrfica nos peridicos cientficos.

    A reviso bibliogrfica serve para nos aprofundarmos no campo e tema de estudo, conhecermos os trabalhos feitos na rea de interesse, aprendermos com eles, estru-turarmos e dimensionarmos nossa prpria pesquisa a partir de investigaes j rea-lizadas. Alves-Mazzotti (2002) afirma que a questo da reviso bibliogrfica, por no receber a ateno adequada dos pesquisadores, um dos pontos mais problemticos em estudos no campo da Educao.

    Essa atividade deve ser encarada pelo pesquisador como intrinsecamente ligada atividade coletiva da qual faz parte o seu fazer cientfico. O pesquisador deve di-mensionar sua atuao, assumindo ao mesmo tempo tanto uma postura humilde de conhecimento e reconhecimento de seus suportes tericos e autores que o precederam e contriburam para o tema em tela, quanto um altivo sentimento de inovao, que parte do j conhecido e desenvolvido para ir alm e propor o novo. Isso nos lembra da citao utilizada por Astolfi, quando discorre sobre a importncia do conhecimento acumulado pela humanidade:

    E por esta razo que eu retomei esta velha expresso da Idade Mdia de Bernard de Chartres, do sculo XII, que diz: Ns somos anes aninhados nos ombros de gi-gantes. Se ns vemos melhor e mais longe do que eles, no pela melhor qualidade de nossa viso, mas em funo da sua altura gigantesca: ela que renovou a nossa maneira de perceber e compreender as coisas (MOHR; AVILA-PIRES, 2011, p. 174).

    Essa metafrica imagem descreve de uma forma muito potica essa constante pos-tura que deve ser a do pesquisador.

    Etapas e componentes da reviso bibliogrficaA reviso bibliogrfica compe-se de duas etapas: a identificao de artigos rele-

    vantes; e a anlise desses artigos. Na primeira etapa, so identificados os artigos relevantes para a investigao. Essa

    fase imprescindvel (e um grande perigo pensarmos que a se encerra a reviso), mas a etapa seguinte ainda mais importante: a leitura, anlise e utilizao dos artigos identificados. Essa leitura e anlise podem ser realizadas por meio de um fichamento de cada artigo.

    Assim, a etapa de reviso bibliogrfica s estar completa com a anlise do material identificado. Umberto Eco (2008) lembra-nos do perigo de uma reviso bibliogrfica inacabada nos seguintes termos:

    Mas s vezes as fotocpias funcionam como libi. Algum leva para casa centenas de pginas fotocopiadas e a ao manual que exerceu sobre o livro lhe dar a im-presso de possu-lo. E a posse exime da leitura. Isto aconteceu a muita gente. Uma espcie de vertigem do acmulo, um neocapitalismo da informao. Cuidado com as fotocpias: leia-as e anote-as logo aps tir-las (ECO, 2008, p. 95).8

    Dessa forma, fundamental uma leitura atenta e criteriosa dos artigos identificados na primeira etapa da reviso, elaborando fichas de leitura descritivo/analticas e dia-

    8 Atualmente, com a internet, o mesmo mecanismo repete-se com os artigos baixados da rede.

  • COMUNICAR E CONHECER TRABALHOS CIENTFICOS NA REA DA PESQUISA EM ENSINO DE CINCIAS: O IMPORTANTE PAPEL DOS PERIDICOS CIENTFICOS36

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    logando com os autores dos textos identificados ao mesmo tempo em que se elabora o prprio texto. Esses dois assuntos infelizmente fogem ao objetivo deste texto, que apresentar aspectos relativos aos peridicos na pesquisa acadmica na rea de Ensino de Cincias. Indicamos para esses tpicos a leitura de Eco (2008) e Machado (s./d.).

    A reviso bibliogrfica sempre diz respeito busca de textos em peridicos cient-ficos, livros e outras obras sobre o tema de interesse do pesquisador.

    A busca a livros feita geralmente consultando-se catlogos de bibliotecas.Para teses e dissertaes a Capes disponibiliza o Banco de Teses e Dissertaes,

    que cataloga a produo dos programas de ps-graduao brasileiros no stio: .

    Orientaes para realizao de uma reviso bibliogrfica em peridicos

    A identificao dos artigos de interesse publicados em peridicos cientficos pode ser realizada pelo acesso direto aos peridicos ou indiretamente atravs da consulta a bases de dados.

    Busca de artigos de interesse diretamente nos peridicos

    Os peridicos, nesse procedimento, so acessados diretamente em sua forma impres-sa ou on-line e seus sumrios so lidos pelo pesquisador que compila em um relatrio de reviso bibliogrfica os artigos de interesse encontrados.

    Conforme comen