Lock e Hume

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS FACULDADE DE FILOSOFIA AS REPRESENTAÇÕES EM JOHN LOCKE E DAVID HUME PAULO HENRIQUE PINHEIRO DA COSTA Trabalho apresentado como requisito para 2ª avaliação na disciplina Filosofia Moderna II, ministrada pelo Professor Agostinho de Freitas Meirelles. Belém/PA Dezembro/2011

Transcript of Lock e Hume

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CINCIAS HUMANAS

FACULDADE DE FILOSOFIA

AS REPRESENTAES EM

JOHN LOCKE E DAVID HUME

PAULO HENRIQUE PINHEIRO DA COSTA

Trabalho apresentado como requisito para 2 avaliao

na disciplina Filosofia Moderna II, ministrada pelo

Professor Agostinho de Freitas Meirelles.

Belm/PA

Dezembro/2011

O presente trabalho far consideraes acerca da relao das representaes do sujeito com os objetos do conhecimento, atravs, respectivamente, dos Filsofos Empiristas John Locke e David Hume.

Segundo o filsofo John Locke, na experincia que encontramos a origem de todo o nosso conhecimento. Tudo que est em nossa mente passou pelo filtro dos sentidos. Antes de adquirir-mos os dados da experincia a nossa mente como se fosse um papel em branco, uma tbua rasa.

Locke, ao fazer a sua investigao acerca do entendimento humano, delimita a idia como sendo a base fundamental de tal investigao, na medida em que a mesma representa o objeto do entendimento quando o homem pensa, ou seja, para o filsofo, a idia o objeto do pensamento. O contedo de nossos pensamentos so constitudos por idias. Partindo deste princpio, Locke investiga como as idias aparecem em nossa mente.

Antes de falar da forma como se constituem as idias em nossa mente, Locke critica, atravs de vrias consideraes, o inatismo, principalmente o inatismo de Descartes. Para Locke, no existe idias inatas, assim como nenhum conhecimento a priori acerca do mundo. No possumos nenhum conhecimento antes de contados com os objetos exteriores. A nica coisa inata o entendimento, ou seja, possumos, de uma certa forma, uma capacidade, porm, o conhecimento algo que adquirido atravs da experincia.

Para Locke todas as idias derivam da sensao ou da reflexo. Todas as idias surgem dessas duas fontes de conhecimento.

Os sentidos levam para a mente vrias percepes das coisas com diferentes qualidades sensveis. Logo, os objetos das sensaes so uma fonte de idias que dependem dos nossos sentidos para serem encaminhados para o nosso entendimento. A essa fonte de idias Locke chamar de sensao.

A outra fonte de idias a percepo das operaes da nossa prpria mente que se ocupa das idias que j adquiriu da experincia, ou seja, como se a mente tivesse sensaes de si prpria, das suas operaes. como se fosse uma fonte de idias em si mesma, e como, de uma certa forma, no est relacionada diretamente com os objetos externos, a mesma chamada de sentido interno. A essa fonte de idias Locke chamar de reflexo, idias que se constituem a partir das reflexes da mente acerca de suas prprias operaes.

Locke tambm nos fala o que vem a ser as idias simples. Segundo o filsofo, para entendermos melhor a natureza de nosso conhecimento, precisamos observar que existe idias simples e idias complexas.

Segundo Locke, por mais que as diversas qualidades estejam juntas nos objetos apreendidos pelas sensaes, os nossos sentidos conseguem determinar as idias simples, ou seja, cada uma delas sem mistura. As qualidades que impressionam os nossos sentidos criam uma certa uniformidade acerca de um objeto, porm conseguimos ter um percepo de cada sensao envolvida, das vrias idias simples que constituem as qualidades de um objeto.

Para Locke, as idias simples so fornecidas a mente unicamente pela sensao ou pela reflexo. A idia simples perceptiva a que provm da nossa experincia externa. A ideia simples reflexiva aquela que procede da experincia interna. Quando o nosso entendimento est munido com as idias simples que tem o poder de comparar e unir, formado assim, as idias complexas.

Segundo Locke, por mais que nosso entendimento tenha a capacidade de criar idias complexas atravs de associaes de idias simples, o mesmo no tem capacidade de criar ou formar nenhuma outra idia simples que no tenha recebido das sensaes ou das reflexes. O entendimento tambm no poder destruir as idias que l esto, assim como tambm no pode cri-las independente da experincia.

Para Locke, apenas as qualidades que impressionam os nossos sentidos so imaginveis. O homem est limitado a imaginar de acordo com as sensaes que adquire atravs dos cinco sentidos.

Do exposto acima, percebemos que para o filsofo John Locke as representaes esto associadas as idias, e que essas idias representam o objeto de nosso entendimento. As mesmas no podem ser inatas, mas sim adquiridas atravs da experincia. A experiencia a nica fonte de conhecimento, nica fonte de idias. As idias so ora obtidas das sensaes e ora obtidas das reflexes.

O Filsofo David Hume tambm era empirista. Defendia que a nica fonte de todo o nosso conhecimento estava na experincia que nos fornece as impresses.

Segundo Hume, a nossa mente constituda por percepes que so divididas em impresses e idias. As impresses so constitudas pelas nossas sensaes que se caracterizam por possu mais vida e intensidade, de logo percebemos que para Hume no conhecemos as coisas tal como elas so, mas apenas as qualidades sensveis, ou seja, as impresses. As idias so tambm as impresses, porm enfraquecidas pelo tempo. Logo, as idias que ns temos so derivadas das impresses ao mesmo tempo que so estas impresses s que menos fortes.

Para Hume, por mais que o nosso pensamento parea ilimitado, ele se encerra nos limites dos nossos sentidos e da nossa experiencia. Podemos fazer vrias associaes, combinaes e transposies utilizando-se de idias simples, porm tais artifcios da mente esto limitados a utilizar o que podemos conhecer atravs da experincia.

Para Hume h um princpio de conexo entre os diversos pensamentos ou idias do intelecto. Para ele existem apenas trs tipos de conexo entre as idias: a semelhana, a contiguidade de tempo ou lugar, e a causa e efeito.

A conexo por semelhana se d quando vejo um determinado objeto e assemelho-o mentalmente a outro. A conexo por continuidade ocorre quando vejo um determinado objeto e vem a minha mente outros objetos do mesmo gnero. Por fim, a conexo por causa e efeito manifesta-se, por exemplo, diante da ideia que tenho de um ferimento. ideia de ferimento logo associo a de dor, que se me apresenta como sua consequncia natural, no sentido que o ferimento responsvel pela dor.

Determinado esses princpios de conexo entre as idias Hume se depara com a questo de como se fundamenta tais princpios, ou seja, de onde eles vm, qual a base em que os mesmos se estruturam?

Conforme Hume, ns adquirimos uma certa certeza acerca da possibilidade das conexes entre as coisas, como no caso da causa e o efeito, a partir do hbito que adquirimos conforme experimentamos com frequncia e regularidade os fenmenos contnuos no espao e atravs de uma sucesso temporal. essa regularidade entre os fenmenos que o fundamento da nossa certeza acerca das relaes entre causa e efeito. As nossas inferncias de que algo experienciado repetidas vezes ocorrer da mesma forma no futuro fundado no hbito e no numa base racional.

A noo de hbito parece refutar a possibilidade do inatismo das idias. Logo, para Hume, assim como Locke, todo o nosso conhecimento e a posteriori, ou seja, s ocorre atravs de uma experincia.

Percebemos que tanto em Locke como em Hume o nosso conhecimento no ultrapassa o campo da experincia, na medida em que nosso conhecimento e tudo o que concerne a seu respeito est limitado pela realidade emprica, assim como tambm pelos nossos cinco sentidos.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

-HUME, David. Investigao sobre o entendimento Humano e Sobre os Princpios da Moral. Trad: Jos Oscar de Almeida Marques. So Paulo: Editora UNESP, 2004.

- LOCKE, John. Ensaio Acerca do Entendimento Humano. Traduo: Anoar Aiex. So Paulo: Nova Cultura, 1988.