Lona 840 - 02/10/2013

6
lona.redeteia.com Opinião Colunistas Página 5 “É de conhecimen- to geral que aque- les que denunciam traficantes estão sujeitos a ações de violência.” “Será mesmo justo privar o povo de infor- mações sobre a Ope- ração Boi Barrica? Ou mesmo acompanhar as investigações do CNJ contra um pos- sível corrupto?”, Lucas de Lavor O que fazem os estudantes de jor- nalismo depois de formados? Saiba por onde anda o ex-aluno Jeferson Leandro Nunes. Editorial Censura Por onde anda? Notícia Antiga No dia 02 de outubro de 1992 , Fernan- do Collor de Mello renuncia ao cargo da presidência. Edição 840 Curitiba, 02 de outubro de 2013 O compositor se- mianalfabeto e de origem pobre, foi um gênio diante as suas composições que eram escritas, em sua maioria, ins- piradas em aconte- cimentos urbanos,” Halanna Aguiar. Com R$ 50,00 a mais no bolso, su- postamente as pes- soas teriam acesso à cultura. Acho inter- essante essa proposta de democratização da cultura,” Larissa Mayra. MPB Teatro No ar, Toni Casagrande Quando criança, Toni descobriu que queria ser escritor. Por influência do pai, que sempre foi ávido por notícias, e apões pes- quisar a biografia de seus autores favoritos, escolheu o jornalismo como profis- são. Hoje, constrói carrei- ra no radiojornalismo e já publicou quatro livros. Página 4 Katie Muller Obras da Arena são embargadas A decisão foi feita pelo Tribu- nal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) e expedida pelo Ministério Público do Trabalho do Estado do Para- ná. Um relatório apontou ir- regularidades e brechas nas medidas de segurança, ofere- cendo risco grave aos operá- rios. Aproximadamente 900 operários devem estar para- dos hoje. Página 3 Lucilia Guimarães

description

JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

Transcript of Lona 840 - 02/10/2013

Page 1: Lona 840 - 02/10/2013

lona.redeteia.com

Opinião

Colunistas

Página 5

“É de conhecimen-to geral que aque-les que denunciam traficantes estão sujeitos a ações de violência.”

“Será mesmo justo privar o povo de infor-mações sobre a Ope-ração Boi Barrica? Ou mesmo acompanhar as investigações do CNJ contra um pos-sível corrupto?”, Lucas de Lavor

O que fazem os estudantes de jor-nalismo depois de formados? Saiba por onde anda o ex-aluno Jeferson Leandro Nunes.

Editorial Censura Por onde anda?

Notícia AntigaNo dia 02 de outubro de 1992 , Fernan-

do Collor de Mello renuncia ao cargo da presidência.

Edição 840 Curitiba, 02 de outubro de 2013

“O compositor se-mianalfabeto e de origem pobre, foi um gênio diante as suas composições que eram escritas, em sua maioria, ins-piradas em aconte-cimentos urbanos,” Halanna Aguiar.

“Com R$ 50,00 a mais no bolso, su-postamente as pes-soas teriam acesso à cultura. Acho inter-essante essa proposta de democratização da cultura,” Larissa Mayra.

MPB Teatro

No ar, Toni Casagrande

Quando criança, Toni descobriu que queria ser escritor. Por influência do pai, que sempre foi ávido por notícias, e apões pes-quisar a biografia de seus autores favoritos, escolheu o jornalismo como profis-são. Hoje, constrói carrei-ra no radiojornalismo e já publicou quatro livros.

Página 4

Katie

Mul

ler

Obras da Arena são embargadasA decisão foi feita pelo Tribu-nal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) e expedida pelo Ministério Público do Trabalho do Estado do Para-ná. Um relatório apontou ir-regularidades e brechas nas medidas de segurança, ofere-cendo risco grave aos operá-rios. Aproximadamente 900 operários devem estar para-dos hoje.

Página 3

Lucilia Guim

arães

Page 2: Lona 840 - 02/10/2013

2

Expediente

O título deste edito-rial é uma referên-cia a um dos maio-res ícones da cultura pop brasileira, o fil-me Tropa de Elite. A obra foi aqui evoca-da, pois, ao ler as últi-mas notícias do caso do pedreiro Ama-rildo, é muito difícil não se lembrar das peripécias do capitão Nascimento. Segun-do apurado pelo in-quérito, Amarildo de Souza foi asfixiado com sacos plásticos e eletrocutado, tortura que não esteve pre-sente no filme.

O objetivo das tortu-ras ao pedreiro não era pegar o baiano e, sim, exigir informa-ções sobre a localiza-ção de armas e trafi-cantes na parte baixa da favela da Rocinha. Coincidência ou não, o responsável pela operação, o major Edson Santos, rece-beu treinamento do BOPE. Para o azar dos policiais, Ama-rildo sofria de epi-lepsia e não suportou as torturas as quais foi submetido. Os oficiais envolvidos estão sendo indicia-

dos, os mesmos ale-gam inocência.

A história de Ama-rildo é um reflexo da situação da violência e do tráfico de drogas no país inteiro, ainda que o Rio de Janeiro acabe tendo as tra-gédias expostas com mais frequência. As investidas militares contra o tráfico (que são necessárias) têm como efeito colateral danos ao bem estar dos inocentes que estão próximos aos combates.

É de conhecimento geral que aqueles que denunciam trafican-tes estão sujeitos a ações de violência. Mesmo com inves-tigações brutais por parte da polícia, o medo de denunciar os criminosos pode-rosos não consegue encontrar rival a al-tura. Os detentores de informações im-portantes não con-seguem encontrar confiança para dela-tar traficantes. Parte dessa desconfiança é a inegável falta de habilidade dos poli-

Major, isso vai dar m...

Jeferson Leandro NunesPor Onde Anda?

Reitor: José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto Pró-Reitora Acadêmica Marcia SebastianiCoordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira

Professora-orientadora: Ana Paula MiraEditores: Júlio Rocha, Lucas de Lavor e Marina GeronazzoEditorial: Da Redação

ciais em estabelecer relações de confiança com os civis. A outra parte vem da falta de proteção às testemu-nhas. A legislação acaba protegendo o bandido e expondo os inocentes.

O habitante da fave-la se vê mais seguro sob a proteção do traficante do que so-bre a da lei. Enquan-to os criminosos conseguem manter a comunidade fun-cionando, os poli-ciais são aqueles que chegam trazendo a

desordem e o terror para os lares. Como fica bem explicado nos dois filmes do diretor José Padilha.

Essas operações ne-cessitam de testemu-nhas, e testemunhas necessitam de segu-rança. Enquanto for mais seguro contar com os traficantes do que com a polícia, vai ser impossível realizar o sonho de ver favelas verdadei-ramente pacificadas.

Editorial

Formei-me no ano passado (é, pouco tempo), mas já fiz bas-tante coisa no jornal-ismo. Durante o curso, aproveitei algumas oportunidades que, vocês, alunos, não de-vem perder para não arrependerem-se de-pois. Tive a sorte de poucos, não comum aos jornalistas, de sair da faculdade com em-prego garantido, gra-ças a uma forcinha de um professor. Fui contratado para ser repórter de rádio na Agência de Notícias

do Paraná, que divul-ga notícias (milhares) relativas ao governo do Estado. Comecei como repórter, cobrindo pautas, fazendo maté-rias, plantões de fim de semana – peço descul-pa aqui por acabar com o sonho de muitos alu-nos de ter os fins de se-mana livres; não, não acontece conosco – e muita locução. Hoje, faço um trabalho dife-rente. Fui “promovido” a correspondente de rádio de 50 emisso-ras do Paraná. Faço boletins noticiosos ao vivo para todas elas.

Por Onde Anda? Tempo, temperatura, aeroportos e duas ou três notícias. Tudo em dois ou três minutos, no máximo. Poderia escrever páginas sobre a experiência que tive, tenho e pretendo ter aqui. Mas até voltando ao jornal da faculdade, sou tolhido pelo limite de caracteres que, no rádio, é tempo. E tem-po é dinheiro. Como não entendo desse úl-timo, fico por aqui!

Sentado, calado...Lucas de Lavor

e “TV Clube”, os três em Pernambuco. A “Gazeta do Povo”, por quase uma semana, foi impedida de no-ticiar o andamento da investigação que o Conselho Nacional de Justiça faz de Clayton Camargo, com presi-dência conturbada do Tribunal de Justiça do Paraná. Já os noticiá-rios pernambucanos ficaram impedidos pelo presidente da Assembleia Legisla-tiva de Pernambuco, Guilherme Uchoa, de informar sobre um possível tráfico de in-

fluência que Uchoa estaria ligado. Lem-brando que o mesmo foi quem disse não ligar por ter reporta-gens sobre ele, já que nem 1% de seus elei-tores leem jornal.Para estudantes, pro-fissionais da área ou mesmo curiosos do jornalismo, sabem da clássica e irrefutável frase de Biil Kovach e Tom Rosenstiel em “Os Elementos do Jornalismo” que diz sobre o jornalismo: “Fornecer informação às pessoas para que estas sejam livres e

capazes de se autogo-vernar”. Mesmo para quem não se interessa por jornalismo, tam-bém tem certa noção do início da imprensa no Brasil, a “Gazeta do Rio de Janeiro” que servia como meio de divulgação da corte - havia outros jornais, mas eram submetidos a censura quando o conteúdo era consi-derado impróprio-. Em um país que a im-prensa surgiu em um berço duvidoso, cen-sura no século XXI não espanta. A Esfera Pública, con-

ceito trabalhado por Habermas, não teve aqui no Brasil. Cafés, restaurantes, bares: esses lugares de con-fraternização, onde se reuniam viajantes que traziam notícias de diversas partes do mundo no século XVII, simplesmen-te não ocorreu aqui. O que tivemos foi a AI-5, jornais vendi-dos como “A Noite” e periódicos falidos como “A Tribuna da Imprensa”. Relembre-mos: “Fornecer in-formação às pessoas para que estas sejam

livres e capazes de se autogovernar”. Será mesmo justo privar o povo de informações sobre a Operação Boi Barrica? Ou mesmo acompanhar as in-vestigações do CNJ contra um possível corrupto? Ao menos com isso, o “povo que não lê jornal”, devida-mente conscientiza-do, deverá saber em quem não votar nas próximas eleições, ou o que reivindicar em outras manifestações.

A censura de jornais no Brasil no século XXI não surpreen-de muita gente que se limita a balançar a cabeça em sinal nega-tivo e falar “que esse Brasil não tem jeito mesmo”. Em 2010 (debatido até 2012) o jornal “O Estado de São Paulo” foi impedi-do de publicar infor-mações sobre a Ope-ração Boi Barrica. Em 2013, tivemos mais quatro casos: o jornal “Gazeta do Povo”, em Curitiba; o “Jornal do Commercio”, “Diá-rio de Pernambuco”

Page 3: Lona 840 - 02/10/2013

3Notícias do Dia

Obras na Arena da Baixada são paralisadasParalisação se deve a falta de segurança constada pela GMAI, grupo que fiscaliza grandes obras no Brasil. A empresa responsável CAP S/A, caso não cumpra a decisão, poderá ser multada em até R$500 mil reais por dia

As obras da are-na da baixada, estádio Joaquim Américo, foram paralisadas por determinação de embargo imedia-to do Tribunal Regional do Tra-balho do Paraná (TRT-PR). A de-cisão foi expedida pela procuradora do Ministério Pú-blico do Trabalho do Paraná, Marí-lia Massignan e atendida pela Juí-za do TRT Lorena de Mello Rezende Colnago da 23º Vara do Trabalho de Curitiba.Um relatório elaborado pelo Grupo Móvel de Auditoria de Con-dições de Traba-lho em Obras de I n f r a e s t r u t u r a do Ministério do Trabalho e Em-prego (GMAI), que avalia gran-des obras em todo o Brasil, foi o mo-tivo de uma deci-

Lucas de Lavor

são de uma Ação Civil Público ajui-zado pelo Minis-tério Público do Trabalho. O últi-mo relatório en-tregue pela CAP S/A revela que 78,90% das obras no estádio foram concluídas. Caso as medidas de se-gurança impostas pela GMAI não sejam cumpridas, a CAP S/A deve-rá arcar com uma dívida de R$ 500 mil por dia. Para isso, um oficial de justiça já encami-nhou uma liminar que, caso a deci-são não seja cum-prida, a empresa será multada. A decisão do em-bargo, que foi tomada ontem, institui a parali-sação de aproxi-madamente 900 operários que tra-balham na obra a quase 90 dias da data limite impos-ta para a entrega

da obra. Em nota oficial, um desta-que do relatório diz que “o grave risco de soterra-mento de traba-lhadores, atrope-lamento e colisão, queda de altura e projeção de mate-riais, dentre ou-tros graves riscos”. Uma audiência está marcada para a próxima sexta-feira (04) entre a CAP – Arena dos

Paranaenses e o Ministério Públi-co do Trabalho.Estádios No site oficial do “portal2014.com”, a Arena da Bai-xada consta com Status da Obra como “verde”, ou seja, que as obras estão seguindo o cronograma pre-visto. Porém a pa-ralisação da obra foi feita a pouco menos de 90 dias

da data estipulada de entrega: 31 de dezembro. Além de que a Arena da Baixada é a que está com me-nor porcentual de progresso com os 78,90%. Os estádios que já foram entre-gues são: Está-dio Castelão, em Fortaleza (CE); o Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ); a Arena Fonte

Nova, em Salva-dor (BA); o Mi-neirão, em Belo Horizonte (MG); O Mané Garrin-cha em Brasília (DF) e a Arena Pernambuco (PE).

Lucilia Guim

arães

TJ retira pedido de aposentadoria de Clayton CamargoA decisão foi de Paulo Vasconcelos que se justificou que estaria obedecendo a determinação do Conselho Nacional de Justiça

O Tribunal de Justiça do Para-ná (TJPR) reque-reu ontem (03) ao Tribunal de Contas do Para-ná, o pedido de a p o s e n t a d o r i a do ex-presidente da corte Clayton Coutinho Camar-go, que havia so-licitado no último dia 23. O presi-dente interino do TJ, Paulo Vascon-celos, justificou a atitude por estar

Lucas de Lavor

cumprindo uma decisão do Con-selho Nacional de Justiça (CNJ), que investiga Clayton por suspeita de tráfico de influên-cia e suspeita de interferência na eleição do seu fi-lho, ex-deputado Fábio Camargo, para conselhei-ro no Tribunal de Contas do Paraná e participação na venda de senten-ças.

Clayton Camar-go havia pedido aposentadoria por motivos de saúde, mas foi suspensa CNJ a pedido do Ministério Públi-co Federal (MPF). Contando, o pe-dido ainda trami-tava nos proces-so estava sendo averiguado em um procedimen-to normal, assim como ocorre em todos os pedidos de aposentadoria

de funcionários públicos. Para o MPF, Clayton es-taria fugindo das investigações para evitar um possível processo discipli-nar no CNJ. EleiçõesEstá marcado para amanhã (03) as eleições para o novo presidente da corte do Tri-bunal de Justiça do Paraná (TJPR). No total, são cin-co desembarga-

dores que se can-didataram para o cargo que ocupará até janeiro 2015, data que marcaria o final do manda-to de Clayton. As inscrições foram encerradas na se-gunda-feira (30). Concorrem a vaga de presidente os D e s e m b a r g a d o -res: Antenor De-meterco Júnior, Sérgio Arenhart, Miguel Thomaz Pessoa Filho, Rob-

son Marques Cury e Guilherme Luiz Gomes.DesistênciaO Desembargador Luiz Sérgio Nei-va de Lima Vieira desistiu de con-correr a presidên-cia do TJ. Em nota oficial, o motivo seria de “despren-dimento” e “em prol da unidade do Tribunal”.

Page 4: Lona 840 - 02/10/2013

4 Geral

“Eu, você e o Sucesso”Jornalista, escritor e poeta: faces escondidas de um jornalista apaixonado pela profissão. Perfil de Toni Casa-grande

Nascido em 16 de julho de 1968, na cidade de Arapon-gas, no interior do estado, Toni Ca-sagrande desde pequeno teve li-gações fortes com o jornalismo. Seu pai era viciado em informações e assistir ao Jornal Nacional era regra imprescindível em sua casa. Todo o vício em informa-ções do pai levou Toni a procurar saber de onde vi-nham todas aque-las informações, quem as repassava e como chegavam até as pessoas, por isso, foi procurar emprego em uma emissora de rádio, aquela que seu pai escutava du-rante todo o dia. Com 16 anos foi contratado para trabalhar na re-cepção da rádio, “Eu até fiz o teste para ser locutor, mas fui tão mal, mas tão mal, que me mandaram pra recepção”.Um dia, um dos repórteres que participava do programa fal-tou e Toni teve a grande chance de, pela primei-ra vez, partici-par da apuração e da divulgação das notícias. “A sensação foi in-crível, tudo que eu escrevia para ser veiculado eu pensava no meu pai escutando, sem saber que, no fundo, quem escrevia tudo aquilo era seu fi-lho. Me apaixo-nei e decidi que

Ana Flávia Bello

era aquilo que eu queria fazer pelo resto da vida.” Com o tempo foi ganhando espa-ço e aparecendo aos poucos nos noticiários, até ganhar seu pri-meiro programa o “Eu, você e o Sucesso” que era veiculado sába-dos e domingos.Quem conhece Toni Casagrande hoje não imagi-na que o caminho para a chegada até o rádio foi muito difícil. Um garo-to tímido que mal conseguia apre-sentar um traba-lho de escola na frente da turma se tornou um dos maiores comuni-cadores do Para-ná usando aquilo que menos apre-ciava em si: sua voz. “Eu queria ter guardado mi-nha primeira lo-cução, porque era horrível demais. Eu a usaria para mostrar para as pessoas que estão começando que é possível sim con-seguir melhorar e obter bons re-sultados se tiver muito esforço e dedicação.”Cursou a facul-dade de jornalis-mo e seguiu sem-pre no caminho do rádio. Passou por emissoras como Rádio Clu-be, CBN e Band-News, coorde-nando equipes de reportagem e fazendo anco-ragem do jornal nas duas últimas. “Acho que uma das coisas que eu

melhor sei fazer é liderar equi-pes. Não queren-do mostrar de-mais ou dizendo que sou melhor do que ninguém, mas consigo dei-xar as pessoas à vontade para tra-balhar e as coisas fluem com muita facilidade.”Foi casado três vezes. O mais du-radouro foi o pri-meiro, que durou oito anos. Não tem filhos, mas cultiva diver-sos amigos que considera como grandes filhos na sua vida. “Tenho a impressão que o fato de não ter filhos de sangue me aproximou muito mais das pessoas que che-garam perto de mim. Tenho es-tagiários e ami-

gos mais novos, lá com seus 20 e poucos anos, que me pedem conse-lhos e agem como se eu realmente fosse o pai deles. Isso faz com que eu me sinta parte da família e quei-ra sempre estar tendo mais e mais filhos por aí.”

O escritor

Uma das facetas escondidas por trás da voz de Toni Casagrande é a sua paixão pela escrita. Começou quando ainda era pequeno, por vol-ta dos 10 ou 11 anos quando uma professora pediu para que escre-vessem uma reda-ção. Ao contrário de seus colegas de turma, Toni escreveu mais de

quatro páginas do caderno em uma história que envolvia heróis, vilões e até um monstro. Quando terminou de es-crever, sentiu-se apaixonado.Começou a pes-quisar o que gran-des escritores ti-nham feito para que se tornassem escritores e des-cobriu uma coisa em comum entre eles: todos já ha-viam passado por uma redação de jornal. Esse foi então seu incen-tivo para escrever tanto de forma jornalística como de forma literá-ria.Quatro livros seus já foram pu-blicados, todos eles com histó-rias de ficção e muito doidas. “O

que eu mais gos-to quando se tra-ta de escrever é pode falar do que eu quiser. É bom às vezes fugir um pouco da reali-dade e pensar e criar coisas que não tem nenhum tipo de sentido.”Além dos livros, ele também es-creve poesias. A maioria delas fala sobre o amor, mas também faz algu-mas direcionadas e s p e c i a l m e n t e para pessoas pró-ximas que estão com algum tipo de receio ou pro-blema. “Na poesia eu encontro a for-ma mais simples de mostrar que nada é tão ruim que não possa melhorar, tudo no final tem um lado bom, é só saber procurar bem.”

Page 5: Lona 840 - 02/10/2013

5Colunistas

Samba, choro e afins

A arte de Wilson Batista

Halanna Aguiar

No ano do seu cente-nário, o percursor do samba urbano, Wilson Batista, recebeu diver-sas homenagens por todo o país, uma vez que quando o sam-bista é grande e fez história, ele não pode ser esquecido. O com-positor semianalfabe-to e de origem pobre, foi um gênio diante as suas composições que eram escritas, em sua maioria, inspira-das em acontecimen-tos urbanos. Boêmio nato, Wilson chegou ao Rio de Janeiro com 16 anos e logo pas-sou a conviver com vários compositores, virou amante das zo-nas de prostituição e frequentava as rodas de samba na Lapa, até se tornar um autênti-co sambista carioca. Mesmo sem ter fre-quentado a escola, o mestre compôs mais de 600 músicas, entre sambas e marchinhas, além das letras que foram vendidas para a sua sobrevivência.

Atualmente, muitos dizem que Wilson Batista só permane-ce em nossa memória decorrente da grande polêmica que mante-ve com Noel Rosa. No início de sua carreira, o compositor teve a felicidade de ter a sua letra “Lenço no Pes-coço” ser interpretada pelo cantor Sílvio Cal-das, canção que dizia assim: “Meu chapéu do lado/Tamanco ar-rastando/Lenço no pescoço/Navalha no bolso/Eu passo gin-gando/Provoco/Desa-fio/Eu tenho orgulho em ser vadio.” Logo após ter se encanta-do por uma dançari-na de cabaré, da qual Noel Rosa também se apaixonou, os dois iniciaram uma briga musical. Após perder a dançarina para Wil-son, Noel escreveu um samba chamado “Ra-paz Folgado” em iro-nia a canção “Lenço no Pescoço”: “Deixa de arrastar o teu ta-manco/Pois tamanco

nunca foi sandália/E tira do pescoço o len-ço branco/Compra sapato e gravata/Joga fora esta navalha que te atrapalha.” Os dois continuaram trocan-do farpas, Wilson não deixou barato e escre-veu “Mocinho da Vila: Você que é mocinho da Vila/Fala muito em violão/Barracão/E outros fricotes mais/Se não quiser per-der o nome cuide do seu microfone/E dei-xe quem é malandro em paz/Injusto é seu comentário/Falar de malandro quem é otá-rio/Mas malandro não se faz/Eu de lenço no pescoço desacato/E também tenho o meu cartaz.” E Noel reba-teu com “Palpite In-feliz: quem é você que não sabe o que diz?/Meu Deus do Céu/Que palpite infeliz”. Depois de toda essa implicância, um ano antes da morte do Noel Rosa, os dois se encontraram e com-puseram juntos a

canção “Deixa de Ser Convencida: deixa de ser convencida/todos sabem qual é teu ve-lho modo de vida/.../conheço muito bem acrobacia/por isso não faço fé/em amor de parceria/muita medalha eu ganhei.” Nada a comentar so-bre essa incrível par-ceria, gênios. Porém, com a chegada da Bossa Nova, Wilson se tornou um compo-sitor “fora de moda” e acabou caindo no es-quecimento. Tenho a certeza que para aque-les que sempre consi-deraram Wilson como um dos melhores com-positores, seu nome jamais foi esquecido. Maestro da caixinha de fósforo, as can-ções do mestre abri-lhantam nossas rodas de sambas até hoje, como: “Oh! Seu Os-car”, “Louco (Ela é seu mundo)”, “Emília”, “O Bonde São Januário”, “Rosalina”, “Mundo de Zinco”, entre ou-tras brasas. O Samba

do Sindicatis, recen-temente homenageou esse grande nome da música brasileira, onde várias composi-ções de Wilson foram interpretadas. O Sin-dicatis é a prova viva de que o cantor não se mantém vivo em nos-sa memória somen-te pela polêmica com

o Noel. Em todas as rodas que presenciei, nenhuma delas passa-va sem as canções do mestre, que eram can-tadas com muita emo-ção. Portanto Wilson Batista jamais entra-rá no esquecimento.

Falo de Teatro

Larissa Mayra

Na segunda-feira (23), o Ministério da Cultura anunciou a abertura do cadastramento das em-presas interessadas em oferecer o Vale-Cultura aos seus funcionários. Aprovado em dezem-bro de 2012, a proposta do governo federal pre-tende incentivar o con-sumo de bens culturais diversos.Com R$ 50,00 a mais no bolso, supostamente as pessoas teriam acesso à cultura. Acho inter-essante essa proposta de democratização da cultura. O que me in-comoda é essa relação de cultura e dinheiro. Quanto mais grana você tem, mais “culto”

você é. Nesse contexto, que tipo de cultura está sendo disseminada? Será possível ter acesso à cultura pelo simples interesse pela mesma, sem gastar nenhum quinhão?Vamos pensar!Nem sempre eu tenho grana (e tempo!) para ir ao teatro. Dessa for-ma, preciso me orga-nizar de acordo com o que é mais acessível ao meu orçamento. Em Curitiba, já sei os lugares que cobram um preço camarada no in-gresso (normalmente porque a peça também possui patrocínio do governo). No Teatro da Caixa, a meia-entrada é

no máximo R$ 10,00. Já no Teatro Novelas Cu-ritibanas, as apresenta-ções normalmente são gratuitas, pois as mon-tagens são mantidas pela prefeitura. Enfim, sempre há uma forma de entrar em contato com os “bens culturais” se você fizer um pouco de esforço. Por outro lado, tem peças que nem cogito ir assistir por causa do valor do ingresso. Se a apresentação é no Teatro Positivo, se pre-pare para a facada! Já vi muitas pessoas comen-tarem isso antes mes-mo de verificar o valor do ingresso. Nesses casos, haja vale cul-

tura para ver o musical americano badalado e isso não significa que eu não tenha vontade de assistir ao musical americano badalado (tem alguns que tenho muita vontade!), mas o preço do ingresso acaba limitando o pú-blico que tem acesso ao “bem cultural” e assistir ao espetáculo também se torna uma forma de ostentação. O Vale-Cultura é um passo adiante para o processo de inclusão cultural, porém não é o único capaz de melho-rar esse aspecto. Não ter vergonha de estar sem grana e mesmo as-sim contar as moedas

para pagar o ingresso é uma atitude pessoal. Não fechar as portas da cultura somente para os “entendidos do as-sunto” pode ser uma atitude dos próprios artistas para a difusão da experiência com a arte. Por fim, queria com-partilhar um trecho de uma reportagem so-bre o Vale Cultura, do site argentino La Fá-brica Porteña, que diz o seguinte: “Do ponto de vista simbólico, a atividade cultural faz com que a memória e a identidade dos po-vos, o direito à liber-dade de expressão e diversidade de vozes.

Sua importância estra-tégica em termos de património cultural é o que torna a atividade, independentemente ou em paralelo com a cir-culação de mercador-ias, objeto de política pública.” (Leia a matéria com-pleta aqui!) http://la-fabricaportena.com/cultura/vale-cultural-u n a - p r o p u e s t a - d e -subsidio-al-consumo-de-bienes-culturales-para-democratizar-el-acceso/#.UkQr0YasiSoFIM!

Vale-Cultura e a falta de dinheiro

Page 6: Lona 840 - 02/10/2013

6

NOTÍCIANTIGA O que fazer em Curitiba?

- Conferências- Mesas-redondas

- Cursos- Oficinas

De 30/09 a 05/10Psicologia Hoje

Programação e inscrições

Informaçõ[email protected]

psicologiaup.wordpress.com(41) 3317-3169

up.com.br/semanadepsicologia

III Semana Acadêmica de Psicologia 2013

Galeria Teix

De 5 a 30 de setembro, na Galeria Teix (Rua Vicente Machado, 666), fica a exposição “Quanto um Cha-péu de Palha”, e reúne 11 obras inéditas em tecido, bordadas e pintadas à mão do artista Alexandre Linhares. Informações: (41) 3018-2732.

Exposição “Consciente do Inconsciente” no MASAC

De 8 de agosto a 3 de novembro, no Masac – Museu de Arte Sacra da Arquidiocese de Curitiba (Largo da Or-dem - Setor Histórico), tem a exposição São Francisco de Assis – O Homem Atemporal, com esculturas da ar-tista plástica Nilva Rossi.

Memorial de Curitiba

Até dia 3 de novembro, no Memorial de Curitiba (R. Claudino dos Santos, 79 – Setor Histórico) fica a ex-posição “Curitiba Protesta”. As recentes manifestações populares que tomaram conta das ruas de todo o país são tema da exposição Curitiba Protesta. Integram a mostra 60 imagens feitas por fotojornalistas que acom-panharam as manifestações, apresentando um recorte visual dos principais momentos dos atos que lotaram ruas e avenidas do centro da capital. Entrada franca. In-formações: (41) 3321-3328.

No dia 02 de ou-tubro de 1992, Fernando Collor de Mello, presi-dente do Brasil no período, reunún-cia após sofrer impeachment no dia 29 de setem-bro do mesmo ano. Fernando Collor é um po-lítico, jornalista, economista, em-presário e escri-tor. Foi governa-dor do estado de Alagoas de 1987 a 1989, e foi pre-feito de Maceió

de 1979 a 1982. Considerado o presidente mais jovem da história do Brasil (tinha 40 anos de ida-de na época), foi eleito por voto direto do povo logo após o Re-gime Militar. Im-plantou em seu governo o Plano Collor, e abriu o mercado nacio-nal às importa-ções. Apesar da boa aceitação do plano, Collor conseguiu apro-

fundar a recessão econômica pela qual o país passa-va. Seu governo ainda foi marca-do por denúncias de corrupção, as quais envolviam seu tesoureiro Paulo César Fa-rias. Esses fa-tos culminaram em um impea-chment, projeto que quando apro-vado fez com que o presidente re-nunciasse ao car-go.