Luís Vaz de Camões
-
Upload
jose-trigo -
Category
Education
-
view
54 -
download
0
Transcript of Luís Vaz de Camões
O poema que vou apresentar é classificado como uma cantiga.
O poeta na cantiga, “Verdes são os campos” reflete os seus pensamentos
e sentimentos através de um retrato campestre de uma simples paisagem.
Este poema retrata temas que referem a saudade, o sofrimento amoroso,
a beleza da mulher, o contato com a natureza e o ambiente pastoril.
O tema é a Natureza e mulher amada.
Os campos estão verdes e estendem-se no horizonte, existem animais a
pastarem e a alimentarem-se da erva do campo. O campo é belo e
alimenta os animais.
A mulher amada é bela e tem olhos verdes como os campos que o poeta
descreve.
Assim como os animais se alimentam da erva dos campos assim os seus
sentimentos são alimentados pela lembrança (na presença ou na
ausência) da mulher amada.
A descrição da natureza traduz a forma como o sujeito poético observa
subjetivamente a natureza porque descreve a sua amada e o que sente
por ela.
O poema é o seguinte:
Verdes são os campos
Verdes são os campos,De cor de limão:
Assim são os olhosDo meu coração.
Campo, que te estendesCom verdura bela;Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,E eu das lembranças
Do meu coração.
Gados que pasceisCom contentamento,
Vosso mantimentoNão no entendereis;
Isso que comeisNão são ervas, não:São graças dos olhos
Do meu coração.
Luís Vaz de Camões
Análise:1ª Parte: Inicia o tema da natureza e da mulher amada.A verdura do campo de cor verde identifica a cor dos olhos da amada do poeta.“Verdes são os campos, De cor de limão: Assim são os olhos Do meu coração.”
A visão da Natureza transmitida pelo poeta retrata os seus sentimentos “Campo, que te estendesCom verdura bela;Ovelhas, que nelaVosso pasto tendes (…),De ervas vos mantendes(…) E eu das lembrançasDo meu coração.
È uma paisagem simples, nostálgica, manifestando sentimentos de saudade, tristeza e nostalgia, bem como, de alegria (a erva alimenta o gado permitindo-lhe sobreviver com contentamento).“Gados que pasceisCom contentamento,Vosso mantimentoNão no entendereis;Isso que comeisNão são ervas, não:São graças dos olhosDo meu coração.”
A erva que alimenta o gado é a “graças dos olhos” da sua amada.
Classificação do poema: Cantiga (mote tem quatro versos-quadra; a glosa é constituída por duas voltas com oito versos-oitavas)
Verdes são os campos, a Mote (4 versos) Tema do poeta De cor de limão: b que se desenvolve nas glosas Assim são os olhos c ou voltas Do meu coração. b verso solto ou branco – rima cruzada
Campo, que te estendes aCom verdura bela; bOvelhas, que nela bVosso pasto tendes, aDe ervas vos mantendes aQue traz o Verão, cE eu das lembranças dDo meu coração. c Glosas ou voltas – 8 versosGados que pasceis a a e a - rima interpoladaCom contentamento, b b para b – rima emparelhada Vosso mantimento b a para a - rima emparelhadaNão no entendereis; a c para c – rima cruzadaIsso que comeis a d verso solto ou brancoNão são ervas, não: c
São graças dos olhos dDo meu coração. c
Glosas ou voltas – Estrofe que retoma; desenvolve o sentido de um dado tema ou mote, do qual repete um ou mais versos em posição certa
Zeca Afonso em 1970, grava em Londres, o álbum,” Traz outro
amigo também” introduzindo o tema poético e de sucesso
melódico, “Verdes são os campos” da lírica de Luís de Camões.
Através deste trabalho, “Verdes são os campos” da lírica de Luís
de Camões, viajou nos séculos para o nosso atual conhecimento
de modo a integrar a nossa cultura popular.
Biografia:
"Os Lusíadas" é uma das obras mais importantes da literatura portuguesa, que celebra os feitos marítimos e guerreiros de Portugal e foi escrita por, Luís de Camões.
Luís de Camões nasceu em Coimbra ou Lisboa, não se sabe o local exato nem o ano do seu nascimento, supõe-se por volta de 1524.
Filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá e Macedo.
Frequentou a corte de D. João III (1542 e 1543), iniciando a sua
carreira como poeta lírico e envolveu-se, em amores com damas
da nobreza e possivelmente plebeias, além de levar uma vida
boémia e turbulenta.
Em 1547, ingressou no Exército da Coroa de Portugal e embarcou
como soldado para Ceuta (no norte de África), onde em combate
perdeu o olho direito quando lutava a favor de D.João III.
Em 1552, de volta a Lisboa frequentou tanto os serões da nobreza como as noitadas populares. Numa briga, feriu um funcionário real e foi preso. Perdoado, partiu para o Oriente e inspirando-a na sua grande obra, “Os Lusíadas”
Em 1570, voltou para Lisboa, já com os manuscritos do poema "Os Lusíadas", que foi publicado em 1572, com a ajuda do rei D. Sebastião.
O Rei D. Sebastião concede-lhe uma pensão pelos serviços prestados à Coroa. Luís Vaz de Camões faleceu no dia 10 de Junho de 1580 em Lisboa, na miséria.