Luísa Alexandra O Impacto das Práticas Sustentáveis na ... · Universidade de Aveiro Ano 2014...

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Universidade de Aveiro Ano 2014 Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial Luísa Alexandra Miranda de Jesus Pinto O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa

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    Universidade de Aveiro

    Ano 2014

    Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial

    Luísa Alexandra Miranda de Jesus Pinto

    O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa

     

     

     

     

     

     

       

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  • Universidade de Aveiro

    Ano 2014

    Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial

    Luísa Alexandra Miranda de Jesus Pinto

    O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa

    Tese apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento

    dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em

    Gestão Industrial, realizada sob a orientação científica do

    Professor Doutor Joaquim Borges Gouveia, Professor Catedrático

    do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da

    Universidade de Aveiro e coorientação do Professor Doutor Luís

    Miguel Ferreira, Professor Auxiliar do Departamento de Economia,

    Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro.

    Apoio financeiro da FCT no âmbito Programa PROFAD

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  • Dedico este trabalho a todos aqueles que nunca me deixaram

    desistir de concluir este percurso. Aos meus pais e a ti, meu

    anjo.

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  • O júri

    Presidente Professora Doutora Ana Isabel Couto Neto da Silva Miranda

    Professora Catedrática da Universidade de Aveiro

    Prof. Doutor Joaquim Borges Gouveia

    Professor Catedrático da Universidade de Aveiro (orientador)

    Prof. Doutor Américo Lopes de Azevedo

    Professor Associado da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

    Prof. Doutora Susana Maria Palavra Garrido Azevedo

    Professora Auxiliar com Agregação da Universidade da Beira Interior

    Prof. Doutor Cristóvão Silva

    Professor Auxiliar da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra

    Prof. Doutora Helena Maria Lourenço Carvalho Remígio

    Professora Auxiliar da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa

    Prof. Doutor Luís Miguel Domingues Ferreira

    Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro (coorientador)

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    Agradecimentos

    Apesar do carácter individual deste trabalho, a sua elaboração só foi

    possível com a colaboração, o estímulo e a ajuda de várias pessoas que,

    de alguma forma, contribuíram para a concretização deste estudo. A

    realização de um estudo desta natureza oscila entre momentos de

    motivação e desânimo, entre a convicção da sua importância e a

    relativização do seu valor, entre a discrepância dos outros e a do meu

    próprio tempo.

    Aos meus orientadores, Prof. Doutor Borges Gouveia e Prof. Doutor Luís

    Ferreira, pelo profissionalismo na orientação deste trabalho de

    investigação.

    Aos meus pais, irmãos, cunhados e à minha princesa Rita, que

    continuamente me perguntava “Ainda falta muito tempo para acabares?” e

    ao Luisinho: desculpem-me por não ter estado presente.

    Ao meu companheiro de uma vida, pelo constante apoio, amor e carinho

    sempre presentes, não me deixando nunca desistir e por todos os dias em

    que me fizeste sorrir.

    À minha incansável amiga Sandra, pela amizade sempre presente,

    carinho, paciência e pelo rigor da sua revisão, não tenho palavras para te

    agradecer, por tudo.

    Aos meus amigos e amigas com quem não pude estar mas que

    compreenderam a minha ausência. À Engenheira Lígia pela amizade,

    pelos contactos preciosos, pela persistência.

    A todas as empresas e a todas as pessoas que entrevistei e com que tive

    o prazer de conversar, pela simpatia e amabilidade com que fui recebida,

    pois sem elas este trabalho não seria possível. Muito obrigada.

    E a todos que de alguma forma contribuíram para que este trabalho fosse

    possível.

    A todos vocês, os meus sinceros agradecimentos!

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  • Palavras-chave

    Resumo

    Sustentabilidade, gestão sustentável, práticas sociais e ambientais,

    desempenho, estudo de caso

    Ao longo da última década, a crescente preocupação com as ameaças

    suscitadas pelas mudanças climáticas e o esgotamento dos recursos

    naturais tem-se tornado evidente em diversas indústrias e na população

    global. Além da salvaguarda do ambiente natural, espera-se, das empresas,

    que respeitem princípios de equidade social nas suas práticas e processos

    produtivos. Existe uma perceção generalizada de que as empresas e os

    diversos governos nacionais devem ser mais eficientes na utilização dos

    recursos naturais e humanos, de modo a promover um desenvolvimento

    ambiental, social e económico equilibrado e sustentável.

    Consequentemente, todas as indústrias serão desafiadas a reorganizar as

    suas cadeias de abastecimento, preservando o ambiente natural e

    respeitando as comunidades locais. É neste contexto que se insere a

    presente investigação, que visa contribuir para a consolidação da teoria da

    gestão sustentável da cadeia de abastecimento. O objetivo geral deste

    trabalho é o de identificar e analisar os fatores que induzem e instigam as

    empresas à implementação de práticas ambientais e sociais, identificar e

    caracterizar as práticas sustentáveis utilizadas e perceber a relação destas

    práticas com o desempenho económico, ambiental e social. Para responder

    aos propósitos fixados para o estudo fez-se uso de uma abordagem

    qualitativa que integrou estudos de caso múltiplos, constituídos a partir de

    oito empresas de diferentes setores de atividade, que operam em Portugal,

    destinados a analisar as estratégias de sustentabilidade desenvolvidas e

    implementadas por essas das organizações. Ao longo da investigação

    empírica, identificam-se as práticas ambientais e sociais implementadas nas

    empresas e nas suas cadeias de abastecimento e os diferentes indicadores

    que as mesmas utilizam para medição do seu desempenho. Nos casos

    analisados, são apresentadas evidências de que a gestão sustentável da

    cadeia de abastecimento requer das empresas a criação de mecanismos

    formais de cooperação entre os vários membros da cadeia de

    abastecimento e de que existe uma relação entre a aplicação de práticas

    sustentáveis e o desempenho económico, ambiental e social.

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    Keywords

    Abstract

    Sustainability, sustainable supply chain management, envirnomental

    and social practices , performance, case study

    Over the last decade, the growing concern over the threats posed by climate

    change and the depletion of natural resources has become evident in

    various industries and in the overall population. Besides the contribution to

    the protection of the natural environment, it is hoped that companies can

    respect the principles of social equity in their practices and processes. There

    is a widespread perception that the companies and the several national

    governments should be more efficient in the use of natural and human

    resources in order to promote a sustainable development at all levels,

    integrating economic, social and environmental aspects. Consequently, all

    industries will be challenged to reorganize their supply chains, preserving the

    natural environment and respecting local communities. In this context this

    research aims to contribute to the consolidation of the theory of sustainable

    supply chain management, which main objective is to identify and analyse

    the factors that induce and instigate companies to implement environmental

    and social practices, identify and characterize the sustainable practices usedand realize the relationship with economic, environmental and social

    performance. To address the purposes set for the study it was taken a

    qualitative approach which integrated multiple case studies, consisting of

    eight companies from different sectors of activity, operating in Portugal, in

    order to analyse the sustainability strategies developed and implemented by

    these organizations. Throughout the empirical research, the environmental

    and social practices implemented in companies and their supply chains as

    well as the different indicators that they use to measure their performance

    have been identified. The studied cases show that the sustainable

    management of the supply chain requires by the companies the creation of

    formal mechanisms of cooperation between the members of the supply

    chain and that there is a relationship between the application of sustainable

    practices and the economic, environmental and social performance.

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    LISTA DE SIGLAS 

     

    AFIA   Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel 

    AIRV    Associação Industrial da Região de Viseu 

    BCSD  Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável 

    BSC  Balanced ScoreCard 

    BTP    Borgstena Textile Portugal 

    CELE  Comércio Europeu de Licenças de Emissão 

    CO2    Dióxido de Carbono 

    COP  Conference of the Parties  

    COVs    Compostos Orgânicos Voláteis 

    DS   Desenvolvimento Sustentável 

    EBITDA   Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization 

    EEDS  Estratégia Europeia de Desenvolvimento Sustentável  

    EMAS   Eco Management and Audit Scheme 

    ENDS    Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável   

    ETAR   Estação de Tratamento de Águas 

    ETARIs   Estações de Tratamento de Águas Residuais Industriais 

    UE  União Europeia 

    FSC   Forest Stewardship Council 

    FSSC    Food Safety System Certification 

    GCA   Gestão da Cadeia de Abastecimento 

    GEE  Gases com Efeito de Estufa   

    GPTWI  Great Place to Work Institute 

    GRACE   Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial 

    GRI   Global Report Initiative 

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    O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa  

    ________________________________________________________________________________xvi  

    GSCA   Gestão Sustentável da Cadeia de Abastecimento 

    GSCM   Green Supply Chain Management 

    HACCP    Hazard Analysis and Critical Control Point 

    INEGI   Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial 

    INETI   Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação 

    ISO   International Standard Organization 

    ISQ   Instituto de Soldadura e Qualidade 

    NRBV  Natural Resource Based View 

    OHSAS  Occupational Health and Safety Assessment Services 

    ONG  Organizações Não Governamentais 

    PEFC  Programme for the Endorsement of Forest Certification schemes 

    POA  Plano Operacional de Ações 

    PRERESI  Prevenção de Resíduos Industriais 

    REACH  Registration, Evaluation and Authorization of Chemicals 

    SA  Social Accountability 

    SAM  Sustainable Asset Management 

    SO2  Dióxido de Enxofre 

    SREEC  Social Responsibility and Environment Ethics Committee 

    SYSTECODE  System to International Code of Cork Stoppers Manufacturing Practices

    TBL  Triple Bottom Line 

    UE  União Europeia  

    UN  Unidade de Negócios 

    UNFCCC  United Nations Framework Convention on Climate Change  

    WBCSD  World Business Council for Sustainable Development  

    WCED  World Commission on Environment and Development 

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    ________________________________________________________________________________xvii 

     

    ÍNDICE GERAL  

     

    LISTA DE SIGLAS ....................................................................................................................... XV 

    ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................... XXIII 

    ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................................ XXV 

    INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 1 

    CAPÍTULO I – O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................................................... 9 

    Introdução .......................................................................................................................................... 9 

    I.1. Evolução histórica ........................................................................................................................ 9 

    I.2. Os três pilares do desenvolvimento sustentável ....................................................................... 16 

    I.2.1. Ambiental ........................................................................................................................ 17 

    I.2.2. Social ............................................................................................................................... 20 

    I.2.3. Económico ....................................................................................................................... 21 

     

    CAPÍTULO II – A GESTÃO SUSTENTÁVEL DA CADEIA DE ABASTECIMENTO ................................. 23 

    Introdução ........................................................................................................................................ 23 

    II.1. Cadeia de abastecimento .......................................................................................................... 23 

    II.2. Gestão da cadeia de abastecimento ......................................................................................... 26 

    II.3. A Gestão sustentável da cadeia de abastecimento .................................................................. 33 

    II.4. Modelos teóricos relevantes ..................................................................................................... 38 

    II.4.1. Modelo de Carter e Rogers ............................................................................................. 38 

    II.4.2. Modelo de Pagell e Wu ................................................................................................... 40 

    II.4.3. Modelo de Seuring e Müller ........................................................................................... 42 

    II.4.4. Análise comparativa dos modelos .................................................................................. 47 

    II.5. Práticas Sustentáveis ................................................................................................................. 48 

    II.5.1. Práticas ambientais ......................................................................................................... 51 

    II.5.2.Práticas sociais ................................................................................................................. 71 

    II.6. Motivos e barreiras para a gestão sustentável da cadeia de abastecimento ............................ 79 

    II.7. Desempenho da cadeia de abastecimento ................................................................................ 86 

    II.8. Desempenho da cadeia de abastecimento sustentável............................................................. 90 

     

    CAPÍTULO III – MODELO CONCETUAL ...................................................................................... 111 

  •   

    O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa  

    ________________________________________________________________________________xviii  

    Introdução ...................................................................................................................................... 111 

    III.1. Teoria Natural Resource Based View ..................................................................................... 111 

    III.2. Modelo Concetual .................................................................................................................. 115 

     

    CAPÍTULO IV – METODOLOGIA ............................................................................................... 129 

    Introdução ...................................................................................................................................... 129 

    IV.1. Método de investigação ......................................................................................................... 129 

    IV.2. Estudo de caso ....................................................................................................................... 131 

    IV.3. Amostra .................................................................................................................................. 135 

    IV.4. Instrumento de recolha de dados .......................................................................................... 138 

    IV.4.1. Entrevistas ................................................................................................................... 138 

    IV.4.2. Dados secundários ...................................................................................................... 145 

    IV.5. Triangulação de dados ........................................................................................................... 146 

    IV.6. Análise e apresentação dos dados ......................................................................................... 147 

    IV.7. Codificação das entrevistas .................................................................................................... 150 

    IV.8. Critérios de avaliação da investigação ................................................................................... 152 

     

    CAPÍTULO V – ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................. 155 

    Introdução ...................................................................................................................................... 155 

    V.1. Caraterização geral do projeto em análise ............................................................................. 155 

    V.2. Análise de conteúdo ................................................................................................................ 156 

    V.2.1. O caso de estudo ‐ BA Vidro ...................................................................................... 156 

    V.2.1.1. Caraterização da empresa ......................................................................................... 157 

    V.2.1.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 159 

    V.2.1.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 160 

    V.2.1.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 160 

    V.2.1.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 166 

    V.2.1.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 168 

    V.2.1.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 168 

    V.2.1.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 171 

    V.2.1.5. Desempenho ............................................................................................................. 173 

    V.2.2. O caso de estudo ‐ Amorim & Irmãos ........................................................................ 178 

    V.2.2.1. Caraterização da empresa ......................................................................................... 179 

  •   

    Índice Geral  

    ________________________________________________________________________________xix 

     

    V.2.2.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 182 

    V.2.2.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 183 

    V.2.2.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 183 

    V.2.3.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 189 

    I.2.2.4. Práticas sociais ........................................................................................................... 191 

    V.2.2.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 191 

    V.2.2.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 194 

    V.2.2.5. Desempenho ............................................................................................................. 196 

    V.2.3. O caso de estudo ‐ Huf Portuguesa ............................................................................ 203 

    V.2.3.1. Caraterização da empresa ........................................................................................ 203 

    V.2.3.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 207 

    V.2.3.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 208 

    V.2.3.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 208 

    V.2.3.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 213 

    V.2.3.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 215 

    V.2.3.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 215 

    V.2.3.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 220 

    V.2.3.5. Desempenho ............................................................................................................. 222 

    V.2.4. O caso de estudo – Sonae Indústria Mangualde ........................................................ 228 

    V.2.4.1. Caraterização da empresa ........................................................................................ 229 

    V.2.4.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 232 

    V.2.4.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 232 

    V.2.4.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 233 

    V.2.4.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 236 

    V.2.4.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 238 

    V.2.4.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 238 

    V.2.4.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 241 

    V.2.4.5. Desempenho ............................................................................................................. 243 

    V.2.5. O caso de estudo ‐ Movecho ..................................................................................... 246 

    V.2.5.1. Caraterização da empresa ........................................................................................ 246 

    V.2.5.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 248 

    V.2.5.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 248 

    V.2.5.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 249 

    V.2.5.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 252 

  •   

    O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa  

    ________________________________________________________________________________xx  

    V.2.5.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 253 

    V.2.5.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 253 

    V.2.5.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 255 

    V.2.5.5. Desempenho ............................................................................................................. 255 

    V.2.6. O caso de estudo ‐ Unicer ......................................................................................... 258 

    V.2.6.1. Caraterização da empresa ......................................................................................... 258 

    V.2.6.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 263 

    V.2.6.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 264 

    V.2.6.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 265 

    V.2.6.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 270 

    V.2.6.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 273 

    V.2.6.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 273 

    V.2.6.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 277 

    V.2.6.5. Desempenho ............................................................................................................. 280 

    V.2.7. O caso de estudo – Borsgstena ................................................................................. 283 

    V.2.7.1. Caraterização da empresa ......................................................................................... 283 

    V.2.7.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 287 

    V.2.7.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 287 

    V.2.7.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 288 

    V.2.7.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 291 

    V.2.7.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 292 

    V.2.7.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 292 

    V.2.7.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 294 

    V.2.7.5. Desempenho ............................................................................................................. 295 

    V.2.8. O caso de estudo – Toyota Caetano Portugal ............................................................ 298 

    V.2.8.1. Caraterização da empresa ......................................................................................... 298 

    V.2.8.2. Motivos e barreiras para a sustentabilidade ............................................................ 301 

    V.2.8.3. Práticas ambientais ................................................................................................... 302 

    V.2.8.3.1. Práticas ambientais internas .................................................................................. 302 

    V.2.8.3.2. Práticas ambientais externas ................................................................................. 307 

    V.2.8.4. Práticas sociais .......................................................................................................... 308 

    V.2.8.4.1. Práticas sociais internas ......................................................................................... 309 

    V.2.8.4.2. Práticas sociais externas ........................................................................................ 311 

  •   

    Índice Geral  

    ________________________________________________________________________________xxi 

     

    V.2.8.5. Desempenho ............................................................................................................. 312 

     

    CAPÍTULO VI – ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS .......................................................... 317 

    Introdução ...................................................................................................................................... 317 

    VI.1. Caraterização geral dos motivos e barreiras para a implementação de práticas sustentáveis

     ........................................................................................................................................................ 317 

    VI.2. Caraterização geral das práticas sustentáveis ....................................................................... 325 

    VI.2.1. Caraterização geral das práticas ambientais .............................................................. 325 

    VI.2.1.1. Práticas ambientais internas .................................................................................... 326 

    VI.2.1.2. Práticas ambientais externas ................................................................................... 332 

    VI.2.2. Caraterização geral das práticas sociais ...................................................................... 334 

    VI.2.2.1.Práticas sociais internas ............................................................................................ 334 

    VI.2.2.2. Práticas sociais externas .......................................................................................... 338 

    VI.3. Caraterização geral dos indicadores de desempenho ........................................................... 341 

    VI.3.1. Indicadores de desempenho económico .................................................................... 342 

    VI.3.2. Indicadores de desempenho ambiental ..................................................................... 343 

    VI.3.3. Indicadores de desempenho social ............................................................................. 346 

    VI.4. Relação entre práticas sustentáveis e indicadores de desempenho ..................................... 349 

     

    CAPÍTULO VII – CONCLUSÕES ................................................................................................. 359 

    Introdução ...................................................................................................................................... 359 

    VII.1. Síntese das conclusões .......................................................................................................... 359 

    VII.2. Contribuições teóricas .......................................................................................................... 364 

    VII.3. Limitações da investigação e recomendações para investigações futuras .......................... 365 

    BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 369 

     

    APÊNDICES ............................................................................................................................. 395 

    Apêndice A – Carta de objetivos do trabalho de doutoramento ............................................... 395 

    Apêndice B – Guião de entrevista à Direção Geral .................................................................... 397 

    Apêndice C – Guião de entrevista ao Responsável de Ambiente/ HST/Sustentabilidade ......... 401 

    Apêndice D – Guião de entrevista ao Responsável de Compras ............................................... 403 

    Apêndice E – Ficha de resumo de contacto ............................................................................... 405 

     

  •  

      

  •  

    ________________________________________________________________________________xxiii 

     

    ÍNDICE DE FIGURAS 

     

     

    Figura 1 – Estrutura da investigação .................................................................................................. 8 

    Figura 2 – Triple bottom line ............................................................................................................ 16 

    Figura 3 – Configurações da cadeia de abastecimento .................................................................... 25 

    Figura 4 – Modelo da Gestão da Cadeia de Abastecimento ............................................................ 31 

    Figura 5 – Modelo de gestão de cadeia de abastecimento ............................................................. 32 

    Figura 6 – Gestão sustentável da cadeia de abastecimento ............................................................ 38 

    Figura 7 – Modelo de Gestão Sustentável da Cadeia de Abastecimento ........................................ 41 

    Figura 8 – Modelo de Seuring e Müller – estratégias SMRP e SCMSP ............................................. 43 

    Figura 9 – Estratégia de gestão de fornecedores para análise de risco e desempenho (SMRP) ..... 44 

    Figura 10 – Estratégia de gestão da cadeia de abastecimento para produtos sustentáveis (SCMSP)

     .......................................................................................................................................................... 46 

    Figura 11 – Modelo concetual ........................................................................................................ 116 

    Figura 12 – Estrutura de suporte para a sustentabilidade Amorim e Irmãos, SGPS, S.A. .............. 180 

    Figura  13 – Localização geográfica das empresas do Grupo Huf .................................................. 204 

    Figura 14 – Esquema do processo produtivo com indicação da entrada de recursos e os resíduos 

    gerados ........................................................................................................................................... 251 

    Figura  15 – Organigrama da BTP ................................................................................................... 285 

     

  •  

      

  •  

    ________________________________________________________________________________xxv 

     

    ÍNDICE DE TABELAS 

     

     

    Tabela 1 – Definições de gestão da cadeia de abastecimento ........................................................ 28 

    Tabela 2 – Definições de gestão sustentável da cadeia de abastecimento ..................................... 36 

    Tabela 3 – Facilitadores da GSCA ..................................................................................................... 39 

    Tabela 4 – Barreiras e fatores de suporte da cadeia de abastecimento sustentável ...................... 45 

    Tabela 5 – Práticas ambientais ......................................................................................................... 54 

    Tabela 6 – Indicadores de desempenho .......................................................................................... 59 

    Tabela 7 – Práticas ambientais internas e externas ......................................................................... 69 

    Tabela 8 – Categorias de desempenho social e indicadores ............................................................ 74 

    Tabela 9 – Práticas e indicadores sociais ......................................................................................... 75 

    Tabela 10 – Aspetos sociais e Indicadores da Global Report Initiative ............................................ 76 

    Tabela 11 – Práticas sociais internas e externas e indicadores de desempenho social .................. 78 

    Tabela 12 – Motivos para a implementação de práticas sustentáveis ............................................ 84 

    Tabela 13 – Barreiras para a implementação de práticas sustentáveis ........................................... 86 

    Tabela 14 – Medidas de desempenho na cadeia de abastecimento ............................................... 89 

    Tabela 15 – Estudos sobre práticas sustentáveis ............................................................................. 98 

    Tabela 16 – Indicadores de desempenho sustentável ................................................................... 105 

    Tabela 17 – Principais caraterísticas da amostra ........................................................................... 137 

    Tabela 18 – Sumário das entrevistas realizadas, duração e função dos entrevistados ................. 141 

    Tabela 19 – Grelha de análise de conteúdo das entrevistas .......................................................... 150 

    Tabela 20 – Fontes utilizadas ......................................................................................................... 157 

    Tabela 21 – Variação do consumo de caso e taxa de incorporação do casco ............................... 174 

    Tabela 22 – Variação do Consumo energético e de água .............................................................. 174 

    Tabela 23 – Variação da emissão de partículas, dióxido de enxofre e óxido de azoto (kg/tvf) ..... 175 

  •   

    O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa  

     ________________________________________________________________________________xxvi  

    Tabela 24 – Variação dos indicadores ............................................................................................ 176 

    Tabela 25 – Fontes utilizadas ......................................................................................................... 178 

    Tabela 26 – Variação no consumo de energia por fonte primária (Gj/mês) da UN Rolhas ........... 198 

    Tabela 27 – Variação no consumo de água por fonte (m3) da UN Rolhas ..................................... 199 

    Tabela 28 – Variação na geração de resíduos, valorização e eliminação (t/ano) da UN Rolhas .... 200 

    Tabela 29 – Variação dos indicadores de desempenho de saúde e segurança da Corticeira Amorim

     ........................................................................................................................................................ 201 

    Tabela 30 – Fontes utilizadas ......................................................................................................... 203 

    Tabela 31 – Variação das vendas (milhões de euros) .................................................................... 222 

    Tabela 32 – Evolução da variação dos indicadores do BSC ambiental por área ............................ 223 

    Tabela 33 – Variação dos indicadores ambientais por unidade de medida ................................... 224 

    Tabela 34 – Evolução da variação dos indicadores do BSC Saúde e Segurança ............................. 225 

    Tabela 35 – Evolução da variação dos indicadores de Saúde e Segurança .................................... 226 

    Tabela 36 – Fontes utilizadas ......................................................................................................... 228 

    Tabela 37 – Volume de negócios e EBITDA do grupo Sonae Indústria (Milhões de euros) ........... 243 

    Tabela 38 – Evolução da variação dos indicadores ambientais da Sonae Indústria Mangualde ... 244 

    Tabela 39 – Indicadores de segurança da Sonae Indústria Mangualde ......................................... 245 

    Tabela 40 – Variação dos indicadores ambientais ......................................................................... 256 

    Tabela 41 – Indicadores de Segurança ........................................................................................... 257 

    Tabela 42 – Exemplos de projetos de redução de materiais de embalagens realizados em 2012 273 

    Tabela 43 – Variação no consumo de energia por fonte primária (Gj) .......................................... 281 

    Tabela 44– Variação na emissão de gases com efeito de estufa (Kg/hl) ....................................... 281 

    Tabela 45 – Variação no consumo de água por fonte (m3) da UN Rolhas ..................................... 282 

    Tabela 46 – Fontes utilizadas ......................................................................................................... 283 

    Tabela 47 – Variação dos indicadores ambientais por unidade de medida ................................... 295 

    Tabela 48 – Indicadores de segurança ........................................................................................... 296 

  •   

    Índice de Tabelas   

    ________________________________________________________________________________xxvii 

     

    Tabela 49 – Fontes utilizadas ......................................................................................................... 298 

    Tabela 50 – Evolução da variação dos indicadores ambientais ..................................................... 313 

    Tabela 51 – Evolução da variação dos indicadores de recursos humanos .................................... 314 

    Tabela 52 ‐ Evolução da variação dos indicadores de segurança .................................................. 314 

    Tabela 53 – Motivos da implementação de práticas sustentáveis na cadeia de abastecimento .. 318 

    Tabela 54 – Barreiras para a implementação de práticas sustentáveis na cadeia de abastecimento

     ........................................................................................................................................................ 322 

    Tabela 55 – Grau de implementação das práticas ambientais internas ........................................ 326 

    Tabela 56 – Grau de implementação das práticas ambientais externas ....................................... 332 

    Tabela 57 – Grau de implementação das práticas sociais internas ............................................... 335 

    Tabela 58 – Grau de implementação com as práticas sociais externas ......................................... 338 

    Tabela 59 – Indicadores de desempenho económico .................................................................... 342 

    Tabela 60 – Indicadores de desempenho ambiental ..................................................................... 343 

    Tabela 61 – Indicadores de recursos humanos .............................................................................. 346 

    Tabela 62 – Indicadores de desempenho de saúde e segurança................................................... 347 

    Tabela 63 – Relação entre práticas ambientais e sociais e o desempenho económico ................ 349 

    Tabela 64 – Relação entre práticas ambientais e sociais e o desempenho ambiental .................. 353 

    Tabela 65 – Relação entre práticas ambientais e sociais e o desempenho social ......................... 354 

    Tabela 66 – Relação entre práticas sustentáveis e o desempenho global .................................... 355 

     

  •  

    ________________________________________________________________________________1 

    INTRODUÇÃO  

     

    O Desenvolvimento  Sustentável  foi  colocado  na  agenda  política mundial  pela  Conferência  das 

    Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, também 

    designada por Cimeira da Terra. Nesta Cimeira,  foi  reafirmado este  conceito,  lançado em 1987 

    pelo Relatório de Brundtland, que veio chamar a atenção para a necessidade de um novo tipo de 

    desenvolvimento capaz de promover o progresso em todo o planeta, que, a longo prazo, pudesse 

    ser alcançado por todos os países. Neste relatório, a pobreza aparece caraterizada como um dos 

    principais  efeitos  que  decorrem  dos  problemas  ambientais  do mundo  e  o modelo  económico 

    adotado pelos países desenvolvidos como uma das suas principais causas.  

    A  insustentabilidade  do  referido modelo  económico  e  a  impossibilidade  da  sua  replicação  nos 

    países  em  desenvolvimento  são  enfatizadas  como  elementos  justificativos  da  necessidade  de 

    alterar  esse  padrão  de  desenvolvimento,  sob  pena  de  rapidamente  se  esgotarem  os  recursos 

    naturais existentes. Em alternativa ao modelo de desenvolvimento existente, o relatório sugere a 

    adoção do  conceito de desenvolvimento  sustentável: um padrão de desenvolvimento  capaz de 

    assegurar  a  satisfação  das  necessidades  presentes  sem  comprometer  a  possibilidade  de  as 

    gerações  futuras  verem  satisfeitas  as  suas  próprias  necessidades  (World  Commission  on 

    Environment and Development, 1987). 

    A procura por um modelo de sociedade mais sustentável  transformou‐se, ao  longo das últimas 

    duas décadas, numa verdadeira vaga transformadora; com efeito, tanto nos países desenvolvidos, 

    como nas nações em vias de desenvolvimento, a modernização foi percebida como um processo 

    que é fértil em promessas e oportunidades às quais se associam inevitáveis e imprevisíveis riscos 

    e  ameaças,  suscetíveis  de  afetar  o  conjunto  do  tecido  social,  a  estrutura  das  atividades 

    económicas e o equilíbrio ambiental (Burgess, Singh, & Korogolu, 2006). 

    Segundo Henriques e Peneda  (2003), a  tendência europeia para manter a  competitividade das 

    empresas  assenta  na  formação  de  circuitos  comerciais  e  industriais  fortes  que  obedecem  a 

    diretrizes rigorosas e objetivas. O desenvolvimento sustentável (DS) assume‐se como fator crítico 

    a ser alcançado por via de um equilíbrio entre objetivos de prosperidade económica, princípios de 

    salvaguarda ambiental e o garante da equidade social. 

    O  termo  Triple  Bottom  Line  (TBL)  foi  referido  pela  primeira  vez  por  John  Elkington,  em  1994, 

    tendo‐se  tornado popular a partir de 1997, com a publicação do seu  livro  intitulado “Cannibals 

  •   

    O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa   

    ________________________________________________________________________________2 

    with  Forks:  The  Triple  Bottom  Line  of  21st  Century  Business”,  cujo  título  surge  da  questão 

    suscitada pelo poeta polaco Stanislaw Lec: “Is it progress… if a cannibal uses a fork?”.  

    Aplicado  às  organizações,  o  TBL  enquadra  a  vertente  económica  do  conceito  de  valor 

    acrescentado e, em simultâneo, o valor acrescentado nas suas dimensões ambiental e social. O 

    termo  é  utilizado  para  considerar  todo  o  tipo  de  valores,  assuntos  e  processos  que  as 

    organizações  deverão  seguir  com  o  objetivo  de minimizar  qualquer  dano  resultante  das  suas 

    atividades, gerando, em paralelo, valor económico,  social e ambiental. Deste modo, o conceito 

    contempla  a  clareza  na  definição  de  objetivos,  considerando  as  necessidades  de  todos  os 

    stakeholders:  clientes,  funcionários,  parceiros  de  negócios,  acionistas,  governos,  comunidades 

    locais, e o público em geral (Elkington, 2004). 

    Em todos os setores de atividade, os tradicionais fatores competitivos, qualidade e custos, têm‐se 

    tornado muito  similares.  Uma  das  formas  de  as  empresas  se  poderem  diferenciar,  reduzindo 

    custos e melhorando os produtos e serviços é relacionando os fatores ambientais e sociais, assim 

    como, os económicos na sua cadeia de abastecimento. O conceito de Cadeia de Abastecimento 

    considera as interações entre uma empresa entre um negócio, os seus clientes e os fornecedores, 

    considerando‐se  possível  alcançar  grandes  benefícios  sempre  que  a  atenção  é  alargada,  tanto 

    quanto possível, abrangendo a reciclagem dos produtos e a gestão dos desperdícios (Brammer & 

    Walker, 2011). 

    Não  obstante  a  crescente  preocupação  com  as  questões  relacionadas  com  a  sustentabilidade, 

    demonstrada pelos consumidores e organizações quando compram ou fornecem bens e serviços, 

    o progresso evidenciado ao nível das práticas e procedimentos ligados ao processo produtivo tem 

    sido lento (Turcotte, 2010).  

    Um dos possíveis entendimentos e forma de alcançar um futuro sustentável para os indivíduos e 

    organizações consiste no trabalho em rede, gerando mudanças que envolvam os atores presentes 

    na  rede  –  clientes,  distribuidores,  fornecedores,  associações  de  empresas  e  governo  (Nairn, 

    Walker,  Xin  Xu,  &  Johnsen,  2007).  Deste  modo,  as  mudanças  numa  relação  geram  efeitos 

    sequenciais nas demais  relações, correspondendo a um certo “efeito dominó”, nomeadamente 

    em  situações  onde  existem  relações  de  grande  integração  e  complexidade  que  implicam 

    alterações importantes em toda a rede, com vista ao desenvolvimento sustentável, verificando‐se 

    que  as  organizações  procuram,  continuamente,  desenvolver  novas  e  inovadoras  formas  de 

    aumentar a sua competitividade (Hertz, 1998).  

    De  acordo  com Anderson e  Sweet  (2002), estudos  realizados  sobre  as  alterações dos  sistemas 

    ambientais  na  indústria  indicam‐nos  que  a  mudança  para  a  sustentabilidade  pode  ser 

  •   

    Introdução  

    ________________________________________________________________________________3 

    problemática, uma vez que existam dificuldades na adaptação a novas normas e a alterações nos 

    sistemas organizacionais e tecnológicos já estabelecidos.  

    Segundo Porter e Van Der Linde (1995a), uma maior preocupação com a questão ambiental pode 

    gerar dois tipos de inovação na empresa: nos processos e dos produtos. As inovações introduzidas 

    nos  processos  caraterizam‐se  no  desenvolvimento  de  novas  formas,  mais  eficientes,  de  as 

    empresas  aproveitarem  as  matérias‐primas  e/ou  de  utilizarem  materiais  que  possam  ser 

    reutilizados,  enquanto  as  inovações  ao  nível  do  produto  se  relacionam  com  a  introdução  de 

    mudanças que tornam o produto mais seguro e com menores custos, através da substituição de 

    materiais e da redução de custos com a embalagem. Os autores sugerem que a introdução deste 

    tipo de inovações potencia uma redução de custos de tal ordem que é possível, em muitos casos, 

    que os retornos obtidos se tornem suficientes para cobrir os custos associados à  introdução das 

    próprias inovações. 

    De uma forma geral, as empresas parecem perceber que uma gestão sustentada (contemplando 

    critérios ambientais) da cadeia de abastecimento promove a eficiência e a ocorrência de certas 

    sinergias entre os parceiros de negócios, tendo como consequência a minimização de resíduos e a 

    diminuição de custos. Não obstante, é de esperar que a adoção de práticas ambientais na gestão 

    da cadeia de abastecimento esteja dependente das organizações verificarem que os  resultados 

    que  obtêm  resultam  numa melhoria  do  seu  desempenho  económico  e  numa  real  vantagem 

    competitiva (Sarkis, Helms, & Hervani, 2005).  

    Segundo Rao e Holt  (2005), num estudo realizado em empresas certificadas pela  ISO 14001, no 

    Sudeste  Asiático,  a  gestão  ambiental  da  cadeia  de  abastecimento  de  uma  forma  sustentada, 

    traduz‐se  em  benefícios  económicos  e  vantagem  competitiva.  A  implementação  de  práticas 

    ambientais  na  indústria  automóvel  chinesa  implicou  melhorias  ao  nível  do  seu  desempenho 

    ambiental  e  operacional,  ainda  que  não  tenha  resultado  em  impactos  significativos  no 

    desempenho  económico  (Zhu &  Sarkis,  2004,  2006),  no  entanto  a  procura  e  a  introdução  de 

    inovações e de materiais alternativos, para atender a padrões ambientais, podem, a longo prazo, 

    determinar uma redução de custos (Wilkinson, Hill, & Gollan, 2001).  

    Um número crescente de estudos conduzidos sobre a sustentabilidade das empresas enfatiza a 

    sua complementaridade com a utilização de práticas sustentáveis, argumentando que a utilização 

    de  práticas  sustentáveis  nos  negócios  conduz  a  melhorias  no  desempenho  económico  das 

    empresas  (Gimenez,  Sierra, &  Rodon,  2010; Hart & Milstein,  2003;  Lovins,  Lovins, & Hawken, 

    1999;  Porter,  1985;  Pullman,  Maloni,  &  Dillard,  2009,  2010).  Os  argumentos  favoráveis 

    encontram,  ainda  assim,  opositores  e  críticos  que  questionam  a  capacidade  das  empresas 

  •   

    O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa   

    ________________________________________________________________________________4 

    aplicarem princípios de  sustentabilidade, uma  vez que  são, de uma  forma geral, perspetivadas 

    como a causa dos problemas ambientais devido às suas prioridades de crescimento e viabilidade 

    financeira,  ao  invés  de  participantes  na  solução  do  problema.  Perspetivar  as  empresas  como 

    participantes na solução dos problemas ambientais requer, necessariamente, uma reorganização 

    radical da produção e do consumo de forma a orientá‐los para assegurar a sustentabilidade dos 

    recursos naturais (Collins, Lawrence, Pavlovich, & Ryan, 2006). 

    Em cadeias de abastecimento com múltiplos atores, regional ou globalmente dispersos, medir o 

    desempenho constitui um desafio na medida em que é difícil atribuir resultados de desempenho a 

    uma organização em particular. As razões  identificadas para a falha nos sistemas de medição do 

    desempenho  organizacional  são  multidimensionais,  incluindo:  a  existência  de  dados  não 

    estandardizados;  a  falta  de  integração  tecnológica;  a  existência  de  diferenças  culturais  e 

    geográficas;  a  existência  de  diferenças  nas  políticas  organizacionais;  discrepância  entre  as 

    métricas  utilizadas;  ou  o  débil  entendimento  sobre  a  necessidade  de  medir  o  desempenho 

    interorganizacional (Sarkis et al., 2005). 

    Em qualquer sociedade  industrial, a atividade predominante é a produção de bens e o objetivo 

    fundamental será o de produzir mais consumindo menos recursos. Desta forma, as organizações 

    percebem que não é suficiente gerir apenas a sua própria organização e que precisam de estar 

    envolvidas  na  gestão  de  redes  de  cooperação  empresarial,  a  montante,  providenciando  as 

    entradas do processo (direta ou  indiretamente), bem como a  jusante, na responsabilização pelo 

    serviço pós‐venda do produto (Handfield & Nichols, 1999). 

    No mundo atual os desafios que se colocam às empresas são cada vez mais ambiciosos e difíceis 

    de  transpor,  devendo  considerar‐se  a  existência  de  certos  fatores  como  fundamentais  para  a 

    viabilidade de qualquer organização. De entre esses vários  fatores, destacamos: o aumento da 

    produtividade  e  competitividade;  a  redução  de  custos;  a  utilização  eficiente  de  energia;  a 

    otimização  de  recursos  e  processos;  por  último,  a  integração  da  inovação  tecnológica  e 

    organizacional.  

    Apesar da história  recente da disseminação do discurso da  sustentabilidade,  grande parte dos 

    executivos  ainda  considera  o  desenvolvimento  sustentável  como  uma  espécie  de  “mal 

    necessário” que envolve o cumprimento da legislação e de normas, de custos e responsabilidades 

    onerosas. A sustentabilidade não é, todavia,  incompatível com o crescimento económico e pode 

    ser uma  importante fonte de vantagem competitiva e de geração de valor para os acionistas de 

    uma  qualquer  empresa  e  para  a  comunidade  em  geral  (Hart & Milstein,  2003;  Seuring,  2011; 

    Gimenez et al., 2010).  

  •   

    Introdução  

    ________________________________________________________________________________5 

    Os países em desenvolvimento  concedem, muitas  vezes, prioridade ao  crescimento económico 

    em detrimento das questões sociais e ambientais, devido à escassez de recursos financeiros e à 

    ânsia  de  progresso  económico  como meio  para melhorar  as  condições  de  vida  da  população. 

    Ainda assim, um pouco por todo o mundo, as organizações começam a ser pressionadas para que 

    o  seu  desempenho  esteja  de  acordo  com  os  padrões  estabelecidos  pela  sociedade  e  em 

    consonância com o conceito de desenvolvimento sustentável (Coelho, 2005).  

    Alguns autores acreditam que as empresas reduzem o seu valor para o acionista ao utilizarem os 

    seus  recursos  financeiros  para  melhorar  o  desempenho  ambiental  e  social,  utilizando  o 

    argumento de que, ao aderirem a certos padrões éticos, as empresas aumentam os seus custos, o 

    preço do produto final, reduzem a sua vantagem competitiva e os seus  lucros, outros acreditam 

    que  investir  no  desempenho  ambiental  e  social  pode  melhorar  a  eficiência  operacional  da 

    empresa  e  gerar  novas  oportunidades  de mercado  (Carter &  Easton,  2011;  Porter &  Kramer, 

    2006). 

    No  mercado  financeiro  internacional,  os  investidores  têm  privilegiado  empresas  socialmente 

    responsáveis,  sustentáveis  e  rentáveis.  Estes  investimentos,  designados  de  investimentos 

    socialmente responsáveis, consideram que empresas sustentáveis geram valor para os acionistas 

    a longo prazo, pois apresentam‐se mais bem preparadas para enfrentar riscos económicos, sociais 

    e ambientais. 

    De acordo com dados do Social Investment Forum Foundation (2010), nos últimos vinte anos, nos 

    Estados Unidos da América, o  total de  investimento sustentável e socialmente responsável  tem 

    crescido exponencialmente, assim como o número de  investidores  institucionais, profissionais e 

    de indivíduos envolvidos.  

    Diferentes metodologias ao nível da gestão dos sistemas de qualidade, ambiente, segurança e 

    responsabilidade  social  (ex.,  ISO  9001,  ISO  14001, OSHAS  18001)  foram  desenvolvidas  com  o 

    objetivo de melhorar o desempenho das organizações, traduzindo‐se, estas, num pequeno passo 

    para  a  sustentabilidade  das  organizações.  Não  obstante,  se  o  objetivo  é  a  melhoria  do 

    desempenho das empresas, tornam‐se necessárias novas metodologias para o desenvolvimento 

    e a  implementação de processos de avaliação do desempenho, metodologias que entrem em 

    consideração com os princípios de  sustentabilidade e  com as necessidades de  todas as partes 

    interessadas. Sabe‐se que a melhoria do desempenho na cadeia de abastecimento é entendida 

    como um meio para acrescentar valor e criar vantagens competitivas, o que  leva à necessidade 

    de  desenvolver  modelos  para  avaliar  o  impacto  dos  critérios  de  sustentabilidade  nas 

    organizações e em toda a cadeia de abastecimento (Porter & Kramer, 2006).  

  •   

    O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa   

    ________________________________________________________________________________6 

    As várias revisões da literatura realizadas sobre a Gestão Sustentável da Cadeia de Abastecimento 

    (GSCA) denotam o crescente interesse que tem vindo a ser suscitado em torno do tema (Carter & 

    Easton,  2011;  Carter &  Rogers,  2008;  Seuring & Müller,  2008b;  Srivastava,  2007;  Teuteberg & 

    Wittstruck,  2010),  que  se  tem  vindo  a  configurar  numa  área  de  investigação  de  inegável 

    importância,  tendo como objetivo principal a melhoria da  imagem da empresa no mercado por 

    via da redução de riscos sociais e ambientais ao longo de toda a cadeia de abastecimento. 

    A  presente  investigação  é  fundamentalmente  motivada  pela  existência  de  poucos  estudos 

    realizados sobre a sustentabilidade ao nível das práticas sociais na cadeia de abastecimento das 

    empresas  e,  em  particular,  quando  se  consideram  em  simultâneo  as  três  dimensões  da 

    sustentabilidade:  económica,  ambiental  e  social  (Pullman,  Maloni  &  Carter,  2009),  o  que  se 

    constitui  num  cenário  catalisador  de  inúmeras  oportunidades  para  empreender  investigações 

    teóricas e metodológicas relevantes (Carter & Easton, 2011).  

    Para além da sua atualidade e pertinência, o tema da sustentabilidade constitui‐se num assunto 

    vital  para  a  continuidade  das  empresas,  assumindo‐se  como  um  enorme  desafio  que  pode 

    revelar‐se proveitoso em  termos de  resultados e muito enriquecedor para as partes envolvidas 

    neste  trabalho de  investigação. Deste modo, a base de desenvolvimento desta dissertação é a 

    gestão  da  cadeia  de  abastecimento,  tendo  em  vista  os  princípios  envolvidos  no  conceito  de 

    desenvolvimento sustentável. 

    A presente investigação visa contribuir para a construção de uma teoria da gestão sustentável das 

    cadeias de abastecimento e assume como principal objetivo o estudo do  impacto dos princípios 

    de sustentabilidade no desempenho das empresas, através da análise do seguinte problema: 

    Compreender o impacto da adoção de práticas sustentáveis na cadeia de abastecimento 

    no desempenho económico, social e ambiental da empresa focal 

    Para  responder ao problema exposto,  formularam‐se perguntas de  investigação que servem de 

    base a este estudo, norteando as etapas consideradas para o desenrolar, e que serão objeto de 

    resposta no âmbito deste trabalho de doutoramento: 

    1. Que motivos instigam as empresas à implementação de práticas sustentáveis? 

    2. Quais  as  barreiras  que  as  empresas  enfrentam  na  implementação  de  práticas 

    sustentáveis?  

    3. Quais  as  práticas  ambientais  e  sociais mais  utilizadas  pelas  empresas  focais  na 

    cadeia de abastecimento? Como é que essas práticas são desenvolvidas? 

    4. Quais  são  os  principais  indicadores  de  desempenho  utilizados  para  avaliar  o 

    desempenho económico, ambiental e social?   

  •   

    Introdução  

    ________________________________________________________________________________7 

    Fixados os seus objetivos, o presente trabalho permitir‐nos‐á revisitar os principais conceitos que 

    enquadram o tema, as práticas desenvolvidas, os indicadores e procedimentos ligados à medição 

    do desempenho e os principais modelos existentes na área da Gestão Sustentável da Cadeia de 

    Abastecimento,  com  o  objetivo  de  edificar  o  quadro  teórico  suscetível  de  nos  orientar  para  a 

    compreensão e resposta às perguntas de investigação. 

    De um ponto de vista metodológico, o presente estudo dispôs de métodos e técnicas de recolha e 

    análise  de  dados  de  cariz  qualitativo,  tendo  utilizado  o  método  dos  estudos  de  caso, 

    primordialmente assente na realização de entrevistas semiestruturadas aos responsáveis de oito 

    empresas da indústria portuguesa, como principal instrumento de recolha de dados.  

    A  estrutura  da  dissertação  seguiu,  dentro  do  possível,  a  mesma  sequência  do  trabalho  de 

    investigação,  tendo  como  referência  as  etapas  do  procedimento  de  investigação  em  ciências 

    sociais, tal como definidas por Quivy e Campenhoudt (1998). Algumas das etapas escapam a uma 

    sequência  linear,  evidenciando  a  necessidade  de  processos  de  revisão  e  de  realimentação  de 

    procedimentos.  Como  exemplo,  considera‐se  antecipadamente  a  eventual  necessidade  de 

    recorrer à leitura de obras relacionadas com a problemática, aquando do momento da análise dos 

    resultados  e,  sobretudo,  da  discussão  das  respetivas  implicações  teóricas,  metodológicas  e 

    práticas. À  luz  do  que  vimos  de  referir,  o  presente  trabalho  encontra‐se  estruturado  em  sete 

    capítulos (Cf. Figura 1).  

    Os capítulos I e II são dedicados à revisão bibliográfica das temáticas em análise, isto é, dos eixos 

    teóricos do desenvolvimento sustentável, da cadeia de abastecimento e da gestão da cadeia de 

    abastecimento  sustentável,  cumprindo  o  propósito  de  conhecer,  refletir  e  deslindar  uma 

    abordagem  adequada para  as  temáticas das práticas da  sustentabilidade,  ambientais e  sociais, 

    dos impactos no desempenho da empresa, assim como dos modelos teóricos associados à gestão 

    sustentável da cadeia de abastecimento. 

    No  capítulo  III  apresenta‐se  o  modelo  concetual  em  estudo  relativo  às  práticas  de 

    sustentabilidade e ao desempenho das empresas, modelo que  se considerou oportuno edificar 

    para perspetivar e compreender teoricamente as questões sob investigação. 

     

     

  •   

    O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa   

    ________________________________________________________________________________8 

     

    Figura 1 – Estrutura da investigação 

     

    No  capítulo  IV  descreve‐se  a  metodologia  utilizada  neste  estudo,  apresentando‐se, 

    nomeadamente,  os  objetivos  da  investigação,  o método  utilizado,  os  procedimentos  técnicos 

    ligados  ao  desenvolvimento  das  entrevistas  e  à  constituição  da  amostra  observada,  e 

    descrevendo‐se o processo de recolha de informação e de tratamento dos dados. 

    A  apresentação  dos  resultados  obtidos  são  apresentadas  no  capítulo  V,  através  da  análise 

    descritiva dos dados, da análise de conteúdo das entrevistas, da análise documentos de domínio 

    público e de documentação interna fornecida pelas diferentes empresas em estudo. 

    No  capítulo  VI,  realizou‐se  uma  análise  comparativa  e  a  discussão  dos  resultados  através  do 

    cruzamento dos casos de estudo, constituindo‐se numa súmula dos resultados apurados para os 

    oito casos empresariais que foram estudados. 

    A última parte, apresentada no capítulo VII, trata das conclusões desta investigação em função do 

    quadro concetual definido, das metodologias de pesquisa empregues e das eventuais ilações que 

    se possam retirar. Por fim, são apresentadas as  limitações do presente estudo, a sistematização 

    do que de mais significativo e inovador poderá resultar deste estudo, tratando‐se adicionalmente 

    da apresentação de novas linhas orientadoras para futuras investigações. 

     

    Capítulo I ‐ O desenvolvimento 

    sustentável

    Capítulo II – A gestão sustentável da cadeia de 

    abastecimentoCapítulo III – Modelo 

    concetual

    Capítulo IV‐Metodologia

    Capítulo V –Apresentação  dos 

    resultados

    Capítulo VI ‐ Análise e discussão  dos resultados

    Capítulo VII‐ Conclusões

  •  

    ________________________________________________________________________________9 

    CAPÍTULO I – O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL  

     

    Introdução 

    Este capítulo tem como finalidade apresentar os resultados da revisão de  literatura realizada 

    em  torno  do  conceito  de  desenvolvimento  sustentável,  refletindo  sobre  a  sua  evolução 

    histórica  e  analisando  as  dimensões  em  que  o  conceito  se  decompõe,  encontrando‐se 

    estruturado  em  duas  secções.  Numa  primeira  secção  procede‐se  à  caracterização  e  análise  do 

    conceito de sustentabilidade e à evolução a que a sua significação esteve historicamente sujeita, 

    refletindo  sobre  os  princípios  e  objetivos  que  se  lhe  associam.  Na  segunda  secção  do  capítulo 

    apresentam‐se as três dimensões em que é usual decompor analiticamente o conceito e tema da 

    sustentabilidade: ambiental, social e económica, visando a sua análise e compreensão.  

     

    I.1. Evolução histórica 

    A  realidade  ameaçadora  das  alterações  climáticas,  da  escassez  de  recursos,  do  colapso  dos 

    ecossistemas, da vulnerabilidade da economia e de outras crises convergentes caraterísticas do 

    século  XXI,  preconiza  a  emergência  de  um  consenso  mais  alargado  entre  os  cientistas,  os 

    governos nacionais e a sociedade civil no referente à necessidade de um sistema económico em 

    que  o  progresso  seja  medido  de  acordo  com  melhorias  introduzidas  no  bem‐estar  das 

    populações,  em  detrimento  da  consideração  da  escala  e  expansão  da  atividade  do mercado 

    económico. 

    Um dos dilemas da humanidade é o de que o homem, sendo capaz de perceber a problemática 

    em causa, não parece  ser capaz de  compreender as  suas origens, alcançar em plenitude o  seu 

    significado  e  antecipar  as  correlações  entre  os  vários  fatores  que  se  encontram  em  jogo, 

    fracassando  no  momento  de  planear  soluções  eficazes,  não  obstante  o  seu  considerável 

    conhecimento e capacidades. Fracasso que se deve, em grande parte, à teimosia de tomar para 

    análise e submeter a exame elementos isolados da problemática, sem compreender que o todo é 

    maior  do  que  as  suas  partes,  individualmente  consideradas,  e  que  a  mudança  em  um  dos 

    elementos acarreta sempre mudança nos demais elementos que  integram o sistema (Meadows, 

    Randers, & Behren, 1972). 

    Segundo Mebratu (1998), o conceito de desenvolvimento sustentável teve origem nas tradições e 

    crenças indígenas ancestrais que advogavam a importância de viver em harmonia com a natureza 

    e  a  sociedade.  Numa  perspetiva  mais  académica,  uma  das  primeiras  contribuições  para  o 

  •   

    O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa   

    ________________________________________________________________________________10 

    desenvolvimento do conceito de desenvolvimento  sustentável veio de Thomas Malthus  (1793): 

    um  dos  primeiros  autores  a  identificar  a  importância  dos  recursos  naturais  para  o 

    desenvolvimento  económico.  No  contexto  em  que  formulou  a  sua  teoria,  a  atenção  estava 

    focalizada  sobre  o  problema  da  escassez  de  comida  e  da  capacidade  dos  recursos  naturais, 

    através  da  exploração  da  terra,  serem  capazes  de  satisfazer  as  necessidades  da  população 

    (Steurer, Langer, Konrad & Matinuzzi, 2005), um tema novamente atual no início do século XXI.  

    Foi,  todavia,  no  século  XX,  que  a  teoria  económica  começou  gradualmente  a  incluir  temas 

    associados com o ambiente, com o conceito de externalidades e de capital natural (Crabbé, 1997). 

    A década de 70  foi, assim, marcada por um aumento do número de académicos e empresários 

    que, em várias áreas, desenvolveram  investigação sobre a exploração dos recursos naturais pelo 

    ser  Humano,  existindo  ainda  muitos  economistas  que  defendiam  a  Teoria  Neoclássica,  na 

    perspetiva da qual os recursos naturais não eram considerados como relevantes na medida em 

    que  se acreditava e afirmava que a  capacidade de  regeneração dos  recursos naturais era mais 

    rápida do que o seu consumo pelo Homem (Costanza, 2003).  

    O atual  conceito de desenvolvimento  sustentável  resulta de um vasto processo histórico, cujas 

    origens  remontam  à  emergência  da  consciência  ecológica  mundial  e  à  realização  da  1ª 

    Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Ambiente, que ocorreu em Estocolmo, em 

    1972,  motivada,  entre  outros  fatores,  pela  degradação  da  qualidade  ambiental  nos  países 

    desenvolvidos  devida  ao  efeito  cumulativo  da  poluição  industrial,  pela  ausência  de  marcos 

    regulatórios internacionais e suscitada pela crítica aos padrões de desenvolvimento estabelecidos. 

    Nesta conferência, foi objeto de amplo debate o 1º Relatório do Clube de Roma, “The Limits of 

    Growth”, que se constitui num dos primeiros e mais influentes relatórios que tomou para análise 

    o ambiente em termos globais e a sua  interação com o homem e com os sistemas económicos, 

    focalizando  o  desenvolvimento  sustentável  na  relação  intergeracional  entre  o  crescimento  da 

    produção,  os  impactes  ambientais  e  as  necessidades  das  gerações  futuras  (Gray,  2006).  O 

    relatório  concluía  que,  se  as  tendências  atuais  de  crescimento  da  população,  industrialização, 

    poluição, produção alimentar e utilização de recursos se mantivessem, atingir‐se‐iam os limites de 

    crescimento dentro dos próximos cem anos, sendo premente uma alteração das tendências que 

    então  se  verificavam  de modo  a  ampliar  as  probabilidades  de  criar  condições  de  estabilidade 

    ecológica e económica, numa perspetiva de muito longo prazo (Meadows et al., 1972). 

    A Declaração de Estocolmo, documento resultante da Conferência de 1972, assinada pelos países 

    industrializados,  continha  um  conjunto  de  princípios  para  a  proteção  ambiental  e  o 

    desenvolvimento  e  a  salvaguarda  dos  recursos  naturais  em  benefício  das  gerações  atuais  e 

  •   

    Capítulo I – O Desenvolvimento Sustentável  

    ________________________________________________________________________________11 

    futuras,  destacando  o  papel  do  planeamento  racional  como  instrumento  para  a  prossecução 

    desses  objetivos,  bem  como  um  leque  de  recomendações  para  a  sua  implementação.  De 

    Estocolmo  resultou,  em  simultâneo,  em  1972,  a  criação  de  um mecanismo  institucional  para 

    tratar das questões ambientais no âmbito das Nações Unidas, o programa ambiental das nações 

    unidas – United Nations Environmental Programme, que se tornou na primeira instituição mundial 

    a  ter como missão a melhoria da qualidade de vida da população mundial sem comprometer a 

    satisfação  das  necessidades  das  sociedades  vindouras,  encorajando  o  desenvolvimento  de 

    parcerias em prol do ambiente1. 

    Foi  em  1997,  com  a  publicação  do  Relatório  de  Bruntland,  não  obstante  a  diversidade  de 

    definições  existentes,  que  é  apresentada  a  definição  mais  consensualmente  utilizada  de 

    desenvolvimento sustentável, definido como: “aquele que garante a satisfação das necessidades 

    do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras em satisfazer as suas próprias 

    necessidades”2. 

    O Relatório de Bruntland é um marco temporal crítico uma vez que a partir da sua publicação se 

    assistiu à multiplicação de estudos e trabalhos sobre a questão ambiental e a sustentabilidade e 

    foi traçado o percurso que moldou o pensamento e as práticas de sustentabilidade. Em paralelo, 

    foram  surgindo  vários  campos  interdisciplinares  aos  quais  se  associaram  novos  pensamentos, 

    princípios  e  práticas  éticas  e  um  comprometimento  político  para  com  as  questões  da 

    sustentabilidade (Sneddon, Howarth, & Norgaard, 2006). 

    Em 1992, teve  lugar, no Rio de Janeiro, a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio 

    Ambiente  e  Desenvolvimento,  a  Cimeira  da  Terra,  na  qual  se  reafirmou  o  compromisso 

    internacional com os princípios do desenvolvimento sustentável e se reconheceu a necessidade 

    de as empresas assumirem um papel de  liderança na  identificação de soluções para as questões 

    ambientais.  Desta  Cimeira  resultaram  documentos  de  grande  importância,  reconhecidos 

    internacionalmente,  nomeadamente,  a  Declaração  do  Rio  92  e  a  Agenda  21,  resultantes  da 

    contribuição de governos e instituições da sociedade civil3. 

    A  Agenda  21  é  um  programa  de  ação  delineado  para  todas  as  áreas  do  desenvolvimento 

    sustentável,  incluindo as questões sociais e económicas (o combate à pobreza e a alteração dos 

    padrões  de  produção  e  consumo  de  acordo  com  as  constantes  alterações  demográficas)  e  as 

    questões  ambientais  (proteger  a  atmosfera,  os  oceanos  e  a  biodiversidade,  prevenir  a 

    desflorestação e promover a agricultura sustentável). A adoção de muitos programas da Agenda 

                                                                1 Conferência de Estocolmo, site: www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?DocumentID=97 2 Relatório de Brundtland, site: http://www.un‐documents.net/our‐common‐future.pdf 3 Cimeira da Terra, disponível em www.un.org/geninfo/bp/enviro.htm 

  •   

    O Impacto das Práticas Sustentáveis na Cadeia de Abastecimento no Desempenho da Empresa   

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    21, a nível nacional e regional, traduz uma  importante conquista resultante da Cimeira da Terra 

    que enfatizou  a  importância dos  governos  adotarem estratégias nacionais de desenvolvimento 

    sustentável (ENDS), enquanto processo de promoção da sustentabilidade a esta escala, em que as 

    autoridades  locais  se  comprometem  a  colaborar  com  todos  os  parceiros  locais:  cidadãos, 

    empresas, indústrias e grupos interessados4. 

    As  outras  duas  convenções,  juridicamente  vinculativas,  que  posteriormente  foram  aprovadas 

    foram:  a)  a  Convenção  sobre Mudanças  Climáticas,  um  tratado  internacional  para  enfrentar  o 

    aquecimento  global,  que  levou  à  cr