Lv 24

4
214 — CAPÍTULO 24 — ISRAEL É CONSERVADO PARA O PAÍS DE CANAÃ Há neste breve capítulo muitas coisas que devem interessar a mente espiritual. No capítulo 23 temos visto a história do procedimento de Deus para com Israel, desde a oferta do verdadeiro Cordeiro pascal até ao repouso e glória do reino milenial. No capítulo que temos agora perante nós temos duas grandes idéias: primeiro, o testemunho e o memorial das doze tribos (mantidos continuamente diante de Deus pelo poder do Espírito Santo e pela eficácia do sacerdócio de Cristo); e, segundo, a apostasia de Israel segundo a carne e o conseqüente juízo divino. E preciso compreender bem a primeira para poder compreender a segunda. O Azeite para a Luminária, para Acender as Lâmpadas Continuamente "E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Ordena aos filhos de Israel que te tragam azeite de oliveira, puro, batido, para a luminária, para acender as lâmpadas continuamente. Arão as porá em ordem perante o SENHOR, continuamente, desde a tarde até à manhã, fora do véu do testemunho, na tenda da congregação; estatuto perpétuo é, pelas vossas gerações. Sobre o castiçal puro porá em ordem as lâmpadas, perante o SENHOR continuamente" (versículos 1-4). O "azeite puro" representa a graça do Espírito Santo, baseada na obra de Cristo, representada por sua vez pelo castiçal de "ouro batido". A "azeitona" era moída para dar o "azeite", e o outro era "batido" para formar o castiçal. Por outras palavras, a graça e luz do Espírito estão baseadas na morte de Cristo e mantidas, com clareza e poder, pelo sacerdócio de Cristo. A lâmpada de ouro espalhava a sua luz em todo o recinto do santuário, durante as tristes horas da noite, quando as trevas cobriam toda a nação e todos estavam envolvidos no sono. Em tudo isto temos uma intensa representação da fidelidade de Deus para com o Seu povo, qualquer que pudesse ser a sua condição exterior. As trevas e a sonolência podiam estender-se sobre eles, mas a lâmpada devia arder "continuamente". O sumo sacerdote tinha a responsabilidade de velar para que a luz do testemunho ardesse durante as horas enfadonhas da noite,"Aarão as porá em ordem, perante o Senhor, continuamente, desde a tarde até à manhã, fora do véu do testemunho, na tenda da congregação". A

description

Lv 24

Transcript of Lv 24

Page 1: Lv 24

214

— CAPÍTULO 24 —

ISRAEL É CONSERVADO PARA O PAÍS DE CANAÃ

Há neste breve capítulo muitas coisas que devem interessar

a mente espiritual. No capítulo 23 temos visto a história do procedimento de Deus para com Israel, desde a oferta do verdadeiro Cordeiro pascal até ao repouso e glória do reino milenial. No capítulo que temos agora perante nós temos duas grandes idéias: primeiro, o testemunho e o memorial das doze tribos (mantidos continuamente diante de Deus pelo poder do Espírito Santo e pela eficácia do sacerdócio de Cristo); e, segundo, a apostasia de Israel segundo a carne e o conseqüente juízo divino. E preciso compreender bem a primeira para poder compreender a segunda.

O Azeite para a Luminária, para Acender as Lâmpadas

Continuamente "E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Ordena aos filhos de

Israel que te tragam azeite de oliveira, puro, batido, para a luminária, para acender as lâmpadas continuamente. Arão as porá em ordem perante o SENHOR, continuamente, desde a tarde até à manhã, fora do véu do testemunho, na tenda da congregação; estatuto perpétuo é, pelas vossas gerações. Sobre o castiçal puro porá em ordem as lâmpadas, perante o SENHOR continuamente" (versículos 1-4).

O "azeite puro" representa a graça do Espírito Santo, baseada na obra de Cristo, representada por sua vez pelo castiçal de "ouro batido". A "azeitona" era moída para dar o "azeite", e o outro era "batido" para formar o castiçal. Por outras palavras, a graça e luz do Espírito estão baseadas na morte de Cristo e mantidas, com clareza e poder, pelo sacerdócio de Cristo. A lâmpada de ouro espalhava a sua luz em todo o recinto do santuário, durante as tristes horas da noite, quando as trevas cobriam toda a nação e todos estavam envolvidos no sono. Em tudo isto temos uma intensa representação da fidelidade de Deus para com o Seu povo, qualquer que pudesse ser a sua condição exterior. As trevas e a sonolência podiam estender-se sobre eles, mas a lâmpada devia arder "continuamente". O sumo sacerdote tinha a responsabilidade de velar para que a luz do testemunho ardesse durante as horas enfadonhas da noite,"Aarão as porá em ordem, perante o Senhor, continuamente, desde a tarde até à manhã, fora do véu do testemunho, na tenda da congregação". A

Page 2: Lv 24

215

conservação desta luz não dependia de Israel. Deus havia ordena-do alguém cujo dever era velar por ela e pô-la em ordem continu-amente.

A Unidade do Povo de Israel Mais adiante lemos: "Também tomaras da flor de farinha e

dela cozerás doze bolos; cada bolo será de duas dízimas. E os porás em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa pura, perante o SENHOR. E sobre cada fileira porás incenso/wo, que será, para o pão, por oferta memorial; oferta queimada é, ao SENHOR. Em cada dia de sábado, isto se porá em ordem perante o SENHOR, continuamente, pelos filhos de Israel, por concerto perpétuo. E será de Arão e de seus filhos, os quais o comerão no lugar santo, porque uma coisa santíssima é para eles, das ofertas queimadas ao SENHOR, por estatuto perpétuo" (versículos 5-9).

Não se menciona o fermento nestes pães. Não tenho dúvidas que representam Cristo em imediata relação com "as doze tribos de Israel". Estavam expostos no santuário perante o Senhor, sobre a mesa pura, durante sete dias, depois dos quais eram alimento para Arão e seus filhos, oferecendo outra figura notável da condição de Israel aos olhos do Senhor, qualquer que fosse o seu aspecto exterior. As doze tribos estão continuamente diante d'Ele. O memorial jamais pode perecer. Estão colocadas em ordem divina no santuário, cobertas com o incenso fragrante de Cristo, e refletem desde a mesa pura os raios resplandecentes da lâmpada de ouro, que brilha, com inalterável brilho, durante as horas mais sombrias da noite moral da nação.

Convém certificarmo-nos de que não sacrificamos um juízo são ou verdade divina no altar da fantasia, quando ousamos interpretar deste modo os utensílios místicos do santuário. Em Hebreus 9 temos o ensino de que todas estas coisas eram "figuras das coisas que estão no céu"; e em Hebreus 10:1 que são "a sombra dos bens futuros". Estamos, pois, autorizados para crer que há "coisas que estão no céu" que correspondem às "figuras" — que existe uma substância que corresponde à "sombra". Numa palavra, estamos autorizados para crer que há "nos céus" alguma coisa que corresponde às "sete lâmpadas", "a mesa pura" e os "doze pães". Isto não é imaginação humana, mas, sim, verdade divina de que a alma se alimenta, em todos os tempos.

Que significava o altar de Elias formado por "doze pedras", no monte Carmelo? Não era nada menos que a expressão da sua fé na verdade que os "doze pães" eram "figuras" ou"sombras". Elias cria na unidade indissolúvel da nação mantida perante Deus na estabilidade eterna da promessa feita a Abraão, Isaque e Jacó, qualquer que fosse a condição externa da nação. O homem podia

Page 3: Lv 24

216

procurar em vão a unidade visível das doze tribos; mas a fé podia sempre ver no recinto sagrado do santuário os doze pães cobertos com o incenso puro e exposto em ordem perfeita sobre a mesa pura; e ainda que tudo fora estivesse envolto em densas trevas, a fé discernia, à luz das sete lâmpadas de ouro, a mesma verdade fundamental prefigurada; isto é, a unidade indissolúvel das doze tribos de Israel.

Assim era, então; e assim é agora. A noite é escura e triste. Não há, em todo este mundo, um só raio de luz pelo qual a mente humana possa distinguir a unidade das tribos de Israel. Estão dispersas entre as nações e perdidas para a visão do homem. Porém o seu memorial está perante o Senhor. A fé reconhece isto porque sabe que "todas as promessas de Deus são sim e amém em Cristo Jesus". Vê no santuário do alto, à luz perfeita do Espírito, as doze tribos fielmente rememoradas. Escute-se estes nobres acentos da fé: "E agora pela esperança da promessa, que por Deus foi feita a nossos pais, estou aqui e sou julgado. A qual as nossas doze tribos esperam e desviará de Jacó as impiedades. E este será o meu concerto com eles, quando eu tirar os seus pecados. Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição amados por causa dos pais. Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento. Porque assim como vós também, antigamente fostes desobedientes a Deus, mas, agora, alcançastes misericórdia pela desobediência deles, assim também estes, agora, foram desobedientes para também alcançarem misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada. Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência para com todos usar de misericórdia. O profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, cômoda ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o intento do Senhora Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém" (Rm 11:25-36).

Poderia multiplicar-se as passagens para provar que ainda que Israel esteja sob o juízo de Deus por causa do pecado, "os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento", e que embora o blasfemo seja apedrejado fora do arraial, os doze pães permanecem intactos dentro do santuário. "As vozes dos profetas" declaram e as vozes dos apóstolos repetem a gloriosa verdade que "todo o Israel será salvo"; não porque não hajam pecado, mas porque "os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento". Que os cristãos tenham cuidado com a forma como tratam "as promessas feitas aos pais". Se estas promessas forem mal aplicadas ou mal expostas, o nosso sentimento moral da

Page 4: Lv 24

217

integridade divina e exatidão das Escrituras como um todo será infalivelmente enfraquecido. Se uma parte for menosprezada, também o será outra. Se uma passagem for vagamente interpretada, também o será outra; e assim acontecerá que perdemos a certeza bendita que constitui o fundamento do nosso repouso quanto a tudo que o Senhor tem declarado. Mas diremos mais alguma coisa a este respeito quando analisarmos os últimos capítulo deste livro.