Macau e as Relações Económicas China-Países de Língua Portuguesa 2009

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154 DEZ ANOS DE CRESCIMENTO 1 9 9 9 - 2 0 0 9 macau e as relações económicas China/países de língua portuguesa

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China e áfrica

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Dez anos De crescimento

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Título Macau e as relações económicas China/Países de língua portuguesa1999-2009Dez anos de crescimento

EditorInstituto Internacional de Macau

Edição em Português (1ª edição)

ProduçãoAgência Macaulink/Delta Edições

CoordenaçãoGonçalo César de Sá

ColaboraçãoAllan SalasAna CorreiaFernando CorreiaJosé Carlos Matias dos SantosGao MingGuilherme DiasLuís OrtetMarco MoreiraMaria João BelchiorMércia GonçalvesPaula MachavaRafael BiéRaquel AlbuquerqueTam Kam Veng

Direcção e produção gráficavictor hugo design

ImpressãoTipografia Welfare, Macau

Tiragem1000 exemplares

ISBN 978-99937-45-29-7

Edição incluída no programa comemorativo do 10º. Aniversário do IIM

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macaue as relações económicas China/países de língua portuguesa

Dez anos De crescimento � 9 9 9 - � 0 0 9

Coordenação Gonçalo Cesár de Sá

ColaboraçãoAllan SalasAna CorreiraFernando CorreiaJosé Carlos Matias dos SantosGao MingGuilherme DiasLuís OrtetMarco MoreiraMaria João BelchiorMércia GonçalvesPaula MachavaRafael BiéRaquel AlbuquerqueTam Kam Veng

MACAuOuTuBRO 2009

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06 Introdução Instituto Internacional de Macau

10 a 27 Macau: plataforma da China para o espaço Lusófono

28 a 37 China: o “Grande Salto” para a lusofonia

38 a 53 Brasil: negócios de gigantes

54 a 75 Angola: potência em reconstrução

76 a 91 Moçambique:um parceiro constante

92 a 105 Cabo Verde:dos pequenos comerciantes à Zona Económica Chinesa

106 a 115 Guiné-Bissau: à procura do caminho para o desenvolvimento

116 a 125 São Tomé e Príncipe:economia antes da diplomacia

126 a 137 Timor-Leste:mar de oportunidade

138 a 151 Portugal:o parceiro estratégico

152 Anexo 1 Volume das trocas comerciais entre a China e os PLP 2008

153 Anexo 2 As maiores empresas chinesas em países da CPLP

Índice

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IntroduçãoPlataforma económica e cultural

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Jorge A. H. RangelPresidente do Instituto Internacional de Macau

este trabalho, que o instituto internacional de macau agora publica, reunindo estudos e análises de especialistas que acompanham de perto este importante tema, é especialmente dedicado ao papel da região administrativa especial de macau (raem) como plataforma económica e comercial entre a china e os Países de Língua Portuguesa e às importantes realizações já conseguidas neste domínio.a lucidez e o pragmatismo das mais altas autoridades da rPc ao comete-rem ao Governo da raem esta responsabilidade, assumida com justificado empenho e louvável determinação, representa, afinal, a reafirmação da vocação histórica deste território, renovando-se e actualizando-se aquela que é, seguramente, uma das suas mais expressivas valias, alicerçada numa pluricentenária ligação que uma língua de trabalho e raízes comuns permitiram criar.o Fórum para a cooperação económica e comercial entre a china e os Países de Língua Portuguesa, não obstante o muito que ainda falta fazer, é já, indubitavelmente, uma história de sucesso, como o é também a própria raem, ao completar a primeira década de funcionamento, num tempo de relevantes desafios de âmbito local e de ordem internacional. estes desafios são de natureza económico-financeira e também social e política, tornados mais evidentes neste mundo globalizado e com fronteiras que, com avanços e recuos, se foram esbatendo nos meandros das relações comerciais externas e na indispensável conjugação de interesses cada vez mais supranacionais.com o incremento de contactos e realizações de índole económica, vieram também, inevitavelmente, os eventos culturais, sendo de registar o enorme interesse de universidades e académicos da rPc no estudo da história dessas relações, bem como os propósitos evidenciados pelas autoridades e pela população jovem de macau na defesa do património cultural e arquitectónico, materializada na oportuna consagração, pela Unesco, do centro histórico da cidade como património da humanidade.também foi em macau que teve lugar a �.a edição dos Jogos da Lusofonia, em �00�, mantendo-se, igualmente, intensas as relações académicas, culturais, científicas e desportivas com Portugal e com outros países do mundo lusófono, sendo de destacar, neste âmbito, os encontros da aULP – associação das Universidades de Língua Portuguesa – que continuam a efectuar-se regularmente em macau.no âmbito das suas atribuições, o instituto internacional de macau não pode deixar de estar na primeira linha dessas preocupações, promovendo a plena realização dos grandes objectivos consensualmente assumidos e reforçando a articulação com a cPLP – comunidade dos Países de Língua Portuguesa, no uso pleno do estatuto de observador consultivo que lhe foi oportunamente atribuído.acreditamos mesmo que o sucesso das políticas definidas dependerá, em larga medida, da consistência das parcerias público-privadas que puderem ser estabelecidas e estendidas no espaço e no tempo entre os Governos e as mais prestigiadas instituições da sociedade civil. os resultados almejados obrigam ao envolvimento de todos.

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a região administrativa especial de macau (raem) transfigurou-se na primeira década de integração na china. na economia, no espaço urbano e nas dinâmicas da sociedade. os números são ilustrativos da dinâmica de macau nesta década: o Produto interno Bruto (PiB) quase quadruplicou, as receitas do jogo, principal actividade económica, subiram sete vezes e a população aumentou cerca de um terço. essencialmente, cinco momentos permitiram a criação de ciclos virtuosos de crescimento e desenvolvimento: a liberalização do sector do jogo, a atribuição pela Unesco do título de Património mundial ao centro Histórico de macau, o acordo de aproximação e Parceria económica entre macau e a china (cePa), o “Processo 9+�”, de integração económica entre as nove provínciasdo Grande Delta do rio das Pérolas e as duas regiões administrativas especiais, e a criação do Fórum para a cooperação económica e comercial entre a china e os Países de Língua Portuguesa, com secretariado permanente em macau. o resultado: a projecção de macau, a nível regional e internacional.

plataforma da China para o espaço LusófonoMACAU

RAEM: FACtos EssEnCiAis

integração na china 20 de Dezembro de 1999

Língua oficial Chinês e Português

moeda Pataca

Fuso Horário MST (UTC+8)

indicativo telefónico internacional +853

código internet .mo

Área 29,2 quilómetros quadrados

PiB USD 22,04 mil milhões (2008)

População 546 mil (2009)

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zhuhai. as empresas que criarem unidades de produção nesta zona gozam de vários benefícios. Desde logo, no caso de os produtos serem transformados e embalados em macau gozam de um estatuto de porto franco, com um fluxo livre de mercadorias sem direitos aduaneiros. Do ponto de vista geográfico, o Parque está próximo do canal de transporte marítimo internacional e do porto de águas profundas de macau. a apenas 4� km está localizado o porto de Gaolan, em zhuhai, que permite ligações mais fáceis quer ao transporte marítimo para mercados internacionais, quer de acesso ao interior da china. na tentativa de promover a criação de indústrias de valor acrescentado, o instituto de Promoção do comércio e investimento de macau (iPim) pode conceder subsídios a fundo perdido a projectos que impliquem o fabrico de “novos produtos, donde derive elevado risco económico e sempre que o mérito da inovação o justifique”; projectos de “inovação e desenvolvimento, tendo em vista aplicações industriais de interesse para o território”; e “projectos de instalação de equipamentos anti-poluição donde resultem benefícios para o território”. no sentido de apoiar as pequenas e médias empresas locais no desenvolvimento de actividades de “franchising”, foi criado pelo iPim o serviço “one stop”. este serviço

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consiste em fornecer informações e conselhos sobre os investimentos e parcerias comercias destinados às empresas locais e estrangeiras.além das actividades ligadas ao sector do jogo e do tecido industrial, apoiado pelo governo, há outros sectores em que a raem se apresenta com vantagens e potencialidades. na área

e zhongshan a menos de ��0 km. em termos de infra-estruturas, o facto de ter um aeroporto internacional, acessos rodoviários à china e um porto de águas profundas. no plano dos serviços, a raem apresenta também trunfos como receptor de investimentos em actividades financeiras de off-shore, em concreto bancos, seguradoras e gestão fiduciária. estas instituições auferem de vários benefícios fiscais: isenção do pagamento do imposto complementar ou contribuição industrial.

foprum econo-mico

das novas tecnologias, o executivo criou o centro de novas tecnologias de macau, uma base de apoio técnico e de fundos para investimento e a comissão de novas tecnologias,na qual estão representados especialistas e que visa o reforço das componentes de investigação e inovação no sistema educativo da raem. os serviços de logística e de apoio também têm um campo propício para florescer. em primeiro lugar devido à posição geográfica de macau: na zona ocidental do Delta do rio das Pérolas, com Hong Kong, shenzhen, zhuhai e cantão

MACAU

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PoRtA AbERtA PARA o MUndo lUsóFono E PARA As PME

a criação em �00� do Fórum para a cooperação económica e comercial entre a china e os Países de Língua Portuguesa, com a sede do secretariado Permanente em macau, veio conferir à raem uma dimensão global especial. na verdade, o Fórum vem de algum modo devolver a dimensão pluricontinental que teve durante séculos, nas relações com África, américa Latina e sudeste asiático. agora, novamente, macau desempenha um papel único nas ligações da china com Portugal, Brasil, angola,

moçambique, Guiné-Bissau, cabo Verde e timor-Leste. o Fórum surgiu também como um dado novo nas relações internacionais, que abriu a porta a uma infindável combinação de possibilidades, num jogo de soma positiva. a criação do Fórum veio consolidar as relações bilaterais existentes e dar uma consistência simbólica e política às ligações da china com os países de língua portuguesa. este instrumento consubstancia-se como um complemento importante e enquadramento através do qual a china materializa as relações num plano multilateral e que complementa o relacionamento inter-governamental bilateral. confere assim uma identidade

internacional a macau, como plataforma entre a china e os países de língua portuguesa, cumprindo assim quer a vontade do governo central, que lançou esta iniciativa, quer o desejo da população e das autoridades locais. com todos estes ingredientes, macau surge como uma porta aberta quer para as empresas chinesas investirem nos países de língua portuguesa, quer para companhias de países lusófonos utilizarem macau para fazer negócios na raem e utilizara região para entrar na china e no Delta do rio das Pérolas. a escolha de macau como sede do secretariado permanente do Fórum pode ser explicada em virtude de vários factores. Desde logo,

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encontrar parceiros para negócios. Paralelamente, desde �00�, por iniciativa do governo central, foi estabelecido em macau o secretariado Permanente (sP) do então criado Fórum para a cooperação económica e comercial entre a china e os Países de Língua Portuguesa. através do Gabinete de apoio ao sP do Fórum, coordenado desde o início até �009 por rita santos, é possível ter acesso a um vasto leque de informações com vista ao investimento em macau e na china e participar em acções de promoção económica como feiras comerciais, conferências, missões empresariais e contactos de alto nível em macau, na china e em países lusófonos. Desde �00�,

nos encontros empresariais organizados pelo iPim e pelo secretariado do Fórum em Luanda, Lisboa, maputo e cabo Verde participaram cerca de �000 empresários da china, macau e dos países de língua portuguesa. Para ip Kuai Peng, professor na Universidade de ciência e tecnologia de macau, tem sido claro que a raem “tem um papel

o português é uma das línguas oficiais de macau, na sequência do que está estipulado na Lei Básica da raem, o que por si só poderá funcionar como ponte para a entrada de companhias de países de língua portuguesa no mercado chinês, em especial para a zona do sul da china, no Grande Delta do rio das Pérolas. Dado que o sistema jurídico de macau é de matriz portuguesa, existem condições que podem facilitar a utilização da raem como plataforma para as relações económicas sino-lusófonas. em concreto, as empresas dos países lusófonos podem encontrar vários peritos legais, juristas e outros agentes que poderão efectuar um trabalho ao nível da consultoria e marketing e que detêm um bom conhecimento quer do mercado da china, quer do mercado dos países de língua portuguesa. no sentido de facilitar o comércio e investimento com os países lusófonos, a raem assinou já dois acordos para evitar dupla tributação, um com Portugal, outro com moçambique. o objectivo é alargar este tipo de acordos a outros países de língua portuguesa.o governo de macau tem no instituto para a Promoção do comércio e investimento de macau (iPim) um instrumento para dar apoio aos empresários que apostam na raem. na página oficial do iPim está disponível uma Bolsa de contactos empresariais onde se trocam informações para

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único neste processo uma vez que os empresários locais estão bastante familiarizados com os mercados da china e dos países de língua portuguesa”. Desde �00�, dezenas de responsáveis governamentais de países de língua portuguesa têm visitado macau, ao passo que o chefe do executivo deslocou-se por duas vezes a Portugal, uma vez a moçambique e outra ao Brasil, em visitas oficiais. macau tem sido o palco também para o intercâmbio sino-lusófono a vários níveis. no desporto, em �00� a raem acolheu a primeira edição dos Jogos da Lusofonia, sendo macau sede da associação de comités olímpicos de Língua

oficial Portuguesa. Durante a primeira década da raem foram também promovidos eventos como as conferências de aeroportos da china e dos Países de Língua Portuguesa, o encontro de governadores dos bancos centrais ou de estações televisivas da china, de macau e dos países lusófonos. como resultado de todas estas iniciativas, empresas e instituições chinesas e dos países lusófonos têm demonstrado uma atenção cada vez maior ao papel de macau e às potencialidades dos negócios sino-lusófonos. o presidente do iPim, Lee Peng Hong, sublinha que o “empresariado chinês tem dado cada vez mais atenção

ao desenvolvimentodo relacionamento económico e comercial com os PLP, fundamentado na igualdade e no benefício mútuo”. “o feliz relacionamento justifica a necessidade e o significado estratégico da criação do referido Fórum, e deu uma devida contribuição para a prosperidade e o progresso da economia mundial e, particularmente, da África e da américa Latina”, adianta.Primeiro foi a abertura do consulado-Geral de Portugal na raem, depois em �00� angola abriu as portas do seu consulado, como sinal da importância e do nível de cooperação

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que existe entre a china, macau e angola. a sociedade civil tem respondido com entusiasmo a esta dinâmica. a Festa da Lusofonia, realizada todos os anos, tornou-se num acontecimento de destaque no calendário de festividades de macau, servindo de montra da música, cultura e gastronomia de cada país lusófono. após a criação do Fórum, foram também activadas e reactivadas associações de naturais e amigos de cada um dos países de língua portuguesa, que têm vindo a promover actividades culturais e recreativas junto da população de macau.

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sendo certo que a maioria dos negócios de grande dimensão é concretizada a nível bilateral, ou seja, entre a china e cada um dos países de língua portuguesa, o Fórum vem dar múltiplas oportunidades a pequenas e médias empresas de países lusófonos, que encontram em macau uma base sólida, com serviços de apoio de consultoria e um ambiente propício para apoiar a entrada no mercado chinês. Do mesmo modo, empresas de média dimensão da china, especialmente do sul, podem aproveitar o facto de em macau haver vários intermediários e recursos humanos com experiência no contacto com as culturas lusófonas e empresas e entidades dos países de língua portuguesa para se projectarem nos mercados lusófonos.além do apoio dado pelo iPim e pelo secretariado do Fórum, agentes do sector privado de macau têm também estado bastante envolvidos na promoção dos laços económicos e, nomeadamente, comerciais entre a china, macau e os Países de Língua portuguesa. É o caso da associação comercial internacional para os mercados Lusófonos (acimL), que disponibiliza informação sobre o mercado chinês e dos países de língua portuguesa e apoia parcerias empresariais. activa desde �00�, a acimL tem mais de �0 associados que operam na área de importação e exportação

de produtos entre a china, macau e os países de língua portuguesa. o presidente da acimL, eduardo ambrósio, salienta que ao longo desta década, especialmente desde o aparecimento do Fórum, “há uma consciência maior de empresas da china e de países lusófonos sobre o papel de macau”, sendo isso reflectido no aumento do pedido de informações e na requisição de serviços. “a acimL tem estado a dar apoio logístico e de tradução a empresários da china que querem participar em feiras e encontros empresariais em países africanos lusófonos, nomeadamente em angola”, revela ambrósio. no âmbito das actividades dos associados da acimL, tem aumentado a venda de medicamentos da china para cabo Verde, angola e moçambique. Para o mercado angolano, tem sido cada vez mais significativa a exportação de vestuário, calçado e, mais recentemente, motorizadas. no caso de moçambique, o presidente da acimL destaca a importação de madeira, algodão e caju. Quanto à Guiné-Bissau, há interesse em aumentar a importação de caju, mas os custos com o transporte são mais elevados. De timor-Leste, empresas de macau têm importado café, que passa pelo processo de torrefacção e embalagem na

raem, de forma a beneficiar da isenção de imposto no âmbito do acordo de estreitamento das relações económicas e comerciais. com Portugal têm aumentado a importação de azeite, vinho e medicamentos. ao nível da exportação para o mercado português, destaca-se a venda de motorizadas e aparelhos de ar condicionado fabricados na província de Guangdong.Para eduardo ambrósio, há todo um mundo de oportunidades por explorar, quer ao nível do comércio quer do investimento. no contexto de crise económica dos anos de �00� e �009, o presidente da acimL identifica ainda mais possibilidades de negócio. “as fábricas no sul da china estão à procura de mercados novos para escoar os inventários, numa altura em que as vendas na europa e estados Unidos da américa desceram muito. África e américa Latina são mercados indicados, sobretudo angola e Brasil, uma vez que não foram afectados de forma especial pela crise do crédito, tendo uma classe média com cada vez mais poder de compra”, explica. Para isso, é importante reforçar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido ao nível das delegações empresariais de companhias de macau a feiras e encontros empresariais na china. o papel de plataforma

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com a lusofonia tem sido aliás uma tónica sempre presente nas visitas do chefe do executivo, edmund Ho, às várias províncias e regiões da china. além das conferências ministeriais realizadas em �00� e �00� em macau, todos os anos tem havido encontros empresariais no contexto do Fórum, em países de língua portuguesa, com o objectivo de aprofundar os laços entre instituições, câmaras de comércio e agentes privados no terreno. Um dos pontos altos neste processo teve lugar

em março, quando o vice-ministro do comércio da china, Jiang zengwei, convidou uma delegação de macau para integrar a comitiva do dirigente chinês em visitas a moçambique, angola e Portugal. em macau, a Feira internacional de macau (Fim) tem reservado uma zona exclusiva para empresas e instituições de países de língua portuguesa. nesta dinâmica, macau desempenha não apenas o papel de plataforma de serviços, mas também uma função de montra para os produtos

lusófonos, num universo de mais de �0 milhões de visitantes.como resultado das várias iniciativas do iPim e do secretariado do Fórum, durante as actividades realizadas entre �00� e �00� foram assinados acordos de comércio e investimento no valor de cerca de � mil milhões de dólares. a fatia de leão dos acordos diz respeito a contratos de importação e exportação, mas tem havido também lugar para acordos de parceria e cooperação, nomeadamente no sector financeiro.

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MACAU

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A EnERgiA dA gEoCAPitAl invEstiMEntosEstRAtégiCos

a Geocapital coloca em prática em grande medida o espírito do Fórum, fazendo uso de macau como uma verdadeira plataforma para o relacionamento com os países lusófonos. Ferro ribeiro, investidor português que formou o consórcio com stanley Ho, magnata do jogo em macau, salienta que “para além de ter influenciado o seu nascimento, o Fórum para a cooperação entre a china, macau e os Países de Língua Portuguesa é hoje um factor de afirmação da Geocapital”. o consórcio junta as potencialidades dos recursos energéticos, sobretudo biocombustíveis e dos instrumentos financeiros. segundo Ferro ribeiro, a estratégia da Geocapital passa pela “aposta nos sectores básicos da economia”, dado que “os recursos financeiros e os recursos energéticos estão na base de toda a actividade económica e o acesso combinado a fontes de energia e a fontes de financiamento é condição essencial para a realização de quase todos os projectos empresariais, sejam eles agrícolas, industriais ou até nos serviços”.o primeiro projecto foi lançado em Dezembro de �00� com a assinatura em macau de um acordo com duas empresas

moçambicanas, a sogir – sociedade de Gestão integrada de recursos – e a mozacapital. as três entidades assinaramum entendimento com vista à criação da zambcorp, uma companhia destinada a explorar as potencialidades e desenvolvimento do vale do rio zambeze, uma zona com recursos agrícolas e minerais abundantes.o entendimento indica uma acção “concertada no aproveitamento económico de recursos naturais, nos domínios da energia hidroeléctrica e térmica, do carvão, gás, da agro-indústria, do transporte ferroviário, portos, minerais ferrosos e não-ferrosos, imobiliário e turismo”. estando encontrada a necessidade do mercado e identificadas algumas das potencialidades, a Geocapital está a preparar a criação de um banco de investimento, juntamente com um parceiro local, com o objectivo de financiar os projectos de exploração dos recursos naturais. mas as actividades da Geocapital não se cingem a moçambique. Fez também uma aposta importante na Guiné-Bissau: o Banco da África ocidental (Bao), que é o maior banco do país, e a Geogolfo, unidade empresarial vocacionada para a produção agrícola, a transformação agro-industrial e para a produção de biocombustíveis. em angola,

a Geocapital entrou através da Geopactum, sociedade gestora de participações sociais para a realização de investimentos e gestão de projectos, que é uma parceria com a Global Pactum, sociedade que controla o Banco Privado atlântico e que beneficia do apoio institucional da petrolífera angolana sonangol. Fora de África, a Geocapital esteve associada à companhia aérea pública portuguesa taP, na aquisição da brasileira Vem, empresa de engenharia e manutenção aeronáutica que pertenceu ao universo da extinta companhia aérea brasileira Varig. através da energy Finance, os accionistas da Geocapital investiram em Portugal numa participação qualificada na eDP - energias de Portugal e estão actualmente associados a um dos maiores accionistas do Banco millennium bcp. a Geocapital tem também uma parceria estabelecida em Portugal com o instituto de investigação científica tropical (iict) no âmbito do desenvolvimento científico e tecnológico da produção de biocombustíveis em larga escala.Para o futuro próximo, a holding tem planos para estabelecer novas parcerias que deverão “privilegiar o aumento da capacidade económica e financeira do conjunto, nomeadamente

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através da associação de outras instituições de crédito e entidades gestoras de fundos de investimentos do Brasil, da china e de Portugal”, adianta ferro ribeiro. na calha está ainda a abertura do primeiro banco de direito privado em timor-Leste, um investimento estimado entre quatro e seis milhões de euros. o objectivo principal é financiar investimentos.

o EstEndER dE UMA REdE FinAnCEiRA

o sector da banca também tem estado atento às potencialidades de negócios entre a china, macau e os países de língua portuguesa. em setembro de �00�, foi assinado um acordo que liga macau, Portugal e angola. o Banco da china – sucursal de macau, o Banco de Fomento de angola (BFa) e o Banco Português de investimento (BPi) assinaram um protocolo de cooperação para a abertura de uma linha de crédito no valor de �00 milhões de dólares para apoiar as exportações da china para angola. na mesma ocasião, o BFa e o Banco da china (macau) assinaram um outro acordo que facilita as transferências de verbas dos imigrantes chineses que estão a trabalhar em angola. o Banco espírito santo também está de olho nas potencialidades dos negócios entre a china e os

países lusófonos. Presente em macau desde �99�, através do Banco espírito santo do oriente (Besor), o grupo Bes tem ambições para reforçar a posição na china, onde também tem um escritório, em Xangai. em macau, as actividades do Besor centram-se apenas na e banca de investimento, corporate banking e trade finance. o Bes tem planos para expandir as actividades agora a Hong Kong, onde pretende abrir um banco de investimento. De acordo com Pedro Homem, responsável máximo das actividades internacionais do Bes, tendo em conta que o grupo tem uma presença forte no Brasil e em África, “o objectivo é aproveitar as ligações com a china para potenciar as interacções entre as empresas chinesas, África e o Brasil, tirando proveito do comércio internacional que se desenvolve entre estes três pólos”. nesta rede china-macau-África-Brasil, as actividades do Bes vão centrar-se muito nas actividades das empresas, na banca de investimento de financiamento de projectos, sobretudo no sector energético e agro-industrial. o Grupo millenium bcp, de Portugal, também tem estado activo no aproveitamento das oportunidades que macau oferece como plataforma, dispondo de uma sucursal off-shore na raem e um escritório de representação em cantão. recentemente, o Banco

internacional de moçambique, do grupo millennium bcp, assinou em �009 um protocolo de cooperação com o Banco da china com o objectivo de facilitar as transferências bancárias de particulares e empresas entre a china, macau, Hong Kong e moçambique.com créditos firmados desde o início do século XX, em macau, o Banco nacional Ultramarino, do grupo português caixa Geral de Depósitos, tem tido um forte crescimento dos ganhos ao longo desta primeira década na raem, com presença assídua em sindicatos bancários que têm financiado projectos de jogo e turismo e com uma presença significativa nos segmentos de banca a retalho, além de ser um dos bancos emissores de moeda em macau. na raem operam também com sucursais off-shore o Banco BPi e a caixa Geral de Depósitos. neste processo, o Banco seng Heng, integrado em �00� no Banco industrial e comercial da china, é uma das instituições bancárias de macau que tem acompanhado mais de perto e que tem investido mais no fortalecimento das relações entre a china e os países lusófonos. Desde �00�, tem um acordo com a caixa Geral de Depósitos para explorar em conjunto oportunidades de negócio na china. simultaneamente, o seng Heng abriu escritório em Lisboa.

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os PRojECtos indUstRiAis E A PRoMEssA do tURisMo

sendo macau uma economia virada grandemente para o sector dos serviços, a raem não deixa de criar oportunidades de investimento no sector secundário. neste campo, além da presença desde �9�� da Hovione, fabricante de produtos farmacêuticos, também a sociedade industrial de macau (sim), do empresário português Vasco Pereira coutinho, aproveitou as condições oferecidas no parque industrial transfronteiriço macau-zhuhai ao estar localizada naquele parque a fábrica da sim beneficia da isenção de taxas aduaneiras em �� por cento.

o investimento de �� milhões de dólares levou à criação de uma fábrica de torrefacção de café. na raem, o café adquirido no Brasil, Índia e Vietname é torrado, moído e embalado, com o objectivo de ser exportado sobretudo para o mercado da china, onde o consumo de café está a aumentar de forma substancial. a marca olá já está no terreno, com actividades de promoção nas cidades de cantão, zhuhai, shenzhen, Pequim, Hong Kong e Xangai. em sentido inverso, ou seja investimentos industriais de empresários de macau em países lusófonos, eduardo ambrósio está a ultimar o processo para a criação de uma fábrica de motorizadas em moçambique, através de uma parceria entre um empresário

da china e um agente privado moçambicano. noutro campo, ao nível da energia, a eléctrica portuguesa eDP, que tem uma participação de �� por cento na companhia de electricidade de macau (cem), constituiu uma parceria com stanley Ho criando a eDP energy solutions, com o objectivo de entrar no mercado de energias limpas e alternativas da china.Uma área em grande medida por explorar neste processo é a do turismo. À excepção dos investimentos de stanley Ho em Portugal – no sector do jogo e entretenimento - pouco mais há no terreno. no entanto, projectos não faltam. o empresário de macau David chow tem um projecto em mãos anunciado há três anos

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para o ilhéu de santa maria, próximo da capital cabo-verdiana, que implica um investimento de cerca de �00 milhões de dólares. Já John Lo, da sociedade internacional Grupo excelente, tem como prioridade a Guiné-Bissau onde planeia investir �0 milhões de patacas num hotel, na capital, Bissau, na sequência de investimentos e negócios que tem feito no país na área da agricultura desde �00�. “os empresários de macau, como centro mundial de turismo e entretenimento, podem ter um papel mais activo no desenvolvimento no turismo entre a china e os países de língua portuguesa, incluindo na formação de quadros e participação em projectos de investimento nos países lusófonos”, afirma ip Kuai Peng.

MACAU

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Ambrose soDirector executivo

da sociedade de Jogos

de macau (sJm),

empresa controlada

por stanley Ho,

é o braço direito

do magnata do jogo de macau

também para os negócios

com os países lusófonos,

na holding Geocapital

que resulta de uma parceria

entre o investidor português

Ferro ribeiro e stanley Ho.

david Chowcônsul honorário de cabo

Verde em macau

e empresário da área do jogo

e turismo. tem investimentos

em macau e em Pequim

no sector da hotelaria.

tem planos para criar

um estância turística

no ilhéu de santa maria,

no arquipélago de cabo Verde.

Eduardo AmbrósioPresidente da associação

comercial internacional

para os mercados Lusófonos

(acimL), que funciona

como uma câmara de comércio

sino-lusófona de macau.

Há vários anos que se dedica

a título individual à importação

e exportação entre a china,

macau e os países de língua

portuguesa. tem planos

para iniciar actividades

de investimento.

john locônsul honorário

da Guiné-Bissau em macau.

tem investimentos na área

da agricultura e tem estado

activo na importação

de madeira, arroz e caju

da Guiné-Bissau para a china.

Depois de se ter dedicado

sobretudo ao sector imobiliário,

nos últimos anos tem estado

empenhado nos negócios

com a Guiné-Bissau. em mãos

tem um plano de construção

de um hotel de � estrelas

com �0 quartos em Bissau.

jorge Rangel Presidente e fundador

do instituto internacional

de macau desde o início

das suas actividades. natural

de macau, foi deputado

na assembleia Legislativa

e desempenhou funções

de secretário–adjunto do

governo de macau por duas

vezes: sob o governador

almeida e costa nos anos

oitenta e no executivo

de rocha Vieira, na década

seguinte até à transição

de macau, altura em que

tutelou as pastas

da administração,

educação e Juventude.

lee Peng Hong Presidente do instituto

de Promoção do comércio

e investimento de macau (iPim)

desde a criação da raem.

tem visitado vários países

lusófonos e tem promovido

na china o papel de macau

como plataforma com os

países lusófonos.

Manuel Amante da Rosasecretário-geral adjunto

do secretariado Permanente

do Fórum de cooperação

económica e comercial entre

a china e os Países de Língua

Portuguesa. embaixador

e diplomata de carreira

cabo-verdiano, desempenhou

funções na representação

de cabo Verde nas nações

Unidas em nova iorque, tendo

sido também embaixador

no Brasil e angola,

entre outros altos cargos

no ministério dos negócios

estrangeiros de cabo Verde.

Miguel Coelho Delegado da agência para

o comércio externo e o

investimento de Portugal (aiceP)

em macau e delegado de

Portugal junto do secretariado

Permanente do Fórum para

a cooperação económica

e comercial entre a china e os

Países de Língua Portuguesa

(macau). na raem, a aiceP

concede apoio às empresas

portuguesas que actuam ou têm

projectos para fazer negócios

em macau ou na china

Rodrigo Pedro domingoscônsul-Geral da república

de angola em macau

desde a abertura do

consulado-Geral em �00�.

embaixador e diplomata

de carreira, desempenhou

funções em moscovo e nos

Países Baixos tendo ainda sido

membro da missão angolana

na onU em nova iorque,

na organização de Unidade

africana em Lomé e sudão,

na conferência ministerial

do movimento dos Países

não-alinhados em Belgrado,

na conferência do Bureau

de coordenação do movimento

dos Países não-alinhados em

colombo e na conferência

de roma que criou o tribunal

Penal internacional.

stanley Homagnata do jogo de macau,

natural de Hong Kong,

é considerado um dos homens

mais ricos de macau, tendo

negócios e investimentos

em vários sectores na raem,

com especial destaque para

o jogo (através da sociedade

de Jogos de macau)

e transporte marítimo

e imobiliário. investidor

em Portugal há várias décadas,

stanley Ho tem apostado

nos últimos anos nos restantes

países lusófonos utilizando para

isso a holding Geocapital,

que formou em conjunto

com o investidor português

Jorge Ferro ribeiro.

Macau Quem é Quem

Page 27: Macau e as Relações Económicas China-Países de Língua Portuguesa 2009

��

MACAU

Page 28: Macau e as Relações Económicas China-Países de Língua Portuguesa 2009

��

Agência de informação e notícias Macaulinko Gabinete de comunicação social

do Governo de macau criou em �00�

um portal gratuito, em português,

inglês e chinês simplificado, denominado

macauHub, produzido pela agência

de informação e notícias macauLink.

o serviço diário distribui informação

sobre as relações económicas entre

os Países de Língua Portuguesa e a china

e ainda análises dos mesmos países.

o serviço macauHub está disponibilizado

em vários motores de busca internacionais

e recebe cerca de um milhão de visitas

anuais.

www.macauhub.com.mo

av. infante D. Henrique, 4�- �� a

the macau square, �th floor - L

macau

telefone: (���) ��������/� / Fax (���) �����4��

e-mail:[email protected]

ACiMlAssociação Comercial internacional para os Mercados lusófonosFunciona na prática como a câmara

de comércio sino-lusófona de macau.

composta por mais de �0 empresários

da área de importação e exportação,

disponibiliza às empresas informação

e consultoria sobre o mercado chinês

e o dos países de língua portuguesa.

Alameda Dr. Carlos d’Assumpção No 263,

Edif. China Civil Plaza, 20˚ andar, Macau

Tel: (853) 28728212

E-mail: [email protected] Website: http://www.aciml.org.mo/

AiCEP MacauPresta apoio e informações a empresas

portuguesas com planos para entrar no

mercado de macau e da china, com

destaque para o sul do país.

Edifício Rafael, Rua Pedro Nolasco da Silva,

45 – 2º

Tel: (853) 28 72 83 00/1

E-mail: [email protected]

Website:http://www.portugalglobal.pt

delegações Económicas e Comerciais de Macau Junto da União Europeia

(Chefe da delegação:

Raimundo Arrais do Rosário)

avenue Louise, 4�0 Bte �b,

�0�0 Bruxelles, Bélgica,

tel: (00���) �4� ���� /

Fax (00���) �40 ����

e-mail [email protected]

Lisboa (Chefe da delegação:

Raimundo Arrais do Rosário)

av. � De outubro ���.4

tel: +��� ��� 9�9 ��

e-mail: [email protected] Organização Mundial do Comércio

(Chefe da delegação:

Raimundo Arrais do Rosário)

avenue Louis-casai, ��, ��09 Geneve, sUisse

tel: (4�)��-��00���/ Fax: (4�)��-��00��0

e-mail: [email protected]

Pequim

(Chefe da Delegação: Ng Pak Meng)

n.º � Wangfujing east street,

��th/F macau center, Dongcheng District, Beijing

tel: (00��)�0-�����0�0/ Fax: (00��)�0-�����0�0

Empresas e instituições

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��

Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de língua Portuguesa - secretariado PermanenteÉ a estrutura permanente que serve

de apoio e coordenação das actividades

do Fórum, com sede em macau.

com delegados designados

pelos governos dos países de língua

portuguesa e a china. Juntamente

com o gabinete de apoio, promove

encontros empresariais, bolsas

de contactos e prestando apoio

a instituições e empresas da china

e dos países de língua portuguesa,

que actuam no espaço económico

sino-lusófono.

avenida Governador Jaime silvério marques,

nº4��, edif. comercial tai Fong,

�o andar (n) macau, macau-china

tel: 00���-�������4

E-Mail: [email protected]/

[email protected]

Website: http://www.forumchinaplp.org.

mo/zh/main.asp

geocapital Parceria do investidor Ferro ribeiro

e de stanley Ho. actua no sector financeiro

e nos recursos naturais e energéticos.

Formada em �00�, esta parceria já tem

investimentos em moçambique, angola,

cabo Verde, Guiné-Bissau e Brasil,

estando previstas investidas em são tomé

e Príncipe e em timor-Leste.

Rua Dr. Pedro José Lobo, nº 1-3,

ed. Banco Luso internacional, macau.

Tel: (853) 28717080

[email protected]

iiM instituto internacional de Macau rua de Berlim, edifício magnificent, n.�40,

�º, naPe, macau, macau-china

tel: (+���) ���� ���� / ���� ����

Fax: (+���) ���� ��9�

email: [email protected]

Delegação de Lisboa:

Palácio da independência,

Largo de são Domingos, n.��, ���0 - ��0,

Lisboa

tel: (+���) �� ��4 �0�0/

Fax: (+���) �� ��4 �0�9 email: [email protected]

Website: www.iimacau.org.mo

iPiM instituto de promoção do Comércio e investimentoÉ o braço do governo de macau no apoio

a empresas que fazem negócios na raem,

desempenhando também um papel

na abertura de portas para a entrada

nos mercados da china e dos países

lusófonos, através de acções de promoção

externa das exportações, serviços

de consultoria e assistência técnica

aos exportadores de macau e promoção

de macau junto de potenciais investidores,

divulgando as oportunidades

de investimento.

Avenida da Amizade, 918, Edif. World Trade

Centre, 4 andar, Macau

tel: (���) ���� 0�00

Website:http://www.ipim.gov.mo

e-mail: [email protected]

siMsociedade industrial de Macautrata-se do grande investimento industrial

de Portugal, após a criação da raem.

a fábrica de torrefacção de café instalada

no Parque industrial transfronteiriço

macau-zhuhai implicou um investimento

de �� milhões de dólares. a iniciativa

é do industrial Vasco Pereira coutinho,

que tem estado a utilizar macau como

base de produção para entrar no crescente

mercado de consumo de café na china.

Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai/Macau,

Lote D - Fábrica Torrefação de Café

Tel: (853) 28270166/ Fax: + 853 28270331

e-mail: [email protected]

Website: http://www.simcafe.com.mo/

stdM sociedade de turismo e diversões de MacauFundada em �9��, foi a empresa

concessionária do monopólio do jogo

em macau até �004. ao longo das últimas

décadas, a stDm esteve presente

nos principaís sectores da economia

de macau além do jogo, teve investimentos

avultados no transporte marítimo,

aviação, infra-estruturas, turismo e

sector financeiro. a stDm também tem

investimentos no jogo e do turismo,

imobiliário e sector financeiro em Portugal.

Avenida de Lisboa, Hotel Lisboa, Ala Nova, Macau.

Tel (853) 2857 4266/tel: (���) ���� 0�00

http://www.sjmholdings.com/

http://www.shuntakgroup.com/en/index.asp

MACAU

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��

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�9

CHinA: FACtos EssEnCiAis

capital Pequim

Língua oficial Chinês Mandarim

moeda Yuan

Fuso Horário MST (UTC+8)

indicativo telefónico internacional +86

código internet .cn

Área 9.596.960 Km2

PiB USD 6,99 biliões (2007)

População 1,32 mil milhões (2007)

os anos �9�0 e �990 foram, grosso modo, de aproximação e estabelecimento de uma base de cooperação entre a china e a generalidade dos países lusófonos, processo nem sempre fácil em anos politicamente conturbados. Já na década até �009 assistiu-se ao rápido aprofundamento, ou mesmo estabelecimento (timor-Leste), de importantes relações económicas e comerciais.no que diz respeito ao volume das trocas comerciais com a china, Brasil e angola aparecem à cabeça da lista. os membros da comunidade de Países de Língua Portuguesa passaram a ocupar um papel de destaque no comércio externo da china, que muitos vaticinam como a próxima superpotência económica global. Pela sua natureza, as trocas sino-lusófonas passaram também a ter importância estratégica: o petróleo angolano é já essencial para o cabaz energético chinês, as importações de matérias-primas agrícolas ou minerais brasileiras alimentam o tecido industrial da china, e o arroz comprado a moçambique pode num futuro breve estar à mesa de muitas famílias chinesas.

o “Grande Salto” para o espaço lusófonoCHinA

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�0

A CAMinHo dos Usd 100 Mil MilHõEs

o crescimento das trocas comerciais entre a china e os países lusófonos não parou de crescer na última década. entre �00� e �00�, os fluxos de bens e serviços entre a china e os “oito” mais do que triplicaram, para um total de �4 mil milhões de dólares no final de �00�. este crescimento, ligado à intensificação das trocas mas também a uma subida do preço das matérias-primas, permitiu antecipar folgadamente em um ano o cumprimento da ambiciosa meta que estava traçada: transacções no valor de �0 mil milhões em �009. no ano passado, as trocas cresceram �� por cento, para ��.0�� milhões de dólares, segundo dados dos

serviços da alfândega da china. superada a meta, está ainda por determinar o efeito do abrandamento económico global, sobre as trocas, onde têm grande peso matérias-primas como o petróleo ou a soja. no ano passado, as trocas com quase todos os parceiros lusófonos registaram aumentos de dois dígitos face ao período homólogo. a excepção esteve em timor Leste e de cabo Verde, com variações negativas. angola e Brasil têm vindo continuamente a reforçar o seu peso como principaís parceiros comerciais da china entre os “oito”. em �009 tiveram ambos aumentos em torno dos �00 por cento. Para o embaixador do Brasil em Pequim, clodoaldo Hugueney, “a china está a diversificar os seus investimentos no mundo” e o actual cenário de recessão global pode até levar a uma maior aproximação ao Brasil. os laço bilaterais “podem sair reforçados depois da crise passar”. “ao aumentar a cooperação, fortalecemos os dois países, que são duas economias gigantescas com sectores industriais muito importantes, e duas economias que continuam a crescer”, diz o diplomata a agência Brasileira de Promoção de exportações e investimento (apex Brasil), que tem um escritório em Pequim, prevê para os próximos cinco anos uma duplicação das trocas

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comerciais entre os dois países, em que as matérias-primas brasileiras e os bens de consumo chineses têm grande peso. além da concessão de um crédito de dez mil milhões de dólares à Petrobras, o Banco de Desenvolvimento da china estabeleceu em maio um acordo com o Banco nacional de Desenvolvimento económico e social do Brasil para uma extensão de linha de crédito entre os dois países.Brasília e Pequim nunca estiveram tão perto. o estreitar das relações comerciais nos últimos dez anos fizeram do Brasil o maior parceiro de negócios com a china na américa Latina. o crescimento nas trocas comerciais foi, em média, cinquenta por cento ao ano nos últimos dez anos. “conseguimos em �� anos mais do que outros nem em cem anos conseguem”, disse o presidente brasileiro, Luiz inácio Lula da silva, em visita à china em maio de �009, que assinalou os �� anos de relações diplomáticas.Hoje, soja, minério de ferro e petróleo compõem cerca

de oitenta por cento do total das importações chinesas. a este valor junta-se a pasta de papel e os produtos agrícolas (tabaco, o algodão e a madeira tropical), completando noventa por cento das exportações. no que se refere a produtos exportados para a china, o destaque vai para os aviões da embraer que já tem cerca de �0 aviões produzidos no Brasil a voar em companhias aéreas chinesas.em vias de instalar-se no Brasil estão o Banco de Desenvolvimento da china e, já no final deste ano �009, o Banco da china. será a primeira instituição financeira com capitais chineses a estabelecer-se na américa

do sul. Vai abrir com um capital social no valor de �0 milhões de dólares. a agência vai ter cariz comercial e será vocacionada para o investimento.

CHinA

Page 34: Macau e as Relações Económicas China-Países de Língua Portuguesa 2009

��

“UMA FoRMA MAis RáPidA dE CooPERAR” CoM áFRiCA

com trocas bilaterais de ��,� mil milhões de dólares, angola tornou-se em �00� no maior parceiro comercial da china em África. Disputa também com a arábia saudita e o sudão o “título” de principal fonte das importações petrolíferas da potência económica asiática. segundo dados do ministério do comércio chinês (moFcom), em �00� a importação chinesa de petróleo em rama de angola ascendeu a ��,� milhões de toneladas, subindo no ano seguinte para �� milhões. angola, que actualmente produz perto de �,� milhões de barris de petróleo por dia, tem na china o seu melhor cliente.o embaixador de angola em Pequim, João Bernardo, não hesita ao considerar que “a cooperação com a china está num nível muito bom”. a presença chinesa, salienta, tem apoiado a reconstrução do país, que emergiu em �00� de uma destruidora guerra civil que afectou de forma quase ininterrupta desde a independência do país (�9��). Para apoiar a reconstrução da economia, o governo chinês perdoou, em maio de �00�, uma dívida de ��,�� milhões de yuan (cerca de �0 milhões de dólares). Para o rápido crescimento das trocas sino-angolanas foi decisiva a criação das multimilionárias linhas de crédito à reconstrução. a linha de crédito chinesa a angola está estimada em cinco mil milhões

de dólares. Li ruobu, presidente do eximbank, afirmou após encontro com o Presidente José eduardo dos santos, em �00� em Pequim, que a instituição de crédito pretende aumentar o valor da linha de crédito. os contactos prosseguem entre o ministério angolano das Finanças e o eximbank china, instituição financeira que hoje apoia em África mais de �00 projectos de construção. a primeira linha de crédito para angola foi aberta em �004 com o valor de dois mil milhões de dólares. em �00� houve um novo aumento aquando da visita do primeiro-ministro Wen Jiabao a angola.em angola estão algumas das maiores empresas de construção chinesas, como o grupo sinohydro, que tem já setenta projectos a decorrer no país, empregando cerca de três mil angolanos. o vice-ministro do comércio chen Deming afirma que a china vai continuar a encorajar empresas chinesas a investir em angola e alargar a cooperação em sectores como o agrícola, infra-estruturas, programas de reconstrução nacional e saúde. este ano iniciaram-se as ligações directas entre Luanda e Pequim, através da companhia aérea taag, que passou a aterrar no aeroporto da capital chinesa duas vezes por semana.nos países africanos de língua portuguesa, a atitude do governo chinês tem sido a de incentivar os negócios feitos por chineses, mas também desenvolver

em várias áreas projectos de apoio para o desenvolvimento destes países. a república Popular da china parece empenhada em ajudar África a cumprir os objectivos de Desenvolvimento do milénio.Vários produtos moçambicanos têm isenção de taxas para entrarem na china. eram �90 produtos isentos e depois do encontro de �00� entre os presidentes Hu Jintao e armando Guebuza, o número subiu para 44� produtos.a riqueza de recursos minerais como o carvão, sal, ouro, pedras preciosas e semi-preciosas, tem contribuído para o desenvolvimento da economia moçambicana. no que se refere a produtos agrícolas, o algodão e a cana-de-açúcar aparecem no topo da lista e a china tem a decorrer projectos de apoio ao cultivo do algodão.o envolvimento da china em moçambique estende-se dos aspectos sociais, aos económicos e de Defesa. na visita de Hu Jintao foi assinado um acordo para a concessão de um empréstimo preferencial de ��0 milhões de euros. os acordos de cooperação assinados em �00� estão avaliados em cerca de ��0 milhões de euros. Um dos destaques do encontro de há dois anos foi o perdão da dívida de moçambique à china que ascendia a cerca de �� milhões de dólares. na mesma altura, abriu-se um crédito chinês de �� milhões de dólares

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��

concedido pelo china eximbank.em �009, a companhia de capital chinês sogecoa começou o processo de renovação do hotel mais luxuoso de maputo. o projecto vai custar cerca de �4 milhões de dólares. a empresa estabelecida em moçambique já realizou outros projectos, como a construção do centro de Promoção de investimentos, um edifício de dez andares na capital moçambicana. o investimento de construtoras chinesas tem vindo a crescer e desde o estádio nacional ao aeroporto internacional de maputo há contratos com companhias chinesas. sendo um país pequeno, em cabo Verde o investimento chinês começou por ser feito por pequenos empreendedores que se estabeleceram com os primeiros negócios. actualmente, a comunidade chinesa é a segunda maior entre as comunidades estrangeiras, a seguir à portuguesa.a nível de projectos de cooperação destacam-se várias áreas que vão da saúde, com a construção de dois edifícios para o hospital central, à educação, com a construção de mais três escolas secundárias. a acrescentar a estes, está em processo a ideia da construção de habitações sociais.Júlio morais, embaixador em Pequim, foi inaugurar a presença diplomática de cabo Verde na china, tendo os dois

países relações diplomáticas desde �9��. no que se refere a projectos de infra-estruturas no arquipélago, a china tem-se destacado porque, como frisou o diplomata, a china “tem uma forma de cooperar que é mais rápida do que a de outros países.”Portugal ainda é o maior parceiro comercial de cabo Verde, mas na Praia há um manifesto interesse em diversificar as relações bilaterais em particular com a china e o Brasil, dois pesos fortes na actual conjuntura económica mundial. cabo Verde poderá vir a acolher uma das cinco zonas de cooperação chinesa em África. o nível de desenvolvimento do país, a estabilidade política, posição geográfica estratégica e abertura ao investimento estrangeiro, faz que seja um forte candidato para o futuro da cooperação.apesar de serem incipientes as importações do lado chinês, a exportação chinesa para cabo Verde tem vindo a crescer, destacando-se um impulso de 94,� por cento em �00�. Hoje empresas públicas e privadas chinesas estão ligadas a projectos de grandes dimensões no arquipélago, como o da primeira cimenteira do arquipélago, na ilha de santiago. ali ao lado, na Guiné-Bissau, foi colocada esta ano a primeira pedra para a construção de um hospital militar que deve estar concluído no final de �0�0, com financiamento

da cooperação chinesa. em �00� foi estabelecido um acordo para o financiamento chinês também de uma barragem no rio ceba um grande projecto hidroeléctrico a duzentos quilómetros da capital Bissau. com um custo estimado de �0 milhões de dólares, será a primeira hidroeléctrica do país. outros projectos de infra-estruturas envolvendo a china são a construção do porto de águas profundas em Buba, que vai ser o maior no país, de duas auto-estradas principaís e da ponte sob o rio Farim. o acordo para o porto de águas profundas (�00�) abre a porta para embarcações de pesca chinesas entrarem nesta zona económica exclusiva. a Guiné-Bissau tem riquezas minerais identificadas, sobretudo fosfatos. Porém, a exploração dos recursos tem custos muito elevados num país que está ainda entre os mais pobres do mundo. a economia depende substancialmente da agricultura e pesca. a possibilidade de explorar as reservas de petróleo tem vindo a ser investigada desde há vários anos. no caso dos estudos se confirmarem, a exploração só poderá ser feita com a ajuda de parceiros estrangeiros. o petróleo pode vir a abrir caminho nas relações da china com são tomé e Príncipe, o único país de língua portuguesa que actualmente mantém relações diplomáticas com taiwan.

CHinA

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�4

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��

a sinopec está a explorar um dos blocos petrolíferos da zona de Desenvolvimento conjunto são-tomense-nigeriana. e com a recente compra da addax, passa a controlar mais um bloco e torna-se accionista dos outros dois. a china afirmou em �00� que a porta está aberta para o arquipélago entrar no Fórum para a cooperação económica e comercial entre a china e os países de língua portuguesa.a presença da sinopec estende-se ainda a timor-Leste, país que tem beneficiado de um grande incremento da cooperação chinesa. a china foi o primeiro país a estabelecer relações diplomáticas com o país, logo após a independência timorense,

em �00�. Um dos países mais novos do mundo com uma população de cerca de 9�0 mil habitantes recebeu nos primeiros anos uma doação de cerca de �,� milhões de dólares pelo governo chinês para ajudar na reconstrução do país. a presença de investimentos chineses tem vindo a aumentar em áreas fundamentais para o desenvolvimento. actualmente, mais de dois mil chineses trabalham no país. a china é o quarto maior parceiro comercial de timor-Leste, a seguir à indonésia, singapura e austrália.Uma das áreas em que a presença chinesa tem tido destaque é a da construção de edifícios governamentais. em �00�, foi terminado o edifício do ministério dos negócios estrangeiros, que custou sete milhões de dólares. no final de �009 deve estar terminado o palácio presidencial construído com seis milhões de dólares de ajuda chinesa. na saúde, educação e agricultura, o governo central chinês tem investido na formação de timorenses nos centros de educação e investigação chineses.no âmbito privado, em maio de �009, foi assinado em Díli, um contrato para o fornecimento de equipamentos e serviços de terceira geração de telefonia móvel, envolvendo a zte corporation e a timor telecom. o volume das trocas entre os dois países cresceu de �,0� milhões de dólares em �00� para 9,�� milhões

de dólares em �00�. china e Portugal têm uma tradição de séculos de boas relações nas trocas comerciais. os últimos anos têm sido marcos pelo estabelecimento de empreendedores chineses em Portugal. em sentido inverso, as empresas portuguesas demonstram dificuldades em instalar-se na china a um ritmo semelhante ao que têm conseguido outras de países europeus como a alemanha ou a França. no início do novo milénio estabeleceu-se o futuro das relações comerciais entre Portugal e a china. a assinalar em �009 o �0º aniversário das relações diplomáticas, o primeiro-ministro português referiu numa carta dirigida ao seu primeiro-ministro Wen Jiabao que espera que ambos os governos criem oportunidades para um “salto qualitativo e quantitativo”.em março de �009, o vice-ministro chinês do comércio, Jiang zenwei, esteve em Portugal para contactos com o ministério da economia. apesar da crise financeira mundial, sublinhou, o objectivo comum continua a ser o de aumentar a cooperação sino-portuguesa, que ainda tem muito espaço para crescer. na última década, a aproximação entre os dois países cresceu bastante favorecida pelo novo quadro comercial e legal desde a criação da região administrativa especial de macau a �9 de Dezembro de �999. o valor do comércio bilateral cresceu continuamente e aumentou mais de sete vezes de �00� a �00�.

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��

Ministério do Comércio Chinês (Mofcom)Departamento de Promoção

do investimento estrangeiro

00���0 ���9����/

00���0 ���9��9�

Conselho da China para a Promoção do Comércio internacional http://www.ccpit.org

Conselho Empresarial China-áfrica

http://www.cabc.org.cn

Embaixada de Angola em Pequimembaixador

João manuel Bernardo

telefone – 00���0 ���� �9��

Embaixada do brasil em Pequimembaixador

clodoaldo Hugueney

telefone – 00���0 ���� �90�

e-mail – [email protected]

Embaixada de Cabo verde em Pequimembaixador

Júlio morais

telefone – 00���0 ���� ��4�

e-mail – gembecvd@public�.bta.net.cn

China Quem é Quem

Embaixada de Moçambique em Pequimembaixador

antónio inácio Júnior

telefone – 00���0 ���� ���4

e-mail – [email protected]

Embaixada de timor-leste em Pequimembaixador

olímpio brancotelefone: 00�� �0 �440 �0�� /

00�� �0 �440 �0�9

Fax: 00�� �0 �440 �0��

e-mail: [email protected]

Embaixada da guiné-bissau em Pequimministro conselheiro

carrington ca

telefone: 00�� �0 ���� ��9�

Fax: 00�� �0 ���� ��0�

Embaixada de Portugal em Pequimembaixador

rui Quartin santos

telefone – 00���0 ���� ���0

e-mail – embport@public�.bta.net.cn

AiCEP Portugal em PequimDirector

miguel coelho

tel: 00-��-�0-�� �� 04 0�/�/�/�

Fax: 00-��-�0-�� �� �� 4�

e-mail: [email protected]

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��

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�9

bRAsil: FACtos EssEnCiAis

capital Brasília

Língua oficial Português

moeda Real

Fuso Horário UTC-4 a –2/ Oficial UTC -3

indicativo telefónico internacional +55

código internet .br

Área 8.514.876 Km2

PiB USD 1,98 biliões (2008)

População 189,98 milhões (2007)

negócios de gigantesbRAsil

a grande economia sul-americana, o Brasil tem hoje na china o seu maior parceiro comercial, fruto de uma quintuplicação das trocas comerciais bilaterais até �00�. e o comércio continua a crescer, apesar da recessão global, que levou a um forte arrefecimento da economia brasileira.o combate à recessão no Brasil passa por um grande pacote de estímulo, essencialmente de investimentos em obras públicas. e as empresas chinesas estão bem posicionadas para agarrar a oportunidade.na esteira do Banco da china, o Banco de Desenvolvimento da china está agora a preparar a abertura de um primeiro escritório na maior economia sul-americana. Um acontecimento “espectacular”, para o governador do rio de Janeiro, cidade que o vai acolher.África é um destino comum para empresas chinesas e brasileiras.

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aos patamares de �00�. o dado confirma um quadro de recuperação da indústria, no quinto mês seguido de alta este ano.no início da queda, no final do ano passado, então no auge da crise global, a produção industrial brasileira regrediu a patamares de �004. no mês de abril de �009, entretanto, o nível de produção já era semelhante ao registado em abril de �00�. a recuperação industrial está a ser puxada pela produção de automóveis. em Junho deste ano, foram comercializadas �90.000 unidades, um aumento de �9 por cento em relação a Junho de �00�, no melhor mês da história do sector. outro sector que contribuiu para a retoma do sector industrial foi o de electrodomésticos.analistas atribuem esse resultado à diminuição de impostos promovida pelo governo do presidente Luiz inácio Lula da silva, como forma de estimular o consumo e conter os efeitos da crise económica. entre as medidas adoptadas este ano, estão ainda o aumento de �� mil milhões de dólares nos investimentos em obras públicas para manter o nível de empregos e a subida do subsídio de desemprego para trabalhadores de sectores mais atingidos pela crise económica, como siderurgia, extracção mineral e exportação de fruta. mais de um milhão de trabalhadores brasileiros perderam os seus empregos na sequência da crise global. o governo injectou

bRAsil: “RAio X” EConóMiCo

a economia brasileira bateu no fundo nos últimos meses, na sequência dos efeitos da crise financeira global, mas já ensaia uma recuperação ainda este ano. a retoma do crescimento é possível já em �0�0. nos primeiros três meses do ano, os mais recentes dados oficiais disponíveis, a economia registou uma quebra de �,� por cento, em relação ao período homólogo de �00�, percentagem abaixo do esperado pelos analistas do mercado. Foi a segunda quebra trimestral consecutiva do Produto interno Bruto (PiB), depois de um recuo nos últimos três meses de �00�, o que significa que a economia entrou em recessão técnica, a primeira desde �00�. nos três primeiros meses deste ano, a soma da riqueza produzida pela economia brasileira ascendeu a ���,0� mil milhões de dólares.os efeitos da crise global foram mais sentidos pelo sector industrial, com uma quebra de 9,� por cento, nos primeiros três meses do ano, na comparação com o período homólogo de �00�, o que representou o maior recuo de sempre registado pelo instituto Brasileiro de Geografia e estatística (iBGe), o órgão oficial de estatísticas do Governo brasileiro. Dados mais recentes, entretanto, já indicam uma viragem nessa tendência. a produção industrial de maio, por exemplo, último dado disponível, aumentou �,� por cento em relação a abril, regressando

cerca de �00 mil milhões de dólares no sistema financeiro, como forma de garantir recursos para o financiamento do consumo.na área habitacional, considerada por Lula da silva a “mola propulsora” da retoma da actividade económica, o governo lançou um projecto para a construção de um milhão de moradias para famílias pobres, um investimento de ��,� mil milhões de dólares. Baptizado de “minha casa, minha vida”, o plano tem por meta reduzir em �4 por cento o défice habitacional de �,� milhões de moradias e combater os efeitos da crise mundial, com geração de empregos. “nós resolvemos assumir a responsabilidade de resolver dois problemas fundamentais. o primeiro é o problema do défice habitacional (de sete milhões de moradas). a segunda coisa é resolver enfrentar a crise económica mundial tentando fazer com que a construção civil seja uma mola propulsora da geração de empregos no Brasil”, disse Lula da silva.nos seis primeiros meses deste ano, as exportações brasileiras registaram uma quebra. mas como as importações tiveram uma diminuição ainda maior, resultado da redução do consumo industrial, o saldo da balança comercial foi de �4 mil milhões de dólares, �4 por cento superior ao do período homólogo de �00�. considerado um ‘player global’, o Brasil exporta

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para todas as regiões do mundo, com destaque para a Ásia, um dos pólos mais dinâmicos para os produtos brasileiros. “o Brasil passou no dificílimo teste da crise global e já há sinais claros vindos do mercado financeiro de que passou com mérito”, salientou o economista Luiz carlos mendonça de Barros, ex-ministro do governo do presidente Fernando Henrique cardoso (�99�-�00�). a rápida recuperação do Brasil é resultado, segundo ele, de quase �� anos de uma política económica adoptada por Fernando Henrique e mantida por Lula da silva. “Houve uma combinação boa entre as reformas estruturais da economia realizadas por Fernando Henrique, cujos valores foram incorporados por Lula”, disse.os bons resultados dos indicadores estão a deixar os analistas de entidades financeiras mais optimistas em relação ao desempenho da economia brasileira este ano do que as projecções do Banco mundial. economistas consultados pelo

Banco central prevêem uma quebra do PiB de 0,�� por cento, quase metade da retracção de �,� por cento projectada pelo Banco mundial. o governo brasileiro é mais optimista e acredita num crescimento de � por cento. no próximo ano, no entanto, há um consenso de que a economia brasileira voltará a registar crescimento económico, em torno de �,� por cento, segundo estudo da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entidade que representa o sector no país.as projecções para �009 indicam ainda uma inflação controlada, em torno de 4,4 por cento, abaixo dos �,9 por cento de �00�. o Brasil deverá encerrar �009 com um saldo positivo na balança comercial de �0,� mil milhões de dólares, um pouco inferior aos �4,�4 mil milhões de dólares de �00�. os investimentos estrangeiros devem ascender este ano a �4 mil milhões de dólares, praticamente metade do recorde de 4�,0� mil milhões de dólares de �00�.

até o recrudescimento da crise internacional, em setembro de �00�, a economia brasileira estava a crescer �,4 por cento ao ano, no melhor resultado da década. no quarto trimestre de �00�, entretanto, a economia registou uma quebra de �,� por cento, em relação ao terceiro trimestre, no maior recuo desde �99�. com o resultado, a economia brasileira acumulou um crescimento de �,� por cento no ano passado, em relação a �00�.

Brasil: Análise SWOT (Strengths, Weakness, Opportunities and Threats)

Forças • Políticas macroeconómicas estáveis• sector financeiro sólido

Fraquezas• Dependência de exportações de matérias-primas• Falta de infra-estruturas

oportunidades• Projecção internacional• Peso no espaço lusófono (angola, moçambique)

Ameaças• Diminuição do investimento

estrangeiro

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UMA nAção viRAdA PARA áFRiCA

na última cimeira da União africana (Ua), em Julho, na Líbia, o Brasil ganhou lugar de destaque. o presidente brasileiro Luíz inácio Lula da silva, na qualidade de convidado especial, assinou acordos de cooperação em diversos sectores com os principaís líderes das nações africanas. a participação brasileira na cimeira africana selou o compromisso do gigante sul-americano com o desenvolvimento de África. nos últimos anos, o continente africano converteu-se numa prioridade da política externa brasileira.essa prioridade traduziu-se no aumento do comércio e dos investimentos. o comércio entre o Brasil e as nações africanas mais do que quintuplicou, passando de cinco mil milhões de dólares, em �00�, para cerca de �� mil milhões de dólares, com destaque para os países da África lusófona, como angola e moçambique. o vertiginoso crescimento do comércio transformou o continente africano no quarto maior parceiro comercial do Brasil, atrás da china, estados Unidos e União europeia. as trocas comerciais com África representaram � por cento de toda a balança exterior do Brasil, no ano passado.nos últimos seis anos, o Brasil ampliou também a sua presença diplomática no continente africano, região onde conta actualmente com embaixadas em �4 países. Desde que assumiu o poder

no Brasil, em �00�, Lula da silva viajou dez vezes ao continente para visitar �0 países africanos. o interesse do antigo líder operário com a África tem alimentado versões de que Lula da silva planeia criar um instituto para combater a fome em África, a partir de �0��, data em que deixará a presidência. a criação do instituto foi discutida entre o presidente e alguns empresários, potenciais financiadores do projecto, num seminário em nova iorque, última etapa da visita que Lula da silva fez aos estados Unidos, em março deste ano.“seria uma decisão simpática, reveladora do gosto que ele tomou pela política externa”, disse marco aurélio Garcia, assessor de Lula da silva, em declarações à imprensa brasileira. a eleição de Barack obama reforçou o desejo de Lula da silva em lançar uma iniciativa para África, na sequência do interesse do presidente dos estados Unidos em desenvolver acções no continente de seus antepassados. Lula da silva tem afirmado aos seus auxiliares mais próximos que não pretende dar palestras ou opinar sobre as políticas de seu sucessor, depois de �0��.a aproximação brasileira foi mais sentida com os países africanos de língua oficial portuguesa (PaLoP), nações com as quais o gigante sul-americano mantém especiais laços culturais e históricos. o comércio bilateral aumentou mais de dezasseis

vezes, passando de pouco mais de ��0 milhões de dólares, em �00�, para 4,� mil milhões de dólares, em �00�. Destacam-se angola e moçambique como maiores parceiros comerciais do Brasil.as trocas comerciais também têm registado uma diversificação de produtos, para além do petróleo. numa das mais recentes exportações brasileiras está a venda de �00 autocarros da fabricante de carroçarias marcopolo, que mantém uma unidade em coimbra (Portugal). os autocarros, modelo ideale ��0, serão fornecidos ao ministério dos transportes de angola para utilização no transporte de passageiros entre as províncias do país. trata-se da maior exportação já realizada do modelo ideale ��0 desde o seu lançamento, em �00�.Para além das relações comerciais, os países africanos de língua portuguesa têm recebido crescentes investimentos de empresas brasileiras, com destaque para a estatal dos petróleos Petrobras e a mineira Vale, a maior produtora e exportadora mundial de minério de ferro. nos próximos quatro anos, a Petrobras planeia investir ��4,4 mil milhões de dólares na exploração e refinação de petróleo. Do total dos investimentos, cerca de �0 por cento, ou �� mil milhões de dólares, serão realizados no estrangeiro, um aumento de �� por cento em relação ao plano anterior. a meta de

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produção para petróleo e gás é de �,� milhões de barris por ano em �0��, número que se compara aos �,4 milhões de barris produzidos actualmente.em angola, a Petrobras iniciou sua actuação em �9�9. a empresa tem investimentos previstos de 900 milhões de dólares para o período �00�-�0��, de acordo com o último plano de negócios. a Petrobras tem em angola a sua maior campanha de poços exploratórios off-shore e conta com o quarto maior investimento individual da estatal brasileira no estrangeiro. em outubro do ano passado, no mais recente anúncio, a Petrobras informou a descoberta de petróleo em águas profundas angolanas, a ��0 quilómetros de Luanda. o poço n’Goma-� é explorado por um consórcio integrado pela Petrobras, através da subsidiária Braspetro, e por outras empresas, como sonangol e eni angola.o poço n’Goma-� foi perfurado em profundidade de água de �.4�� metros e profundidade total de �.��� metros. o poço situa-se em uma zona produtiva, com ��� metros de rochas impregnadas de petróleo e gás. o petróleo extraído foi testado, superando as expectativas e confirmando o grande potencial do bloco. após a descoberta de n’Goma-�, estão a ser perfurados outros poços em estruturas vizinhas, com o objectivo de avaliar o potencial e buscar sinergias para o desenvolvimento da parte ocidental do bloco.

Um dos maiores investimentos privados brasileiros em África está a ser feito pela mineira Vale, em moçambique. em março deste ano, a empresa iniciou a exploração de carvão no país, um investimento de �,� mil milhões de dólares. na fase de arranque da mina de moatize, na província de tete, iniciada em �00�, um consórcio formado pelas construtoras brasileiras odebrecht e camargo corrêa foi responsável pela execução das obras do projecto. ao todo, mais de �0 empresas brasileiras já foram contratadas para atender à Vale em moçambique em função do projecto. a mina de carvão em moatize terá capacidade de produção de �� milhões de toneladas por ano de produtos de carvão (metalúrgico e térmico), com início da produção em Dezembro de �0�0. Presente em moçambique desde �004, a Vale detém a concessão de exploração da mina de moatize, uma das maiores reservas do mundo, no noroeste de moçambique, no maior investimento da empresa no negócio de carvão. a produção de moatize será transportada por comboios ao longo de �00 quilómetros, na linha do sena, até um novo terminal de carvão a ser construído por uma concessionária do porto da Beira, na província de sofala. o carvão será exportado para os mercados do Brasil, Ásia, médio oriente e europa, tradicionais consumidores deste recurso, informou a empresa brasileira.

“o projecto de moatize vai dinamizar a economia moçambicana, gerando emprego e rendimento. Já estão a trabalhar no projecto e na execução do empreendimento mais de �.000 pessoas, sendo 90 por cento de moçambique”, salientou a empresa. no pico das obras de implantação, o número de trabalhadores vai ultrapassar �.000, dos quais a maioria será moçambicana. Para a fase de operação, prevê-se um efectivo de cerca de �.�00 empregados. a Vale é a maior empresa privada brasileira, com actuação em �0 países, como colômbia, austrália, argentina, chile, china, estados Unidos, indonésia, canadá.em moçambique, a construtora camargo corrêa, um dos maiores grupos brasileiros do sector da construção civil, terá pela frente uma verdadeira “prova de fogo” para a construção de uma das maiores barragens do continente africano. com um potencial de produção de �.�00 mW de energia (cahora Bassa tem uma capacidade de cerca de �.0�� megawatts), a barragem de mphanda nkua exigirá

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investimentos de �,� mil milhões de euros, valor três vezes superior a toda a carteira de contratos internacionais da construtora camargo corrêa.segundo o contrato assinado com o governo moçambicano, a companhia brasileira será responsável pelo projecto, execução da obra e possivelmente

também pela operação da barragem. caberá igualmente à companhia encontrar investidores internacionais interessados em participar do projecto, cujas obras deverão ser concluídas em �0��.o excedente de electricidade, cerca de �.000 mW, será exportado para os países da comunidade

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de Desenvolvimento da África austral (saDc), nomeadamente a África do sul, que depende da importação de energia de moçambique. o contrato inclui igualmente a construção de uma linha de transmissão de �.400 quilómetros para ligar a barragem à capital maputo. a construtora brasileira está associada num consórcio às empresas electricidade de moçambique (eDm) e energia capital, também de origem moçambicana. a barragem de mphanda nkuwa será construída a �0 quilómetros a juzante do empreendimento congénere de cahora Bassa, na província de tete, no centro do país, e utilizará também o potencial do rio zambeze para produção de energia eléctrica.“o Brasil voltou-se muito para angola nos últimos anos e deixou moçambique um pouco em segundo plano, facto que agora pretendemos inverter e explorar o mercado moçambicano”, disse recentemente o director da câmara de comércio, indústria

em angola, como o centro empresarial Luanda sul, um conjunto de dez edifícios de cinco andares, com �0.000 metros quadrados de área construída, destinado a empresas que desejam abrir escritórios na capital angolana.Dois dos “colossos” do empresariado brasileiro – odebrecht e embraer – já estão em África com toda a força. envolvida na construção de algumas das mais importantes infra-estruturas angolanas, como a hidroeléctrica de capanda, a odebrecht está a assumir posição importante no campo energético. nos biocombustíveis, em parceria com a petrolífera angolana sonangol, mas também na exploração de petróleo. a ��� quilómetros da costa de Luanda, a divisão petrolífera do grupo brasileiro fez recentemente a sua primeira grande descoberta.a embraer destaca-se pela venda de aviões à Linhas aéreas de moçambique. os quatro aparelhos brasileiros (e�90) serão entregues entre este ano e �0��, no âmbito do processo de renovação da frota da companhia aérea de bandeira moçambicana.

e agropecuária Brasil-moçambique (cciaBm), mário tavernard. no fim do ano passado, a entidade, criada recentemente, liderou uma missão de dezenas de empresas brasileiras a moçambique, de diversos sectores da economia.a missão participou de encontros com autoridades locais e de rondas de negócios promovidas pela confederação das associações económicas de moçambique. “o país apresenta uma grande oportunidade de negócios, com �� milhões de consumidores e pouca concorrência interna”, salientou o director da cciaBm para quem o país africano oferece oportunidades de negócios nos sectores de alimentos, bebidas, cosméticos, máquinas, equipamentos, materiais e serviços de construção civil, medicamentos e ferramentas agrícolas.em angola, a camargo corrêa trabalha num empreendimento residencial de luxo, na costa do sol, região nobre da capital Luanda. o empreendimento, desenvolvido em parceria com a escom imobiliária, do grupo português espírito santo, terá ��0 apartamentos de luxo. trata-se do segundo empreendimento residencial de luxo do grupo brasileiro em Luanda, depois do lançamento do condomínio acqua Ville. o grupo planeia igualmente lançar outros empreendimentos imobiliários,

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nEgóCios dE gigAntEs

a fabricante chinesa de automóveis chery está na recta final para lançamento este ano de quatro modelos no mercado brasileiro. a meta é chegar ao fim de �0�0 com uma rede de �0 lojas e mais de ��.000 unidades comercializadas dos modelos tiggo, chery Face, o compacto QQ e o chery a�. se os modelos forem bem aceites pelo consumidor brasileiro, os planos da empresa incluem a abertura de uma fábrica no país, num investimento

Ano valor Exportações da China para o brasil

importações da China para o brasil

�00� 44�9,44 �4��,�� �00�,0�

�00� �9��,�� ��44,�� ��4�,�0

�004 �����,9� ���4,�� ���4,��

�00� �4���,�9 4���,�� 99�9,�4

�00� �0�99,9� ���9,9� ��9�0,0�

�00� �9�0�,04 �����,0� �����,0�

�00� (Jan-out) 4��44,�4 �����,�� ��90�,��

Fonte: Ministério do Comércio Chinês

de �00 milhões de dólares, com capacidade para produzir ��0.000 veículos ao ano. a chery junta-se a outras quatro marcas chinesas de automóveis já presentes no mercado brasileiro, nomeadamente chana, effa motors, Hafei motor e Jinbei.a importação de veículos chineses pelo Brasil, sexto maior produtor mundial de automóveis, com �,�� milhões de unidades produzidas, no ano passado, assinala mais um capítulo

da crescente aproximação comercial entre os dois países. entre �004 e �00�, o comércio entre Brasil e china mais do que quintuplicou, ascendendo de cerca de cinco mil milhões de dólares para �� mil milhões de dólares. em abril deste ano, a china ultrapassou, pela primeira vez na história, os estados Unidos e passou a ser o principal parceiro do Brasil, com trocas comerciais totais de �,� mil milhões de dólares.

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valor das trocas Comerciais China-brasil (mil milhões Usd)

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De Janeiro até a segunda semana de Junho deste ano, último dado disponível, as exportações brasileiras para a china aumentaram �4,� por cento para �,99 mil milhões de dólares, em relação ao período homólogo de �00�. no sentido contrário, as importações brasileiras da china diminuíram ��,4 por cento para �,�� mil milhões de dólares, no período em análise. o aumento recente do comércio bilateral é resultado do bom desempenho de matérias-primas como minério de ferro, principal produto das exportações do Brasil para a china, soja e petróleo.apenas no primeiro trimestre deste ano, a china comprou �0 milhões de toneladas de minério de ferro, �0 por cento do total das vendas da empresa Vale, a maior exportadora mundial da matéria-prima. no fim de �00�, os chineses suspenderam a compra de matérias-primas por causa da crise global. no início deste ano, voltaram às compras para recompor as suas reservas, resultando no aumento do comércio bilateral. cálculos do conselho Brasil-china indicam que �� por cento das importações chinesas do Brasil são de máquinas, produtos químicos e aparelhos eléctricos e mecânicos. nos últimos dois anos, o saldo comercial foi favorável aos chineses, invertendo uma tendência registada desde �00�, favorável ao Brasil. o saldo deverá ser favorável ao Brasil este ano, mas voltará a beneficiar

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os chineses, a partir de �0�0, segundo especialistas.nos últimos meses, produtores brasileiros de carnes começaram a pressionar para a abertura do mercado interno chinês, na sequência da quebra das exportações do Brasil para outros países, com a crise económica global. o assunto foi um dos principaís pontos da recente visita do presidente Luiz inácio Lula da silva à china, em maio deste ano, com uma delegação de empresários. “com a retracção da economia global, a china é um grande parceiro para comprar produtos básicos do Brasil”, afirmou o presidente da câmara Brasil-china de Desenvolvimento económico (cBcD), Paul Liu, referindo-se a produtos como carnes suína, bovina e de frango, além de soja, açúcar e etanol. Pelas contas da entidade, o comércio bilateral tem potencial para ascender a �00 mil milhões de dólares, em cinco anos. Prestes a abrir está já o escritório do Banco da china em são Paulo. numa fase inicial, a actuação no Brasil será vocacionada para o segmento empresarial e comércio, mas está também a ser estudada a entrada no retalho, a longo prazo, através de bancos brasileiros.a pensar na comunidade chinesa residente no Brasil, o Banco da china pretende implantar serviços de transferência de dinheiro entre os dois países. a agência do banco na avenida Paulista, no centro financeiro de são Paulo, fornecerá fundamentalmente linhas de crédito

para empresas interessadas no comércio bilateral. também o Banco de Desenvolvimento da china prepara a abertura de um escritório no rio de Janeiro. “É uma notícia espectacular porque a chegada da representação do banco será a plataforma dos investimentos chineses no Brasil”, disse o governador do estado do rio de Janeiro, sérgio cabral. o objectivo é investir em portos, siderurgias e energia. a cidade alberga as sedes da Petrobras e Vale, o maior produtor mundial de minério de ferro. em maio, a instituição financeira chinesa negociou um empréstimo de �0 mil milhões de dólares à estatal brasileira Petrobras. os recursos serão utilizados na exploração de reservas gigantescas de petróleo e gás, recentemente descobertas no litoral da região sudeste do Brasil. em troca, a Petrobras garantirá

à china um “suprimento estratégico”, na sequência do aumento da produção brasileira de petróleo. o acordo inclui contratos de exportação entre a Petrobras e a Unipec Ásia, uma subsidiária da sinopec, que prevê volumes de venda de ��0.000 barris de petróleo por dia para o primeiro ano e de �00.000 barris de petróleo por dia nos nove anos subsequentes. “os chineses têm recursos e a Petrobras pode fornecer o petróleo nos próximos �0 anos”, afirmou Paul Liu.o Banco de Desenvolvimento da china já manifestou igualmente interesse em investir em projectos do mundial de �0�4 de futebol, a ser realizado no Brasil, e acertou um empréstimo de �00 milhões de dólares ao Banco nacional de Desenvolvimento económico e social (BnDes), a instituição de fomento do Governo brasileiro.

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do Petróleo às obras Públicas: oportunidades do Mercado brasileiro

nos próximos anos, comboios de fabrico chinês serão responsáveis pela ligação entre o centro e os subúrbios da cidade do rio de Janeiro, por onde circulam diariamente �00.000 passageiros. o consórcio liderado pela china national machinery import & export corp (cmc), criada na década de �0, venceu um concurso público realizado este ano pela supervia, empresa responsável pelos comboios urbanos da segunda maior cidade brasileira. assinado no fim de Junho, o contrato incluiu a aquisição de ��0 comboios eléctricos por ��� milhões de dólares, o maior investimento no sector de transportes públicos do governo local, nos últimos 40 anos.o concurso público ganho pela cmc, no qual participaram igualmente empresas da França e coreia do sul, é um dos mais recentes exemplos do avanço de empresas chinesas no Brasil, com a abertura de oportunidades de negócios, nomeadamente no sector de infra-estruturas. em Janeiro de �00�, o Governo do presidente Luiz inácio Lula da silva lançou um ambicioso projecto de obras em diversos sectores da economia para os próximos quatro anos. Baptizado de Programa de aceleração do crescimento (Pac), o projecto inclui

investimentos públicos e privados de ��9 mil milhões de dólares. “o desafio agora é acelerar o crescimento da economia com a manutenção das conquistas obtidas nos últimos anos. É hora de superar barreiras”, disse Lula da silva, na apresentação do plano. “Queremos crescer de forma correcta, diminuindo as desigualdades e distribuir rendimentos, colocar o país num ritmo mais compatível com a sua capacidade e com a sua força”, salientou o presidente. Do total, ���,� mil milhões de dólares serão investimentos públicos, nomeadamente de empresas estatais com a Petrobras, responsável por 40 por cento. o restante será investimento de empresas privadas que terão redução de impostos como forma de estímulo.Um dos principaís projectos desse ambicioso plano é o início da exploração de gigantescas reservas de petróleo, descobertas recentemente no litoral brasileiro. situadas em bacias sedimentares de ��0 milhões de anos, em grandes profundidades e numa extensão de �00 quilómetros, as reservas brasileiras podem atingir até �0 mil milhões de barris de petróleo e gás, segundo a agência nacional do Petróleo (anP), o regulador brasileiro do sector.com as grandes reservas, a produção brasileira ascenderá dos actuais �,4 milhões de barris diários de óleo e gás para cerca

de �,� milhões de barris, em �0��, transformando o Brasil num exportador de petróleo. caso seja confirmado o potencial de produção de �0 mil milhões de barris, o Brasil passará a deter a sexta maior reserva mundial, atrás da arábia saudita, irão, iraque, Kuwait e emirados Árabes Unidos.o início da exploração dessas reservas de petróleo decorreu em maio deste ano, com o arranque da produção do campo de tupi, a maior descoberta de petróleo do mundo nos últimos �0 anos, num consórcio liderado pela Petrobras, ao lado da portuguesa Galp (�0 por cento) e pela inglesa BG (�� por cento). Localizado na bacia de santos, a �90 quilómetros da costa brasileira, e descoberto em Julho de �00�, o campo de tupi tem reservas estimadas entre cinco a oito mil milhões de barris de petróleo e de gás. a exploração de tupi foi iniciada em fase de testes com uma produção de �0.000 barris diários a uma profundidade medida de �.�00 metros. a produção deverá ascender a �00.000 barris diários, em Dezembro de �0�0, segundo projecções da Petrobras.as oportunidades de negócios abertas pela exploração dessas reservas aproximaram as duas maiores empresas brasileiras. a Petrobras e mineira Vale, a maior exportadora mundial de minério de ferro, fizeram um acordo para exploração conjunta de gás natural. o acordo incluiu a exploração

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de três blocos, no litoral do estado do espírito santo, em profundidades entre mil e dois mil metros, acima da camada pré-sal. os três blocos petrolíferos foram adquiridos pela Petrobras, em concurso público, em �00�. Pelo acordo, a Vale terá direito de utilizar todo o gás extraído pela Petrobras nesses três blocos para produzir energia eléctrica em suas instalações industriais na região. actualmente, a Vale detém participação na exploração de �� blocos petrolíferos, �� dos quais em parceria com a Petrobras, no litoral brasileiro.entre os grandes projectos actualmente em curso no Brasil, está igualmente a construção de um caminho-de-ferro para ligar as regiões sul e norte do país. na construção do troço sul da chamada “Ferrovia norte-sul”, serão investidos 4,0� mil milhões de dólares. a obra terá ��00 quilómetros de extensão entre as cidades de Barcarena, no estado do Pará, na região norte, e estrela D’oeste, no estado de são Paulo, na região sudeste.a construção do caminho-de-ferro deverá atrair para a região central do Brasil mais de uma dezena de fábricas de etanol, nomeadamente no estado de Goiás, num investimento estimado de �,� mil milhões de dólares. a conclusão da obra, em Dezembro de �0�0, poderá estimular igualmente a exploração de �,� milhões de hectares para a produção de cereais na região, mais do que

duas vezes a área plantada actual. a Valec, empresa estatal responsável pela obra, deverá ainda oferecer ao sector privado �� projectos de investimentos em novas oportunidades de negócios na área de influência do novo caminho-de-ferro.no sector de energia, o governo brasileiro autorizou recentemente a construção de duas grandes barragens, na amazónia, num investimento de cerca de �0 mil milhões de dólares. as barragens de Jirau e de santo antónio, no rio madeira, próximas da fronteira com a Bolívia, vão produzir cerca de 4.000 mW, o equivalente a �0 por cento do consumo brasileiro de energia. as duas barragens são consideradas fundamentais para evitar uma crise de abastecimento de energia eléctrica no país, a partir de �0��. a autorização foi concedida depois de anos de intensos debates entre as autoridades, preocupadas com a preservação ambiental e também com o risco de uma crise de abastecimento.o instituto Brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis (ibama), órgão governamental responsável pelas licenças, fez uma série de exigências para construção das barragens para diminuir os impactos ambientais. entre as exigências estão, por exemplo, a criação de programas para acompanhamento da sedimentação, medição periódica da concentração

de mercúrio e o acompanhamento do período de reprodução dos peixes.Uma outra grande barragem também será construída na região da amazónia brasileira. trata-se de Belo monte, com capacidade para produzir cerca de ��.000 megawatts, no rio Xingu. com investimentos de 4,�� mil milhões de dólares, a obra deverá ser oferecida a empresas privadas, através de concurso público, ainda este ano. a construção de Belo monte é uma das principaís obras do Pac.nos últimos quatro anos, com a alta dos preços internacionais do petróleo e a busca por fontes renováveis de energia, o Brasil tornou-se alvo de investidores estrangeiros na produção de etanol. empresas multinacionais como cargil, Bunge, aDm e ‘tradings’, como as japonesas sojitz, mitsui e itochu, transformaram-se em produtores de etanol. os investimentos no sector deverão ascender a �9 mil milhões de dólares, com a construção e ampliação de �� unidades, nos próximos anos, o que duplicará a produção de etanol.actualmante, o Brasil e os estados Unidos são os dois maiores produtores de etanol (responsáveis por cerca de �� por cento da produção mundial), seguidos pela china, Índia e França. no ano passado, o Brasil, maior exportador mundial

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de etanol, vendeu �,�� mil milhões de litros de etanol de cana-de-açúcar ao estrangeiro, o maior volume da história, resultado de um aumento de 4� por cento em relação a �00�. as exportações de etanol renderam ao país �,4� mil milhões de dólares, montante quase duas vezes maior do que as vendas de gasolina ao estrangeiro da estatal Petrobras.o principal mercado continua a ser os estados Unidos, que importaram cerca de �,� mil

milhões de litros, quase a metade do total vendido pelo Brasil. a produção brasileira de cana-de-açúcar e de etanol registou um novo recorde histórico em �00�, com um significativo aumento em diversas regiões do país. no total, serão processadas ���,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, um aumento de ��,9 por cento em relação a �00�, numa área plantada de �,� milhões de hectares. Do total da produção, ���,� milhões de toneladas de cana-de-açúcar, um aumento de �0,� por cento, foram utilizadas para a produção de ��,� mil milhões de litros de etanol.Uma das razões para o grande volume de investimentos estrangeiros é que o etanol brasileiro de cana-de-açúcar é um dos mais baratos do mundo, cerca de 0,�0 dólares por litro, enquanto que o preço nos eUa, produzido a partir do milho, é 0,�0 dólares. outra razão é que o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar é considerado mais eficiente do que o produzido a partir do milho. Para cada unidade de energia usada na produção de etanol a partir do milho, é obtida �,� unidades de energia, o que representa um ganho de �0 por cento. no caso do álcool produzido a partir da cana-de-açúcar, por seu turno, para cada unidade de energia utilizada são obtidas oito unidades de energia.na área habitacional, o governo brasileiro lançou este ano um

projecto para a construção de um milhão de moradias para famílias pobres, um investimento de ��,� mil milhões de dólares. Baptizado de “minha casa, minha vida”, o plano tem por meta reduzir em �4 por cento o défice habitacional de �,� milhões de moradias e combater os efeitos da crise mundial, com geração de empregos. “neste programa não vamos ter problema de gastar e vamos gastar, o quanto antes, melhor”, disse o presidente Lula da silva. as moradias a serem construídas terão aquecimento solar térmico, o que ajudará também na redução da conta de luz dos beneficiados. a organização do mundial de �0�4 de futebol também abrirá grandes oportunidades de negócios para empresas estrangeiras. os investimentos em obras de infra-estruturas nas �� cidades brasileiras seleccionadas pela Fifa para receber os jogos devem ascender a ��,� mil milhões de dólares. a projecção é da associação Brasileira de infra-estrutura e indústria de Base (abdib) ao considerar a construção, reforma ou ampliação de estádios, auto-estradas, aeroportos e até uma ligação ferroviária de alta velocidade (tGV).Um dos maiores investimentos será a construção de um tGV ao longo dos 4�0 quilómetros que separam as cidades de são Paulo e do rio de Janeiro, provavelmente futuros locais

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da abertura e da final do mundial. o projecto do tGV, ainda em fase de estudos, deverá custar cerca de �� mil milhões de dólares e já desperta o interesse de grandes grupos internacionais.Dentre as �� cidades seleccionadas para receber os jogos, são Paulo deverá liderar a lista dos investimentos em infra-estruturas, com ��,� mil milhões de dólares. Um dos principaís objectivos dos investimentos será ordenar o caótico trânsito da maior cidade brasileira, com a ampliação do actual sistema de transporte público. os investimentos incluem igualmente a construção de auto-estradas, túneis e a ampliação do actual aeroporto internacional de são Paulo.

Brasil Quem é Quem

luiz inácio lula da silvaPresidente

GovernoMinistério da Fazenda Guido mantega - ministrowww.fazenda.gov.br

Ministério das Minas e Energia edson Lobão – ministrowww.mne.gov.br

Ministério do desenvolvimento, indústria e Comércio Exterior miguel Jorge – ministro www.desenvolvimento.gov.br

Ministério da Agriculturareinold stefanes – ministro www.agricultura.gov.br

banco Central do brasilHenrique meirelles – presidente www.bcb.gov.br

banco nacional de desenvolvimento Económico e social – bndEsLuciano coutinho – presidente www.bndes.gov.br

Agência brasileira de Promoção das Exportações e investimentos (Apex) Sector Bancário Norte - SBN Quadra 2 - Lote 11 Brasília - DF - Brasil CEP: 70040-020 telefone: +�����4��0�0� Fax: +�� �� �4�� 0��� email: [email protected]: www.apexbrasil.com.br

valeroger agnelli – presidentewww.vale.com

Petrobrassérgio Gabrielli – presidentewww.petrobras.com.br

Associação de Comércio Exterior do brasil (AEb)José augusto de castro – vice-presidente www.aeb.org.br

Confederação nacional da indústria (Cni)www.cni.org.br

Federação das indústrias do Estado de são Paulo (Fiesp)www.fiesp.com.br

Câmara de Comércio e indústria brasil-China http://www.ccibc.com.br

Câmara brasil-China de desenvolvimento Económico (CbCdE) Rua Francisco Leitão, 469 - conj.1310 - Pinheiros São Paulo - Brasil CEP: 05414-020 telefone/Fax: +�� �� �0��-���� email: [email protected] site: www.cbcde.org.br

Embaixada da China no brasil SES - Av. das Nações, Q. 813 - Lote 51 Brasília – DF - BrasilCEP 70443-900 telefone: +�� �� �4� 44�� /���0 Fax: +�� �� �4� ��99 email: [email protected]

bRAsil

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potência em reconstruçãoAngolA

a 4 de abril de �00� é assinado o memorando de entendimento de Luena entre o governo angolano do movimento Popular para a Libertação de angola (mPLa) e a União nacional para a independência total de angola (Unita). É o fim a mais de duas décadas de guerra civil. a � de março de �004 o export-import Bank of china (eximbank) e o ministério das Finanças de angola assinam uma linha de crédito de dois mil milhões de dólares a verba colocada à disposição por Pequim foi essencial para a já visível reconstrução do país. o mercado angolano é hoje dos que tem maior actividade de empresas chinesas no continente africano. o alcançar da paz representou o virar de uma página na história de angola. mas também na relação da china: desde �00�, o valor das trocas bilaterais mais do que sextuplicou. o “corredor” entre as capitais angolana e chinesa, já servido por ligações aéreas, é hoje um vai-vem de empresários, cooperantes, negociadores governamentais e altos dignitários. as relações diplomáticas entre Pequim e Luanda prosseguem ao mais alto nível. Vinte anos depois da sua primeira visita oficial à china (�9��), o presidente angolano, José eduardo dos santos, foi um dos convidados de honra na abertura dos Jogos olímpicos do ano passado.

AngolA: FACtos EssEnCiAis

capital Luanda

Língua oficial Português

moeda Kwanza

Fuso Horário UTC+1

indicativo telefónico internacional +244

código internet .ao

Área 1.246.700 Km2

PiB USD 91,3 mil milhões (2007)

População 16,9 milhões (estimativa 2007)

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AngolA: “RAio X” EConóMiCo

oitenta e cinco por cento da riqueza angolana vem, directa ou indirectamente, da exploração de petróleo. Da extracção “pura e dura” às actividades complementares (jurídicas, financeiras), tudo está “indexado” à cotação do “ouro negro”. esta é a estimativa da agência de informações norte-americana cia, embora haja quem aponte para um contributo petrolífero mais próximo dos �0 por cento. não é, de todo, caso único, a dependência angolana em relação ao petróleo. o grau varia, mas a situação é semelhante à de países produtores africanos como a nigéria, Líbia ou argélia, bem como de outros do médio oriente. mas foi principalmente o contínuo crescimento da produção – para perto de �,9 milhões de barris diários no ano passado, tornando-se o maior produtor africano – e os preços nunca antes vistos – �40 dólares o barril em Julho de �00� – que permitiu a angola gozar de um período de crescimento que começa a ser conhecido como a “década de ouro”. entre �004 e �00�, o crescimento médio da economia angolana foi de �� por cento – no total, o PiB angolano quase duplicou. os �0,� por cento de aumento do PiB em �00� não tiveram paralelo a nível mundial. no ano passado, o valor das exportações foi o triplo do registado em �00�.

os observadores vêm alertando para a necessidade de Luanda reduzir a sua dependência do “ouro negro”. com a crise económica mundial e a desvalorização do barril, tal tornou-se imperativo. as últimas previsões do Fundo monetário internacional indicam que este ano a economia angolana deverá recuar �,� por cento e a ocDe admite uma quebra de �,� por cento. mais do que o ano da recessão, �009 deverá ficar para a história como o ano da viragem decisiva para além do modelo da economia petrolífera. a sucessão de projectos de investimento na agricultura– mil milhões de dólares prometidos pelo governo no final de abril – ou a industrialização – do pólo de Viana (Luanda) até ao cuando cubango.

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MAioR CRitéRio nAs dEsPEsAs E invEstiMEntos

nos dois primeiros meses de �009, as receitas petrolíferas angolanas foram de apenas �� por cento do registado no período homólogo. reflectiam os mínimos da cotação das ramas no fim de �00�, mas também as restrições de produção impostas pela quota da organização de Países exportadores de Petróleo (oPeP) – �,� milhões de barris, cerca de �� por cento abaixo da capacidade instalada. apesar da posterior recuperação, provavelmente pela primeira vez, os gestores dos cofres angolanos estão agora a ter se usar de enorme rigor nas despesas e nos investimentos. Já há relatos de atrasos no pagamento do estado a empresas, chegados nomeadamente através da câmara de comércio e indústria Portugal-angola. estes atrasos, bem como o “congelamento” de alguns projectos previstos cria um ciclo vicioso, em que o crescimento económico também é afectado, e por essa via as receitas do estado angolano.o Banco mundial (Junho �009) sublinha que as alternativas de financiamento encontradas passam pela aplicação de poupanças dos últimos anos e também pelo endividamento a nível externo. este, contudo, deverá “restringir-se às linhas de crédito existentes uma vez que os mercados de crédito internacional permanecem praticamente secos”. a nível

interno, o banco central tem vindo a colocar obrigações, mas com resultado “decepcionante” devido à falta de procura, mesmo para os novos títulos de dívida indexados à taxa de inflação e com taxas de remuneração atractivas.se a contracção económica pode permitir a Luanda corrigir a sua trajectória quanto a despesas – separando “o trigo do joio”, nas palavras de um governante – tem também o condão de acentuar a necessidade de gestão financeira de prazo mais longo pelas autoridades. Já está em cima da mesa um “Plano Fiscal �009-�0��”, muito elogiado pelo Fmi, tendo em vista proteger o investimento público e medidas de redução da pobreza de flutuações no preço do petróleo como as recentes.Do “tempo de vacas magras” poderá sair também um feito há muito almejado, mas nunca alcançado, em Luanda: trazer a inflação para a casa de um dígito. esteve à vista em �00� (��,�9 por cento), mas escapou em �00� (��,� por cento). o Índice de Preços ao consumidor já regista quebras nalguns componentes do cabazes importantes para a subida dos últimos anos – alimentação e bebidas . mas outros – transportes – parecem estar a impedir uma descida. seria uma meta importante, principalmente tendo em conta que não está longe o período de hiper-inflação (�99�) em que

a taxa acumulada rondou três mil por cento.a redução da inflação permitiria fortalecer a confiança no kwanza e reduzir a dolarização da economia angolana. e a moeda local tem estado sob forte pressão, obrigando o banco central a aplicar reservas monetárias na sua defesa.a necessidade de maior esforço na captação de investimento estrangeiro pode também levar angola a lidar de forma decisiva com um dos maiores constrangimentos actuais: o ambiente de negócios burocrático e pouco transparente e a falta de eficiência das instituições, que afasta muitas empresas, apesar da reconhecida rentabilidade do mercado angolano.o facto de a economia angolana ter sustido sem pânico um embate tão forte como o do final de �00�, depois de um período de despreocupação total, é sinal da sua actual força. o próprio Fmi salienta (maio �009) que o sector

AngolA

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financeiro não foi directamente afectado pela crise e que o crescimento do crédito à economia mantém-se a bom ritmo.o cenário de recuperação económica global em �0�0 ganha apoiantes entre os analistas. a confirmar-se, permitiria uma subida do preço do petróleo, de que a economia angolana tiraria partido quase de imediato, retomando a trajectória de crescimento. É por este cenário optimista que optam actualmente os principaís grupos de reflexão – o Fmi aponta para 9,� por cento de subida do PiB no ano que vem. Quanto às oportunidades, não há dúvidas. apesar de estar no fundo da tabela da economist intelligence Unit para o ambiente de negócios (��º lugar) em �009-�0��, na categoria de oportunidades de mercado o país surge na metade superior (��º), graças ao rápido crescimento populacional e aumento do PiB per capita.tal como noutros paísesda região, afirma a eiU “a qualidade média do ambiente de investimento continua a ser pobre. mas, apesar dos problemas em operar na região, as taxas de retorno são potencialmente elevadas para aquelas empresas que conseguirem dominar o complicado ambiente político e o difícil ambiente regulatório”.

lUAndA A EstEndER inFlUênCiA no EsPAço lUsóFono

Portugal é tradicionalmente o maior parceiro comercial angolano. mais recentemente, foram as empresas e investidores angolanos a estender a sua influência aos negócios em Lisboa: a sonangol é um dos principaís accionistas da Galp energia e do millennium bcp, o maior branco privado do país. este detém, por sua vez, o Banco Fomento angola, maior instituição financeira privada angolana. o investimento angolano tem vindo a estender-se à indústria e hotelaria e multiplicam-se

Angola: Análise Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats

Forças • riquezas naturais• reservas externas

Fraquezas• Dependência do petróleo• inflação de dois dígitos

oportunidades• Desenvolvimento do sector não-petrolífero• simplificação da actividade empresarial

Ameaças• endividamento• Descida do preço do crude

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as parcerias entre empresas angolanas e portuguesas, em ambos os continentes. É disso exemplo o banco Bic, presidido pelo ex-ministro português da indústria, mira amaral, que tem vindo a abrir sucursais um pouco por todo o território português. tem, novamente, isabel dos santos como accionista de referência, ao lado de américo amorim, considerado o homem mais rico de Portugal. na comunicação social, destaca-se a recente compra da empresa proprietária do semanário sol pela angolana newshold.a liquidez gerada pelas milionárias exportações petrolíferas permitiu que os investimentos entre ex-metrópole e ex-colónia sejam

hoje recíprocos, com angola a dispor da linha de crédito de Portugal de mil milhões de dólares, gerida pela companhia de seguros de crédito (cosec), para o usufruto de empresas portuguesas a operar em angola no âmbito da reconstrução nacional. em angola estão registadas cerca de ��0 empresas lusas e mais de quarenta mil trabalhadores portugueses. angola é hoje o maior mercado de exportação português fora da europa, com importações de perto de dois mil milhões de euros anuais.em forte crescimento está também o comércio com o Brasil. segundo a agência Brasileira de Promoção de exportação e investimentos (apex), as exportações brasileiras para angola cresceram �� por cento entre �00� e �00�, alcançando quase � mil milhões de dólares. mais de �0 por cento são produtos industriais. angola passou a ocupar a ��ª posição entre os destinos das exportações brasileiras, à frente de países como canadá, África do sul, emirados Árabes Unidos, austrália e Índia.Uma das vantagens do Brasil em angola são os fortes laços diplomáticos entre os dois países. o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência angolana e a estabelecer relações diplomáticas. Há também importantes laços culturais: a nível artístico, social e até… alimentar. as empresas brasileiras estão

em angola desde os anos �990, especialmente no ramo da construção civil e também no sector hidroeléctrico e das energias renováveis. a odebrecht é uma das empresas mais importantes no mercado angolano.Para fortalecer estes laços, o Presidente do Brasil anunciou, em visita a Luanda em �00�, a concessão de uma linha de crédito de mil milhões de dólares para empresas brasileiras em angola, no quadro da reconstrução nacional do país. actualmente, já há várias ligações semanais entre Luanda e as duas principaís cidades brasileiras, rio de Janeiro e são Paulo. a bordo, é possível encontrar desde gestores de grandes grupos a pequenos importadores, que vão abastecer as suas lojas na maior economia sul-americana.mas angola tem também entrado no mercado brasileiro, com interesses sobretudo na exploração petrolífera. a empresa angolana somoil detém, por exemplo, a concessão para explorar gás e petróleo na bacia de reconcavo, na Bahia. mais visível é a entrada de investimentos angolanos em sectores estratégicos de cabo Verde e são tomé e Príncipe. no mercado são-tomense, a sonangol detém o monopólio do fornecimento de combustível através da sonangol e está em vias de expandir os seus investimentos a outras áreas, como as infra-estruturas.

AngolA

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“Esta estrada foi construída com a benevolente assistência da China”

no verão de �00�, Lukas Lundin, um intrépido empresário mineiro norte-americano, atravessou de mota o continente africano do cairo à cidade do cabo (três vezes a distância de nova iorque à califórnia). a viagem iria durar cerca de cinco semanas, mais de ��.000 quilómetros, atravessando �0 países africanos. a expedição levou-o às pirâmides do egipto, aos terrenos áridos e poeirentos etíopes e sudaneses, à savana queniana, ao Quilimanjaro. atravessou o lago malaui, as cataratas de Victoria, na zâmbia, os pântanos de okavango, no Botsuana, o deserto namibe, na namíbia, terminando a sua jornada nos caminhos rochosos sul-africanos.na altura, �� por cento das estradas por onde passou eram pavimentadas numa qualidade não inferior às estradas californianas. ele estava atónico, não era o que esperava de todo. ao longo das estradas, nos diversos países, havia sinais de como isto se havia tornado realidade: cartazes proclamando: “esta estrada foi construída com a benevolente assistência da republica Popular da china”. a história é relatada no livro “Dead aid”, da aclamada economista zambiana Dambisa moyo, e ilustra a imponência

da presença chinesa em África, em contraste com a influência ocidental em cada um dos países. as relações chinesas com os mais diversos estados são regidas pelos cinco princípios de coexistência pacifica, sendo estes o respeito mutuo pela integridade territorial e soberania de cada país, a não-agressão, a não-intervenção nos assuntos internos de cada um e a igualdade e benefícios mútuos e coexistência pacifica entre estados. ou seja, a china procura obter uma relação pragmática e diferenciada com os seus aliados. com a queda da Urss e o fim da Guerra Fria, nos anos 90 Pequim assumiu uma visão de maior interesse pelas relações sino-africanas, focando o seu poderio em investimentos, comércio e energia. angola não foge a este paradigma.as relações sino-angolanas tiveram início nos anos �0, aquando do surgimento dos principaís movimentos independentistas. o primeiro contacto foi realizado com o mPLa, embora após a organização da Unidade africana ter reconhecido a legitimidade da FnLa e da Unita, o governo chinês ter iniciado o contacto com ambos. Depois de um período inicial conturbado devido ao apoio chinês à Unita, a �� de Janeiro de �9�� a china reconheceu o governo do mPLa e os países estabeleceram relações diplomáticas. o primeiro acordo comercial entre os dois

países foi assinado em �9�4 e a primeira associação económica em �9��.ao longo dos anos 90, as relações sino-angolanas melhoraram consideravelmente. no fim desta década, angola tornou-se o segundo maior parceiro comercial da china em África, atrás da África do sul, especialmente na área da cooperação militar. À semelhança dos restantes países africanos, o relacionamento sino-angolano melhorou ainda mais no ano �000, com a criação do Fórum china - África e o subsequente aumento de trocas comerciais.a � de março de �004, o Banco export-import da china (eximbank) e o ministério das Finanças de angola assinaram uma linha de crédito de dois mil milhões de dólares, enquadrados em mais de ��0 projectos, nas áreas de saúde, educação, energia e águas, agricultura e obras públicas. a plataforma de assistência financeira angola-china está orientada para a criação e reconstrução das infra-estruturas destruídas pela guerra em angola. o principal foco são as obras públicas, energia, saúde, educação, telecomunicações, transportes e agricultura e privilegia as companhias chinesas na construção destas obras. a china, por sua vez, importa a preços baixos petróleo, diamantes e outros produtos. este processo conhecido por “angola mode”

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ou “modo angola”, prevê uma cooperação bilateral de benefício recíproco: angola ganha infra-estruturas e a china recursos.De acordo com o ministério das Finanças angolano, foram assinados novos acordos de crédito a �9 de Julho de �00� e �� de setembro de �00�, no valor de �00 milhões e � mil milhões de dólares, respectivamente. os projectos são executados faseadamente.segundo o relatório do ministério das Finanças, dos �0 projectos executados numa primeira fase de financiamento (mil milhões), “44 foram concluídos, sendo um no sector dos transportes, seis da agricultura, � na energia e águas, �0 da educação e 9 da saúde.” entre estes estão novos institutos politécnicos em quatro províncias: Huambo, Bié, malanje e Luanda.Paralelamente, surgiu o china international Fund, uma organização privada sediada em Hong Kong, com acesso aos fundos chineses e ao Gabinete de reconstrução nacional. anunciou a disponibilização de seis mil milhões de dólares para a construção de obras

de grande envergadura como os caminhos-de-ferro, o aeroporto internacional de Luanda, a nova cidade satélite de Luanda, Kilamba Kiaxi, e um novo complexo administrativo. mas o grande envolvimento chinês em angola não tem sido livre de tensões. em causa tem estado principalmente a maior participação de empresas e trabalhadores angolanos nos projectos de reconstrução. o centro de estudos estratégicos de angola sublinha “cabe a Luanda defender os seus interesses”. segundo o centro, os contratos prevêem �� por cento de mão-de-obra local, mas não se conhece a existência de um órgão que vigie o cumprimento desta cláusula. o Presidente angolano durante a sua viagem pela china, em �00�, considerou a china “um parceiro estratégico” e a parceria china - angola “um bom exemplo da cooperação entre os países em vias de desenvolvimento”. o seu congénere chinês, Hu Jintao, apelou ao aprofundamento da cooperação sino-angolana, defendendo a “criação de um organismo que oriente e coordene a cooperação económica e bilateral”. a cooperação, sugeriu, deve ser alargada à “área da cultura humana”, nos domínios da “educação, jornalismo, magistratura e desporto” e também ao desenvolvimento da agricultura e das telecomunicações. Durante esta visita, em Dezembro de �00�, foram assinados quatro acordos de cooperação,

reforçando a cooperação bilateral e diplomática entre os estados.Para o centro de estudos estratégicos de angola, o maior benefício do aparecimento da china em angola é a “mudança da abordagem do ocidente”. “a atitude aberta da china para connosco obrigou os outros a mudar a sua atitude. esta parceria veio alterar as regras do jogo.”

KilAMbA KiAXi: CAsAs “MAdE in CHinA” PARA 200 Mil

a china international trust and investment corporation (citic) está a investir �,� mil milhões de dólares em habitação social nos arredores de Luanda. É o maior projecto de investimento habitacional promovido por uma empresa chinesa no estrangeiro até hoje. o empreendimento inclui �00 apartamentos, escolhas, lojas, energia, água e transportes. o projecto insere-se no objectivo do governo de Luanda de reduzir as carências de habitação no país – estimadas em �,9 milhões de casas – construindo, até �0��, mais de um milhão de novas casas.

AngolA

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o “Modo AngolA”

a parceria china e angola, ou “modo angola” de troca de matérias-primas por infra-estruturas, com recurso ao crédito, é considerado um sucesso por ambas as partes envolvidas. a china tem acesso privilegiado aos recursos angolanos e angola desfruta de condições para desenvolver diversas áreas da sua economia, desde a agricultura aos serviços como transportes, além de uma poderosa parceira na esfera internacional.os dois países têm hoje laços diplomáticos fortes e um acordo financeiro que cobre a maior parte das áreas da saúde, educação, obras públicas, transportes, telecomunicações, energia e águas ou agricultura. no ano passado, angola tornou-se no maior fornecedor de petróleo da china, superando a arábia saudita.

Facto menos conhecido do grande público é o papel que Portugal teve, bem como empresas suas, no estreitamento da relação sino-angolana. em �004, ano de abertura da linha de crédito de dois mil milhões de dólares do eximbank para o projecto de reconstrução em angola, Pequim “sondou o grupo espírito santo acerca dos seus planos para angola; a seguir cativou-o para, através de uma subsidiária escom, vir a ter uma participação activa em tais planos”, descreve o editor do África monitor, o jornalista luso-angolano Xavier de Figueiredo. “em março de �004, uma delegação encabeçada pelo director-geral da sonangol, manuel Vicente, e da qual faziam parte um conselheiro económico do Governo, carlos rubio, assim como dois quadros de topo

valor das trocas Comerciais China-Angola (mil milhões Usd)

Ano volume Comercial Exportações da China para Angola

importações da China de Angola

�00� �.��� 0.�4� �.�0�

�004 4.9�� 0.�94 4.���

�00� �.9�� 0.��� �.���

�00� ��.��� 0.�94 �0.9��

�00� �4.�� �.��� ��.��9

Fonte: Ministério do Comércio Chinês

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da escom, Hélder Bataglia (português) e eugénio neto (angolano), deslocou-se a Pequim com a missão de concluir negociações que estavam em curso”, acrescenta.Desta iniciativa nasceram duas medidas: a criação da china sonangol international Holding Limited (csiH), um consórcio entre a china Petrochemical corporation (sinopec) e a sonangol, com duas empresas: uma para a produção e exploração de petróleo e gás, entre as duas petrolíferas, e outra vocacionada para investimentos na indústria petrolífera e em infra-estruturas, entre a sonangol, a escom e empresas chinesas. a empresa mista tem por objectivo investimentos no sector do petróleo e gás, especialmente em países terceiros, com capitais predominantemente chineses, e experiência de campo da sonangol. actualmente a companhia explora e investe em blocos na argentina e em blocos ultra-profundos na nigéria.os planos de construção de infra-estruturas, levados a cabo pelo consórcio, são a construção de casas sociais, em dezassete das dezoito províncias angolanas, a construção do novo aeroporto internacional de Luanda (o maior de África), auto-estradas, bases logísticas e barragens. a china trust and investment corporation (citic), em conjunto com a china sonangol international Holding, tem investido no projecto

de Kilamba Kiaxi, cerca de �,� mil milhões de dólares, no maior projecto desta companhia fora da china. este projecto inclui a construção de �00 blocos de apartamentos, escolas, estabelecimentos comerciais, com acesso a luz, agua, gás e saneamento e transportes. estima-se que Kilamba Kiaxi irá acolher cerca de �00.000 pessoas. Projectos semelhantes estão previstos para outras províncias, de modo a combater a escassez de habitação, estimada em quase dois milhões de casas, o que incentiva a especulação imobiliária verificada no país, onde a compra ou aluguer de habitação em Luanda aproxima-se ao preço de casas em cidades como tóquio, Londres e nova York.segundo a agência nacional para o investimento Privado (aniP) angolana, o número de empresas privadas chinesas instaladas em angola cresceu 9� por cento de �00� a �00�, passando para �� companhias. Parte das empresas chinesas que terminam as empreitadas contratadas pelo governo acabam por fixar-se no país, dada a rentabilidade dos investimentos. Para o centro de estudos chineses a palavra-chave desta relação é “potencial”. “o progresso económico angolano continuará a ser sustentado por uma política estável e uma gestão governamental efectiva. a china reconheceu este potencial,

AngolA

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e está a investir de acordo. este investimento tornou angola no maior parceiro chinês em África, e o seu investimento continuará a aumentar”, defende martyn J. Davies, director executivo do centro de estudos chineses.Hoje, mais de cinquenta empresas chinesas de grande dimensão, encontram-se em angola, entre elas a sinopec, a china international and trust and investment corporation (citic), a sinohydro, a china Ferrovia Grupo �0, a Dongfeng nissan, a china road and Bridge corporation (crBc), a Wuhan iron and steel, china General machinery and equipment import and export (cmec), a sinomach, a Jiangsu international e a china railway construction company. estas companhias efectuam obras de grande envergadura, nas dezoito províncias, em todas as áreas. Para o centro de estudos estratégicos de angola (ceea), a necessidade de se desenvolver as províncias passa também pela pressa em se descongestionar Luanda. “Benguela será o centro logístico e o Huambo a capital agrícola do país”. nesse sentido, são visíveis os esforços em desenvolver todo o território nacional. entre os projectos mais imponentes está a reconstrução dos caminhos-de-ferro de Benguela, e posteriormente as linhas Luanda/Benguela/moçâmedes, um projecto avaliado em quatro mil milhões de dólares. os caminhos-de-ferro de Benguela

ligam a cidade portuária ao interior do país e podem prosseguir para a república Democrática do congo e zâmbia, tornando se portanto numa linha transcontinental. o novo projecto dos nasceu em �9��, como forma de transportar as riquezas provenientes do interior para o porto de Benguela. Hoje serão reconstruídos mais de � �00 quilómetros de caminhos-de-ferro daquela que era considerada a “artéria” da angola colonial. o troço Benguela-Luau compreende � 4�4 quilómetros com �0 estações; o troço de Luanda 4�� km com �� estações e o troço para moçâmedes, namibe �00 km com �� estações, segundo o china international Fund Limited. os caminhos-de-ferro de angola, estão englobados num plano que pretende uni-los à zâmbia, namíbia, África do sul, zimbabué,

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moçambique, república Democrática do congo e tanzânia.a promessa de campanha do Presidente da república, José eduardo dos santos, de erguer um milhão de fogos no país, faz da construção habitacional uma prioridade para o governo. está prevista a construção de cerca de �00 mil casas nos próximos dois anos. em todas as províncias ocorrem projectos na área da educação, como politécnicos, o novo projecto de universidades Públicas, redimensionamento da Universidade agostinho neto, a criação de grandes unidades hospitalares, hoteleiras, escolas básicas e postos de saúde, nas províncias e comunas. a província do Huambo renasce como a “província verde de angola”. o sector agrícola assume-se como chave do desenvolvimento do planalto

“somos feitos para suportar todas as provações”João Li, um dos primeiros empresários chineses em angola (desde �99�) e Director adjunto da câmara de comercio chinesa em Luanda, atribui o sucesso chinês no país a uma cultura de trabalho árduo. “É que o nosso carácter nacional é forjado pela natureza e pelo clima(…) em África, as pessoas podem andar nuas todo o ano. somos feitos para suportar todas as provações. olhe para os nossos rios (....) são furiosos, as cheias matam centenas de milhares de chineses. aqui, os rios parecem estar a dormir. e o nosso clima! temos ciclones, tempestades tsunamis, neve. aqui tranquilo.”, afirma Li dono duma sociedade de importação e exportação no recente livro “o safari chinês”. “É preciso investir muito, mas as margens são boas. muito boas. a maior parte dos homens de negócios chineses de Luanda são ricos. e quando digo ricos, não estou a falar de um ou dois milhões”. a possibilidade de enriquecer faz de África o novo destino para a diáspora chinesa a “maior e mais rica” do mundo, “África e hoje para a china, o que já foi a américa e a austrália”, defendem alguns teóricos. segundo com os serviços de emigração e fronteira angolanos hoje há quarenta mil chineses em angola, mas estima-se que o total possa rondar já os �00 mil .

central, e para isto foi inaugurado o instituto agrário na cidade. neste sector, outro grande projecto na área da educação agronómica é a Universidade José eduardo dos santos. Juntamente com pólos agro-industriais, pretende-se criar condições de produção, armazenamento e transformação industrial de bens alimentares. Um dos pólos agro-industriais em funcionamento é Kapanda, província de malange, consignado à fazenda de Pungo andongo. Pelo menos mais quatro projectos estão previstos a curto prazo, nas províncias do Bié, Bengo, cuanza norte e malanje.a revisão do orçamento Geral de estado, devido à descida das receitas petrolíferas, vai afectar alguns projectos, mas não na agricultura, segundo o centro de estudos estratégicos de angola. cresce o consenso de que se trata das áreas mais importantes para

o desenvolvimento do país. a china anunciou a concessão de dois mil milhões de dólares para o apoio à agricultura no país. “os projectos deste sector mantêm-se praticamente intactos”, explica o centro. o relatório do ministério das Finanças de angola sobre os projectos de reconstrução financiados pelas linhas de crédito chinesas indica que, na agricultura, estão a ser complementados os projectos de irrigação e parcelamento de terras no Waco-Kungo, Luena, caxito e Ganguelas, levados a cabo pelo sinohydro. nas pescas está prevista a entrada de navios, barcos-patrulha, rebocadores e mais de � mil canoas para o decorrer de �009. Para José manuel cerqueira, economista angolano e director do programa de desenvolvimento agrário “Projecto aldeia nova”,

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na província do cuanza sul, se angola for bem sucedida no delinear dos seus objectivos, a china poderá constituir-se como um grande parceiro para o país. “os chineses adaptam-se à situação; foi assim na américa, austrália, nova zelândia. Poderá ser assim aqui.”se a china for bem sucedida, África poderá daqui a �0 anos ser não somente uma parceira mas também uma competidora, no plano do desenvolvimento global”, defende o economista. nas obras Públicas, decorrem os acabamentos no Palácio da Justiça, os acabamentos surpreendentes e funcionais de universidades como a metodista de angola e do campus universitário, em Luanda, a reconstrução da estrada Kifangondo-caxito-Uige-negage, incluíndo as estradas nas referidas cidades, a reconstrução de quatro pontes e a construção de três. Decorrem também a construção ou apetrechamento de hospitais, em malange, Benguela, Lubango, Huambo e diversos centrosde saúde. Para o ministério da educação decorrem a construção de escolas, institutos politécnicos, universidades e institutos de formação de professores, nas diversas províncias do país. nenhum dos projectos está totalmente finalizado porque dependem de acções complementares e desenvolvimento de infra-estruturas de suporte, a decorrerem também nas cidades

que os acolhem, como redes de electricidade, saneamento e telecomunicações e estradas de acesso. De salientar a existência de protocolos para o envio a angola, em �009, de professores e especialistas académicos portugueses e cubanos, sobretudo.o progresso das telecomunicações também constitui uma frente importante da estratégia de desenvolvimento traçado pelas autoridades angolanas. exemplo é o recente anúncio da construção do primeiro satélite angolano, com o auxílio e parceria russa. outro grande projecto neste sector é a viabilização de cerca de sete mil cabos de fibra óptica, para as dezoito províncias, lançado para a digitalização do sistema electrónico de telefonia e redes de telecomunicações no país. no âmbito das telecomunicações, a linha de crédito eximbank prevê �.��9 quilómetros de fibra óptica com a utilização de redes de nova geração que abrangem �4� localidades em catorze províncias (Bengo, Bié, Kwanza norte, Kwanza sul, Luanda, malange, moxico, Huambo, Huila, cunene, Uíge, zaire, Benguela, cabinda).no âmbito da energia, estão em curso projectos como a expansão da rede eléctrica de Luanda, a reconstrução do troço cazenga-Quifangondo, a expansão da rede de abastecimento da cidade do Huambo, caxito, catete e Uige, reconstrução do sistema de esgotos, entre outras actividades

na área de saneamento. a segunda fase de execução de projectos inclui a reconstrução e expansão de redes nas Lundas, norte e sul, Luanda (fase iii) e malange, tendo sido concluídos oito projectos nesta área. Devido à extensão do seu crédito, o eximbank é hoje claramente a instituição financeira estrangeira envolvida em mais projectos de obras públicas em angola. Paralelamente, grandes empresas estrangeiras detêm contratos importantes. entre as brasileiras destaca-se a odebrecht, responsável pelo empreendimento hidroeléctrico de Kapanda. as empresas portuguesas como a mota-engil, somague, soares da costa e teixeira Duarte possuem grandes contratos com o instituto nacional de estradas de angola. o mercado angolano parece ser grande e activo o suficiente para garantir trabalho a todas.Para o centro de estudos chineses, no contexto da actual crise económica a china ira reforçar a sua relação com o país, tirando proveito da queda do preço do petróleo e do recuo de competidores na perspectiva de incerteza financeira. “no mês de abril, a china importou para as suas reservas estratégicas um extra de �,� milhões de barris de petróleo, metade dos quais acredita-se que provêm de angola”. esta acção por parte do governo chinês surge como uma acreditação aos mercados africanos, mais vulneráveis do que

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os do médio oriente, usualmente mais conservadores em tempos de crise no preço do petróleo, que desceu de �4� dólares o barril para menos de metade deste valor. com a exploração de petróleo a perfazer �0 por cento da exportação angolana e �� por cento do seu PiB, esta queda significa a perda de �0 por cento das receitas petrolíferas, este ano. “o ministro das Finanças anunciou o corte de 40 por cento das actuais”, o que significa o abrandamento da concretização dos projectos sociais em curso. a actual conjectura financeira significou uma nova fase na relação entre os países. a exposição chinesa aos custos e riscos do investimento em angola tornou o país asiático mais cauteloso na sua abordagem. segundo a investigadora Lucy corkin, do centro de estudos chineses, “embora Luanda esteja a ser inundada de capital chinês, ele é predominantemente fruto de empréstimos pagos a petróleo, em detrimento de investimentos em projectos novos.De acordo com a agência internacional de energia, angola foi em �00� o segundo principal fornecedor de petróleo para a china, atrás da arábia saudita. angola exportou em média �9� mil barris diários, o que representa ��,� por cento das importações chinesas de petróleo e �� por cento das exportações angolanas de ramas. as relações de interdependência económica entre os dois países têm aumentado

significativamente, o que se tem traduzido não só no aumento das trocas comerciais, mas também de fluxos de capital entre estes, em particular o financiamento chinês.as grandes petrolíferas chinesas estão na linha da frente para a próxima ronda de blocos petrolíferos em angola, no caso da sinopec em parceria com a sonangol. o concurso só aguarda a subida do preço do barril para níveis que permitam a Luanda um maior encaixe. entretanto, sinopec e cnooc asseguraram uma participação de �0 por cento no Bloco �� do “off-shore” angolano, considerado altamente promissor pelas �� descobertas já feitas. Por uma participação de �0 por cento no bloco, as duas petrolíferas vão pagar �,� mil milhões de dólares, bem menos do que os � mil milhões inicialmente pedidos pela norte-americana marathon oil. entre os interessados estavam a indiana onGc e a brasileira Petrobras.em Dezembro de �00�, o presidente angolano dirigiu-se a Pequim pela segunda vez num espaço de cinco meses (apesar da sua ausência no fórum de cooperação china-África, em Dezembro de �00�) para assegurar o apoio financeiro da china em tempos de crise financeira. tal reflecte o facto de apesar de Luanda estar determinada a diversificar a sua economia e os seus parceiros comerciais, em tempos de instabilidade financeira,

a china é considerada a rede de segurança, particularmente porque o acesso angolano ao capital estrangeiro é limitado. o ministro dos Petróleos angolano e actual presidente em exercício da organização dos Países exportadores de Petróleo, José maria de Botelho Vasconcelos, destacou na cimeira mundial de grupos de reflexão (“think tank”) que decorreu em Pequim, de � a 4 de Julho, que a china tem papel preponderante no desenvolvimento económico de angola, destacando a sua contribuição nos sectores petrolíferos, da construção civil e agrícola. José maria Botelho Vasconcelos realçou que, em �00�, a procura anual de petróleo diminuiu pela primeira vez desde os princípios da década de �0, o que constituiu um “grande choquepara a indústria, sentido directamente ao longo de toda a cadeia de fornecimento.”a cimeira organizada pelo centro chinês para intercâmbios económicos internacionais (cciee), que terminou no dia 4 de Julho, teve como propósito discutir em profundidade as tendências da crise financeira e económica internacional e analisar a forma de retomar o crescimento da economia mundial e contou com a presença de vários organismos internacionais, entre os quais o Banco mundial e o Fundo monetário internacional.

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gRAndEs PRojECtos sino-AngolAnos

1. bengoPonte Bengo-Kissama, projecto “Água para todos”, projecto habitacional caxicane, ponte cabala-cumucua, Parque industrial para �00 unidades fabris, desenvolvimento da rede eléctrica, �00 mil casas sociais no ambriz (com escolas, postos de saúde e estabelecimentos comerciais), recuperação de fazendas abandonadas, 4.�00 casas no município de Dande, mercados, reabilitação de escolas e vias públicas, restauro da estrada nacional ��0 maria teresa-saurimo (�.400 km), instituto Politécnico, rede de telecomunicações de nova Geração

4. Cabindareconstrução de �0 km de estrada no alto sumbi com �4 pontes, instituto Politécnico 5. Cuando Cubangoestrada cuito canavale-menongue, �.000 habitações sociais, escolas, hospitais, arruamentos, mercados, zona administrativas, bibliotecas, Parque-museu cuito canavale, instituto de administração e Gestão 6. Kwanza norterecuperação do Hotel Bragança (ndalatando), Palácio do Governo (ndalatando), Hospital municipal, barragem, sistemas de irrigação para suporte agrícola, ampliação da escola superior Pedagógica, restauro da via ferroviária Luanda- malanje 7. Kwanza sulrestauro das vias no município do Wacu cungo, reposição da ponte sob o rio Kwanza que une a província ao município de Kangandala (malanje), projectos de irrigação agrícola, rede de telecomunicações de nova geração

8. CuneneLocalidade de mucavelai recebe �� projectos de recuperação social - residências, hospitais, escolas, mercado; escola básica e hospital em omandobe, instituto de administração e Gestão, rede de telecomunicações de nova geração

2. benguelaestádio de Benguela (can�0), reestruturação do mercado do Lobito, estrada Benguela-Lobito, estrada Benguela-Dombe Grande-namibe, estrada nacional ��0 Benguela-Huambo-sonaref, Hospital de Benguela, instituto de administração e Gestão, rede de telecomunicações de nova geração 3. bié Via Kuito-Kukema, programa Água para todos, 4 novos postos médicos, sistema de captação e tratamento de água (Kuito), apetrechamento do instituto agrário do andulo, instituto Politécnico do Bié, rede de telecomunicações de nova geração

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9. Huambomercado “alemanha”- complexo comercial na Quissala, com �00 bancas, � armazéns, matadouro, câmaras frigorificas e fábrica de gelo., Universidade de ciências agrónomas, Hospital central, instituto Politécnico, instituto de administração e Gestão, rede de telecomunicações de nova geração 10. Huílainstituto Politécnico, escolas secundárias, caminho-de-ferro de mocâmedes, centro regional de acolhimento de crianças, Hospital regional do Lubango, instituto de Formação de Professores, rede de telecomunicações de nova geração

11. luandareconstrução dos mercados Panguila e são Paulo, auto-estrada Luanda-soyo, rede de fornecimento de água (�00 km), restauro dos caminhos-de- ferro, reparação de � estradas principaís, expansão e recuperação do porto de Luanda, restauro da rede eléctrica, 4 institutos politécnicos, � novas escolas secundárias, estrada Viana-calumbo, �� novas unidades hoteleiras, campus universitário, estádio (can�0�0), reconstrução das redes de saneamento, finalização do centro de produção da televisão pública

12. lunda nortereconstrução do aeroporto do Dundo, recuperação das redes eléctricas, instituto politécnico

13. lunda sulreconstrução dos mercados em saurimo, recuperação das estradas no município de saurimo, reconstrução das redes eléctricas, instituto politécnico 14. Malanjereconstrução da estrada massango-Kinguengue, incluíndo � pontes sobre os rios Kiquila e massanga, reconstrução do instituto agrário do Quessua, � escolas secundárias, � centros de saúde, reconstrução das redes eléctricas, projectos de irrigação agrícola, Hospital de malanje, rede de telecomunicações de nova geração

15. Moxicoasfaltagem das ruas da cidade do Luena, construção da rede eléctrica (Luena), recuperação do complexo do instituto superior Politécnico (Luena), casa da Juventude (Luena), novas infra-estruturas administrativas, (cangamba), projecto social nos Bundas, irrigação agrícola, instituto de administração e Gestão, rede de telecomunicações de nova geração

16. namibeHospital municipal, arruamentos no namibe e tombwa, � escolas secundárias, instituto politécnico, instituto de administração e Gestão 17. Uígetroço da estrada zombo-negage até Kuimba (zaire), arruamentos na cidade do Uíge, recuperação do aeródromo da Damba, instituto politécnico, instituto agrário, escola secundária, rede de telecomunicações de nova geração

18. Zaireconstrução do Porto de capitania local, escola técnica de enfermagem, centros de saúde, habitação de baixa renda, estrada para Luanda, fábrica de processamento de Gás natural Liquefeito angola LnG, centrais térmicas a gás soyo, instituto de administração e Gestão, rede de telecomunicações de nova geração

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AgRiCUltURA, novAs EnERgiAs E CoMéRCio nA RotA dos invEstiMEntos

a extensa procura e pouca oferta faz de angola uma área fértil para o investimento privado. embora os recursos naturais continuem a ser o maior trunfo da economia angolana, outras aéreas começam a florescer, da agro-pecuária às novas energias. De modo a criar uma economia sustentável, o estado angolano tem procurado a diversificação das suas fontes de receita e dos seus parceiros económicos.a reconstrução das infra-estruturas torna possível a livre circulação de pessoas e bens, lançando o pequeno comércio, o transporte de bens, acessos à saúde e à educação,descongestionamento das cidades, restauração do tecido industrial,

A AniP

o Governo angolano atribuiu à agência nacional de investimento Privado (aniP) a função de gerir as propostas em montante abaixo de � milhões de dólares (valor superior tem de ser aprovado pelo conselho de ministros). compete-lhe ainda esclarecer os incentivos fiscais promovidos pelo governo de modo a repor o tecido industrial do País. os investimentos podem ser isentos de imposto industrial, de � a �� anos, mediante a escolha de determinadas províncias.15 anos – os investidores ficam isentos de pagamento de imposto sobre a aplicação de capitais por um período de �� anos se investirem nas províncias do Huambo, Bié, Moxico, Kuando Kubango, Cunene, Namibe, Malanje e Zaire.12 anos – Por investimentos nas províncias do Kwanza-Norte, Kwanza-Sul, Bengo, Uige, Lundas, Norte e Sul, e municípios do interior e Benguela, cabinda e Huíla.8 anos – Por investimentos nas províncias de Benguela, Cabinda e Huila, além do município do Lobito. Para que um investimento seja aprovado, o órgão regente do investimento privado em angola, inquire acerca da natureza do projecto, o capital a ser investido, a descrição do projecto, a descrição dos objectivos, inclusive do social, origem e aplicação dos capitais, a força de trabalho, cumprimentos.

desenvolvimento turístico e criação de emprego em geral.augusto albuquerque, ex-adido comercial da embaixada de angola na china, actualmente a exercer a mesma função na embaixada de angola em Lisboa, destaca as oportunidades nas pescas, agricultura e recursos naturais. esta opinião é partilhada por carine Kiala, do centro de estudos chineses na África do sul, que reforça que é necessário desenvolver a mão-de-obra local e apoiar certas instituições, para um crescimento multilateral. À semelhança de outros países africanos como a zâmbia e moçambique, é possível adivinhar-se a presença da china no domínio agrícola. segundo o investigador

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Loro Horta, a produção alimentar como forma de suportar a procura da população é um dos principaís interesses da china em África. Desta forma, a região central de angola assume um papel estratégico. o Banco de Desenvolvimento da china anunciou este ano uma linha de crédito de dois mil milhões de dólares para o desenvolvimento agrícola do país, em especial para a produção e processamento de cereais, base alimentar do gigante asiático. com uma população de �� milhões de pessoas para uma área superior a �,�4 milhões de quilómetros quadrados, angola “oferece grandes oportunidades à china”, afirma Horta.estas incluem a produção de carne, mas também bens alimentares de luxo em voga na china, como café, especiarias e frutos tropicais, sublinha no recente relatório “segurança alimentar - África a nova taça de arroz da china”.“tem sido dada atenção considerável aos interesses chineses no petróleo e outros recursos minerais africanos, mas é talvez na agricultura e processamento alimentar que a china terá um impacto mais significativo no futuro do continente”, defende o académico, filho do actual presidente timorense, ramos Horta. na rota dos investimentos agrícolas chineses estão também, no espaço lusófono,

moçambique e a Guiné-Bissau.Para José manuel cerqueira, economista angolano, actualmente a gerir o projecto agro-pecuário em parceria angolana e israelita “aldeia nova”, no Wacu-cungo (cuanza sul) “certamente será na agricultura que esta relação poderá ter uma maior projecção, aliás não só para a china, comopara todo o mundo”. “o preço dos alimentos está a subir, a crise apenas veio disfarçar isso e com o impacto ambiental que se verificará nos próximos anos será África, com o seu extenso território virgem e clima propício, que virá a equilibrar a produção e consumo alimentar”. “angola deve aproveitar as suas vantagens comparadas, ou seja, sectores que desenvolvam o processamento de matérias--primas, o desenvolvimento da indústria química, do algodão, do sisal, um sem fim de possibilidades”, diz o economista José cerqueira. o desenvolvimento do tecido industrial em angola está dependente da criação de infra-estruturas. mas a indústria angolana nascerá primeiramente para cobrir as suas necessidades mais básicas: materiais de construção, processamento de matérias-primas e transportes. o comércio, principalmente no interior do país é sempre considerado um investimento seguro, em todas as áreas, com destaque para os veículos de transporte, desde a bicicleta

aos camiões, equipamentos agrícolas, restauração, serviços e tecnologias de informação. É uma área de eleição para o pequeno e médio investidor chinês em angola, sendo possível encontrar o pequeno comércio chinês em várias áreas das cidades de Luanda, Benguela, Huambo e Lubango. no entanto, para o agora professor Peregrino isidro Wambu chindondo, da Universidade metodista de angola, é necessário reforçar que “o petróleo, o gás e também as energias renováveis, eólica, painéis solares térmicos e fotovoltaicos, centrais hidroeléctricas e centrais maremotrizes, serão o maior segmento de negócios estratégicos em angola”. “estas indústrias fomentam todos os serviços circundantes, desde a reciclagem dos resíduos, à transformação ecológica dos derivados até à engenharia e arquitectura ambiental e de aproveitamento de espaços para o lazer. e também todo o sector dos transportes ligeiros, médios e pesados, terrestres, aéreos e marítimos”, acrescenta o académico e militar.o ensino e as áreas complementares, o turismo rural e de massas e a promoção de desportos também oferecem perfeitas oportunidades aos agentes destes negócios, conforme se pode verificar na preparação do governo angolano para acolher o campeonato africano de Futebol

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em �0�0 (can�0). Verifica-se a construção de estádios, unidades hoteleiras, reconstrução de acessos, hospitais, transportes, restauração e o comércio e todas as áreas adjacentes. “tudo que seja associado às grandes multidões e com elas os amplos consumos de bens perecíveis cria emprego e, consequentemente, desenvolvimento”, explica Peregrino chindondo, que é também quadro no activo das Forças armadas de angola.a saúde ocupa também uma posição de relevo. Um dos maiores negócios será a distribuição e comercialização de medicamentos e mesmo a produção de genéricos, à semelhança de moçambique, principalmente de anti-retrovirais para o combate à sida, e no combate às doenças tropicais e endemias como o paludismo e as doenças tropicais negligenciadas. no sector de prestação de serviços, angola constitui desde já uma boa aposta, principalmente para os países da cPLP. angola necessita de quadros que suprimam

os danos criados pela guerra prolongada, de modo a que haja transferência real de conhecimento, com Portugal, Brasil e cabo Verde, como primeira opção. numa iniciativa promovida pelo instituto Português de apoio ao Desenvolvimento, foram recrutados cem professores portugueses do ensino secundário e profissional para dar formação a docentes angolanos. segundo avança o semanário português sol (� de Julho) o primeiro grupo de docentes (�0) partirá em agosto deste ano para as províncias do “cuanza sul, Benguela, namibe, moxico e cunene – zonas consideradas prioritárias e com condições logísticaspara acolher o programa”, embora a ideia seja abrangente às restantes províncias, à excepção de Luanda. “os docentes vão assinar contratos de um ano – renováveis por igual período – e receber um ordenado de �.�00 euros (que beneficia de uma isenção fiscal), tendo direito a viagens e alojamento pagos”, adianta o semanário.

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josé Eduardo dos santosPresidente da República (desde 1979)

GovernoPaulo Kassoma Primeiro-ministro (�00�)

josé botelho vasconcelos (Petróleos)

Manuel nunes (economia)

severim de Morais (Finanças)

Higino Carneiro (obras Públicas)

Makenda Ambroise (Geologia e minas)

joaquim david (indústria)

Ana dias lourenço (Planeamento)

Emanuela vieira lopes (energia)

Augusto da silva tomás (transportes)

António Pedro Canga (agricultura)

Angola Quem é Quem

Manuel vicente PCA Sonangol concessionária petrolífera angolana, integra empresas de prospecção de petróleo e gás, comercialização de produtos refinados, transporte aéreo (sonair), transporte marítimo (sonashipping), telecomunicações (mercury), formação profissional, bases logísticas de apoio, banca (Bci e Bai), seguros (aaa), sondagem petrolífera (sonamer), fabricação de estruturas metálicas, plataformas (sonamet), armazenamento de dados sísmicos (sonawest), manutenção e assistência técnica (sonadiets); fornecimento e operação de barcos de apoio ou “supply boats” (sonatide e sonasurf) ou ainda a promoção imobiliária (sodimo). a empresa formou com a china Petrochemical corporation a china sonangol Holding e gere a sonangol Limited, com sede em Houston e Londres.

Manuel Arnaldo CaladoPCA Endiamaconstituída em �9��, a endiama faz prospecção, pesquisa, exploração, transformação e comercialização de diamantes. a empresa possui subsidiárias e capital social em outras empresas, entre elas a air Diamantes de angola (aDa), a clínica sagrada esperança, a Fundação Brilhante (carácter social), a enditrade, o grupo desportivo sagrada esperança, endiama P&P (prospecção e produção) e a sodiam, que visa a comercialização de diamantes (lapidados ou em bruto), no panorama, nacional ou internacional. a companhia participa em �� empresas, principalmente na exploração diamantífera.

António dos santosCâmara do Comércio e Indústria de Angola (CCIA)Fundada em �9��, a câmara congrega acima de �00 empresas e promove a cooperação e colaboração com organizações estatais, organiza seminários, publicita as actividades/produtos nacionais no estrangeiro e instiga a cooperação entre empresas estrangeiras e nacionais.

general Hélder Manuel vieira dias “Kopelipa”Gabinete de Reconstrução NacionalÓrgão criado pela casa militar da Presidência da república que gere, directamente com o eximBank, as linhas de crédito, com supervisão do ministério das Finanças. a direcção deste gabinete responde directamente ao Presidente e é encarregue da designação e gestão dos projectos.

Aguinaldo jaimeAgência Nacional de Investimentos Privado (ANIP)Programa gerido pelo ex-ministro das Finanças (90-9�). este organismo é responsável pela regulação do investimento privado em angola, até aos � milhões de dólares. acima deste valor, o investimento tem de ser aprovado em conselho de ministros, dirigido pelo Presidente da república.E-mail: [email protected]

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Matos Cardoso Presidente da Feira internacional de Luanda (Filda) joaquim sebastião Director geral do instituto nacional de estradas de angola (inea)

Zhan YongqiaoPresidente do Centro Parque Industrial Ango-Sino. Natural da província de zhejiang e a viver em Portugal desde os �9 anos, preside também à associação de amizade e intercâmbio cultural Portugal-china (aaicPc), criada em �00� com o apoio da embaixada chinesa em Lisboa.

Embaixador Zhang bolunEmbaixada da República Popular da China em Angola194/200 R Houari Boumediene – LuandaTel: 222 444 658Empresários

António Mosquito M’bakassy, natural do Huambo, é o presidente e fundador do grupo antónio mosquito – Gam- Holding, que controla cerca de duas dezenas de empresas no sector dos transportes (representante da audi e da Volkswagen), petróleos (grupo Falcon), imobiliários (sociedade com a odebrecht) e na banca, com acções no Banco caixa Geral totta angola (BcGta) e no Banco comercial angolano.

jaime Freitas Dono do grupo cosal e concessionário das marcas Hyundai, mitsubishi e mercedes. Ligado aos interesses diplomáticos e económicos da coreia do sul em Luanda. o empresário fez parte da primeira direcção da sonangol e é-lhe também atribuída a liderança das empresas interauto e tecnomat. Possui interesses nos sectores da informática e do imobiliário e acções no Bca e no BcGta; especula-se a sua entrada na hotelaria, na construção de uma cadeia de hotéis “estilo ibis” na Huila.

isabel dos santosFilha mais velha do Presidente da republica, José eduardo dos santos, afirmou-se nos últimos anos como uma das figuras mais influentes do meio empresarial angolano. Formada em engenharia electrotécnica, foi na gestão empresarial que se destacou. na sua panóplia de investimentos destacam-se a energia, telecomunicações e banca. Possui, através da sua holding Geni, investimentos no BPi, no Banco espírito santo angola (Besa), no Bic português, na Unitel (operadora móvel de angola), na Portugal telecom (Pt) e é sócia de américo amorim, com quem participa em acções na Galp energia, através da empresa amorim energia. Participa também com �� por cento na Green cyber, refinaria de bioenergia, sediada em sines. o seu nome esta também associado ao projecto terra Verde, uma parceria israelo–angolana, no âmbito da agricultura, da sangripek, associação agro-pecuária, com sócios como o Bai e os irmãos Faceira e em diversos consórcios na exploração petrolífera.

Armindo CésarLidera o grupo maboque, responsável por alguns dos principaís empreendimentos imobiliários em curso em angola. actualmente, está a construir, na zona do Benfica, sul de Luanda, um hotel com �00 quartos, incluindo �0 suites presidenciais, um investimento estimadoem �00 milhões de dólares

bartolomeu diascriado em �00�, o grupo Bartolomeu Dias actua hoje no turismo e hotelaria, indústria alimentar, transportes terrestres e aéreos, segurança e informática. inclui �� empresas, com um total

de �.000 funcionários.

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as relações entre a china e moçambique têm um passado secular. o primeiro contacto entre os dois povos terá acontecido, segundo alguns relatos históricos, no século XV, aquando do desembarque do navegador chinês, zheng He, na costa moçambicana. no período colonial português, terão vivido no país perto de �0 mil imigrantes chineses.Hoje, a china perfila-se para moçambique como grande parceiro da cooperação e importante investidor. o director do centro de Promoção de investimentos moçambicano defende que a china poderá tornar-se em breve no maior investidor no país, mantendo-se o actual interesse em investir em moçambique.Diversos projectos de infra-estruturas e agricultura perfilam-se a barragem de mpanda nkua deverá contar com financiamento chinês,do eximbank. mas o interesse de Pequim estende-se a toda a região envolvente do vale do zambeze.se angola impressiona pela sua velocidade de crescimento supersónica, a história recente da economia de moçambique é um exemplo de firmeza.

MoçAMbiqUE: FACtos EssEnCiAis

capital Maputo

Língua oficial Português

moeda Metical

Fuso Horário UTC+2

indicativo telefónico internacional +258

código internet .mz

Área 801.590 Km2

PiB USD 17 mil milhões (2007)

População 20,7 milhões (estimativa 2007)

um parceiro constanteMoçAMbiqUE

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MoçAMbiqUE: “RAio X” EConóMiCo

entre �99� e �00�, diz o relatório indicadores de Desenvolvimento de África �00� (Banco mundial), moçambique foi o país africano que cresceu de forma mais diversificada e sustentada, seguido de perto por são tomé e Príncipe e cabo Verde. com um crescimento médio de �,� por cento, moçambique ficou à frente do ruanda (�,� por cento) na lista das economias “diversificadas”. esta categoria destaca-se das “economias de baixo crescimento” e das “economias petrolíferas”, em que se inclui angola. em jeito de balanço da actual legislatura, o governo avançou recentemente com números igualmente impressionantes: o produto interno bruto em �009 será mais do dobro do registado em �00�. Para o gabinete de estudos do banco português BPi e para o Fmi, que tem previsões de crescimento mais baixas para este ano (4,� por cento, �,� pontos percentuais abaixo do registado no ano passado), maputo está, contudo, a viver sob o signo do “optimismo”. em ano de recessão global, que arrastou consigo o preço das matérias-primas, este desempenho será, mesmo assim, um dos melhores do continente africano.Para os resultados dos anos mais recentes foram decisivos os preços-recorde das matérias--primas nos mercados

internacionais. nos últimos quatro anos, as exportações moçambicanas superaram as importações. a contracção económica global trouxe uma redução de preços e de procura externa.o capital estrangeiro parece gostar de moçambique. seja o investimento, sejam ajudas ao desenvolvimento, o fluxo tem sido intenso e constante. sendo quase unanimemente considerado um exemplo de estabilidade política e económica num cenário pós-guerra, moçambique tornou-se na última década numa das nações africanas “protegidas” pelo Banco mundial, Fundo monetário internacional e comunidade de doadores. estes têm contribuído generosamente para os projectos de modernização e redução da pobreza, disponibilizando mesmo verbas directamente para o orçamento de estado. só em março deste ano, os �9 Parceiros do apoio Programático (PaP) de moçambique aprovaram um pacote de ajuda de ��� milhões de dólares para os próximoscinco anos.o investimento estrangeiro também tem afluído de forma generosa. Dos �0� milhões de dólares de �00� atingiu-se 4�� milhões de dólares em �00�. reino Unido, África do sul e Portugal são os investidores mais tradicionais. mais recentemente, começam a ganhar espaço economias

emergentes, sobretudo a china, que em �00� ficou em segundo lugar na tabela do iDe, apenas um ano depois de ter entrado no grupo dos dez primeiros. os investimentos chineses terão ascendido a ��,� milhões de dólares em �00�, apenas superados pelos sul-africanos. o director do centro de Promoção de investimentos afirmava recentemente que, mantendo-se o actual interesse em investir em moçambique, a china poderá tornar-se em breve no maior investidor. estes investimentos estão relacionados com grandes projectos apoiados pela china, como o de modernização e ampliação do aeroporto internacional de maputo ou o novo estádio da capital.os doadores têm também sido generosos em perdoar dívidas. o Banco mundial “apagou” �.�0� milhões de dólares em �00�, gerando uma vaga que incluiu os quase 400 milhões de Portugal em �00�. o país, que no passado vivia constrangido pelo serviço da dívida, apresenta agora uma situação económica “estável”, segundo as grandes agências de notação Fitch ratings e standard & Poor´s.alguns economistas mostram-se preocupados com uma possível retracção de investimentos e ajuda externa, devido à contracção económica global. “o investimento directo estrangeiro (iDe),

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que desempenhou um papel de crescente importância em moçambique, está a ser afectado por alguns investidores estarem a redimensionar custos ou adiar os seus projectos”, nota o Fmi. o BPi afirma que podem estar em causa algumas das “bandeiras de iDe”, os chamados “mega-projectos”: é o caso da extracção de titânio de areias pesadas (BHP Billiton, �00 milhões de dólares), da siderurgia de maputo (arcelor mittal, �.000 milhões) e de muitos outros de extracção mineira. o banco português também coloca dúvidas sobre a barragem de mpanda nkua, um projecto que deverá contar com financiamento chinês, do eximbank. outros projectos parecem seguir por melhor caminho, como os de extracção de carvão em moatize (Vale).mas, passadas as “nuvens” que pairam sobre a economia global, o sol deverá voltar a brilhar para os investimentos em moçambique. Para o BPi (“moçambique: Janeiro de �009”), estão “reunidas as condições para o país continuar a atrair iDe” e “gozar de apoio externo através de donativos internacionais”. isto traduz-se “num garante de estabilidade para os investidores internacionais”, a par da dinâmica da procura interna.a fundição de alumínio mozal, na matola, que envolve um conjunto de investidores liderado pela BHP Billiton, foi sendo apresentada como

um caso de sucesso no investimento estrangeiro. a sua produção de lingotes de alumínio fez disparar as exportações moçambicanas e deu um forte impulso económico. É hoje considerada a maior empresa do país, por facturação, à frente da Hidroeléctrica de cahora Bassa, construída por Portugal, e hoje nas mãos do estado moçambicano. mais recentemente, gerou-se o debate sobre qual o real contributo da empresa para moçambique. Quase nenhum, para o Banco mundial. mozal e sasol (extracção e transporte de gás) representam apenas �,� por cento do PiB, afirma, dado que estão isentos do pagamento de diversos impostos. o contributo para o emprego local “é muito limitado”. Facto assente é que a quebra dos preços de alumínio – �0 por cento – está a afectar a mozal e já se reflecte nas contas moçambicanas. no primeiro semestre do ano passado, o contributo para o PiB moçambicano foi mesmo negativo, segundo os dados do ine. serviços financeiros, indústria extractiva e transportes e comunicações permitiram equilibrar as contas. o sector agrícola teve um ano positivo e reforçou para �0 por cento o seu peso na economia. são os frutos de uma economia bem assente.

Moçambique: Análise SWOT

Forças • riquezas naturais• Diversificação económica

Fraquezas• Peso do sector agrícola• inflação de dois dígitos

oportunidades• melhorar ambiente de negócios• Política fiscal expansionista

Ameaças• execução baixa de investimentos públicos• Dependência de financiamento externo

MoçAMbiqUE

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CHinA-MoçAMbiqUE: UM PAssAdo longo E RiCo

as relações entre a china e moçambique têm um passado secular; o primeiro contacto entre os dois povos poderá ter acontecido no século XV, aquando do desembarque do navegador chinês, zheng He, na costa moçambicana. Já enquanto colónia portuguesa, moçambique recebeu imigrantes chineses. segundo o antropólogo português eduardo medeiros, os primeiros �0 chegaram como contratados, em ����. a partir de ���� este recrutamento tornou-se sistemático e, aos poucos, foi-se formando a comunidade chinesa e seus descendentes. em �9��/�� nasce o clube chinês na cidade da Beira. De acordo com o investigador moçambicano do instituto de estudos sociais e económicos, em maputo, sérgio chichava, o fluxo de recrutamento só parou em �9��. calcula-se que este fluxo tenha gerado uma população residente de quase �0 mil chineses. com o êxodo que se seguiu ao período da descolonização e da independência de moçambique, (�9��), a comunidade foi diminuindo e aquele investigador afirma que depois da independência quase todos os chineses saíram do país, nomeadamente para Portugal. o número actual da população

chinesa em moçambique estima-se em �.�00 a �.000 pessoas. “Um ou outro sino-moçambicano de maputo foi ‘cooptado’ pelos senhores de Pequim (...) para que fosse recuperada a antiga escola chinesa e Pagode. Há a integração de um arquitecto e de uma ou outra pessoa, mas a maioria da comunidade, de origem cantonense, manteve-se distante, na diáspora”, diz medeiros. sérgio chichava traça a raiz das actuais relações sino-moçambicanas ao apoio que a rPc prestou à Frelimo em �9��, a chamada Guerra de Libertação, nomeadamente em treino militar na tanzânia e na china, em equipamentos, dinheiro e sucessivas visitas protocolares, de figuras notáveis, ora para a china, ora para moçambique. a primeira vaga de visitas, refere o especialista, “foi em �9��; o primeiro grupo da Frelimo foi à china para receber treino. no mesmo ano, eduardo mondlane visitou o país. em �9��, foi a vez de samora machel, enquanto chefe de Defesa, visitar Pequim, onde volta em �9��, já como líder do movimento.a china foi o primeiro país a reconhecer a independência de moçambique. mas em �9�� começam a notar-se sinais

de esfriamento, quando a Frelimo realiza o seu �º congresso sem a presença de uma delegação chinesa. em finais dos anos �0, assiste-se ao deteriorar da relações sino-moçambicanas; “a Frelimo tinha estreita relação com a União soviética, condenava a invasão chinesa ao Vietname e era aliado estreito do mPLa, partido no poder em angola, enquanto a china apoiava a Unita”. os alinhamentos da Guerra Fria minaram as relações, provocando o afastamento entre maputo e Pequim.É nos anos �0 que se dá a reaproximação. em �9�� dá-se a visita do ministro dos negócios estrangeiros chinês, Huang Hua e em �9�� Joaquim chissano, então mne moçambicano, retribui. o presidente samora machel visita a china em �9�4. em �9��, chissano volta a Pequim, desta vez já como presidente. em retribuição, moçambique recebe a visita do mne da china, Qian Qichen, em �9�9, que aprovou a ajuda financeira ao país de �� milhões de dólares. neste período, começa a liberalização da economia moçambicana e as relações bilaterais intensificam-se, com crescentes interesses mútuos. Hoje, as relações são consideradas “excelentes”. as visitas recíprocas

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são inúmeras, destacando-se recentemente a participação, em Pequim, do mne e dos ministros do comércio e indústria, Leonardo simão e carlos morgado respectivamente, no �º Fórum de cooperação china-África, que reuniu 4� países africanos, em �000, e a presença do presidente armando Guebuza, na �ª edição deste fórum, em �00�. moçambique participou no primeiro Fórum para a cooperação económica e comercial entre a china e os Países de Língua oficial Portuguesa (PaLoP), em Pequim, �00� e na segunda edição deste, em �00�. o Presidente da rPc, Hu Jintao, visitou moçambique, em �00�, altura que anunciou o perdão da dívida a moçambique, no valor de �0 milhões de dólares. no plano de cooperação, os dois países assinaram um acordo de comércio e um acordo de Promoção e mútua Protecção de investimentos, em �00�, estabelecedo uma comissão económica e comercial conjunta.estatísticas da embaixada da china em maputo apresentam mais de �0 projectos executados em moçambique. “o sector de construção é o destaque do envolvimento da china no desenvolvimento económico,

com efeitos estruturantes e sem os condicionalismos que alguns pacotes de desenvolvimento do ocidente acompanham”, realça mário machungo, salientado que “muitos equipamentos,

anteriormente importados de mercados da europa ou de outras partes do mundo têm vindo a ser substituídas por importações da china.”

grandes Projectos sino-Moçambicanos em Curso

�. o centro internacional de conferências Joaquim chissano, o edifício do ministério dos negócios estrangeiros e a sede da assembleia nacional

são da autoria da chinesa sogecoa, há dez anos no país, responsável pela construção do edifício de dez andares

que alberga o centro de promoção de investimentos chineses, em maputo.

�. recuperação do aeroporto internacional de maputo, a cargo da Anhui Foreign Economic Construction Co.

(AFECC). o investimento de �� milhões de dólares é financiado pelo eximbank�. estádio nacional, no zimpeto (arredores de maputo), obra

de �� milhões de dólares a cargo da AFECC.4. Habitação na periferia da cidade de maputo, obra da China internal trade Engineering design & Research institute, empresa de elaboração de projectos, e a China shandong Foreign Economic & tecnhical Cooperation group�. a ponte sobre o rio incomati e o viaduto de abastecimento de água entre as cidades de inhambane

e maxixe, realizadas pela China Henan international Cooperation group Co.ltd - CHiCo;

�. recuperação e ampliação do sistema integrado de abastecimento de água em chimoio, Gondola, manica, messica e Bandula, na província central de manica, a cargo da empresa CHiCo.

MoçAMbiqUE

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“A CHinA é MUito bEM-vindA!” estima-se que, até �00�, a cerca de meia centena de principaís empresas chinesas tenham criado em moçambique cerca de ��.�00 postos de trabalho nos sectores agrícola, agro-indústria, pesca, indústria e construção. a tendência de crescimento nas trocas comerciais cria boas perspectivas para o futuro. as exportações de moçambique para a china evoluíram de forma significativa. segundo a embaixada da china em maputo, o comércio entre a china e moçambique ascendeu, em �00�, a ��0 milhões de dólares, contra ��� milhões em �00� e ��9 milhões

um ano antes. em �00�, atingiu ��4 milhões, oito vezes mais que o valor de �00�, e em �00� ascendeu a �4� milhões. a china é representada em moçambique pelo seu embaixador tian Guangfeng e um conselheiro económico e comercial, Liu Xiaohui. os chineses criaram, em �00�, a câmara de comércio da china, em maputo que, segundo o embaixador, serve de elo de ligação entre os empresários chineses e moçambicanos. os chineses são, de forma geral, bem-vindos em moçambique. apesar de ocasionais atritos,

trocas Comerciais entre a China e Moçambique (mil milhões Usd)

Ano volume Comercial Exportações da China para Moçambique

importações da China de Moçambique

�00� 4�.49 ��.9� ��.��

�00� ��.�� 4�.0� ��.��

�004 ��9.44 ��.�� 44.�9

�00� ���.0� 9�.4� ��.��

�00� �0�.�4 ���.9� �9.��

�00� ��4.�� ��0.�� ���.�9

�00� (Primeiros Dez meses)

�4�.�� ���.�� ��9.��

Fonte: ministério do comércio chinês

não faltam os elogios: dizem que os chineses trabalham tanto quanto o cidadão nacional, faça chuva, faça sol, caminham lado a lado com os populares em terra batida ou alcatroada, nas cidades, nos subúrbios, no interior do país… eles estão em moçambique para trabalhar. o cidadão comum mostra-se impressionado com a capacidade de trabalho dos chineses. “a china é muito bem-vinda”, assegura o vice-ministro dos negócios estrangeiros e cooperação de moçambique, Henrique a. Banze. está assegurado, garante, o interesse

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moçambicano na exploração das matérias-primas. “não há motivos de alarme, em todos os acordos existem cláusulas a serem respeitados e a nossa principal estratégia nestas acções é pôr, em primeiro lugar, os interesses dos moçambicanos.” a china subiu, nos últimos sete anos, do ��º lugar para o �º até �00� e em �00� ascendeu ao segundo lugar na lista dos maiores investidores internacionais em moçambique. “Basta olhar para a balança de pagamentos; tende mais para a china e isso não acontece apenas com o nosso país, mesmo na europa ou nos estados Unidos. (…) o que nós pretendemos com a china é tirar o melhor da cooperação que eles têm; seja do ponto de vista dos produtos, mas fundamentalmente tentar tirar maior proveito da experiência, que é o grande enfoque nesta relação”, diz Banze.Dos acordos que moçambique tem com a china, adianta, “há uma lista sem limitação, de produtos que possam ser enviados para a china e a china está receptiva. o que o governo moçambicano está a fazer é, sem dúvida, a exportação, um meio importante para a robustez de qualquer economia, de qualquer país.” moçambique exporta para a china produtos como madeira, soja, gergelim e outros cereais. “ainda não temos produtos em quantidades desejadas para

exportar para a china, diz Banze. a madeira é o produto mais visível, talvez por ser aquela que traz mais debates sobre o ambiente, na imprensa ou nas ruas. “É importante referir que o primeiro interesse sobre a preservação do ambiente e das florestas é dos moçambicanos, porque este é um recurso dos moçambicanos. o governo tomou a decisão para que, seja qual for o recurso natural é, em primeiro lugar, dos moçambicanos; em segundo lugar, que é preciso explorá-lo sustentavelmente e, sempre que for possível, acrescentar-lhe valor”. sobre a madeira, a decisão é garantir que ela seja processada, na medida do possível, no país, com duas grandes vantagens: “dar-lhe o valor acrescentado, ao mesmo tempo que se cria uma maior receita e novos postos de trabalho.” Por outro lado, os protocolos financeiros também representam um dos principaís pilares entre as relações china-moçambique. entre os mais recentes (março �009), está o acordo de intenções entre o Banco internacional de moçambique (Bim) e o Banco da china (macau), no âmbito de uma missão empresarial da china a moçambique. “o Bim e o Banco da china (macau) acordaram em cooperar no sentido de providenciar um serviço de transferência de fundos entre moçambique e a china,

de forma rápida eficiente e segura, promovendo e incentivando o intercâmbio e o desenvolvimento de relações comerciais que beneficiem as empresas e os particulares residentes nos dois países. o acordo deverá ser alargado à área de banca de investimentos do Bim, que irá ser um meio privilegiado de canalizar a informação e de criar abertura para investimentos entre empresários de moçambique, macau, Hong Kong e china”, assegura mário machungo, presidente do conselho de administração do Bim, do grupo português millennium bcp. o principal objectivo do Bim no contexto da china “é que os empresários/empresas chinesas que tencionem investir em moçambique possam aceder às operações e serviços bancários da rede do banco e, simultaneamente, permitir o acesso aos fluxos financeiros de comércio e de investimento entre os dois países”, afirma. machungo realça a importância da criação do Fórum macau, não só para as trocas bilaterais, mas também para as multilaterais. “será atingido o objectivo relativo às trocas comerciais entre a china e os países da cPLP. (...) as trocas comerciais entre a china e os países da cPLP representam apenas �,� por cento das trocas comerciais totais da china, o que reflecte ainda, um enorme potencial de crescimento”.

MoçAMbiqUE

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export-import da china (eximbank) concedeu um crédito ao governo moçambicano para a construção da barragem mpanda nkua. a definição do projecto de construção do mega-empreendimento está em curso, nas mãos da construtora brasileira camargo corrêa e do seu parceiro moçambicano, o Grupo insitec.“Há muito que já foi preparado e que se encontra em curso para o lançamento da obra, desde os estudos pormenorizados de impacto ambiental, estudos geotécnicos, desenho e engenharia, entre outros,” frisa o ministro da energia, assegurando que “o cronograma de concretização do projecto que foi acordado com o Governo tem estado a ser respeitado, apesar da crise financeira global.” o início da construção está prevista para �0�� e a obra tem um prazo de conclusão de quatro anos. a nova barragem ficará situada a cerca de �0km a juzante da HcB e terá capacidade de produção de até �.��0 mw. a HcB tem uma capacidade de produção de cerca de �.0�� mw e sobre ela estão previstas obras numa das centrais, que lhe acrescentará �.000 mw. “a actual reserva da HcB para as necessidades de moçambique é de cerca de 400 mw que satisfaz apenas as necessidades rurais, mas não garante a concretização dos grandes projectos industrializadores

MoçAMbiqUE à PRoCURA dE inFRA-EstRUtURAs E tECnologiA CHinEsA

moçambique tem um dos mais elevados potenciais de produção de energia eléctrica da África austral, estimando-se que o país possa produzir até �� mil mw de energia hidroeléctrica. atingir esta produção, explica o ministro da energia de moçambique, salvador namburete, “exige investimentos avultados, acima de �0 mil milhões de dólares, valores de que o país não dispõe. Daí as campanhas de promoção a serem realizadas dentro e fora do país para atrair investidores nacionais e estrangeiros.” Hoje, o país dispõe apenas de �� barragens, suficientes para o consumo nacional, mas inadequadas para enfrentar os efeitos das secas e de inundações a que o país é vulnerável. o vale do zambeze é considerado a maior fonte de produção de energia do país. Possui a reserva de água mais significativa da região austral e a maior de hidroenergia do subcontinente, localizada em cahora Bassa. estima-se que o vale, com uma área de ��0 mil km�, tenha capacidade para mais �0 barragens. a Geocapital, holding de capitais chineses em que o empresário de macau, stanley Ho é um dos principaís accionistas com o português Jorge Ferro ribeiro, tem planos para o desenvolvimento do vale do zambeze, nomeadamente em agricultura, produção de biocombustíveis e energia.

em �00�, a Geocapital assinou um acordo, em macau, com duas empresas moçambicanas: a sociedade de Gestão integrada de recursos (sogir) e a mozacapital, para a criação da zambcorp, uma parceria para o desenvolvimento do vale do zambeze. além disso, em �00�, a “holding” de macau participou na criação do moza Banco, onde detém 49 por cento do capital, com a moçambique capitais (�� por cento), que reúne mais de ��� accionistas moçambicanos. o presidente do moza Banco, Prakash ratilal, ex-presidente do Banco de moçambique, salientou o interesse do moza Banco em investimentos no vale do zambeze e confirmou que a agro-indústria é uma das áreas a que o banco dará mais atenção. “o vale tem um potencial adormecido,” afirma o vinistro salvador namburete, salientando como uma das mais-valias da presença chinesa no zambeze, o facto de ela poder “trazer mais parcerias com entidades moçambicanas para a produção efectiva de bens, que o país precisa.” a china mostrou-se interessada em adquirir uma participação na HcB, após a transferência para moçambique, em �00�, da maioria do capital que Portugal detinha na hidroeléctrica. o notório interesse dos chineses pelo vale do zambeze acentuou-se em �00�, quando o banco estatal Banco

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do país”, explica salvador namburete. “só a expansão da mozal precisa de ��0 mw, o que não é possível disponibilizar sem interferir com os contratos existentes com a África do sul e que serviram de garantia para a contratação do empréstimo que foi usado para pagar ao governo português [a participação na HcB]. o uso produtivo da energia alimentando projectos industriais de grande qualidade é que constitui a verdadeira mais-valia do facto de moçambique ter elevados recursos energéticos. Precisamos de desenvolver o potencial natural que temos para garantir a atracção de investimentos industriais para moçambique e só assim o país se vai industrializar.” a futura hidroeléctrica deverá exportar o seu excedente para outros países da comunidade de Desenvolvimento da África austral (saDc, na sigla inglesa), o que pode contribuir na redução dos efeitos da crise energética que esta região tem enfrentado. “num contexto de escassez de energia na África austral, o que vai ditar o destino dos fluxos de investimento de qualidade no futuro será a disponibilidade de energia fiável e a preço competitivo. moçambique é, na região da saDc, o país com condições para, através do desenvolvimento de projectos como mpanda nkuwa e outros (de energia limpa), colocar

à disposição dos investidores nacionais e estrangeiros uma energia de qualidade e a um preço competitivo.” o eximbank deverá financiar também a construção da barragem de moamba, no rio incomati, a �0 km de maputo, orçada em cerca de ��0 milhões de dólares.a china tem procurado grandes áreas para estabelecer grandes explorações agrícolas e pasto de gado, geridas por chineses, sobretudo no vale do zambeze, ao norte, e no Limpopo, ao sul. em �00� apresentou um plano de investimento de �00 milhões de dólares para modernização do sector agrícola em moçambique, que integra o aumento de produção de arroz das actuais �00 mil toneladas para �00 mil toneladas por ano, nos próximos cinco anos. mais de �00 peritos agrícolas chineses estão em moçambique, incluindo equipas do instituto de milho Híbrido do Hunan. Ligados a este projecto, prevê-se a construção de redes de irrigação e canais, entre as quais um grande canal ligando o lago malawi aos rios e barragens em moçambique. segundo o especialista Loro Horta, filho do presidente timorense, o memorando de entendimento de Junho de �00� prevê que �.000 chineses se instalem na regiões do zambeze e de tete para gerir explorações agrícolas.o eximbank concedeu

recentemente ao Gabinete do Plano de Desenvolvimento do Vale do zambeze (GPz) um crédito de �0 milhões de dólares para projectos agrícolas no vale do zambeze. cerca de �0 milhões do crédito chinês serão destinados à importação de equipamentos agrícolas nomeadamente tractores, motocultivadoras e camiões que serão depois vendidos pela sovale onde participa o GPz e a sogir (empresa detida parcialmente pelo GPz). os restantes �0 milhões de dólares destinam-se a três unidades industriais localizadas em tete, zambézia e manica, centro de moçambique.o vale do zambeze é a região agrícola mais rica de moçambique, com condições para responder às necessidades nacionais na produção de vegetais, cereais, oleaginosas, fibras têxteis, florestas renováveis, entre outros produtos. com o projecto da Geocapital o vale do zambeze passará a produzir biocombustível através da “jatropha”, planta conhecida como pinhão manso, não-comestível, comum em África e na américa, a partir de final de �009, início de �0�0. a Geocapital pretende investir cerca de 40 mil milhões de dólares nos próximos dez anos em angola, moçambique e Guiné-Bissau. o projecto de produção segue a filosofia de manter nos países “toda a cadeia de valor do programa” que implicará a “construção e unidades

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industriais de refinação” adaptadas à dimensão das plantações que serão concretizadas. o futuro desenvolvimento do vale do zambeze e a produção efectiva que se espera, eventualmente resultará noutros projectos, como a construção de portos, estradas, entre outras infra-estruturas, que possam permitir o melhor escoamento e exportação das matérias-primas. “conceptualmente, não há dúvida que essas infra-estruturas são indispensáveis para uma maior rentabilidade dos investimentos”, assegura o ministro da energia, salvador namburete. “todas as iniciativas neste sentido são bem-vindas, quer venham de investidores chineses quer de outras origens”.no início de �009, a capital moçambicana foi palco de dois seminários de empresários da china e de macau, sobre investimentos em moçambique, em que participaram novos empresários chineses, maioritariamente da província de Hubei, à procura de novas oportunidades de negócio em parceria com moçambicanos.

cerca de vinte empresas chinesas apresentaram em Fevereiro trinta propostas de investimentos em energia solar, climatização, processamento de madeira, construção civil, entre outras áreas, algumas destas já submetidas à consideração das autoridades moçambicanas. “a instalação de indústrias chinesas no país e cooperação na transferência de tecnologia é a expectativa de futuro”, salienta mário machungo. o governo moçambicano pretende construir um parque industrial e científico, contando com colaboração da china.Wang cheng an, quadro do ministério do comércio e responsável pelo incremento da cooperação económica entre a china e os países de expressão portuguesa, sublinhava em �00� à revista macau que um dos principaís projectos da china em moçambique visava a construção de um posto regional de abastecimento e distribuição de produtos chineses, para toda a África austral, nomeadamente, medicamentos e utensílios para a medicina tradicional chinesa, bens de consumo e têxteis. entre as suas estratégias de captação de investidores estrangeiros, moçambique tem levado a cabo algumas reformas às leis em vigor, de modo a tornar o processo mais atractivo. Foi aprovado pelo Governo moçambicano a não exigência de um capital mínimo para a constituição de uma empresa.

Hoje em dia já é possível abrir uma empresa em apenas algumas horas, ao abrigo do novo código comercial. em �00�, a nova Lei do trabalho foi traduzida para a língua chinesa. “o objectivo é pôr este instrumento legal à disposição de todos os cidadãos chineses que estão ou que venham trabalhar em moçambique.” no domínio da construção, está já em curso a modernização e ampliação do aeroporto internacional de maputo, um investimento de �� milhões de dólares, a cargo da empresa chinesa anhui Foreign economic construction corporation (aFecc) também envolvida nas obras de ampliação e modernização do aeroporto de Vilanculos, estimado em �� milhões de dólares, na província de inhambane, sul do país, um destino turístico de excelência.outro importante projecto é o da construção do novo estádio nacional, com capacidade para 4�.000 pessoas, em maputo, que deverá ser inaugurado ainda este ano, a tempo da preparação para o mundial de futebol na vizinha África do sul, de que moçambique espera poder tirar proveito. o mais luxuoso hotel de cinco estrelas da capital moçambicana, Hotel Polana serena, um “bilhete postal” da cidade, está a ser modernizado pela sogecoa moçambique, autora de grandes obras no país, detida pelos empresários Jiang Quingde e Jiang zhaoya. a modernização deste hotel,

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propriedade da Fundação aga Khan para o Desenvolvimento económico, está avaliada em �4 milhões de dólares. a construção, afirma Henrique Banze, “é a maior essência da cooperação china-moçambique e tem sido feita a custos muito comportáveis para moçambique, alguns deles, com juros bastante favoráveis”. “esta relação permitiu-nos ter uma série de infra-estruturas que de outra maneira não teríamos hoje; haveríamos de as ter, mas levaria o seu tempo e, provavelmente, noutras condições,” salienta o vice-ministro dos negócios estrangeiros moçambicano, acrescentando que as edificações têm seguido uma base, ora comercial, ora de cooperação. “o campo comercial conta cada vez mais com a participação do empresário singular, na área de construção de infra-estruturas e imóveis, no sector de construção e reconstrução de estradas, tanto do empresário chinês, como o moçambicano e de outras nacionalidades. são muito bem-vindos; são igualmente bem-vindos todos os outros que queiram investir e contribuir em moçambique”. a chinesa construção ccm está a construir em maputo um edifício de seis andares para Jossefate samora machel, irmão do ex-presidente samora machel. Prevê-se que venha a funcionar neste edifício a Procuradoria Geral da república, o Gabinete central

de combate à corrupção e o novo Palácio da Justiça. outros investimentos importantes da china aprovados pelo centro de Promoção de investimentos (cPi), em maputo, incluem a fábrica de cimento no distrito de marracuene (90 milhões de dólares), um projecto de produção de material de decoração na capital (�� milhões de dólares), um projecto no sector da agricultura/

agro-indústria na província de sofala (�� milhões de dólares) e a indústria têxtil na cidade da matola (�0 milhões de dólares). em �009, até abril, cinco projectos chineses foram aprovados pelo cPi, num valor agregado inferior a �,� milhões de dólares. entre �004/09, o valor de projectos aprovado cifrou-se em ��� milhões de dólares.

A China e as Consequências da Crise Para áfrica

a crise económica global está a afectar sobretudo os países mais desenvolvidos (eUa, Japão, zona euro). china, Índia e Brasil encontram-se em situação de excedente, contribuindo para sustentação da economia global. o mercado chinês mantém grande procura de bens primários e produtos alimentares para a sua indústria e população, “garantia de investimentos em recursos naturais e agro-indústria em África, consubstanciando o desenvolvimento de uma plataforma económica estabelecida no Fórum china-África em �00�”, analisa o presidente do Bim, mário machungo. as relações económicas com a china servem para contrabalançar o impacto negativo da quebra de exportações tradicionais e do investimento directo estrangeiro, afirma. a china estabeleceu o fundo de parceria ao desenvolvimento com a África, tendo investido em vários países ricos em recursos minerais, destacando-se o cobre (zâmbia) e o petróleo (angola), além da produção agrícola para o processamento de produtos alimentares. as relações sino-moçambicanas tornaram-se cada vez mais estreitas e as políticas de investimento chinês em moçambique e o programa de cooperação têm objectivos a longo prazo, passando pelo incremento do investimento e das trocas comerciais e apoio ao desenvolvimento.

MoçAMbiqUE

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bAnCA E inFRA-EstRUtURAs UnEM MoçAMbiqUE A PAísEs lUsóFonos

a banca é uma das áreas em que Portugal se destaca na ligação a moçambique. recentemente, os dois países assinaram um memorando de entendimento para a concessão de uma linha de crédito de até �00 milhões de euros, destinada “ao financiamento de projectos de investimento em infra-estruturas com participação de empresas portuguesas, nas áreas da energia, transportes e comunicações, bem como nos sectores da saúde, educação, e formação de capital humano, em moçambique”. moçambique e angola mantêm acordos, vinculados em cerca de vinte instrumentos jurídicos

de cooperação em várias áreas, entre elas, obras públicas e habitação, juventude e desporto, ciências e tecnologias, justiça, turismo, ambiente, cultura e pesca, sendo a última, de cooperação económica, dominada por algumas exportações. em �00�, foi assinado, pelos então ministros dos negócios estrageiros, alcinda abreu (moçambique) e João miranda (angola), um acordo de cooperação que estabelece os mecanismos anuais de consulta das suas relações bilaterais. além da cooperação bilateral, angola e moçambique também cooperam ao nível regional através da comunidade para o Desenvolvimento da África austral (saDc), de �4 membros. segundo a agência Brasileira de cooperação, moçambique é um dos maiores recipientes da cooperação brasileira. embora os dois países tenham assinado um acordo Geral de cooperação, em �9��, presume-se que o maior afluxo de empresas brasileiras em moçambique poderá ter crescido só a partir de �00�, quando foi adjudicada à Vale a exploração do carvão de moatize, na província de tete, com reservas estimadas em �,� mil milhões de toneladas de carvão. entre outras áreas como a educação, saúde e agropecuária, os brasileiros têm previsto dois ambiciosos projectos

em moçambique: a construção da fábrica de anti-retrovirais e uma fábrica de equipamentos de jogo, esta ultima com a particularidade de ter que ser construída numa unidade prisional moçambicana, com o objectivo de desenvolver programas sociais complementares à educação elementar e secundária. o Brasil é um dos países com ambições sobre o vale do zambeze; a construtora brasileira camargo corrêa é um dos parceiros no projecto de construção da Hidroeléctrica de mphanda nkuwa. Por outro lado, a petrolífera Petrobras mantêm o seu interesse em investir nas áreas de petróleo e dos biocombustíveis em moçambique. Hoje, vivem em moçambique cerca de �.000 cabo-verdianos, maioritariamente concentrados na província de nampula. a embaixada de cabo Verde, temporariamente encerrada, construiu �� casas de habitação para a comunidade cabo-verdiana residente na capital, maputo,

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entre outras, para mulheres idosas desfavorecidas do bairro de Kongolote.Depois de se ter tornado independente, em �00�, timor-Leste abriu a sua primeira missão diplomática em África, em maputo, em �004. Durante a ocupação indonésia, dirigentes da Fretilin estiveram

exilados em moçambique, nomeadamente mari alkatiri, o anterior primeiro-ministro timorense e actual líder da Fretilin (oposição). com timor-Leste, moçambique assinou um acordo de cooperação nas áreas de agricultura, banca, saúde, educação, diplomacia e finanças.

MoçAMbiqUE

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Moçambique Quem é Quem

Armando Emílio guebuzaPresidente

Governoluísa dias diogoPrimeira-ministra

Manuel Chang (Finanças)

oldemiro baloi (negócios estrangeiros e cooperação)

Felício Zacarias (obras Públicas e Habitação)

Cadmiel Muthemba (Pescas)

António Fernando (indústria e comércio)

Esperança bias (recursos minerais)

salvador namburete (energia)

soares nhaca (agricultura)

Paulo Zucula (transportes e comunicações)

Empresários e Outras Figuras-Chave

Prakash Ratilal Presidente do moza BancoUm “peso pesado” do sector bancário; ex-governador do Banco de moçambique.

sérgio vieira Director do Gabinete do Vale do ZambezÉ uma figura de relevo em moçambique, actualmente dedicado ao maior programa de desenvolvimento de moçambique, nas relações com a china. Foi braço-direito de samora machel, co-fundador da Frelimo, ex-ministro da segurança e ex-deputado da assembleia da república. tem uma ligação estreita com o zambeze, nasceu na província de tete.

Egídio leite Presidente do Conselho de Administração da Hidroeléctrica de Mpanda Nkuwa a barragem é um dos mega-projectos, previsto para �0��, no vale do zambeze, província de tete.

joão Macaringue Presidente do Instituto Nacional de Promoção de ExportaçõesÉ um dos intervenientes na definição das estratégias na cooperação entre a república de moçambique e a república Popular da china. Defende a instalação de indústrias chinesas em moçambique para superar alguns problemas nalgumas áreas através da transferência de tecnologias e “know how”.

Centro de Promoção de investimentos (CPi) entidade responsável pela captação e acompanhamento de investidores no país.rua da imprensa, ��� – maputotel: ������9�[email protected]

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MoçAMbiqUE

FacimFeira internacional de Maputo Feira multi-sectorial anual, que constitui o maior evento comercial com dimensão internacional em moçambique e um dos maiores do género na África austral. Decorrendo habitualmente entre final de agosto e início de setembro, apresenta-se como uma ocasião propícia para consolidar presenças estabelecidas e acolher novas empresas de sectores de actividade, sendo um importante meio de contacto com o empresariado local.

Embaixada da China em Moçambique��4� av Julius nyerere - maputotel: ��49 �� �0 [email protected] [email protected] http://mz.mofcom.gov.cn

tian guangfengembaixador liu Xiaohui conselheiro económico e comercial

Esmeralda M. PatrícioDelegada de moçambique do secretariado Permanente do Fórum para a cooperação económica e comercial entre a china e os Países de Língua Portuguesa (macau).

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dos pequenos comerciantes à Zona Económica Chinesa

CAbo vERdE

CAbo vERdE: FACtos EssEnCiAis

capital Praia

Língua oficial Português

moeda Escudo

Fuso Horário UTC -1

indicativo telefónico internacional +86

código internet .cv

Área 4.033 Km2

PiB USD 3,9 mil milhões (2006)

População 499 mil (2007)

as relações diplomáticas entre cabo Verde e a china estabelecem-se a �� de abril de �9��, um ano após a independência do arquipélago em relação a Portugal.nas duas décadas seguintes, destacam-se variadas visitas de políticos chineses a cabo Verde, assim como de cabo-verdianos à china. Passa a existir também um acordo de cooperação cultural, assinado em �9��, embora só a partir do fim dos anos 90 se iniciem algumas actividades culturais, com base nas visitas diplomáticas. ainda que sem grandes investimentos, as relações políticas permitiram que se mantivesse uma ligação entre os dois países. sem petróleo ou gás, o arquipélago de cabo Verde teve de apostar nos seus recursos humanos e recursos naturais, como a energia solar, o sal, a cinza vulcânica, o calcário, o mar e recursos marinhos. necessariamente, a abordagem do investimento chinês em cabo Verde teve de ser diferente. os pequenos empresários chineses no arquipélago foram a “chave”.

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CAbo vERdE: “RAio X” EConóMiCo

Pequeno, insular, árido, inserido numa das regiões mais pobres do planeta e sem recursos naturais daqueles que enriquecem nações, cabo Verde tinha tudo para ser um país deprimido. mas, pelo contrário, o seu processo de desenvolvimento desde a independência e o crescimento económico sustentado dos últimos dez anos tornaram-se num verdadeiro “case study” que demonstra que os africanos não estão condenados à pobreza.com base na análise de cerca de �� anos de informação estatística, o Banco mundial inseriu a economia cabo-verdiana no virtuoso grupo das “economias diversificadas” – para distinção das “petrolíferas” e de “baixo crescimento”. Dentro do seu grupo, em que está também moçambique e são tomé e Príncipe, cabo Verde teve um dos maiores aumentos do PiB na década até �00� – �,� por cento.o crescimento tem vindo a abrandar, o que não surpreende os analistas, dado o alto patamar de rendimento por habitante que o país rapidamente alcançou. De �,� por cento na década de �0, o crescimento médio caiu para 4,� por cento nos últimos cinco anos.a “história de sucesso” cabo-verdiana não tem segredos. turismo, serviços, imobiliário e construção de infra-estruturas. abertura ao exterior, investimento

estrangeiro e remessas de emigrantes contínuas. estabilidade de políticas públicas para o desenvolvimento e para a economia. estabilidade monetária, relacionada com a indexação da moeda local, o escudo, ao euro. elevados indicadores de desenvolvimento humano. são argumentos invulgares para um país africano. “as instituições políticas e a estabilidade cabo-verdianas estão entre as mais fortes de África e são uma boa plataforma para enfrentar os desafios relacionados com os desequilíbrios da economia. as autoridades demonstram forte e sustentado empenho na reforma económica, que contribuiu para uma robusta expansão económica”, refere a agência internacional de notação de crédito standard & Poor´s (s&P) em relatório sobre o arquipélago, datado de março de �009.não foram os primeiros, mas os analistas da s&P alertam no mesmo relatório para a posição “altamente vulnerável a choques externos” da economia cabo-verdiana. sobretudo num contexto, como o actual, de recessão global. aliás, os mercados internacionais têm sucessivamente baralhado as contas na cidade da Praia e posto a descoberto as fragilidades.Um primeiro grande abalo sentiu-se

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com a escalada do preço dos bens alimentares e combustíveis, que o país importa em grandes quantidades. e estas quantidades tendem a crescer, ao ritmo do sector turístico – que representa já um quarto do PiB cabo-verdiano. seguiu-se a subida das taxas de juro, complicada num país que apresenta um nível de endividamento de �� por cento do PiB – quase o dobro da média de países a quem é atribuída a mesma notação de dívida(B+, com perspectiva de estabilidade, no caso da s&P).mas a verdade é que a economia cabo-verdiana suportou estes dois abalos e até registou um saudável ritmo de crescimento económico de �0,� por cento em �00� e de �,� por cento no ano seguinte. mais: a recessão global chegou numa altura de solidez das reservas fiscais e externas, o que permitiu reagir “relativamente bem”, segundo o Fundo monetário internacional. “a dívida pública interna foi significativamente reduzida, as reservas externas acumuladas de forma substancial e a dívida externa manteve-se estável”. com a actual retracção dos fluxos de turismo, investimento e remessas de emigrantes, adiantam os economistas do Fmi, o “desafio” é usar a folga orçamental para suavizar o impacto, nomeadamente no crescimento económico

e no emprego, sem colocar em causa a solidez das contas públicas. o banco central do arquipélago prevê para �009 um crescimento do PiB dentro de um intervalo de 4,� e �,� por cento. mas os observadores internacionais são bem mais cautelosos. o Fmi, por exemplo, aponta para �,� por cento este ano e � por cento em �0�0.Para já, a receita das autoridades da Praia para suster o ritmo de crescimento passa pelo “forte” e “anti-cíclico” investimento público em grandes infra-estruturas, sobretudo estradas e portos. a taxa média de crescimento do investimento público ao longo do ano deverá situar-se entre �,� e �,� por cento, compensando a deprimida componente privada, segundo o banco central.

“o comportamento do investimento privado encontra-se condicionado pelas perspectivas de evolução do mercado, quer interno quer externo, quando se constata uma queda das expectativas dos agentes económicos e a manutenção de condições de financiamento desfavoráveis “, afirma no relatório de maio ao governo.De positivo, a crise parece ter trazido o investimento e também o abrandamento da pressão inflacionista, descendo a taxa de inflação média anual no intervalo estabelecido de � a � por cento, em linha com o comportamento dos preços internacionais.o sucesso cabo-verdiano não se tem reflectido nos indicadores

CAbo vERdE

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sobre ambiente de negócios. o Banco mundial, que anualmente revê estes indicadores no relatório “Doing Business”, aponta o dedo à rigidez do mercado laboral, grande desemprego (cerca de �� por cento em �00�). a nível económico, a posição no índice de referência é penalizada pela pobreza e falta de oportunidades para a população. De �00� para �009, cabo Verde recuou � posições no índice, para a �4�ª posição. a principal causa foi a introdução, em abril de �00�, de um novo código laboral que “torna mais difícil a contratação de novos trabalhadores” e “reduz a flexibilidade no uso de contratos a termo fixo, limitando a sua duração”. “também tornou mais difícil o anúncio de despedimento de trabalhadores, aumentando o período de notificação de �0 dias para 4�”, refere o Banco mundial.alguns analistas consideram que a actual redução de investimento é exactamente o que as autoridades do país precisavam para tomar medidas mais decididas na melhoria do ambiente de negócios do país. “À medida que o abrandamento económico global se aprofunda, a necessidade de melhorar a competitividade económica do país será fundamental. isto incluiria reduzir a rigidez do mercado de trabalho, caracterizada por grandes salários e as dificuldades na contratação e despedimento”, afirmam os economistas da s&P.

alcançada a adesão à organização mundial do comércio, no horizonte perspectivam-se importantes acordos de parceria, que poderão servir de importante estímulo à economia cabo-verdiana. É o caso da associação à União europeia, mas também da criação em cabo Verde de uma das zonas de comércio livre da china em África. “cabo Verde é um dos seis países do continente africano que vai acolher uma zona de livre comércio chinês, onde as empresas chinesas irão armazenar as suas mercadorias antes da distribuição em todo o continente. a realização desses projectos poderia ter um impacto positivo sobre o crescimento futuro do país”, frisa a s&P.

Cabo Verde: Análise SWOT

Forças • estabilidade macroeconómica • Parceiros internacionais

Fraquezas• Leis Laborais rígidas • Desemprego• Dependência externa

oportunidades• entrada na organização mundial

do comércio• Parceria com china e União

europeia

Ameaças• endividamento

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os PionEiRos CoMERCiAntEs CHinEsEs

Para o impulso das relações económicas entre china e cabo Verde foram essenciais os investimentos de pequenos empresários chineses no arquipélago. a primeira loja chinesa aparece em �99�, na cidade da Praia, atraindo muitas outras nos anos seguintes. estima-se que actualmente existam �00 lojas chinesas, sobretudo concentradas nas ilhas de santiago e são Vicente. o sucesso das lojas trouxe os familiares e outros pequenos investidores chineses. a restauração, a medicina chinesa e os negócios de importação e exportação foram as bases dos primeiros contactos económicos.Um estudo de �00�, dos investigadores Heidi ostbo e Jorgen carling, analisou o aparecimento dos negócios de mercadorias, das conhecidas lojas chinesas. “apenas com o crescimento do número de lojas no fim dos anos 90, houve um aumento significativo no número de residentes chineses”. as condições de cabo Verde nos anos 90 atraíram outros pequenos investidores. estabilidade política, segurança e níveis elevados de preços. “o poder de compra era relativamente alto devido às remessas que muitos cabo-verdianos recebem

dos familiares emigrados”, explica o estudo. nesse contexto, os produtos trazidos da china eram postos à venda a baixos preços, ainda mais baixos do que os produtos vindos de Portugal e da União europeia. “cada loja chinesa vende roupas, sapatos, acessórios de viagem, bagatelas, utensílios de cozinha e molduras de fotografias”. Progressivamente, estas lojas obrigaram a que o comércio local se adaptasse à nova oferta e procura, tendo assim algum impacto na comunidade comerciante cabo-verdiana.Progressivamente, vai sendo registado um aumento do número de migrantes chineses

no arquipélago, na sua maioria vindos da região de Wenzhou, no sul da província de zhejiang, perto da costa sul de Xangai. o impacto na sociedade e na economia de cabo Verde foi evolutivo, reflectindo-se não só localmente mas também entre os migrantes chineses. actualmente, o elevado número de lojas e a alteração da oferta e procura trouxeram uma saturação do mercado. ainda que isso seja actualmente visível pelo número aproximado de lojas chinesas em cabo Verde, há que sublinhar a importância que os pequenos investidores chineses tiveramao chamar a atenção para o potencial do país.

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CooPERAção EConóMiCA E téCniCA: divERsidAdE E PRogREsso

adaptar-se ao que cabo Verde tem como vantagens e explorar formas de cooperação foi o objectivo principal desde a assinatura de um acordo de incentivo ao investimento, em abril de �99�, cerca de duas décadas após o estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. Um ano mais tarde, em maio de �999, era assinado um acordo de cooperação comercial e económica. “a economia de cabo Verde tem de aproveitar o seu maior potencial em recursos humanos, por não ter esse potencial em recursos naturais. tem de se potenciar como economia de serviços, como plataforma para as economias à sua volta”, descreve Jorge Duarte, administrador-delegado da tecnicil imobiliária, um dos maiores grupos privados de cabo Verde. resumindo assim a actualidade da economia cabo-verdiana, resume-se também a abordagem da república Popular da china

Poilão, a primeira barragem de Cabo verde

entregue ao Governo de cabo Verde em maio de �00�, a barragem localiza-se na bacia hidrográfica de ribeira seca e permite um armazenamento de �,� milhões de metros cúbicos de água para irrigação de �� hectares de terreno. tem �� metros de altura, �� metros de comprimento e a albufeira tem capacidade de armazenar �,� milhões de metros cúbicos de água. a construção insere-se no quadro dos acordos de cooperação económica e técnica, assinados entre os dois países, e o valor do projecto rondou �.� milhões de euros (��0 mil contos). alia a produção de energia, à possibilidade de modernizar a agricultura e a luta contra a desertificação,

dezena alunos, entre �00� e �00� o número era já de 4�. os acordos na área da cooperação e cultura, sobretudo na formação superior, têm sido uma das parcerias que actualmente possibilitam o intercâmbio de chineses e cabo-verdianos.no sector da saúde, a construção e melhoramento de infra-estruturas tem tido particular relevância. o governo da china foi responsável pela construção do bloco cirúrgico da enfermaria do Hospital agostinho neto, onde se iniciaram outros melhoramentos, além de uma residência para médicos chineses. sendo uma aposta mais recente, a construção de infra-estruturas não é a única presença da china na saúde cabo-verdiana. em �9��, foi assinado um protocolo de envio de equipas médicas chinesas para cabo Verde, tendo esta iniciativa começado em �9�4. actualmente são mobilizadas regularmente oito equipas médicas

desde o fim da década de 90.a china investiu, desde então, na construção de infra-estruturas estatais. o Palácio do Governo, a Biblioteca nacional e a assembleia nacional (parlamento) foram algumas das maiores obras. a destacar ainda a primeira barragem do arquipélago, situada em Poilão, na ilha de santiago, financiada e construída pela china (ver caixa).são diversos os sectores nos quais o governo chinês tem garantido apoio ao arquipélago. Para além da construção de infra-estruturas, o investimento tem focado a indústria pesqueira e o sector portuário, bem como a educação, o turismo, as telecomunicações, os transportes e energia. Paralelamente, a china entra no sector financeiro de cabo Verde e assegura empréstimos em condições favoráveis.Desde �99�, a china começou a aceitar estudantes de cabo Verde para estudar nas universidades chinesas. se entre �00� e �00� foram enviados cerca de uma

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para o Hospital da Praia. o projecto de construção de uma cimenteira em santa cruz, na ilha de santiago, é um grande investimento acordado em novembro de �00�, entre os dois países. a unidade de produção deverá ficar a cargo da empresa china Bulding material industrial corporation for Foreign econo-technical cooperation. a fábrica será alimentada a partir da exploração do calcário – em vista por uma empresa chinesa – na ilha do maio. esta infra-estrutura, que tem como potencial parceiro o eximbank,

duas perguntas a…

jorge benchimol duarte, administrador-delegado da tecnicil, um dos maiores grupos privados cabo-verdianos

1. que vantagens traz a China ao sector empresarial de Cabo verde? A presença da RCP em Cabo Verde é, sem dúvida, uma possibilidade de melhorar a competitividade empresarial. É um mercado muito apetecível pelos preços, mas há muito a fazer.

No entanto, o programa de cooperação da China e CV é feita entre os dois Estados, ficando muitas vezes longe das empresas. O que não significa que os investimentos feitos não ajudem a melhorar o ambiente de negócios para o sector privado. A Tecnicil, por exemplo, fez uma tentativa

de parceria com uma empresa chinesa de construção civil mas não resultou. Contudo, continuamos a estudar o mercado chinês para uma série de actividades.

2. se Cabo verde for uma das Zonas Económicas Especiais da China, o que pode significar para a economia cabo-verdiana?

A definição de Cabo Verde como Zona Económica Especial requer muitos inputs para a sua materialização. Mas está também dependente de uma componente política que extravasa

a componente empresarial. A mera dinâmica do sector empresarial não consegue, por si só, levar a isso, é necessária vontade política de ambas as partes.

pode significar para cabo Verde não só o abastecimento do mercado interno numa fase de crescimento do investimento em construção, mas também a exportação do cimento. no primeiro trimestre de �009, a importação de cimento por cabo Verde ainda tinha um peso de 4,� por cento no total das importações, segundo dados do instituto nacional de estatística de cabo Verde.José maria neves, presidente de cabo Verde, destacava, em Julho de �00�, os vários sectores alvos de processos

de modernização, “estradas, portos, aeroportos, electricidade, água, saneamento e telecomunicações”. em quase todos estes domínios, a china investiu. a destacar ainda a governação electrónica, com financiamento do eximbank da china, actuando assim de perto na reforma do estado cabo-verdiano. no mesmo ano, o governo da china perdoou uma dívida de �0 milhões de yuan (�,� milhões de euros) a cabo Verde, aplicando esse valor em projectos de investimento no arquipélago.

CAbo vERdE

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Zona Económica Especial da China em áfrica

a china quer estabelecer em África cinco zonas económicas especiais e cabo Verde é uma das possibilidades. a zâmbia é já uma das cinco zonas económicas, estando as ilhas maurícias e a nigéria entre os países candidatos.em outubro de �00�, o embaixador da china em cabo Verde anunciava as negociações entre os dois governos para que a ilha de são Vicente fosse a sede de uma das zonas económicas especiais da china. os esforços começariam por tornar a ilha num centro de abastecimento de pesca, sendo para isso

necessário investir no sector portuário e da indústria das pescas. em Julho de �00�, reforçavam-se as negociações sobre a zona económica especial. entre os projectos desenvolvidos nessa área está a reestruturação do estaleiro da cabnave, para servir de apoio à frota marítima chinesa. os maiores investimentos que possibilitam apontar cabo Verde, e sobretudo a ilha de são Vicente, como um bom candidato à zona económica especial, têm sido feitos pelo Governo chinês.

trocas Comerciais China-Cabo verde (variação percentual)

Ano Exportações da China para Cabo verde

importações da Chinade Cabo verde

total

�00� -��,9 - -��,9

�00� 4�,� - 4�,�

�004 �,� - �,�

�00� ��,9 - ��,9

�00� 94,� - 94,�

�00� 4�,� - 4�,�

�00� (Primeiros Dez meses)

-�,� - -�,�

Fonte: ministério do comércio chinês

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as zonas económicas especiais da china – como shenzhen, a primeira zee – têm como vantagens os incentivos fiscais ao investimento, a autonomia nas políticas de comércio externo, a prioridade na atracção de investimento estrangeiro, o incentivo à formação de parcerias, a produção vocacionada para a exportação e as actividades económicas baseadas nas regras de mercado. o crescimento dessas zonas é exponencial, tendo a cidade chinesa começado por ser uma vila piscatória e ser agora umadas cidades no mundo que registou um maior crescimento. a ilha cabo-verdiana de são Vicente, com apenas ��� Km�, é utilizada desde o século XiX como ponto de abastecimento dos navios britânicos que passavam no atlântico. o porto do mindelo é o maior e melhor equipado do arquipélago. as suas capacidades têm vindo a ser exploradas e requalificadas para que possa responder ao objectivo de o transformar num centro de processamento e exportação de pescado, mas também um ponto de passagem, abastecimento e reparação da frota chinesa, tornando possível que cabo Verde seja uma plataforma internacional do comércio entre a china, África e, futuramente, a américa do sul.

a empresa que gere os portos, a enapor, está a trabalhar numa parceria com a empresa chinesa de transbordo, china ocean shiping companies Group (cosco), projectando sextuplicar a carga movimentada nos portos de cabo Verde até �0�0. o aumento na movimentação de carga exige maior segurança e inspecção dos contentores que passem nos portos. a enaport anunciava, em Janeiro, procurar investidores chineses, inserindo-se no projecto de expansão do porto do mindelo, na ilha de são Vicente. o apelo é feito aos investidores, salientando a capacidade logística e as tarifas competitivas, a localização geográfica e as condições naturais da ilha, possíveis de tornar são Vicente numa plataforma marítima para transportadores e pesca. “Plataforma ideal para muitos tipos de navios que procurem apoio logístico: abastecimento, transbordo de pescas, troca de tripulações e reparações navais”, segundo a enapor. até ao primeiro semestre de �00�, o total de mercadorias movimentadas nos portos cabo-verdianos cresceu ��,� por cento, para �.0�9 milhões de toneladas.Paralelamente, incentiva-se a privatização dos estaleiros navais de cabo Verde (cabnave) com o apoio da cnFc

(china overseas Fisheries co.). a china tem uma frota no atlântico de cerca de �00 barcos que, só pela sua reparação, trariam a são Vicente a dinamização da indústria naval. Quanto ao objectivo de criação de um centro de processamento e exportação de pescado, o porto tem jácapacidade de armazenamento frio, embora procurem recuperar a unidade frigorífica, numa parceria com a espanha. actualmente, cabo Verde está à frente da comissão sub-regional das Pescas (csrP), organização que inclui a Guiné-Bissau, a Gâmbia, a Guiné conacry, a mauritânia, o senegal e a serra Leoa. reforçar as acções de cooperação entre os sete países, promovendo estratégias comuns, exploração racional dos recursos e limitação das capturas comerciais foram objectivos salientados pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, José maria neves, no encontro dos ministros das Pescas em Dezembro de �00�.

CAbo vERdE

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PRojECtos EM CURso

Hoje, os grandes projectos em curso entre a china e cabo Verde estão ligados aos portos cabo-verdianos. a modernização do porto do mindelo inclui a instalação de scanners de contentores, para além da aquisição de melhores condições de conservação e armazenamento de pescado. inevitavelmente associado ao objectivo final de transformar o porto do mindelo numa plataforma logística, está a privatização e recuperação dos estaleiros navais, em discussão entre a enapor e a china overseas Fisheries co.no sector da construção de infra-estruturas, destacam-se as discussões sobre as novas barragens, depois do governo da rPc ter financiado e construído a primeira barragem, embora o governo cabo-verdiano tenha recebido recentemente uma equipa de engenheiros marroquinos encarregue de estudar a viabilidade da construção de uma barragem no concelho de santa cruz.

o estádio nacional, cujo início da obra está previsto ainda para �009, e as três escolas secundárias já em construção fazem parte dos últimos projectos. assim como o alargamento do Hospital agostinho neto, onde está a ser construída uma central de consultas e uma maternidade, de maneira a garantir uma melhor resposta dos serviços de saúde cabo-verdianos. o centro de consultas contempla uma superfície de 9�� m� e terá �� serviços de especialidade. o edifício da maternidade ocupará uma superfície de ���� m�, com capacidade para 90 camas, e com um espaço próprio para intervenções cirúrgicas, libertando o bloco cirúrgico geral.no sector da educação, para além da construção das escolas, está prevista, para o ano de �009, a deslocação de vinte estudantes para formação a nível de licenciatura, pós-graduação e doutoramento para universidades chinesas. actualmente encontram-se mais de �0 estudantes cabo-verdianos a ter formação na china, sendo já possível os estudantes cabo-verdianos aprenderem a língua chinesa nos estabelecimentos da Universidade Pública de cabo Verde (Uni-cV). Há também intenções de criação de uma escola chinesa em cabo Verde, embora seja uma ideia para uma fase mais avançada.no sector financeiro, há a destacar

a recente aprovação do acordo de empréstimo de ��,� milhões de dólares do eximbank a cabo Verde. e ainda a Geocapital ter adquirido ao montepio Geral ��,4 por cento da caixa económica de cabo Verde que o banco português detinha. a Geocapital, holding de stanley Ho e Ferro ribeiro, passa ser o maior accionista privado da caixa económica, tendo como parceiros os correios de cabo Verde e o instituto de segurança social do arquipélago.agora presente em quatro países africanos (angola, Guiné-Bissau, moçambique e cabo Verde), a Geocapital está também a investir em estudos de investigação para a produção de biocombustíveis. o projecto assenta na utilização da purgueira, abundante em cabo Verde, e prevê um investimento de cerca de 40 mil milhões de dólares até �0��, alargando a plantação a moçambique e Guiné-Bissau.

CAbo vERdE CoMo dEstinotURístiCo CHinês

no Guia de cabo Verde, organizado pelas embaixadas dos dois países, o arquipélago é apresentado de forma atractiva. “o Governo de cabo Verde encarou o turismo como motor primário do desenvolvimento económico do país a curto ou médio prazo, e o desenvolvimento da indústria do turismo em cabo

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Verde deve basear-se no seguinte: estabilidade política e social, natureza insular do país, localização geo-estratégica, cenários diversos, clima ameno, existência de recursos por explorar, excelentes condições para desportos aquáticos.”o presidente de cabo Verde, José maria neves, fazia referência à importância do turismo, dizendo em Julho de �00� que o governo procurava “intensificar os esforços para que um maior número de cabo-verdianos se integre nesse processo através da criação de uma rede de médias, pequenas e micro-empresas de bens e serviços à volta do turismo. estaremos assim a maximizar o impacto do turismo na economia”.meses mais tarde, em outubro de �00�, é atribuído a cabo Verde o estatuto de Destino turístico autorizado pela china. abria-se o caminho para um sério investimento no turismo. Para além das condições naturais, a proximidade das ilhas canárias espanholas e das ilhas portuguesas de madeira e Porto santo é uma mais-valia. cabo Verde passou assim a estar entre os �0 países considerados destinos turísticos pela china. a organização mundial de turismo prevê que em �0�0 a china seja o maior mercado emissor de turistas. Uma classe média com maior poder de compra, associada ao crescimento económico e a reformas de abertura ao

exterior resultam numa previsão de cerca de �00 milhões de turistas chineses a viajar, por ano, para o estrangeiro.a oportunidade requer investimento de cabo Verdetanto através da promoção como também para conseguir dar resposta a essa futura procura. os investimentos em estruturas hoteleiras, e até mesmo em escolas de Hotelaria e turismo, têm alimentado a indústria do turismo. o Guia para o investidor no arquipélago salienta claramente as oportunidades abertas.

shenzhen: da pesca à fortunaVizinha de Hong Kong, shenzhen ´uma cidade do sul da china. começou por ser uma pequena aldeia que vivia da pesca. tinha cerca de �00 mil habitantes em �9�0, quando Deng Xiaoping a transformou numa zona económica especial da china. em �00�, tinha �,� milhões de habitantes e um PiB de ��0,� milhões de yuans (��4,� mil milhões de dólares). È considerada a maior cidade exportadora do mundo, serve de modelo da internacionalização da economia chinesa e está entre as cidades com um maior crescimento do mundo.

David chow é um dos exemplos de propostas de investimento no sector do turismo, anunciando um projecto de �00 milhões de dólares no ilhéu de santa maria, perto da cidade de Praia. o complexo contaria com um parque de diversões, um casino, restaurantes, bares, hotéis e uma

marina. a cabo Verde Development corporation assinou, em �00�, com a cabo Verde investimentos um acordo que prevê a construção de um complexo turístico na cidade de Praia, no valor de cerca de ��0 milhões de euros.a cooperação entre os dois países tem contado também com a parceria entre cidades cabo-verdianas e chinesas, em projectos de geminação. entre essas parcerias estão: macau-Praia, shenzhen-mindelo, sanya-sal. em Janeiro de �00�, o Governo de cabo Verde

anunciava ter apoiado o acordo de geminação da cidade do mindelo com a cidade chinesa de shenzhen, esperando que se estreitassem as relações e que a cidade chinesa ajudasse na divulgação da concepção das zonas económicas especiais.

CAbo vERdE

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“FUndAMEntAdAs AMbiçõEs nA CooPERAção CoM A CHinA”

Uma previsão sobre o investimento externo directo em cabo Verde, feita pelo Governo em �00�, apostava num crescimento anual de 40 por cento de aprovações até �0��. Previa-se a mobilização de �,� mil milhões de dólares em cinco anos, com um potencial de criação de �� mil novos empregos. o esforço de modernização do arquipélago passa pelas infra-estruturas, salientando os programas em cursos para a construção de estradas, portos, aeroportos, electricidade, água, saneamento e telecomunicações. Para Jorge Duarte, “o conjunto de infra-estruturas criadas foi consequência da vontade política e deve ter o fim último de servir as economias à volta”.É nesse sentido que a importância dada às parcerias estratégicas se destaca no processo de desenvolvimento de cabo Verde. Dentro do continente africano, Guiné-Bissau, senegal,

criativa indústria cultural”.cabo Verde considera-se facilitador, oferecendo um ambiente atractivo ao investimento externo, com “convidativas e evidentes margens de complementaridade”. o Governo garante igualmente a protecção de bens e direitos inerentes ao investimento, a transferência para o exterior de dividendos e lucros, a abertura de conta em moeda estrangeira e a facilidade de recrutamento de �0 por cento de trabalhadores estrangeiros da totalidade dos seus efectivos permanentes.a disponibilidade e elevada produtividade da mão-de-obra em cabo Verde são outras razões apontadas pelos promotores do investimento. assim como a existência de dois parques industriais com infra-estruturas prontas, aeroportos e portos internacionais de boa qualidade, tecnologias de comunicação e de informação competitivas e disponibilidade de serviços de abastecimento de água, energia, reparação naval e de processamento e armazenamento de peixe.

…E AbERtURA Aos PAísEs dE língUA PoRtUgUEsA

alguns países de língua portuguesa têm investido em cabo Verde, com destaque para Portugal

Gâmbia, mauritânia, marrocos, nigéria, angola e África do sul, mas também fora dele, Brasil, china, Portugal, França, espanha e eUa. Humberto santos Brito, secretário de estado da economia, afirmava em �00�, em macau, depositar “grandes esperanças”e ter “fundamentadas ambições na cooperação com a china”. “estamos determinados em converter esta excelente posição geográfica numa verdadeira vantagem competitiva transformando o país num centro internacional de prestação de serviços”, disse. “somos dez ilhas situadas no atlântico médio, próximas de fontes de matérias-primas estratégicas e de grandes mercados, e estamos determinados em converter esta excelente posição geográfica numa verdadeira vantagem competitiva transformando o país num centro internacional de prestação de serviços. numa primeira fase, tendo como suporte o turismo e a prestação de serviços ligados ao mar e às pescas e, a médio prazo, a criação de um hub de transportes para a armazenagem e distribuição de carga e passageiros, de terciarização do processo empresarial e dos serviços financeiros, enfim, no desenvolvimento de uma

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e angola. no sector da construção civil, os grandes investimentos dos últimos anos reflectem-se no aumento do consumo de cimento. no início de �00�, a empresa portuguesa cimpor, que detém a maioria do capital da cimentos de cabo Verde, anunciou querer investir �� milhões de euros em navios especiais de transporte de cimento para cabo Verde. É uma das ligações entre cabo Verde e Portugal, estando a cimpor no arquipélago desde �00�, e sendo responsável por �0 por cento do abastecimento de cimento, onde o consumo tem vindo a crescer. santiago é a ilha onde actualmente mais se consome cimento – com �0 por cento – seguindo-se as ilhas do sal, são Vicente e Boavista. em cabo Verde, existe ainda uma fábrica de cimento pozolânico de um grupo italiano, mas uma parte da matéria-prima é importada. no turismo, Portugal marca presença pela construção de um empreendimento turístico de cinco estrelas na ilha do sal, com um custo de �� milhões de euros. o grupo português oásis atlântico tem já quatro hotéis no arquipélago (dois na ilha do sal, um na ilha de são Vicente, outro em santiago) prevendo-se que este quinto empreendimento esteja em funcionamento em �0�0.

recentemente, a petrolífera portuguesa Galp energia tornou-se a maior accionista da empresa nacional de combustíveis cabo-verdiana (enacol), fazendo concorrência à angolana sonangol. a Galp passou de ��,� por cento para 4�,0� por cento, enquanto que a sonangol detém ��,�� por cento. com a Guiné-Bissau, cabo Verde tenta desenvolver e aprofundar os acordos na área das pescas, mas também na Defesa. recentemente, em maio de �009, prometeu-se cooperação no domínio da defesa, com base na formação e profissionalização das Forças armadas e no combate ao narcotráfico. a formação das forças militares tem sido feita também no Brasil, país com o qual cabo Verde tem tentado reforçar a cooperação bilateral. os interesses dos dois países convergem, sobretudo assentes na sualocalização estratégica. o desenvolvimento de ligações marítimas directas pode trazer a oportunidade de aprofundar as relações comerciais entre os dois países. Pela sua localização, podem ainda funcionar como portas de entrada para o continente africano e para o sul da américa.

Cabo VerdeQuem é QuemPedro Pires Presidente da república

Governojosé Maria nevesPrimeiro-ministro

Manuel inocêncio sousaministro do estado e das infra-estruturas, transportes e telecomunicações

josé brito(negócios estrangeiros, cooperação e comunidades)

Cristina duarte (Finanças)

Fátima Maria Fialho (economia, crescimento e competitividade)

josé Maria veiga (ambiente, Desenvolvimento rural e recursos marinhos)

jorge borges (secretário de estado dos negócios estrangeiros)

Humberto santos de brito (secretário de estado da economia)

sara lopes (Descentralização, Habitação e ordenamento do território)

Embaixador Wu Yanshanembaixada da república Popular da china em cabo Verdeachada santo antónio-Praia (santiago)tel: ��� �0 �9

Agência Cabo-verdiana de Promoção e investimento +��� ��0 4� �0Rui santosPresidente

veríssimo Pinto Presidente da Bolsa de cabo Verde

CAbo vERdE

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à procura do caminho para o desenvolvimentogUiné-bissAU

É na Guiné-Bissau que é produzido aquele que é considerado o melhor caju do mundo. este produto é há muitos anos a base da economia do país da África ocidental. mas as potencialidades guineenses não se esgotam aí, apenas estão quase todas por explorar. a produção de arroz é uma delas, e há muitos interessados, entre eles chineses. outra são os biocombustíveis, onde a Geocapital está a abrir caminho através da plantação de “jatropha”.as riquezas minerais incluem grande quantidade de fosfatos e, muito provavelmente, petróleo. o turismo tem grande potencial em locais com as ilhas Bijagós, classificado pela Unesco como reserva ecológica da biosfera. a própria situação geográfica do país é um activo importante, que lhe dá vantagens estratégicas: uma grande costa e com condições para receber portos de águas profundas, ao contrário dos seus países vizinhos.os investidores aguardam apenas pela estabilização da situação política para acorrer em força ao país. a nível oficial e também empresarial, a china tem demonstrado grande interesse pelo país.

gUiné-bissAU: FACtos EssEnCiAis

capital Bissau

Língua oficial Português

moeda Franco CFA África Ocidental

Fuso Horário UTC

indicativo telefónico internacional +245

código internet .gw

Área 36.544 Km2

PiB USD 3,9 mil milhões (2006)

População 167 milhões (estimativa 2005)

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gUiné-bissAU: “RAio X” EConóMiCo

“extremamente difícil”, é como o actual governo guineense caracteriza a situação económica do país. De facto, apesar do mar de oportunidades de que o país dispõe – desde o turismo até aos fosfatos – a Guiné-Bissau é um país à procura do caminho do desenvolvimento.o crescimento médio do PiB entre �99�-�00� foi de apenas 0,4� por cento. Bem perto dali, o “país-irmão” crioulo, cabo Verde, cresceu em torno de cinco por cento no mesmo período. o desempenho guineense contrasta fortemente também com o dos seus pares, numa década considerada a de mais “robusto” crescimento para o continente africano.Depois de um período de crescimento favorável entre �9�0-�9, com uma subida média do PiB em torno de �,� por cento, o crescimento económico não parou de abrandar, tendo ficado pelos 0,� por cento entre �000 e �00�. as oscilações são grandes, alternando-se períodos de forte crescimento com depressões, ao sabor de crises políticas internas ou do preço do grande produto de exportação, o caju. �00� e �00� foram bons anos agrícolas, permitindo uma recuperação do PiB (�,� por cento e �,� por cento, respectivamente).apesar das ajudas internacionais, a redução da pobreza no país é ainda uma miragem.

os indicadores de Desenvolvimento de África �009, compilados pelo Banco mundial, indicam que, entre �000 e �00�, o produto interno bruto “per capita” guineense recuou �,� por cento (a preços constantes de �000), melhor apenas que o registado em dois países africanos: zimbabué (menos �,4 por cento) e Libéria (menos �,9 por cento). a inflação disparou para a casa dos dois dígitos em �00� (�0,4 por cento), mostrando grande volatilidade, atribuída ao encarecimento das importações de que o país precisa para funcionar – alimentos, combustíveis para automóveis e geradores. aliás, esta despesa levou a um aumento do défice externo para próximo de �� por cento do PiB em �00�.mas fazer negócios no país é tarefa difícil. na lista Doing Business �009 do Banco mundial, o país surge em antepenúltimo lugar (��9º), sem reformas dignas de nota. isso não parece assustar empresas como a Western metal Product company (Wempco), envolvida na recuperação da debilitada infra-estrutura eléctrica do país, com capitais e “know-how” chinês. ou a Geocapital, de stanley Ho e Ferro ribeiro, que controla o Banco da África ocidental.aliás, o governo actual, chefiado por carlos Gomes Júnior, mostra-se empenhado em estabilizar a situação económica do país e criar

condições para a entrada de investimento estrangeiro. Para já, há que pagar salários em atraso na função pública e ajudar à liquidação das pesadas dívidas aos bancos comerciais. Para isso, será essencial controlar a despesa e melhorar a colecta de receitas, aumentando a eficácia do sistema fiscal.além das habituais ajudas de países como Portugal, china, angola, Guiné equatorial ou Líbia, o país está a receber assistência de emergência pós-conflito (ePca) do Fundo monetário internacional. caso a iniciativa tenha sucesso, prevê-se que possa evoluir para um programa de redução da pobreza e apoio ao crescimento (PGrF).

Guiné-Bissau: Análise SWOT

Forças• Parceiros internacionais• riqueza de matérias-primas

Fraquezas• endividamento • Dependência externa • ambiente de negócios

oportunidades• Fase de crescimento regional e continental

Ameaças• instabilidade económica e política

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os Antigos lAços sino-gUinEEnsEs

ainda antes da independência da Guiné-Bissau, já a república Popular da china apoiava o movimento de libertação do PaiGc (Partido africano para a independência da Guiné e cabo Verde). as relações diplomáticas eram assim estabelecidas em março de �9�4. Durante �� anos, no período de tempo anterior ao estabelecimento de relações diplomáticas da Guiné com taiwan em �990, foram assinados vários acordos de cooperação económica e técnica entre os dois países, possibilitando a construção de infra-estruturas e parcerias, sobretudo no desenvolvimento das pescas.ao aproximar-se de taiwan, a Guiné viu as suas relações cortadas com a china até abril de �99�. com o reatar das suas ligações, iniciou-se uma nova fase de cooperação e de aproximação económica, ainda que as potencialidades de investimento fossem limitadas. Desde então, a evolução tem sido progressiva ainda que não suficientemente significativa para que a china seja o maior parceiro da Guiné. em �00�, foi assinado um acordo de cooperação entre os governos dos dois países, levando a Guiné a reconhecer uma vez mais a política de “uma só china”. Projectava-se, na altura, um desenvolvimento guineense na área dos recursos humanos, no turismo,

nas finanças e na protecção ambiental, contando com o apoio da china. a experiência da china na construção económica da Guiné era uma mais-valia com a qual o país tem contado a partir de então.nos últimos anos, o governo da china tem concedido apoio financeiro a vários sectores guineenses. em Julho de �00�, apoiou a realização da �ª cimeira da cPLP (comunidade dos Países de Língua Portuguesa) com ��� mil euros. contribuiu também para o orçamento de estado com �,� milhões de dólares e, através de um protocolo, concedeu 4 milhões de dólares destinados ao pagamento de funcionários públicos. recentemente, deu um apoio de �00 mil dólares para a realização das eleições presidenciais, que decorreram em Junho de �009.o investimento na construção de infra-estruturas estatais tem sido a face mais visível da cooperação chinesa na Guiné. a sede da assembleia nacional Popular, o parlamento, no centro de Bissau, o estádio nacional �4 de setembro, a recuperação do hospital de canchungo (perto de Bissau) e a recuperação de instalações militares e residências para oficiais das Forças armadas são exemplos de infra-estruturas financiadas pela china. nos últimos anos, para além das infra-estruturas finalizadas, foram propostas outras,

no seguimento da assinatura de acordos de cooperação entre os dois países. Destacam-se os projectos da construção do novo Palácio da Justiça e da barragem do saltinho, no rio Geba (a �00Km de Bissau). a cooperação tem sido intensa no sector agrícola e das pescas. a modernização da agricultura pode ser uma forma de melhorar a produção guineense, tornando-se numa vantagem não só para a Guiné-Bissau como também para a china, potencial consumidor. interessa, portanto, conseguir criar na Guiné um ambiente propício ao investimento futuro. não só através de uma estabilização política, mas investindo na criação de bases estruturais que possam atrair investimento privado. em primeiro lugar, há que assegurar o fornecimento regular de água e electricidade. assim, a china tem também investido na recuperação das infra-estruturas eléctricas, através da instalação de novos geradores e transporte e distribuição de electricidade. com base numa parceria com a empresa chinesa Western metal Product company (Wempco), anunciou-se a instalação de geradores alimentados a gasóleo, permitindo o fornecimento de emergência. o investimento foi visto como uma oportunidade de crescimento económico.o sector das telecomunicações

gUiné-bissAU

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tem também sido alvo de intervenção da china. em �00�, o Governo da Guiné anunciava um investimento da china de �0 milhões de dólares para dois projectos: instalação de uma rede de fibra óptica e desenvolvimento da governação electrónica, que permite o acesso do cidadão aos serviços do estado e a interligação entre serviços públicos.no campo da educação, têm sido criadas bolsas de formação de quadros guineenses, nas áreas da economia, política, agricultura, saúde e educação. no turismo, foi dada à Geocapital a concessão de construção de um complexo turístico na ilha caravela, no arquipélago dos Bijagós, reserva ecológica biosférica da Unesco.

os grandes Projectos sino-guineenses em Curso

1. Construção de Palácio Administrativo em bissau Projecto: três edifícios de dois andares, para albergar ��

departamentos governamentais, em Brá, periferia de Bissau (considerado o maior projecto de cooperação bilateral)

objectivo: melhorar o funcionamento das instituições públicas

Valor: �� milhões de dólares Data: início em agosto de �00�, previsão de �0 meses de construção2. Hospital Militar Projecto: Hospital militar com �00 camas, num antigo

quartel do exército no bairro de Brá Valor: �� mihões de yuans, �� meses3. Produção de combustíveis Projecto: alargamento do projecto da Geocapital existente

também em cabo Verde, baseado na purgueira. objectivo: plantação da planta na Guiné-Bissau no fim de �009 ou �0�04. Complexo turístico com casino em bijagós Projecto: construção pela Geocapital de um complexo

turístico com casino na ilha caravela, Bijagós objectivo: aproveitar o potencial turístico da Guiné5. Recuperação de instalações eléctricas Projecto: empresa chinesa Wempco investe na recuperação

de instalações eléctricas, como geradores objectivo: Permitir que a Guiné tenha capacidade para fornecimento regular de electricidade6. barragem do saltinho Projecto: construção de uma barragem no rio Geba, a �00 km de Bissau, financiada pelo Governo da rPc Valor: �0 milhões de dólares estado: Dada luz verde para a construção7. Arroz híbrido Projecto: Plantação de arroz híbrido objectivo: alargamento da produção de arroz na Guiné8. Castanha de caju Projecto: exportar para a china e incentivar investimento

chinês na transformação da castanha na Guiné objectivo: aumentar as receitas guineenses provenientes da maior produção agrícola do país

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“obRAs MUito visívEis”

o investimento chinês na recuperação e construção de infra-estruturas tem uma grande visibilidade. Álvaro nóbrega, investigador e professor português do instituto superior de ciências sociais e Políticas, afirma que a china “tem investido em obras muito visíveis”, enquanto parceiros mais tradicionais, como Portugal, “dispersam-se por muitas áreas” e não se mostram ao “guineense comum”.a instabilidade política da Guiné-Bissau, associada ao seu fraco crescimento económico e à prevalência de uma economia assente na agricultura e na pesca, pode limitar o investimento chinês. no entanto, ainda que o papel da china na Guiné continue a não ser o de maior parceiro, a sua presença

Evolução das trocas Comerciais China-guiné-bissau (variação percentual)

Ano Exportação Chinesa importação Chinesa total

�00� -4�.� _ -4�.�

�00� ��4.� _ ��4.�

�004 -��.� 0.0� -��.�

�00� -�.� _ -�.�

�00� -�.0 _ -�.0

�00� ��.� 0.�� ��.�

�00� (Primeiros Dez meses)

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Fonte: ministério do comércio chinês

é importante. “a china não pode suspender a cooperação senão abre um vazio e alguém o vem ocupar. e taiwan nunca está desatento. isso obriga a um mínimo de investimento”, defende Álvaro nóbrega. a Guiné apresenta-se como país com recursos como o fosfato, a bauxite e possibilidades de ser descoberto petróleo. Dispõe ainda de uma larga zona de pescas, com acordos de há mais de duas décadas. a agricultura, as pescas, o turismo, as florestas e o artesanato são as principaís áreas, pouco exploradas, e que apresentam potencial para investimentos externos. o governo destaca ainda as vantagens competitivas do desenvolvimento do comércio, tirando proveito da Guiné como membro da Uemoa e da ceDeao.

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em setembro de �00�, em Xiamen, o ministro guineense do comércio, indústria, energia e artesanato, Luís de oliveira sanca, convidava os investidores e as empresas comerciais “a investirem na Guiné-Bissau e celebrarem parcerias com as empresas guineenses”. Descrevia as vantagens do país, destacando a dimensão do mercado de �0 milhões de consumidores no âmbito da Uemoa e de ��� milhões no âmbito da ceDeao, contra a população local de apenas �,� milhões.o governo da Guiné enumerava assim alguns projectos para os quais, em fins de �00�, procurava parceiros. Um dos projectos era a recuperação do Palácio da república, bem como a construção de habitação social. a construção de pontes e estradas é um dos outros sectores de investimento para o qual a Guiné procurava

financiamento. o objectivo de quintuplicar a produção de arroz teve resposta através dos apoios chineses na criação de explorações de arroz híbrido. no país já circulam muitos produtos chineses, embora haja poucos comerciantes instalados. “os chineses ainda não se estabeleceram nesse sector”, ao contrário do que acontece no vizinho senegal, refere Álvaro nóbrega. a comunidade empresarial é também ainda reduzida na Guiné, ainda que, segundo Álvaro nóbrega, o Fórum de macau “desempenhe um importante papel nos encontros de empresários”. contudo, o sector formal é ainda “muito pequeno e está nas mãos de comerciantes portugueses e libaneses”. a instabilidade política e o desconhecimento mútuo das duas culturas podem ser limitações para um maiorinvestimento, significando que pode não existir espaço para um compromisso de investimento crescente. o narcotráfico na Guiné-Bissau é uma realidade concreta e a sua prevalência pode significar riscos no investimento, associados à instabilidade que cria. assegurar as condições para um maior investimento no país depende do poder político. “se houver um poder mais instável com maiores níveis de corrupção, e que por isso seja menos

fidedigno, isso perturba a cooperação. mas se houver um governo que tenha uma certa competência, eficiência e algumas garantias, haverá promoção de toda a cooperação, seja com os eUa, europa, Brasil ou china”, descreve Álvaro nóbrega.o interesse chinês na Guiné-Bissau é claro. Prova é a entrada em força no sector financeiro do país, protagonizado pela Geocapital. a “holding” de macau aumentou em Junho de �009 a sua posição no Banco da África ocidental (Bao), passando de �� por cento a �0 por cento. o reforço resultou da compra de acções pela Geocapital ao banco português montepio Geral. o alargamento da presença do Bao na Guiné é reflectido pela abertura de mais duas agências, em maio de �009, em Bafatá e canchungo, que se vêm juntar às três já existentes, duas em Bissau e uma Gabu. É uma aposta nas potencialidades futuras do país.

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A sEMEntE dE dEsEnvolviMEnto

o desenvolvimento da agricultura deveria ser prioridade para o investimento da china no país, segundo o anterior e falecido presidente guineense, João Bernardo ‘nino’ Vieira. a china abriu o seu mercado a 44� produtos guineenses, beneficiando de tarifas preferenciais. o protocolo, assinado em Janeiro de �00�, abria a possibilidade da Guiné aumentar as suas exportações. Para além desse incentivo à exportação, o apoio da china tem-se verificado de forma mais directa em acordos de doação de alimentos, sobretudo arroz, em períodos de maior dificuldade produtiva e económica do país.

o Melhor Caju do Mundo

representando �� por cento da quota de exportação da Guiné-Bissau, a castanha de caju é a principal produção do país, permitindo-lhe ter o �º lugar no ranking mundial de produtores. em �00�, a Guiné, que não tem indústria transformadora do caju, exportou cerca de ��0 mil toneladas, significando uma receita de cerca de �0 milhões de dólares.os compradores locais pagam �0 cêntimos (de euro) pelo quilograma da castanha de caju no interior do país e cerca de �� cêntimos em Bissau. em Fevereiro de �009, o Governo da Guiné-Bissau alertou para o risco de perda de cerca de �0 a �0 por cento das receitas provenientes da venda de castanha de caju à Índia, o seu maior importador, devido à descida dos preços, decorrente da crise financeira mundial. o anterior presidente da Guiné, nino Vieira, deu a conhecer em �00� a vontade em começar a exportar para o mercado chinês parte das ��0 mil toneladas de castanha de caju vendidas anualmente. a china manifestou em �00� vontade de investir cerca de �0 milhões de dólares na indústria da castanha de caju. Para além da exportação, e por não ter forma de transformação do fruto, a Guiné não consegue beneficiar internamente da produção, levando a que procure investimentos na transformação do produto, algo que traria um valor acrescentado à economia guineense.

em maio de �00�, o objectivo do governo guineense era de aumentar a produção de arroz e para tal suspendeu temporariamente a taxa de importação. o governo anunciava estar à procura de apoios externos para quintuplicar a produção. entretanto recentemente a china começou a investir na criação de explorações de arroz híbrido. Um investimento inserido nas políticas de desenvolvimento agrícola na África ocidental que, como defende o investigador Loro Horta num artigo recente, responde a uma necessidade de produtos alimentares do país asiático. a modernização da agricultura,

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sendo até um dos pontos principaís da cooperação entre os dois países, traz benefícios à Guiné. no domínio das pescas, a Guiné e a china têm acordos e a cooperação desde �9��. nessa altura, em troca das licenças de pesca da frota chinesa nas águas da zona económica exclusiva da Guiné-Bissau, os chineses teriam de fornecer equipamentos, financiamentos e pessoal técnico para criação de uma frota guineense de pesca semi-industrial. o objectivo passava pela construção de pequenos barcos de pesca motorizados. actualmente, o país deseja ser um ponto de transformação do pescado. Procura assim incentivar o processamento em terra da indústria pesqueira, sobretudo pelos operadores chineses presentes no mar guineense. a pesca é uma das exportações da Guiné, sendo considerada uma das áreas das quais a china também pode usufruir, em resposta ao investimento nas infra-estruturas estatais guineenses.

os nEgóCios CoM os PARCEiRos

recentemente, uma empresa angolana anunciou investir na construção e gestão do porto de Buba, um porto de águas profundas, pouco comum na região. a construção do porto é um projecto de longa data, nunca antes concretizado, e que se apresenta como um investimento que poderá trazer desenvolvimento à Guiné. a empresa Bauxite angola tem direitos mineiros sobre os jazigos de bauxite da Guiné-Bissau, minério cujas reservas estão estimadas em ��� milhões de toneladas. este investimento enquadra-se no projecto de exploração de bauxite de Boé, num custo de ��� milhões de dólares, revelando-se uma das mais recentes aproximações

entre a Guiné e angola. a Bauxite angola já tem uma empresa de direito guineense, a sociedade mineira do Boé.as relações com Portugal continuam a desempenhar um papel fulcral. em Janeiro de �009, o grupo português Galp energia aprovou um plano de investimento de � milhões de euros, para recuperação do parque logístico, alargamento da rede de postos de abastecimento de combustíveis e reforço da frota de camiões de distribuição.a Guiné tem também parcerias com a União europeia, usufruindo de fundos para construção de infra-estruturas – como as pontes – e para financiamento de projectos de desenvolvimento, sobretudo agrícola e pecuário. em

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Malam bacai sanháPresidente da república

GovernoCarlos gomes júniorPrimeiro-ministro

Adiato nandigna(negócios estrangeiros e comunidades)

António oscar barbosa (energia e recursos naturais)

Helena nosolini Embalo (economia, Plano e integração regional)

Mário vaz (Finanças)

Evarista de sousa(agricultura e Desenvolvimento rural)

josé António da Cruz Almeida (infra-estruturas, transportes e comunicações)

lurdes vaz (turismo e artesanato)

Junho de �009, o Banco mundial doou � milhões de dólares ao país, para contrariar a tendência de fraco crescimento económico, associado à instabilidade política dos últimos dez anos e ao défice de governação. o esforço é feito também no sentido de melhor integrar o país no seio da comunidade económica dos estados da África ocidental (ceDeao). também a União económica e monetária oeste-africana

intermediários africanos entre a China e a guiné?

a criação de intermediários no âmbito dos negócios pode também ser uma forma de facilitar a comunicação entre os dois países, separados por uma grande diferença cultural e um desconhecimento mútuo que pode gerar incompreensão.a potencialidade desse tipo de negócios, em que se utilizem as competências e a aproximação cultural e geográfica de outro país africano, pode ser uma boa aposta futura. “É a ideia de que a china pode dar um espaço e privilegiar a boa relação que tem com cabo Verde e angola. e, assim, começar a utilizá-los, sobretudo angola, como intermediários muito mais favoráveis nessas relações”, afirmou Álvaro nóbrega, investigador do iscsP.não só as várias economias envolvidas podem beneficiar dos negócios, como para a china pode ser uma abordagem menos arriscada, sobretudo quando se fala de países instáveis politica e economicamente como a Guiné-Bissau. “Por exemplo, na licitação dos blocos de prospecção de petróleo – que ainda não apareceu, pelo menos comerciável – não surgiu nenhuma empresa chinesa a licitar. apareceu, no entanto, uma angolana”, concluiu Álvaro nóbrega.

(Uemoa) criou um fundo de �00 mil milhões de francos cFa, a aplicar no processo de estabilização económica da Guiné-Bissau. em Junho, o Fundo monetário internacional aprovou um plano de �,� mil milhões de dólares de apoio ao programa económico de �009 do governo guineense. o intuito é promover o reforço da capacidade institucional e administrativa, perspectivando a recuperação económica.

Guiné-BissauQuem é Quem

gUiné-bissAU

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china e são tomé e Príncipe chegaram a ser importantes parceiros, após a independência do país lusófono. a representação diplomática chinesa no país está encerrada desde �99�. mas a capital são-tomense alberga um Bureau conselho comercial. Longe de estarem privadas de operar no país, as empresas chinesas estão a assumir um papel importante.o destaque vai para a sinopec, que em breve deverá concretizar o controlo de mais um dos quatro blocos petrolíferos na zona de desenvolvimento conjunto entre são tomé e Príncipe e a nigéria. terá participações nos outros dois blocos.a porta do Fórum macau foi aberta à participação são-tomense. com o crescendo dos interesses económicos e a intervenção de angola, a adesão poderá ser uma realidade a prazo.

economia antes da diplomaciasão toMé E PRínCiPE

são toMé E PRínCiPE: FACtos EssEnCiAis

capital São Tomé

Língua oficial Português

moeda Dobra

Fuso Horário UTC+3

indicativo telefónico internacional +239

código internet .st

Área 1.001 Km2

PiB USD 214 milhões (est. 2006)

População 157 mil (estimativa 2005)

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são toMé E PRínCiPE: “RAio X” EConóMiCo

em pleno golfo da Guiné, zona que alguns especialistas energéticos qualificam de “Próximo médio oriente” pelas perspectivas que se abrem enquanto novo poço de petróleo do mundo, são tomé e Príncipe tem crescido de forma continuada e sustentada e beneficiou de um milionário perdão de dívida (�00�) como prémio por ter cumprido à risca os programas de estabilização impostos pelas instituições de Bretton Woods. mas a economia é ainda muito dependente de um único produto de exportação – o cacau – e de importações que dificultam a descida da inflação para níveis confortáveis para a generalidade da população.entre �99� e �00�, a economia são-tomense foi das que mais cresceu no continente africano – �,� por cento em média. isto dentro do grupo das economias “diversificadas”, liderado por moçambique (�,� por cento) e excluindo os países produtores de petróleo e o grupo dos países problemáticos, de baixo crescimento. em março de �00�, o país concluiu com sucesso o programa de apoio a países altamente endividados (HiPc). no ano seguinte conseguiu o mesmo com um programa de três anos para apoio ao crescimento e redução da pobreza (PrGF), assistido pelo Fundo monetário internacional. está actualmente a negociar uma extensão do mesmo

para mais dois anos, o que permite ter acesso a mais um pacote de assistência técnica e financeira. É o que se pode chamar um “bom aluno”.os elementos-chave do programa �009-�0�� são, a nível macroeconómico, estabilização de preços e crescimento económico sustentado, redução da despesa e melhoria da colecta fiscal. Para isso prevê-se a aplicação “gradual” de verbas da conta nacional de Petróleo e de operações de privatização. as principaís reformas estruturais centram-se nas empresas públicas, gestão da despesa pública, regulação do sector bancário, legislação laboral e ambiente de negócios. os actuais esforços do governo concentram-se em três objectivos: aumento da produção agrícola interna, melhoria das infra-estruturas e promoção do turismo. com o primeiro, pretende-se melhorar a segurança alimentar, executando programas que levem à comercialização de excedentes agrícolas, melhorando as condições de vida da população ligada à agricultura e contribuindo para uma redução da importação de bens alimentares. Hoje, o sector primário emprega cerca de �0 por cento da população, mas é responsável por apenas �0 por cento do PiB. as infra-estruturas – porto de águas profundas, novo aeroporto, centrais eléctricas – estimulam o crescimento económico, criam emprego e permitem tirar partido da localização

estratégica do arquipélago através da criação de novas actividades económicas. o turismo tem vindo a crescer continuamente e tem um nome: grupo Pestana, de Portugal, detentor ou gestor das principaís unidades hoteleiras do país e com o controlo da gestão da recém-criada companhia aérea stP airways, onde estão também investidores angolanos.a produção de petróleo é, sem dúvida, a actividade que mais receitas pode trazer ao pequeno arquipélago. Depois de um interregno de três anos, novos e promissores trabalhos de exploração, a cargo da sinopec, deverão confirmar este ano a existência de petróleo na zona desenvolvida em conjunto com a nigéria (zDc). o escritório da petrolífera chinesa em são tomé é dos mais interessados também na exploração em águas são-tomenses (zee)

São Tomé e Príncipe: Análise SWOT

Forças • Diversificação• estabilidade

Fraquezas• Falta de capacidade institucional oportunidades• Petróleo

Ameaças• Dependência externa

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UMA AntigA RElAção intERRoMPidA

como no caso de moçambique, a história da china em terras são-tomenses começa com os trabalhadores chineses. em ��9�, cerca de 4�0 coolies chineses, contratados através de macau, chegaram à então colónia portuguesa, com a crescente procura de mão-de-obra por parte dos roceiros de são tomé e Príncipe. contudo, seis anos mais tarde estes deixaram a colónia, devido ao descontentamento dos roceiros com o alegado fraco rendimento dos contratados. Dos poucos que ficaram, alguns tornaram-se lojistas, casaram-se com mulheres são-tomenses e formaram famílias, algumas até hoje conhecidas como os chong, ten Jua e choi. os chineses voltarão depois da independência, no âmbito da cooperação bilateral. mas são tomé e Príncipe é o único país de expressão portuguesa que actualmente não tem relações bilaterais com a china, por manter relações diplomáticas com taiwan - em maio de �99�. em troca, pelo reconhecimento, taiwan prometeu ao governo são-tomense uma ajuda de �0 milhões de dólares anuais, o que foi aceite pelo então presidente miguel trovoada, apesar de durante cinco meses ter sido contestado pelo governo da altura e pela assembleia nacional. na ocasião, trovoada justificou a medida por si tomada pela situação precária em

que se encontrava o país. em retaliação, a china interrompeu todos os programas de cooperação, ficando para atrás uma dívida bilateral de são tomé e Príncipe, de �� milhões de dólares. a china foi, de �9�� a �99�, um importante doador de são tomé e Príncipe, estimando-se que no decorrer deste período Pequim tenha doado ao arquipélago cerca de �� milhões de dólares e concedido empréstimos de �9 milhões de dólares, isentos de juros. a relações bilaterais china-são tomé e Príncipe eram consideradas “frutíferas”, conforme relatou o Revolução, jornal são-tomense, extinto em �9�9. as relações foram também marcadas por inúmeras visitas recíprocas de dirigentes de alto nível como, por exemplo, a visita de uma delegação de membros da china a são tomé, em �9��, chefiada pelo então vice-ministro dos negócios estrangeiros, Goung Dafei, ou a do ministro dos negócios estrangeiros (mne) são-tomense, carlos Graça, à china, em �9�9. ao nível da cooperação é de salientar alguns projectos executados pela china no país, como a construção do Palácio do congresso, onde hoje funciona a assembleia nacional. este edifício cobre uma superfície total de �.�00m� e custou �,� milhões de dólares. entre outras áreas de cooperação, a china foi o país de grande relevo na medicina, com

pessoal médico, formação e fornecimento de equipamentos diversos e medicamentos. no artesanato, ainda hoje os chineses são bem recordados em terras são-tomenses com os móveis feitos de bambu, utilizados em casas e em escritórios - os chineses introduziram esta arte ao construírem o centro de Formação de artesanato de Bambu e Palha. na agricultura, a produção do arroz foi também um dos projectos da china. na área da educação a china concedeu bolsas que levaram vários estudantes são-tomenses a desenvolverem os seus estudos nas suas universidades. era também um mercado importante o cacau são-tomense, principal produto de exportação. a embaixada da china em são tomé, inaugurada em maio de �9�� pelo diplomata Lin Ying-Usen,

são toMé E PRínCiPE

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encontra-se encerrada desde a rotura das relações. “Desde Junho �99�, mas continua a albergar nas suas instalações um Bureau conselho económico--comercial, e alguns chineses, ex-funcionários,” para a manutenção do edifício. actualmente são, ao todo, “cerca de �0 chineses a viverem em são tomé”, segundo o gestor público Luís dos Prazeres. Para além da petrolífera sinopec, “existe no país apenas uma empresa chinesa, a coVec, de construção civil, instalada há mais de �0 anos no país. emprega alguns destes �0 chineses e juntos vão participando no sector, mas com pouca visibilidade. Por outro lado, existem também lojas do conhecido comercio tradicional chinês”. É a embaixada de Portugal que actualmente

trocas Comerciais China-são tomé e Príncipe (milhões Usd)

Ano volume Comercial Exportações da Chinapara s. tomé e Príncipe

importações da China de s. tomé e Principe

�00� 0.�� 0.�� -

�00� 0.�� 0.�0 0.0�

�004 �.�� 0.�� �.�4

�00� 0.�� 0.�� -

�00� �.�� �.�� -

�00� �.�� �.�� -

�00� (Primeiros Dez meses)

�.�� �.�� 0.0�

Fonte: ministério do comércio chinês

representa a china e trata dos assuntos consulares dos chineses no país.Portugal é um dos principaís doadores bilaterais do país. entre vários acordos bilaterais, os dois países cooperam nas áreas do turismo, ciência, tecnologia e ensino superior, saúde, agricultura, em infra-estruturas, serviços sociais, entre outras. “as relações com o resto dos membros da cPLP são óptimas. angola e Portugal foram definidos, nos documentos oficiais do actual Xiii Governo constitucional, como parceiros estratégicos, estando todavia o Brasil em negociações para ser o terceiro,” frisa esterline Génerom, do gabinete do ministro dos negócios estrangeiros são-tomense.

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são tomé e Príncipe foi o anfitrião da V conferência dos chefes de estado e de Governo da cPLP, em �004. com o Brasil, foram assinados desde �9�4 vários acordos de cooperação, a par de importantes visitas de alto nível. ambos definiram projectos que decorrem, actualmente, entre outras áreas, no desporto, na agricultura, na pesca, em apoio ao ministério da saúde são-tomense, na educação, alfabetização, atribuição de bolsas de estudo. estima-se que o programa brasileiro “alfabetização solidária” já tenha beneficiado mais de �0 mil pessoas no arquipélago, desde �00�. numa visita ao Brasil, em Janeiro de �009, o mne são-tomense, carlos tiny, salientou o desejo de criar um consórcio petrolífero entre a brasileira Petrobrás, a angolana sonagol e a portuguesa Galp energia para explorar as águas são-tomenses, onde ainda este ano devem ser atribuídas licenças.cabo Verde é o país de língua oficial portuguesa com a maior comunidade no país, ex-contratados do tempo colonial e os seus descendentes. no Príncipe, a maioria dos � mil habitantes é cabo-verdiana ou descendente. Dos quatro crioulos existentes no país, o de cabo Verde é o segundo mais falado. o governo de cabo Verde manifestou, em �00�, a intenção de criar uma linha marítima entre os dois países, o que poderá elevar as trocas

comerciais entre os dois países. angola foi sempre um país próximo. actualmente, é de assinalar a influência na energia, na banca e mesmo na política são-tomense. a sociedade nacional de combustíveis de angola (sonangol) tornou-se, em �00�, o maior accionista da são-tomense empresa nacional de combustíveis e Óleo (enco), ao adquirir �� por cento do capital que o governo de são tomé e Príncipe ainda detinha na empresa, perfazendo �� por cento. Luanda tem vindo também a ser apontada como activamente empenhada no reatamento das relações sino-são-tomenses. “É pura especulação,” assegura um quadro do mne. “angola é tida pelas autoridades são-tomenses com um país estratégico

no desenvolvimento de são tomé e Príncipe. o certo é que os dois países têm relações históricas de longa data que se vão consolidando cada vez mais. mas, por outro lado, cada país tem os seus interesses em relações externas”, afirma.

são toMé E PRínCiPE

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PEtRólEo: MolA PRoPUlsoRA dAs RElAçõEs EConóMiCAs

são inúmeras as potencialidades turísticas do arquipélago, um verdadeiro paraíso tropical atravessado pela linha do equador. o Guia do investidor para são tomé e Príncipe, elaborado em �00� pelo instituto da terra e pelo centro de investimento internacional sustentável Vale-Universidade de columbia, elege a aventura e o ecoturismo como uma área com potencial de excelência. outras são a agricultura (cacau, flores, legumes para exportação), pescas, transportes e serviços para a indústria petrolífera.É na área petrolífera, através da china Petrochemical and chemical corporation (sinopec), que estão centrados os interesses económicos chineses em são tomé e Príncipe.com escritório e representante nomeado, a empresa estatal chinesa obteve ��,�� por cento dos direitos de exploração para o Bloco �, na zona de Desenvolvimento conjunto (zDc) entre são tomé e Príncipe e a nigéria, em Fevereiro de �00�, quando substituiu, junto com a suiça addax Petroleum (�4 por cento), uma empresa norte-americana que se tinha retirado do consórcio. a zDc foi criada pelos dois países em �00�, tendo o respectivo tratado definido um polígono de cerca de �� mil km� no qual as

duas zonas fronteiriças marítimas se sobrepõem, criando uma área de exploração de recursos naturais conjunta. o acordo assinado prevê que os dois partilham as despesas e os rendimentos gerados da exploração, num rácio de �0 por cento para a nigéria e 40 por cento para são tomé e Príncipe. as reservas totais estão estimadas em �� mil milhões de barris. inicialmente, nove blocos da zDc foram submetidos a um concurso público, em �00�. contudo, até agora apenas seis foram adjudicados. Destes, só quatro têm contrato de Partilha de Produção (Psc), entre os quais o Bloco �. “torna-se possível configurar cerca de trinta blocos na zona. e isto só se refere à fronteira comum que são tomé e Príncipe tem com a nigéria e que ainda não está definida. Para além disto, o país tem a sua zona económica exclusiva (zee) que é maior do que a zDc, sublinha o são-tomense Jorge santos, actualmente director executivo da autoridade da zona conjunta (JDa), em abuja, a entidade gestora da zDc.a sinopec deverá anunciar até final de �009 os resultados da perfuração, em Julho, dos primeiros poços de prospecção, no Bloco �, onde é operadora, três anos depois de ter adquirido a participação. neste bloco, estimativas do sector apontam para ��� milhões de barris de petróleo. na mesma altura, uma subsidiária da sinopec anunciou a intenção de comprar a suíça addax, empresa

petrolífera com direitos de exploração no iraque, Gabão, nigéria, para além da zDc. neste zona, a addax detêm 40 por cento no Bloco �, �4,�� por cento no Bloco �, �� por cento no Bloco � e 4�,� por cento no Bloco 4, respectivamente. a compra, que espera a aprovação do governo chinês até ao dia �4 de agosto, deverá custar cerca de 9 mil milhões de dólares. se os chineses a concretizarem, não só elevarão a sua participação no Bloco � para 4� por cento, como também passarão a ter direitos nos quatro blocos existentes na zDc. “esta é uma acção normal na indústria petrolífera“, esclarece Luís dos Prazeres, director executivo da agência nacional de Petróleos (anP). “chama-se a isso ‘farm out’. não seria correcto dizer que a sinopec vai controlar todo o petróleo de são tomé e Príncipe, pois estes blocos fazem parte da zDc com a nigéria, o que significa ser uma zona de jurisdição especial conjunta nigeriano-são-tomense. Por outro lado, existem mais operadores nos outros blocos.”o crescente envolvimento da sinopec no país poderá tornar-se um catalizador para o restabelecimento das relações oficiais entre os dois países? Luís dos Prazeres realça que no mundo da diplomacia tudo é possível mas que, “de momento, não se vislumbra reatamento das relações bilaterais a curto prazo”. “os investimentos da sinopec não

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terão qualquer influência nas relações, porque são mais um investimento estrangeiro à semelhança daqueles que acontecem em muitos países, mesmo quando as relações não são das melhores entre eles”. “se entendermos que a definição de incorporação local representa a participação de empresas locais, não deverá ser da responsabilidade da empresa a que se designa por operadora incentivar a participação de empresas locais, mas sim da autoridade de Desenvolvimento conjunto. Deve-se sublinhar aquilo que designamos por projectos sociais e de formação que são uma responsabilidade no contrato de Partilha de Produção, cuja execução as operadoras assumem. Portanto constitui uma responsabilidade no âmbito do contrato e fará necessariamente parte da transacção”, esclarece Jorge dos santos. a compra da addax pela sinopec poderá exigir que a petrolífera chinesa assuma as obrigações contratuais da addax relativamente à incorporação local em são tomé e Príncipe. a ser verdade, este facto possivelmente afectará as relações bilaterais do país com taiwan. Questionado sobre eventuais participações da sinopec, em investimentos não petrolíferos, como a pesca e/ou minerais subaquáticos, na zona conjunta, o director executivo da zDc afirma que “ainda não foi manifestado qualquer interesse em relação a outro tipo de actividades que a

sinopec pretenda desenvolver na zona, para além da área do petróleo”.a primeira perfuração na zDc foi feita pela chevron, no Bloco �, em �00�, que chegou a encontrar petróleo, mas não comercialmente explorável. segundo a empresa norte-americana, conta Luís dos Prazeres, é necessário fazer mais furos para se determinar a o potencial comercial do mesmo e espera-se que em breve sejam feitos mais furos nos blocos � e 4. o próximo leilão, de quatro novos blocos petrolíferos (�, �, 9 e �0) prevê-se para �0��. serão, de um modo geral, pequenos blocos, com áreas entre ��0 a �.�00 quilómetros quadrados. Falar da participação chinesa nesta licitação é ainda “um pouco prematuro” mas, há perspectivas de participação futura da sinopec e outras eventuais petrolíferas chinesas que queiram investir na zee de são tomé e Príncipe. “serão bem-vindos; estamos a preparar a nossa primeira licitação pública de �4 blocos, prevista para novembro de �009, e contamos com a possível participação da sinopec que, aliás, já manifestou o seu interesse de desenvolvimento futuro na zee”, disse dos Prazeres. os �4 blocos a licitar na zee já tiveram a sua primeira apresentação, em Denver, eUa, em Junho, através da anP e da ministra dos recursos naturais, cristina Dias, na conferência anual da associação norte-americana de Geólogos

Petrolíferos. a assembleia nacional aprovou, em Julho de �009, uma nova Lei dos Petróleos que redefine as regras para as operações petrolíferas aprovadas em �004 para a zee, facilitando em certos casos a adjudicação directa de blocos, sem concurso público, o que, segundo o dirigente da anP, facilitaria os trâmites contratuais.Quando são tomé e Príncipe assinou o primeiro contrato de petróleo, em �99�, pensava-se que o país se tornaria, em poucos anos, produtor de petróleo e que facilmente poderia resolver os problemas económicos que condenam à miséria a maioria dos habitantes. contudo, o resultado inconclusivo da primeira perfuração na zDc, em �00�, frustrou esta perspectiva. o país continua à espera da descoberta de petróleo. investimentos recentes no turismo, sobretudo por interesses portugueses, são um dos poucos desenvolvimentos visíveis. Por enquanto, o país vai depender em grande medida das ajudas internacionais.

são toMé E PRínCiPE

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“PoRtA AbERtA” A são toMé E PRínCiPE

são tomé e Príncipe não foi deixado de fora da “ofensiva de charme” chinesa nos países de língua portuguesa. nem tão pouco está esquecida a desejada adesão ao Fórum para a cooperação económica e comercial entre a china e os Países de Língua Portuguesa.zhao chuang, ex-secretário-geral do secretariado Permanente do Fórum, afirmava à agência noticiosa portuguesa Lusa pouco depois de assumir o cargo que a china tem a “porta aberta” para são tomé e Príncipe aderir. a participação, há três anos em macau, de uma ministra são-tomense na reunião ministerial foi um “símbolo” da reunião e, no âmbito dos objectivos do Fórum,

a china tem a “porta aberta a todos os países de língua portuguesa que queiram participar”, incluindo o único que mantém relações diplomáticas com taiwan.exemplo de aproximação é também o estatuto de observador conferido a são tomé e Príncipe no Fórum de cooperação económica china-África. recentemente, macau acolheu a conferência dos governadores dos bancos centrais dos países lusófonos, com o objectivo de trabalhar para a criação de uma “plataforma de cooperação financeira e de promoção do desenvolvimento económico e comercial”. são tomé e Príncipe faz parte dos beneficiários da cooperação e assistência técnica.em Lisboa, a “newsletter” africa monitor dava conta em �00� de que angola apoiava activamente iniciativas da china para reatamento das relações bilaterais com o arquipélago. o “forcing discreto” das autoridades chinesas contaria ainda com o apoio do maior partido são-tomense, o movimento de Libertação de são tomé e Príncipe/Partido social-Democrata (mLstP/PsD). Partido que hoje está no governo, em coligação com o movimento ligado ao presidente Fradique de menezes.em Fevereiro de �00�, deu brado

a presença de uma representação do Partido comunista da china no iV congresso do mLstP/PsD, então chefiado por Guilherme Posser da costa.“o mLstP/PsD tem com o Partido comunista da china uma relação histórica e de longa data”, e “nunca se esquecerá dos amigos que ajudaram são tomé e Príncipe a conquistar a sua independência”, respondeu então Posser da costa a críticas da oposição, negando estar contudo a preparar uma ruptura com taiwan. Durante o congresso, um dirigente do Partido comunista da china manifestou a disposição do seu partido de “promover a concretização da normalização das relações sino-são-tomenses o mais brevemente possível”.Qualquer decisão a esse nível teria de passar pelo presidente são-tomense, que é também um importante empresário no país e com interesses em Portugal. Fradique de menezes defende que a relação com taiwan tem sido proveitosa para são tomé, mas assumiu-se como um “realista” nesta questão.“não tenho um oráculo qualquer para adivinhar que amanhã vamos terminar (relações) com este e começar com outro. esperemos para ver o futuro das relações com a china e com taiwan”, disse em entrevista à agência Lusa em �00�.

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São Tomé e Príncipe Quem é Quem

são toMé E PRínCiPE

Fradique de MenezesPresidente da república

GovernoRafael branco (primeiro-ministro)

Licenciado em relações internacionais, integra desde �9�4 o partido histórico do país, mLstP. Foi ministro da educação e cultura, ministro da informação, dos assuntos económico, dos negócios estrangeiros e cooperação, das obras Públicas e dos recursos naturais e do ambiente. como embaixador, passou pela representação são-tomense junto das nações Unidas, no canadá e no Brasil. esteve ainda na comunidade dos Países de Língua Portuguesa como secretário-executivo-adjunto (até �000)

Carlos tiny (negócios estrangeiros)

Arlindo Carvalho (obras Públicas infra-estruturas, transportes e comunicações)

benjamim vera Cruz (recursos naturais, energia e ambiente)

Raul Cravid (comércio, industrias e turismo)

jorge santosautoridade de Desenvolvimento conjunto são tomé e Príncipe-nigéria

luís Prazeresagência nacional de Petróleos

bureau Conselho Comercial - República Popular da Chinaav Kwame n’Kruma – são tométel: �� �� �0

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mar de oportunidadetiMoR–lEstE

tem em comum com macau ser um pedaço da Ásia onde se fala a língua portuguesa. a china está perto não apenas geograficamente, mas também, cada vez mais, economicamente. os interesses começaram no sector energético e hoje incluem importantes projectos de telecomunicações.rico em petróleo e gás natural, timor-Leste está inserido num continente em forte desenvolvimento e com vizinhos economicamente importantes como a austrália e a indonésia. o país tem tudo para ser um caso de sucesso. enquanto o jovem país constrói a estabilidade política e procura assegurar o desenvolvimento sustentável, as riquezas petrolíferas já começaram a afluir. o fundo petrolífero do país terá atingido um valor de 4.000 milhões de dólares no final de �00�. e prepara-se um novo ciclo de crescimento, em que as infra-estruturas terão um papel muito importante a desempenhar. estradas, portos, aeroportos, infra-estruturas eléctricas ou de água e saneamento estão a ser projectadas de norte a sul do país, abrindo um mundo de oportunidades para as empresas estrangeiras, que estão atentas.

tiMoR-lEstE: FACtos EssEnCiAis

capital Díli

Língua oficial Português e Tétum

moeda Escudo timorense

Fuso Horário UTC+9

indicativo telefónico internacional +670

código internet .tl, .tp

Área 14.609 Km2

PiB USD 349 milhões (estimativa)

População 1,1 milhões (estimativa 2007)

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tiMoR-lEstE: “RAio X” EConóMiCo

É um daqueles países que pode dizer-se que tem tudo para ser rico: vizinhos importantes (indonésia, austrália), num continente asiático a reagir moderadamente bem à recessão global, parceiros internacionais dedicados (de Portugal ao Brasil, passando pela china) e… petróleo, muito petróleo. Graças às receitas da área de desenvolvimento conjunto com a austrália, o fundo petrolífero de timor-Leste terá atingido 4.000 milhões de dólares no final de �00�, segundo raquel Gonçalves costa, da autoridade Bancária e de Pagamentos timorense. em �00�, os rendimentos do sector petrolífero subiram para o equivalente a �40 por cento do Produto interno Bruto (PiB) timorense. o desafio é aplicar esta riqueza no desenvolvimento da economia não-petrolífera. as três principaís reservas petrolíferas no “timor Gap” — sunset, Bayu-Udan e elang-Kakatua— contêm um total previsto de �00 milhões de barris, segundo the economist. o suficiente para uma produção de petróleo de aproximadamente ��0 mil barris por diamas aproveitar esta riqueza no crescimento do sector não-petrolífero é um desafio difícil. estima-se que �0 por cento da população ainda viva da agricultura e o desemprego

é grande, principalmente entre os jovens. De acordo com o Banco mundial, a economia timorense cria apenas 400 empregos por ano, quando o número de jovens a aceder ao mercado de trabalho ascende a �� mil. na sequência da crise de �00�, o desemprego jovem subiu 40 por cento. as dificuldades desse processo estão patentes na evolução do PiB não-petrolífero, conta que inclui o “efeito onU”, as remunerações dos milhares de funcionários que a organização mantém no país. Depois de uma severa recessão em �00� (menos �,� por cento), os dois anos seguintes foram de regresso tímido ao crescimento (0,4 por cento e �,� por cento), para em �00� novamente se cair na recessão (menos �,4 por cento). �00� terá sido o melhor ano de sempre para a economia não-petrolífera (mais ��,� por cento), impulsionada pelos investimentos públicos e pelo “efeito onU”. em �00�, o crescimento terá arrefecido ligeiramente, para perto de �� por cento. notável, tendo em conta as perturbações políticas vividas.este crescimento trouxe consigo, contudo, o problema da inflação, que duplicou de �00� para �00�, fixando-se depois próximo de nove por cento, sobretudo devido à subida do preço de bens

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importados, como gasolina e arroz, de que o país é ainda altamente dependente.o principal obstáculo a um investimento que conduza a mais fortes taxas de crescimento parece ser a execução orçamental, relacionada com a falta de capacidade das instituições do governo. em �00�, a despesa pública rondou ��� milhões de dólares, grande parte transferidos do fundo petrolífero. Foi o triplo da verbade �00� e �00�. ”a curto prazo, o aumento do investimento público será o mecanismo primário de reanimação

Timor-Leste: Análise SWOT

Forças • Fundo Petrolífero• Parceiros internacionais

Fraquezas• Falta de capacidade institucional

oportunidades• construção de infra-estruturas

Ameaças• instabilidade económica e política • Desemprego

da economia interna, de forma sustentada”, escrevem os economistas do Banco mundial. contudo, a descida do preço do petróleo desde o último trimestre do ano passado irá reflectir-se nas transferências para o fundo.o orçamento de �009 tem inscrita uma despesa total de ��� milhões de dólares e define como prioritário o investimento no desenvolvimento rural, emprego e infra-estruturas, estas relacionadas principalmentecom a electrificação do país.

tiMoR-lEstE

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PARCEiRos dEsdE A PRiMEiRA HoRA

Dois dias depois da independência, a �0 de maio de �00�, a china foi o primeiro país a estabelecer relações diplomáticas com timor-Leste. nos anos anteriores, deu apoio diplomático e financeiro ao movimento de independência, sobretudo após o afastamento de Portugal, em �9��. o apoio foi reduzido durante o período de ocupação indonésia. mas a partir do referendo de �999 e retirada da indonésia, a china voltou a estar mais presente.ainda que a aproximação se tenha reforçado a partir de então, é desde �00�, com o estabelecimento de relações diplomáticas, que surgem acordos de cooperação em vários sectores. a recente crise militar debilitou a situação de timor, sendo então um país pequeno e pobre, mas com ricos recursos naturais. o potencial de exploração desses recursos alimenta uma progressiva presença de parceiros estrangeiros, nomeadamente austrália, Portugal, itália, coreia do sul, malásia, entre outros.embora timor-Leste não seja,ainda, um dos maiores parceiros da china, nos últimos sete anos, as relações dos dois países têm-se intensificado o potencial de cooperação entre os dois países revelou-se, desde cedo, no sector da exploração de gás e petróleo, agricultura, pescas e telecomunicações. os acordos assinados permitiram ao governo de timor receber apoios financeiros da china, bem como ver

investimentos na construção de infra-estruturas.o palácio presidencial, uma das infra-estruturas construídas pela china, será passado ao governo de timor-Leste este ano, tendo em �00� sido aberto o edifício do ministério dos negócios estrangeiros, também construído pela china. somam-se projectos para os próximos anos, incluíndo uma escola primária, o edifício do ministério da Defesa e a sede das Forças de Defesa de timor-Leste. o envio de equipas médicas e de medicamentos são outro tipo de intervenções do governo da china. as bolsas de estudo e a possibilidade de intercâmbio permitem aos estudantes timorenses estudar em universidades chinesas, normalmente nas áreas de agricultura, turismo e gestão. a possibilidade de obter formação na china não se reduz, no entanto, a estudantes. são também enviados funcionários públicos e militares para fazerem cursos temporários em instituições chinesas. o embaixador da china em timor-Leste, su man, garantia em abril de �009 ir ser aumentado o número de bolsas de estudo atribuídas. o apoio do governo chinês a timor-Leste privilegia, como afirmou sun man no encontro de Parceiros para o Desenvolvimento, as infra-estruturas, o desenvolvimento rural

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���

Horta, presidente de timor-Leste, por ocasião da conferência do investimento organizada pela tradeinvest em novembro de �00�, enumerava as características do país, salientando a promoção de uma economia de mercado. nela insere-se uma estratégia de investimento orientada para a exportação, a oferta de garantias competitivas para atrair o investimento directo externo, o encorajamento de parcerias, assim como o incentivo para a intervenção de pequenas e médias empresas para desenvolver infra-estruturas económicas.as áreas para potencial investimento são o petróleo e gás, a agro-indústria, as florestas, as pescas, o turismo, a indústria ligeira e as infra-estruturas económicas. o investimento no sector agrícola tem-se centrado ultimamente na plantação de arroz híbrido, inserido

e a construção de competências e capacidades humanas. o objectivo final, afirma o diplomata, é aumentar a taxa de emprego e eliminar os factores que causam instabilidade social. o embaixador da china tem apelado ao investimento de empresários da china, Hong Kong e macau, podendo assim contribuir para o processo de desenvolvimento económico do país. consciente do potencial de investimento e das vantagens que o próprio país pode retirar dessa intervenção externa, as tentativas de promover o investimento revelam-se claras, sobretudo através da tradeinvest timor-Leste, uma agência de promoção do investimento. Promover o investimento passa por apresentar as vantagens que o país pode representar para o investidor. José ramos

trocas Comerciais China-timor-leste (Usd mil milhões)

Ano volume Comercial Exportações da China para timor-leste

importações da China de timor-leste

�00� - - -

�00� �.0� �0.�0 -

�004 �.�� �.�� -

�00� �.�� �.�� 0,00�

�00� ��.�� �.�9 �0.9�

�00� 9.�� 9.4� 0.0�

�00� (até outubro) �.�� �.�� 0.��

Fonte: ministério do comércio chinês

no projecto de aumentar a capacidade produtiva em timor.o comércio entre timor-Leste e a china cresceu mais de �� vezes no ano passado, atingindo �� milhões de dólares no final de �00�. timor-Leste é um dos países exportadores de café para o mercado chinês, sobretudo para a província de Guangdong, motor económico no sul da china, região fronteira a macau e Hong Kong.enquanto incentivo à exportação de produtos timorenses, o governo chinês concedeu, em agosto de �00�, isenção de tarifas aduaneiras nas exportações para a china. ainda que o café seja dos únicos produtos exportados para a china, o governo timorense espera conseguir começar a exportar peixe e outros alimentos, apostando nos projectos agrícolas voltados para o mercado externo.

tiMoR-lEstE

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na mesma altura, o presidente de timor-Leste anunciava o projecto de compra à china de duas lanchas, para patrulha da costa, estimadas em �� milhões de dólares cada. a costa timorense tem ��� Km e uma zona económica exclusiva que, segundo o governo timorense, é alvo de pescas ilegais que trazem perdas anuais ao país. o governo alerta assim para a necessidade de fiscalização da costa, sendo para isso necessário investir na capacidade de patrulhamento. a cooperação militar entre os dois países surge não só baseada na tentativa de melhorar a componente naval timorense, como pela construção de instalações militares de alojamento e funcionamento das Forças de Defesa nacionais. assegurar as condições básicas

tem envolvido também projectos da china na produção de energia eléctrica, designadamente no investimento estimado em ��0 milhões de dólares, a aplicar na construção de �0 sub-estações eléctricas nos próximos anos. o contrato foi assinado em �00� com a china nuclear industry ��nd construction company (cni��), visando a expansão da rede eléctrica com novas linhas de alta tensão, para além das duas grandes centrais eléctricas. É considerado o maior investimento chinês desde �00�. na sequência de protestos da oposição e grupos ambientalistas, o governo ordenou um estudo de impacto ambiental.no sector das telecomunicações, foi assinado já este ano um contrato entre a empresa chinesa zte corporation e a timor telecom. o acordo estabelece o fornecimento de equipamentos e prestação de serviços de telefonia móvel de terceira geração (�G). o projecto permite à timor telecom assegurar o acesso total à banda larga sem fios no território.

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CHinA oFERECE “CAPitAl, tECnologiA E o dEsEnvolviMEnto dos RECURsos”

Há cinco anos, a empresa petrolífera estatal chinesa Petrochina iniciou um estudo sismológico para a localização de hidrocarbonetos em timor-Leste. o estudo implicou um investimento de �,4 milhões de dólares e cobriu cerca de �0 por cento do território timorense. a exploração de petróleo e gás continua a envolver a presença de vários países em timor-Leste. a Petrochina enviou em �00� uma missão a timor com o objectivo de estudar o terreno. Foi assinado um acordo bilateral para exploração petrolífera futura. Dois anos mais tarde, era feito um estudo. a exploração de petróleo e gás timorenses tem envolvido vários países, sobretudo desde que foi lançado o primeiro concurso internacional para concessão de direitos de exploração de recursos petrolíferos na zona económica exclusiva de timor-Leste. É em �00� que o governo timorense lança o concurso para exploração de �� blocos, para o qual apareceram inicialmente �� empresas, entre as quais portuguesas e uma brasileira. os onze blocos a concurso situavam-se na zona económica exclusiva timorense e, portanto, fora da área disputada com

grandes Projectos sino-timorenses em Curso

1. Construção de centrais eléctricas Projecto: a china nuclear industry ��nd construction

company (cni��) está a construir duas centrais eléctricas e a expandir a rede eléctrica de timor-Leste. Valor: ��0 milhões de dólares objectivo: assinado em �00�, prevê a construção de duas

centrais eléctricas de combustível pesado no norte de timor-Leste com uma potência de ��0 mW e no sul com uma potência de �0 mW, a expansão da rede eléctrica

com novas linhas de alta tensão com ��0 km e a construção de �0 subestações eléctricas. Duração: Dois anos

2. Edificio do Ministério da defesa e sede das Forças de defesa de timor-leste (FFdtl) Projecto: construção do edifício objectivo: melhorar as instalações militares timorenses estado: Próximos anos

3. Patrulha naval Projecto: aquisição de equipamento para a componente

naval das Forças de Defesa objectivo: melhorar a capacidade de patrulha costeira,

controlando a pesca ilegal na zona económica exclusiva timorense

4. Plantação de arroz híbrido Projecto: criação de plantações e arroz híbrido objectivo: melhorar a capacidade produtiva do país

5. gasoduto e centro de processamento de gás Projecto: construção de gasoduto para território timorense,

criando de centro de processamento do gás zona de suai (perto do mar de timor)

objectivo: Desenvolver a capacidade de exploração petrolífera timorense, contribuindo para a possibilidade

de procesamento e exportação (possibilidade de fazer o transporte via marítima) estado: em discussão, necessidade de negociação com a austrália

tiMoR-lEstE

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a austrália. É essencial para o governo garantir que dessa exploração e de futuros acordos conjuntos venham benefícios claros para a economia e desenvolvimento. o objectivo de criar uma indústria petrolífera exige a diversificação dos parceiros de timor-Leste, apostando também na criação de infra-estruturas de processamento de gás no país. a construção de um gasoduto partindo da maior exploração petrolífera timorense, a Greater sunrise, tem gerado polémica nos últimos anos. a exploração situa-se na Área de Desenvolvimento Petrolífero conjunto, partilhada por timor-Leste e austrália, zona que se prevê render a timor nos próximos �0 a �0 anos cerca de �4,� mil milhões de dólares. a proposta australiana era de construir um gasoduto desde a exploração petrolífera até à cidade de Darwin. no entanto, a china propôs a construção do gasoduto até à costa sul timorense. alguns estudos têm tentado analisar qual das duas hipóteses pode trazer mais benefícios a timor, embora sejam dificilmente conclusivos. a aproximação recente da china a timor tem significado uma maior abertura da possibilidade do governo chinês construir o gasoduto, negociando com a austrália, e de contribuir para a criação de uma zona de apoio em suai, cidade no sul do país, a poucos quilómetros do mar de timor. Para isso, discute-se a construção de refinarias

e infra-estruturas necessárias. em timor, actualmente operam empresas indianas, malaias ou italianas, destacando-se a futura exportação de gás natural do campo Greater sunrise para a coreia do sul a partir de �0��. as receitas do sector petrolífero representam um peso de 9� por cento das receitas totais do governo, assim como �� por cento do PiB e quase todas as exportações. Prevê-se que a dependência timorense em relação ao sector petrolífero venha a aumentar, sendo necessário diversificar as fontes de receitas timorenses.Paralelamente, o fundo petrolífero de timor-Leste tem crescido e espera-se que, nos próximos �0 anos, possa gerar � mil milhões de dólares. a criação do Fundo Petrolífero tem o propósito das autoridades timorenses assegurarem transparência na gestão das receitas provenientes da exploração de hidrocarbonetos. ainda que a exploração de petróleo e gás natural seja o ponto principal das relações económicas entre timor e os seus parceiros, incluindo a china, há outros recursos de potencial interesse. o magnésio e o mármore azul podem ser dois recursos a explorar, sobre os quais a china já demonstrou interesse. Diversificar e desenvolver a economia de timor-Leste são dois objectivos a alcançar ao fomentar a indústria petrolífera. isso permitiria o desenvolvimento do saneamento básico, da rede viária,

da distribuição de energia, dos portos e saúde. construção civil, hotelaria, restauração, transportes e tecnologias de informação também beneficiariam. o Fundo monetário internacional (Fmi) alertou, em �00�, para o risco de a economia de timor-Leste se tornar demasiadamente dependente do petróleo, estando vulnerável às oscilações do seu preço. o Fmi aconselhava um aumento sustentável do investimento do Governo “a médio prazo, para suprir as consideráveis necessidades de desenvolvimento do arquipélago”, nomeadamente de infra-estruturas. entre as soluções sugeridas está a desaceleração do consumo interno de energia, a realização de investimentos e a expansão das reservas, através da exploração de novas tecnologias.carla Fernandes, doutoranda da Faculdade de ciências sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, destaca o papel das parcerias internacionais no processo de diversificação económica. “Uma das grandes prioridades da política externa timorense é desenvolver relações com países que permitam apoiar e desenvolver economicamente o território. como um dos países mais pobres do mundo e o mais pobre do sudeste asiático tem, como uma das suas grandes prioridades, o crescimento económico. É aqui que Pequim aparece como um parceiro

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atractivo, com uma das maiores economias asiáticas em contínuo crescimento que poderá possibilitar capital, tecnologia e o desenvolvimento dos recursos para que timor possa expandir integralmente as suas potencialidades”.e para garantir o desenvolvimento dessas potencialidades, timor-Leste tem para dar à china petróleo, gás e outros recursos, como o mármore azul e magnésio. a china reconhece esse potencial

inFRA-EstRUtURAs E tURisMo AbREM-sE A EMPREsAs CHinEsAs

analistas da realidade timorense são quase unânimes em considerar que as relações entre os dois países “tem um grande potencial para crescer”. além do petróleo, as infra-estruturas e o turismo deverão ocupar papel importante.Perspectiva-se este ano o lançamento de importantes projectos de infra-estruturas, como a construção do aeroporto, novas estradas, barragens e instalações portuárias e espera-se a participação de construtoras chinesas, embora com “forte concorrência” de congéneres coreanas, indonésias e malaias. “as receitas derivadas do petróleo e o desenvolvimento deste recurso permitirão a timor-Leste ocupar-se de forma eficaz das suas necessidades em matéria de desenvolvimento, reforçar ainda mais os seus recursos humanos, consolidar os avanços obtidos até hoje, acelerar e sustentar o crescimento económico, reduzir a pobreza e melhorar o bem-estar do povo de timor-Leste”, de acordo com o preâmbulo da Lei das actividades Petrolíferas. num recente estudo da Jamestown Foundation salienta-se a necessidade de uma continuidade da ajuda e a “manifestação de confiança nas perspectivas

de timor e uma maior proximidade podia trazer-lhe vantagens. “custar-lhe-ia muito menos em termos de transporte e segurança, e também em termos de projecção de influência. assim, havendo alternativas regionais ao fornecimento energético, como timor, as prioridades ajustam-se”, disse moisés silva Fernandes, director do instituto confúcio da Universidade de Lisboa.

discurso directo

Moisés silva FernandesDirector do Instituto Confúcio da Universidade de Lisboa

Em termos económico, que projecções é possível fazer para as relações dos dois países nos próximos anos? Primeira, existe uma dinâmica comunidade chinesa em Timor-Leste que irá incentivar o estreitamento das relações comerciais, pois pratica preços imbatíveis no exíguo mercado timorense e transporta produtos muito baratos até aos locais mais remotos do país. Segunda, quando existir estabilidade política em Timor-Leste a China vai ter interesse em ter acesso aos produtos petrolíferos timorenses, pois ficam em termos geográficos relativamente perto do Sul da China. Todavia, esta situação vai contribuir provavelmente para o surgimento de uma aliança informal, ou seja, não escrita, entre a China, a Indonésia, a Malásia e Portugal, para mitigar a crescente hegemonia australiana em Timor-Leste. Enquanto não conseguir circunscrever a preponderância de Canberra em Timor-Leste, a China verá coarctada muitas das suas iniciativas por parte dos decisores políticos australianos.

tiMoR-lEstE

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discurso directo:Carla FernandesFaculdade de ciências sociais e Humanas, Universidade nova de Lisboa

Como descreve as relações entre a China e timor em comparação com as relações com outros países de língua portuguesa? Timor-Leste não é actualmente um grande parceiro económico da China no espaço lusófono, como são Brasil e Angola. De acordo com as estatísticas dos Serviços da Alfândega da China, as trocas comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa, de Janeiro a Dezembro de 2008, atingiram 77 022 mil milhões de dólares. Angola e Brasil foram os países que mais viram as suas trocas aumentar: 79 por cento e 63 por cento, respectivamente. Timor-Leste aparece em sétimo dentro do espaço lusófono, e com um decréscimo de 2,73por cento nas trocas comerciais.Macau é um ponto de ligação entre os dois países?Macau não é a plataforma exclusiva de ligação entre a China e Timor. As relações entre os dois países são relações bilaterais entre dois governos, com um papel importante desempenhado pelos embaixadores chineses em Timor. Conhecedores da língua portuguesa são os grandes impulsionadores da relação bilateral e da promoção dos interesses da China em Timor. Macau e o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial têm contribuído para a aproximação entre e China e os países de Língua Portuguesa, sobretudo a nível económico. O secretariado permanente do Fórum tem vindo a desenvolver diversas iniciativas em Macau, na China e nos países do espaço lusófono, como conferências, missões empresariais e contacto entre altos representantes dos países e membros. O Fórum veio apenas consolidar as relações bilaterais históricas existentes entre Timor e a China, e dar consistência política a uma estratégia que já vinha a ser consolidada há vários anos. E Portugal?Portugal é o segundo maior parceiro de Timor, país que é um dos maiores destinatários da cooperação bilateral portuguesa. Em Maio de 2009, foi assinado um acordo, centrado na agricultura e reintrodução da língua portuguesa, formalizado o apoio com 1 milhão de euros para o período de 2008-2010. O programa de cooperação tem três principaís direcções: boa governanção, desenvolvimento sustentável e combate à pobreza. Dentro do Programa de Apoio Transitório, coordenado pelo Banco Mundial, Portugal tem uma contribuição trienal de 9 milhões de dólares. A destacar ainda a presença de Portugal no Trust Fund for East Timor (TFET), no valor de 176 milhões de dólares, destinado à reconstrução e o desenvolvimento de Timor-Leste. Enquanto parte do fundo, Portugal contribui com 50 milhões de dólares. A cooperação de Portugal em Timor reflecte-se em várias áreas, havendo também registo de tentativas de exploração de blocos petrolíferos pela Galp Energia, a par da Petronas da Malásia, da Petrobras do Brasil, da ENI de Itália e da Reliance Industries da Índia.

económicas”. o potencial de investimento privado é cada vez maior, revelando-se uma possibilidade de entrada no país.

também deve ser incentivada a capacidade de empresas timorenses promoverem o comércio e a exportação. Pode

ser considerado um exemplo quando, em �00�, uma empresa de comercialização de produtos petrolíferos de timor-Leste,

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���

josé Ramos Horta Presidente da república GovernoXanana gusmãoPrimeiro-ministro

Zacarias Albano da Costa (negócios estrangeiros e cooperação)

Pedro lay (infra-estruturas)

Emília Pires (Planeamento e Finanças)

joão gonçalves (economia e Desenvolvimento)

gil da Costa Alves (turismo, comércio e indústria)

Mariano sabino (agricultura, Florestas e Pescas)

Embaixador sun Manembaixada da república Popular da china em timor-Lesterua Governador serpa rosa, Faroltel: �������

Cornélio luz Ferreirarepresentante no Fórum macau

a ta Fui oil, abriu um escritório em macau destinado à venda de produtos petrolíferos na região. Foi dada a conhecer a consciência da potencialidade do território, de maneira a fazer chegar o comércio à china. o potencial do turismo emissor chinês exerce uma força sobre o sector do turismo, incluíndo em timor-Leste. Daí que o país aposte nas praias, na cultura e na história, procurando desenvolver infra-estruturas necessárias para responder a esse turismo. a construção de hotéis e complexos turísticos pode ser um dos projectos próximos de investidores privados chineses. enquanto membro da organização mundial de turismo desde �00�, a aposta séria no turismo pode agora trazer receitas a timor-Leste. Pode ainda criar postos de trabalho, desenvolver zonas não-urbanas e facilitar o acesso das populações a infra-estruturas. assim, o vice-ministro do desenvolvimento de timor-Leste, por ocasião da ��ª assembleia Geral da organização mundial do turismo no senegal, considerava que o turismo devia ser “utilizado, pelos parceiros do desenvolvimento, como uma ferramenta moderna e inovadora da cooperação internacional”.De acordo com a embaixada da china em Díli, a cooperação entre a china e timor-Leste será alargada a áreas como as florestas, as pescas e a construção

de infra-estruturas, para além do petróleo e gás. neste sector, adianta, os desenvolvimentos não foram muitos desde o estudo, realizado pela Petrochina em �00�, para localização das reservas em terra. não conseguindo ficar com os direitos da extracção, o projecto não avançou. macau e timor-Leste cooperaram em áreas como o turismo, formação, desportos, justiça, indústria eléctrica e cultura. macau deu apoio financeiro a timor-Leste para a construção do museu e arquivos da resistência, bem como para a participação de atletas timorenses nos Jogos da Lusofonia. segundo a representação diplomática chinesa, em �00�, as trocas comerciais entre os dois países ascenderam a �4,� milhões de dólares. a china começou a importar gás natural liquefeito e café. alguns investidores privados avançaram com a produção de arroz e actividades de pesca, outros estão a estudar a possibilidade de produzir tabaco e cana de açúcar em timor-Leste.

Timor-LesteQuem é Quem

tiMoR-lEstE

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o parceiro estratégicoPoRtUgAl

PoRtUgAl: FACtos EssEnCiAis

capital Lisboa

Língua oficial Português

moeda Euro

Fuso Horário UTC+1

indicativo telefónico internacional +351

código internet .pt

Área 92 391 Km2

PiB EUR 25,5 mil milhões (2008)

População 10,6 milhões (estimativa 2008)

Portugal e china são nações antigas unidas pela cultura e pelas comunidades – portuguesa em macau ou chinesa em território português. Hoje, une-as também o forte envolvimento nos países africanos de língua portuguesa, onde é amplo o potencial para parcerias entre empresas dos dois países.no campo económico bilateral, tem sido mais bem-sucedida a entrada de empresas chinesas na economia portuguesa do que de empresas portuguesas na china ou em macau. a balança comercial tem vindo a crescer, mas pende claramente para o lado de Pequim.mas Portugal, destino turístico oficialmente aprovado pelo “gigante”asiático, dispõe de importantes oportunidades: no turismo, nos vinhos, nas indústrias culturais.como reconhecimento oficial da importância das relações entre Pequim e Lisboa, a china elevou Portugal ao estatuto de “parceiro estratégico”, depois de uma visita do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, em Dezembro de �00�.

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�40

PoRtUgAl: “RAio X” EConóMiCo

Portugal é o país lusófono em melhor posição nas listas de facilidade de negócios. nos últimos anos, houve um grande esforço de desburocratização e simplificação. Hoje, é possível constituir uma empresa num só dia. contudo, a recessão global apanhou o país numa situação de anemia económica, que rapidamente degenerou na pior recessão desde �9��.segundo as últimas previsões da ocDe, este ano o PiB português vai recuar 4,� por cento, número mais pessimista que

os �,� por cento que constam das contas do governo e do Banco de Portugal. será, a confirmar-se, o sexto pior desempenho da zona euro. o Fundo monetário internacional prevê uma quebra de 4,� por cento este ano e de 0,� por cento em �0�0. menos afectado pela crise bancária so que outros países como a alemanha ou irlanda, Portugal vai gastar 4 mil milhões de euros, �,� por cento do PiB, na estabilização do seu sector financeiro, segundo o último relatório de estabilidade financeira do Fmi.as razões para a difícil situação vivida prendem-se sobretudo com a recessão dos seus principaís parceiros económicos: espanha e alemanha. a crise chegou também numa altura em que o desemprego já suscitava preocupações, levando a uma aceleração da subida para perto de dois dígitos. a ocDe prevê uma taxa de 9,� por cento este ano.. “Portugal está no meio de uma profunda recessão, devido ao colapso do comércio externo e condições financeiras mais apertadas, que afectaram todas as partes da economia”, escreve a ocDe.o cenário actual contrasta fortemente com o desempenho até final dos anos 90, quando o rendimento dos portugueses

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�4�

se aproximou da média comunitária. o rendimento estagnou em cerca de dois terços da média dos seus pares europeus. entre �9�� e �990, o crescimento médio do PiB “per capita” foi de �,� por cento. até �99� abrandou para �,� por cento e até �000 acelerou para �,4 por cento. De então a �00�, a média foi de menos 0,� por cento. o défice externo português (�0 por cento do PiB) é, segundo o Fmi, o quinto maior a nível mundial. nos últimos anos, a captação de investimento

tornou-se mais difícil com a concorrência dos novos países-membros da União europeia, a leste do continente. sintoma do desequilíbrio externo e da perda de competitividade é o facto de apenas os sectores de bens não-transaccionáveis registarem criação de emprego e aumentos salariais significativos. segundo a economista-chefe do banco português BPi, cristina casalinho, “os sectores de bens transaccionáveis expostos à concorrência externa definharam, com os sobreviventes obrigados a alinhar o referencial de custos pelos seus competidores”.Já o ambiente de negócios não tem paralelo entre os países de língua portuguesa. Portugal aparece na 4�º posição entre os ��� países anualmente incluídos pelo Banco mundial na listagem “Doing Business �009”. na última edição, contudo, o país perdeu cinco lugares. Portugal avançou com reformas consideradas “positivas” em três das dez áreas de referência para o cálculo de um dos indicadores mais seguidos pelos investidores internacionais. Pela negativa é notada a legislação laboral, em geral, e os custos de despedimento, em particular.

Portugal: Análise SWOT

Forças• Desburocratização• sector financeiro

Fraquezas• Produtividade baixa • Défice externo

oportunidades• ambiente de negócios

Ameaças• endividamento • Desemprego

PoRtUgAl

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�4�

“A CHinA não qUER PERdER tEMPo E dinHEiRo”

Há �0 anos, a � de Fevereiro de �9�9, Portugal e a china estabeleceram relações diplomáticas formais. tinha havido alguns anos de suspensão com a chegada ao poder do Partido comunista chinês na china, em �949. até �999, quando a administração de macau passou para a china, houve muitas tentativas de aprofundar as relações económicas entre os dois países.“estava ali uma boa oportunidade de colaboração das empresas chinesas e empresas portuguesas”, relembra Fernanda ilhéu, anterior secretária-geral da câmara de comércio e indústria Luso-chinesa e professora no instituto superior

de economia e Gestão em Lisboa. essa percepção era clara para quem estava em macau. “Queríamos que as empresas portuguesas percebessem isso e que fossem motivadas”, acrescenta.esse período de tempo, até aos anos 90, foi difícil para Portugal e a situação das empresas portuguesas não facilitava o acesso à china. marcar presença no mercado chinês podia ser um passo suficiente para uma futura oportunidade. “Houve empresas que levaram cinco anos apenas para marcar presença, até ter chegado a oportunidade de uma grande obra. só então deslocaram engenheiros e equipas”.em macau, assistia-se à reforma da administração pública, à renegociação do contrato de jogo, ao investimento em infra-estruturas e em obras públicas. empresas portuguesas de construção como a soares da costa e a teixeira Duarte começaram a marcar presença. o salto que se deu na construção de infra-estruturas fez da década de 90 os anos de ouro. Fernanda ilhéu lembra os grandes projectos nos quais as empresas portuguesas tiveram um importante papel. a concorrência era pouca: não havendo empresas locais que concorressem às obras, havia uma maior abertura para a participação de Portugal. a situação altera-se depois da transferência de macau para

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�4�

a china, em �999, e sobretudo com a abertura da china em �00� ao ser aprovada a adesão à organização mundial de comércio. a concorrência torna-se muito maior. entrar nos concursos públicos passava a exigir uma adaptação das empresas portuguesas. algumas retiraram-se prematuramente.Às actuais empresas que ponderem investimentos no mercado chinês ou no mercado português, interessa transmitir a experiência das empresas que já lá estiveram. “Passar pelas mesmas dificuldades culturais e considerar perspectivas de negócio que a china não quer é perder tempo e dinheiro”, salienta Fernanda ilhéu.“nunca se conseguiu perspectivar

trocas Comerciais China-Portugal (Usd milhões)

Ano volume Comercial Exportações da China para Portugal

importaçõesda China de Portugal

�00� ���.�� �00.9� ��.��

�00� �00.9� 40�.�� �94.��

�004 ��9.�0 ���.40 ��0.90

�00� ����.�� 9��.0� ���.��

�00� ����.�� ���9.�� ���.��

�00� ���0.�� ����.�� ��4.��

�00� (Primeiros Dez meses)

����.44 �9�4.�9 ���.��

Fonte: ministério do comércio chinês

associações empresariais entre empresas portuguesas em macau e parceiros na china. Poderiam juntar-se e fazer obras na china, em macau e noutras partes, pressupondo investimento e compromisso de ambos os lados”, diz Fernanda ilhéu. essas parcerias assumiam-se como indispensáveis, tanto para facilitar o acesso aos concursos como para reduzir os custos. com a abertura da china à economia global, em �00�, foi necessária uma reformulação significativa. a comunidade empresarial internacional passa a perspectivar a sua presença na china: saber o que oferece e que oportunidades existem. “não há dúvida que a china é o

grande motor do desenvolvimento global”, afirma Fernanda ilhéu. numa fase inicial, a oportunidade que existia era a integração em cadeias de valor internacionais. Fazer parte da produção na china, comprar na china produtos semi-fabricados e incorporá-los nas cadeiras de valor multinacionais.

PoRtUgAl

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Hoje, não estar na china pode trazer problemas de competitividade às empresas. “Uma marca portuguesa tem dificuldade em competir com uma marca espanhola ou italiana que está na china”, explica Fernanda ilhéu. e se o produto a vender for o mesmo, se a rede de distribuição for menor e se as empresas internacionais fizerem parte da produção da china, com custos muito mais baixos, a competição para quem está fora é insustentável.“as empresas portuguesas só poderão ser competitivas se concentrarem em Portugal as actividades com maior valor acrescentado tais como investigação e Desenvolvimento, design, marca e produção de produtos inovadores, assim como o controlo dos canais de distribuição internacionais, deslocando parte da sua produção para países com baixos custos em sistema de ‘outsourcing’ ou através de iDe.Portugal tem vantagem em sectores que são genuinamente portugueses, mas a china também procura parceiros nas novas tecnologias, das energias renováveis, na saúde ou em sectores de vanguarda. “não tenho dúvida que muitos produtos portugueses, se estivessem à venda na china, teriam imenso sucesso”, diz Fernanda ilhéu. mas então por que razão não estão no mercado chinês? a dimensão e a capacidade das empresas portuguesas pode ser duas razões

a apontar. mas nem sempre a entrada na china tem de significar um investimento impossível de alcançar. É necessária a consciência da concorrência com empresas americanas, japonesas, africanas, europeias, mas também as chinesas.a inicial tendência dos produtos indiferenciados, vendidos em grandes armazéns, já não é única. Face a um consumidor com uma diferente procura, as empresas chinesas começam a prestar mais atenção à marca, distinguindo-se uma maior qualidade de marketing na marca, na loja, no próprio layout do produto. a abertura da região do delta do rio das Pérolas, nas cidades de Xangai, cantão, shenzhen e Pequim e o potencial de mercado que nele existe não passam despercebidos. existem grandes oportunidades para desenvolver trabalho com a china, sobretudo a zona sul. mas é difícil marcar uma presença que não esteja ligada ao investimento, tanto na área industrial – mais comum há uns anos – como nos serviços e sector terciário, retalho e distribuição por grosso. Durante o ano de �00�, registava-se uma aceleração das trocas comerciais entre Portugal e a china, embora a importação de produtos chineses superasse as exportações portuguesas, dando a Portugal um saldo negativo de ���,9 milhões de euros. Depois de uma visita

do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, a Portugal em Dezembro de �00�, o país era elevado a parceiro estratégico, num reforçar das relações bilaterais. Portugal juntava-se assim à Grã-Bretanha, França, alemanha e espanha. nessa altura, assinaram-se acordos de cooperação em matéria jurídica e judicial, na área da saúde, protecção recíproca de investimentos, ensino das línguas chinesa e portuguesa. assinaram-se também acordos de cooperação entre os sectores dos moldes, comunicações e tecnologias.criava-se também um acordo de associação da portuguesa sonaecom à chinesa Huawei technologies, fabricante de equipamentos de telecomunicações. a portuguesa cefamol e a chinesa china Die and mould industry association estabeleceram uma parceria para promover investimentos e cooperação industrial entre as empresas do sector nos dois países. sendo Portugal um dos maiores fabricantes mundiais de moldes de precisão para a indústria do plástico, e colocando no estrangeiro cerca de 90 por cento da sua produção, o mercado chinês mostrava-se uma boa aposta. a aposta em agências de promoção do investimento português na china, como a agência de promoção de investimentos e exportações aiceP, revelaram o crescente

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interesse e motivação. em �00� e �00�, registavam-se já aumentos na exportação de vinhos portugueses para a china, considerando desde então o potencial do mercado chinês. no mesmo sentido, a cimenteira portuguesa cimpor reforçava a sua importância das suas actividades na china, sobretudo em shandong e nas áreas circundantes a Xangai. Várias conferências de análise do mercado da china, organizadas pela câmara de comércio Luso-chinesa e pela aiceP, procuraram dar a conhecer ao empresário português a melhor forma de investir.em �00�, dá-se a aquisição da empresa chinesa Liyand Dongfand cement pela portuguesa cimpor, elevando para � milhões de toneladas a capacidade anual de produção de cimento. outro acordo entre a china UnionPay e caixa Geral de Depósitos, assinado em �00�, permitiu a utilização de cartões bancários chineses nas caixas de multibanco em Portugal.

As dificuldades da Efacec na China

joão oliveira e sousaVice-Presidente da Liaoning Efacec Electrical Equipment Co. (LEEC)

1.Como se deu a entrada Efacec na China?

A Efacec está na China desde 1994 através de uma parceria que estabelecemos em Liaoyang com um parceiro local (maioritário). Fruto dessa parceria foi construída e inaugurada uma unidade fabril, chamada LEEEC, em 1997. Esta parceria tinha por objectivo fabricar transformadores para o mercado Ásia-Pacifico que, na altura, estava a ser “alimentado” directamente de Portugal. Paralelamente estamos em Macau desde 1988. Até 2008 esta foi a base de coordenação de toda a actividade do grupo, na região Ásia-Pacifico. Macau foi sempre visto como o ponto de entrada “natural” para a China. Inclusivamente até 1999, Macau foi palco de grandes e importantes encomendas para a Efacec.

2.que evolução teve a empresa no mercado chinês?

O ímpeto com que chegámos ao mercado da Ásia-Pacifico não teve correspondência da parte do nosso parceiro na China. A Efacec manteve uma presença de quadros de topo até 2003, mas uma séria crise financeira, além de interpretações diferentes de como gerir a empresa, levou a Efacec a retirar os seus quadros da empresa. A China reveste-se de muita importância para uma empresa internacionalmente presente, como é a Efacec. Neste momento estamos a empenhar esforços no sentido de resolver a situação, pois a Efacec pretende ter uma presença forte não apenas na China mas também nos mercados circundantes.

PoRtUgAl

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tURisMo, vinHos, CUltURA: invEstiMEntos PARA o FUtURo

É consensual entre os analistas que fazer negócios com empresas chinesas exige algum tempo. esse tempo é sinónimo de um aprofundar de relações de confiança entre os empresários portugueses e chineses. a necessidade de desenhar uma estratégia de entrada, com base num conhecimento profundo da realidade chinesa, é requisito para o sucesso. a confiança criada entre os empresários permite um compromisso, permite a aceitação e a entrada numa rede, começando a perspectivar oportunidades de negócio, o que levará ao investimento. “temos de encontrar uma zona de negociação vantajosa para ambas as partes. e as visitas de dois ou três dias não são muito produtivas. os maiores progressos não são à mesa das negociações, mas nos bastidores, nos intervalos.”Uma das bases estruturais para as relações económicas entre Portugal e a china deverá ser uma aproximação cultural. investir na formação superior, através de parcerias entre universidade portuguesas e chinesas, é uma das medidas defendidas por vários especialistas ou académicos. sonny Lo, docente da University of Waterloo no canadá, sugere como oportunidade para Portugal o desenvolvimento de centros de investigação em cantão, no delta

discurso directomoisés silva FernandesDirector do Instituto Confúcio da Universidade de Lisboa

1 – Pode a aproximação cultural entre a China e Portugal funcionar como base para futuros investimentos e uma maior interacção entre empresas portuguesas e chinesas?Uma das principaís vertentes que tem de ser reforçada é a da aproximação cultural entre a China e a lusofonia nas áreas da formação e do intercâmbio e da cooperação entre universidades. Os interesses que a China possui nos países de língua portuguesa justificam plenamente o reforço desta vertente. Todavia, existe um hiato entre as intenções e a realidade no terreno. Tem que existir um investimento financeiro forte em recursos humanos e científicos e um compromisso a curto, médio e longo prazos para viabilizar esta vertente. Seria ideal se o Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a Chinae os Países de Língua Portuguesa, com o apoio do Governo Central da China e do Governo da RAE de Macau, instituísse um programa de financiamento para esta área, ao qual as universidades chinesas e lusófonas se pudessem candidatar. Estes projectos de financiamento deveriam durar entre dois a quatro anos.

2 – que evolução existe na receptividade às parcerias entre universidades portuguesas e chinesas? que projecção é possível fazer em relação aos próximos anos?Nos últimos dois anos a Universidade de Lisboa tem feito um grande esforço no sentido de reforçar as relações de cooperação e o intercâmbio de docentes, discentes e de publicações científicas com instituições homólogas da China e da Região Administrativa Especial de Macau. Esperamos que com a realização do XX Encontro Anual da Associação da Universidades de Língua Portuguesa (AULP) em Macau, em Maio do próximo ano, possamos reforçar esta orientação estratégica.

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do rio das Pérolas e em macau, para que os empresários e académicos portugueses tenham um conhecimento aprofundado do sul da china. Facilitava-se o acesso cultural e económico à china, a longo prazo, destacando o potencial de zhuhai, futuro centro educacional.a aproximação no âmbito dos projectos culturais pode ainda ser incentivado pela comunidade de macau, considerada pelo investigador sonny Lo “um grupo único que não só actua como ponte entre Portugal e a china como também representa uma vantagem cultural para Portugal”. outra grande oportunidade está no sector do turismo. a previsão de �00 milhões de turistas chineses a viajar anualmente para o estrangeiro, em �0�0, exerce um enorme atractivo. o aumento do poder de compra da classe média chinesa, a abertura de fronteiras e a fácil movimentação geraram um mercado emissor em claro crescimento.torna-se imperativo aproveitar essa oportunidade. segundo dados recentes, e ainda que tenha desde �004 o estatuto de Destino turístico aprovado, Portugal apenas recebe por ano cerca de �0 mil turistas chineses, permanecendo em média três a quatro dias no país. zélia Breda, investigadora da Universidade de aveiro,

considera “irrisório o número de turistas chineses em Portugal, quando se tem em conta o potencial”. a fraca promoção, o conhecimento ainda relativo de Portugal e a falta de ligações aéreas directas são razões apontadas.investir na promoção do turismo em Portugal é uma aposta dos próximos anos. “a participação de Portugal nas feiras de turismo na china, para marcar presença, é um ponto importante. investe-se agora também na tradução das páginas electrónicas para chinês”.apostar no potencial histórico de Portugal e na diversidade geográfica é essencial, devendo fazer parte da estratégia de promoção. É igualmente essencial conhecer o turista chinês. “Perceber o que procura, para saber como conduzir esse investimento. sabemos que é um turista que deixa muito dinheiro por onde passa”.Podem considerar-se actualmente dois tipos de turistas chineses: o que viaja em grupo (com pacotes definidos) e o mais aventureiro (com maior flexibilidade). as diferenças culturais e linguísticas do país de destino podem ser um dos factores que influenciam o turista a viajar em grupo. a segurança e a assistência durante a viagem têm grande importância, bem como necessidades específicas em relação ao alojamento, alimentação e guias turísticos.

Para outros, a vertente cultural e ambiental tem maior importância.“Geralmente preferem visitar cidades, tendo como actividades de lazer as visitas de “sightseeing” e compras, sendo que esta componente é responsável por uma grande parte da despesa total da viagem”, afirma zélia Breda. De acordo com o estudo nielsen china outbound travel monitor, o turista chinês gasta entre ��9� e ��0� dólares durante cada viagem ao estrangeiro.consciente das oportunidades que este turismo emissor chinês pode representar para Portugal, zélia Breda enumera algumas medidas a tomar. criação de estratégias de marketing específicas para o mercado chinês, cooperação com outros países da europa (Portugal e espanha promovem-se em conjunto desde Fevereiro de �009), participação nas principaís feiras de turismo, realização de estudos sobre a imagem de Portugal, tradução dos sítios de informação turística para chinês e formação de guias turísticos com conhecimentos específicos acerca deste mercado são alguns dos pontos a desenvolver. interessa adequar a oferta ao que o turista chinês procura, investindo inicialmente numa análise do consumidor e prestando atenção aos pormenores que possam significar a diferença.

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discurso directoMárcio Ferreira, ViniPortugal

1. qual a evolução da exportação de vinhos portugueses para a China?Nos últimos 10 anos Portugal assumiu o compromisso de se tornar competitivo no sector dos vinhos, isso significa que devemos estar direccionado aos mercados que demonstrem maior potencial. Na China, em 2008, crescemos cerca de 35 por cento em valor (2,6milhões de dólares) em relação a 2007. Será interessante observar como acabamos o ano e ver se esta crise mundial afecta o nosso crescimento. Para já as coisas ainda estão a correr bem, se atingíssemos os 3 milhões em 2009 seria muito positivo. Outro factor é a posição que os vinhos Portugueses detêm em Macau, onde Portugal é líder de mercado em volume. Os laços entre Portugal e Macau são vitais para o posicionamento dos vinhos portugueses no mercado Chinês. Outro factor de decisão na aposta nestes mercados foi a abolição das taxas de importação em Hong Kong, que há cerca de 10 meses removeu o imposto sobre vinhos importados que chegaram a ser de 80por cento. Isto rapidamente fez com que a antiga colónia inglesa se tornasse na plataforma de fornecimento de vinhos para a China e com que o mercado triplicasse.

2. qual o esforço a ser feito para melhorar a exportação e aumentar o consumo?Penso que há muito a fazer quanto à imagem da garrafa. É preciso ter algum cuidado com o que se coloca numa garrafa direccionada à Ásia, especialmente a nível de cores. Penso que as empresas deviam prestar alguma atenção à gastronomia local, à cultura chinesa e aos hábitos de consumo locais. A nível internacional o mais importante é criar marcas de vinhos portugueses. Ainda não temos essa credibilidade, o que torna o nosso trabalho difícil a nível de penetração de mercado. Sem marcas não há base para que os operadores do retalho possam fundamentar as suas compras.

Barca Velha, Quinta do crasto ou alvarinho: Portugal tem reconhecidamente alguns dos melhores vinhos do mundo. É outra área em que as empresas dos dois países podem cooperar, dada a crescente apetência do chinês pelo tinto, branco ou “rosé”. o mercado de vinhos na china cresce �0 por cento ao ano e é estimado que em �0�� se torne no maior do mundo, ultrapassando assim os eUa. segundo o instituto nacional de estatística, Hong Kong, macau e china representaram vendas de cerca de �,� milhões de euros no final de �00�. em termos de ranking é o ��º mercado de exportação para os vinhos de mesa portugueses. se analisarmos o mercado de vinhos, verifica-se, segundo a ViniPortugal, que o consumo na china é actualmente de 0,� litros de vinhos per capita, sendo que em centros urbanos o consumo é de � litro. Por exemplo, nos eUa (outro mercado com um potencial enorme para vinhos) o consumo é de �� litros per capita. em Portugal é de 4� litros mas tem vindo a diminuir. a china é um mercado que está agora a descobrir os vinhos importados.

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“Win-win situation”… EM PoRtUgAl E EM todo o EsPAço lUsóFono

como pode Portugal agir para atrair investimento chinês? antes de mais, há que ter em conta a importância de uma atitude pró-activa: saber o que interessa aos empresários chineses, o que procuram e o que Portugal lhes pode oferecer. Pode também Portugal seleccionar os sectores da china que lhe interessam e arranjar formas de os atrair, com projectos concretos. Uma vez mais, isso requer confiança, relações estáveis e tempo. “tudo é um trade-off com a china. Um mundo de trade-off que tem de ser uma win-win situation, ambos os lados têm de beneficiar”, resume Fernanda ilhéu. mais recentemente, o grupo português mota-engil ganhou uma obra em angola para a construção de um terminal de contentores em Luanda, segundo o Jornal de negócios. a data de entrega da obra é Junho de �0�0 e, quando concluída, a capacidade do terminal de contentores do porto de Luanda passará de ��0 mil teU (unidade equivalente a contentor de �0 pés) para �04,� mil teU.as trocas comerciais entre Portugal e angola atingiram ��0 milhões de euros de Janeiro a abril de �009, tendo aumentado ��,� por cento relativamente ao período homólogo de �00�, de acordo com

grandes Projectos sino-Portugueses em Curso

EdP – Energy solutions ásiaProjecto: eDP – energias de Portugal (�0 por cento do capital) e grupo stanley Ho (40 por cento do capital) criam a eDP – energy solutions Ásiaobjectivo: mercado das energias limpas na república Popular da china, para serviços de consultoria na gestão de soluções energéticas limpas. eDP reforça a posição na Ásia, operando com �� por cento na companhia de electricidade de macausede: Pequim (criada em macau)criação: Fevereiro de �009

Parceria Portugal telecom (Pt) HuaweiProjecto: Portugal telecom (Pt) escolhe Huawei, grupo chinês de equipamento de telecomunicações, para desenvolvimento da rede de anda larga da telefónica portuguesa, de maneira a levar fibra óptica em � milhão de casas até ao fim de �009criação: Junho �009

turismo Chinês em Portugal e Espanha�.Projecto: Portugal e espanha juntam-se na promoção na china: destino ibérico único; Portugal beneficia das ligações aéreas da china a madridobjectivo: promover o mercado ibérico para o turismo chinêscriação: Fevereiro de �009�. Projecto: segunda visita de operadores turísticos a Portugalobjectivo: promover o turismo portuguêscriação: setembro de �009

vinhos Portugueses na ChinaProjecto: Promoção dos vinhos portugueses no eixo Ásia-Pacífico, em parceria com distribuidores de macau, Hong Kong e china continental, explorando o crescimento do mercado local e a potencialidade dos vinhos portugueses

PoRtUgAl

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o presidente da câmara do comércio e indústria Portugal-angola (cciPa). a linha de crédito para investimentos, entre Portugal e angola, está a financiar um conjunto de grandes projectos, incluindo a construção de pontes e hospitais, segundo a caixa Geral de Depósitos. É uma das três linhas de crédito para investimentos em angola que a caixa Geral de Depósitos (cGD) tem operacionais com um valor conjunto de �,� mil milhões de euros. o investimento de empresas portuguesas em angola é visível nos últimos anos, sendo progressivamente conhecidos projectos variados. em Julho de �009, foi conhecido o interessa da zon multimédia em investir no serviço de televisão em angola.Para moçambique, as exportações de Portugal aumentaram �� por cento em �00� e no sentido inverso o crescimento foi de �00 por cento. Portugal vai abrir uma linha de crédito de até �00 milhões de euros a favor de moçambique para financiar investimentos em infra-estruturas que envolvam empresas portuguesas.

Homens de negócios Portugueses e Chineses juntos em lisboa

no Fórum de cooperação económica e comercial china-Portugal, em Julho na cidade de Lisboa, estiveram representadas mais de ��0 empresas chinesas, sobretudo dos sectores da electro-mecânica e a alta tecnologia, a exploração de energia e recursos naturais, produtos e máquinas têxteis. o ministério do comércio da china e o ministério da economia e da inovação de Portugal assinaram um memorando de entendimento para reforçar a cooperação entre as pequenas e médias empresas. chen Deming, ministro do comércio chinês, considerou salientou quatro pontos essenciais nas relações económicas: manter um crescimento equilibrado no comércio bilateral, promover o investimento recíproco, enriquecer o Fórum de macau e alargar o intercâmbio e a cooperação não só governamental mas empresarial.a nível empresarial, um novo acordo foi assinado entre a chinesa Wenzhou Hailite Windpower company e a empresa portuguesa eDP para exploração de energia eólica e, numa fase inicial, o investimento alcançará um valor de �94 a 44� mil milhões de dólares. também a naw Kwong Group e a portuguesa mota-engil puseram “preto no branco” o projecto de uma plataforma logística no Porto de sines.

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Aníbal Cavaco silva Presidente da república

Governojosé sócratesPrimeiro-ministro

luís Amado (ministro dos negócios estrangeiros)

teixeira dos santos (ministro da economia e das Finanças)

Mário lino(obras Públicas, transportes e telecomunicações)

jaime silva (agricultura, Desenvolvimento rural e Pescas)

basílio HortaPresidente da agência para o investimento e comércio externo de Portugal (aiceP)

gao Kexiangembaixador da china em Portugalrua de são caetano �, Lisboa tel: (+���) ��� 9�� ��0

Y Ping Chaoassociação industrial e comercial Luso-chinesacalçada rio ��, loja ��499-00� algéstel: (+���) ��4 ��� �9�

Rodolfo lavradorPresidente da câmara de comércio e indústria Luso-chinesarua antónio Patrício, nº � r/c - B ��00-04� Lisboa Portugal tel: (���) �� - �9� 4��4 Fax: (���) �� - �9� 4��� [email protected] www.ccil-c.com

Portugal Quem é Quem

PoRtUgAl

domingos simões Pereirasecretário executivo da comunidade dos Países de Língua Portuguesarua de são caetano, n.º ����00-��9 LisboaPortugaltel: (+���) ��� 9�� ��0Fax: (+���) ��� 9�� ���www.cplp.org delegação Económica e Comercial de Macauavenida � outubro ���, 4º �0�9-�04 Lisboatel: ��� 9�9 ��4 fax: (+���) ��� ��� ��9http://www.cccm.pt/[email protected]

Centro Científico e Cultural de Macau É um instituto Público do ministério da ciência, tecnologia e ensino superior de Portugal. Promover seminários, cursos, exposiçõese actividades diversas relacionadas com os mais variados aspectos das relações luso-chinesas, com especial enfoque para macau, sem esquecer em termos mais globais o diálogo europa-china-Ásia. o cccm promove também a investigação científica e formação contínua, sendo um dos pólos mais importantes no diálogo cultural e académico entre Portugal e china. r Junqueira �-a, Lisboa��00-�4� Lisboa tel: ��� ��� �90 fax: (+���) ��� ��� ��9http://www.cccm.pt/[email protected]

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volUME dAs tRoCAs CoMERCiAis EntRE A CHinA E os PAísEs dE língUA PoRtUgUEsA dE jAnEiRo A dEZEMbRo dE 2008

Unidade: �0 mil de UsD

número País De Janeiro a Dezembro de �00� Volume das trocas comerciais de Janeiro a Dezembro de �00�

Volume das trocas comerciais

exportações da china

importações da china

aumento (por cento)

total exportações da china

importações da china

� Angola �����44.�� �9��9�.9� �������.�� �9.�0 ���.�� ��.�� �4��99�

� brasil 4����0�.�� ���49�9.40 �9�����.9� ��.�� �4.�� ��.�� �9�0�04

� Cabo verde ����.�9 ����.�9 * -9.�� -9.�� * �4�0

4 guiné-bissau ���.�0 ���.�4 ��4.�� -�.0� -��.�� ��0.94 �4�

� Moçambique 4�4��.�� ���4�.9� ���90.�� 4�.�� �0.0� �.�� ��4��

� Portugal ��9��9.�� ��0�9�.�0 �����.9� ��.�� ��.�� 0.�� ���0��

� timor-leste 9��.00 9�4.�� �0.�� -�.�� -�.�4 ���.40 9��

� são tomé e Príncipe ��9.4� ���.�0 �.�� �.4� �.4� ���.00 ���

total 7702180.05 2430086.49 5272093.55 66.16 66.18 66.15 4635338

Fonte: serviços da alfândega da china

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As MAioREs EMPREsAs CHinEsAs EM PAísEs dA CPlP

Portugal zte de Portugal Lda./zte corporation, Huawei technologies, china Die and mould industry association, Geocapital

Angola Geocapital, sinopec, Huawei technologies zte de angola Lda./ zte corporation, a sinopec, a china international and trust and investment corporation (citic), a sinohydro, a china Ferrovia Grupo �0, a Dongfeng nissan, a china road and Bridge corporation(crBc), a Wuhan iron and steel, china General machinery and equipment import and export (cmec), a sinomach, Jiangsu international , china railway construction company, cnooc

brasil Green electric appliances do Brasil Lda., zte do Brasil Ltda / zte corporation, chinatex Grains and oil imp. & exp. co. Lda.,Huawei technologies china national machinery & equipment import/export, chana, effa motors, Hafei motor e Jinbei, china Development Bank, Bank of china, chery

Cabo verde Geocapital, china Bulding material industrial corporation for Foreign econo-technical cooperation, china ocean shiping companies Group (cosco), cnFc (china overseas Fisheries co.)

guiné-bissau Western metal Product company (Wempco),

Moçambique sogecoa (moçambique) Lda., Huawei technologies, zte, china Geo-engineering cooperation, china internal trade engineering Design & research institute, china shandong Foreign economic & tecnhical cooperation Group, china Henan international cooperation Group co.Ltd – cHico, anhui Foreign economic construction corporation, Geocapital e china metallurgical construction Group (mcc), construção ccm

s. tomé e Príncipe sinopec, coVec

timor-leste zte, china nuclear industry ��nd construction company, Petrochina, Geocapital

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