MACROECONOMIA & MERCADOS · se para este período uma taxa de crescimento de 3,9% para a economia...

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Fevereiro, 2016 MACROECONOMIA & MERCADOS Relatório IIº Semestre 2015

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  • Fevereiro, 2016

    MACROECONOMIA

    & MERCADOS

    Relatório IIº Semestre 2015

  • 2

    Introdução

    O segundo semestre de 2015 terminou com os mercados envoltos em

    várias incertezas que têm posto em causa a confiança dos investidores.

    A desaceleração das principais economias emergentes, a volatilidade no

    preço do petróleo e as políticas monetárias divergentes nos principais

    blocos económicos, influenciaram a performance dos mercados a nível

    global.

    Consequentemente, a economia mundial cresceu a um ritmo mais

    moderado, 3,1%, abaixo dos 3,5% inicialmente previstos pelo FMI no

    relatório World Economic Outllook, 2015. Entretanto, estima-se que, em

    2016, este ritmo de crescimento deverá apresentar melhorias, prevendo-

    se para este período uma taxa de crescimento de 3,9% para a economia

    global. Contudo, este ritmo de crescimento apresentar-se-á díspar entre

    as diversas regiões do mundo, devido à transferência de rendimento das

    economias produtoras para as consumidoras de petróleo, e dadas as

    diferentes políticas monetárias.

    Por cá, a economia angolana sofreu duramente a queda do preço do

    petróleo, como previsto no relatório anterior, o que influenciou seriamente

    o fraco desempenho do segundo semestre de 2015. A resposta inicial de

    política priorizou a perspectiva orçamental, traduzindo-se na revisão do

    OGE, com base numa perspectiva do preço médio do barril de petróleo

    de 40 USD que afectou drasticamente as receitas fiscais angolanas.

    Disclaimer: Este documento foi elaborado com base em informação obtida em fontes consideradas fiáveis, mas a sua precisão não pode ser totalmente garantida. O conteúdo deste documento não constitui recomendação para investir, desinvestir ou manter o investimento nos activos aqui descritos ou em qualquer outro, bem como não constitui oferta, convite, nem solicitação para a compra ou venda dos instrumentos referidos. As opiniões expressas são da inteira responsabilidade dos seus autores, reflectindo apenas os seus pontos de vista e podendo não coincidir com a posição da COMISSÃO DO MERCADO DE CAPITAIS nos mercados referidos. Este documento não deve ser utilizado na avaliação dos instrumentos nele referidos, não podendo a COMISSÃO DO MERCADO DE CAPITAIS ser responsabilizada por qualquer perda, directa ou potencial, decorrente da utilização deste documento ou dos seus conteúdos. A reprodução de parte ou totalidade desta publicação é permitida, sujeita a indicação da fonte.

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    ENQUADRAMENTO

    Macroeconómico

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    Estados Unidos

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    A Reserva Federal norte-americana (FED) decidiu aumentar as taxas de juro em 25 pontos

    base. O intervalo da taxa diretora, que serve de referência para a remuneração dos títulos

    públicos americanos, aumentou do intervalo de 0% a 0,25% para 0,25% a 0,50%.

    Este é o primeiro aumento em quase uma década, o que sinaliza o princípio do fim da política

    monetária acomodatícia, com as taxas de juros próximo de zero. Esta decisão da FED foi

    justificada pelo desempenho da economia norte-americana que se expandiu a um ritmo

    moderado no IIº Semestre, a taxa de crescimento de 2,6%, comparativamente ao período

    anterior em que a taxa foi de 2,3%. Embora o crescimento tenha sido abaixo do esperado,

    cerca de 2,7%, o mesmo sugere que a economia americana tem apresentado alguma solidez

    no seu crescimento e recuperação.

    Por outro lado, verificaram-se melhorias no mercado de trabalho, com a taxa de desemprego

    a manter-se na ordem dos 5%, próxima da média histórica de 4,5% anterior à crise financeira

    de 2008. Outro dado positivo foi a taxa de inflação que aumentou de 0,1% no início do período

    para 0,7%, mais próximo da meta de 2% estabelecida pela FED.

    Constatou-se igualmente uma recuperação na procura doméstica. Segundo o departamento

    de comércio norte-americano, o consumo interno - que soma as compras das famílias e das

    empresas e constituí o principal motor da economia dos EUA, respondendo por dois terços da

    actividade económica no país – mostrou-se sólido, crescendo 3,1%, o ritmo mais elevado

    desde 2005. O desempenho deste indicador foi impulsionado em grande medida pelos baixos

    preços do petróleo, uma vez que uma proporção significativa dos rendimentos nos EUA é

    direcionada para gastos com aquecimento nas casas e combustível para transporte. Com os

    baixos preços, o dinheiro poupado com combustíveis pode ser destinado à outros bens de

    consumo.

    Por outro lado, a valorização do Dólar afectou a competitividade das exportações americanas,

    que caíram 0,3% comparativamente ao período homólogo, porque tornaram as exportações

    mais caras para os compradores no exterior. Ao mesmo tempo, as perspectivas na Europa e

    na Ásia mantiveram-se nubladas.

    A expectativa em torno do aumento dos juros nos EUA vinha causando ansiedade nos

    mercados, especialmente nos países emergentes. A preocupação é de que com as taxas de

    juros mais altas, os títulos americanos poderão atrair recursos aplicados nos países

    emergentes, o que também pode pressionar ainda mais o dólar.

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    Crescimento do PIB, Desemprego e Inflação

    Fonte: Bloomberg

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    Taxa de inflação

    EUA

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    Zona Euro

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    Embora tenha sido moderada, a recuperação da economia da Zona Euro manteve-se no

    período em análise. Uma combinação de baixos preços do petróleo, euro relativamente fraco

    e uma política monetária expansionista, estiveram na base do crescimento moderado desta

    região, apesar dos ventos contrários vindos da crise grega, da volatilidade dos mercados

    financeiros a nível global, da desaceleração da economia chinesa e de outras economias

    emergentes.

    Depois de registar um abrandamento no início do período em análise, a economia ganhou

    impulso e recuperou apresentando um ritmo de crescimento na ordem dos 1,5%, ou seja 0,7

    pontos percentuais acima do valor registado no período homólogo em 2014. Este crescimento

    foi beneficiado de um forte consumo privado, que de acordo com o Eurostat (reporte de 2016)

    contribuiu dois terços para o crescimento do PIB da região.

    Por outro lado, registou-se um progresso no mercado de trabalho da região, dado que a taxa

    de desemprego caiu marginalmente, de 11% no início do semestre para 10,5% no final do mês

    Dezembro, embora existam divergências entre as economias centrais e periféricas da região.

    Não obstante estes factos, o risco de deflação na região manteve-se, a taxa de inflação situou-

    se em torno de 0,2%, muito abaixo da meta de 2% definida pelo BCE. A autoridade monetária

    anunciou novos estímulos à região para estimular a subida da inflação: uma redução na taxa

    de depósito (para -0,30%) e extensão do programa de estímulos (quantitative easing) até Março

    de 2017.

    Perspectiva-se que a região continue a enfrentar o desafio da baixa inflação, de uma taxa de

    desemprego ainda elevada e o impacto do fraco crescimento económico em economias

    emergentes chave.

    Crescimento do PIB, Desemprego e Inflação

    Fonte: Bloomberg

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    Taxa de Inflação

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    Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS)

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    Brasil

    A pior recessão da última

    década

    Rússia

    O pior ainda está por

    vir?

    Durante o segundo semestre de 2015, as maiores economias emergentes tiveram um

    débil desempenho económico, fortemente influenciado pela conjuntura económica

    internacional e pelos baixos preços do petróleo.

    AA maior economia da América Latina entrou numa recessão profunda. A taxa de

    crescimento real do PIB do Brasil foi cerca de - 3%. A taxa de inflação aumentou para

    10,7%, quando comparada com a taxa de 8,8% registada no início do semestre.

    Do lado da oferta, verificou-se um forte enfraquecimento do sector de serviços. Do lado

    da procura, o consumo das famílias que vinha contribuindo para a taxa de crescimento

    do PIB desde 2004, esteve igualmente negativo. Houve uma generalizada perda de

    confiança na economia tanto ao nível das empresas quanto das famílias. Este cenário de

    contracção generalizada, levou a um aumento no nível de desemprego para 7,4%.

    Porém, os problemas do Brasil vão além do declínio nos preços das commodities, da qual

    as exportações brasileiras dependem significativamente (cerca de 45%). A divida pública,

    em percentagem do PIB, aumentou para 66% e o país enfrenta uma séria crise política.

    Esta tempestade que o Brasil vem enfrentando, com desenvolvimentos económicos

    desfavoráveis e crise política, ameaçam tornar 2016 um dos períodos mais difíceis que o

    país algumas vez enfrentou, e sair desta tempestade vai exigir mais do que uma

    recuperação do apetite da China por matérias-primas, mas também politicas económicas

    alternativas e uma solução estabilizadora para a crise política vigente.

    A economia Russa registou a contracção económica mais acentuada em seis anos, - 4%,

    em consequência da queda dos preços do petróleo e das sanções internacionais. Outro

    factor que pesou na economia russa foi a queda expressiva no investimento,

    particularmente para os produtores de matérias-primas.

    O consumo privado também foi duramente atingido devido à forte depreciação do rublo e o

    aumento subsequente da inflação para 13%, de 11% em 2014, o que levou à uma

    diminuição em cerca de 9% no rendimento real das famílias, com a taxa de desemprego a

    situar-se nos 5,8%.

    Os baixos preços do petróleo condicionaram a resposta à crise das autoridades russas,

    tendo em conta que as receitas fiscais foram baixas, o que limitou a despesa pública. A

    volatilidade e persistente queda no preço do petróleo e as sanções económicas sobre a

    Rússia poderão condicionar a recuperação da economia russa num futuro próximo.

  • 11

    Índia

    O novo tigre asiático?

    China

    O gigante em declínio?

    África do Sul

    Em queda livre…

    A economia Indiana foi das que mais cresceu no segundo semestre de 2015, 7,5%, tendo superado

    a China que cresceu 6,8% no referido período. O principal motor deste crescimento foi a queda do

    preço do petróleo e de outras commodities, visto que o país depende fortemente das importações

    de petróleo e os baixos preços ajudaram a impulsionar a economia e melhoraram as receitas do

    Estado, elevando o nível de despesa pública, e o poder de compra das famílias. A taxa de inflação

    esteve estável em 5% e a taxa de desemprego em 4,8%.

    A terceira economia asiática contrariou a tendência dos outros gigantes emergentes, devido

    também ao aumento da confiança por parte dos investidores e o investimento directo estrangeiro

    que atingiu um recorde de USD 35 mil milhões até ao final de 2015. O défice da conta corrente foi

    de USD 8,2 mil milhões, menor do que o défice de USD 10,9 mil milhões registados no mesmo

    período no ano passado.

    O crescimento da China caiu para 6,8%, ficando abaixo da meta do Governo de 7%. No entanto, o

    crescimento observado ficou aquém dos 7,3% observados em 2014, marcando o ritmo mais lento

    desde 1990. O Governo chinês avançou com algumas medidas expansionistas, em especial,

    injectando liquidez na economia para impulsionar o crescimento de longo prazo e amortecer a

    desaceleração verificada. Os níveis de desemprego e inflação permaneceram estáveis, em 4,1% e

    1,6% respectivamente.

    Contudo, o mercado imobiliário até então sobreaquecido registou uma contracção, com ênfase no

    sector da construção, enquanto o sector industrial sofreu fortes quedas na medida em que as

    exportações caíram. O declínio nos sectores industrial e da construção reprimiu a procura por

    petróleo e outras commodities, afectando os países exportadores destas. As exportações e

    importações combinadas da China caíram 8,1% em comparação ao mesmo período em 2014.

    A medida que a economia desacelera e o yuan enfraquece, aumentaram as saídas de capital da

    China, contribuindo para uma queda no investimento. A China encontra-se num dilema,

    nomeadamente, se o Governo cortar as taxas de juros, haverão mais saídas de capital, porém, se

    as taxas de juros aumentarem, as empresas já seriamente endividadas correm o risco de falir,

    podendo gerar mais desemprego.

    No continente africano, a economia sul-africana quase caiu em recessão técnica no segundo

    semestre de 2015, a taxa de crescimento foi de 1,4%. A seca severa, a turbulência política e social

    e a depreciação do rand, afectaram negativamente a economia. O rand alcançou o nível mais baixo

    face ao dólar, cerca 15,4 rand por dólar, devido a preocupações sobre a economia chinesa e a

    crescente queda no preço das mercadorias, visto que a África do Sul é um grande exportador de

    ouro e de outros minérios de ferro.

    As perspectivas para a África do Sul são negativas, visto que as actuais restrições no fornecimento

    de energia e água continuarão a afectar o crescimento, tanto pela interrupção na produção, quanto

    pelo desincentivo ao investimento.

  • 12

    Economias BRICS I Taxa de Crescimento do PIB e Taxa de Inflação

    Fonte: Bloomberg

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    Taxa de Crescimento PIB Russia (eixo esquerda)

    Taxa de Inflação Russia

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    Visto de Perto: O ‘novo normal’ no preço do petróleo?

    Nos últimos meses, o mundo tem acompanhado um período de grande volatilidade no preço do

    petróleo. A partir do final de 2014 verificaram-se quedas constantes no preço do petróleo, que se

    intensificaram no último semestre de 2015, tendo este chegado a cotar abaixo dos USD 30 por barril.

    Contudo, os desenvolvimentos nas últimas décadas não deveriam inspirar muito optimismo.

    Olhando para a trajetória histórica do preço, constatamos que o preço do petróleo já havia atingido

    níveis significativamente baixos.

    Na década de 1980, com a invasão do Iraque ao Irão o preço atingiu os USD 12 por barril. Em

    1990, com o embargo da ONU ao Iraque, após a sua invasão ao Kuwait, o preço recuperou para os

    USD 24 por barril.

    Fonte: BP statistical review of world energy 2015

    No prelúdio do século XXI, com os atentados de 11 de Setembro de 2001 nos EUA, a perpétua crise

    no Médio Oriente e a crise financeira de 2008, o preço do petróleo passou dos USD 100 barril. De

    seguida, houve a primavera árabe de 2009 e a recessão generalizada influenciou a queda no preço.

    De seguida, a primavera árabe, que impactou um dos grandes produtores da região, a Líbia,

    adicionado à sanção ao Irão, o preço do petróleo fixou-se entre os 80 e USD 100 por barril, onde

    permaneceu até ao final de 2014. Desde então, o preço tem vindo a cair continuamente e no primeiro

    semestre de 2015 esteve entre os USD 28-32 barril. No segundo semestre, o preço esteve entre os

    USD 30-57 USD, tendo fechado o período nos USD 37 por barril.

    Quais são as principais razões por trás da recente queda dos preços?

    Resumidamente três causas principais: o excesso de oferta, a fraca procura e mais recentemente o

    levantamento do embargo ao Irão pelos EUA após os acordos sobre o programa nuclear do país,

    que agravou ainda mais o excedente de petróleo.

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    100,00

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    19

    00

    19

    05

    19

    10

    19

    15

    19

    20

    19

    25

    19

    30

    19

    35

    19

    40

    19

    45

    19

    50

    19

    55

    19

    60

    19

    65

    19

    70

    19

    75

    19

    80

    19

    85

    19

    90

    19

    95

    20

    00

    20

    05

    20

    10

    20

    15

    HISTÓRICO DO PREÇO MÉDIO DO PETRÓLEO 1900-2015

    Embargo dopetróleo

    Iraqueinvade o Irão

    Guerra do Golfo: Iraque invade o Kuwait

    Tensão no médio orienteForte procura da ChinaDepreciação do dólar

  • 14

    Principais consumidores de petróleo Principais produtores de petróleo

    Fonte: Bloomberg

    A desaceleração económica da China tem refreado o apetite por commodities em geral, enquanto

    a Arábia Saudita, que produz um terço da produção de petróleo do cartel da OPEP, insiste mais na

    preservação da sua quota de mercado do que no corte de produção para aumentar os preços.

    Ao mesmo tempo, o surgimento dos EUA como um produtor de xisto duplicou a sua produção

    doméstica, traduzindo-se em menores importações de petróleo, e aumentou a quantidade de

    petróleo disponível nos mercados mundiais.

    No actual contexto, sem uma redução acentuada na produção, a tendência deverá manter-se, e

    teremos que esperar até Junho para a próxima reunião da OPEP para se confirmar a esperada

    redução nas quotas.

    Porém, mesmo com um corte efectivo na produção, tendo em conta o seu histórico de grande

    volatilidade, e com o actual nível de fraca procura por petróleo, especialmente por parte da China

    e dos Estados Unidos, parece haver poucos motivos para esperar que os preços voltem a subir à

    desejada ”casa dos 100”, podendo permanecer nos níveis actuais por muito tempo, o que poderá

    traduzir-se num “Novo Normal” do preço do petróleo.

    Fonte: BP Statistical review of world energy 2015

    37%

    20%9%

    7%

    6%6%

    6% 5% 4%

    EUA China Japão

    India Russia Brazil

    Arábia Saudita Canadá Alemanha

    Rússia

    EUA

    ChinaCanadá

    México

    Brasil

    KazakstãoNoruega

    Colombia

    Oman

    Países OPEC

  • 15

    Angola

  • 16

    Comportamento da Taxa de Inflação I 2013 - 2015

    Fonte: INE

    Desempenho do produto

    A contínua queda no preço do petróleo, a semelhança do semestre anterior, condicionou a

    execução da política económica em Angola, especialmente tendo em conta a alteração ao

    OGE 2016. Este factor exógeno dificultou a recuperação da economia do país, sendo que,

    a taxa de crescimento caiu para 3,5%, comparativamente aos 3,9% registados no período

    homólogo.

    Evolução da inflação

    De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), verificou-se um aumento significativo

    no ritmo de crescimento do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) durante o ano de 2015, e

    em particular no segundo semestre do período. A taxa de inflação fechou o mês de

    Dezembro de 2015 nos 14,3%, contrariamente aos 7,5% do período homólogo. Esta

    tendência de subida da taxa de inflação é resultante da desvalorização do Kwanza e da

    redução à subvenção aos combustíveis, sendo que, esta tendência de aumento poderá

    manter-se ao longo de 2016. De frisar que a meta de inflação para o OGE 2015 foi de 9%,

    ou seja 5 pontos percentuais inferior a taxa de inflação que efectivamente se verificou.

    7,7 7,5

    9,6

    14,3

    dez/13 fev/14 abr/14 jun/14 ago/14 out/14 dez/14 fev/15 abr/15 jun/15 ago/15 out/15 dez/15

  • 17

    Política Monetária

    Com o objectivo de conter a pressão inflacionista da desvalorização do Kwanza, a autoridade

    monetária (BNA) adoptou uma política monetária contraccionista na segunda metade de 2015. Com

    o efeito, o BNA aumentou a taxa básica de juros de 10,25% para 11% e a taxa de facilidade de

    cedência de liquidez de 11% para 12,5%. Tais medidas afectaram os níveis de liquidez da banca

    angolana, gerando uma subida do custo de financiamento da economia, tendo em conta os

    aumentos nas taxas de juros durante o semestre.

    Quanto ao stock das reservas cambiais, este fixou-se em média nos 24,24 mil milhões em RIL’s,

    em resultado de uma gestão mais restritiva do BNA, fixando-se, no final de Dezembro de 2015 nos

    USD 24,57 mil milhões em RIL’s, 8,7% abaixo do valor registado no período homólogo no ano

    passado. A gestão destas reservas tem sido possível com a desvalorização do Kwanza

    relativamente ao dólar, com impacto sobre os custos de importação, incluindo matérias-primas

    estratégicas para a produção interna, comprometendo assim o programa de aceleração da

    diversificação da economia.

    Política Fiscal

    Em função do desempenho do preço do petróleo, as dificuldades económicas de Angola foram

    reflectidas igualmente na execução dos valores programados do OGE no segundo semestre.

    Dados avançados pelo Ministério das Finanças, embora na sua versão preliminar, dão conta que no

    mês de Outubro de 2015, as Receitas Totais (corrente e de capital) apresentaram uma redução de

    41% em relação ao período homólogo de 2014, devido fundamentalmente à redução das Receitas

    Correntes na ordem dos 29%. No período de Setembro a Outubro, notou-se uma redução de 33%

    das Receitas Totais causada essencialmente por uma redução de 14% nas Receitas Correntes. Em

    relação ao Plano de Caixa de Outubro de 2015, a receita total arrecadada apresenta uma execução

    abaixo do planeado em torno dos 28%.

    A execução acumulada das despesas correntes face ao previsto no OGE de 2015 foi de 67% no

    período de Janeiro à Outubro (OGE 2015 Revisto aprovado em Março pela Assembleia Nacional,

    que entrou em execução no mês de Abril). No período homólogo em 2014 a execução esteve na

    ordem dos 78%. Todavia, alguns números se destacam, embora de modo previsional: o OGE para

    2016 prevê que a despesa corrente deverá registar um aumento de 3,8% em relação à estimativa

    de execução de 2015 (AOA 3.480,1 mil milhões e AOA 2.639,7 mil milhões, respectivamente)

    enquanto para a Despesa de Capital está prevista uma redução de AOA 1.136 mil milhões na

    estimativa de execução de 2015 para AOA 815,6 mil milhões na previsão para 2016, ou seja uma

    redução de 28,2%.

    Note-se, no entanto, que a estimativa de execução da Despesa de Capital em 2015 (AOA 1.136 mil

    milhões) supera largamente a dotação fixada no OGE Revisto em cerca 78,5%. Este desvio,

    entre o valor orçamentado e a estimativa de execução em 2015, deve-se em grande medida aos

    ajustamentos cambiais ocorridos após a aprovação do OGE Revisto, mas também pela dificuldade

    em conter a despesa com a implementação de projectos de investimento em curso, especialmente

    em infraestruturas, devido aos potenciais custos inerentes à suspensão ou atraso na execução de

    tais projectos.

    No tange a evolução da receita orçamental (exclusivamente fiscal) para 2016, está orçada em AOA

  • 18

    Reservas Internacionais Líquidas I Reservas em Meses de Importações

    Execução Orçamental versus Despesas (mil milhões de kwanzas)

    Estructura Fiscal 2015

    Fonte: MINFIN e BNA

    29,57

    24,57

    4,45,1

    6,97,7

    8,2

    5,9 6,6

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    0,00

    5,00

    10,00

    15,00

    20,00

    25,00

    30,00

    35,00

    0,0

    1000,0

    2000,0

    1S14 2S14 1S15 2S15 Remunerações Bens e serviços Juros Trans. correntes

    0,0

    500,0

    1000,0

    1500,0

    2000,0

    2500,0

    1S14 2S14 1S15 2S15 Petrolíferos Não petrolíferos

    Imposto Não Petrolíeferos

    Imposto Petrolíeferos

    Despesas de Capital

    Despesas Correntes

    1º Semestre 2º Semestre

    56,14%

    43,86%

    79,81%

    20,19%

    90,26%

    9,74%

    81,17%

    15,33%

  • 19

    .

    O abrandamento das economias

    emergentes e as expectativas do fim dos

    estímulos monetários nos EUA

    condicionaram em parte o desempenho

    dos mercados financeiros

    No segundo Semestre assistiu-se uma considerável volatilidade nos mercados financeiros. O

    abrandamento das economias emergentes, a recuperação anémica da Zona Euro, os

    conflitos no Médio Oriente e a expectativas sobre o fim dos estímulos monetários nos

    Estados-Unidos e no Reino Unido, condicionaram a evolução das várias classes de activos,

    desde as acções às obrigações, passando pelas commodities.

    DESEMPENHO

    dos Mercados

  • 20

    Mercados Accionistas

    Fonte: Bloomberg

    18001850190019502000205021002150

    0

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    jan

    /15

    fev/

    15

    mar

    /15

    abr/

    15

    mai

    /15

    jun

    /15

    jul/

    15

    ago

    /15

    set/

    15

    ou

    t/1

    5

    no

    v/1

    5

    de

    z/1

    5

    Eurostoxx50 S&P 500

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    MSCI EM

    Mercados Accionistas

    Na segunda metade de 2015, os mercados accionistas mundiais apresentaram comportamentos

    distintos.

    Na Europa, o índice Eurostoxx50 apresentou uma variação acumulada positiva de 1,5%

    beneficiando dos baixos preços do petróleo, de indicadores económicos animadores que

    apontavam para a recuperação da economia da região, do programa de estímulos do BCE, e por

    terem sido dissipados os receios da saída da Grécia da Zona Euro.

    Similarmente, o índice accionista S&P500 registou uma variação acumulada positiva de 0,3%,

    influenciado pela crescente melhoria do ambiente económico nos EUA, que apresentou melhorias

    na taxa de desemprego, um maior nível de consumo interno e melhoria na taxa de inflação que

    está mais próxima da meta de 2% da Reserva Federal Americana.

    Por outro lado, o índice MSCI dos mercados emergentes registou uma variação acumulada

    negativa de 9,8%, afectado principalmente pela performance da bolsa chinesa que registou quedas

    acentuadas de cerca de 30%, isto em função da desaceleração da actividade económica na China.

  • 21

    Mercados Cambiais

    Evolução do Kwanza, Dólar e do Euro

    Fonte: Bloomberg

    0,95

    1

    1,05

    1,1

    1,15

    1,2

    1,25

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15

    USD/AOA (a esquerda) EUR/USD

    No início do segundo semestre, a moeda nacional continuou com a sua trajectória de

    desvalorização verificada no primeiro semestre. A taxa de câmbio USD/AOA fixou-se em AOA

    156,39, comparativamente ao início do semestre em que a taxa se encontrava nos AOA 126,20,

    representando uma desvalorização de cerca de 24%.

    O BNA tem vindo a desvalorizar a moeda nacional para diminuir a pressão sobre as reservas

    externas do país e restabelecer o equilíbrio no mercado cambial através de mecanismos que visam

    a diminuição da procura por divisas.

    No mercado internacional, no início do período em análise, o Euro seguiu uma trajectória de

    depreciação face ao Dólar, fixando-se em USD 1,10, registando uma depreciação de 1,46%

    comparativamente ao semestre anterior, devido, essencialmente, à divulgação de indicadores

    económicos que apontavam para uma recuperação da economia americana e da especulação em

    torno da proximidade da alteração da política monetária pela Reserva Federal Americana. Mais

    para o final do semestre, o Euro seguiu a tendência inversa, valorizando-se face ao Dólar e

    fechando o ano a cotar USD 1,08, representando uma variação positiva na ordem dos 2,2%. Esta

    apreciação foi resultado do programa de expansão monetária quantitative easing levada a cabo

    pelo BCE.

  • 22

    Evolução das Taxas de Juro

    Fonte: Bloomberg

    Mercado Interbancário

    No início do semestre de 2015, no mercado interbancário angolano, os bancos realizaram entre

    si cedências de liquidez overnight (1 dia) num montante acumulado de AOA 332,9 mil milhões,

    mais de 100% relativamente ao período anterior, sendo que a taxa de juro de 1 dia (Luibor

    overnight) caiu de 12,23% no mês de Julho para 11,46% no final de Dezembro.

    No primeiro trimestre, a Luibor para as maturidades de 30, 90, 180, 270 e 360 dias situou-se em

    9,19%, 9,38%, 10,08%, 10,19% e 10,33%, respectivamente. Contudo, até ao final do semestre,

    a Luibor nestas mesmas maturidades, fixaram-se em 11,44%, 11,88%, 12,21%, 12,56% e

    12,84%, respectivamente.

    A taxa overnight encontrava-se acima das taxas interbancárias de prazos mais longos, indicando

    alguma falta de liquidez em resultado das medidas restritivas levadas a cabo pelo BNA para

    conter a pressão inflacionista consequente da desvalorização do Kwanza.

    No mercado internacional, a taxa Libor 6M (Londres) registou uma subida significativa, fixando-

    se em 0,85%, duplicando-se em relação ao início do semestre. Enquanto a Euribor 6M (Zona

    Euro) manteve a sua tendência decrescente, reflectindo os efeitos da política monetária não

    convencional implementada pelo BCE, tendo fechado o mês de Dezembro em 0,04%, comparado

    com os 0,05% do semestre anterior.

    -0,1

    0

    0,1

    0,2

    0,3

    0,4

    0,5

    0,6

    0,7

    0,8

    0,9

    -0,1

    -0,05

    0

    0,05

    0,1

    0,15

    0,2

    0,25

    0,3

    0,35

    EURIBOR 6M LIBOR 6M LUIBOR 6M

  • 23

    Mercado de Dívida Pública

    Relativamente aos títulos públicos internacionais, verificou-se uma tendência de queda nos

    rendimentos dos títulos a 10 anos (yields) das economias avançadas da Zona euro com a yield

    Alemã e Francesa a fixarem- se em 0,35% e 1,10% respectivamente. Esta diminuição foi resultado

    do programa de compra de activos, no mercado secundário, do Banco Central Europeu (BCE) que

    limitou o efeito contágio da Grécia.

    Nos países da Europa catalogados como periféricos, verificou-se uma trajectória ascendente, com

    a yield espanhola a fixar-se em 1,78%, a portuguesa em 2,54% e a yield grega em 8,35%.

    Nos Estados Unidos, a rentabilidade das obrigações de 10 anos apresentaram-se voláteis, com a

    yield a fixar-se em 2,27%, em Dezembro de 2015.

    No mercado angolano, verificou-se uma variação significativa na emissão de divida pública. Na

    segunda parte de 2015, o Tesouro emitiu títulos (Bilhetes e Obrigações do Tesouro) num total de

    AOA 481,738 mil milhões, um valor inferior ao do primeiro semestre em 19,64%. Em relação aos

    Bilhetes do Tesouro foi emitido um montante de AOA 271,426 mil milhões, registando um forte

    decréscimo de 34,5%, em comparação ao registado no semestre anterior. Durante o segundo

    semestre foram emitidas obrigações avaliadas em AOA 185,219 mil milhões, o que representou

    um aumento de 13,6% em comparação ao montante emitido no primeiro semestre de 2015.

    No mercado de registos de títulos do tesouro (MRTT) da BODIVA foram registados negócios na

    ordem dos AOA 4,261.67 mil milhões. Até ao final de 2015, o volume de negócios registados

    verificou um crescimento significativo de 95%, dado o aumento do endividamento por parte do

    Estado angolano, sendo que os bancos comerciais foram os únicos intermediários.

    No que toca a liquidez deste mercado, verificou-se um crescimento sustentado nos rácios de

    obrigações emitidas sobre o stock de dívida (obrigações) de 1,9%, em Julho, para 4,4%, em

    Dezembro. A avaliação deste índice de rotatividade indica que o potencial de crescimento do

    mercado de registos é enorme.

    Por outro lado, Angola emitiu Eurobonds, títulos representativos de dívida soberana, colocada no

    mercado internacional, no montante de USD 1,5 mil milhões a uma taxa de cupão de 9,5% para

    uma maturidade de 10 anos. Em Novembro, a taxa de retorno requerida pelas Eurobonds

    angolanas, aumentou 2,63 pontos percentuais, fixando-se em 12,13% no fim de Dezembro,

    reflectindo um aumento da percepção de risco de incumprimento de Angola pelos investidores, em

    resultado da queda do preço do petróleo.

  • 24

    Dívida Pública angolana– yield a 10 anos

    Fonte: Bloomberg

    Evolução do volume de negócios transacionados no MRTT (AOA, mil milhões)

    Fonte: BNA e BODIVA

    9,2

    11,1

    10,6

    9,0

    9,5

    10,0

    10,5

    11,0

    11,5

    nov/15 dez/15

    41730,63

    112321,60

    1,9%

    4,4%

    0,1%

    1,1%

    2,1%

    3,1%

    4,1%

    5,1%

    Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

    4000,00

    24000,00

    44000,00

    64000,00

    84000,00

    104000,00

    124000,00

    Volume de transações registadas Rácio Transações/stock da dívida

  • s

    25

    O mercado das Commodities

    Evolução das Commodities

    30

    35

    40

    45

    50

    55

    60

    65

    70

    75

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    1000

    1100

    1200

    1300

    1400

    dez/14 mar/15 jun/15 set/15 dez/15

    Trigo/bushel(Eixo à Esq.) Ouro/onça(Eixo à Esq.) Brent/barril(Eixo à Dir.)

    Durante o segundo semestre de 2015, as diferentes commodities apresentaram na generalidade uma

    tendência de queda.

    O preço do Brent, petróleo de referência das exportações angolanas, registou alguma volatilidade.

    Inicialmente o benchmark esteve a cotar os 63,59 USD/barril, porém de seguida seguiu uma trajectória

    decrescente contínua, chegando a cotar 54,15 USD/barril em Agosto e derrapando finalmente em

    Dezembro tendo-se fixado em 37.28 USD/barril, bem abaixo dos 57,33 USD/barril registados em

    Dezembro de 2014. Dos principais motivos para a queda no preço do petróleo estão a oferta excessiva

    dos países produtores num contexto de baixa procura, especialmente da China que constitui um dos

    maiores importadores desta commodity. Por outro lado, a produção doméstica nos EUA de gás de xisto

    aumentou significativamente, agravando também o excedente de petróleo no mercado.

    Relativamente aos metais, o ouro registou uma variação acumulada negativa de 7% no segundo

    semestre, fechando o ano com um valor de 1.061,1 USD/onça, comparativamente ao registado no

    primeiro semestre, 1.168 USD/onça. A principal causa para a volatilidade no preço do ouro, foi a

    expectativa do aumento da taxa de juro de referência pela FED, tendo em conta que o ouro constituí um

    activo de refúgio nos mercados financeiros.

    Quanto aos cereais, o trigo verificou uma variação negativa de 3% durante o período em análise, fixando-

    se em USD 4,70 /bushel em Dezembro. Por um lado, a apreciação do Dólar afectou as exportações

    americanas e levaram a um aumento nos stocks de trigo no país - um dos principais produtores mundiais;

    por outro lado a procura da Europa, um grande consumidor da commodity abrandou no período em

    análise.

  • s

    26

    Fonte: Bloomberg

    Notas Finais

    A perspectiva de crescimento da economia mundial deve manter-se em níveis relativamente

    moderados, apesar da diminuição da confiança empresarial verificada no final do último semestre

    de 2015. De acordo com as últimas estimativas do FMI e da Comissão Europeia, a economia mundial

    deverá crescer 3.9% em 2016. O ritmo de crescimento mantém-se, contudo, desigual entre as várias

    regiões do mundo, devido à transferência de rendimento das economias produtoras para as

    consumidoras de petróleo, às diferentes políticas monetárias e alterações cambiais.

    Apesar das melhorias registadas na Europa e nos Estados Unidos, permanecem incertezas no

    horizonte, especialmente nas economias emergentes, tendo em conta também a volatilidade no

    preço do petróleo. As tensões entre os países produtores tendo em conta o novo cenário de fraca

    procura deverá permanecer.

    Para a economia angolana, é expectável um primeiro semestre ainda desafiante no que diz respeito

    à condução da política económica. E a conclusão que nesta altura se pode avançar, decorrido o

    segundo semestre, é a de que as medidas tomadas foram insuficientes para acalmar o mercado

    cambial, especialmente tendo em conta o spread entre o mercado formal e informal.

    Em relação ao desempenho da actividade financeira do Estado, salienta-se que o orçamento para

    2016 se encontra sujeito a um grau de incerteza elevado, em função i) da evolução do preço do

    barril do petróleo, ii) do ritmo de desaceleração da actividade económica e iii) do comportamento da

    taxa de câmbio USD/AOA, sendo que, nos dois primeiros casos com especial impacto sobre o nível

    da receita e no terceiro caso com maior impacto ao nível da despesa.

    Estas incertezas ligam-se ao défice orçamental (e às necessidades de financiamento), sendo por

    isso admissível que o saldo da execução orçamental bem como o nível das necessidades de

    financiamento possam vir a revelar desvios em relação aos valores projectados.

  • s

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