MACROECONOMIA & MERCADOS · se para este período uma taxa de crescimento de 3,9% para a economia...
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Fevereiro, 2016
MACROECONOMIA
& MERCADOS
Relatório IIº Semestre 2015
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Introdução
O segundo semestre de 2015 terminou com os mercados envoltos em
várias incertezas que têm posto em causa a confiança dos investidores.
A desaceleração das principais economias emergentes, a volatilidade no
preço do petróleo e as políticas monetárias divergentes nos principais
blocos económicos, influenciaram a performance dos mercados a nível
global.
Consequentemente, a economia mundial cresceu a um ritmo mais
moderado, 3,1%, abaixo dos 3,5% inicialmente previstos pelo FMI no
relatório World Economic Outllook, 2015. Entretanto, estima-se que, em
2016, este ritmo de crescimento deverá apresentar melhorias, prevendo-
se para este período uma taxa de crescimento de 3,9% para a economia
global. Contudo, este ritmo de crescimento apresentar-se-á díspar entre
as diversas regiões do mundo, devido à transferência de rendimento das
economias produtoras para as consumidoras de petróleo, e dadas as
diferentes políticas monetárias.
Por cá, a economia angolana sofreu duramente a queda do preço do
petróleo, como previsto no relatório anterior, o que influenciou seriamente
o fraco desempenho do segundo semestre de 2015. A resposta inicial de
política priorizou a perspectiva orçamental, traduzindo-se na revisão do
OGE, com base numa perspectiva do preço médio do barril de petróleo
de 40 USD que afectou drasticamente as receitas fiscais angolanas.
Disclaimer: Este documento foi elaborado com base em informação obtida em fontes consideradas fiáveis, mas a sua precisão não pode ser totalmente garantida. O conteúdo deste documento não constitui recomendação para investir, desinvestir ou manter o investimento nos activos aqui descritos ou em qualquer outro, bem como não constitui oferta, convite, nem solicitação para a compra ou venda dos instrumentos referidos. As opiniões expressas são da inteira responsabilidade dos seus autores, reflectindo apenas os seus pontos de vista e podendo não coincidir com a posição da COMISSÃO DO MERCADO DE CAPITAIS nos mercados referidos. Este documento não deve ser utilizado na avaliação dos instrumentos nele referidos, não podendo a COMISSÃO DO MERCADO DE CAPITAIS ser responsabilizada por qualquer perda, directa ou potencial, decorrente da utilização deste documento ou dos seus conteúdos. A reprodução de parte ou totalidade desta publicação é permitida, sujeita a indicação da fonte.
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ENQUADRAMENTO
Macroeconómico
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Estados Unidos
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A Reserva Federal norte-americana (FED) decidiu aumentar as taxas de juro em 25 pontos
base. O intervalo da taxa diretora, que serve de referência para a remuneração dos títulos
públicos americanos, aumentou do intervalo de 0% a 0,25% para 0,25% a 0,50%.
Este é o primeiro aumento em quase uma década, o que sinaliza o princípio do fim da política
monetária acomodatícia, com as taxas de juros próximo de zero. Esta decisão da FED foi
justificada pelo desempenho da economia norte-americana que se expandiu a um ritmo
moderado no IIº Semestre, a taxa de crescimento de 2,6%, comparativamente ao período
anterior em que a taxa foi de 2,3%. Embora o crescimento tenha sido abaixo do esperado,
cerca de 2,7%, o mesmo sugere que a economia americana tem apresentado alguma solidez
no seu crescimento e recuperação.
Por outro lado, verificaram-se melhorias no mercado de trabalho, com a taxa de desemprego
a manter-se na ordem dos 5%, próxima da média histórica de 4,5% anterior à crise financeira
de 2008. Outro dado positivo foi a taxa de inflação que aumentou de 0,1% no início do período
para 0,7%, mais próximo da meta de 2% estabelecida pela FED.
Constatou-se igualmente uma recuperação na procura doméstica. Segundo o departamento
de comércio norte-americano, o consumo interno - que soma as compras das famílias e das
empresas e constituí o principal motor da economia dos EUA, respondendo por dois terços da
actividade económica no país – mostrou-se sólido, crescendo 3,1%, o ritmo mais elevado
desde 2005. O desempenho deste indicador foi impulsionado em grande medida pelos baixos
preços do petróleo, uma vez que uma proporção significativa dos rendimentos nos EUA é
direcionada para gastos com aquecimento nas casas e combustível para transporte. Com os
baixos preços, o dinheiro poupado com combustíveis pode ser destinado à outros bens de
consumo.
Por outro lado, a valorização do Dólar afectou a competitividade das exportações americanas,
que caíram 0,3% comparativamente ao período homólogo, porque tornaram as exportações
mais caras para os compradores no exterior. Ao mesmo tempo, as perspectivas na Europa e
na Ásia mantiveram-se nubladas.
A expectativa em torno do aumento dos juros nos EUA vinha causando ansiedade nos
mercados, especialmente nos países emergentes. A preocupação é de que com as taxas de
juros mais altas, os títulos americanos poderão atrair recursos aplicados nos países
emergentes, o que também pode pressionar ainda mais o dólar.
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Crescimento do PIB, Desemprego e Inflação
Fonte: Bloomberg
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Taxa de inflação
EUA
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Zona Euro
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Embora tenha sido moderada, a recuperação da economia da Zona Euro manteve-se no
período em análise. Uma combinação de baixos preços do petróleo, euro relativamente fraco
e uma política monetária expansionista, estiveram na base do crescimento moderado desta
região, apesar dos ventos contrários vindos da crise grega, da volatilidade dos mercados
financeiros a nível global, da desaceleração da economia chinesa e de outras economias
emergentes.
Depois de registar um abrandamento no início do período em análise, a economia ganhou
impulso e recuperou apresentando um ritmo de crescimento na ordem dos 1,5%, ou seja 0,7
pontos percentuais acima do valor registado no período homólogo em 2014. Este crescimento
foi beneficiado de um forte consumo privado, que de acordo com o Eurostat (reporte de 2016)
contribuiu dois terços para o crescimento do PIB da região.
Por outro lado, registou-se um progresso no mercado de trabalho da região, dado que a taxa
de desemprego caiu marginalmente, de 11% no início do semestre para 10,5% no final do mês
Dezembro, embora existam divergências entre as economias centrais e periféricas da região.
Não obstante estes factos, o risco de deflação na região manteve-se, a taxa de inflação situou-
se em torno de 0,2%, muito abaixo da meta de 2% definida pelo BCE. A autoridade monetária
anunciou novos estímulos à região para estimular a subida da inflação: uma redução na taxa
de depósito (para -0,30%) e extensão do programa de estímulos (quantitative easing) até Março
de 2017.
Perspectiva-se que a região continue a enfrentar o desafio da baixa inflação, de uma taxa de
desemprego ainda elevada e o impacto do fraco crescimento económico em economias
emergentes chave.
Crescimento do PIB, Desemprego e Inflação
Fonte: Bloomberg
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Taxa de Desemprego
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Taxa de Inflação
Zona Euro
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Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS)
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Brasil
A pior recessão da última
década
Rússia
O pior ainda está por
vir?
Durante o segundo semestre de 2015, as maiores economias emergentes tiveram um
débil desempenho económico, fortemente influenciado pela conjuntura económica
internacional e pelos baixos preços do petróleo.
AA maior economia da América Latina entrou numa recessão profunda. A taxa de
crescimento real do PIB do Brasil foi cerca de - 3%. A taxa de inflação aumentou para
10,7%, quando comparada com a taxa de 8,8% registada no início do semestre.
Do lado da oferta, verificou-se um forte enfraquecimento do sector de serviços. Do lado
da procura, o consumo das famílias que vinha contribuindo para a taxa de crescimento
do PIB desde 2004, esteve igualmente negativo. Houve uma generalizada perda de
confiança na economia tanto ao nível das empresas quanto das famílias. Este cenário de
contracção generalizada, levou a um aumento no nível de desemprego para 7,4%.
Porém, os problemas do Brasil vão além do declínio nos preços das commodities, da qual
as exportações brasileiras dependem significativamente (cerca de 45%). A divida pública,
em percentagem do PIB, aumentou para 66% e o país enfrenta uma séria crise política.
Esta tempestade que o Brasil vem enfrentando, com desenvolvimentos económicos
desfavoráveis e crise política, ameaçam tornar 2016 um dos períodos mais difíceis que o
país algumas vez enfrentou, e sair desta tempestade vai exigir mais do que uma
recuperação do apetite da China por matérias-primas, mas também politicas económicas
alternativas e uma solução estabilizadora para a crise política vigente.
A economia Russa registou a contracção económica mais acentuada em seis anos, - 4%,
em consequência da queda dos preços do petróleo e das sanções internacionais. Outro
factor que pesou na economia russa foi a queda expressiva no investimento,
particularmente para os produtores de matérias-primas.
O consumo privado também foi duramente atingido devido à forte depreciação do rublo e o
aumento subsequente da inflação para 13%, de 11% em 2014, o que levou à uma
diminuição em cerca de 9% no rendimento real das famílias, com a taxa de desemprego a
situar-se nos 5,8%.
Os baixos preços do petróleo condicionaram a resposta à crise das autoridades russas,
tendo em conta que as receitas fiscais foram baixas, o que limitou a despesa pública. A
volatilidade e persistente queda no preço do petróleo e as sanções económicas sobre a
Rússia poderão condicionar a recuperação da economia russa num futuro próximo.
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Índia
O novo tigre asiático?
China
O gigante em declínio?
África do Sul
Em queda livre…
A economia Indiana foi das que mais cresceu no segundo semestre de 2015, 7,5%, tendo superado
a China que cresceu 6,8% no referido período. O principal motor deste crescimento foi a queda do
preço do petróleo e de outras commodities, visto que o país depende fortemente das importações
de petróleo e os baixos preços ajudaram a impulsionar a economia e melhoraram as receitas do
Estado, elevando o nível de despesa pública, e o poder de compra das famílias. A taxa de inflação
esteve estável em 5% e a taxa de desemprego em 4,8%.
A terceira economia asiática contrariou a tendência dos outros gigantes emergentes, devido
também ao aumento da confiança por parte dos investidores e o investimento directo estrangeiro
que atingiu um recorde de USD 35 mil milhões até ao final de 2015. O défice da conta corrente foi
de USD 8,2 mil milhões, menor do que o défice de USD 10,9 mil milhões registados no mesmo
período no ano passado.
O crescimento da China caiu para 6,8%, ficando abaixo da meta do Governo de 7%. No entanto, o
crescimento observado ficou aquém dos 7,3% observados em 2014, marcando o ritmo mais lento
desde 1990. O Governo chinês avançou com algumas medidas expansionistas, em especial,
injectando liquidez na economia para impulsionar o crescimento de longo prazo e amortecer a
desaceleração verificada. Os níveis de desemprego e inflação permaneceram estáveis, em 4,1% e
1,6% respectivamente.
Contudo, o mercado imobiliário até então sobreaquecido registou uma contracção, com ênfase no
sector da construção, enquanto o sector industrial sofreu fortes quedas na medida em que as
exportações caíram. O declínio nos sectores industrial e da construção reprimiu a procura por
petróleo e outras commodities, afectando os países exportadores destas. As exportações e
importações combinadas da China caíram 8,1% em comparação ao mesmo período em 2014.
A medida que a economia desacelera e o yuan enfraquece, aumentaram as saídas de capital da
China, contribuindo para uma queda no investimento. A China encontra-se num dilema,
nomeadamente, se o Governo cortar as taxas de juros, haverão mais saídas de capital, porém, se
as taxas de juros aumentarem, as empresas já seriamente endividadas correm o risco de falir,
podendo gerar mais desemprego.
No continente africano, a economia sul-africana quase caiu em recessão técnica no segundo
semestre de 2015, a taxa de crescimento foi de 1,4%. A seca severa, a turbulência política e social
e a depreciação do rand, afectaram negativamente a economia. O rand alcançou o nível mais baixo
face ao dólar, cerca 15,4 rand por dólar, devido a preocupações sobre a economia chinesa e a
crescente queda no preço das mercadorias, visto que a África do Sul é um grande exportador de
ouro e de outros minérios de ferro.
As perspectivas para a África do Sul são negativas, visto que as actuais restrições no fornecimento
de energia e água continuarão a afectar o crescimento, tanto pela interrupção na produção, quanto
pelo desincentivo ao investimento.
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Economias BRICS I Taxa de Crescimento do PIB e Taxa de Inflação
Fonte: Bloomberg
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Taxa de Crescimento PIB Russia (eixo esquerda)
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Visto de Perto: O ‘novo normal’ no preço do petróleo?
Nos últimos meses, o mundo tem acompanhado um período de grande volatilidade no preço do
petróleo. A partir do final de 2014 verificaram-se quedas constantes no preço do petróleo, que se
intensificaram no último semestre de 2015, tendo este chegado a cotar abaixo dos USD 30 por barril.
Contudo, os desenvolvimentos nas últimas décadas não deveriam inspirar muito optimismo.
Olhando para a trajetória histórica do preço, constatamos que o preço do petróleo já havia atingido
níveis significativamente baixos.
Na década de 1980, com a invasão do Iraque ao Irão o preço atingiu os USD 12 por barril. Em
1990, com o embargo da ONU ao Iraque, após a sua invasão ao Kuwait, o preço recuperou para os
USD 24 por barril.
Fonte: BP statistical review of world energy 2015
No prelúdio do século XXI, com os atentados de 11 de Setembro de 2001 nos EUA, a perpétua crise
no Médio Oriente e a crise financeira de 2008, o preço do petróleo passou dos USD 100 barril. De
seguida, houve a primavera árabe de 2009 e a recessão generalizada influenciou a queda no preço.
De seguida, a primavera árabe, que impactou um dos grandes produtores da região, a Líbia,
adicionado à sanção ao Irão, o preço do petróleo fixou-se entre os 80 e USD 100 por barril, onde
permaneceu até ao final de 2014. Desde então, o preço tem vindo a cair continuamente e no primeiro
semestre de 2015 esteve entre os USD 28-32 barril. No segundo semestre, o preço esteve entre os
USD 30-57 USD, tendo fechado o período nos USD 37 por barril.
Quais são as principais razões por trás da recente queda dos preços?
Resumidamente três causas principais: o excesso de oferta, a fraca procura e mais recentemente o
levantamento do embargo ao Irão pelos EUA após os acordos sobre o programa nuclear do país,
que agravou ainda mais o excedente de petróleo.
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HISTÓRICO DO PREÇO MÉDIO DO PETRÓLEO 1900-2015
Embargo dopetróleo
Iraqueinvade o Irão
Guerra do Golfo: Iraque invade o Kuwait
Tensão no médio orienteForte procura da ChinaDepreciação do dólar
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Principais consumidores de petróleo Principais produtores de petróleo
Fonte: Bloomberg
A desaceleração económica da China tem refreado o apetite por commodities em geral, enquanto
a Arábia Saudita, que produz um terço da produção de petróleo do cartel da OPEP, insiste mais na
preservação da sua quota de mercado do que no corte de produção para aumentar os preços.
Ao mesmo tempo, o surgimento dos EUA como um produtor de xisto duplicou a sua produção
doméstica, traduzindo-se em menores importações de petróleo, e aumentou a quantidade de
petróleo disponível nos mercados mundiais.
No actual contexto, sem uma redução acentuada na produção, a tendência deverá manter-se, e
teremos que esperar até Junho para a próxima reunião da OPEP para se confirmar a esperada
redução nas quotas.
Porém, mesmo com um corte efectivo na produção, tendo em conta o seu histórico de grande
volatilidade, e com o actual nível de fraca procura por petróleo, especialmente por parte da China
e dos Estados Unidos, parece haver poucos motivos para esperar que os preços voltem a subir à
desejada ”casa dos 100”, podendo permanecer nos níveis actuais por muito tempo, o que poderá
traduzir-se num “Novo Normal” do preço do petróleo.
Fonte: BP Statistical review of world energy 2015
37%
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EUA China Japão
India Russia Brazil
Arábia Saudita Canadá Alemanha
Rússia
EUA
ChinaCanadá
México
Brasil
KazakstãoNoruega
Colombia
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Países OPEC
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Angola
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Comportamento da Taxa de Inflação I 2013 - 2015
Fonte: INE
Desempenho do produto
A contínua queda no preço do petróleo, a semelhança do semestre anterior, condicionou a
execução da política económica em Angola, especialmente tendo em conta a alteração ao
OGE 2016. Este factor exógeno dificultou a recuperação da economia do país, sendo que,
a taxa de crescimento caiu para 3,5%, comparativamente aos 3,9% registados no período
homólogo.
Evolução da inflação
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), verificou-se um aumento significativo
no ritmo de crescimento do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) durante o ano de 2015, e
em particular no segundo semestre do período. A taxa de inflação fechou o mês de
Dezembro de 2015 nos 14,3%, contrariamente aos 7,5% do período homólogo. Esta
tendência de subida da taxa de inflação é resultante da desvalorização do Kwanza e da
redução à subvenção aos combustíveis, sendo que, esta tendência de aumento poderá
manter-se ao longo de 2016. De frisar que a meta de inflação para o OGE 2015 foi de 9%,
ou seja 5 pontos percentuais inferior a taxa de inflação que efectivamente se verificou.
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dez/13 fev/14 abr/14 jun/14 ago/14 out/14 dez/14 fev/15 abr/15 jun/15 ago/15 out/15 dez/15
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Política Monetária
Com o objectivo de conter a pressão inflacionista da desvalorização do Kwanza, a autoridade
monetária (BNA) adoptou uma política monetária contraccionista na segunda metade de 2015. Com
o efeito, o BNA aumentou a taxa básica de juros de 10,25% para 11% e a taxa de facilidade de
cedência de liquidez de 11% para 12,5%. Tais medidas afectaram os níveis de liquidez da banca
angolana, gerando uma subida do custo de financiamento da economia, tendo em conta os
aumentos nas taxas de juros durante o semestre.
Quanto ao stock das reservas cambiais, este fixou-se em média nos 24,24 mil milhões em RIL’s,
em resultado de uma gestão mais restritiva do BNA, fixando-se, no final de Dezembro de 2015 nos
USD 24,57 mil milhões em RIL’s, 8,7% abaixo do valor registado no período homólogo no ano
passado. A gestão destas reservas tem sido possível com a desvalorização do Kwanza
relativamente ao dólar, com impacto sobre os custos de importação, incluindo matérias-primas
estratégicas para a produção interna, comprometendo assim o programa de aceleração da
diversificação da economia.
Política Fiscal
Em função do desempenho do preço do petróleo, as dificuldades económicas de Angola foram
reflectidas igualmente na execução dos valores programados do OGE no segundo semestre.
Dados avançados pelo Ministério das Finanças, embora na sua versão preliminar, dão conta que no
mês de Outubro de 2015, as Receitas Totais (corrente e de capital) apresentaram uma redução de
41% em relação ao período homólogo de 2014, devido fundamentalmente à redução das Receitas
Correntes na ordem dos 29%. No período de Setembro a Outubro, notou-se uma redução de 33%
das Receitas Totais causada essencialmente por uma redução de 14% nas Receitas Correntes. Em
relação ao Plano de Caixa de Outubro de 2015, a receita total arrecadada apresenta uma execução
abaixo do planeado em torno dos 28%.
A execução acumulada das despesas correntes face ao previsto no OGE de 2015 foi de 67% no
período de Janeiro à Outubro (OGE 2015 Revisto aprovado em Março pela Assembleia Nacional,
que entrou em execução no mês de Abril). No período homólogo em 2014 a execução esteve na
ordem dos 78%. Todavia, alguns números se destacam, embora de modo previsional: o OGE para
2016 prevê que a despesa corrente deverá registar um aumento de 3,8% em relação à estimativa
de execução de 2015 (AOA 3.480,1 mil milhões e AOA 2.639,7 mil milhões, respectivamente)
enquanto para a Despesa de Capital está prevista uma redução de AOA 1.136 mil milhões na
estimativa de execução de 2015 para AOA 815,6 mil milhões na previsão para 2016, ou seja uma
redução de 28,2%.
Note-se, no entanto, que a estimativa de execução da Despesa de Capital em 2015 (AOA 1.136 mil
milhões) supera largamente a dotação fixada no OGE Revisto em cerca 78,5%. Este desvio,
entre o valor orçamentado e a estimativa de execução em 2015, deve-se em grande medida aos
ajustamentos cambiais ocorridos após a aprovação do OGE Revisto, mas também pela dificuldade
em conter a despesa com a implementação de projectos de investimento em curso, especialmente
em infraestruturas, devido aos potenciais custos inerentes à suspensão ou atraso na execução de
tais projectos.
No tange a evolução da receita orçamental (exclusivamente fiscal) para 2016, está orçada em AOA
-
18
Reservas Internacionais Líquidas I Reservas em Meses de Importações
Execução Orçamental versus Despesas (mil milhões de kwanzas)
Estructura Fiscal 2015
Fonte: MINFIN e BNA
29,57
24,57
4,45,1
6,97,7
8,2
5,9 6,6
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
0,0
1000,0
2000,0
1S14 2S14 1S15 2S15 Remunerações Bens e serviços Juros Trans. correntes
0,0
500,0
1000,0
1500,0
2000,0
2500,0
1S14 2S14 1S15 2S15 Petrolíferos Não petrolíferos
Imposto Não Petrolíeferos
Imposto Petrolíeferos
Despesas de Capital
Despesas Correntes
1º Semestre 2º Semestre
56,14%
43,86%
79,81%
20,19%
90,26%
9,74%
81,17%
15,33%
-
19
.
O abrandamento das economias
emergentes e as expectativas do fim dos
estímulos monetários nos EUA
condicionaram em parte o desempenho
dos mercados financeiros
No segundo Semestre assistiu-se uma considerável volatilidade nos mercados financeiros. O
abrandamento das economias emergentes, a recuperação anémica da Zona Euro, os
conflitos no Médio Oriente e a expectativas sobre o fim dos estímulos monetários nos
Estados-Unidos e no Reino Unido, condicionaram a evolução das várias classes de activos,
desde as acções às obrigações, passando pelas commodities.
DESEMPENHO
dos Mercados
-
20
Mercados Accionistas
Fonte: Bloomberg
18001850190019502000205021002150
0
1000
2000
3000
4000
5000
jan
/15
fev/
15
mar
/15
abr/
15
mai
/15
jun
/15
jul/
15
ago
/15
set/
15
ou
t/1
5
no
v/1
5
de
z/1
5
Eurostoxx50 S&P 500
0
200
400
600
800
1000
1200
MSCI EM
Mercados Accionistas
Na segunda metade de 2015, os mercados accionistas mundiais apresentaram comportamentos
distintos.
Na Europa, o índice Eurostoxx50 apresentou uma variação acumulada positiva de 1,5%
beneficiando dos baixos preços do petróleo, de indicadores económicos animadores que
apontavam para a recuperação da economia da região, do programa de estímulos do BCE, e por
terem sido dissipados os receios da saída da Grécia da Zona Euro.
Similarmente, o índice accionista S&P500 registou uma variação acumulada positiva de 0,3%,
influenciado pela crescente melhoria do ambiente económico nos EUA, que apresentou melhorias
na taxa de desemprego, um maior nível de consumo interno e melhoria na taxa de inflação que
está mais próxima da meta de 2% da Reserva Federal Americana.
Por outro lado, o índice MSCI dos mercados emergentes registou uma variação acumulada
negativa de 9,8%, afectado principalmente pela performance da bolsa chinesa que registou quedas
acentuadas de cerca de 30%, isto em função da desaceleração da actividade económica na China.
-
21
Mercados Cambiais
Evolução do Kwanza, Dólar e do Euro
Fonte: Bloomberg
0,95
1
1,05
1,1
1,15
1,2
1,25
0
20
40
60
80
100
120
140
160
jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15
USD/AOA (a esquerda) EUR/USD
No início do segundo semestre, a moeda nacional continuou com a sua trajectória de
desvalorização verificada no primeiro semestre. A taxa de câmbio USD/AOA fixou-se em AOA
156,39, comparativamente ao início do semestre em que a taxa se encontrava nos AOA 126,20,
representando uma desvalorização de cerca de 24%.
O BNA tem vindo a desvalorizar a moeda nacional para diminuir a pressão sobre as reservas
externas do país e restabelecer o equilíbrio no mercado cambial através de mecanismos que visam
a diminuição da procura por divisas.
No mercado internacional, no início do período em análise, o Euro seguiu uma trajectória de
depreciação face ao Dólar, fixando-se em USD 1,10, registando uma depreciação de 1,46%
comparativamente ao semestre anterior, devido, essencialmente, à divulgação de indicadores
económicos que apontavam para uma recuperação da economia americana e da especulação em
torno da proximidade da alteração da política monetária pela Reserva Federal Americana. Mais
para o final do semestre, o Euro seguiu a tendência inversa, valorizando-se face ao Dólar e
fechando o ano a cotar USD 1,08, representando uma variação positiva na ordem dos 2,2%. Esta
apreciação foi resultado do programa de expansão monetária quantitative easing levada a cabo
pelo BCE.
-
22
Evolução das Taxas de Juro
Fonte: Bloomberg
Mercado Interbancário
No início do semestre de 2015, no mercado interbancário angolano, os bancos realizaram entre
si cedências de liquidez overnight (1 dia) num montante acumulado de AOA 332,9 mil milhões,
mais de 100% relativamente ao período anterior, sendo que a taxa de juro de 1 dia (Luibor
overnight) caiu de 12,23% no mês de Julho para 11,46% no final de Dezembro.
No primeiro trimestre, a Luibor para as maturidades de 30, 90, 180, 270 e 360 dias situou-se em
9,19%, 9,38%, 10,08%, 10,19% e 10,33%, respectivamente. Contudo, até ao final do semestre,
a Luibor nestas mesmas maturidades, fixaram-se em 11,44%, 11,88%, 12,21%, 12,56% e
12,84%, respectivamente.
A taxa overnight encontrava-se acima das taxas interbancárias de prazos mais longos, indicando
alguma falta de liquidez em resultado das medidas restritivas levadas a cabo pelo BNA para
conter a pressão inflacionista consequente da desvalorização do Kwanza.
No mercado internacional, a taxa Libor 6M (Londres) registou uma subida significativa, fixando-
se em 0,85%, duplicando-se em relação ao início do semestre. Enquanto a Euribor 6M (Zona
Euro) manteve a sua tendência decrescente, reflectindo os efeitos da política monetária não
convencional implementada pelo BCE, tendo fechado o mês de Dezembro em 0,04%, comparado
com os 0,05% do semestre anterior.
-0,1
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
-0,1
-0,05
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
EURIBOR 6M LIBOR 6M LUIBOR 6M
-
23
Mercado de Dívida Pública
Relativamente aos títulos públicos internacionais, verificou-se uma tendência de queda nos
rendimentos dos títulos a 10 anos (yields) das economias avançadas da Zona euro com a yield
Alemã e Francesa a fixarem- se em 0,35% e 1,10% respectivamente. Esta diminuição foi resultado
do programa de compra de activos, no mercado secundário, do Banco Central Europeu (BCE) que
limitou o efeito contágio da Grécia.
Nos países da Europa catalogados como periféricos, verificou-se uma trajectória ascendente, com
a yield espanhola a fixar-se em 1,78%, a portuguesa em 2,54% e a yield grega em 8,35%.
Nos Estados Unidos, a rentabilidade das obrigações de 10 anos apresentaram-se voláteis, com a
yield a fixar-se em 2,27%, em Dezembro de 2015.
No mercado angolano, verificou-se uma variação significativa na emissão de divida pública. Na
segunda parte de 2015, o Tesouro emitiu títulos (Bilhetes e Obrigações do Tesouro) num total de
AOA 481,738 mil milhões, um valor inferior ao do primeiro semestre em 19,64%. Em relação aos
Bilhetes do Tesouro foi emitido um montante de AOA 271,426 mil milhões, registando um forte
decréscimo de 34,5%, em comparação ao registado no semestre anterior. Durante o segundo
semestre foram emitidas obrigações avaliadas em AOA 185,219 mil milhões, o que representou
um aumento de 13,6% em comparação ao montante emitido no primeiro semestre de 2015.
No mercado de registos de títulos do tesouro (MRTT) da BODIVA foram registados negócios na
ordem dos AOA 4,261.67 mil milhões. Até ao final de 2015, o volume de negócios registados
verificou um crescimento significativo de 95%, dado o aumento do endividamento por parte do
Estado angolano, sendo que os bancos comerciais foram os únicos intermediários.
No que toca a liquidez deste mercado, verificou-se um crescimento sustentado nos rácios de
obrigações emitidas sobre o stock de dívida (obrigações) de 1,9%, em Julho, para 4,4%, em
Dezembro. A avaliação deste índice de rotatividade indica que o potencial de crescimento do
mercado de registos é enorme.
Por outro lado, Angola emitiu Eurobonds, títulos representativos de dívida soberana, colocada no
mercado internacional, no montante de USD 1,5 mil milhões a uma taxa de cupão de 9,5% para
uma maturidade de 10 anos. Em Novembro, a taxa de retorno requerida pelas Eurobonds
angolanas, aumentou 2,63 pontos percentuais, fixando-se em 12,13% no fim de Dezembro,
reflectindo um aumento da percepção de risco de incumprimento de Angola pelos investidores, em
resultado da queda do preço do petróleo.
-
24
Dívida Pública angolana– yield a 10 anos
Fonte: Bloomberg
Evolução do volume de negócios transacionados no MRTT (AOA, mil milhões)
Fonte: BNA e BODIVA
9,2
11,1
10,6
9,0
9,5
10,0
10,5
11,0
11,5
nov/15 dez/15
41730,63
112321,60
1,9%
4,4%
0,1%
1,1%
2,1%
3,1%
4,1%
5,1%
Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
4000,00
24000,00
44000,00
64000,00
84000,00
104000,00
124000,00
Volume de transações registadas Rácio Transações/stock da dívida
-
s
25
O mercado das Commodities
Evolução das Commodities
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
400
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
1300
1400
dez/14 mar/15 jun/15 set/15 dez/15
Trigo/bushel(Eixo à Esq.) Ouro/onça(Eixo à Esq.) Brent/barril(Eixo à Dir.)
Durante o segundo semestre de 2015, as diferentes commodities apresentaram na generalidade uma
tendência de queda.
O preço do Brent, petróleo de referência das exportações angolanas, registou alguma volatilidade.
Inicialmente o benchmark esteve a cotar os 63,59 USD/barril, porém de seguida seguiu uma trajectória
decrescente contínua, chegando a cotar 54,15 USD/barril em Agosto e derrapando finalmente em
Dezembro tendo-se fixado em 37.28 USD/barril, bem abaixo dos 57,33 USD/barril registados em
Dezembro de 2014. Dos principais motivos para a queda no preço do petróleo estão a oferta excessiva
dos países produtores num contexto de baixa procura, especialmente da China que constitui um dos
maiores importadores desta commodity. Por outro lado, a produção doméstica nos EUA de gás de xisto
aumentou significativamente, agravando também o excedente de petróleo no mercado.
Relativamente aos metais, o ouro registou uma variação acumulada negativa de 7% no segundo
semestre, fechando o ano com um valor de 1.061,1 USD/onça, comparativamente ao registado no
primeiro semestre, 1.168 USD/onça. A principal causa para a volatilidade no preço do ouro, foi a
expectativa do aumento da taxa de juro de referência pela FED, tendo em conta que o ouro constituí um
activo de refúgio nos mercados financeiros.
Quanto aos cereais, o trigo verificou uma variação negativa de 3% durante o período em análise, fixando-
se em USD 4,70 /bushel em Dezembro. Por um lado, a apreciação do Dólar afectou as exportações
americanas e levaram a um aumento nos stocks de trigo no país - um dos principais produtores mundiais;
por outro lado a procura da Europa, um grande consumidor da commodity abrandou no período em
análise.
-
s
26
Fonte: Bloomberg
Notas Finais
A perspectiva de crescimento da economia mundial deve manter-se em níveis relativamente
moderados, apesar da diminuição da confiança empresarial verificada no final do último semestre
de 2015. De acordo com as últimas estimativas do FMI e da Comissão Europeia, a economia mundial
deverá crescer 3.9% em 2016. O ritmo de crescimento mantém-se, contudo, desigual entre as várias
regiões do mundo, devido à transferência de rendimento das economias produtoras para as
consumidoras de petróleo, às diferentes políticas monetárias e alterações cambiais.
Apesar das melhorias registadas na Europa e nos Estados Unidos, permanecem incertezas no
horizonte, especialmente nas economias emergentes, tendo em conta também a volatilidade no
preço do petróleo. As tensões entre os países produtores tendo em conta o novo cenário de fraca
procura deverá permanecer.
Para a economia angolana, é expectável um primeiro semestre ainda desafiante no que diz respeito
à condução da política económica. E a conclusão que nesta altura se pode avançar, decorrido o
segundo semestre, é a de que as medidas tomadas foram insuficientes para acalmar o mercado
cambial, especialmente tendo em conta o spread entre o mercado formal e informal.
Em relação ao desempenho da actividade financeira do Estado, salienta-se que o orçamento para
2016 se encontra sujeito a um grau de incerteza elevado, em função i) da evolução do preço do
barril do petróleo, ii) do ritmo de desaceleração da actividade económica e iii) do comportamento da
taxa de câmbio USD/AOA, sendo que, nos dois primeiros casos com especial impacto sobre o nível
da receita e no terceiro caso com maior impacto ao nível da despesa.
Estas incertezas ligam-se ao défice orçamental (e às necessidades de financiamento), sendo por
isso admissível que o saldo da execução orçamental bem como o nível das necessidades de
financiamento possam vir a revelar desvios em relação aos valores projectados.
-
s
27