Maio de 2012: Fé

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O lado positivo do questionamento Boas ou Más? Os efeitos das nossas escolhas A Fé e as Zonas de Conforto Desafie os limites DÚVIDAS SAUDÁVEIS MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.

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Estará a razão sempre em oposição à fé? Ou pode ser um meio para aprofundarmos as nossas crenças? Esta edição trata dessa questão tão antiga quanto a humanidade.

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O lado positivo do questionamento

Boas ou Más?Os efeitos das nossas escolhas

A Fé e as Zonas de ConfortoDesafie os limites

DÚVIDAS SAUDÁVEIS

MUDE SUA V I DA . MUDE O MUNDO .

Volume 13, Número 5

C O N TATO P E S S OA L

Muitas pessoas, cristãs ou não, parecem pensar que o cristianismo se resume a regras. Entendem que quem as observa, merece as bênçãos de Deus e quem as contravém cai em Seu desfavor. Será que isso é tão preto no branco como dizem?

Em sua carta aos convertidos de Roma, Paulo tratou da polêmica que consumia muito tempo e energia dos primeiros cristãos e ameaçava dividi-los: Deus esperava que os cristãos observassem a Lei Mosaica?1 A controvérsia era, na verdade, uma extensão de discussões e debates em que, havia séculos, os judeus tentavam determinar qual dos 613 mandamentos da Lei seria o mais importante e o que deveriam fazer quando surgiam conflitos.

No debate cristão, se um lado tivesse a razão, os que estivessem no outro estariam errados —certo?

Errado —segundo Paulo. Ele estava convencido de que os cristãos não estavam obrigados a se conformarem à Lei Mosaica, mas também defendia que a situação não era oito ou oitenta, como tendemos a interpretar. Resumindo, o apóstolo dizia que ninguém tinha os direitos autorais do conceito de justiça. Além disso, Deus não está refém de detalhes. Muito acima das tecnicalidades, Seu amor é mais inclusivo. A verdadeira questão e a que mais interessa a Deus é que nossas ações sejam motivadas pelo amor por Ele e pelos outros, ditadas pelas nossas convicções pessoais e fundamentadas no nosso entendimento da Sua Palavra.

Essas convicções pessoais são justamente isto: pessoais. Não são coletivas, genéticas nem transferíveis. Tampouco são frutos do acaso. Resultam da conjugação de conquistas, perdas pessoais, estudos, reflexão e autoavaliações. É um processo que costuma durar meses ou anos. Não são certezas estáticas, mas mudam e amadurecem conosco. Vão se tornando mais claras cada vez que meditamos nelas, ou as submetemos a provas.

“Venham, vamos refletir juntos”, diz o Senhor.2

Mário Sant’AnaPela Contato

1. Ver Romanos capítulo 14.

2. Isaías 1:18

© 2011 Aurora Production AG. www.auroraproduction.com Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'AnaA menos que esteja indicado o contrário, todas as referências às Escrituras na Contato foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos.

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Editor Mário Sant'AnadEsign Gentian Suçidiagramação Angela HernandezProdução Samuel Keating

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Tenho um amigo que estuda extensivamente diversas religiões. É comum desfrutarmos de conversas profundas sobre vários sistemas de crença e essas discussões, invariavelmente, nos levam a falar do que acreditamos.

“Respeito os que creem em Deus, mas não consigo. Não sinto nem entendo toda essa coisa de espiritual e sobrenatural —confidenciou-me.”

Pude me identificar com o que disse. Não com respeito a não acredi-tar em Deus, mas à sua incapacidade de sentir ou entender o sobrenatural, que é o que muitos equiparam à fé.

“Também não sinto. Acredito por opção. Para mim, fé é uma escolha.” —expliquei.

Essa conversa e minha resposta me fizeram pensar várias vezes

ESCOLHO A FÉ

Não despreze suas faculdades críticas. Lembre que Deus é um Deus racional que nos fez segundo a Sua ima-gem. Ele nos convida para explorar Sua dupla revelação —na natureza e nas Escrituras—, com a mente que nos deu, e espera que avancemos no desenvolvimento de uma mente cristã capaz de aplicar Sua maravilhosa verdade revelada a cada aspecto da vida moderna e do mundo pós-moderno. —John Stott, líder anglicano

desde então. Cresci em uma atmosfera de fé, mas passei pela fase questionadora típica da adolescência. Muitos amigos, tanto orientadores quanto colegas, me diziam que suas experiências os ajudaram a construir sua fé. Várias delas giravam em torno de eventos sobrenaturais: sinais, sonhos e circunstâncias místicas inexplicáveis, que denominavam milagres. Nunca vivenciara nada assim e, às vezes, pensava em explicações lógicas para esses relatos.

O que eu via, entretanto, eram pequenas manifestações do amor e do desvelo de Deus no meu dia a dia. Apesar de que algumas dessas situações poderiam ser explicadas como felizes coincidências ou resultados da bon-dade das pessoas a meu redor, estavam alinhadas com o que eu havia lido e

aprendido sobre a natureza e a essência de Deus. Eram experiências que me faziam sentir amada e protegida por alguém que vela por mim. Escolhi acreditar que isso é Deus agindo na minha vida, mesmo sem jamais ter sentido nenhum êxtase espiritual nem ter visto “shows pirotécnicos” como algumas pessoas. O que tenho em minha vida é um fogo sereno, que há anos me mantém aquecida.

Minha vida está longe de ser convencional, mas Deus sempre está atento a mim e sinto uma segurança interior de que assim permanecerá. Minha vida está em Suas mãos. Os sentimentos são irrelevantes. Acredito porque escolhi acreditar.

Lily Neve é membro da Família Internacional no Sul da Ásia.■

Lily Neve

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Nem todo mundo con-segue aceitar elementos doutrinários sem os ques-tionar. Assim como Deus fez as pessoas diferentes entre si em termos de personalidade e constituição física, há também vários tipos de fé. Quer você precise de tempo para estudar, refletir e raciocinar antes de acreditar, ou seja daqueles que abraçam concei-tos espirituais com poucas objeções, o que conta é a meta: uma fé viva.

Crises de fé e questionamentos de doutrinas não são ocorrências raras, mesmo com respeito a princípios fun-damentais. Deus muitas vezes trabalha por meio dessas batalhas da mente e do espírito e as usa para nos fortalecer. É um processo que pode servir para nos ajudar a voltar à essência de nossa fé ou reafirmar nossas crenças e a ter maior clareza de não apenas no que acreditamos, mas dos seus porquês.

Muitos cristãos vivenciaram crises de fé. Três exemplos notórios são

1. Missionário americano do século 19,

que serviu em Myanmar quase 40 anos e

traduziu a Bíblia para o birmanês.

2. Deuteronômio 29:29

3. Hebreus 11:6

DÚVIDASSAUDÁVEIS Maria Fontaine

Martinho Lutero, Madre Teresa e Adoniram Judson.1 As crises e os conflitos que vivenciaram para alcançar um lugar de fé e entendimento estão bem documentados. Seus questiona-mentos produziram uma fé ainda mais forte, uma compreensão mais profunda de Deus e um relacionamento mais íntimo com Ele, que é o que busca com cada um de nós. Suas batalhas e vitórias servem de inspiração para muitos. Eu ousaria dizer que esses revezes também lhes deram maior entendimento das dificuldades que os outros encontram na afirmação de sua fé.

Em vez de olhar para as dúvidas como ameaças potenciais à nossa fé, que devem ser resistidas ou expulsas

de nossas mentes e corações, devemos lembrar que o questionamento, a dúvida e até o cepticismo podem ser degraus para uma fé mais forte e madura. Em alguns casos, Deus pode nos levar a remoer uma questão até que atinjamos uma condição de paz e entendimento, mas, ao mesmo tempo, é preciso aceitar que jamais encontraremos nesta vida as respostas para algumas perguntas. “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus.”2 Este pode ser o maior teste de todos: estar em uma situação em que tudo que nos resta é confiar em Deus e nos apegar à promessa de que Ele recompensa os que O buscam.3

Maria Fontaine e seu marido, Peter Amsterdam, são diretores da Família Internacional (AFI), uma comunidade cristã. ■

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No 17º capítulo do Livro de Atos lemos sobre as primeiras experiências de Paulo em Tessalônica e Beréia, duas cidades na região hoje conhecida como Grécia. Ambas tinham comunidades judaicas, sina-gogas e, aparentemente, um número considerável de gregos proeminentes convertidos ao judaísmo.

Em Tessalônica, “Paulo, como tinha por costume, foi ter com eles, e por três sábados discutiu com eles sobre as Escrituras, expondo e demonstrando que convinha que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos. E este Jesus que vos anuncio, dizia ele, é o Cristo.”1 Alguns dos seus

A F U N D AÇ ÃO D A F É

Um Conto deDuas Cidades

ouvintes foram persuadidos, enquanto outros provocaram uma perseguição aos cristãos, forçando Paulo e Silas a fugir para Beréia, cidade vizinha.

Lá, Paulo ensinou também sobre Jesus na sinagoga local. “Ora, estes foram mais nobres do que os de Tessalônica, pois de bom grado recebe-ram a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.”2

Em ambas cidades, Paulo encontrou pessoas que acreditavam no único Deus verdadeiro, mas que percebiam que havia mais para aprender a Seu respeito. Era o propósito de se reunirem na sinagoga: estudarem e discutirem questões relacionadas à fé. Os dois grupos de crentes ouviram a mesma mensagem e ambos dispunham dos mesmos recursos para analisá-la, isto é, as Sagradas Escrituras. O que distinguiu os bereenses foi sua disposição de

verificar nas Escrituras se o que Paulo estava dizendo seria, de fato, verdade.

Era precisamente o que apóstolo queria quando “discutia, expunha e demonstrava”, conforme disse a outro grupo dos primeiros convertidos: “A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.”3 Ele não queria que eles simplesmente aceitassem o que lhes dizia, mas que fundamentassem sua fé na convicção pessoal construída sob a orientação do espírito de Deus às respostas que buscavam ao estudar as Escrituras. ■

1. v. 2, 3 NVI

2. v. 11 NVI

3. 1 Coríntios 2:4–5

Keith Phillips

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“Sei em quem tenho crido e estou bem certo de que Ele é poderoso para guardar o que Lhe confiei até aquele dia.”1 Ontem à noite, esse versículo veio à minha mente e aí pairou por muito tempo. Não é raro eu pensar em um trecho da Bíblia, mas desta vez foi diferente. As palavras e sua riqueza se salientaram — pareciam “mais altas” ou algo assim. Pensei e repensei na frase por vários ângulos, meditando no que significaria para mim.

Paulo não disse: “Sei em que tenho crido” ou “Sei por que tenho crido”, mas “Sei em quem tenho crido”. Mesmo sem jamais haver visto ou ouvido Jesus ensinar em Sua rápida passagem na Terra, Paulo O conhecia muito bem e O amava tanto que dedicou a para levar Jesus aos outros e construir o alicerce para a fé de muitos milhões que vieram após ele —uma missão que lhe causou muitos sofrimentos. Ele não fez tudo isso para garantir que aprendêssemos a doutrina correta, mas para que conhecêssemos a gloriosa pessoa que ele teve o privilégio de conhecer.

Ontem à noite, entendi mais claramente que minha fé se baseia em quem eu tenho crido e no meu relacionamento com Ele, em conhecê-lO e

amá-lO.É fácil, às vezes, pelo menos para mim,

ficar um tanto emaranhada no que e no por que acreditar. Sem dúvida, é importante

saber no que se acredita e por que e não vou parar de estudar a Bíblia ou fazer

pesquisas que me ajude a entender minha fé. Todavia, apesar de essas

outras coisas serem importantes, Ele é o cerne de tudo. Tudo mais

empalidece quando penso em quem acredito.

Quero saber mais sobre muitos assuntos. Quero conhecer Jesus melhor

E m Q u e m T e n h o C r i d oJessie Richards

1. 2 Timóteo 1:12 NVI

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também. É o que planejo fazer. Entretanto, está bem claro que quando penso sobre o que ou quem conheço melhor, sem dúvida é Jesus. Estou nos meus trintas e passei parte de quase todos os dias da minha vida com Ele —falando com Ele, escutando o que me diz, tentando entendê-lO e agradá-lO. Ainda não O conheço tão bem quanto eu gos-taria e sei que nem sempre O agradei, mas o importante é que tudo pelo que passamos juntos, todo o tempo que compartilhamos e toda a atenção que demos um ao outro me permite dizer com confiança que O conheço.

Sei que posso confiar nEle. Neste exato momento, uma das coisas que mais me

preocupam é meu futuro, tanto o próximo quanto o dis-tante. Estou diante de escolhas inéditas para mim. Gosto de ter opções, mas ver-me diante de muitas ao mesmo tempo me deixa um pouco perdida às vezes. Jesus me deu a capacidade de realizar quase qualquer coisa que quero na vida e gosto disso. Mas é verdade é que confio mais nEle do que em mim mesma. Sei que minha von-tade é determinante no que diz respeito ao meu futuro, mas de modo algum vou planejar meu destino ou tentar chegar lá sem Ele. Preciso que Ele guarde meu futuro e, por isso, a Ele o confio.

Quanto à minha família e amigos próximos, sei que não sou lá muito emotiva ou afetuosa, então é possível que não percebam isso, mas é verdade é que têm grande importância para mim e muitas vezes me preocupo com eles. Quando perco o sono, uma das minhas atividades “favoritas” é analisar as situações dos outros —passadas, presentes, mas principalmente futuras. Pergunto-me se seus planos vão se realizar. Às vezes, chego a conclusões não muito positivas, mas quando me flagro me preocu-pando ou temendo por eles —suas carreiras, finanças, saúde, filhos ou tudo isso— não demora percebo que minhas inquietações não ajudarão ninguém e que não há nada no mundo que eu possa tentar fazer para ajudá-los, por conta da minha atual situação e recursos. Mas não me

desespero, porque Jesus “é poderoso para guardar o que Lhe confiei”. E isso inclui cada pessoa importante para mim.

Na noite passada, mais uma vez, os rostos dos que amo surgiram na minha mente como em um arquivo de fotos de um computador. Sim… cada um tem suas necessidades, problemas, desafios e, em alguns casos, uma bagagem e tanto com a qual têm de lidar. Mas também têm o mesmo Deus que é meu, o Deus que guarda tudo que a Ele confiamos. Vamos estar bem.

Jessie Richards responde pelo Departamento de Missões da Família Internacional, responsável pela produção da Contato. Vive em Washington DC, nos Estados Unidos. ■

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Jesus disse que devemos amar Deus “com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente.”1 Observe que não se referiu somente ao coração e à alma, mas também à mente. Deus concedeu faculdades mentais aos seres humanos. Criou-nos capazes de raciocínio, crescimento intelectual, pensamento crítico e inferências. Além disso, dotou-nos da consciência como guia para fazermos as escolhas moralmente corretas.

O apóstolo Paulo disse, “Algumas pessoas pensam que certos dias são mais importantes do que outros, enquanto que outras pessoas pensam que todos os dias são iguais. Cada um deve estar bem firme nas suas opiniões.”2 E, no

1. Mateus 22:37

2. Romanos 14:5 NTLH

3. Romanos 14:23 NTLH

AMANDO DEUS

Com Nossas Mentes

mesmo discurso, adicionou: “O que não se baseia na fé é pecado.”3 Ele estava ensinando a importância de explorarmos nossas crenças para deter-minarmos o que acreditamos ser certo e errado com respeito às coisas. Analisar, discutir e debater doutrinas pode proporcionar exercícios saudáveis para a fé, pois exigem que nos aprofundemos nas nossas crenças e encontremos a fundação escritural que as sustenta.

Obviamente, o uso de nossas faculdades mentais e do raciocínio crítico não tem a finalidade de enfraquecer a fé. Apesar de ser o que acontece em alguns casos, em outros, a reflexão propositada sobre o que acreditar fortalece a fé. A diferença está na abordagem escolhida para o processo de questionamento. Paulo, Santo Agostinho, Martinho Lutero, C.S. Lewis e muitos outros grandes

pensadores cristãos usaram a razão e a lógica para fortalecerem a fé própria, dos demais e ampliar o entendimento da doutrina, ajudando a formatar a fé e os pontos de vista intelectuais do cristianismo.

Podemos usar nossas habilidades intelectuais para glorificar Deus e afirmar nossa fé, assim como quaisquer outros recursos e talentos que Ele nos deu. Podemos usar nossas mentes para amar Deus melhor, como Jesus nos disse para fazer, e nossas habilidades intelectuais para encontrar o lugar que designou para nós neste mundo, ampliando nossos conhecimentos, compreensão da humanidade e muito mais. Como acontece com as demais dádivas que nos concede, Deus espera que invistamos nossas habilidades mentais para gerar benefícios para nós mesmos e para os outros. ■

Maria Fontaine

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Quando o tópico de valores pessoais e sociais vem à tona, muitas vezes a discussão gira em torno de filmes, músicas, literaturas, jogos de computador e uso de Internet que são bons ou aceitáveis, e quais não são. Não é raro surgirem daí debates entre as gerações e até entre aqueles da mesma faixa etária. Isso não surpreende pela natureza altamente subjetiva da questão e algo que tem um efeito obviamente ruim em alguém pode não produzir os mes-mos resultados em outras pessoas.

Há pessoas que afirmam que fil-mes com elevado grau de violência, sangue ou linguagem torpe não os prejudicam. É algo que desfrutam e não consideram nocivo. Contudo, mesmo que não o percebam ou admitam, a exposição frequente a produções ou mensagens que pro-movam ou façam a apologia desses tipos de atitudes e comportamentos e efeitos no espírito que, mais tempo menos tempo, se manifesta-rão em atitudes e comportamentos. Em vez de avaliarmos se algo nos é prejudicial, devemos nos perguntar: “Isso é bom para mim?”

InfluênciasPeter Amsterdam

Com certeza, no caso de dúvida quanto a provável influência que algo possa exercer em nós, o melhor é consultar a Palavra de Deus, a Bíblia, e fazer uma aferição segura. A palavra usada em muitas tradu-ções da Bíblia para descrever o bom efeito ao qual me refiro é “edificar”, que quer dizer “iluminar; conduzir à virtude”. Sua Palavra é inequívoca quando ensina que devemos pro-curar as coisas que são edificantes e evitar as que não o são.

É impossível, nesta era de alta tecnologia e domínio da mídia, bloquear tudo que seja capaz de produzir um mau efeito em você, mas ao reconhecer uma influência específica como perigosa, deve tentar minorar seus efeitos redu-zindo sua exposição a eles. É tudo uma questão de convicção pessoal: quão convencido você está de que algo prejudica seu espírito e quão determinado está a evitá-lo.

Peter Amsterdam e sua esposa, Maria Fontaine, são diretores da Família Internacional. ■

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Fala-se muito de “sair da zona de conforto”. Odeio esse negócio. Admito: gosto das minhas zonas de conforto. Não gosto de fazer coisas novas, especialmente o que não entendo ou que não acho que vá me sair bem. Ultimamente, entretanto, tenho sido expulsa da minha zona de conforto com certa regularidade. Penso na magnitude de um novo projeto ou empreendimento, começo a tremer por dentro e, mentalmente, recuar.

Eu discutia um projeto assim com um amigo que me dizia suas ideias. Ele é do tipo que pensa grande e no longo prazo. Não se intimida pelo prospecto de trabalho árduo ou riscos. Na verdade, para ele, quanto

maior e mais desafiador for o traba-lho, melhor. Bastou me contar seus planos para imediatamente eu ficar atônita. Notou meus olhos vidrados.

— O que foi?— Bem… —gaguejei tentando

ser positiva. É um bom plano, mas me parece um pouco grande. Acho grande demais para mim.

— Tudo parece grande demais para você nestes últimos tempos. Talvez precise de um pouco mais de fé.

Mesmo que eu não quisesse admitir, ele parecia estar certo.

Quando falei com Senhor a esse respeito, Ele confirmou que eu estava sendo um tanto fraca na fé e me deu o seguinte plano de três passos para mudar isso:

1. Alimentar a fé. Assim como meu corpo não pode sobreviver com uma dieta à base de junk food, com apenas uma boa refeição de vez em

Marie Story

1. Ver Romanos 10:17.

2. Provérbios 3:5–6 NTLH

3. Ver Mateus 14:22–32.

4. 2 Coríntios 3:5

5. 2 Coríntios 12:9

quando, minha fé não vai sobreviver, que dirá crescer, sem o consumo regular de bons alimentos espiritu-ais.1 Quando meu coração está cheio das promessas de Deus, minha fé não se abala facilmente.

2. Fortalecer a fé. A fé não cresce quando tudo está bem, todas as minhas necessidades atendidas e dou conta da carga de trabalho que tenho ou que está por vir. Circunstâncias assim não representam problemas para mim. É quando o caminho fica difícil e a carga pesada demais para mim, quando tenho de confiar as coisas a Deus e que Ele fará o que eu não puder, que minha fé se fortalece. “Confie no Senhor de todo o coração e não se apoie na sua própria inteligência. Lembre de Deus em tudo o que fizer, e Ele lhe mostrará o caminho certo.”2 Minha fé se fortalecerá conforme eu depender de Deus e confiar nas Suas promessas.

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3. Expandir a fé. Depois de fortalecer a fé, é hora de fazer coisas que pareçam desafiadoras, ou seja, sair da zona de conforto. Mais uma vez, a fé não tem chance de crescer em condições rotineiramente favoráveis. Às vezes, as dificuldades e os desafios vêm por iniciativa própria, mas se eu quiser mesmo que minha fé cresça, preciso escolher me expor a novidades. Preciso escolher situações de desafio. Preciso forçar minha fé a crescer.

Na Bíblia, algumas pessoas se viram em situações em que foram obrigadas a expandir sua fé, mas outras tomaram a iniciativa porque esperavam coisas maiores de Deus, que não as decepcionou. Algumas das coisas mais incríveis aconteceram quando as pessoas avançaram por fé e fizeram algo que parecia loucura para todos os demais.

Certa vez, os discípulos de Jesus estavam em um barco a várias

milhas da costa, quando Jesus se aproximou deles, caminhando sobre a água. Sem dúvida, aquele grande milagre fortaleceu a fé dos discípu-los. Mas Pedro literalmente deu um passo de fé do barco para a água, na direção de Jesus. Pedro não tinha de fazer isso, mas tenho certeza que fortaleceu sua fé incrivelmente quando também andou na superfí-cie das águas, mesmo se por pouco tempo.3

Mas para que uma fé mais forte? Jesus disse se tivesse o tamanho de uma semente de mostarda, a fé poderia fazer grandes coisas. Às vezes, toda a fé que conseguimos é pequena assim, mas Ele usará o que tivermos. Acho, por outro lado, que não quer que nossa fé permaneça minúscula, mas que cresça com nossas experiências de vê-lO em ação a nosso favor.

Deus tem grandes planos para cada um e gera situações para nos preparar para eles. Entretanto, é pre-ciso fé para dar o primeiro passo, agir e começar a construir o que Ele quer para nós. Se esperarmos até que tudo pareça seguro, sairemos perdendo.

Uma definição de fé é “confiança na habilidade de outrem”. Fé é saber que nós mesmos somos incapazes, mas fazemos o que Deus nos pede porque confiamos na Sua habilidade de agir em nós. “Não que sejamos capazes, por nós mesmos, de pensar alguma coisa, como se partisse de nós mesmos, mas a nossa capacidade vem de Deus.”4 “[Jesus] me disse, ‘A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.’”5

Marie Story é ilustradora e designer freelance, e membro da Família Internacional nos EUA. ■

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Diferentemente de seus pares modernos,

parece que a maioria dos prodígios do passado tinha fé. Como pode ser? Suas habilidades excepcionais não os levaram a

concluir que ter fé era ilógico e ingenuidade? Parece que não. É bem verdade que não se beneficiaram de tudo que a ciência produziu desde então, mas não

acho que isso responda. A ciência não pode ratificar nem invalidar as questões relacionadas à fé, tais como a existência de Deus. Poderíamos dizer, então, que eles acreditavam por ser a norma da época e cederam às

pressões das autoridades e de seus colegas? Acho que não. Grandes pensadores raramente se sub-metem assim, mas costumam ser pedras nos sapatos de instituições e autoridades retrógradas. Suas

mentes criativas e incisivas deixam as lideranças e seus colegas desnorteados, com suas ginásticas mentais, teorias inovadoras e soluções para problemas antes considerados insolúveis.Não me refiro apenas a cristãos ou mesmo monoteístas. Do Antigo Egito, Imhotep é apontado na história

como sendo o primeiro arquiteto, engenheiro (responsável pela construção das primeiras pirâmides) e médico, além de poeta, filósofo e principal sacerdote da religião egípcia. Sem dúvida, um sujeito esperto que em todos os escritos aos quais temos acesso hoje não manifesta nenhuma incompatibilidade entre o conhecimento e sua fé.

E o que dizer de todos aqueles gregos brilhantes de quem herdamos a matemática, a democracia, a filosofia, a arte e muito mais? Hoje, talvez pensemos que eram muito tolos em acreditar em deuses e histórias sem relação com ninguém no mundo moderno, mas absolutamente supersticiosas. Contudo, acreditavam no que acredita-vam porque concluíram que havia uma dimensão divina além do que eram capazes de entender.

Na mesma lista podemos incluir pensadores judeus como Maimônides e Espinoza, dois grandes filóso-fos. Tanto o primeiro, mais conservador quanto o outro, que se destacou pela inovação e contestação, eram crentes, ainda que nada convencionais.

E, claro, há também os grandes pensadores cristãos, como Tomás de Aquino, Agostinho de Hipona, Leo Tolstoy, C.S. Lewis, G.K. Chesterton, e inúmeros outros que não considera-vam a fé uma contradição ou impedimento para o desenvolvimento intelectual.

Scott MacGregor é romancista e comentador sobre assuntos espirituais e escatológicos. Mora atualmente no Canadá.■

MENTES BRILHANTES

Scott MacGregor

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Que benefícios práticos a fé oferece? Estes são alguns. Em essência, é uma curta lista de promessas de Deus.

Novos começosA vida que agora vivo […] vivo-a na fé do Filho

de Deus, que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim. —Gálatas 2:20

Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo. —2 Coríntios 5:17Tranquilidade

Não andeis ansiosos por coisa alguma, mas […]sejam as vossas petições conhecidas diante de Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus. —Filipenses 4:6–7Superação de temores

Busquei ao Senhor, e Ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores. —Salmo 34:4

No dia em que eu temer, hei de confiar em Ti. —Salmo 56:3Orientação

Faze-me saber o caminho que devo seguir, pois a Ti levanto a minha alma. —Salmo 143:8

Reconhece-O em todos os teus caminhos, e Ele endireitará as tuas veredas. —Provérbios 3:6Enfrentamento das adversidades

Pereceria sem dúvida, se não cresse. —Salmo 27:13Para Deus tudo é possível. —Mateus 19:26

Segurança Direi do Senhor: “Ele é o meu refúgio e a minha

fortaleza, o meu Deus, em quem confio.” —Salmo 91:2 ACFCerteza do futuro

Sei os planos que tenho para vós, diz o Senhor, planos de paz, e não de mal, para vos dar uma esperança e um futuro. —Jeremias 29:11

Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nEle, e Ele tudo fará. —Salmo 37:5Entendimento

Chegue a Ti o meu clamor, ó Senhor; dá-me enten-dimento conforme a Tua palavra. —Salmo 119:169 CEV.Alívio do estresse

O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas, refrigera a minha alma. —Salmo 23:1–3Paciência

A prova da vossa fé opera a paciência. —Tiago 1:3Cura

Está alguém entre vós doente? A oração da fé salvará o doente; o Senhor o levantará. —Tiago 5:14–15

Para vós, que temeis o Meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação debaixo das suas asas. —Malaquias 4:2Felicidade

Nele se alegra o nosso coração, pois confiamos no Seu santo Nome. —Salmo 33:21

A alegria do Senhor é a vossa força. —Neemias 8:10 ■

Leitura Que Alimenta

FÉ NOMUND REAL

Adaptado dos escritos de Maria Fontaine

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Nada verdadeiramente valioso surge da ambição ou de um mero senso de dever, mas do amor e devoção pelos homens. —Albert Einstein

Segundo Mahatma Gandhi estes são os sete pecados no mundo: riqueza sem trabalho, prazer acima da cons-ciência, conhecimento sem caráter, comércio sem moralidade, ciência sem humanidade, adoração sem sacrifício e política sem princípios.

Devemos entender as verdades espirituais e aplicá-las à vida moderna. Devemos extrair força das quase esquecidas virtudes como a simpli-cidade, a humildade, a reflexão e a oração. Isso requer uma dedicação que a ciência não explica, algo que ultrapasse o ego, mas as recompensas são grandes e é nossa única esperança. —Charles Lindbergh

A pessoa que tenta viver sozinha não terá êxito como ser humano. O seu coração murcha se não interagir com outro coração. A mente encolhe se ela só ouvir o eco dos seus próprios pensamentos e não encontrar inspiração em outra coisa. —Pearl S. Buck

Não meça sua riqueza pelas coisas que possui, mas pelas que você não venderia por nada neste mundo. —Autor anônimo

Um indivíduo só começa a viver depois que se eleva acima dos limites de seus interesses indi-vidualistas para considerar as necessidades da humanidade. —Martin Luther King, Jr.

A vida com base no tempo não tem sentido, a menos que tenha tido por meta a eternidade. —Nicolas Berdyaew

A maior finalidade da vida é a dedicação a algo que dure mais que ela própria. —William James

A felicidade está mais no dividir do que no possuir. Sobrevivemos com o que ganhamos, mas edificamos uma vida com o que damos. —Norman MacEwan

Se a vida é curta, modere seus inte-resses e projetos para este mundo; não se sobrecarregue com excesso de provisões para uma viagem curta. —Autor anônimo

As melhores e mais belas coisas do mundo não podem ser vistas nem tocadas. Precisam ser sentidas no seu íntimo. —Helen Keller

A vida se torna mais difícil quando vivemos para os outros, mas também passa a ser mais intensa e feliz. —Albert Schweitzer

Jesus disse: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lucas 12:15). A vida, o que realmente conta, não é feita de coisas, porque elas nunca podem verdadeiramente satisfazer. Pode ser que atendam ao corpo momentaneamente, mas não podem jamais satisfazer o espírito que busca em Deus, seu Pai, alegria, felicidade e o sentimento de realização eterna que somente Ele pode dar.

Para Pensar

Valores Verdadeiros

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Quando Tomé, o apóstolo, duvidou que Jesus havia ressuscitado e que os outros discípulos O haviam visto e conversado com Ele,1 teve de ver o Salvador e tocar os furos feitos pelos pregos nas Suas mãos para se convencer. Privilégios assim são raros na vida de fé. Parece que, na maioria das vezes, Deus quer que acreditemos sem vermos, pelo que receberemos bênçãos especiais.2

Apesar de nem sempre ser fácil ter fé para acreditar no que não podemos ver, parte da resposta está em todo lugar à nossa volta. As flores que surgem na primavera, as árvores carregadas de fruto e cada colheita de trigo, milho ou arroz resultam de sementes comparativamente muito pequenas.

1. João 20:25

2. João 20:29

3. NLT

4. Romanos 10:17

A Semente de FeEscondidas na terra escura, alimentadas pelo calor do Sol, regadas pela chuva ou pelo agricultor, transformam-se e se desenvolvem em plantas maduras.

É o que acontece com todas as plantas, cuja beleza e utilidade nascem de minúsculas sementes, oferecendo uma boa ilustração da fé. Em Mateus 17:20, Jesus se referiu a uma semente de mostarda: “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: se vocês tivessem fé, mesmo que fosse do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a este monte: "Saia daqui e vá para lá", e ele iria. E vocês teriam poder para fazer qualquer coisa!”3

Para este exercício, dê um passeio na natureza. Observe as flores e as plantas. As belezas e os mistérios do mundo natural são um reflexo das verdades espirituais. A menos que você seja um especialista em flora, provavelmente não perceberá todos os detalhes do pro-cesso que transforma uma sementinha

em uma planta produtiva. Da mesma forma, mesmo que você às vezes tenha dificuldades com questões relacionadas à fé, é possível que ela ainda esteja viva, muito bem e trabalhando.

Durante o passeio, pare e examine as plantas de perto. Observe seus padrões intrincados e cheire as flores. Sinta as várias texturas das folhas e dos caules de diferentes plantas, algumas são mais suaves enquanto outras mais ásperas. Observe as cores, tonalidades e estágios de crescimento. Então, afaste-se e deixe-se absorver pela cena. Lembre-se: tudo veio de sementes minúsculas.

Agora pense na sua fé. Não tem problema se não parecer hoje uma árvore majestosa. Plante-a, alimente-a e cuide dela pela leitura da Palavra de Deus,4 e ela crescerá.

Abi F. May é educadora e escritora na Grã-Bretanha, e articulista da Contato. ■

Um Exercício Espiritual Abi F. May

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Todos que aprenderam a viver na esfera do Meu Espírito são felizes e se sentem realizados, porque entendem melhor Meu amor. Não o questionam, pois o vivenciam plenamente. Têm grande paz e imensa alegria. Ninguém sente que um seja mais importante do que o outro ou mais amado, porque todos se sentem satisfeitos por saberem que amo cada um pelo que é. Entendem que cada um é precioso para Mim. Sabem que morri por eles, que remi cada um e, por isso, cada um é especial para Mim.

Isso vale para você também. Você é especial para Mim! Meu amor por você é pessoal. Jamais se considere apenas mais um na multidão. Nunca ache que, por haver tantas pessoas, não tenho tempo para você ou que Meu amor se esgotará antes de chegar a você.

Conheço seus anseios, inseguranças e temores mais ínti-mos, e sei também das suas falhas, mas nada disso muda o amor que tenho por você. Sou o amor, a misericórdia, a ternura, o perdão e a empatia. Compartilho do que você sente quando luta, quando enfrenta alguma tentação, ou quando está cansado ou fraco. Na sua vitória, regozijo-Me com você.

Eu o amo e Me importo por você. Não estou longe, mas bem aqui, ao seu lado. Deixe-me encharcá-lo com Meu amor e envolvê-lo com Meu calor. Quero revesti-lo da segurança que o Meu amor dá. Quero amá-lo até você transbordar com esse amor. Deixe-me lhe mostrar como você é especial para Mim.

Com Amor, Jesus

Amo você pelo que você é