Mamíferos de médio e grande porte no parque ecológico quedas do rio bonito

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INTRODUÇÃO CONCLUSÕES MATERIAL E MÉTODOS Kassius Klay Santos¹, Gabrielle Soares Muniz Pacheco², Marcelo Passamani³ 1Graduando em Ciências Biológicas, DBI/UFLA, bolsista PIBIC/CNPq, [email protected] 2Graduanda em Ciências Biológicas, DBI/UFLA, [email protected] 3Orientador, DBI/Ecologia/LECM/UFLA, [email protected] OBJETIVOS RESULTADOS E DISCUSSÃO APOIO: FAPEMIG;CNPq REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE NO PARQUE ECOLÓGICO QUEDAS DO RIO BONITO, LAVRAS, MG. O Brasil abriga a mastofauna mais diversificada do mundo, ocorrendo em nosso território aproximadamente 701 espécies (Paglia et al., 2012). Deste total, 161 espécies ocorrem no Cerrado e cerca de 250 na Mata Atlântica, sendo 65 espécies endêmicas deste bioma (Fonseca et al. 1996). Há, no entanto, uma grande carência de informações sobre os hábitos, preferências de habitat e distribuição de boa parte dessas espécies, especialmente daquelas de médio e grande porte. As baixas densidades populacionais, os hábitos crípticos, a aversão à presença humana e os hábitos predominantemente noturnos figuram entre os fatores que dificultam o estudo do grupo (Voss & Emmons 1996, Emmons & Feer 1997). A falta de conhecimento sobre vários aspectos biológicos e ecológicos dificultam a elaboração de planos de conservação para essas espécies. Em contrapartida o desmatamento e a degradação ambiental avançam rapidamente, reduzindo drasticamente seus habitats e colocando em risco a sobrevivência dessas espécies, que são particularmente vulneráveis às pressões antrópicas (Chiarello 1999). O presente estudo teve o objetivo de identificar as espécies de mamíferos de médio e grande porte que ocorrem na área do Parque Florestal Quedas do Rio Bonito, bem como avaliar a eficiência das diferentes metodologias aplicadas no levantamento. Os resultados deste trabalho fornecerão ainda dados importantes para um estudo que está em andamento na região, cujo objetivo é avaliar o uso de espaço e deslocamento de mamíferos em fragmentos de Mata Atlântica conectados por corredores de vegetação no sul de Minas Gerais.. A área está localizada na Serra do Carrapato, Lavras (21°19'45.76"S, 44°58'9.03"O), um remanescente da Mata Atlântica de 235 ha, com altitudes variando entre 983 e 1.240m. Os dados foram coletados por 3 métodos de amostragem: Câmeras trap (Fig. 1), parcelas de areia de 75X75 cm (Fig. 2 e 3) e busca ativa. Adicionalmente foram colocadas armadilhas do tipo grade. Foram registradas 13 espécies de mamíferos de médio e grande porte divididas em 6 ordens, 10 famílias e 12 gêneros: Puma concolor (Fig. 4), Leopardus pardalis (Fig. 5), Canis familiaris, Chrysocyon brachyurus (Fig. 6), Procyon cancrivorus (Fig. 7), Eira barbara, Dasypus novencinctus, Cuniculus paca, Sylvilagus brasiliensis, Didelphis aurita, Didelphis albiventris, Callithrix penicillata e Callicebus nigrifrons. Ressalta-se a presença de três espécies listadas como ameaçadas de extinção (Machado et al., 2009): o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), a jaguatirica (Leopardus pardalis mitis) e a onça-parda (Puma concolor), entretanto a espécie mais abundante foi o cão doméstico (Canis familiaris), tendo sido possível identificar através de fotografias ao menos sete indivíduos. Foi detectado um baixo número de gambás (Didelphis spp) na área do Parque, ao contrário do que foi verificado nos fragmentos florestais em áreas próximas, estas menos preservadas. Figura 4 – Onça-parda (Puma concolor). Figura 6 – Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). Figura 5 – Jaguatirica (Leopardus pardalis mitis). Figura 7 – Mão-pelada (Procyon cancrivorus). Figura 1 – Câmera trap. Figura 2 – Parcela de areia. Figura 3 – Pegada de onça-parda. A área do Parque parece ser um refúgio para diversas espécies de mamíferos da região. No entanto, a presença maciça de cães na área pode representar uma ameaça à fauna nativa. A baixa abundância de gambás (Didelphis spp.) pode estar relacionada à presença de várias espécies de carnívoros de topo da cadeia alimentar que o usam como presa. Os métodos aplicados no levantamento se mostraram complementares. Chiarello, A. G. Effects of fragmentation of the Atlantic Forest on mammal communities in south-eastern Brazil. Conservation Biology, 89: 71-82. 1999. Crooks, K. R. Relative Sensitivities of Mammalian Carnivores to Habitat Fragmentation. Conservation Biology, 16(2): 488-502. 2002. Emmons, L. H. & Feer, F. Neotropical rainforest mammals: a field guide. 2ª ed. The University of Chicago Press, Chicago, 303 p. 1997. Fonseca, G. A. B.; Hermmann, G.; Leite, Y. L. R.; Mittermeyer, R. A.; Rylands, A. B. & Patton, J. L. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. Conservation International & Fundação Biodiversitas. Occasional Papers in ConservationBiology, 4: 1-38. 1996. Paglia, A. P; Fonseca, G. A. B; Rylands, A. B; Herrmann, G.; Aguiar, L. M. S.; Chiarello, A. G; Leite, Y. L. R; Costa, L. P.; Siciliano, S.; Kierulff, M. C. M; Mendes, S. L.; Tavares, V. C.; Mittermeier, R. A & Patton, J. L. Lista Anotada dos Mamíferos do Brasil. 2ed. Ocassional Papers in Conservation Biology. Conservation International. Arlington (VA). 2012. Voss, R. S. & Emmons, L.H. Mammalian diversity in Neotropical lowland rainforests: a preliminary assessment. Bulletin of the American Museum of Natural History, 230:1-115. 1996.

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INTRODUÇÃO

CONCLUSÕES

MATERIAL E MÉTODOS

Kassius Klay Santos¹, Gabrielle Soares Muniz Pacheco², Marcelo Passamani³ 1Graduando em Ciências Biológicas, DBI/UFLA, bolsista PIBIC/CNPq, [email protected] em Ciências Biológicas, DBI/UFLA, [email protected], DBI/Ecologia/LECM/UFLA, [email protected]

OBJETIVOS

RESULTADOS E DISCUSSÃO

APOIO: FAPEMIG;CNPq

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE NO PARQUE ECOLÓGICO QUEDAS DO RIO BONITO, LAVRAS, MG.

O Brasil abriga a mastofauna mais diversificada do mundo, ocorrendo em nosso território aproximadamente 701 espécies (Paglia et al., 2012). Deste total, 161 espécies ocorrem no Cerrado e cerca de 250 na Mata Atlântica, sendo 65 espécies endêmicas deste bioma (Fonseca et al. 1996). Há, no entanto, uma grande carência de informações sobre os hábitos, preferências de habitat e distribuição de boa parte dessas espécies, especialmente daquelas de médio e grande porte. As baixas densidades populacionais, os hábitos crípticos, a aversão à presença humana e os hábitos predominantemente noturnos figuram entre os fatores que dificultam o estudo do grupo (Voss & Emmons 1996, Emmons & Feer 1997). A falta de conhecimento sobre vários aspectos biológicos e ecológicos dificultam a elaboração de planos de conservação para essas espécies. Em contrapartida o desmatamento e a degradação ambiental avançam rapidamente, reduzindo drasticamente seus habitats e colocando em risco a sobrevivência dessas espécies, que são particularmente vulneráveis às pressões antrópicas (Chiarello 1999).

O presente estudo teve o objetivo de identificar as espécies de mamíferos de médio e grande porte que ocorrem na área do Parque Florestal Quedas do Rio Bonito, bem como avaliar a eficiência das diferentes metodologias aplicadas no levantamento. Os resultados deste trabalho fornecerão ainda dados importantes para um estudo que está em andamento na região, cujo objetivo é avaliar o uso de espaço e deslocamento de mamíferos em fragmentos de Mata Atlântica conectados por corredores de vegetação no sul de Minas Gerais..

A área está localizada na Serra do Carrapato, Lavras (21°19'45.76"S, 44°58'9.03"O), um remanescente da Mata Atlântica de 235 ha, com altitudes variando entre 983 e 1.240m. Os dados foram coletados por 3 métodos de amostragem:Câmeras trap (Fig. 1), parcelas de areia de 75X75 cm (Fig. 2 e 3) e busca ativa. Adicionalmente foram colocadas armadilhas do tipo grade.

Foram registradas 13 espécies de mamíferos de médio e grande porte divididas em 6 ordens, 10 famílias e 12 gêneros: Puma concolor (Fig. 4), Leopardus pardalis (Fig. 5), Canis familiaris, Chrysocyon brachyurus (Fig. 6), Procyon cancrivorus (Fig. 7), Eira barbara, Dasypus novencinctus, Cuniculus paca, Sylvilagus brasiliensis, Didelphis aurita, Didelphis albiventris, Callithrix penicillata e Callicebus nigrifrons. Ressalta-se a presença de três espécies listadas como ameaçadas de extinção (Machado et al., 2009): o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), a jaguatirica (Leopardus pardalis mitis) e a onça-parda (Puma concolor), entretanto a espécie mais abundante foi o cão doméstico (Canis familiaris), tendo sido possível identificar através de fotografias ao menos sete indivíduos. Foi detectado um baixo número de gambás (Didelphis spp) na área do Parque, ao contrário do que foi verificado nos fragmentos florestais em áreas próximas, estas menos preservadas.

Figura 4 – Onça-parda (Puma concolor).

Figura 6 – Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus).

Figura 5 – Jaguatirica (Leopardus pardalis mitis).

Figura 7 – Mão-pelada (Procyon cancrivorus).

Figura 1 – Câmera trap. Figura 2 – Parcela de areia.

Figura 3 – Pegada de onça-parda.

A área do Parque parece ser um refúgio para diversas espécies de mamíferos da região. No entanto, a presença maciça de cães na área pode representar uma ameaça à fauna nativa. A baixa abundância de gambás (Didelphis spp.) pode estar relacionada à presença de várias espécies de carnívoros de topo da cadeia alimentar que o usam como presa. Os métodos aplicados no levantamento se mostraram complementares.

Chiarello, A. G. Effects of fragmentation of the Atlantic Forest on mammal communities in south-eastern Brazil. Conservation Biology, 89: 71-82. 1999.Crooks, K. R. Relative Sensitivities of Mammalian Carnivores to Habitat Fragmentation. Conservation Biology, 16(2): 488-502. 2002.

Emmons, L. H. & Feer, F. Neotropical rainforest mammals: a field guide. 2ª ed. The University of Chicago Press, Chicago, 303 p. 1997.

Fonseca, G. A. B.; Hermmann, G.; Leite, Y. L. R.; Mittermeyer, R. A.; Rylands, A. B. & Patton, J. L. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. Conservation International & Fundação Biodiversitas. Occasional Papers in ConservationBiology, 4: 1-38. 1996.

Paglia, A. P; Fonseca, G. A. B; Rylands, A. B; Herrmann, G.; Aguiar, L. M. S.; Chiarello, A. G; Leite, Y. L. R; Costa, L. P.; Siciliano, S.; Kierulff, M. C. M; Mendes, S. L.; Tavares, V. C.; Mittermeier, R. A & Patton, J. L. Lista Anotada dos Mamíferos do Brasil. 2ed. Ocassional Papers in Conservation Biology. Conservation International. Arlington (VA). 2012.

Voss, R. S. & Emmons, L.H. Mammalian diversity in Neotropical lowland rainforests: a preliminary assessment. Bulletin of the American Museum of Natural History, 230:1-115. 1996.