Mandioca e Frango Caipira

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APONTAMENTO DOS CURSOS - Cultivo da Mandioca e Derivados - Engorda de Frango Caipira MEDSON JANER DA SILVA ANTONIA RAILDA ROEL GIOVANNA PADOA DE MENEZES CAMPO GRANDE - MS MARÇO - 2001

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APONTAMENTO DOS CURSOS

- Cultivo da Mandioca e Derivados

- Engorda de Frango Caipira

MEDSON JANER DA SILVA ANTONIA RAILDA ROEL

GIOVANNA PADOA DE MENEZES

CAMPO GRANDE - MS

MARÇO - 2001

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SILVA, Medson Janer da. ROEL, Antonia Railda. MENEZES, Giovanna Padua de. APONTAMENTO DOS CURSOS:

- Cultivo da Mandioca e Derivados - Engorda de Frango Caipira

Campo Grande – MS, 2001. 100 p. 1. Mandioca, Frango, Ração, Silo, Feno.

ia de Matos Fernandes

Gráfica: GrafNews Digitação e Diagramação: Cláud

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CURRICULUM VITAE

MEDSON JANER DA SILVA

Endereço Comercial: Av. Tamandaré n°6000 Jd. Seminário.

CEP 79117-900 - Campo Grande – MS - Telefone: (067) 765-3211 / 9984 - 3540

Medson Janer da Silva, nasceu em 23 de agosto de 1954, no município de

São Carlos, estado de São Paulo, filho de João dos Reis Silva e Maria Lazara F. da

Silva.

Em 1979, graduou-se como Engenheiro Agrônomo pela Faculdade de

Agronomia e Zootecnia “Manoel Carlos Gonçalves”.

Em abril de 1980, ingressou no Departamento de Inspeção de Defesa

Agropecuária, do estado de Mato Grosso do Sul, e em dezembro de 1980, como

professor no curso de Agronomia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

De 1986 a 1988 foi representante da Du Pont do Brasil, sendo que neste

último ano ingressou na Chevron do Brasil como representante de produtos, onde

permaneceu até 1990, ano em que fundou a Visão Pesquisa, na condição de sócio

proprietário. Esta empresa é credenciada na DIPROOF/MARA para desenvolver

pesquisa com Agrotóxicos.

Em março de 1991, assumiu a presidência da Fundação Centro de

Educação Rural de Aquidauana, no município de Aquidauana-MS, e em janeiro de

1994, assumiu a chefia de Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de

Mato Grosso do Sul. Posteriormente, em dezembro de 1998, passou a coordenar o

Curso de Zootecnia e a Área de Pesquisa “Lagoa da Cruz”, da Universidade Católica

Dom Bosco – UCDB.

Em 2000, passou a compor o Conselho Universitário da UCDB e assumiu

a coordenação do curso de Agronomia.

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CURRICULUM VITAE

ANTONIA RAILDA ROEL

Endereço Comercial: Av. Tamandaré, 6000. Jd Seminário

CEP 79117-900, Campo Grande, MS. Telefone: 765-5000

Antonia Railda Roel, Engenheira Agrônoma, Mestre e Doutora em

Entomologia pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade

de São Paulo-USP.

Bolsista no Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte - CNPGC-

EMBRAPA, durante o período de julho de 1983 a julho de 1985, quando trabalhou

com cigarrinha de pastagens sob orientação do entomologista Dr. Shashanghi S.

Nilakhe.

Pesquisadora na Empresa de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural de Mato

Grosso do Sul, de julho de 1985 até dezembro de 2000. Conduziu projetos de

pesquisa com as culturas de Feijão e Mandioca, na área de Fitotecnia. A partir de

1987, conduziu trabalhos de pesquisa na área de Entomologia com as culturas de

soja, milho, mandioca, batata inglesa, eucalipto e outros. Em convênio com o

ministério de Agricultura – DFA/MS, durante o período de janeiro de 1998 a

dezembro de 2000, executou trabalhos relacionados ao Diagnóstico de Problemas na

Agricultura, na área de entomologia.

Professora e Pesquisadora na UCDB, desde julho de 1999, aonde vem

desenvolvendo trabalhos de Pesquisa sobre Utilização de Plantas Inseticidas e em

Agricultura Orgânica, além do apoio às demais áreas das Atividades Agrícolas da

Fazenda Lagoa da Cruz. Ministra aulas de Zoologia Geral, Zoologia de

Invertebrados, Entomologia geral, Entomologia Aplicada, Agricultura Orgânica,

Extensão Rural, nos Cursos de Agronomia, Zootecnia, Administração Rural e

Biologia.

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CURRICULUM VITAE

GIOVANNA PADOA DE MENEZES

Endereço Residencial: Rua Brasil n°1135 Nossa Senhora de Fátima

CEP 79010230 - Campo Grande – MS Telefone: (067) 751-8314 / 9983 - 4053

Médica Veterinária Graduada pela Universidade Federal do Mato Grosso

do Sul. UFMS, no período de -1992 a 1996 - Campo Grande - MS.

Professora efetiva nas disciplinas de Anatomia Animal, Fisiologia

Animal e Suinocultura, do curso de Zootecnia, da Universidade Estadual do Mato

Grosso do Sul – UEMS, no período de julho de 1998 a janeiro de 2000.

Cursos de Pós Graduação: Especialista na área de Produção de Suínos e

Aves pela Fundação de Apoio ao Ensino pesquisa e Extensão FAEPE em convênio

com Universidade Federal de Lavras -UFLA Carga horária: 555 horas em 1999.

Mestranda em Ciências Ambientais pela Universidade Para o

Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal - UNIDERP (em fase de

conclusão). Algumas publicações como:

Utilização de alho em pó no tratamento de suínos. Anais do I encontro

técnico - científico. Centro de Ciências Exatas e da Terra - outubro de 2000.

Ministrou cursos de: Ração de resíduo de mandioca para suínos em

crescimento no Encontro Internacional de Integração Técnico - Científica para o

Desenvolvimento Sustentável do Cerrado e do Pantanal.

No ano de 2000 assumiu a coordenação do setor de suinocultura e

avicultura da base de pesquisa da UCDB.

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SUMÁRIO

Capítulo I – Cultura da Mandioca ................................................................01 1) Aspectos Gerais sobre a Cultura da Mandioca ..................................................02 2) Importância da Mandioca ..................................................................................03 2.1) Mandioca de mesa ......................................................................................03 2.2) Farinha ........................................................................................................04 2.3) Fécula .........................................................................................................04 2.4) Folhas e Ramas ...........................................................................................04 2.5) Novas opções para novos mercados ...........................................................04 3) Aspectos Fitotécnicos da Cultura da Mandioca ...................................................07 3.1) Plantas – Características Botânicas ............................................................07 3.2) Descrição da Planta ....................................................................................07 3.2.1) A raiz ................................................................................................07 3.2.2) O caule ..............................................................................................08 3.2.3) As folhas ...........................................................................................08 3.2.4) As flores ...........................................................................................08 3.2.5) Os frutos ...........................................................................................08 3.3) Características e Usos das Principais Partes da Planta................................09 3.3.1) Raízes ...............................................................................................09 3.3.2) Ramas ...............................................................................................09 3.4) Princípio Tóxico da planta...........................................................................10 3.4.1) Mansas ..............................................................................................11 3.4.2) Moderadamente venenosas ...............................................................11 3.4.3) Venenosas .........................................................................................11 4) Resultados de Pesquisa de Mato Grosso do Sul ...................................................11 4.1) Variedades para mesa .................................................................................11 4.2) Variedades para indústria ...........................................................................13 4.3) Época de plantio .........................................................................................14 5) Solo para Lavoura de Mandioca ...........................................................................15 6) Conservação do Solo na Lavoura de Mandioca ...................................................16 7) Instalação da Cultura ............................................................................................16 7.1) Processos de plantio ...................................................................................17 7.1.1) Plantio em matumbo .........................................................................17 7.1.2) Plantio em covas ...............................................................................17 7.1.3) Plantio em camalhões .......................................................................18 7.1.4) Plantio em sulcos...............................................................................18 7.2) Espaçamento ...............................................................................................18 7.3) Profundidade ..............................................................................................19 7.4) Posição de plantio das manivas ..................................................................20 7.5) Quantidade de manivas ...............................................................................22 7.6) Diâmetro das manivas ................................................................................22 7.6.1) Preparo das manivas .........................................................................23 8) Adubação .............................................................................................................24

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8.1) Ação dos Princípios Nutrientes ..................................................................25 8.1.1) Nitrogênio .........................................................................................25 8.1.2) Fósforo ..............................................................................................26 8.1.3) Potássio .............................................................................................26 8.1.4) Cálcio ................................................................................................26 8.2) Calagem e Adubação ..................................................................................27 8.2.1) Calagem ............................................................................................27 8.2.2) Adubação ..........................................................................................27 9) Tratos Culturais ....................................................................................................27 9.1) Controle de plantas daninhas .....................................................................29 9.2) Poda ............................................................................................................31 9.3) Pragas da cultura da mandioca no Mato Grosso do Sul .............................32 10) Colheita ...............................................................................................................41 10.1) Armazenamento de raízes frescas ............................................................45 Capítulo II – Ração e Silagem de Mandioca ............................................49 11) Ração e Silagem de Mandioca ...........................................................................50 11.1) Cuidados especiais para a manipulação da mandioca brava ....................50 11.2) A raiz da mandioca ...................................................................................50 11.3) A parte aérea da mandioca .......................................................................51 11.4) Preparo das raízes e sua utilização na alimentação animal ......................51 11.5) Fresca ........................................................................................................51 11.6) Desidratada ao sol .....................................................................................52 11.7) Ensilada ....................................................................................................53 11.8) Preparo da Parte Aérea da Mandioca e Sua Utilização na Alimentação

Animal.......................................................................................................53 11.8.1) Fresca ..............................................................................................53 11.8.2) Desidratada ao sol ..........................................................................54 11.8.3) Ensilada ..........................................................................................54 Capítulo III – Trabalho de Resíduo de Mandioca para Engorda de Frango Caipira .....................................................................................................56 12) Trabalho de Resíduo de Mandioca para Engorda de Frango Caipira .................57 12.1) Introdução .................................................................................................57 12.2) Justificativa ...............................................................................................58 12.3) Objetivo ....................................................................................................59 12.4) Fundamentação teórica .............................................................................60 12.5) Resultados e conclusão .............................................................................62 Capítulo IV – Manual de Criação do Label–Rouge ................................65 13) Manual de Criação do Label–Rouge .................................................................66 Introdução ..........................................................................................................66 Frango Caipira Pescoço Pelado Label-Rouge....................................................67 Frango Caipira Pesadão Label-Rouge ...............................................................67 Galinha Caipira-Rouge ......................................................................................67 Caipiras Híbridos ...............................................................................................68 Manejo dos Pintos ..............................................................................................68 Primeiros passos para o campo ..........................................................................70 Alimentação .......................................................................................................71

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Carne caipira ......................................................................................................73 Ovos caipiras .....................................................................................................74 Controle sanitário ...............................................................................................76 Aves estranhas ...................................................................................................76 Vacinação ...........................................................................................................76 Manejo dos ovos ................................................................................................77 Componentes energéticos ..................................................................................78 Escalonamento de produção ..............................................................................78 Descarte .............................................................................................................78 Confira você mesmo ..........................................................................................79 Capítulo V – Criação de Suínos no Núcleo de Pesquisa São Vicente – Uso da Ração Alternativa de Resíduo de Mandioca na Alimentação de Suínos em Crescimento...................................................................................................8014) Resumo..... .........................................................................................................81 Capítulo VI – Trabalhos Publicados em Anais pela Universidade Católica Dom Bosco ...........................................................................................84 14.1) Engorda de frango caipira, opção para o pequeno produtor .....................85 14.2) Importância da ração de mandioca na criação do frango caipira a nível familiar ......................................................................................................................87 14.3) Ração de resíduo de mandioca para suínos em crescimento ....................88 14.4) Sopão alternativo na alimentação do gado leiteiro ...................................89 14.5) Desenvolvimento local através da agricultura alternativa para pequenas

comunidades rurais .................................................................................91 15) Bibliografia citada e consultada .........................................................................93 16) Figura ilustrada - modelo tradicional de galinheiro ............................................99

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CAPÍTULO I

Cultura da Mandioca

MEDSON JANER DA SILVA ANTONIA RAILDA ROEL

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1) Aspectos Gerais Sobre a Cultura da Mandioca

A mandioca (Manihot esculenta) é originária da América do Sul,

possivelmente do Brasil, sendo cultivada nas diversas regiões do mundo por

apresentar tolerância às condições adversas de clima e solo. A cultura da mandioca

assume elevada importância social, pois, tem sido a principal fonte de carboidratos

para mais de 400 milhões de pessoas, principalmente nos países em

desenvolvimento. No Brasil, as regiões Norte e Nordeste se destacam como

principais consumidores, essencialmente na dieta alimentar.

No mundo sua área de cultivo está limitada pelas latitudes 30º N – 30 º S,

por altitudes que variam do nível do mar a 2.000 m, admitindo-se que até 800 m

sejam as altitudes ideais. Com relação à temperatura do ar, a faixa adequada situa-se

entre 18º a 35º C, pois, sob temperaturas abaixo de 20º C, a cultura está sujeita a

ataques de bacteriose. Sabe-se também que baixas temperaturas provocam redução

no crescimento da planta afetando a produção de raízes. Quanto a chuvas,

encontram-se cultivos em regiões com pluviosidade de 600 até 4.000 mm/ano,

embora a faixa satisfatória para obtenção de produções econômicas esteja entre

1.000 a 1.500 mm anuais bem distribuídos. A falta de água até o quinto mês de

plantio reduz acentuadamente a produção. Com relação à luz solar a mandioca

produz melhor sob elevada intensidade luminosa, requer dias curtos, cerca de 12

horas de luz por dia, para boa formação de raízes. Dias longos, principalmente nos

três primeiros meses de cultivo, provoca aumento na produção de parte aérea e

redução na produção de raízes.

A mandioca se adapta aos diferentes tipos de solo, contudo apresenta

preferências quanto a este fator. Como o produto principal são raízes necessita de

solos profundos, arenosos ou de textura média. Os solos argilosos, principalmente os

de baixadas, não são recomendados por dificultarem o crescimento das raízes e

estarem sujeitos a encharcamento o que implica no apodrecimento das mesmas

além, de dificultarem a colheita, principalmente quando efetuada na época seca. É

uma planta que requer pequenas quantidades de calcário e de fertilizantes quando

comparada com outras. Os adubos orgânicos e fosfatados são tidos como de maior

importância por serem praticamente os responsáveis pelos incrementos de produção

(Souza e Crodoso, 1995).

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A mandioca, uma euforbiacea nativa da América do Sul, com grande

capacidade de produção de carboidratos, tem como importância fundamental a sua

utilização na dieta alimentar básica de 500 a 700 milhões de pessoas no mundo

tropical, notadamente aquelas de menor poder aquisitivo, (Souza e Crodoso, 1995).

A ótima produção de qualquer cultura requer a integração de vários

fatores e dentre estes, pode-se enfatizar como aqueles mais importantes a variedade,

a qualidade e viabilidade das manivas sementes, o preparo e a fertilidade do solo,

controle de plantas daninhas, manejo da água e o controle de pragas e doenças. Estes

fatores de produção estão tão intimamente inter-relacionados, que se um deles não

funciona bem a expressão ótima de todos os outros será afetada e conseqüentemente

minimizará o potencial máximo de produção da cultura.

2) Importância da Mandioca

Da planta da mandioca se aproveita tudo: as folhas, as ramas e as raízes.

Hoje, comercialmente, o enfoque é dado às raízes, grande reservatório de amido e

principal matéria-prima de aproveitamento econômico dentro do agronegócio. Dela

se produz basicamente mandioca de mesa, farinha e fécula.

2.1. Mandioca de mesa – No caso da mandioca de mesa, a maior parte

das vendas vem do produto fresco, vendido em feiras e supermercados, sem

transformação e com casca.

Mas a tendência do mercado é que a comercialização in natura seja aos

poucos superada pela mandioca refrigerada ou congelada.

Com agregação maior de valor, o congelamento permite novas

possibilidades de mercado como a mandioca pré-cozida, palito ou derivados de

massa como croquetes, nhoques, coxinhas e outros.

Apesar dessa variabilidade de produtos, Oliver Vilpoux, pesquisador de

derivados da mandioca da Universidade Estadual Paulista e do Centro de Raízes

Tropicais, ressalta que a mandioca tem potencial para ser mais bem aproveitada e

que hoje seu consumo está muito atrás de sua principal concorrente, a batata. “O

consumo da mandioca congelada gira em torno de 2 mil toneladas ao ano no Brasil,

enquanto o da batata está entre 40 a 50 mil toneladas/ano”.

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Vilpoux explica que existem alguns obstáculos que precisam ser

quebrados pelas indústrias de mandioca de mesa para a expansão do mercado. Um

deles é a irregularidade do cozimento que acontece e com variedades cultivadas no

mundo inteiro, “Você tem um produto que num mês cozinha muito bem e no mês

seguinte não cozinha nada. Quem compra prefere gastar mais dinheiro com um

produto de qualidade”.

A forma do produto e a absorção de gordura são outros fatores que ainda

restringem a comercialização.

De acordo com o pesquisador, investigações tem sido conduzidas no

sentido de solucionar estes problemas, selecionando variedades mais resistentes

quando cortadas, que tenham cozimento uniforme e que possam ser fritas sem o pré

– cozimento, que aumenta a absorção de gordura.

2.2 Farinha – Além da mandioca de mesa, a farinha também faz parte da

dieta da maioria dos brasileiros. Ela foi o primeiro produto a ser fabricado a partir da

mandioca e continua sendo de grande importância. Pode ser encontrada de duas

formas: sem tempero crua ou torrada e temperada.

2.3 Fécula – É considerada o mais nobre produto dos derivados da

mandioca, também conhecida como polvilho ou amido. Existem vários tipos: a não

transformada, que é o amido nativo, ou a que passa por processos químicos (ações

de enzimas), e físicos (calor) para fazer, por exemplo, açúcar (Karo), glicose e

maltose.

2.4 Folhas e Ramas – Ricas em fibras, proteína e amido, as folhas e

ramas podem ser utilizadas na alimentação animal. Uma rama de tamanho médio

tem cerca de 30% de amido que, juntamente com a folha representa uma boa

suplemetação animal. Além disso, a rama pode ser utilizada como combustível, pois

sua massa seca tem poder de combustão de mais de quatro mil kg/cal.

2.5 Novas opções para novos mercados – A mandioca pode ser também

transformada em raspa, seca ao sol ou industrialmente, e usada em várias aplicações,

além de ter o armazenamento facilitado.

Nos países asiáticos, já é feita a extração à seco de fécula e amido a partir

da raspa. Segundo José Reinaldo Bastos da Silva presidente do Sindicato das

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Indústrias de Mandioca do Estado de São Paulo e da Câmara Setorial de Mandioca

da Secretaria de Agricultura, se essa tecnologia fosse aplicada no Brasil, seria uma

boa oportunidade, principalmente em função da sazonalidade da produção. No

inverno, principalmente na região Centro – Sul, que vai de abril até setembro, as

raízes têm seu teor máximo de amido, o que indica que a produção industrial deve

ser máxima nesse período. “Se o mercado não está compatível na quantidade da

produção, temos que ter alternativas de estocagem para desovar esse estoque na

entressafra, e da raspa obter rações e extrair a fécula e a farinha”.

Ainda em estudo, está a possibilidade de obtenção de álcoois finos a partir

da raiz da mandioca, com excelente grau de pureza para utilização em perfumarias e

fabricação de bebidas etílicas. Um bom exemplo é que o Centro de Raízes Tropicais,

com sede em Botucatu, já produziu vodka a partir do álcool da mandioca, e segundo

os pesquisadores, de excelente qualidade.

O setor cervejeiro é um outro desafio na abertura de mercado. Em torno

de 20% da cevada utilizada na fabricação da cerveja pode ser substituída

tecnicamente por amido de mandioca, um xarope com alto teor de maltose, com

aplicação mais eficiente que o próprio malte originário da cevada, ao qual o Brasil é

dependente de importações. “Apesar de poder substituir apenas 20%, é um mercado

significativo, pois hoje o país consome 10 bilhões de litros de cerveja por ano, sem

dúvidas um grande mercado” destaca José Reinaldo Bastos.

Há ainda o farelo residual úmido, que representa de 5 a 6% do consumo

de raízes de mandioca na facularia. Quando seco, este farelo apresenta entre 40 a

50% de amido ainda retido em suas fibras, que poderiam ser utilizados na ração

animal e em indústrias de mineração. “As indústrias de mineração são um grande

filão de mercado, e o grande lucro nisso vai ser ambiental, pois o aproveitamento

dos resíduos evita a poluição feita pelas fábricas. As indústrias do Estado de Minas

Gerais consomem 40 mil toneladas de farelo seco por ano, ou de milho ou de fécula.

É um mercado significativo” ressalta José Reinaldo.

Segundo reportagem sobre mandioca, no Fato Rural, do Departamento de

Comunicação Rural, da EMPAER – MS, 1999, a mandioca e sua utilização diversa,

o Mato Grosso do Sul, tem uma produção próxima de 653 t. e uma produtividade de

18 t. /ha, segundo fontes do IBGE.

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Quadro 01 – Produção de Mandioca no MS

Safras Área (ha) Produção Rendimento

(Kg/ha) 1988/89 30.005 568.630 18.951 1989/90 24.569 436.653 17.772 1990/91 23.918 433.120 18.108 1991/92 17.378 309.445 17.806 1992/93 22.608 405.022 17.914 1993/94 30.647 575.859 18.790 1994/95 29.347 558.808 18.939 1995/96 21.902 402.019 18.355 1996/97 27.026 522.440 19.331 1997/98 27.658 540.641 19.547 1998/99 32.672 614.323 18.803 1999/00 35.135 653.055 18.587(*)

Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico); GCEA (Grupo de

Coordenação de Estatísticas Agropecuárias) ; (*) Dados preliminares,

sujeito a modificação.

Quadro 02 – Principais Municípios Produtores de Mandioca em MS – safra

1999/2000 Município Área (há) (#) Produção

Prevista (t) Rendimento Previsto (Kg/ha)

Ivinhema 5.000 100.000 20.000 Itaquiraí 4.000 60.000 15.000 Novo Horizon. Sul 2.250 45.000 20.000 Jateí 1.500 39.000 26.000 Tacuru 1.450 25.375 17.500 Angélica 1.300 28.600 22.000 Dourados 1.300 23.400 18.000 Sete Quedas 1.100 24.200 22.000 Deodápolis 1.000 20.000 20.000

Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); GCEA (Grupo de

Coordenação de Estatísticas Agropecuárias); (*) Estes nove municípios plantam no

total uma área de 18.900 ha, que corresponde a 53,79% da área total plantada no

Estado, que é de 35,135 ha.

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A mandioca, planta de tríplice utilização tem a maior parte de sua

produção destinada à alimentação humana através do consumo de suas raízes na

forma “in natura”. Além disso, é também empregado na nutrição animal sob as

formas de raízes frescas ou raspas “pellets” que entram na composição de rações

balanceadas.

Pode ainda ser usada na forma de farelos, obtida de suas partes aéreas

(ramas e folhas) e raízes, (Conceição, 1981).

Em Campo Grande, na Universidade Católica Dom Bosco, durante a safra

99/00 estudou-se o aproveitamento de raspas de mandioca na alimentação de aves e

suínos, onde se verificou excelentes resultados na minimização de custo no uso das

rações em regime de semiconfinamento, principalmente ao pequeno produtor.

(Silva, et alli - 2000).

3) Aspectos Fitotécnicos da Cultura da Mandioca

3.1. Plantas - Características Botânicas

A mandioca é uma planta dicotiledônea, pertencente à família

Euphorbíceae e ao gênero Manihot. Este apresenta um grande número de espécies,

porém a única cultivada é a Manihot esculenta Crantz.

3.2. Descrição da Planta A propagação da mandioca, quando cultivada para fins comerciais, é

efetuada com a utilização de estacas. O sistema radicular é superficial, constituído

por um número relativamente pequeno de raízes. Na multiplicação agâmica, o

modelo é pseudofasciculado, distinguindo-se raízes laterais e raízes basais nas

estacas. Parte do sistema radicular pode acumular grandes quantidades de amido;

formam-se assim, raízes tuberosas cônicas ou mais raramente cilíndricas e

fusiformes.

3.2.1 A raiz tuberosa, de um modo geral é constituída por uma película

externa suberificada, de coloração branco-acizentada ou marrom-avermelhada; uma

casca, geralmente branca e espessa, rica de uma substância leitosa (látex) que pode

conter o princípio tóxico da mandioca e, finalmente um cilindro central volumoso de

cor branca, rósea ou amarelada, onde se acumula o amido; o cilindro central pode

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apresentar, também certa quantidade do princípio venenoso, com menor intensidade

em relação à acumulada na casca.

3.2.2 O caule apresenta altura de 1,0 a 2,0m; geralmente é ramificado. No

início do desenvolvimento da planta é de coloração verde, posteriormente, torna-se

suberificado e assume cor acizentada (variedades brancas) ou marrom (variedades

pardas).

Apresenta gemas na axila das folhas, capazes de se desenvolverem e

originarem plantas idênticas a planta mãe. As gemas, com exceção de apical,

mantém-se dormentes; somente germinam quando o caule é seccionado para a

obtenção de manivas ou se ocorre algum problema sério com a gema apical.

3.2.3 As folhas são verdes, palminérveas, fendidas; podem ser

constituídas por 3, 5 ou 7 lobos, mais ou menos estreitos e longos ou estrangulados

na parte mediana. Os brotos podem ser verdes, bronzeados ou arroxeados. As folhas

são pubescentes no início do desenvolvimento; quando adultas praticamente perdem

essa característica. De um modo geral, separa-se da haste e caem ao solo durante o

inverno devido a formação de tecido de abscisão na base do pecíolo.

3.2.4 As flores são dispostas em inflorescências do tipo cimeira,

localizadas em axilas das ramificações. As masculinas localizam-se em posição

superior à das femininas; estas, geralmente em número de duas, ocorrem na base da

inflorescência. A relação entre o número de flores femininas e masculinas em uma

inflorescência é variável podendo atingir até um para trinta; a polinização, quando

ocorre, é efetuada principalmente por insetos.

3.2.5 Os frutos são cápsulas triloculares e discentes. Contém sementes

carunculadas de forma ovóide a elíptica, coloração marrom-acizentada com manchas

mais escuras, lembrando muito a semente de mamona em tamanho reduzido;

apresentam tegumento consistente, endosperma e embrião.

Page 17: Mandioca e Frango Caipira

9

3.3. Características e usos das principais partes da planta

3.3.1 Raízes - Principal matéria-prima da planta, as raízes apresentam a

seguinte composição química: 60,0 a 65,0% de umidade, 21,0 a 33,0% de amido,

1,0 a 1,5% de proteínas, 0,18 a 0,24% de gorduras, 0,70 a 1,06% de fibras e 0,60 a

0,90% de cinzas. Tal composição é variável de acordo com as condições ambientais

em que a planta se desenvolveu, com o cultivar utilizado e com a idade da planta.

Além de sua utilização na alimentação humana, as raízes recém colhidas

podem ser utilizadas no arraçoamento de gado leiteiro e suíno, na forma de fatias ou

grosseiramente ralada. Outra maneira de serem ministradas aos animais seria na

forma de resíduos das indústrias de farinha e amido, ou ainda, como raspas ou

farinhas de raspas, sendo que esta última poderia entrar na composição de rações

balanceadas.

3.3.3. Ramas (hastes e folhas): As ramas apresentam bom valor nutritivo

como forragem. As folhas constituem a parte mais rica das ramas, apresentando em

sua composição química 16,0 a 28,0% de proteína bruta, 7,5 a 15,3% de gordura,

40,0 a 45,0% de carboidratos e 9,0 a 15,0% de fibras, sendo baixos os níveis de

minerais.

Além da boa proporção em proteínas, as folhas da mandioca apresentam

boa riqueza em vitaminas A e C, sendo constatados valores de ordem. As hastes

apresentam uma riqueza menor, variando de acordo com a idade da planta, pois,

quanto mais velhas, mais fibrosas se tornam em detrimento de matéria protéica.

De uma maneira geral, a riqueza das ramas varia de acordo com o cultivar

utilizado, com a idade da planta e com as condições do ambiente em que a mesma se

desenvolveu. BARBOSA, estudando o aproveitamento da parte aérea da mandioca

na alimentação animal, verificou que a composição química das ramas varia em

função da idade da planta.

Também a parte aérea da mandioca pode servir de alimento aos animais

na forma de forragem em estado fresco ou fenado. Após a colheita das raízes, grande

é a quantidade de ramas que sobram no campo, as quais podem ser utilizadas na

nutrição animal. Quanto ao volume de ramas produzidos, estudos recentes realizados

no Departamento de Agricultura e Horticultura da E. S. A. “Luiz de Queiroz”,

constataram que os cultivares “Jaçanã”, “Mantiqueira” e “Piraçununga” plantados

Page 18: Mandioca e Frango Caipira

10

em solos de boa fertilidade, com uma população em torno de dez mil plantas por

hectare, podem atingir produções de ordem de 20 a 23 toneladas de massa verde por

hectare.

3.4. Princípio tóxico da planta – Todas as plantas de mandioca

apresentam um princípio venenoso, sendo a variação da concentração nas raízes que

possibilita a classificação prática em mandioca doces ou mansas e amargas ou

bravas. O princípio tóxico da planta é devido a presença de glicosídeos cianogênicos

conhecidos como linamarina e lotaustralina, os quais sob a ação de ácidos ou

enzimas, sofrem hidrólise e liberam acetona, açúcar e ácido cianídrico (HCN). O

HCN, constitui-se num produto venenosíssimo que inibe a atividade das enzimas da

cadeia respiratória dos seres vivos.

A planta apresenta uma enzima endógena denominada linamarase, que ao

entrar em contato com os glicosídeos cianogênicos pela ruptura da estrutura celular

das mesmas liberando o ácido cianídrico. Embora essa reação possa não ocorrer na

planta, enzimas presentes no trato digestivo dos animais e seres humanos possuem a

capacidade de efetivá-la, podendo advir sintomas de intoxicação dependendo da

quantidade e tipo de alimento ingerido.

Embora seja certa a ação tóxica do ácido cianídrico nos seres vivos,

pouco se sabe sobre a ação tóxica e o grau de toxicidade dos glicosídeos

cianogênicos.

O conhecimento da toxicidade da planta limita o seu emprego tanto na

alimentação humana como na nutrição animal. As técnicas de processamento

industrial para diminuição do princípio tóxico se baseiam na dissolução em água ou

na volatilização, envolvendo processos como a maceração, embebição em água,

fervura, torrefação ou fermentação das raízes de mandioca, ou ainda, a combinação

desses processos. Aparentemente, a maior parte da cianida normalmente é liberada

nesses processamentos, porém é comum ficarem alguns resíduos que podem ser

suficientes para produzirem sintomas de intoxicação.

Os efeitos tóxicos do ácido cianídrico libertado na hidrólise dos

glicosídeos cianogênicos podem ser agudos ou crônicos, caracterizando-se os

primeiros pelo envenenamento drástico e os segundos pelos distúrbios causados no

sistema nervoso central ou pela ocorrência da doença conhecida como bócio, devido

Page 19: Mandioca e Frango Caipira

11

a atuação do princípio tóxico na tireóide, sendo que a maioria dos casos referentes a

estas doenças têm-se registrado na África, principalmente no Zaire.

Considera-se que a dose letal é de aproximadamente 1,0mg de HCN por

Kg de peso vivo. A concentração do princípio tóxico na planta de mandioca é

variável em função do cultivar e das condições do ambiente, sendo ainda incerta a

influência no volume dos glicosídeos cianogênicos das raízes da planta. Assim,

enquanto as adubações nitrogenadas aumentam, o suprimento de potássio diminui o

volume de glicosídeos das folhas, porém diminui o volume destes nas raízes,

ocorrendo o mesmo quando as plantas se encontram sob condições de

sombreamento.

Em função do teor de HCN apresentado, classificam-se as mandiocas

quanto a toxicidade em:

3.4.1 - mansas: menos de 50mg HCN/Kg de raiz frescas sem casca 3.4.2 - moderadamente venenosas: 50 a 100mg HCN/Kg de raiz fresca sem

casca.

3.4.3 - venenosas: acima de 100mg HCN/Kg de raiz fresca sem casca.

4) Resultados de Pesquisa de Mato Grosso do Sul

Segundo resultados de pesquisa publicado no Fato Rural/EMPAER, maio/00:

4.1) Variedades para Mesa No tocante à mandioca de mesa, Mato Grosso do Sul tem por tradição

consumir mandioca cozida nas principais refeições. A cultivar mais plantada com

essa finalidade é conhecida como Paraná ou Aipim Catarina, de poupa amarela,

porte baixo e bastante sensível à bacteriose.

Os principais municípios produtores de mandioca com esse objetivo

estão localizados nas proximidades de Campo Grande, embora não se sabe ao certo

ainda, quantas toneladas são todos os dias comercializadas. Vale ressaltar que só no

CEASA/MS passam cerca de 6 t. de mandioca fresca diariamente e estima-se que

mais 5 t/dia são vendidas diretamente em supermercados, sacolões e feiras livres.

Não estão quantificadas também àquelas que são usadas pelas inúmeras indústrias

Page 20: Mandioca e Frango Caipira

12

caseiras que comercializam o produto na forma crua ou congelada. Os resultados

experimentais da EMPAER – MS, na tabela abaixo, mostram o comportamento, em

anos consecutivos dos 12 genótipos mais promissores de mandioca para mesa, entre

os 22 avaliados em Campo Grande.

Quadro 03- Genótipos Estudados no Mato Grosso do Sul

Produtividade (t/ha) Genótipos Colheita aos

Cor da Polpa Ouro do Vale 33,2 24,6 Amarela Verdinha 29,6 23,0 Branco CPAC 768/96 29,3 23,8 Amarela IAC 289-70 29,0 28,9 Creme Paraná 27,5 34,7 Amarela IAC 576 – 70 27,4 30,3 Amarela CPAC 764/96 26,9 26,2 Amarela F – 5055 25,7 20,2 Branca Pioneira 24,3 10,9 Creme CPAC 751/96 24,3 18,3 Amarela Põe na Mesa 22,4 17,6 Branca Mantiqueira 19,5 28,4 Branca

Fonte: EMPAER – MS

Entre esses materiais, os que mais tem se destacado são: cultivar IAC

576 – 70, CPAC 768/96, Verdinha, Ouro do Vale, IAC 289 – 70, CPAC 764/96, que

encontram-se em fase final das avaliações de doenças. A Paraná, por ser a mais

plantada no Estado é usada como testemunha.

É muito importante lembrar que a escolha da variedade para o plantio

deve estar relacionado ao mercado local. Em Campo Grande a preferência do

consumidor é por raiz de poupa amarela, mas em diversos outros municípios do

Estado pode ser encontrado a de poupa branca. A colheita deve ser feita entre 8 a

12 meses após o plantio, pois, as raízes não estarão fibrosas.

A melhor época de colheita da mandioca para mesa é quando a planta

entra em repouso vegetativo, ou seja, quando ela perde todas as folhas. Durante este

período todo o amido da parte aérea sofre hidrólises, acumulando-se nas raízes,

razão pela qual a mandioca apresenta cozimento perfeito em virtude da maior

Page 21: Mandioca e Frango Caipira

13

concentração deste produto. Isso geralmente ocorre a partir dos meses de abril até

julho, de acordo com a região.

Quando as plantas começam a rebrotar ocorre o processo inverso. O

amido que estava acumulado nas raízes sofrem novamente hidrólises e vai para as

hastes para a formação de novas folhas e ramos. Por essa razão, as raízes deixam de

cozinhar e ficam “aguadas”, até que nova síntese com translocação de carboidratos

sejam reiniciados para reposição do amido.

4.2) Variedades para Indústria No caso de mandioca industrial para fabricação de fécula, a cor da

película da raiz não tem importância, podendo ser clara ou escura. Mas para farinha,

a preferência é por cultivares de película clara, devido a melhor qualidade do

produto final.

Na tabela a seguir, encontram-se alguns resultados avaliados pela

EMPAER – MS em Campo Grande, Ivinhema e Sete Quedas. O teor de amido é

uma característica importante.

Quadro 04 – Genótipos de Mandioca Variedade de Industria Estudados no MS

Campo Grande *Ivinhema Sete Quedas

Genótipos Produtividade (t/ha) Colheita aos

12 meses

(96/97)

16 meses

(97/98)

10 meses

(97/98)

16 meses

(98/00)

11 meses

(97/98)

Branca Stª.

Catarina

44,2 36,5 13,4 15,9 15,5

IAC 12 19,6 29,5 16,1 - 15,3

IAC 13 13,0 34,7 15,2 15,4 22,8

IAC 14 17,7 36,2 14,0 9,9 16,2

Fibra - 12,3 10,7 12,1 22,5

Mico ou Roxinha - 28,1 8,2 14,1 11,4

Verdona 29,6 38,8 - - -

Espeto - - 10,7 5,7 21,8

Fécula Branca - - 5,1 9,8 12,0

Fitona - - 12,4 12,7 -

Fonte: EMPAER-MS

• Foi muito prejudicado pelas condições climáticas nos 2 anos.

Page 22: Mandioca e Frango Caipira

14

4.3) Época de Plantio Estudos de três anos consecutivos de época de plantio, desenvolvidos pela

EMPAER, em Campo Grande, mostraram que o período compreendido entre os

meses de abril à outubro propícia maior produtividade, conforme tabela a seguir.

O plantio nesse período, chamado plantio antecipado, apresenta algumas

vantagens, principalmente por ser período com menor incidência de doenças, insetos

e plantas invasoras devido às condições climáticas, temperatura e umidade relativa

mais baixas. A produtividade da cultura é maior devido a fisiologia da planta que,

por apresentar desenvolvimento mais lento nesse período, tem capacidade

fotossintética que compensa em um maior número de raízes por planta.

Tradicionalmente, o plantio é feito no início da estação chuvosa e quente.

Segundo Mariana Zatarim1 e, o sucesso de uma cultura de mandioca, para

qualquer finalidade, indústria ou mesa, está relacionado com a qualidade da rama e

com a umidade do solo na hora do plantio. “Não é recomendado plantar com o solo

seco, porque as manivas sofrem desidratação, ou seja, perde umidade para o próprio

solo. Conseqüentemente, o resultado é brotação fraca e baixa produtividade” alerta a

pesquisadora.

Quadro 05 – Melhores Épocas de Plantio no MS

Mês de Plantio Produção (t./ha)

Abril 16,0

Maio 13,5

Junho 14,9

Julho 19,0

Agosto 21,0

Setembro 22,0

Outubro 25,0

Novembro 12,5

Dezembro 13,5

Janeiro 4,0

Fevereiro 2,5

Março 6,0

Fonte: EMPAER – MS

1 Mariana Zatarim. Eng. Agrônoma. Pesquisadora da EMPAER no MS.

Page 23: Mandioca e Frango Caipira

15

5) Solo para Lavoura de Mandioca

O solo constitui importante fator no sucesso econômico da cultura.

Embora possa ser cultivado praticamente em todos os tipos de solo. Os melhores

rendimentos são obtidos naqueles que apresentam boa fertilidade e equilíbrio

nutricional.

Os solos devem ser leve, solto, fresco, de boa drenagem e profundo, a

mandioca não tolera solos sujeitos a incharcamentos, (Conceição, 1981). Na maioria

das vezes o agricultor destina os solos mais pobres ao cultivo da mandioca, havendo

mesmo os que acreditam, de certa maneira, que ela é “planta de terra fraca”. A

verdade é que a mandioca pode oferecer alguma colheita onde as chamadas

“culturas nobres” não a fazem, devido ao grande desenvolvimento e profundidade

alcançados pelo seu sistema radicular, explorando um grande volume de terra.

Camara, et alii, 1982, os solos mais propícios são os que se apresentam

com textura arenosa, com boa aeração, bem drenada, com bom teor em matéria

orgânica, onde o desenvolvimento do sistema radicular é favorecido, além de

facilitar a colheita das raízes tuberosas. Em solos argilosos também são obtidos bons

rendimentos, porém, o desenvolvimento das raízes, bem como, a sua colheita torna-

se dificultada, não sendo raro a perda e quebra das mesmas no campo. Quando

quebradas tornam-se mais rapidamente sujeitas ao deterioramento, além de sofrerem

depreciação, quando o mercado a que se destina é o consumo de mesa.

Quanto aos índices de acidez, os solos de pH 5,5 a 6,5 são os mais

favoráveis à cultura, se bem que a mandioca apresenta larga faixa de tolerância a

esse índice. Observações atestam que entre pH 6,0 a 7,0 se podem obter melhores

produções. Estando o pH abaixo de 5,0 torna-se necessário que se faça à correção.

(Conceição, 1981). Os solos de cerrados, quando melhorados pela calagem,

adubação verde e mineral e rotação de culturas, são usados satisfatoriamente para a

cultura da mandioca.

Page 24: Mandioca e Frango Caipira

16

6) Conservação do Solo na Lavoura de Mandioca

A conservação do solo é outro aspecto a considerar. A planta de mandioca

não é boa protetora do solo, favorecendo a erosão por ação das chuvas, aspecto que

se agrava ao considerar-se o revolvimento profundo do solo por ocasião da colheita.

Os solos arenosos mais favoráveis à cultura são bastante sujeitos à erosão. Uma vez

que a cultura permanece no campo pelo menos durante um ciclo vegetativo e

durante boa parte deste o solo fica exposto à ação das águas das chuvas, a

conservação do mesmo é problema de suma importância. Práticas conservacionistas

de natureza mecânica como plantio em nível e confecção de terraços devem ser

adotados.

7) Instalação da Cultura

Importância da Muda – A planta de mandioca é propagada

vegetativamente através de pequenos pedaços de hastes da parte aérea denominados

de estacas ou manivas. A qualidade da maniva é fator de suma importância na

instalação e na condução de uma lavoura mandioqueira. O vigor da maniva é um dos

atributos que influi no processo de brotação e emergência e conseqüentemente no

estabelecimento de plantas no campo. A utilização de boas manivas tem influência

direta no aumento da produtividade, tendo-se constatado aumentos de 20 a 30% sem

alteração de outras práticas culturais ou utilização de insumos modernos (Macedo,

1980).

Vários são os fatores que concorrem para a qualidade da maniva, como a

idade e sanidade das hastes, bem como, a posição destas na planta, além do tamanho

das manivas a serem utilizadas, o que implica na necessidade da seleção de ramas

que fornecerão o material para um novo plantio.

Normalmente, hastes provenientes de Plantas que se encontram com 10 a

12 meses de idade (1 ciclo vegetativo) são as mais indicadas para fornecerem

manivas, pois, nesta idade as hastes se encontram maduras, bem desenvolvidas e

com bom diâmetro, apresentando grande número de gemas viáveis. É difícil precisar

quando as hastes estão maduras, porém, a queda natural da folhagem da planta no

sentido ascendente, por ocasião do período de repouso fisiológico, pode ser

considerada como um elemento indicativo da maturidade das hastes. Estas, também

Page 25: Mandioca e Frango Caipira

17

são consideradas maduras, quando ao serem cortadas transversalmente apresentarem

o diâmetro da medula igual a um ou menor à metade do diâmetro da haste

(Conceição – 1981; Correa e Vieira - 1978; Correa e Rocha – 1979).

Assim, manivas oriundas de plantas com um ciclo vegetativo, quando

plantada, apresentam brotações vigorosas originando plantas bem desenvolvidas, ao

passo que manivas provenientes de plantas com mais de um ciclo vegetativo

apresentam-se lignificadas, com brotações lentas, amarelecidas, originando plantas

fracas.

Para um ciclo vegetativo, manivas jovens provenientes de hastes

herbáceas apresentam-se muito ricas em água com poucas substâncias de reserva,

dando origem a plantas menos resistentes às adversidades climáticas. As manivas

oriundas da parte basal da haste principal da planta apresentam uma certa

lignificação originando brotações lentas, ao passo que aquela proveniente das hastes

principais correspondentes a primeira ramificação da planta apresenta melhor

desempenho com relação às brotações.

7.1) Processos de Plantio

Vários são os processos de plantio utilizados na cultura da mandioca,

encontrando-se desde os que empregam técnicas rudimentares até os que utilizam

tecnologia mais sofisticada, variando de região para região conforme as condições

edáficas e climáticas, e de acordo com os recursos e grau de conhecimento dos

agricultores, podendo-se encontrar as seguintes modalidades:

7.1.1) Plantio em matumbo: muito utilizado em regiões do nordeste

brasileiro, este processo consiste na colocação das manivas em montículos

de terra afofada, de formato aproximadamente tronco-cônico. É utilizado

por pequenos agricultores, que fazem os montículos de terra visando

facilitar a drenagem do solo próximo às raízes durante a época de chuvas

torrenciais e facilitar a colheita.

7.1.2) Plantio em covas: processo utilizado também por pequenos

agricultores, de poucos recursos e baixa tecnologia, onde as manivas são

plantadas em covas abertas em solos preparados ou não.

Page 26: Mandioca e Frango Caipira

18

7.1.3) Plantio em camalhões: processo utilizado em regiões de solos

argilosos sujeitos ao fácil encharcamento. Dessa forma, o agricultor

constrói os camalhões ou leirões que se caracterizam por apresentarem

cristas e sulcos um ao lado de outro, visando facilitar a infiltração da água

em solos de má drenagem e impedir o apodrecimento das raízes pela

umidade excessiva por ocasião da ocorrência de fortes precipitações. Em

solos arenosos de regiões sujeitas a chuvas fortes, sua utilização não é

recomendada, pois estas desmancham os camalhões expondo as raízes das

plantas, que acabam por apodrecer. Na Austrália, se utiliza o plantio em

camalhões, com a finalidade de atender as exigências operacionais das

máquinas combinadas e automotrizes utilizadas na colheita mecânica da

mandioca.

7.1.4) Plantio em sulcos: é o mais utilizado nas médias e grandes

propriedades, onde o solo depois de bem preparado é sulcado. Este

processo requer recursos em materiais e mão-de-obra, e melhor

conhecimento tecnológico por parte do agricultor.

7.2. Espaçamento

Devido a grande variabilidade de solos, clima e cultivares utilizados no

Brasil, torna-se difícil o estabelecimento de um espaçamento padrão para a cultura.

A determinação do espaçamento vai depender da fertilidade do solo e do clima da

região, do tipo de cultivar a ser utilizado e da finalidade a que se destina a cultura,

no país predomina o plantio em fileiras simples, sendo que ultimamente para

determinadas regiões preconiza-se a utilização de fileiras duplas.

Trabalhos de pesquisa desenvolvidos pela Seleção de Raízes e Tubérculos

do Instituto Agronômico de Campinas revelaram que as produções aumentam à

medida que se utilizam espaçamentos menores. Porém a dificuldade encontrada para

se efetuarem os tratos culturais em culturas fechadas orientam a recomendação de se

adotarem espaçamentos mais abertos como os de 1,00m x 0,50 a 0,60m em terras de

baixa fertilidade e de 1,20m x 0,60m para os solos mais férteis onde as plantas têm

condições de apresentarem maior porte.

Page 27: Mandioca e Frango Caipira

19

Normanha (1951), cita que para culturas comerciais que utilizam cv.

Branca de Santa Catarina o espaçamento mais freqüentemente recomendado é o de

1,00m entre linhas por 0,60m entre plantas. Conceição e Sampaio (1979),

estudaram a influência do espaçamento na cultura da mandioca para fins industrias,

constatando que além do espaçamento tradicional de 1,00m x 0,60m ter sido o

melhor em rendimento de raízes, promovem a cobertura do solo pelas plantas mais

precocemente, determinando menores gastos com relação às capinas.

Barrios Ramos (1974), cita trabalho de ENY I , que estudando o efeito do

número de brotos ou caules após a época de plantio e o espaçamento sobre o

crescimento, desenvolvimento e produção final de mandioca, constatou que as

plantas com um só caule superaram em rendimento às multicaules, sendo que as

diferenças entre elas foram maiores quando se diminuía a distância de plantio; os

máximos rendimentos em raízes foram obtidos em espaçamentos de 0,90m x 0,90m

para as plantas com um só caule e de 0,90 x 1,20m para as plantas multicaules, mas

os rendimentos por planta aumentavam proporcionalmente ao aumento da distância

de plantio.

A competição de cultivares e espaçamentos na cultura da mandioca para a

produção de hastes e folhas com a finalidade de empregá-las no arraçoamento

animal, não constataram diferenças entre os espaçamentos, mas citam o

espaçamento de 0,80m x 0,50m como o mais conveniente por promover

simultaneamente maior produção de raízes.

Observações feitas no Departamento de Agricultura e Horticultura da

E.S.A. “Luiz de Queiroz” tem demonstrado que plantios no espaçamento de 1,00m

em solos de boa fertilidade e bem conduzidos tecnicamente, apresentam

desenvolvimento vegetativo vigoroso com bons rendimentos em raízes e ramas.

7.3) Profundidade

A profundidade de plantio é aspecto importante a ser considerado para

qualquer cultura, e a sua não observância pode acarretar um mal início da lavoura

refletindo posteriormente na produção final. No caso da mandioca, as raízes que são

o produto principal da planta, normalmente se desenvolvem a 10-20 cm de

profundidade, e manivas plantadas a profundidades inadequadas podem acarretar

Page 28: Mandioca e Frango Caipira

20

um grande número de falhas na lavoura, além de diminuir a produção de raízes e

dificultar os tratos culturais e a colheita.

Pesquisas desenvolvidas indicam a profundidade de 10cm como a melhor

para o plantio da mandioca, considerando-se a facilidade de formação e colheita das

raízes e a produtividade das plantas.

Manivas colocadas a profundidades menores que 10cm em condições de

pouca umidade no solo, brotam por último quando comparadas a manivas colocadas

a profundidades maiores que 10cm sob as mesmas condições. Pode-se justificar o

fato devido a maiores profundidades do solo encontrar-se maior armazenamento de

água. No entanto, em condições favoráveis de umidade, nota-se que as manivas

plantadas mais superficialmente brotam em primeiro lugar.

Nos períodos do ano em que ocorrem fortes precipitações, manivas

colocadas no solo mais superficialmente são descobertas pela ação das chuvas,

concorrendo para um maior número de falhas na lavoura. Outro fator a considerar é

a fraca sustentação no solo das plantas oriundas de manivas plantadas

superficialmente, as quais se tornam mais sujeitas ao tombamento ocasionados por

ventos fortes. Posteriormente as plantas acamadas acabam dificultando as operações

dos tratos culturais e da colheita. Além disso, pode ocorrer o arrancamento parcial

ou total das plantas, expondo o sistema radicular, o que é prejudicial. Por outro lado, o plantio profundo das manivas concorre para a formação

e desenvolvimento das raízes tuberosas a maiores profundidades, dificultando e

tornando mais onerosa a operação de colheita.

7.4) Posição de Plantio das Manivas

Existem três maneiras básicas de se posicionar a estaca de mandioca no

solo por ocasião do plantio: posição vertical – as estacas são colocadas

verticalmente, deixando-se no interior do solo pelo menos quatro gemas para

garantir um bom desenvolvimento. Neste caso as raízes tendem a formar-se na

extremidade inferior distribuindo-se de forma radial com certa uniformidade;

posição inclinada – neste caso as estacas são colocadas no solo fazendo com este um

ângulo de 45º aproximadamente. Tem se observado que as raízes tendem a se

desenvolver no sentido da inclinação da estaca; posição horizontal – consiste na

Page 29: Mandioca e Frango Caipira

21

distribuição da maniva no solo horizontalmente, sendo coberta totalmente pelo

mesmo.

De uma maneira geral, no Brasil, predomina o plantio de maniva na

posição horizontal. As posições verticais e inclinadas a 45º são mais utilizadas nos

processos de plantio em matumbos e camalhões. Várias pesquisas foram

desenvolvidas a fim de avaliar a melhor posição das estacas de plantio, havendo

divergências entre os resultados, onde alguns indicaram que não há diferenças entre

as posições de plantio e outros concluíram o contrário, constatando a superioridade

quanto à produção de raízes para as estacas plantadas verticalmente ou inclinadas a

45º. Neste caso, para cada posição, também se verificou a superioridade das manivas

de maior comprimento.

No entanto, independentemente da produção de raízes, o plantio de

estacas nas posições inclinadas ou verticais apresentam vantagens e desvantagens

quando comparado ao plantio horizontal, podendo-se citar entre as primeiras:

brotação mais rápida; melhor população de plantas e diminuição dos gastos com

capinas; maior facilidade nos tratos culturais devido a visualização mais fácil das

manivas no campo.

Como desvantagens pode-se citar: maior dificuldade no plantio devido a

possibilidade da estaca ser plantada de maneira invertida ou à profundidade maiores

que 10cm; maior susceptibilidade ao tombamento por ação dos ventos

principalmente no início da lavoura; maior consumo de hastes pelo fato de se

utilizarem manivas de maior comprimento; dificuldades maiores na colheita devido

à formação mais profunda do sistema radicular tuberoso; impossibilidade de se

adotar o plantio totalmente mecanizado devido a inexistência no Brasil de máquinas

que realizassem esse tipo de distribuição de manivas.

Na operação do plantio, quando se adota a posição vertical ou inclinada,

deve-se tomar o cuidado de não se inverter as manivas, pois o processo e a

velocidade de brotação diminuem, devido a polaridade que as mesmas apresentam.

A polaridade determina a formação da parte aérea na extremidade apical da estaca, e

a formação do sistema radicular na extremidade basal. Quando plantadas de

maneira invertida, as gemas da extremidade apical brotam, e retardam a sua

emergência devido à necessidade que tem de voltar e se dirigirem à superfície do

solo. Com isso, consomem maiores quantidades de reserva que farão falta ao seu

desenvolvimento inicial enquanto não possuem um sistema radicular que atenda as

Page 30: Mandioca e Frango Caipira

22

suas exigências vitais. Dessa forma, as brotações possuem pouca resistência às

condições adversas do meio ambiente acabando por morrer e determinando grande

número de falhas na lavoura.

7.5) Quantidade de Manivas

O consumo de manivas para a formação de uma nova cultura vai

depender do cultivar a ser utilizado, do tamanho das manivas, do espaçamento a ser

adotado e da população e idade das plantas da cultura que vai fornecê-las. Assim, o

consumo de manivas com 20cm de comprimento para a formação de um mandiocal

no espaçamento de 1,00m x 0,50m será o dobro daquele utilizado para a formação

de uma cultura espaçada de 1,00m x 1,00m para o mesmo tamanho de maniva. O

plantio em posição inclinado a 45º ou na vertical demanda maiores quantidades de

hastes para a preparação de estacas, pelo fato dessas posições de plantio exigirem

manivas de maior comprimento.

A quantidade de hastes para a preparação de estacas é medida em metros

cúbicos, sendo que 1 m³ de hastes pode pesar de 150 a 200 Kg. A quantidade de

hastes necessárias ao plantio de um hectare é em geral de 4 a 5 m³ quando se utiliza

manivas com 20 a 25cm de comprimento. De uma maneira geral, a relação de

plantio é de 1:4-6 , isto é, as hastes resultantes da colheita de um hectare de

mandioca podem fornecer manivas para o plantio de 4 a 6 hectares, para alguns

pesquisadores utiliza-se 16.000 manivas de 25cm por hectare.

7.6) Diâmetro das Manivas

Câmara (1982), no Departamento de Agricultura e Horticultura da E.S.A.

“Luiz de Queiroz” fez estudos sobre a influência do diâmetro das estacas nas

produções da mandioca. Adotou manivas de 20cm de comprimento e diâmetros de

1,4; 2,0 e 2,6cm que correspondiam respectivamente a hastes secundárias, primárias

e principal das plantas. Verificou para três cultivares de mesa, que maiores

produções de raízes foram obtidas com estacas de 2,0cm de diâmetro, provenientes

das hastes primárias.

Pelas considerações feitas anteriormente, admite-se como manivas

normais, que atendem à uma boa formação do mandiocal, aquelas provenientes de

Page 31: Mandioca e Frango Caipira

23

plantas com um ciclo vegetativo de idade, rigorosamente sadias, oriundas da metade

inferior da planta de origem, com 20 a 25cm de comprimento, 5 a 7 gemas em boas

condições e com bom diâmetro. (Tabela 02).

7.6.1) Preparo das manivas: Uma vez selecionadas as plantas que fornecerão o

material para o plantio, efetua-se o corte das hastes das mesmas. Através de

uma moto-serra circular ou que é mais comum, de um facão, promove-se o

corte das plantas a 10 ou 15 cm acima do nível do solo e em seguida efetua-

se o corte e separação das hastes da metade inferior da planta, desprezando-

se as mais finas e herbáceas.

As hastes escolhidas são transportadas ao local de preparação das

manivas com todo o cuidado, a fim de que suas gemas não sejam danificadas. Se

durante um ou mais dias não for possível o preparo das manivas após o corte das

hastes, estas devem ser conservadas em ambiente fresco e sombreado, a fim de

diminuir as perdas de água devido à desidratação.

Escolhido o comprimento a ser adotado para as manivas, promove-se o

preparo das mesmas cortando-se as hastes transversalmente, evitando-se o corte em

bisel, pois desta forma, obtém-se uma maior exposição do tecido de reserva, aumentando a formação do callus e originando um enraizamento inferior e irregular

quando comparado ao corte reto.

O preparo das manivas pode ser feito por processo manual ou mecânico.

No primeiro caso, através de um facão bem amolado atinge-se a haste com um leve

golpe seguido de um giro de aproximadamente 180º e por fim outro golpe mais forte,

obtendo-se a maniva. O corte mecânico pode ser feito com a utilização de uma serra

circular acionada por um pequeno motor elétrico ou de explosão. No processo

manual um homem pode preparar aproximadamente 750 manivas por hora, enquanto

que no preparo mecânico o rendimento atinge a 3.750 manivas por hora.

As manivas preparadas devem ser guardadas em ambiente fresco e

sombreadas enquanto não forem plantadas. Por ocasião do plantio devem ser

transportadas com muito cuidado a fim de que as gemas não sejam danificadas. As

manivas podem ser atacadas por pragas ou patógenos do solo após o plantio, sendo

viável o tratamento das mesmas após o preparo das estacas. Segundo Dantas Et Alli

– 1981 o tratamento das manivas pode ser feito mergulhando-as durante 5 minutos

Page 32: Mandioca e Frango Caipira

24

em soluções fúngicas simples ou compostas dos produtos Dithane M-45 (mancozeb

80%) e Manzate 80 (maneb 80%) nas dosagens de 2,0g e 1, 5g por litro de água

respectivamente. Pode-se ainda, adicionar à solução fúngica a fim de complementar

o tratamento das manivas.

TABELA 01. Produções médias de raízes de mandioca com um e dois ciclos

vegetativos em função do comprimento das manivas utilizadas Produção em t/ha Comprimento das

manivas (cm) Um ciclo vegetativo

Dois ciclos vegetativos

5 7,9 22,9 10 13,1 24,9 15 14,7 36,3 20 15,6 30,6 25 16,7 36,8 30 17,7 39,6

FEALQ/ESALQ/USP-1981

8) Adubação

É de acreditar-se que o conceito firmado por alguns de que a mandioca “é

planta de terra fraca”, tenha contribuído de certa forma para a falta de interesse pela

sua nutrição. Assim é que, onde o agricultor não pode colher um bom milharal, um

bom arrozal, etc., ele planta a mandioca, na certeza de aproveitar as suas terras de

fertilidade inferior.

Dentre os pesquisadores da cultura da mandioca que trabalham com

adubação, é comum considera-la como exigente e esgotante, haja vista, estado de

subnutrição que caracteriza os pequenos mandiocais espalhados por pequenas

propriedades. Pois, verifica-se em diversos trabalhos como, por exemplo, a do Dr

Luciano da Silva Souza da EMBRAPA, que afirma, segundo seus trabalhos que 25 t.

de raízes mais a parte aérea da mandioca extraem: 123 kg de N; 27 kg de P; 146 kg

de K; 46 kg de Ca e 20 kg de Mg.

Page 33: Mandioca e Frango Caipira

25

Outros pesquisadores dão conta de que uma cultura de mandioca, com a produção de

60 t/ha retira do solo as seguintes quantidades de nutrientes:

N ........................................................... 124 Kg/ha

P2 O 5 ......................................................104 Kg/ha

K2 O ....................................................... 584 Kg/ha

CaO...........................................................217 Kg/ha

MgO .......................................................... 71 Kg/ha

Diversos autores estudaram a extração de nutrientes considerando os órgãos da

planta, como se pode observar na tabela a seguir:

Órgão da

Planta

N P K Ca Mg Referência

Raízes 0,70 0,43 2,80 0,71 0,05 Bonnefoy

Ramas 11,90 1,59 4,90 3,90 2,00 Bonnefoy

Folhas 7,50 0,34 1,30 2,40 0,15 Bonnefoy

Raízes 2,02 0,43 3,02 - - Kanapathy

Ramas 2,11 1,30 2,60 - - Kanapathy

Folhas 2,15 0,16 0,91 - - Kanapathy

Raízes 3,00 0,50 3,50 0,60 0,10 Cours

Hastes 2,00 0,30 1,50 0,60 0,40 Cours

Raízes 1,82 0,36 1,77 0,34 1,08 Velley

Raízes 2,20 0,19 1,59 - - Catani

Fonte: HOWELWE, 1974 citado por Conceição, 1983.

8.1) Ação dos Princípios Nutrientes 8.1.1) Nitrogênio

Em doses adequadas, o Nitrogênio favorece o bom desenvolvimento da

planta. Entretanto, quando aplicado em excesso, há referências de que provoca

redução na percentagem de amido e o conseqüente aumento na percentagem da

proteína, uma vez que, havendo mais nitrogênio disponível, ao invés dos

Page 34: Mandioca e Frango Caipira

26

carboidratos se polimerizar em amido vão combinar-se com aquele, dando formação

a substâncias protéicas.

Em solos de mata recém desbravada, o excesso de nitrogênio, devido à

extrema riqueza de matéria orgânica, pode induzir exagerado desenvolvimento da

parte aérea em detrimento da produção de raízes de reserva.

8.1.2) Fósforo

O Fósforo, nutriente de que os solos brasileiros são bastante carentes, é um

dos principais elementos na produção da mandioca. A sua presença no solo, em

doses equilibradas, atua diretamente sobre o aumento da produção de raízes e do

teor de amido. Malavolta Et Alli (1953 e 1954), informam que a cultura da

mandioca é exigente principalmente de Fósforo e Nitrogênio. Aumentos de até 25%

na produção de raízes foram conseguidos por CHADA (1958) na Índia, citado por

CONCEIÇÃO (1983), com a aplicação de 88 kg/ha de P2O5 juntamente com 150

kg/ha de N, inclusive proporcionando diminuição do teor de HCN nas raízes e

aumento no conteúdo de proteínas.

8.1.3) Potássio

O Potássio tem uma ação menos saliente que é o fósforo e o nitrogênio

sobre a produção de raízes, apesar de figurar em proporções muito elevadas na

composição da planta. É essencial à translocação dos carboidratos produzidos nas

folhas, que são acumulados nas raízes. Em certas regiões é considerado elemento

primordial.

8.1.4) Cálcio

Considerando o que já foi dito, quanto a importância da calagem, resta

acrescentar que o cálcio afeta o desenvolvimento da mandioca. Quanto em excesso

parece exercer certa influência negativa sobre o teor de amido e, quando em

deficiência, pode provocar atrofia e morte do broto terminal. Como o Fósforo, o

Cálcio é deficiente em muitas áreas do território nacional.

Page 35: Mandioca e Frango Caipira

27

8.2) Calagem e Adubação É necessário que se retirem amostras de solo para análise química, o que

indicará uma calagem e uma adubação do solo que sejam mais adequadas para a

cultura.

8.2.1) Calagem

Deve ser executada de acordo com o resultado da análise química do solo.

Estando o pH abaixo de 5,0 é necessária a prática da calagem. O calcário deve ser

distribuído a lanço em toda a área onde será instalado o cultivo. Deve-se efetuar a

calagem 60 a 90 dias antes do plantio da mandioca. O objetivo da calagem é corrigir

a acidez do solo e/ou fornecer cálcio e magnésio às plantas.

8.2.2) Adubação Recomenda-se a aplicação da mistura dos fertilizantes fosfatados e

potássicos no sulco de plantio, cobertos com uma camada de terra para evitar

contato direto com as manivas. Os adubos nitrogenados devem ser aplicados em

cobertura ao lado do sulco, 45 e 60 dias após o plantio. Esta aplicação deverá ser

feita após períodos de chuva, quando o solo apresenta-se com teor de umidade

adequado. 9) Tratos Culturais

De acordo com Blanco (1977), citado por Silva (1999), todos os conceitos

de planta daninha ou mato são estabelecidos baseados no relacionamento da planta

com as atividades humanas. A razão disto é que o conceito de que mato é ser

relativo e depende inteiramente da importância econômica que o homem da áquela

espécie vegetal, naquele momento ou naquele ambiente. Por isso são comuns

definições de planta daninha como “uma planta fora de lugar”, ou “uma planta

indesejável” ou “uma planta que ocorre onde não é desejável”, ou “uma planta sem

valor econômico”, ou ainda “plantas que competem com o homem pelo solo”. São

conceituações que envolvem sempre caráter econômico ou de indesejabilidade. Por

Page 36: Mandioca e Frango Caipira

28

essas definições uma planta de trigo que germinasse em uma lavoura de soja seria

considerada planta daninha. Outras definições dentro do mesmo sentido poderiam

ser elaboradas: “plantas nocivas, sem utilidade, ou tóxicas, planta cuja importância

econômica ainda não foi descoberta”, etc.

A definição agronômica para planta daninha que englobaria todo o

sentido que se encontra no seu conceito e que propomos aqui seria “qualquer planta

que ocorre de modo espontâneo e prejudicial em locais relacionados com as

atividades agropecuárias do homem”. Por esta definição, qualquer planta silvestre

que ocorre quer seja em uma área cultivada, ou em uma pastagem, ou um campo

natural que perderam seus ecossistemas originários e foram por longo tempo,

adaptadas e locais cuja vegetação foi perturbada por fenômenos naturais e também,

de novas espécies ou variedades que evoluíram com o desenvolvimento da

agricultura.

Quanto a agressividade das plantas daninhas Lorenzi 1982, observou que

a seleção imposta pela natureza não apenas dotou as plantas daninhas de uma grande

agressividade mas também de outros mecanismos, que permitem a sobrevivência da

espécie sob as mais diferentes adversidades, tais como:

- Grande produção de sementes: geralmente, quanto mais curto o ciclo da

planta, maior a quantidade de sementes produzidas e vice-versa, sendo que

esse número é bem maior que o que ocorre em plantas cultivadas. Uma

única planta de caruru (Amaranthus retroflexus) chega a produzir 117.000

sementes e uma de beldroega (Portula caoleracea), pouco mais de 52.000;

- Eficientes mecanismos de dispersão de sementes: para maior eficiência dos

agentes naturais de disseminação, suas sementes são providas de estruturas

semelhantes a para-quedas ou guarda-chuvas, para facilitar o transporte

pelo vento, como as plantas da família Compositae, ou são adotadas de um

pequeno colchão de ar para facilitar a flutuação na água, como na espécie

Rumex crispus, ou são revestidas de pêlos ou espinhos, que facilitam sua

aderência na pele de animais, como nas espécies Desmodium canum e

Cenchrus echinatus;

- Grande longevidade de suas sementes: todas as plantas daninhas possuem

sementes com alguma dormência, cuja duração pode variar de algumas

semanas a algumas centenas de anos. Graças a esse mecanismo as espécies

escapam do perigo da extinção. A espécie Chenopodium album após 38

Page 37: Mandioca e Frango Caipira

29

anos enterrada profundamente no solo apresentou 17% de germinação e a

espécie Datura stramonium, 91%.

9.1) Controle de Plantas Daninhas: As plantas daninhas causam

prejuízos às plantas cultivadas competindo com estas em água, nutrientes minerais,

luz e gás carbônico, reduzindo o crescimento e consequentemente a produção;

hospedando pragas e patógenos causadores de doenças; diminuindo a qualidade do

produto e aumentando os custos de produção tanto pela adoção de técnicas para o

seu controle, como pela interferência nos trabalhos de colheita quando não são

controladas. No entanto, o efeito principal e primário que as plantas daninhas

apresentam é aquele causado pela competição.

Segundo o conceito agronômico, a competição entre plantas refere-se às

diferenças em eficiência que possuem os indivíduos em retirar um suprimento

limitado, os elementos para o seu desenvolvimento e reprodução. As plantas

daninhas são altamente eficientes e para que a produção da mandioca seja normal,

torna-se necessário evitar-se a concorrência.

As plantas daninhas podem ter seu comportamento modificado,

influenciadas pelos fatores edafoclimaticos da região que se encontram, (SILVA –

1999).

O período crítico de competição é variável, dependendo da espécie daninha,

do grau de infestação e das condições edafo-climáticas da região considerada. As

plantas em início de crescimento são as que mais sofrem com a concorrência do

mato. Por essa razão devem ser controladas já a partir da emergência das brotações

da mandioca.

Com relação à mandioca, pouco se sabe quanto ao período crítico de

competição. No entanto, o controle do mato deve ser iniciado cedo, a partir da

emergência dos brotos, período em que a mandioca não suporta a concorrência pelos

fatores de crescimento. Considera-se necessário, a manutenção da lavoura no limpo

até os primeiros 120 dias do ciclo vegetativo, quando as copas das plantas permitem

uma boa cobertura do solo dificultando o desenvolvimento das plantas daninhas.

Observações feitas em áreas do Departamento de Agricultura e

Horticultura da E.S.A. “Luiz de Queiroz”, revelaram que a mandioca ressente-se

muito na presença do mato, principalmente nos primeiros 30 dias após a brotação

das manivas, concorrendo para um maior número de falhas no campo. Constatou-se

Page 38: Mandioca e Frango Caipira

30

também que plantas espaçadas de 1,00m x 1,00m quando bem conduzidas em solos

de boa fertilidade, devido ao seu desenvolvimento promovem a cobertura do solo,

abafando as plantas daninhas a partir de 90 dias após o plantio.

Com relação às culturas cujas produções se destinam às indústrias de

processamento e que permanecem no campo durante dois ciclos vegetativos, desde

que sejam mantidas no limpo durante a fase inicial do primeiro ciclo, dificilmente

sofrerão competição do mato no segundo ciclo vegetativo. Justifica-se o fato, devido

as condições climáticas presentes durante o repouso fisiológico da cultura ao fim do

primeiro ano, onde a irregularidade de precipitação e as temperaturas baixas não

favorecem a germinação e o desenvolvimento das sementes das plantas daninhas. Na

estação da primavera, com a volta de condições climáticas favoráveis, a cultura não

é prejudicada pela competição do mato, pois as plantas que entrarão no segundo

ciclo vegetativo, apresentam-se com porte avantajado. Os prejuízos que podem advir

da presença de plantas daninhas, referem-se à dificuldade para se efetuar a colheita

durante o segundo repouso fisiológico da cultura.

A presença de mato na lavoura de mandioca demanda grande quantidade

de mão-de-obra para o seu controle. As capinas devem ser realizadas sempre que

necessário, até que as plantas se aproximem nas entre linhas. Em solos bem

preparados, normalmente três a quatro capinas são suficientes.

No Brasil, de uma maneira geral, predominam as capinas manuais através

da utilização de enxadas, em propriedades de poucos recursos, sendo antieconômico

o seu uso em médias e grandes lavouras. As capinas também são feitas por meio de

cultivadores a tração animal ou mecânica nas entre linhas, complementadas com

capina manual a enxada nas linhas e nas áreas não atingidas pelo cultivador. Na

utilização de cultivadores à tração animal ou mecânica, deve-se ter o cuidado de não

se trabalhar a profundidades maiores que 10cm, para que não seja abalado o sistema

radicular da planta. A partir do 4.º mês após o plantio, deve-se trabalhar apenas com

enxadas nas proximidades das linhas da cultura, evitando-se o uso de cultivadores,

devido ao crescimento das raízes tuberosas.

O controle químico das plantas daninhas com herbicidas tem sido usado

com sucesso em áreas de cultivo da mandioca. O emprego de herbicida é uma

técnica especializada que exige conhecimento por parte do agricultor. Para a escolha

do herbicida a ser empregado é muito importante o reconhecimento da flora

infestante da cultura na área. Áreas de cultivo podem estar infestadas por várias

Page 39: Mandioca e Frango Caipira

31

espécies de plantas daninhas e por isso, muitas vezes não se consegue um controle

eficiente com um só herbicida, havendo necessidade da aplicação de misturas.

9.2) Poda

A poda da mandioca é prática comum em algumas regiões brasileiras.

Segundo CONCEIÇÃO (1983), no nordeste os agricultores fazem a poda quando a

cultura apresenta 12 meses de idade, aguardando mais 4 a 6 meses para que a planta

apresente nova vegetação, promovendo a sua colheita. Com isso acredita-se que há

um aumento da produtividade das raízes, trazendo-lhes maior lucratividade.

No Estado de São Paulo, a maior parte da área plantada com mandioca, se

constitui de lavouras cujas raízes se destinam às indústrias de processamento

colhidas com 18 a 24 meses de idade, quando completam o segundo ciclo

vegetativo. Na passagem do primeiro ao segundo ciclo, nos meses de junho ou julho

quando a cultura se encontra em pleno período de repouso fisiológico, pode-se fazer

a poda. A poda consiste no corte ou decepa das plantas, cortando-se as hastes

principais a 10 ou 15cm acima do nível do solo, trazendo mais desvantagens do que

vantagens.

São condições especiais que determinam a sua realização. Assim, os

agricultores podam a sua cultura quando necessitam das manivas provenientes de

hastes com um ciclo vegetativo para plantarem novas áreas, quando há geadas

havendo necessidade de conservar as hastes, ou quando ocorre alta infestação de

broca das hastes a fim de que a cultura renove a parte aérea, para que atravesse o

segundo ciclo vegetativo em melhores condições fitossanitárias. Em tais casos

justifica-se esta prática.

Quando se tem alta infestação de broca das hastes, as ramas podadas

devem ser queimadas para que a praga não se instale novamente na cultura. Para o

controle de bacteriose não é recomendável a prática da poda, uma vez que o

instrumento de corte pode servir de transmissor da doença para plantas sadias.

Após o corte, gemas da porção basal da haste principal emitirão novas

brotações em poucos dias. Estas, em número de duas a três por planta apresentam-se

vigorosas, originando hastes maiores e bem desenvolvidas, com maior altura das

ramificações quando comparadas com plantas do mesmo cultivar e com um ciclo

vegetativo, dando melhor aspecto ao mandiocal podado.

Page 40: Mandioca e Frango Caipira

32

No entanto, a poda prejudica a cultura. Com o aumento de hastes acaba

havendo maior concorrência entre as plantas diminuindo a população. O instrumento

de corte pode favorecer a propagação de doenças às plantas sadias. Concorre para a

diminuição da produção de raízes em conseqüência da redução de matéria seca nas

mesmas, diminuindo o teor de amido.

A planta depois de podada, utiliza os carboidratos contidos nas raízes como

fonte de energia para a sua recuperação, através da emissão de novas brotações.

Lorenzi et alli (1978), estudaram a variação de carboidratos e ácido cianídrico em

raízes de mandioca provenientes de plantas podadas, verificando que o teor de HCN

das raízes decrescem de 67 ppm para 35 ppm, parecendo indicar que a diminuição

na concentração do glicosideo cianogênico possui relação com a fisiologia da

brotação. Constataram também, um decréscimo no teor de amido altamente

significativo, variando num espaço de 14 dias após a poda, de 79,06% para 62,52%.

Verificaram também que a partir do terceiro dia após a poda, pode ocorrer redução

de 20% no total de amido das raízes, afetando sensivelmente a produção desse

carboidrato. Simultaneamente, constataram um aumento significativo no teor de

carboidratos solúveis totais, o que indica hidrólise acentuada do amido.

Outra desvantagem que a poda apresenta, é o de possibilitar o

desenvolvimento de plantas daninhas pela eliminação da parte aérea da mandioca,

conferindo um maior número de capinas necessárias, onerando mais o custo da

produção.

9.3) Pragas da Cultura da Mandioca no Mato Grosso do Sul

A produção de raízes da cultura da mandioca tem sido prejudicada pelo

ataque de pragas e doenças, que atacam as raízes, ramas, folhas e produtos

armazenados. A ocorrência e severidade do ataque de pragas e doenças são variáveis

dependendo da idade das plantas, região, época do ano, variedades, e fatores

climáticos.

Por razões sócio-econômicas e por possuir período vegetativo longo, a

utilização de pesticidas nessa cultura raramente é recomendada. Aliada ao fato de

que, sob condições ambientais favoráveis, é uma planta com alta capacidade de

recuperação por danos causados em curto tempo, como ataque de desfolhadores

(lagartas e formigas) e brocas (mosca do broto, broca das hastes). Recomenda-se que

Page 41: Mandioca e Frango Caipira

33

sejam observadas algumas práticas agrícolas que vem auxiliar no controle

preventivo de pragas e doenças.

!" Iniciar o cultivo com manivas sadias, de procedência conhecida, livre de

ácaros, insetos e doenças.

!"Observar as recomendações de plantio, para proporcionar maior sanidade às

plantas e conseqüentemente maior resistência a pragas e doenças.

!"Manter áreas de matas nativas ou silvestres, para a preservação de inimigos

naturais, parasitos e predadores, que habitam normalmente as áreas de cultivo.

!"Evitar o monocultivo sempre que possível com a diversificação e rotação de

culturas.

!"Observar que a utilização de praguicidas, seja feita somente quando não houver

outro método de controle eficiente e o problema justificar a aplicação. Proceder

a inspeções periódicas na cultura para determinar os possíveis problemas e

níveis de danos e localização. Pulverizar somente o local de ataque ou focos de

ocorrência. Utilizar sempre produtos seletivos a organismos benéficos, em

dosagens e modo de aplicação recomendada.

!"Eliminar plantas atacadas por pragas e doenças e restos de cultura com

problemas sanitários.

!"Utilizar variedades resistentes ou tolerantes, em função do histórico de

ocorrência de pragas e doenças na região.

Mariposa Erinnyis ello ello (Lepidoptera: Sphingidae)

O mandarová da mandioca é praga de ocorrência esporádica, mas de

grande importância devido a sua grande capacidade de consumo, causando

desfolhamento severo e perdas na produção. Pode ocorrer em qualquer época do

ano, com maior freqüência entre os meses de outubro a abril, no entanto os prejuízos

são mais graves quando o ataque ocorre em plantas jovens, de dois a cinco meses.

O adulto é uma mariposa de 60-90 mm de envergadura, asas anteriores

estreitas de coloração cinza e posterior vermelha-alaranjada com bordo lateral preto

sendo que as posteriores mais escuras no meio. As fêmeas, de hábito noturno,

colocam os ovos de cor verde (até 1800), na superfície das folhas. As lagartas

possuem coloração variando entre verde-claro até marrom, com estrias largas

amareladas, com pequeno espinho na parte posterior do abdome quando

Page 42: Mandioca e Frango Caipira

34

completamente desenvolvida. No final do desenvolvimento larval, possuem até 100

mm de comprimento quando descem no solo e se transformam em pupas marrons

escuras. A duração do ciclo biológico varia de 33 a 55 dias, dependendo das

condições ambientais.

Métodos de Controle

Cultural

Recomenda-se utilizar práticas culturais tais como controle de plantas

daninhas. Preparo do solo adequado, pois o revolvimento elimina as pupas. Rotação

de culturas com espécies não hospedeiras.

Mecânico

Consiste na catação manual e morte de lagartas e é indicado para

pequenas áreas.

Por comportamento

Consiste no uso de armadilhas luminosas com lâmpadas de luz negra, que

exercem atração aos adultos, utilizado principalmente para monitoramento das

populações da praga. Quando se obtém coleta de 5 adultos ou mais por noite indica

que o número de ovos na lavoura é o suficiente para o início de altas populações.

Essa técnica permite o planejamento das estratégias dos diferentes modos de

controle.

Biológico

O inseticida biológico de Baculovirus erinnyis foi isolado de lagartas

doentes de mandarová e pode substituir os produtos químicos eficientemente, desde

que as lavouras sejam monitoradas freqüentemente e o produto aplicado sobre

lagartas pequenas de 3 mm de cumprimento. Após a primeira utilização, o agricultor

pode coletar as lagartas doentes em vidros limpos e conservar em congelador, tendo

assim estoque suficiente para a próxima infestação. A dosagem recomendada é de 20

a 40 ml do macerado de lagartas em 200 litros de água por hectare, ou a necessária a

uma boa cobertura das plantas. Recomenda-se realizar as pulverizações no final da

tarde. Após 3 dias, observa-se a diminuição da mobilidade e alimentação das

Page 43: Mandioca e Frango Caipira

35

lagartas, consistindo o período ideal para coleta de lagartas infectadas. Para

pulverizar um hectare utilizam-se 18 gramas de lagartas ou 20 ml do líquido

(lagartas esmagadas). A calda é feita mediante o maceramento e coagem das lagartas

mortas, e diluição em 200 litros água para um hectare. Se não utilizar

imediatamente, guardar no congelador

Outros organismos benéficos parasitos e predadores tem se mostrado

eficientes em testes em laboratório e são promissores no controle.

Microhimenópteros do gênero Trichogramma parasitos de ovos de lepidópteros, são

eficientes no controle de E. ello ello. Estes tem sido utilizado com êxito no controle

dos insetos Heliothis sp e Alabama sp em liberações comerciais.

Controle eficiente também pode ser obtido através da pulverização de

suspensões de Bacillus thuringiensis.

Percevejo de renda Vatiga sp (Hemiptera: Tingidae)

O dano é causado tanto pela ninfa como pelo adulto que sugam a seiva na

face inferior da folha onde vivem em colônias. Os ovos são colocados

endofiticamente e coberto de dejeções pretas; as ninfas gregárias e os adultos são

percevejos cinzentos de 3 mm de comprimento. As maiores infestações ocorrem na

época seca e quente e provocam inicialmente nas folhas, manchas amareladas que se

tornam posteriormente marrom-avermelhada. Devido aos danos ocasionados pela

praga (lesões) pode ocorrer diminuição da fotossíntese e provocar queda das folhas

inferiores, e no caso de infestações severas pode ocorrer desfolhamento de toda

planta.

Moscas brancas (Hemiptera-Homoptera: Aleyrodidae)

As espécies mais comuns na cultura da mandioca no Brasil são Bemisia

tuberculata, Trialeurodes variabilis e Aleurothrixus aepim. São denominadas

moscas brancas pela aparência dos adultos que possuem e dois pares de asas e o

corpo recoberto de secreção pulverulenta branca, no entanto não são dípteros, mas

hemípteros (homópteros). Os ovos possuem pedúnculo curto, introduzido na folha.

As ninfas diferem dos adultos, e possuem forma de escama (escamiforme), coberta

ou não por substância pulverulenta.

Ao sugarem as plantas, adultos e ninfas injetam saliva, que podem causar

ação toxicogênica, no entanto há também os prejuízos indiretos como o

Page 44: Mandioca e Frango Caipira

36

aparecimento de fumagina, que reduz a capacidade fotossintética das folhas

atacadas. O dano das ninfas manifesta-se através de pontos cloróticos nas folhas,

enquanto que os adultos provocam amarelecimento e encrespamento das folhas

apicais. Quando ocorrem em altas populações em períodos prolongados, provocam

perdas no rendimento e afetam a qualidade da farinha. Produtores de farinha de

mandioca da região, se recusam a comprar mandioca proveniente de plantas

atacadas por mosca branca ou com fumagina, por causarem sabor amargo no

produto. A utilização de variedades resistentes e ou tolerantes é o método mais

racional de controle. Importante também observar medidas fitossanitárias

preventivas como eliminação de restos de cultura, evitar cultivos próximos a locais

já infestados e seleção de material de plantio livre de infestações. Quando ocorrer

altas populações de ninfas, pode-se utilizar para controle de ninfas, detergentes

neutros e óleos minerais na proporção de 1 litro do produto para 100 litros de água.

Tripes (Thysanoptera: Thripidae)

São várias espécies que atacam a mandioca, no entanto as mais

importantes são Scirtothrips manihoti e Frankliniella williamsi. São insetos

pequenos, a maioria com cerca de 1mm de comprimento, 2 pares de asas franjadas.

São encontrados nos brotos raspando e sugando a seiva durante as épocas secas do

ano.

Em conseqüência do ataque a parte terminal da planta não se desenvolve

normalmente, as folhas mais jovens apresentam estrangulamento e aparecem

manchas amareladas e irregulares. Os ataques intensos causam inicialmente lesões

de brilho prateado, posteriormente as folhas secam e caem. As hastes e pecíolos

apresentam-se com feridas e ocorre redução no comprimento dos internos. Pode

ocorrer a morte dos ponteiros o que induz o aparecimento de gemas laterais, a planta

fica com aparência de vassoura. Recomenda-se utilização de variedades resistentes.

Mosca do broto Neosilba sp. (Díptera: Lonchidae)

Os adultos da mosca-da-mandioca medem de 4 a 5 mm de comprimento e

8 a 9 mm de envergadura, com corpo azul escuro-brilhante e asas transparentes. As

fêmeas colocam os ovos isoladamente entre as brácteas ou no interior de tecidos

jovens dos brotos ou podem também broquear a rama. As larvas de 6 mm,

esbranquiçadas e amareladas, se alimentam no interior dos brotos, provocando a

Page 45: Mandioca e Frango Caipira

37

morte do ponto de crescimento. No local onde vivem, na parte apical da haste e no

interior dos pecíolos das folhas novas, podem ser encontradas várias larvas. As

pupas de 4 mm são marrom e são encontradas no solo. O ciclo total dura em média

50 dias.

No local do ataque ocorre exudação de látex amarelo (ataque recente) ou

marrom característico (ataque mais velho). Os brotos atacados murcham e morrem,

causando atraso do desenvolvimento das plantas, que emitem brotos novos,

resultando em plantas pequenas e ramificadas. Ocorrem durante todo ano, com

aumento de infestação no início das chuvas. Recomenda-se a destruição de brotos

atacados.

Broca das hastes Coeleostermus sp. (Coleoptera: Curculionidae)

As plantas atacadas apresentam manchas necróticas pretas,

principalmente na haste principal. Ao retirar a casca do local atacado, visualiza-se as

larvas alimentando-se da parte interna da haste. Os ramos atacados secam e novos

vão brotando, podendo causar até a morte da planta. Nesses orifícios são liberadas as

dejeções e serragens que se acumulam no pé da planta. Por esses orifícios há uma

exudação viscosa característica.

O adulto mede de 6-7 mm de comprimento, de coloração parda com o

corpo recoberto de escamas preta e branca, formando desenhos característicos. Os

ovos são depositados da fêmea, nos orifícios feitos na casca dos ramos primários

próximos ao tronco. A larva esbranquiçada, ápoda penetra e se alimenta abrindo

galeria em direção à base. Transforma-se em pupa em galerias dentro da própria

planta. O ciclo total tem duração de 79 a 94 dias.

Recomenda-se como medida de controle a remoção e queima dos ramos

atacados e de restos culturais; utilização de manivas sadias e plantio de variedades

menos preferidas pela broca.

Cochonilhas (Hemiptera-Homoptera)

As espécies mais importantes são Phenacoccus sp.; Aomidamytilus sp;

Saissetia sp. e da raiz Pseudococcus sp. As cochonilhas são insetos pequenos

sugadores de seiva, com aspecto geral variável nos diferentes grupos definidos pelo

revestimento do corpo. Há cochonilhas de carapaça, em que o corpo é revestido com

camada de cera e cochonilhas sem carapaça, em que o corpo é revestido por uma

Page 46: Mandioca e Frango Caipira

38

secreção pulverulenta branca ou sem revestimento. As fêmeas são sempre ápteras e

os machos adultos (quando ocorrem) possuem um par de asas normais e um par

reduzido, não tem aparelho bucal e possuem vida curta.

Atacam todas as partes da planta, causando definhamento e as vezes a

própria morte do vegetal. As dejeções, que caem sobre a planta, favorecem o

aparecimento de fumagina (fungo), que pode dificultar a transpiração e fotossíntese.

Constitui um dos maiores problemas na produção de raízes de mandioca nas regiões

tropicais e subtropicais, com verão bem definido. Infestações severas causam

nanismo, desfolhação, deformação dos brotos, entrenós curtos e distorção na haste

das plantas.

A cochonilha farinhosa da mandioca apresenta cobertura cerosa branca e

ataca brotos terminais e folhas causando encrespamento e redução de entrenós da

porção apical, podendo chegar a morte do broto, além dos danos indiretos com a

formação de fumagina e diminuição da fotossíntese.

A disseminação desses insetos é feita pelo vento, pássaros e

principalmente pelo homem quando transportam mudas ou partes vegetais atacadas.

Portanto recomenda-se a seleção de ramas livres de ataque para plantio, assim como

rotação de culturas e plantio de variedades resistentes.

Há vários parasitos e predadores que controlam naturalmente a população

do inseto, razão pela qual devem ser preservados. O controle químico é dificultado

pela cobertura cerosa do corpo do inseto, no entanto quando se faz necessário pode-

se utilizar óleo mineral em pulverização na face inferior da folha, quando do

aparecimento dos primeiros sintomas.

Cupins (Isoptera)

São insetos sociais de hábitos subterrâneos que atacam as plantas novas,

raízes e material de propagação armazenado. Embora em períodos de estiagem

possam atacar plantas adultas, o maior dano é causado as manivas, podendo

comprometer o estabelecimento da cultura.

Os ovos são depositados pela rainha em grandes quantidades, e podem

variar de 12 a 5.000/dia, de acordo com a espécie. Os adultos da casta operária são

estéreis, de coloração branca, ápteras, e constituem a maior parte da população do

cupinzeiro. Os soldados adultos são amarelados com mandíbulas desenvolvidas,

também estéreis e ápteros. Formas sexuadas são constituídas por um rei e uma

Page 47: Mandioca e Frango Caipira

39

rainha, sendo que esta é branca e fisiogástrica (aumento do corpo após a cópula) e

tem longevidade de 10 anos. A revoada ocorre 1 vez por ano, que consiste no

aparecimento de formas aladas constituídas por machos e fêmeas (sirí-sirí ou

aleluia), quando executam o vôo de dispersão, para formação de novas colônias. A

época de ocorrência do período da revoada se estende entre agosto a outubro, ou

após 1ª chuvas de verão.

Como são insetos sociais, vivem em colônias, cujo ninho é chamado de

cupinzeiro, que é feito com uma camada externa de terra bastante resistente e a

interna de uma camada enegrecida, rica em celulose, com câmaras e galerias, onde

vive a colônia. Podemos separá-los em cupim de montículo (ninho externo) e cupim

subterrâneo (ninho abaixo do nível do solo). No cupim subterrâneo o ninho é

pequeno (menor que o de cupim de montículo) enterrado no solo e tem a forma

cilíndrica. Os maiores danos nas lavouras são ocasionados por cupins subterrâneos,

que externamente semelhantes a formigueiros. Em áreas de grande infestação

recomenda-se a destruição mecânica dos cupinzeiros ou controle com inseticidas ao

solo, no sulco, ou na cova por ocasião do plantio. Controle mecânico, realizado com

implementos acoplados ao trator como broca cupinzeira tem se mostrado promissor,

quando destróem totalmente o cupinzeiro.

Para a colocação do produto químico ou biológico, seja líquido,

granulado, pastilha ou pó, é necessário furar o cupinzeiro com barra de ferro e

marreta, com perfuração vertical, até que se encontre a câmara celulósica.

Aplicações de bioinseticida a base de Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana

tem sido relatadas com resultados promissores.

Formigas Atta sp ; Acromirmex sp (Hymenoptera).

As formigas cortadeiras do gênero Atta sp. (A. bisphaerica e A.

capiguara) e formigas quém-quém do gênero Acromirmex sp. (A. landolti) são

pragas importantes em alguns estados brasileiros. Em Mato Grosso do Sul as

espécies mais comuns são Atta laevigata (cabeça de vidro) e Atta sexdens

rubropilosa (saúva limão). São insetos sociais, vivem em colônias divididos em

castas, rainha (forma sexual), soldados cortadeiras e jardineiras. Cortam as plantas e

carregam ao ninho para cultivar o fungo que utilizam para alimentação dos

indivíduos da colônia. Espécies de Atta ou cabeçudas são mais prejudiciais, mas os 2

gêneros atacam quase todas as plantas.

Page 48: Mandioca e Frango Caipira

40

As espécies mais comuns de saúvas de ocorrência no estado atacam gramíneas,

principalmente pastagem e cana-de-açúcar. A revoada ocorre de setembro a

novembro ou com as primeiras chuvas de verão, onde 95,95% morrem e somente

0,05% formam formigueiros. Isso ocorre devido à atividade predatória de pássaros,

aves, tatus além dos fatores ambientais. Fêmea é fecundada pelo macho no vôo que

morre em seguida. A fêmea chega no solo, cava e regurgita a bola de fungo, que

carrega do formigueiro de origem. A longevidade da rainha é de aproximadamente

10 anos, das operárias 4 a 5 meses e dos bitus de 1 mês.

Controle

Devido em parte ao grande número de formigueiros espalhados em áreas

extensas, muitas vezes difíceis de serem localizados, o controle desses insetos é

muito difícil, mesmo se contamos com iscas eficientes. O controle deve ser

conduzido em nível de regiões, pois controles isolados por propriedades, não dão

resultado em longo prazo. Recomenda-se fazer repasse em 80 dias, com isca

diferente. Sendo as saúvas limão e cabeça de vidro espécies de mais difícil controle

e recomenda-se 20% mais de inseticida.

As formulações em forma de iscas granuladas ou pós são recomendadas

em época seca. Na forma de gases liquefeitos ou líquidos nas épocas úmidas. Em

área muito infestada, ou seja, 30 formigueiros por alqueire, é antieconômico o

controle e recomenda-se aração e gradagem.

Ácaros Tetranychus sp, Mononychellus sp, Oligonychus sp.

Há uma série de espécies de ácaros que atacam a mandioca todos

pertencentes à família Tetranichidae, dos gêneros Tetranychus, Mononychellus e

Oligonychus. Causam problemas nas folhagens das plantas normalmente em

períodos secos em que as condições são propicias para o aumento das populações.

Os sintomas típicos são pontuações cloróticas, seguidas de bronzeamento do limbo.

São encontrados na face inferior das folhas e alimentam-se penetrando o estilete no

tecido foliar e succionando os conteúdos celulares.

Mononychellus – adulto é verde-amarelo. Não formam teias. Localizam-se na parte

apical e jovem das plantas.

Page 49: Mandioca e Frango Caipira

41

Tetranychus – Adulto amarelo-roxo com manchas dorsais negras. Formam teias.

Localizam-se no verso das folhas intermediárias causando clorose e queda das

mesmas.

Oligonychus – Adulto verde. Formam pequenas capas de teias onde se alimentam.

Localizam-se no verso das folhas basais e causam danos de baixo para cima

provocando queda das folhas.

Recomenda-se um controle integrado que consiste na utilização de certas

práticas culturais para modificar as condições que favorecem o desenvolvimento dos

ácaros e diminuir ou retardar a dispersão. Tais como: rotação de culturas com

plantas não hospedeiras, destruição de plantas hospedeiras; inspeções periódicas na

cultura para determinar focos, destruição imediata dos resíduos da colheita anterior;

seleção de material de plantio para obter manivas livres de ácaros, insetos e

enfermidades; distribuição adequada das plantas na cultura para reduzir a

disseminação.

Não há produtos químicos acaricidas registrados para a cultura da

mandioca no Ministério da Agricultura. Quando estritamente necessários, utilizar

acaricidas seletivos somente nos focos. Tem-se observado que aplicações freqüentes

de inseticidas e/ou de produtos não seletivos, ocasionam aumento da população de

ácaros, provocado provavelmente pela eliminação de seus inimigos naturais.

10) Colheita A colheita da mandioca realiza-se no fim do primeiro ou do segundo ciclo

vegetativo, quando a planta se encontra em repouso fisiológico. Geralmente, durante

o período compreendido entre os meses de maio a agosto, a cultura permanece em

fase de repouso fisiológico, determinado por temperaturas baixas, com médias

mensais menores que 20ºC e por relativa seca, quando as plantas se apresentarem maduras, praticamente desprovidas de folhas, com as suas raízes contendo o

máximo de matéria seca e amido. É neste período ao final de dois ciclos vegetativos

que se inicia a colheita da mandioca para fins industriais, pois nesta fase as raízes

apresentam melhor rendimento industrial. Entretanto, a colheita pode se prolongar

até o período chuvoso e quente, quando a planta inicia nova estação vegetativa,

apresentando raízes com maior teor em água, concorrendo para uma queda no

rendimento industrial. Assim, torna-se necessário um perfeito sincronismo entre a

Page 50: Mandioca e Frango Caipira

42

áreas de produção e as indústrias de processamento a fim de que estas absorvam o

máximo de raízes com bom rendimento industrial. Por outro lado, os cultivares cujas

produções se destinam ao consumo de mesa, devem ser colhidos ao final do

primeiro período de repouso fisiológico que as raízes apresentam as melhores

qualidades culinárias. A colheita da mandioca utiliza muita mão-de-obra rural o que a torna uma

das operações mais onerosas da cultura. Para grandes áreas é importante que se faça

um planejamento da colheita, a fim de se ter um desempenho nessa operação. Para

tanto, alguns aspectos deve-se o rendimento em raízes nos talhões a serem colhidos

através de amostragens, a fim de que se possa ter opções de colheita; colher

antecipadamente os talhões, onde por motivos climáticos a operação seria contra

indicada no período chuvoso, como difícil acesso por estradas, solos argilosos,

terreno declivoso; colher primeiramente os talhões com problemas fitossanitários

com eliminação posterior da parte aérea; colher preferencialmente os talhões que

apresentam baixa população de plantas e infestação de plantas daninhas; preservar,

segundo as necessidades, os melhores talhões para aproveitamento das hastes para o

plantio, colhendo-os à medida que se processa o plantio, para se evitar o

armazenamento de hastes; observar se há possibilidade de utilização da parte aérea

como forragem ou como matéria-prima para outras finalidades.

A colheita das raízes pode ser manual, semimecanizada ou totalmente

mecanizada, encontrando-se no Brasil apenas os dois primeiros processos.

Predomina a colheita manual, a qual se constitui de três fases: corte da parte aérea,

arrancamento e separação das raízes de cepa. O corte da parte aérea consiste na poda

da haste principal de 15-30cm acima do nível do solo com facão ou outro

instrumento qualquer. Antes da eliminação da parte aérea deve-se separar as hastes

previamente escolhidas, que fornecerão manivas para o plantio de novas áreas.

Considerando-se que ¼ da área plantada pode fornecer hastes para a instalação de

outra área igual, grande é a quantidade de ramas que permanecem no campo quando

não se encontra destino para sua utilização. Neste caso pode se colher inicialmente

cinco linhas de mandioca, amontoando raízes e retirando as ramas correspondentes,

e em seguida distribuir ao longo dessas linhas colhidas as ramas das outras cinco

linhas seguintes e assim sucessivamente. Após a colheita de toda a área, o material

distribuído pode ser triturado através de uma grade de discos pesada ou de um rolo-

facas.

Page 51: Mandioca e Frango Caipira

43

Na ocorrência de pragas ou doenças, deve-se amontoar e queimar todo o

material cortado a fim de que não se constitua num foco de infestação de novas

lavouras.

O corte da parta aérea constitui-se numa operação preparatória para a

colheita das raízes, a fim de facilitar a penetração na área e o arrancamento das

cepas. Trata-se de uma operação lenta exigindo numerosa mão-de-obra, de pelo

menos 10 homens por dia, por hectare, (Normanha, 1976).

Após a eliminação da parte aérea, promove-se o arrancamento da cepa. A

porção basal da haste principal que permanece no campo, além de indicar o

direcionamento da linha a ser colhida, atua como suporte para o arranquio da cepa.

Com movimentos de tração e de vibração no sentido vertical, retiram-se as cepas do

solo. Em solos arenosos as raízes saem facilmente, bastando sacudi-las algumas

vezes para soltar a terra aderente. Por outro lado, solos argilosos dificultam essa

operação, havendo necessidade de se utilizar enxada ou enxadão a fim de se retirar a

terra ao redor das raízes, para facilitar o seu arrancamento. Também o uso de

picaretas apresenta bons resultados. Neste caso finca-se a ferramenta sob a cepa e

utilizando-se do cabo como a alavanca de apoio, promove-se a retirada das raízes.

Quando a cepa sai do solo, pode-se observar se houve quebra de raízes,

localizando-as no solo de acordo com a sua distribuição na planta. É comum a

quebra e permanência de raízes no solo após o arrancamento da cepa, principalmente

em solos argilosos e em culturas com alta infestação de mato. Neste caso, com

enxada ou enxadão, retiram-se as raízes que ficaram sob a terra.

Uma vez retiradas as cepas promove-se a separação das raízes, que pode

ser feita manualmente ou através de facões. Nas raízes sésseis, bate-se o facão na

base das mesmas no ponto de inserção com a maniva de origem. No caso de raízes

penduncaladas, promove-se o corte do pedúnculo próximo da base da raiz, evitando-

se que grande quantidade desta parte fibrosa seja encaminhada para a indústria. Para

as raízes que se destinam ao consumo de mesa, deve-se tomar cuidado nesta

operação, para que o instrumento de corte não cause danos a casca e à polpa, a fim

de que deteriorações e podridão microbianas não sejam favorecidas.

As raízes destacadas são distribuídas ao longo da linha esperando o

momento de serem transportadas. Em áreas de fácil acesso aos meios de transporte,

pode-se efetuar o embandeiramento de raízes em pontos distribuídos a cada 20 m,

recebendo o produto de 4 a 5 linhas. Os restos que sobraram das cepas são

Page 52: Mandioca e Frango Caipira

44

posteriormente amontoados e queimados, ou então, picados juntamente com as

ramas.

Na colheita semimecanizada, o arrancamento das raízes é feito

mecanicamente, sendo a eliminação prévia da parte aérea realizada manualmente ou

também por processo mecânico. Neste caso, com roçadeira acoplada a um trator,

promove-se o trituramento das ramas a 20 ou 30 cm do nível do solo, com

rendimento de 5 hectares por dia, o que comparado com a operação manual eqüivale

ao trabalho de 50 homens num tempo 5 vezes menor, executado apenas por um

tratorista.

Feita a eliminação da parte aérea, o arrancamento mecânico das cepas é

realizado por um sulcador de asa tracionado por trator, que trabalha no centro da

linha da cultura a 20cm de profundidade, levantando as cepas para a superfície do

solo, as quais se distribuem em ambos os lados do sulco. Em seguida, numa

operação manual é feita a catação das raízes e a separação daquelas que ainda

permanecem ligadas á maniva de origem, sendo distribuídas ao longo do sulco ou

embandeiradas de maneira já citada. Com auxílio de enxadas e enxadões retira-se as

raízes que permaneceram sob a terra.

O arrancamento mecânico feito por este processo, concorre para que um

grande número de raízes saiam danificadas, seja pela ruptura da casca ou pela

exposição da polpa, não devendo ser utilizado em mandiocais cuja produção se

destina ao consumo de mesa.

Normanha (1976), cita que ensaios experimentais realizados com este tipo

de sulcador, trabalhando em solo argiloso com pouca umidade, determinaram que

75% do peso das raízes saem presos às cepas, 20 a 22% são arrancados soltos ou

liberados das cepas e 3 a 5% permanecem enterrados ou soltos e cobertos de terra

nos sulcos, podendo ser recuperados com repasse manual imediato.

Corrêa e Rocha (1979), referem-se a outro tipo de colheita

semimecanizada, onde a eliminação da parte aérea é feita por picadoras ensiladoras

para confecção de silagem. Porém, esta operação contribui para compactar o solo.

Em seguida as cepas são arrancadas mecanicamente por arrancadores acopladas ao

hidráulico do trator, existindo também arrancadores que são ligadas à tomada de

força da máquina.

A colheita totalmente mecanizada ainda não é realizada no Brasil. Apenas

na Austrália encontram-se colhedoras. Para a utilização dessas máquinas colhedoras,

Page 53: Mandioca e Frango Caipira

45

o processo de plantio convencional deve ser mudado para o sistema em camalhões

com 38cm de altura, pois a lâmina colhedora trabalha a 15cm de profundidade no

solo, totalizando uma altura de corte de 53cm. Em culturas espaçadas de 1,00m entre

as linhas, o rendimento da máquina pode aproximar-se de 2,4 hectares colhidos por

dia.

Uma vez colhidas, as raízes são transportadas ao mercado consumidor de raízes “in natura” ou ao setor industrial. Nas áreas cuja produção se destina ao

consumidor de mesa, as raízes são acondicionadas em caixas de madeira ou de

plástico com capacidade para aproximadamente 25kg e levadas para o caminhão,

que as transporta aos centros consumidores. Para este tipo de raízes deve-se tomar

cuidados especiais no seu manuseio, evitando danificá-las, a fim de que o processo

de deterioração não acelere resultando na inaceitabilidade do produto no mercado

consumidor.

As raízes que se destinam no processamento industrial são colocadas em

caminhão comuns ou do tipo truck, sendo transportadas a granel. Os primeiros

carregam aproximadamente 8,0 toneladas de raízes, e os que possuem três eixos

posem transportar de 10,0 a 12,0 toneladas de raízes por viagem.

O rendimento por unidade de área de uma lavoura de mandioca, depende

de fatores intrínsecos ao cultivar utilizado, das condições edafo-climáticas, das

condições técnicas em que foi conduzida a cultura e da ocorrência ou não de

elementos biológicos adversos. De uma maneira geral, considera-se um rendimento

bom e econômico, aquele de 15 toneladas de raízes por hectare para um ciclo

vegetativo, ou de 20 a 30 toneladas por hectare para dois ciclos vegetativos.

10.1 Armazenamento de Raízes Frescas

O fato de raízes frescas de mandioca se mostrarem impróprias para o

consumo poucos dias após a colheita, causa sérios problemas a sua utilização e

comercialização. Em geral admite-se que o período entre colheita e consumo não

deve exceder a 48 horas.

Raízes frescas deixadas em condições ambientais e deterioram em poucos

dias, desvalorizando-se quanto ao aspecto e qualidade culinária. As características

de deterioração são descoloração em tons azul escuro ou marrom, aparecimento de

linhas vasculares ou escuras, amolecimento das áreas afetadas, apodrecimento.

Page 54: Mandioca e Frango Caipira

46

O processo de deterioração pode ser diferenciado em dois tipos.

Deterioração fisiológica primária caracterizada por linhas vasculares azuis ou negras

próximas a periferia da polpa, que posteriormente se estendem, ocasionando uma

descoloração marrom mais generalizada; simultaneamente há um aumento de acidez

da polpa. Deterioração secundária, caracterizada por uma pronunciada

decomposição total, acompanhada por ataque de microorganismos, fermentações,

amolecimento da polpa, não havendo uma delimitação precisa entre ambas as fases

(Booth, 1974).

Na maioria dos casos, a deterioração interna não se relaciona com o

aspecto exterior das raízes que aparentemente podem ser consideradas sadias, se

prestando para enganos ao serem adquiridas no mercado.

O tempo necessário para que a decomposição ocorra é variável depende

de uma série de fatores como: características próprias dos cultivares que conferem

maior ou menor resistência aos agentes deteriorantes; danos mecânicos ou

ferimentos sofridos pelas raízes durante o processo de colheita; condições de

armazenamento ou tratamento posteriores a colheita.

Estudos sobre a resistência à deterioração revelaram comportamento

diferencial de cultivares. Considera-se que raízes cesseis ou pedunculadas

relacionam-se com o aparecimento de danos na polpa, ou seja, quanto mais distante

esteja a raiz da base da planta, menor será a proporção da danificação, uma vez que

o ponto de corte para a colheita ficará mais distante e os patógenos demorarão mais

a alcançar a polpa; raízes cesseis tornam-se mais facilmente expostas. Outro caráter

dos cultivares que também influi no grau de resistência é maior ou menor facilidade

que as raízes possuem de conservar a película tuberosa externa no momento da

colheita. Esta característica é também influenciada pela textura do solo e o teor de

umidade no arrancamento, uma vez que, de acordo com essas condições, as raízes

poderão deixar aderida ao solo uma maior ou menor porção dessa película, expondo

a casca da raiz ao ataque de patógenos.

Na operação de colheita, em razão da maneira como se desenvolvem as

raízes no solo, é muito difícil evitar-se danificações mecânicas ao retirá-las da terra.

Estes danos se caracterizam por ruptura de raízes, perda de película suberosa, golpes

e traumatismos que possam sofrer durante o manuseio e transporte aos centros de

consumo. A película suberosa externa é muito importante para a conservação das

raízes, pois, zonas desprovidas delas são pontos iniciais de decomposição. Pesquisas

Page 55: Mandioca e Frango Caipira

47

confirmam que a descoloração se inicia nos pontos onde se localiza qualquer dano

mecânico.

Barrios Ramos (1975), comprovou a importância da preservação da

película tuberosa na conservação de raízes frescas de mandioca. Raízes foram

totalmente desprovidas das películas e submersas em parafina fundida,

conjuntamente com outras raízes com as películas intactas. Sete dias após o

tratamento, as raízes desprovidas das películas mostravam sinais de decomposição

enquanto que as outras se mantiveram em boas condições, sendo consumidas após 18 dias.

Segundo Lozano et alli (s.d), a deterioração fisiológica pode ser retardada

se na colheita, não forem separadas as raízes das hastes decepadas; neste caso

verificou-se sintomas iniciais de podridão entre 14 e 21 dias após a colheita.

Também a poda da parte aérea, realizada duas a três semanas antes da colheita,

revelou-se efetiva no controle da deterioração fisiológica.

O sucesso ou fracasso da armazenagem de raízes frescas dependem

principalmente das condições destas ao serem armazenadas; desse modo, é importante que o material esteja em perfeitas condições, procurando-se evitar

qualquer tipo de danos às raízes. Os métodos de

conservação das raízes frescas não foram suficientemente pesquisados até o

presente, não havendo ainda um processo econômico que possa permitir a

comercialização em larga escala desse produto, em mercados consumidores

distantes dos centros de produção.

Dentre os processos estudados, técnicas de custo elevado como

refrigeração e emprego de cera ou parafina revelaram-se eficientes para um

armazenamento mais prolongado, todavia, como a maior parte da mandioca é

produzida por pequenos agricultores, técnicas mais simples e mais baratas de

armazenamento natural foram desenvolvidas para atender às suas necessidades.

Nas condições de agricultura de subsistência, o modo mais utilizado para

superar este problema consiste em deixar as plantas no solo, para serem colhidas na

medida das necessidades. No entanto, permanecendo por mais tempo na terra, as

raízes perdem as suas qualidades tornando-se mais fibrosas, com menor quantidade

de amido. Também é utilizado após a colheita, guardar o excedente embaixo da terra

ou areia, mantendo-as úmidas. Outro critério simples, consiste em ensacar as raízes e

colocar os sacos sob a água.

Page 56: Mandioca e Frango Caipira

48

Armazenagem de raízes frescas no próprio campo em estruturas simples,

espécie de silos rústicos, os quais consistiam de uma camada de palha seca

compactada de uns 15cm de espessura e 1,50m de diâmetro servindo de base, sobre

a qual empilharam-se raízes formando montículos de forma cônica, usando-se de

300 a 500kg de raízes não selecionadas por unidade. A pilha de raízes foi então

coberta com outra camada de palha sobre a qual se colocou uma camada de terra

compactada, de no mínimo 15cm de espessura. Nos períodos em que a temperatura

interior não excedeu os 40ºC, as raízes se mantiveram em boas condições com uma

porcentagem de perda de 5 a 25% por períodos de até dois meses.

Uma outra possibilidade de conservação de raízes frescas consiste em

acondicioná-las em caixas, envoltas por materiais tais como pó-de-serra deve ser de

aproximadamente 50% e as raízes a serem utilizadas, selecionadas, sem

danificações.

Armazenamentos por períodos de 2 meses ou mais, modificam a qualidade

das raízes, ocorrendo várias alterações bioquímicas entre as quais a conversão de

amido para açúcar o que no entanto não as tornam impróprias para o consumo.

A conservação de raízes frescas em pequenas quantidades, em residências,

pode ser conseguida envolvendo-se, descascadas, em plásticos e colocando-se no

congelador de refrigeradores domésticos. As raízes descascadas, também podem ser

colocadas em recipientes com água e guardadas no refrigerador.

Page 57: Mandioca e Frango Caipira

49

CAPÍTULO II

Ração e Silagem de Mandioca

Coordenador MEDSON JANER DA SILVA

Page 58: Mandioca e Frango Caipira

50

11) Ração e Silagem de Mandioca

Este item foi escrito pelo pesquisador João Luiz Homem de Carvalho e

publicado pela EMBRAPA ) Centro de Pesquisa de Mandioca e Fruticultura

Tropical) em 1998 em Boletim Técnico.

11.1) Cuidados Especiais Para a Manipulação da Mandioca Brava

Toda mandioca possui princípio tóxico “veneno”. Até aquelas que são

consumidas fritas ou cozidas. Umas possuem quantidades menores e são chamadas

mansas.

Quando se trata de mandioca mansa, pode-se fornece-las frescas aos

animais sem nenhum problema. Quando se trata de mandioca-brava, o

envenenamento dos animais pode ser evitado quando se processa a sua desidratação

parcial ou total. Consiste em picá-la e deixá-la bem espalhada ao ar livre por 24

horas. Isso basta para eliminar grande parte do princípio tóxico da mandioca – brava,

tornando-a inofensiva para os animais.

Este processo é valido tanto para a raiz como para a parte aérea. No

processo de silagem e fenação o veneno também diminui a níveis não tóxicos. Não

se deve deixar de fornecer mandioca. Os meios para contornar esse problema são

fáceis e baratos.

11.2) A Raiz da Mandioca

A raiz de mandioca é rica em energia, mas pobre em proteína pela maior

produção de amido. As experiências mostram que a raiz de mandioca pode ser

incluídas na formulação de rações de todos os animais domésticos. A inclusão de

uma percentagem de mandioca na ração de base promove o aumento do consumo e

do ganho de peso. Mas, para que se obtenha boa eficiência alimentar da mandioca, é

necessário que na formulação da ração contenha, uma boa fonte de proteína (farelo

de algodão, farelo de soja, amendoim, babaçu, etc).

Page 59: Mandioca e Frango Caipira

51

11.3) A Parte Aérea da Mandioca

A parte aérea da mandioca (ramas e folhas) possui alto valor nutritivo

(proteína, acúcares, vitaminas e minerais), além de excelente aceitabilidade pelos

animais. A forragem possui mais proteínas que o capim elefante novo. Possui 4

vezes mais vitamina “C” que o limão, e o dobro de vitamina “A” da alfafa.

Considerando que apenas 20% do total de ramas, produzidas numa área,

são aproveitadas para o replantio da mesma área, restam no campo 80% de um

produto de grande valor alimentar para o animais que não deve ser desperdiçado.

Para que se obtenha boa eficiência alimentar da parte aérea é necessária

uma boa formulação da ração. Deve-se ajuntar uma boa fonte de energia como o

milho, o sorgo e evidentemente a própria raiz da mandioca.

11.4) Preparo das Raízes e Sua Utilização na Alimentação Animal

Qualquer que seja sua destinação (fornecimento imediato aos animais ou

conservação através de silagem), as raízes deverão ser lavadas, a fim de retirar o

barro aderido. Sem essa limpeza inicial, tanto a ração como a conservação poderão

sofrer graves prejuízos de qualidade.

Uma vez limpas, as raízes devem ser trituradas ou picadas, para o

fornecimento direto ou para a conservação sob a forma de raspa seca, farelo, silagem

ou pellets.

11.5) Fresca

É uma das formas que a raiz pode ser fornecida aos animais. Mas nesse

caso, alguns cuidados devem ser tomados:

1) Se for mandioca-mansa, colher, lavar, picar e fornecer imediatamente as raízes

aos animais, pois, não se conservam bem em estado fresco; o amido sofre

rapidamente uma hidrólise seguida de fermentação, o que lhe dá odor alcoólico.

Em clima quente, três dias após a colheita, as raízes tornam-se praticamente

inutilizáveis.

2) Se a mandioca for brava, não convém fornecê-la em estado fresco. Antes, deve

ser picada, parcialmente secada, secada ou ensilada.

Page 60: Mandioca e Frango Caipira

52

11.6) Desidratada ao Sol

Para desidratar as raízes ao sol, é preciso seguir os seguintes passos:

1) Colher a lavar as raízes em um tambor ou caixa com água ou ainda, em terreiro

cimentado e inclinado, jogando jatos d`água; eliminar nessa ocasião, as que

tiverem coloração escura;

2) Picá-la em pedaços de mais ou menos 5 cm de comprimento por 1,5 cm de

largura, em uma máquina de fazer raspas, ou triturá-las numa picadeira de

capim;

3) Espalhá-las sobre uma lona de plástico ou um terreiro cimentado, em camadas

de 8 a 10 kg/m2 ou em bandejas, na base de 10 a 16 kg/m2 , e expô-las ao sol;

4) Passar o rodo no sentido de maior comprimento do terreiro, formando pequenas

leiras, desmanchando-as periodicamente, como se faz na secagem do café;

5) Verificar se o material está seco (14% de umidade). Um método prático é

tomar um pedaço de raiz e riscar no piso como se fosse giz; se deixar risco, é

porque está seco;

6) Ensacá-la diretamente ou transformá-la em farelo, depois de seca;

7) Empilhar os sacos sobre estrado de madeira, em local arejado.

Preparados dessa maneira, o farelo e raspa têm no máximo 14% de

umidade. Podem ser fornecidos aos animais em mistura com outros alimentos, de

preferência protéicos, ou então, armazenados até por mais ou menos um ano, sem

alterações no seu valor nutritivo.

O tempo necessário para a secagem depende da umidade relativa do ar, da

temperatura do sol, e do número de vezes que o rodo foi passado. Calcula-se que a

23º C e a 70% de umidade relativa do ar, o material seque em um a dois dias. A

secagem em bandejas é mais vantajosa, onde há maior velocidade do vento. Pode-se

aproveitar, então, as horas noturnas para economia de mão – de – obra, pois, não é

necessário revirar o material.

A inclusão da raiz de mandioca desidrata e moída (farelo), na alimentação

animal, tem suas vantagens. Mas, as condições climáticas podem dificultar o seu

preparo e armazenamento. Nesse caso, utilizam-se fornos desidratantes e armazéns

especiais, o que certamente, aumenta os custos de produção.

Page 61: Mandioca e Frango Caipira

53

11.7) Ensilada

A ensilagem é um processo prolongado de conservação que não depende

de condições climáticas e conserva melhor os elementos nutritivos.

Para obtenção de uma boa silagem, os seguintes passos devem ser

observados:

1) Colher, lavar e selecionar as raízes, como indicado anteriormente, no processo

de desidratação;

2) Amontoar as raízes perto da picadeira e picá-las imediatamente em pedaços de,

no máximo 2 cm;

3) Compactar o material a cada camada de 20 cm postas no silo. A compactação

pode ser feita com o caminhar de homens ou de animais, com o rolamento de

um tambor cheio de água ou se possível, como um trator;

4) Fechar todo o espaço do silo e dar-lhe no topo uma forma abaulada;

5) Cobrir com uma lona de plástico e sobrepor uma camada de terra, com no

mínimo 15 cm;

6) Fazer canaleta para proteger o silo contra entrada de água;

7) Encher o silo mais rapidamente possível; por isso, aconselha-se a construção de

silos pequenos ou colocar divisórias nos grandes, para que se encha uma parte

de cada vez;

8) Nunca abrir o silo antes de 30 dias após o término do enchimento;

9) Ao abrir o silo, não expor muito a parte ensilada que não vai ser retirada logo.

O segredo da boa silagem está, sobretudo, na rapidez das operações de

colher, picar, compactar, encher e fechar o silo. Quanto mais rápidas forem essas

operações, maiores serão as chances de se ter um alimento bem conservado e de

alto valor nutritivo.

11.8) Preparo da Parte Aérea da Mandioca e Sua Utilização na

Alimentação Animal

11.8.1) Fresca

É o modo mais simples de fornecer a parte aérea da mandioca aos

animais. Basta picá-la e pôr nos cochos. Mas, em se tratando de mandioca-brava,

Page 62: Mandioca e Frango Caipira

54

aconselha-se picá-la e fazer a murcha por um período de 24 horas e misturá-la com

50% de outros volumosos, quando destinada a ruminantes, e com 80% de

concentrado, quando para monogástricos. A parte aérea da mandioca-mansa não

oferece perigo de toxidez.

11.8.2) Desidratada ao Sol

Durante o processo de secagem ao sol, da parte aérea da mandioca, duas

situações podem ocorrer:

1) A ocorrência de chuva ou de alta umidade pode prejudicar a qualidade;

2) Perda de folhas que contém alto teor de proteína (28 a 32%), pois, quando

secas, se pulverizam e se perdem facilmente, durante o manuseio.

Tendo em vista esses problemas, devem-se tomar os seguintes cuidados,

durante o processo de secagem:

a) Colher a parte aérea da mandioca, deixando fora a haste principal, de

aproximadamente 40 cm, o que permite maior concentração de folhas e,

portanto, do teor de proteínas;

b) Picar com uma picadeira de forragem em pedaços menores que 2 cm;

c) Espalhar o material picado (15 kg/m2 ), sobre a lona ou terreiro cimentado;

d) Revirar o material no primeiro dia, a cada intervalo de duas horas e, no segundo

dia, duas vezes;

e) Deixar ao sol até ficar completamente seco;

f) Ensacar o material da forma que foi seco ou transformado em farelo num

moinho de peneira e, guardado em lugar arejado.

Se a umidade desse material estiver em torno de 12%, ele se conserva em

bom estado nutritivo por mais ou menos um ano.

11.8.3) Ensilada

O processo de ensilagem tem também seus problemas, mas, comparado

com o de fenação, apresenta algumas vantagens. Além, de não depender muito dos

fatores climáticos, conserva melhor os valores nutritivos e evita a excessiva perda

de folhas.

Page 63: Mandioca e Frango Caipira

55

Para se obter uma boa silagem da parte aérea da mandioca, seguir os

seguintes passos:

1) Colher o material do mandiocal e amontoá-lo perto da picadeira. Para

ensilagem, deve-se aproveitar toda a parte aérea. A haste contém 18 – 22% de

carboidratos solúveis;

2) Picá-lo em pedaços de 1 a 2 cm, diretamente dentro do silo;

3) A cada camada de 10 a 20 cm no silo, fazer a compactação;

4) Encher o silo o mais rápido possível;

5) Encher o silo até ficar abaulado na parte de cima;

6) Cobrir com uma lona de plástico de maneira correta e jogar no mínimo uma

camada de 15 cm de terra;

7) Fazer uma valeta para proteção da silagem contra as águas de chuva;

8) Não abrir o silo antes de 30 dias após o término do enchimento.

A parte aérea da mandioca é um alimento superior à maioria dos capins

empregados na ensilagem. Dessa forma, a inclusão de uma percentagem dessa parte

da planta enriquece o valor nutritivo das silagens de capim. O mesmo procedimento,

seguido na ensilagem da parte aérea da mandioca, pode ser empregado na ensilagem

da sua mistura com o capim.

A gramínea forrageira que mais se presta para ensilagem é o capim –

elefante, e a sua mistura com 25% de parte aérea da mandioca melhora

sensivelmente tanto o valor nutritivo do material quanto a qualidade da silagem.

O capim muito novo, embora seja mais rico em valor nutritivo, não se

presta para ensilagem por ser muito aquoso (menor do que 25% de matéria seca).

Neste caso, a adição de 5% de farelo da parte aérea da mandioca, distribuído no silo

à medida que se for colocando camadas de 20 cm do material, melhora o valor

nutritivo e a qualidade da silagem do capim-elefante.

Aconselha-se empregar a parte aérea da mandioca obtida durante a

colheita da raiz. Todavia, pode-se efetuar uma poda a dois meses antes da colheita.

Essa prática, além de não prejudicar muito a produção de raízes para alimentação

animal, possibilita uma segunda obtenção de parte aérea, e torna mais simples seu

manejo.

Page 64: Mandioca e Frango Caipira

56

CAPÍTULO III

Trabalho de Resíduo de Mandioca Para Engorda de

Frango Caipira

Prof. MSc. MEDSON JANER DA SILVA ACADÊMICOS DA UCDB

Page 65: Mandioca e Frango Caipira

57

12) Trabalho de Resíduo de Mandioca Para Engorda de Frango Caipira Realizado no Núcleo de Pesquisa São Vicente/UCDB

12.1) Introdução

O frango e a galinha caipira não têm muita diferença de manejo das aves

industriais, tendo somente algumas adaptações do método industrial de criação,

tendo como grande vantagem a grande rusticidade aliada à sua excelente resistência,

muito superior ao frango de granja, podendo ser criado a campo e em instalações

bastante rústicas.

O manejo inicial se dá com a chegada dos pintainhos, onde os mesmos

devem ser criados durante os primeiros dias de vida sob um abrigo, para protegê-los

do frio, umidade, predadores, etc., este abrigo poderá ser um galpão coberto com as

laterais teladas tendo suas dimensões de acordo com o número de aves, 10 aves/m²

no caso de frango de corte e 7 aves/m² no caso de galinhas de postura. Este local

deve ser desinfetado, pelo menos quinze dias antes da chegada das aves. No dia do

alojamento, os equipamentos devem estar devidamente limpos, e o galpão ficará

fechado nos primeiros dias para que a temperatura no interior do mesmo fique mais

estável.

A cama deve ser preparada de maravalhas ( raspa da madeira ) ou palha

de arroz e ter cerca de 5 a 7 cm de espessura para melhor absorver toda umidade. É

importante que a matéria-prima utilizada para cama esteja bem seca sem resíduos

químicos ou fungos.

Para conservar os pintos próximos a fonte de calor e alimento, é

necessário que se faça círculos de proteção móveis com lâminas de eucatex. A altura

deve ser de 50 cm; já o diâmetro varia em função do número de aves alojadas.

O frio, ou a falta de aquecimento, mata os pintos nos primeiros dias de

vida. Para aquecê-los, coloque-se no centro do círculo de proteção uma campânula a

gás. A temperatura de conforto é de 31ºC a 33ºC, nos primeiros dias de vida, sendo

que esta temperatura irá gradativamente decaindo conforme as aves vão crescendo.

Os comedouros e bebedouros são dos tipos pendular, os comedouros

tubulares terão capacidade de 20kg de ração, que suportam até 30 aves, e

bebedouros pendulares para até 50 aves por bebedouro.

Page 66: Mandioca e Frango Caipira

58

As aves terão um espaço de pastejo onde terá 2m²/ave(corte) e 5m²/ave

(postura), com cobertura vegetal que deve ser resistente e ter boa capacidade de

rebrota (kikuyo, coast-cross, etc). Quando as aves tiverem completado todo o

empenamento ficarão um período do dia no piquete, ciscando, comendo insetos, sementes de capim verde e se exercitando. Com este tipo de manejo o frango adquire

uma musculatura mais consistente e saborosa e as galinhas botam ovos com a gema

mais escura e sabor refinado.

Tabela

Peso do Frango Caipira

Idade Peso (Gramas) Conversão Alimentar

21 dias 575 1,49

28 dias 895 1,64

35 dias 1245 1,77

42 dias 1615 1,89

49 dias 2000 2,05

56 dias 2395 2,20

63 dias 2760 2,34

Observação: A quantidade de ração consumida é igual ao peso da ave multiplicado

pela conversão alimentar da data correspondente.

12.2) Justificativa

Em qualquer área, a versatilidade sempre foi o maior aliado do pequeno

produtor. Nos dias de hoje, há quem diga que é o seu último trunfo, quase um

instante de sobrevivência num mercado de gigantes que tudo podem. Se a idéia é

competir com as megagranjas, que produzem milhões de toneladas de carne de

frango por ano e que reúne milhares de dúzias de ovos por dia o melhor conselho é

este: desista.

Hoje a avicultura brasileira atingiu um estágio de tecnologia que não

deixa nada a dever aos grandes países produtores, sendo o segundo exportador de

carne de frango no mundo com mais de 600.000 mil toneladas/ano, e o quarto

exportador mundial de ovos com um volume de 18.220.000 milhões de

unidades/ano. Dentro da área de avicultura o pequeno produtor não terá condições

Page 67: Mandioca e Frango Caipira

59

de enfrentar as grandes empresas que estão no mercado, pois o custo de implantação

de uma criação avícola industrial, com no mínimo de abate de 4500 aves/semana é

muito alto, sendo que o lucro é baixo e a lucratividade está no volume de produção,

além destes fatores tem as dificuldades que o pequeno produtor terá de comercializar

seus produtos. Com uma produção pequena as grandes empresas, que dominam o

mercado, literalmente irão engolir o pequeno produtor.

Uma alternativa para o pequeno empresário rural que queira ingressar na

área de avicultura, tendo um bom lucro, baixos custos, garantia de venda de seus

produtos com pequeno volume de animais, está a avicultura alternativa, ou seja, os

famosos frangos e galinhas caipira. Onde estes animais conservam o paladar

requintado do frango e ovo caipira aliado às altas produtividade dos frangos e

galinhas comerciais. As grandes cidades possuem um potencial enorme para o

consumo de alimentos mais naturais e com sabor diferenciado, já que a população

está mais exigente, e a procura de produtos o menos industrializados possíveis.

É neste nicho de mercado deixado pelas empresas avícolas que entra o

frango e galinha caipira, estes animais são híbridos que através do melhoramento

genético fez com que estas aves aliassem o excelente desempenho, onde um frango

pode ser abatido aos 49 dias de vida com 2 kg de peso vivo e conversão alimentar de

2,05 e as poedeiras chegam a botar 300 ovos/ano com coloração da casca vermelha e

peso de 55 a 65g, com o sabor característico do frango e ovo caipira. Aliado a estas

vantagens o projeto vem pesquisar a utilização de produtos alternativos no

balanceamento da ração de frangos e galinhas caipiras, sabendo-se que a

alimentação é cerca de 70% do custo de produção do frango, a utilização de

produtos baratos e alternativos, como a folha, ramas, casca e ponta da raiz da

mandioca, na ração irá viabilizar ainda mais esta criação para o mini e pequeno

produtor.

12.3) Objetivo

Este projeto teve como objetivo, pesquisar a produtividade e rusticidade

do frango e galinha caipira, aliado a utilização de produtos alternativos como a

mandioca, na alimentação das aves, diminuindo desta forma os custos de produção,

proporcionando ao pequeno produtor formas baratas de produzir carne de frango e

Page 68: Mandioca e Frango Caipira

60

ovos caipira. Possibilitando a venda de produtos diferenciados no mercado, com um

preço diferenciado, aumentando a renda do mini e pequeno produtor rural.

12.4) Fundamentação Teórica A entrada no Brasil de linhagens de alta produção de que trouxe grandes

progressos nos diversos segmentos da produção avícola, reduzindo a idade de abate

em mais de 20 dias para um mesmo peso vivo ou, à mesma idade de abate, houve

um aumento do peso em mais de 1 Kg . Torres (1995).

A avicultura teve um crescimento mundial nos últimos 30 anos, passando

de uma avicultura de pequenas propriedades, onde existia a criação de pequenos

lotes, para a venda a um comércio em expansão proporcionando uma boa

lucratividade para os proprietários. As principais raças criadas eram Plymouth Rock,

Wyandotte, Cochin, Brahma, New Hampshire, Rode Island Red e Leghorn (Brown,

1985).

Torres (1995) demostra que conforme se desenvolve geneticamente as

aves se tornam mais exigentes em condições de ambiência e manejo, não podendo

estar juntas em um mesmo animal alta produtividade e grande rusticidade, onde o

frango de granja possui alta produtividade e pouca resistência, já o híbrido caipira

possui boa produtividade aliada com boa rusticidade, conforme demostra o gráfico:

0,74%

1,68%

0,74%

4,57%

0%

0,71%

0,00%

0,50%

1,00%

1,50%

2,00%

2,50%

3,00%

3,50%

4,00%

4,50%

5,00%

até 2 semanas acumulada eliminados

Comparação Da Mortalidade e Eliminados

Frango Caipira

Frango deGranja

Page 69: Mandioca e Frango Caipira

61

Segundo Barros, em ótimas condições sanitárias, de manejo, cama nova e

desinfetada pode-se chegar a mortalidade de 1,68% na segunda semana de vida,

mortalidade total de 4,57% em todo o ciclo de criação e 0,71% de eliminados, estas

porcentagens estão bem acima da verificada com os frangos caipira.

Segundo dados da pesquisa desenvolvida por Magossi et alii, na

ESALQ/USP-Piracicaba-SP, foram utilizadas três raças puras de galinhas New

Hampshire, Plymouth Rock Barrada e Rhode Island Red com o cruzamento com

machos da linhagem de pescoço pelado (desenvolvida no Departamento de

Genética, ESALQ/USP). As aves receberam ração de frangos de corte inicial (1 a 40

dias) e ração de crescimento (41 dias em diante), os frangos permaneciam em total

confinamento sem ter acesso a uma área de pastejo, sendo verificados os seguintes

pesos:

Peso (Kg) comparativo do cruzamento das três raças com

a linhagem de pescoço pelado

35 d 42 d 56 d

Dm 0,821 1,104 1,729

Em 0,757 0,994 1,563

Fm 0,762 0,917 1,551

D- Cruzado pescoço pelado x New Hampshire;

E- Cruzado pescoço pelado x Plymouth Rock Barrada;

F- Cruzado pescoço pelado x Rhode Island Red;

M- Macho.

O projeto prevê o abate das aves quando atingirem peso médio de 2,5 Kg,

ao redor de 65 a 70 dias, sendo verificado também, a quantidade de gordura

depositada na carcaça. Os animais abatidos serão vendidos a um supermercado de

Campo Grande a um preço de R$ 2,50 o quilo do frango limpo. De acordo com

Albino (1981), a carcaça resfriada possui um rendimento de 73,3% do peso ao abate,

os frangos serão vendidos desta forma com aproximadamente 1,83 Kg, o que irá

gerar uma renda bruta de R$ 4,58 por frango, como a estimativa de abate é de um

total de 401 frangos, perfazendo uma renda bruta total de R$ 1.836,58. Se

compararmos esta renda bruta com a de um produtor no município de Rochedinho,

Page 70: Mandioca e Frango Caipira

62

no qual o produtor é integrado com uma indústria de abate de frangos de granja no

estado, o proprietário possui 2 aviários convencionais com um total de 27.000 aves

alojadas o pagamento efetuado pela empresa é de R$ 0,10 por frango, que irá gerar

uma renda bruta de R$ 2.700,00, uma diferença de apenas R$ 863,42 da renda bruta

estimada com os frangos caipira, a renda bruta de R$ 1.836,58 é conseguida com

apenas 1,5% das aves criadas pelo produtor.

12.5) Resultados e Conclusão

Na exploração da avicultura industrial, alternativa ou qualquer outra

cultura que utilize como base alimentar a ração concentrada, da empresa rural até a

pequena propriedade, o custo da alimentação será de 70% do custo total da

atividade. Isto se deve pelo fato da utilização de produtos considerados nobres na

alimentação humana, ou seja, os animais estarão competindo com o homem por

estes produtos, que são principalmente o milho e a soja, aumentando o valor dos

mesmos. Uma forma de tentar baratear os custos da alimentação seria a utilização de

produtos alternativos, como por exemplo a utilização dos subprodutos da mandioca

(folha, rama, casca e ponta da raiz), desta forma, pode-se diminuir os custos da

alimentação, sem perder a qualidade da mesma. Aliado a alimentação alternativa,

podemos utilizar o manejo como uma forma de diminuir ainda mais o custo de

produção, já que o confinamento intensivo gera um aporte maior na quantidade de

ração fornecida, pelo fato destes animais terem única e exclusivamente o

concentrado como forma de alimentação. O método de semiconfinamento, tem

como objetivo fornecer aos animais um local de pastejo onde as aves vão encontrar

outras fontes de alimentação, diminuindo desta forma, o consumo da ração,

concomitante diminuição do custo de produção.

Page 71: Mandioca e Frango Caipira

63

No Núcleo de Pesquisa São Vicente/UCDB, foram testadas três misturas

de ração alternativa de resíduos de mandioca, na engorda de frango caipira

linhangem Label – Rouge (misturas 1, 2 e 3 a seguir).

Mistura 1

Ingredientes Quantidade Porcentagem

Farinha de mandioca

(Casca e ponta da raiz)

32,5kg 33,5%

Farelo de milho 32,5kg 33,5%

Farelo de soja 27kg 27,9%

Premix (nutrinucleo) 5kg 5,1%

Mistura 2

Ingredientes Quantidade Porcentagem

Farinha de mandioca

(Casca e ponta da raiz)

60kg 28,6%

Farelo de milho 70kg 33,3%

Concentrado 70kg 33,3%

Folha de mandioca 10kg 4,8%

Mistura 3

Ingredientes Quantidade Porcentagem

Farinha de mandioca

(Casca e ponta da raiz)

70kg 63,6%

Farelo de milho 15kg 16,6%

Farelo de soja 157kg 16,6%

Folha de mandioca 10kg 3,2%

Foram alojados 400 pintos de corte com um dia de vida e até os 21 dias

foi fornecido ração inicial formulada comercialmente e a partir do 21º dia de vida as

aves tiveram acesso a um espaço de pastejo onde permaneciam durante todo o dia,

tendo livre acesso ao galpão. Os animais foram criados sendo fornecido ração à base

Page 72: Mandioca e Frango Caipira

64

de mandioca, e seu peso controlado por pesagens semanais a partir do 38º dia de

vida até o 78º dia, onde foram abatidas.

O frango caipira é uma alternativa para o pequeno produtor não somente pela

sua alta resistência, diminuindo as perdas de mortalidade e boa produtividade, e sim

como uma forma de agregar valores nos produtos produzidos pelas pequenas

propriedades. No caso da integração da avicultura industrial, o investimento é alto, a

margem de lucro pequena e o risco é considerável, o frango caipira vem ocupar um

nicho do mercado deixado pelas empresas avícolas, proporcionando ao pequeno

produtor ingressar na atividade avícola sem grandes investimentos iniciais, poucos

riscos e considerável lucratividade.

Todas as misturas foram excelentes, destacando a mistura 3, onde o custo

foi bem menor devido ao não uso de concentrado, por outro lado o peso das carcaças

foram menores.

Page 73: Mandioca e Frango Caipira

65

CAPÍTULO IV

Manual de Criação do Label - Rouge

Coordenador MEDSON JANER DA SILVA

Page 74: Mandioca e Frango Caipira

66

MANUAL DE CRIAÇÃO DO LABEL-ROUGE (Publicado pela Label–Rouge Ltda) 1) INTRODUÇÃO

A LABEL-ROUGE LTDA, situada em Porto Feliz, interior de São Paulo

é uma empresa com mais de sete anos de atuação no segmento de avicultura

alternativa comercializando seus produtos em todo o Brasil e durante todo este

período a LABEL-ROUGE vem constantemente pesquisando, o que de melhor

existe no mercado para que o produtor tenha a certeza de estar comprando um

produto de qualidade superior.

A gastronomia européia sempre teve em seu cardápio o frango,

principalmente os franceses. Inclusive no século XVIII o rei Henrique VI

recomendou o “poule ou pat” (frango recheado com carne de porco, cozido inteiro e

molho de legumes), todos os domingos, para o povo Francês. Mantendo estas

tradições os avicultores nunca deixaram de trabalhar no melhoramento

aproximadamente 25% da produção total de aves.

Rapidamente identificamos nestas aves um produto tropical, por isto

importamos com exclusividade da França o Frango Caipira Pescoço Pelado Label-

Rouge, a Galinha Caipira Rouge e o Frango Caipira Pesadão Misto Label-

Rouge, que são linhagens altamente rústicas e versáteis, obtidos através de elevado

padrão de seleção genética, oferecendo ao produtor rural uma opção de aumento da

renda familiar em um curto espaço de tempo, criando o legítimo Caipira Label-

Rouge, resgatando o tradicional conceito de criação do frango e da galinha caipira

brasileiros. Mas para obter sucesso nesse lucrativo negócio, siga com atenção as

dicas deste manual. Além das características das aves, ele traz também tabelas de

vacinação e técnicas de manejo, entre outras informações.

Page 75: Mandioca e Frango Caipira

67

UMA LINHAGEM DIFERENTE PARA CADA TIPO DE NEGÓCIO Frango Caipira Pescoço Pelado Label-Rouge

De coloração mista e desprovida de pena no pescoço, é uma ave robusta e

extremamente rústica podendo ser criada em todo o Brasil, adaptando-se bem as

condições adversas de clima e manejo. Ideal para criação á solda ou sistema de semi

confinamento em propriedades rurais, proporcionando ao produtor uma ave de alta

qualidade obtendo assim melhores preços na comercialização do produto final.

Dispensa construções sofisticadas podendo, com isso, adaptar instalações já

existentes diminuindo os custos iniciais. Criada à campo, ciscando no terreiro, que

lhes confere uma textura toda especial à carne; essa linhagem resgata o conceito do

legítimo frango e galinha caipira brasileiro. Os machos estão prontos para serem

abatidos entre 60 e 700 dias (dependendo da alimentação) e as fêmeas atingem a

maturidade entre 22 e 25 semanas, produzindo a partir daí de 150 a 180 ovos

caipiras por ano.

Frango Caipira Pesadão Misto Label -Rouge

Perfeito para quem comercializar carne de frango, porque tanto o macho

quanto a fêmea tem a finalidade específica de ganho de peso para corte. Com 50

dias, alimentado de ração balanceada para frango de corte e criado à campo, tanto o

macho como a fêmea estão prontos para o abate com 02 kg de peso vivo em média.

Apesar de ter o desenvolvimento melhor, as suas características de frango

caipira não são alteradas, produzindo uma carne firme com o paladar do tradicional

caipira, lembrando também o sabor da carne de caça.

Galinha Caipira Rouge

Destinada unicamente a produção de ovos caipira. Criada à campo e

alimentada com a ação balanceada, a Galinha Caipira Rouge atinge a maturidade

com 19 semanas produzindo cerca de 300 ovos vermelhos por ano, com peso médio

entre 55 a 65 gramas. Só as fêmeas dessa linhagem são vendidas. Trata-se de uma

ave ideal para quem deseja negociar ovos caipiras, produto altamente rentável.

Page 76: Mandioca e Frango Caipira

68

Devido à fêmea ser resultante do cruzamento entre linhagens que

produzem características genéticas agressivas, típicas da caipira tradicional, por isso,

com tendência a serem agitadas, recomendamos que seja feita uma debicagem no 8º

dia de vida, usando debicador apropriado ou ferro de solda comum, queimando em

média 3 mm da parte superior e inferior do bico da ave.

Os debicadores podem ser encontrados nos fabricantes de produtos para

avicultura. Com relação ao ferro de solda elétrico recomendamos que o mesmo

possua a potência entre 200 e 400 watts.

Caipiras Híbridos

O termo híbrido costuma ser conhecido como indivíduo estéril originado

do cruzamento entre duas espécies diferentes.

Mesmo este conceito já é ultrapassado, pois sabe-se que certas espécies

diferentes podem produzir prole fértil quando cruzadas entre si. No caso, as três

linhagens Caipiras Label- Rouge são híbridas. Suas características foram obtidas

através de combinações genéticas perfeitas, porém, nas próximas gerações o

crescimento é mais lento e reduzido, postura mais baixa etc. E é esta diferença de

produtividade que vai fazer os ganhos talvez menores que os gastos dispensados

com ave. Por serem o produto final de um cruzamento, entram num processo de

degeneração quando se reproduzem. Portanto, não aconselhamos de forma alguma, a

sua reprodução ou cruzamento.

Manejo dos Pintos

Os pintos das três linhagens Caipiras Label-Rouge já nascem

geneticamente preparados para serem criados à campo. Mesmo assim, no primeiro

mês de vida, eles necessitam de certos cuidados como calor, água limpa, um galpão

livre de fungos etc, pois é durante a fase inicial que a ave vai definir a sua

potencialidade de produção.

Galpão: As aves devem ser criadas sob um abrigo, para protegê-los de frio,

umidade, fungos, ratos, predadores etc., que pode ser um galpão. Este local deve

ser desinfetado pelo menos quinze dias antes da chegada das aves, pois, devemos

Page 77: Mandioca e Frango Caipira

69

evitar todo traço de contaminação deixado pelas aves adultas do lote anterior. No dia

do alojamento, os equipamentos devem estar devidamente limpos (lavados com água

e sabão). O galpão ainda precisa ficar fechado nos primeiros dias para que a

temperatura no interior do mesmo fique mais estável; mas tome cuidados para que

não falte circulação de ar.

Cama: Deve ser preparada com serragem, maravalha ou palha de arroz e ter cerca de

5 a 7 cm de altura para absorver toda umidade produzida pelos pintos. É importante

que a matéria – prima utilizada para cama dos pintos esteja bem seca, sem resíduos

químicos ou fungos Circulo de Proteção: Para conservar os pintos próximos da fonte de calor e

alimento, construa um círculo de proteção com folhas de metal ou com chapas prensadas ou laminadas tipo eucatex.

Em ambos os casos, a altura deve ser de 50 cm; já o diâmetro varia em função do

número de aves alojadas. Se o material escolhido para construir os círculos for as

chapas eucatex de 2,20 m, siga a seguinte regra: para alojar de 100 a 200 pintos,

junte duas chapas e a cada 100 novos pintos, acrescente uma nova chapa.

Fonte de Calor: O frio ou a falta de aquecimento adequado, mata os pintos nos

primeiros dias de vida. Para aquecê-los, coloque no centro do círculo de proteção

uma campânula a gás. Os modelos geralmente comercializados são para 500 pintos.

Acima desse número, acrescente uma nova campânula.

A temperatura ideal de conforto é de 31º C a 33º C, em especial nos

primeiros três dias. A altura correta da campânula é de cerca de 90 cm, mas varia em

função da sua capacidade de aquecimento, da quantia de pintos alojados por círculo

e da temperatura externa. Todas essas variáveis devem levar em conta o bem estar

das aves, por isso, não esqueça de observar se elas estão circulando a vontade, sem

fugir da fonte de calor, sem se aglomerarem e também se estão comendo e bebendo.

Com a chegada do inverno, os cuidados com o manejo dos pintinhos devem ser

redobrados e além, do aquecimento recomendamos que esses pintinhos, 2 a 4 horas

antes da primeira alimentação, recebam água com açúcar na proporção de 50 gramas

por litro d`água para hidratar e aumentar a energia do corpo da ave.

Page 78: Mandioca e Frango Caipira

70

A falta de aquecimento deixa os pintos debilitados, com as pernas fracas,

sem forças para andar e comer. Nesses casos, eles aparentam estar doentes. Para

mudar o quadro, basta aumentar a fonte de calor, em especial nos dias mais frios. Bebedouro e Comedouro: Os bebedouros mais recomendados para esta fase são os

bebedouros de pressão e devem ser colocados ao redor do círculo de proteção.

Certifique –se que a água que os abastece esteja sempre limpa.

Quanto aos comedouros, use os do tipo bandeja. Quando os pintos se

afastam da campânula é porque há excesso de calor. Se os pintos ficarem

amontoados em um dos cantos do círculo, há falta de calor. Os pintos devem circular

a vontade, comendo e bebendo sem fugir da fonte de calor e sem se aglomerarem.

Primeiros Passos para o Campo

Após trinta dias, os frangos e as galinhas caipiras da linhagem Label

tarão com empenamento completo. Nesta fase, lentamente, já podem ser

Bebedouro_________

Comedouro_______

____________ Aquecedor

________Círculo de Chapa

Ao redor do círculo de proteção, coloque os bebedouros e comedouros.

A fonte de calor deve ficar no centro a cerca de 90 cm de altura

Rouge, es

soltas à campo para adquirir o hábito de ciscar e de comer insetos e sementes de

capim verde. Os comedouros e bebedouros tubulares de 20 kg, que suportam até 30

aves, e bebedouro pendulares para até 65 aves por bebedouro. O espaço de pastagem

Page 79: Mandioca e Frango Caipira

71

necessário é de um metro quadrado por ave e o capim para formação de área de

pastagem, deve ser resistente e ter boa capacidade de rebrota (Kikuyo, coast cross,).

Mas mesmo crescidas, as aves precisam de um galpão coberto e semi-

fechado para dormir, outra opção é preparar camas com serragem, maravalha ou

palha de arroz para que elas se acomodem. Se o número de aves alojadas for acima

de mil, solicite planta do galpão da Label Rouge.

Além de ser a fonte de água e comida das aves durante o dia, o galpão

serve à noite de refúgio contra os animais predadores, bastante comuns em chácaras,

sítios e fazendas.

Uma Linhagem Diferente Para Cada Tipo de Negócio Frango Caipira Pescoço Pelado Label Rouge

De coloração mista e desprovida de pena no pescoço, é uma ave robusta e

extremamente rústica podendo ser criada em todo Brasil, adaptando-se bem as

condições adversas de clima e manejo.

Ideal para criação é solta ou sistema de semi – confinamento em

propriedades rurais, proporcionando ao produtor uma ave de alta qualidade, obtendo

assim melhores preços na comercialização do produto final. Dispensa construções

sofisticadas podendo, com isso, adaptar instalações já existentes diminuindo os

custos iniciais. Criada à campo, ciscando no terreiro, que lhes confere uma textura

toda especial à carne; essa linhagem resgata o conceito do legítimo frango caipira

brasileiro. Os machos estão prontos para serem abatidos entre 60 e 70 dias

(dependendo da alimentação) e as fêmeas atingem a maturidade entre 22 e 25

semanas, produzindo a partir daí de 150 a 180 ovos caipiras por ano.

Alimentação

Soltas à campo, as aves da linhagem Caipira Label Rouge ciscam, comem

insetos e sementes de capim verde, mas para que obtenham o desempenho esperado,

precisam ser alimentados com ração balanceada de boa qualidade. Esse cuidado é

importante para que as aves cresçam sadias e alcancem uma ótima conversão

alimentar.

Page 80: Mandioca e Frango Caipira

72

Tabela de Conversão Alimentar Alimentação para Linhagem Caipira Label Rouge de Corte

Idade Tipo de Ração 1 a 30 dias Ração inicial

31 a 42 dias Ração de engorda

43 dias até o abate Ração de acabamento

Alimentação para Linhagem Caipira Label Rouge de Postura Idade Tipo de Ração

1 a 10 semanas Ração para Pintainhas

11 a 18 semanas Ração para Frangas

19 semanas até o descarte Ração de postura

Durante a fase de crescimento recomenda-se que as aves apresentem os

pesos corporais contidos na tabela a seguir, para que as mesmas atinjam o peso

corporal ideal, desempenhando o máximo de sua capacidade produtiva. As

quantidades de ração abaixo relacionadas servem apenas como diretrizes para se ter

uma idéia geral de consumo, pois o mesmo varia de acordo com a ração,

ingredientes, temperatura ambiente e estado de saúde das aves, devendo administrar

ração à vontade restringindo-se apenas no caso de as fêmeas ultrapassarem o peso

ideal, para isso em amostragens de 10% do lote. O consumo varia de acordo com a

ração, ingredientes, temperatura ambiente e estado de saúde das aves.

Page 81: Mandioca e Frango Caipira

73

Carne Caipira O frango da linhagem caipira Label Rouge é mais fibroso e rico em carne

vermelha. E no caso do Frango Caipira Pesadão, apresenta ainda uma ótima

conversão alimentar (tabela a seguir), por possuir baixos teores de colesterol, sua

carne é chamada de “frango light”. E como se não bastasse todas essas vantagens,

ela lembra o sabor insuperável da carne de caça.

Tabela de Peso do Frango Caipira Pescoço Pelado

Idade Peso (Gramas) Conv. Alimentar

21 dias 350 1.40

35 dias 770 1.74

42 dias 1025 1.89

49 dias 1310 2.03

56 dias 1600 2.16

63 dias 1910 2.31

Tabela de Peso do Frango Caipira Pesadão Idade Peso (Gramas) Conv. Alimentar 21 dias 575 1.49 28 dias 895 1.64 35 dias 1245 1.77 42 dias 1615 1.89 49 dias 2000 2.05 56 dias 2395 2.20 63 dias 2760 2.34

A quantidade de ração consumida é igual ao peso da ave Multiplicado pela conversão alimentar da data correspondente.

Page 82: Mandioca e Frango Caipira

74

Tabela – Controle de Peso do Frango Caipira Rouge

Controle de Peso da Caipira Rouge Idade em Semanas

Peso / ave (gramas)

Cons. Dia (Gr)

Acumulo (Kg)

1 70 12 0,084 2 140 19 0,217 3 220 26 0,399 4 300 32 0,623 5 380 38 0,889 6 470 41 1,176 7 570 45 1,491 8 660 48 1,827 9 750 51 2,184

10 830 54 2,562 11 910 56 2,954 12 990 58 3,360 13 1070 60 3,780 14 1150 63 4,221 15 1230 67 4,690 16 1320 72 5,194 17 1410 78 5,740 18 1500 84 6,328 22 1840 107 9,114 24 1910 111 10,654 26 1940 113 12,229 28 1950 113 13,811 30 1950 113 15,393 36 2000 113 20,139 40 2000 113 23,303 50 2040 112 31,157 70 2080 109 46,627 73 2090 108 48,895

Estes dados são baseados em consumo de aves num galpão de 21º C. Ovos Caipiras

Uma vez que as aves atinjam 19 semanas nota-se um desenvolvimento

mais acelerado das cristas e barbelas tornando-se mais vermelhas, que é um sinal de

que as aves estão entrando em maturidade sexual. Nove semanas após o

Page 83: Mandioca e Frango Caipira

75

aparecimento do primeiro ovo, a “Caipira Rouge” deverá atingir o pico de produção

que é de aproximadamente 90% como mostra a tabela abaixo.

Produção de Ovos Idade (sem)

Ave/ Dia % Acumulo

Peso do Ovo

(Média – Gr) 19 3 0,2 47 20 17 1,4 49 21 40 4,2 50,6 22 75 9,4 52,2 23 88 15,5 53,5 24 92 21,9 54,8 25 93 28,4 55,9 26 94 34,9 57 27 94 41,4 57,8 28 94 47,9 58,5

29 93 54,3 59,2 30 93 60,7 59,8 31 93 67,1 60,3 32 93 73,6 60,8 33 92 79,9 61,2 35 91 92,5 61,9 36 91 98,7 62,4 38 91 111,2 62,6 39 90 117,3 62,8 44 89 148 63,7 48 87 171,8 64,5 52 85 195,1 65,1 56 82 217,4 65,6 60 80 239 66,3 64 76 259,7 66,7 68 73 279,4 66,9 73 69 302,7 67,1

Com o aparecimento do primeiro ovo é necessário que se faça a mudança

da ração de crescimento para a ração de postura e após esta mudança recomendamos

que não seja mais trocado, nem o tipo nem a marca da ração, devendo ser usada a

mesma marca do início ao fim da postura, pois se houver a troca durante a fase de

produção, pode ocorrer queda brusca na produção devido o stress da troca e no

retorno da produção pode ser lenta e demorada.

Page 84: Mandioca e Frango Caipira

76

Controle Sanitário A higiene é fundamental em qualquer tipo de criação, pois, em se

tratando de doença, o que de melhor pode ser feito é prevenir. Da mesma forma, as

aves de linhagem Caipira Label Rouge, embora sejam rústicas, também necessitam

de certos cuidados de higiene no galpão e no campo, além de algumas vacinações.

Após a retirada de um lote velho deve-se retirar toda as fezes, cama, restos de ração,

lavagem dos equipamentos, instalações e desinfecção das mesmas.

Aves Estranhas Nenhuma das três linhagens caipiras Label Rouge deve ser criada junto de

patos, marrecos, gansos ou outras raças e linhagens de frango ou caipira. Essas aves

são portadoras de inúmeras doenças que podem ser transmitidas aos frangos e

galinhas caipiras da linhagem Label Rouge. Outro cuidado necessário é não misturar

pintos com frangos e galinhas de idades diferentes.

Vacinação

Os pintos das três linhagens caipiras Label Rouge chegam às suas mãos

vacinados contra a doença de Marek e a Bouba Aviária. No entanto, é importante

um programa mínimo de vacinação preventiva contra as duas doenças mais comuns

em aves: a Newcastle, também conhecida como peste aviária, e a bouba,

popularmente chamada de pipoca ou carroço ( ver tabela de vacinação).

Mesmo com todas essas precauções, outras doenças como Coccidiose

crônica respiratória e diarréia podem ocorrer com as aves. Nesse caso, consulte

imediatamente seu veterinário.

Page 85: Mandioca e Frango Caipira

77

Tabela – Vacinação para Linhagem Label-Rouge

Vacinação Para Linhagem Caipira Label Rouge de Corte

Idade Vacina

10º dia Newcastle (tipo lasota), ocular

35º dia Newcastle (tipo lasota), ocular

Vacinação Para Linhagem Caipira Label Rouge de Postura

Idade Vacina

10º dia Newcastle (tipo lasota), ocular

35º dia Newcastle (tipo lasota), ocular

7 a 8 semanas Bouba forte (aplicar na membrana da asa)

4 em 4 meses Newcastle (tipo lasota), ocular

Ao vacinar, siga as instruções do fabricante. Caso haja qualquer dúvida

ou anormalidade, procure a Casa da Lavoura, o laboratório mais próximo ou um

veterinário.

Manejo dos Ovos

Os ovos sejam eles da “Caipira Rouge”, ou não, devem ser conservados

em geladeiras ou câmara fria, pois a baixa temperatura permite que o ovo conserve

suas propriedades de ovo fresco por mais tempo. Além disso é de suma importância

que os ovos estejam sendo botados dentro dos ninhos para que se obtenha um

produto de melhor qualidade.

Para que isso ocorra é necessário que o ninho esteja sempre limpo e seco,

proporcionando um ambiente mais aconchegante para as aves evitando assim, a

postura no chão. Para evitar que a galinha durma dentro dos ninhos, predispondo à

se tornar choca, é necessário fechar a entrada dos ninhos ao anoitecer e abrí-los ao

amanhecer.

Page 86: Mandioca e Frango Caipira

78

Componentes Energéticos Cada unidade do ovo caipira, das duas linhagens Label Rouge, é um

verdadeiro concentrado de energia e vitaminas. Apresentam 76 calorias, 112% de

protídeos e 11% de lipídeos.

Além disso, o ovo caipira é composto de 10 minerais e 12 vitaminas, em

especial as do tipo A, D, B1, B2, e PP. Pesando entre 55 a 65 gramas, ele possui

casca dura e gema avermelhada.

Escalonamento de Produção

O escalonamento permite ao produtor manter um fluxo constante de

produção e receita, facilitando a programação de entrega do produto final aos

consumidores.

Escalonamento de Postura: São necessários 03 galpões em alojamento de lotes a

cada 25 semanas.

Escalonamento de Corte: O escalonamento de corte varia em função da idade e da

distância entre abates. Se for convencionado abates quinzenais, 63 dias de idade, são

necessários 5 galpões para se manter o ciclo de abates quinzenais. Descarte

Após as 28 semanas passa a ocorrer uma queda suave e constante na

produção de ovos até que não seja mais economicamente viável (que ocorre em torno de 70 semanas de idade) continuar com o lote pois a produção fica inferior a

65%.

Page 87: Mandioca e Frango Caipira

79

Confira Você Mesmo Existem diversos fatores de manejo que podem afetar negativamente a

qualidade e/ou produtividade dos lotes.

• Construção e ou designer inadequadamente de comedouros e

bebedouros;

• Condições péssimas de cama, como esterco molhado, material

inadequado ou umidade baixa demais;

• Super população de aves;

• Baixa ventilação;

• Temperaturas excessivamente altas;

• Número insuficiente de bebedouros e comedouros;

• Controle de doença ignorado;

• Falta de cuidados no manuseio com as aves vivas ou após abate.

Para encomendas do Frango Linhagem Label Rouge, entrar em contato

pelo telefone (0XX) 15 – 262 – 4144 ramal 211.

Page 88: Mandioca e Frango Caipira

80

CAPÍTULO V

Criação de Suínos no Núcleo de Pesquisa São Vicente - Uso da Ração Alternativa de Resíduo de Mandioca na Alimentação de

Suínos em Crescimento

Coordenadora GIOVANNA PADOA DE MENEZES

Page 89: Mandioca e Frango Caipira

81

USO DA RAÇÃO ALTERNATIVA DE RESÍDUO DE MANDIOCA NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM CRESCIMENTO

14) RESUMO

A área de pesquisa do Instituto São Vicente dispõe hoje de 21 marrãs, isto

é, fêmeas iniciando a vida reprodutiva, com rebanho total de 50 animais, sendo um

reprodutor. O manejo geral diário da granja baseia-se nas tarefas de limpeza com

jato d’água 3 vezes por semana e com varrição e recolhimento de fezes 2 vezes por

semana; alimentação e observação de cio nas fêmeas e de sinais patológicos que

acometam o rebanho.

O controle dos animais é realizado através de fichas individuais onde são

anotados dados como data de cobertura, data de retorno ao cio, data prevista de

parto, data de entrada na maternidade, atividades de controle parasitário e cuidados

gerais. O manejo durante parto e lactação e o manejo de leitões também é

acompanhado. Atualmente o núcleo apresenta uma média de 11 leitões nascidos por

porca com uma taxa de mortalidade na maternidade de entorno de 15 %, não tendo

acontecido perdas posteriores.

O manejo de leitões começa com os tratos gerais necessários com a porca

prenhe e assim que nascem, são feitos corte de dentes, o corte e a desinfecção de

umbigo, e então são postos para mamar o colostro, que é de grande importância a

ingestão deste nas primeiras 24 horas de nascido, pois é nesta fase que ocorre a

absorção de anticorpos. Outro cuidado é o aquecimento dos leitões recém nascidos,

já que estes não possuem o aparelho termorregulador atuante até o 15º dia de vida. A

alimentação do rebanho é feita 2 vezes por dia com ração balanceada para cada

categoria animal e fabricada no próprio Instituto São Vicente.

A previsão de nascimentos até o final do ano e no mínimo de 80 leitões

nascidos e 75 leitões desmamados perfazendo em torno de 2500 kg de carne. Os

animais são abatidos por volta dos 90 dias de idade, sendo que algumas fêmeas são

selecionadas para reposição do plantel. O abate dos animais é feito no abatedouro

do Instituto São Vicente.

Os suínos por serem animais monogástricos, apresentam uma reduzida

capacidade de armazenar alimentos em seu trato gastrointestinal, sendo o acesso

Page 90: Mandioca e Frango Caipira

82

deste contínuo e de passagem rápido. O tipo de digestão é enzimático sendo muito

pequeno o aproveitamento das fibras contidas na sua alimentação (Beterchini, 1998).

Atualmente, os suínos são arraçoados com rações a base de milho e farelo

de soja., representando 70 a 80 % do custo de produção. Buscando diminuir este

custo, partimos para a utilização de rações alternativas, as quais supram as

exigências nutricionais dos animais, apresentando mesmo desempenho produtivo.

A mandioca ( Manihot esculenta crantz) é um produto energético que pode

ser utilizado como sucedâneo do milho em rações de suínos. Sua composição

apresenta 65% de água, 31% de carboidratos ( amido) e de 2 a 3 % de proteína bruta.

O experimento foi desenvolvido com o objetivo de estudar e demonstrar a

viabilidade produtiva e econômica da utilização de uma ração alternativa na

alimentação de suínos em fase de crescimento e com isso, elaborar rações para

diversas categorias animais.

O trabalho foi realizado com 22 animais de mesmo sexo, que iniciaram a

pesquisa com 50 dias e peso médio de 22 Kg, sendo os mesmos pesados em

intervalos regulares de 30 dias, até a idade de 180 dias. Esses animais foram

divididos em 4 lotes e mantidos sob a mesma condição ambiental e sanitária e

recebendo ração “ad libidum”. Cada lote recebeu um tipo de ração:

• LOTE A - foi alimentado com uma ração de 100% de mandioca.

• LOTE B - foi alimentado com uma ração a qual continha 70% de mandioca, 10%

de milho e 20% de concentrado protéico.

• LOTE C - foi alimentado com uma ração com 60% de mandioca e 40% de

concentrado protéico.

• LOTE D - testemunha absoluta (ração convencional)

Os diferentes tipos de ração apresentaram um bom consumo pelos animas.

O resíduo de mandioca, antes de ser misturado ou fornecido aos animais era secado

e desidratado por um período de 72 horas (Fialho, 1997). Esta prática é necessário

para a eliminação dos componentes cianogênicos presentes, evitando intoxicações

alimentares nos animais. Não foi observado nenhum tipo de alteração no quadro

clínico dos animais arraçoados com rações de mandioca, utilizada após esse manejo.

Foram realizadas 3 pesagens sendo que no final do experimento a média de

peso dos animais foi de 75 Kg. Os resultados da média de peso dos lotes avaliados

aos 65, 90 e 120 dias estão demonstrados na tabela 1.

Page 91: Mandioca e Frango Caipira

83

Média de peso dos animais dos 4 lotes avaliados aos 65, 90 e 120 dias de idade.

LOTE A LOTE B LOTE C LOTE D

Peso em KG aos 50 dias 22,1 22 22,2 22,1

Peso em KG aos 65 dias 26,3 26,5 26,8 26,9

Peso em KG aos 90 dias 45 45,3 46,2 45,8

Peso em KG aos 120 dias 74,5 74,8 75,2 75

Ao término da pesquisa observou-se que o ganho de peso médio foi

semelhante em todos os lotes. Porém, os animais do lote A e B se apresentaram com

um maior acúmulo de gordura, principalmente na papada, e uma espessura de

toucinho superior a 3,2 e 2,5cm respectivamente. A causa deste maior acúmulo de

gordura se deu provavelmente pelo baixo fornecimento protéico, já que a mandioca

possui apenas de 2 a 3 % de proteína bruta, e os animais desta categoria necessitam

de 13 a 18% de PB para seu melhor desenvolvimento (Teixeira- 1997). Os animais

que receberam uma quantidade significativa de proteína apresentaram uma melhor

qualidade de carcaça, com espessura de toucinho de 1,8 a 2,1 cm. Esses animais

apresentaram um rendimento médio de carcaça de 70 %.

Page 92: Mandioca e Frango Caipira

84

CAPÍTULO VI

Trabalhos Publicados em Anais pela Universidade

Católica Dom Bosco

Page 93: Mandioca e Frango Caipira

85

1) ENGORDA DE FRANGO CAIPIRA, OPÇÃO PARA O PEQUENO PRODUTOR. (Publicado no I Encontro Técnico Científico do Pantanal 2000, no período de 2 a 7 de setembro/00).

Segundo Gessulli (1999) a linhagem Label Rouge é uma linhagem caipira

de frangos de corte, desenvolvida na França onde procuraram aliar a produtividade

do frango de granja, com a rusticidade e sabor da carne diferenciado do frango

caipira. Esta linhagem tem como característica principal a rusticidade e ganho de

peso. A exigência no manejo é mínima, pois como são aves que tem uma rusticidade

bastante acentuada, podem ser criadas em ambientes sem muito controle, por

exemplo, em quintais totalmente soltas ou em semi-confinamento em galinheiros

simples, construídos com os próprios materiais disponíveis na propriedade. Aliado a

estas vantagens, na criação de frangos caipiras pode ser utilizado produtos

alternativos no balanceamento da ração.

Segundo Englert (1998), na criação de aves a ração importa 60 a 70% do

custo total de produção, o que mostra a importância que deve ser dada ao custo da

mesma. A utilização de produtos baratos e alternativos, como a folha, ramas, casca e

ponta da raiz da mandioca, na alimentação irá viabilizar a implantação da avicultura

alternativa para o mini e pequeno produtor.

O projeto desenvolvido na área de pesquisa da Lagoa da Cruz da UCDB,

tem como objetivo demonstrar a produtividade desta linhagem com a utilização de

resíduos da mandioca (folha, casca e a ponta da raiz), no balanceamento da ração

desta aves, diminuindo o custo da alimentação, e procurando manter uma boa

produtividade e uma relação custo beneficio positiva. O experimento foi realizado

em Campo Grande/MS, na área de pesquisa da Lagoa da Cruz/UCDB. Foram

alojados 400 frangos de corte com um dia de vida, com uma densidade de 10

aves/m2 no galpão. A partir do 21º dia de vida as aves tiveram acesso a um espaço

de pastejo, plantada com brachiaram (Brachiaria decumbens) com uma densidade de

um frango/2m2, onde permaneciam durante todo o dia, tendo livre acesso ao galpão,

sendo recolhidas no final do dia. Todo os comedouros e bebedouros permaneciam

dentro do galpão. Foi fornecida ração comercial até os 21 dias de vida, sendo a

Page 94: Mandioca e Frango Caipira

86

mesma substituída por ração a base de resíduos da mandioca a partir do 22º dia de

vida, e seu peso controlado por pesagens no 38º, 45º, 52º, 66º e 78º dias de vida.

Foram realizadas todas as pesagens com 100% do lote, sendo que na

última pesagem foi totalizados 401 animais. Em toda compra de pintainhos a

empresa bonifica com 1% a mais de pintainhos do número pedido, ou seja, dos 400

pintainhos pedidos vieram 4 a mais, desta forma podemos verificar que a

mortalidade acumulada nestes 78 dias foi de 3 pintainhos (0,74%). Não foram

eliminados aves com algum tipo de doença ou retardo no crescimento, ou seja, 0%

de eliminados, demostrando desta forma a grande rusticidade destas. A pesagem foi

feita até o 78º dia de vida das aves quando foram abatidas. Analisando os resultados

da evolução dos pesos conforme a idade, demostrados na Tabela 1, pode-se verificar

que a ração de resíduos da mandioca proporcionou um ganho de peso considerável e

a terminação dos frangos caipiras em um curto espaço de tempo, levando em

consideração a linhagem estudada.

Os animais se apresentaram bastante resistentes, morrendo apenas 3, num

universo de 404 aves. Segundo dados da pesquisa desenvolvida por Magossi et all

(1999), na ESALQ/USP-Piracicaba-SP, com a utilização do macho pescoço pelado

desenvolvida no Departamento de Genética, ESALQ/USP, com a cruza de galinhas

de raça New Hampshire, obteve uma média de peso dos F1 de 1,729 Kg aos 58 dias

de vida. Gessulli (1999) pesquisando a mesma linhagem Label Rouge, em Porto

Feliz/SP conseguiu média de 1,025 Kg de peso vivo aos 42 dias de vida.

Podemos concluir que a utilização de ração de resíduos da mandioca na

engorda do frango caipira da linhagem Label Rouge, é uma alternativa para o

pequeno produtor na forma de diversificação e diminuição do custo de produção,

levando a comercialização um produto diferenciado e com baixo custo de produção.

Page 95: Mandioca e Frango Caipira

87

2) IMPORTÂNCIA DA RAÇÃO DE MANDIOCA NA CRIAÇÃO DO FRANGO CAIPIRA A NÍVEL FAMILIAR (Publicado no I Encontro Técnico Científico do Pantanal 2000, no período de 2 a 7 de setembro/00).

Com o objetivo de estudar a performance rústica e alimentação alternativa

da linhagem “Label Rouge”, instalou-se 03 experimentos na Área de Pesquisa Lagoa

da Cruz/ UCDB, em 03 períodos distintos do ano de 99/00. Em cada experimentos

foram alojados 400 frangos de corte com 01 ano de vida, os lotes de frango foram

criados separadamente. A partir do 21º dia de vida as aves tiveram acesso a um

espaço de pastejo onde permaneciam durante todo o dia, tendo livre acesso ao

galpão. Os animais foram criados sendo fornecida ração à base de mandioca, e seu

peso controlado por pesagens semanais a partir do 38º dia de vida até o 78º dia, onde

foram abatidas. Após a primeira etapa deste ensaio experimental, concluímos que a

raspa de mandioca moída e misturada com farelo de milho e farelo de soja,

demonstram excelente performance com componente das três formulações testadas.

Após a primeira etapa deste ensaio experimental, concluímos que depois

de repetir este ensaio a raspa de mandioca moída e misturada com farelo de milho e

farelo de soja, demonstram excelente performance com componente das três

formulações testada, a raspa de mandioca a 63,6% na mistura 3, demonstram ganho

de peso semelhante aos da mistura 1 e 2, segundo a literatura e análise realizada nos

laboratórios da UCDB, a raspa de mandioca é um elemento energético, chegando no

máximo a 1,87% proteína enquanto que a folha farelada e moída pode chegar a 28%

de proteína bruta, suficiente como componentes proteico de uma ração de

confinamento, o tratamento com ração de mandioca demonstram ganho de peso em relação as rações formuladas e com uma grande vantagem altamente econômica,

agregando valores ao frango, maximizando lucro e minimizando custos.

O frango caipira é uma alternativa para o pequeno produtor, não somente

pela sua alto resistência, mas também diminuindo as perdas por mortalidade,

aumentando a produtividade e com isso agregando valores nos produtos.

Proporcionando ao pequeno produtor ingressar na atividade avícola sem grandes

investimentos iniciais e com poucos riscos de perda.

Page 96: Mandioca e Frango Caipira

88

3) RAÇÃO DE RESÍDUO DE MANDIOCA PARA SUÍNOS EM CRESCIMENTO

(Publicado no I Encontro Técnico Científico do Pantanal 2000, no período de 2 a 7 de setembro/00).

Com o objetivo de estudar e demonstrar a viabilidade produtiva e

econômica da utilização de uma ração alternativa na alimentação de suínos em fase

de crescimento e com isso, elaborar rações para diversas categorias animais, e de

oferecer conhecimentos teóricos e práticos à técnicos e produtores ligados a essa

atividade, foi desenvolvido na Área de Pesquisa Lagoa da Cruz/UCDB no

município de Campo Grande/MS, durante 1999, um experimento com diversas

formulações de resíduos de mandioca, comparado com um testemunha absoluta.

O trabalho foi realizado com 22 animais de mesmo sexo avaliados por um

período de 180 dias. A pesquisa iniciou em julho de 1999, com animais em idade

média de 50 (cinqüenta) dias e peso médio de 22 Kg, sendo os mesmos pesados em

intervalos regulares até os 120 dias de idade. Foram divididos em 04 lotes e

mantidos sob a mesma condição ambiental e sanitária e recebendo ração “ad

libidum”. Cada lote recebeu um tipo de ração: LOTE A – foi alimentado com uma

ração de 100% de mandioca; LOTE B - foi alimentado com uma ração que

continha 70% de mandioca, 10% de milho e 20% de concentrado protéico; LOTE C

- foi alimentado com uma ração com 60% de mandioca e 40% de concentrado

protéico; LOTE D – testemunha absoluta (ração comum). Foram realizadas 03

pesagens sendo que no final do experimento a média de peso dos animais foi de 75

Kg. Os resultados da média de peso dos lotes avaliados aos 65, 90 e 120 dias estão

demonstrados na tabela

Tabela 1 - Média de peso dos animais dos 4 lotes avaliados aos 65, 90 e 120 dias de idade

LOTE A LOTE B LOTE C LOTE D

Peso em Kg aos 50 dias 22,1 22,0 22,2 22,1 Peso em Kg aos 65 dias 26,3 26,5 26,8 26,9 Peso em Kg aos 90 dias 45,0 45,3 46,2 45,8 Peso em Kg aos 120 dias 74,5 74,8 75,2 75

Page 97: Mandioca e Frango Caipira

89

Ao término da pesquisa observou-se que o ganho de peso médio foi

semelhante em todos os lotes. Porém, os animais do lote A e B se apresentaram com

um maior acúmulo de gordura, principalmente na papada, e uma espessura de

toucinho superior a 3 cm, 2 cm e 2,5 cm respectivamente. A causa deste maior

acúmulo de gordura se deu provavelmente pelo baixo fornecimento protéico, já que

a mandioca possui apenas de 2 a 3% de proteína bruta, e os animais desta categoria

necessitam de 13 a 18% de PB para seu melhor desenvolvimento. (Teixeira, 1997).

Os animais que receberam uma quantidade significativa de proteína apresentaram

uma melhor qualidade de carcaça, com espessura de toucinho de 1,8 a 2,1 cm.

Quanto a viabilidade econômica da utilização da mandioca nas formulações de ração

de crescimento para suínos, verificamos uma diferença de custo que varia entre 150

a 200% a mais para o milho.

4) SOPÃO ALTERNATIVO NA ALIMENTAÇÃO DO GADO LEITEIRO

(Publicado no I Encontro Técnico Científico do Pantanal 2000, no período de 2 a 7 de setembro/00).

O conhecimento de alternativas para a melhoria do rendimento e baixo

custo para a produção de leite e carne é considerado primordial na atual fase de

desenvolvimento da pecuária. O potencial das pastagens tropicais para a produção

de leite e carne foi bastante discutido nos últimos anos. Segundo o Ministério da

Agricultura a maioria dos sistemas que utilizam pastagens tem revelado um

potencial produtivo muito baixo. Pode-se estimar que a relação bovino/área de

pastagens no País seria de somente 0,83 cabeças/ha em 1992 e supor que os valores

sofreriam pouca alteração pela separação dos animais confinados. A partir de

Agosto de 1999, foi instalado na área de pesquisa Lagoa da Cruz/UCDB, um

experimento objetivando o melhoramento do rebanho leiteiro sendo que os animais

de descarte foram para o confinamento, na alimentação foi utilizado uma ração com

a seguinte composição: farelo de soja + farelo de trigo + farelo de aveia + núcleo,

silagem de milho e água, nas proporções de 10%, 60% e 30% respectivamente,

sendo denominada a referida mistura de sopão.

Page 98: Mandioca e Frango Caipira

90

Obteve-se no início do experimento, um aumento na produção de leite de

15%, um ganho de peso no confinamento de 10% resultando em uma economia de

20% de ração e silagem por animal/mês. O criatório apresenta hoje excelentes

resultados. A atual média leiteira do rebanho é de 10 lt /dias para um plantel de 10

matrizes em lactação e um ganho de peso de 1,200 Kg/dia, para os animais

confinados. Os resultados obtidos demonstram que as fontes de baixo custo com

qualidade tem resultados significativos; conclui-se que o setor necessita possuir

fontes alternativas de alimentação, incluindo produtos obtidos na propriedade,

utilizando-se dessa formas de métodos racionais de aproveitamento de subprodutos

oriundos de resíduos vegetais e animais, minimizando custos e maximizando lucros.

Pois segundo JARDIM 1976, a alimentação correta contribui para a produção mais

econômica, porque permite o melhor aproveitamento dos alimentos ingeridos e

assim como o bom aproveitamento de forragens conservadas como feno ou silagem,

ao mesmo tempo que o criterioso uso de alimentos concentrados no balanceamento

das rações, contribuem para baixar o custo da alimentação, consequentemente da

produção dos animais, tornando-a mais econômica.

Tabela 01 – Produção diária de leite com sopão em relação a alimentação anterior

(Ração I)

ALIMENTAÇÃO PRODUÇÃO LEITE (L) Ração I 130 * Sopão 100 ** *Rebanho de 30 vacas ** Rebanho de 10 vacas Tabela 02 – Ganho diário de peso (Comparativo) ALIMENTAÇÃO GANHO DE PESO (KG) Ração I 1.080 Sopão 1.200 Obs: Novilhas descartes (Leiteiras)

Page 99: Mandioca e Frango Caipira

91

5) DESENVOLVIMENTO LOCAL ATRAVÉS DA AGRICULTURA ALTERNATIVA PARA PEQUENAS COMUNIDADES RURAIS (Publicado no I Encontro Técnico Científico do Centro de Ciências Exatas e da Terra - UCDB, no período de 24 a 27 de outubro de 00).

O lugar é o receptor da flecha do tempo, é o espaço do acontecer solidário

o futuro está no lugar, e ainda que o lugar é o revelador e escancara o mundo, ou

seja, pelo lugar podemos encarar o mundo e tudo acontece no lugar. O

Desenvolvimento Sustentável de um local, ocorre a partir das ações de seus atores,

da aptidão e perfil da região, a qual vai consolidá-lo como identidade. A agricultura

alternativa tornou-se um grande negócio para o produtor rural, por ser um segmento

rentável e dinâmico do complexo rural, com um investimento pequeno e de retorno

rápido. É de fundamental importância para o processo de desenvolvimento

econômico e social, pois, desempenham o papel de alavancar vários outros

segmentos de produção de alimento e qualidade de vida.

Dentre os produtos pesquisados como alternativa na UCDB/NUPESVI,

para a pequena empresa rural, encontra-se a ração de subprodutos da cultura da

mandioca, engorda de frango caipira com ração alternativa de mandioca, suínos e

bovinos em regime de semi-confinamento. Também foram pesquisadas nos últimos

anos as culturas alternativas de cará, consideradas culturas de múltiplo

aproveitamento, tanto na alimentação humana como animal, excelentes fornecedora

de matéria orgânica para o solo com sua parte aérea, também podem ser

considerados ecológicos, pois não apresentam inimigos naturais, dessa forma, não

lhes são necessárias as aplicações de defensivos agrícolas.

A utilização destas culturas animais e vegetais, consideradas alternativas,

facilita o pequeno produtor, pois são culturas resistentes, que não demonstram

tecnologias de ponta, agregando valores aos produtos, com isso, maximizando lucros

e minimizando custos, o que contribui para geração de renda do segmento rural,

fixando o homem ao campo e promovendo uma identidade local. O município de

Campo Grande, possui perfil desta agricultura alternativa, pois, possui das 1.172

propriedades rurais, 959 delas com menos de 1.000 ha, sendo 519 propriedades com

Page 100: Mandioca e Frango Caipira

92

menos de 300 hectares, onde encontramos a agricultura familiar de subsistência, na

qual as culturas alternativas tem uma enorme importância quanto a melhorias da

qualidade de vida. Além de que, para que haja uma boa produção na agricultura é

necessário a interação entre os fatores abióticos e bióticos.

Page 101: Mandioca e Frango Caipira

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Modelo Tradicional de Galinheiro

Galpão Alternativo para Engorda de Frango Caipira – NUPESVI /UCDB