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________________________________________________________________________________________________________ Sociedade Nacional de Agricultura - Rua General Justo, 171/7 o andar RJ tel: (21) 3231 6350 1 Manejo Econômico da Produção Familiar Elaborado por: Ricardo Salles Gestor Ambiental e Técnico em Agropecuária Realização: Apoio:

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Sociedade Nacional de Agricultura - Rua General Justo, 171/7o andar RJ tel: (21) 3231 6350 1

Manejo Econômico da Produção Familiar

Elaborado por: Ricardo Salles

Gestor Ambiental e Técnico em Agropecuária

Realização: Apoio:

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Índice

1. O começo, ou um recomeço. A história A retomada: a valorização do natural A agroecologia A biodiversidade

2. O solo e sua importância

3. A nutrição do solo

4. Como nutrir a planta

Ou leva tempo ou custa caro

5. Como planejar a propriedade

Vista da propriedade O croqui As anotações

6. Como planejar a produção

O mercado consumidor A logística de produção

7. Como buscar oportunidades

Como fazer A inteligência no negócio

8. A legislação para os agricultores familiares Código florestal para os pequenos agricultores Lei para a produção dos alimentos orgânicos (Instrução Normativa 46)

9. Bibliografias

10. Anexos

Anexo 1 - Agrobio – Biofertilizante Anexo 2 – Supermagro - Biofertilizante Anexo 3 – Urina da vaca Anexo 4 – Calda bordalesa Anexo 5 – A nutrição da planta

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“O que descobrimos no campo foi que, quando as pessoas podiam

conversar e conquistar a confiança umas das outras de uma forma

recíproca, elas eram capazes de resolver os problemas. Em vários casos,

a comunidade se sai melhor do que o governo ou órgãos privados. A

grande descoberta é que não existe um padrão único para chegar a uma

solução, mas formas de lidar com os problemas”

Elinor Ostrom (Nobel de economia)

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1. O começo, ou um recomeço

Somos o resultado do meio em que vivemos e para que possamos viver de forma saudável

e com qualidade, precisamos estabelecer formas contínuas e contemporâneas de

sobrevivência digna, tanto para os que nos cercam, quanto para nós mesmos. Para isso, é

necessário construir um local onde possamos viver com alegria e entusiasmo, onde haja

respeito pelos direitos e diferenças dos nossos semelhantes e tenhamos responsabilidade

por nossos atos e suas consequências. Devemos construir e preservar a harmonia entre os

animais, as plantas, a água, o ar e o solo, todos interligados por uma linha tênue e frágil, e

buscar um sistema de produção que gere o alimento e não apenas um produto para

comércio.

Somos produtores rurais e dependemos dos recursos da natureza para sobreviver. Para

que ela permaneça viva e em condições de nos oferecer os seus frutos, precisamos

aprender a trocar com ela e perceber as suas necessidades. Devemos construir o nosso

desenvolvimento individual e comunitário, com tranquilidade e perseverança, mas sempre

respeitando a natureza e mantendo a biodiversidade, jamais esquecendo que nossos

descendentes dependem do nosso comprometimento e dedicação.

O que temos feito para que os nossos filhos voltem para casa?

A história

Na década de 70, tem início a chamada “revolução verde” no Brasil e no mundo, onde se

privilegia uma agricultura química, com máquinas pesadas e, no Brasil, importação de

tecnologia dos países frios. Essa política acaba excluindo os pequenos agricultores, que

foram obrigados a sair do campo para tentar a sorte nos grandes centros.

Mega indústrias dos países desenvolvidos trouxeram adubos, agrotóxicos e sementes

sintéticas que somente podiam ser usadas uma vez, por meio de projetos nos quais

vendiam um “pacote tecnológico moderno”, dominado e entendido por poucos.

Hoje, percebe-se um movimento de retorno e revalorização de algumas práticas deixadas

no passado, além de uma maior pressão da sociedade para que haja mais controle sobre

os sistemas de produção de alimentos. Há um maior cuidado, da parte dos grandes

produtores, com o manejo dos solos, através de técnicas como o plantio direto e a produção

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da “cana verde” (“cana verde” é um termo criado para definir a colheita da cana de açúcar

sem a queima da palhada) , no planejamento de corredores de fauna (corredor ecológico

recomposto de mata que visa facilitar o fluxo de animais e plantas, antes interrompido por

desmatamentos) e proteção das águas (na recuperação de rios e nascentes, APP’s).

A retomada: a valorização do natural

Desde o começo do século 20, três correntes de agricultura foram desenvolvidas no

planeta: a agricultura natural (Japão), a agricultura orgânica (América do Norte) e a

agricultura biodinâmica (Alemanha). Por volta de 1980, a permacultura (Austrália) trouxe a

vertente tropical para a agricultura alternativa, sendo então desenvolvida no Brasil a

agroecologia.

Hoje ao usarmos o termo agricultura orgânica, estamos falando de quase cem anos de

revolução, ou melhor, resgatando mais de 5.000 anos de conhecimentos, afinal antes de

tudo isso diversas populações, já desenvolviam maneiras de uma agricultura sustentável.

O formação de um sistema que se comporte como um organismo, é o objetivo das

correntes formadoras do movimento da agricultura orgânica. O grande desafio é a

interdependência e a interligação dos processos internos de produção, expressos na busca

pela minimização das entradas de energia e o pelo incentivo às transformações sistêmicas.

Agricultura orgânica Agricultura convencional

Fonte: Desenho Ricardo Salles.

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A agroecologia

O princípio básico da agroecologia é o uso de processos (baseados na observação dos

fenômenos naturais*) e o abandono gradativo do uso de produtos sintéticos e/ou derivados

do petróleo. O sistema orgânico de produção apresenta diversos princípios como o

desenvolvimento social e econômico sustentável, e visa a manutenção do homem no

campo. Também valoriza o homem como agente modificador em sua comunidade, o

comércio justo e solidário como forma de crescimento econômico e o princípio da

manutenção da harmonia com os recursos naturais: solo, ar, água e biodiversidade, como

forma de desenvolvimento.

*com uso controlado dos benefícios, a natureza não é orientada para a produção.

Em 2006, a agricultura familiar era responsável por 87% da produção nacional de

mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café (parcela constituída por

55% do tipo robusta ou conilon e 34% do arábica), 34% do arroz, 58% do leite (composta

por 58% do leite de vaca e 67% do leite de cabra), 59% do plantel de suínos, 50% das aves,

30% dos bovinos e, ainda, 21% do trigo. A cultura com menor participação da agricultura

familiar foi a soja (16%).

Fonte: Comunicação Social IBGE/set.2009

A biodiversidade

Entendemos biodiversidade, ou diversidade biológica, como a base da estruturação da vida,

como uma teia, que apesar de grandiosa, é muito frágil e será facilmente destruída se não

for bem cuidada.

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Os vegetais são os produtores, servem de alimento aos insetos, que são consumidos pelos

sapos, estes pelas cobras, essas pelos gaviões, esses pelos lobos, depois os comem as

onças, aí vem o homem e então os microorganismos, no final dessa cadeia, que são os

decompositores e devolvem todos de volta ao começo, num movimento contínuo e

cadenciado.

2. O solo e a sua importância

Tudo começa nos solos, onde os dois grandes ciclos principais acontecem: o do nitrogênio

e o do carbono. O primeiro alimenta a proteína (é o sangue das plantas), o segundo forma

as estruturas das plantas e do solo (é o seu esqueleto). Os microorganismos juntamente

com a água e a interação com os minerais são os responsáveis por essas transformações,

e assim os solos se formam, num fenômeno chamado ciclo biogeoquímico.

A saúde da planta começa com um solo bem estruturado, ou seja, um solo que consegue

respirar e fixar o nitrogênio do ar nas raízes das plantas, além da reter a água, funcionando

como uma verdadeira esponja, cheia de buraquinhos feitos por insetos, minhocas entre

outros agentes. Este maravilhoso

conjunto de fenômenos é que contribui

para que haja saúde da planta, porque

as necessidades são atendidas por

meio das reservas criadas com o

equilíbrio entre esses fatores, que se

interligam e agem numa cadeia de

processos. Essa deve ser a nossa

busca como agricultores em relação

ao solo: equilíbrio encadeado para ter

reservas abundantes.

Fonte do desenho: UFSC

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3. A nutrição do solo

Os solos tropicais são naturalmente pobres em nutrientes, se comparados a outros, porém

nenhum outro é tão rico em biodiversidade quanto esses.

Podemos ajudar esse sistema a produzir mais e melhor, protegendo-o e fazendo com que

ele produza “adubo” em boa quantidade e com qualidade suficiente para as nossas

necessidades da produção. Para isso, vamos descrever passo-a-passo algumas dicas:

a) Manter sempre uma cobertura verde para proteger o solo do sol e das chuvas

fortes, permitindo que haja umidade na seca e impedindo que as chuvas o lavem no

verão, carregando os nutrientes para os rios, bem como permitir que a água penetre

melhor, sem causar erosão. É simples assim, a cobertura verde, que é natural, ajuda

nos processos de estruturação e trazem nutrientes naturais de outras camadas para

a superfície, promovendo a ciclagem de nutrientes*, também permitem que o ciclo

das águas seja facilitado. Para manter uma cobertura natural sempre abundante,

evite capinas e prefira roçadas.

* Obs: As raízes das plantas buscam alimento em diversas profundidades e o

trazem para a copas das árvores. Lá a folha cumpre a sua função de respiração,

depois cai, depositando-se “sobre” o solo (notem que as folhas não são incorporadas

ao solo) e, neste processo, carregam consigo a maior parte dos elementos químicos

necessários ao desenvolvimento e crescimento da planta mãe. Este material, ao ser

transformado pelos diversos agentes vivos do solo, volta a ser alimento da planta,

num ciclo contínuo. A esse processo damos o nome de ciclagem de nutrientes.

b) Poderemos plantar uma cobertura verde nutritiva (adubo verde) que pode ser

feito via leguminosas, milho, girassol, entre outras plantas. Se plantarmos 40 Kg de

sementes de milho, correspondente a 1 saco de sementes, conseguimos produzir

80.000Kg de massa verde. Ao usarmos essa técnica, aumentamos a biomassa dos

solos e alimentamos a microvida, melhorando assim a sua estrutura. Em um solo

bem estruturado e com cobertura, não ocorre a compactação e nem fica sem água,

além de permitir a fixação de nitrogênio nas raízes. Devemos fazer pousio e rotação

de culturas, programadas associadas ao plantio de leguminosas, além de cultivar

sempre plantas de diferentes espécies, como um grande coquetel vegetal.

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c) Jamais queimar o solo, ou fazer capinas constantes. Esse tipo de manejo, ao

invés de melhorar a sua qualidade, consome todo o alimento (o carbono e o

nitrogênio), dos organismos que vivem no solo o que é pior do que o calor gerado.

Esse é um dos principais motivos para a ocorrência das erosões, das secas,

enxurradas e baixas produções.

d) Jamais permitir a aração pesada. Esse tipo de mecanização faz a inversão dos

horizontes do solo, enterrando o solo vivo e trazendo para a superfície o sub-solo,

sem vida. Devemos usar grade aradora ou subsolador quando indispensável. Na

maioria dos casos, uma grade leve em corte cruzado atende a necessidade, vai

depender do nível de compactação desse solo, mas em solos bem manejados essa

pratica é dispensável. Para avaliar essa necessidade devemos usar o penetrômetro

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que vamos demonstrar (pode ser construído na propriedade, com um pedaço de

vara de vergalhão). Abaixo tabela com algumas vantagens do Plantio Direto (PD).

e) Faça rotação e consorciação de culturas. São práticas muito antigas que

resolvem alguns problemas de sanidade das lavouras e deficiência de nutrientes,

além de, normalmente, permitir que uma planta ajude a outra.

f) Mecanização. Sempre fazer as operações de mecanização em nível ou no sentido

paralelo às matas nas margens dos rios. Respeitar topos de morros e área com

declive acima de 45 graus.

4. Como nutrir a planta (no anexo 1, práticas de adubação)

Se produzir sem adubos sintéticos é uma necessidade para que possamos produzir

alimentos e chegar a novos mercados, fica a pergunta: o que veio primeiro, o adubo

sintético ou a agricultura? O uso de fungicidas, herbicidas e pesticidas possibilita o

incremento de produtividade mas com custos ambientais elevados assim como para a

saúde do homem. As inovações tecnológicas originaram a agricultura convencional, mas

trouxeram a erosão, poluição de mananciais hídricos, a contaminação dos alimentos por

excesso de metais pesados e problemas de saúde em comunidades rurais.

O uso indiscriminado dos chamados agrotóxicos já foi alertado, em diversas oportunidades,

pela Anvisa.

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http://www.organicsnet.com.br/2012/01/ranking-de-alimentos-com-agrotoxicos/

Usar adubo, fungicidas, herbicidas e pesticidas para produzir mais sem prestar atenção a

maneira que são aplicados na lavoura pode afetar a saúde do produtor e da sua família. As

plantas somente se “acostumam” com o manejo químico, porém a um custo muito alto.

A base da construção da fertilidade nos processos do solo é baseada na transformação,

extração e disponibilização de nutrientes para a planta. Essa função é desempenhada pelos

microorganismos, com baixo consumo de energia, em combinação com a água, são

liberados então para uso da planta, algo em torno de 45 elementos químicos diferentes

(impossível de ser feito pelo homem através de adubos sintéticos), alguns elementos em

doses muito pequenas. O único objetivo é a formação de enzimas que ativam os processos

da proteólise (formação da proteína), que é o que importa para a vida.

“Para a agricultura orgânica o solo é um organismo vivo e seu manejo privilegia práticas

que garantem um fornecimento constante de matéria orgânica, através do uso de adubos

verdes, cobertura morta e aplicação de composto orgânico, práticas indispensáveis para

estimular os componentes vivos e favorecer os processos biológicos fundamentais para

construir a fertilidade do solo.”*

*fonte: Sociedade Nacional de Agricultura, “Manual Noções Básicas sobre Agricultura Orgânica”

Com o uso dos adubos sintéticos, as plantas tem a tendência de gerar mais aminoácidos e

açúcares, o que coincidentemente são alimentos para os insetos, além do que, com o uso

de inseticidas, exterminamos todos os insetos de uma vez e junto com eles, aqueles que

nos interessam, conhecidos como os inimigos naturais.

Os produtores rurais requerem sistemas sustentáveis nos quais existam a interação de

processos, e não a dependência dos chamados “pacotes tecnológicos” que além de

significar elevados custos financeiros e gerenciais para sua aquisição e aplicação podem

gerar elevados custos ambientais. O objetivo é poder controlar melhor aquilo que usam,

sem depender de conhecimentos muito técnicos.

Um grande problema sobre o uso de agrotóxicos é não podermos prever os seus efeitos

colaterais, ao longo do tempo.

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Devemos sempre nos perguntar, por que alguns solos têm fertilidade natural, e por que

algumas sementes se desenvolvem infinitamente com a mesma qualidade? Talvez seja a

chave para nossa libertação como seres humanos e agricultores.

Ou leva tempo, ou custa caro

Como alternativa poderemos dar algumas dicas importantes. Tudo começa com um solo

bem estruturado e bem nutrido, desde que manejado através de processos interligados,

como descrito nos tópicos anteriores:

a. Amendoim Forrageiro (Indicado para frutas, pupunha, entre outras)

Para cultura em área declivosa devemos plantar leguminosas nas entrelinhas. Um bom

exemplo é o amendoim forrageiro que pega por mudas e deixa no solo anualmente 150 a

200 kg de nitrogênio, o que equivale a 330 a 380 kg de uréia. Além disso, ao ser podado no

verão, disponibiliza grande quantidade de potássio, além da cobertura do solo e de ser

muito bonito e melhorar a paisagem.

Fonte: Viveiro Pariquera-Azu

b. Coquetel Verde (Indicado para culturas anuais, olericultura, etc.)

É um conjunto de espécies que são plantadas associadamente e devem ser cortadas

quando estiverem maduras (aprox. 110 dias) e incorporadas ao solo. São plantas que fixam

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nitrogênio e extraem do solo, nutrientes, tais como: potássio, fósforo, nitrogênio, cálcio,

magnésio, microelementos, entre outros, formando assim uma reserva natural, com

diversas funções, umas nutrem, outras estruturam e todas protegem a vida do solo e retém

umidade.

Deve ser plantado após as primeiras águas, da seguinte forma: fazer preparo do solo com

grade aradora, espalhar as sementes e após incorporá-las ao solo, em profundidade não

superior a 10 cm, com grade leve. Após 110 dias aproximadamente cortar e incorporar

levemente esse material com grade e esperar 30 dias para plantar.

Uma receita com sementes de fácil acesso para teste (pode ser feito em área pequena):

Quantidade para 1 ha (10.000 m²):

Milho : 20 kg, Guandu : 10 kg, Girasssol: 15 kg, Crotalária: 10 kg, Arroz: 20 kg, Soja: 10 kg.

As sementes não devem ser híbridas, para que possamos reutilizá-las em outros plantios.

Juntar todas num mesmo saco (conforme a figura abaixo ) e plantar a lanço. Cuidado com

os pássaros. Esse material todo junto, gera uma quantidade de massa verde, da ordem de

150.000 kg, e incorpora ao solo nada menos do que 300 Kg de nitrogênio, além de potássio

em quantidades importantes e nada menos do que, 50 toneladas de biomassa.

Devemos deixar uma parte da área para colheita das sementes, que poderemos utilizar em

outra áreas ou vender.

Foto: Ricardo Salles

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c. Biofertilizantes (Indicados para nutrir e proteger a planta)

Alguns biofertilizantes são multifuncionais, a receita do Agrobio, da Pesagro-Rio e

Supermagro, que atendem a diversas necessidades e ajudam no controle de fungos e

repelência de insetos, seguem em folha anexa.

d. Caldas (indicadas para curar ou proteger a planta contar fungos)

No Anexo 4, a Calda Bordalesa.

e. Urina de vaca (indicada como repelente e nutriente)

No Anexo 3, como preparar e aplicar.

Para rememorar, sobre a ciclagem de nutrientes, a estrutura do solo e a saúde

das plantas:

Imagine a floresta do seu sítio, entre nela e perceba que está sadia, sem doenças, as

plantas não “pedem” água, o ambiente é ameno e agradável, note que há muitas folhas

sobre o chão, isto é o resultado da ciclagem de nutrientes, as raízes das plantas buscam

alimento em diversas profundidades e o trazem para a copas das árvores, lá a folha cumpre

a sua função de respiração, depois cai, se depositando “sobre” o solo (notem que as folhas

não são incorporadas ao solo) e neste processo carregam consigo todos os elementos

químicos necessários ao desenvolvimento e crescimento da planta mãe, este material ao

ser transformado pelos diversos agentes vivos do solo, voltam a ser alimento num ciclo de

contínuo de nutrientes.

Note ainda que ao caminhar, parece que estamos sobre um colchão, a isto denominamos

“estrutura” é o que propicia a respiração do solo e a fixação do nitrogênio do ar nas raízes

das plantas, além da retenção da água, funciona como uma esponja na verdade, cheia de

buraquinhos feitos por insetos, minhocas entre outros agentes. Este maravilhoso conjunto

de fenômenos contribui para que haja saúde na floresta, porque as necessidades são

atendidas através das reservas criadas com o equilíbrio entre esses fatores, que se

interligam e agem numa cadeia de processos. Essa deveria ser a nossa busca como

agricultores em relação ao solo, equilíbrio encadeado, para ter reservas abundantes.

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5. Como Planejar a propriedade

Vista da propriedade

Foto: Arquivo do autor, Ricardo Salles

O croqui da propriedade.

Fonte: Desenho do autor, Ricardo Salles

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As anotações - uma forma simples

Foto do autor, Ricardo Salles

6. Como Planejar a Produção

O mercado consumidor

Conhecimentos dos mercados para os quais desejam vender, é a primeira informação que o

produtor rural deve buscar. Algumas perguntas são importantes, tais como:

Se for venda a terceiros (quitandas, super mercados, restaurantes, etc.):

1. Onde está o meu cliente? Distância e local, onde e como ele recebe os produtos.

2. Qual a capacidade de compra, espaço utilizado para atender o público, estocagem

de produtos? Conhecer o local onde ele desenvolve as atividades.

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3. Formalização do negócio? Propor um contrato, onde se formaliza as

responsabilidades das partes e o que espera um do outro.

Se for para fornecer ao poder publico (merenda escolar, Programa de Aquisição de

Alimentos –PAA, etc.)

1. Para fornecer ao PAA, é necessário que o produtor, seja empresa rural ou que

participe da associação de produtores, desde que esta esteja legalizada.

Visite o site do Ministério de Desenvolvimento Agrário e leia sobre o programa:

http://www.mda.gov.br/portal/saf/programas/paa/2290401

2. Verificar com outros fornecedores como está a política de qualidade da parceria.

3. Formalização do negócio? Propor um contrato onde se formaliza o que se

espera um do outro.

Se for comercializar na feira

Quem é o meu cliente? Qual é o perfil das pessoas que frequentam a feira?

1. O que o cliente espera encontrar na minha banca?

2. Onde moram os clientes, será que gostariam de receber os produtos entregues em casa?

Com essas informações “pesquisadas e anotadas” poderemos abrir uma planilha de

controle para esse(s) cliente(s) e começar a descrever os processos que irão envolver o

aumento da demanda:

Primeiro: identificar e adquirir sementes, insumos, serviço de máquinas e embalagens

de fornecedores bons e reconhecidos.

Segundo: definir as bases operacionais para a implantação daquela produção, sempre

com foco no clima e solo, não esquecendo que podem ocorrer perdas, a saber:

1. Escolha da área: definir logística de plantio, colheita e embalagem,

2. Preparo da área: definir tamanho da área, incluindo perdas e mix de produtos,

3. Produção de composto: compra de esterco e corte da palha, montagem das pilhas,

4. Adubo verde plantio: compra de sementes, leguminosas e outras,

5. Montagem da estufa para mudas: definir quais espécies serão plantadas

inicialmente e quais os custos de produção (até o faturamento),

6. Preparo dos canteiros, plantio e condução,

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7. Colheita, beneficiamento, embalagem, entrega e faturamento.

7. Como buscar oportunidades

Quando a proposta é viver da lavoura, devemos entender que temos um negócio e o

sucesso ou fracasso dele só depende de nós. O Rio de Janeiro é o segundo maior centro

consumidor do país e se quisermos participar deste mercado, teremos de encontrar um

caminho para escoar com qualidade os produtos que produzimos.

Como fazer

Quem quer resultados diferentes, precisa adotar comportamentos diferentes:

1. Definindo quais produtos temos em quantidade e qualidade para fornecer,

2. Desenvolvendo mecanismos operacionais práticos e eficazes,

3. Definindo bem os custos desse produto,

4. Colocando preços compatíveis com o mercado,

5. Atendendo aos padrões de qualidade estabelecidos ou criando outros,

6. Oferecendo produtos que os clientes desejam adquirir e estão procurando.

7. Criando novos nichos de produção com produtos diferenciados para atender as

tendências (gastronomia e nutrição).

Oportunidades aparecem para quem está sempre pesquisando, atento aos anseios dos

consumidores. Sabedores do nosso potencial e donos de todo esse conhecimento sobre

como e em que época plantar, por que devemos sempre plantar as mesmas coisas?

Vamos avaliar juntos o que podemos produzir de novo em nossa região?

8. A Legislação para os agricultores familiares

Existem inúmeras leis que protegem e beneficiam o produtor familiar.

Visite o site do Ministério de Desenvolvimento Agrário – MDA:

http://portal.mda.gov.br/portal/saf/

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Temos a Lei da Agricultura Familiar, que destina grande quantidade de recursos

para a produção familiar e protege os seus interesses por meio de mecanismos

legais de garantia de aquisição de produtos, como a merenda escolar e o Programa

de Aquisição de Alimentos, PAA, além das aquisições obrigatórias da Conab.

“A Lei nº 11.947/2009 determina a utilização de, no mínimo, 30% dos recursos repassados

pelo FNDE para alimentação escolar, na compra de produtos da agricultura familiar e do

empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando os assentamentos de

reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas (de

acordo com o Artigo 14).” (fonte: site do MDA)

Também existe o Pronaf Mais Alimentos que “destina recursos para investimentos

em infraestrutura da propriedade rural e, assim, cria as condições necessárias para

o aumento da produção e da produtividade da agricultura familiar. O limite de crédito

é de R$ 130 mil, que podem ser pagos em até dez anos, com até três anos de

carência e juro de 2% ao ano.” (fonte: site MDA)

No âmbito estadual, temos os programas Frutificar, Prosperar, Balde Cheio, Bule

Cheio, Cultivar Orgânico, entre outros, que foram criados através de leis que visam o

benefício do produtor e o desenvolvimento da agricultura familiar.

Visite o site da Secretaria de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro:

http://www.rj.gov.br/web/seapec/exibeconteudo?article-id=167059

Portanto ao procurar uma forma de ajuda para produzir, devemos procurar maneiras de

atender os requisitos de cada um.

Falaremos sobre a lei da Mata Atlântica, que estipula tratamento especial para pequenos

agricultores.

Com relação às áreas de preservação permanente (APP), a busca pela proteção das

águas, rios, lagoas, da fauna e dos solos deveria ser de interesse prioritário dos agricultores

e principalmente dos pequenos. Somente com medidas que incrementem sua preservação,

haverá a continuidade de uma agricultura sustentável.

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Lei para a produção de alimentos orgânicos

A lei 10.831 de 23 de dezembro de 2003, regulamenta a produção, o armazenamento, a rotulagem, o transporte, a certificação, a comercialização e a fiscalização dos produtos orgânicos. A Instrução Normativa 46 que substitui a Instrução Normativa 64, estabelece: “Art. 1º O Regulamento Técnico para os Sistemas Orgânicos de Produção Animal e Vegetal, bem como as listas de Substâncias Permitidas para uso nos Sistemas Orgânicos de Produção Animal e Vegetal” Esta Instrução Normativa indica o que é permitido utilizar na propriedade para que

possamos ir em busca da certificação orgânica e ganhar novos mercados:

Insumos permitidos para uso na agricultura orgânica, veja em:

http://www.organicsnet.com.br/wp-content/uploads/IN-n%C2%BA-46-de-07.10.11-de-

Produ%C3%A7%C3%A3o-Animal-e-Vegetal-Org%C3%A2nica.pdf

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9. Bibliografias

FORNARI, Ernani. Pequeno manual de agricultura alternativa. Sol Nascente. Brasil.1972

PRIMAVESI, Ana. Cartilha do Solo. Fundação Mokiti Okada. 2006

MAPEAMENTO DE ÁREAS DE ORGÂNICOS. A Lavoura, Rio de Janeiro, ano 111, n. 665, p12-13, abr. 2008.

KOEPF,H.H.&SCHAUMANN,W.& PETTERSON,B.D. Agricultura Biodinâmica. Nobel.1983

EMBRAPA. Produção Orgânica de Hortaliças. Coleção 500 perguntas, 500 respostas. 2007

HANSEL, Julius. Pães de Pedra.Fundação Juquira Candiru, Leipzig, 1898

Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Produtos orgânicos: o olho do consumidor. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. Brasília: MAPA/ACS, 2009.

HOLGREEN, David & BILL, Mollison. Permacultura 1. Ground.1980

PESAGRO-RIO, Coordenadoria de Difusão de Tecnologia - (21)3603-9246

[email protected]

EMBRAPA AGROBILOGIA, CNPAB

http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/sistemasdeproducao/cafe/anexo07.htm. (acesso em 11/05/2012)

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ANEXOS

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Anexo 1 - Agrobio - Biofertilizante

Material necessário para a montagem do composto e armazenar(2 cx de 500l, embalagens PET, registros para coleta do agrobio, galão de 50l)

Foto: CEPAO/PESAGRO

Para a produção de 500 litros do Agrobio, são necessários:

200 litros de água, 100 litros de esterco fresco bovino, 20 litros de leite de vaca ou soro de leite 3 kg de melaço.

Misturar bem e deixar fermentar por uma semana em uma bombona ou caixa d'água de plástico com tampa, com capacidade de 500 L, conforme foto.

A esse caldo nutritivo, nas sete semanas subseqüentes, são acrescentados, semanalmente, e em seqüência, os seguintes ingredientes previamente dissolvidos em água:

430 g de bórax ou ácido bórico, 570 g de cinza de lenha, 850 g de oxido de cálcio, 43 g de sulfato ferroso, 60 g de farinha de osso, 60 g de farinha de carne, 143 g de termofosfato silício-magnesiano, 1,5 kg de melaço, 30 g de molibdato de sódio, 30 g de sulfato de cobalto, 43 g de sulfato de cobre,

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86 g de sulfato de manganês, 143 g de sulfato de magnésio, 57 g de sulfato de zinco, 29 g de torta de mamona e 30 gotas de solução de iodo a 1%.

Nas quatro últimas semanas, são adicionados 500 ml de urina de vaca. A calda deve ser bem misturada duas vezes por dia. Após oito semanas o volume deve ser completado para 500 litros e coado.

O Agrobio pronto apresenta cor bem escura e odor característico de produto fermentado, pH na faixa de 5 a 6.

A análise química do biofertilizante forneceu os seguintes resultados: 34,69 g/l de matéria orgânica; 0,8% de carbono; 631 mg/l de N; 170 mg/l de P; 1,2 g/l de K; 1,59 g/l de Ca e 480 mg/l de Mg, além de traços dos micronutrientes essenciais às plantas. Testes microbiológicos não detectaram coliformes fecais, bactérias potencialmente patogênicas em produtos preparados conforme as recomendações.

Modo de usar:

Usar 2 litros do produto diluídos em 20 l d’água no solo, para fruteiras e bananeiras.

Para aplicação nas folhas usar mistura a 5% e molhar bem as folhas.

Endereço onde podem ser adquiridos os pós químicos: www.bherzog.com.br

B.Herzog - Rua Miguel Couto, 131 Centro -Rio de Janeiro – (21) 2233-7060

Fonte da receita: Embrapa Agrobiologia/Pesagro-Rio

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ANEXO 2- Supermagro - Biofertilizante

No preparo do Supermagro deve-se primeiramente preparar as misturas minerais:

Mistura número 1: 2 kg de sulfato de zinco + 300g de sulfato de manganês + 300g

de sulfato de ferro + 300g de sulfato de cobre.

Mistura número 2: 2 kg cloreto de cálcio + 1 kg de ácido bórico.

Mistura número 3: 2 kg de sulfato de magnésio + 50g de sulfato de cobalto.

Mistura número 4: 100g de molibdato de sódio (este sal não pode ser misturado

com nenhum outro mineral, devendo ser acrescentado na última etapa de preparo do biofertilizante).

O preparo do biofertilizante "Supermagro" é simples, basta seguir as etapas descritas a

seguir:

Ingredientes básicos e misturas de sais minerais necessários para preparar 250 litros do

biofertilizantes "Supermagro".

Etapas Ingredientes Mistura protéica

1o dia 100 litros de água + 20 kg ou 1 lata de 20 litros de esterco bovino fresco

1 litro de leite ou soro; 500g de açúcar preto; 100 ml de sangue; 100g de fígado; 200g de calcário calcítico; 200g de fosfato de araxá; 200g de farinha de osso.

4o dia 1 kg da mistura de sais no 1 mistura protéica

7o dia 1 kg da mistura de sais no 1 mistura protéica

10o dia O restante da mistura de sais no 1

mistura protéica

13o dia 1 kg da mistura de sais no 2 mistura protéica

16o dia 1 kg da mistura de sais no 2 mistura protéica

19o dia 1 kg da mistura de sais no 2 mistura protéica

22o dia 1 kg da mistura de sais no 3 mistura protéica

25o dia 1 kg da mistura de sais no 1 + a mistura de sais no 4 e completar com água até 250 litros.

mistura protéica

30o dia O produto está pronto para ser usado

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Para 200 litros de biofertilizante, misturar 40 kg de esterco verde com 6,0 kg de mato fresco

e vigoroso. Adicionar a cada cinco dias 1,0 kg de uma mistura de micronutrientes, mais 50g

de sulfato de cobre, 1,0 litro de leite; 1,0 litro de melaço (ou 0,5 kg de açúcar), 100 ml de

EM-4 ou 2 copos de leite fermentado contendo lactobacilos, 0,5 kg de calcário e 0,5 litro de

sangue ou 200g de farinha de ossos ou 0,5 kg de restos de peixe. Deixar fermentando por

30 dias antes de coar e usar.

Fonte: Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata, 1999.

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Anexo 3 - Urina de vaca

Qual é o efeito da urina de vaca nas plantas?

As plantas ficam saudáveis e mais resistentes às pragas e doenças. É a possibilidade de o

produtor utilizar, regularmente, uma adubação completa. De acordo com os estudos

desenvolvidos até o momento, as principais substâncias encontradas na urina de vaca são:

nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, manganês, boro, cobre, zinco,

sódio, cloro, cobalto, molibdênio, alumínio (abaixo de 0,1 ppm), fenóis (aumentam a

resistência das plantas) e ácido indolacético (hormônio natural de crescimento).

Como colher a urina de vaca?

Na hora da retirada do leite, a vaca geralmente urina, momento em que a urina deve ser

recolhida com um balde comum.

A urina de vaca pode ser guardada?

Recomenda-se guardar em recipientes plásticos com tampa, onde deve permanecer por

três dias antes de usar. Em recipientes fechados, a urina poderá permanecer por até um

ano sem perder a ação.

Como usar a urina de vaca?

Misturada com água na proporção correta para cada cultura. Quantidades maiores que as

indicadas pelos testes de campo poderão causar danos às plantas. A aplicação da mistura

poderá ser feita no solo ou em pulverizações sobre as plantas.

A aplicação no solo é feita principalmente em fruteiras.

Em pulverização, a urina é aplicada da mesma maneira que o produtor utiliza para aplicar

produtos químicos. Os intervalos de aplicação deverão ser respeitados para cada cultura,

de acordo com os testes de campo.

Como a urina de vaca possui alto poder de penetração na planta, não é necessário usar

espalhante adesivo.

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Que quantidade de urina de vaca usar?

As principais indicações dos testes de campo realizados pela PESAGRO-RIO em parceria

com produtores rurais são:

HORTALIÇAS

• Quiabo, Jiló e Berinjela

O melhor resultado foi obtido com a mistura de 1 litro de urina em 100 litros de água,

pulverizando nas plantas de 15 em 15 dias.

• Tomate, pimentão, pepino, feijão-de-vagem, alface e couve

Bons resultados foram obtidos com a mistura de meio litro de urina de vaca em 100 litros de

água, pulverizando uma vez por semana.

FRUTEIRAS

• Maracujá, coco, acerola, limão, laranja, tangerina, banana, pinha, manga, jabuticaba,

goiaba.

Os estudos ainda se encontram em andamento, porém, para a realização de testes em

pequenas áreas, podem ser seguidas as orientações que se seguem.

Abacaxi

Nos primeiros quatro meses, pulverizar a mistura de 1 litro de urina em 100 litros de água. A

seguir, devem ser feitas pulverizações mensais da mistura de 2,5 litros de urina em 100

litros de água. A aplicação do produto deve ser suspensa dois meses antes da indução da

floração, retornando a partir do avermelhamento.

APLICAÇÃO EM PULVERIZAÇÃO

Recomendação para testes:

• Café

O procedimento anterior pode ser utilizado para testes na cultura do café.

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• Plantas ornamentais

Diluir 5ml de urina de vaca em 1 litro de água e aplicar 50 a 100cc da mistura no solo, de

acordo com o tamanho da planta, de 30 em 30 dias.

Como as pesquisas sobre a utilização de urina de vaca em lavouras ainda se encontram em

andamento, a PESAGRO-RIO solicita aos produtores que vierem a utilizar o produto que

informem regularmente sobre os resultados obtidos à: Coordenadoria de Difusão de

Tecnologia -Telefax: (21)3603-9246 -E-mail: [email protected]

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial concedeu a Carta Patente nº PI 9301910-6à

PESAGRO-RIO sobre os “Métodos para utilização da urina bovina no controle de fungos e

bactérias; como fertilizante e estimulante de crescimento; como estimulante de

Enraizamento; como herbicida; como transportadora e fixadora de substâncias; para

aumentar o teor de sólidos solúveis; como estimulante de floração; para aumentar o tempo

de duração do fruto na planta e para tratamento pós-colheita”, pelo período de vinte anos.

Alternativa eficiente e barata

· Porque diminui a necessidade de agrotóxicos e adubos químicos.

· Reduz os custos de produção.

· Nutre corretamente a planta, aumentando o número de brotações, de folhas e de flores e aumenta a produção.

· Não causa risco à saúde do produtor e do consumidor.

· Está pronta para uso, bastando acrescentar água.

· Pode ser utilizada em quase todas as culturas e o efeito é rápido, além de ser facilmente obtida.

· Misturar 5 litros de urina de vaca em 100 litros de água e aplicar no solo, junto à

planta, meio litro da mistura por planta, no caso de plantas pequenas; 1 litro por

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planta para plantas médias e 2 litros por planta para plantas grandes.

· A aplicação deve ser repetida a cada três meses. No caso do maracujá, a

quantidade da mistura é de meio litro por planta.

· Misturar 1 litro de urina de vaca em 100 litros de água e aplicar em intervalos

mensais, molhando toda a planta.

Como as pesquisas sobre a utilização de urina de vaca em lavouras ainda se encontram

em andamento, a PESAGRO-RIO solicita aos produtores que vierem a utilizar o produto

que informem regularmente sobre os resultados obtidos à: Coordenadoria de Difusão de

Tecnologia -Telefax: (21)3603-9246 -E-mail: [email protected]

Fonte: Pesagro –Rio

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Anexo 4 - Calda Bordalesa

A calda bordalesa é utilizada para tratar plantas atacadas por fungos. Veja aqui, a receita

básica para prepará-la:

Ingredientes:

1 saco de pano; 100g de sulfato de cobre; 100g de cal virgem e 10 litros de água.

Modo de fazer:

Com o saco de pano prepare um sachê com o sulfato de cobre. Mergulhe o sachê em 10

litros de água por 3 ou 4 horas até que o sulfato dissolva.

À parte, misture a cal em 1 litro de água e despeje na solução preparada com o sulfato

dissolvido. Mexa bem.

Antes de usar a calda bordalesa, faça um teste de acidez: mergulhe uma lâmina de ferro no

preparado. Se ela escurecer, não aplique ainda a calda na planta. Acrescente um pouco

mais de cal e faça o teste novamente. Caso a lâmina continue saindo manchada, adicione

mais cal até que a lâmina saia sem escurecer.

A calda bordalesa deve ser usada no máximo até o terceiro dia após o preparo. Em plantas

pequenas ou em fase de brotação, não se recomenda aplicar em concentração forte.

Para cada litro de água, coloque 50 ml (meio copo) de calda.

Fonte: Adapta Sertão (tecnologias sociais de adaptação as mudanças climáticas)

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Anexo 5 - A nutrição da planta

O que é correção do solo?

Acidez - É o processo de minimização da ação danosa do alumínio livre (Al+3) e redução de hidrogênio livre (H+) da solução do solo. Esses elementos diminuem a disponibilidade de nutrientes para a planta, reduzindo sua produtividade. Entretanto, o alumínio não deve ser totalmente neutralizado, pois atua na agregação das partes do solo.

Concentração de fósforo - É o processo de elevação do teor de fósforo a níveis mínimos para que haja boa produção. Dentro das áreas ácidas e inférteis da América Tropical, 96% têm deficiência de fósforo.

Concentração de potássio - É o processo de elevação do teor de potássio a níveis mínimos para que haja boa produção. Dentro das áreas ácidas e inférteis da América Tropical, 77% tem deficiência de potássio.

Como se faz?

Acidez - Por meio da aplicação de calcário dolomítico na proporção de Al +3 x 1, ou seja na grande maioria dos casos 1 tonelada/ha ao ano.

Concentração de fósforo - Por meio da aplicação de fontes de fósforo, como fosfato de rocha (pó fino de rocha moída) ou termofosfatos originários do Brasil. Deve-se aplicar na cova, 200 g no plantio, no caso de termo fosfato e 1 m³/ha (1.6t) para pó de rocha.

Concentração de potássio - Por meio da aplicação de fontes de potássio, como manejo da biomassa, composto orgânico, cinzas ou sulfato de potássio de origem natural.

Problemas causados:

Acidez - Um valor de pH abaixo de 5,5 ou acima de 8,0 reduz drasticamente a chance da planta em absorver nutrientes.

Concentração de fósforo - O fósforo realiza a transferência de energia na célula, sendo ele mesmo importante na formação da proteína.

Concentração de potássio - O potássio é fundamental na formação da estrutura celular da planta.

Para controlar a acidez

1- Planejar o início das operações para logo antes da ocorrência de chuvas.

2- Esperar dar uma boa chuva, iniciar após uma semana sem chuva.

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3- Espalhar metade da dose de calcário uniformemente pela área a ser corrigida, evitando os períodos de maior velocidade do vento.

4- No dia seguinte, incorporar o calcário por meio da gradagem leve do solo.

IMPORTANTE: a correção do solo precisa ser feita 3 meses antes do plantio para que o calcário tenha o tempo necessário para penetrar e reagir no solo

Como Monitorar a eficiência do processo da correção de solo?

A eficiência do controle da acidez e da concentração de fósforo e potássio é monitorada por meio da análise química do solo. Fazer amostragem de solo antes e após correção e enviar ao laboratório, comparando os dois resultados.

Fonte: Adapta Sertão (tecnologias sociais de adaptação as mudanças climáticas)