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    Cludia Silva

    COMUNICAO E ANIMAO DE GRUPOS4

    COMUNICAO PEDAGGICA

    Objectivos

    No final da unidade, o formando dever:- Identificar e caracterizar os elementos da comunicao;- Identificar os principais factores facilitadores da comunicao;- Identificar as principais barreiras comunicao.

    A comunicao uma das dimenses principais no universo Homem. A

    capacidade de comunicar oferece a cada ser humano a possibilidade deconcretizar o seu desenvolvimento psquico e social pleno, e permite a existnciade grupos, organizaes, sociedades e culturas.

    Podemos definir comunicao como o processo de transmisso de informaoentre dois ou mais indivduos ou organizaes. um fenmeno dinmico eevolutivo, cujo principal objectivo permitir a INTERACO entre indivduos ougrupos. Neste sentido, o processo comunicativo diz respeito ao conjunto detcnicas verbais e no verbais capazes de influenciar ou manipular o ambientesocial.

    A situao de ensino/aprendizagem um ambiente de comunicao porexcelncia. A comunicao gerada no seio do grupo em formao depende osucesso da aprendizagem, o concretizar dos objectivos pedaggicos, o climaafectivo e o nvel motivacional do grupo e a realizao pessoal do formador.Torna-se vital para o futuro formador conhecer os fundamentos do processocomunicativo e algumas das suas implicaes, para que lhe seja possvel gerir acomunicao de forma positiva, desenvolvendo uma relao pedagogicamenteeficaz com os seus formandos.

    ELEMENTOS EM COMUNICAO

    Num sistema de comunicao encontramos presentes os seguintes componentes:emissor ou fonte, mensagem, canal, receptor, feedback ou reaco.Iremos seguidamente debruarmo-nos sobre cada um deles e analisar a sua interrelao.

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    Emissor ou Fonte

    o indivduo, ou grupo de pessoas, ou organizao com ideias, intenes,

    necessidades, informaes, enfim, com uma razo para se empenhar nacomunicao.22

    Mensagem

    Na comunicao humana a mensagem existe em forma fsica: h a traduo deideias, intenes e objectivos num cdigo. O emissor utiliza uma combinao designos e smbolos para expressar a sua inteno comunicativa.

    Canal

    o condutor da mensagem, o meio que permite a circulao da informaoenviada pelo e emissor.

    Receptor

    o alvo da comunicao. o indivduo ou audincia que recebe e descodifica amensagem. Constitui o elo mais importante do processo, pois se a mensagem noatingir o receptor, de nada serviu envi-la.Imagine-se a seguinte situao: de um dos lados de um lago encontra-se umapessoa (emissor), que pretende enviar um embrulho (mensagem) para outra

    pessoa na outra margem do lago (receptor).Cabe ao emissor a escolha do meio mais eficaz para enviar a mensagem; nestecaso, ser um barco - Canal 1 - utilizando a gua do lago para se deslocar -veculo de mensagem.

    Quando o formador expe matria oralmente, est a actuar como emissor, sendoa sua mensagem transmitida por ondas sonoras, atravs do ar (veculo e canal) edirigida aos formandos-receptores. Cada um dos agentes envolvidos nesteprocesso possui um conjunto de propriedades ou caractersticas que influenciammais ou menos directamente a qualidade da comunicao.

    Fidelidade da Comunicao

    Tanto no emissor como no receptor existem alguns factores capazes de aumentarou prejudicar a fidelidade da comunicao:

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    1 - Habilidades Comunicativas

    Para traduzir as suas intenes comunicativas o emissor tem que utilizar

    capacidades codificadoras que Ihe permitam, por exemplo, dispor as palavras deforma a expressar ideias com clareza, usar correctamente as regras gramaticais,pronunciar claramente, conseguir utilizar os vrios canais sua disposio,organizar o pensamento e as ideias claramente, etc., etc.

    2 Atitudes

    A predisposio ou tendncia do indivduo para se aproximar ou associar a umobjecto ou para se afastar, dissociar do objecto, reflecte-se de igual modo, nacomunicao. A atitude que se tem para consigo prprio pode afectar a forma dacomunicao e a sua qualidade.

    Se o formador no se sente vontade na matria, ou pensa que no vai conseguirimpressionar favoravelmente o grupo de formandos mais velhos do que ele, aodirigir-se ao grupo poder faz-lo de modo confuso, "atrapalhando-se" na linha deraciocnio. Esta forma de comunicar certamente causar uma impresso negativa

    junto dos receptores. A reteno da nova informao por parte do Formando queconfia nas suas capacidades, ou que acredita ter experincias interessantes parapartilhar, , muito possivelmente, facilitada pela sua atitude. A atitude perante otema da comunicao outro condicionamento a ter em conta. A simpatia ouaverso aos contedos pode afectar tanto a sua expresso, por parte do emissor,como a sua captao e assimilao, por parte do receptor. Se o tema seenquadrar no campo dos interesses e motivaes de ambos, a qualidade de

    comunicao ser mais conseguida.Regra geral, quando os temas so do agrado do grupo de participantes, amotivao e a receptividade so beneficiadas partida. Do mesmo modo, oentusiasmo do formador ao falar de algo que Ihe agrada tem um efeito contagiante

    junto dos formandos. A atitude do emissor ou do receptor, para com o outrointerlocutor, sendo positiva ou negativa, afecta, tambm, a transmisso damensagem ou a forma como o receptor a ir receber.Todos ns tendemos a avaliar a fonte de informao. Se um formador aoapresentar-se no curso, diz ter uma formao acadmica em matemtica, e quevai conduzir as sesses do modulo motivao humana, imediatamente a atitudeavaliativa dos formandos pender para o plo negativo no que respeita

    preparao terica do formador. Este aspecto da influncia das atitudes serdesenvolvido mais tarde, nas distores comunicativas.

    3 - Nvel de conhecimentos

    difcil comunicar o que no se conhece. Por outro lado, se o emissor for ultra-especializado e empregar frmulas comunicativas demasiado tcnicas, podeacontecer que o nvel de conhecimentos do receptor Ihe bloqueie o sucesso da

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    inteno comunicativa. O conhecimento que o emissor possui sobre o prprioprocesso de comunicao influencia o seu comportamento comunicativo.Conhecendo as caractersticas do receptor, os meios pelos quais poder produzir

    ou tratar as mensagens, os canais a utilizar, as suas prprias atitudes, etc., oemissor determina em parte, o curso da comunicao, podendo contribuir parauma maior fidelidade.

    4 - Sistemas Scio-Culturais

    Para alm dos factores pessoais, o meio social e cultural em que o emissor e oreceptor se movem constitui um poderoso determinante do processocomunicativo. O papel social de cada um, o estatuto e prestgio respectivos, ascrenas e valores culturais por eles interiorizados, os comportamentos aceitveisou no aceitveis na sua cultura, tudo determina o tipo de comportamento

    comunicativo adoptado. O sistema social e cultural dirige, em parte, a escolha dosobjectivos que se tem a comunicar, a escolha das palavras, os canais que seusam para expressar as palavras. O emissor percepciona a posio social doreceptor e molda o seu comportamento de acordo com ela. O formador comunicamuito diferentemente com um grupo de gestores de vendas ou quadros superioresde uma empresa, com um grupo de jovens em formao pedaggica, com os seusamigos, com a sua esposa,etc.

    5 Mensagem

    Existem trs aspectos bsicos a considerar na transmisso de informao: ocdigo, o contedo, e o tratamento e a apresentao da mensagem.

    5.1 - CdigoO cdigo um grupo de smbolos ou sinais capaz de ser estruturado de modo ater significado para algum. A lngua possui um conjunto de elementos ovocabulrio - e um conjunto de mtodos que permitem combinar esses elementosde forma significativa - a sintaxe. Quando codificamos uma mensagem (funo doEmissor) cabe-nos decidir quais os elementos a utilizar e como possvelcombin-los (antecipando o seu impacto no Receptor). Toda a msica possui um

    cdigo: o que distingue a musica clssica do Jazz essencialmente uma diferenade estrutura, isto , o modo que se combinam as notas. A pintura de Van Goghdistingue-se da de um pintor amador pela sua qualidade estrutural.

    5.2 - ContedoEquivale ao material da mensagem escolhido pelo Emissor para exprimir o seuobjectivo de comunicao. Por exemplo, num livro, o contedo da mensagem

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    abrange as afirmaes do autor, as informaes que apresenta, as conclusesque tira, os pontos de vista que prope.

    5.3 - Tratamento e ApresentaoAs decises do Emissor quanto forma, apresentao e contedo dasmensagens cabem neste ponto. Para temas semelhantes, possvel usar dealguma flexibilidade e transformar os contedos, estilo de linguagem, canais emeios de comunicao, de acordo com as caractersticas da populao a que sedestinam. No perdendo de vista as necessidades reais dos participantes, oFormador poder enfatizar este ou aquele aspecto, tentando relacion-lo com aexperincia profissional, interesses e motivaes dos seus Formandos. Aformalidade de postura e da linguagem utilizada deve variar consoante o padroscio cultural mdio do grupo. Para grupos cuja escolaridade baixa, os termostcnicos e tericos devero ser cuidadosamente empregues; em grupos de

    profissionais aos quais exigida uma apresentao formal e um relacionamentomais rgido na sua rea de actividade, prudente no descurar esta caractersticano modo como nos dirigimos aos Formandos.A apresentao da mensagem dever ser "brilhante"! Como?- Criativa!- Sinttica!- Objectiva!- Multi-variada: utilizao de transparncias, visionamento de vdeos, gravaesudio, revistas, escrita no quadro, recortes de jornais, magazines.- Atraente: cuidada ao nvel da composio grfica, da variedade e conjuno decores, do tempo de durao dos vdeos e do prprio tratamento dos contedos,

    conter entusiasmo, a comunicao oral deve ser estruturada e bem sequenciada,etc...Respeitando as caractersticas anteriormente descritas do processo deaprendizagem para uma melhor compreenso e assimilao, a comunicao emsituao pedaggica obedece aos seguintes vectores:De:FcilSimplesGeralConcretoConhecido

    Para:DifcilComplexoParticularAbstractoDesconhecido

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    Ao estruturar a mensagem que pretende transmitir aos Formandos, o Formadorfornece um contexto geral, de introduo ao tema e que Ihe confere um sentido, ositua num todo mais vasto. Aps o desenvolvimento e anlise dos principais

    aspectos, o tema obriga a uma concluso.

    CONCLUIR ASSIM:

    Fazer uma sntese global Acentuar os pontos essenciais Evitar incluir novos assuntos Avaliar os resultados alcanados, ao nvel dos Formandos e a nvel doFormador. Enfatizar os aspectos positivos, mas no se esquecer os objectivos menosconseguidos. Relacionar o que foi dito e feito com trabalho futuro.A importncia da sntese final, enfatizando as principais concluses e pontosdesenvolvidos, tanto maior se pensarmos na estrutura da Memria Humana. Areceptividade e a reteno maior para as informaes transmitidas em primeiro eltimo lugar. Os polticos esto bem cientes deste facto, deixando para o meio doseu discurso aquilo que menos importa que os seus eleitores fixem... A repetiodos pontos essenciais e a sntese final ficaro muito mais slidos na memria dosFormandos do que o desenvolvimento ao longo da sesso.

    6 - O Feed-back

    O Feed-back a reaco do Receptor ao comportamento do Emissor. Forneceinformao ao Emissor sobre o impacto da sua aco sobre o Receptor, sobre osucesso na realizao do seu objectivo comunicativo. Ao responder, o Receptorexerce controle sobre as futuras mensagens que o Emissor venha a codificar,promovendo a continuidade da comunicao.O Feed-back , assim, um poderoso instrumento de influncia ao nvel de quemenvia informao. Se o Feed-back for compensador, o Emissor mantm o seucomportamento; se no for, este modifica-o, a fim de aumentar as suasprobabilidades de xito. Se na comunicao frente-a-frente o Feed-back mximo, no caso de canais como a televiso, o rdio, os jornais e revistas essapossibilidade mnima. Neste caso, o comportamento de compra dosconsumidores que tem valor como Feed-back.

    Se um jornal se vende pouco, provavelmente modificar a seleco de artigos enotcias; se um produto anunciado se est a vender bem, o anunciante capaz demanter a campanha publicitria e s introduzir alteraes se o Feed-back porparte dos consumidores se modificar. Os inquritos opinio pblica, os estudosde mercado, e outros, so investimentos na obteno de Feed-back por parte dasaudincias e dos consumidores.

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    O conhecimento e o uso do Feed-back aumenta a eficcia da comunicaointerpessoal. As pessoas que so consideradas "boas comunicadoras"normalmente esto atentas aos sinais comunicativos do interlocutor, so boas

    observadoras de reaces.O comportamento dos Formandos, a sua postura, expresses, humor,brincadeiras ou sarcasmos, questes, dvidas, afirmaes e opinies, enfim, todaa riqueza da situao face-a-face em termos de Feed-back, extremamente tilpara o Formador regular e corrigir a sua forma de comunicar com o grupo.

    COMO SE COMUNICAMovimentos, sons, imagens, palavras - como que se pode comunicar?

    Todo o comportamento comunicao; as nossas aces so sempre passveis

    de interpretao por parte dos outros, -nos impossvel no comunicar. Se estnuma sala de espera antes de uma entrevista, e a secretaria sua frente mantmos olhos baixos e uma atitude concentrada, a mensagem captada "no querocomunicar". Ento, evitar a interaco todavia interagir: comunica-se essainteno de evitamento de alguma forma, influencia-se o comportamento do outrode algum modo. O estilo comunicativo define a relao entre os agentes dacomunicao. "Olha, d a lume!" ou "Desculpe, importa-se de me dar lume?"sugere-nos dois relacionamentos bem distintos quanto proximidade ouintimidade dos protagonistas.A comunicao possui dois nveis gerais:

    O Nvel Digital corresponde comunicao verbal, atravs de signos. As tcnicasverbais de comunicar so a escrita e a oralidade.

    O Nvel Analgico corresponde comunicao no-verbal, simblica. Soinmeros os modos de expresso no-verbal: gestos, sinais visuais, sinaissonoros, sinais pictricos, a msica, a dana, as componentes no verbais da voz(entoao, pausas, ritmo, etc.), expresso facial, imagem / aparncia pessoal,postura corporal, etc...A Analogia enriquece e matiza a comunicao verbal. Exactamente com asmesmas palavras podem-se transmitir mensagens diferentes, consoante o tom devoz empregue, os gestos das mos, a expresso facial, a rigidez da postura

    corporal, a inclinao da cabea.O nvel no verbal da comunicao reflecte muito directamente o que estamos asentir. Quando estamos a comunicar com algum, todo o nosso comportamentod significado quilo que estamos a expressar por palavras. Este comportamentosurge espontaneamente, muitas vezes sem que nos apercebamos. o nvelanalgico da comunicao que muitas vezes nos "trai", pois espelha os nossossentimentos em relao ao receptor, situao ou mensagem que estamos atransmitir.

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    O controle do comportamento no-verbal algo precioso para o Formador.

    Os gestos, as expresses, os olhares, a entoao de voz, so componentes da

    comunicao que devem estar em sintonia com o que se diz, auxiliando eantecipando a mensagem oral. As discrepncias entre os dois nveis decomunicao - verbal e no verbal - dificulta a relao e origina, frequentemente,mal-entendidos e conflitos. Um comunicador expressivo recorre aos gestos comocomplemento e suporte da expresso oral.

    A utilizao do espaoA gesto do espao fsico condiciona, de incio, o desenrolar da comunicao.No por acaso que a disposio em U usualmente praticada na Formao.Esta uma configurao facilitadora da comunicao.

    Todos os elementos do grupo encontram-se face-a-face. Naturalmente os seusolhares convergem para o centro-frente, posio ocupada tradicionalmente peloFormador. Os elementos mais dominantes, extrovertidos, auto-confiantes tendema ocupar posies centrais. As zonas intermdias ou mesmo extremidades sonormalmente preferidas pelos elementos mais tmidos, introvertidos. Osobservadores passivos, ficam, assim, resguardados do olhar do Formador e doscolegas.

    A utilizao que o Formador fez do espao e movimento deveras importante nadefinio do estilo comunicativo do grupo.

    O Formador que se coloca sentado atrs da sua mesa, ou num estrado, estdefendido na sua "armadura" e transmite um distanciamento em termos de papel eestatuto em relao aos Formandos.A qualidade expressiva e a receptividade comunicao favorecida quando oFormador:- apoia a comunicao verbal com os gestos coordenativos, descritivos, etc.- se desloca na sala, marcando o ritmo, aproxima-se e recua face aos Formandos,acompanhando as prprias pausas, entoaes e exclamaes com o movimento epostura corporal.- Solicita a ateno e/ou participao dos outros elementos com o olhar directo,com gestos apelativos (mas no inquisitivos), com uma atitude corporal receptiva.

    Alguns cenrios possveis para a comunicao em sala:

    CENRIO I- Exposio oral dos contedos programticos.- A comunicao obedece ao previamente estabelecido no programa do curso.- A informao emitida do Formador para o grupo de Formandos.

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    - Probabilidade de reteno por parte dos participantes: cerca de 20% dainformao.

    CENRIO II- Formador expe a "matria" e questiona os participantes.- A comunicao ocorre no sentido formador-formando e formando-formador,embora seja o 1a abrir e fechar as redes da comun icao.- programa estabelecido respeitado no essencial.- Para alm da comunicao oral, o formador recorre tambm aos audiovisuais.- Probabilidade de reteno por parte dos participantes: cerca de 50% dainformao divulgada.

    CENRIO IIIO formador funciona como animador ou gestor de comunicao. Existe alternncia

    entre os papis de emissor e de receptor, sendo o formador o orientador destaalternncia.- H saturao das redes de comunicao: a comunicao d-se em todos ossentidos, incluindo formando-formando e formando-formador.- Os contedos, ainda que obedecendo aos termos pr-estabelecidos esto maissujeitos ao improviso, de acordo com as experincias pessoais, os interesses e adisponibilidade de cada um.- Probabilidade de reteno consideravelmente mais elevada: cerca de 70% dainformao.Este cenrio corresponde ao de rede de comunicao ideal numa situao deensino-aprendizagem. Apresentaram-se vrios cenrios possveis na disposio

    fsica em U.

    CENRIO IVA disposio em conferncia inibidora da comunicao em sala. Possibilita aoFormador o domnio completo das redes de comunicao, remetendo osparticipantes para o papel de receptores passivos, com todas as implicaes queeste facto acarreta a nvel do sucesso da aprendizagem e reteno.As mesas ao estar de costas so autnticos obstculos interaco. A postura doFormador resulta muito mais formal e distante.

    CENRIO VO Formador funciona como moderador/orientador.A discusso livre, ocorrendo em todos os sentidos.As posies de dominncia e de passividade ficam diludas, sendo a comunicaoglobal e espontnea. Esta configurao adequada para algumas actividades,grupos em terapia, etc. mas para Formao em sala, de um modo geral, pode serprejudicial gesto da comunicao. Pode ficar difcil para o Animador orientar oscontedos dentro dos limites programticos definidos.

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    COMUNICAR NO FCIL...

    Obstculos Comunicao

    O processo comunicativo est longe de corresponder a uma circulao linear eobjectiva de informao entre dois indivduos ou grupos. Existem diversos factoresperturbadores da comunicao que o formador/animador no deve desconhecerde modo a super-los.O primeiro nvel de distoro pode ocorrer logo na fonte ou emissor e reside nadiferena entre o que se quer transmitir e o que de facto se transmite. O cdigoutilizado pode no ser o mais indicado para expressar as ideias ou objectivos acomunicar.Se o formador quiser descrever uma mquina industrial, ser melhor sucedido aoapresentar um esquema grfico do que ao tentar transmitir oralmente como que

    a mquina construda, quantas peas, ligamentos, etc. que a compem.Por outro lado, poder existir pouca objectividade na codificao, se a informaotransmitida no suficiente ou, pelo contrrio, existe em excesso. o caso doformador que para explicar um conceito simples, produz um discurso muitoextenso, repleto de termos tcnicos e adjectivao excessiva. A adequao docdigo ao receptor outra questo extremamente importante. preciso noesquecer que a comunicao um processo bilateral, se se quiser que o receptorcapte com clareza a mensagem.A codificao deve ser adaptada ao repertrio de conhecimentos, estatutosciocultural e atitudes do receptor. No percurso entre a transmisso e a recepoda mensagem outras interferncias podem surgir. Aquilo que transmitimos no

    ser exactamente aquilo que o outro recebe, se ocorrerem rudos/barulhos,conversas paralelas, comunicaes simultneas, etc. Quando finalmente amensagem chega ao receptor ainda provvel que exista alguma diferena entreaquilo que este recebe e o que pensa que recebeu. A atitude face ao emissor, amaior ou menor simpatia por este, pode afectar a receptividade e a interpretaoda mensagem. Existe sempre uma atitude de avaliao da fonte de informao,das suas intenes e do grau de confiana que desperta ao receptor. Em grandemedida, ouvimos o que queremos ouvir.Esto sempre presentes na interaco comunicativa expectativas e ideias pr-concebidas acerca do que as pessoas so e daquilo que querem dizer. Porquemuitas vezes no "estamos a ver" o Sr. X a afirmar tal coisa, mesmo que ele o

    faa, acabamos por no o perceber. A percepo que cada indivduo tem darealidade e das outras pessoas sempre selectiva: mesmo inconscientemente,os nossos mecanismos preceptivos filtram a informao privilegiando aquela que,por alguma razo, tem mais a ver com os nossos interesses, rejeitando edistorcendo outra, para que no colida com aquilo em que acreditamos ouconhecemos.

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    Esteretipos, Crenas e Preconceitos

    Aquilo em que acreditamos ou pensamos acerca dos outros, e consequentemente

    avaliamos positiva ou negativamente, muitas vezes adquirido atravs dapercepo enviezada ou distorcida que fazemos da realidade.

    O ser humano tem absoluta necessidade de compreender o mundo e conferirordem s coisas. Para reduzir a incerteza, inerente grande complexidade douniverso social (e fsico), os mecanismos mentais tendem simplificar a realidade.Assim, arrumamos as pessoas em categorias, "gavetas" s quais atribumosalgumas caractersticas, acreditando que, a partir da, podemos prever o seucomportamento.

    Ao longo do nosso desenvolvimento vamos construindo imagens dos outros

    atravs dos conhecimentos apreendidos no seio da sociedade e da cultura ondenos inserimos. Aprendemos a classificar as pessoas segundo grupos sociais e aatribuir a cada um destes grupos caractersticas especificas. Estas crenas sociaispodero ser confirmadas ou infirmadas pela nossa experincia de vida.Transportamos, ento, na mente, imagens, expectativas, ideias pr-concebidasacerca da maneira como sero algumas das pessoas, situaes ou eventos e queiro distorcer a percepo da realidade, num sentido subjectivo.

    No contexto pedaggico, a utilizao abusiva de esteretipos e preconceitos norelacionamento com os participantes nefasta, pois: Limita a quantidade e qualidade da informao captada; Aumenta o risco de no se reagir situao presente e pessoa real e sim snossas ideias pr-concebidas; Aumenta o risco de se elaborarem interpretaes deturpadas dosacontecimentos; Torna o Formador numa pessoa rgida, inflexvel, com resistncia mudana; Origina situaes potencialmente conflituosas, discriminaes, mal-entendidos,comunicaes ambguas e tenses negativas no grupo.

    Vimos, ento, que:- Apesar das atitudes e em particular das crenas e dos esteretipos servirem anecessidade fundamental do ser humano de simplificar o mundo, de modo aconseguir prever e orientar-se nas relaes com as pessoas e situaes, mesmoquando a informao presente escassa;- Tambm podem dificultar a compreenso objectiva e clara do momentopresente, do comportamento dos outros e comprometer a "atitude profissional", dereceptividade e neutralidade, que o Formador e todas as pessoas que lidam comoutras na sua profisso, devem adoptar.

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    Erros Perceptivos Comuns na Avaliao dos Outros

    Existem alguns erros ou enviezamentos perceptivos que frequentemente ocorrem

    no relacionamento interpessoal, para os quais importa alertar, j que conduzem aavaliaes restritivas ou errneas do comportamento do outro, das suas intenesou caractersticas de personalidade.

    1 - Efeito de Halo a tendncia para formar uma opinio global acerca de algum, atravs dageneralizao de uma caracterstica que se evidencia. o 1dia do curso. Um Formando particularmente bem -disposto, faz um ou doiscomentrios irnicos referentes ao que o Formador est a dizer.Pensamento do Formador: "Este um engraadinho, vai-me dar problemas... "

    2 - Efeito LgicoConsiste em supor que certas qualidades ou atitudes dos indivduos se encontramassociadas. Deduz-se, assim, que face presena de um deles, todas asrestantes se verificam.Formador: "Os tipos engraadinhos nunca esto motivados para trabalhar. O seunico interesse gozar e evidenciarem-se... O que vale que se vai fartar defaltar ao curso... ".

    3 - Efeito dos Tipos Pr-determinadosTendncia para enquadrar as pessoas dentro de certos tipos pr-qualificados na

    nossa mente e agir de acordo com eles, ignorando as qualidades individuais. oque acontece quando agimos guiados pelos esteretipos e ideias feitas.Formador: "Se so de um curso de Informtica, no vo estar nada interessadosna parte de Pedagogia".

    4 - Efeito de CarcterTendncia para classificar as pessoas nos extremos da nossa escala de valores,sem considerar posies intermdias . Esta uma peculiaridade das histriasinfantis, obras literrias menores, filmes, telenovelas, etc. da nossa cultura: sexistem os bons e os maus, o heri e o vilo, os Formandos espertos e os burros,os bem e os mal-comportados.

    5 - Efeito de Tendncia CentralTendncia para situar os indivduos em posies intermdias da nossa escala devalores, sem considerar diferenas individuais (todos os casos so iguais). "OsFormandos so todos iguais" - cuidado !Os estados emocionais, como a tristeza, alegria, agressividade, insegurana, etc.,podem deformar as mensagens ao nvel do Receptor e do Emissor. Para umapessoa insegura uma brincadeira poder ser interpretada como sarcasmo; o

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    indivduo eufrico tender a ignorar as notcias desagradveis. Nos factoresemocionais que mais interferem na comunicao pedaggica, encontram-se aAnsiedade e o Nvel Motivacional.

    A Ansiedade interfere no ser que aprende ao ponto de ter um efeito bloqueador.Recorrendo analogia com a escola, as "dores de barriga antes dos exames, o"ficar em branco" num teste, o "gaguejar" na chamada oral, tudo so efeitos daansiedade no desempenho dos alunos.Na Formao Profissional, a presena de chefias no grupo pode ser umdesencadeador de ansiedade. O Formando "subordinado" vive a situao deensino como um contexto fortemente avaliativo, do qual pode depender o seusucesso na carreira profissional. Os trabalhos e actividades propostos peloFormador encerram quase sempre, uma carga ansiognica, particularmente seobrigam a uma "exposio" das capacidades executoras e criativas do indivduo

    face ao grupo. Como tal, o animador ter que moldar as actividades previstas e oseu nvel de dificuldade queles indivduos em Formao.

    Muitas vezes, a ansiedade surge associada a estados de fadiga ou sadedebilitada. O excesso de cansao e as perturbaes de sade interferem com acapacidade de ateno, concentrao, raciocnio e expresso verbal. Desta forma,constituem obstculos a uma comunicao pedaggica eficaz e tanto se fazemsentir na pessoa do Formador como nos participantes.

    Um Nvel Motivacional baixo, causado por desinteresse, pouca curiosidade pelotema, desprazer em frequentar aquela Aco, averso pelo trabalho em grupo,

    etc., etc., constitui uma barreira continuidade e fluidez da comunicao emsituao de ensino-aprendizagem. Por ltimo, convm referir que as mesmaspalavras possuem significados diferentes para pessoas diferentes, consoante asua educao, experincia de vida e meio socio-cultural a que pertencem.

    Ento o Que Fazer?Saber Emitir Facilita a Comunicao

    - fundamental para quem transmite informao conhecer bem o objectivo acomunicar.

    A familiaridade do formador em relao aos temas a divulgar dever ser elevadapara que a comunicao resulte organizada, precisa, e de fcil entendimento porparte dos receptores. Consegue-se transmitir de forma mais atractiva aquilo quese domina. A flexibilidade de expresso bem como a moldagem dos cdigos ecanais utilizados aos diferentes grupos de participantes mais trabalhada quandoo formador / emissor se sente seguro dos objectivos e domina os temas em foco.Possuindo ideias precisas e claras, as frases surgem mais organizadas e os

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    significados so claros para quem os interpreta. Evita-se, assim, a comunicaoambgua, desordenada, pouco estimulante e confusa.- O Formador deve procurar relacionar as intervenes e comentrios emergentes

    do grupo e, sempre que possvel, enquadrar as intervenes marginais no debateou na exposio da matria- Cuidar do nvel no verbal da comunicao imprescindvel a um bomcomunicador.A mmica deve ser adequada s palavras e significados expressos oralmente. Seos olhos so "o espelho da alma", apresentar-se olhar os outros nos olhos. Olharenquanto se fala, refora as palavras, aumentando o poder persuasor do discurso.Um olhar esquivo significa, eventualmente, desinteresse, fuga, falta deautoconfiana ou incompetncia, provocando no interlocutor uma atitude dedistanciamento e desagrado.A imagem do Formador deve ser cuidada. No se trata de defender meras

    convenes. Como j foi referido, as pessoas tendem a classificar as outrassegundo esquemas pr-determinados construdos e assimilados com base emdeterminantes scio-culturais. Assim, mal entra na sala, o Formador avaliadopelos Formandos num primeiro instante, a partir da sua imagem pessoal, da formacomo se veste, da sua postura e do modo como se movimenta. Esta 1 impresso importante para o desenvolvimento da relao pedaggica.Um formador "bem" apresentado geralmente associado "competncia","empenho profissional" e "respeito pela actividade exercida". No entanto, umaapresentao demasiadamente formal poder ser algo inibitria paradeterminados grupos de caractersticas etrias ou scio-econmicas especificas.Saber Ouvir Facilita a Comunicao

    A comunicao interpessoal dificilmente ser satisfatria se o emissor no adoptarduas atitudes relacionais fundamentais: a escuta activa e a atitude emptica.

    Ser um ouvinte activo significa: Comear a ouvir desde a 1 palavra Escutar atentamente todas as opinies Concentrar-se no que est a ser comunicado, sem se precipitar tentandoadivinhar o que os seus interlocutores vo dizer... Manifestar a sua ateno e receptividade atravs de comportamentos e sinaisverbais [-"sim, sim", "hum, hum"], acenando com a cabea e olhando para quemfala; Gerir os silncios sem impacincia ou ansiedade; No interromper a comunicao do interlocutor, deixando-lhe espao para seexpressar; No interpretar o que o outro diz sem "cho" suficiente, mas sim fazer perguntase colocar questes de forma a suscitar a participao do interlocutor e obteresclarecimentos sobre o que ele quer expressar., contudo, aconselhvel no colocar questes directas que possam ser sentidaspelos participantes como um pouco inquisidoras.

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    EmpatiaA comunicao interpessoal dificilmente ser satisfatria sem um elementoextremamente importante - a Atitude Emptica. Um indivduo tem capacidade

    emptica se no decorrer da interaco for capaz de sentir o que sentiria seestivesse na posio da outra pessoa.Pode-se definir EMPATIA como: "a capacidade de inferir estados internos outraos de personalidade do outro, comparando-os com as nossas prprias atitudese, simultaneamente, de tentar perceber o mundo tal como essa pessoa opercebe". Esta atitude, que respeita o outro e a sua expresso, caracteriza-se porum esforo sincero de nos colocarmos no seu lugar, "vestirmos a sua pele", decompreender o seu contexto emocional e vivencial. O interlocutor sente, assim, asua individualidade respeitada e a sua expresso no deformada. Esta confianafavorece a abertura dos indivduos e estimula a comunicao. A atitude empticanasce espontaneamente com mais facilidade nalguns indivduos do que noutros,

    mas pode ser adquirida atravs de "um trabalho sobre si prprio". Evitandoconceitos ou julgamentos anteriores mensagem em si e despindo a interaco,tanto quanto possvel de elementos subjectivos, consegue-se uma atitude deneutralidade orientada para o outro e excelente para uma comunicao efectiva.A Empatia funciona tambm como uma tcnica preventiva de conflitos ouinteraces hostis. Numa interaco, o comportamento de um dos participantesinfluencia o comportamento do outro e vice-versa.O comportamento gera comportamento. frequente esquecermo-nos de que aforma como os outros se comportam connosco resulta, a maior parte das vezes,da forma como nos comportamos em relao a eles. Uma reaco activa eemptica muito frequentemente produz reaces da mesma natureza nos

    interlocutores. Partindo desta noo de que o nosso comportamento tem o poderde determinar, em parte, o comportamento dos outros, ento, podemos concluirque controlando a nossa comunicao obteremos reaces previsveis noReceptor.O comportamento no algo pr-determinado, hereditrio ou automtico; osindivduos podem escolher comportamentos e formas de comunicar quepromovam a qualidade das interaces pessoais, particularmente em situaesprofissionais. Para tal, basta estar atento e receptivo s mensagens que ocorremno aqui e agora, atender s necessidades dos Formandos e compreender o seucontexto emocional, evitando as distores comunicativas.

    Em concluso, o Formador um gestor de comunicao, na medida em que:- Orienta as Mensagens:- Anima a discusso sem a limitar.- Ajuda o grupo a seleccionar e a desenvolver os aspectos mais pertinentes enecessrios.- Fomenta o intercmbio entre o papel de Emissor e de Receptor:- Suscita a participao de todos.- Facilita a troca de opinies.

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    - Garante igual oportunidade de expresso a todos os participantes.- Est atento a novas contribuies ou pontos de vista.- Diminui o rudo:- Mantm ordem no debate.- Controla as interferncias.- Sintetiza as principais ideias debatidas em funo do tema em questo.- Repete o significado de algumas intervenes importantes, de modo a estruturara informao.- Suscita a escuta activa e a atitude emptica no seio do grupo- Mantm os contedos num registo objectivo salvaguardando-os de cargasemocionais excessivas decorrentes dos temas ou do relacionamento interpessoal.

    Cabe ao Formador / Gestor de Comunicao

    - ORGANIZAR e CONTROLAR a comunicao no espao formativo- AVALIAR, ORIENTAR e MOTIVAR os elementos em comunicao- COORDENAR,- Atingir os objectivos pedaggicos

    Para uma comunicao eficaz...- Cuide da sua imagem- Seja cordial no 1contacto- Trate os participantes de modo personalizado- Escute sem interromper- Fale de forma simples, clara, objectiva- Adapte as mensagens aos interlocutores- No reaja a observaes agressivas no mesmo tom- Faa perguntas sugestivas- Recorra aos meios audiovisuais e outros- No avalie negativamente- Reforce com palavras e com gestos as intervenes positivas- Seja imaginativo! Seja entusiasta!

    Atitudes na Comunicao

    Na comunicao interpessoal, as atitudes so expressas a nvel verbal atravs deopinies e a nvel no-verbal, atravs de aces, gestos, expresses, tom de voz,etc.C. Porter definiu seis atitudes comunicativas usualmente presentes nas relaesinterpessoais e as respectivas reaces do receptor:37

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    1 - Atitude de ApoioExprime uma afectividade do emissor concordante com a do receptor. umacomunicao simptica, apoiante. "Concordo", "Tambm passei por isso, "No

    h-de ser nada", "ptimo!", etc. A nvel do interlocutor, mantm ou intensifica oambiente afectivo, aumenta a tendncia para a conformidade e favorece adependncia psicolgica.

    2 - Atitude de AvaliaoCorresponde a uma expresso de censura por actos feitos. Encerra o desejo decontrolar o comportamento presente e futuro do interlocutor."No devia ter feito isso!"; "Fezmal!"...,etc.A nvel da interaco:- Aumenta a tenso psicolgica entre os comunicantes- Incrementa a agressividade

    - Activa os mecanismos de defesa do receptor- Aumenta a rigidez de posies- Reduz a capacidade emptica e, consequentemente de comunicao

    3 - Atitude de compreensoImplica que nos centremos no interlocutor, mas sem a tonalidade afectiva daatitude de Apoio. uma atitude benevolente, mas relativamente neutra, noavalia, nem positiva nem negativamente. Existe compreenso do ponto de vista dooutro, centrando-se a comunicao no momento presente e reformula-se o estadopsicolgico do interlocutor, evidenciando-o."Parece-me preocupado";

    "Tem razo em estar aborrecido, mas vamos l ver como que podemos resolverisso"; "Pode parecer difcil, mas com certeza que vai conseguir";"No h razo para estar nervoso".

    A nvel do interlocutor, esta atitude reduz a intensidade do estado afectivo (porexemplo, ansiedade e nervosismo) e promove a capacidade de anlise. Assim,favorece a racionalidade e a objectividade, contribuindo para aprofundar acomunicao. Este tipo de atitude possui um forte cariz emptico.

    4 - Atitude de Orientao uma atitude normativa, em que o emissor fornece informao ao receptor demodo a controlar o seu comportamento futuro.

    "Deve proceder deste modo","Eis a minha soluo do problema";"A minha opinio esta".Esta atitude til em situaes em que o receptor inexperiente ou precisa de

    informao orientadora. Por outro lado, favorece os sentimentos de dependncia epode ser percebida pelo interlocutor como uma imposio de autoridade. Nestecaso, provvel que suscite o aparecimento de resistncias s mensagens dointerlocutor, prejudicando a comunicao.

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    5 - Atitude de ExploraoVisa a recolha de informaes ou obteno de feed-backs do interlocutor. Exprimea necessidade de saber algo mais.

    "No estou a perceber bem...";"Precisaria de mais dados";"O que que Ihe parece?"

    Os efeitos no interlocutor podem ser os seguintes:- Tendncia do receptor para favorecer ou esconder informaes- Aumento da capacidade de anlise- Aumento da profundidade da comunicao

    6 - Atitude de InterpretaoCorresponde a uma interpretao do significado que teve para ns a comunicaodo interlocutor. A interpretao refere-se ao indivduo, que o objecto de uma

    anlise explicativa do seu comportamento"O que voc sente um complexo de culpa","Voc tem medo de assumir compromissos", etc.

    Este tipo de atitude tende a provocar no interlocutor sentimentos de agresso,desconfiana e bloqueio comunicao.

    Ideias base a reterO Formador um gestor de comunicao.Saber comunicar implica:- Conhecer o objectivo da comunicao- Possuir ideias claras e precisas- Dominar o cdigo lingustico e evitar o duplo sentido- Transmitir ideias teis e agradveis- Adequar a mmica s palavras e ideias que se transmiteA escuta activa implica:- Olhar atento- Atitude calma e receptiva- Comunicar no sentido de assegurar ao outro que est a ser ouvido- Gerir os silncios sem ansiedade- No interromper a comunicao do outroCriar empatia implica:- Vestir a pele do outro- Colocar-se no lugar do interlocutor- Tentar perceber o contexto emocional e as opinies do outro- Estar disponvel e receptivo comunicao- Obter Feed-back

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    O GRUPO DE FORMAO

    Objectivos

    No final da unidade, o formando dever:- Definir o conceito de grupo;- Identificar as principais caractersticas de um grupo em formao;- Identificar e caracterizar as etapas de desenvolvimento de um grupo.

    O QUE UM GRUPO?

    Enquanto ser gregrio, o Homem vive em relao com os seus semelhantes,relaes essas que podem ocorrer de vrias formas e em diversos contextos.Em funo dessas relaes, os indivduos aglomeram-se em Grupos. Um grupo constitudo por diferentes pessoas que partilham os mesmos objectivos enecessidades.Os elementos do grupo regulam as suas interaces adoptando as mesmascrenas, normas, regras e padres de comportamento. S assim possvel existirinterdependncia e cooperao, de modo a se atingir os objectivos ou satisfazeras necessidades do grupo. Todas as pessoas pertencem a um nmeroconsidervel de grupos: o departamento da empresa, a famlia, os amigos, osvizinhos, a equipa de futebol, os escuteiros, o partido poltico, etc., etc. O indivduocomporta-se como membro de um grupo desde que tenha conscincia quepartilha dos mesmos valores, regras e objectivos caractersticos dos outroselementos que formam o grupo. No preciso conhecer todos os adeptos doclube de futebol para sentirmos "que o nosso clube", e comprar o respectivoemblema. Basta reconhecermo-nos como adepto, como membro desse grupo.Todos os pequenos grupos, enquanto entidade viva e dinmica, evoluem,ultrapassando diversas etapas ou fases de desenvolvimento durante o seuperodo de vida.

    O GRUPO NA FORMAO

    AS TCNICAS DE GRUPO

    O grupo uma realidade poderosa nas situaes formativas. O formadornecessita de saber lidar com essa realidade. As funes do formador so as deregular as actividades do grupo, canalizar as suas energias, garantir um climapropcio aprendizagem. As tcnicas de trabalho em grupo permitem, ainda,desenvolver as capacidades de comunicao dos formandos. No grupodesenvolve-se maior nmero de interaces verbais e so os formandos osactores dessas interaces. As actividades que um grupo de formao realiza

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    contribuem para a produo de novos saberes, para novas prticas e para odesenvolvimento de cada elemento desse grupo.

    O QUE SE SABE SOBRE OS GRUPOS- Um grupo de trabalho intelectual produz resultados superiores aos que umelemento mdio do grupo produziria. O grupo tem ao dispor maior nmero deinformaes, maior variedade de ideias, e a discusso dessas ideias gera novasideias.- Os indivduos que trabalham em grupo aprendem mais do que sozinhos. Estefacto deve-se sinergia, osmose social ( tendncia para aceitar as regras dogrupo) e ao acrscimo de ideias a circular. Memoriza-se melhor o que se aprendeem grupo.- As decises tomadas em grupo tendem a tornar-se comportamentos estveis.(Lewin, 1940).

    Condies de Eficcia dos GruposA qualidade do trabalho de grupo aumenta at um certo nmero de participantes(quatro, cinco, elementos). Depois, se o nmero aumentar, a eficcia diminui. Amaturidade de cada elemento no basta para o grupo ser maduro. O formador temde assegurar os processos de amadurecimento do grupo, enquanto tal. Aigualdade de participao de todos os elementos tem de ser mantida peloformador e por processos internos de funcionamento. A livre comunicao deideias tem de ser garantida.

    Actividades de Grupo

    Existem vrias maneiras de organizar as actividades de formao em grupo.Apresentam-se, a seguir, as mais habituais.

    Grupo Simples/Mesma Tarefa- Todos os grupos realizam a mesma proposta detrabalho. As diferentes abordagens vo enriquecer o trabalho final.

    Grupo/Multi-Funo- Cada elemento do grupo realiza uma tarefa que faz partede uma actividade do grupo, mais complexa, articulada a outras actividades deoutros grupos. Grupo/Tarefas Diferentes - Num projecto, cada grupo realiza actividades quevo ter significado, quer durante o processo, quer na fase final do projecto. Podemainda utilizar-se as energias do grupo para aperfeioar actividades/solues paraproblemas. Cada grupo vai, sucessivamente, experimentar melhorar as soluespropostas por um outro grupo.O mesmo acontece com o grupo de formao. Na 1 etapa, que poderemosdesignar a Gnese do Grupo, o conjunto de formandos no muito mais do queum aglomerado de pessoas.O processo de Formao do Grupo inicia-se com a Apresentao. Durante esta 1fase, as energias dos participantes so investidas na resoluo da insegurana

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    psicolgica caracterstica de quem est perante um conjunto de desconhecidoscom quem se ter de relacionar.

    "Serei aceite?""Ser que vou conseguir ultrapassar a minha timidez?""E se s digo asneiras?""Os outros achar-me-o ridculo?""Sero reconhecidos os meus conhecimentos, a minha posio social?""O formador gostar de mim?"So alguns dos receios que povoam a mente dos diferentes elementos do grupo.

    Assim, esta 1 etapa caracterizada por trs atitudes bsicas:

    a) Procurar quem so os inimigos e quem so os aliados

    b) Definir o estilo de relacionamento com a autoridadePara resolver a questo da dependncia face autoridade, os comportamentososcilam entre o polo da conformidade com as regras impostas e o da "rebeldia",do questionar da autoridade. Com o desenvolvimento do Grupo, aparecero maistarde as verdadeiras atitudes de interdependncia.c) Procura da estrutura e do objectivo do Grupo- "Porque estamos aqui?"- "Qual o meu lugar?"Da compreenso da finalidade, do propsito do grupo, nasce a procura dadefinio do papel e estatuto de cada um no seio do grupo. Tambm aqui asatitudes individuais tendem a polarizar-se em dois extremos: os elementos

    orientados para o estabelecimento de um grau de intimidade e envolvimentoafectivo com os outros participantes; os elementos orientados para os aspectosestruturais e programticos.

    ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO GRUPO

    (Segundo B.W.Tuckman)O desenvolvimento dos grupos efectua-se segundo dois vectores fundamentais:- Desenvolvimento orientado para a tarefa

    - Desenvolvimento orientado para a relao.As foras implicadas no desenvolvimento orientado para a tarefa produzemcomportamentos que visam a prossecuo do objectivo - Elaborar, analisar, trocarinformao, sintetizar, etc. As foras implicadas no desenvolvimento orientadopara relao originam comportamentos que visam manter o grupo unido e coeso Concordar, promover a harmonia, encorajar, apoiar, etc. Os dois nveis sointerdependentes. S com um clima socio-afectivo adequado possvel ao grupofuncionar de modo a atingir os seus objectivos e satisfazer as suas necessidades.

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    De igual modo, dificuldades em realizar as tarefas ou actividades do grupo tm umimpacto negativo no plano socio-afectivo.B.W.Tuckman classificou as diferentes etapas de desenvolvimento dos pequenos

    grupos segundo estas duas vertentes (tarefa e relao). Existem outrasclassificaes possveis, diferente mais na forma do que nos contedos bsicos.

    ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO ORIENTADAS PARA A TAREFA

    1 Etapa - Orientao para a tarefaOs elementos do grupo procuram identificar e compreender os componentes maisimportantes da tarefa e tentam perceber qual o contributo que cada um poder darpara a resoluo do mesmo, com base nas suas capacidades e experinciaanterior.

    2 Etapa - Resposta emocional s exigncias da tarefaOs elementos do grupo resistem s exigncias da tarefa e aos pressupostos a queela obriga. O desfasamento existente entre as exigncias da tarefa e as variveisindividuais (esforo motivao, estilo de trabalho, etc.) provoca respostasemocionais negativas.Exemplo: "No estou a perceber nada! Ento para fazer assim? Mas no nosdisseram (..)";"Ah, para fazer isso? Mas assim muito difcil! No estamos preparados!

    3 Etapa Intercmbio aberto das interpretaes relevantes

    Os elementos do grupo trocam afirmaes e opinies. O debate aberto a todos.

    4 Etapa - Surgir das soluesAparecem comportamentos que revelam tentativas construtivas de resolver atarefa. A energia anteriormente requerida para manter a coeso e alimentar adisponibilidade dos vrios elementos para a tarefa, pode agora ser transferidapara o trabalho e realizao da tarefa.

    ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO ORIENTADAS PARA A RELAO

    1 Etapa - Comprovao e Dependncia

    a etapa j referida de procura dos inimigos e aliados. uma etapa de estudomtuo de reaces e atitudes, em que cada um, pela observao dos restantestenta identificar quais os comportamentos mais adequados face quele grupo equele Formador.14

    2 Etapa - Conflito intragrupalAs foras opostas conduzem a discusses e argumentao. Os elementos oscilamentre a sua individualidade e uma atitude defensiva e a integrao no grupo.

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    As interaces so desiguais e sobressai a falta de harmonia.

    3 Etapa - Desenvolvimento da coeso do grupo

    A resoluo da etapa anterior permite a aceitao em fazer parte do grupo, eaceitao das atitudes dos outros no contexto intragrupal. A atitude defensiva muito menor, tornando-se o grupo numa realidade. Os diferentes elementosestabelecem e respeitam regras e normas, de forma a evitarem o conflito eperpetuarem a vida do grupo.Da fase inicial, de gnese do grupo, chega-se a um estdio de desenvolvimentoem que o grupo adquire a sua verdadeira identidade. Constri-se um quadroreferencial comum pela aceitao da necessidade de assumir os objectivos e astarefas inerentes ao grupo, pelo respeito das regras que o grupo vai criando, pelasatisfao das necessidades de cada um de se sentir integrado, encontrarsegurana, ser aceite pelos outros, de poder participar e influenciar, de sentir

    gratificao emocional.

    ESTRUTURA DO GRUPO DE FORMAO

    Funes do Grupo e Papel do Formador

    Funes do Grupo

    Podem ser externas intercmbio com o meio ambiente envolvente (a empresa, ainstituio organizadora, etc.).Podem ser internas relao entre os diversos membros do grupo.

    Funes internas do grupo (focalizemo-nos nestas funes):

    Funo de produo: Prossecuo dos objectivos delineados pelodesenvolvimento e concretizao das actividades e tarefas.O papel de Animador ou Formador relativo a esta funo, consiste em garantir queos objectivos foram compreendidos e aceites pelos diversos membros do grupo edirigir o grupo para o esforo de os atingir.

    Funo de facilitao: Estabelecer as normas de funcionamento e as regras decomportamento, de forma a reger os desempenhos de modo a facilitar arealizao dos objectivos do grupo.O Animador ou Formador deve assegurar o desempenho dos papis definidos porcada membro, e gerir os meios necessrios execuo desses papis.

    Funo de regulao: Regulao das trocas interpessoais e dos conflitos.

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    Ao Animador ou Formador cabe gerir a vida interna do grupo, a comunicaointerna, de modo a salvaguardar a unio e a cooperao no seio do grupo.

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    Tipos de ambiente pedaggico imprimidos pelo Formador ao executar o seupapel no Grupo de Formao (segundo Lippit e White)

    A) Estilo Autoritrio ou Autocrtico O Formador concentra o poder de deciso em relao aos objectivos, contedose mtodos de trabalho; Explica por etapas e no fornece uma viso global das tarefas; Situa-se fora do Grupo e no se envolve com as tarefas. Mantm odistanciamento mximo necessrio imposio do seu estatuto de lder; Sanciona distraces e interaces. Mantm a comunicao centrada noscontedos programticos, impedindo a expresso individual; o plo emissor e receptor das mensagens, controlando as redes decomunicao; Controla resultados por feed-back individual:Assinala errosNo refora sucessos A avaliao assume a forma de crtica individualizada; Atitudes de avaliao, orientao e interpretao.

    Efeitos no Grupo

    - Produo elevada em quantidade.- Clima do Grupo negativo e nvel motivacional baixo.- No h expresso dos conflitos que permanecem latentes.- No h lugar para a criatividade e expresso individual.

    B) Estilo "Deixar andar" ou Liberal- O Formador apresenta o conjunto das tarefas mas delega todo o poder dedeciso ao Grupo quanto a mtodos de trabalho.- Situa-se fora do grupo, sentindo-o como uma ameaa.- Faz pacto de no incomodar se no o incomodarem.- No intervm nas crises ou afirma-se de forma incoerente.

    - No controla resultados. Se solicitado utiliza uma falsa atitude no-directiva:"O que que acha?""Faa como Ihe parecer melhor..."Exerce uma falsa liderana, demitindo-se do seu papel.

    Efeitos no Grupo:- A Comunicao , num 1momento, elevada chegando euforia- Posteriormente, a comunicao anrquica substituda por descontentamento edesmotivao.

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    - O grupo corre o risco de se desmembrar e afastar-se por completo dasactividades e objectivos estipulados.- A Produo muito diminuta.16

    C) Estilo Democrtico- O poder de deciso no est concentrado no Formador. O Grupo possui certaautonomia na tomada de decises.- O Grupo participa na fixao dos objectivos e mtodos de trabalho.- O Formador intervm nas crises mais relevantes.- o Grupo e cada um dos seus membros que controla os resultados.- Atitudes de apoio, Explorao, Interpretao e Empatia.A comunicao abundante, existindo alternncia de papis de Emissor eReceptor dentro do grupo.

    Efeito no Grupo:- A produtividade elevada, embora possa no atingir os nveis do estiloautoritrio- Em compensao, a criatividade estimulada e o grupo consegue encontrarnovas frmulas e solues no aprendidas.- O clima scio-afectivo positivo e h motivao.- O grupo torna-se coeso e adquire uma verdadeira identidade.

    Quem Compe os GruposExistem vrias tipologias descritivas dos perfis tpicos usualmente encontrados

    nos pequenos grupos. Apresentam-se de seguida algumas delas. Quem aparecenos grupos de Formao:

    O Sr. Sabicho:Tenta impor aos outros as suas ideias com grande convico.Pode estar bem informado ou simplesmente gostar de monopolizar acomunicao.No receptivo a ouvir os outros e raramente abdica das suas opinies.Por vezes, transforma-se em Perguntador, tentando atrapalhar o Formador oulev-lo a apoiar o seu ponto de vista.

    Atitude sugerida ao Formador:- Reforar a confiana do grupo, dirigindo-lhe perguntas de resposta no imediata.- Concordar que aquela uma perspectiva possvel, mas pede ao grupo quemanifeste a sua opinio.7

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    O Sr. Mudo:Aptico e silencioso.No participa, considera-se superior ou inferior ao assunto em discusso.

    S est fisicamente, no se interessa por nada.

    Atitude sugerida ao Formador:- Solicitar, com tacto, a sua opinio sobre algo que seja possvel relacionar com osseus interesses, realando a importncia da experincia de todos os elementos;- Fazer com que o grupo perceba a inteno do Formador de levar o Mudo aparticipar.

    O Tmido:Extremamente preocupado em no errar.Receia o julgamento dos outros, tem muita dificuldade em expor-se ou ser alvo da

    ateno do grupo enquanto fala. No entanto, tem ideias e interessa-se pela vidado grupo. Muitas vezes um observador atento.

    Atitude sugerida ao Formador:- Dirigir-lhe perguntas fceis, de modo pouco directivo;- Reforar as suas intervenes, chamando a ateno dos outros participantespara elas.

    O Demod:Tem ideias muito prprias e antiquadas. E rgido e conservador.Dirige-se ao grupo com atitudes de superioridade, marcando um certo

    distanciamento. Tem averso ao trabalho de grupo.

    Atitude sugerida ao Formador:- Respeitar a sua susceptibilidade.- No o criticar directamente, mas apresentar correces como sugestes ou naforma dubitativa "sim, mas...".O Bocas:Est noutra onda. distrado e distrai os outros. Os seus interesses soessencialmente ldicos, da que as suas colaboraes so espordicas e semgrande investimento de esforo.Atitude sugerida ao Formador:

    - Colocar-lhe perguntas directas e fceis tratando-o pelo seu nome para o "ligar terra".- Perguntar-lhe a opinio sobre o que acaba de ser dito.18

    O Z Marreta: de ideias fixas. Gosta de discutir e est sempre no contra. Critica os trabalhos eas performances dos outros.

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    Muito na defensiva, tenta impor-se pela agressividade, ferindo os outros.Ningum gosta de trabalhar com ele e no entanto parece ter orgulho em serassim.

    Atitude sugerida ao Formador:- No se deixar envolver nos conflitos.- Reformular as comunicaes no sentido de serem apropriadas pelo grupo.- Aproveitar as ideias interessantes que possa emitir fazendo-o sentir-se membrode uma equipa.

    O Fala-Barato:Fala, fala, fala! Tem grande necessidade de ateno e cansa o grupo comfacilidade fugindo aos temas.

    Atitude sugerida ao Formador:- Esperar o momento oportuno e cortar-lhe a comunicao, agradecendo a suacontribuio mas alertando para o facto de que est interessado em ouvir asopinies dos colegas.

    O Trabalhador:Seguro de si, tem muitas ideias, colabora e empenha-se animadamente.Sempre pronto a colaborar com o Formador.

    Atitude sugerida ao Formador:

    - Procurar obter a sua contribuio;- Reforar a sua conduta, agradecendo-lhe.

    O Extrovertido: alegre, amigo do grupo e muito bom companheiro. Partilha as suasexperincias, conta piadas interessantes, anima o grupo.

    Atitude sugerida ao Formador:- T-lo como aliado, j que um elemento querido do grupo.

    O Actualizado:Tem ideias inovadoras, procura informao dentro e fora do grupo.Faz e aceita crticas construtivas.Deseja crescer com o grupo e gosta de progressos no trabalho.Tem uma atitude analtica.

    Atitude sugerida ao Formador:- Reforar as suas contribuies.

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    - Enquadrar as suas perspectivas nos mtodos de trabalho adoptados.

    O Crianola:

    Preguioso, gosta de tudo bem mastigado.No se empenha com o resto do grupo, mas gosta de obter ganhos, mesmo semfazer nada por isso.

    Atitude sugerida ao Formador:- Intervir, no sentido de o responsabilizar e interessar pelas actividades,salientando os benefcios.

    O Lder:Os lderes podem ser nomeados partida, em funo da sua competncia ouestatuto social. Podem, tambm, emergir na sequncia das necessidades e

    desenvolvimento do grupo.

    possvel identificar dois tipos de liderana:O lder orientado para a tarefa, preocupado com os aspectos estruturais deresoluo das actividades do grupo.O lder orientado para a relao, cuja principal preocupao consiste em manter acomunicao e o clima socio-afectivo positivo. Para que o grupo atinja os seusobjectivos, o lder ideal conjuga em si as duas orientaes descritas.

    Retrato do lder:- Tem ideias

    - seguido pelos outros- Tem poder de persuaso- Consegue-se fazer ouvir- Obtm a adeso do grupo s suas ideias- carismtico- Est perfeitamente integrado no grupo.

    Ideias base a reter: Um Grupo um conjunto de dois ou mais indivduos.- Com um objectivo comum.- Interdependentes.- Que adoptam regras, normas e sanes que regulam o seu comportamento nombito do grupo.- Onde cada um desempenha um papel.- E coopera para que o grupo atinja o seu objectivo.

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    Os grupos passam por fases caractersticas durante o seu desenvolvimentoreferentes tarefa e referentes ao domnio relacional.O formador ou animador gere a vida do grupo, assegurando que as suas

    diferentes funes se realizam e que os objectivos so alcanados.O formador pode adoptar diferentes estilos de gesto do ambiente pedaggico, deautoritrio, a liberal ou a democrtico, com diferentes consequncias naprodutividade e no clima psicolgico do grupo.Em todos os grupos de formao surgem elementos que podem ser mais oumenos identificados com personagens-tipo.Os lderes so peas fundamentais no desenvolvimento, caminho escolhido eidentidade de cada grupo.

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    CONFLITOS NA RELAO PEDAGGICA

    ObjectivosNo final da unidade, o formando dever:- Inferir no significado de conflito em formao;- Identificar as principais origens do conflito- Identificar as principais formas de lidar com o conflito

    SIGNIFICADO DO CONFLITO EM FORMAOSegundo a Teoria dos Campos de Fora de Kurt Lewin, na gnese de um grupo

    dinmico esto presentes foras de natureza diferente e que se opem.Existem no grupo Foras de Progresso resultantes dos factores que promovem aFormao e continuidade do grupo. Como exemplo destes factores, podem-sesalientar as motivaes dos participantes para se tornarem elementosrepresentativos do grupo, a presso social para que o grupo se forme (naempresa, no departamento, a nvel da sociedade em geral, no seio da famlia,etc.), os interesses e valores dos participantes e outros. Como energias contrriasa estas, existem tambm as Foras de Regresso, resultantes dos factoresinibidores da progresso do grupo. A insegurana psicolgica, os receios decompetio ou desvantagem, o ter de agir em conformidade com as normas, aaplicao de sanes so exemplos desses factores. O impacto destas foras emoposio provoca uma tenso latente no seio do grupo, tornando-se este, partida, num organismo potencialmente em conflito. Para que o grupo sedesenvolva e progrida h que resolver a tenso interna causada pelas Forascontraditrias. S assim, se poder atingir o estado de coeso imprescindvel paraque o grupo atinja os seus objectivos ou finalidades.Ento, parece legtimo concluir que o conflito, ou as foras contraditrias que oalimentam, um elemento promotor de mudana, de avanos e evoluo nosgrupos. Deste modo, entende-se que a resoluo positiva da tenso intra-grupodar origem a uma nova dinmica de funcionamento. Como organismo vivo,dinmico e nico que , o grupo nasce, cresce e morre, passando por diversasetapas ao longo da sua existncia. Tal como acontece com os indivduosisoladamente, tambm nos grupos o desenvolvimento ocorre por "saltos", fases decrise, mais ou menos intensas, que proporcionam mudana.Culturalmente -nos transmitida a noo de que o conflito algo penoso, mesmoassustador, que preciso evitar em nome da tranquilidade e da harmonia.Contudo, so o desequilbrio, os obstculos, a conjuno de foras contrrias queimpedem a estagnao. Todo o desenvolvimento do Homem, bem como das suasrelaes com os outros homens, esto impregnados de conflitos quedesencadeiam a mudana e a evoluo.

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    O Formador age como promotor de mudana a nvel das pessoas deconhecimentos, de profisso ou especialidade, de atitudes, etc. e dosorganismos de que fazem parte - reestruturaes, modernizaes, etc.

    A Situao de Formao Possui um Grande Potencial de Conflito

    A mudana no encarada pelos indivduos de forma pacfica. Mesmoreconhecendo a sua necessidade, as foras de regresso fazem-se sentir. Existeuma inrcia, uma resistncia mudana, pois esta obriga a um esforo deresoluo e adaptao s novas situaes que, por sua vez, transportam sempreem si o desconhecido. Na situao de Formao existe uma negociaoconstante, mais ou menos explcita, entre os diversos elementos - Formador,participantes, instituio organizadora que propem objectivos e modelos porvezes diferentes, que aspiram a finalidades contraditrias, etc.

    ORIGENS DO CONFLITOExistem vrias fontes potenciais para o conflito numa situao de ensino-aprendizagem. Vamos analisar algumas delas.

    Internas ao Grupo:

    1 - Heterogeneidade de idades, experincia ou escolaridade.As diferenas individuais acentuadas implicam maneiras divergentes decompreender as realidades, motivaes e interesses muito diversificados e

    progresses a ritmos variados no processo de aprendizagem. Constituem, assimcircunstncias potencialmente desencadeadoras de atritos, comunicaesdistorcidas, desmotivao ou expresso de agressividade.

    2 - Luta pela LideranaAlguns dos participantes mais dominantes no grupo, ao disputar os papis deliderana podem originar rivalidades e estimular oposies e competio.

    3 - Relao de Competio ou de SeduoA natureza do relacionamento entre alguns participantes susceptvel de

    comprometer a coeso e o clima positivo do grupo. Quando h sobreposio depapis na estrutura do grupo fica difcil gerir as foras internas. o caso daparticipao de irmos num mesmo grupo. frequente transporem para asituao de ensino-aprendizagem a rivalidade ou esprito competitivo da suarelao no grupo familiar. Nestes casos, o irmo mais competitivo pode remeter ooutro para uma posio desconfortvel, em que o peso da estrutura familiar surgecomo um "olho" avaliador do seu desempenho na Formao. Tambm as relaes

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    de seduo inter- sexos podem conduzir o grupo fragmentao ou funcionaremcomo um rudo de fundo prejudicial comunicao pedaggica.

    4 - Caractersticas internas de cada IndivduoAntes da nova identidade do grupo estar consolidada, o "historial" de cada umemerge com maior ou menor intensidade, conduzindo a fenmenos detransferncia que determinam o tipo de interrelaes entre os membros do grupo.A experincia anterior de frustraes e sucessos vivida em contextos similares, transposta para a nova situao. Assim, o comportamento dos indivduos nomomento presente pode estar a ser determinado por experincias desagradveisque nada tem a ver com a situao de Formao em si.A transferncia de modos de relacionamento positivos ou negativos pr-existentes(tipo de relao que se tem ou se teve com as figuras parentais, com os chefes,amigos, etc.) para o formador ou outro membro do grupo que tenha desencadeado

    essa associao, pode condicionar o clima scio-emocional na sala de formao.Este mecanismo a maioria das vezes algo automtico, inconsciente, e por issomesmo difcil de controlar.

    5 - Relacionamento com a instituio organizadoraAs condies fsicas e materiais, o espao e equipamentos destinados formaoquando no so adequados ou satisfatrios, quer em quantidade, quer emqualidade, so foco de descontentamento e reaces de hostilidade por parte dogrupo ou alguns dos seus elementos. Infelizmente, acontece com algumafrequncia os objectivos delineados para determinada populao no serem osmais efectivos para responder a todas as necessidades reais dessa mesma

    populao, ou, por outro lado, o tempo decorrente entre a elaborao de umPrograma de Formao e seus objectivos, e a sua implementao prtica, tornaresse programa de algum modo ultrapassado. A informao, as expectativascriadas nos futuros Formandos, a forma como o processo de recrutamento foiconduzido, a resoluo da situao profissional aps o curso, enfim, todo o nvelinstitucional materializa-se na pessoa do Formador. Ao estar acessvel ao grupo, quem "d a cara", quem responsabilizado, num 1m omento, por factores que amaior parte das vezes lhe so alheios.

    6 - Relao Formador-Grupo e Caractersticas Pessoais do FormadorO Formador aos olhos do grupo aparece como: A figura paternal, autoritria; Algum com grande poder econmico; O representante da instituio organizadora; Um professor associado velha escola. a "vtima" preferencial dos fenmenos de transferncia. As caractersticas depersonalidade do Formador, o seu estilo de relacionamento interpessoal, marcante para o tipo de ambiente pedaggico que se gera na situao de ensino-aprendizagem.

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    A preparao psico-pedaggica, aliada estrutura de personalidade do Formador condicionante para o despertar ou no de conflitos no seio do grupo. Apreparao tcnico-profissional do Formador outra varivel importante a este

    nvel.43

    Estes trs factores - estrutura de personalidade, e preparao prvia, quertcnica, quer pedaggica - so fundamentais na avaliao que o grupo fez dapessoa do Formador, enquanto gestor legtimo da comunicao em sala.

    Quais os primeiros sinais de que algo vai mal?

    Existem situaes tpicas de reaco quer a presses internas quer a pressesresultantes do relacionamento com o meio exterior, que facilmente se podem

    identificar. Vamos ver algumas delas:- Rudo de fundo, suave e disfarado num 1momento, e que progressivamenteaumenta de intensidade e frequncia, ignorando a autoridade do Formador.- Outras formas de comunicao marginais, como mensagens escritas a circularou papelinhos a voar.- Perguntas ou questes que visam desafiar a autoridade ou competncia doFormador.- Dilatao progressiva dos tempos de intervalo, pontualidade desrespeitada econtraco do tempo em sala (saindo tarde e chegando mais cedo).- Movimento de entradas e sadas da sala, com justificaes mais ou menosfictcias.- Resistncia passiva, pela recusa em responder s questes colocadas peloFormador.- Durante o decorrer da Formao, surgirem discusses acesas, incontornveis,entre alguns dos participantes.

    Perante estes e outros sinais, o Formador tem duas escolhas possveis: ignorarou lidar com os conflitos.Atitudes como:"No h nada a fazer, isto assim com todos " ou fazer de conta que no se v,

    pois complicado usar a autoridade face a adultos (e o Formador pode ficar numaposio embaraosa), significam"colocar a cabea debaixo da areia como a

    avestruz". Isto , no por tentar fugir situao ignorando-a ou adoptandoestratgias de discusso que a tenso negativa desaparece do grupo, podendocomprometer o sucesso do grupo, em atingir os objectivos pedaggicos a que seprops.Como a tenso do grupo no se dissipa, o Formador tende a assimil-la e aculpabilizar-se pela situao.Inevitavelmente, sentir-se- inseguro, menos auto-confiante e, de algum modo,desmoralizado face ao seu desempenho profissional.

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    COMO LIDAR COM OS CONFLITOS

    Logo de incio, existem alguns procedimentos gerais que previnem a ocorrncia

    de futuros atritos ou ms relaes no grupo. So eles:

    1 - Garantir a disposio da sala em U

    Anula a percepo de sala de aula tradicional. um indicador implcito de que setratam de contextos diferentes, bloqueando um pouco as associaes negativasde fenmenos de transferncia decorrentes da experincia vivida no modeloescolar (testes, avaliaes, mau relacionamento com professores, desmotivao). uma configurao facilitadora de comunicao, colocando os elementos dogrupo de frente uns para os outros. um convite interaco com os outros,favorecendo a consolidao da identidade do grupo.

    2 - Promover a apresentao dos diferentes elementos

    Dizer alguma coisa sobre si prprio ajuda a quebrar o gelo inicial, um modolgico de se comear a comunicar... Reduz a insegurana psicolgicacaracterstica do 1momento, de desconhecimento m tuo. Como complemento daapresentao formal - em que os diferentes elementos dizem o nome, esucintamente, qual a sua rea de actividade e qual o seu interesse em participar aAco de Formao - os Jogos de Apresentao recomendam-se para imprimir oestilo de relao e de actividades caractersticas de Formao desde o princpio.

    3 - Discutir e esclarecer desde logo as regras de funcionamento do grupo

    Estabelecer horrios a cumprir, concertar a durao dos intervalos, prazos,questes como o fumar em sala, etc.No decorrer da Formao, cabe ao Formador resolver as dificuldades quesurjam, quer no domnio da tarefa, como no domnio scio-afectivo.

    4 - Evitar as exposies tericas prolongadas

    Um adulto consegue prestar ateno a 100% durante um perodo de tempo muitolimitado. necessrio intercalar as vrias actividades, de modo a quebrar a

    monotonia. Conferindo ritmo e dinamismo Formao, garante-se, em parte, queos mecanismos de ateno e concentrao dos participantes no esto saturados.Por outro lado, os debates, discusses, jogos pedaggicos obrigam a certasprecaues, pois tambm contm os seus perigos:

    Monopolizao das redes de comunicao por alguns elementos, remetendo osrestantes para o papel de receptores passivos;

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    Emergncia de necessidades competitivas ou de rivalidades, impedindo o grupode prosseguir nas suas funes e actividades;

    Crescer no grupo o sentimento de que se est a perder tempo. Da que os jogose debates tenham de se enquadrar no contexto pedaggico da sesso. No final, oFormador deve elaborar uma sntese conclusiva e integradora da comunicaoque se gerar, relacionando com os objectivos pedaggicos da sesso;

    Os elementos no faladores, tmidos e introvertidos podem viver com ansiedadeou insegurana este tipo de actividades;

    Silncios prolongados, que "boicotam" os propsitos e a dinmica dasactividades de grupo propostas;

    O perigo dos silncios maior quando o grupo ainda recente. Assim, oFormador tem de "sentir" o grupo e tentar perceber qual vai ser a adeso queletema ou quele jogo. Actividades que impliquem uma exposio face ao grupopodem ser sentidas pelos diferentes elementos como intrusivas.

    A mudana a efectuar na Formao acontece a nvel dos conhecimentos tcnicose tambm a nvel do saber- estar.Na sala de Formao so ensaiadas novas formas de estar em relao, formasalternativas de trabalho em conjunto, de comunicar em grupo. A experincia e osaber de cada um no podem ser ignorados em populaes indivduos adultos, ou

    jovens adultos. vital a existncia de espao para a expresso individual.Mesmos as questes e perguntas referentes "matria" possuem sempre umadimenso emocional e social. Quando quero esclarecer uma dvida estou tambma satisfazer necessidades sociais, de reconhecimento do meu estatuto no grupo ede afirmao da minha individualidade.O Formador preocupado em respeitar o contedo programtico por vezes no seapercebe da importncia do domnio scio - afectivo e da necessidade de seenquadrar a sua expresso na situao de ensino - aprendizagem. Simplesmente,no se pode esquecer de que os seus objectivos no so obrigatoriamente osmesmos que os dos participantes.

    Trabalhar o domnio da relao facilitar a transmisso dos conceitos tericos etcnicos. O Formador funciona como um "sensor", tem que estarpermanentemente atento para detectar as tenses e apreciar a sua incidncia naprogresso do grupo. Isso implica estar articularmente sensvel ao Feed-backdado pela expresso oral e o comportamento no verbal de cada um.

    Ao detectar tenses interpessoais, o Formador, enquanto gestor de comunicao,dever favorecer a expresso dos conflitos latentes. S pela expresso explcita

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    das tenses negativas possvel trabalh-las. Se no forem faladas, continuaroa crescer, ganhando fora por oposio s foras de progresso.Ao possibilitar a expresso e debate de conflitos, preciso propor ao grupo a

    resoluo dos mesmos, por duas razes fundamentais:

    Quem est descontente j pensou ou desejou a melhor alternativa para que asua situao se modifique...

    Ao se solicitar solues, est-se a responsabilizar o grupo, enquanto parteactiva do processo de Formao.

    Naturalmente o grupo conduzido, pelo Formador e por si prprio, a comunicarnum registo racional, mais objectivo. Caminha-se, assim, do domnio daemocionalidade carregada, para reformulaes neutras e objectivas dosproblemas. Ser, ento, possvel encontrar em conjunto solues suficientementeboas e funcionais.As questes colocadas de forma agressiva devem ser refeitas assertivamente,afim de serem apropriadas pelo grupo e se poder avanar. As reformulaesajudam a compreenso racional das circunstncias e factores implicados em mal-entendidos ou rivalidades, pois obrigam os indivduos a distanciarem-se daemoo e a olhar para si prprios, analisando os comportamentos de formaobjectiva.

    Em todo este processo, o Formador tem de obedecer a duas regras de ouro:

    - 1 Nunca se deixar envolver emocionalmente nos conflitos

    - 2 Ser capaz de lidar com eventuais agressividades ou hostilidades sem reagirimpulsivamente.

    S a prtica e a experincia acumuladas permitem obedecer com facilidade aestes dois pressupostos. No entanto, a vivncia destas situaes, mesmo que nose tomem os procedimentos mais correctos, sempre positiva uma vez quepermite elaborar uma auto-crtica construtiva e evoluir enquanto profissional. Face presso do grupo, existem algumas respostas tpicas dos Formadores queiremos enumerar e que sero mais nefastas ou mais teis resoluo de conflitos

    e gesto da comunicao num conceito pedaggico.

    Atitudes negativas

    Defender-se atrs do estatuto de Formador: Utilizar termos tericos rebuscados, de modo a exibir a sua superioridade emSaber;

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    Interpretar as perguntas ou intervenes no sentido de as menosprezar ouridicularizar;Por vezes, expresses tpicas da linguagem de cada um podem obter um impactonegativo junto dos Formandos, como sejam :"Como toda a gente sabe";" obvio que...";"Essa pergunta nem parece sua", etc.Utilizar os tempos mortos para "jogadas de seduo", isto , mostrar interesseindividualizado pela experincia de alguns dos elementos, de forma a obteralianas e aliados; pela competncia psico-pedaggica e tcnica que o Formador deve conquistar oseu estatuto no grupo e no pela ateno meramente sedutora.- Reduzir o tempo em sala, no respeitando os horrios pr-estabelecidos;- Escudar-se da participao activa do grupo por medo de perder o controle do

    ambiente pedaggico, utilizando desculpas como " um grupo muitoheterogneo", "Existem elementos perturbadores, vai-se perder muito tempo",.

    Atitudes positivas

    Adaptar o contedo/programa, os exerccios e as actividades s caractersticasespecficas de cada grupo; Trabalhar a relao, mostrando-se disponvel e eficaz mas no abdicar de fazero apelo indispensvel teoria; Assegurar-se que a sua comunicao foi efectiva e compreendida pelosreceptores, utilizando questes como:Ficaram clarificados?Gostariam que reformulasse alguma questo?. Obter feed-back mas no efectuar perguntas dirigidas, " Professor"; Provocar mudanas de ritmo ao longo da sesso, diversificando estratgias,recursos e meios pedaggicos.

    Ideias base a reterSo vrias as origens dos conflitos grupos:- Heterogeneidade de idades, experincia ou escolaridade- Luta pela Liderana-

    Relao de Competio ou de Seduo- Caractersticas pessoais de cada Indivduo- Relacionamento com a instituio organizadora- Relao Formador-Grupo e Caractersticas Pessoais do Formador Formas delidar com o conflito:- Garantir a disposio da sala em U. Anula o aspecto de sala de aula tradicional- Promover a apresentao dos diferentes elementos- Discutir e esclarecer desde logo as regras de funcionamento do grupo- Evitar as exposies tericas prolongadas

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