Manual de apoio pedagógico para trabalhar com os estilos de aprendizagem de kolb

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA MANUAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA TRABALHAR COM OS ESTILOS DE APRENDIZAGEM DE KOLB Autor: Isaías Pessoa da Silva – [email protected] Orientadora: Profa. Dra. Filomena Maria Gonçalves da Silva Cordeiro Moita - [email protected]

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

MANUAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA TRABALHAR COM OS ESTILOS DE

APRENDIZAGEM DE KOLB

Autor: Isaías Pessoa da Silva – [email protected]

Orientadora: Profa. Dra. Filomena Maria Gonçalves da Silva Cordeiro Moita - [email protected]

Campina Grande/2014

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APRESENTAÇÃO

Estimado(a) professor(a)!

Este manual tem como objetivo principal dar apoio a você, professor (a), seja do

Ensino Básico como também do Ensino Superior. Preparamos esse material para auxiliar o

professor como utilizar a Teoria dos Estilos de Aprendizagem em suas salas de aulas,

encarando novos desafios e buscando inovações para os ambientes de aprendizagem.

Sabemos que os desafios de ensinar são grandes, por isso, cada ferramenta que possa vim

somar neste processo é fundamental para o sucesso de todos.

Pensando nesta problemática, destacamos neste manual alguns questionamentos

importantes sobre os Estilos de Aprendizagem, a saber: O que são estilos de aprendizagem?

Quais são os estilos de aprendizagem identificado por David Kolb? O que é o ciclo de

aprendizagem de Kolb? De que maneira os professores podem utilizar os estilos de

aprendizagem em sala de aula?

Durante todo o texto buscaremos, não trazer respostas para esses questionamentos,

mas sim instigar reflexões sobre o processo de ensino e aprendizagem, colocando sempre a

frente de tudo os “saberes” e as experiências que cada aluno traz consigo do seu ambiente de

vivência. Neste sentido, finalizando esse trabalho, indicamos algumas atividades para serem

trabalhadas com os alunos em sala de aula, de acordo com o estilo de aprendizagem de cada

um.

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O QUE SÃO ESTILOS DE APRENDIZAGEM?

Os estudos sobre estilos de aprendizagem sugiram nos anos 60 com os trabalhos de

Jerome Kagan (1966) que apresentou o teste de emparelhamento de figuras familiares

(Matching Familiar Figures Test), 5 anos depois, surgiu os trabalhos desenvolvidos por

Herman Witkin (1971), o qual apresentou o teste de figuras incrustadas (Group Embedded

Figures Test). A partir desses estudos surgiram outros cada vez mais aprofundados sobre os

estilos da cada um. Um dos mais importantes pesquisadores neste campo de estudo é David

A. Kolb (1976), que desenvolveu o Inventário de Estilos de Aprendizagem que é muito

utilizado até os dias atuais.

Além desses pesquisadores citados anteriormente, podemos citar outros que

desenvolveram trabalhos importantes nesta área, tais como, A. Grasha y S, Riechmann(1974),

Rita Dunn y Kennet Dunn (1978), Keefe (1979), Honey, y Mumford (1988) Alonso e

Gallego (2002), Gallego e Ongallo (2003), Antonio Augusto Fernándes (2004) e mais

recentemente os notáveis trabalhos de Daniela Melaré Vieira Barros, a qual tem aprofundado

e avançado bastante os estudos dos estilos de aprendizagem.

No decorrer dos estudos, algumas definições para estilos de aprendizagem foram

surgindo. Dentre as tantas definições, destacamos a de Berrocoso (1997, p. 335), que diz que:

O estilo de aprendizagem é um conglomerado de variáveis cognitivas, afetivas e fisiológicas úteis como indicador relativamente estável do modo através do qual um aluno percebe, interage no ambiente de aprendizagem e responde ao mesmo. O estilo de aprendizagem manifesta-se por um padrão de conduta através do qual o indivíduo dirige suas atividades educativas.

Uma definição adequada aos estudos atuais é a apresentada por Lima (2007, p. 60),

quando diz que estilos de aprendizagem são: “[...] as condições por meio das quais os

indivíduos percebem e processam as informações, ou seja, como esses indivíduos interagem

mediante as condições de aprendizagem que englobam aspectos cognitivos, afetivos,

biológicos, ambientais e psicológicos”.

Outra definição para estilos de aprendizagem que merece destaque é apresentada por

Lima (2007, p. 63), quando cita Kolb (1984), onde diz que:

Estilos de Aprendizagem como um modo de aprendizagem relativamente estável, que deriva de configurações consistentes das transações entre o individuo e o meio, de acordo com os modos predominantes pelos quais aprendemos e lidamos com as idéias e com as situações do dia a dia.

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Embora as definições anteriores não sejam iguais elas fazem referencias à situações de

aprendizagem, envolvendo o indivíduo com o ambiente de aprendizagem.

COMO IDENTIFICAR OS ESTILOS DE APRENDIZAGEM PROPOSTO POR DAVID

KOLB?

Para identificar os estilos de aprendizagem de cada sujeito, Kolb desenvolveu uma

importante ferramenta: O Inventário de Estilos de Aprendizagem (IEA). Essa ferramenta é um

questionário de auto-relato, composto por doze séries de palavras, ou seja, doze sentenças

com quatro finais para cada uma delas, as quais definem os quatro modos de aprendizagem

que consequentemente definem os estilos de aprendizagem.

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Inventário sobre os Estilos de Aprendizagem de David Kolb (IEA)

Fonte: Lima (2007)

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O quadro a seguir mostra os modos e os estilos de aprendizagem proposto por Kolb

(1984).

Os Modos de Aprendizagem e os Estilos de Aprendizagem proposto por Kolb

Modos de Aprendizagem Estilos de Aprendizagem

Experiência Concreta (EC) Divergente

Observação Reflexiva (OR) Assimilador

Conceituação Abstrata (CA) Convergente

Experimentação Ativa (EA) Acomodador

Para Kolb (1984), cada indivíduo aprende de maneira particular e conforme suas

experiências vividas, as quais os sujeitos trazem consigo, influenciando sua forma de pensar,

agir, se comunicar, fazer etc. Ele ainda enfatiza que o estudante deve, durante as situações de

aprendizagem, estar envolvido emocionalmente (Experiência Concreta), escutar, observar e

refletir (Observação Reflexiva), criar ideias e conceitos mentais (Conceituação Abstrata) e

finalmente decidir o que fazer com aquilo que foi apreendido (Experimentação Ativa).

O QUE É O CICLO DE APRENDIZAGEM DE KOLB?

Os modos de aprendizagem juntamente com os estilos de aprendizagem formam um modelo

em forma de ciclo com quatro etapas, ou dimensões, o que é denominado de Ciclo de

Aprendizagem de Kolb, como mostra a figura a seguir.

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Ciclo de Aprendizagem Elaborado por Kolb

Fonte: Lima (2007)

O ciclo de aprendizagem de Kolb apresenta quatro dimensões de aprendizagem, que

relacionadas dois a dois formam os estilos de aprendizagem, a saber:

A dimensão do sentir: Experiência Concreta (EC), representando a aprendizagem

como resultada dos sentimentos. Aprendendo pela experiência – aprendendo por meio dos

sentimentos e do uso dos sentimentos, aprender baseando-se em experiências específicas

(lidando com pessoas, ouvindo-as, tocando-as...)

Dimensão do observar: Observação Reflexiva (OR), representando a aprendizagem por

meio da avaliação e da reflexão. Aprendendo pela reflexão - aprender observando

cuidadosamente antes de fazer julgamentos, observar soluções possíveis de diferentes

perspectivas e procurar o significado das coisas.

Dimensão do pensar: Conceituação Abstrata (CA), representando a aprendizagem por

meio do raciocínio. Aprendendo pelo pensamento – a aprendizagem nesta etapa compreende a

análise lógica das ideias, o planejamento sistemático e a compreensão intelectual de uma

situação ou informação.

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E finalmente, a dimensão do fazer: Experimentação Ativa (EA), representando a

aprendizagem por meio da ação. Aprender fazendo – a aprendizagem nesta etapa adquire uma

forma ativa, influenciando pessoas e acontecimentos por meio da ação, correndo riscos e

mostrando habilidade em “fazer algo com a aprendizagem”.

Consequentemente, os quatros modos de aprendizagem combinados dois a dois,

determinam os quatro estilos de aprendizagem proposto por Kolb (1984). Os indivíduos

pertencentes a cada estilo têm suas características próprias. Vejamos cada um deles.

QUAIS SÃO OS ESTILOS DE APRENDIZAGEM DE KOLB?

São quatro os estilos de aprendizagem identificado por Kolb: Estilo Divergente, Estilo

Assimilador, Estilo Convergente e o Estilos Acomodador.

O Estilo Divergente tem uma tendência predominante a aprender baseado na Experiência

Concreta e na Observação Reflexiva. São indivíduos que conseguem analisar situações por

diferentes perspectivas. São questionadores, criativos, geradores de alternativas,

reconhecedores de problemas e hábeis ao compreender as pessoas.

Fonte: http://www.clevercorp.com.br/blog/2014/06/20/inventario-de-estilos-de-de-aprendizagem-de-kolb/

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O Estilo Assimilador aprende por meio da Observação Reflexiva e da Conceituação

Abstrata. Destacam-se por seu raciocínio dedutivo e por sua habilidade de criar modelos

abstratos ou teóricos. Interessam-se mais pelo aspecto lógico de uma ideia do que pelo seu

valor prático.

Fonte: http://www.clevercorp.com.br/blog/2014/06/20/inventario-de-estilos-de-de-aprendizagem-de-kolb/

O Estilo Convergente aprende utilizando a Conceituação Abstrata e a Experimentação

Ativa. Um ponto forte desses indivíduos é a aplicação práticas das ideias. Obtendo maior

sucesso em situações que tem uma única solução correta.

Fonte: http://www.clevercorp.com.br/blog/2014/06/20/inventario-de-estilos-de-de-aprendizagem-de-kolb/

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O Estilo Acomodador tem sua aprendizagem baseada na Experimentação Ativa e na

Experiência Concreta. Os indivíduos adaptam-se bem às situações imediatas, aprendem,

sobretudo, fazendo coisas e aceitando desafios. Atuam mais influenciados pelos sentidos e

sentimentos do que por uma análise lógica.

Fonte: http://www.clevercorp.com.br/blog/2014/06/20/inventario-de-estilos-de-de-aprendizagem-de-kolb/

No adulto, o desenvolvimento das estruturas cognitivas está completo, a aprendizagem

apresenta um enfoque nas relações entre ambiente e indivíduo, nas dimensões: aquisição,

especialização e integração. A aprendizagem experiencial é o produto de como o adulto

vivencia, experimenta o mundo e modifica-se por meio da interação homem-meio, em suas

relações de trabalho, educação e desenvolvimento pessoal.

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O diagrama a seguir faz uma boa representação de como se organiza as ideias em

situações de aprendizagem dentro do ciclo de Kolb. Essa relação acontece de acordo com as

dimensões da aprendizagem em cada um dos quadrantes do ciclo, como pode ser visto a

seguir.

Fonte: http://www.clevercorp.com.br/blog/2014/06/20/inventario-de-estilos-de-de-aprendizagem-de-kolb/

Segundo Lima (2007), a teoria de Kolb fundamenta-se nas propostas de John Dewey,

Jean Piaget e Kurt Lewin, com as quais mantém pelo menos dois pontos de convergência: que

a aprendizagem se desenvolve para um objetivo, e o enfoque na experiência como

possibilitador da aprendizagem continuadamente. A figura abaixo nos dá uma ideia de como o

ciclo de aprendizagem acontece de maneira contínua e sequencial.

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Fonte: http://group4live.blogspot.com.br/2013/05/dinamica-de-grupo.html

É importante destacar que o ideal seria que os indivíduos desenvolvessem todos os

estilos de maneira semelhante, o estilo divergente, assimilador, convergente e acomodador,

porém isso é muito complexo, pois as pessoas são mais habilitadas a realizar certas coisas do

que outras (PORTILHO, 2009). Neste sentido, torna-se necessário a compreensão do

professor em relação aos seus alunos, não podendo exigir deles uma homogeneidade de

características comportamentais e intelectuais. Embora seja importante desenvolver as demais

habilidades que não são características no seu estilo de aprendizagem, deve-se respeitar o

tempo de aprendizagem de cada um.

DE QUE MANEIRA OS PROFESSORES PODEM UTILIZAR OS ESTILOS DE

APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA?

Conhecendo o Estilo de Aprendizagem de cada aluno o educador, estará mais apto a

preparar atividades educacionais que serão mais direcionadas, mais atraentes, motivantes,

mais significativas, de acordo com a personalidade cognitiva dos seus alunos. Essas atitudes,

certamente, maximiza e potencializa o aproveitamento do aprendiz. 

O despertar pelo aprender acontece de acordo com o nível de interação que o aluno

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tem com aquele tema. Certamente os temas que lhe causam mais interesse facilitam a

aprendizagem, pois prende a atenção do aluno, ele se envolve mais nas atividades, estabelece

melhor relação com os colegas nas discussões, onde tudo isso corrobora para uma melhor

aprendizagem. Por tanto, diante desse fato, “descobrir qual é o Estilo de Aprendizagem do

aluno é o mesmo que descobrir como ensinar-lhe com mais eficiência e obter resultados mais

significativos”.

OS JOGOS ELETRÔNICOS E OS SIMULADORES VIRTUAIS COMO MATERIAIS

DIDÁTICOS DIGITAIS

Não há como negar a presença das TIC na sociedade contemporânea. Ela, sem dúvidas

alguma, veio para transformar nossos ambientes, seja ambiente cotidiano, de trabalho ou de

aprendizagem. No contexto educacional tem um papel de destaque muito importante, como

destacam Barros et al. (2011, s.p.):

[...] as tecnologias proporcionam diferentes recursos, dinâmicos, interativos, dotados de alto potencial comunicacional e informativo que podem ser agregados ao contexto educacional, não como forma de introduzir novos conteúdos, mas sim como elementos capazes de contribuir para uma formação diferenciada em um contexto social cada vez mais adaptado a esses artefatos. Alguns desses recursos são: chats, blogs, hipertextos, fóruns, teleconferências, videoconferências, além de jogos eletrônicos, vídeos, imagens, softwares interativos educacionais.

Em relação ao acesso aos jogos eletrônicos e as habilidades naturais que os jovens de

hoje tem para manusear as diversas tecnologias existentes, Moita et al. (2013, p. 126), destaca

que:

A facilidade das crianças e jovens de hoje em lidar com recursos tecnológicos vai de encontro com as dificuldades provenientes do estudo de conteúdos ligados à Matemática, como a necessidade de abstração e de relacionar contextos naturais com os conceitos sistematizados. É válido considerar os conhecimentos produzidos pelos jovens a partir do manuseio de artefatos digitais e do compartilhamento de informações subsidiado pela internet. Os jogos digitais, não apenas os que foram criados para fins educacionais, são valiosos recursos de ensino e aprendizagem.

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Neste sentido, é importante que os jogos, de maneira geral, seja analógicos ou digitais,

possam ser utilizados para sanar ou diminuir essas dificuldades enfrentadas pelos alunos, em

especial nas disciplinas de Matemática e Física, por exemplo.

Alves (2007), também corrobora com esse pensamento e reforça destacando que

O jogo é um elemento da cultura que contribui para o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo dos sujeitos, se constituindo assim, em uma atividade universal, com características singulares que permitem a ressignificação de diferentes conceitos. Portanto, os diferentes jogos e em especial os jogos eletrônicos, podem ser denominados como tecnologias intelectuais (ALVES, 2007, p. 63).

Segundo Rizek (2006), os jogos eletrônicos oferecem algumas variações, a saber:

Jogos de Aventura: apresenta desafios a serem solucionados pelos jogadores por etapa. A

história se desenvolve a medida que os problemas mais complexos são solucionados pelo

jogador.

Jogos de Ação: a habilidade em manusear os controles é fator um fator principal, com os

objetivos de derrubar alvos, eliminar inimigos, desviar de obstáculos, entre outras situações

que exigem agilidade.

 Shooter: jogo de ação e aventura que oferece uma visão do cenário com um personagem

principal.

Simulação: podem variar de jogo para jogo, indo desde a construção do modelo de

crescimento de uma cidade até a invenção de um relacionamento.

Esses

Existe atualmente no mercado mundial uma diversidade incrível de jogos eletrônicos

de toda natureza e que esses jogos, que estão a disposição gratuitamente em diversos sites na

internet, podem ser uma boa opção de atividade dinâmica para ser trabalhada com os alunos

desde os anos iniciais. É importante salientar que os jogos eletrônicos não é uma “perda de

tempo” para os jovens, como muitas pessoas pensam. Esse tipo de jogo, quando bem

trabalhando com os alunos, pode desenvolver habilidades importantes para os jovens. Desde

capacidade de construir estratégias, planejamento, exploração da percepção visual de um

determinado ambiente, trabalho em equipe colaborativo, etc.

O aluno deve procurar sempre seguir seus sentidos de aprendizagem e encontrar

caminhos novos para solucionar certos problemas dentro do jogo, muitas vezes utilizando

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conhecimento de matemática e física, por exemplo, ou mesmo interpretando textos no

decorrer dos jogos. Esses conhecimentos são desenvolvidos pelos alunos de maneira

imperceptível, no entanto é papel do professor colaborar para que essas habilidades sejam

mais bem trabalhadas e aproveitadas em diversos ambientes de aprendizagem.

Um jogo eletrônico viciante que se tornou febre entre os jovens é o “Angry Birds”.

Esse jogo aparentemente simples esconde uma ferramenta muito interessante para as aulas de

Matemática e Física. Utilizando esse jogo é possível trabalhar alguns conceitos importantes.

Em Matemática pode ser explorando, entre tantos conteúdos, cálculo de distância entre dois

pontos, ângulo de inclinação da atiradeira em relação ao solo, gráficos no sistema cartesiano,

etc.

Uma atividade interessante que pode ser trabalhada com os alunos do 9º ano utilizando

o Angry Birds, seria as coordenas no Sistema Cartesiano, como nos mostra a figura a seguir.

Fonte: http://www.10minutemath.com/2011_05_01_archive.html

Nesta atividade o professor juntamente com os alunos pode explorar de maneira muito

divertida e interessante a localização dos pontos (pássaro), no sistema de coordenadas

cartesianas. Certamente a atividade se tornará mais atraente aos olhos dos alunos, sobretudo

aqueles que o estilo de aprendizagem é mais lúdico e visual, ou seja, que aprende observando

e colocando a “mão na massa”.

A atividade seguinte tem como objetivo explorar o conceito de parábola nas funções

quadráticas que geralmente é trabalhado na disciplina de Matemática no 9º ano. A trajetória

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do pássaro laçado da atiradeira em direção ao alvo pode ajudar os alunos a construírem esse

conceito de maneira prática e visual, como representa a ilustração a seguir.

Fonte: http://mcdoteaching.wordpress.com/math-angry-birds/

Além desses conteúdos podem ser explorados outros de Matemática e Física mais

complexos em níveis mais elevados, como nos mostra a figura a seguir.

Fonte: http://romulomussel.blogspot.com.br

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Os simuladores virtuais devem ser utilizados como ferramenta educativa explorando

as diversas habilidades de acordo com os estilos de aprendizagem. No entanto, Rizek (2006),

enfatiza que seja preservado três princípios básicos:

O princípio da veracidade: devem trabalhar com situações de problemas verdadeiros e

não apenas com demonstrações de princípios.

O princípio da realidade: alunos e professores devem utilizar os equipamentos

disponíveis em laboratório para iniciar ou refazer o experimento sempre que

necessário, complementando a testagem de hipóteses por meio de simulações feita no

computador.

O princípio da solidariedade: professores e alunos trocam informações entre si,

podendo utilizar a internet, que oferece muitos recursos de comunicação, permitindo

uma compreensão mais ampla dos fenômenos estudados.

Os simuladores virtuais como os de carro, por exemplo, além de muito divertido pode

ser extremamente educativo e contribuir significativamente para a formação cidadã dos

estudantes. Desde cedo, por meio dos simuladores virtuais, eles podem aprender a se

comportarem no trânsito, o respeito pela vida, a preservação do meio ambiente, etc. seja como

pedestres ou mesmo, como futuros condutores de veículos. Além de aprenderem também

sobre as regras e normas de trânsito, visto que existem alguns simuladores que estão

disponíveis no mercado bastantes interessantes, equipados com simulação em 3D e de acordo

com a legislação de brasileira.

Fonte: http://www.lendomais.com.br/simuladores-de-carro-onde-comprar-jogos-volantes/

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES DE ACORDO COM CADA UM DOS QUATRO

ESTILOS DE APRENDIZAGEM PROPOSTO POR KOLB.

Neiva e Trevelin (2011), propõem uma série de atividades que podem ser

desenvolvidas por professores em sala de aula destacando especificamente cada estilo de

aprendizagem. Assim as atividades são desenvolvidas de acordo com as características de

cada estilo.

Estilo Assimilador

Para os indivíduos que apresentam o Estilo Assimilador, sendo sujeitos que preferem

criar modelos teóricos e com raciocínio indutivo, ou seja, integrar observações distintas

reunindo-as em explanações integradas. Esses indivíduos são menos interessado nas pessoas e

mais voltado para ideias e conceitos abstratos.

Nesta linda de raciocínio as autoras sugerem algumas atividades para esses sujeitos.

Como eles preferem atividades individuais e feedback professor/aluno, o professor pode

desenvolver atividades de observação e pesquisa voltadas a conceitos abstratos e que tenham

como comprovar a resolução. Como por exemplos: atividades de leitura e interpretação de

textos teóricos. Resenhas, resumos, artigos, ou mesmo projetos que propiciem a organização e

classificação de coisas, interpretando mapas, diagramas, etc.

Estilo Convergente

Os Convergentes apresentam maior capacidade na solução de problemas, na tomada

de decisão e na aplicação prática de ideias. O conhecimento do convergente é organizado de

tal modo que, por meio do raciocínio hipotético-dedutivo, ele consegue manter o foco em

problemas específicos.

Neiva e Trevelin (2011), sugerem como atividades para esse grupo de indivíduos,

pesquisas que tenham relação com a prática, como por exemplo, projetos práticos, e pesquisas

que tenham relação com a prática e resolução de problemas, como também debates de temas

polêmicos, apresentação de seminários e estudos de caso.

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Estilo Acomodador

Os indivíduos pertencentes a esse estilo apresentam maior potencial (força) em fazer

coisas, realizar planos e envolver-se bem em novas experiências. Eles tendem a aceitar mais

os riscos das decisões, devido à sua característica adaptativa.

Como esses sujeitos preferem atividades em grupo, aprendem mais com as

informações fornecidas por outras pessoas e preferem atividades práticas de vivência e que

possam lidar com pessoas, as autoras propõem para esse grupo de indivíduos atividades em

grupo, e que os momentos em sala de aula possam ser alternados entre teóricos e práticos.

Entre as atividades, destacam-se os projetos em grupo, realização de debates e entrevistas,

aulas práticas de montagem e construções de objetos e simulações, etc.

Estilo Divergente

Finalizando o ciclo temos os indivíduos pertencentes ao estilo Divergente. Neiva e

Trevelin (2011), destacam que esses sujeitos possuem habilidade imaginativa, criativa e

consciência dos significados e dos valores. O divergente tem grande habilidade para ver

situações concretas de muitas perspectivas diferentes e de organizar muitas relações de um

modo sistemicamente significativo.

Por serem mais voltados aos sentimentos e preferirem atividades que estejam voltadas

ao sentir e observar, as atividades propostas podem ser, por exemplo, trabalhos feitos em

grupo de maneira colaborativa, como também criação de peças teatrais, musicais. Outras

atividades importantes são os grupos de discussão, os debates de questões críticas, estudos de

caso, etc.

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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Explorar os estilos de aprendizagem dos alunos na sala de aula é, certamente, uma

experiência que vale a pena. Essa experiência não deve ser testada apenas em alunos de

cursos superiores, como acontece de costume. Ela deve fazer parte desde o ensino básico,

onde poderá desde então trazer subsídios aos professores para desenvolverem habilidades

especificas nos alunos e fazer com que eles possam melhorar o rendimento naqueles

conteúdos que apresentam baixo desempenho. Só conseguimos melhorar em algo quando

identificamos o problema ou nossos pontos fracos.

Portanto, os estilos de aprendizagem se apresentam como uma nova possibilidade de

exploração de ideias e conceitos particulares no ambiente de vivencia dos alunos. As salas de

aulas não são homogêneas, por isso, cada aluno tem seu próprio ritmo de aprendizagem e esse

ritmo deve ser respeitado. Não podemos querer que nossos alunos aprendam da mesma forma,

utilizando os mesmos métodos ou mesmo as mesmas ferramentas.

A inserção de novos métodos pedagógicos, de novas ferramentas didáticas ou

materiais didáticos digitais, torna-se necessário para atender os alunos contemporâneos.

Nosso alunos encontra-se cada vez mais mergulhados em tecnologias e isso acaba sendo, na

maioria das vezes, um problema para os professores em relação a atenção dos alunos durante

as aulas. É importante que as aulas se tornem mais dinâmicas com a presença de algumas

ferramentas simples, porém muito atraentes para os alunos, como por exemplo, vídeos,

imagens, hipertextos, jogos eletrônicos, softwares interativos educacionais, etc.

É preciso compreender que os processos de ensino e aprendizagem estão se renovando

continuamente, deixando de lado métodos tradicionais baseados quase sempre na

aprendizagem por repetição de procedimentos e técnicas. Faz-se necessário experimentar o

novo, novas descobertas, novos caminhos a serem trilhados para que se possa chegar a lugares

novos, os quais ainda estão “escondidos” em nossas mentes.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, L. Jogos eletrônicos e SCREENAGENS: possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem. In: SILVA, Eliane M.; MOITA, Filomena; SOUSA, Robson P. Jogos eletrônicos: construindo novas trilhas.Campina Grande: EDUEP, 2007.

BARROS, D. M. V. Estilos de Aprendizagem na atualidade – volume 1/ org. Daniela Melaré Vieira Barros.[et. al.] Lisboa: [s.n.], 2011. 197p.

BERROCOSO, J.V. Orientación educativa y diferencias individuales: perfil global del estilo de aprendizaje en alumnos de secundaria. Revista de Ciencias de la Educación, n.171, p. 335-348, 1997.

LIMA, A. I. A. O. - Estilos de aprendizagem segundo os postulados de David Kolb: uma experiência no Curso de Odontologia da Unoeste . 2007, 141 p. Dissertação ( Mestrado em Educação) -- Pró- Reitoria de Pesquisa e Pós- Graduação. Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente, SP, 2007.

KOLB, D. A. Experimental learning: experience as the source of learning and development. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice – Hall, 1984.

MOITA, F.; SOUSA, R. P. Jogos eletrônicos: construindo novas trilhas. Campina Grande: EDUEP, 2007.

MOITA, F. M.G. S. C. et al. Angry Birds como contexto digital educativo para ensino e aprendizagem de conceitos matemáticos: relato de um projeto. XII SBGames, São Paulo, Brasil, 2013. P. 121-127. Disponível em: http://www.sbgames.org/sbgames2013/proceedings/cultura/Culture-17_full.pdf. Acesso em 12 de agosto de 2014.

NEIVA, J. S. F. S.; TREVELIN, A. T. C. Estilos de Aprendizagem e Avaliação. In: BARROS, D. M. V. (org.). Estilos de Aprendizagem na atualidade – volume 1. Lisboa: [s.n.], 2011. p. 191-197.

RIZEK, B. Desmistificando o micro: a inteligência artificial como aliada no planejamento escolar. Revista do educador Direcional Escolas. Ano 2. Ed. 19. p. 28,29. Ago. 2006.