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Manualdo Professor

Digital

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CATEGORIA 5

4º. e 5º. anos do Ensino Fundamental

AUTORIA DAS ATIVIDADES:

CÉLIA CRIS SILVA

Célia é escritora, autora de materiais didáticos, mediadora de leitura, especialista em leitura de múltiplas linguagens e mestre em literatura. Trabalhou como editora de livros por mais de 20 anos, fez formação de

professores e de leitores, deu aula em universidade. Mas foi fazendo rodas de leitura com crianças, idosos, moradores de rua, dependentes químicos

e pacientes psiquiátricos que pôde ver o que a leitura faz pelas pessoas – e com as pessoas. A leitura dá voz a elas, ajuda a atribuir sentido ao que veem

e nomear o que sentem. Para Célia, a literatura (e a leitura) amplia o olhar e torna os humanos mais humanos.

TEMAS Encontros com a diferença

Autoconhecimento, sentimentos e emoções

O mundo natural e social

Família, amigos e escola

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Célia Cris Silva

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Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)

S586 Silva, Célia Cris. A história de Ppibi : manual do professor digital / Célia Cris Silva. – Curitiba : Positivo, 2018. 570 MB ; ePUB

ISBN 978-85-467-2131-3

1. Literatura – Manuais, guias, etc. I. Título.

CDD 800

A história de Ppibi

The Story of Ppibi© Song Jin-heon, 2003Todos os direitos reservados.© Direitos de tradução em língua portuguesa para Editora Positivo Ltda., 2015.Edição viabilizada por Changbi Publishers, Inc.

Gerente Editorial: Júlio Röcker NetoGerente de Arte e Iconografia: Cláudio Espósito GodoyTradução: Alexandre KojiEdição: Cristiane MateusSupervisora de Arte: Elvira Fogaça CilkaRevisão: Gloria Cunha, Luicy Caetano e Maiza Prande BernardelloEdição de arte e capa : Aurélio Camilo, Fabíola Castellar, Janaina Beltrame e Rosangela Cesar de Lima BragaEngenharia de Produto: Solange Szabelski Druszcz

Manual do Professor Digital

© texto: Célia Cris Silva, 2018.

Supervisão: Cassiano NovackiEdição de Arte: Juliana Maria Salmon FranklinEdição: Cristiane Mateus e Célia Cris SilvaProjeto Gráfico: Aurélio Camilo, Fabíola Castellar, Janaina Beltrame, Paula Rodrigues Bonardi Blaskowski e Rosangela Cesar de Lima BragaDiagramação: Éder Fujihara Martinez CebrianRevisão: Felipe Ramalho da Silva e Luiz Henrique Tobias

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO: AUTOR E OBRA

2 MOTIVAÇÃO PARA LEITURA E ESCUTA

3 TEMAS, CATEGORIA E GÊNERO LITERÁRIO

4ABORDAGEM DA OBRA LITERÁRIA: ORIENTAÇÕES, SUBSÍDIOS E PROPOSTAS DE ATIVIDADES DE LEITURA

5 ORIENTAÇÕES PARA AS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

6 ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR

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CONTEXTUALIZAÇÃO: AUTOR E OBRA

O AUTOR: SONG JIN-HEON

Song Jin-heon nasceu na Coreia do Sul, em 1962. Estudou Belas-Artes na Universidade de Hongik e se tornou ilustrador de livros infantis.

Publicou A história de Ppibi em 2008. Esse foi seu primeiro livro como escritor. Ele dedicou essa história, que é autobiográfica, à sua filha, que nasceu com uma deficiência mental.

A OBRA: A HISTÓRIA DE PPIBI

Inteiramente ilustrado com a técnica de desenho e pintura em grafite, o livro é de excepcional delicadeza e sutileza. Foi baseado numa história real vivida pelo autor, durante sua infância. Quando criança, Song Jin-heon teve um amigo autista.

É uma sensível e tocante história sobre diferença e indiferença, preconceito e apartação e sobre o afastamento daqueles considerados “diferentes”.

Ppibi é um menino autista que vive afastado das outras crianças. Passeia sozinho pela floresta, sempre batendo com pequenos gravetos na cabeça. Um dia, um garoto resolve acompanhá-lo e também passa a ser vítima do preconceito dos outros meninos. Com o tempo, não resiste e abandona Ppibi. A história mostra como, muitas vezes, para se adequar e ser aceito, o indivíduo contraria suas próprias inclinações e não respeita as diferenças.

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MOTIVAÇÃO PARA LEITURA E ESCUTA

Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua

diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade. (EF15LP15 – BNCC)

Para trabalhar com o tema Encontros com a diferença, você pode iniciar criando um ambiente propício para a leitura do livro com a música O caderno de Antonio Pecci Filho e Lupicínio Rodrigues, cantada por Toquinho. A canção fala dos sentimentos de um caderno, da amizade entre ele e sua dona.

Depois da música, converse com a turma sobre AMIZADE. Um caderno e uma pessoa são muito distintos. Que outras amizades fora do comum poderiam ser citadas? Pergunte, então sobre a amizade entre a turma. O que é preciso para ser amigo? Deixe que falem o que pensam. Caso ninguém toque no assunto, pergunte se é preciso ser tolerante com as diferenças entre os colegas.

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Outro tópico de conversa pode ser sobre SENTIMENTOS. O que sentimos quando um amigo nos ajuda ou nos abandona? Pergunte sobre as sensações físicas que esses sentimentos podem causar como “frio na barriga”, “dor no peito”.

Relacione a amizade e os sentimentos com os ambientes ao redor. Há lugares em que nos sentimos mais e menos seguros? Quais? Questione os porquês.

Proponha, então, a leitura de uma história que aborda justamente tudo isso.

PRÁTICAS DE LINGUAGEM

OBJETOS DE CONHECIMENTO

HABILIDADES

3.º ANO 4.º ANO 5.º ANO

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO

Leitura/escuta (compartilhada e autônoma)

Decodificação/Fluência de leitura

(EF35LP01) Ler e compreender, silenciosamente e, em seguida, em voz alta, com autonomia e fluência, textos curtos com nível de textualidade adequado.

Formação de leitor (EF35LP02) Selecionar livros da biblioteca e/ou do cantinho de leitura da sala de aula e/ou disponíveis em meios digitais para leitura individual, justificando a escolha e compartilhando com os colegas sua opinião, após a leitura.

Compreensão (EF35LP03) Identificar a ideia central do texto, demonstrando compreensão global.

Estratégia de leitura (EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos.

(EF35LP05) Inferir o sentido de palavras ou expressões desconhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do texto.

(EF35LP06) Recuperar relações entre partes de um texto, identificando substituições lexicais (de substantivos por sinônimos) ou pronominais (uso de pronomes anafóricos – pessoais, possessivos, demonstrativos) que contribuem para a continuidade do texto.

Fonte: BNCC

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TEMAS, CATEGORIA E GÊNERO LITERÁRIO

Leitura no contexto da BNCC é tomada em um sentido mais amplo, dizendo respeito não somente ao texto escrito, mas também a imagens estáticas (foto, pintura, desenho, esquema, gráfico, diagrama) ou em movimento (filmes, vídeos etc.) e ao som (música),

que acompanha e cossignifica em muitos gêneros digitais. (BNCC)

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TEMAS

Encontros com a diferença

Autoconhecimento, sentimentos e emoções

O mundo natural e social

Família, amigos e escola

CATEGORIA 5

4º. e 5º. anos do Ensino Fundamental

GÊNERO

Livro de imagens

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JUSTIFICATIVA

Respeitar as diferenças tornou-se uma urgência, uma ne-cessidade e um desafio na sociedade moderna, que tem sido abalada por manifestações assustadoras de intole-rância, desrespeito e falta de compreensão para as dife-renças de qualquer natureza. O respeito às diversidades figura em documentos oficiais e em discursos variados, tornando-se um lema, uma bandeira. No entanto, a falta de respeito ainda grita, choca, mata, entristece.

Talvez a origem desse cenário pessimista seja a cons-trução de identidades baseadas num olhar preconceituo-so estabelecido por gerações anteriores, em que não se aprende a calçar os sapatos alheios e praticar a empatia, prática esta que só pode ser realizada a partir do autoco-nhecimento, da percepção de si mesmo, dos sentimen-tos que só os humanos podem compartilhar.

Este livro não irá resolver todos esses problemas, mas ele pode contribuir para sensibilizar o leitor, mostrar a ne-cessidade urgente de compreensão e proporcionar diá-logo franco e aberto. Esta leitura também pode ajudar a construção de um olhar mais acolhedor, compreensivo, de aceitação e a refletir sobre formas de ajudar o próxi-mo, fazendo-o se sentir parte de um grupo, sendo acolhi-do e respeitado, na expectativa de construir uma comu-nidade, uma cidade, um país e um mundo mais justo e sustentável.

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ABORDAGEM DA OBRA LITERÁRIA: ORIENTAÇÕES, SUBSÍDIOS E PROPOSTAS DE ATIVIDADES DE LEITURA44.1 ORIENTAÇÕES GERAIS: DIALOGANDO COM A BNCC

A obra literária não é um livro didático, ou seja, não é escrita a partir de conteúdos di-dáticos e não tem o compromisso de ensinar disciplinas como Matemática, Ciências, Geografia. Se assim fosse, deixaria de ser literatura. Porém, muitos livros literários trazem – seja em seu tema, enredo, narrativa ou imagens – rico e vasto manancial que pode ser aproveitado pelo professor em sala de aula para estimular e desenvolver competências que visam a formação humana em suas múltiplas dimensões.

A BNCC aponta dez competências gerais que devem ser desenvolvidas pela educação básica. A leitura de obras literárias pode ser uma ponte valiosa para essas competências. O livro A história de Ppibi possibilita uma relação mais estreita com as competên-cias 8 e 9, contribuindo para o desenvolvimento da empatia e da cooperação.

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COMPETÊNCIAS GERAIS DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e ex-plicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a cons-trução de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferen-tes áreas.

3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversifi-cadas da produção artístico-cultural.

4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que le-vem ao entendimento mútuo.

5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comu-nicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimen-tos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e deci-sões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

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8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a coopera-ção, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Fonte: BNCC

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A PRESENÇA VITAL DA LITERATURA EM SALA DE AULA

Meus primeiros anos de profissão foram um tempo de forte pressão. Juntamente com noções teóricas e alta taxa de entusiasmo, fui para a sala de aula disposta a fazer tudo diferente do que alguns de meus professo-res não conseguiram fazer. Eu via nos meus alunos uma dose de expectativa de boas aulas e de aprendizagem significativa. Na sala dos professores, recebia a ducha fria daqueles que já haviam sido derrotados e confessa-vam abertamente sua desilusão com a carreira. Até hoje me lembro de algumas frases pouco animadoras sobre o magistério: não as esqueci, mas também não as adotei. Resolvi abrir caminho contra as amarguras e em prol de meus alunos. E foi na leitura e na literatura que aprendi a lidar com a pressão, com a desilusão e com o entusias-mo. Por isso, hoje não hesito em propor aos colegas de magistério um caminho que lhes assegure o quanto vale a pena trazer para a profissão e, principalmente, para os alunos que nos rodeiam, textos que tratam das lutas hu-manas, das esperanças e dos conflitos que amadurecem personagens e leitores. É um pouco dessa experiência e dessa crença na leitura que orienta este texto que fala da vida, da experiência vital com a literatura. Vital para o professor, para os alunos e para a educação.

A FORMAÇÃO DE LEITORES

Nessa contribuição do tempo e dos escritos a respeito de leitura, aparecem algumas ideias geradoras que foram sedimentando o trabalho em sala de aula, trazendo novas reflexões e práticas voltadas à formação de novos leito-res. Entre essas contribuições estão:

• a leitura é um trabalho progressivo, atemporal e contínuo;

• a alfabetização é o primeiro e indispensável estágio para o desenvolvimento e a maturação de um leitor;

• os textos a serem lidos estão em vários suportes (li-vros, revistas, cartazes, folhetos, filmes, letras de can-ções, telas digitais e muitos outros);

Por isso, hoje não hesito em propor

aos colegas de magistério um

caminho que lhes assegure o quanto vale a pena trazer

para a profissão e, principalmente,

para os alunos que nos rodeiam, textos que tratam

das lutas humanas, das esperanças e dos conflitos

que amadurecem personagens e

leitores.

4.2 SUBSÍDIOS PARA A FORMAÇÃO DO LEITOR

Convidamos Marta Morais da Costa para escrever um texto

abordando a metodologia utilizada neste

projeto de leitura.

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• a compreensão dos escritos pressupõe conhecimen-tos já adquiridos, somados a conhecimentos que se fazem no momento da leitura e permitem atribuir signi-ficados ao que se lê;

• a interpretação dos textos requer amplitude de conhe-cimentos de muitas áreas, que vão além da língua em que o texto se apresenta, como a história pessoal e co-letiva, a cultura, a sociologia, a psicologia, a geografia, as artes e outras, que o próprio texto a ser interpretado propõe;

• a literatura é um texto verbal que provoca o leitor para exercer as mais diferentes habilidades leitoras: sensibi-lidade à estética das palavras, exercício do imaginário, desejo de ficcionalização, crença e crítica de persona-gens-situações-ações-inter-relações, compreensão da alma humana, entre outras;

• a leitura de obras desafiadoras incentiva e amadurece a reflexão e o pensamento crítico.

Esses princípios salientados podem – e devem – orientar a formação de leitores para o ingresso mais legítimo e adequado na cultura escrita. Afinal, um dos objetivos da escola é ensinar a ler e a escrever. Na sociedade com-plexa atual, em que textos se multiplicam infinitamente, o processo de ler e escrever tem que passar por moder-nização e aproximação com a realidade cultural. Há algu-mas décadas, os alunos aprendiam a ler para dar conta de funções elementares: rótulos, linhas de ônibus, en-dereços, notícias de jornais impressos, manuais simples de utilização. Tinham dificuldades para ler bulas de remé-dios, contratos, artigos científicos, narrativas literárias em ordem não cronológica, instruções de uso de novas tecnologias. Esse descolamento da evolução da vida co-tidiana produziu reações negativas às funções da leitura. Não era raro as crianças abandonarem os estudos, car-regarem para a vida adulta um estado de analfabetismo funcional e a exclusão da cultura escrita mais desafiado-ra, mais refinada, mais civilizada.

As pesquisas que investigam histórias de leitores de-monstram, bem e com frequência, a qualidade extraor-dinária que a capacidade de ler e de refletir traz para a melhoria de vida das pessoas. Pessoas que viveram momentos de grande dificuldade, mas perseveraram na busca de formação pessoal – lastimavelmente, às vezes,

A leitura de obras

desafiadoras incentiva e

amadurece a reflexão e o

pensamento crítico.

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em oposição à escola formal. Entre professores, é fre-quente encontrarmos pessoas que declaram o quanto foi difícil sua caminhada entre livros e aprendizagens.

Temos, na atualidade, condições de evitar essas dificulda-des futuras de nossos alunos. A leitura por si só não tem o poder de alterar a sociedade, mas tem excelentes con-dições para transformar o modo como as pessoas enten-dem a realidade e compreendem as relações humanas. Se acreditarmos nesse poder da leitura, todo investimento pedagógico para construir e formar leitores será recom-pensado. É com esse objetivo em mente que as orienta-ções e reflexões aqui apresentadas se desenvolvem.

DE QUAL LITERATURA ESTAMOS TRATANDO?

Ana Maria Machado, além de escritora premiada inúme-ras vezes, também tem obras dedicadas a refletir sobre leitura e literatura. Em uma delas, Silenciosa algazarra (2011), ao tratar da inter-relação entre textos – a denomi-nada “intertextualidade” –, a autora contrapõe dois tipos de livro. O primeiro, que ela qualifica como “apenas li-vrinhos para crianças”, apresenta as seguintes caracte-rísticas: “sedutores e coloridos, a ensinar a escovar os dentes antes de dormir, olhar para os lados ao atravessar a rua, ou a descrever como um dinossauro antropomor-fizado ou um bebê ursinho obedece a seus pais.” (p. 91).

A partir dessa descrição, é fácil reconhecer essa catego-ria de livros que povoa as estantes de livrarias, de esco-las, de bibliotecas, os sites de compras on-line, as bancas de revistas, os estandes de venda de livros em congres-sos e feiras e outros locais de venda ou empréstimos de livros. Ilustrações gigantes, formatos de bichos, frutas ou casas, poucas palavras, narrativa primária e, acima de tudo, a presença da ilusão de que se a criança gosta se tornará leitora para sempre. É material destinado à venda – muitas vezes em promoções vantajosas – e sem com-promisso com a literatura como inovação, criação e ato de conhecimento e de reflexão.

Quantas vezes escolas e professores apresentam às crian-ças esse material de propósitos moralizadores disfarçado de historinhas e figurinhas? Assim mesmo no diminuti-vo. Sua narrativa é de fácil compreensão (por exemplo, personagens que têm nomes e corpos diferentes, mas

Quantas vezes escolas e professores

apresentam às crianças

esse material de propósitos moralizadores disfarçado de historinhas e

figurinhas?

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fazem sempre ações iguais e com finais felizes), palavras e frases rasas e simplificadas e, lá no final, sempre, sem-pre, a vitória da virtude e o castigo da maldade. Virtude e maldade tratadas de modo superficial, que é para não complicar ou melindrar a sensibilidade dos leitores. Essa literatura comportada e padronizada não tem a ver com o que lemos nos livros que proclamam as qualidades posi-tivas da literatura para formar cidadãos, pessoas autôno-mas e espírito crítico. São textos para passar o tempo e para vender aos montões.

O segundo tipo de livro, segundo Ana Maria Machado, é de uma “narrativa digna desse nome, com conflitos, anta-gonismos, crises, personagens de alguma complexidade, com um trabalho de linguagem capaz de criar ambiguida-des semânticas e estratégias de relato que deem margem a situações ricas em possibilidades de sentidos variados e a uma dinâmica de plurissignificação” (p. 91). O con-ceito de literatura passou ao longo da história a se definir por diferentes atributos, funções e objetivos. Na cultura ocidental contemporânea, há, ao menos, duas correntes bem distintas. Uma delas considera literatura tudo o que está escrito e publicado em forma de livro, sem que ne-cessariamente passe pelo critério da arte. Desse modo, usam-se os termos “literatura jurídica”, “jornalismo literá-rio”, “literatura médica”, “literatura didática”. A segunda cor-rente trata o termo “literatura” pela qualidade do uso artís-tico da língua em que está escrito o texto. O critério passa a ser, portanto, a língua com “possibilidades de sentidos variados” e “uma dinâmica de plurissignificação”, confor-me qualificou Ana Maria Machado. Obedecendo a esses dois atributos, a linguagem literária é aquela que se apoia, mais do que a fala cotidiana, em sentidos plurais, em ca-madas de significados e na pluralidade das interpretações que esse uso pressupõe. As palavras da autora têm um sentido prefixado por teorias linguísticas que usam termos objetivos como “plurissignificação” e “sentido”. Não pos-so substituir o primeiro por “pluralismo” e o segundo por “sentido do olfato”, por exemplo.

Observemos o seguinte fragmento de uma narrativa de Ana Maria Machado: “A Perereca era parecida com os sapos da lagoa. Mas pequenininha, sapinha à-toa. Uma sapa sapeca. Moleca. Fulustreca. Pra lá e pra cá, de pulo em pulo, de pinote em pinote. Como bola de

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papel quando leva piparote” (A Jararaca, a Perereca e a Tiririca). Temos aqui um personagem humanizado, antro-pomorfizado, mas que não perde a ligação com a realida-de: comporta-se como sapo, próximo à água, saltando. Temos sonoridades repetidas – formando rimas, mesmo que o texto seja em prosa. Temos a comparação com a bola, motivada pelos pulos da perereca. Temos carac-terísticas pouco precisas: o que é ser moleca? Há uma mistura de registros da língua: o convencional (perereca, sapos, lagoa, papel) e a linguagem oral (sapinha à-toa, fulustreca, pra, piparote). Essa mistura provoca o diferen-te, o humor, a leveza do texto infantil. A narrativa em sua totalidade vai tratar de solidariedade, aventuras, papéis assumidos, valorização dos bichos de tamanho pequeno (personagens iguais aos pequenos leitores) e que ven-cem seus obstáculos, mudam seus destinos. Isso signi-fica: a narrativa expande seus significados, entra na vida dos leitores criando semelhanças e diferenças, provocan-do reflexões. A linguagem brinca com o leitor a partir de brincadeiras com ela mesma, por meio de sonoridades, termos diferentes e engraçados, frases simples e curtas que chegam diretamente aos leitores. Há uma leveza do texto que indica, pela própria linguagem, que a autora se preocupou em escrever pensando em seus leitores reais e usando para essa comunicação os recursos existentes na língua, mas organizados em forma inovadora.

A LEITURA DA LITERATURA EM SALA DE AULA

Por isso, ao trazer textos literários para a sala de aula e para dentro de uma pedagogia da literatura, os professo-res estarão proporcionando a seus alunos essas vivências linguísticas, essas realidades imaginárias, essa comuni-cação via sentidos, sensações e identificações. Trata-se de promover o encontro da criança leitora com histórias e, ao mesmo tempo, com a sua própria história. Princi-palmente as crianças, costumam ler a realidade apenas a partir de seu umbigo, de forma autocentrada. O mesmo procedimento aplica-se aos textos literários. Aos poucos e à medida que o trabalho com literatura se intensifica e se diversifica (pela variedade dos textos lidos), a crian-ça leitora passa a viver em outros personagens, passa a lidar com outras realidades, espaços, culturas e tempos. Esse crescimento só é possível se a leitura da literatura não ficar restrita ao mesmo gênero literário (apenas nar-rativas, apenas poemas, apenas aventuras, etc.) e houver

Esse crescimento só é possível se a

leitura da literatura não ficar restrita

ao mesmo gênero literário (apenas

narrativas, apenas poemas, apenas

aventuras, etc.) e houver a conversa

sobre livros, as rodas de interpretação, as atividades criativas, a expressão pessoal

e voluntária dos leitores, o entusiasmo

pela aprendizagem por meio do lúdico e

do imaginário.

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a conversa sobre livros, as rodas de interpretação, as ati-vidades criativas, a expressão pessoal e voluntária dos leitores, o entusiasmo pela aprendizagem por meio do lúdico e do imaginário.

A dinâmica da vida contemporânea exige que a escola e seus rituais de ensino e de aprendizagem acompa-nhem esse movimento, esse mudar constantemente de práticas, principalmente para buscar a aproximação de conteúdos e áreas de conhecimento às necessidades e expectativas das crianças. Cumpre lembrar sempre que a escola ocupa uma parte considerável do tempo de vida diária das crianças. Tornar intensas essas horas com aprendizagens efetivas e significativas deveria ser o objetivo mais relevante do trabalho pedagógico. Com a intenção de acompanhar o professor em seu professo-rar diário, elaboramos algumas reflexões para o trabalho com a literatura, divididas em três períodos: preparação, desenvolvimento e conclusão, aqui denominados segun-do o tempo da prática em que se desenvolvem – antes, durante e depois da leitura.

Ler é um ato múltiplo porque pede ações diversificadas e porque chega a resultados variados e, muitas vezes, imprevisíveis. Esse pressuposto faz com que encaremos a formação de leitores como uma dinâmica incontrolável e riquíssima. No entanto, para que possamos realizar um trabalho digno e eficaz, podemos aproveitar experiências que já demonstraram resultados positivos. A experiência docente de cada professor será sempre um elemento considerável para a aplicação de atividades que visam a essa formação. Nas sugestões oferecidas, os professo-res devem sempre considerar tudo o que conhecem a respeito de seus alunos e do modo como aprendem. Por-tanto, a orientação que aqui é oferecida tem um caráter genérico que precisa sempre da colaboração e da ade-quação dos professores em sua história como leitores e como mediadores.

A CONSTRUÇÃO DA LEITURA E POSSÍVEIS ETAPAS

A preparação visa apresentar de modo indireto, mas es-tabelecendo relações de assunto, estético ou formal, o texto literário a ser lido. É possível ler qualquer texto sem

No entanto, para que possamos

realizar um trabalho digno e eficaz,

podemos aproveitar experiências que já demonstraram

resultados positivos. A experiência

docente de cada professor será

sempre um elemento considerável para

a aplicação de atividades que visam

a essa formação.

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preparação formal, sem informações iniciais. No entanto, essa primeira abordagem vai enriquecer a leitura posterior, conferindo-lhe densidade e linhas mais seguras de com-preensão. A literatura em geral pode ser lida, mesmo que não conheçamos o autor, o gênero textual, a língua em que o texto foi escrito (podemos ler em uma tradução) e o con-teúdo. Os leitores em nível inicial de formação para a leitu-ra precisam de orientação mais ampla e que os aproxime positivamente do texto. Por isso, os professores podem trazer para sua aula elementos, materiais e informações relacionados com o texto a ser lido posteriormente, a fim de que os alunos possam aproximar-se de seu conteúdo com melhores condições de compreensão e análise.

A preparação também abre a sensibilidade do imaginá-rio para apreender a poesia do texto, sua beleza como literatura, suas ideias e as imagens (visuais, emotivas, de leituras anteriores) que necessariamente tornarão o livro mais significativo, isto é, mais próximo à vivência dos estudantes.

A preparação não pode ser apenas um momento formal de informações biográficas ou históricas sobre o autor ou o livro. Ela é, antes de tudo, um tempo de averiguação prévia sobre as expectativas dos leitores, sobre seus co-nhecimentos prévios, sobre um modo de ver e entender o mundo e a realidade. O texto literário que virá a seguir poderá confirmar essas posições, ou alterá-las, nesse úl-timo caso, fazendo com que a maturidade leitora cresça.

Alguns procedimentos podem auxiliar os mediadores a apresentar previamente o texto literário, objeto central do trabalho com a leitura. Por exemplo, escolher um dos temas propostos pela obra literária (a amizade, a solida-riedade, a compaixão, a paz, a diversidade cultural, etc.) e acrescentar fotos, filmes, recortes de jornal, um texto literário curto – como um poema, desenhos, historietas, piadas, canções, textos publicitários, folhetos. Ou, ainda, comparar os textos entre si e anotar as respostas. O diá-logo perguntas-respostas pode ser feito em formato de roda, em divisão em grupos, em formato de entrevistas, como no rádio ou na televisão.

É possível também informar sobre o autor, sua obra total, narrar outros textos, fazer pesquisa na internet, construir

A preparação também abre a

sensibilidade do imaginário

para apreender a poesia do texto, sua beleza como

literatura, suas ideias e as imagens (visuais, emotivas,

de leituras anteriores) que

necessariamente tornarão o livro

mais significativo, isto é, mais

próximo à vivência dos estudantes.

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uma biografia imaginária (como esse autor pode ter co-meçado a ler e a gostar de literatura, por exemplo). Lem-brar sempre que a relação autor-obra não é determinante em um texto literário: muitas vezes, o autor escreve com o imaginário, e não com a sua biografia.

Muitas outras atividades podem ser realizadas nessa fase: os professores e mediadores conhecem melhor seus alunos e as experiências de sala de aula exitosas e sabem como apresentar os livros de literatura de forma mais eficiente.

As orientações para a leitura efetiva do volume supõem a leitura em voz alta (fundamental para a fase iniciante e a fase medial da formação) ou a leitura silenciosa, que pode ser realizada por leitores com alguma autonomia, tanto de decodificação da língua escrita como de atribui-ção de sentidos ao texto. Recomenda-se que a leitura em voz alta seja feita de uma só vez, em especial para textos curtos. A atitude de interromper a leitura para co-mentários, observações sobre ilustração ou perguntas aos alunos quebra a unidade do texto, corta o possível envolvimento dos alunos com a narrativa ou o poema e prejudica a visão unitária e sequencial do texto. Essas ações podem ser efetivadas em uma segunda leitura em voz alta, quando os alunos já têm a visão total do livro e podem emitir relações mais pertinentes.

A leitura em voz alta requer alguns cuidados para que atin-ja o objetivo previsto de apresentar de forma estimulante o texto literário. Nem sempre a formação profissional dos professores prepara adequadamente para essa atividade por supor que traduzir letras em sons está na natureza automática do processo de alfabetização e na prática diá-ria de nossas leituras de textos escritos. Sabemos todos que não é bem assim que funciona a leitura em voz alta de textos literários. A essência literária trabalha com a beleza das palavras e com as emoções. A voz humana tem condições de realçar essas qualidades. Porém, sem preparação adequada, sem a compreensão dos sentidos que queremos acentuar no texto que lemos, a leitura em voz alta poderá ser pouco eficaz e pouco atraente. Pode até mesmo criar o desencanto com a história ou o poe-ma. A recomendação é que os professores preparem a leitura, isto é, que façam com antecedência uma prévia

A essência literária trabalha com a

beleza das palavras e com as emoções. A voz humana tem

condições de realçar essas qualidades.

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da leitura oral, tal como se planeja uma aula. Algumas perguntas podem orientar essa preparação: Que aspec-tos quero enfatizar? Que partes da história ou do poema quero ressaltar? Como farei isso? (Somente a voz? O ges-to? O olhar? Mostrarei as imagens? Todo esse conjunto simultaneamente?) Que atitudes tomarei? (Lerei em pé? Em que posição na sala? E os alunos, como estarão? Dei-xarei a sala às claras ou à meia-luz?) Usarei diferentes vo-zes para os diferentes personagens? Não há previamente atitudes ou decisões corretas. Dependerá muito da quali-dade da intervenção do professor e das características da turma. O importante é que a leitura não pareça artificial, mas sim com uma conversa bem conduzida.

Decididas essas pequenas questões, os professores pre-cisam cuidar de sua dicção, pronunciar com clareza, mas com naturalidade, as palavras. Lembrar que os ouvintes dependem de sua voz para conhecer a história ou o poe-ma. Eles poderão ser encantados pela leitura, compreen-der melhor as palavras pela condução da voz, descobrir nuances de personagens e ações que não perceberiam na leitura silenciosa e individual. Relatos de leitores dão conta com frequência de como, em sua infância, foi importante a leitura em voz alta. Pelo acalanto da voz, pela proximida-de afetiva, pela presença viva de um narrador. Creio que os professores precisam redescobrir essa técnica milenar. Convém lembrar que sociedades analfabetas cultivaram a literatura oral para sua perpetuação cultural, para seu pra-zer, para desenvolver o imaginário coletivo. Nas socieda-des letradas, trata-se de um recurso extraordinário para atrair leitores, para lhes mostrar as funções psíquicas, cul-turais, sociais e estéticas da literatura.

Após a leitura, coletiva ou individual, é o momento da leitura compartilhada, em que, por meio de atividades di-versas e em especial pelo diálogo com os alunos, vão surgindo a compreensão e a interpretação. Convém lembrar que a compreensão e a interpretação implicam a relação entre as palavras literárias e os sentidos que os leitores vão construindo pouco a pouco. Os alunos vão atribuir sentidos significativos ao que leram. Por sig-nificativos, entendemos a apropriação pessoal da leitu-ra, trazendo o que foi compreendido para uma etapa de valores, apreendidos pelos alunos individualmente. Esse trajeto pode ser balizado por perguntas e respostas, por

Os alunos vão atribuir sentidos significativos ao

que leram. Por significativos,

entendemos a apropriação

pessoal da leitura, trazendo o que

foi compreendido para uma etapa

de valores, apreendidos pelos alunos

individualmente.

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jogos e brincadeiras, por pesquisa, por textos criativos produzidos individualmente ou em grupo, por entrevis-tas, recortes, murais e tantos outros recursos pedagógi-cos. Indispensável e relevante é que os alunos tenham oportunidade de participar ativamente, expressando suas opiniões, relacionando, criticando e criando. A prática de fichas de leitura e de questionários caiu em desuso por-que limitava a respostas únicas um texto que é plurissig-nificativo. Essa recusa está alicerçada em recentes teo-rias sobre o modo como as pessoas interpretam: há um estímulo que nasce da palavra, mas que só encontra seu significado em áreas mentais de conhecimento prévio e, no caso da literatura, nas experiências com o imaginário e com a história de leituras de uma determinada pessoa.

Por exemplo, uma narrativa ou um poema com a pala-vra “árvore” dá margem a diferentes imagens que têm a ver com a experiência pessoal do leitor (pode ser co-pada, seca, enorme, boa para subir, carregada de frutas, etc.). Mas tem também a ver com o modo como o leitor se relaciona com ela: uma criança da cidade ou que vive na área rural atribuirá às árvores valores diferentes. Tam-bém leituras anteriores interferem no modo como o leitor significa a palavra: pode lembrar uma ilustração de livro que viu e de que gostou, pode lembrar as árvores das virtudes, a árvore que dava dinheiro, as árvores de um desenho animado, a árvore em que se escondia a prince-sa do conto A moura torta e assim por diante. Toda essa riqueza pode – e deve – ser explorada pelos mediadores de leitura. E confirma a plurissignificação como elemento característico e definidor do texto literário.

Na mesma linha de multiplicação, atividades que contri-buem para expandir a leitura para outras linguagens ar-tísticas podem surgir das oportunidades oferecidas aos leitores de recriarem, em outras linguagens, o que con-seguiram interpretar no texto lido. Assim, atividades que levem à produção de cenas teatrais, canções, desenhos, fotos, ilustrações, danças, esculturas, quadrinhos e ou-tras manifestações significam uma tradução em outras linguagens e mobilizam os leitores.

Um dos resultados dessas atividades será, sem dúvida, a transformação do texto literário em algo presente e vivo na vida dos leitores. Provavelmente o objetivo mais dese-jado do trabalho com a literatura em sala de aula.

Marta Morais da Costa é escritora, contadora

de histórias e professora aposentada de literatura da

Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Pontifícia

Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Entre os diversos livros e artigos de sua autoria,

publicou “Mapa do Mundo: crônicas sobre

leitura”; “Sempreviva, a leitura”; e “Metodologia

do ensino de literatura infantil”, obra singular que

enfrenta os principais problemas encontrados

por professores das séries iniciais para a formação de

leitores em literatura.

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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

• ALLIENDE, Felipe; CONDEMARÍN, Mabel. A leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Artmed, 2005.

É uma obra imprescindível para o tra-balho com a formação de leitores. Traz uma exposição minuciosa sobre a for-mação de significados, os processos de leitura, os modos de ler, as etapas de formação de leitores competentes. São muitos exemplos que podem auxiliar o professor no desenvolvimento de suas práticas pedagógicas.

• ANDRUETTO, María Teresa. Por uma literatura sem adjetivos. São Paulo: Pulo do Gato, 2012.

Artigos curtos sobre a definição de lite-ratura para crianças, sobre a importância de ler, sobre exclusão e inclusão na lei-tura, sobre o narrador na literatura. São reflexões atuais e apresentadas em uma linguagem poética e atraente.

• COSSON, Rildo. Letramento literá-rio: teoria e prática. São Paulo: Con-texto, 2006.

O livro trata das relações entre literatura e escola. Expõe dados teóricos e práticos sobre os conflitos vividos em sala de aula para a formação de leitores de literatura. Questiona e promove a reflexão sobre práticas usuais e sobre o ensino de lei-tura na escola.

• MACHADO, Ana Maria. Silenciosa algazarra. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

Uma coletânea de palestras da autora que abordam os mais diferentes aspectos da leitura da literatura. Há textos sobre o estágio de leitura no Brasil, sobre his-tórias de leitores, sobre a intertextuali-dade, sobre a formação de leitores e as bibliotecas.

• YUNES, Eliana. Professor leitor. Curi-tiba: Hum Edições, 2016. (Coleção Mediações).

O texto expõe práticas inovadoras com a leitura em sala de aula, apresenta for-mulações teóricas sobre essas práticas e considera o modo como os leitores cons-troem os sentidos e compartilham suas experiências com os colegas.

• ZILBERMAN, Regina. A literatura in-fantil na escola. 11. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Global, 2003.

A autora constrói sinteticamente a histó-ria da literatura infantil no Brasil, analisa obras, discute a importância de autores, em especial Monteiro Lobato. A trajetó-ria dos capítulos parte dos pioneiros e chega até a contemporaneidade.

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4.3 PROPOSTAS DE ATIVIDADES DE LEITURA

1. Falar sobre autismo ou qualquer transtorno ou síndrome demanda bastante tato e delicadeza. É possível que alguma das crianças conheça alguém com esse quadro. Esse livro traz uma oportunidade rica para conhecer, conversar, explicar e dirimir dúvidas das crianças sobre o assunto. Sugerimos que a leitura seja feita primeira-mente numa sequência, sem interrupções, para que os alunos conheçam toda a história. Depois, releia, fazendo pausas para ir conversando com a turma.

2. Comece a leitura usando uma voz suave e pausada. “Esta é uma história de quando eu era bem pequeno. Havia um menino chamado Ppibi (...)”. Na página espelhada, a figura de um menino agachado aparece no canto de um quadrado. Quem seria esse menino? “Ppibi ficava fechado em casa o inverno inteiro”. Note que o narrador está em primeira pessoa, o que talvez possa confundir algumas crianças. Explique que esse narrador vivenciou a história e a está contando. É uma lembrança, um registro de sua memória.

3. Nas páginas seguintes, tem-se a visão da floresta, cenário importante para a trama, e algumas informações relevantes são apresentadas: Ppibi estava sempre sozinho e as crianças o evitavam. Mas por que será que Ppibi estava sempre sozinho?

4. O narrador relata como se aproximou, sem querer, de Ppibi. Sua descrição do menino nos faz compreender que Ppibi era diferente. Ele batia na cabeça repetida-mente com um graveto até ele se quebrar e caminhava perambulando pela flores-ta, alheio à presença dos outros, até a mãe vir buscá-lo e levá-lo para casa, no fim da tarde. Esse comportamento é característico de autistas e outros transtornos de espectro autista, ou seja, a dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos.

5. O narrador vai, pouco a pouco, se aproximando de Ppibi. Passa a fazer companhia ao menino, mesmo que ele esteja alheio. Na verdade, o narrador se sente segu-ro perto de Ppibi e entra cada vez mais na floresta com ele. Estabelece-se uma relação (aparentemente unilateral) entre o narrador e Ppibi. Ppibi parece alheio à presença do garoto, sem nem mesmo fazer contato visual, como se pode inferir das imagens (Ppibi não olha para o menino-narrador. O narrador é que olha para ele e o acompanha).

6. Repare como as ilustrações fazem nosso olhar se “fechar” no cinza e como isso cria um cenário intimista, focado nos meninos, na floresta, nos levando mais “para dentro” da narrativa e desse mundo só deles.

7. A proximidade do menino-narrador com Ppibi fez com que as demais crianças o evitassem, mas ele não ligava. Ele tinha Ppibi. (Mas Ppibi, indiferente a ele, conti-nuava caminhando e batendo gravetos na cabeça).

8. As estações do ano se sucedem até a chegada do inverno. (A história se passa num lugar frio, em que neva).

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9. A imagem da chegada da neve resgata a informação de que Ppibi ficava fechado em casa durante o inverno. O menino-narrador aparece sozinho, com o cão, obser-vando o nada.

10. A cena que mostra a volta à escola nos traz um menino-narrador isolado, solitá-rio, olhando na direção contrária à que a maioria olha. Pergunte à turma o que ele poderia estar procurando com o olhar. (Seria a figura de Ppibi? Mas Ppibi não ia à escola.)

11. Os comentários que as outras crianças faziam sobre Ppibi afetaram o narrador, que passou a evitar o menino também. Esse seria um bom momento para perguntar por que as crianças falavam aquelas coisas sobre ele. Pode ser que surja alguma menção a alunos que magoam e ofendem outros (bullying). Fique atenta(o).

12. Os novos amigos acabaram influenciando o narrador, que se afastou de Ppibi para ser aceito no grupo. Talvez na curta vida de seus alunos isso também tenha ocorri-do: para serem aceitos num grupo eles se afastaram de outros colegas e deixaram de fazer alguma coisa de que gostavam. Se achar oportuno, puxe o assunto.

13. Quando o narrador relata ter fugido de Ppibi num dia de chuva forte (“Não sei por quê, mas fugi”), ele demonstrou sentir remorso por não ter ajudado o menino e não ter retornado lá. Questione os alunos sobre o porquê dessa fuga.

14. O fato de ele demonstrar remorso (“Em casa, pensei em Ppibi, sozinho na chuva”) nos sinaliza que ele se importava com Ppibi, apesar de não ter voltado lá.

15. A cena da chuva intensa, tomando duas páginas centrais, sem nenhum texto, au-menta a dramaticidade da situação. Então, o que pode ter acontecido com Ppibi, sozinho, na floresta, debaixo daquela chuva?

16. O garoto reflete que, com seu afastamento de Ppibi, o menino estava realmente só (já que ele era o único que lhe fazia companhia). E conclui que Ppibi talvez esti-vesse sozinho desde sempre (por viver num mundo muito próprio, sem se conec-tar a outros). Essa reflexão é muito oportuna, pois o autista tem dificuldade de se relacionar, muitas vezes se isolando (ou sendo isolado), mas isso não significa que ele possa viver só. Todo ser humano precisa do outro para viver e sobreviver.

17. Ppibi, com o tempo, “desaparece” do caminho do narrador, mas não de sua vida. Ficou gravado em sua memória. Seria possível dizer que Ppibi passou a viver na lembrança do narrador?

18. A frase final retoma e arremata a frase inicial. Havia um menino chamado Ppibi naquela floresta. Então, questiona-se: será que não existe um Ppibi na nossa vida também? Alguém que deixamos para trás, mas que permaneceu vivo em nossas lembranças.

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ORIENTAÇÕES PARA AS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA55.1 PRÉ-LEITURA

1. A leitura desse livro nos faz olhar para dentro, para nossas próprias limitações, conceitos e preconcei-tos. Seria adequado buscar mais informações sobre o Transtorno de Espectro Autista (TEA) e conhecer um pouco sobre essa síndrome, antes de ler a his-tória para as crianças. Recomenda-se o site da ONG “Autismo e realidade”.

2. Para os educadores, também é recomendada a ci-nebiografia de Temple Grandin, que mostra de forma contundente as dificuldades e situações enfrentadas por uma autista que superou barreiras e muitos pre-conceitos.

3. Explore a leitura da imagem da capa com as crianças. Abra o livro para ter uma visão completa da imagem (capa e quarta capa). Vê-se uma floresta, um menino semioculto entre as árvores, um outro numa bicicleta e um cão correndo. Verifique o que essa imagem sus-cita nas crianças. Que sentimentos a imagem des-perta nelas?

4. Leia o título e pergunte “Quem seria Ppibi?” (o meni-no da bicicleta ou o que está entre as árvores?). Se a grafia do nome causar estranheza, explique que é um nome estrangeiro (o autor/ilustrador – Song Jin-heon – é coreano).

5. Explore mais profundamente o ambiente retratado nessa imagem. Instigue-os a compararem a vastidão da floresta e o tamanho dos meninos. O que será que isso quer dizer?

6. Verifique o que as crianças acham que vão encontrar nessa história. Elas acham que será uma história ale-gre ou triste? De aventura ou de mistério? Que ex-pectativas a imagem e o título criam nelas? Note que a ilustração é toda em p&b e tons de cinza, o que dá um toque sério e um tanto quanto melancólico à cena, e que pode ser explorado com as crianças.

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5.2 PÓS-LEITURA

1. Retome as frases que as crianças diziam sobre Ppibi. Elas demonstram falta de conhecimento sobre o au-tismo, falta de compreensão sobre os motivos do comportamento de Ppibi e falta de respeito pelas diferenças. Converse com sua turma e questione-os sobre o que poderia ser explicado às crianças para que compreendessem o porquê de Ppibi andar e agir daquela forma e sobre os sentimentos despertados nele ao ser isolado e desrespeitado.

2. Questione as crianças sobre o ambiente em que aquelas crianças viviam e o que a floresta representa-va para Ppibi. Será que ela o acolhia, como uma casa ou um refúgio?

3. Faça com a turma uma lista de coisas bacanas que poderiam ser ditas sobre Ppibi. Estenda essa lista para pontos positivos que poderiam ser destacados sobre cada colega da classe.

4. Se possível, leia com a turma a história O menino só, de Andrea V. Taubman. Ela aborda a solidão e o isola-mento em que vivem muitos autistas.

5. Nas guardas iniciais do livro, veem-se gravetos. Nas guardas finais, penas/plumas. Essas imagens estão intimamente relacionadas com a narrativa. Os grave-tos nos remetem ao movimento repetitivo de Ppibi, batendo com eles na cabeça. Questione as crianças sobre plumas, que sentido elas têm para a turma? E o que elas poderiam representar na história? Na última ilustração de página dupla (espelhada), vê-se o topo da floresta e, no alto, uma ave voando. Essa cena pode estar relacionada com as plumas da guarda final.

6. Proponha que as crianças façam uma reescrita da his-tória de Ppibi, com outro final. Como elas gostariam que a história terminasse? Muito cuidado para não encorajar uma “solução mágica para a cura” de Ppibi. O objetivo é fazer as crianças pensarem num final que mostre respeito às diferenças, e não a extinção das diferenças.

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ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR6

O livro A história de Ppibi é baseado em um fato real. O crescente número de autistas diagnosticados mostra que a escola e a comunidade escolar precisam estar prepara-das para compreender esse transtorno e não isolar os alunos com TEA. O universo escolar e os neurotípicos (sujeitos que não têm TEA) precisam estar preparados para acolher (e não isolar) e lidar com quem sofre desse transtorno. Se você tem alunos com TEA ou se em sua escola há alunos nessa condição, aqui vão algumas sugestões.

1. Proponha à classe (se for possível, envolva as famílias também) uma pesquisa so-bre TEA. Há sites confiáveis para buscar informações, como Autismo e realidade e Neurosaber.

2. Caso seus alunos sejam bilíngues, há bons sites em inglês. Isso pode ser um ex-celente exercício para praticar o idioma.

3. Divida a classe em grupos de pesquisa. Cada grupo se dedicará a um dos tópicos a seguir, fará a pesquisa com auxílio da família e apresentará para os demais.

• O que é TEA (causas, características, tratamento).

• Como é a rotina de alguém com TEA.

• Como é feito o diagnóstico.

• Entrevistas com pessoas adultas que são autistas (maiores desafios e dificuldades).

• Como lidar com quem tem TEA (na escola e fora dela).