Manual Técnicas Movimentar e Transferir Clientes_Carlos Aguiar

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Enfermeiro Carlos Aguiar Funchal, 17 de Dezembro de 2013

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Enfermeiro Carlos Aguiar

Funchal, 17 de Dezembro de 2013

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ÍNDICE

NOTA INTRODUTÓRIA .......................................................................................................... 3

1. DEFINIÇÃO ............................................................................................................................ 4

2. OBJETIVOS DAS TÉCNICAS DE MOVIMENTAR E TRANSFERIR .......................... 4

2.1. PROFISSIONAIS....................................................................................................... 4

2.2. CLIENTES ................................................................................................................. 4

3. PRINCÍPIOS BÁSICOS APLICÁVEIS ÀS TÉCNICAS DE MOVIMENTAR E

TRANSFERIR CLIENTES ........................................................................................................ 4

4. RISCOS .................................................................................................................................... 6

4.1. RISCOS ASSOCIADOS À TAREFA ....................................................................... 6

4.2. RISCOS ASSOCIADOS AO CLIENTE ................................................................... 6

4.3. RISCOS ASSOCIADOS AO AMBIENTE ............................................................... 7

4.4. OUTROS RISCOS ..................................................................................................... 7

5. EXEMPLOS DE TÉCNICAS DE MOVIMENTAR E TRANSFERIR CLIENTES ........ 7

5.1. MOVER UM CLIENTE NO SENTIDO DA CABECEIRA DA CAMA ......................... 8

5.1.1. Dois prestadores com a ajuda de resguardo ................................................................ 8

5.2. MOVER UM CLIENTE EM DECÚBITO DORSAL PARA UM DOS LADOS DA

CAMA SEM ALTERAR O DECÚBITO ................................................................................. 9

5.2.1. Dois prestadores ........................................................................................................ 10

5.3. TÉCNICA PARA ALTERAR UM DECÚBITO LATERAL PARA O LATERAL

CONTRÁRIO ......................................................................................................................... 11

5.4. AJUDAR UM CLIENTE A SENTAR-SE NA CAMA ................................................... 12

5.5. TRANSFERÊNCIA DA CAMA PARA A CADEIRA DE RODAS .............................. 13

5.5.1. Dois prestadores de cuidados ............................................................................. 14

5.6. TRANSFERÊNCIA UTILIZANDO PEQUENOS MEIOS AUXILIARES .................... 14

5.7.LEVANTAR UM CLIENTE NA CADEIRA ................................................................... 14

5.8. UTILIZAÇÃO DE ELEVADOR HIDRÁULICO PARA TRANSFERIR CLIENTES .. 15

5.9. ACOMPANHAR O CLIENTE NO ANDAR .................................................................. 16

BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 16

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NOTA INTRODUTÓRIA

Este manual surge como um dos auxiliares pedagógicos da ação de formação -

“Técnicas de Movimentar e Transferir Clientes na prestação de cuidados de saúde” – a

ser desenvolvida na instituição, Lar Vale Formoso, no âmbito do programa de Estágio

Profissional em que me encontro e destinada às Assistentes Operacionais e outros

Profissionais do lar interessados.

O prestador de cuidados de saúde atua no colmatar de várias necessidades do cliente,

tais como a capacidade para mobilizar-se, transferir-se e andar.

As tarefas de movimentar e transferir são efetuadas com grande gasto energético e

carga física, dependentes das circunstâncias e características antropométricas dos

clientes e prestadores de cuidados de saúde. As tarefas mais comuns de transferência,

efetuadas pelos prestadores de cuidados, atingem perigosamente os limites

estabelecidos(1)

.

As lesões dorso-lombares e as lesões nos ombros constituem as principais

preocupações, podendo ser extremamente debilitantes. Os prestadores de cuidados de

saúde possuem, assim, maior risco no que respeita a dores dorso-lombares. A causa

principal destas lesões está relacionada com as tarefas de movimentar e transferir

clientes, como o levante, a transferência e o posicionamento(1)

.

A necessidade de prevenir o risco de lesões é uma realidade a que os profissionais

terão que fazer frente. Entre as medidas preventivas, assumem importância, os aspetos

da organização do trabalho, o uso de equipamentos facilitadores e a adoção de técnicas

corretas de movimentação e transferência de clientes(2)

.

A implementação de métodos adequados de levante e posicionamento contribui para

alcançar resultados significativos na redução das lesões relacionadas com o trabalho e

dos custos de compensação aos trabalhadores. Além disso, pode ajudar, igualmente, na

redução da rotação de pessoal, no absentismo e custos administrativos, no aumento da

produtividade e numa maior satisfação dos funcionários(1)

.

Este Manual pretende, assim, apresentar recomendações e exemplos dos

procedimentos técnicos de movimentar e transferir clientes que previnam lesões

músculo-esqueléticas na prestação de cuidados de saúde e promovam a saúde do cliente.

Ambiciona ser o orientador da sessão, não querendo ser exaustivo ou intransigente

na abordagem temática e considerando todas as sugestões como uma mais-valia para a

implementação de métodos adequados de levante e posicionamento.

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1. DEFINIÇÃO

Para o conceito movimentar considera-se as deslocações no leito, ou seja, conduzir

os clientes entre os diferentes decúbitos conhecidos - conduzir para cima no sentido da

cabeceira da cama; sentar com a cabeceira levantada; sentar com as pernas pendentes;

ou ainda deslocar no mesmo decúbito, mais para a esquerda ou para a direita.

As transferências são um conjunto de técnicas coerentemente organizadas e

padronizadas, que visam facilitar a deslocação do cliente de uma superfície para outra.

Entende-se por superfície as camas, as cadeiras de rodas, outras cadeiras, as sanitas, as

banheiras, entre outras(2)

.

2. OBJETIVOS DAS TÉCNICAS DE MOVIMENTAR E TRANSFERIR

As técnicas de movimentar e transferir contribuem para vários objetivos tanto para

os profissionais que as executam como para os clientes.

2.1. PROFISSIONAIS(1)

Prevenir lesões músculo-esqueléticas na prestação de cuidados de saúde;

Reduzir o número e a gravidade de lesões músculo-esqueléticas resultantes de

atividades de movimentar e transferir os clientes.

2.2. CLIENTES(3)

Estimular o padrão respiratório, de mobilidade e de eliminação;

Manter a integridade da pele;

Prevenir complicações músculo-esqueléticas;

Promover o autocuidado;

Facilitar o relacionamento com os outros e com o meio ambiente;

Promover conforto e bem-estar.

3. PRINCÍPIOS BÁSICOS APLICÁVEIS ÀS TÉCNICAS DE MOVIMENTAR E

TRANSFERIR CLIENTES

Qualquer tipo de operação de movimentar e transferir, mesmo com recurso a meios

auxiliares, envolve vários princípios básicos da mecânica corporal para os prestadores

de cuidados de saúde.

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Quadro 1 – Mecânica Corporal para os Prestadores de Cuidados de Saúde(3)(4)

Ação Fundamentação

Quando planear mover um cliente,

providenciar a ajuda adequada;

Duas pessoas a elevarem algo em

conjunto dividem a sobrecarga a meio.

Estimular o cliente a ajudar em tudo

o que puder;

Isso promove as capacidades e força do

cliente ao mesmo tempo que reduz a

sobrecarga para o prestador de

cuidados.

Posicionar-se o mais perto possível

do cliente (ou objeto a ser levantado);

Minimiza a força necessária.

Cerca de 4,5kg perto do nosso corpo

correspondem a cerca de 45kg quando

temos os braços em extensão (Patterson,

1993).

Fletir os joelhos e manter as pernas

afastadas;

Uma base de sustentação larga aumenta

a estabilidade.

Usar os membros superiores e

inferiores (não as costas). Primeiro

fletindo e depois estendendo

lentamente os joelhos ao levantar o

cliente;

Os músculos dos membros inferiores

são mais fortes e longos, capazes de

maior esforço sem lesão.

A coluna vertebral deve ser mantida

numa posição de acordo com a sua

curva natural, tendo o cuidado de

evitar sobrecargas ao alongar ou

fletir.

O prestador de cuidados deve sempre

tentar deslocar o seu peso de acordo

com o movimento que está a executar

e evitar assim a rotação;

A rotação aumenta o risco de lesão na

coluna vertebral.

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Fazer deslizar o cliente para junto de

si, utilizando um resguardo;

O deslizamento requer menos esforço

que a elevação. A utilização do

resguardo minimiza a fricção, que pode

provocar lesões na pele do cliente.

A pessoa com a carga mais pesada

coordena os esforços da equipa

envolvida, contando até três.

A elevação simultânea minimiza o

esforço de cada uma das pessoas que

estão envolvidas.

Verificar alinhamento corporal do

cliente;

Assegurar o alinhamento da coluna

vertebral.

Lavar as mãos antes e depois de cada

procedimento.

Prevenir a transmissão cruzada de

microrganismos.

4. RISCOS(1)

Existem vários fatores relacionados que tornam as atividades de movimentar e

transferir perigosas. Estes aumentam o risco de lesões músculo-esqueléticas ou de dano

ao cliente.

4.1. RISCOS ASSOCIADOS À TAREFA

Força – O esforço físico necessário para executar a tarefa (como levantar corpos

pesados, puxar e empurrar) ou para assegurar o controlo de equipamentos e

ferramentas;

Repetição – Executar o mesmo movimento ou série de movimentos de forma

contínua ou frequente ao longo do dia de trabalho;

Posições incorretas – Assumir posições que exercem tensão sobre o corpo, tais

como inclinar-se sobre uma cama, ajoelhar ou rodar o tronco ao mesmo tempo

que se efetuam movimentos de elevação.

4.2. RISCOS ASSOCIADOS AO CLIENTE

Os clientes não podem ser levantados como cargas, pelo que as “regras” de

elevação segura nem sempre são aplicáveis;

Os clientes não possuem pegas;

Os clientes são volumosos;

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Não é possível prever o que acontecerá ao mobilizar um cliente.

4.3. RISCOS ASSOCIADOS AO AMBIENTE

Risco de escorregar, tropeçar e cair;

Superfícies de trabalho desniveladas;

Limitações de espaço (salas pequenas/presença de muitos equipamentos).

4.4. OUTROS RISCOS

Nenhuma ajuda disponível;

Equipamento inadequado;

Calçado e vestuário desajustados;

Falta de conhecimentos ou formação.

5. EXEMPLOS DE TÉCNICAS DE MOVIMENTAR E TRANSFERIR

CLIENTES

Qualquer tipo de operação de movimentar e transferir, mesmo com recurso a meios

auxiliares, envolve os princípios básicos anteriormente descritos.

A escolha da técnica adequada de movimentar e transferir o cliente abrange uma

avaliação das necessidades e capacidades do cliente em questão(1)

.

A avaliação do cliente deve incluir o exame de fatores como:

O nível de assistência exigido pelo cliente;

O tamanho e o peso do cliente;

A capacidade e a vontade do cliente em compreender e cooperar;

Condições clínicas que possam influenciar a escolha dos métodos de levante

ou posicionamento, feridas, contracturas, presença de cateteres, fraturas,

entre outras.

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5.1. MOVER UM CLIENTE NO SENTIDO DA CABECEIRA DA CAMA(1)(4)

Ajustar adequadamente a altura da cama em função da sua própria altura;

Pedir ao cliente que flita o joelho, ou os dois, olhe para os pés e, por fim, que faça força

sobre um pé, ou sobre os dois. Deste modo, aumenta a cooperação do cliente;

Se não existir um trapézio ou impossibilidade de o cliente se agarrar na barra da

cabeceira da cama. Colocar um dos braços por baixo dos ombros do cliente, agarrando e

apoiando o ombro do lado oposto. Passar o outro braço sobre o tronco;

Dizer ao cliente que faça força com os pés após contagem até três;

Durante a transferência, deslocar o seu próprio peso de um lado para o outro, mantendo

as costas direitas;

Se existir um trapézio ou cliente conseguir agarrar barra da cabeceira da cama, colocar

um dos braços por debaixo das coxas do cliente e o outro por baixo do tronco;

Dizer ao cliente que, após contagem até três, se eleve com a ajuda da barra da cama ou

do trapézio e/ou faça força com os pés.

5.1.1. DOIS PRESTADORES COM A AJUDA DE RESGUARDO(4)

Técnica utilizada para movimentar clientes que não têm capacidade de ajudar.

Baixar a cabeceira da cama até à posição mais baixa tolerada pelo cliente;

Virar o cliente para um lado e para o outro, colocando debaixo dele um resguardo que

vá dos ombros às coxas. Pode improvisar-se um resguardo, dobrando um lençol a meio;

Com um prestador de cuidados de cada lado do cliente agarrar o resguardo firmemente,

colocando uma das mãos junto dos braços e outra junto das coxas do cliente;

Imagem retirada de Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2008

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Enrolar o resguardo, de modo a fazer um rolo, até as suas mãos estarem próximas do

corpo do cliente;

Os joelhos dos prestadores devem estar fletidos com o corpo virado para a direção do

movimento. O pé mais afastado da cama voltado para a frente de forma a proporcionar

uma ampla base de sustentação;

Dizer ao cliente para manter os membros superiores sobre o corpo e levantar a cabeça

após contagem até três;

Elevar e movimentar o cliente em direção à cabeceira da cama após contagem até três.

Repetir o movimento se necessário;

5.2. MOVIMENTAR UM CLIENTE EM DECÚBITO DORSAL PARA UM DOS

LADOS DA CAMA SEM ALTERAR O DECÚBITO(1)(5)

Ajustar adequadamente a altura da cama em função da sua própria altura;

Colocar o cliente em decúbito dorsal com a cabeceira da cama na posição mais baixa

tolerada pelo cliente;

Quando só está disponível um prestador de cuidados dividir o processo em três fases:

pernas – cintura – ombros;

Retirar a almofada debaixo da cabeça e dos ombros do cliente e coloca-la à cabeceira da

cama;

Começar pelos pés do cliente; posicionar-se aos pés da cama num ângulo de 45º.

Afastar os pés, com um pé ligeiramente à frente a fim de assegurar uma base de apoio

mais ampla. Fletir os joelhos e a anca, conforme necessário, para colocar os membros

superiores ao nível dos membros inferiores do cliente. Transferir o peso do cliente,

Imagem retirada de Queirós, 1998

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utilizando o seu próprio peso, do pé da frente para o de trás e deslizar os membros

inferiores do cliente, na diagonal, em direção ao lado pretendido.

O posicionamento começa nos pés do cliente porque são mais leves e fáceis de

mobilizar. Estar de frente para a direção do movimento assegura o equilíbrio adequado;

Fletir novamente as pernas paralelamente à anca do cliente e movimentar a mesma, na

diagonal, na direção pretendida;

Colocar-se ao nível da cabeça e ombros do cliente; fletir os joelhos e anca, conforme

necessário. Colocar um dos braços por baixo dos ombros do cliente, agarrando e

apoiando o ombro do lado oposto. Passar o outro braço sobre o tronco, movimentando o

seu tronco, ombros, cabeça e pescoço em direção ao lado pretendido;

Pedir ao cliente que olhe para os pés aumenta a tensão muscular abdominal do mesmo,

permitindo maior cooperação nos movimentos.

5.2.1. DOIS PRESTADORES(1)

Um prestador de cuidados deve colocar um dos seus antebraços debaixo dos ombros

e pescoço do cliente e outro sobre a região do tórax;

O outro prestador coloca um braço sobre a região glútea do cliente e o outro braço

sob a face posterior das coxas;

Permanecer com uma das pernas em frente da outra, com os joelhos e quadris

fletidos, trazendo os braços ao nível da cama;

Deslocar o cliente de modo coordenado, para próximo da equipa.

Imagem retirada de Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2008

Imagem retirada de Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2008

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5.3. TÉCNICA PARA ALTERAR UM DECÚBITO LATERAL PARA O

LATERAL CONTRÁRIO(1)(3)

Retirar a almofada da cabeça, assim como as restantes, em uso no posicionamento do

cliente;

A cama deve ficar plana sem a cabeceira ou as pernas elevadas e perfeitamente livre de

cobertores ou lençóis;

Posicionar ou assistir o cliente a posicionar-se em decúbito dorsal, no lado oposto ao do

decúbito a executar;

Executar flexão do membro superior e inferior do lado oposto ao decúbito e rodar o

cliente com movimento firme e suave;

O prestador de cuidados deve colocar uma das suas mãos no ombro e a outra no joelho,

procurando segurar em tecidos ósseos, evitando a instabilidade dos tecidos moles.

Eventualmente, se houver uma grande instabilidade do cliente, por exemplo, uma

plégia, a mão colocada no joelho pode passar para a região trocantérica;

Rodar o cliente à posição de decúbito lateral pretendida;

Posicionar o membro inferior do lado do decúbito em ligeira flexão das articulações;

Posicionar o membro inferior, do lado oposto ao do decúbito, de preferência sobre uma

almofada, fazendo um ângulo de aproximadamente 90º a nível das articulações e

coxofemoral;

Posicionar a cabeça sobre uma almofada com volume ajustado à altura do ombro;

Posicionar o membro superior do lado do decúbito com o ombro em ligeira flexão e o

cotovelo em flexão;

Posicionar o membro superior do lado oposto ao decúbito, com o ombro e o cotovelo

em flexão sobre uma almofada (com dimensão aproximada ao volume do tórax e

afastada do tronco) que acompanha todo o membro;

Imagem retirada de Queirós, 1998 Imagem retirada de Administração

Central do Sistema de Saúde, 2011

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5.4. AJUDAR UM CLIENTE A SENTAR-SE NA CAMA(4)(5)

Mover o cliente para o lado da cama em que este se vai sentar;

Com o cliente na posição de decúbito dorsal, elevar a cabeceira da cama a 30º;

Afastar os pés, colocando o pé mais próximo da cabeceira da cama em frente ao outro

pé, com uma base de sustentação alargada;

Colocar a sua mão mais próxima da cabeceira da cama na região escapulo-umeral do

cliente, apoiando com o antebraço os seus ombros, cabeça e pescoço;

Colocar o outro membro superior sobre as coxas, junto à região trocanteriana, do

cliente;

Elevar a parte superior do corpo do cliente ao mesmo tempo que roda os membros

inferiores para fora da cama;

Encorajar o cliente a ajudar o mais possível à medida que a técnica se desenvolve;

Estimular o cliente a respirar profundamente 1 a 2 minutos. Encorajar o movimento dos

ombros, dos membros inferiores, sem esquecer os pés e os dedos (a atividade muscular

promove a circulação venosa e permite a adaptação à posição de sentado);

Continuar a prestar apoio físico ao cliente mais dependente com alterações da cognição.

Imagem retirada de Perry, Anne Griffin; Potter, Patricia A, 2006

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5.5. TRANSFERÊNCIA DA CAMA PARA A CADEIRA DE RODAS(1)(3)(4)

Colocar a cama e a cadeira de rodas perto de forma a que o movimento seja para o lado

em que o cliente tem mais força. A cadeira deve de estar a uma distância adequada para

permitir a participação e segurança do cliente;

Certificar-se de que as rodas da cadeira de rodas estão bloqueadas;

Remover eventuais obstáculos (apoios para os braços, apoios para os pés, estribos);

Ajustar adequadamente a altura da cama em função da sua própria altura;

Ajudar o cliente a sentar-se na cama como descrito na técnica anterior;

Pedir ao cliente que olhe para os pés, pois aumenta a tensão muscular abdominal do

cliente, permitindo maior cooperação;

Ajudar o cliente a deslizar para a borda da cama, segurando-o na cintura, até apoiar os

pés no chão;

Pedir ao cliente que se incline para a frente e faça força nas pernas durante a

transferência. Este procedimento facilita o levante do cliente da posição sentada para a

posição de pé;

Fletir e depois estender lentamente os joelhos ao levantar o cliente;

Contrabalançar o peso do cliente com o seu próprio peso;

Virar, ou ajudar o cliente a virar-se, segurando-o pela cintura ou região lombar até ficar

enquadrado com a cadeira de rodas e com a região poplítea encostada ao assento;

Se necessário, sustentar o joelho do cliente entre os seus próprios joelhos/pernas para

orientar o movimento;

Assistir o cliente a fletir o tronco e os joelhos, progressivamente, acompanhando com os

seus joelhos, até ficar sentado;

Instalar os pedais da cadeira de rodas em posição de apoio, ajustando-os ao cliente (a

articulação coxofemural e a do joelho fletidas a 90º).

Imagem retirada de Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2008

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5.6. TRANSFERÊNCIA UTILIZANDO PEQUENOS MEIOS AUXILIARES(1)

Para facilitar a transferência é possível utilizar pequenos meios auxiliares de

movimentar e transferir clientes. Na execução dos métodos abordados anteriormente,

podem ser utilizados: barra de trapézio; cinto ergonómico; prancha ou lençol deslizante

e estribos rotativos.

5.5.1. DOIS PRESTADORES DE CUIDADOS(1)(4)

É uma boa técnica para clientes não colaborantes.

Colocar a cama e a cadeira de rodas conforme a técnica com um prestador;

Certificar-se de que as rodas da cadeira estão bloqueadas;

Remover eventuais obstáculos (apoios para os braços, apoios para os pés, estribos);

Ajustar adequadamente a altura da cama em função da vossa própria altura;

Um prestador deve-se colocar por detrás do cliente e outro à sua frente. O primeiro

passa os braços por debaixo das axilas e segura nos antebraços do cliente. Este deve ter,

previamente, os braços cruzados;

O segundo prestador de cuidados deve pegar no cliente pela região poplítea. Num

movimento combinado e em simultâneo elevar o cliente e transferi-lo com suavidade.

5.7. LEVANTAR UM CLIENTE NA CADEIRA(4)

Imagem retirada de Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2008

Imagem retirada de Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2008

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5.8. UTILIZAÇÃO DE ELEVADOR HIDRÁULICO PARA TRANSFERIR

CLIENTES(1)(4)(6)

Os elevadores hidráulicos utilizam-se em clientes grandes e dependentes que não

tenham lesão da coluna vertebral.

Antes de usar o aparelho praticar de acordo com as instruções do manual de cada

fabricante.

Compreender como regular a largura da estrutura, os travões, como movimentá-lo,

prender as cesta, elevá-lo, descê-lo e dispositivos de abaixamento de emergência;

Comparar o peso limite para o elevador com o peso do cliente;

Pedir ajuda a outro prestador de cuidados. Deslocar o elevador para junto da cama.

Colocar uma cadeira confortável com braços no local pretendido;

Levantar a cama até uma altura confortável. Virar o cliente de lado e colocar a cesta de

lona por baixo do cliente, da região poplítea até ao pescoço. A abertura da lona é

colocada por baixo das nádegas;

Com o cliente em decúbito dorsal e com os membros superiores cruzados sobre o

corpo, colocar o elevador com a base debaixo da cama e expandi-la;

Na região superior do corpo, prender as alças mais curtas da cesta na báscula;

Elevar a báscula lentamente e na região que apoia a bacia e as coxas, prender as alças

mais compridas da cesta à báscula;

Ajustar a cesta, se necessário, de modo a que o peso do cliente fique uniformemente

distribuído;

Quando as nádegas do cliente ficam muito à frente do acento da cadeira, dando

origem a uma posição desadequada.

Colocar um prestador de cuidados à frente do cliente para empurrar a região pélvica

para trás, na cadeira;

Colocar um segundo prestador de cuidados atrás do cliente, com os braços por baixo das

suas axilas e agarrando com firmeza os seus pulsos, o que leva a que a força seja mais

exercida nos membros superiores do que nas axilas, prevenindo, assim, as lesões por

pressão nesta região;

Ao mesmo tempo que o prestador de cuidados que está atrás do cliente o eleva, outro

prestador empurra os joelhos na direção das costas da cadeira, fazendo deslizar as

nádegas de modo a que fiquem alinhadas. Evitar a fricção.

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Pressionar a seta para cima do comando, do elevador, para o fazer subir apenas o

suficiente para deixar de haver contacto com a superfície da cama e rodar os membros

inferiores do cliente lateralmente;

Explicar ao cliente que deve manter os membros superiores cruzados sobre o corpo,

durante a transferência;

Verificar a posição de estabilidade da cadeira antes de mover o cliente. Ao mesmo

tempo que apoia o cliente, guiar o elevador até à cadeira sanitária ou cadeira de rodas,

para que quando descer o elevador, o cliente esteja centrado no assento da cadeira;

Pressionar a seta para baixo no comando e descer o cliente até a cadeira. Proteger a

cabeça do cliente para não bater no equipamento. Uma vez o cliente sentado em

segurança, retirar as alças e arrumar o elevador num local próximo. Deixar a cesta por

baixo do cliente facilita a transferência para a cama.

5.9. ACOMPANHAR O CLIENTE NO ANDAR(5)(7)

São usados vários métodos para ajudar um cliente a andar.

Apoiar o cliente pela cintura ou pelo cinto utilizado para a marcha, de modo a que o

centro de gravidade do cliente permaneça na linha média. Os clientes não devem fazer

lateralização, pois o seu centro de gravidade deixa de estar na linha média, o que altera

o seu equilíbrio e aumenta o risco de queda;

O cliente que parece instável ou que tem sensação de lipotimia deve regressar à cama ou

cadeira mais próxima;

Se o cliente tem um episódio de síncope ou começa a cair, o prestador de cuidados

deverá ter uma base de sustentação alargada, com um pé em frente ao outro, suportando,

assim, o peso do corpo do cliente. Baixar suavemente o cliente até ao chão, protegendo

a cabeça do mesmo;

Os clientes com uma hemiplegia ou hemiparesia necessitam de ajuda para andar.

Imagem retirada de Invacare®

in Youtube, 2012

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BIBLIOGRAFIA

(1) Técnicas de mobilização de doentes para prevenir lesões músculo-esqueléticas na

prestação de cuidados de saúde (2008). Consultado a 10 de Junho de 2013. Disponível

em https://osha.europa.eu/pt/publications/e-facts/efact28/view

(2) Queirós, Paulo Joaquim Pina [et al] - Manual Sinais Vitais. Técnicas de Reabilitação

I. 2ª edição, Coimbra: FORMASAU, Formação e Saúde, Lda, 1998.

(3) Administração Central do Sistema de Saúde - Manual de normas de enfermagem.

Procedimentos técnicos. (2011). Consultado a 01 de Junho de 2013. Disponível em

http://www.acss.min-

saude.pt/Portals/0/MANUAL%20ENFERMAGEM%2015_07_2011.pdf

(4) Elkin, Martha Keene; Perry, Anne Griffin; Potter, Patricia A. - Intervenções de

Enfermagem e Procedimentos Clínicos. 2ª Edição, Loures: LUSOCIÊNCIA - Edições

Técnicas e Científicas, Lda, 2005.

Colocar-se do lado afetado do cliente com um braço em volta da cintura e segurando-o,

preferencialmente, pelo cinto indicado para a marcha. Colocar o outro membro superior

de modo a que a sua mão suporte a axila do mesmo. O membro superior não afetado é

deixado livre para permitir que o cliente ajude. Dar apoio, segurando o membro superior

do cliente é incorreto, mas, por vezes, praticado e indicado na literatura, porque se este

tiver síncope ou cair, o prestador não consegue suportar facilmente o peso e baixar o

cliente até ao chão.

Imagem retirada de Alexandre, N. M. C;

Rogante, M. M, 2000

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(5) Perry, Anne Griffin; Potter, Patricia A - Fundamentos de Enfermagem. Conceitos e

Procedimentos. 5ªedição, Loures: LUSOCIÊNCIA - Edições Técnicas e Científicas,

Lda, 2006.

(6) Invacare®

- Manual de utilização Invacare®

Reliant 100/150/200/250TM. (2007).

Consultado a 11 de Junho de 2013. Disponível em http://www.medicalplus-

pt.com/conteudo/uploaded/videos/pdfs/Reliant150-250_manual.pdf

(7) Alexandre, N. M. C; Rogante, M. M. - Movimentação e transferência de pacientes:

aspectos posturais e ergonômicos. Rev.Esc.Enf.USP, v. 34, n. 2, p. 165-73, jun. 2000.

Consultado a 11 de Novembro de 2013. Disponível em

http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v34n2/v34n2a06.pdf