MANUTENÇÃO EM CANAIS DE IRRIGAÇÃO REVESTIDOS EM CONCRETO

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  • 7/25/2019 MANUTENO EM CANAIS DE IRRIGAO REVESTIDOS EM CONCRETO

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    DISSERTAO DE MESTRADO

    MANUTENO EM CANAIS DE IRRIGAO REVESTIDOS EM CONCRETO

    HUGO DE ANDRADE LUNA

    Recife-Pernambuco

    Fevereiro de 2013

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE

    CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCINCIAS CTG

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVILPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL-PPGEC

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    MANUTENO EM CANAIS DE IRRIGAO REVESTIDOS EM CONCRETO

    HUGO DE ANDRADE LUNA

    Orientador: Prof. Dr. Jos Roberto Gonalves de Azevedo

    Recife-PernambucoFevereiro de 2013

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE

    CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCINCIAS CTG

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVILPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL-PPGEC

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    Catalogao na fonte

    Bibliotecrio Marcos Aurlio Soares da Silva, CRB-4 / 1175

    L961m Luna, Hugo de Andrade.

    Manuteno em canais de irrigao revestido em concreto

    / Hugo de Andrade Luna. - Recife: O Autor, 2013.

    xii, 126 folhas, il., grfs., tabs.

    Orientador: Prof. Dr. Jos Roberto Gonalves de Azevedo

    Dissertao (Mestrado) Universidade Federal de

    Pernambuco. CTG. Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia Civil, 2013.

    Inclui Referncias.

    1. Engenharia Civil. 2. Canais de Irrigao. 3.Revestimento

    em Concreto. 4.Manuteno de Canais. I. Azevedo, JosRoberto Gonalves de (Orientador). II. Ttulo.

    UFPE

    624 CDD (22. ed.) BCTG/2013-150

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    i

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL

    A comisso examinadora da Defesa de Dissertao de Mestrado

    MANUTENO EM CANAIS DE IRRIGAO REVESTIDOS EM CONCRETO

    defendida por

    Considera o candidato APROVADO

    Hugo de Andrade Luna

    Recife, 28 de fevereiro de 2013

    Banca Examinadora:

    ___________________________________________

    Prof. Dr. Jos Roberto Gonalves de Azevedo UFPE

    (orientador)

    ___________________________________________

    Prof. Dr. Ana Lcia Bezerra Candeias UFPE

    (examinadora externa)

    __________________________________________

    Prof. Dr. Jaime Joaquim da Silva pereira Cabral UFPE

    (examinador interno)

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    DEDICATRIA

    Primeiramente a DEUS, pelo dom da vida, pois sem isso nada seria possvel, e por

    me dar foras nos momentos de dificuldade e desnimo, principalmente nessa reta

    final.

    Ao meu pai, Josaf Bernardo de Luna (in memorian), por todo o seu carter e

    dedicao para comigo e meus irmos, por toda a educao que me proporcionou,

    por todos os sbios conselhos nos momentos que precisei e por ter sido um pai

    exemplar em toda a sua vida.

    minha me, Maria da Penha de Andrade Luna, por todo amor, carinho e dedicao

    para comigo e meus irmos.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus pelas oportunidades a mim ofertadas aolongo da vida, incluindo a oportunidade de desenvolver este trabalho. Por toda

    proteo e conforto nas horas difceis.

    Agradeo ao meu orientador Prof. Dr. Jos Roberto Gonalves de Azevedo

    pela disponibilidade, pela pacincia, direo e por toda colaborao dada durante o

    tempo de evoluo deste trabalho.

    Agradeo tambm a todos os meus amigos de Ps-graduao, em especial aArthur, Edilson, Tssia, Omena, Tati, Edneida, Freire, Edberto e Glauber por toda

    amizade e apoio.

    Agradeo a todas as pessoas que direta ou indiretamente fizeram parte da

    minha vida nessa trajetria.

    Fundao de Amparo Cincia e Tecnologia de Pernambuco FACEPE,

    pela concesso da bolsa de estudos durante o desenvolvimento da dissertao.

    Agradeo a CODEVASF/Petrolina e o Distrito de Irrigao do Nilo Coelho

    (DINC) pela liberao dos dados e apoio na pesquisa.

    Agradeo tambm a Gerencia de Estudos e Projetos (GESP)/DIRAM - INEA

    por todo apoio e ajuda na reta final de concluso do trabalho.

    E, por ltimo, mas no menos importante agradeo, especialmente, a minha

    me Maria da Penha de Andrade Luna, por todo amor, carinho e ensinamento e aos

    meus irmos Victor e Rafael pela torcida e fora constante.

    A todos o meu sincero obrigado.

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    RESUMO

    MANUTENO EM CANAIS DE IRRIGAO REVESTIDOS EM CONCRETO

    Hugo de Andrade Luna

    Os canais revestidos em concreto correspondem a alternativa mais econmica e,

    portanto, usual de conduo de gua nos permetros de irrigao. Ainda assim, os

    custos construtivos destas estruturas chegam a alcanar 50% dos investimentos

    totais da infraestrutura hdrica dos permetros, representado valores de at US$

    5.000,00 (Cinco mil dlares) por hectare irrigvel. Deficincias construtivas e/ou de

    manuteno ocasionam vazamentos que, alm do risco ambiental de salinizao do

    solo e reduo da capacidade de atendimento de rea irrigvel pela reduo da

    vazo transportada, provocam desperdcio significativo da gua em si. Estas perdas

    so bastante danosas ao meio ambiente alm de estarem associadas a prejuzos

    econmicos decorrentes do custo de bombeamento de recalque, notadamente

    energia eltrica e pela cobrana do uso da gua. Construes e/ou manutenes

    inadequadas podem, ainda, comprometer a integridade da obra com a ocorrncia de

    sinistros que, alm do custo de recuperao, causam graves prejuzos econmicos

    na produo agrcola com a interrupo do fornecimento de gua para a irrigao.Por outro lado, a manuteno dos canais responde por at 30% do total da

    manuteno da infraestrutura hdrica, representando valores de at US$ 4/ha/ano,

    refletindo significativamente na tarifa de gua cobrada aos usurios irrigantes ou nos

    recursos portados pela entidade governamental responsvel pelo permetro. Desta

    forma, a deciso quanto a execuo de determinada manuteno em um canal,

    deve basear-se na anlise econmica da relao custo benefcio entre o gasto com

    a interveno e a economia de gua a ser obtida, considerando tambm os fatoresambientais associados. comum em engenharia que determinado problema tenha

    vrias solues possveis, ficando a escolha desta, na maioria das vezes, a cargo de

    questes econmicas, temporais e/ou ambientais. No caso de manuteno em

    canais de irrigao revestidos em concreto no diferente, a maioria dos problemas

    decorrentes de execuo e/ou manuteno inadequada apresentam uma gama de

    solues possveis. Diante disso o presente trabalho apresenta as principais

    patologias e suas respectivas tcnicas de reparo e manuteno explanando ediscutindo as principais vantagens e desvantagens de cada tcnica. Como uma

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    significativa demanda por manuteno se d em decorrncia de uma m execuo

    do canal na fase de construo, este trabalho trs diretrizes, especificaes e

    recomendaes sobre as etapas de construo a fim de que se possa reduzir a

    demanda por manuteno associada a esta fase.

    Palavras Chave: Canais de irrigao, Revestimento em Concreto, Manuteno.

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    ABSTRACT

    MAINTENANCE IN IRRIGATION CHANNELS LINED IN CONCRETE

    Hugo de Andrade Luna

    The lined concrete channels corresponds the most economical, and thus, the usual

    alternative of conducting water in the irrigation perimeters. Still, the cost of

    construction of these structures even reach 50% of total investments in water

    infrastructure of the perimeters, represented values of up to US$ 5.000,00 (Five

    thousand dollars) per hectare irrigable. Deficiencies constructive and/or in

    maintenance cause leaks that, besides the environmental risk of soil salinization and

    reduction in service capacity of irrigable area by reducing the flow carried, cause

    significant waste of water itself.These losses are quite harmful to the environment as

    well as being associated with economic losses arising from the cost of pumping

    repression, notably electricity and recovery of water use. Inadequate buildings and/or

    maintenance can also compromise the integrity of the build with the occurrence of

    cracks that, beyond cost recovery, cause severe economic losses in agricultural

    production with the interruption of water supply for irrigation. Moreover, the

    maintenance of channels accounts for 30% of total maintenance of waterinfrastructure, representing values to US$ 4/ha/year, reflecting significantly in water

    tariff charged to users or irrigators resources ported by the government responsible

    for the perimeter. Thus, the decision regarding the implementation of any particular

    service in a channel, should be based on the economic analysis of the relationship

    between the money spent on intervention and water savings to be achieved,

    considering also environmental factors associated. It is common in engineering that

    particular problem has several possible solutions, this being the choice, most often,in charge of economic, temporal and / or environmental affairs. In the case of

    maintenance in irrigation canals lined in concrete is no different, most problems

    arising from running and/or improper maintenance feature a range of possible

    solutions.Therefore this dissertation presents the main pathologies and their

    maintenance and repair techniques explaining and discussing the main advantages

    and disadvantages of each technique. As a significant demand for maintenance are

    the result of bad execution of channel in the construction phase, this work brings

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    guidelines, specifications and recommendations on the steps of the building so that

    we can reduce demand for maintenance associated with this phase.

    Keywords: Irrigation Channels, Concrete Lining, Maintenance.

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    SUMRIO

    DEDICATRIA ........................................................................................................... ii

    AGRADECIMENTOS ................................................................................................. iii

    RESUMO .................................................................................................................... iv

    ABSTRACT ................................................................................................................ vi

    LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... x

    LISTA DE TABELAS ................................................................................................ xii

    LISTA DE SIGLAS ....................................................................................................xiii

    1. INTRODUO ........................................................................................................ 1

    1.1 Consideraes iniciais.................................................................................... 1

    1.2 Objetivo .......................................................................................................... 3

    1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 3

    1.2.1 Objetivos Especficos .............................................................................. 3

    2. REFERENCIAL TERICO ...................................................................................... 4

    2.1 Estruturas Hidrulicas de Conduo.................................................................. 4

    2.2 Canais Revestidos ............................................................................................. 5

    2.2.1 Vantagens em se revestir um canal ............................................................. 6

    2.2.2 Tipos de revestimento .................................................................................. 7

    2.3 Canais Sem Revestimento................................................................................. 9

    2.4 Problemas mais Comuns em Canais ............................................................... 10

    2.5 Dimensionamento Hidrulico ........................................................................... 14

    2.5.1 Vazo de Projeto ....................................................................................... 14

    2.5.2 Velocidades Limites ................................................................................... 16

    2.6 Dimensionamento da Seo Transversal......................................................... 19

    2.7 Juntas .............................................................................................................. 29

    2.8 Manuteno ..................................................................................................... 31

    2.8.1 Manuteno em Distritos de Irrigao ....................................................... 33

    2.8.1.1 Manuteno em canais no revestidos ............................................... 46

    2.8.1.2 Manuteno em canais revestidos ...................................................... 53

    3. ESTADO DA ARTE ............................................................................................... 56

    3.1 Etapas de Construo...................................................................................... 56

    3.1.1 Servios Preliminares ................................................................................ 563.1.2 Execuo de Sees em Corte .................................................................. 57

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    3.1.3 Execuo de Sees em Aterro ................................................................. 62

    3.1.4 Execuo de Sees em Corte e Aterro .................................................... 66

    3.1.5 Execuo do Revestimento do Canal ........................................................ 66

    3.1.5.1 Manta................................................................................................... 66

    3.1.5.2 Concreto.............................................................................................. 69

    3.1.6 Precaues Enquanto o Canal se Encontra Vazio .................................... 74

    3.2 Manuteno no Canal ...................................................................................... 78

    3.2.1 Canal vazio ................................................................................................ 80

    3.2.2 Canal em operao .................................................................................... 83

    4. ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 86

    4.1 Descrio das reas ........................................................................................ 86

    4.1.1 Distrito Irrigado Nilo Coelho (DINC) ........................................................... 86

    4.1.2 Permetro Irrigado de Fulgncio ................................................................. 91

    4.1.3 Projeto Salitre ............................................................................................ 91

    5. RESULTADOS E DISCUSSES .......................................................................... 96

    5.1 Principais Patologias e Suas Causas............................................................... 96

    5.2 Tcnicas de Reparao e Manuteno.......................................................... 106

    6. CONCLUSES E RECOMENDAES ............................................................. 1196.1 Concluses Gerais......................................................................................... 119

    6.2 Consideraes Finais..................................................................................... 120

    6.3 Recomendaes ............................................................................................ 122

    7. REFERNCIAS ................................................................................................... 124

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Seo tpica do canal revestido em concreto 21

    Figura 2 Detalhes do revestimento em concreto 21

    Figura 3 Seo tpica do canal sem revestimento 22

    Figura 4 Grfico relao entre a capacidade do canal e a espessura dorevestimento de concreto

    24

    Figura 5

    Detalhes de juntas de contrao tpicas para revestimento em

    concreto 30

    Figura 6 Extrao manual de vegetao em canal sem revestimento 51

    Figura 7 Seo tpica de canal de irrigao executado em corte 52

    Figura 8 Seo transversal com dreno sub-superficial 55

    Figura 9 Execuo de revestimento de concreto em talude com rguamestra

    70

    Figura 10 Execuo de revestimento de concreto em talude com forma eescoramento

    71

    Figura 11 Execuo de revestimento de concreto em talude com rguadeslizante puxada mecanicamente

    72

    Figura 12 Equipamento de concretagem de talude operadolongitudinalmente 73

    Figura 13 Equipamento de concretagem de seo operadolongitudinalmente seo completa/meia seo

    74

    Figura 14 Detalhes tpicos de um sistema de drenagem subterrneo pordrenos

    76

    Figura 15 Detalhes de dreno de p com vlvula de reteno 77

    Figura 16 Viso geral da localizao do Distrito Irrigado Nilo Coelho(DINC)

    90

    Figura 17 Localizao do Projeto Salitre 94

    Figura 18 Delimitao de subreas Projeto Salitre 95

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    xi

    Figura 19 Cavidade de grande dimenso por trs de revestimento emconcreto

    97

    Figura 20 Fissuras no revestimento em decorrncia de subpresso 98

    Figura 21 Fissuras e Rachaduras no revestimento em decorrncia demovimento na camada de solo de fundao

    99

    Figura 22 Deslocamento de painis causado por subpresso Talude/fundo

    100

    Figura 23 Deslocamento de painis em talude 100

    Figura 24 Colapso de painis de revestimento em concreto 101

    Figura 25 Degradao/desgaste do revestimento em concreto 102

    Figura 26 Aspecto de juntas com alto nvel de degradao 103

    Figura 27 Crescimento de vegetao aqutica no fundo do canal 104

    Figura 28 Crescimento de vegetao em junta longitudinal 104

    Figura 29 Crescimento de vegetao de grandes dimenses em talude 105

    Figura 30 Processos erosivos em talude de seo em corte profundo 106

    Figura 31 Manuteno em canais com cavidade atrs de revestimento 108

    Figura 32 Pintura com resina fluida em fissura 110

    Figura 33 Procedimento de tratamento de fissura entre 0,4 e 1,0 mm 111

    Figura 34 Resselagem de junta 115

    Figura 35 Escalonamento de talude em corte profundo 118

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Valores do parmetro C para alguns tipos de solo 21

    Tabela 2 Coeficiente de Manning 21

    Tabela 3 Relao entre o raio hidrulico e o coeficiente de Manning (n)(concreto)

    22

    Tabela 4 Relao entre o raio hidrulico e o coeficiente de Manning (n)(terra)

    24

    Tabela 5 Velocidades mnimas de acordo com materiais em suspenso

    na gua

    30

    Tabela 6 Velocidades Limites para alguns materiais base de canais 51

    Tabela 7 Valores do coeficiente C 52

    Tabela 8 Variveis (Figuras 1,2 e 3) 55

    Tabela 9 Largura de Fundo b e profundidade normal d em funo davazo de projeto

    70

    Tabela 10 Valores de t1, t2, HB, t, L, HC e C-C 71

    Tabela 11 Declividade de taludes, coeficiente de Manning, e borda livre 72

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    xiii

    LISTA DE SIGLAS

    A.C - Antes de Cristo

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    DER/SP - Departamento de Estradas de Rodagem de So Paulo

    DINC - Distrito Irrigado Nilo Coelho

    DN - Dimetro Nominal

    DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

    DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte

    FAO - Food and Agriculture Organization of The United Nations

    HM - Altura Manomtrica

    PE - Polietileno

    PEAD - Polietileno de Alta Densidade

    PERT - Program Evaluation and Review Technique

    PVC - Cloreto Polivinlico

    USDA - United States Department of Agriculture

    WRD - Water Resources Department

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    Manuteno em Canais de Irrigao Revestidos em Concreto Introduo

    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 1

    1. INTRODUO

    1.1 Consideraes inic iais

    A gua tem sido assunto recorrente nas ltimas dcadas no sentido de alertar o

    mundo para o consumo racional e sustentvel desse bem. Estudos mostram que a

    demanda s cresce enquanto que as reservas de gua potvel do planeta

    diminuem, sendo a tendncia, nesse cenrio, de cada vez mais escassez.

    A importncia da presena da gua j era sabida desde a antiguidade, visto que, as

    primeiras civilizaes que surgiram se instalaram em reas costeiras ao longo de

    cursos dgua. Logo foi percebido que, to importante quanto estar prximo da gua,

    era conseguir conduzi-la e armazena-la, podendo assim utiliza-la para irrigar reas

    frteis e conseguir produtividade suficiente a subsistncia.

    Inicialmente as tcnicas de conduo e armazenamento de gua eram bastante

    rudimentares, mas no Egito, cerca de 6.000 A.C, aparecem os primeiros relatos de

    tcnicas com alguma complexidade. Eles utilizavam um sistema de diques e canais

    para armazenar e conduzir as guas do rio Nilo aps as cheias peridicas do

    mesmo. Apesar de iniciada com os egpcios, a tcnica de conduo se desenvolveu

    mesmo com os romanos que, para abastecer seu imprio, contavam com uma vasta

    rede de aquedutos e canais alguns deles com quilmetros de extenso.

    A questo da estanqueidade em canais de conduo hidrulica sempre foi

    considerada de difcil soluo, atualmente existem diversas tecnologias e materiais

    utilizados para esse fim, dentre os quais podemos citar o concreto, as membranasplsticas, o solo-cimento e a mistura asfltica.

    Atualmente o material mais utilizado na construo de revestimento de canais de

    conduo hidrulica o concreto por ser, normalmente, a alternativa mais

    econmica e se possuir um maior know-how tanto do material quando das tcnicas

    construtivas.

    A principal funo do concreto, como revestimento do canal, assegurar a

    estanqueidade necessria para garantir a eficincia no transporte de gua nas

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    Manuteno em Canais de Irrigao Revestidos em Concreto Introduo

    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 2

    condies de escoamento projetadas. Alm disso, o concreto tem funo de

    proteo dos taludes e fundo contra a eroso.

    No entanto, anomalias podem ocorrer e, com o passar do tempo, o concreto pode

    acabar deixando de exercer suas funes de maneira eficiente. Essas anomalias

    podem ser causadas por diversos fatores dentre eles podem-se destacar:

    Degradao natural com a idade

    M execuo do revestimento na fase de construo

    M qualidade do concreto utilizado

    Ao de subpresses

    Movimentos no solo de fundao

    Portanto, nesses casos se faz necessrio a realizao de servios de reparo e

    manuteno no canal a fim que se consiga recuperar as condies originais do

    mesmo, ou seja, a capacidade de transporte para o qual foi projetado com as

    mnimas perdas.

    Vale ressaltar que, em se tratando de canais de distritos de irrigao, a manuteno

    responde por at 30% do total da manuteno da infraestrutura hdrica,

    representando valores de at US$ 4/ha/ano (Relatrio Interno nmero 10 P&D

    CHESF, 2009), refletindo significativamente na tarifa de gua cobrada aos usurios

    irrigantes ou nos recursos portados pela entidade governamental responsvel pelo

    permetro. Desta forma, a deciso quanto a execuo de determinada manuteno

    em um canal, deve basear-se na anlise econmica da relao custo benefcio entre

    o gasto com a interveno e a economia de gua a ser obtida, considerando

    tambm os fatores ambientais associados.

    Diante disso o presente trabalho apresenta as principais patologias e suas

    respectivas tcnicas de reparo e manuteno explanando e discutindo as principais

    vantagens e desvantagens de cada tcnica. Como uma significativa demanda por

    manuteno se d em decorrncia de uma m execuo do canal na fase de

    construo, este trabalho trs diretrizes, especificaes e recomendaes sobre as

    etapas de construo a fim de que se possa reduzir a demanda por manuteno

    associada a esta fase.

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    Manuteno em Canais de Irrigao Revestidos em Concreto Introduo

    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 3

    1.2 Objetivo

    1.2.1 Objetivo Geral

    Essa dissertao tem por objetivo fazer um apanhado de todos os aspectos

    relacionados com manuteno em canais de irrigao revestidos em concreto.

    1.2.1 Objetivos Especficos

    Fazer um levantamento completo das principais patologias relacionadas acanais de irrigao revestidos em concreto;

    Investigar e discutir as causas das principais patologias;

    Propor a melhor soluo para cada patologia;

    Propor uma metodologia para o correto planejamento da manuteno;

    Abordar os principais critrios, diretrizes, recomendaes e especificaes de

    dimensionamento, elaborao de projeto, execuo de canais.

  • 7/25/2019 MANUTENO EM CANAIS DE IRRIGAO REVESTIDOS EM CONCRETO

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    Manuteno em Canais de Irrigao Revestidos em Concreto Referencial Terico

    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 4

    2. REFERENCIAL TERICO

    Nesse captulo se faz um apanhado geral da literatura existente no que diz respeitoa estruturas hidrulicas de conduo, canais de irrigao, revestidos ou no,

    problemas mais comuns em canais, dimensionamento de canais, juntas e

    manuteno em distritos de irrigao e canais em especfico.

    2.1 Estruturas Hidrulicas de Conduo

    Estruturas hidrulicas de conduo, por definio, so estruturas destinadas a

    transportar gua de uma fonte (tomada dgua: rio, lago, etc.), com cota geralmente

    mais elevada, at o local onde a mesma ser utilizada (INFANTE & SEGERER,

    2010). Estas estruturas podem ser de escoamento forado, onde so,

    obrigatoriamente, fechadas e o escoamento se procede com presso superior

    atmosfrica (sistemas adutores, abastecimento pblico), ou de escoamento livre,

    onde o escoamento ocorre presso atmosfrica e a estrutura geralmente aberta

    ou fechada mas trabalhando parcialmente cheia (canais projetados, canais naturais,

    sistemas de drenagem e de esgotamento sanitrio).

    Levando-se em considerao o destino da gua transportada em canais de

    escoamento livre, estes podem ser:

    Industriais: Abrange toda estrutura ou canal que transporte gua para fins

    industriais, inclusive canais naturais utilizados na gerao de energia

    hidroeltrica.

    De irrigao: Tem a funo de levar gua at as zonas de cultivo,geralmente tem seo trapezoidal, podendo ser revestido ou no, tem a

    caracterstica de ter a seo transversal varivel, diminuindo ao longo de sua

    extenso, em funo da diminuio de vazo transportada decorrente das

    derivaes existentes em seu percurso.

    Navegveis: Abrange todos os canais que possuem pelo menos um trecho

    navegvel, so geralmente canais naturais, podendo tambm ser artificiais

    geralmente interligando duas regies navegveis, so mais utilizados naregio norte do pas, onde se encontram as maiores bacias hidrogrficas,

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    Manuteno em Canais de Irrigao Revestidos em Concreto Referencial Terico

    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 6

    condies climticas, questes construtivas, ambientais, relativas operao e

    manuteno, experincia com outros sistemas existentes, assim como bom senso e

    conhecimentos gerais de engenharia (BUREAU OF RECLAMATION, 2002b).

    2.2.1 Vantagens em se revestir um canal

    Revestir um canal traz algumas vantagens, dentre as quais podem-se citar: reduo

    da perda de gua por infiltrao, reduo da dimenso do canal e reduo da

    necessidade manuteno no mesmo. Embora em alguns casos os estudos de

    concepo mostrem que os custos para revestir o canal no compensem as

    vantagens supracitadas, canais revestidos, de maneira geral, so uma tima

    alternativa na conduo de gua principalmente para irrigao (FAO, 1992).

    Reduo da perda de gua por infiltrao : Em canais tpicos de terra no

    compactada as perdas por infiltrao podem ser bastante elevadas. Entre

    perdas por infiltrao, perdas operacionais e por evaporao, estima-se que

    um canal de terra no-revestido perca cerca de um tero da gua que

    transporta (BUREAU OF RECLAMATION, 2002b). Segundo Bereau of

    Reclamation (2002b), se a perda por infiltrao prevista para um canal sem

    revestimento for igual ou superior a 0,15m/m/24h o mesmo deve ser

    revestido. Estudos mostram que ao se revestir um canal possvel se

    conseguir uma reduo de at 95% das perdas por infiltrao

    (THANDAVESWARA, 2005). Alm do explcito benefcio decorrente da

    conservao do recurso hdrico, h tambm o benefcio econmico advindo

    da reduo dos custos com bombeamento em locais onde se faz o uso dessatcnica.

    Reduo da dimenso do canal: Como a rugosidade em canais revestidos

    menor do que em canais no revestidos, ocasionando uma menor resistncia

    a passagem da gua, e consequentemente, uma maior velocidade da mesma

    e tendo em vista que a vazo um produto da rea molhada da seo-

    transversal pela velocidade mdia da gua, temos que para uma mesmavazo a rea molhada e, portanto, a da seo transversal de um canal

  • 7/25/2019 MANUTENO EM CANAIS DE IRRIGAO REVESTIDOS EM CONCRETO

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    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 7

    revestido menor do que para um canal no revestido, pois a velocidade

    mdia da gua transportada naquele maior (FAO, 1992). Segundo

    Thandaveswara (2005), para uma mesma vazo, a rea da seo transversal

    de um canal revestido ter 40% da rea da seo transversal de um canal

    no revestido. Isso de grande valia na reduo dos custos com escavao e

    movimento de terra, e tambm em situaes onde o espao de trabalho

    restrito.

    Reduo de manuteno: Revestimentos como concreto, alvenaria ou

    membranas plsticas impedem ou dificultam bastante o crescimento de

    vegetao, a construo de tocas por pequenos animas e at mesmopossveis danos pela passagem de animais maiores (vacas, bois, cavalos,

    etc). Alm disso, a maior velocidade da gua transportada impede a

    deposio de sedimentos carreados pela mesma (FAO, 1992). Vale ressaltar

    tambm que as laterais e o fundo de canais revestidos so mais estveis e

    menos susceptveis a eroso do que em canais no revestidos (FAO, 1992).

    2.2.2 Tipos de revestimento

    Vrios podem ser os revestimentos usados em canais, alguns mais eficientes outros

    menos, dependendo de cada situao. Dentre os principais podem-se citar: o

    concreto, a terra compactada, o solo-cimento, as membranas plsticas, e a mistura

    asfltica.

    Concreto : Revestimento muito utilizado em canais de irrigao. Alm deproduzir uma barreira dura e de permeabilidade muito baixa

    (0,0213m/m/24h) quando bem executado , dificultar o crescimento de

    plantas e se tornar uma barreira quase impenetrvel para pequenos animais

    fazerem sua toca, o concreto tem a vantagem de ser adaptvel a qualquer

    geometria. Quando bem executados e feita a manuteno adequada,

    possuem vida til entre 25-50 anos (THANDAVESWARA, 2005). Canais com

    revestimento de concreto geralmente so executados de forma trapezoidal,podendo tambm ser construdo de forma parablica (pequenas vazes),

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    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 8

    podendo ser em concreto no-armado, com espessura variando de 65 mm a

    105 mm, ou em concreto armado, com espessura variando de 90 mm a 150

    mm (BUREAU OF RECLAMATION, 2002b).

    Solo-cimento: Esse revestimento se d atravs da mistura de cimento, solo

    do prprio canal e gua. Sua espessura varia entre 10 e 15 cm e a relao

    cimento/solo est entre 1:4 e 1:6. Esse revestimento muito caro em sua

    execuo, e os melhores resultados foram obtidos em solos argilosos e

    espessos. Tal tcnica necessita de um trabalho de laboratrio rigoroso tanto

    na preparao quanto na execuo. H duas maneiras de se executar tal

    tcnica, a mistura seca, onde o cimento distribudo sobre a superfcie e semistura completamente com o solo depois umedecido por asperso,

    misturado novamente, e compactado. A segunda maneira atravs de uma

    mistura plstica formada pelo solo retirado, cimento e gua, que misturada

    numa betoneira, e aplicada nas laterais e fundo do canal. H a necessidade

    de cura, assim como o concreto (INFANTE & SEGERER, 2010).

    Membranas Plsticas: No Brasil os materiais mais empregados para essestipos de manta so o Cloreto Polivinlico (PVC) e o Polietileno (PE). Embora

    o desempenho e a durabilidade do Polietileno sejam melhores se comparado

    ao PVC, sua utilizao foi descontinuada porque a superfcie do lenol de

    PE era to lisa que se tornava difcil manter o material de cobertura sobre os

    taludes laterais, sem que deslizasse, e, tambm, devido exigncia de

    juntas soldadas com calor, assim como a consequente mo-de-obra

    especializada (BUREAU OF RECLAMATION, 2002b). Estes materiais

    devem ser de cores escuras para impedir o transpasse de luz solar e,

    consequentemente, inibir o crescimento de vegetao sob a manta

    (INFANTE & SEGERER, 2010). Esse revestimento pode ser executado de

    duas maneiras: de forma exposta ou enterrada. Na primeira, a manta (2mm)

    colocada diretamente sobre a superfcie do canal sem nenhuma cobertura.

    Essa tcnica se mostra pouco competitiva, do ponto de vista econmico,

    quando comparados a outros sistemas mais convencionais de revestimento

    de canais, visto que, esto mais vulnerveis a possveis danos de causados

    pelo transito de animais e degradao pela ao do clima, sendo necessria

  • 7/25/2019 MANUTENO EM CANAIS DE IRRIGAO REVESTIDOS EM CONCRETO

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    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 9

    sua substituio de peridica. J na segunda tcnica, a membrana plstica,

    com espessura mnima de 8 mm, recoberta por uma espcie de capa de

    areia e cascalho com espessura mnima de 30 cm, podendo tambm ser

    recoberta por concreto, nesse caso, fazendo apenas funo de proteo

    mecnica a membrana. Essa ultima tcnica tem se mostrado muito eficiente

    e, atualmente, a mais utilizada em revestimentos de estruturas de

    conduo. A inclinao dos taludes laterais dever ser igual ou inferior a 1:

    2,5, dependendo das dimenses do canal e dos materiais de base e

    cobertura (BUREAU OF RECLAMATION, 2002b). indispensvel o respeito

    da espessura mnima do material de cobertura, pois, este serve de proteo

    contra possveis danos ou furos causados por gado ou outros animais queentrem no canal quando este se encontra seco (BUREAU OF

    RECLAMATION, 2002b). Vrias so as vantagens do uso dessa tcnica,

    dentre elas pode-se citar: a possibilidade de ser utilizada em diversas

    condies climticas, a facilidade de adaptao na reabilitao de canais

    sem revestimento com problemas de infiltrao excessiva e uma maior

    tolerncia a flutuaes no nvel da gua se comparado a outros

    revestimentos, quando o material de cobertura for projetado para taiscondies (BUREAU OF RECLAMATION, 2010).

    Mistura Asfltica: Este revestimento com asfalto pr-fabricado muito caro

    e no h estudos suficientes que comprovem de sua eficincia (INFANTE &

    SEGERER, 2010).

    2.3 Canais Sem Revestimento

    Canais sem revestimento, tambm chamados de canais de terra, so aqueles em

    que a conduo da gua se d na superfcie de solo natural em que o canal foi

    escavado. Geralmente, perda de gua por infiltrao excessiva no um problema

    em canais escavados em solos de textura entre mdia e fina; embora, eroso e

    sedimentao podem ocorrer se o solo for erosivo (USDA, 1997). Para se manter a

    seo transversal do canal estvel, assim como sua capacidade de conduo, deve-se respeitar as velocidades limites de escoamento, em relao seo transversal e

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    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 10

    a declividade de fundo. A velocidade de escoamento tem um limite inferior, dado

    pelo valor mnimo para que no haja deposio ou sedimentao das partculas em

    suspenso, e um limite superior, dado pela velocidade mxima para se evitar a

    eroso (INFANTE & SEGERER, 2010). Ao se iniciar a operao nesses canais,

    ocorre um pouco de eroso e sedimentao at que se chegue a uma situao de

    equilbrio, a partir disso, os canais se tornam bem estveis (INFANTE & SEGERER,

    2010).

    Para que um canal de terra se torne uma opo vivel, ou seja, que se conserve em

    operao, com capacidade de transporte satisfatria, por um grande perodo de

    tempo e com o mnimo de manuteno, algumas requisitos devem ser atendidos

    dentre eles podemos citar (INFANTE & SEGERER, 2010):

    Projetar o canal respeitando as velocidades de escoamento, utilizando os

    critrios limites de eroso e sedimentao;

    Executar com preciso a escavao, respeitando a geometria, o alinhamento

    e a declividade de fundo;

    Preparar o solo de maneira que se consiga a estanqueidade satisfatria, ou

    seja, infiltrao < 0,15m/m/24h; Realizar um tratamento no solo a fim de se impedir o crescimento de

    vegetao e realizar trabalhos de limpeza dessa vegetao quando

    necessrio.

    De maneira geral, a escolha de se revestir ou no um canal e o tipo de revestimento

    mais adequado se d atravs de questes econmicas, salvo alguns casos em que

    condies climticas, ambientais, locais ou de caractersticas prprias de destino docanal, limitem a deciso por um tipo ou outro.

    2.4 Problemas mais Comuns em Canais

    Em grande parte dos casos, as patologias em canais ocorrem por falta de

    manuteno e/ou operao adequadas, podendo tambm ser por erros no projeto

    e/ou na execuo do mesmo. Dentre os principais problemas que podem serencontrados em canais, podem ser citados: As perdas de gua, que podem ser por

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    infiltrao excessiva, evaporao, transbordamento e por vazamento, o

    assoreamento e a eroso do canal.

    Perdas por Infiltrao: Perdas por infiltrao so inevitveis mesmo em

    canais revestidos, segundo Bureau of Reclamation (2002b) um tpico canal

    revestido em concreto de boa qualidade apresentar uma infiltrao de

    aproximadamente 0,0213m/m/24h, como citado anteriormente. Essas

    perdas podem se tornar significativas caso o material no qual o canal foi

    construdo tenha alta permeabilidade (FAO, 1992). Vale ressaltar que taxas

    elevadas de infiltrao podem tambm ser consequncia de falhas na

    execuo, manuteno ou operao. Dentre as principais causas deinfiltrao excessiva podem ser citados: buracos de ratos ou cupins nos lados

    ou fundo do canal; margens erodidas; infiltraes ao redor das estruturas;

    estruturas de controle indevidamente seladas; rachaduras ou buracos no

    revestimento de concreto ou juntas seladas incorretamente; rasgos em

    revestimentos plsticos ou asflticos (FAO, 1992). Os resultados da infiltrao

    pelas laterais do canal podem ser facilmente percebidos, pois, clara a

    observncia de elevada umidade, formao de poas ou pequenos lagos ecrescimento excessivo de vegetao em reas ao longo do canal. J a

    infiltrao que ocorre no fundo do canal de difcil deteco, pois, a gua

    infiltrada logo percola se misturando ao lenol fretico (FAO, 1992). Existem

    alguns mtodos para de calcular a perda por infiltrao em canais, dentre eles

    pode-se citar: medio de vazo de entrada e vazo de sada, monitoramento

    da altura de lmina dgua em um trecho controlado do canal ponding,

    utilizao de permemetros de carga constante (USDA, 1997). Todos osmtodos supracitados de medio de infiltrao so para o caso em que j

    existe um canal em operao, quando se deseja fazer uma estimativa em um

    canal que no esteja finalizado ou em operao, so usadas expresses

    empricas, uma delas a Frmula de Moritz, apresentada abaixo:

    (1)

    Onde: = perda em metros cbicos por segundo, por quilmetro de canal;

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    = vazo de projeto do canal, em metros cbicos por segundo;

    = velocidade de escoamento no canal, em metros por segundo;

    = coeficiente de perda de gua, em metros cbicos em 24 horas,

    atravs de cada metro quadrado de permetro molhado.

    O valor do parmetro C pode ser obtido atravs da Tabela 1, construda

    atravs de observaes em vrios sistemas de canais nos Estados Unidos.

    Tabela1- Valores do parmetro C para alguns tipos de solo

    Tipo de Material Valor de "C"

    Cascalho cimentado e subsolo firme("hardpan") com lodo arenoso

    0,104

    Argila e lodo argiloso 0,125

    Lodo arenoso 0,201

    Cinzas vulcnicas 0,207

    Cinzas vulcnicas com areia 0,299

    Areia e cinzas vulcnicas ou argila 0,366

    Solo arenoso com rochas 0,512

    Solo arenoso e cascalho 0,671

    Fonte: Bureau of Reclamation, 2002b

    Como mencionado antes, as perdas por infiltrao podem ser reduzidas

    revestindo-se o canal ou fazendo um tratamento de estanqueidade no solo

    para canais no revestidos.

    Perdas por Evaporao: Perdas por evaporao existem em qualquer canal

    independente do revestimento que se tenha no mesmo. A evaporao

    calculada de forma direta, conhecendose a evaporao da regio em mm e

    a rea superficial de gua do canal a ela exposta, calcula-se o volume de

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    gua evaporado multiplicando ambas as magnitudes (INFANTE & SEGERER,

    2010)

    Transbordamento : As principais causas do transbordamento em canais so:

    vazo incomum, ultrapassando a capacidade do canal; Surgimento de

    obstculos como assoreamento rochas, blocos e crescimento de vegetao

    bloqueando a passagem da gua; operao inadequada de estruturas de

    controle, causando fechamento indevido de comportas; excesso de chuva

    sendo drenada para dentro do canal; Erros de projeto e/ou execuo do canal

    repercutindo em diminuio da capacidade do mesmo (FAO, 1992).

    Transbordamentos podem causar eroso nas margens e pode levar agrandes avarias (FAO, 1992). Pode ser prevenido melhorando-se o sistema

    de operao de estruturas de controle. Comportas seriam instaladas e

    abertas para drenar o excesso de gua dos canais.

    Assoreamento: Ocorre quando existe o acmulo de sedimentos carreados

    pela gua, causando diminuio da capacidade de transporte do canal e, em

    alguns casos, bloqueio do fluxo com consequente transbordamento. Oproblema pode ser resolvido de maneira relativamente simples, retirando-se o

    excesso de sedimento do fundo do canal e regulando a velocidade da gua

    para evitar mais deposio de sedimentos.

    Eroso: Ocorre quando os lados e fundo do canal (no revestido) entram em

    processo de deteriorao por ao das altas velocidades de escoamento das

    guas. Em geral, as curvas e sees a jusante de estruturas de controle so

    mais susceptveis eroso, desde que a velocidade de escoamento seja

    elevada e as mudanas de direo acentuadas, causem turbulncia (FAO,

    1992). Eroso tambm pode ser causada por falhas no projeto e/ou execuo

    nesse caso, quando no so respeitados os limites de declividade dos taludes

    laterais e de fundo do canal. Taludes muito acentuados, podem deslizar para

    dentro do canal causando assoreamento ou bloqueio do fluxo. Se a lateral

    dos canais no for muito slida, podem ocorrer vazamentos (FAO, 1992).

    Canais construdos em solos arenosos so mais susceptveis a eroso se

    comparados a canais feitos em solos argilosos, devido sua maior coeso.

  • 7/25/2019 MANUTENO EM CANAIS DE IRRIGAO REVESTIDOS EM CONCRETO

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    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 14

    Para evitar eroso em qualquer que seja o material no qual o canal foi

    construdo necessrio que os limites tanto de velocidade do escoamento

    quanto de inclinao de taludes sejam respeitados, caso contrrio, a eroso

    do canal ocorrer sempre, independente do tipo de solo. Se mesmo com as

    velocidades e as inclinaes devidamente respeitadas a eroso continuar, a

    soluo revestir o canal (FAO, 1992).

    De maneira geral, canais construdos dentro das especificaes adequadas, com um

    bom gerenciamento tanto na operao quanto na manuteno de suas estruturas,

    no apresentam tantos problemas e tem uma vida til bastante prolongada.

    2.5 Dimensionamento Hidrulico

    Os clculos hidrulicos em canais abertos consistem, basicamente, na obteno de

    parmetros hidrulicos como a vazo de projeto e as velocidades limites de

    escoamento das guas. Em geral, para o dimensionamento hidrulico em canais

    abertos adota-se o regime permanente e uniforme, ou seja, as propriedades

    hidrulicas (permetro molhado, lmina dgua, raio hidrulico) do canal no variam

    no tempo ou espao.

    2.5.1 Vazo de Projeto

    Existem algumas expresses na literatura para o clculo dessas vazes como a

    frmula de Bazin, frmula de Bazin modificada por Contessini, frmula de

    simplificada de Kutter, todas baseadas na equao de Chezy. No Brasil, esses

    clculos geralmente so feitos atravs da equao de Manning, baseada nas

    equaes de Chezy e da Continuidade. Sendo assim, a capacidade do canal pode

    ser calculada pela Equao 2.

    (2)

    Onde: Q Vazo do trecho (m/s);

    A rea molhada, rea da seo ocupada pelo lquido (m);

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    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 15

    Rh Raio hidrulico (m);

    0

    S Declividade do fundo do canal no trecho (m/m);

    n Coeficiente de Manning

    O coeficiente de Manning (n), quando aplicado em condutos livres, representa as

    perdas de energia distribudas e localizadas (singularidades ou acidentais) de um

    determinado intervalo, podendo-se major-los para representar as caractersticas

    particulares locais. Os valores do parmetro (n), agrupados em funo da natureza

    das paredes do conduto,podem ser encontrados na Tabela 2.

    Tabela 2 Coeficiente de Manning

    Fonte: Chow, 1985

    Segundo Bureau of Reclamation (2002b), a experincia acumulada e extensos

    trabalhos de campo demonstram que, para canais revestidos em concreto, o valor

    de n aumenta com o aumento das dimenses do canal. Os estudos constataram

    uma relao entre o coeficiente n e o raio hidrulico . Os valores de n

    encontrados na Tabela 3 so considerados adequados para os canais com

    revestimento de concreto (BUREAU OF RECLAMATION, 2002b).

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    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 16

    Tabela 3 Relao entre o raio hidrulico e o coeficiente de Manning (n) (concreto)

    Raio Hidrulico (Rh) Coeficiente de Manning (n)

    1,2 0,0565 [Rh(1/6)]/log(9711Rh)

    Fonte: Bureau of Reclamation, 2002b

    Para canais sem revestimento os valores de (n) so apresentados na Tabela 4:

    Tabela 4 Relao entre o raio hidrulico e o coeficiente de Manning (n) (terra)

    Raio Hidrulico (Rh) Coeficiente de Manning (n)

    2,8 0,0225

    Fonte: Bureau of Reclamation, 2002b

    J para sees do canal cobertas de areia e cascalho, o valor (n) de Manning podeser obtido atravs da equao de Strickler.

    (3)

    Onde d50 igual ao tamanho, em metros, para o qual 50% do material do leito, porpeso, mais fino (BUREAU OF RECLAMATION, 2002b).

    2.5.2 Velocidades Limites

    Para o caso de canais no erodveis (revestidos), o critrio adotado o da menor

    velocidade pra que no permita o inicio da sedimentao e no induza o

    crescimento de vegetao aqutica (INFANTE & SEGERER, 2010). O valor exato de

    tal velocidade no pode ser determinado com facilidade. Em geral adota-se uma

    velocidade mdia na seo de 0,6 a 0,9 m/s quando a porcentagem de silte em

    suspenso pequena, e uma velocidade mdia no inferior a 0,75 m/s para prevenir

    o crescimento de vegetao (INFANTE & SEGERER, 2010). Os valores

    recomendados de velocidade mnima de acordo com o material em suspenso na

    gua so mostrados na Tabela 5.

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    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 17

    Tabela 5 Velocidades mnimas de acordo com materiais em suspenso na gua.

    Material em suspenso Velocidade Mnima (m/s)

    Silte 0,08

    Areia Fina (d = 2mm) 0,16

    Areia Grossa (d = 5mm) 0,21

    Cascalho Fino (d = 8mm) 0,32

    Cascalho 0,65

    Fonte: Infante & Segerer, 2010

    Onde:

    d = Dimetro mdio do material.

    J para canais erodveis (sem revestimento), alm da velocidade mnima para evitar

    a sedimentao, existe uma velocidade mxima, dependendo do tipo de material do

    canal, que evitar a eroso das laterais e fundo do canal. Nesse caso, pode ser

    usado o critrio da velocidade limite que consiste em projetar a seo transversal do

    canal de tal maneira que a velocidade de escoamento seja menor que a velocidade

    mxima permitida pelo material das laterais e fundo do canal (INFANTE &

    SEGERER, 2010). Os valores dessas velocidades limites podem ser encontrados na

    Tabela 6.

    Tabela 6 Velocidades Limites para alguns materiais base de canais

    Material do canal Velocidade limite (m/s)

    Areia Fina 0,40

    Argila Arenosa 0,50

    Argila Pura 0,60

    Argila com cascalho fino 0,70

    Mistura de cascalho, areia eargila

    1,00

    Pedregulho 1,20

    Seixos e Cascalho 1,50

    Rochas Alteradas 2,40

    Rochas intactas 4,00

    Concreto >4,00

    Fonte: Infante & Segerer, 2010

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    Outra expresso conhecida para o clculo da velocidade de no sedimentao e

    no eroso em guas que carreiam sedimentos a frmula de Kennedy, que leva

    em considerao a altura da lmina dgua e o tipo de solo.

    (4)

    Onde: = Velocidade de no eroso e sedimentao (m/s);

    = Coeficiente relativo ao solo;

    = Profundidade de gua (m);

    O coeficiente (C) pode ser obtido atravs da tabela 7.

    Tabela 7 Valores do coeficiente C

    Tipo de Solo Valor de C

    Arenoso fino e leve 0.84

    Arenoso mais grado e leve 0.92

    Lodoso arenoso 1.01

    Detritos de solo duro ou siltegrosso

    1.09

    Fonte: Bureau of Reclamation, 2002b

    J para o caso do canal transportar gua limpa, sem sedimento, a equao de

    Kennedy fica:

    (5)

    Caso haja necessidade de se colocar areia e cascalho nos canais de terra, a fim deproteger as margens da ao das ondas. No caso de gua limpa escoar sobre

    camadas protetoras de areia e cascalho e outros leitos de material granuloso no-

    coeso, a velocidade no erosiva (BUREAU OF RECLAMATION, 2002b):

    (6)

    Onde d50 o mesmo valor citado anteriormente e Rh o raio hidrulico.

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    Existem outras maneiras de se calcular as velocidades limites presentes na

    literatura, dentre elas podemos citar as velocidades mximas de Scobey, o critrio

    das foras de atrito, ou as teorias de Einstein, Graff e outros (INFANTE &

    SEGERER, 2010).

    2.6 Dimensionamento da Seo Transversal

    Levando-se em considerao questes como eficincia hidrulica, facilidade

    construtiva e custo de implantao, j est consagrada na literatura tcnica que um

    canal com seo transversal trapezoidal mais vivel, tanto para canais revestidos

    como para no revestidos, se comparado a canais de seo transversal em

    semicrculo ou em funil, que possuem maior eficincia hidrulica. Diante disso, a

    Figura 1 mostra a seo transversal tpica de canais de irrigao com revestimento

    em concreto, a Figura 2 mostra detalhes do revestimento em concreto armado e no

    armado e a Figura 3 mostra a seo tpica de canais de irrigao sem revestimento.

    Onde, nas figuras 1, 2 e 3:

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    Tabela 8 Variveis (Figuras 1,2 e 3)

    SIMBOLO VARIVEL UNIDADE

    d Profundidade Normal mNAN Nvel de gua normal m

    t Espessura do revestimento em concreto mm

    t Espessura vertical de terra compactada do fundo do canal m

    t Espessura horizontal de terra compactada nos taludes m

    b Largura do fundo do canal m

    Q Vazo de projeto do canal m/s

    V Velocidade da gua no canal m/s

    r Raio hidrulico m

    n Coeficiente de ManningS Declividade de energia

    S:S Declividade dos taludes do canal (horizontal/vertical)

    H Altura do revestimento de terra acima do m

    H Altura do revestimento de concreto acima do m

    H Altura do aterro acima do m

    L Largura da aba do revestimento de concreto mm

    P Perimetro do revestimento de concreto do canal m

    C-C Centro a centro do espaamento das juntas de contrao m

    TF Fora de Trao (1000 ds) kg/mW Largura da estrada de O & M m

    Ts Espessura da superfcie de cascalho mm

    L.L Limite de liquidez

    I.P ndice de plasticidade

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    Figura 1 Seo tpica do canal revestido em concreto (Fonte: Bureau of Reclamation, 2002b)

    Figura 2 Detalhes do revestimento em concreto (Fonte: Bureau of Reclamation, 2002b)

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    Figura 3 Seo tpica do canal sem revestimento (Fonte: Bureau of Reclamation, 2002b)

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    O Bureau of Reclamation Brasil, atravs do manual de Irrigao, criou uma srie de

    tabelas para dimensionar sees transversais de canais de irrigao trapezoidais em

    funo da vazo de projeto. Estabelecida a vazo de projeto, que depende de uma

    srie de fatores como as necessidades dos irrigantes, o tamanho do permetro

    irrigado, as culturas a serem irrigadas, aspectos econmicos, a disponibilidade

    hdrica e etc., as dimenses podem ser obtidas da seguinte forma: Atravs da

    Tabela 9 pode-se obter o valor da largura do fundo do canal b e, na mesma tabela,

    atravs da relao b/d o valor da profundidade normal d, observando-se os

    limites estabelecidos que so uma vazo mxima de 600 m/s e uma taxa de

    infiltrao mxima de 0,15 m/m/24h para canais de terra. Com os valores b e d,

    possvel se obter, atravs da Tabela 10, para canais de terra, o valor da espessurada camada de terra compactada do fundo do canal ( e da espessura da camada

    de terra compactada nos taludes ( ), juntamente com o valor da borda livre do

    mesmo ( ), observando-se os limites de liquidez, de platicidade e Q>1,4 m/s (para

    vazes menores que 1,4 m/s sugerido revestir o canal ou fazer sua conduo

    atravs de tubulao).

    J para canais revestidos em concreto no armado, a Tabela 10 fornece os valoresa espessura do revestimento (t), da largura da aba (L), da borda livre do

    revestimento ( ) bem como da distncia de centro a centro do espaamento das

    juntas de contrao ( ) tanto transversais, em funo da espessura das placas

    de concreto, como longitudinais, em funo do permetro do revestimento de

    concreto do canal. Para canais em concreto armado, as espessuras podem ser

    obtidas de maneira grfica atravs da Figura 4. Calculados esses valores, a Tabela

    11 fornece, para canais em terra, a declividade dos taludes do canal ( ) e o valordo coeficiente de Manning n. Para canais em concreto, a Tabela 11 fornece a

    declividade dos taludes do canal ( ) e a borda livre ( ). Para ambos os casos,

    possvel calcular as velocidades de escoamento atravs das equaes e tabelas

    mostradas na seo 2.4.2 deste trabalho, o coeficiente de Manning n pode ser

    obtido atravs da Tabela 2 da seo 2.4.1 tambm deste trabalho, o raio hidrulico

    calculado atravs do quociente entre a rea molhada e o permetro molhado

    e finalmente a declividade ( ) calculada atravs da equao deManning (2). Vale ressaltar que (declividade de fundo) = (declividade da linha de

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    energia), pois estamos considerando um regime permanente e uniforme. Caso, por

    questes topogrficas, a declividade calculada seja de difcil execuo, uma

    declividade adequada deve ser obtida e os outros parmetros recalculados de forma

    a atender a vazo de projeto. Segundo Bureau of Reclamation, as armaduras para

    canais com vazo de at 600 m/s so 4 c/ 30cm e ambas as direes e no centro

    da laje. Podendo tambm ser substitudas por tela de arame soldado, caso no haja

    problemas em manter a tela no centro do revestimento.

    Figura 4 Grfico da relao entre a capacidade do canal e a espessura do revestimento de

    concreto (Fonte: Bureau of Reclamation, 2002b)

    Para o dimensionamento de sees transversais com revestimento em Membrana

    Plstica, o procedimento semelhante ao adotado para de canais em terra

    compactada. Para o caso de membrana plstica recoberta com terra, e/ou areia e

    cascalho, a espessura mnima do material de cobertura ser calculada pelaequao:

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    (7)

    Onde: espessura do material de cobertura, em metros (30cm, no mnimo)profundidade da gua, em metros.

    Para o caso de membrana plstica recoberta por concreto, a espessura da camada

    de concreto depende do tipo de aplicao do mesmo, caso a aplicao seja de

    maneira convencional, a espessura no dever ser inferior a 10 cm. Caso a

    aplicao seja de forma projetada, a espessura mnima de 5 cm. Vale ressaltar

    que, assim como nos canais revestidos em concreto, cuidados devem ser tomadosquanto ao espaamento e tratamento de juntas transversais e longitudinais.

    Segundo Bureau of Reclamation (2002b), um cuidado especial deve ser dado ao

    leito base de implantao da membrana, este deve ser relativamente liso e isento de

    pedras, razes e outros objetos pontudos que possam perfurar a membrana. O

    rastelamento do fundo com corrente pesada, tipo mquina, ou com uma velha

    esteira de trator, poder proporcionar uma fundao adequada. Se este mtodo no

    funcionar, cobrir-se- o leito com uma camada de 8 a 10cm de espessura de areia,

    ou de solo de textura fina, imediatamente antes de se colocar a membrana.

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    Tabela 9 Largura de Fundo b e profundidade normal d em funo da vazo de projeto (Fonte: Bureau of Reclamation, 2002b)

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    Tabela 10 Valores de , , , t , L, e (Fonte: Bureau of Reclamation, 2002b)

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    Tabela 11 Declividade de taludes, coeficiente de Manning, e borda livre (Fonte: Bureau of Reclamation, 2002b).

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    2.7 Juntas

    As juntas representam um problema de grande relevncia tanto na fase de

    construo quanto na posterior operao de um canal revestido em concreto. Caso

    no haja manuteno adequada do mesmo, as juntas podem se tornar a maior

    causa de perda de gua por vazamento. O aparecimento de rachaduras no

    revestimento de concreto no-armado j esperado, essas rachaduras so

    causadas pela retrao do concreto decorrente do processo de cura. Juntas so

    executadas a intervalos regulares a fim de controlar o local onde essas rachaduras

    surgiro (BUREAU OF RECLAMATION, 2002b).

    Segundo sua localizao, as juntas podem ser classificadas em:

    Transversais: So as juntas executadas perpendicularmente ao eixo do

    canal, e so colocadas de forma obrigatria;

    Longitudinais: So executadas paralelamente ao eixo do canal e dependem

    das dimenses do canal;

    O espaamento entre as juntas transversais se d em funo da espessura do

    revestimento, assim como a necessidade de colocao de juntas longitudinais estcondicionada a dimenso permetro do revestimento de concreto do canal, como j

    abordado no item anterior.

    Segundo sua funo, as juntas podem classificar-se em:

    Construtivas: Originadas ao fim de uma jornada de trabalho;

    De dilatao: Absorvem os esforos de dilatao por temperatura;

    De contrao: Absorvem os esforos de contrao decorrentes da cura do

    concreto;

    Como citado anteriormente, juntas mal executadas ou com manuteno inadequada,

    podem ser tornar grandes problemas em canais de irrigao, por isso necessrio

    uma ateno especial a elas a fim de fornecer a maior estanqueidade possvel.

    Atualmente no Brasil, o mtodo mais utilizado o de injetar um selante elastomrico

    nas ranhuras pr-moldados (Figura 5). As ranhuras devem ter profundidade

    equivalente a um tero da espessura do revestimento, de modo a assegurar a

    adequada formao de trincas no local da ranhura. Alm disso, devero ser

    submetidas a limpeza cuidadosa com jato de areia, imediatamente antes da

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    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 30

    colocao do selante elastomrico, a fim de garantir uma boa ligao entre o selante

    e o concreto (BUREAU OF RECLAMATION, 2002b).

    Figura 5 - Detalhes de juntas de contrao tpicas para revestimento em concreto

    (Fonte: Bureau of Reclamation, 2002b)

    O traado das juntas dever ser executado enquanto o concreto estiver fresco,

    mediante superfcies cortantes retas, facas mecnicas ou cortadores operados

    manualmente ou aparelhos ligados forma deslizantes. O material utilizado paraenchimento das juntas do revestimento de concreto do canal deve ser um composto

    adesivo e resistente que sele as juntas do revestimento e impea a passagem de

    gua nos ciclos de contrao e dilatao. A consistncia do material deve permitir

    sua colocao a qualquer temperatura entre 4 e 50 C, com pistola ou colher, sem

    necessidade de outras solventes ou aditivos. Depois de aplicado, o material no

    deve escorrer (SOUZA & CARNEIRO, 2009).

    O material de enchimento deve ser de material elastomrico base de poliuretanoou de borracha polisulfeto, com ou sem aditivo de alcatro. No Brasil, materiais

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    betuminosos de asfalto no so permitidos (SOUZA & CARNEIRO, 2009). O

    material de enchimento das juntas deve colocado aps o concreto do revestimento

    ter alcanado a resistncia indicada. Se o material com material selante ficar sem

    gua por longos perodos, este poder deteriorar-se devido exposio luz solar

    (BUREAU OF RECLAMATION, 2002b).

    2.8 Manuteno

    Por definio, manuteno a combinao de aes tcnicas, administrativas e de

    superviso, com o objetivo de manter ou recolocar um item em um estado no qualpossa desempenhar uma funo requerida, ou seja, fazer o necessrio para

    assegurar que um equipamento, mquina ou objeto opere dentro de condies

    mnimas de requerimentos e especificaes (ABNT, 2004). Tem por objetivo, manter

    instalaes ou estruturas operando nas condies para as quais foram projetadas, e

    tambm fazer com que retornem a tal condio, caso tenham deixado de exerc-la.

    (MARTINS E LAUGENI, 2001).

    Atualmente, o conceito de manuteno em si foi estendido, como resultado, surgiramalguns tipos de manuteno dentre as quais podemos citar a manuteno corretiva,

    a manuteno preventiva, a manuteno preditiva e a engenharia de manuteno ou

    manuteno produtiva, definidas a seguir.

    Manuteno Corretiva: o tipo mais comum de manuteno, sintetizada

    pelo ciclo quebra-repara, ou seja, acionada quando determinado elemento,

    equipamento, instalao ou estrutura quebra ou deixa de exercer a funo de

    maneira satisfatria. Constitui a forma mais cara de manuteno quando

    encarada do ponto de vista total do sistema (KARDEC, 2001). Tal

    manuteno tambm conhecida como Run To Failure (RTF), ou seja,

    operar at quebrar.

    Manuteno Preventiva: , como o nome sugere, uma manuteno que se

    antecipa as quebras ou perdas de desempenho, ela consiste em um

    programa de inspees peridicas nos elementos, baseada em estudos

    estatsticos do comportamento de elementos que desempenham funes

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    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 32

    semelhantes e/ou dados fornecidos pelo fabricante. Ou seja, se sabido que

    determinado elemento sob determinadas condies apresenta defeitos ou

    perda de rendimento aps determinado tempo de uso, ento antes do mesmo

    atingir esse tempo faz-se a manuteno preventiva. A determinao do tempo

    correto de para a manuteno de grande importncia j que paradas e

    trocas de peas desnecessrias podem comprometer e/ou encarecer a

    produo. Esse tipo de manuteno tem grande aplicao em instalaes ou

    equipamentos nos quais as falhas podem causar catstrofes, riscos

    ambientais, parada de servios essenciais populao ou em sistemas

    complexos e/ou de operao contnua.

    Manuteno Preditiva: Tambm conhecida como manuteno sob condio

    caracterizada por aplicar-se com base no estado do elemento, baseia-se em

    prevenir falhas atravs do monitoramento de parmetros ou variveis que

    indique a condio do equipamento, visando a necessidade ou no de

    interveno no exato momento. Quando opta-se por fazer a interveno,

    descoberta atravs de manuteno preditiva, realizar-se- uma manuteno

    corretiva planejada, j que a falha foi previamente encontrada. Dentre osprincipais fatores que determinam falhas em componentes temos: Alterao

    no nvel de vibrao, aumento de temperatura, variao de espessura, trincas

    e desgaste. Para monitorar a variao desses fatores, algumas tecnologias

    vem sendo desenvolvidas dentre as quais podem ser citadas: Anlise de

    Vibrao, Emisso Acstica, Anlise do leo, Termografia, Ensaios No

    Destrutivos, Medidas de Fluxo, Anlise de Motores Eltricos, Deteco de

    Vazamento, Monitoramento da Corroso, Anlise Visual e de Rudo

    (FERNANDES, 2010). Apesar dos bons resultados obtidos com esse tipo de

    manuteno, sua implantao muitas vezes se torna invivel pela relao

    custo/benefcio j que h necessidade de instalao de sensores ou

    aparelhos de monitoramento, muitas vezes caros, em cada elemento.

    Engenharia de Manuteno ou Manuteno Produtiva: O conceito de

    engenharia de manuteno est ligado ao melhoramento de desempenho do

    elemento como um todo, englobando melhorias para aumento de

    confiabilidade, correo de erros de projetos e/ou de instalaes e adequao

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    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 33

    s novas condies de produo. Trata-se da manuteno a fim de se

    conseguir um melhor patamar de eficincia para determinado equipamento

    instalao ou estrutura. Esse tipo de manuteno se faz cada vez mais

    necessria pela atual competitividade entre empresas de mesmo setor e

    consequentemente busca por melhorias, novas tecnologias e excelncia.

    Esse tipo de manuteno pode atuar em conjunto com os outros tipos de

    manuteno a fim de se conseguir um aumento na confiabilidade.

    2.8.1 Manuteno em Distritos de Irrigao

    Diante da atual necessidade mundial por alimento, a produo agrcola se v cadavez mais pressionada a trabalhar com patamares de eficincia maiores, por trs

    disso, encontramos a irrigao, que a tcnica base para produo de alimento no

    planeta. Diante disso, uma irrigao eficiente de vital importncia. Alm da busca

    por melhoramentos e novas tecnologias, um elemento com importante papel nisso

    tudo a manuteno, seja em instalaes, equipamentos ou estruturas, pois, sem

    ela, no h possibilidade de operao com desempenho satisfatrio durante longos

    perodos. Entende-se por manuteno de um sistema de irrigao a execuo dosdiversos trabalhos que visam manter as obras em bom estado, de forma a garantir

    sua eficiente operao (BUREAU OF RECLAMATION, 2002c).

    O Bureau of Reclamation Brasil (2002c), atravs do Manual de Irrigao, listou

    critrios bsicos de qualquer programa de manuteno da infraestrutura em distritos

    de irrigao, dentre eles temos:

    Conhecimento das caractersticas tcnicas e dos materiais com que foramconstrudas as obras, para determinar a modalidade de limpeza e os

    implementos a serem utilizados;

    Coordenao dos trabalhos de manuteno, levando em conta o plano de

    produo, o estgio das culturas e as pocas de seca e chuva;

    Considerao de recursos fsicos, financeiros e humanos para a execuo

    dos servios;

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    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 34

    Determinao, de acordo com a situao climtica e as prioridades, da poca

    e perodo para execuo de cada uma das atividades de manuteno

    necessrias.

    Diante disso, se faz necessrio um bom planejamento da manuteno para que os

    critrios anteriormente citados sejam aplicados de maneira correta. Segundo Bureau

    of Reclamation (2002c), nesse planejamento devem ser consideradas as seguintes

    questes:

    Dispor do inventrio das obras, pois fundamental conhecer adequadamente

    o que vai ser mantido e quais so as caractersticas destas obras;

    Levantamento das necessidades de manuteno, mediante reconhecimento

    de campo. Deve-se tomar conhecimento sobre o que requer manuteno;

    Definir as atividades de manuteno e o perodo de execuo. Neste item,

    define-se o servio a executar, a poca de execuo e o quanto tem que ser

    feito (quantitativo fsico);

    Tomar conhecimento dos meios disponveis e responder pergunta de como

    fazer o servio, definindo, se for o caso, a participao dos usurios;

    Analisar o balano entre as necessidades e disponibilidades, permitindo

    determinar os servios que sero factveis de realizar com os meios

    disponveis;

    Formular o plano definitivo, mostrando metas fsico-financeiras e cronograma

    ou PERT de execuo;

    No planejamento, prever as necessidades e formas de execuo, controle e

    avaliao. Este controle refere-se a qualidade dos servios, medio dosrendimentos e apropriao dos custos.

    Alm das questes abordadas anteriormente, para o Bureau of Reclamation (2002c)

    nesse processo necessrio conhecer tambm:

    Objetivo das obras e grau de dependncia de umas com as outras;

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    Dissertao de Mestrado Hugo Luna 35

    A origem dos problemas, pois no basta apenas corrigir o efeito e sim

    detectar a causa do problema para minimiz-la ou mesmo elimin-la; no se

    deve s consertar, preciso detectar a origem e trabalhar nela;

    A frequncia das necessidades de manuteno por tipo de servio, obra e

    tolerncia permissvel;

    A disponibilidade dos recursos para execuo do plano;

    Os resultados da avaliao das necessidades de obras;

    A capacidade oramentria;

    O calendrio de execuo dos servios, em funo dos dias disponveis ao

    ano para manuteno, planos de ao das reas de produo e operao;

    As prioridades das obras a serem mantidas em funo do maior benefcio

    coletivo;

    Seleo do mtodo de execuo, de acordo com o tempo disponvel e os

    quantitativos dos servios.

    Diante do exposto anteriormente, o Bureau of Reclamation (2002c) cita tambm que

    o planejamento da manuteno deve englobar trs tipos de manuteno: a

    Manuteno Preventiva, a Manuteno Corretiva de Primeiro Nvel ou Emergencial e

    a Manuteno Corretiva de Segundo Nvel.

    a) Manuteno Preventiva

    Como citado anteriormente, a manuteno preventiva aquela que se antecipa as

    quebras ou perdas desempenho, ela consiste na realizao de inspees peridicas

    nos elementos a fim de se verificar sinais de desgaste e/ou envelhecimento.Segundo Bureau of Reclamation (2002c), constitui quase sempre um ponto fraco de

    qualquer esquema operativo, j que, na maioria das vezes, e erroneamente, por

    economia, elimina-se esta preveno, o que prejudicial ao sistema a curto e mdio

    prazo. Vale ressaltar que quanto maior ateno for dada a esse tipo de manuteno,

    menores podero ser os custos com a manuteno corretiva.

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    Assim, as principais atividades da manuteno preventiva so:

    Cadastramento de todas as obras, equipamentos e componentes das

    instalaes do permetro irrigado;

    Inspeo programada s obras, equipamentos e componentes das

    instalaes do sistema;

    Limpeza peridica dos equipamentos e componentes ativos ou de reserva

    das instalaes;

    Lubrificao das partes mveis dos equipamentos nas estaes de

    bombeamento, comportas, etc.;

    Substituio de peas desgastadas;

    Pintura de equipamentos, comportas, adutoras, partes internas e externas de

    prdios, etc.;

    Reviso peridica nos equipamentos, instrumentos e ferramentas de uso da

    manuteno ou operao;

    Testes e ensaios em equipamentos operacionais ativos e de reserva.

    b) Manuteno Corretiva de Primeiro Nvel ou Emergencial

    aquela manuteno que deve ser feita de maneira imediata, pois, h uma perda

    total ou parcial de desempenho do elemento, geralmente demandam muito tempo e

    so bastante onerosas.

    Esse tipo de manuteno decorre geralmente de:

    Quebras ou avaria de equipamentos;

    Defeito no sistema eltrico;

    Deteriorao ou ruptura de comportas ou vlvulas;

    Quebra de placas e/ou desmoronamento em canais;

    E suas principais atividades so:

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    Deteco ou pesquisa do defeito e suas causas;

    Remoo do equipamento ou componente avariado;

    Substituio do equipamento ou componente avariado;

    Reparo das partes danificadas, podendo-se efetuar reparos provisrios para

    evitar interrupes prolongadas;

    Recondicionamento, na prpria oficina, do equipamento danificado;

    Reposio de placas ou trechos do canal ou obra com problema.

    c) Manuteno Corretiva de Segundo Nvel

    Segundo Bureau of Reclamation (2002c), a manuteno corretiva de Segundo Nvel

    aquela considerada de maior envergadura, algumas vezes decorrente da m ou

    no execuo das manutenes anteriormente citadas.

    Assim as tarefas da Manuteno Corretiva de Segundo Nvel so:

    Recuperar e/ou reabilitar equipamentos e componentes em oficina de

    terceiros, estando a operao assegurada atravs de equipamentos,

    componentes ou obras de reserva;

    Efetuar a reabilitao de canais, drenos, etc;

    Efetuar melhorias, ampliaes, modificaes ou obras em prdios;

    Efetuar melhorias ou modificaes de painis eltricos de fora de comando.

    J para Skogerboe & Merkley (1996) os tipos de manuteno que devem ser

    praticados em distritos de irrigao so sete: Normal or Routine Maintenance,Emergency Maintenance, Essential Structural Maintenance, Deferred Maintenance,

    Catch Up Maintenance, Preventative Maintenance e Rehabilitation, definidas a

    seguir.

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    1) Manuteno Normal ou de Rotina(Normal or Routine Maintenance)

    So todas as atividades de manuteno normalmente conduzidas durante o ano em

    um distrito de irrigao. Esse tipo de manuteno engloba todas as atividades que

    devem ser feitas para que o distrito tenha mnimas condies de funcionamento.

    2) Manuteno de Emergncia(Emergency Maintenance)

    Como o nome sugere, uma manuteno de emergncia, ocorre quando situaes

    incomuns pem em risco a segurana de barragens, da populao em reas

    prximas ou dos canais de irrigao. Necessita de aes imediatas e normalmentecaras (SKOGERBOE & MERKLEY, 1996). Essa manuteno est ligada ao conceito

    supracitado de Manuteno Corretiva.

    3) Manuteno de estruturas essenciais(Essential Structural Maintenance)

    Manuteno necessria s estruturas de controle de vazo, que tambm permitir

    que as mesmas sirvam de estruturas de medio de vazo aps a devidacalibrao.

    4) Manuteno Adiada(Deferred Maintenance)

    o acmulo de todos os pontos que necessitam de manuteno e no foram

    englobados pela Normal orRoutine Maintenance; provavelmente pela escassez de

    fundos e/ou outros motivos mais especficos.

    5) Manuteno de Aperfeioamento(Catch up Maintenance)

    a manuteno usada para aprimorar e/ou melhorar o desempenho hidrulico de

    todo o sistema (SKOGERBOE & MERKLEY, 1996). A Catch Up Maintenance est

    ligada ao conceito de Engenharia de Manuteno ou Manuteno Produtiva citado

    anteriormente.

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    6) Manuteno Preventiva(Preventative Maintenance)

    A manuteno preventiva, como o nome j diz, aciona as atividades de manuteno

    enquanto o problema ainda menor, ao invs de utilizar a manuteno de

    emergncia quando o problema se torna mais caro e grave.

    7) Reabilitao(Rehabili tation)

    Na maioria dos casos, esse tipo de manuteno requerida quando o acmulo de

    atividades decorrente da Deferred Maintenance se torna to grande quecompromete a operao do sistema de irrigao como um todo. Quando um

    eficiente programa de Manuteno Preventiva (Preventative Maintenance)

    seguido, a Reabilitao (Rehabilitation) s se faz necessria: (1) para repor

    estruturas envelhecidas, ou (2) quando o projeto do sistema de irrigao no mais

    adequado devido a mudanas drsticas nas tcnicas de agricultura (SKOGERBOE

    & MERKLEY, 1996).

    Segundo Skogerboe & Merkley (1996), para se conseguir uma manuteno de boa

    qualidade em sistemas de irrigao, uma srie de atividades devem ser executadas

    de maneira adequada, dentre as quais podem ser citados:

    Compile Existing Information (Compilao de Informaes Existentes);

    Identify Flow Control Structures (Identificao de Estruturas de Controle de

    Vazo); Operations Control Maintenance Survey (Vistoria de Controle de Operao e

    Manuteno);

    Essential Structural Maintenance Plan (Plano de Manuteno de Estruturas

    Essenciais);

    Maintenance Information from Farmers (Informao de Manuteno de

    Fazendeiros);

    Diagnostic Walk-Thru Maintenance Survey (Vistoria de Diagnstico a p); Normal Maintenance Program (Programa de Manuteno Normal);

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    Catch Up Maintenance (Manuteno de Aprimoramento);

    Financial Management and Accountability (Gesto Financeira e Contbil); e

    Preventive Maintenance (Manuteno Preventiva).

    1) Compilao de Informaes Existentes(Compile Existing Information)

    O incio de todo o processo agrupar toda a informao existente sobre o distrito de

    irrigao. Deve haver projetos e memrias com informaes gerais sobre a rea do

    distrito assim como plantas detalhadas. Deve haver tambm, relatrios sobre o

    distrito, tanto de estudos tcnicos quanto de avaliaes econmicas, alm deimportantes informaes em arquivos que nunca foram colocados em relatrios,

    como pequenas avaliaes de problemas tanto de operao quanto de manuteno.

    Alm disso, cada distrito deve ter os registros ou listas das vrias estruturas do

    sistema e dos traados dos canais. Esses registros ou listas podem servir de suporte

    para se entender o histrico de mudanas, incluindo de manuteno, ocorrido

    durante o tempo em todo o distrito de irrigao. Toda essa informao de grande

    valor dando uma base sobre o distrito e ajudando na organizao do trabalho decampo e na preparao dos vrios planos de manuteno (SKOGERBOE &

    MERKLEY, 1996).

    2) Identificao de Estruturas de Controle de Vazo (Identify Flow Control

    Structures)

    O segundo passo no processo identificar qual das estruturas de controle tambm

    serviria para medio de vazo. As estruturas de controle mais importantes so ascomportas das barragens que regulam a vazo nos canais principais, ou a estrutura

    de transposio do rio (tomada dgua); as derivaes do canal principal ou canais

    laterais; e qualquer estrutura de tomada que sirva de subsistema tercirio

    (SKOGERBOE & MERKLEY, 1996).

    3) Vistoria de Controle de Operao e Manuteno (Operations Control

    Maintenance Survey)

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    A primeira grande atividade de campo em se tratando tanto de operao quanto de

    manuteno fazer uma inspeo nas estruturas essenciais (exigida pela Essential

    Structural Maintenance) de controle de vazo (ex. reposio de comportas) e de

    medio de vazo (ex. reparao de danos nas estruturas ou instalao de novos

    dispositivos de medio). Se houver um dano estrutural, importante estudar a(s)

    causa(s) do problema, assim, a melhor soluo pode ser aplicada; caso contrrio, o

    problema pode ocorrer num curto perodo de tempo. Essa atividade pode ser feita

    separada ou simultaneamente com a vistoria de manuteno. Nesse caso, os

    resultados da vistoria de operao seriam incorporados vistoria de manuteno

    pra desenvolver uma plano de manuteno para as melhorias (Catch Up

    Maintenance Plan)(SKOGERBOE & MERKLEY, 1996).

    A atividade Operations Control Maintenance Survey (Vistoria de Controle de

    Operao e Manuteno) conduzida aps a identificao das estruturas de

    controle de vazo no sistema de irrigao e deciso se todas ou apenas algumas

    dessas estruturas sero usadas tambm para medio de vazo. Uma importncia

    particular deve ser dada a cada ponto de derivao na malha de canais, pois,

    nesses locais onde a gua desviada de um canal grande pra um canal menor, a

    vazo dever ser medida. Essas estruturas de derivao devem ser inspecionadas

    para limpeza, reparos e substituies de elementos (ex. comportas, tijolos, etc.)

    sempre que necessrio. O resultado da inspeo de campo para cada estrutura

    deve ser transcrito