MAPAS HISTÓRICOS - diaadiaeducacao.pr.gov.br · Com base na História Cultural e nos conceitos de...

18

Transcript of MAPAS HISTÓRICOS - diaadiaeducacao.pr.gov.br · Com base na História Cultural e nos conceitos de...

MAPAS HISTÓRICOS:

testemunhos do imaginário de uma época

Silvana Gomes dos Reis1

Claudia Regina A. Prado Fortuna2

Resumo: Este artigo apresenta algumas reflexões sobre como é possível trabalhar com os mapas no ensino da história, não como ilustração ou auxiliar de informações políticas e econômicas, mas como testemunho (fonte visual) da maneira de pensar de uma época. Dentre as bases referenciais estão: a História Cultural, destacando conceitos de representação e imaginário; as teorias da geografia e da cartografia sobre como os mapas surgiram e como o mundo vem sendo representado através deles e reflexões sobre a literatura, especificamente dos Livros de Viagens Medievais de Marco Polo e Mandeville, indicando o que era o Maravilhoso.

Palavras-chave: Ensino de história. Mapas históricos. História Cultural. Imaginário.

Introdução

Ensinar história é ensinar o seu método e também os procedimentos do

pensar historicamente. Considera-se, portanto, que antes de tudo, o professor é

pesquisador e desempenha um papel importante na produção do saber escolar

(NADAI, 1992/1993; RANZI,1999;). Hoje, quando pensamos sobre o ensino da

História, está sendo discutindo novos temas, novas abordagens, novas temáticas,

como também um trabalho com diversas fontes e metodologias diversificadas.

Neste contexto de renovação, considera-se que a discussão sobre a

cartografia no ensino da História é de extrema necessidade e deve ser melhor

considerada. Como enfatiza Miceli (1996), a linguagem da cartografia não tem sido

devidamente valorizada pela história. Em suas palavras,

[...] a história pouco se interessa pelos mapas. Quando muito, concede à cartografia e à geografia o papel de ‘ciências auxiliares’, como pretende certa forma vaidosa de considerar o conhecimento, a partir de hierarquizações duvidosas e insustentáveis, quando o que se impõe é uma integração benéfica, que permita, inclusive, a revalorização da cartografia – aqui tomada como exemplo para por em discussão a questão da representação do espaço. (MICELI, 1996, p. 13-14).

1Professora de História da Secretaria Estadual de Educação – SEED/Pr – mestre em educação, integrante do Programa PDE 2012/2013.

2Professora Doutora do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina.

Procurando romper com esta visão apontada pelo autor, o nosso objetivo nas

aulas de história foi o de pensar sobre o uso dos mapas enquanto documento

histórico a ser lido e interpretado.

Almeida (2006) reconhece que os estudos geográficos da representação do

espaço pressupõem que os alunos se defrontem com os mesmos problemas que os

cartógrafos se defrontam desde a antiguidade até hoje, tais como, sistema de

localização, projeção, escala e simbologia. No entanto, como ela diz, a análise de

uma produção cartográfica não deve ficar restrita apenas as suas características

técnicas de localização. Segundo a autora,

Além dessas questões metodológicas, é necessário considerar como as sociedades construíram formas de apreensão e representação de elementos espaciais, o que está ligado à evolução histórica das conquistas e da dominação dos povos. [...] Os mapas antigos retratavam não só os aspectos da área representada, mas principalmente, como o espaço era visto conceitualmente. [...]. (ALMEIDA, 2006, p. 19).

Ainda essa mesma estudiosa ressalta que os mapas só podem ser

devidamente compreendidos se vistos no contexto histórico e cultural em que foram

produzidos. Neste sentido, também fundamentam as discussões deste artigo o

diálogo com a Nova História Cultural que, no decorrer dos anos de 1980, passou a

trabalhar com o conceito de representação entendido como mentalidades, valores,

crenças e mitos de uma época. Segundo Pesavento (2008), essas representações

expressas por normas, discursos, imagens e ritos revelam condutas e práticas, dão

coesão aos grupos sociais bem como, tornam-se explicativas do real.

Portanto, os indícios do passado, tornam-se fontes ou documentos e, através

do olhar do historiador passam a representar o acontecido. É importante ainda

destacar que, ligado ao conceito de representação, tem-se o conceito de imaginário

como um sistema de ideias, de imagens, de representações coletivas que os

homens, em todas as épocas, construíram para poder dar sentido ao mundo. Para

Pesavento (2008, p. 43),

O imaginário comporta crenças, mitos, ideologias, conceitos, valores, é construtor de identidades e exclusões, hierarquiza, divide, aponta semelhanças e diferenças no social. Ele é um saber-fazer que organiza o mundo, produzindo a coesão ou o conflito.

A partir dessas considerações, acredita-se que é possível trabalhar nas aulas

de história os mapas como representações que revelam modos de pensar de

determinadas épocas. Portanto, pretende-se analisá-los como imagens portadoras

de sentidos que podem ser lidos e interpretados, revelando não só acontecimentos

políticos e econômicos, mas também as formas de entender o mundo.

Para o historiador da Cultura, isso implica ir ao encontro das representações

antigas e significa recuperar os registros do passado na sua irredutível

especificidade: quando os homens falavam, agiam e construíam representações do

mundo estranhas aos nossos códigos e valores. É nesta medida que o trabalho da

História é também o de dar possibilidades para o ver um Outro, resgatando uma

diferença. (PESAVENTO, 2008).

Com base na História Cultural e nos conceitos de representação e de

imaginário, o que nos propusemos, foi, portanto, pensar o ensino da história a partir

de diversas fontes, tendo como objetivo, não simplesmente relatar os aspectos

econômicos e políticos de uma determinada época, mas, sim, de entender como

viviam os homens de outros tempos e o porquê de suas crenças e ações. O recorte

temporal escolhido foi o contexto da Idade Média e do Renascimento com os

objetivos de:

- Discutir como o clero interferiu nas representações do mundo através dos

mapas, inclusive incorporando elementos do imaginário;

- Levantar elementos para fundamentar o estudo dos mapas dos séculos XV,

XVI e XVII identificando mares e oceanos como espaços do desconhecido e

do imaginário3;

- Realizar uma análise sobre como partes do imaginário europeu foram

transpostas para a América;

- Trabalhar com conceitos fundamentais para o pensar historicamente, tais

como: processos, mudanças, rupturas, permanências, simultaneidades,

transformações, descontinuidades, deslocamentos e recorrências.

3Como algumas imagens são de domínio público e outras não, a opção foi trazer apenas os links de acesso de alguns mapas e imagens trabalhados na Unidade Didática.

1. Algumas considerações sobre a cartografia na Idade Média e no

Renascimento

Primeiramente é preciso definir o que se entende por cartografia. Para Duarte

(2002), a cartografia deve ser vista como uma manifestação cultural própria de cada

povo. Suas funções podem ser múltiplas: fixar limites, determinar itinerários

(terrestres, fluviais ou marítimos), informar rotas de caça, localização de fontes de

água, áreas de segurança, etc. Conforme o seu uso pode transformar-se num

instrumento de planejamento e de administração ou até de dominação (pelo seu uso

ideológico).

Almeida (2006, p. 21) acrescenta que os mapas surgem quando o ser

humano precisou ir além da sua memória, tendo a necessidade de um registro com

informações sobre um espaço ausente. Por isso “pensar sobre o espaço torna-se

pensar sobre sua representação.” Além da percepção de espaço e de tempo, essas

representações podem ser permeadas por outros elementos tais como o mítico, o

psicológico e mesmo o simbólico.

Quando pensa-se sobre a cartografia na Idade Média, é preciso saber que,

sobre a influência da Igreja Católica Romana, a obra de Ptolomeu4 foi proibida no

mundo ocidental (DUARTE, 2002). Tendo a Teologia como um guia para as ciências

e a Bíblia Sagrada como fonte de todo o saber, conceitos já aceitos na antiguidade

foram negados, por serem considerados inconcebíveis. Contudo, a crença de que a

Terra era uma criação divina, e como tal teria a forma geométrica mais perfeita – a

esfera – não desapareceu totalmente.

Surgem então os chamados mapas “T” no “O” – Orbis Terrarum –

característico pela simplicidade e simetria da distribuição das terras, a parte vertical

do “T” representa o Mar Mediterrâneo, o braço esquerdo o rio Dom e o braço direito

o rio Nilo, sendo a Terra Santa colocada no centro da representação. O “O”

corresponderia ao oceano circundante. Neste estilo, a obra do bispo de Sevilha,

Santo Isidoro, falecido em 636, é um dos mapas mais antigos que se conhece5.

Podemos destacar também o aspecto ideológico neste tipo de representação, como

nos mostra Duarte (2002),

4Ver: Ptolemaic world map in Hartmann Schedel, Liber Chronicarum, 1493: http://www.henry-davis.com/MAPS/LMwebpages/260.html.

5Ver: Mapa T-O (Orbis Terrarum), de Isidoro (560-636) - Idade Média: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/cartografia/cartografia-26.php.

[...] Não era o norte que ficava para cima e sim o leste, significando que a luz divina, representada pelo sol, que nasce no leste, escorregaria de cima para baixo e atingiria todos os continentes. Além disso, há também a ideia de que o que fica para cima é superior. (2002, p. 110).

Um povo que contribuiu para que os conhecimentos clássicos não se

perdessem foram os árabes. Eles fizeram traduções das obras da antiguidade,

incluindo as obras de Cláudio Ptolomeu, e a enriqueceram através de seus próprios

estudos. Ainda durante a Idade Média, começa a circular um mapa com

características mais científicas: os portulanos. Durante o séc. XIV estas cartas

trazem informações sobre áreas antes desconhecidas, mesmo que por vezes

imprecisas.

Muitas representam regiões do Mar Mediterrâneo e áreas litorâneas

adjacentes, além do Mar Negro e parte do Oceano Atlântico. Possuem algumas

características comuns: “[...] orientação em relação ao norte magnético, muitos

nomes de acidentes geográficos litorâneos, desprezo a informações do interior dos

continentes, além de um detalhado sistema de rosa-dos-ventos e de rumos.”

(DUARTE, 2002, p. 35).

Com as viagens de exploração ocorridas durante o Renascimento, os

navegadores vão sentir necessidade de contar com mapas cada vez mais

atualizados e aperfeiçoados. Sendo assim, vão ser os relatos de suas viagens que

vão propiciar tal atualização. Vários países que estiveram presentes durante o

período das Grandes Navegações desenvolveram sua Cartografia, como é o caso

de franceses, ingleses, holandeses e portugueses, inclusive impondo sua tradição

nesta área às terras dominadas.

Nesta época, vão surgir os especialistas em confeccionar mapas e também

locais onde estes eram copiados – manualmente por desenhistas – negócio que

ganha grandes proporções com o advento da imprensa. Com custos mais baixos, o

grande público passou a ter acesso ao uso de mapas. Merece destaque Gehard

Mercator (1512-1594), ou Geraldo Mercator que, em 1569, fez uma projeção para o

mapa mundi, referência até os dias de hoje6. Ele também reuniu vários mapas que

resultaram numa publicação intitulada “Atlas”. Por este motivo é atribuído a ele o uso

da palavra “Atlas” para designar um conjunto de mapas.

6Ver: Gerhard Mercator 1595 World Atlas Cosmographicae: http://www.mapwalls.com/html/gallery-640-106.html.

Depois desta breve história da cartografia, é necessário um aprofundamento

da temática. Para tanto, serão referências norteadoras do artigo: Deus (2010) – que

aborda a questão na Idade Média – e Gomes (2009) – na Idade Moderna.

2. Os Mapas-mundi Medievais

Segundo Deus (2010), pesquisas sobre a Idade Média contabilizaram cerca

de 1100 mapas-mundi medievais, sendo que o maior tinha mais de 12 metros

quadrados e os menores cerca de 1 cm quadrado. Estes mapas estavam em

manuscritos europeus de coleção públicas e particulares. Eram feitos sob

encomenda para ilustrar salmos, crônicas, comentários sobre o apocalipse, cartas e

tratados sobre a natureza. Apesar de haver a preocupação com o belo e de

obedecerem a um estilo, a função dessa arte estava submetida a funções litúrgicas

e confessionais.

Neste sentido, mesmo que um mapa seja a descrição do espaço feita

diretamente através de imagens, para se entendê-lo é preciso reconhecer como se

organizava a sociedade que o produziu, pois suas imagens podem indicar algo além

delas mesma. Elas podem estar trazendo significados ou estruturando

pensamentos, ultrapassando, assim, a mera representação pictórica do objeto.

É nesta perspectiva que Deus (2010) nos fala sobre a imagem do Paraíso

como uma das mais poderosas na Idade Média, que trazia em si as ideias de

orientação, mas também as de salvação e de bem-aventurança. Para o autor,

Mais que indicar sua própria posição, a presença do Paraíso nos mapas medievais servia para orientá-los. A Bíblia estabelece que o Jardim do Éden fica no Oriente (Gênesis, 2,8), fixando, assim, uma indicação geográfica que serviria como referencial às demais localidades. Na cartografia, o Paraíso Terrestre sempre ocupou o extremo leste do continente asiático, servindo-lhe como limite. [...] O Paraíso, em remate, indica o fim do mundo, mas também conecta o mundo secular à eternidade. (p. 176).

Na sociedade Medieval, o Além, entendido tanto como o espaço divino, como

o demoníaco, era tido como concreto e, portanto, representado nos mapas. O Além

também era visto como a outra parte do mundo e, portanto, precisava ser localizado

e indicar quais criaturas o habitavam.

As histórias populares de viagens ao Além estavam imbuídas também de uma

visão de espaço, de valores e de sentidos.

[...] na Idade Média, este mundo e o outro estavam em permanente contato, ou melhor, eram partes contiguas de uma mesma obra, a Criação divina, o orbe. O Paraíso, o Inferno, o Purgatório, o país da Cocanha, o Reino de Preste João, a prisão dos povos de Gog e Magog compartilhavam a esfera da Terra. As esferas celestes, em número de nove, comportavam os coros angélicos e eram o lar dos bem-aventurados. Deus habitava além delas, no Empíreo. [...] Todo o conhecido, criaturas terrestres ou espirituais, compartilhavam deste mesmo e único Mundus.[...]. (DEUS, 2010, p. 180).

Mas, se por um lado, os mapas-múndi medievais estavam ligados aos

clérigos e fundamentados na Bíblia e, em fragmentos de informações da

Antiguidade, por outro, a cultura clerical não era refratária as informações que

vinham de outras fontes. O que acontecia é que estas informações eram absorvidas,

reestruturadas e adequadas ao cristianismo.

Como exemplo, podemos citar as histórias populares de viagens ao Outro

Mundo, combatidas no séc. VI, porém, que entre os séculos VII e X, foram

incorporadas com modificações para adequar-se a visão cristã de mundo. Outro

exemplo são os mapas murais de Ebstorf e de Hereford, destinados ao grande

público. Carvalho (1999) complementa que eles ficavam expostos em catedrais, com

um objetivo didático e evangelizador. Entretanto, elementos imaginários, como

criaturas maravilhosas, também estavam presentes.

No século XIV, o mundo será visto, também, a partir do que podemos chamar

de viagens imaginárias. Segundo Lopes (2006) por volta do século XIV as viagens

tornaram-se mais difíceis e mais raras. Então, começaram a ser escritos livros com

viagens imaginárias, onde realidade e imaginário, atualidade e tradição eram

narrados com unicidade. De acordo com o autor,

Quando aplicada à Idade Média, a distinção entre “real” e “fictício” revela-se um exercício pouco operativo. As relações de viagem alternam observações tiradas da realidade com a descrição dos mitos asiáticos. O conhecimento do espaço não dissipa o elemento lendário e mitológico, em grande parte proveniente da Antiguidade e da tradição bíblica; justapõem-se e complementam-se num todo discursivo sem importar as contradições daí resultantes (p. 7).

Assim, nesses livros de viagens imaginárias, mesclavam-se fantasias e

informações verídicas, que tanto poderiam ser oriundas da experiência do autor,

como recebidas de alguém que viajou e registrou ou transmitiu oralmente. Como nos

mostra Bauab (2009), Jean de Mandeville, autor que viveu no século XIV, manteve

essa tendência de narrar o fabuloso. Ele copiava os diálogos de outros viajantes,

trabalhando também com informações de enciclopédias e tratados de História e

Geografia, destacando-se pelo tom aventuresco de sua narração em primeira

pessoa.

[...] abundam, no livro de Mandeville, referências a ciclopes, acéfalos com olhos nos ombros, indivíduos com lábios superiores gigantescos (aqui a referência a Solenius é explicita), pessoas com dois sexos, além da famosa parte em que narra como a filha de Hipócrates fora transformada em dragão. [...] Contudo, hoje se sabe que a fonte de Mandeville não foram as viagens propriamente ditas, mas livros e mais livros que pretendiam encerrar em si a estatura e conteúdos do mundo (BAUAB, 2009, p. 7).

Nesta época, existia todo um imaginário construído sobre lugares e criaturas

que estabeleciam valores e identidades aos espaços. Como outro exemplo, temos a

narrativa da viagem de São Brandão em busca do Paraíso terrestre, caracterizada

sempre por elementos fantásticos. Para os medievais (tanto os mais eruditos do

clero, quanto para os camponeses) havia a convicção de que a história e a natureza

deveriam ser entendidas como símbolos, como metáforas e era dessa forma que

esquematizavam o universo.

Podemos considerar que os mapas-mundi medievais não buscavam apenas

uma função prática de guia de caminhos, mais queriam trazer as imagens do mundo

(formae mundi). Assim, a função destes mapas era que o seu leitor visse o mundo e

se localizasse na criação. Sintetizando, Deus (2010) apresenta outras considerações

sobre os mapas medievais, fundamentais para embasar essa reflexão: geralmente

os mapas eram feitos em equipe, ainda que uma pessoa se identificasse como

autor. Os cartógrafos tinham liberdade para incluir, retirar ou modificar os elementos

contidos nas suas representações, todavia um dos poucos elementos que não

mudava era o do Paraíso: sempre colocado no alto, no extremo leste do mundo. Os

mapas mundi não eram uma mera descrição física do espaço, organizavam-se em

torno de valores subjetivos e a representação incorporava características políticas,

afetivas e teológicas; não havia obrigatoriedade em localizar as cidades, nem a

distância real entre as que apareciam.

3. Os Mapas do Renascimento

Gomes (2009) reconhece o relato dos feitos de navegadores como Colombo,

Vespucci e Magalhães. No entanto, segundo o autor, houve outro “descobrimento”,

registrado como impressões de viagem, que não teve como parâmetro a realidade

empírica encontrada pelos navegantes. Muitas informações vinham de pessoas

essencialmente sedentárias, como, por exemplo, Ariosto (autor de Orlando Furioso),

que confessava ter aversão às viagens, e que criou personagens que viajavam para

a Ásia ou até para a Lua. O mesmo vale para Pedro Mártir Anghiera, estudioso da

travessia de Colombo, que se baseava na comparação de dados oficiais com relatos

de homens do mar. Até famosos cartógrafos eram pessoas sedentárias. Para o

autor,

[...] Lorenz Fries, compilador de mapas e de prognósticos astrológicos, privilegiava o saber de Ptolomeu ao dos modernos, e tudo leva a crer que morreu sem ter visto um oceano de verdade. O grande editor de planisférios Grüninger nunca se afastou da zona de Frankfurt. E o próprio Martin Waldseemüller, tão reputado pelos conhecimentos geográficos quanto pela fineza do seu latim, jamais viajou nem mesmo para a Itália (GOMES, 2009).

Gomes (2009) ressalta que também houve humanistas que foram

verdadeiros viajantes, mas para o autor, não se trata de distinguir o conhecimento

empírico e o livresco, já que os dois se fundem num processo de legitimação

recíproca. Nas suas palavras,

[...] A autoridade de um explorador de gabinete era tanto maior quanto mais ele soubesse se manter informado sobre as viagens em curso; e, vice-versa, a credibilidade de um aventureiro dependia não só das coisas inusitadas que descobria no mundo, mas também da sua capacidade de inserir tal experiência num quadro referencial de origem marcadamente letrada e clássica (GOMES, 2009).

Depois do século XV, de acordo com Gomes (2009), qualquer saber

envolvendo novas terras, estava circunscrito a vigilância centralizadora de poderes

institucionais envolvidos com a conquista; e ainda ao assédio indiscreto das

potências concorrentes e, ao interesse de um amplo público de curiosos. Assim,

muitas das informações sobre as terras recém-descobertas na América e em outras

possessões ultramarinas, eram por ouvir-dizer. E estas novas informações,

assimiladas a um conhecimento pré-existente sobre os confins do mundo,

reforçavam um conhecimento feito de generalizações e estereótipos.

Para a produção e transmissão de cartas – mapas-mundi, topografias ou

portulanos - foi fundado, em Portugal, a Casa de Mina e décadas mais tarde, na

Espanha, a Casa de Contratación. Ambas as Casas tinham várias funções técnicas

e políticas, dentre elas recolherem e supervisionarem os dados cartográficos de

todas as expedições empreendidas às terras recém-descobertas, criando sua

própria representação do mundo, num modelo único: o Padron e, depois de 1571, o

Libro. Apesar de leis restritivas a produção e transmissão de cartas, este controle

não era assim tão rígido. Segundo Gomes (2009), havia desde falha na compilação,

o roubo de documentos e a própria propaganda oficial que acabava por divulgar

informações importantes. Sendo assim,

A necessidade de ratificar a posse sobre os novos territórios coloniais tornava a publicidade tão importante quanto o silêncio. Ambas as coroas passaram a veicular, assim, informações geográficas por meio de aparatos ornamentais, como tapeçarias e miniaturas, ou diretamente, através de cópias reduzidas do Padrão Real, que eram presenteadas a figuras notáveis das cortes rivais. Este material de propaganda não demoraria a ser captado nos ambientes eruditos e integrado ao corpus da cosmografia(GOMES, 2009).

Todo este material era consultado e copiado pelos humanistas e depois

difundido ao restante da Europa. Alguns humanistas se destacaram neste campo,

como Jan Dantiscus, que foi diplomata da Espanha entre 1523 e 1529, conheceu e

trocou cartas com Hernán Cortez e redigiu três comentários sobre as terras recém-

descobertas. Também o veneziano Alessandro Zorzi, meticuloso colecionador de

relatos de viagens, que entre 1470 e 1535, compilou 5 volumes de informações –

colagem de textos alheios (inclusive de outros eruditos), maços de anotações

marginais, materiais de propaganda e rascunhos de mapas nunca realizados –

abrangendo Ásia, Oriente Médio, a África e o Novo Mundo. (GOMES, 2009).

Concluindo, é preciso ressaltar que muitas pessoas estiveram envolvidas no

processo de recolha e divulgação de informações. De um lado, as elites que

desenvolviam e financiavam projetos para o novo mundo. De outro, havia também

espiões, agentes comerciais, náufragos e contrabanditas que divulgavam diversas

informações, não fazendo distinção entre Ásia, África e América. Sistematizadas por

uma miríade (nem sempre culta) de estudiosos, eram adaptadas pela imprensa e

serviam de base para livros, mapas e similares que, a partir de sedes, em cidades

como Roma, Florença e Veneza, propagaram-se com grande desenvoltura.

Gomes(2009) confirma,

Esta é a estrutura vasta e assimétrica, que abrangia conhecimentos empíricos e livrescos, espionagem e propaganda, aparatos estatais e simples curiosos, a explicar o sucesso dos planisférios. Também é ela a formar a audiência transnacional, cuja demanda daria origem, na segunda metade do século XVI, aos teatra mundi e às grandes coleções de relatos de viagens, de Ramusio a Theodor de Bry. A inovação do pensamento geográfico, que inegavelmente se consumou na época, teria sido impossível se não fosse pela existência de um organismo coletivo que redesenhou a face da Terra basicamente por ouvir-dizer (GOMES, 2009).

Dessa forma, é possível observar como se formou uma rede de

conhecimentos e como informações oficiais e não-oficiais contribuíram para

transformar a geografia renascentista, na maioria das vezes, em um conhecimento

só por ouvir-dizer.

4. Representações da América

Como relata Morais (2011), na Baixa Idade Média havia o chamado “contexto

de desesperança”: dificuldades da vida cotidiana, fome, frio, as revoltas

camponesas, e peste negra. Isto tudo fez surgir projeções utópicas, de lugares

longínquos, que representavam o desejo de encontrar um lugar diferente da

realidade cotidiana. Assim, essa outra realidade imaginária passa a existir de forma

concreta nas crenças das pessoas e dirigir a sua maneira de olhar para o

desconhecido.

Neste sentido, encontramos nos livros de Marco Polo e Jean de Mandeville,

não somente relatos sobre tipos diferentes de gentes e animais, mas – marca

constante em ambos os livros – lugares do oriente, onde abundam grande riqueza.

Por isso, muitos dos primeiros europeus a chegar à América buscavam

encontrar os elementos do Maravilhoso, tão presentes nas descrições das terras

distantes. Para Chauí (2000),

[...] A América foi para os viajantes, evangelizadores e filósofos uma construção imaginária e simbólica. Diante da absoluta novidade, como explicá-la? Como compreendê-la? Como ter acesso ao seu sentido? Colombo, Vespúcio, Pero Vaz de Caminha, Las Casas dispunham de um único instrumento para aproximar-se do Mundo Novo: os livros. [...] O Novo

Mundo já existia, não como realidade geográfica e cultural, mas como texto, e os que para aqui vieram ou os que sobre aqui escreveram não cessam de conferir a exatidão dos antigos textos e o que aqui se encontra (p. 30).

Tudo o que inicialmente era visto, descrito e pintado pelos viajantes foi guiado

por este olhar, fosse a vegetação, as águas, as aves e até mesmo seus habitantes7.

Portanto, ainda que se reconheça que havia um desejo de encorajar e justificar

financeiramente as expedições de exploração e, que para isso, tenham sido

atribuídas fabulosas riquezas minerais às terras do Novo Mundo, só isso não explica

como num manuscrito, atribuído à frota inglesa de Sir Walter Raleigh, de 1593,

apareça a cidade dourada (na Guiana), chamada pelos nativos de Manoa. Ou então,

que em 1599, num mapa da Guiana, do francês Thieiry De Bry8, apareça, não

somente o Rio das Amazonas, como também, um acéfalo e uma mulher guerreira.

(DUARTE, 2002).

É sabido que a referência a esses lugares longínquos, como o El Dourado e a

terra das mulheres guerreiras (ou Amazonas) são anteriores à descoberta da

América. O que ocorre é que esta realidade imaginária existia de forma concreta nas

crenças das pessoas e na maneira de olhar o desconhecido. Provavelmente, as

mulheres guerreiras (Amazonas), presentes nas histórias da antiguidade e também

nos livros de Marco Polo e de Mandeville , foram transpostas para o Novo Mundo.

Smiljanic (2001) nos fala da força que teve essa representação que acabou

por conferir nome, primeiro a um rio (Rio das Amazonas) e depois a uma região, que

hoje se estende por nove países da América do Sul. O que temos é uma junção de

informações que se originaram na literatura Greco-romana, foram incorporadas ao

imaginário europeu e transferidas para o novo continente. Segundo a autora,

7É interessante ver as seguintes obras: Antillanos, acéfalos de América del Sur y brasileños. Grabado perteneciente a Moeurs des sauvages ameriquains, comparées aux de P. Lafitau; 1724 http://www.upf.edu/materials/fhuma/pich/web/pages/tema1/mat1.htm (nesta e aparece junto aos habitantes da América, um homem com olhos, nariz e boca no peito) e também outra que traz a representação de serpentes que habitariam o Rio Orenoco, na Venezuela: One of Sir Walter Raleigh´s men being eaten alive on the Orinoco River by a rather strange-looking alligator. Disponível em http://www.dsloan.com/Auctions/A23/item-gottfried-newe_welt-1655.html.

8(Facsimile) De Bry - 1599. 23. Map of Guinan by Theodore de Bry, 1599. Reproduce http://www.davidrumsey.com/luna/servlet/detail/RUMSEY~8~1~203959~3001742:-Facsimile---De-Bry---1599---23---M.

Cada pedaço de terra ainda desconhecido foi espaço para a fantasia e cada novo rincão descoberto transportou essa fantasias adiante. A mesma operação se repetiu até que a finitude da terra impôs seus limites e fechou as possibilidades de dar vazão à imaginação. O mundo encontrado foi então definitivamente substituído pelo desencanto de um mundo conhecido e mapeado palmo a palmo (SMILJANIC, 2001).

Portanto, fica claro que o conhecimento científico que foi sendo construído e

organizado nesta época foi a base para o processo histórico desconstrução de

muitas das crenças do imaginário europeu, que perduravam por tantos séculos.

Contudo, ainda que as antigas representações estivessem sendo esquecidas, novas

ideias, novas maneiras de ver o mundo, novas formas de poder e de dominação,

crenças em um mundo formado por povos superiores e inferiores estavam surgindo

e conformando novas representações e um novo imaginário sobre o espaço.

Considerações Finais

Para terminar este artigo é preciso retomar o principal objetivo deste trabalho:

fundamentar a discussão dos mapas como representações nas aulas de história,

para que os alunos percebessem como o saber histórico é produzido, colocando-os

frente a questões ligadas à historiografia e também à teoria da história. Para isso, foi

necessário também um diálogo com a geografia, com a cartografia e a literatura,

confirmando a importância de um trabalho interdisciplinar. De acordo com as

Diretrizes Curriculares Estaduais, essas relações se estabelecem quando

“Conceitos, teorias ou práticas de uma disciplina são chamados à discussão e

auxiliam a compreensão de um recorte de conteúdo qualquer de outra disciplina.”

(PARANÁ, 2008, p. 27).

Seguindo estes pressupostos e as referências teóricas abordadas, foi

planejada uma Unidade Didática, desenvolvida junto aos alunos do 7º Anos A, B e C

do Ensino Fundamental, do Colégio Estadual Polivalente.

Os alunos iniciaram o trabalho por atividades mais elementares, objetivando

identificar os continentes, bem como reconhecer que o mapa mundi é uma projeção

do globo planificado – podendo ter várias representações. Além disso, eles também

produziram um mapa (com o seu percurso entre a casa e a escola) para entender

concretamente alguns problemas enfrentados pelos produtores de mapas, tais

como: reproduzir numa pequena folha de papel uma grande área real; a

representação das distâncias; a necessidade de tornar a informação inteligível para

terceiros; assim como salientar como a sua percepção de espaço influencia na

maneira em como o mesmo é representado.

A história da cartografia foi abordada para que os mapas fossem percebidos

como uma produção social e cultural, inseridos num determinado espaço/tempo. E,

dentro desta abordagem, os alunos tiveram o primeiro contato com os mapas mundi

que traziam monstros marinhos, o que nos permitiu problematizar a questão e dar

inicio a todo um trabalho envolvendo leituras diversas, pesquisas e produções de

textos.

Foram abordados diversos textos, entre eles uma adaptação da Viagem de

São Brandão9 – uma história popular difundida na Idade Média – e também trechos

da literatura, extraídos dos livros de viagem de Marco Polo (2011) e Mandeville

(2007). A leitura e discussão destes textos foram a base para o trabalho com o

conceito de imaginário, para a contextualização das representações presentes no

final da Idade Média e para que se recuperasse o processo histórico das

representações cartográficas da época das Grandes Navegações.

Num primeiro momento, as histórias de lugares, pessoas e seres

maravilhosos, ou mesmo monstruosos, a crença na existência do Paraíso, do

Inferno, ou de lugares de extrema riqueza, provocaram nos alunos, certo

encantamento com o que era narrado. Contudo, também, um descrédito de que se

tratava de um monte de mentiras, principalmente as histórias de Mandeville (2007) –

que nunca viajou, mas contou suas histórias em primeira pessoa.

Neste ponto, priorizando a metodologia da pesquisa e aulas dialógicas, foi

possível problematizar a ideia de verdade e de mentira na pesquisa histórica e,

também, estabelecer um debate sobre os conceitos de imaginário e de

representação e ainda discutir como essas narrativas – quando contextualizadas

historicamente – nos permitem descobrir como as pessoas, em diferentes momentos

históricos, se relacionam com o seu mundo, com o desconhecido, com seus medos.

9Adaptada a partir da versão disponível em: http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Ilha_de_S%C3%A3o_Brand%C3%A3o.

Foi possível também comparar mapas produzidos nos séculos XVI, XVII e

XVIII10, evidenciando os deslocamentos de sentidos no imaginário das diferentes

épocas e, como eles eram transpostos de lugares para lugares.

Para concluir, vale a pena destacar que, pensar o ensino da história dentro

dos procedimentos da pesquisa histórica e da construção conjunta de conhecimento,

como procuramos compartilhar neste artigo, pressupõe situações nem sempre fáceis

de se colocar em prática, tais como: adequação da Unidade Didática à carga horária

disponível; reformulação das atividades no contato com a realidade dos alunos e

com a dinâmica das classes; tempo para a leitura e a pesquisa; condições

estruturais e técnicas para a apresentação de inúmeras imagens (no caso deste

projeto, elas foram favorecidas pela utilização de um novo equipamento da escola, o

“ARTUR” (R-2), bem como pelo uso do Datashow. Estes equipamentos foram

fundamentais para que os mapas pudessem ser ampliados e vistos em seus

detalhes. Mas, apesar das diferentes dificuldades cotidianas, todo o percurso de

formação deixou claro que nós, professores e alunos, podemos transformar as

nossas aulas em momentos diferenciados de produção de conhecimento.

10

Ver: Sebastian Munster – 1550 – Das Erst General / inhaltend die beschreibung. [modern world]. http://www.raremaps.com/gallery/browse/category/World/World. Ver:Nicholas Van Geelkercken – 1617 – Orbis Terrarum Descriptio Duobis Planis Hemisphaeriis Comprehesa http://www.raremaps.com/gallery/detail/25848/Orbis_Terrarum_Descriptio_Duobis_Planis_Hemisphaeriis_Comprehesa/Van%20Geelkercken.html. Ver: Jean Baptiste Nolin – 1791 – Titulo: Mappe-Monde Carte Universelle de la Terre Dressee Sur les Relations les plus Nouvelles Soumises aux Observations Astronomique les plus recentes ou sont marquees les Nouvelles Decouvertes. http://www.raremaps.com/gallery/detail/29364/MappeMonde_Carte_Universelle_de_la_Terre_Dressee_Sur_les_Relations_les/Nolin-Denis.html.

Referências

ALMEIDA, R. D. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2006. (Caminhos da Geografia).

BAUAB, F. P. A experiência da América e o declínio do saber geográfico medieval. Revista Formação, Presidente Prudente, v. 1, n. 16, p. 3-16, 2009. Disponível em:

<http://revista.fct.unesp.br/index.php/formacao/article/viewFile/857/879>. Acesso em: 16 maio 2012.

CARVALHO, M. S. O pensamento geográfico medieval e renascentista no ciberespaço. 1999. Disponível em:

<http://www.geocities.ws/pensamentobr/medievalciber.pdf>. Acesso em: 16 maio 2012.

CHAUÍ, M. Brasil: o mito fundador. Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre: on line, Porto Alegre, ano 9, n. 19, p. 23-36, 2000. Disponível em:

<http://www.appoa.com.br/download/revista19.pdf>. Acesso em: 11 out. 2013.

DEUS, P. O paraíso na iconografia de mapas-múndi medievais: Ebstorf e Hereford. História Revista, Goiânia, 6 jul. 2010. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/historia/article/view/10574>. Acesso em: 16 maio 2012.

DUARTE, P. A. Fundamentos de cartografia. 2. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC,

2002. (Série Didática).

GOMES, P. F. Volta ao mundo por ouvir-dizer: redes de informação e a cultura geográfica do renascimento. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 17, n. 1, jun. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142009000100008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 16 maio 2012.

LOPES, P. Os livros de viagens medievais. Revista Medievalista: on line, Lisboa, ano 2, n. 2, p. 1-32, 2006. Disponível em: <http://www2.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/medievalista2/PDF2/viagens-PDF.pdf >. Acesso em: 16 maio 2012.

MANDEVILLE, J. Viagens de Jean de Mandeville. Tradução de Susani Silveira Lemos França. Bauru: EDUSC, 2007. (Coleção História).

MICELI, P. A terceira margem: notas breves sobre a representação do espaço no trabalho do historiador. In: MIGUEL, A.; ZAMBONI, E. (Org.). Representações do espaço: multidisciplinaridade na educação. Campinas: Autores Associados, 1996. p. 9-15.

MORAIS, M. V. Utopia, América: a busca dos europeus pelo paraíso e o imaginário. 2011. Disponível em: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2011/08/utopia-america-busca-dos-europeus-pelo.html>. Acesso em: 20 dez. 2012.

NADAI, E. O ensino de história no Brasil: trajetória e perspectiva. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 13, n. 25/26, p. 143-162, set. 92/ ago. 93.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes curriculares da educação básica: história. Curitiba, 2008.

PESAVENTO, S. J. História & história cultural. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica,

2008. (Coleção História & Reflexões, 5).

POLO, M. O livro das maravilhas: a descrição do mundo. Tradução de Elói Braga

Júnior. Porto Alegre: L&PM, 2011. (Coleção L&PM POCKET, v. 161).

RANZI, S. M. F. O lugar da prática de ensino na produção do saber escolar. In: SCHIMIDT, M. A.; CAINELLI, M. R. (Org.). Encontro: perspectivas do ensino de História. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1999. p. 135-142.

SILVA, M. A. História: o prazer em ensino e pesquisa. São Paulo: Brasiliense, 1995.

SMILJANIC, M. I. Da “invenção” à “descoberta científica” da Amazônia: as diferentes faces da colonização. Revista Múltipla, Brasília, v. 6, n. 10, jun. 2001. Disponível em: <http://www.academia.edu/224410/Da_invencao_a_descoberta_cientifica_da_Amazonia_as_diferentes_faces_da_colonizacao>. Acesso em: 20 dez. 2012.