mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

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1 MAPEAMENTO DA CULTURA ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DE CASO CAMILLA CARNEIRO SILVA QUEIJA Catalão 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÀS REGIONAL CATALÃO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO ORGANIZACIONAL

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MAPEAMENTO DA CULTURA ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO

DE CASO

CAMILLA CARNEIRO SILVA QUEIJA

Catalão 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÀS REGIONAL CATALÃO

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO ORGANIZACIONAL

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Termo de Autorização para Publicação de Teses e Dissertações Eletrônicas (TDE)

na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD)

Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade Federal de Goiás e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.ppggo.catalao.ufg.br, www.ibict.br, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra abaixo citada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data. 1. Identificação do material bibliográfico: ( ) Tese ( x) Dissertação 2. Identificação da Tese ou Dissertação:

Autor: Camilla Carneiro Silva Queija

RG.: 3646114 DGPC-GO CPF: 843.891.501-97 E-mail: [email protected]

Orientador: André Vasconcelos da Silva CPF 767.278.401-30

Co-Orientador: Vagner Rosalen CPF_069.486.128-65

Membros da Banca: Marcos Bueno CPF_519.896.038-15

Gleiber Couto Santos CPF_835.252.886-87

Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? ( x) Sim ( ) Não Data de Defesa: ( 20/02/2015 ) Vinte de Fevereiro de Dois Mil e Quinze Nº de páginas: 73

Título: MAPEAMENTO DA CULTURA ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DE CASO

Afiliação: (Instituição de vínculo empregatício do autor):

Área do Conhecimento: Gestão Organizacional

3. Agência de fomento:

Palavras-chave: Cultura organizacional; Valores Organizacionais; Práticas Organizacionais 4. Informação de acesso ao documento: Liberação para publicação: ( x) Total ( )Parcial*

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Local e data:_______________________________________

Assinatura do autor

___________________________________________________________________

1.

UFG – BCE

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MAPEAMENTO DA CULTURA ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DE CASO

CATALÃO 2015

CAMILLA CARNEIRO SILVA QUEIJA

Dissertação apresentada ao Curso de

Mestrado Profissional em Gestão

Organizacional da Universidade Federal de

Goiás – Regional Catalão, como requisito

parcial para a obtenção do título de Mestre em

Gestão Organizacional.

Orientador: Prof. Dr. André Vasconcelos da

Silva

Co-orientador: Vagner Roselam

Linha de pesquisa: Indivíduo, organização,

trabalho e sociedade.

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AGRADECIMENTOS

À minha família, por possibilitar este momento de realização pessoal e profissional, em especial ao Luís e ao Lucas por estarem presente nos momentos especiais da minha vida e por entenderem as privações durante esses dois anos. Minha mãe, que nesses últimos dias se tornou avó-mãe. Minha irmã, Carla, passando pelo mesmo processo, entendendo as dificuldades das ausências. Ao meu Orientador, Professor Dr. André Vasconcelos da Silva, por tornar possível a realização deste objetivo. Agradeço por ter me aceito como aluna e pela excelente orientação, considero uma das pessoas mais empenhadas na difícil empreitada do labor educacional, que já convivi. Suas considerações dirigiram meu estudo. Ao Professor Dr. Vagner Rosalem, por ter aceitado o convite para me co-orientar, pela gentileza de contribuir com suas considerações e orientações técnicas. A todos os outros professores pela oportunidade de aquisição de novos conhecimentos, amadurecimento e crescimento. Aos Professores, Dr. Marcos Bueno e Dr. Gleiber Couto pela presteza em participar da minha banca. De forma particular, à organização onde desenvolvi o estudo, por ter liberado a pesquisa, sem isso, não seria possível a realização do trabalho. Aos meus colegas de trabalho, Maurício, pela compreensão das ausências e por entender que o momento em realizar um mestrado era importante para mim. Sueyde, vivenciando as mesmas angústias e ansiedades. David, por segurar a barra. À Ana Luísa, fabulosa, linda, dedicada. Aos colegas das unidades, que contribuíram e se empenharam na coleta de dados. E aos demais colegas de sala, que trabalham juntos. Aos colaboradores da organização, pela contribuição, muitos conhecidos. A todos os colegas do curso do Mestrado Profissional em Gestão Organizacional, em especial da primeira turma, muitas trocas, nunca me esquecerei. À Lívia, pelas orientações das burocracias, sempre atendendo com um sorriso.

A todos o meu muito obrigada!

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À minha família pelo carinho e compreensão,

aos amigos queridos, ao Luís e ao Lucas

companheiros verdadeiros.

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O importante sobre uma cultura assim

definida é que ela evolui. Uma prática surge como

uma mutação; afeta as probabilidades de o grupo vir

a solucionar seus problemas; e, se o grupo

sobreviver, a prática sobreviverá com ele.

B. F. Skinner

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RESUMO

O presente estudo tem como objetivo mapear a cultura organizacional, enfatizando as práticas e os valores organizacionais. Trata-se de pesquisa descritiva, cujo instrumento de coleta de dados utilizado foi o Instrumento Brasileiro para a Avaliação da Cultura Organizacional – IBACO (Ferreira, Assmar, Estol, Helena e Cisne, 2002), aplicado a 493 empregados de uma organização do setor de mineração e fabricação de fertilizantes distribuída por unidades nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Adotou-se abordagem quantitativa, utilizando-se o software estatístico SPSS versão 20 e o office Excel 2013, através da análise descritivas e de correlação. Foram considerados todos os sete fatores do instrumento IBACO, considerando as 94 questões, três fatores para análise das práticas e quatro fatores para analisar os valores. Como resultado, o mapa da cultura desta organização, mostra uma tendência forte para a Prática de Integração Interna e, apesar dos valores todos darem moderados, algumas questões referentes ao Valor Profissionalismo Cooperativo, indicam um valor moderado com traços fortes em execução das tarefas com eficácia e competências, evidenciando espírito de colaboração, habilidade, dedicação, profissionalismo e capacidade de iniciativa dos empregados, contribuindo para o alcance das metas propostas e bem comum da organização. Quanto à prática, pode-se dizer que a organização está voltada para o planejamento estratégico e as tomadas de decisão apresentam foco nas necessidades dos clientes.

Palavras-chave: Cultura organizacional; Valores Organizacionais; Práticas Organizacionais.

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ABSTRACT This study aims to map the organizational culture , emphasizing the practices and organizational values . This is a descriptive study , whose data collection instrument used was the Brazilian Instrument for Assessing Organizational Culture - IBACO (Ferreira , Assmar , Stall , Helena and Swan , 2002) , applied to 493 employees of an organization in the sector of mining and manufacturing of fertilizers distributed in the states of Goiás, Minas Gerais and São Paulo. A quantitative approach was adopted with the use of the statistical software SPSS version 20 and the office Excel 2013, through a descriptive analysis and correlation. All seven factors of IBACO instrument were considered, including the 94 questions , three factors for the analysis of practices and four factors to analyze the values. As a result, the cultural map of this organization shows a strong tendency for the Internal Integration of Practice and despite all values being moderate , some issues regarding Professionalism Cooperative Value indicate a moderate value with strong features in the effective and skillful execution of tasks , showing a spirit of cooperation , skill, dedication, professionalism and capacity of initiative of employees, contributing to the achievement of the goals proposed and the welfare of the organization. As for the practice, it can be said that the organization is focused on strategic planning and decisions are taken to meet customers’ needs. Keyword: Organizational Culture; Organizational Values; Organizational Practices

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

1. Lista de Quadros

1.1. Quadro 1: Características e conceitos IBACO (Lages, 2010) ----------------------------------------------------------------------- 35

1.2. Quadro 2: Graus da escala Likert da IBACO e Correspondência de Negreiros (2011) ------------------------------------- 42

2. Lista de Tabelas

2.1. Tabela 1: População real x amostra ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 34

2.2. Tabela 2: Quantidade de Formulários Enviados, Respondidos e Válidos por Localidade --------------------------------- 37

2.3. Tabela 3: Percentual de participantes por Gênero --------------------------------------------------------------------------------------- 39

2.4. Tabela 4: Percentual de participantes por grupo de idade ---------------------------------------------------------------------------- 39

2.5. Tabela 5: Percentual de participantes por nível de instrução -------------------------------------------------------------------------- 40

2.6. Tabela 6: Percentual de Participantes por nível hierárquico (cargo) ---------------------------------------------------------------- 40

2.7. Tabela 7: Percentual de participantes por tempo de empresa ---------------------------------------------------------------------- 41

2.8. Tabela 8: Valor Organizacional Profissionalismo e Cooperativismo -------------------------------------------------------------- 44

2.9. Tabela 9: Valor Profissionalismo Competitivo e Individualista ----------------------------------------------------------------------- 45

2.10. Tabela 10: Valor Bem-estar e Satisfação dos Servidores ---------------------------------------------------------------------------- 46

2.11. Tabela 11: Valor Rigidez na Estrutura Hierárquica do Poder ------------------------------------------------------------------------ 47

2.12. Tabela 12: Prática de Integração Externa -------------------------------------------------------------------------------------------------- 48

2.13. Tabela 13: Prática Recompensa e Treinamento ----------------------------------------------------------------------------------------- 49

2.14. Tabela 14: Prática Promoção do Relacionamento Interpessoal -------------------------------------------------------------------- 49

2.15. Tabela 15: Correlação entre idade e tempo de empresa e IBACO ---------------------------------------------------------------- 51

2.16. Tabela 16: Comparação Teste T entre Gênero e IBACO ----------------------------------------------------------------------------- 55

3. Lista de Figuras

3.1. Figura 1: Representação das escalas 4 (Aplica-se Bastante) e 2 (Aplica-se Razoavelmente) por localidade ------- 51

3.2. Figura 2: Representação das escalas 4 e 2 por Grau de Instrução ---------------------------------------------------------------- 52

3.3. Figura 3: Representação das escalas 4 e 2, por Cargo ------------------------------------------------------------------------------- 53

3.4. Figura 4: Representação das médias das escalas 4 e 2 por localidade, grau de instrução e cargo -------------------- 53

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 10

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 14

2.1. CULTURA NAS ORGANIZAÇÕES BRASILEIRAS .............................. 20

2.2. TEMAS RECENTES DENTRO DA CULTURA ORGANIZACIONAL .... 23

2.3. ESTUDOS SOBRE VALORES E PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS ..... 27

3. OBJETIVO ...................................................................................................... 30

4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 30

5. MÉTODO ........................................................................................................ 31

5.1. ABRANGÊNCIA DO ESTUDO ............................................................. 31

5.2. AMOSTRA DA POPULAÇÃO .............................................................. 32

5.3. INSTRUMENTOS DE MEDIDA ............................................................ 34

5.4. PROCEDIMENTO E COLETA DE DADOS .......................................... 36

5.5. ANÁLISE DOS DADOS........................................................................ 37

6. RESULTADOS ............................................................................................... 38

6.1.1. ANÁLISE DAS VARIÁVEIS SÓCIO DEMOGRÁFICAS ................... 38

6.1.2. ANÁLISE DOS VALORES E PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS ....... 41

6.1.3. ANÁLISE DOS VALORES E PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS EM

RELAÇÃO ÀS VARIÁVEIS SÓCIO DEMOGRÁFICAS .................... 50

7. DISCUSSÃO ................................................................................................... 55

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 60

9. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ................................................................. 61

10. ANEXOS ......................................................................................................... 68

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1. INTRODUÇÃO

A partir das últimas décadas do século XX, o interesse pelo

aprofundamento em investigar fenômenos sociais caracterizou-se por entender

o relacionamento dos fenômenos com os processos comportamentais. Esse

contexto favoreceu o surgimento de abordagens e pesquisas sobre cultura

organizacional. A ideia de ver a organização como um sistema de significados

compartilhados entre os membros é um fenômeno relativamente recente

(ROBBINS, 1999).

Na década de 80, do século XX, o conceito de cultura organizacional

expandiu-se como uma marca nos estudos organizacionais. Embora,

inicialmente, fosse considerado como modismo, a incorporação de teorias

organizacionais contribuiu para impulsionar a análise sobre o tema

(NEGREIROS, 2011).

Para Ferreira e Assmar (2008), o interesse pelo estudo da cultura

organizacional ganhou força nos anos 1980, pela fantástica performance das

organizações japonesas e pela crença de que o envolvimento dos empregados

seria o principal fator responsável por isso, uma vez que os valores e a filosofia

da organização envolviam os trabalhadores, de tal modo que se transformava

em sucesso.

Souza (2006) salienta que a ascensão do Japão, pós-guerra, chamou a

atenção dos pesquisadores das teorias organizacionais, que procuraram

perceber a cultura como componente de gestão, a partir da descrição do que

seriam as melhores práticas adotadas para se obter os melhores resultados.

Ainda, segundo o autor, as edições de periódicos norte-americanos, como

Administrative Science Quarerty, Organizational Dynamics, Organizational

Studies, International Studies of Management and Organizational, retrataram

esse tema na década de 1970 e 1980.

Assim, os conceitos sobre cultura organizacional ganharam espaço nas

organizações e no meio acadêmico. A percepção de que a organização é um

fenômeno cultural está no fato de as pessoas se encontrarem inseridas nela,

vivendo em um sistema de sociedade organizacional, ou seja, nesse universo

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existem as crenças, os rituais, rotinas, vivenciadas pelos trabalhadores

(BASTOS, LOYOLA, QUEIROZ e SILVA, 2014).

A cultura de uma organização proporciona dois grandes desafios:

problemas de integração interna socioculturais dos membros do grupo e

problemas de adaptação e sobrevivência externa. Os desafios gerados pelo

problema de integração estão relacionados com a necessidade de todos falarem

a mesma linguagem, compreendendo quem faz ou não parte do grupo, quais

são as regras do sistema hierárquico e o relacionamento comportamento

desejável. Já os desafios de ordem externa estão relacionados com a criação e

manutenção da missão, cumprimento/ atendimento da missão e das metas, os

critérios de desempenho dos membros (SCHEIN, 1985). A cultura de uma

organização concretiza-se quando todos os empregados compartilham e

compreendem os modos de lidar com questões de integração interna e de

adaptação externa (SCHEIN, 1985).

A cultura organizacional é um elemento fundamental para o sucesso da

implementação das estratégias e um fator decisivo na construção de um

diferencial competitivo para as organizações (SOUZA, 2006). As crenças e

valores que são compartilhados, nem sempre são explícitos, podem estar

implícitos. Identificar o que está implícito pode fazer a diferença entre o sucesso

e o fracasso. A cultura pode ser considerada um dos pilares de sustentabilidade

da organização (GOFFEE e JONES, 1998).

A relevância em conhecer a cultura de uma organização está em se

descobrir qual é a função que ela desempenha nessa organização.

Primeiramente, a cultura deve exercer um papel de fronteira, distinguindo uma

organização de outra. Em segundo lugar, deve transmitir uma identidade para

os membros da organização. Também, deve facilitar a geração de

comprometimento em algo maior. Intensificar a estabilidade do sistema social,

fortalecendo padrões e servindo como um mecanismo de controle e guia do

comportamento dos empregados (ROBBINS, 1999).

Um modelo teórico idealizado por Hofstede, Neuijen, Ohavy e Sanders

(1990) descreve que a cultura se manifesta de acordo com quatro elementos,

que se interagem e diferem quando analisados. O primeiro elemento, chamado

pelos autores de símbolos, está representado pela camada mais externa, aqui

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se compreende as palavras, os gestos e tudo que apresenta como significados

especiais para a organização. Os heróis são personagens vivas ou não, reais ou

imaginárias, que representam prestígio e servem de modelo de comportamento.

Os rituais são entendidos como atividades coletivas, tecnicamente supérfluas,

mas se tornam indispensáveis socialmente. Esses três primeiros elementos são

entendidos, de acordo com Hofstede e colaboradores, como “práticas” da

organização, tendo um significado cultural associado à forma como os

empregados os percebem. O quarto elemento são os valores, que é considerado

pelos autores, como núcleo da cultura, se referem aos sentimentos quase nunca

discutidos, são difíceis de serem observados e revelados através dos

comportamentos.

O modelo de Hofstede contribuiu para Ferreira, Assmar, Estol, Helena e

Cisne (2002) na construção de um instrumento capaz de realizar um

mapeamento dos valores e práticas organizacionais. O instrumento foi criado

com a premissa de se encontrar uma forma de mensurar as práticas e valores,

levando em consideração as características da organização como, por exemplo,

metas da organização, atitudes e formas de relacionamento, estrutura,

procedimentos de tomada de decisão, distribuição de recompensas,

planejamento estratégico e de mudanças, dentre outros aspectos.

Diante de um cenário competitivo, com mudanças constantes, a cultura

adquire importância expressiva para a gestão dos resultados sustentáveis da

organização. Essa pesquisa procura diagnosticar a cultura de uma organização,

considerando os valores e as práticas culturais nela existentes, através da

percepção dos empregados. Para tanto, realizou-se um mapeamento, através

de um instrumento testado e validado, elaborado para medir a cultura

organizacional, aplicado nessa organização do segmento mineroquímico.

A organização estudada foi adquirida em 2010, iniciando, a partir de

então, um processo de mudança da cultura organizacional. A implantação de

uma cultura deve ser difundida e compartilhada de acordo com os valores

cultuados pelos membros de alto escalão da organização (SCHEIN, 1985). A

maior parte das organizações não preparou e planejou a estratégia de integração

cultural pós-aquisições. Na grande maioria das vezes, a empresa compradora

impõe sua cultura, buscando capturar traços da cultura da empresa que foi

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adquirida, na tentativa de inseri-la no seu modo de agir e, ao longo do tempo,

uma nova cultura será construída (BARROS, 2003). Desde a aquisição, não se

realizou um estudo, segundo informações da própria empresa, se a cultura está

incorporada e sendo compartilhada pelos empregados. O modo como a nova

cultura é vista por esses empregados está ligado diretamente ao problema desse

mapeamento, se está de acordo com os valores e práticas desenhados pela

organização.

A relevância deste estudo está em compreender a cultura dessa

organização, verificando os papéis que ela está desempenhando. Se os

empregados percebem que as premissas conceituais são identificadas, se a

cultura exerce um papel conforme planejado pelos líderes. Se há uma

transmissão da identidade para os membros conforme previsto pelos fundadores

e se está sendo partilhada. Se existe facilitação em gerar comprometimento dos

empregados. Se a cultura proposta está fortalecendo padrões e guiando o

comportamento dos empregados através das práticas e valores.

Ao realizar um mapeamento da cultura dessa organização, é uma forma

de saber como está a percepção dos empregados, compreendendo como está

a identificação dos valores e práticas norteadores das atitudes e

comportamentos dos membros, favorecendo a visão da cultura como uma

variável para a organização e proporcionando aos dirigentes atuar nos

processos de melhoria, atacando os pontos que podem ser relevantes para o

sucesso da organização. Além do mais, os estudos sobre prática e valores

culturais contribuem para aumentar a produção científica, além de auxiliarem

para futuros estudos sobre o tema.

É importante destacar que não foram encontrados estudos sobre

diagnóstico de cultura dentro desse segmento organizacional, apenas estudos

que podem influenciar o fenômeno, que é o caso dos estudos sobre mudança

organizacional (HARTMAN, REIS e KOVALESKI, 2004; HARTMAN, SILVA,

REIS e PILATTI, 2005), e de estudos sobre modelos e ferramentas de gestão

(ASSUNÇÃO, MOURA, MAMEDES e SIMÕES, 2013).

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Um grande marco para a definição e concretização do conceito de cultura

ocorreu no fim do século XVIII, com o lançamento do livro Primitive Culture, por

Edward Burnett Tylor. Nessa publicação fundiu os termos cultur (germânico) e

civilization (francês), para formar o novo termo culture (inglês) que, na

perspectiva do estudo descritivo da cultura dos povos (etnografia), compreendia

o conjunto das crenças, arte, moral, costumes e outros conhecimentos e

capacidades habituais adquiridos pelo ser humano pertencente a determinado

grupamento (ZANELLI et al, 2014).

Na concepção antropológica de Tylor, a cultura tem papel de aspectos

simbólicos, que incluem todos os processos de interação. Os estudos estão

direcionados para compreender o sistema de crença na sociedade. Porém sua

teoria foi criticada por não avaliar o relativismo cultural, o que criou uma barreira

para uma definição contemporânea de cultura. Boas (1856), quando criou a

Escola Cultural Americana, apresentou o conceito de que cultura tem

particularidades de acordo com o contexto histórico em que está inserida.

Vários conceitos permearam e se aglutinaram à descrição proposta por

Tylor, como as ideias evolucionistas de Charles Darwin, resultando numa ideia

de evolução da cultura das diversas civilizações de forma linear, porém com o

advento da conhecida Escola Cultural Americana, proposto por Boas (1896),

deixou claro a influência de eventos históricos dentro do desenvolvimento

cultural de cada grupo, propondo uma concepção multilinear, o que propicia

desenvolvimentos singulares para a cultura de cada grupo.

Diferentes conceitos já haviam sido citados para descrever a cultura das

organizações, como é o caso dos estudos de Hawthorne realizados na Western

Eletric Company na década de 30 (TRICE e BEYER, 1993). Elton Mayo, nessa

mesma época, considerou a utilização das estratégias de estudos antropológicos

etnográficos empregada, até então, para o entendimento de culturas tribais, para

ser aplicada no estudo das crenças dentro de uma organização empresarial.

Porém, o termo “cultura dirigida aos estudos organizacionais” só apareceu no

livro The Changing Culture of a Factory de Jacques (1951), relacionando

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definitivamente os aspectos de mudanças organizacionais com a cultura numa

empresa metalúrgica.

Kroeber (1949), em seu trabalho, traz a percepção do comportamento do

homem sendo diretamente influenciado pela cultura do grupo. A cultura, assim,

sobrepuja fatores importantes como a genética e os instintos, tendo papel na

capacidade de superação das diferenças ambientais e sendo resultado do

aprendizado obtido pelas experiências globais das gerações ancestrais do

grupo. Kluckhohn (1951) ressalta que cultura consiste em formas padronizadas

de pensar, sentir e reagir, adquiridos e transmitidos, sobretudo por símbolos e

artefatos que compõem as diferentes conquistas dos grupos humanos (SOUZA,

2006).

Keesing (1974) propôs um sistema de classificação, visando reconstruir o

conceito de cultura, visto que, em razão dos múltiplos significados atribuídos ao

longo do tempo, o conceito tornou-se fragmentado. De acordo com sua ótica, um

ou diversos pontos poderiam permitir a compreensão do modo de sentir,

perceber, pensar e agir de um determinado grupo cultural. Os estudos

etnográficos buscam principalmente compreender os sistemas de crenças de

grupos considerados díspares dos grupos típicos do Ocidente (DURHAN, 1989).

O conceito de cultura dentro da psicologia organizacional e do trabalho foi

introduzido pela publicação On Studying Organizational Cultures na revista

Administrative Science Quarterly, em 1979, por Andrew M. Pettigrew, onde o

autor disserta sobre a cultura ser um conjunto de significados compartilhados,

que influenciam a maneira como as pessoas de uma organização pensam,

sentem e agem (FERREIRA; ASSMAR, 2011; FREITAS, 2007). Nesse contexto

Edgar A. Schein, na década de 80, também embasado pelo interacionismo

simbólico e cognitivo, supõe que a cultura organizacional se origina da visão de

seus fundadores, com a contribuição de seus principais colaboradores,

passando a nortear, ao longo do tempo, a maneira pela qual os integrantes

passam a julgar, como sendo a forma certa de sentir, pensar e agir.

A partir dos anos 80, os processos de ampliação das empresas

multinacionais, impulsionados pelo fenômeno de globalização e pelas mudanças

constantes de lideranças dentro das organizações industriais, aumentaram cada

vez mais o interesse pelos estudos da cultura dentro das organizações

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(MARTINEZ, 2009; SANTOS e GONÇALVES, 2010). Motivados, em grande

parte, pelas organizações japonesas na época e pela crença, os trabalhadores

buscavam se envolver com os valores e a filosofia dessas empresas. Os

pesquisadores organizacionais iniciaram estudos para examinar implicações da

cultura para o contexto organizacional, na busca de modelos e teorias, assim

como de instrumentos que pudessem medir de forma fidedigna a cultura

organizacional. Assim, os anos seguintes foram marcados por uma vasta

produção científica, envolvendo a descrição dos diferentes aspectos que

configuravam a cultura das organizações (DENISON, 1990; GORDON e

DITOMASO, 1992; WILKINS, 1983).

Smircich (1983) desenvolveu um modelo e caracterizou essas vertentes

teóricas em cinco áreas básicas de pesquisa cultural. Administração

comparativa: o foco principal está em reconhecer a influência que a cultura local

ou nacional exerce sobre os empregados. Cultura corporativa, onde a

organização é responsável pela produção não somente de seus bens e serviços

característicos, mas pelo constructo de elementos culturais como crenças,

regras, etc. Cognição organizacional: A cultura da organização é um conjunto de

premissas que define a imagem da organização, delimitando suas regras,

crenças e modo de agir. Simbolismo organizacional: a cultura é um conjunto de

símbolos e significados compartilhados. Processos inconscientes e organização:

as percepções, pensamentos e ações dos indivíduos da organização são

manifestações inconscientes, projeções da infraestrutura universal e

inconsciente da mente humana. As duas primeiras áreas propostas por Smircich

são características da vertente teórica de que a cultura é um componente da

organização, enquanto as demais são características da vertente teórica de que

a cultura é algo que a organização é em sua totalidade.

Para Schein, a cultura pode ser segmentada e dividida em camadas ou

nível. A camada mais superficial corresponde aos artefatos, que são os

fenômenos que podem ser vistos, sentidos e ouvidos, quando o indivíduo entra

em contato com a organização. Nessa camada os dados são difíceis de

interpretar, mas fácil de se obter, pois, normalmente são os primeiros contatos

que a pessoa tem com a organização. Esse nível, que é o mais perceptível e

superficial para aquele que entra em contato inicialmente com a organização, é

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constituído pelo ambiente físico onde se encontram explícitos valores

idealizados e crenças além de rituais da organização. Segundo Schein (1985)

devemos ter cuidado ao analisar esse nível, pois pode levar a impressões

enganosas, uma vez que é fácil mostrar como um grupo edifica seu ambiente

físico e os comportamentos idealizados, o difícil é compreender a lógica para as

tomadas de decisão desses comportamentos. Os valores esposados são

responsáveis pelas metas, estratégias e filosofias organizacionais. É onde se

encontram os valores idealizados, que são normalmente utilizados como

justificativa para os comportamentos ou posturas desejadas ou consideradas

corretas, mas que ainda não são sistematicamente praticados, pois ainda

carecem de experimentação para que possam realmente ser incorporados à

cultura, é o que Schein (1985) chama de “valores aparentes”. E por último, os

pressupostos básicos, caracterizados pelas crenças, com uma tendência

inconsciente e inquestionáveis, que fazem parte da visão de mundo dos

empregados (SCHEIN, 1992). Os valores reais da cultura são aqueles que se

confundem com as ações do cotidiano dos integrantes da organização, pois

foram testados e possibilitaram a mitigação dos problemas externos, bem como

a integração dos membros da organização, resultando em experiências de

sucesso ao longo do tempo. Esses são os valores compartilhados, que definem

o certo e o errado, são invisíveis e inconscientes e influenciam o sentir, pensar

e agir dentro da organização (SCHEIN, 1992).

Schein (1985, 1992) aborda o processo de análise da cultura, tornando

possível abordagens integradoras de administração estratégicas. A premissa de

seus estudos é o entendimento da cultura da organização, a partir das crenças

e valores instituídos pelos fundadores da organização e suas principais

lideranças, consolidando esses valores ao longo do tempo.

A cultura de uma organização proporciona dois grandes desafios,

problemas de integração interna socioculturais dos membros do grupo e

problemas de adaptação e sobrevivência externa (SCHEIN, 1985). Os desafios

gerados pelo problema de integração estão relacionados com a necessidade de

todos falarem a mesma linguagem, compreendendo quem faz ou não parte do

grupo, quais são as regras do sistema hierárquico e o comportamento desejável.

Já os desafios de ordem externa estão relacionados com a criação e

Page 20: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

20

manutenção da missão, cumprimento/ atendimento da missão e das metas, os

critérios de desempenho dos membros.

Fleury e Fischer (1996) propuseram uma metodologia para estudar a

cultura de uma organização, abordando seis temas. O histórico da organização,

desde o momento de sua criação, passando pelo contexto de inserção no

contexto econômico e político, juntamente com suas metas e objetivos.

Normalmente os valores importantes da organização aparecem claros nessa

etapa. O segundo tema destacado é o processo de socialização de novos

membros, pois através deles o processo de incorporação dos valores são

passados e reproduzidos no universo simbólico. As políticas de recursos

humanos é o terceiro tema, influenciando na constituição da identidade da

organização com a intermediação entre capital e trabalho. O quarto, o processo

de comunicação, sugere a transmissão e cristalização do universo simbólico. A

organização do processo de trabalho possibilita a assimilação de classes

presentes na relação de trabalho. O sexto tema são as técnicas de investigação

dos fenômenos culturais nas organizações, normalmente são propostas teórico-

metodológicas de natureza quantitativa e qualitativa.

Mota e Caldas (1997) definem cultura como sendo código ou linguagem,

pois ela traz esquemas de interpretações que fornecem sentido à essência e às

ações dos diferentes indivíduos do grupo. Como as pessoas estão se

interagindo, como se vestem, como é a linguagem, o modo de solucionar

problemas são exemplos de como a cultura pode se manifestar em uma

organização. As pessoas reconhecem os valores dominantes facilmente, pois

eles fazem parte da formação da cultura, juntamente com o código pertencente

aos grupos.

Alves (1997) dimensionou a cultura de uma organização em três

dimensões interdependentes: a ideológica, a material e a psicossocial. A

dimensão ideológica é constituída de normas e valores, política da organização,

padrões de conduta, regulamentos, estilos de gestão que controlam e governam

o gerenciamento da organização, essa dimensão também envolve os costumes,

rituais e condutas informais. É a dimensão reguladora. A dimensão material é

formada por um conjunto de instrumentos, arranjos, divisão de tarefas, redes de

comunicação, metodologia de serviços, recursos materiais, cronogramas,

Page 21: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

21

conhecimentos. Envolve as variáveis objetivas que abordam os assuntos

relativos às tarefas da empresa. A dimensão psicossocial engloba o conjunto de

variáveis subjetivas da organização, as emoções, sentimentos, percepções e as

reações positivas e negativas, despertados pelo tipo de trabalho e pela cultura

organizacional. Essas dimensões não são essencialmente equivalentes, uma

vez que uma pode ter mais expressão e operar de modo mais forte que a outra

na vida da empresa. No entanto, para o autor, as três dimensões são

interdependentes, uma exercendo poder sobre a outra. Talvez a

interdependência mais acentuada esteja nas dimensões psicossocial e

ideológica, sempre que uma se acentua, há reação da outra. Como exemplo, a

rigidez de normas, provocando rebeldia. O equilíbrio das dimensões resulta na

coesão moral e na satisfação com o trabalho.

A cultura foi definida por Goffees e Jones (1998) como um conjunto de

valores, crenças e sentimentos compartilhados por pessoas, orientando seus

comportamentos e a forma de realizarem as coisas, funcionando como

arquitetura social que ampara a operacionalização da organização. Os autores

complementam que as normas compõem os princípios de conduta e norteiam os

conceitos de certo e errado, e os valores são compostos de aspirações e desejos

comuns do grupo. As crenças, premissas e valores compartilhados,

habitualmente se encontram implícitas na organização e, por esse motivo, ela se

torna difícil de ser gerenciada.

Os autores Child e Faulkner (1998) definiram cultura como algo que está

mais na mente, mais do que nas manifestações físicas, argumentando que a

cultura é aprendida e compartilhada através da coletividade social, que pode ser

manifestada, ora pela sociedade em que o indivíduo está inserido, ora pela

organização em que trabalha, caracterizada pelas percepções individuais que

estão inseridas nela.

Hofstede et al (1990, 2001) defendeu um modelo de cultura que

apresentava uma divisão da cultura em quatro camadas, que ele chamou de

símbolos, heróis, rituais e valores. Na camada mais externa e identificada

somente pelos membros do grupo, ficam os símbolos, representados por todos

os objetos, gestos, palavras e figuras que são significativos e especiais em

determinada cultura. Na próxima camada, estão os heróis, que representam o

Page 22: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

22

modelo de comportamento que deve ser adotado pelo grupo, esses podem ser

pessoas vivas ou não, reais ou imaginárias, com características consideradas

marcantes e significativas para a cultura. Os rituais, que aparecem na próxima

camada, se constituem de atividades consideradas essenciais e que só fazem

sentido para o grupo.

As três primeiras camadas representam as práticas e são percebidas por

qualquer pessoa do grupo ou até mesmo por um observador. Quando entra os

valores, que compõem a camada central, não é observado de forma diferente,

pois eles são formados por sentimentos inconscientes, apesar de não estarem

explícitos, eles existem e se manifestam nos diversos comportamentos do grupo

(HOFSTEDE, 2001).

Hofstede (2001) realizou uma pesquisa em Organizações de dois países

europeus, de variados setores industriais e de serviços, e pesquisa foi

desenvolvida pelo Institute for Reserch on Intercultural Cooperation (IRIC). A

análise dos questionários aplicados, referentes aos valores e práticas culturais,

resultou na produção de um instrumento composto de seis fatores ou dimensões

que representaram os valores e práticas das empresas testadas.

2.1. Cultura nas Organizações Brasileiras

Para Motta (1997), alguns traços da cultura organizacional brasileira são

reflexos de nossa história. A tendência autocrática dos gestores superiores das

empresas brasileiras, assim como o processo de tomada de decisão, a grande

distância de poder, o personalismo e o paternalismo, o sensualismo, a

flexibilidade. O processo de colonização, o passado escravocrata, o domínio do

senhor de engenho, para o autor, tudo isso contribuiu para o processo de

formação da cultura brasileira dentro das organizações.

Motta (1997) apresenta que, de uma maneira geral, organizações que são

tipicamente nacionais, sem interferência da cultura de outros países, mostram-

se com uma diretoria autocrática, em que as tomadas de decisões são

centralizadas, baseadas em poucas informações, tornando-as arriscadas. A

distância de poder é sustentada pela autoridade hierárquica, há uma distância

Page 23: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

23

entre os dirigentes e subordinados. As relações sociais são baseadas no afeto e

na atração social, traços característicos do personalismo. O paternalismo é outro

traço que assimila concentração de poder e personalismo. Muitas vezes, o

autoritarismo é escondido pelo excesso de proteção. O paternalismo favorece a

obediência entre gestão e subordinação (PRADO, 2005).

Freitas (1997) descreveu a flexibilidade, o sensualismo, centralização de

poder e favorecimento e personalização das relações sociais, a dimensão

“aventureira” e o “jeitinho brasileiro” como os cinco traços presentes na cultura

organizacional brasileira, reforçando as ideias de Motta. O sensualismo é

representado pelas relações sociais dentro das organizações, carregadas de

afeto e sensualidade. A flexibilidade diz respeito à nossa capacidade de nos

ajustarmos às circunstâncias adversas e inesperadas de modo criativo e

inovador. O “jeitinho” é o processo tipicamente brasileiro de atingir um objetivo

sobre determinações contrárias. Os brasileiros são mais sonhadores que

disciplinados, esse traço diz respeito ao nosso espírito aventureiro.

Os autores Barros e Prates (1997) desenvolveram um estudo para

analisar os traços culturais brasileiros dentro da organização. Realizaram um

estudo com mais de 2500 executivos brasileiros e criaram um modelo de leitura

da cultura brasileira dentro da análise da pesquisa.

Tanure (2005) realizou estudos sobre o tema e desenvolveu seu próprio

modelo de gestão da cultura brasileira. Primeiramente, a autora utilizou, em suas

pesquisas, o modelo de Hofstede (1990, 2001), de análise das seis dimensões

culturais. A partir de então, retomou estudos em parceria com Prates (PRATES

e BARROS, 1997) e desenvolveu seu modelo. Esse modelo é caracterizado por

um sistema composto por quatro subsistemas, que chamou de institucional,

pessoal, de líderes e de liderados. Os dois primeiros estão relacionados com os

traços culturais ligados aos indivíduos e pessoas de uma forma distinta,

indivíduos representando os anônimos, mais formal e pessoas, conhecidas por

si mesmas, reconhecidas por suas relações sociais. O subsistema de líderes são

os traços daqueles que detêm o poder. E o de liderados, abrange os

subordinados da organização (SOUZA, 2006).

O resultado da pesquisa de Tanure (2005) mostra que o modelo cultural

brasileiro está articulado dentro de três eixos: o da hierarquia (relações de

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24

poder), do personalismo (relações sociais) e da flexibilidade. Hierarquia, com sua

origem na própria cultura do Brasil, como herança, destacando a importância do

papel de uma figura que represente a autoridade máxima e o personalismo, que

é um traço que explora o carisma, a ausência de conflito, em que os empregados

gozam de atenção e é a liderança pode reforçar a importância das relações

sociais. A flexibilidade é a adaptabilidade e a criatividade que os empregados

apresentam frente às mudanças organizacionais.

Ao repetir a pesquisa de Hofstede, em 1975, que analisava diversos

países sobre os aspectos da cultura organizacional, Tanure (2005) descobriu

que os resultados eram semelhantes aos da pesquisa de Hofstede, porém mais

atenuados. Os resultados de sua pesquisa eram dimensionados em uma escala

de 0 a 100, onde o zero era a tendência à igualdade e o cem, tendência ao

autoritarismo. O pilar de relações de poder, que é a forma como concebemos

relações hierárquicas e de gestão, evidenciou um resultado de 75 pontos, contra

69 pontos obtidos no estudo de Hofstede. Embora o resultado tenha se mantido

como tendência autoritária, a autora acredita que as empresas, principalmente

as mais sofisticadas, tenham adotado formas mais sutis de exercer o poder.

Dentro desta pesquisa, o pilar de relacionamento e gestão, o segundo

pilar da cultura organizacional brasileira mais evidente, manteve-se os 70 pontos

em ambas as pesquisas. Esse pilar está relacionado às ligações que os

empregados estabelecem entre si e com o modo de expressarem suas emoções

e sentimentos. O terceiro pilar que obtém um bom resultado de pontuação, na

pesquisa de Tanure, é a flexibilidade, que se desdobra em dois componentes, a

adaptabilidade e a criatividade. Entende-se por adaptabilidade a habilidade de

se ajustar às mudanças, já a criatividade tem um grande componente de

inovação (GHOSHAL e TANURE, 2004).

Cada um dos três pilares apresentados possui características positivas e

negativas. Em relação ao poder, um ponto negativo traz a gestão como

tendenciosa a deter as tomadas de decisão e centralizar as respostas às

decisões. E um fator positivo é a agilidade com que as decisões são

implementadas, já que não se perde tempo em discussões na busca do

consenso. No segundo pilar, uma característica negativa é o personalismo que

poderá influenciar as relações interpessoais, onde o favoritismo gera

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25

insatisfação entre os empregados. E o que pode trazer de positivo seria a

facilidade de mobilidade dos empregados. Com relação à flexibilidade, um ponto

negativo seria o uso do “jeitinho brasileiro”, para desrespeitar regras e

procedimentos, e a indisciplina, que pode tornar os empregados descumpridores

de prazos. E uma manifestação positiva seria a capacidade dos brasileiros de

lidar com incertezas. O “jetinho brasileiro” pode ser entendido em alguns países,

principalmente os nórdicos, como forma de infração ou transgressão às normas

vigentes na organização, mas também pode ser uma alternativa em momento

de crises, uma vez que, em momentos de incertezas, o uso da criatividade é

bem-vindo (SOUZA, 2006).

Para encarar essa condição, os executivos devem ficar atentos às

condições culturais de suas organizações e às práticas de gestão importadas,

realizando uma avaliação que verifique se as condições da cultura existente

necessitam de um processo de mudança para o bom funcionamento e

sustentabilidade da organização (TANURE, 2005).

2.2. Temas recentes dentro da Cultura Organizacional.

No Annual Review of Psychology (2013), os autores realizam um

apanhado da literatura empírica recente sobre cultura organizacional. Schneider,

Ehrhart, Macey (2013) não oferecem uma revisão exaustiva, mas tentam

identificar os temas chaves e exemplos da literatura de cada um. Os temas que

abordam são a liderança, a cultura nacional, a efetividade organizacional e

cultura organizacional como uma variável moderadora.

Dentro do tema liderança organizacional, merece destaque três estudos

que abordam a liderança ou o fundador como responsável por disseminar os

valores. Apesar de a literatura teórica da cultura organizacional ser repleta de

discussões sobre a influência do fundador e da alta gerência na cultura da

organização, estudos empíricos sobre essa relação são difíceis de se encontrar

(SCHNEIDER et al, 2013). Entretanto, merece destaque três estudos que

oferecem alguma luz sobre o papel dos líderes na cultura organizacional. Berson,

Oreg e Dvir (2008) examinaram a relação entre os valores dos diretores

Page 26: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

26

executivos, cultura organizacional e a performance da empresa numa amostra

de 26 companhias israelenses. Dando suporte a essas três premissas, os

autores encontraram que os valores dos diretores foram positivamente

associados com uma inovação cultural, os valores de segurança foram

positivamente relacionados com a cultura burocrática, e os valores de

benevolência foram positivamente associados com a cultura de suporte às

pessoas. Como resultado, além de descobrirem as associações dos valores,

descobriram que as dimensões da cultura encontradas estavam sucessivamente

associadas a vários índices de performance da organização, incluindo aumento

de vendas e eficiência.

Outros dois estudos destacaram o foco sobre o comportamento dos

líderes e não os valores transmitidos. Ogbonna & Harris (2000) examinaram a

cultura e os efeitos de três estilos de liderança (o líder que dá suporte, o

participativo e o instrumental) na performance da organização. O resultado

demonstrou que o apoio e transmissão da cultura é melhor compartilhado por

um líder mediador, demonstrando como alguns comportamentos desse estilo de

liderança atuam diretamente na performance.

Tsui, Wang, Xin e Wu (2006a) pesquisaram até que ponto a força da

liderança está associada com a força da cultura. Os autores encontraram uma

relação entre as forças, porém também identificaram exceções nessa relação,

para esclareceram as razões dessas exceções, realizaram entrevistas com os

líderes, descobrindo que alguns líderes são capazes de construir uma forte

cultura dentro do comportamento institucional, trabalhando nos bastidores para

construir fortes sistemas organizacionais, ao invés da construção de

comportamentos de desempenho, mostrando uma visão energética e articulada.

Diversos estudos focam na relação entre cultura organizacional e a cultura

nacional, considerando a eficácia organizacional em diferentes países (FEY &

DENISON 2003, LEE & YU 2004, XENIKOU & SIMOSI 2006), ou até que ponto

se pode mensurar a cultura organizacional em países fora dos Estados Unidos

(LAMOND 2003, TSUI, WANG, XIN e WU, 2006b). Mas as questões de

interesse, quando se fala de cultura nacional, é até que ponto a cultura nacional

pode influenciar ou dar forma à cultura das organizações em distintos países.

Essa questão tem interessado aos pesquisadores desde o influente trabalho de

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27

Hofstede (1980). Geralmente os resultados mostram que, quando a cultura

nacional está correlacionada com a cultura das empresas dentro do país, um

efeito principal significante invariavelmente é encontrado (GELFAND, EREZ e

AYCAN, 2007).

O teste mais detalhado dessa relação nos últimos anos foi fornecido pelo

projeto de Liderança Global e Eficácia de Comportamento Organizacional -

GLOBE (HOUSE, HANGES, JAVIDAN, DORFMAN e GUPTA, 2004), coletou

dados sobre a cultura social, cultura organizacional e liderança de mais de

17.000 pessoas representando 62 culturas sociais e 951 organizações.

Brodbeck, Hanges, Dickson, Gupta e Dorfman (2004) usaram uma amostra do

banco de dados, com uma adequada representação dentro da organização e

através de países e indústrias, demonstrando que a cultura explica entre 21% e

47% dessa variação (com média de 32,7%), através de nove dimensões práticas

de cultura organizacional. Além disso eles descobriram que a cultura social tem

efeitos muito mais fortes que a indústria ou a interação entre sociedade e

indústria.

Dois importantes pontos devem ser considerados dessa descoberta.

Primeiro, a cultura nacional tem um impacto na cultura da organização. Segundo,

o impacto deixa uma variabilidade considerável nos possíveis perfis da cultura

organizacional, a cultura organizacional é influente, mas não determinante. Na

verdade, Sagiv, Schwartz e Arieli (2011) relatam que, dentro das organizações

e nações, existe uma significativa variabilidade nos valores individuais. No

entanto, Schneider, Ehrhart, Macey (2013) ressaltam que são necessárias mais

pesquisas multiníveis da cultura organizacional para revelar estudos concretos

sobre cultura nacional e organizacional.

Alguns estudos recentes discutem a relação entre cultura organizacional

e desempenho organizacional. Sackmann (2011) notou que as pesquisas

envolvendo cultura e performance organizacional,[dv] geralmente são frágeis e

apresentam dificuldades em considerar quais os níveis de cultura deveriam ser

o foco de avaliação. Por causa dessas dificuldades, uma relação entre resultados

de performance organizacional tem sido difícil de se estabelecer de forma

consistente (WILDEROM, GLUNK e MAZLOWSKI, 2000). Entretanto, uma

comparação entre os estudos de Wilderom et al. (2000) e a análise de Sackmann

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28

(2011) indica que não somente existe muito interesse nessa relação, mas

também dá apoio para essa relação crescer.

Alguns estudos incluem mediadores da relação cultura-performance

(GREGORY et al. 2009), ao passo que inclui outros efeitos de interatividade ao

longo das dimensões da cultura (KOTRBA et al. 2012) com as práticas

organizacionais (CHAN et al. 2004). Pesquisadores também usaram uma

variedade de formas de medir a cultura: Inventário da Cultura Organizacional

(COOKE & LAFFERTY 1989), Pesquisa de Denison da Cultura Organizacional

(DENISON 1990), e Perfis da Cultura Organizacional (O’REILLY, CHATMAN,

CALDWELL, 1991). Usando uma estrutura de valores competitivos (QUINN &

ROOHRBAUGH 1983) como fundamentação, Hartnell, Ou e Kinicki (2011)

forneceram, talvez, o teste mais detalhado da relação entre cultura

organizacional e performance organizacional.

O tema final destacado pelos autores do Annual Review in Psychology

(2013), na literatura recente sobre cultura organizacional, é a pesquisa que foca

a cultura organizacional com uma variável contextual, ou seja, que modera as

relações entre os diferentes constructos teóricos. Schneider et al (2013)

consideram três estudos que usam essa abordagem.

Um exemplo de pesquisa em que a cultura aparece como moderador foi

a de Chatman e Spataro (2005), em que os autores propuseram um foco na

relação entre ser demograficamente diferente e o comportamento cooperativo.

Baseados na categorização social teórica, os autores criaram uma hipótese de

que aqueles que eram demograficamente diferentes tendiam a demonstrar

menos comportamentos cooperativos, porque eles têm a tendência de serem

categorizados como parte fora do grupo. No entanto, ao usar sexo, raça e

nacionalidade como fatores demográficos e de comportamento cooperativo para

suas medidas de cultura, os empregados foram capazes de mostrar que o

coletivismo cultural contrabalanceava com esses efeitos e resultava em níveis

significativamente maiores de cooperação entre aqueles que eram

demograficamente diferentes. Portanto, eles concluíram que o papel do

ambiente em termos de cultura resultava em pessoas enxergando além das

diferenças demográficas individuais e focando o grupo e a conquista das metas

do grupo.

Page 29: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

29

Erdogan, Liden e Kraimer (2006) investigaram se as dimensões

específicas da cultura organizacional podem enfraquecer ou fortalecer a relação

entre justiça organizacional e troca entre o líder e o funcionário. Dentro dessa

lógica, descobriram que a cultura influencia aspectos das relações sociais mais

ou menos salientes para os membros da organização. Como resultado da

pesquisa, os autores perceberam que, em culturas com grande respeito pelas

pessoas, o relacionamento entre justiça interpessoal e troca entre o líder e o

empregado era mais forte. Em contraste, em culturas com grande orientação da

equipe, a relação entre justiça e relação entre líderes e empregados era mais

fraca.

Bezrukova, Thatcher e Jehn (2012) estudaram cultura como um

moderador da relação entre as linhas de falha de grupo e performance.

Especificamente, ele examinou as linhas de falhas de grupo de uma perspectiva

de diversidade de informação, incluindo educacional, posse e fundo funcional,

descobrindo que as linhas de falhas fortes eram relacionadas negativamente à

performance quando medidas pelas opções de ações do grupo e bônus.

Entretanto eles descobriram que a relação moderada pelos resultados focados

na cultura, mas, mais importante, que estavam em alinhamento com os

resultados que tinham o foco em cultura, ou seja, se saíram melhor quando

realçavam a cultura e pior quando focavam o bônus. Portanto, a pesquisa dá um

passo relativamente raro em analisar cultura de múltiplos níveis

simultaneamente.

2.2. Estudos sobre Valores e Práticas Organizacionais

Após o desenvolvimento e validação do instrumento criado por Ferreira et

al (2002), destinado a identificar práticas e valores que configuram a cultura

dentro da organização, alguns autores fizeram uso do instrumento nas suas

pesquisas.

Kozlowski (2009) realizou um estudo com o objetivo de comparar a

percepção de profissionais de áreas diferentes de uma organização em relação

à cultura. Afim de observar as práticas e valores da cultura existente na

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30

organização, a autora utilizou o instrumento IBACO, para verificar como os

empregados da organização pesquisada percebiam a cultura. A metodologia

utilizada foi de caráter misto, sendo uma parte qualitativa e outra quantitativa.

Dentro da parte qualitativa, a autora descreve informações documentais

fornecidas pela empresa. Na quantitativa usou de técnicas de levantamento de

dados, survey, por meio do IBACO, instrumento validado cientificamente. A

amostra foi de 53 empregados de uma população de 200 e os resultados obtidos

indicaram que o valor profissionalismo cooperativo e a prática de integração

externa são os fatores que se destacaram na avaliação da cultura daquela

organização.

Um estudo feito por Colombelli (2009) procurou avaliar os valores e

práticas que orientam a cultura organizacional de uma secretaria Judiciária do

Superior Tribunal de Justiça, sua amostra contou com 132 servidores. A

pesquisa descritiva e aplicada procurou investigar quantitativamente, através do

instrumento IBACO, qual era a cultura predominante naquela secretaria.

Utilizando-se de técnicas estatísticas de Correlação de Pearson, o autor concluiu

a existência de duas culturas organizacionais bem distintas, uma burocrática e

outra empreendedora, em razão de duas características que predominavam na

secretaria: um grupo de servidores jovens, que acabara de ingressar, e outro de

composto de servidores mais antigos.

Outro estudo também utilizando o instrumento para mensurar valores e

práticas da cultura organizacional (IBACO) foi o realizado por Cotta (2010), que

teve como objetivo analisar a existência de correlações entre confiança

intraorganizacional e cultura organizacional, dentro de um estudo de caso em

uma rede de varejo. Realizada uma pesquisa quantitativa com 132 empregados

da área comercial da organização, a autora procurou investigar a relação de

confiança no superior, no colega e na equipe de trabalho e a cultura da

organização. O resultado mostrou que há uma correlação entre os dois

constructos. A ausência de confiança no ambiente é marcada pela cultura

existente e a autora se permitiu inferir que, só através de uma mudança na

cultura, a organização conseguirá se estruturar para obter uma relação de

confiança intraorganizacional.

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31

Lucena e Oliveira (2010) desenvolveram um estudo usando a IBACO,

com o objetivo de caracterizar a cultura organizacional de hospitais de uma rede

privada em Natal/RN. Usando uma metodologia descritivo explicativa, os autores

aplicaram o questionário em 283 empregados, distribuídos em três hospitais. As

evidências encontradas no estudo mostraram que a prática recompensa o

treinamento e o valor de satisfação, bem-estar e cooperação dos empregados

foram as que se destacaram e a prática com menor índice entre os empregados

foi a de promoção do relacionamento interpessoal, permitindo os autores a

deduzirem que, provavelmente, isso tenha acontecido devido a alguns

profissionais se restringirem a trabalhar somente em plantões, tendo um

relacionamento menor com colegas.

Uma outra pesquisa que empregou uso do instrumento criado e validado

por Ferreira e colaboradores, foi Lages (2010). A autora utilizou uma

fundamentação teórica de Meyer e Allen, internacionais, e Bastos e Moraes,

autores nacionais, sobre comprometimento, e Hofstede, Schein e Freitas, sobre

cultura para compor seu estudo sobre comprometimento e cultura organizacional

em uma prestadora de serviços na área de análises de materiais e fluidos

isolantes. Após aplicação de dois instrumentos, uma para avaliação da cultura e

outra para comprometimento em 35 empregados, a pesquisa revelou que o

comprometimento não diferencia em razão do gênero ou da função e a cultura

não demonstrou influência maior em nenhum dos gêneros. Houve uma baixa

correlação da cultura e comprometimento no trabalho.

Outro estudo que merece destaque é o de Negreiros (2011), que observou

a cultura organizacional através dos valores e práticas, de uma organização de

Natal/RN. Utilizando de uma metodologia de pesquisa de campo com estudo de

caso, o autor empregou variáveis demográficas e o IBACO para conhecer e

relacionar os valores e práticas encontradas na organização. Para a avaliação,

houve a participação de quinze empregados de nível de gestão. O perfil

encontrado foi a predominância do gênero masculino, com idade até 25 anos e

tempo de empresa, em média de 5 anos. O valor que se destacou foi o de

satisfação e bem-estar dos empregados e a prática a de integração externa e

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32

verificou-se, também, que houve correlações entre variáveis sócio demográficas

e os fatores da IBACO.

A pesquisa de Negreiros (2011) serviu de base para o referente estudo,

com algumas ressalvas e norteadores um pouco diferenciados. O autor usou

apenas um nível de cargo na sua pesquisa. Utilizou a versão reduzida do

instrumento. Apesar de o ramo da organização ser diferente, o objetivo da

pesquisa está vinculado ao diagnóstico da cultura através de valores e práticas

organizacionais, porém, neste estudo, procurou-se expandir a pesquisa para

todos os níveis da organização, usando a versão completa do instrumento, com

seus 94 itens e sete fatores, quatro deles, referentes aos valores e três referentes

às práticas organizacionais.

3. OBJETIVO

Esse estudo se propõe a mapear a cultura em uma organização privada

do segmento mineroquímico, analisando os valores e práticas predominantes na

organização, tendo como referência o modelo de Hofstede (1990), bem como,

quer-se verificar a relação dos valores e práticas com a tipologia

sociodemográfica dos empregados.

4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Identificar qual o(s) valor(es) predominante(s) na

organização;

2. Identificar qual a(s) prática(s) cultural(is) que mais se

estabelece(m) nesta organização;

3. Caracterizar os empregados participantes dentro de

variáveis sócio demográficas;

4. Verificar a existência de correlação entre as variáveis

sociodemográficas e os fatores dos valores e práticas da organização.

Page 33: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

33

5. MÉTODO

Para atender aos objetivos propostos, serão descritos, nesta seção, os

procedimentos metodológicos que foram utilizados no estudo. Também serão

apresentadas a descrição do local onde foi realizado a pesquisa, a amostra, os

instrumentos e procedimentos da coleta de dados e análise dos dados coletados.

Com relação à abordagem, o estudo é classificado como quantitativo, pois

tem como foco a objetividade, compreendendo a realidade através de dados

brutos, coletados por meio de instrumentos estruturados (FONSECA, 2002).

Nesse caso, o instrumento utilizado foi o IBACO, que será descrito na seção

sobre instrumentos utilizados na pesquisa.

Quanto à natureza da pesquisa, o estudo é descritivo, uma vez que

descreve característica da população estudada, ao mapear a cultura

organizacional. Triviños (1987) expõe que os estudos descritivos descrevem os

fatos e fenômenos de determinada realidade.

Em relação ao procedimento, a opção foi pelo estudo de caso, relatado

por Yin (2005), como um procedimento que investiga um fenômeno

contemporâneo, dentro de um contexto da vida real, quando o limite entre o

fenômeno e o contexto não fica claramente evidente. Um estudo de caso tem

como objetivo conhecer, em profundidade, segundo Fonseca (2002), o

fenômeno estudado, compreendendo o ponto de vista do participante.

5.1. Abrangência do Estudo

O estudo foi realizado em uma mineradora nacional, do segmento de

metais metálicos e não metálicos. O estudo se concentrou no segmento de

fertilizantes desta mineradora. O objetivo da organização é a fabricação de

fertilizantes e outros produtos para insumos agrícolas, explorando jazidas

minerais de suas próprias minas, comercializando e transportando. Esse

negócio, dentro da organização, existe desde 1958 e se concentra nos estados

de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, e Sergipe, dentro do território nacional e as

unidades no Peru e Moçambique, na África (ECONOINFO, 2011). A escolha

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34

pela organização deu-se pelo fato de ser uma empresa de grande porte, atuante

em vários estados do território nacional e pelo fato de que os estudos sobre

cultura organizacional nesse segmento industrial ser pouco explorado, como

descrito na introdução.

As indústrias de fertilizantes suportaram fortes mudanças na década de

90, quando ocorreu o processo de privatização das organizações de matéria-

prima. Após quase dez anos de privatização, a empresa pesquisada foi adquirida

e, até 2010, a configuração da indústria de fertilizantes no Brasil estava

concentrada, em sua grande maioria, em um consórcio e o mercado produtor de

fertilizantes nacional na holding Fertifós. Após essa data, com a aquisição, a

organização passou a fazer parte de uma única mineradora, que já atuava em

outros segmentos no país, e passou a fazer parte do mercado de fabricação do

fertilizante nacional, a partir de então.

Esse nicho de mercado de fertilizantes faz parte da mineradora desde

2010, quando, como dito anteriormente, se adquiriu os ativos de mercado da

antiga proprietária. Hoje, o segmento de fertilizantes dessa organização

apresenta mais de seis mil empregados diretos, estruturada em dez unidades

nacionais e duas internacionais.

Para a realização deste estudo, participaram somente as unidades que

foram adquiridas em 2010, uma vez que, com a compra, a estrutura da

organização passou por mudanças, juntamente com a missão, visão e valores.

Esses complexos da empresa que participaram do estudo correspondem às

unidades de Goiás (Catalão), Minas Gerais (Araxá, Uberaba, Tapira e Patos de

Minas) e São Paulo (Cubatão e Cajati). As unidades de Sergipe e Bayhovar, no

Peru, já faziam parte do grupo e, portanto, já estavam adaptadas com as

políticas, missão, visão e valores e já estruturadas dentro do modelo de cultura

proposto pela organização.

5.2. Amostras da População

A população do estudo se constituiu por empregados dos diferenciados

setores da organização, nos diversos níveis de hierarquia. De acordo com dados

Page 35: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

35

fornecidos pela organização, a empresa possui cerca de sete mil empregados e

um pouco mais de seis mil, nas unidades onde o estudo foi desenvolvido.

Para obtenção do objetivo proposto, o número de participantes foi de 507

empregados respondentes, dos 600 formulários entregues, porém foram

considerados 493 formulários, por terem sido respondidos na íntegra, sem que

nenhum dado ficasse sem resposta. Os quatorze formulários desconsiderados

na amostra foram excluídos por apresentarem algum dado significante sem

resposta, o que poderia comprometer a análise dos resultados.

A amostra é formada pelos empregados da empresa, pertencentes aos

diversos grupos das categorias de cargos fornecidos pela organização:

Administrativo, Operacional, Técnico, Nível Superior e Gestão. Procurou-se

estabelecer uma amostra com as mesmas características quantitativas dos

grupos, ou seja, representando o percentual de pessoas de cada grupo da

amostra, próximo ao percentual do grupo na população como um todo.

Participaram trabalhadores dos regimes administrativos e turnos, dos 18 aos 65

anos, com exceção de estagiários e aprendizes, o primeiro deles por não ter

vínculo empregatício com a organização e os aprendizes por serem menores de

dezoito anos.

A organização forneceu dados de sua população antes do início da

aplicação dos questionários, isso foi significante para se estabelecer os grupos

respondentes, para que não houvesse uma discrepância entre a população real

e a amostra. A Tabela 1 demonstra os percentuais e quantitativos dos

empregados da organização e a população respondente à pesquisa.

Tabela 1: População real x amostra

Fonte: Elaboração Própria

Nível Quantidade Percentual Quantidade Percentual

Administrativo/ Operacional 3959 64,7% 288 58,4%

Técnico 813 13,3% 73 14,8%

Técnico Profissional 899 14,7% 92 18,7%

Gestão 452 7,4% 40 8,1%

Total 6123 100,0% 493 100,0%

Empregados Organização Empregados Amostra

Page 36: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

36

5.3. Instrumentos de Medidas

Para o desenvolvimento do estudo, foi aplicado um questionário composto

por uma ficha sócio-demográfica, um Termo de Consentimento e um instrumento

validado sobre cultura organizacional.

A primeira parte do questionário entregue consistiu de um Termo de

Consentimento, contendo informações gerais sobre a pesquisa, bem como a

solicitação de anuência de participação do empregado da organização em

participar do estudo (Anexo 1).

A seguir, na primeira folha, antes do instrumento propriamente, os

empregados foram convidados a responderem uma ficha sociodemográfica,

contendo perguntas fechadas sobre gênero, idade, grau de instrução e nível

hierárquico (cargo) e perguntas abertas sobre localidade, tempo de empresa e

Gerência (Anexo 2).

Logo após responderem a ficha de levantamento sociodemográfico,

iniciava-se o instrumento IBACO (Anexo 2).

Instrumento Brasileiro para Avaliação da Cultura

Organizacional (IBACO)

Esse instrumento, desenvolvido por Ferreira, et al (2002), é composto de

94 afirmativas, para serem respondidas em escalas com variações de 1 a 5, onde

1 é referente ao “não se aplica de modo nenhum” e o 5 à “aplica-se totalmente”.

A escala foi desenvolvida com objetivo de identificar os valores e práticas que

configuram a cultura de uma organização.

O instrumento é composto de sete fatores, sendo quatro para investigação

de valores e três de práticas organizacionais, referentes à cultura da

organização. O Quadro 1 descreve os Valores e as Práticas, apresentando uma

definição para cada fator, assim como as quais são as questões referentes a

cada um dos fatores mencionados, representados pelos números das questões.

Page 37: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

37

CONCEITO FATORES DESCRIÇÃO DOS FATORES ITENS CORRESPONDENTES NO IBACO

Valor Organizational

Profissionalismo Cooperativo

Execução das tarefas com eficácia e competências, demonstrando espírito de colaboração, habilidade, dedicação, profissionalismo e capacidade de iniciativa, contribuindo, desse modo, para o alcance das metas comuns da organização.

1, 6, 8, 11, 14, 15, 38, 47, 48, 52, 56, 60, 61, 63, 65, 68, 69, 71, 76, 81, 82, 87.

Profissionalismo Competitivo e Individualista

Valorização prioritária da competência, do desempenho e eficácia individual na execução de tarefas para a obtenção dos objetivos desejados, ainda que isso implique a necessidade de “passar por cima” dos colegas que almejam objetivos semelhantes.

4, 72, 73, 74, 77, 89, 93, 94.

Satisfação e bem-estar dos Servidores

Empresas e organismos que investem no bem-estar, satisfação e motivação dos seus empregados, procurando, assim, humanizar o local de trabalho e torná-lo agradável e prazeroso.

9, 16, 21, 34, 41, 42, 46, 55, 58, 75, 91.

Rigidez na Estrutura Hierárquica do Poder

Sistema de autoridade centralizado e autoritário que dificulta o crescimento profissional e o reconhecimento do elemento humano.

12, 17, 29, 32, 45, 50, 57, 70, 83, 84, 86, 90, 92.

Prática Organizacional

Integração Externa

Práticas voltadas para o planejamento estratégico, tomada de decisões e atendimento ao cliente externo, com foco, portanto, nos escalões superiores da organização.

5, 7, 10, 13, 19, 22, 23, 24, 25, 26, 28, 31, 40, 44, 49, 51, 53.

Recompensa e Treinamento

Práticas vinculadas aos clientes internos e aos sistemas de recompensas e treinamentos adotados pela empresa.

3, 18, 20, 36, 37, 39, 54, 59, 62, 66, 78, 79, 85, 88.

Promoção do Relacionamento Interpessoal

Práticas orientadas para a promoção de relações interpessoais e satisfação dos empregados, assim, a coesão interna.

2, 27, 30, 33, 35, 43, 64, 80.

Quadro 1: Características e conceitos IBACO (LAGES, 2010)

Os fatores relacionados aos Valores são: Valor de Profissionalismo

Cooperativo, Valor Profissionalismo Competitivo e Individualista, Valor de

Rigidez na Estrutura Hierárquica de Poder e Valor de Satisfação e Bem-estar

dos Empregados. As práticas organizacionais avaliadas no instrumento são

chamadas pelos autores de: Prática de Integração Externa, Prática de

Recompensa e Treinamento e Prática de Promoção do Relacionamento

Interpessoal.

Os fatores foram distribuídos em quatro fatores associados a valores e

três associados às práticas organizacionais. O fator Valores de Profissionalismo

Cooperativo obteve alfa de Cronbach igual a 0,93. O fator Valores de rigidez na

estrutura hierárquica de poder teve alfa de Cronbach igual a 0,74. Para o fator

Page 38: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

38

Valores de profissionalismo competitivo e individualista, o alfa de Cronbach é

igual a 0,74. O fator Valores associados à satisfação e bem-estar dos

empregados, o alfa de Cronbach, é igual a 0,89. Para o fato Práticas de

integração externa, o alfa de Cronbach é igual a 0,87. Para o fator Práticas

recompensas e treinamento, o alfa de Cronbach é igual a 0,82. E, para finalizar,

o fator Práticas de promoção do relacionamento interpessoal, o alfa de

Cronbach, é igual a 0,75.

5.4. Procedimento e Coleta de Dados

Primeiramente a pesquisadora enviou à Gerência de Recursos Humanos

da Organização um formulário de anuência, em que continha as informações e

explicações, bem como, o objetivo e natureza do projeto, solicitando autorização

e a participação dos empregados para responderem ao questionário e a ficha

sociodemográfica, antes do início da coleta dos dados.

Quanto ao envio dos questionários para as localidades, este foi feito, por

meio de envelopes de correspondência interna, endereçados aos analistas de

Recursos Humanos de cada unidade. Cada Analista recebeu um envelope

contendo uma quantidade de formulários para a pesquisa. A Tabela 2 representa

a quantidade de formulários enviados para cada localidade, a quantidade de

formulários respondidos e válidos. A pesquisadora repassou as instruções de

aplicação e coleta de dados através de e-mail e telefone aos Analistas de RH de

cada uma das localidades onde foram aplicados os questionários.

Os dados foram coletados coletivamente e de forma individual. De modo

coletivo, a equipe de coleta (Analista e estagiários de RH) foi em algumas

reuniões setoriais, onde explicava o objetivo da pesquisa, bem como o

procedimento, após a aplicação, os formulários eram recolhidos. Outros dados,

foram recolhidos individualmente, deixados nos postos de trabalho dos

empregados, explicado o procedimento de preenchimento e inserindo seus

nomes em uma planilha de excel, versão 2013, para que, dentro de três dias,

fossem recolhidos pelo pesquisador e/ou equipe de apoio.

Page 39: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

39

Tabela 2: Quantidade de Formulários Enviados, Respondidos e Válidos por Localidade

A aplicação do instrumento e questionário com os dados

sociodemográficos foi realizada em papel impresso em gráfica, os analistas do

setor de recursos humanos das unidades foram pessoalmente nos setores onde

os empregados trabalham e aplicaram, ou deixavam para que fossem

respondidos e coletados três dias posteriores, orientando o modo de

preenchimento e sobre a pesquisa. Após recolherem, os formulários foram

enviados para a pesquisadora, por meio de correspondência interna entre

unidades, chegando até a unidade de Catalão em Goiás.

Foram distribuídos 600 questionários e destes, 507 foram respondidos,

onde foram considerados válidos 493. Os dados foram analisados pelo software

SSPS, versão 20, de estatística e por planilhas do Excel versão 2013.

5.5. Análise dos Dados e Resultados

Os dados obtidos através da ficha sociodemográfica e do IBACO foram

processados e analisados no programa Statistical Package for Social Sciences

(SPSS), na versão, 20,0, avaliando, para os testes estatísticos, um valor de

significância de 0,05, equivalendo a uma confiança de 95%.

As análises dos dados coletados são apresentadas na seguinte ordem:

Análise das Variáveis sociodemográficas, traçando-se um perfil dos empregados

participantes da pesquisa. Após, é feita Análise dos Valores e Práticas

Organizacionais, verificando as predominâncias e, posteriormente, a Análise dos

Unidade

Quantidade de

Formularios

Enviados

Quantidade de

Formulários

Respondidos

Quantidade de

Formulários

Válidos

Percentual

CATALÃO - GO 80 67 67 13,60%

TAPIRA - MG 80 67 65 13,20%

ARAXÁ - MG 110 97 96 19,50%

UBERABA - MG 110 86 82 16,60%

CAJATI - SP 80 73 71 14,40%

PATOS DE MINAS -MG 20 15 15 3,00%

CUBATÃO - SP 120 102 97 19,70%

Total 600 507 493 100,00%

Page 40: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

40

Valores e Práticas em Relação às Variáveis Sociodemográficas, para verificar a

existência de correlações.

Para a análise do questionário com os dados demográficos, do perfil dos

empregados, realizou-se análise estatística descritiva simples, com cálculo de

percentil e frequência. Os resultados alcançados referentes às variáveis

sociodemográficas estão relacionadas ao gênero, grau de instrução, idade,

tempo de empresa e cargo.

Para o Instrumento de avaliação da cultura organizacional, foi calculada a

média, desvio padrão e variância de cada um dos fatores do instrumento. Em

seguida, para verificar se havia interferência entre as variáveis do instrumento

IBACO e as variáveis sociodemográficas, foram utilizados o Teste Qui-quadrado

que é um teste de hipótese para medir a probabilidade de se encontrar

diferenças, ou não, nas variáreis medidas, partindo do pressuposto de que não

há diferença entre as variáveis, o teste de correlação de Spearman, que é

adequado para medir a intensidade da associação entre variáveis. E, para

análise do gênero, foi realizado o teste T – Student, com 95% de confiabilidade.

6. RESULTADOS

Os resultados da pesquisa estão organizados em três partes: as análises

realizadas para o perfil dos empregados da organização. Análises para mensuração do

instrumento de cultura organizacional e análise das interferências dos fatores sócio

demográficos nos fatores do instrumento.

6.1. Análise das Variáveis Sociodemográficas

Utilizando de estatística descritiva, com cálculo de percentil, realizou-se

um perfil dos empregados através dos fatores sociodemográficos. Os resultados

alcançados referentes às variáveis sociodemográficas estão relacionadas ao

gênero, grau de instrução, idade, tempo de empresa e cargo. A quantidade de

participantes representada por 493 empregados das unidades fertilizantes do

negócio da empresa. Esses dados estão representados na série de tabelas

abaixo.

Page 41: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

41

Quanto ao gênero, a predominância dos respondentes foi do gênero

masculino, com 71,20%, 351 homens para 142 mulheres (28,80%), conforme

representado na Tabela 3. Segundo dados transmitidos pela empresa, a

população do gênero feminino da organização é de 11,5%. Na pesquisa,

demonstra-se uma concentração maior de representantes do gênero.

Tabela 3: Percentual de participantes por Gênero

Ao que se refere à idade dos participantes, a pesquisa demonstra que a

grande maioria dos respondentes tem entre vinte e seis a trinta e cinco anos

(38,13%), seguidos dos empresados [empregados??] que têm entre 36 a 45

anos. Nos dados fornecidos pela organização, a grande concentração da idade

dos empregados está entre 31 a 50 anos (59%), não destoando muito da

população que respondeu à pesquisa. A Tabela 4 representa o percentual por

idade dos participantes.

Tabela 4: Percentual de participantes por grupo de idade

A Tabela 5 explora o percentual de participantes por nível de instrução.

Nota-se que a maioria dos sujeitos pesquisados apresentam um nível de superior

incompleto, representados por 27,2%, seguidos por superior completo (26,2%)

e, posteriormente, ensino médio completo (24,7%).

Frequency Percent

Valid

Percent

Cumulativ

e Percent

Masculino 351 71,20% 71,2 71,2

Feminino 142 28,80% 28,8 100,0

Total 493 100,0 100,0

Gênero

Valid

Frequency Percent

Valid

Percent

Cumulativ

e Percent

de 18 a 25 anos 58 11,77% 11,8 11,8

de 26 a 35 anos 188 38,13% 38,1 49,9

de 36 a 45 anos 146 29,61% 29,6 79,5

de 46 a 55 anos 73 14,81% 14,8 94,3

acima de 56 anos 28 5,68% 5,7 100,0

Total 493 100,0 100,0

Idade

Valid

Page 42: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

42

Tabela 5: Percentual de participantes por nível de instrução

A organização não forneceu dados sobre o nível de escolaridade de seus

empregados, para se estabelecer um comparativo entre a amostra e a

população.

Com relação à distribuição por nível hierárquico, a Tabela 6 demonstra

que a população pesquisada representa 19,27% de nível administrativo, 39,15%

de nível operacional, 14,81 de nível técnico, 18,66% de nível superior e 8,11%

de nível de gestão. Em dados fornecidos pela empresa, os dados são de 65%

Administrativo e operacional, 13% de nível técnico, 15% de nível superior e 7%

de gestão. Ao confrontar com os dados da organização, verifica-se que não há

muita discrepância entre a população e a amostra, uma vez que, se somarmos

o administrativo com o operacional da amostra, este representa 58,42%.

Tabela 6: Percentual de Participantes por nível hierárquico (cargo)

Outra variável analisada na pesquisa foi o tempo em que cada participante

trabalha na organização.

Frequency Percent

Valid

Percent

Cumulativ

e Percent

Ensino Médio 122 24,75% 24,7 24,7

Técnico 84 17,03% 17,0 41,8

Superior Incompleto 134 27,18% 27,2 69,0

Superior Completo 129 26,17% 26,2 95,1

Pós-graduação 24 4,87% 4,9 100,0

Total 493 100,0 100,0

Instrução

Valid

Frequency Percent

Valid

Percent

Cumulativ

e Percent

Staff ADM 95 19,27% 19,3 19,3

Staff Operacional 193 39,15% 39,1 58,4

Staff Técnico 73 14,81% 14,8 73,2

Staff de Nível Superior 92 18,66% 18,7 91,9

Gestão 40 8,11% 8,1 100,0

Total 493 100,0 100,0

Cargo

Valid

Page 43: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

43

Tabela 7: Percentual de participantes por tempo de empresa

Pode-se analisar, através da Tabela 7, que a população é representada

em 40,57%, por empregados de zero a cinco anos de empresa, seguidos por

30,02% de empregados entre seis e dez anos de organização. Analisando a

amostra, pode-se inferir que se trata uma organização com empregados

bastante novos, que têm, em sua maioria, no máximo dez anos de empresa.

Segundo dados da organização, cerca de 73% da população têm entre zero a

dez anos de empresa.

6.2. Análise dos Valores e Práticas Organizacionais

Para responder os dois primeiros objetivos específicos de identificar quais

os valores e práticas predominantes na organização, foi utilizada a análise de

frequência e estatística descritiva. Nesta pesquisa buscou-se analisar os valores

e práticas considerados essenciais para a organização, segundo a percepção

dos empregados. Ferreira e Assmar (2008) relata que é possível observar que

valores e práticas organizacionais compõem os elementos culturais mais

frequentes conceituados, quando se avalia a cultura da organização.

Para efeito de análise, foi utilizado o mesmo quadro de correspondência,

criado por Negreiros (2011). Nesse quadro o autor utilizou-se de

correspondência para representar a escala Likert do instrumento IBACO como

uma proposta de entendimento dos fatores da escala, representado no Quadro

Frequency Percent

Valid

Percent

Cumulativ

e Percent

Zero a cinco anos 200 40,57% 40,6 40,6

Seis a dez anos 148 30,02% 30,0 70,6

Onze a quinze anos 56 11,36% 11,4 81,9

Dezesseis a vinte anos 42 8,52% 8,5 90,5

Vinte e um a vinte e cinco

anos

25 5,07% 5,1 95,5

Vinte e seis a trinta anos 15 3,04% 3,0 98,6

Mais de trinta anos 7 1,42% 1,4 100,0

Total 493 100,0 100,0

Valid

Tempo de Empresa

Page 44: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

44

2. Para a escala “Não se aplica”, da escala Likert do IBACO, o autor utilizou

estabeleceu [utilizou ou estabeleceu?] a correlação “Muito Fraco”. Para “Pouco

de aplica”, utilizou-se o equivalente a “Fraco”. “Aplica-se Razoavelmente”

considerou-se “Moderado”. “Aplica-se Bastante”, representado por “Forte”, e, por

último, “Aplica-se Totalmente”, usou-se “Muito Forte”. Segundo o autor, a criação

desse quadro seria somente para efeitos de interpretação das análises.

Quadro 2: Graus da escala Likert da IBACO e Correspondência de

Negreiros (2011)

A correção da escala do IBACO é feita mediante a soma dos pontos

atribuídos a cada item do instrumento, para cada fator, representados por uma

série de itens, já descritos, pela divisão da soma de números que a compõe. Por

exemplo: para o valor profissionalismo competitivo e individualista, A avaliação

das percepções individuais sobre a cultura organizacional, se um empregado

marcasse os números 3, 1, 2, 5, 4, 1, 3 e 3, respectivamente, aos itens do

instrumento de números 4, 72, 73, 74, 77, 89, 93 e 94, esse empregado teria

atribuído um escore igual a 2,75 {(3 + 1 + 2 + 5 + 4 + 1 + 3 + 3) / 8}. Esse escore

representa um indicador do grau em que a organização está, em relação a esse

fator do IBACO, na percepção do empregado.

Ferreira et al (2002) pondera que, como a cultura de uma organização

consiste em características, macroorganizacionais, é necessário, calcular a

média dos escores atribuídos a cada fator, por todos os participantes do estudo,

a fim de se chegar ao escore obtido pela organização como um todo daquele

fator. Para cada um dos fatores, foram analisados um escore individual e uma

Page 45: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

45

média desses escores, para se chegar a esse resultado, conforme indicação dos

autores.

Os escores, em cada um dos fatores do IBACO, podem variar de 1 a 5,

sendo que, quanto maior for o resultado, maior será o grau em que o valor ou

prática mensurada representa a organização avaliada.

A seguir serão expostas algumas tabelas, representando a distribuição

percentual, juntamente com a média e o desvio padrão de cada questão do

instrumento. As tabelas estão divididas em blocos de questão referentes a cada

valor e a cada prática descrita no IBACO. Primeiramente serão expostos os

dados referentes aos valores e, após apresentação e análise dos dados dos

quatro valores, serão explorados os resultados e análise das três práticas

organizacionais.

- Valor Organizacional Profissionalismo Cooperativo (VPC);

- Valor Organizacional Competitivo Individualista (VPI);

- Valor Organizacional Bem-estar e Satisfação dos Servidores (VBS);

- Valor Organizacional Rigidez na Estrutura Hierárquica do Poder (VRE);

- Prática Organizacional Integração Externa (PIE);

- Prática Organizacional de Recompensa e Treinamento (PRT);

- Prática Organizacional Promoção do Relacionamento Interpessoal (PPR)

Os valores relativos ao Valor Profissionalismo Cooperativo, entendido por

Ferreira e Assmar (2008) como um valor relacionado a desempenhar as

atividades que são estabelecidas para os empregados, com eficácia e

competência, corroborando espírito de colaboração, dedicação, habilidade,

profissionalismo e capacidade de iniciativa, contribuindo para ao alcance das

metas de modo colaborativo, apresenta-se de forma moderada na organização,

como se observa com a média de frequência correspondente a 39,61%, com

média de 3,17, representado na Tabela 8.

Page 46: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

46

Tabela 8: Valor Organizacional Profissionalismo e Cooperativismo

Em relação a esse valor, observa-se que a média mais elevada se

concentra na questão 6 (3,6) - “As ideias criativas dos empregados são usadas

para a obtenção de melhores resultados”, com desvio padrão de 0,85 e maior

escore na escala de aplica-se bastante na organização. A questão 15,[dv] vem,

em seguida, com uma média de 3,5 e desvio padrão de 0,81. Essa questão

refere-se ao entendimento dos empregados em relação à ascensão profissional

como sendo uma decorrência natural do mérito e competência dos empregados.

Apesar de dentro da média a proporção de respostas tenha obtido um

percentual que se enquadra no moderado, ou aplica-se razoavelmente na

organização, algumas questões, se analisadas individualmente, tiveram uma

média maior ao que se refere à média total desse valor. Isso pode significar que,

no caso dos empregados, mesmo reconhecendo que seja um valor que se aplica

razoavelmente, em alguns pontos, o valor de profissionalismo cooperativo é

reconhecido como forte.

A Tabela 9 representa a média dos resultados percentuais do valor

profissionalismo competitivo e individualista dos empregados que participaram

Questões

Não se aplica

(%) Muito

Fraco

Pouco se

aplica (%)

Fraco

Aplica-se

razoavelmente

(%) Moderado

Aplica-se

bastante (%)

Forte

Aplica-se

totalmente

(%) Muito

Forte

MédiaDesvio

PadrãoVariância

1 8,7 20,9 26,4 41,2 2,8 3,08 1,0383 1,078

6 1,0 9,9 28,2 49,7 11,2 3,6 0,8510 0,724

8 2,6 19,1 44,0 30,2 4,1 3,14 0,8617 0,743

11 4,3 17,4 35,3 35,1 7,9 3,2 0,9763 0,952

14 4,5 13,8 41,6 30,6 9,5 3,2 0,9660 0,933

15 1,4 6,3 40,0 42,0 10,3 3,5 0,8173 0,668

38 7,7 12,4 37,1 34,1 8,7 3,23 1,0332 1,068

47 3,7 17,8 38,7 33,3 6,5 3,21 0,9349 0,874

48 3,7 15,8 33,3 37,7 9,1 3,4 2,7034 7,311

52 5,5 22,5 28,0 36,9 7,1 3,17 1,0336 1,068

56 4,7 16,2 40,4 32,7 6,1 3,19 0,9400 0,884

60 9,1 20,5 35,7 29,2 5,5 3,01 1,0407 1,083

61 5,1 17,0 40,0 29,4 8,5 3,19 0,9864 0,973

63 6,3 22,1 41,2 26,4 4,1 2,99 0,9489 0,9

65 6,1 10,1 42,0 36,7 5,1 3,24 0,9254 0,856

68 6,9 14,2 29,6 40,0 9,1 3,38 2,0712 4,29

69 7,5 16,2 41,4 30,8 4,1 3,07 0,9639 0,929

71 5,9 15,4 45,8 26,4 6,5 3,12 0,9486 0,9

76 8,1 29,4 42,4 17,6 2,4 2,76 0,9169 0,841

81 4,3 22,3 52,5 18,5 2,4 2,92 0,8193 0,671

82 4,7 14,4 53,1 20,3 7,5 3,11 0,9066 0,822

87 5,1 19,7 54,8 16,6 3,9 2,94 0,8477 0,719

Média das respostas 5,31 16,97 39,61 31,61 6,47 3,17 1,07 1,33

Valor Organizacional

Profissionalismo

Cooperativo

Page 47: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

47

da pesquisa. O Valor Profissionalismo Competitivo e Individualista foi definido

por Ferreira et al (2002) como um valor que prioriza a individualidade na

execução de tarefas. Ademais as competências e desempenho dos empregados

na execução das atividades têm como objetivo o resultado acima de tudo,

mesmo que isso implique na necessidade de ferir outro empregado que almeje

os mesmos resultados. Pode-se averiguar a presença desse valor de forma

moderada, sendo que 37,01% dos respondentes consideram que esse é um

valor que se aplica razoavelmente à organização. Não há discrepâncias

significativas entre a média geral (M: 2,75) e as questões, com média de desvio

padrão de 1,00.

Tabela 9: Valor Profissionalismo Competitivo e Individualista

O valor Satisfação e Bem Estar foi descrito como a capacidade de

humanização da organização, associado à satisfação e bem estar dos

empregados, para tornar o ambiente de trabalho mais prazeroso. É característico

de empresas que valorizam e investem no equilíbrio entre trabalho e qualidade

de vida, procurando humanizar o local de trabalho, tornando-o agradável

(FERREIRA et, al, 2008). Tal fator, composto de 11 itens, foi considerado pelos

empregados dessa organização como razoável ou, segundo a tabela de

Negreiros (2011), com moderado nível de satisfação e bem estar (38,35%),

conforme informação da Tabela 10.

Mesmo que os empregados tenham considerado como um valor

moderado, assim como ocorre com o valor Profissionalismo Cooperativo,

algumas questões apresentam média acima do fator moderado, é o caso das

questões 9 (Média de 3,47 e desvio padrão de 0,82) e 16 (Média de 3,39 e desvio

padrão de 0,95) e 21 (Média de 3,27 e desvio padrão de 0,93). Os empregados

Questões

Não se aplica

(%) Muito

Fraco

Pouco se

aplica (%)

Fraco

Aplica-se

razoavelmente

(%) Moderado

Aplica-se

bastante (%)

Forte

Aplica-se

totalmente

(%) Muito

Forte

MédiaDesvio

PadrãoVariância

4 6,1 21,7 42,4 25,8 4,1 3 0,9392 0,8820

72 11,8 27,0 36,9 19,9 4,5 2,7 1,0357 1,0730

73 15,6 30,0 31,2 18,3 4,9 2,66 1,0927 1,1940

74 12,8 24,9 30,6 27,2 4,5 2,85 1,0921 1,1930

77 9,7 24,7 41,5 20,5 3,4 2,83 0,9764 0,9530

89 16,4 34,9 33,7 11,8 3,2 2,5 1,0053 1,0110

93 12,4 31,8 32,9 20,9 2,0 2,68 1,0027 1,0050

94 8,1 24,7 46,9 18,3 2,0 2,81 0,8958 0,8030

Média das respostas 11,61 27,46 37,01 20,34 3,58 2,75 1,00 1,0143

Valor Profissionalismo

Competitivo e

Individualista

Page 48: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

48

acreditam que o bem-estar dos funcionários é visto como uma forma de garantir

maior produção, que as necessidades pessoais e o bem-estar dos funcionários

constituem uma preocupação constante da empresa e que essa organização

investe no crescimento profissional dos empregados. Esses são valores fortes

para a organização.

Tabela 10: Valor Bem-estar e Satisfação dos Servidores

O Valor Rigidez na Estrutura Hierárquica do Poder se refere à

concentração de valores definidos dentro de um princípio de autoridade

centralizado e autoritário, dificultando o crescimento profissional e

reconhecimento do ser humano. Conforme representado na Tabela 11, os

empregados da organização julgam que o valor Rigidez e Estrutura Hierárquica

de Poder é moderado (39.38%), algumas questões merecem ser comentadas,

pois apresentam índices de médias superiores ao nível moderado para a escala

de pouco se aplica ou fraco. Na questão 17, por exemplo, observamos que os

empregados interpretam como ponto fraco a existência de pessoas que possam

servir de exemplo para os empregados. A média para esse fator foi de 2,92, com

desvio padrão de 0,98.

Analisando o conjunto dos quatros valores, nessa organização, os

empregados julgam que eles estão caracterizados de modo moderado, ou que

a organização valoriza moderadamente os quatro fatores. Não há nenhum valor

que se destaca com predominância, quando avaliado dentro de um todo. É

possível verificar, analisando-se questões individuais, que há destaque em

alguns pontos, como o reconhecimento da criatividade como forma de se obter

Questões

Não se aplica

(%) Muito

Fraco

Pouco se

aplica (%)

Fraco

Aplica-se

razoavelmente

(%) Moderado

Aplica-se

bastante (%)

Forte

Aplica-se

totalmente

(%) Muito

Forte

MédiaDesvio

PadrãoVariância

9 2,0 8,1 37,9 44,9 7,3 3,47 0,8250 0,681

16 2,6 14,2 35,7 36,3 11,2 3,39 0,9515 0,905

21 3,4 17,2 34,3 38,7 6,3 3,27 0,9366 0,877

34 4,5 27,2 35,9 22,3 9,9 3,12 1,6993 2,888

41 5,3 19,9 35,3 30,0 9,5 3,18 1,0289 1,059

42 10,1 19,7 41,2 23,5 5,5 2,94 1,0276 1,056

46 5,5 24,1 46,2 20,5 3,7 2,92 0,8987 0,808

55 4,5 17,6 44,6 28,4 4,9 3,11 0,9066 0,822

58 11,4 18,3 41,0 22,7 6,7 2,95 1,0639 1,132

75 7,9 29,0 35,1 24,9 3,0 2,86 0,9801 0,961

91 13,4 26,6 34,7 22,1 3,2 2,75 1,0455 1,093

Média das respostas 6,42 20,17 38,35 28,57 6,47 3,09 1,03 1,12

Valor Satisfação e

bem-estar dos

Servidores

Page 49: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

49

melhores resultados, ou que a ascensão profissional é decorrente de mérito e

competência.

Tabela 11: Valor Rigidez na Estrutura Hierárquica do Poder

Tendo em vista que, apesar dos participantes da pesquisa concordarem

que os valores organizacionais possuem uma dimensão moderada, não havendo

uma relevância significativa para quaisquer dos fatores, existem participantes

que têm opinião de que algumas questões referentes ao valor Profissional

Cooperativo possuem características fortes, em alguns pontos isolados. O

estudo de Kozlowski (2009), assim como o de Negreiros (2011), o primeiro

comparando a percepção de profissionais de áreas afins e de suporte e o

segundo realizando um diagnóstico da cultura pela análise de gestão de uma

organização, apontou que o valor Profissionalismo Cooperativo está bastante

presente na organização estudada por cada autor e é predominante.

Concluída a análise dos valores, serão abordados os resultados das

práticas culturais na organização. As práticas organizacionais indicam o

comportamento de cada empregado, são ações que eles têm durante sua rotina

de trabalho, atividades de costumes avaliadas como importantes pela

organização e colegas. Hofstede et al (1990), em seu modelo teórico, considera

que a cultura se manifesta através de elementos, os símbolos, os heróis, os

rituais e valores. As práticas organizacionais estão constituídas pelas camadas

mais externas e visíveis da cultura e são representadas pelos símbolos, heróis

e rituais.

A Prática de Integração Externa está voltada para tomadas de decisão,

planejamento estratégico, atendimento aos clientes, tanto externos quanto

Questões

Não se aplica

(%) Muito

Fraco

Pouco se

aplica (%)

Fraco

Aplica-se

razoavelmente

(%) Moderado

Aplica-se

bastante (%)

Forte

Aplica-se

totalmente

(%) Muito

Forte

MédiaDesvio

PadrãoVariância

12 5,7 18,9 42,6 24,5 8,3 3,1 0,9919 0,984

17 7,9 33,3 32,5 22,3 4,1 2,81 1,0008 1,002

29 8,5 20,5 35,5 28,6 6,9 3,04 1,0523 1,107

32 4,5 15,6 35,7 32,7 11,6 3,31 1,0140 1,028

45 4,5 22,7 44,2 22,3 6,3 3,03 0,9387 0,881

50 10,5 27,4 36,5 20,1 5,5 2,82 1,0428 1,087

57 4,3 14,2 47,7 25,6 8,3 3,19 0,9298 0,864

70 6,1 16,8 41,2 28,8 7,1 3,14 0,9829 0,966

83 8,9 22,7 43,8 21,9 2,6 2,86 0,9448 0,893

84 7,7 38,5 36,7 13,6 3,4 2,66 0,9259 0,857

86 8,3 31,4 46,9 8,9 4,5 2,69 0,9084 0,825

90 11,6 30,0 38,1 19,1 1,2 2,68 0,9507 0,904

92 18,7 31,6 30,6 16,8 2,2 2,68 1,0467 1,095

Média das respostas 8,25 24,89 39,38 21,94 5,54 2,92 0,98 0,961

Valor Rigidez na Estrutura

Hierárquica do Poder

Page 50: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

50

internos, estão focadas, geralmente, nos níveis de gestão da organização.

Percebe-se, como apresentada, na Tabela 12, que essa é uma prática forte

dentro dessa organização, os empregados reconhecem que essa prática aplica-

se bastante (37,11%), a média para essa prática 3,34, com desvio padrão de

0,99. Os empregados reconhecem que a superação de metas é importante para

a organização, o atendimento às necessidades e satisfação do cliente é uma

constante, excelência do produto, comunicação de decisões importantes,

autonomia na tomada de decisões e atuação do gestor são determinantes para

o bom andamento da empresa.

Um dos pontos em que os empregados julgam como destacados seria o

atendimento às necessidades do cliente como uma meta importante, assim

como, o acompanhamento constante e atendimento das necessidades dos

clientes e a superação de metas pré-estabelecidas como uma preocupação. Os

resultados do trabalho de Negreiros (2011) apontam resultado semelhante,

concluindo que essa prática é um dos fatores que estão mais presentes na

organização por ele estudada. Isso significa que faz parte da cultura da

organização a preocupação com a qualidade dos seus produtos e o atendimento

ao cliente.

Tabela 12: Prática de Integração Externa

A Prática de Recompensa e Treinamento são práticas vinculadas aos

clientes internos e aos sistemas de recompensas e treinamentos adotados pela

organização. E Práticas de Promoção do Relacionamento Interpessoal são

Questões

Não se aplica

(%) Muito

Fraco

Pouco se

aplica (%)

Fraco

Aplica-se

razoavelmente

(%) Moderado

Aplica-se

bastante (%)

Forte

Aplica-se

totalmente

(%) Muito

Forte

MédiaDesvio

PadrãoVariância

5 1,0 7,5 31,6 43,6 16,2 3,66 0,8716 0,7600

7 3,0 10,8 38,1 39,4 8,1 3,38 0,8938 0,7990

10 4,9 12,6 25,6 45,4 11,6 3,46 1,0127 1,0260

13 11,8 14,8 29,0 29,0 15,4 3,21 1,2174 1,4820

19 1,2 13,4 33,5 39,1 12,8 3,48 0,9208 0,8480

22 1,8 4,9 34,3 48,9 10,1 3,60 0,8061 0,6500

23 4,3 8,5 34,3 44,8 8,1 3,44 0,9145 0,8360

24 3,0 12,4 34,9 40,2 9,5 3,40 0,9295 0,8640

25 2,0 8,5 27,8 43,6 18,1 3,67 0,9357 0,8760

26 7,9 19,3 34,3 31,4 7,1 3,10 1,0482 1,0990

28 4,9 11,4 30,8 42,0 11,0 3,42 0,9926 0,9850

31 3,0 14,8 35,3 36,5 10,3 3,36 0,9585 0,9190

40 4,3 22,3 43,2 21,1 9,1 3,08 0,9820 0,9640

44 8,9 24,7 23,7 32,5 10,1 3,10 1,1520 1,3270

49 4,5 20,1 36,5 30,4 8,5 3,18 0,9961 0,9920

51 6,7 17,2 34,9 31,8 9,3 3,19 1,0462 1,0950

53 8,5 23,5 29,8 31,2 6,9 3,04 1,0792 1,1650

Média das respostas 4,81 14,51 32,80 37,11 10,72 3,34 0,99 0,98

Prática Integração

Externa

Page 51: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

51

orientadas para a promoção das relações interpessoais, satisfação e coesão

interna dos empregados. Essas duas práticas são entendidas pelos

colaboradores, como práticas que se aplicam razoavelmente dentro da

organização de forma moderada, como representadas nas Tabelas 13 e 14. A

média das respostas para as Práticas de Recompensas e Treinamentos foi de

36,59%, com escore de 2,91 e desvio padrão de 1,00 e das Práticas de

Promoção do Relacionamento Interpessoal de 38,69%, média de 2,98 e desvio

padrão de 1,00.

Tabela 13: Prática Recompensa e Treinamento

Tabela 14: Prática Promoção do Relacionamento Interpessoal

De acordo com as respostas da amostra dos empregados dessa

organização, pode-se considerar que os valores se aplicam de forma moderada,

com algumas ressalvas de questões que esboçam o sentimento de cooperação,

sendo mais valorizado do que a competição. Desse modo, a criatividade é usada

para se obter melhores resultados e a existência de um espírito de cooperação,

em que os empregados e gestores são cordeais e estão preocupados com a

qualidade do serviço prestado, da mesma forma que sentem que o bem estar é

Questões

Não se aplica

(%) Muito

Fraco

Pouco se

aplica (%)

Fraco

Aplica-se

razoavelmente

(%) Moderado

Aplica-se

bastante (%)

Forte

Aplica-se

totalmente

(%) Muito

Forte

MédiaDesvio

PadrãoVariância

3 4,5 22,5 39,4 30,0 3,7 3,05 0,9296 0,848

18 6,9 24,5 36,5 24,9 7,1 3,01 1,0280 1,057

20 7,7 18,9 36,3 32,3 4,9 3,07 1,0051 1,01

36 9,3 26,2 37,6 19,5 7,3 2,89 1,0558 1,115

37 11,4 24,7 32,9 20,9 10,1 2,93 1,1468 1,315

39 9,7 17,0 33,3 31,2 8,7 3,12 1,0994 1,209

54 9,9 29,4 38,9 17,8 3,9 2,76 0,9849 0,97

59 25,4 29,4 26,2 15,8 3,2 2,42 1,1246 1,265

62 9,9 24,1 36,9 23,3 5,7 2,9 1,0454 1,093

66 7,9 19,3 39,1 29,2 4,5 3,03 0,9903 0,981

78 7,7 24,7 43,6 24,1 2,8 2,92 0,9364 0,877

79 4,1 17,2 16,2 26,8 5,7 3,12 0,9027 0,815

85 6,7 29,4 47,7 12,6 3,7 2,77 0,8847 0,783

88 5,5 28,8 47,7 15,4 2,6 2,8 0,8555 0,732

Média das respostas 9,04 24,01 36,59 23,13 5,28 2,91 1,00 1,01

Prática Recompensa e

Treinamento

Questões

Não se aplica

(%) Muito

Fraco

Pouco se

aplica (%)

Fraco

Aplica-se

razoavelmente

(%) Moderado

Aplica-se

bastante (%)

Forte

Aplica-se

totalmente

(%) Muito

Forte

MédiaDesvio

PadrãoVariância

2 9,7 28,6 28,6 29,8 3,2 2,88 1,0449 1,092

27 7,9 17,8 42,0 27,6 4,7 3,03 0,9789 0,958

30 7,3 16,2 42,6 25,8 8,1 3,11 1,0130 1,026

33 9,1 30,4 36,3 18,7 5,5 2,80 1,0202 1,041

35 11,4 20,9 38,7 22,7 6,3 2,91 1,0665 1,137

43 9,8 27,6 31,7 26,6 4,3 2,88 1,0448 1,091

64 6,1 16,2 39,1 34,1 4,5 3,14 0,9516 0,905

80 2,8 18,7 50,5 23,1 4,9 3,08 0,8875 0,72

Média das respostas 8,01 22,05 38,69 26,05 5,19 2,98 1,00 1,00

Prática Promoção do

Relacionamento

Interpessoal

Page 52: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

52

uma forma de garantir maior produtividade e que a organização se preocupa com

o bem estar de seus empregados. Com essa representação, pode-se inferir que

a organização aplica os valores avaliados pelo instrumento de modo moderado

e os empregados reconhecem pontos positivos na organização. Quanto às

práticas, os empregados reconhecem que a Prática de Integração Externa é

considerada forte ou que se aplica bastante, indicando um ambiente voltado para

a estratégia e resultados sustentáveis.

6.3. Análise dos Valores e Práticas em Relação às Variáveis

Sociodemográficas

Para efeito de comparação dos fatores do IBACO em relação às variáveis

demográficas de Localidade, Grau de Instrução e Cargo, o teste Qui-quadrado

foi utilizado. O Teste Qui-quadrado é um teste de hipótese que mede a

probabilidade de se encontrar diferenças, ou não, nas variáreis medidas,

partindo do pressuposto de que não há diferença entre as variáveis.

Entende-se por localidade a cidade onde se encontram as unidades da

organização: Unidade de Catalão (CMC), em Goiás, Tapira (CMT), Patos de

Minas (UPM), Uberaba (CIU) e Araxá (CMA), no estado de Minas Gerais, Cajati

(CAJ) e Cubatão (CUB) no estado de São Paulo.

As unidades de Catalão (GO), Tapira e Patos de Minas (MG), e Cajati

(SP), apresentaram médias mais elevadas para a Prática de Integração Externa,

48%, 37,6%, 43,5% e 42,9% respectivamente, dentro da escala 4, que aplica-se

fortemente na organização, enquanto nas demais unidades, os maiores escores

estão dentro do moderado. Os empregados das unidades que apresentam como

média a escala 4 percebem que a organização se preocupa com o planejamento

estratégico e as tomadas de decisões são rápidas, realizadas pelos níveis mais

elevados da direção.

Com relação à Prática Recompensa e Treinamento e à Prática de Bem-

estar e Satisfação, todas as unidades percebem que é uma prática em que a

organização aplica moderadamente. Quanto aos valores do IBACO, os

empregados das unidades se comportam de modo homogêneo, dado que todos

Page 53: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

53

os valores são vistos como a organização atuando de modo moderado. Esses

dados podem ser verificados no Anexo 2.

Ao analisar somente as médias da escala 4 (Aplica-se bastante ou

Fortemente) por localidade, percebe-se que a Prática de Integração Externa é

mesmo dominante em todas as unidades. Ao analisar a escala 2 (Pouco se

aplica ou Aplica-se Razoavelmente), nota-se que o valor Profissionalismo

Competitivo e Individualista não está bem estabelecido, os colaboradores

percebem que a organização atua razoavelmente para que o valor se

estabeleça. Os resultados demonstram que não é um valor para essa

organização trabalhar o desempenho individual.

A figura 1 demonstra que, para a escala 4, quanto maior o percentil, maior

a preocupação da organização em estabelecer os valores e práticas culturais,

enquanto, para a escala 2, quanto maior o percentil, menor será a atuação do

valor ou prática existente na organização.

Figura 1: Representação das escalas 4 (Aplica-se Bastante) e 2 (Aplica-

se Razoavelmente) por localidade

Analisando por grau de instrução como variável e os fatores da IBACO, a

representação é de que os empregados de nível de ensino médio, técnico,

superior incompleto, superior completo e pós-graduação, percebem que a

organização aplica moderadamente os valores e práticas organizacionais.

Apenas a Prática de Integração Externa para os níveis de ensino médio, técnico,

superior incompleto e superior completo apresentam dados de que, para essa

prática, a organização é fortemente aplicada. Assim se repete para a análise de

cargos e a IBACO. Os cargos administrativos, operacionais e técnicos, creem

que essa prática se aplica fortemente, diferente dos cargos superior e de gestão

Page 54: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

54

que veem a prática de Integração Externa como aplicada de forma moderada na

organização.

Da mesma forma, foram analisados os valores de médias das escalas 4

e 2, correlacionando os valores e as práticas com o grau de instrução dos

empregados. Como resultado, encontra-se empregados que consideram o valor

de Profissionalismo Cooperativo como mais atuante, porém não chegando a

atingir uma aplicação forte, nesse grupo, os profissionais com nível de pós-

graduação estão destoando. A leitura desses profissionais é de que os valores

e práticas são transmitidos pela organização de maneira moderada. E para a

escala 2, os valores de Profissionalismo Individual e Competitivo e Rigidez na

Estrutura Hierárquica e de Poder alcançam os maiores escores, bem similares

com a variável localidade, conforme demonstrado na Figura 2.

Figura 2: Representação das escalas 4 e 2 por Grau de Instrução

Da mesma forma, foi realizada uma análise das escalas 4 e 2 por cargo e

o resultado foi semelhante ao realizado para verificar a existência de correlação

com o grau de instrução. A Figura 3 representa o resultado da análise.

Resultados similares por cargo, não demonstrando distinção entre qualquer fator

da IBACO em relação à variável Cargo.

Page 55: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

55

Figura 3: Representação das escalas 4 e 2, por Cargo

Em observação à Figura 4, quanto às médias das escalas 4 e 2, referentes

às variáveis de localização, grau de instrução e cargos, nota-se que as médias

para os fatores de valor e prática, apresentam-se bem próximas, do que se

conclui, assim como no estudo de Negreiros (2011), que não houve uma

discrepância significativa entre essas variáveis e a os fatores do IBACO. Isso

demonstra que essas variáveis não influenciam na percepção dos empregados

para elegerem quais as práticas ou valores são mais reconhecidos pela

organização.

Figura 4: Representação das médias das escalas 4 e 2 por localidade,

grau de instrução e cargo

Assim como Negreiro (2011), realizou-se como teste de correlação entre

idade e tempo de cargo com os valores e práticas do instrumento, o coeficiente

de correlação de Spearman, que é adequado para medir a intensidade da

associação entre variáveis. A Tabela 15 analisa a significância dos fatores e as

variáveis tempo de empresa e idade, baseando-se no valor de significância p-

value < 0,05.

Page 56: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

56

Analisando os resultados em relação às variáveis, nota-se índices altos

se comparados ao valor de significância, indicando ausência de diferença

significativa entre as variáveis Idade e Tempo de Empresa e os fatores de

Valores e Práticas Culturais na organização.

Tabela 15: Correlação entre idade e tempo de empresa e IBACO

IBACO IDADE TEMPO NO CARGO

Valor Profissionalismo Cooperativo ρ = 0,27 p = 0,44

ρ = - 0,12 p = 0,47

Valor Profissionalismo Competitivo e Individualista ρ = -0,19 p = 0,40

ρ = -0,07 p = 0,46

Valor Satisfação e Bem-estar ρ = 0,37 p = 0,31

ρ = 0,02 p = 0,40

Valor Rigidez na Estrutura Hierárquica do Poder ρ = -0,02 p = 0,57

ρ = -0,12 p = 0,26

Prática Recompensa e Treinamento ρ = -0,04 p = 0,33

ρ = -0,40 p = 0,44

Prática Promoção do Relacionamento Interpessoal ρ = -0,02 p = 0,35

ρ = -0,01 p = 0,28

Prática Integração Externa ρ = -0,13 p = 0,53

ρ = -0,40; p = 0,45

Score total ρ = 0,03 p = 0,33

ρ = -0,26 p = 0,39

Para análise do gênero, foi realizado o teste T – Student, com 95% de

confiabilidade. Esse teste é utilizado para realizar uma comparação de dois

grupos independentes, ou para verificar se existem ou não diferença entre as

respostas do instrumento e os gêneros. Negreiros (2011) utilizou o teste de

Mann-Whitney, para comparação de dois grupos independentes, pois se tratava

de uma amostra pequena, de 15 empregados. Como a amostra deste estudo é

de 493 pessoas, foi utilizado então, o teste T – Student.

Conforme demostrado na Tabela 11, se o valor de Significância (Sig.) for

maior ou igual a 0,05, existe uma homogeneidade de variância, então se utiliza

para verificação o resultado da coluna de Significância 2-tailed (Sig. (2-tailed)).

Para interpretar se há uma variação entre as respostas da IBACO com o Gênero,

o Sig. (2-tailed) deverá ser menor ou igual a 0,05. Então, pode-se entender que

não há diferenças significativas entre as respostas da IBACO em relação ao

gênero. Para o valor Profissionalismo Cooperativo, o Sig (2-tailed) foi de 0,518,

maior que 0,05. Para o Valor Profissionalismo Competitivo e Individualista, o

valor de Sig (2-tailed) foi de 0,326, maior que 0,05. Para o Valores Satisfação e

Page 57: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

57

bem-estar e Rigidez na Estrutura de Poder, os Sig (2-tailed) foram de 0,495 e

0,289, respectivamente, índices maiores que 0,05. Quanto às práticas, o valor

de Sig (2-tailed) para a prática de Integração Externa foi de 0,410, para a prática

de Recompensa e Treinamento foi de 0,339 e para a prática de Relacionamento

Interpessoal, o Sig (2-tailed) foi de 0,449, todos os valores superiores a 0,05.

Com isso conclui-se que, para a variável gênero, não há correlação

existente entre os fatores da IBACO. Não foram encontradas diferenças

significativas que pudessem constatar a existência de uma relação entre o

Instrumento e Gênero na empresa estudada.

Tabela 16: Comparação Teste T entre Gênero e IBACO

7. DISCUSSÃO

Para atender ao objetivo proposto neste estudo, de mapear o tipo de

cultura, avaliando os valores e práticas predominantes e verificar a existência de

uma relação na percepção de prática e valores com a tipologia sociodemográfica

dos empregados da organização estudada, realizaram-se as análises descritas

na sessão anterior. A análise dos níveis encontrados permite considerar que os

valores e práticas organizacionais, que compõem a cultura da organização,

possibilitam supor que a organização valoriza moderadamente cada um dos

fatores de valores do Instrumento Brasileiro de Análise da Cultura

Organizacional (IBACO), não havendo uma predominância de algum, não tendo

um valor que se destaque quando analisado dentro da média. Porém, ao verificar

isoladamente os escores das questões, nota-se uma predominante em algumas

questões do valor Profissionalismo Cooperativo. Já para as práticas

organizacionais, fica evidente que a Prática de Integração Externa é bastante

Lower Upper

0,970 0,482 0,380 377,698 0,518 0,035 0,094 -0,149 0,220

2,457 0,462 -0,175 376,168 0,326 -0,017 0,100 -0,214 0,179

0,889 0,479 -0,099 372,787 0,495 -0,011 0,105 -0,219 0,196

2,800 0,311 0,397 382,891 0,289 0,039 0,096 -0,150 0,229

3,282 0,222 -0,270 381,589 0,410 -0,024 0,097 -0,215 0,167

0,982 0,477 -0,298 380,028 0,339 -0,024 0,100 -0,220 0,172

2,659 0,374 -0,547 372,095 0,449 -0,051 0,100 -0,248 0,145

Prática de Integração Externa

Prática Recompensa e Treinamento

Prática Promoção do Relacionamento Interpessoal

Std. Error

Difference

95% Confidence

Interval of the

Difference

Valor Profissionalismo Cooperativo

Valor Profissionalismo Competitvo e Individualista

Valor Satisfação e Bem-estar dos Servidores

Valor Rigidez na Estrutura de Poder

Independent Samples Test

Fatores IBACO

Levene's Test for

Equality of Variancest-test for Equality of Means

F Sig. t dfSig. (2-

tailed)

Mean

Difference

Page 58: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

58

aplicada na organização, segundo a percepção dos empregados participantes

da pesquisa.

Esses mesmos fatores foram encontrados na pesquisa de Negreiros

(2011) e no estudo de Colombelli (2009), o valor de Profissionalismo Cooperativo

e a Prática de Integração Externa como se aplicando bastante na organização.

Para Colombelli (2009), a incidência desse fator considera que a organização

apresenta forte tendência ao empreendedorismo, voltada para o atendimento ao

cliente. Nesse sentido, para Denilson, Haaland e Goelzer (2003), organizações

voltadas para atendimento ao cliente estão propensas a assumir riscos e

aprender com os erros.

O que se pôde perceber é que, por se tratar de uma organização que se

encontra em diferentes estados do país, a cultura através do resultado do

instrumento aplicado está disseminada com certa homogeneidade, ao observar

que os fatores valores e práticas e a variável localidade não apresentam

discrepância significante de correlação. Os fatores idade, tempo de empresa,

cargo, e nível hierárquico também não apresentam diferenças importantes com

os aspectos da IBACO, havendo uma hegemonia para definição dos fatores que

se destacam para definição da cultura, enquanto práticas e valores

organizacionais.

A cultura dessa organização, com relação aos valores e práticas,

apresenta-se como moderada, com alguns traços de forte tendência para a

execução das atividades, como eficácia e competências, os dados demonstram

que os empregados são dedicados, habilidosos e com capacidade de iniciativa,

contribuindo para o alcance das metas propostas e bem comum da organização.

A organização está voltada para o planejamento estratégico e as tomadas de

decisão apresentam foco nas necessidades dos clientes, características ditadas

pela liderança.

Os resultados deste estudo apontam para a existência de práticas e

valores que definem a organização como empreendedora, dinâmica, com o

trabalho, ou atividades voltadas para o atingimento de metas, foco no

atendimento ao cliente e qualidade dos produtos. Trabalha-se para atingir a

excelência e atendimento das metas estipuladas.

Page 59: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

59

O resultado da pesquisa de Tanure (2005) mostra que o modelo cultural

brasileiro está articulado dentro de três eixos: o da hierarquia (relações de

poder), do personalismo (relações sociais) e da flexibilidade. A prática de

predominante na organização estudada está diretamente voltada para a

hierarquia. Quem define metas e estratégia, toma decisões articulosas, são as

pessoas que se encontram no alto escalão da organização. A hierarquia destaca

a importância do papel de uma figura que represente a autoridade. Por outro

lado, algumas questões do valor Profissionalismo Cooperativo apontam a

flexibilidade e a criatividade que os empregados apresentam frente às mudanças

organizacionais.

Dos objetivos específicos, de identificar o valor ou valores predominantes

na organização, merece destaque em algumas questões dos valores

Profissionalismo Cooperativo e Rigidez na Estrutura Hierárquica e de Poder. O

primeiro deles, por se destacar de modo positivo, com fortes índices em questões

que mencionam que os empregados têm um sentimento de que a cooperação

na organização é mais valorizada que a competição, que as ideias criativas são

empregadas para se obter melhores resultados, que há um espírito de

colaboração e destacam a importância da preocupação dos empregados com a

qualidade do serviço prestado e ser cordial é uma atitude que é estimulada. O

segundo valor em destaque apontou que os empregados interpretam a

inexistência de pessoas que possam servir de exemplo e não consideram que o

envolvimento com as novas ideias da empresa é uma atitude valorizada, sendo

um fator negativo e que, talvez, possa servir de ponto para desenvolvimento ou

de melhoria para a organização.

Outro ponto que pode servir de atenção é o fato de os empregados

perceberem que não há um valor representativo com forte tendência, apesar de

alguns pontos, em algumas questões, comparadas isoladamente, levarem para

o profissionalismo cooperativo. As análises mostram que, em se tratando do fator

valor, não há um ou mais que está como premissa para os empregados. Com

isso interpreta-se que, nessa organização, os empregados não compreendem

que há algum valor enaltecido. Isso, também, pode ser levado em consideração

para a organização, se existir a definição de valores formulados pela própria

empresa, que se enquadram nas definições dos apresentados pelo instrumento.

Page 60: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

60

Se houver, os valores ainda não foram incorporados pelos empregados,

cabendo algum planejamento para que a organização consiga difundir seus

valores.

Conforme apresentado na fundamentação, Schein (1990) descreve que a

incorporação dos valores organizacionais se dá por veio do envolvimento dos

líderes, praticando uma visão compartilhada e estratégica da organização e

difundindo para os demais níveis. Os líderes são fundamentais para fixar os

valores da organização, para isso eles precisam acreditar que o que está sendo

disseminado como valor faz sentido, senão não haverá êxito no processo de

construção da cultura. Os estudos de Ogbonna & Harris (2000) e Tsui, Wang,

Xin e Wu (2006a) focaram o comportamento dos líderes ao compartilhar e

transmitir a cultura. Ao explorar os itens do IBACO individualmente, o escore

baixo para a pergunta de que os empregados não reconhecem uma figura que

possa servir de exemplo na organização ressalta a influência do líder ao

transmitir a cultura. Talvez, essa possa ser uma das razões para que não se

encontrem um ou mais valores que representem de forma forte a organização.

Porém, para chegar a essa e outras afirmações, seria necessário um estudo

elaborado entre a percepção dos empregados em relação aos seus líderes, o

que não foi o foco deste estudo.

Apesar de não haver um valor que se destaque, identifica-se que os

empregados percebem a existência dos valores de forma moderada.

O segundo objetivo específico, de identificar a prática cultural, trouxe a

prática Integração Externa, como predominância forte na pesquisa, assim como

na pesquisa de Negreiros (2011), Apesar de a prática Recompensa e

Treinamento apresentar itens que valem uma ressalva e um ponto de atenção e

desenvolvimento nas questões referentes ao reconhecimento por distribuição de

brindes em eventos sociais e comemorações de aniversário da organização.

A prática de Integração Externa define que a organização está voltada

para atingimento das metas que são estruturadas pela alta direção e os

integrantes cumprem com o estabelecimento e os resultados para alcance das

metas. O cliente é visto com muita importância dentro dessa organização. A

organização está voltada para o planejamento estratégico, buscam-se tomadas

de decisões ágeis que geram resultados para a estratégia da empresa.

Page 61: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

61

Segundo Hofstede (1998), as práticas configuram-se através dos valores

dos fundadores, ou na figura de diretores e presidentes da organização, porém

nem todos os membros compartilham. No entanto eles devem adotar práticas se

quiserem fazer parte da empresa. Desse modo os valores dos líderes moldam a

cultura, por meio de práticas diárias da organização, transmitidas aos

empregados por mecanismos de socialização, razão pela qual as percepções

compartilhadas de tais práticas constituem a essência da cultura.

As práticas podem ser consideradas como as duas primeiras camadas

descritas por Schein (1985), representando fenômenos que podem ser vistos e

mensurados pela organização e por fenômenos que se encontram nos

comportamentos ou posturas desejados e considerados corretos. Em uma

dessas camadas, estão as metas e estratégias, que são normalmente utilizadas

como justificativa de comportamentos condizentes e postura dos empregados

para a formação da cultura.

Para caracterizar os empregados da organização nas variáveis

sociodemográfica, foi apresentada uma sessão, com tabelas, cujos resultados

apresentaram uma organização onde grande parte de sua população se

enquadra no gênero masculino, a maioria com idade entre vinte e seis e trinta

anos, executando atividades operacionais, grande concentração com

escolaridade de nível superior incompleto e tipicamente uma concentração de

empregados novos, de zero a cinco anos na organização.

O quarto e último objetivo específico, tratando-se das variáveis

sociodemográficas e os fatores da IBACO, constatou-se que não houve

correlação significativa entre os fatores e as variáveis, idade, tempo de empresa,

gênero, nível de instrução e cargo. Pode-se afirmar que, em algumas

localidades, médias de algumas questões dos fatores prática de Integração

Externa e prática de Recompensa e Treinamento se diferenciaram, mas, dentro

da média geral do fator, se encontram bem homogêneas.

Quanto aos fatores e/ou questões que foram detectados como

razoavelmente aplicados, sugere-se que seja implantada ou revista a política de

instauração da cultura, caso seja identificado que os pontos a se desenvolver

são importantes para a sobrevivência e funcionalismo da organização.

Page 62: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

62

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diferentemente do estudo de Negreiros (2011), em que uma das limitações

era a composição da amostra, em que o autor pesquisou exclusivamente cargos

de gestão, esta pesquisa procurou estender a amostra para todos os cargos, a

fim de obter um resultado de diversos grupos da organização.

Uma das limitações para o presente estudo se deve ao fato de ser

realizado em uma única organização, não estabelecendo uma comparação entre

mapeamentos de cultura em organizações similares, ou dentro do mesmo

segmento. Outro fator importante que vale ressaltar é o fato de que os resultados

obtidos neste estudo não devem ser generalizados, os comportamentos e

atitudes dos integrantes da organização estudada não constituem um padrão

definido.

Para estudos posteriores, uma das sugestões seria uma investigação

complementar, de outras organizações do mesmo segmento, com objetivo de

estabelecer um comparativo entre os resultados dos valores e práticas

encontrados. Outra sugestão seria avaliar empresas públicas e privadas,

buscando comparar os tipos de cultura, através das práticas e valores em

organizações distintas, podendo inferir como hipótese se a estabilidade no

emprego apresenta-se como forte tendência para se determinar a cultura.

Sugere-se um aprofundamento estatístico do estudo, com aplicação de outras

técnicas estatísticas mais apuradas, buscando aprimorar outras correlações.

Essa pesquisa contribui para a organização como estudo de caso,

provendo um diagnóstico sobre a cultura, oferecendo subsídios de melhorias e

desenvolvimento dos pontos levantados e reforço dos pontos positivos. Em

termos acadêmicos, espera-se que contribua para consolidação teórica dos

componentes sobre cultura organizacional, levando em consideração os valores

e práticas organizacionais.

A Cultura Organizacional, por ser tão complexa, há espaço para inúmeros

trabalhos com uso dessas ou de outras metodologias e instrumentos existentes.

Page 63: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

63

9. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO:

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Page 70: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

70

10. APÊNDICES

1. Carta de informação ao Participante e Termo de Consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO

Eu,____________________________________________________________, empregado da organização, declaro ter sido

informado, por escrito, a respeito da pesquisa intitulada: MAPEAMENTO DA CULTURA ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO

DE CASO, e concordo em participar, espontaneamente, submetendo-me aos procedimentos de resposta ao questionário

proposto, uma vez que foi garantido o meu anonimato e o da organização em que trabalho.

________________________________________________

Assinatura do Participante

CARTA DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE

Prezado (a) Senhor (a).

Esta pesquisa se propõe a realizar um estudo sobre MAPEAMENTO DA CULTURA ORGANIZACIONAL: UM

ESTUDO DE CASO, sendo requisito para a obtenção do título de Mestre do curso de Mestrado Profissional em Gestão

Organizacional, da Universidade Federal de Goiás, sob a orientação do Profº. Dr. André Vasconcelos da Silva.

O objetivo geral do trabalho visa realizar um diagnóstico da cultura da organização estudada. Sua participação na

pesquisa se resumirá a submeter-se a responder ao questionário, com a duração aproximada de 50 minutos. Não

existem riscos ou desconfortos associados com este projeto. O participante (organização) não será remunerado

financeiramente pela sua participação neste estudo. Entretanto, compreende que os resultados obtidos podem auxiliar

os pesquisadores a entenderem melhor e obterem mais dados para direcionamento e condução de sua atuação

profissional, autorizando a publicação dos resultados.

Em hipótese alguma, o participante (organização) da pesquisa será identificado. Se desejar, o participante

(organização) pode retirar o seu consentimento, em qualquer momento, sem a necessidade de justificativa.

Obrigada!

Camilla Carneiro Silva Queija

Pesquisador Responsável

Page 71: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

71

2. Ficha com dados Demográficos e Instrumento de aplicação (IBACO –

Instrumento Brasileiro de Avaliação da Cultura Organizacional),

Localidade (Unidade): ______________________________________

Sexo: Masculino Feminino

Grau de Instrução: Cargo:

Ensino Fundamental Staff Administrativo

Ensino Médio Staff Operacional

Técnico Staff Técnico

Superior Incompleto Staff de Nível Superior

Superior Completo Gestão

Pós-graduação

Cargo: ______________________________________ Gerência/ Setor: ___________________________________

Tempo de Empresa: ___________________________Tempo no Cargo Atual: ______________________________

A seguir, você encontrará uma série de alternativas relacionadas às diferentes práticas e

procedimentos que são comumente adotados no dia-a-dia das empresas.

Assinale o grau em que cada uma delas caracteriza sua empresa, em uma escala de 1 a 5, conforme

relacionado ao lado.

Sua resposta deve refletir o que de fato acontece na empresa e não a sua opinião pessoal ou grau

de satisfação com o que ocorre.

Responda por favor, a todas as alternativas, não deixando nenhuma em branco.

Não

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Ap

lica

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mo

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alg

um

Po

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lica

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lica-

se t

ota

lme

nte

1 A cooperação é mais valorizada que a competição.                            

2 Os empregados têm ampla liberdade de acesso aos diretores.                 

3 A dedicação dos empregados é recompensada.

4 A competição é estimulada como forma de crescimento pessoal e de busca de poder.

5 A superação de metas pré-estabelecidas é uma preocupação constante

6 As ideias criativas dos empregados são usadas para a obtenção de melhores resultados

7 Os empregados têm uma noção clara dos principais objetivos da empresa.

8 As iniciativas individuais dos empregados são estimuladas.

9 O bem-estar dos funcionários é visto como uma forma de garantir maior produção.

10 O atendimento às necessidades do cliente é uma das metas mais importantes.

11As iniciativas individuais dos empregados são valorizadas quando não contrariam os interesses da

empresa.

12 O crescimento profissional não costuma ser recompensado financeiramente.

13 As decisões mais importantes são tomadas por meio de consenso da diretoria.

14 A competição dentro das regras de boa convivência é sempre estimulada.

15 O espírito de colaboração é uma atitude considerada muito importante.

16As necessidades pessoais e o bem-estar dos funcionários constituem uma preocupação constante da

empresa.

17 Não há figuras importantes que possam servir de exemplo0 para os empregados.

18As recompensas costumam ser dadas a grupos ou a equipes de trabalho que se destacam e não a

indivíduos.

19 Persegue-se a excelência de produtos e serviços como forma de satisfazer aos clientes.

20 Os empregados que apresentam ideias inovadoras costumam ser premiados.

Idade: 18 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 anos

46 a 55 anos acima de 56 anos

IBACO - Instrumento Brasileiro para Avaliação da Cultura Organizacional

Page 72: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

72

Continuação.

Não

se

Ap

lica

de

mo

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alg

um

Po

uco

se

Ap

lica

Ap

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Raz

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lica-

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asta

nte

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lica-

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nte

21 Investe-se no crescimento profissional dos empregados.

22 O acompanhamento e atendimento das necessidades dos clientes são feitos constantemente.

23Os gerentes (supervisores, chefes de departamento, etc.) têm autonomia apenas para tomar decisões

rotineiras relacionadas a suas áreas de atuação.

24 Os novos produtos e/ou serviços são testados conjuntamente pela empresa e seus clientes.

25 A comunicação das decisões obedece à hierarquia existente na empresa.

26 As decisões surgem principalmente a partir da análise das necessidades do cliente.

27 Investe-se na satisfação dos funcionários para que eles prestem um bom atendimento aos clientes.

28 Mantêm-se relações amigáveis com os clientes.

29 Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

30 Prevalece um grande espírito de união entre os empregados.

31 As decisões têm como principal objetivo o aumento da capacidade competitiva da empresa no mercado.

32 A dificuldade de ascensão profissional leva a empresa a perder bons empregados para os concorrentes.

33 Os chefes imediatos são como pais para os empregados.

34 Os empregados recebem treinamento para poderem desenvolver sua criatividade.

35As necessidades pessoais dos empregados são analisadas caso a caso, não havendo programas ou

políticas gerais para esse atendimento.

36 Os empregados são premiados quando apresentam um desempenho que se destaca dos demais.

37 As promoções costumam ser lineares e negociadas com os sindicatos.

38 O envolvimento com as ideias da empresa é uma atitude bastante valorizada.

39 As inovações costumam ser introduzidas por meio de treinamento.

40 As mudanças são planejadas para terem efeito em curto prazo.

41 Programas para aumentar a satisfação dos empregados são regularmente desenvolvidos.

42Procura-se manter uma atmosfera de segurança e estabilidade para deixar os empregados satisfeitos e

confiantes.

43 É prática comum a comemoração dos aniversários pelos empregados.

44 O retorno sobre os investimentos é uma preocupação permanente.

45 A criatividade não é recompensada como deveria ser.

46 O crescimento dos empregados que são a “prata da casa” facilitado e estimulado.

47Os empregados que conseguem fazer carreiras são os que se esforçam e mostram vontade de

aprender.

48 A preocupação do empregado com a qualidade do seu serviço é bem vista

49 As mudanças obedecem a um planejamento estratégico.

50 Não há espaço para iniciativas individuais dos empregados.

51Os gerentes (supervisores, chefes de departamento, etc.) têm autonomia para tomar decisões

importantes relacionadas a suas áreas de atuação.

52 Ser cordial com os colegas é uma das atitudes mais estimuladas.

53 As inovações são em geral introduzidas para atender às necessidades do mercado.

54 Eventos sociais com distribuição de brindes são comumente realizados para os empregados.

55 Investe-se em um bom ambiente de trabalho com o objetivo de se garantir o bem-estar dos funcionários.

56 O esforço e a dedicação ao trabalho são qualidades bastante apreciadas.

57 As oportunidades de ascensão funcional são limitadas pela rígida estrutura da empresa.

58 Programas destinados a melhorar o bem-estar dos empregados são implantados e testados.

IBACO - Instrumento Brasileiro para Avaliação da Cultura Organizacional

Page 73: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

73

Continuação.

Não

se

Ap

lica

de

mo

do

algu

m

Po

uco

se

Ap

lica

Ap

lica-

se

Raz

oav

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Ap

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nte

Ap

lica-

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nte

59 O aniversário da empresa costuma ser comemorado em conjunto com todos os seus empregados.

60 A capacidade de executar uma variedade de tarefas é extremamente valorizada.

61 O profissionalismo dos empregados é visto como uma grande virtude.

62 Os familiares dos empregados costumam também participar dos eventos e festas.

63 A ascensão profissional é uma decorrência natural do mérito e competência dos empregados.

64 As relações entre empregados e membros do alto escalão são cordiais e amigáveis.

65 A preocupação em superar as dificuldades do dia-a-dia é vista como de grande valor.

66 As promoções são definidas por avaliação de desempenho.

67 Os empregados que fazem carreira rapidamente são os que “vestem a camisa” da casa.

68Os empregados que demonstram dedicação e espírito de colaboração são os melhores modelos a

serem seguidos.

69As pessoas que fazem carreira rapidamente são as que demonstram maiores conhecimentos dentro de

suas áreas.

70 A falta de recursos financeiros impede a valorização do bem-estar dos empregados.

71 A qualidade do serviço executado é considerada uma das maiores virtudes do empregado.

72 É necessário centralizar para manter a casa arrumada.

73 Somente os bons empregados recebem benefícios que lhes garantem um melhor bem-estar.

74 A criatividade é um dos requisitos básicos para a ocupação de cargos gerenciais.

75 As ideias criativas dos empregados são postas em prática como forma de torná-los mais motivados.

76 Os empregados que “vestem a camisa” são as figuras mais valorizadas dentro da organização.

77 O crescimento profissional é considerado indispensável à permanência do empregado na casa.

78 Os empregados com desempenho permanentemente baixo são demitidos.

79 As inovações costumam ser introduzidas por meio de programas de qualidade.

80 Os empregados se relacionam como se fossem uma grande família.

81 As iniciativas dos empregados são incentivadas, mas ficam sob o controle de seus chefes imediatos.

82Os diretores que inovam e promovem mudanças significativas são os verdadeiros modelos a serem

seguidos.

83 As pessoas preferem receber ordens para não terem que assumir responsabilidade.

84 O excesso de preocupação com o bem-estar é encarado como prejudicial à empresa.

85 Os empregados costumam ser premiados quando alcançam metas pré-estabelecidas.

86 É muito difícil fazer carreira dentro da organização.

87Os empregados que se comprometem com a missão e os ideais da empresa tornam-se modelo para os

demais membros da organização.

88Existem normas que estabelecem o grau de participação dos empregados no processo de tomada de

decisões.

89A competição é valorizada, mesmo que de forma não sadia, porque o objetivo da empresa é a

produtividade e o lucro.

90 Os donos da empresa são admirados pelos empregados.

91 Metas pessoais,quando de grande valor, são incorporadas às metas organizacionais.

92 A ascensão profissional depende de sorte.

93 Procura-se eliminar a pessoa malvista.

94 A competição é vista como indispensável à obtenção de bons resultados. 

IBACO - Instrumento Brasileiro para Avaliação da Cultura Organizacional

Page 74: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

74

3. Tabelas IBACO e Dados Demográficos (Localidade, Grau de Instrução e

Cargo)

Localidade x IBACO Localidade x IBACO

Local 1 2 3 4 5 Local 1 2 3 4 5

CMC 2,9% 14,5% 36,8% 36,6% 9,0% CMC 5,3% 17,4% 34,3% 33,9% 9,1%

CMT 5,9% 16,6% 36,9% 32,6% 7,9% CMT 10,8% 21,8% 34,0% 23,5% 9,8%

CMA 8,2% 20,1% 38,0% 27,6% 6,1% CMA 4,4% 21,9% 34,9% 31,1% 7,7%

CIU 5,1% 19,6% 39,0% 28,0% 8,2% CIU 8,8% 22,0% 39,5% 23,9% 5,9%

CAJ 3,1% 15,1% 43,1% 35,3% 3,4% CAJ 4,6% 22,8% 41,4% 28,7% 2,4%

UPM 2,5% 7,3% 44,4% 40,0% 5,7% UPM 4,0% 18,0% 43,3% 28,7% 6,0%

CUB 5,0% 15,5% 45,1% 28,6% 5,9% CUB 5,0% 16,7% 47,6% 24,8% 6,0%

Instrução x IBACO Instrução x IBACO

Instrução 1 2 3 4 5 Instrução 1 2 3 4 5

Ensino Médio 5,9% 19,0% 36,8% 31,0% 7,4% Ensino Médio 6,2% 20,9% 35,3% 30,0% 7,7%

Técnico 6,4% 15,8% 35,1% 33,7% 9,0% Técnico 8,0% 18,6% 36,7% 27,0% 9,8%

Sup. Incompleto 4,4% 15,4% 44,4% 30,3% 5,4% Sup. Incompleto 6,0% 22,0% 40,4% 27,1% 4,5%

Sup. Completo 4,6% 17,5% 40,8% 31,6% 5,5% Sup. Completo 7,4% 21,9% 38,7% 26,8% 5,3%

Pós-Graduação 5,0% 16,7% 47,6% 24,8% 6,0% Pós-Graduação 6,7% 22,1% 49,2% 17,5% 4,6%

Cargo x IBACO Cargo x IBACO

Cargo 1 2 3 4 5 Cargo 1 2 3 4 5

Administrativo 4,3% 14,7% 41,5% 33,6% 5,9% Administrativo 5,3% 18,0% 41,4% 28,2% 7,1%

Operacional 5,0% 15,6% 38,6% 33,9% 6,8% Operacional 7,0% 20,7% 35,8% 29,3% 7,2%

Técnico 6,2% 17,1% 40,8% 27,6% 8,3% Técnico 6,8% 21,6% 38,2% 26,7% 6,6%

Superior 5,8% 20,1% 44,2% 24,5% 5,4% Superior 7,9% 24,3% 41,7% 21,4% 4,6%

Gestão 4,0% 17,0% 40,6% 33,9% 4,4% Gestão 6,5% 22,8% 35,0% 30,8% 5,0%

Média

Média

Média

Análises do Qui-Quadrado Valor Organizacional Profissionalismo Cooperativo Análises do Qui-Quadrado Valor Satisfação e bem-estar dos Servidores

Média

Média

Média

Localidade x IBACO Localidade x IBACO

Local 1 2 3 4 5 Local 1 2 3 4 5

CMC 15,5% 30,6% 31,5% 17,5% 4,9% CMC 10,2% 28,4% 32,9% 20,2% 7,7%

CMT 12,5% 27,7% 36,7% 19,2% 3,8% CMT 11,3% 22,1% 35,9% 21,7% 7,7%

CMA 8,5% 23,8% 37,8% 25,0% 4,3% CMA 5,9% 22,0% 38,7% 25,2% 5,8%

CIU 12,5% 23,2% 34,5% 25,6% 4,3% CIU 9,2% 22,1% 36,4% 26,1% 6,3%

CAJ 10,0% 30,1% 42,6% 15,5% 1,8% CAJ 6,7% 23,0% 45,7% 16,9% 3,5%

UPM 14,2% 31,7% 35,8% 15,8% 2,5% UPM 8,7% 37,2% 42,1% 12,3% 0,0%

CUB 12,0% 29,3% 37,3% 19,2% 2,3% CUB 6,9% 25,2% 42,8% 21,2% 3,9%

Instrução x IBACO Instrução x IBACO

Instrução 1 2 3 4 5 Instrução 1 2 3 4 5

Ensino Médio 10,5% 26,9% 34,5% 22,8% 5,2% Ensino Médio 7,5% 24,8% 38,5% 23,0% 6,2%

Técnico 14,4% 24,9% 35,3% 20,4% 5,1% Técnico 11,1% 25,2% 35,4% 21,6% 6,7%

Sup. Incompleto 10,8% 28,1% 39,9% 18,8% 2,4% Sup. Incompleto 8,4% 23,7% 40,1% 23,2% 4,6%

Sup. Completo 11,9% 29,6% 36,3% 20,0% 2,2% Sup. Completo 7,3% 25,5% 40,9% 20,5% 5,7%

Pós-Graduação 10,4% 25,0% 43,2% 17,7% 3,6% Pós-Graduação 6,1% 27,9% 45,5% 18,3% 2,2%

Cargo x IBACO Cargo x IBACO

Cargo 1 2 3 4 5 Cargo 1 2 3 4 5

Administrativo 12,8% 28,3% 38,3% 18,7% 2,0% Administrativo 7,5% 26,8% 39,2% 21,5% 4,9%

Operacional 13,9% 26,7% 34,3% 20,3% 4,7% Operacional 9,2% 24,6% 39,3% 20,9% 5,9%

Técnico 6,5% 29,1% 39,9% 21,6% 2,9% Técnico 8,2% 23,2% 37,1% 25,6% 5,9%

Superior 10,9% 28,8% 37,8% 20,1% 2,4% Superior 7,8% 25,5% 41,6% 19,6% 5,6%

Gestão 8,8% 23,1% 40,0% 22,2% 5,9% Gestão 6,3% 23,5% 39,4% 26,5% 4,2%

Análises do Qui-Quadrado Valor Rigidez na Estrutura Hierárquica do Poder

Média

Média

Média

Análises do Qui-Quadrado Valor Profissionalismo Competitivo e Individualista

Média

Média

Média

Page 75: mapeamento da cultura organizacional: um estudo de caso

75

Localidade x IBACO Localidade x IBACO

Local 1 2 3 4 5 Local 1 2 3 4 5

CMC 1,9% 7,1% 20,6% 48,0% 22,3% CMC 10,6% 25,6% 37,9% 20,9% 5,0%

CMT 5,2% 12,7% 27,4% 37,6% 17,0% CMT 8,4% 20,9% 33,0% 29,7% 7,9%

CMA 6,8% 20,7% 34,1% 30,6% 7,8% CMA 7,4% 20,7% 36,5% 26,3% 9,1%

CIU 7,6% 19,9% 31,6% 32,7% 8,2% CIU 7,0% 19,2% 38,3% 30,0% 5,6%

CAJ 3,2% 11,8% 35,7% 42,9% 6,3% CAJ 7,6% 24,9% 41,9% 23,3% 2,2%

UPM 1,2% 7,8% 38,0% 43,5% 9,4% UPM 6,7% 24,8% 44,8% 21,9% 1,9%

CUB 3,9% 13,2% 42,3% 33,7% 7,0% CUB 6,5% 18,0% 49,0% 23,3% 3,2%

Instrução x IBACO Instrução x IBACO

Instrução 1 2 3 4 5 Instrução 1 2 3 4 5

Ensino Médio 6,2% 17,6% 31,1% 34,2% 10,9% Ensino Médio 8,3% 20,5% 36,1% 27,2% 8,0%

Técnico 5,3% 13,1% 33,0% 35,1% 13,6% Técnico 7,3% 16,8% 42,3% 27,9% 5,6%

Sup. Incompleto 4,3% 14,0% 32,5% 41,3% 7,9% Sup. Incompleto 7,9% 22,7% 40,1% 26,3% 3,0%

Sup. Completo 4,1% 12,8% 33,5% 38,1% 11,6% Sup. Completo 8,2% 22,5% 40,5% 23,8% 5,0%

Pós-Graduação 2,9% 16,4% 39,5% 30,4% 10,8% Pós-Graduação 4,8% 20,8% 53,6% 16,7% 4,2%

Cargo x IBACO Cargo x IBACO

Cargo 1 2 3 4 5 Cargo 1 2 3 4 5

Administrativo 3,3% 12,0% 33,0% 41,1% 10,6% Administrativo 6,7% 20,4% 37,6% 29,9% 5,4%

Operacional 5,2% 14,5% 30,2% 39,0% 11,2% Operacional 7,9% 22,5% 38,3% 25,9% 5,4%

Técnico 5,9% 16,1% 32,4% 34,6% 11,0% Técnico 7,8% 19,6% 41,7% 25,8% 5,1%

Superior 5,1% 14,5% 36,7% 32,9% 10,8% Superior 8,4% 23,3% 42,2% 21,4% 4,7%

Gestão 4,0% 17,5% 37,2% 33,1% 8,2% Gestão 8,2% 17,1% 43,2% 24,3% 7,1%

Análises do Qui-Quadrado Prática Promoção do Relacionamento Interpessoal

Média

Média

Média

Análises do Qui-Quadrado Prática Integração Externa

Média

Média

Média

Localidade x IBACO

Local 1 2 3 4 5

CMC 13,4% 29,5% 33,0% 19,8% 4,2%

CMT 12,3% 25,0% 35,0% 21,8% 5,9%

CMA 7,5% 19,7% 37,5% 27,1% 8,2%

CIU 9,0% 16,5% 35,6% 30,8% 8,1%

CAJ 9,9% 32,3% 42,4% 14,2% 1,3%

UPM 5,6% 31,8% 45,1% 12,3% 5,1%

CUB 6,5% 22,2% 45,5% 22,0% 3,8%

Instrução x IBACO

Instrução 1 2 3 4 5

Ensino Médio 8,6% 21,1% 37,9% 25,1% 7,3%

Técnico 8,7% 22,5% 35,0% 26,0% 7,8%

Sup. Incompleto 9,5% 24,7% 39,2% 22,2% 4,5%

Sup. Completo 10,4% 26,1% 40,2% 19,9% 3,3%

Pós-Graduação 7,4% 26,0% 44,9% 19,2% 2,6%

Cargo x IBACO

Cargo 1 2 3 4 5

Administrativo 6,2% 23,3% 41,0% 22,9% 6,6%

Operacional 10,5% 23,6% 38,2% 22,0% 5,7%

Técnico 10,0% 23,4% 35,5% 25,3% 5,8%

Superior 10,4% 27,1% 40,5% 19,1% 3,0%

Gestão 7,5% 20,2% 37,1% 29,8% 5,4%

Análises do Qui-Quadrado Prática Recompensa e Treinamento

Média

Média

Média