MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das...

99
1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE E SOCIEDADE INVESTIGAÇÃO DOS DETERMINANTES DA INFECÇÃO CHAGÁSICA GESTACIONAL EM SEVERIANO MELO - RN, BRASIL MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO MOSSORÓ RN 2015

Transcript of MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das...

Page 1: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

FACULDADE DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE

MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE E SOCIEDADE

INVESTIGAÇÃO DOS DETERMINANTES DA INFECÇÃO

CHAGÁSICA GESTACIONAL EM SEVERIANO MELO - RN,

BRASIL

MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO

MOSSORÓ – RN

2015

Page 2: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

2

MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO

INVESTIGAÇÃO DOS DETERMINANTES DA INFECÇÃO

CHAGÁSICA GESTACIONAL EM SEVERIANO MELO - RN,

BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade, na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), como requisito para obtenção do grau de Mestre em Saúde e Sociedade. Orientador: Prof. Dr. Wogelsanger Oliveira Pereira.

MOSSORÓ- RN

2015

Page 3: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

Barreto, Márcio Adriano Fernandes

Investigação dos determinantes da infecção chagásica gestacional em Severiano Melo - RN, Brasil. / Márcio Adriano Fernandes Barreto – Mossoró, RN, 2015. 98 p. Orientador: Prof. Dr. Wogelsanger Oliveira Pereira. Dissertação (Mestrado em Saúde e Sociedade.). Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Faculdade de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade

1. Doença de Chagas – Gestantes. 2. Epidemiologia. 3. Triatominae. I.Pereira, Wogelsanger Oliveira II.Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. III. Título.

UERN/BC CDD 616.9363

Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

Bibliotecária: Jocelania Marinho Maia de Oliveira – CRB 15 319

Page 4: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

3

INVESTIGAÇÃO DOS DETERMINANTES DA INFECÇÃO

CHAGÁSICA GESTACIONAL EM SEVERIANO MELO – RN,

BRASIL

Mestrando e pesquisador responsável

Márcio Adriano Fernandes Barreto

Orientador

Prof. Dr. Wogelsanger Oliveira Pereira

Faculdade de ciências da saúde FACS/ UERN

Período de vigência

29.04.2013 A 29.03.2015

MOSSORÓ-RN

2015

Page 5: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

4

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

FACULDADE DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE

MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE E SOCIEDADE

A COMISSÃO ABAIXO ASSINADA APROVA A

DISSERTAÇÃO INTITULADA

INVESTIGAÇÃO DOS DETERMINANTES DA INFECÇÃO

CHAGÁSICA GESTACIONAL EM SEVERIANO MELO- RN, BRASIL

ELABORADA POR

MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO

COMO REQUISITO FINAL PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE

MESTRE EM SAÚDE E SOCIEDADE

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Wogelsanger Oliveira Pereira (Orientador) – UERN _____________

Prof. Dr. Paulo Cesar Moura da Silva (Membro externo) – URFESA _____________

Prof. Dr. Eudes Euler de Souza Lucena (Membro interno) – UERN _____________

MOSSORÓ-RN

2015

Page 6: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

5

DEDICATÓRIA

Em primeiro lugar, A Deus, nosso pai celeste, por tudo

que tem feito em minha vida, sendo o nosso mentor

maior, sem ele não seria possível.

Aos meus pais, que souberam cultivar minha integridade

e perseverança, incentivando sempre para o caminho da

honestidade, do trabalho e do amor para com o próximo.

A minha esposa, Narla Alaíde e, meu filho, Yuri, pelo

amor, apoio e incentivo, sabendo compreender os

momentos de maiores dificuldades, sendo eles, a razão

de todo meu esforço.

A memória do meu tio José de Arimatéia, minha avó

Ozelita, minhas tias Carmelita e Docarmo e meu avô

Dermival, que foram referência para minha vida.

A minha família, irmãos, primos e tios que são minha base

de sustentação.

Page 7: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

6

AGRADECIMENTOS

Em especial ao Professor Dr. Wogelsanger que de forma tolerante, persistente e

incentivadora, soube conduzir de maneira brilhante todo o processo de construção

deste estudo, dando a sustentação e a consolidação para a execução deste estudo.

Com o seu espirito científico permitiu meu crescimento acadêmico.

Em especial aos Professores Cléber Mesquita, Antônia Claudia e Ellany Gurgel,

fundamentais na escolha do tema da minha dissertação e apoio incondicional.

Aos membros do grupo de pesquisa, Jocileide, Marília, Júlia, Emídio, Renan, Adolfo,

Matheus e Clerton, pela colaboração nas ações de campo e laboratoriais. Em

especial, ao amigo Antônio Carlos de Medeiros pelo seu apoio incondicional, sendo

imprescindível no desenvolvimento deste projeto.

Aos meus colegas/amigos do departamento de Enfermagem, que deram o total

apoio na minha liberação. Em especial ao Amigo prof. Marcelo Viana da Costa.

Ao serviço de saúde de Severiano Melo, pela disponibilidade da realização da coleta

de dados, das coordenadas geográficas e das amostras biológicas. Assim como as

gestantes que participaram desta pesquisa.

Aos professores José Wilton e Franklin Roberto, pelo apoio e colaboração.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação Saúde e Sociedade, que

contribuíram para o saber científico e aos colegas do mestrado, pelo o apoio.

Aos meus primos Mari Cletânia e Ivanildo, pelo apoio e acolhida em sua casa.

A Deus, obrigado por tudo.

Page 8: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

7

SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

I INTRODUÇÃO......................................................................... 16

1.1 O PROBLEMA......................................................................... 18

1.2 OBJETIVOS............................................................................. 20

1.2.1 Objetivo Geral.......................................................................... 20

1.2.2 Objetivos específicos............................................................... 20

1.3 JUSTIFICATIVA....................................................................... 20

II REVISÃO DE LITERATURA................................................... 22

2.1 Descoberta da doença de Chagas........................................... 22

2.2 Panorama atual da doença de Chagas.................................... 23

2.3 Epidemiologia da DCh no Nordeste......................................... 25

2.4 Infecção Chagásica em gestante e a transmissão vertical...... 27

2.5 Geoprocessamento em saúde................................................. 31

III METODOLOGIA....................................................................... 33

3.1 Caracterização da área de estudo........................................... 33

3.2 Delineamento do Estudo.......................................................... 36

3.3 Critérios de inclusão e exclusão............................................... 37

3.4 Plano amostral......................................................................... 37

3.5 Investigação laboratorial.......................................................... 38

3.6 Captura/investigação dos triatomíneos................................... 41

3.7 Coleta das coordenadas geográficas e análise espacial......... 41

3.8 Aspectos éticos........................................................................ 42

3.9 Análises de dados.................................................................... 43

IV RESULTADOS......................................................................... 44

4.1 Caracterização da população de estudo.................................. 44

4.2 Investigação da soropositividade da infecção chagásica em

gestantes..................................................................................

50

4.3 Instrumento de rastreio sorológico em gestantes e mulheres

em idade fértil...........................................................................

51

4.4 Descrição dos triatomíneos capturados pelo PCDh................ 54

Page 9: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

4.5 Fatores associados à infestação dos triatomíneos nos

domicílios.................................................................................. 55

4.6 Análise espacial........................................................................ 58

V DISCUSSÃO............................................................................ 62

VI CONCLUSÕES E SUGESTÕES.............................................. 75

VII REFERÊNCIAS........................................................................ 78

VIII ANEXOS................................................................................... 89

Anexo 1 – Parecer consubstanciado do comitê de ética......... 89

Anexo 2 – Termo consentimento livre e esclarecido............... 92

Anexo 3 – Roteiro da entrevista.............................................. 94

Anexo4 – Instrumento de coleta dos indicadores de

infestação domiciliar dos triatomíneos.................................... 96

Anexo 5 – Planilha do Programa de Controle de Doença de

Chagas (PCDCh)..................................................................... 97

Anexo 6 – Instrumento de rastreio sorológico para infecção

chagásica em gestantes e mulheres em idade fértil............... 98

Page 10: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Prevalência da infecção chagásica em gestantes dos principais

estudos realizados no Brasil ............................................................

29

Tabela 2 Distribuição das variáveis sócio demográficas das gestantes do

município de Severiano Melo/RN,

2015...............................................................................................

45

Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN, 2015..................

46

Tabela 4 Caracterização das condições de saúde das gestantes do município de Severiano Melo/RN, 2015........................................

47

Tabela 5 Caracterização dos indicadores biológicos da doença de Chagas

em gestantes do município de Severiano

Melo/RN............................................................................................

48

Tabela 6 Caracterização do conhecimento das gestantes do município de

Severiano Melo/RN acerca da doença de Chagas .........................

49

Tabela 7 Ocorrência da infecção chagásica nas variáveis do

estudo...............................................................................................

51

Tabela 8 Distribuição da razão de prevalência da infecção chagásica nas

principais variáveis em relação à prevalência geral da infecção

chagásica em gestantes no município de Severiano Melo/RN........

52

Tabela 9 Distribuição dos pesos nas principais variáveis adotadas como

critérios do rastreio sorológico para infecção chagásica em

gestantes e mulheres em idade fértil em Severiano

Melo/RN............................................................................................

53

Tabela 10 Triatomíneos sinantrópicos capturados pelo Programa do

Controle da Doença de Chagas de Severiano Melo, 2013..............

54

Tabela 11 Caracterização dos indicadores de infestação domiciliar de

triatomíneos nos domicílios investigados ........................................

55

Tabela 12 Associação entre a presença da variável de infestação de

triatomíneos e a presença ou não do triatomíneo em domicílios de

áreas em Severiano Melo/RN.......................................................

57

Page 11: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapa distribuído em mesorregiões do Estado Rio Grande do

Norte, com destaque para o município de Severiano

Melo/RN.................................................................................

34

Figura 2 Domicílio no ecótopo da vegetação da espécie carnaúba no

sítio Gitirana, Severiano Melo/RN............................................

35

Figura 3 Anexo para criação de ovinos e caprinos encontrados no sítio

Gitirana, Severiano Melo/RN....................................................

35

Figura 4 Domicílio utilizado como armazém para acondicionamento de

implementos agrícolas e pecuários...........................................

36

Figura 5 Fluxograma do delineamento do inquérito sorológico em

gestantes e captura de triatomíneos com

georreferenciamento...................................................................

37

Figura 6 (A) Reação reativa da imunofluorescência indireta para

infecção chagásica; (B) Placa de ELISA com amostras

reativas e não reativas e (C) reação de hemaglutinação

indireta........................................................................................

40

Figura 7 Fluxograma dos exames com as gestantes (modificado do

Ministério da saúde, 2005).........................................................

40

Figura 8 Distribuição de frequência da idade das gestantes

participantes do inquérito sorológico em Severiano

Melo/RN......................................................................................

44

Figura 9 Fluxograma da distribuição dos resultados dos testes

sorológicos realizados com as gestantes do município de

Severiano Melo/RN, 2014...........................................................

50

Figura 10 Distribuição dos indicadores de infestação domiciliar de

triatomíneos e seus respectivos Odds-Ratios e intervalos de

confiança....................................................................................

58

Figura 11 Análise espacial utilizando a função Gcross estimando a

menor distância entre um domicílio de uma gestante e um

domicílio infestado com triatomíneo...........................................

59

Page 12: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

Figura 12 Mapa com a distribuição dos pontos vermelhos os domicílios

com a presença de triatomíneos e domicílios das gestantes

(azuis) em Severiano Melo/RN................................................... 60

Figura 13 Distribuição dos domicílios infestados e não infestados com

triatomíneos formando um buffer de 200 metros na

intersecção entre dos dois conjuntos......................................... 61

Figura 14 A soroprevalência da infecção chagásica em gestantes do

município de Severiano Melo/RN, 2015 (vermelho),

comparada aos principais estudos realizados no Brasil. Fonte:

(MARTINS-MELLO et al., 2014)................................................ 69

Page 13: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

12

LISTA DE ABREVIAÇÕES

AIDS Síndrome da imunodeficiência adquirida

BHC Hexaclorcicloexano

BIOMOL Laboratório de Bioquímica e Biologia molecular

CEP/UERN Comitê de ética e Pesquisa da Universidade do Estado do Rio

Grande do Norte

IC Intervalo de confiança

DCh Doença de Chagas Humana

DNT Doenças Tropicais Negligenciadas

DO Densidade óptica

ELISA Ensaio imunoenzimático ligado a enzima

EDTA Ácido etlilenodiamino tetracético

FACS Faculdade de Ciências da Saúde

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

GPS Global Position System (Sistema de Posicionamento Global)

HAI Hemaglutinação Indireta

IFI Imunofluorescência Indireta

IgG Imunoglobulina G

mL Mililitro

OMS Organização Mundial de Saúde

OPAS Organização Panamericana de Saúde

PB Paraíba

PCDCh Programa de Controle da Doença de Chagas

PCR Reação em cadeia da polimerase

PE Pernambuco

RIFI Reação de Imunofluorescência Indireta

RN Rio Grande do Norte

Rpm Rotações por minutos

T. cruzi Trypanossoma cruzi

T. brasiliensis Triatoma brasiliensis

T.

pseudomaculata

Triatoma pseudomaculata

Page 14: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

13

TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido

UERN

UTM

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Universal Transversa de Mercator

μL Microlitro

Page 15: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

14

RESUMO

A doença de Chagas vem reduzindo seus coeficientes de prevalência, devido ao controle das vias de transmissão vetorial e transfusional. No entanto, a via da transmissão vertical continua sendo negligenciada. Deste modo, torna-se preocupante a inexistência de estudos e a ausência de políticas voltadas para infecção chagásica em gestantes na área de estudo. O estudo objetivou a investigação dos determinantes da infecção chagásica em gestantes do município de Severiano Melo/RN. Trata-se de um estudo transversal que realizou um inquérito soroepidemiológico em 67 gestantes que frequentaram o pré-natal do município. A soropositividade da infecção chagásica foi detectada pela técnica de ELISA, HAI e IFI. Paralelo a isso, foi realizado a identificação de domicílios positivos para a presença do triatomíneo. Para tanto, coletou-se as coordenadas geográficas e os indicadores de infestação domiciliar de triatomíneos em 134 domicílios. Dos quais 67 domicílios pertenciam as gestantes e 67 domicílios identificados pelo Programa de Controle da Doença de Chagas (PCDCh). O projeto foi submetido e aprovado pelo CEP/UERN. A população teve como características predominantes, mulheres com idade média de 24,79 +/- 6,55 anos, maioria com nível de escolaridade do ensino médio, com baixo nível socioeconômico e provenientes de áreas de risco. A soroprevalência da infecção chagásica foi de 1,5% IC. Quanto aos triatomíneos capturados foi identificado as espécies T. brasiliensis (60%) e T. pseudomaculata (40%). O T. brasiliensis foi à espécie de maior ocorrência no ambiente intradomiciliar. Entretanto, o T. pseudomaculata apresentou-se exclusivamente no ambiente peridomiciliar. Dentre os indicadores de infestação domiciliar dos triatomíneos destacaram-se os domicílios habitados como um fator de proteção contra a infestação dos triatomíneos. Por outro lado, amontoado de madeira, tijolo/telha, palha e criação de animais no entorno do domicílio contribuem para prevalência de fatores associados à infestação de triatomíneos. A análise espacial demonstrou que 76% dos domicílios das gestantes da zona rural apresentam-se em risco da infestação dos triatomíneos, estando sob-risco da infecção, uma vez que a gestante infectada residia nesta área. Por fim, mediante a necessidade de adoção de medidas foi confeccionado um instrumento de rastreio sorológico da infecção para gestantes e mulheres em idade fértil, no sentido de contribuir para um controle mais rígido e mais ativo contra a infecção chagásica.

Palavras chave: Doença de Chagas; Gestantes; Epidemiologia; Triatominae.

Page 16: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

15

ABSTRACT

Chagas disease has been reducing its prevalence rates, due to the control of the routes of transmission vector and transfusion. However, through vertical transmission remains neglected. Thus, it is worrying the lack of studies and the absence of policies for Chagas infection in pregnant women in the study area. The study aimed at investigating the determinants of Chagas infection in pregnant women in the municipality of Severiano Melo / RN. This is a cross-sectional study conducted a seroepidemiological survey in 67 pregnant women who attended prenatal municipality. The seropositivity of Chagas infection was detected by technique ELISA, HAI and IFI. Parallel to this was carried out to identify positive for the presence of households triatominae. for both, collected up the geographical coordinates and rate of triatomine infestation in 134 households. Of which 67 households belonged pregnant women and 67 households identified by the Control Program of Chagas Disease (PCDCh). The project was submitted and approved by the CEP / UERN. The population had as predominant characteristics, women with a mean age of 24.79 +/- 6.55 years, most with high school, low socioeconomic status and from risk areas. The seroprevalence of T. cruzi infection was 1.5% CI. As for the triatomine captured species was identified T. brasiliensis (60%) and T. pseudomaculata (40%). The T. brasiliensis was the most occurrence species Intradomestic environments, showing a strong power of synanthropy. However, T. pseudomaculata presented exclusively on peridomestic environment. Among the indicators house infestation of the triatomine has highlighted the dwellings as a protective factor against the infestation of the triatomine. On the other hand, wood pile, brick / tile, straw and livestock in the vicinity of the home contribute to the risk of triatomine infestation. Spatial analysis showed that 76% of the homes of pregnant women from rural areas present themselves at risk of infestation of the insects, being under-risk of infection, since the infected woman who lived in this area. Finally, by the need to adopt measures was made a serologic screening instrument of infection for pregnant women and women of childbearing age in order to contribute to tighter control and more active against T. cruzi infection.

Keywords: Chagas disease; epidemiology; Pregnant women; Triatominae.

Page 17: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

16

I INTRODUÇÃO

A trypanossomíase Americana, conhecida como doença de Chagas (DCh) foi

descoberta em 1909, pelo pesquisador brasileiro Carlos Chagas (CHAGAS, 1909),

sendo causada pelo protozoário flagelado Trypanossoma cruzi. A infecção ocorre

principalmente pelas fezes contaminadas do vetor (triatomíneo) que entra em

contato com lesão na pele ou mucosa. Outras formas de transmissão são as

transfusões de sangue infectado, transmissão oral por alimentos contaminados,

transmissão vertical a partir de mães infectadas, transplantes de órgãos e acidentes

em laboratório (NUNES et al., 2013).

A doença manifesta-se em duas fases, tendo inicio pela fase aguda, que se

caracteriza pelo alto índice de parasita na corrente sanguínea, que na maioria dos

casos apresentam sintomas inespecíficos. No entanto, dependendo do local da

picada pode apresentar desde sinais na pele (chagoma), lesão nas pálpebras (sinal

de Romaña) e febre durante algumas semanas (OMS, 2012).

A baixa dos parasitas na corrente sanguínea e a invasão dos tecidos-alvo

caracteriza a fase crônica. Durante essa fase pode ser identificado diversas formas

clínicas, dentre elas a forma indeterminada ou assintomática que é a mais

prevalente, a forma cardíaca ocorre em 30% dos casos, a forma digestiva que

provoca lesões digestivas, principalmente no esôfago e intestino e a forma mista

(cardíaca e digestiva) que pode ocorre em até 10% (CLARK et al., 2015; NUNES et

al., 2013).

A doença de Chagas constitui-se a parasitose de maior morbidade na América

Latina. Estima-se que 10.000 mortes por ano aconteçam em virtude da doença,

sendo atualmente considerada uma das principais doenças tropicais negligenciadas,

que mesmo passado mais de um século de sua descoberta, ainda assume papel de

destaque nos desafios a serem enfrentados pela saúde pública (OMS, 2010).

A maioria dos casos concentra-se em áreas endêmicas, em países da

América Latina, que apresentam condições determinantes e condicionantes -

vetores, hospedeiros e reservatórios - com 5,7 milhões de infectados, sendo que 70

milhões de pessoas expostas ao risco de serem infectadas (BESTETTI, 2014;

KIRCHHOFF, 2011; OMS, 2015). Tal área encontra-se distribuída desde o sul dos

Estados Unidos ao sul da Argentina e Chile, que inclui seus reservatórios e vetores.

Page 18: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

17

Atualmente, estima-se que no mundo haja 10 milhões de pessoas com a infecção

por T. cruzi (BESTETTI, 2014; COURA & DIAS, 2009; OMS, 2012).

No continente Americano existe mais de 130 espécies de vetores em potencial

para T. cruzi. No Brasil, são 52 espécies de triatomíneos, sendo cinco as que

apresentam importância epidemiológica, devido ao seu potencial de domiciliação

(FORATTINI, 1980; DIAS & MACEDO, 2005; COURA, 2008). Já os reservatórios

silvestres apresentam uma grande diversidade, que vão desde morcegos a

roedores. Entre os domésticos, destacam-se cães e gatos (LIMA et al., 2014; DIAS

& MACEDO, 2005; COURA, 2008).

Nas últimas décadas o perfil da distribuição da doença de Chagas tem

mostrado um deslocamento devido a movimentos migratórios, que levam tanto a

urbanização como a globalização da doença. Durante vários anos a infecção era

conhecida somente no continente Americano, principalmente na América Latina,

mas tem sido cada vez mais identificada em países não endêmicos como: Canadá,

Estados Unidos, Austrália, Japão, Suíça, Espanha, França, Bélgica, Itália, Reino

Unido, Portugal, Suécia e entre outros países da Europa. A transmissão nestas

áreas é decorrente da via vertical, transfusão sanguínea e de transplantes (OMS,

2010; NUNES et al., 2013; RIBEIRO et al., 2012).

As mudanças no perfil de distribuição da DCh representa um sério desafio

para a saúde pública. O surgimento em áreas não endêmicas onde os profissionais

de saúde apresentam pouco conhecimento ou experiência em relação à clínica,

epidemiologia e controle da doença, precisa ser alvo de atenção. Paralelo a essa

realidade estudos vêm mostrando o custo substancial com o tratamento da doença,

na Colômbia, onde Castillo-Riquelme (2008) calculou os gastos com o cuidado

médico para os pacientes que desenvolveram a condição crônica. O valor dos

gastos com a doença é 50 vezes maior que as medidas de melhoria das condições

de moradia que deveriam ser priorizada em função da transmissão vetorial e

atividades de pulverização. A doença torna-se uma preocupação crescente em

relação a sua carga econômica global, e Lee et al. (2013) demonstrou que os custos

globais podem chegar a 7.190 milhões de dólares/ano, superior a muitas doenças de

importância em nível mundial.

No Brasil mesmo com os programas de controle vetorial e a triagem sorológica

em bancos de sangue, sendo iniciados há década, estima-se que atualmente ainda

existam 1,1 milhões de infectados, destes 119.000 são mulheres em idade fértil.

Page 19: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

18

Acredita-se que pelo menos 60% dos infectados estejam vivendo na zona urbana,

resultando numa maior demanda de atenção à saúde, levando a um maior custo

médico e social (COURA, 2005; OMS,2015).

No inquérito da DCh em seres humanos realizado em 1975-1980, o brasil

apresentou uma prevalência de 4,2%, já o nordeste brasileiro apresentou

prevalência de 3,04%, sendo 1,78% no Rio Grande do Norte (RN) (SILVEIRA et al.,

2011). Entretanto estudos mais recentes realizados por Brito et al. (2012), esta

distribuição mostrou-se assimétrica quando comparada as mesorregiões e

respectivos municípios do RN, a saber, a mesorregião oeste apresentou uma

prevalência de 6,5%, chegando a valores de 10,4 % de infecção chagásica no

município de Severiano.

1.1 O PROBLEMA

No cenário atual de controle vetorial e de triagem sorológica em bancos de

sangue da infecção chagásica, ganha destaque a transmissão vertical, que requer

ferramentas adequadas para o diagnóstico e acompanhamento da infecção

(ARAÚJO, et. al., 2009). Esta forma de transmissão encontra-se associada

diretamente ao índice de prevalência da DCh em gestantes e outros fatores ainda

pouco conhecidos (DIAS & AMATO NETO, 2011).

O índice da infecção chagásica em gestante oscila de acordo com as regiões

estudadas, estando relacionadas ao grau de endemicidade da área (MOYA &

MORETTI, 1997). O processo de verticalização da infecção chagásica não é restrito

apenas as áreas rurais, mas sua ocorrência está também relacionada às áreas

urbanas sem transmissão vetorial, em decorrência de processos migratórios

(KIRCHOFF, 1993).

No entanto, o aumento da mobilidade populacional tem levado ao surgimento

da DCh em áreas não endêmicas. Uma grande proporção de imigrantes

provenientes da América Latina são mulheres, o que torna evidente a maior

preocupação no risco de transmissão de mães infectadas para os seus filhos

(OLIVEIRA et al., 2010). Tais mobilidades tem levado a expansão da DCh para

outros países, como Espanha, França, Japão, Austrália e Suíça (OMS, 2009).

Vale destacar que a transmissão vertical pode acontecer em qualquer fase da

doença: aguda ou crônica. A transmissão pode dar-se em qualquer período da

Page 20: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

19

gestação, sendo mais provável no último trimestre, ou ocorrer durante a passagem

do canal do parto, pelo contato das mucosas do feto com o sangue da mãe infectada

(BRASIL, 2009). No entanto esta via permanece ainda de forma negligenciada nos

dias atuais e os portadores desinformados constituem um fator limitante para o

controle da doença (ARAUJO et al., 2009).

Nesta perspectiva a infecção chagásica em gestantes constitui-se uma

problemática a ser discutida pelos serviços de saúde de áreas endêmicas. A falta de

diagnóstico precoce pode ser um motivo de preocupação. Segundo o consenso

brasileiro de doença Chagas, as estratégias mais importantes para detecção da

transmissão vertical da Dch, em saúde pública, é a inserção do programa de triagem

da transmissão vertical da DCh, que pode ser feito por meio do exame de sangue no

pré-natal da gestante e/ou através do exame na triagem neonatal (BRASIL, 2005 b).

O rastreio da triagem sorológica no pré-natal e nas crianças nascidas de mães

com sorologia positiva para T. cruzi, torna-se uma ferramenta imprescindível a ser

adotada em áreas de risco para a identificação da infecção em gestantes e mulheres

em idade fértil, na perspectiva de monitorar a transmissão vertical, sobretudo, o

tratamento precoce da infecção congênita, podendo prevenir a progressão da

doença, aumentando as chances de cura da maioria dos casos.

É consenso que a DCh congênita é muito vulnerável ao tratamento específico

com as drogas hoje disponíveis (nifurtimox e benzonidazol) com cura acima de 90%

dos tratados e com mínimos de efeitos colaterais. Os pacientes tratados e seguidos

por muitos anos mostraram boa resposta terapêutica e nenhuma sequela clínica ou

imunológica da infecção em longo prazo (CALIER, 2005; LUQUETI, 2000).

A prevenção da DCh congênita se resume na detecção do caso e seu

tratamento específico, o mais precocemente possível, sendo ideal iniciar o

acompanhamento ainda na gravidez, através de provas sorológicas em gestantes

com suspeita clínica ou de áreas endêmicas. Os recém-nascidos das mães

infectadas seriam pesquisados ao nascer, pela detecção de parasitas no sangue. A

observação microscópica de sangue a fresco entre lâmina e lamínula pode

facilmente revelar a presença de parasitas devido à sua motilidade. Quando a carga

parasitária é baixa, torna-se necessário um método de concentração, através do

exame do creme leucocitário ou método do micro hematócrito. Nos resultados com

presença do parasito trata-se imediatamente. Nos casos de ausência do parasita,

faz-se a sorologia convencional para identificar os anticorpos não maternos no

Page 21: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

20

período de 6 e 9 meses, sendo necessário excluir outras formas de transmissão

(BRASIL, 2005 b; DIAS, NETO e LUNA 2011).

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Investigar os determinantes da infecção chagásica em gestantes do município

de Severiano Melo/RN.

1.2.2 Objetivos Específicos

Descrever o perfil epidemiológico das gestantes participantes do estudo;

Investigar a soroprevalência da infecção chagásica em gestantes;

Caracterizar o perfil dos triatomíneos capturados pelo programa de controle

da doença de Chagas no município de Severiano Melo/RN;

Associar os determinantes da infestação domiciliar com a presença de

triatomíneos na região de estudo;

Elaborar instrumento de rastreio sorológico para infecção chagásica em

gestantes e mulheres em idade fértil.

1.3 JUSTIFICATIVA

A pesquisa se justifica pelo cenário apresentado na mesorregião Oeste do

RN, onde a soroprevalência para infecção chagásica atinge 6,5%, chegando até

mesmo a valores alarmantes de 10,4% no município de Severiano Melo/RN,

mostrando a necessidade de dar a adequada visibilidade a esta problemática.

A área é considerada de risco, tendo em vista estudo realizado por Câmara

(2008) mostrando a existência de espécies de triatomíneos comprovadamente

Page 22: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

21

autóctones ou potencialmente transmissoras do T. cruzi confirmada pela presença

constante de T. brasiliensis e T. pseudomaculata. Nessa área ainda não existem

estudos acerca da soroprevalência em gestantes, e o desconhecimento acerca das

políticas de controle para a via de transmissão vertical da infecção torna-se

preocupante.

Nesse sentido, trabalhar com os fatores associados à infecção chagásica

gestacional em município da mesorregião oeste do Rio Grande do Norte é

necessário como um modelo estratégico para o controle da via de transmissão

vertical. Nesta perspectiva, torna-se imprescindível conhecer esses fatores em

gestantes de área considerada endêmica, além de preencher uma lacuna que se

encontra aberta.

Trata-se de uma pesquisa inovadora na região, na medida em que contribui, a

partir dos dados analisados, para o conhecimento do potencial da infecção neste

segmento, subsidiando a elaboração de estratégias que garantam uma atenção

integral voltada para a gestante portadora da infecção chagásica. Por outro lado

permite ações estratégicas voltadas ao recém-nascido no sentido de assegurar um

acompanhamento precoce com possibilidades de cura da doença.

Nossa expectativa é que esse estudo consiga mostrar a prevalência dos

fatores associados a infecção chagásica em gestantes, bem como um

enfrentamento mais resolutivo, ancorando-se nos achados de Gontijo et al. (2009)

ao afirmar que os exames sorológicos para detecção da infecção chagásica materna

devem ser incluídos entre os exames de rotina do pré-natal nos municípios com

prevalência superior a 5% para a infecção chagásica.

Page 23: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

22

II REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A DESCOBERTA DA DOENÇA DE CHAGAS

A doença de Chagas originou-se há milhões de anos atrás, como uma

infecção enzoótica de animais silvestres, e começou a ser transmitida aos seres

humanos como uma antropozoonose quando invadiu ecótopos silvestres. Embora a

prova de infecção humana tenha sido encontrada em múmias até 9.000 anos de

idade, doença de Chagas endêmica se estabeleceu como uma zoonose somente

nos últimos 200-300 anos (COURA & DIAS, 2009).

No entanto, seu marco histórico somente teve início em 1907, quando Carlos

Justiniano Ribeiro Chagas, é incumbido pelo diretor Dr. Oswaldo Gonçalvez Cruz

para executar a campanha anti-palúdica nos serviços de construção da Estrada de

Ferro Central do Brasil, na região norte de Minas Gerais. Neste local, foram obtidas

as primeiras informações acerca da existência do inseto hematófago (CHAGAS,

1909). A descoberta culmina em 1909, na cidade mineira de Lassance, por Carlos

Chagas, médico e pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (KROPF, 2005).

Através de diversos estudos durante sua estada em Lassance, conseguiu em

pouco tempo elucidar os elementos relacionados ao ciclo do parasita, descrevendo

os aspectos relacionados ao agente etiológico, ao vetor, aos reservatórios

domésticos e silvestres. Bem como conheceu os efeitos que a infecção provocava

no organismo humano. Carlos Chagas tinha 27 anos quando foi a Lassance, e não

havia completado 30 quando divulgou sua descoberta (COURA & DIAS, 2009).

Com a descoberta, Carlos Chagas foi nomeado membro da Academia

Nacional de Medicina. No entanto uma década depois seu feito foi questionado pela

mesma Academia que o nomeou, contestando a existência patogênica da doença

(COURA & DIAS, 2009; COUTINHO & DIAS, 1999). Somente em 1933, se deram

conta que milhares de pessoas morriam da doença de Chagas em Belo Horizonte,

sem ter um diagnóstico prévio (COUTINHO & DIAS, 1999).

Neste cenário as ações de controle da doença no Brasil tiveram seu marco na

década de 1940, com a criação do Centro de Estudos da Fundação Oswaldo Cruz,

na cidade de Bambuí, Minas Gerais. Esta criação estimulou interesse pelo estudo e

atualização dos conhecimentos sobre a DCh no Brasil. Estudos realizados na

Page 24: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

23

década de 1940 e 1950 com inseticida hexaclorocicloexano (BHC) mostraram que

poderiam controlar o vetor doméstico, sendo criado na década 1950 o departamento

de endemias rurais, no entanto somente na década de 1980 que o controle da

doença de Chagas foi estabelecida no Brasil de forma regular e contínua, expandido

posteriormente para os países do Cone Sul (COURA & DIAS, 2009).

2.2 PANORAMA ATUAL DA DOENÇA DE CHAGAS

A DCh representa um grave problema de saúde pública na América Latina. O

processo de globalização mudou o perfil epidemiológico da doença, sendo

encontrada na Europa e Japão, constituindo-se assim um problema de saúde

pública global (GASCON, VILASANJUAN E LUCAS, 2014).

A doença é a zoonose parasitária mais importante na América Latina.

Atualmente ocupa um lugar de importância como a quarta causa de incapacidade

entre as morbidades, perdendo apenas para as doenças respiratórias, diarreia e HIV

/AIDS. Encontra-se entre as seis enfermidades prioritárias para pesquisa de

tratamento e controle de doenças tropicais, tendo em vista sua extensão em 17

países da América Latina (PEREZ, 2010).

Estima-se que 10 milhões de pessoas estejam infectadas em todo o mundo,

principalmente na América Latina onde a doença é considerada endêmica. Mais de

70 milhões de pessoas estão em risco da doença. Apesar da ocorrência da doença

principalmente na América Latina, nas últimas décadas, têm sido cada vez mais

detectados nos Estados Unidos, Canadá e muitos países europeus. Isto se deve

principalmente a mobilidade da população entre a América Latina e o resto do

mundo, devido à transmissão através de transfusão de sangue, doação de órgãos

ou transmissão vertical (OMS, 2012).

A Espanha ocupa o segundo lugar, perdendo apenas para os Estados Unidos

na lista de países que mais recebem migrantes da América Latina, e é o país

europeu com a maior prevalência da doença de Chagas, representando, portanto,

um desafio em termos de saúde pública (NAVARRO et. al., 2012). Estima-se que 2

milhões de latino-americanos vivam hoje nos Estados Unidos, 300.000 na Europa,

150.000 no Japão e 80.000 na Austrália (SOUZA, RAMIREZ e BORDIN, 1997).

O pacto Andino e da Amazônia são iniciativas intergovernamentais com a

Organização Pan-Americana da Saúde, que levaram à redução da transmissão

Page 25: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

24

vetorial doméstica. Além disso, o risco de transmissão por transfusão sanguínea foi

substancialmente reduzido em toda América Latina. No entanto a Organização

Mundial de Saúde apresenta desafios adicionais a serem enfrentados: a

sustentabilidade, mantendo e consolidando os avanços de controle; surgimento da

DCh em regiões anteriormente considera livre da patologia e acesso a diagnóstico, e

tratamento a milhões de pessoas infectadas (OMS, 2012).

As medidas de controle vetorial no Brasil adquiriram um caráter mais

sistematizado a partir da década de 1970, devido à realização prévia de dois

relevantes inquéritos nacionais. Sendo um de cunho epidemiológico e outro

entomológico, que permitiu a delimitação das áreas de risco para transmissão

vetorial no país. Estas ações chegaram a certificação da interrupção da transmissão

da doença de Chagas pelo principal vetor domiciliado, o Triatoma infestans,

outorgada em 2006 pela OPAS/OMS. Para avaliar a eficácia dessas ações foi

realizado o inquérito Nacional de soroprevalência para T. cruzi em crianças menores

de cinco anos de idade, no período de 2001 a 2008, realizado em 100 mil crianças

no cenário rural do território nacional apontando para uma prevalência de 0,03%,

sendo que 0,02% apresentaram soropositividade concomitante com suas

respectivas mães. No entanto, torna-se necessário fortalecer a vigilância em áreas

de risco, no sentido de impedir a sua reintrodução e a possível domiciliação de

outras espécies (BRASIL, 2010).

Apesar das políticas de controle da DCh, o Brasil é o segundo país que mais

alberga indivíduos infectados. Estima-se que 1,1 milhões de pessoas encontrem-se

infectadas, correspondendo a 19% dos infectados de toda América Latina (OMS,

2015).

Tais dados podem ter reflexos no índice de mortalidade da DCh, haja vista o

potencial de risco de morte das formas graves desta enfermidade, neste sentido foi

realizado um estudo baseado no Sistema de informações sobre Mortalidade em todo

o país no período entre 1999 e 2007. A DCh foi mencionada em 53.930 atestados de

óbito, sendo que a taxa média de mortalidade foi de 3,36 / 100.000 habitantes / ano,

sendo reduzida no ano de 2007 para 2,78 óbitos / ano por 100.000 habitantes. No

entanto o estudo mostrou um aumento significativo na mortalidade na região

Nordeste de 38,5%. Os fatores de risco para morte mostraram riscos relativos

maiores em faixa etária mais velha (RR=10,03; IC 95%: 9,40-10,70) (MARTINS-

MELO et al., 2012; OPAS, 2006).

Page 26: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

25

Ainda que passados mais de 100 anos de sua descoberta, são evidentes os

desafios que permeiam as problemáticas relacionadas à doença de Chagas. Assim,

destacam-se a ausência de progressos acerca da etiopatogenia, que elucidaria os

mecanismos pelos quais o parasita lesiona o organismo; na quimioterapia, que

permitiria o desenvolvimento de medicamentos eficazes e aptos na eliminação

eficiente do protozoário etiológico; e ainda, na sorologia, na perspectiva de

possibilitar o desenvolvimento de técnicas ou provas sorológicas mais confiáveis,

constituem um dos maiores desafios a serem superados (MALAFAIA &

RODRIGUES, 2010).

O desenvolvimento de uma vacina contra a infecção chagásica ainda é

considerada algo incipiente. E uma forma de prevenção da transmissão do parasita

por via congênita, continuando a ser consenso que, neste segmento, a melhor

estratégia compreende na detecção precoce do caso, seguido de um pronto

atendimento, configurando-se como eminente deficiência na progressão bem

sucedida acerca da prevenção da doença de Chagas (BRASIL, 2005).

Quanto à possibilidade de erradicação, Coura (2013) enfatiza que não é

possível erradicar a doença de Chagas, contudo, é possível controlá-la, através da

eliminação de vetores domésticos, o controle sobre os doadores de sangue em todo

o mundo, a disponibilização de tratamento para os pacientes em especial na fase

aguda, principalmente com o diagnóstico precoce da doença congênita e da fase

crônica da doença, educação para a população evitar a transmissão oral da infecção

e manutenção de uma “eterna vigilância".

2.3 DOENÇA DE CHAGAS NO NORDESTE

No contexto epidemiológico da DCh a região Nordeste do Brasil ocupa

elevada importância, tendo sido a segunda em prevalência de infectados e de

índices de infestação triatomínica nos inquéritos nacionais de prevalência e

distribuição dos vetores realizados no período de 1975 a 1980. O Nordeste

apresentou uma prevalência geral de 3,05% da infecção chagásica na população

rural e a prevalência no Brasil foi de 4,4%, e no Estado do Rio Grande do Norte a

prevalência foi de 1,78%, presente em 152 municípios (CASTRO FILHO &

SILVEIRA, 1984; SILVEIRA; SILVA e PRATA, 2011).

Page 27: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

26

Estudo anterior a esse inquérito foi realizado por Lucena (1970) entre 1957 e

1962 em alguns municípios de estados do nordeste brasileiro, entre eles, PE, PB,

RN e AL, com o RN apresentando uma prevalência da infecção de 12,2%.

No inquérito sorológico realizados com escolares em âmbito nacional, no

período de 1989 e 1997 entre escolares de 7 a 14 anos de idade, numa amostra de

226.138 analisadas em 842 municípios de 18 Estados, existia positividade de 0,14%.

Na região Nordeste, a prevalência de T. cruzi foi de 0,08%, com a maior prevalência

de 0,2% para o Rio Grande do Norte (DIAS e VINHAES, 2000; DIAS et al.,2000).

Em inquérito nacional realizado de 2001 a 2008 em crianças abaixo de 5 anos

de idade, foi encontrado 0,03%(n=32) da infecção humana no Brasil. Sendo que

destes, 13 casos foram encontrados na região Nordeste, e 1 caso no estado do RN.

Este inquérito foi representado por um décimo da amostra do inquérito de 1975-

1980. Devido ao tamanho amostral foi possível realizar dois testes sorológicos por

amostra, além de um controle de qualidade. Já o inquérito sorológico anterior

realizou apenas a técnica de Imunofluorescência indireta (IFI) (OSTERMAYER et al.,

2011).

Estudos realizados no sertão da Paraíba e na caatinga do Piauí, as

prevalências sorológicas mostraram-se respectivamente em 9,5% e 5,9%. Na

Paraíba, a prevalência da infecção foi de 7,8% no sexo masculino e de 10,5% no

sexo feminino, enquanto no Piauí, foi de 6,4% para o sexo masculino e 5,5% para o

feminino. O estudo mostrou ainda a presença de triatomíneos da espécie T.

brasiliensis infectados com T. cruzi na caatinga do Piauí (COURA et. al, 1996).

No Estado do Piauí ainda que tenha se dado o processo de eliminação da

espécie T. infestans em virtude do controle e vigilância de vetores da doença de

Chagas. Observa-se a manutenção da magnitude de distribuição da espécie T.

brasiliensis, que permanece sendo as espécies de maior relevância epidemiológica,

haja vista os maiores índices de infestação e colonização, além de se manter

presente exemplares infectados com o T. cruzi (GURGEL-GONÇALVES et. al,

2010).

No cenário do estado do RN, a existência de espécies de T. cruzi

transmissores foi comprovada mediante presença constante de T. brasiliensis e T.

pseudomaculada. Juntamente com o aparecimento de espécies como Panstrongylus

lutzi. Paralelo a isso, tem-se a prevalência de T. cruzi em humanos foi de 6,5% para

a zona rural da mesorregião oeste do RN e 3,3% no município de Caicó/RN.

Page 28: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

27

Superando taxas obtidas na primeira pesquisa nacional e salientando um Estado

com impasses presentes e futuros, mesmo após a implantação de medidas de

controle dirigidas ao vetor no território brasileiro, as prevalências permanecem altas

(BRITO et al., 2012).

Direcionando para estudos mais recentes realizados no Estado do RN, vale

destacar que a infecção chagásica concentra-se em alguns municípios na área

central da mesorregião oeste, continuando a configurar como um importante

problema de saúde pública. O estudo da soropositividade realizado por Brito (2012)

mostrou uma soroprevalência da infecção para a mesorregião oeste do Estado de

6,5%, tais dados não apresentam distribuição homogênea nos municípios da área,

pois oscilam de municípios que apresentam prevalência de 2,5% como São Miguel,

a níveis mais elevados de prevalência entre 8% e 10,4% representada pelos

municípios de Apodi, Caraúbas, Governador Dix-Sept Rosado, Lucrécia e Severiano

Melo. A elevada soropositividade foi encontrada em estudo realizado por Medeiros

(2014) no município de Felipe Guerra/RN.

2.3 INFECÇÃO CHAGÁSICA EM GESTANTES E A TRANSMISSÃO VERTICAL

A transmissão vertical foi descrita por Carlos Chagas em 1911, sendo o

primeiro a suspeitar desta via de transmissão. Mas somente em 1949, o primeiro

caso em humano foi referido na Venezuela, onde se conseguiu descrever a

identificação do parasita no sangue de recém-nascidos. A partir de então,

desenvolveu-se numerosos estudos acerca da infecção em gestantes e da

transmissão no pré-natal (MOYA & MORETTI, 1997).

No Brasil na década de 1960, Bittencourt evidencia a morbimortalidade da

transmissão vertical. Sabe-se que a doença congênita depende diretamente dos

indicadores epidemiológicos básicos: a taxa de prevalência da infecção chagásica

em gestantes e a taxa de incidência da transmissão vertical. A prevalência da

infecção em gestante pode variar de acordo com o grau de endemicidade da região

(MOYA & MORETTI, 1997; BRASIL, 2005).

O estudo da DCh, torna-se uma prioridade de saúde pública na América

Latina, particularmente entre as populações de zonas rurais de baixa condição

econômica. Mesmo com a eficácia dos programas de controle vetorial e

transfusional nas últimas décadas, ainda existem áreas com alta endemicidade, o

Page 29: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

28

que torna o risco da transmissão vertical eminente. Negligenciar essa via de

transmissão perpassa em não reconhecer como preocupação em saúde, tanto em

países endêmicos quanto em países não endêmicos (BRUTUS et. al., 2010).

De fato, países como o Brasil, Uruguai e Argentina, e algumas províncias de

outros países foram declarados livres da transmissão vetorial da Organização Pan-

Americana da Saúde. Portanto, atualmente a via de transmissão vertical tornou-se

uma das mais importantes, haja vista estimar que na Argentina os casos da

transmissão vertical são pelo menos dez vezes mais frequentes do que os casos

agudos por transmissão vetorial. Entretanto em países não endêmicos esta via

torna-se relevante, pelo fato da migração de pessoas provenientes de países

endêmicos, nos Estados Unidos reportaram casos de infecção, provavelmente por

transfusão de sangue ou transmissão congênita (GÜRTLER; SEGURA e COHEN,

2003; KIRCHHOFF,1993).

Nesta perspectiva a Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2009

recomendou que cada país reforce a sua capacidade nacional e regional para

prevenir e controlar a transmissão vertical da infecção chagásica.

Neste cenário de controle, Bittencourt (1992) relata sobre a importância de

conhecer a prevalência da infecção chagásica em gestantes, tornando-se o principal

fator de risco para a transmissão vertical.

Estudos da prevalência da infecção chagásica em gestantes e a doença

congênita foram descritas por diversos estudos no Brasil, mostrando uma faixa de

prevalência de 0,1 a 8,5% em gestantes com a infecção, tais estudos foram

desenvolvidos em Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia e Mato

Grosso do Sul (MARTINS-MELO, 2014), conforme tabela 1.

Page 30: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

29

Tabela 1 – Prevalência da infecção chagásica em gestantes dos principais estudos

realizados no Brasil.

Autor/ano Local Prevalência (%)

Amato Neto et. al., 1977 São Paulo 1,01

Reiche et. al., 1994 Londrina 1,07

Bittencourt,1984 Bahia 8,5

Vaz et. al., 1990 São Paulo 2,9

Santos et. al., 1995 Bahia 2,3

Gontijo et. al., 1998 Minas Gerais 0,9

Figueiró-Filho et. al. 2007 Mato Grosso do Sul 0,1

Araújo et. al., 2009 Rio Grande do Sul 0,3

Gontijo et. al., 2009 Minas Gerais 0,8

Botelho et. al., 2008 Mato Grosso do Sul 0,3

Gomes Filho et. al., 2009 Goiás 0,5

Fonte secundária: (MARTINS-MELO, 2014).

Dados da OMS (2015) estima que na América Latina tenha 1,1 milhões de

mulheres em idade fértil com a infecção chagásica, com destaque para o Brasil com

119.000 em risco potencial para a transmissão vertical.

Nesta perspectiva, torna-se importante a realização do rastreio da transmissão

vertical, através da triagem sorológica para infecção chagásica, que pode ser

realizada por meio de coleta de sangue no pré-natal da gestante e/ou através da

triagem neonatal (teste do pezinho). No caso da gestante identificada com a

infecção deve ser acompanhada durante toda a gestação, sendo contra-indicado

nesta fase o tratamento etiológico (BRASIL, 2005b).

O Trypanosoma cruzi é regular e facilmente encontrado em amostras de

sangue do recém-nato com a infecção chagásica congênita, quando comparado com

a infecção chagásica adquirida. Para o diagnóstico da doença congênita, utilizam-se

exames diagnósticos específicos, que compreendem a visualização do T. cruzi em

sangue periférico por método a fresco; com coloração; concentrado de Strout ou

microhematócrito (ROTTA, SIQUEIRA E PEDROSO, 2013).

A amostra de sangue deve ser coletada do cordão umbilical no momento do

nascimento ou em amostras de sangue coletadas no calcanhar do recém-nascido.

Os parasitas circulantes podem estar presentes no momento do nascimento, mas

podem ser visualizados entre 10 a 20 dias de vida. A parasitemia aumenta do

período do nascimento chegando a números máximos em 1 a 2 meses de vida

(ROTTA, SIQUEIRA E PEDROSO, 2013).

Page 31: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

30

Quando o exame apresenta resultado negativo, deve-se acompanhar a

criança através de exames sorológicos no sexto e nono mês de vida, este período

necessário para desaparecer os anticorpos maternos, os testes sorológicos podem

apresentar discordância, muitas vezes, necessitando da concordância de pelo

menos dois testes sorológicos reagentes para confirmar a soropositividade da

infecção, outros testes podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico, como teste

molecular de Reação de cadeia da Polimerase (PCR) (SCHIJIMAN et. al., 2004;

VIRREIRA et. al., 2003).

O fato é que as condições e os mecanismos de transmissão desta via ainda

são pouco conhecidos. No entanto acredita que a quantidade e a variedade dos

parasitas em mães infectadas, fatores placentários e/ou fatores imunitários maternos

podem desempenhar um papel na transmissão vertical do T. cruzi. A gravidez é

conhecida por induzir uma depressão transitória na imunidade celular materna. No

intento de evitar a rejeição do feto, este ambiente imunológico pode decorrer no

aumento da susceptibilidade à infecção pelo parasita (HERMANN et al., 2004;

RAGHUPATHY, 2001).

Neste prisma, é sabido que existem alguns fatores associados ao aumento da

ocorrência da transmissão vertical, como a reativação da infecção associada a

alterações da imunidade materna, alterações placentárias, histórico de perdas de

conceptos e infecções fetais prévias. A maioria das gestantes que transmitem a

infecção são assintomáticas. Podendo estar na forma indeterminada; cardíaca ou

digestiva da doença crônica (ROTTA; SIQUEIRA e PEDROSO, 2013).

Sabe-se que a transmissão materno-fetal parece mais provável durante o

segundo ou terceiro trimestre gestacional. As rotas da transmissão congênita do T.

cruzi não são claras, podendo ocorrer transplacentariamente, através da invasão

trofoblástica, cordão umbilical inflamado e placas coriônicas. Outra rota em potencial

é através de parasitas que atingem o líquido amniótico, no entanto há pouca

evidência. Da mesma forma, a transmissão pós-natal do T. cruzi através da lactação

também apresentam poucas evidências (GEBREKRISTOS e BUEKENS, 2014).

A doença congênita foi estudada em diversos trabalhos realizados no Brasil,

Argentina, Chile e Paraguai, sendo demonstrado que 60 a 90% das crianças com

esta forma da infecção são assintomáticas. Apesar de não existir um marcador

clínico específico da doença congênita, são descritos alguns sinais e sintomas:

prematuridade, má nutrição, megaesôfago, disfagia, vômito, falência cardíaca,

Page 32: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

31

anemia, baixo peso, hepatoespenomegalia, febre e morte (BITTENCOURT, 1984;

BLANCO et. al., 2000; BRASIL, 2005b; NISIDA et. al., 1999).

O tratamento etiológico deve ser realizado em todas as crianças

diagnosticadas com a doença de Chagas congênita, sendo iniciado logo após

diagnóstico. O fármaco utilizado no Brasil é o benzonidazol em uma dose de 5 a 10

mg/kg/dia, dividindo em duas a três doses diárias, durante trinta a sessenta dias. O

tratamento quando iniciado no primeiro ano de vida pode chegar até 100% de sua

eficácia (BRASIL, 2005b).

O tratamento na fase aguda da doença ajuda na redução do número ou na

eliminação do parasita, diminuindo a evolução do número de paciente que evoluem

para fase crônica da doença. O critério de cura é a negativação da sorologia

convencional, que pode ocorre 12 meses após o termino do tratamento etiológico,

sendo que a criança deve ser acompanhada durante o período de três anos.

Quando a criança encontra-se na fase crônica da infecção chagásica recente, com

idade menor que 12 anos, deve ser tratada, haja vista o alto índice de cura, estudos

realizados em escolares utilizando 7 mg/kg/dia de benzonidazol durante sessenta

dias por Andrade et. al. (1996), no Brasil obteve-se 55,8% de eficácia no tratamento

(PINTO, 2009).

2.4 GEOPROCESSAMENTO EM SAÚDE

A geotecnologia é o conjunto de técnicas matemáticas e computacionais

como: sensoriamento remoto, sistema de informações geográficas, etc. Tais técnicas

são instrumentos significativos nas análises em saúde, em especial nas análises

epidemiológicas, apresentando um importante avanço nesta área do conhecimento

(CONNOR et al.,1997). Neste aspecto, a interpretação dos resultados de associação

entre fatores epidemiológicos e ambientais depende do desenho do sistema de

geoprocessamento (BARCELLOS et al., 1996).

A compreensão da distribuição espacial de um determinando fenômeno

constitui-se como uma ferramenta importantíssima na elucidação de questões

centrais de diversas áreas do conhecimento. São técnicas que permitem descrever a

distribuição das variáveis de estudo, podendo buscar relação aos pontos vizinhos

(CÂMARA et al., 2001).

Page 33: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

32

Desta forma, permite melhor análise da distribuição de determinados vetores

de algumas patologias, por exemplo, melhora entendimento da dinâmica de

transmissão de doenças infecto-contagiosas e parasitárias (CONNOR et al., 1997;

VEIGA, 2008).

Dentre as tecnologias, o sistema de informação geográfica (SIG) apresenta-

se essencial na área da saúde, principalmente em investigações que procuram

associação entre a distribuição de um desfecho e agravos em coletividade

(BARCELLOS e BASTOS, 1995). O SIG tem sido útil nas estratégias da vigilância

epidemiológica, uma vez que, podem localizar com precisão os casos doença com o

vetor responsável, sendo imprescindível em diversas ações de controle da equipe de

saúde (BARCELLOS et al., 2005).

Page 34: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

33

III METODOLOGIA

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O Rio Grande do Norte está localizado na região Nordeste do Brasil, mais

precisamente, no hemisfério sul ocidental e seus pontos extremos são limitados pelo

paralelo de 4°49’53” de latitude sul e pelo meridiano de 38°36’12” de longitude oeste

de Greenwich. A população estimada de 3.408.510 habitantes em 2014, onde

702.694 (22,18%) hab. na zona rural (IBGE, 2010).

Apresenta área de 52.811,047 Km² dividida em quatro mesorregiões bem

definidas, são elas: a mesorregião oeste potiguar, agreste potiguar, central potiguar

e leste potiguar, segundo a figura 1.

A mesorregião oeste do Estado do RN é a segunda mais populosa, sendo

formada por 62 municípios agrupados em sete microrregiões, dentre elas a chapada

do Apodi, Médio oeste, Mossoró, Pau dos Ferros, Serra de São Miguel, Umarizal e

Vale do Açu. A mesorregião apresenta uma área de 21.167,130 km², população de

883.060 habitantes. Em estudos recentes realizados nesta área por Galvão (2009),

Brito et al. (2012), Medeiros (2014) evidenciou-se uma elevada prevalência da

infecção chagásica em humanos. No estudo realizado por Brito (2012), o município

Severiano Melo apresentou o maior coeficiente de ocorrência da infecção por T.

cruzi em humanos. Desta forma, este município foi escolhido como ponto de partida

para o estudo da infecção chagásica em gestantes, sendo um estudo pioneiro no

Estado.

Severiano Melo localiza-se entre as coordenadas 5°46'37.26"S e

37°57'26.31"O, na microrregião de Pau dos Ferros, geograficamente na mesorregião

oeste do RN. Faz limite com Apodi/RN, Itaú/RN, Rodolfo Fernandes/RN e estado do

Ceará, conforme a Figura 1. O município possui uma extensão territorial de 157.833

Km², fica a 357 km da capital Natal/RN (IBGE, 2010).

Severiano Melo apresenta um clima semiárido com duas estações climáticas

bem definidas, uma de seca e outra de chuva, sendo que o período chuvoso ocorre

de janeiro a junho (IDEMA, 2010). A vegetação é do tipo caatinga hiperxerófila de

caráter mais seco, com abundância de cactácea e plantas de porte mais baixas e

espalhadas. Entre outras espécies destacam-se a jurema-preta, mufumbo,

Page 35: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

34

marmeleiro, xique-xique, facheiro e em algumas localidades a carnaúba, conforme

Figura 2. Economicamente destaca-se nos rebanhos ovino e suíno e na produção de

castanha de caju (BRASIL, 2005a). Os rebanhos de ovinos e caprinos em alguns

domicílios é a extensão do domicilio, conforme Figura 3.

De acordo com dados da estimativa do IBGE (2014) o município possui uma

população de 4278 habitantes. Segundo DATASUS (2014) o município apresenta

2.365 mulheres em idade fértil. O censo realizado em 2010 mostrou uma densidade

populacional de 36,4 hab./km², o índice de desenvolvimento humano 0,604,

ocupando 80º lugar no ranking do estado do RN. A população encontra-se

distribuída em 63% na zona rural (IBGE, 2010).

Fonte: IBGE

Figura 1 – Mapa distribuído em mesorregiões do Estado Rio Grande do Norte, com

destaque para o município de Severiano Melo/RN.

Page 36: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

35

Figura 2 – Domicílio no ecótopo da vegetação da espécie carnaúba no sítio Gitirana, Severiano Melo/RN.

Figura 3 – Anexo para criação de ovinos e caprinos encontrados no sítio Gitirana, Severiano Melo/RN.

Severiano Melo possui 1.719 domicílios particulares permanentes, sendo 665

na área urbana e 1.064 na área rural (IBGE, 2010). Quanto ao abastecimento de

água potável, existem 1.383 ligados à rede geral, 249 abastecidos através de poço

ou nascente e 670 por outras fontes não especificadas. Apenas 04 domicílios estão

ligados à rede geral de esgotos (BRASIL, 2005a).

O município apresenta 17 casas de taipas segundo censo (2010). Apesar dos

programas que vem melhorando as condições de moradia, ainda encontra-se

imóveis de taipa funcionando como armazém de implementos agrícolas (Figura 4).

Page 37: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

36

Figura 4 – Domicílio utilizado como armazém para acondicionamento de implementos agrícolas e pecuários.

3.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo transversal de investigação da infecção chagásica em

gestantes do município de Severiano Melo/RN, no período de março de 2013 a

agosto de 2014.

O recrutamento das gestantes ocorreu mediante planejamento prévio com a

Secretaria Municipal de Saúde e com os profissionais de saúde da atenção básica.

As gestantes foram previamente consultadas, individualmente, em sala reservada no

Centro de saúde de Severiano Melo/RN. Após a explanação da pesquisa foi obtido à

concordância na participação da pesquisa, por meio da assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) seguido de uma entrevista. Para tanto, foi

utilizado um roteiro para entrevista individual (Anexo 3) com a finalidade de

identificar variáveis epidemiológicas associadas a infecção.

Com relação à infestação dos triatomíneos no ambiente domiciliar, foram

coletada variáveis, seguindo um instrumento (Anexo 4) baseado em Coutinho

(2009). Para tanto, utilizou-se das planilhas do Programa de Controle da Doença de

Chagas (PCDCh) no período de 2013 (Anexo 5). A partir destes, chegou-se ao

número de sessenta e sete domicílios com presença de triatomíneos no ambiente

domiciliar, adicionado a isso sessenta e sete domicílios sem a presença de

triatomíneos (domicílios das gestantes).

Page 38: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

37

Foram realizadas visitas aos 134 domicílios para identificar a presença de

indicadores da infestação de triatomíneos. Concomitante a isso, foram obtidas os

dados das coordenadas geográficas dos respectivos domicílios, a partir da utilização

de GPS (figura 5).

Figura 5 – Fluxograma do delineamento do inquérito sorológico em gestantes e captura de triatomíneos com georreferenciamento.

3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Como critério de inclusão participaram as gestantes que foram

acompanhadas pelos serviços do pré-natal da atenção básica dos municípios de

Severiano Melo/RN, que aceitaram participar da pesquisa, não levando em

consideração a faixa etária, a classe social e o estado geral de saúde da

participante.

Foram excluídas do estudo as gestantes de menor idade que não se

encontravam acompanhadas de um responsável.

3.4 PLANO AMOSTRAL

A amostra foi constituída a partir do número de nascido vivos do município de

Severiano Melo/RN no período de um ano. Tais dados foram obtidos do sistema de

Page 39: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

38

informação DATASUS, tendo assim uma estimativa do universo de gestantes anuais

do município.

O cálculo da amostra realizada por proporção da infecção chagásica em

humanos nos municípios do estudo foi realizado a partir da fórmula:

n = _____N.Z².p.(1-p)________

Z². P. (1-P) + ε ². (N-1)

Onde, n= tamanho da amostra; N= número total de gestantes durante o período

de agosto de 2013 a agosto de 2014; Z= representa a variável aleatória normal

padrão ε = erro estimado e p = estimador de proporção de indivíduos com sorologia

positiva na área de estudo.

Assim, considerando o estudo realizado por (Brito, 2012), em Severiano

Melo/RN, tem-se p= 0,1; ε=0,05; N= 111(estimativa de nascidos vivos/ano do

DATASUS); Z=1,96 (considerando o intervalo de confiança 95%); obtém-se o n

amostral de 62 indivíduos.

3.5 INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL

A coleta do sangue periférico (10 mL) foi realizada com todos os sujeitos que

aceitaram participar da pesquisa após a assinatura do TCLE. As amostras foram

transportadas em tubo a vácuo siliconizados de (Labor import®) para o Laboratório

de Bioquímica e Biologia Molecular da UERN. O processo de separação do soro

deu-se por centrifugação de 2.500 rotações por minutos (rpm) por 10 minutos

(Centrifuga Quimis®, modelo, São Paulo, Brasil). Os soros foram acondicionados em

microtubos de plástico de 2mL (Axygeni®) identificado com código e armazenados

em caixas apropriadas no ultrafreezer a - 80ºC para análise posterior.

A pesquisa de anticorpos IgG anti-t.cruzi foi realizada através das técnicas de

reação imunoenzimática (ELISA) com o kit Imuno ELISA® Chagas, reação de

imunofluorescência indireta (RIFI) com o kit IMUNO–CON CHAGAS® e a reação de

hemaglutinação indireta (HAI) com o kit IMUNO HAI CHAGAS®.

Ressalva-se que muitos diagnósticos apresentam problemas na metodologia

e interpretação dos resultados, podendo está relacionada à qualidade dos kits

disponíveis no comércio. Contudo vários kits ainda empregam antígenos de

Page 40: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

39

natureza não recombinantes, extraídos de lisados de cultura do parasita e acabam

fornecendo resultados falso-positivos, devido a reações cruzadas com infecções por

outros parasitas tripanosomatídeos como Leishmania sp (ARAÚJO, 1986; CHILER,

SAMUDIO e ZOULEK, 1990; PORTELA-LINDOSO & SHIKANAI-YASUDA, 2003).

Dessa forma, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Consenso de Chagas

2005, preconizam a realização de pelo menos dois testes sorológicos de princípios

diferentes para o diagnóstico sorológico conclusivo (GOMES et al., 2001; MEIRA et

al., 2002; GUTIERREZ et al., 2004).

Na hemaglutinação foi utilizada uma microplaca, com uma amostra por

cavidade, conforme a Figura 6C. Os resultados foram considerados positivos

quando as hemácias se depositavam no fundo da cavidade como um tapete, às

vezes com bordas irregulares, e negativos quando apresentaram botões compactos

de hemácias nos fundos das cavidades.

A técnica do ELISA ocorreu através de reações enzimáticas medida em uma

leitora de microplacas Expert Plus® (ASYS HITECH GMBH, Áustria), para a

determinação dos resultados, conforme a Figura 8B. Realizou-se o cálculo do cut off

(ponto de corte): cut-off = Média do Soro Controle Positivo Baixo/1,5. Considerou-se

o resultado reagente quando a Densidade Óptica (DO) foi maior do que a zona de

indeterminação. Foi considerada reação indeterminada a DO da amostra menor que

a DO do soro controle positivo baixo, e maior que o valor do cut-off. No caso do

resultado não reagente, a DO da amostra ficou abaixo do cut-off.

Os exames que reagiram ou ficaram na zona de indeterminação pelo menos

em um dos testes supracitados foi realizado o terceiro teste sorológico, a reação de

imunofluorescência indireta pelo método semi-quantitativo com diluições de 1/40,

1/80 e 1/160, através da análise de lâminas sensibilizadas com o antígeno, utilizou-

se o microscópio de fluorescência da Nikon, modelo E-200 (NIKON INSTRUMENTS

INC., Japão). As amostras foram consideradas reativas quando emitiam

fluorescência amarelo-esverdeada, sendo característico em todo o contorno do T.

cruzi, conforme a Figura 6A.

Page 41: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

40

Figura 6 – (A) Reação reativa da imunofluorescência indireta para infecção chagásica; (B) Placa de ELISA com amostras reativas e não reativas e (C) reação de hemaglutinação indireta. Fonte: Direta

Todos os 67 soros das gestantes foram testados pelas técnicas de ELISA e

HAI. Quando ambos os testes eram não reagentes para o mesmo indivíduo

confirmava-se a soronegatividade, encerrando a investigação do segmento. No caso

de pelo menos um teste reagente ou indeterminado era realizado a reação de IFI

(Figura 7). A soropositividade foi confirmada com reatividade através de duas

técnicas diferentes (BRASIL, 2005b).

Figura 7 - Fluxograma dos exames com as gestantes (modificado do Ministério da saúde, 2005).

B C A

Page 42: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

41

3.6 CAPTURA / INVESTIGAÇÃO DOS TRIATOMÍNEOS

Os registros de ocorrência das espécies de triatomíneos investigados no

município foram fornecidos pela Coordenação Regional do Controle de Doença de

Chagas da VI Regional de Saúde do Rio Grande do Norte. As coletas foram

realizadas manualmente pelos agentes de endemias do município de Severiano

Melo/RN, no período de 2013, em visitas domiciliares programadas anualmente ou

trazidas por moradores das áreas. Foram utilizadas pinças metálicas e lanternas

para inspeção de frestas e locais desprovidos de luminosidade que pudessem servir

de abrigo para os triatomíneos não sendo utilizadas armadilhas. Todos os

triatomíneos capturados foram colocados em frascos de polietileno com papel

picado e fechado com tampa perfurada para melhor preservação. Tais frascos foram

devidamente etiquetado/identificado, e registrado em formulário do PCDCh (Anexo

5).

Foi realizada a pesquisa de infecção natural dos triatomíneos por flagelados

morfologicamente similares a T. cruzi, pela técnica de parasitológico direto do

conteúdo abdominal do inseto assim como, a classificação taxonômica no

laboratório de entomologia da VI regional de saúde, em Pau dos Ferros-RN.

3.7 COLETA DAS COORDENADAS GEOGRÁFICAS E ANÁLISE ESPACIAL

Para a coleta das coordenadas geográficas dos domicílios, utilizou-se o Global

Positioning System (GPS) de marca Garmin GPSMAP® 76S. Para tanto foram

geoprocessados 67 domicílios das gestantes recrutadas no inquérito sorológico de

Severiano Melo/RN e 67 domicílios positivos para a presença de triatomíneos

conforme o Programa de Controle da DCh no ano de 2013. Posteriormente foi

realizada uma análise espacial dos dois conjuntos de pontos. Concomitante, foi

investigado através de um instrumento de coleta de dados as variáveis relacionadas

a infestação domiciliar dos triatomíneos (Anexo 4) nos 134 domicílios.

Foram georeferenciados dois conjuntos de pontos, sendo um grupo dos

domicílios com presença de triatomíneos e outro dos domicílios sem presença de

triatomíneos, desenvolvido de acordo com o sistema de referência UTM Zona 24 S e

WGS 84 gerando um processo de pontos multitype com a marca 1 indicando o

grupo dos domicílios infestados com o inseto vetor e a marca 0 (zero) indicando o

Page 43: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

42

conjunto de domicílios sem a presença de triatomíneos. O objetivo é verificar o

quanto as residências das gestantes estão próximas das residências infestadas

dentro do raio de ação do inseto representando risco de infecção. Os pontos foram

projetados sobre uma imagem Google Earth® do município de Severiano Melo – RN

e foi estimada a função espacial Gcross. Esta função estima a distribuição da

distância de uma residência sem a presença do triatomíneo ao domicílio vizinho

infestado mais próximo, ou seja, estima o percentual de residências de gestantes

que estão a menos de r metros de um domicílio infestado. A estimativa gera várias

curvas: A verde, , estima a distância teórica sob a hipótese de que os dois

conjuntos constituem-se em um Processo de Poisson Multitype, ou seja, foram

selecionados aleatoriamente na janela espacial W; A vermelha, (r), estima com

correções sobre as bordas da janela e a preta, , é a melhor, feita segundo a

metodologia de Kaplan Mayer. Na análise espacial foi usado o software QGIS 2.0.1

Dufour, o Google Earth® 7.1.2.2041de 10/07/2013 e o pacote spatstat / R 3.1.1 de

10/07/2014.

3.8 ASPECTOS ÉTICOS

Toda a execução da pesquisa foram norteados pelos princípios éticos

contidos nas diretrizes da resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde/MS

sobre pesquisa envolvendo seres humanos. O estudo foi submetido e aprovado no

Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade do Estado do Rio

Grande do Norte (CEP/UERN) com número de parecer 166.369 e número de CAAE:

09255212.7.0000.5294 (Anexo 1). Todos os indivíduos concordaram previamente a

participação da pesquisa mediante a anuência e assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (ANEXO2). No caso das gestantes

menores de idade, os pais ou responsáveis assinaram o TCLE. Todas as gestantes

soropositivas foram encaminhadas para o atendimento clínico no ambulatório de

Doença de Chagas da Faculdade de Ciências da Saúde da UERN.

Page 44: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

43

3.9 ANÁLISES DE DADOS

Para medir a ocorrência de infestação do triatomíneo com possíveis itens que

caracterizam o domicílio foram feitas tabulações 2x2 mostrando a presença ou não

do inseto versus a presença ou não da característica dicotômica considerada e em

seguida aplicado o teste do Qui-Quadrado Likelihood Ratio para avaliar a

associação entre os dois fatores. A medida da ocorrência foi feita a partir do cálculo

da razão de prevalência e seu intervalo de 95% de confiança.

No inquérito socioeconômico demográfico foram feitas tabulações simples

com freqüências absolutas e percentuais para as variáveis categorizadas, enquanto

que as variáveis quantitativas foram representadas por média ± desvio-padrão. As

análises foram obtidas com o software estatístico (Statistical Package for the Social

Sciences), versão 20.0 (SPSS Inc, Chicago, IL, EUA).

Page 45: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

44

IV RESULTADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DO ESTUDO

No período de março de 2013 a agosto de 2014 foram investigadas 67

gestantes do município de Severiano Melo/RN. A média de idade das participantes

foi de 24,79 anos e mediana de 24,0 anos. Sendo observada a maior frequência na

faixa etária de 15-20 anos com 31,3% (n=21), conforme a figura 8.

Figura 8 – Distribuição de frequência da idade das gestantes participantes do inquérito sorológico em Severiano Melo/RN.

Em relação à idade gestacional, a média de idade gestacional foi de 4,4

meses e mediana 4 meses, sendo mais prevalente as participantes do 2º semestre

gestacional com 48,5% (n=32). Quanto à distribuição dos indicadores

socioeconômicos das gestantes, tem-se o nível de escolaridade, com predominância

de sujeitos que cursam ou concluíram o ensino médio com 46,3% (n=31). Enquanto

que na distribuição da renda mensal em salários destacou-se com 74,6% (n=50) os

sujeitos que receberam menos de um salário mínimo. No que se refere à profissão o

estudo mostra uma ocorrência dominante da profissão “do lar” com 55,4% (n=31)

(Tabela 2). Em relação à naturalidade, verificou-se que a maioria das participantes

nasceu em regiões de alta prevalência da infecção chagásica: 91,0% (n=61) na

Page 46: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

45

mesorregião oeste do RN e 7,5% (n=5) outros estados (Ceará, Paraíba e Goiás)

(Tabela 2).

Tabela 2 – Distribuição das variáveis sócio demográficas das gestantes do município de Severiano Melo/RN, 2015.

Faixa etária (anos) n %

15 – 20 21,0 31,8

21 – 25 19,0 28,8

26 – 30 11,0 16,6

31 – 35 10,0 15,1

36 – 40 5,0 7,6

Idade gestacional p/ semestre n %

1º 25,0 37,9

2º 32,0 48,5

3º 9,0 13,6

Renda mensal (salários) n %

< 1 50,0 74,6

1 – 2 14,0 20,9

>2 3,0 4,5

Escolaridade n %

Ensino fundamental 27,0 40,3

Ensino médio 31,0 46,3

Ensino superior 9,0 13,4

Profissão n %

Do lar 31,0 55,3

Agricultora 16,0 28,5

Estudante 3,0 5,4

Professora 3,0 5,4

Outras 3,0 5,4

Naturalidade n %

Severiano Melo 25,0 37,3

Outros Municípios da mesorregião oeste do RN 36,0 53,7

Outras regiões do estado do RN 1,0 1,5

Outros estados 5,0 7,5

Quanto às condições de moradia, mensurada pela razão do número de

residentes por cômodos, observa-se que 67,1% (n=45) residiam em casas numa

razão de 1 a 3 pessoas por cômodo, sendo que todas as gestantes residem em casa

de alvenaria. No quesito saneamento básico apenas 17,9% (n=12) dos participantes

apresentaram saneamento adequado. Em relação ao destino do lixo, 62,7% (n=42)

das residências conta com serviço de coleta. No abastecimento de água 50,7%

Page 47: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

46

(n=34) consome água de poço, sendo que 64,2% (n=43) água não tratada e 100%

(n=67) dispõe de energia elétrica em suas residências (tabela 3).

Tabela 3 – Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN, 2015.

Nº de pessoas p/ cômodo n %

1-3 45,0 67,1

4-6 21,0 31,4

>6 1,0 1,5

Tipo de habitação n %

Alvenaria 67,0 100,0

Taipa - -

Saneamento básico n %

Sim 12,0 17,9

Não 55,0 82,1

Destino do lixo n %

Enterrado 4,0 6,0

Queimado 21,0 31,3

Recolhido 42,0 62,7

Tipo de abastecimento de

água

n %

Encanada 33,0 49,3

Poço 34,0 50,7

Água ingerida n %

Mineral 10,0 14,9

Filtrada/fervida 14,0 20,9

Não tratada 43,0 64,2

Energia elétrica n %

Sim 67,0 100,0

Não - -

Em relação às condições de saúde das gestantes apenas 20,9% (n=14)

declaram apresentar alguma patologia prévia, com destaque para os distúrbios

metabólicos com 35,7% (n=5). Dentre os que referiram alguma patologia prévia, foi

encontrada uma gestante (7,1%), diagnosticada anteriormente à pesquisa, com

soropositividade chagásica. Sobre o uso de medicamentos durante a gestação,

50,7% (n=34) relataram ter feito uso de algum medicamento, sendo que o ácido

fólico e sulfato ferroso os mais citados pelas participantes da pesquisa (Tabela 4).

Page 48: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

47

Tabela 4 – Caracterização das condições de saúde das gestantes do município de Severiano Melo/RN, 2015.

Apresenta alguma patologia n %

Sim 14,0 20,9

Não 53,0 79,1

Declararam Doença Prévia n %

Doença de Chagas 1,0 7,1

Disfunções metabólicas 5,0 35,7

Hipertensão arterial 1,0 7,1

Alergia 3,0 21,4

Outras 4,0 28,6

Uso de medicamentos n %

Sim 34,0 50,7

Não 33,0 49,3

Acesso à saúde no município n %

Fácil 50,0 74,6

Difícil 4,0 6,0

Razoável 13,0 19,4

Quando se caracterizou os indicadores biológicos da infecção chagásica, o

estudo mostrou que 37,5% (n=25) das gestantes relataram ter visto o barbeiro em

suas residências atuais ou em residências anteriores, apesar de nenhum paciente

ter afirmado que foi picada pelo inseto, cerca de 37,3% (n=25) não souberam

informar. Com relação a presença de animais domésticos no intradomicílio,

encontrou-se 53,7% (n=36) dos indivíduos tem o hábito de criar pelo menos um

animal doméstico, sendo a sua grande maioria (94,0%), cães e gatos.

Outro fator associado a infecção chagásica é a transfusão sanguínea, no

estudo apenas 9,0% (n=6) relataram um histórico de transfusão. Na transmissão oral

um dos fatores de risco, é a ingesta de alimentos contaminados com as fezes de

triatomíneos, aqui se verificou que as gestantes que realizam a ingesta de caldo de

cana-de-açúcar com frequência foram de 6,0% (n=4).

Quanto as variáveis de moradia e transmissão vetorial todas as gestantes

residem em casa de alvenaria, entretanto 28,9% (n=19) relataram possuir moradia

de taipa anteriormente, destas 52,6% (n=11) residiram durante o período de até 5

anos. Do total de gestantes 76,1% (n=51) residem na zona rural, e das 23,9% (n=16)

que residem na zona urbana, 68,8% (n=11) já residiram em zona rural, sendo que

apenas 31,2 % (n=5) sempre residiram na zona urbana. Com relação à exposição a

Page 49: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

48

outros indivíduos positivos para a infecção chagásica 4,5% (n=3) das gestantes

relataram residir com alguém que tem histórico para a doença (Tabela 5).

Tabela 5 – Caracterização dos indicadores biológicos da doença de Chagas em

gestantes do município de Severiano Melo/RN.

Presença do barbeiro na residência n %

Sim 25,0 37,3

Não 41,0 61,2

Não sabe 1,0 1,5

Já foi picado pelo barbeiro? n %

Sim - -

Não 42,0 62,7

Não sabe 25,0 37,3

Animal doméstico no intradomicílio n %

Sim 36,0 53,7

Não 31,0 46,3

Transfusão sanguínea n %

Sim 6,0 9,0

Não 61,0 91,0

Ingestão de caldo de cana n %

Sim 4,0 6,0

Não 63,0 94,0

Mora com alguém que tem a Doença de Chagas n %

Sim 3,0 4,5

Não 61,0 91,0

Não sabe 3,0 4,5

Já morou em casa de taipa n %

Sim 19,0 28,4

Não 48,0 71,6

Local da Residência n %

Rural 51,0 76,1

Urbana 16,0 23,9

Reside próximo a mata ou floresta (100m) n %

Sim 50,0 74,6

Não 17,0 25,4

Local do trabalho n %

Zona rural 37,0 64,9

Zona urbana 20,0 35,1

Ao investigarmos o grau de conhecimento das gestantes em relação à

infecção chagásica, observou-se que 95,5% (n=64) das gestantes afirmam conhecer

Page 50: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

49

a doença, sendo que apenas 9,0% (n=6) já realizaram anteriormente a sorologia

para Chagas, e que 57,4% (n=35) conhecem pelo menos uma pessoa que tenha a

infecção chagásica.

Quando tratamos do conhecimento acerca das formas de transmissão 61,2%

(n=41) conhecem alguma via de transmissão. Somente 35,8% (n=24) das gestantes

mostraram conhecer alguma forma de prevenção da doença. Já quanto ao

tratamento, apenas 17,9% (n=12) conhece a forma de tratamento (Tabela 6).

Tabela 6 – Caracterização do conhecimento das gestantes do município de Severiano Melo/RN acerca da doença de Chagas.

Já ouviu falar na DCh? n %

Sim 64,0 95,5

Não 3,0 4,5 Realização anterior da Sorologia de Chagas n %

Sim 6,0 9,0

Não 61,0 91,0

Conhece alguém com a DCh? n %

Sim 35,0 57,4

Não 26,0 42,6

Conhecimento da forma de transmissão n %

Sim 41,0 61,2

Não 26,0 38,8

Reconhece o barbeiro? n %

Sim 46,0 68,7

Não 21,0 31,3

Conhecimento das formas de prevenção n %

Sim 24,0 35,8

Não 43,0 64,2

Conhecimento do tratamento n %

Sim 12 17,9

Não 55 82,1

Page 51: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

50

4.2 INVESTIGAÇÃO DA SOROPOSITIVIDADE DA INFECÇÃO CHAGÁSICA EM

GESTANTES.

O estudo sorológico foi realizado em 67 gestantes do município de Severiano

Melo/RN, sendo confirmada uma gestante soropositiva para infecção chagásica. O

estudo mostra uma prevalência da infecção chagásica em gestantes de 1,49%

(n=1), segundo a figura 9.

Figura 9 – Fluxograma da distribuição dos resultados dos testes sorológicos realizados com as gestantes do município de Severiano Melo/RN, 2014.

Quando se considerou a ocorrência da infecção chagásica em gestante que

residiam apenas na zona rural, o percentual da infecção aumentou para 2,0%; já

levando em conta somente as gestantes nascidas em Severiano Mleo/RN o valor

sobe para 2,9%. Vale destacar a localidade Malhada Vermelha onde foi encontrada

a gestante com a infecção.

Outros fatores mostraram destaque na prevalência da infecção chagásica

como: trabalhar na zona rural, neste a ocorrência da infecção foi de 2,7%. Quanto à

profissão agricultura o índice chega a 6,3%. Já a criação de animais domésticos no

intradomicílio à ocorrência da infecção foi de 2,8%. Dentre os sujeitos que já viram

barbeiro em sua residência a taxa chega a 4,0%. Indivíduos que já residiram em

Page 52: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

51

casa de taipa 5,3%, já quem mora perto de mata e floresta 2,0%. Quando

relacionamos com a faixa etária acima de 30 anos o índice sobe ainda mais,

chegando a 6,7% (Tabela 7).

Tabela 7 - Ocorrência da infecção chagásica nas variáveis do estudo.

Variáveis Ocorrência da infecção

chagásica (%)

Local de residência (Zona rural) 2,0

Local de trabalho (Zona rural) 2,7

Naturalidade (Severiano Melo) 4,0

Profissão (Agricultura) 6,3

Presença de barbeiro na residência 4,0

Residiu em casa de taipa 5,3

Reside perto de mata e floresta 2,0

Baixa escolaridade 3,7

Faixa etária (Acima de 30 anos) 6,7

4.3 INSTRUMENTO PARA RASTREIO SOROLÓGICO DA INFECÇÃO

CHAGÁSICA

Levando em consideração os principais referenciais teóricos e os resultados

da ocorrência da infecção chagásica das gestantes neste estudo, selecionaram-se

variáveis deste estudo como critérios para a criação de um instrumento norteador

para o rastreio sorológico, que classifica a necessidade da realização do exame

sorológico para infecção chagásica, em gestantes e mulheres em idade fértil.

Dentre os fatores associados à infecção chagásica, vale destacar a razão

entre a prevalência da infecção chagásica dentro das respectivas variáveis e a

prevalência geral (1,5%). Nessa perspectiva, ganha espaço mulheres na faixa etária

acima de 30 anos e condições de moradia, como por exemplo, ter residido em casa

de taipa que condiciona a infestação triatomínica (Tabela 8).

Os dados de ocorrência da infecção chagásica em gestantes de Severiano

Melo/RN, a partir das variáveis associadas à infecção (Tabela 7), possibilitou a

criação de um instrumento (Anexo 6) que versa sobre os critérios para o rastreio

sorológico da infecção chagásica na rotina do pré-natal e em mulheres de idade fértil

do município.

Page 53: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

52

Categorização das variáveis para o instrumento de rastreio sorológico de

gestantes e mulheres em idade fértil:

Tabela 8 – Distribuição da razão de prevalência da infecção chagásica nas principais variáveis em relação à prevalência geral da infecção chagásica em gestantes no município de Severiano Melo/RN. Variáveis gerais associadas à infecção chagásica Razão de prevalência

Faixa etária acima de 30 anos 4,5

Profissão Agricultora 4,2

Baixa escolaridade 2,5

Trabalhar na zona rural 1,8

Variáveis dos indicadores biológicos associadas à infecção

chagásica

Razão de prevalência

Residiu em casa de taipa

Barbeiro na residência

3,5

2,7

Animais no intradomicílio 1,9

Residir na zona rural 1,3

Residir próximo de mata ou floresta 1,3

O peso das respectivas variáveis foi obtido a partir dos valores obtidos na

tabela 8, a partir da equação abaixo:

Chegou-se aos respectivos pesos, por exemplo, o peso da variável ‘gestantes

ou mulheres em idade fértil acima de 30 anos, como se trata do maior valor de razão

de prevalência ficou igual a 1, os demais pesos das suas respectivas variáveis

seguem na tabela 9.

PESO das variáveis gerais = Valor da razão de prevalência das variáveis gerais / maior valor razão de prevalência das variáveis gerais. PESO das variáveis indicadores biológicos = Valor da razão de prevalência das variáveis indicadores biológicos/ maior valor razão de prevalência da categoria dos indicadores biológicos.

Page 54: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

53

Tabela 9 – Distribuição dos pesos nas principais variáveis adotadas como critérios do rastreio sorológico para infecção chagásica em gestantes e mulheres em idade fértil em Severiano Melo/RN.

Variáveis gerais associadas à infecção chagásica Peso

Faixa etária acima de 30 anos 1,00

Profissão Agricultora 0,90

Baixa escolaridade 0,60

Trabalhar na zona rural 0,40

Variáveis dos indicadores biológicos associadas à

infecção chagásica

Peso

Residiu em casa de taipa 1,00

Barbeiro na residência 0,80

Animais no intradomicílio 0,40

Residir na zona rural 0,30

Residir próximo de mata ou floresta 0,30

A partir do peso das variáveis gerais e de indicadores biológicos, foram criados

parâmetros gerais e de indicadores biológicos. Tais parâmetros foram categorizados

em três faixas de prioridade: baixa prioridade, moderada prioridade e elevada

prioridade. Estas faixas foram encontradas a partir das diversas possibilidades de

pesos, e ranqueadas a partir da realização dos percentis, o instrumento do rastreio

segue no anexo 6.

Parâmetros de avaliação de prioridade para realização do rastreio sorológico:

Parâmetros das variáveis gerais associadas à

infecção chagásica

Faixas de prioridades

Baixa prioridade 0,4 – 1,0

Moderada prioridade 1,3 – 1,9

Elevada prioridade 2,0 – 2,9

Parâmetros das variáveis dos indicadores

biológicos associadas à infecção chagásica

Faixas de prioridades

Baixa prioridade 0,3 – 1,0

Moderada prioridade 1,1-1,7

Elevada prioridade 1,8 – 2,8

Page 55: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

54

4.3 CARACTERIZAÇÃO DOS TRIATOMÍNEOS CAPTURADOS PELO

PROGRAMA DE CONTROLE DA DOENÇA DE CHAGAS

Foram capturados 95 triatomíneos segundo os dados fornecidos pelo

Programa de Controle da Doença de Chagas do Estado do Rio Grande do Norte, no

mesmo período de coleta de dados das gestantes. Os triatomíneos foram

encontrados distribuídos em 67 domicílios das 21 localidades diferentes no

município de Severiano Melo/RN. Dentre as localidades destaca-se o sitio Ipueira

com 13,6% (n=11), seguido da Fazenda Santo Antônio com 9,9% (n=8) das

capturas.

No geral das capturas dos triatomíneos, verificou-se que o ambiente

intradomiciliar apresentou 18,5 % (n=15) e o peridomiciliar 81,5% (n=66) das

capturas. Neste cenário, vale ressaltar a presença das formas de ninfas com 35,9 %

(n=29).

Foram registradas duas espécies de triatomíneos: T. brasiliensis 60,0%

(n=57), seguido de 40,0% (n=38) T. pseudomaculata. Observou-se que 100% (n=15)

dos triatomíneos capturados no ambiente intradomiciliar é da espécie T. brasiliensis,

já a espécie T. pseudomaculata apresentou 100% (n=32) dos seus exemplares

capturados no ambiente peridomiciliar (Tabela 10).

Tabela 10 - Triatomíneos sinantrópicos capturados pelo Programa do Controle da Doença de Chagas de Severiano Melo, 2013.

Fonte: Programa de Controle da Doença de Chagas do estado do RN.

Quanto ao período das capturas dos triatomíneos pelo PCDCh foi verificado

apenas em seis meses do ano, no período não chuvoso.

Espécie Intradomicílio Peridomicílio

Macho Fêmea Ninfa Macho Fêmea Ninfa Total

T. Brasiliensis 7 7 2 8 13 20 57

T. Pseudomaculata - - - 11 8 19 38

Total Capturado 7 7 2 19 21 39 95

Page 56: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

55

4.4 FATORES ASSOCIADO À INFESTAÇÃO TRIATOMÍNICA NOS DOMICILIOS

Dos 134 domicílios investigados, 50% (n=67) eram domicílios com presença

de triatomíneos e 50% (n=67) domicílios sem a presença de triatomíneos

(residências das gestantes). Do total de domicílios, 11,9% (n=16) eram desabitados,

73,1% (n=98) apresentou amontoado de madeira no peridomicílio e 81%(n=109)

tinha um galinheiro no peridomicílio como um anexo. Do total de domicílios

investigados, 3,7% (n=5) tinham pelo menos um portador chagásico, conforme a

tabela 11.

Tabela 11: Caracterização dos indicadores de infestação domiciliar de triatomíneos nos domicílios investigados. Itens de infestação Sim n(%) Não n(%)

Ligação à rede elétrica 127 (94,8) 7 (5,2)

Presença de habitação no domicílio 118 (88,1) 16 (11,9)

Animal no intradomicílio 117 (87,3) 17 (12,7)

Amontoado de telhas/ tijolos no peridomicílio 90 (67.7) 43 (32,3)

Amontoado de palha no peridomicílio 67 (50,0) 67 (50,0)

Amontoado de madeira no peridomicílio 98 (73,1) 36 (26,9)

Depósito ou paiol no peridomicílio 34 (25,4) 100 (74,6)

Presença de galinheiro no peridomicílio 109 (81,3) 25 (18,7)

Anexo de criação de ovinos/caprinos no peridomicílio 33 (24,6) 101 (75,4)

Anexo de criação de bovinos no peridomicílio 35 (26,1) 99 (73,9)

Anexo de criação de suínos no peridomicílio 33 (24,6) 101 (75,4)

Presença de carnaúba próxima peridomicílio 29 (21,6) 105 (78,4)

Presença de chagásico no domicílio 5 (3,7) 129 (96,3)

Observou-se que 76,1% dos domicílios infestados com triatomíneos são

habitados, enquanto os domicílios das gestantes todos são habitados, mostrando

uma associação significativa (p<0.001) com uma ODDS RATIO 0,048 e um intervalo

de confiança (IC) de [0,006 a 0,376], tabela 9. Dessa forma, sugere-se que o fato do

domicílio está habitado se apresenta como um fator de proteção à infestação

triatomínica, conforme tabela 12.

Considerando a presença de amontoado de tijolos e telhas no peridomicílio,

apresentou associação com a infestação de triatomíneos (p<0,001). Nesta situação

a ODDS-RATIO é 5,532 com IC [2,424 a 12,627]. Pode-se dizer que a razão da

probabilidade de (infestação)/(não infestação) em domicílios com esta característica

Page 57: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

56

é cinco vezes maior na mesma razão em domicílios sem a presença deste indicador

(tabela 12).

Em relação ao indicador de infestação domiciliar, observou-se que ‘presença

de palha no peridomicílio’ ocorreu significativamente mais nos domicílios infestados

com o triatomíneo (p=0,003). Desta forma, obtivemos um ODDS: 2,822 com IC

[1,401 a 5,685], sendo duas vezes maiores as chances de ocorrer infestação em um

ambiente domiciliar com a presença destas características (tabela 12).

Os amontoados de madeira mostraram-se com um alto índice de infestação

de triatomíneos (p<0,001). Uma vez que a ODDS foi de 5,295. Onde a razão de

chance de ocorrer à infestação de triatomíneos em domicílios que apresentem esse

indicador é cinco vezes maior que em que não apresentam amontoado de madeira

(tabela 12).

Verificou-se a associação significativa entre a presença de depósitos ou

armazéns no peridomicílio e a ocorrência da infestação dos domicílios pelos

triatomíneos (p=0,005), conforme tabela 12.

Quando se analisou os anexos com criação de animais e a presença do

triatomíneo, conseguiu-se observar que as criações de ovinos, bovinos e suínos,

ambos apresentaram risco de infestação domiciliar dos triatomíneos, uma vez que

apresentaram diferença estatística entre os grupos analisados, mostrando uma

maior proporção desses indicadores nos domicílios infestados, como mostra a tabela

12.

Page 58: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

57

Tabela 12 – Associação entre a presença da variável de infestação de triatomíneos e a presença ou não do triatomíneo em domicílios de áreas em Severiano Melo/RN. Itens de infestação Domicílios

com Triatomíneos

n (%)

Domicílios sem

triatomíneos n (%)

Total n (%)

p(*) ODDS RATIO

Intervalo Confiança

95% Inf 95%Sup

Rede elétrica 63 (94,0) 64 (95,5) 127 (94,8) 0,697 0,738 0,159 3,433

Domicilio habitado 51 (76,1) 67 (100,0) 118 (88,1) <0,001 0,048 0,006 0,376

Criação de Animais

domésticos

60 (89,6) 57 (85,1) 117 (87,3) 0,435 1,505 0,536 4,219

Amontoado Tijolo

telha

57 (85,1) 34 (50,7) 91 (67,9) <0,001 5,532 2,424 12,627

Amontoado Palha 42 (62,7) 25 (37,3) 67 (50,0) 0,003 2,822 1,401 5,685

Amontoado Madeira 59 (88,1) 39 (58,2) 98 (73,1) <0,001 5,295 2,188 12,813

Depósitos ou Paiol 24 (35,8) 10 (14,9) 34 (25,4) 0,005 3,181 1,377 7,349

Galinheiro 54 (80,6) 55 (82,1) 109 (81,3) 0,824 0,909 0,38 2,163

Anexo criação

caprino ovinos

24 (35,8) 9 (13,4) 33 (24,6) 0,002 3,597 1,52 8,514

Anexo criação

bovino equinos

26 (38,8) 9 (13,4) 35 (26,1) 0,001 4,087 1,734 9,629

Anexo criação suínos 23 (34,3) 10 (14,9) 33 (24,6) 0,008 2,980 1,286 6,903

Presença carnaúba 18 (26,9) 11 (16,4) 29 (21,6) 0,140 1,870 0,805 4,342

Presença de

chagásico

3 (4,5) 2 (3,0) 5 (3,7) 0,647 1,523 0,246 9,423

Presença de anexos 66 (98,5) 57 (85,1) 123 (91,8) 0,002 11,597 1,438 13,237

(*) Teste Qui-Quadrado Likelihood Ratio.para associação. N=67 em cada grupo.

Os resultados acerca dos fatores associados a infestação domiciliar dos

triatomíneos podem ser demonstrados na figura 10. Onde ‘domicílio habitado’

configura-se como fator de proteção contra a infestação, na qual a inserção do

ODDS no gráfico encontra-se abaixo da linha vermelha (valor: 1), e esta passa

acima do IC. Já os fatores associados à infestação como: Amontoado de tijolo e

telha, amontoado de madeira, amontoado de palha, depósito no peridomicílio, anexo

de criação de ovinos, bovinos e suínos encontram o ponto de inserção do ODDS

marcados com pontos vermelhos, cuja linha vermelha (UM) passa abaixo do

intervalo de confiança, mostrando um risco para presença de triatomíneos nos

domicílios (Figura 10).

Page 59: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

58

Figura 10 – Distribuição dos indicadores de infestação domiciliar de triatomíneos e seus respectivos Odds-Ratios e intervalos de confiança.

4.5 ANÁLISE ESPACIAL – ABORDAGEM DO RISCO DE INFESTAÇÃO DAS

GESTANTES

Os dois conjuntos de pontos situam-se na janela espacial W, cuja longitude

Leste varia de 608000 a 621300 e cuja latitude Sul varia de 9357900 a 9377100, isto

em coordenadas UTM Zona 24 S.

A Figura 11 da distribuição Gcross mostra que os pontos não constituem um

processo puramente aleatório, visto que as curvas que estimam a distribuição da

distância de domicílios de gestantes para o domicílio infestado mais próximo estão

acima da curva verde teórica que supõe um processo de Poisson.

È importante notar que 100% das gestantes estão a menos de 1.500 m do

domicílio infectado mais próximo. Evidentemente, à medida que se diminui o raio r,

diminui o percentual de domicílios das gestantes dentro deste raio, porem, é

importante destacar que cerca de 20% dos domicílios das gestantes estão a pouco

mais de 200 m do domicílio infectado mais próximo (figura 11).

Page 60: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

59

Figura 11 – Analise espacial utilizando a função Gcross estimando a menor distância entre um domicílio de uma gestante e um domicílio infestado com triatomíneo.

A distribuição espacial dos pontos geográficos foram geoprocessados sobre

uma imagem de satélite do município de Severiano Melo/RN. Onde os pontos

vermelhos são os domicílios infestados e os pontos azuis os domicílios das

gestantes. Percebe-se que as gestantes residentes na zona urbana encontram-se

distantes dos focos de infestação, segundo figura 12.

Page 61: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

60

Figura 12 – Mapa com a distribuição dos pontos vermelhos os domicílios com a presença de triatomíneos e domicílios das gestantes (azuis) em Severiano Melo/RN.

A figura 13 apresenta a distribuição dos pontos dos domicílios infestados com

triatomíneos na cor vermelha e os domicílios das gestantes que participaram do

inquérito sorológico na cor azul. Foi feito um Buffer de raio de 200 metros, referente

ao descolamento dos triatomíneos. Sendo que as áreas circulares rosa que

apresentaram uma intersecção entre os dois grupos dentro da proximidade menor

que 200 metros entre domicilio infestado e domicilio da gestante, indicando uma

área de maior risco para a infestação, e consequentemente maior exposição.

Page 62: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

61

Figura 13 – Distribuição dos domicílios infestados e não infestados com triatomíneos formando um buffer de 200 metros na intersecção entre dos dois conjuntos.

Page 63: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

62

V DISCUSSÃO

A doença de Chagas mesmo passado mais de um século de sua descoberta,

ainda persiste atualmente como um sério problema em saúde pública. Nos países

da América Latina a doença é considera endêmica, onde concentra a maioria dos

casos, já nos países considerados não endêmicos, a doença vem se tornando

emergente devido a movimentos migratórios (NUNES et al., 2013).

Com o advento das medidas de controle direcionadas ao vetor do

Trypanossoma cruzi e as triagens sorológicas de banco de sangue, possibilitaram a

redução dos índices da infecção no Brasil. No entanto, tornou-se essencial e

imprescindível o debate sobre a infecção chagásica em gestantes, onde pouco se

discute sobre os fatores associados à infecção neste segmento, pois grande parte

dos estudos está centralizada nos casos da doença congênita. Nesta perspectiva,

torna-se relevante a implantação e efetivação de programa de controle e prevenção

da transmissão vertical da doença iniciada a partir do período pré-natal.

No presente estudo a caraterização do perfil epidemiológico das gestantes, a

soroprevalência, assim como os fatores associados à infestação domiciliar que estes

indivíduos estão expostos no município de Severiano Melo/RN, foram estudados

como o primeiro passo para apresentar um diagnóstico situacional, haja vista a falta

de estudos na região sobre o segmento, como também, enfatizar a necessidade da

implantação de estratégias de vigilância da doença de chagas em gestantes, tendo

em vista a região apresentar índices elevados da infecção em humanos e a

presença constante dos triatomíneos (CÂMARA, 2008).

Dentre as variáveis relevantes associadas à infecção chagásica, pode-se

destacar a idade. Acredita-se que a implantação dos programas de controle vetorial

iniciados na década de 1970, vem perpetrando que cada vez mais ocorra o

decréscimo da prevalência da infecção em faixas etárias mais jovens (DIAS, 2007).

No entanto, na realidade estudada foi observada uma média de idade abaixo de

estudos realizados com gestantes em Minas Gerias por Pinto (2009) e em Goiás por

Siriano (2007).

Todavia assemelha-se a estudos realizados na Bolívia por Torrico et. al.

(2004) e Salas et al. (2007). Quando se consideram apenas as gestantes não

Page 64: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

63

chagásicas do estudo de Pinto (2009), a semelhança entre as médias de idade

estão evidentes.

A média de idade das gestantes chagásicas comparada com as gestantes não

chagásicas demonstra a superioridade no grupo das chagásicas, e que o índice de

soropositividade decresce em gestantes abaixo de 19 anos (PINTO, 2009). Neste

estudo detectou-se uma gestante com infecção chagásica com 37 anos,

corroborando com estudo realizado por Araujo et al. (2009) no estado do Rio Grande

do Sul que identificou a infecção em uma gestante de idade semelhante.

Na Bolívia, a prevalência da infecção aumentou com a elevação da faixa

etária das mães, particularmente aquelas com mais de 20 anos (BERN et al., 2009).

Em El Salvador estudo realizado por Sasagawa et al. (2014) reforça que a maior

proporção do grupo soropositivo encontrava-se entre as mulheres com mais de trinta

e cinco anos de idade. Na Colômbia a prevalência foi mais elevada em mulheres

acima de 30 anos de idade (CUCUNUBÁ et al., 2012). A partir deste panorama

nacional e de países da América Latina percebe-se que o perfil etário está

intimamente relacionado à infecção chagásica, uma vez que esses estudos reforçam

a influencia dos programas de controle vetorial e transfusional da doença de

Chagas, no declínio da infecção em indivíduos mais jovens.

Outro fator estudado é a influencia do número de partos, na medida em que a

transmissão do T. cruzi da mãe para o filho pode ocorrer na primeira, na segunda ou

em todas as gestações. Os fatores pelo qual a transmissão vertical ocorre para os

seus descendentes ainda são pouco conhecidos (CEVALLOS E HERNÁNDEZ,

2014). A gestante encontrada com infecção está na quarta gestação. Com o escopo

de ampliar o inquérito foi sugerido à realização de uma investigação sorológica para

os seus três filhos, porém ambos se negaram à realização dos testes sorológicos.

Quando se realiza analogia com outros estudos em relação à média de idade

gestacional, observou-se que foi menor que o estudo realizado em Goiás por Siriano

(2007). Porém, assemelha-se com o mesmo autor quando se compara o período de

gestação.

No nosso estudo a gestante identificada com a infecção chagásica,

encontrava-se no primeiro trimestre de gestação. Sabe-se que o período gestacional

tem influencia na transmissão da infecção chagásica durante a gravidez. Acredita-se

que durante o primeiro trimestre gestacional a transmissão é provavelmente rara,

uma vez que o espaço intervilositário placentário não está aberto. Somente a partir

Page 65: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

64

do segundo trimestre o sangue torna-se contínuo e difuso em toda a placenta.

Portanto, a transmissão do parasita torna-se mais provável nestes períodos, e

também próximo do parto e durante (CEVALLOS E HERNÁNDEZ, 2014).

A doença de Chagas tem sido associada a indivíduos que pertencem a um

contexto de baixa condição socioeconômica apresentando como reflexos do risco de

contrair a doença. Adicionado a isso, tem-se a falta de acesso a melhores condições

de moradia e de um ensino de qualidade (NUNES et al., 2013).

O nível de escolaridade, diferentemente de outros estudos, prevaleceu nas

gestantes que cursaram ou cursam o ensino médio. No estudo de Bernardo (2008)

com gestantes em Campo Grande/MS, o nível de escolaridade prevaleceu no nível

fundamental, assim como investigação realizada em Minas Gerais por Pinto (2009),

que demonstrou baixa escolaridade entre as gestantes chagásicas. Entretanto

quando se considerou apenas as gestantes não chagásicas o nível de escolaridade

sofria elevação.

Para corroborar com as evidencias de que as desigualdades sociais e a

problemática da baixa condição socioeconômica podem aumentar as chances da

aquisição da infecção chagásica, nosso estudo destaca-se com uma grande parcela

de sujeitos com renda familiar inferior a um salário mínimo.

Estudos realizados no estado do RN por Medeiros (2014) e Galvão (2009),

que investigaram a infecção chagásica na população geral de municípios da

mesorregião oeste do estado, mostraram um aumento da prevalência da infecção

em sujeitos que apresentam baixa renda. Assim como estudo realizado em

gestantes em Minas Gerais por Pinto (2009) demonstrou que as gestantes com

condições econômicas desfavoráveis apresentaram os maiores índices da infecção.

Quanto à questão ocupacional o estudo apresentou maior frequência das

gestantes que exerciam o trabalho doméstico (do lar), corroborando com Bernardo

(2008). No entanto estudos realizados em Manaus/AM no ano de 2010, pela

Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, desenvolvida através

do Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS) demonstrou

que a maioria dos chagásicos da região eram agricultores. Essa atividade

desenvolve fortes ações antrópicas, favorecendo a exposição do elo da transmissão

vetorial do ciclo doméstico e silvestre da infecção chagásica.

Outro aspecto que pode condicionar o aparecimento a infecção chagásica são

as qualidades de moradia verificadas nos estudos de Coutinho (2009) e Teles

Page 66: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

65

(2013). Condições semelhantes foram encontradas no nosso estudo, onde todas as

gestantes relataram residir em casas de alvenaria, porém, um terço destas, já residiu

em casas de taipa no passado. Vale ressaltar que os programas sociais

direcionados para melhoria dessas casas vêm melhorando as condições de moradia

desses sujeitos.

Contudo, mesmo com os atuais esforços de substituição das casas de taipa,

esta é mantida para acondicionamento de implementos agrícolas, permanecendo o

risco da infestação do triatomíneo. Além disso, observou-se que a maioria das

residências apresentava o revestimento de reboco incompleto e outros indicadores

que podem favorecer a infestação dos triatomíneos, e consequentemente a infecção

chagásica.

Merece destaque, estudos que vem mostrando que a doença de chagas tem

sofrido forte influência dos movimentos migratórios de urbanização, e que a doença

vem se concentrando nos centros urbanos (NUNES, 2013). No entanto, neste

estudo a infecção chagásica foi detectada na zona rural, que apresenta ainda os

principais fatores associados à transmissão da infecção. A maioria das gestantes

pertencia à zona rural e residem próximo à mata ou floresta, dados semelhantes aos

encontrados por Medeiros (2014).

Paralelo a essa realidade tem-se os indicadores biológicos da infecção

chagásica que podem aumentar as chances da transmissão da infecção. Dentre eles

a presença dos triatomíneos no ambiente domiciliar é considerada como um dos

maiores riscos de aquisição da infecção (COUTINHO et al., 2014). Nesta perspectiva

a realidade pesquisada reforça a presença desses fatores de risco, na medida em

que um percentual importante das participantes afirmou já ter visto um inseto na

residência atual e/ou passada. Destarte, este dado perpassa pelo víeis de memória,

que apresenta algumas condições. Dentre elas o intervalo de tempo entre a

exposição e o desfecho de visualização do inseto vetor, percepção das

características do triatomíneo e sua identificação, no entanto apresentava poucos

detalhes na informação sobre o triatomíneo (AMARAL, 2007).

Outro fator importante na dispersão e/ou manutenção do T. cruzi são os

reservatórios domésticos, podendo assim favorecer o processo de infestação dos

triatomíneos e manter o risco da transmissão da infecção chagásica. Uma pesquisa

realizada em Tauá no Estado do Ceará verificou que dentre os animais domésticos,

o cão apresentou o maior índice de infecção chagásica (BEZERRA, 2013). Nesta

Page 67: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

66

perspectiva Medeiros (2014) investigando a infecção chagásica em humanos no

Estado do RN identificou uma maior prevalência da infecção em sujeitos que

criavam animais domésticos, sendo que dentre os animais mais frequentes foi

identificados cães e gatos, assim como no nosso estudo. Essas evidências

reafirmam os riscos vividos pelas participantes dessa pesquisa, uma vez que o cão,

em sua maioria, é o animal mais frequente das residências. Na nossa amostra mais

da metade fazia criação de animais domésticos, destacando-se cães e gatos, sendo

semelhante a Medeiros (2014).

Em relação a variável transfusão de sangue, apesar de existir uma pequena

parcela de gestantes que realizaram esse procedimento, neste público não foi

encontrado soropositividade para a infecção chagásica. Desse modo, sabe-se que a

prevalência de doadores de sangue com infecção chagásica vem decrescendo no

Brasil e na América Latina, devido ao controle vetorial e as triagens sorológicas em

banco de sangue. Paralelo à queda da prevalência dos doadores com a infecção,

vem chamando a atenção um percentual de doadores inaptos sorológicos em

decorrência de reações inconclusivas, indeterminadas ou discrepantes. A partir

deste, deve-se pensar no desenvolvimento de testes sorológicos 100% específicos,

confirmatórios práticos, rápidos, automatizáveis e de custo acessíveis às rotinas dos

bancos de sangue (MORAES-SOUZA & FERREIRA-SILVA, 2011). Fortalecendo a

discussão a gestante identificada soropositva no estudo relatou não ter realizado tal

procedimento.

Outra via de importância epidemiológica é a transmissão por via oral com

alimentos contaminados com as fezes dos triatomíneos, sendo mais comum a

ingestão do caldo de cana-de-açúcar. Nosso estudo demonstrou uma pequena

parcela de gestantes que realizam a ingesta desses alimentos com frequência. Vale

lembrar que essa via é mais comum na região amazônica e no estado de Minas

Gerais. Estudo realizado por Pinto et al. (2011) mostrou que a transmissão oral pode

configurar com uma via de risco para as gestantes, uma vez que a infecção

chagásica aguda pode ocorrer através desta via. Neste caso um risco torna-se

aumentado para a transmissão vertical.

O conhecimento acerca da infecção chagásica torna-se importante, no sentido

de prevenir os agravos e promover novos hábitos e atitudes capazes de minimizar

os riscos da infeção, tendo em vista que a falta de conhecimento acerca desta

infecção configura-se como um sério problema em saúde (ARAUJO et al., 2009).

Page 68: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

67

Neste estudo apesar da grande maioria relatar conhecer a DCh, não observou-se

coerência com o conhecimento acerca da transmissão, prevenção e tratamento.

Quando tratamos do conhecimento das formas de transmissão, observou-se

que se apropriam de um conhecimento limitado ao vetor da infecção. Uma vez que o

total desconhecimento verificado acerca do risco da transmissão vertical, mostrou-se

uma preocupação, pois a população desinformada constitui um fator limitante para o

controle da infecção (ARAUJO et al., 2009).

Tais conhecimentos dos pesquisados tornam-se mais críticos quanto à

prevenção e tratamento, sendo visualizado também por Medeiros (2014). O baixo

conhecimento nestes segmentos torna os sujeitos mais susceptíveis à infecção. O

público exposto deve ter ciência que o tratamento etiológico apresentar eficaz em

alguns casos, este se torna contraindicado no período gestacional

(GEBREKRISTOS & BUEKENS, 2014). Por outro lado, estudo realizado na

Argentina demonstrou que o tratamento etiológico realizado em mulheres jovens (5-

16 anos), pode constituir uma estratégia de grande importância para a interrupção

da transmissão vertical. Nesta perspectiva, era esperado, pelo índice de transmissão

deste segmento na Argentina, o aparecimento de dois casos (SOSA-ESTANI, 2009).

No entanto, demonstrou-se que as mulheres tratadas previamente tiveram

filhos sem a infecção chagásica, sendo que um dos fatores limitante desta pesquisa

foi o tamanho da amostra e não haver um grupo controle para medir o efeito relativo

e absoluto da intervenção para prevenir a transmissão congênita. No nosso estudo a

gestante relatou ter realizado tratamento etiológico previamente a gestação, sendo

considerado um fator protetor para o recém-nascido. De outra forma, o tratamento

foi realizado na sua fase adulta, além dos testes apresentarem reatividade em três

técnicas sorológicas (ELISA; HAI; IFI), pois o padrão de cura da infecção é

mensurado a partir da sorologia negativa, todavia esse critério pode demorar alguns

anos (SOSA-ESTANI et al., 1998).

Mesmo passado mais de quatro décadas de medidas direcionadas ao controle

vetorial no cenário nacional e local, Brito et al. (2012) demonstrou em pesquisa

realizada no Estado do RN que o coeficiente de prevalência da infecção chagásica

na população rural foi três vezes maior que a prevalência da infecção no Estado do

RN realizada pelo inquérito nacional de 1975-1980. Chamando a atenção para uma

problemática passada e futura que deve ser discutida no Estado.

Page 69: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

68

Tal realidade do Estado é reforçada com estudos que mostram a presença de

triatomíneos infectados desde a década de 1970, com índice de infecção natural de

0,8% (DIAS et al., 2000) e triatomíneos infectados com T. cruzi nos dias atuais

verificando 7,5% de triatomíneos T. brasiliensis infectados (CÂMARA, 2008). Nosso

estudo reafirma essa problemática ao identificar a presença do inseto vetor no

ambiente domiciliar. Por outro lado, avigora ainda mais dados que mostram a

prevalência da infecção pelo T. cruzi em humanos verificada pelo inquérito

sorológico nacional realizado entre 1975 e 1980, por amostragem em todos os

municípios, sendo que o município de Severiano Melo/RN apresentou uma

prevalência de 2,9% de 403 sujeitos investigados, e que 11 sujeitos foram

detectados como soropositivos. Destes, apenas um apresentou soropositividade na

idade entre 7-14 anos, os demais se encontravam na faixa etária acima de 19 anos.

A prevalência da infecção chagásica em mulheres em idade fértil difere entre

os países, dependendo assim, de vários fatores. Por exemplo, na Bolívia, o índice

pode variar de 20% a 60%, porém na Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Peru,

podem variar de 0% a 40% (CUCUNUBA, 2012). A prevalência neste estudo ficou

abaixo do estudo realizado por Brito (2012) no respectivo munícipio. Todavia o

estudo anterior selecionou a população adulta, exclusivamente rural e média de

idade superior a este. Deste modo, visualizamos que os resultados da distribuição

da idade pode justificar a inferioridade da prevalência em relação ao outro estudo,

tendo em vista que a maioria das gestantes encontra-se na faixa etária abaixo dos

trinta anos. Outro ponto a ser levantado perpassa pela condição de um projeto piloto

para região, onde o tamanho da amostra pode ter influência direta no resultado da

soropositividade.

Por outro lado, a ocorrência da infecção chagásica do nosso estudo quando

estratificada pelas variáveis, esses índices ganham destaque como na localidade do

sitio Malhada Vermelha, gestantes com idade superior a 30 anos, condições de

moradia, baixa escolaridade. Destarte, a prevalência do nosso estudo encontra-se

dentro da faixa de 0,1% a 8,5% de soroprevalência de outros estudos realizadas

com gestantes no Brasil no período de 1977 a 2009. Estes dados, mostram que a

realidade da infecção chagásica em gestantes do município de Severiano Melo/RN

se assemelha aos estudos realizados nas áreas de risco para DCh no Brasil,

conforme a figura 14 (MARTINZ-MELO et al., 2014).

Page 70: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

69

Figura 14 – A soroprevalência da infecção chagásica em gestantes do município de Severiano Melo/RN, 2014 (vermelho), comparada aos principais estudos realizados no Brasil. Fonte: (MARTINS-MELLO et al., 2014).

Neste cenário, comparando a investigação sorológica das gestantes desta

pesquisa com outros estudos, observou-se que o índice foi cinco vezes maior que o

estudado em parturientes no sudeste do Rio Grande do Sul por Araújo (2009) e em

triagem sorológica em gestante do Mato Grosso do Sul de 2004 a 2007 realizado por

Botelho (2008), e três vezes maior que estudo realizado em Minas Gerais por (Pinto,

2009) e o estudo realizado com parturientes da zona rural e urbana de Goiás no

período de 2003 a 2008 por Gomes Filho et al. (2009).

Porém quando comparamos a soroprevalência com outros estudos, percebeu-

se que o índice ficou abaixo de estudo realizado na década de 1980 na Bahia por

Bittencourt (1984) e menor que o estudo realizado em São Paulo por Vaz et al.

(1990). Nosso estudo aproxima-se do segundo estudo da infecção chagásica em

gestantes realizados na Bahia na década de 1990 por (Santos et al., 1995), como

também o estudo em gestantes da zona urbana e rural de Minas Gerais por

(GONTIJO, 1998; GONTIJO, 2009; ANDRADE & GONTIJO, 2008).

Verifica-se que comparando com estudos de outros países da América Latina

visualizou-se uma prevalência da infecção chagásica em gestantes abaixo de

estudos como: na Argentina por Zaindenberb & Sergovia (1993) e Bisio et al. (2011),

na Bolívia por Bern et. al. (2009) e (Salas et al., 2007) e na Colômbia por Cucunuba

et al. (2012). Tais dados refletem o declínio da infecção em indivíduos mais jovens,

Barreto MAF, 2015

Page 71: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

70

em decorrência do bem sucedido Programa Brasileiro de Controle Vetorial em

relação a outros países Latinos, no entanto existem grávidas com a infecção, e

consequentemente o risco de transmissão vertical da doença. Enquanto existir

mulheres em idade fértil com infecção chagásica, devem ser mantidas estratégias de

rastreio sorológico precoce para o tratamento imediato das crianças positivas como

Politica de Saúde Pública (GONTIJO et al.,2009).

A partir dos dados do IBGE (2010) das mulheres em idade fértil do município

de Severiano Melo/RN, e baseado na soropositividade da infecção chagásica das

gestantes, pode-se fornecer a magnitude desta infecção entre mulheres de idade

fértil, assim pode estimar que 22 mulheres em idade fértil no município possam está

com a infecção chagásica, e consequentemente um risco para a transmissão

vertical, uma vez que a soropositividade constitui-se como fator preponderante para

a infecção congênita (MOYA e MORETTI, 1997).

Nestas circunstâncias, a problemática da infecção chagásica em gestantes

reforça a importância da adoção o rastreio sorológico em gestantes no pré-natal

configurando-se como uma importante ferramenta diagnóstica a ser adotada pelos

serviços de saúde em áreas de maior risco para a ocorrência da infecção chagásica

(Brasil, 2005b). Para tanto, é necessário a realização de um inquérito sorológico em

toda mesorregião em gestantes e em recém-nascido, no intento de conhecer melhor

os fatores associados à infecção e perfil da verticalização da doença.

Vale destacar que as gestantes no nosso estudo encontram-se em risco de

transmissão vetorial, uma vez que a área apresenta triatomíneos autóctones e alta

prevalência da infecção por T.cruzi em humanos (CAMARA, 2008; BRITO et al.,

2012). Nesta perspectiva buscou-se aqui demonstrar a presença das espécies de

triatomíneos T. brasiliensis e T. pseudomaculata, que se apresentaram como

espécies adaptadas ao ambiente doméstico. Estas destacam-se no cenário

epidemiológico atual do município, assim como em estudo anterior que demonstra a

importância das espécies no nordeste brasileiro. O RN no período de 1993 a 1997

foi observado uma alternância nas capturas destas espécies. Dessa forma,

transformam-se nas espécies de maior importância para o controle vetorial da

vigilância epidemiologia da doença de Chagas do estado do RN (DIAS et. al., 2000).

O estudo demonstrou maior ocorrência da espécie T. brasiliensis, mostrando

uma grande importância epidemiológica para região, tendo em vista apresentar

características sinantrópicas muito forte, aqui os triatomíneos capturados dentro do

Page 72: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

71

domicílio foram da espécie T. brasiliensis. Corroborando com outros estudos como o

de Silveira & Vinhaes (1998) no estado do RN; Gonçalves no Estado do Piauí em

2008 e Dias & Dantas em Sergipe em 2010. Outro ponto de destaque da espécie T.

brasiliensis como principal vetor responsável pela transmissão do T. cruzi no estado

do RN, é que a espécie Triatoma infestans nunca foi encontrada neste estado

(CÂMARA, 2008). O T. brasiliensis é um dos vetores mais estudados em termos

epidemiológicos e de distribuição espacial, ocorrendo em seis estados, utiliza uma

diversidade de reservatórios para repasto sanguíneo, e é distribuído em diferentes

ecótopos. Além de ser uma das espécies de vetores que apresentam alto índice de

infecção natural, e uma das taxas mais elevadas de infestação intradomiciliar, sendo

assim, considerado o vetor de maior importância para a transmissão da doença de

Chagas na região Nordeste (COSTA et. al., 2009).

Por outro lado, a espécie T. pseudomaculata apresentou ocorrência apenas

no ambiente peridomiciliar, este dado corrobora com estudo realizado no estado do

Ceará em 2002 por Freitas et al. (2005). Esta espécie quando comparado ao T.

brasiliensis apresenta uma menor expressão no risco da transmissão vetorial, pois

apresenta uma baixa taxa de conversão para as formas tripomastigotas, formas

infectantes dos vertebrados, e sua predominância ocorrem em ambiente

peridomiciliar (COSTA, 2009). Apesar de apresentar uma transição lenta e

progressiva, a espécie vem adaptando-se aos ecótopos artificiais, aumentando sua

taxa de antropofilia e de colonização no peridomicílio (DIAS et. al., 2000; DIAS,

2000).

Várias são as ações e situações que podem influenciar a reprodução do

triatomíneo, ficando clara a necessidade de uma vigilância, atenta as possíveis

alterações e suas repercussões. O conhecimento atualizado da distribuição dos

triatomíneos capturados, da infestação peri ou intradomiciliar e a infecção de

triatomíneos por T. cruzi são ferramentas fundamentais para o planejamento das

ações de controle e vigilância entomológica municipal. É necessário para o

planejamento de prioridades das ações, financiamento, acompanhamento e

supervisão do controle da DCh, afastando o risco de recrudescimento de

triatomíneos (CARNEIRO, 2002).

O estudo apresenta limitações quanto à cobertura parcial do município e

irregularidade e/ou ausência de captura em alguns períodos de tempo, vale destacar

a cobertura deste serviço de coleta de triatomíneos ocorrer apenas nos meses de

Page 73: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

72

julho e novembro de 2013, no entanto observa-se que a captura de triatomíneo

pelos agentes de endemias de Severiano Melo/RN ocorre apenas em seis meses do

ano. Estudos vindouros poderão associar os índices de infecção e infestação em

relação às condições climáticas da região.

Nesse cenário, Aconselha-se repensar as estratégias da vigilância

entomológica da Região Oeste do RN, com visitas continuas dos agentes de saúde,

com capturas ativas e permanentes durante todo o ano, sensibilizando os moradores

da necessidade do trabalho de controle do vetor, estimulando os moradores com

medidas educativas e ambientais, com o intuito de suprimir a formação de colônias e

de infestação no ambiente domiciliar.

Desta forma, Coura (2007) enfatiza que os principais condicionantes para a

afirmação da infecção chagásica humana abrangem a adaptação dos triatomíneos

ao domicílio e peridomicílio. Paralelo a isso, tem-se a circulação do parasita T. cruzi

entre os ambientes silvestres e domésticos (COURA, 2007). A partir deste, nota-se a

importância da associação dos fatores de infestação domiciliar dos triatomíneos na

região e a exposição de risco das gestantes participantes do inquérito. Assim,

tornou-se necessária a investigação de alguns indicadores que favorecem a

presença do triatomíneo no domicílio.

Considerando dados desse trabalho, indicadores de infestação dos

triatomíneos como: ‘domicílio habitado’ que foi considerado como um fator protetor

contra a presença do triatomíneo e outros fatores mostraram associação com a

presença de triatomíneos no domicílio (anexos, amontoados de materiais, de tijolo e

depósitos). Tais variáveis fortalecem o ciclo doméstico do T. cruzi, onde o

peridomicílio apresenta uma vasta diversidade de animais domésticos que atuam

como reservatórios do parasita e, triatomíneos silvestres são atraídos às residências

pela luz, abrigo e alimento (DIAS, 2000).

Nesta perspectiva, entende-se que a infestação por triatomíneos ocorre

através de estímulos como condições de abrigo e oferta de alimento (FORATTINI,

1980). O presente estudo verificou que as variáveis com presença de anexos de

criação de ovinos/caprinos; bovinos/equinos e suínos, apresentaram diferença

estatística significante. Deste modo, Coutinho (2010) demonstrou em estudo

realizado no estado do Ceará, que estes indicadores são importante fatores

associados a presença de triatomíneo no domicílio, e maior exposição a um elo

Page 74: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

73

importante do ciclo da infecção chagásica. Destarte, a disponibilidade de animais no

peridomicílio e estruturas precárias para a criação proporcionam fonte de alimento e

abrigo aos triatomíneos. Assim, favorecem a colonização desses vetores que saem

do seu habitat silvestre, devido a ações antrópicas, e passam a se instalar no

ambiente doméstico (SILVEIRA & DIAS, 2011).

Coutinho et al. (2014) em estudo no estado do Ceará sugeriu que o aumento

da taxa de infestação e disseminação triatomínica pode ser devido a fatores

ambientais como: tipo de vegetação, disponibilidade de alimento para o triatomíneo,

a utilização de madeira para as construções. As pilhas de madeiras são

consideradas um dos mais importantes fatores responsáveis pela infestação, uma

vez que esse ecótopo abriga grandes colônias de triatomíneos (ROSSI, 2014). Tais

dados corroboram com o estudado, onde os amontoados de madeira no entorno das

casas predominaram nos domicílios com presença de triatomíneos, sendo

considerado um fator associado a infestação, sendo que em domicílios que

apresentam essa característica é mais de cinco vezes as chances de infestação do

que em domicílios sem a presença deste indicador. Aliado a isso, encontra-se os

transportes passivos de lenha para uso diário e de madeira para a construção de

cercas para delimitarem a área peridomiciliar (GURGEL-GONÇALVES, 2008).

Contudo, os domicílios infestados com triatomíneos encontram-se próximos

dos domicílios das gestantes, sendo um risco para estas, uma vez que o inseto

consegue voar em um raio de 200 metros. Podendo ser atraídos pela luz das

residências no período noturno, ou ainda em busca de alimento e abrigo. Assim

sendo, a infestação pode ser mais agravante, tendo em vista que os domicílios das

gestantes apresentam alguns indicadores de infestação. Paralelo a isso, as áreas

onde a presença de espécies autóctones, as relações entre o parasita, vetor,

reservatório e hospedeiro são mantidas muitas vezes quando o sistema de vigilância

entomológica apresenta falha (COUTINHO et al., 2014). Dessa forma, conhecer tal

risco, perpassa pela necessidade de realização de uma análise de espaço-território.

A infecção chagásica é prevalente em populações rurais que habitam

domicílios estruturalmente precários e que favorecem o processo de colonização do

inseto vetor (ROSSI, 2014). A partir da análise espacial constatou-se que um quinto

dos domicílios das gestantes encontra-se em um raio de maior exposição, por

estarem a uma distancia menor que 200 metros dos domicílios infestados e 76% das

gestantes que apresentavam seus domicílios na zona rural estavam suscetíveis à

Page 75: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

74

infestação, e, portanto a infecção chagásica, haja vista ter exibido um caso de

sorologia positiva na zona rural. No entanto, sua prevalência está abaixo da

esperada (10%), provavelmente pela razoável distância entre os domicílios das

gestantes dos domicílios das casas com presença de triatomíneos e por menores

níveis de risco apresentados pelos fatores de infestação, entre outros fatores.

Page 76: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

75

VI CONCLUSÃO E SUGESTÕES

O perfil epidemiológico das gestantes apresentou baixo nível socioeconômico,

o nível de escolaridade prevaleceu acima do ensino fundamental, contrapondo-se a

outros estudos. Em relação às condições de saúde a gestante identificada com

infecção chagásica relatou ter diagnóstico prévio. Com relação à naturalidade todos

os sujeitos recrutados tinha origem que apresentavam alto percentual da infecção

chagásica em humanos.

Vale evidenciar que quando interrogadas acerca do conhecimento do

tratamento etiológico da doença de Chagas, as gestantes mostraram total

desconhecimento. Torna-se claro a necessidade de um trabalho de promoção saúde

desses sujeitos. Lembrando que esse medicamento é contraindicado na gestação, e

em casos da doença congênita o tratamento precoce é eficaz em maioria dos casos.

A soroprevalência da infecção chagásica em gestantes no município de

Severiano Melo/RN, mostrou coeficiente abaixo do estudo realizado por Brito et al.

(2012), todavia quando comparou-se com estudos em gestante no Brasil a

prevalência encontra-se dentro da faixa da prevalência nacional. No entanto uma

justificativa para a não aproximação dos índices com o estudo de Brito et al. (2012)

encontra-se na população selecionada, uma vez que este recrutou adultos, de

ambos os sexos, restritos da zona rural e média de idade superior ao nosso estudo.

Outra explicação repousa provavelmente pela razoável distância entre os dois

conjuntos de domicílios e por menores níveis de risco apresentados pelos fatores de

infestação domiciliar dos triatomíneos.

Deve-se enfatizar que as triagens sorológicas devem ser realizadas com kits

sorológicos sensibilizados com antígenos recombinantes, e não totais. No estudo

utilizou-se kit sorológico de antígenos recombinantes, mas ocorreu a presença de

duas gestantes na técnica ELISA com resultado indeterminado. Isso mostra a

necessidade de se pesquisar o aperfeiçoamento de técnicas sorológicas que

apresentem alta especificidade e sensibilidade para o diagnóstico da infecção

chagásica.

Outra necessidade é a realização de estudos com um maior plano amostral,

que abranja diversos municípios da mesorregião oeste do RN, para que se possa ter

Page 77: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

76

melhor reconhecimento dos fatores associados à infecção, além de investigar o perfil

de verticalização da doença com a identificação de casos da doença congênita.

A partir dos registros do PCDCh identificamos as capturas de triatomíneos

ocorreram apenas no período não chuvoso, ficando a população no período chuvoso

sem os serviços das capturas dos insetos e pulverização das residência com a

presença dos mesmos. Sugere-se que realize coleta durante todo ano para melhor

conhecimento da infestação nestes dois períodos. Para melhor elucidação do ciclo

do parasita necessita-se realizar pesquisa com os reservatórios domésticos e

silvestres, no intento de conhecer melhor o ciclo silvestre e doméstico do T. cruzi.

Uma preocupação levantada no estudo foi à concepção desse grupo em

relação à doença de Chagas, uma vez que o conhecimento das gestantes acerca da

enfermidade é apenas relacionado à transmissão vetorial. O desconhecimento da

via de transmissão vertical mostrou-se uma fragilidade, no sentido de não

reconhecerem suas reais necessidades em saúde, assim, tornam-se alvo fácil e, por

conseguinte, um potencial silencioso para a doença congênita, pois a falta de

informação configura-se como um sério problema a ser discutido pelos serviços de

saúde da região e do estado.

No estudo foi identificada uma gestante com a infecção chagásica

pertencente à zona rural do município, a mesma encontrava-se na sua quarta

gestação. No inquérito, foi proposta a investigação sorológica dos seus três filhos e

conjugue. No entanto, ambos não aceitaram participar da pesquisa, tal fato limitou

reconhecimento de outras vertentes da infecção.

Neste estudo foi proposto um instrumento norteador para priorizar o rastreio

sorológico em gestantes e mulheres em idade fértil, como forma preventiva e de

acompanhamento do segmento da transmissão vertical. No entanto, reforçando a

necessidade da adoção da sorologia de Chagas em gestantes pertencentes a áreas

onde o coeficiente de soropositividade em humanos é elevado.

Um ponto negativo da pesquisa foi o curto tempo de execução, pois a

gestante soropositiva apresentava-se no primeiro trimestre gestacional, não sendo

possível realizar a pesquisa no seu recém-nascido. Por outro lado, essa mãe

concedeu a realização do exame direto e acompanhamento da criança no período

pós-natal. Essas atividades de acompanhamento terão continuidade pelo autor da

pesquisa e a equipe médica do ambulatório de doença de Chagas da Faculdade de

Ciências da Saúde/UERN.

Page 78: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

77

O estudo mostrou associação dos indicadores de infestação domiciliar dos

triatomíneos com destaque para amontoado de tijolo e telha, amontoado de

madeiras, presença de depósitos ou paiol e entre outros, mostraram-se como fatores

associados ao processo de infestação. Entretanto, foi necessário conhecer no

âmbito espacial. Sendo verificado que as gestantes com domicílios da zona rural,

estão susceptíveis a infestação, e consequentemente a infecção. Haja vista a

identificação de um caso de sorologia positiva neste ambiente. Desta forma, torna-se

imprescindível a sensibilização do poder publico local, para a efetivação de

estratégias de rastreios de casos da infecção chagásica em mulheres em idade fértil,

como também um trabalho de controle vetorial, na perspectiva de redução da

infestação domiciliar.

Page 79: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

78

VII REFERÊNCIAS

AMARAL, J.F. Avaliação de artigos científicos Bases da Epidemiologia Clínica. Fortaleza/CE, 2007. Disponível em:<

http://www.geocities.ws/abs5famed/avalcient.pdf> ANDRADE, A. Q.; GONTIJO, E. D. [Neonatal screening for congenital Chagas infection: application of latent class analysis for diagnostic test evaluation]. Rev Soc Bras Med Trop, v. 41, n. 6, p. 615-20, Nov-Dec 2008. ISSN 0037-8682.

ANDRADE, A.L.; ZICKER F.; DE OLIVEIRA R.M.; et al. Randomised trial of efficacy of benznidazole in treatment of early Trypanosoma cruzi infection. Lancet. v. 348(9039), p. 1407-13, 1996. ARAÚJO, F. G. Analysis of Trypanosoma cruzi antigens bound by specific antibodies and antibodies related trypanosomatids. Infect. Immun., v. 5, p. 179-185, 1986. ARAUJO, Anelise Bergmann et al. Prevalência da doença de Chagas em gestantes da região sul do Rio Grande do Sul. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 42, n. 6, Dec. 2009. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822009000600024&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 11 Jan. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822009000600024. BASTOS, F. I. & BARCELLOS, C. A geografia social da AIDS no Brasil. Revista de Saúde Pública. V. 29, p. 52-62, 1995. BARCELLOS, C. et al (1996). Aplicabilidade do SIG nas Investigações em Saúde. Disponível em <https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4379/16/Cap%C3%ADtulo%206. pdf>. BARCELLOS, C.; PUSTAI, A. K.; WEBER, M. A.; BRITO, M. R. V. Identificação de locais com potencial de transmissão de dengue em Porto Alegre através de técnicas de geoprocessamento. Rev. Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Maio-Jun; 38 (3): 246-50.2005. BESTETTI, R. B. terapia de ressincronização cardíaca em pacientes com insuficiência cardíaca sistólica crônica secundária à cardiomiopatia chagásica, no século 21. Rev Bras Cir Cardiovasc , São José do Rio Preto, v. 29, n. 1, março 2014. Disponível a partir <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-76382014000100002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 12 de janeiro de 2015. http://dx.doi.org/10.5935/1678-9741.20140002. BITTENCOURT, A. L. Congenital Chagas’ disease in Bahia. Revista Baiana de Saúde Pública. V. 11, p. 165–208, 1984.

Page 80: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

79

BITTENCOURT, A. L. Possible risk factors for vertical transmission of Chagas disease. Revista do Instituto de Medicina Tropical São Paulo. V. 34 (5), p. 403-408, 1992. BERN, C. et al. Congenital Trypanosoma cruzi transmission in Santa Cruz, Bolivia. Clin Infect Dis, v. 49, n. 11, p. 1667-74, Dec 1 2009. ISSN 1058-4838.

BERNARDO, F. Aspectos epidemiológicos e clínicos de mulheres portadoras de doença de chagas em Campo Grande-MS. [Dissertação de mestrado]. [Mato Grosso do Sul]: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2008. BEZERRA, C. M. Hospedeiros domésticos, peridomicilares e silvestres na transmissão de Trypanossoma cruzi pelo Triatoma brasiliensis em área de caatinga no município de Tauá-CE. Dissertação da UFCE, 2013. Disponível em: <http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/5522> BISIO, M. et al. Urbanization of congenital transmission of Trypanosoma cruzi: prospective polymerase chain reaction study in pregnancy. Trans R Soc Trop Med Hyg, v. 105, n. 10, p. 543-9, Oct 2011. ISSN 0035-9203.

BLANCO, S.B.; SEGURA, E.L.; CURA, E.N.; CHUIT, R.; TULIÁN, L.; FLORES, I.; GARBARINO, G.; VILLALONGA, J.F.; GÜRTLER, R.E. Congenital transmission of Trypanosoma cruzi: an operational outline for detecting and treating infected infants in northwestern Argentina. Tropical Medicine & International Health. v. 5, p. 293-301, 2000.

BOTELHO, C. A. O.; TOMAZ, C.A.B.; CUNHA, R.V.; BOTELHO, M.A.O.; BOTELHO, L.O.; ASSIS, D.M.2008; PINHO, D.L.M. PREVALÊNCIA DOS AGRAVOS TRIADOS NO PROGRAMA DE PROTEÇÃO À GESTANT E DO ESTA DO DE MATO GROSSO DO SUL DE 2004 A 2007. Rev. Pat. Trop. V. 37 (4): p 341-353, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância em saúde: panoramas, conjunturas, cartografias: gestão 2009-2010, Secretaria de Vigilância em Saúde, Brasília, DF, 2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigilancia_saude_panoramas_conjunturas.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2014. BRASIL, Ministério de Minas e energia. Programa de desenvolvimento energético dos estados e municípios. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea. Disponível em: http://www.cprm.gov.br/rehi/atlas/rgnorte/relatorios/SEME155.PDF>. Acesso em 04/11/2014. BRASIL, Ministério da Saúde. FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Mecanismos de principais e atípicos da transmissão da doença de Chagas, 2009. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/chagas/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=173>. Acesso em: 09/01/2012. BRASIL, Ministério de Minas e Energia. Programa de desenvolvimento Energético dos estados e municípios. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea, 2005a.

Page 81: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

80

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Consenso Brasileiro em doenças de Chagas. Revista da sociedade Brasileira de Medicina Tropial. Vol.38 (suplemento III), 2005 b. _________, SIAB. DATASUS. 2014. Disponível em:< http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?siab/cnv/SIABSRN.def> . Acesso em:19/02/2015. BRITO, Carlos Ramon do Nascimento; SAMPAIO, George Harisson Felinto; CÂMARA, Antonia Claudia Jácome; NUNES, Daniela Ferreira; AZEVEDO, Paulo Roberto de Medeiros; GALVÃO, Lucia Maria da Cunha. Soroepidemiologia da infecção pelo Trypanosoma cruzi na zona rural do semiárido do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v45(3) p346-352, maio-junho, 2012. BRUTUS, L.; CASTILLO, H.; BERNAL, C.; SALAS, N. A.; et. al. Short Report: detectable Trypanosoma cruzi Parasitemia during Pregnancy and delivery as a Risk Factor for Congenital Chagas Disease. J. Trop. Med. Hyg., V. 83(5),p. 1044–1047, 2010. CÂMARA, A.C.J. Variabilidade genética de amostras do Trypanossoma cruzi isoladas no semiárido potiguar, RN [Tese de Doutorada]. [ Belo Horizonte]: Universidade Federal de Minas Gerais; 2008. CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO A.M.; D’ALGE, J.C. Introdução à ciência da Geoinformação. São José dos Campos, INEPE, 2001 (2ª edição, revista e ampliada, disponível em <www.dpi.inepe.br/gilberto/livro). CARLIER, Y.; TORRICO, F. Infección congênita por Trypanosoma cruzi: desde los mecanismos de transmisión hasta las estratégias de diagnóstico y control. . Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. V.38 (supl II): p114-118, 2005. CARNEIRO, M. Epidemiological Studies For Evaluating the Effectiveness of the Chagas’ Disease Control Program: a discussion on methods. Revista Brasileira Epidemiologia.Vol. 5, Nº 1, 2002. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/rbepid/v5n1/14.pdf. CASTILLO-RIQUELME, M. et al. The costs of preventing and treating Chagas disease in Colombia. PLoS Neglected Tropical Diseases, 2008, 2(11):e336 CASTRO, F. J.; SILVEIRA, A. C. Distribuição da doença de Chagas no Brasil. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais. V. 31:p.85- 97, 1984. CEVALLOS, A. M.; HERNÁNDEZ, R. Chagas' Disease: Pregnancy and Congenital Transmission. Biomed Res Int, v. 2014, p. 401864, 2014. ISSN 2314-6141. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24949443 >. CHAGAS, C. Nova tripanossomíase humana: Estudos sobre a morfologia e o ciclo evolutivo do Schizotrypanum cruzi n. gen., n. sp., agente etiológico de nova entidade

Page 82: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

81

mórbida do homem. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.1, n.2, p.159-218, ago. 1909. CHILLER, T. M.; SAMUDIO, M. A.; ZOULEK, G. IgG antibody reac ativity withTrypanosoma cruzi and Leishmania antigens in sera of patients with Chagas’ disease and leishmaniasis. Am. J. Trop. Med. Hyg., v. 43, p. 650-656, 1990. CLARK, E. H. et al. Circulating Serum Markers and QRS Scar Score in Chagas Cardiomyopathy. Am J Trop Med Hyg, v. 92, n. 1, p. 39-44, Jan 7 2015. ISSN 0002-9637.

CONNOR, S. J.; FLASSE, S. P.; PERRYMAN, A. H.; THOMSON, M. C. The contribution of satellite derived information to malaria stratification, monitoring and early warning - WHO/MAL/97.1079. Geneva: Word Health Organization, 33p, 1997.

COSTA J, LORENZO M. Biologia, diversidade e estratégias para o monitoramento e controle de vetores de doenças triatomíneos-chagásicos. Mem Inst Oswaldo Cruz. v 7 .: p.46-51, 2009. COURA, J. R.; PEREIRA, J. B.; FILHO, F. I. A.; CASTRO, J. A. F.; CUNHA, R. V.; COSTA, W. & JUNQUEIRA, A. C. V. et al. Morbidade da doença de Chagas em áreas do sertão da Paraíba e da caatinga do Piauí. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v. 29, n. 2, p. 197-205, mar-abr, 1996. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v29n2/a12v29n2.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2014. COURA, J.R. Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. COURA, J.R. Doença de Chagas. In: JR Coura (ed), Síntese das Doenças Infecciosas e Parasitárias , Editora Guanabara Koogan , Rio de Janeiro, p. 12-18, 2008. COURA, J.R., DIAS, J.C.P. Epidemiologia, controle e vigilância da doença de Chagas - 100 anos após a sua descoberta, 2009. COURA, J. R. Chagas disease: control, elimination and eradication. Is it possible? Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 108, n. 8, p. 962-967, Dez. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/mioc/v108n8/0074-0276-mioc-108-8-0962.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2014. COUTINHO, M; DIAS, JCP. A descoberta da doença de Chagas. Cadernos de Ciência e Tecnologia, v.16, n.2, p.11-51, 1999. COUTINHO, C.S.F. Fatores associados ao risco para doença de Chagas em área rural doMunicípio de Russas - Ceará, Brasil: abordagem espacial. [Dissertação de mestrado]. [Rio de Janeiro]: FIOCRUZ; 2010. COUTINHO, C. F. et al. An entomoepidemiological investigation of Chagas disease in the state of Ceara, Northeast Region of Brazil. Cad Saude Publica, v. 30, n. 4, p. 785-93, Apr 2014. ISSN 0102-311x.

Page 83: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

82

CUCUNUBA, Z. M. et al. Prevalence and risk factors for Chagas disease in pregnant women in Casanare, Colombia. Am J Trop Med Hyg, v. 87, n. 5, p. 837-42, Nov 2012. ISSN 0002-9637.

DIAS, João Carlos Pinto; AMATO NETO, Vicente. Prevenção a respeito das diversas rotas alternativas para transmissão do Trypanosoma cruzi no Brasil. Rev. Soe. Bras. Med. Trop. , Uberaba, v. 44, supl. 2, 2011. Disponível a partir <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822011000800011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 11 de janeiro de 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822011000800011. DIAS, D M; DANTAS, L N A; DANTAS, J O. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS VETORES DE CHAGAS EM SERGIPE. Revista multidisciplinar da UNIESP. 10: 50-56, 2010. DIAS, J.C.P. Doença de Chagas. In: Atheneu, ed. Infectologia pediátrica. São Paulo; 2007:821-49. DIAS, J.C.P.; MACHADO, E.M.M.; FERNANDES, A.L.; VINHAES, M.C. Esboço geral e perspectivas da doença de Chagas no Nordeste do Brasil. Cad. Saúde Pública.v.16, p.13-34, 2000.

DIAS, J. C. P. Epidemiological surveillance of Chagas disease. Caderno de Saúde Pública. 16(Sup. 2):43-59, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v16s2/3483.pdf.

DIAS, J.C.P., MACEDO, V.O. Doença de Chagas. Em JR Coura (ed), Dinâmica das Doenças Infecciosas e Parasitárias, Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, p. 557-593, 2005. DIAS, J.C.P.; NETO, A.V.; LUNA, E.J.A. Alternative transmission mechanisms of Trypanosoma cruzi in Brazil and proposals for their prevention. Rev. Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. V.44(3), p. 375-379, 2011. FORATTINI, O.P. Biogeografia, Origem e Distribuição de domiciliação de triatomíneos no Brasil. Rev. Saúde Pública. v.14 : 265-299, 1980. FREITAS, SPCF; LOROSA, ES; RODRIGUES, DCS; FREITAS, ALCF; GONÇALVES, TCM.Feeding patterns of Triatoma pseudomaculata in the state of Ceará, Brazil. Rev Saúde Pública. v.39(1):27-32, 2005. GALVÃO, C. R. Estudo dos fatores associados à infecção chagásica em área endêmica do Rio Grande do Norte - Brasil. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 32, p. 273-274, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842010000300016&nrm=iso>. Acesso em: 5 jul. 2014. _______. Estudo dos fatores associados à infecção chagásica em área endêmica do Rio Grande do Norte. [Natal]: Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2009.

Page 84: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

83

GASCON, J.; VILASANJUAN, R.; LUCAS, A. The need for global collaboration to tackle hidden public health crisis of Chagas disease. Expert Rev. Anti Infect. Ther. v. 12, n. 4, p. 393–395, 2014. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24579882>. Acesso em: 5 jul. 2014. GEBREKRISTOS, H. T.; BUEKENS, P. Mother-to-Child Transmission of Trypanosoma cruzi. J Pediatric Infect Dis Soc, v. 3, n. Suppl 1, p. S36-S40, Sep 2014. ISSN 2048-7193. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25232476 >.

GOMES, Y.M.; PEREIRA, V.R.; NAKAZAWA, M.; ROSA, D.S.; BARROS, M.D.; FERREIRA, A.G.; SILVA, E.D.; OGATTA, S.F.; KRIEGER, M.A.; GOLDENBERG, S. Serodiagnosis of chronic Chagas infection by using EIE recombinant- Chagas-Biomanguinhos kit. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 96, n. 4, p. 497–501, 2001.

GONÇALVES, RG; PEREIRA, FCA; LIMA, IP; CAVALCANTE, RR Geographic distribution, domiciliary infestation and natural infection of triatomines (Hemiptera:Reduviidae) in Piauí State, Brazil, in 2008. Revista Pan-Amaz Saude. 1(4):57-64, 2010. Disponível em: http://scielo.iec.pa.gov.br/pdf/rpas/v1n4/v1n4a09.pdf GONTIJO, E.D., ANDRADE, G.Q.M., JANNUZZI, J. H. et. al. Doença de Chagas congênita - inquérito sorológico em Minas Gerais - modelo e proposta. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. V. 31 ( 3), p. 53–54, 1998. GONTIJO, E.D., ANDRADE, G. M. Q., SANTOS, S. E. et al. Neonatal screening program for the infection by Trypanosoma cruzi in Minas Gerais, Brazil: congenital transmission and tracking of the endemic areas. Rev. Epidemiologia e Serviços de Saúde. V. 18, p.243–254, 2009. GURGEL-GONÇALVES, R. et al. Distribuição geográfica, infestação domiciliar e infecção natural de triatomíneos (Hemiptera: Reduviidae) no Estado do Piauí, Brasil, 2008. Rev Pan-Amaz Saúde, v. 1, n. 4, p. 57-64, 2010. Disponível em: <http://scielo.iec.pa.gov.br/pdf/rpas/v1n4/v1n4a09.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2014.

GÜRTLER, R.E., SEGURA, E.L., COHEN, J.E. Transmissão congênita do Trypanosoma cruzi infecção na Argentina. Emergência Doenças Infecciosas 9: 29-35, 2003.

GUTIERREZ, R.; ÂNGULO, V.M.; TARAZONA, Z.; BRITTO, C.; FERNANDES, O. Comparison of four serological tests for the diagnosis of Chagas disease in a Colombian endemic area. Parasitology, v. 129, p. 439-444, 2004.

HERMANN, E.; TRUYENS, C.; ALONSO-VEJA, C.; RODRIGUEZ, P.; BERTHE, A.; TORRICO, F.; CARLIER, Y. Congenital transmission of Trypanosoma cruzi is associed with maternal enhanced parasitemia and decreased production of interferon-gamma in response to parasite antigens. The Journal of Infectious Diseases. v. 189: p.1274-1281, 2004.Disponível em:<

Page 85: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

84

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822009000600024>

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/>. IDEMA. Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte. Disponível em: http://www.idema.rn.gov.br. KIELING, C. & MACHADO, A.R.L. Doença de Chagas. In: Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. Bruce B. Duncan, Maria Inês Schmidt, Elsa R. J. Giugliani... [et al.]. – 3.ed. – Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 1482-1484.

KIRCHHOFF, L. tripanossomíase americana (doença de Chagas). A doença tropical agora nos Estados Unidos. New England Journal Medicine 329:. 639-644, 1993.

KIRCHHOFF, L.V. Epidemiologia da tripanossomíase americana (doença de Chagas).Adv Parasitol. v. 75: 1-18, 2011. doi: 10.1016 / b978-0-12-385863-4.00001-0

KROPF, S.P. Ciência, saúde e desenvolvimento: a doença de Chagas no Brasil (1943-1962)*. Tempo, v19 p 107-124, fevereiro, 2005. LEE, B.Y.; BACON, K.M.; BOTTAZZI, M.E.; HOTEZ, P.J. Fardo económico global da doença de Chagas: Um modelo de simulação computacional. Rev. Lancet Infect Dis. 2013; 13: 342-348 LIMA VDOS, S. et al. Expanding the Knowledge of the Geographic Distribution of Trypanosoma cruzi TcII and TcV/TcVI Genotypes in the Brazilian Amazon. PLoS One, v. 9, n. 12, p. e116137, 2014. ISSN 1932-6203.

LUCENA, D.T. Estudos sobre doença de Chagas no Nordeste do Brasil. Rev Bras Malariol D Trop. V. 22, p.3-173. LUQUETI AO, RASSI A. Diagnóstico laboratorial da infecção pelo Trypanosoma cruzi. In: Brener Z, Andrade ZA, Barral-Neto M, editores. Trypanosoma cruzi e doença de Chagas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000. p. 345-376. MALAFAIA, M.; RODRIGUES, A. S. L. Centenário do descobrimento da doença de Chagas: desafios e perspectivas. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v. 43, n. 5, p. 483-485, set-out, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v43n5/v43n5a01.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2014. MARTINS-MELO, F. R.; ALENCAR, C. H.; RAMOS JR., A. N.; HEUKELBACH, J. Epidemiology of Mortality Related to Chagas’ Disease in Brazil, 1999–2007. Plos Neglected Trop. Diseases. V. 6 (2), p.e 1508, 2012. MEDEIROS, A.C. Soroprevalência e os fatores associados à infecção pelo Trypanosoma cruzi no município Felipe Guerra-RN, 2013[Dissertação de mestrado]. [Mossoró] Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, 2014.

Page 86: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

85

MEIRA, W.S.; GALVÃO, L.M.; GONTIJO, E.D.; MACHADO-COELHO, G.L.; NORRIS, K.A.; CHIARI, E. Tripanosoma cruzi recombinant complement regulatory protein: a novel antigen for use in an enzyme-linked immunosorbent assay for diagnosis of Chagas’ disease. Journal of Clinical Microbiology, v. 40, n. 10, p.3735-3740, 2002. MOYA, P.R.; MORETTI, E.R.A. Doença de Chagas Congênita. In: Dias JC, Coura JR, editores. Clínica e Terapêutica da Doença de Chagas: uma Abordagem Prática para o Clínico Geral. Rio de Janeiro: Fiocruz; 1997. p. 383-409. NAVARRO, M. et al. Chagas disease in Spain: need for further public health measures. PLoS Negl Trop Dis. 2012; v. 6, n. 12, p. e1962, dez. 2012. Disponível em:<http://www.plosntds.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pntd.0001962>. Acesso em: 5 jul. 2014. NISIDA, I.V.V.; AMATO NETO, V.; BRAZ, L.M.A.; DUARTE, M.I.S.; UMEZAWA, E.S. A survey of Congenital Chagas’ disease, carried out at three Health Institutions in São Paulo City, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo. v.41,p. 305-311, 1999. NUNES, M.C.P.; DONES, W.; MORILLO, C.A. E.; ENCINA, J.J. A doença de Chagas.: Uma visão geral dos aspectos clínicos e epidemiológicos. Journal of the American College of Cardiology. v. 62 (9), p.767-776, 2013. Disponível em: < http://content.onlinejacc.org/article.aspx?articleid=1699342> Acesso em: 19/02/2015. OLIVEIRA I, TORRICO F, MUÑOZ J, GASCON J. Congenital transmission of Chagas disease: a clinical approach. Expert Rev Anti Infect Ther.2010;8:945–56. http://dx.doi.org/10.1586/eri.10.74 Organização Mundial de Saúde. Chagas disease (American trypanosomiasis) – factsheet (revised in August 2012). releve epidemiologique hebdomadaire V. 87, p. 519-522, 2012.

Organização Mundial da Saúde A doença de Chagas: controle e eliminação. A62 /

17. Assembléia Mundial da Saúde 62. Genebra, May 18-22, 2009. Organização Mundial de Saúde. Doença de Chagas: Controle e Eliminação. Organização Mundial de Saúde. Relatório da Assembléia Mundial de Saúde.: 1-4. 2010. Organização Mundial da Saúde Doença de Chagas: controle e eliminação. A62 / 17. Assembléia Mundial da Saúde 62. Genebra, May 18-22, 2009 [citado em 2013 17 de setembro]. http://apps.who.int/gb/ebwha/ pdf_files / A62 / A62_17-pt.pdf OSTERMAYER, A. L. et al. O inquérito nacional de soroprevalência de avaliação do controle da doença de Chagas no Brasil (2001-2008). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 44, p. 108-121, 2011. ISSN 0037-8682. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822011000800015&nrm=iso >.

Page 87: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

86

QUARESMA, A.; WIGODZINSKY, P.; 1979 Revisão das espécies de triatomíneos (Hemiptera: Reduvidae) e seu significado como vetores de diasease Chagas. Boletim do Museu Americano de História Natural, art. 3, New York, 520 pp. PEREZ, SILVIA MARIA GUADALUPE; MELÉNDREZ, EDELSYS HERNÁNDEZ; CABRERA, AINDA RODRÍGUEZ. La enfermedad de Chagas como un rezago social en salud. Revista Cubana de Salud Pública, v37 (1) p159-174, março-agosto, 2010. PINTO, F. S. Condições de nascimento de filhos de puérperas Infectadas pelo trypanossoa cruzi, diagnosticadas a partir de triagem neonatal em minas gerais [Dissertação de mestrado]. [Belo Horizonte] Universidade Federal de Minas Gerais 2009. PINTO, A. Y. D. N. et al. Congenital Chagas disease due to acute maternal Trypanosoma cruzi infection transmitted by the oral route. Revista Pan-Amazônica de Saúde, v. 2, p. 89-94, 2011. ISSN 2176-6223. Disponível em: < http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-62232011000100012&nrm=iso >.

PORTELA-LINDOSO, A. A. B.; Shikanai-YASUDA, M.A. Doença de Chagas crônica: Do xenodiagnóstico e hemocultura à reação em cadeia da polimerase. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.37, n. 1, fevereiro de 2003.

RAGHUPATHY, R. Gravidez: o sucesso e o fracasso dentro do paradigma Th1 / Th2 / Th3 . Semin Immunol, V. 13, P. 219 – 27, 2001. RIBEIRO, A. L.; NUNES, M. P.; TEIXEIRA, M. M.; ROCHA, M.O.C. Diagnosis and management of Chagas disease and cardiomyopathy. Nature Reviews Cardiologi. V.9, P 576-589, 2012.

ROSSI, J.C.N. Fatores associados com a ocorrência de triatomíneos em unidades domiciliares de localidades rurais no município de posse, goiás, brasil, 2013 [Dissertação de mestrado]. [Brasilia]: Universidade de Brasília, Programa de Pós-graduação de Medicina Tropical, 2014.

ROTTA, D. S. dos; SIQUEIRA, L.; PEDROSO, D. Transmissão Congênita da Doença de Chagas: Uma Revisão. Arq. Ciênc. Saúde, São Paulo, out/dez, 2013.

SALAS, N. A. et al. Risk factors and consequences of congenital Chagas disease in Yacuiba, south Bolivia. Trop Med Int Health, v. 12, n. 12, p. 1498-505, Dec 2007. ISSN 1360-2276.

SANTOS, J. I., LOPES, M. A. A., DELIEGE-VASCONCELOS, E. et al. Seroprevalence of HIV, HTLV-I/II and other perinatally-transmitted pathogens in Salvador, Bahia. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo. V. 37, p.343–348, 1995. SILVEIRA, A. C. & VINHAES, M., 1998. Doença de Chagas: Aspectos epidemiológicos e de controle. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.31, p.15-60. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v16s2/3481.pdf.

Page 88: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

87

SILVEIRA, A. C.; SILVA, G. R.; PRATA, A. O Inquérito de soroprevalência da infecção chagásica humana (1975-1980). Revista da sociedade brasileira de medicina tropical, Minas Gerais, v. 44, p.33-39. 2011. SILVEIRA, A.C.; DIAS, J.C.P. O controle da transmissão vetorial. Revista da sociedade brasileira de medicina tropical, v.44: p. 52-63, 2011. SIRIANNO, L. R. Influência da gestação na parasitemia por hemocultura em gestantes infectadas pelo Trypanosoma cruzi na fase crônica [Dissertação de mestrado]. [Goiás]: Universidade Federal de Goiás, 2007. SCHIJMAN, A.G.; ALTCHEH, J.; BURGOS, J.M.; BIANCARDI, M.; BISSIO, M.; LEVIN, M.J.; FREILIJ, H.(2003)Aetiological treatment of congenital Chagas disease diagnosed and monitored by the polymerase chain reaction. Journal of Antimicrobial Chemotherapy 52441–449.449 SOSA-ESTANI, S.; SEGURA, E.L.; RUIZ, A.M.; VELAZQUEZ, E.; PORCEL, B.M.; YAMPOTIS, C. Eficácia da quimioterapia com benzonidazol em crianças na fase indeterminada da doença de Chagas. The American Journal of Tropical Medicine e Higiene 59: 526-529, 1998. SOSA-Estani, Sergio et al. Tratamento etiológico de mulheres jovens infectadas com Trypanosoma cruzi, e prevenção da transmissão congênita. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. , Uberaba, v. 42, n. 5, outubro de 2009. Disponível a partir <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822009000500002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 22 de março de 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822009000500002.

SOUZA, H.M.; RAMIREZ, L.E.; BORDIN, J.O. Doença de Chagas Transfusional: medidas de controle. In: Dias JCP, Coura JR (Org) Clinica e Terapêutica da doença de Chagas. Uma abordagem prática para o clínico geral, Editora FIOCRUZ, Rio de Janeiro, p. 429-443, 1997. Disponível em: <http://static.scielo.org/scielobooks/nf9bn/pdf/dias-9788575412435.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2014. TELES, W. S. Avaliação epidemiológica e laboratorial da doença de chagas em área rural de Sergipe [ Dissertação de mestrado]. [Aracaju]: Universidade Tiradentes, 2013. Disponível em: < http://psa.unit.br/wp-content/uploads/2013/07/AVALIA%C3%87%C3%83O-EPIDEMIOL%C3%93GICA-E-LABORATORIAL-DA-DOEN%C3%87A-DE-CHAGAS-EM-%C3%81REA-RURAL-DE-SERGIPE.pdf> acesso em: 19/02/2015. TORRICO F, ALONSO-VEGA C, SUAREZ E, ET AL. Maternal Trypanosoma cruzi infection, pregnancy outcome, morbidity, and mortality of congenitally infected and non-infected newborns in Bolivia. Am J Trop Med Hyg. V. 70(2), p.201-9, 2004. VIRREIRA, M.; TRUYENS, C.; ALONSO-VEJA, C.; BRUTUS, L.; JIJENA, J.; TORRICO, F.; CARLIER, Y.;.SVOBODA, M. Comparison of Trypanosoma cruzi lineages and levels of parasitic DNA in infected mothers and their

Page 89: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

88

newborns. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 77102–106.106, 2003 VAZ AJ, GUERRA EM, FERRATTO LCC, TOLEDO LAS & AZEVEDO NETO RS Positive sorology of syphilis, toxoplasmosis and Chagas’ disease in pregnant women on their first visit to State Health Centres in a metropolitan area, Brazil. Revista de Saúde Pública. V. 24, p. 373–379, 1990. VEIGA, N. Modelo de análise espaço-temporal da prevalência da malária, no município de Bragança e Augusto Correa - PA, no período de 2001 a 2006. X Coloquio Internacional de Geocrítica DIEZ AÑOS DE CAMBIOS EN EL MUNDO, EN LA GEOGRAFÍA Y EN LAS CIENCIAS SOCIALES, 1999-2008. Barcelona: Universidad de Barcelona, 26 - 30 de mayo de 2008.

Page 90: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

89

VIII ANEXOS

ANEXO 1 - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

Page 91: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

90

Page 92: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

91

Page 93: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

92

ANEXO 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIENCIAS DA SAÚDE - FACS

GRUPO DE PESQUISA DE PESQUISA DE BIOLOGIA E BIOQUIMICA DOENÇAS INFECCIOSAS E GENÉTICAS

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa “ANÁLISE DA SOROPREVALÊNCIA DE DOENÇA DE CHAGAS POR TRANSMISSÃO VERTICAL EM GESTANTES DA REGIÃO OESTE DO RIO GRANDE DO NORTE”,

coordenada pelo prof. Márcio Adriano Fernandes Barreto, Orientada pelo Prof. Dr.Wogelsanger de Oliveira Pereira e co-orientado pelo Prof. Esp. Cleber de Mesquita Andrade.

Este estudo segue as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e suas complementares, que regula as normas das pesquisas que envolvem seres humanos no Brasil.

Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga prejuízo ou penalidade. Caso decida aceitar o convite, você será submetido aos seguintes procedimentos: responderá um questionário e em seguida uma coleta de sangue de 20 mL.

Essa pesquisa tem por objetivo geral: Investigar os índices de transmissão vertical da Doença de Chagas na região Oeste do Rio Grande do Norte. E objetivos específicos: - Realizar os exames sorológicos para a doença de Chagas em gestantes residentes na região Oeste do Rio Grande do Norte; - Realizar sorologia e parasitológico de Chagas nos recém-nascidos das gestantes positivas para identificar a prevalência da transmissão vertical;

Os benefícios potenciais da pesquisa giram em torno da possibilidade de contribuir para diagnostico sorológico a doença de Chagas em gestantes, ao mesmo tempo em que propõe investigar a transmissão vertical da doença, possibilitando o encaminhamento para o serviço especializado, garantindo um melhor acompanhamento, segurança e qualidade de vida para os recém-nascidos das mães chagásicas. Identificar esta realidade influenciará na rotina das prescrições sorológicas em gestantes das áreas estudadas. Com isso, poderão surgir intervenções em saúde, para esta população, diante da realidade encontrada. Existem riscos mínimos que você estará exposto, estes são: a) de ordem emocional, como constrangimento/medo que sua vida seja exposta junto à comunidade em que vive; ou caso os resultados sejam expostos individualmente, de modo que no futuro, a comunidade saiba de uma possível soropositividade para doença de Chagas; b) de ordem física, como uma punção venosa com

agulha descartável que pode levar uma leve dor no local e uma pequena mancha no local, que

desaparecerá espontaneamente em poucos dias, mesmo assim, isto é minimizado pelo fato de que quem fará a coleta tem larga experiência neste tipo de procedimento. Caso você tenha medo de coletar sangue, o procedimento pode lhe causar ansiedade e turvação visual, isto deve ser

minimizado lhe colocando em posição deitada. A coleta de sangue das gestantes acompanhadas no

pré-natal do município. Nas gestantes que forem soropositivas para o T. cruzi, punção venosa ou capilar dos recém-nascidos.

Buscaremos minimizar os riscos mediante: (1) Garantia do anonimato/privacidade do participante por meio do recebimento do questionário respondido e simultâneo depósito em caixa lacrada, bem como, a garantia da não identificação nominal do questionário; (2) Sigilo das informações por ocasião da publicação dos resultados (não será exposto dado que identifique o aluno individualmente); (3) agendamento prévio da coleta de dados e das amostras biológicas (sangue), evitando que a coleta ocorra em momento anterior à realização de atividades avaliativas;(4) utilização de material descartável como luvas de procedimentos, seringas e agulhas, algodão, álcool a 70º, caixa perfuro cortante; (5) Utilização de kit sorológicos de boa qualidade para segurança e fidedignidade dos resultados; (6) utilização de dois métodos (Enzima imunoensaio e Hemaglutinação indireta) para as amostras negativas e em caos de positivo a amostra será repetida pelo dois métodos supracitados com a confirmação do terceiro método de imunofluorescência indireta (7) Garantia que o participante terá o tempo necessário para responder ao questionário, para isso, a gestante terá a anuência da secretaria de saúde do município. No entanto, diante da existência dos

Page 94: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

93

riscos mencionados os pesquisadores se comprometem em interromper imediatamente a coleta dos dados e/ou do material biológico.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em momento nenhum do estudo. Como forma de garantir a confidencialidade, a privacidade e a segurança das informações, os dados coletados serão guardados em “Caixa Arquivo”, devidamente lacrada e identificada, já o soro que foi extraído da coleta de sangue ficarão acondicionados em refrigeração a temperatura de -80º C no Laboratório de bioquímica e biologia molecular (BIOMOL - UERN) sob a responsabilidade do pesquisador responsável (orientador).

Você ficará com uma cópia deste TCLE e toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para o Prof. esp. Márcio Adriano Fernandes Barreto, no Departamento de Enfermagem – CAMEAM/UERN, localizado a BR. 405, km 153, Bairro Arizona, Pau dos Ferros/RN. (84) 3351-2560 (contato-trabalho).

Dúvidas a respeito da apreciação ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética de Pesquisa da UERN no endereço Rua Atirador Miguel Antônio da Silva Neto, S/N Aeroporto. 3° Pavimento da Faculdade de Ciências da Saúde Tel: (84) 3318-2596 e-mail: [email protected] CEP 59607-360. Consentimento Livre e Esclarecido

Declaro que estou de acordo com a participação no estudo “ANÁLISE DA SOROPREVALÊNCIA DA DOENÇA DE CHAGAS POR TRANSMISSÃO VERTICAL EM GESTANTES DA REGIÃO OESTE DO RIO GRANDE DO NORTE”. Fui devidamente esclarecido quanto aos objetivos da pesquisa, aos procedimentos aos quais serei submetido e dos possíveis riscos que possam advir de tal participação. Foram garantidos a mim esclarecimentos que venha a solicitar durante o curso da pesquisa e o direito de desistir da participação em qualquer momento, sem que minha desistência implique em qualquer prejuízo a minha pessoa ou a minha família. A minha participação na pesquisa não implicará em custos ou prejuízos adicionais, sejam esses custos ou prejuízos de caráter econômico, social, psicológico ou moral. Autorizo assim a publicação dos dados da pesquisa a qual me garante o anonimato e o sigilo dos dados referentes à minha identificação.

Pau dos Ferros/RN, ____/____/2013

__________________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa

Impressão datiloscópica

__________________________________ Assinatura do Pesquisador Responsável

Endereço do Pesquisador

Departamento de Enfermagem – CAMEAM/UERN, localizado a BR. 405, km 153, Bairro Arizona, Pau dos Ferros/RN. (84) 3351-2560 (contato-trabalho).

ANEXO 3 – ROTEIRO DA ENTREVISTA COM AS GESTANTES

Page 95: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

94

Governo do Estado do Rio Grande do Norte UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO - PROPEG FACULDADE DE ENFERMAGEM-FAEN PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE – PPGSS MESTRADO EM SAÚDE E SOCIEDADE - MASS

Grupo de Pesquisa biologia e epidemiologia das doenças infecciosas e genéticas Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular - BioMol

1. Identificação

Nº de registro:

Local: Data:___/___/_____

Idade:

Naturalidade: Contato:

Endereço: Idade gestacional:

2. Dados socioeconômicos – 2.1. Condições de domicílio e saneamento

2.1.1.Quantas pessoas moram na

mesma casa:

2.1.2. Água: ( ) encanada ( ) poço

2.1.3. Tipo de água ingerida:

( )mineral ( )fervida/filtrada ( )CAERN

( ) ruim

2.1.4. Como é desprezado o lixo da casa:

( )Enterrado ( )Queimado ( )recolhido

2.1.5. Tem saneamento básico: sim( )

não ( )

2.1.6. Tem energia elétrica: sim ( ) não (

)

2. Dados socioeconômicos – 2.2 Educação

2.2.1. Grau de escolaridade: ( )1º GRAU ( )2º GRAU ( ) 3º GRAU

2. Dados socioeconômicos – 2.3 Saúde

2.3.1. Tem alguma doença? ( )não ( ) sim qual (is)?

2.3.2. Faz algum tratamento? ( )não ( ) sim qual (is)?

2.3.3. Acesso à saúde? ( )fácil ( )difícil

2.3.4. Quando precisa dos serviços de saúde utiliza? ( )público ( )privado

2. Dados socioeconômicos – 2.4 Renda

2.4.1 Renda mensal: ( )até 1 salário mín. ( ) 1 a 2 salário mín. ( )mais de 2

salário mín.

3. Indicadores de risco para doença de Chagas – 3.1 Fatores Biológicos

3.1.1. Presença de barbeiro: ( )sim ( )não ( )não sabe

3.1.2. Já foi picado por algum barbeiro? ( )sim ( )não( )não sabe

3.1.3. Como sabe que foi picado pelo barbeiro?

3.1.4. Apresentou sinal e/ou sintoma após picada: sim( ) não( ) qual(is)?

Page 96: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

95

3.1.5. Possui animal doméstico: sim( ) não( ) qual(is)?

3.1.6. Já fez alguma transfusão de sangue? ( )sim ( )não ( )não sabe

3.1.7. Toma caldo de cana com frequência?( )sim ( )não

3.1.8. Mora com alguém que tem a doença de Chagas?( )sim, quantas

pessoas?:____ ( )não ( )não sabe

3. Indicadores de risco para doença de Chagas – 3.2 Habitação

3.2.1. Tipo de habitação atual: ( )alvenaria ( )taipa quanto tempo?_________

3.2.2. Já morou em casa de taipa ( )sim quanto tempo?______ ( )não

3.2.3. Mora perto de mata ou floresta ( )sim ( ) não

3.2.4. Mora na zona ? rural( ) urbana ( )

3.2.5. Já morou? Sim ( ) não ( )

3. Indicadores de risco para doença de Chagas – 3.3 Ocupação profissional

3.3.1. Está trabalhando? ( )sim ( )não profissão:______________________

3.3.2. Se sim, onde fica o local de trabalho: ( )zona urbana ( )zona rural

4. Grau de conhecimento da doença de Chagas

4.1. Já ouviu falar da doença de Chagas: ( )sim ( )não

4.2. Tem a doença de Chagas diagnosticada por sorologia? ( )sim Há quanto

tempo______ ( )não

4.3. Se sim, como acha que contraiu a

doença?_____________________________

4.4. Sabe qual a forma da doença que você apresenta? Cardíaca( ) digestiva ( )

não sabe( )

4.5. Conhece alguém que tem a doença? ( ) sim ( )não

4.6. Sabe como se contamina ( )sim ( )não

4.7. Conhece um barbeiro? ( )sim ( )não

4.8. Sabe como se prevenir? ( )sim ( )não

4.9. Sabe como se tratar? ( ) sim ( )não

Fonte: GALVÃO, Camila Regalado, Estudos dos Fatores associados à infecção Chagásica em área endêmica do Rio Grande do Norte, 2009.

Page 97: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

96

ANEXO 4 - INSTRUMENTO DE COLETA DOS INDICADORES DE INFESTAÇÃO

DOMICILIAR

1. Ligação a rede elétrica: S/N

2. Domicílio Habitado/desabitado

3. Possui animal do intradomicílio? S/N

4. Número total de anexos no peridomicílio: não possui / de 1 a 4 anexos / 5 ou mais anexos

5. Possui amontoado de tijolo/telha no peridomicílio? S/N

6. Possui amontoado de palhas no peridomicílio? S/N

7. Possui amontoado de madeiras no peridomicílio? S/N 8. Possui paiol (depósito) no peridomicílio? S/N

9. Possui galinheiro e/ou poleiro no peridomicílio? S/N

10. Possui anexo de criação de caprinos e/ou ovinos no peridomicílio? S/N

11. Possui anexo de criação de bovinos e/ou eqüinos no peridomicílio? S/N

12. Possui anexo de criação de suínos no peridomicílio? S/N

13. Presença de carnaúba?

14. Presença de chagásico?

Fonte: modificado de Coutinho (2010), Fatores associados ao risco para doença de Chagas em área rural do Município de Russas - Ceará, Brasil: abordagem espacial.

Page 98: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

97

ANEXO 5 - FICHA DO PCDCh PARA COLETA DE TRIATOMÍNEOS

Page 99: MÁRCIO ADRIANO FERNANDES BARRETO - UERN - Universidade do ... · Tabela 3 Caracterização das condições de saneamento e moradia das gestantes do município de Severiano Melo/RN,

98

o Variáveis adotadas como critérios

do rastreio sorológicos:

Variáveis gerais associadas à infecção chagásica

Peso

Acima de 30 anos ( ) 0,7

Agricultor ( ) 0,8

Baixa escolaridade ( ) 0,4

Trabalha na Zona Rural ( ) 1,0

Variáveis dos indicadores biológicos associadas à infecção chagásica

Peso

Residiu/Reside em casa de taipa ( ) 0,4

Barbeiro na residência ( ) 0,4

Animais no intradomicílio ( ) 0,5

Reside na zona rural ( ) 1,0

Reside próximo de mata ( ) 0,8

o Parâmetros:

Parâmetros das variáveis dos indicadores biológicos associadas à infecção chagásica

Faixas de prioridades

Baixa prioridade 0,4 – 1,0

Moderada prioridade 1,1 – 1,8

Elevada prioridade 1,9 – 2,9

Parâmetros das variáveis dos indicadores biológicos associadas à infecção chagásica

Faixas de prioridades

Baixa prioridade 0,4 – 1,0

Moderada prioridade 1,1- 1,8

Elevada prioridade 1,9 – 3,1

o Interpretação do instrumento

1. Realização do rastreio sorológicos para a infecção chagásica de todas as gestantes que frequentarem o pré-natal;

2. No caso das mulheres em idade fértil, utilizar-se-á o instrumento de rastreio sorológico.

3. O instrumento norteador estratifica em escala de prioridades o rastreio sorológico. Uma vez que o tratamento prévio desta mulher em idade fértil pode reduzir as chances de uma transmissão vertical em uma futura gestação.

4. Devem-se realizar os rastreio sorológico em mulheres em idade fértil com os seguintes critérios:

Parâmetros gerais

Parâmetros biológicos

Interpretação

Ausência ( )

Ausência ( )

Não prioriza - Fica a critério do serviço a

realização do rastreio sorológico

Ausência ( )

Baixa ( )

Não prioriza - Fica a critério do serviço a

realização do rastreio sorológico

Baixa ( )

Ausência ( )

Não prioriza - Fica a critério do serviço a

realização do rastreio sorológico

Baixa ( )

Baixa ( )

Baixa prioridade - Fica a critério do serviço a

realização do rastreio sorológico

Baixa ( )

Moderada ( )

Moderada prioridade - Realização do rastreio sorológico – caso já

tenham realizado sorologia há menos de 5

anos, desconsidera o rastreio.

Moderada ( )

Baixa ( )

Moderada prioridade -Realização do rastreio

sorológico - caso já tenham realizado

sorologia há menos de 10 anos, desconsidera o

rastreio.

Moderada ( )

Moderada ( )

Moderada prioridade - Realização do rastreio sorológico - caso já

tenham realizado sorologia há menos de 10

anos, desconsidera o rastreio.

Moderada ( )

Elevada ( )

Alta prioridade - Realização do rastreio – caso já tenham realizado

há menos de 1 ano, desconsiderar o rastreio

Elevada ( )

Moderada ( )

Alta prioridade -Realização do rastreio – caso já tenham realizado

há menos de 1 ano, desconsiderar o rastreio

Elevada ( )

Elevada ( )

Alta prioridade -Realização do rastreio independente de realização de sorologias prévias.

ANEXO 6 – RASTREIO SOROLÓGICO EM GESTANTES E MULHERES EM IDADE FÉRTIL – PROGRAMA AMBULATORIAL DE DOENÇA DE CHAGAS (PADC)