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    Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br Revista do Programa de Ps-Graduao em Letras e Cincias Humanas UNIGRANRIO

    Vol. 1 Num.2 2010

    Educao a Distncia e Tecnologias:

    conceitos, termos e um pouco de histria

    Mrcio Luiz Corra Vilaa1 - UNIGRANRIO

    Resumo:

    A rpida e crescente adoo da Educao a Distncia em diferentes contextos

    tem feito com que alguns conceitos, algumas vezes, estejam imprecisos e

    ambguos, tanto para professores e estudantes. Este artigo tem por finalidade

    discutir objetivamente alguns conceitos chaves em Educao a Distncia e no

    uso de dispositivos e recursos tecnolgicos em Educao. O artigo apresenta

    uma definio para Educao a Distncia, um perfil da sua histria e

    desenvolvimento a discusso de alguns conceitos e terminologias amplamente

    empregadas na rea.

    Palavras Chave: Educao a distncia, tecnologia, conceitos, histria,

    terminologia

    Abstract:

    The growing and quick adoption of Distance Education in different context has

    made some concepts to be unclear or ambiguous sometimes, both for teachers

    and students. This article aims at briefly discussing some key concepts in

    distance education and in the use of technological devices and resources in

    Education. It presents a definition for Distance Education, an outline of its

    history and development and discussion of some basic concepts and

    terminology widely used in the field.

    Keywords: Distance education, technology, concepts, history, terminology

    1 Doutor em Letras (Estudos de Linguagem) pela UFF, Mestre em Lingustica Aplicada pela

    UFRJ.

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    1 - Introduo

    evidente o crescimento do emprego de tecnologia em contextos de

    ensino-aprendizagem nos ltimos anos. Uma das formas mais visveis desta

    interao educao-tecnologia a Educao a Distncia (EaD) na modalidade

    online e no ensino semipresencial.

    Maia e Mattar (2007, p xiii) afirmam que:

    O crescimento do mercado de educao a distncia (EaD) explosivo no Brasil e no Mundo. Dados esto disponveis por toda parte: cresce exponencialmente o nmero de instituies que oferecem algum tipo de curso a distncia, o nmero de cursos e disciplinas ofertados, de alunos matriculados, de professores que desenvolvem contedos e passam a ministrar aulas a distncia, de empresas fornecedoras de servios e insumos para o mercado, de artigos e publicaes sobre EaD, crescem as tecnologias disponveis, e assim por diante.

    Esta realidade tem feito que, cada vez mais, professores se envolvam

    em atividades e projetos relacionados a EaD, tanto como parte de sua

    formao quanto em seus contextos profissionais, seja de forma voluntria, por

    necessidades especficas, ou ainda por questes mercadolgicas e de

    atualizao profissional.

    A adoo da EaD deve ser acompanhada de formaes e reflexes

    tericas e prticas. Em geral, necessrio compreender caractersticas,

    possibilidades, potencialidades e limitaes de diferentes formas de ensino,

    inclusive da educao a distncia, das tecnologias e dos recursos disponveis.

    No entanto, possvel constatar casos nos quais alguns professores e alunos

    apresentam compreenses confusas ou equivocadas sobre o que seja EaD,

    sobre o conceito de distncia, sobre terminologias empregadas, entre outras

    questes.

    Este artigo discute de forma objetiva alguns conceitos bsicos

    relacionados educao a distncia. O trabalho apresenta uma breve histria

    desta modalidade de ensino e aborda a relao entre tecnologias e formas de

    EaD. Algumas questes terminolgicas tambm so tratadas.

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    2- O que Educao a Distncia?

    Em termos gerais, a Educao a Distncia uma modalidade de

    educao na qual professores e alunos encontram-se em locais diferentes

    (MOORE e KEARSLEY, 2008; CARLINI e TARCIA, 2010) durante todo ou

    grande parte do tempo em que aprendem ou ensinam (MOORE e KEARSLEY,

    2008, p.1). A sigla EaD empregada tanto para Educao a Distncia quanto

    para Ensino a Distncia (BELLONI, 2009).

    A compreenso de EaD influenciada pela compreenso de distncia

    (GOUVA e OLIVEIRA, 2006; TORI, 2010). A distncia deve ser compreendida

    basicamente como separao espacial (geogrfica/local) entre participantes do

    processo educacional, sejam estes alunos ou professores. Em aulas por

    videoconferncia, comum que os alunos estejam juntos, mas em lugar

    diferente do professor. Por outro lado, quando o estudo ocorre pela internet,

    comum alunos e professores estejam em locais diferentes e acessem o curso e

    os materiais e recursos didticos em momentos diferentes. Estes dois

    exemplos ilustram que h diferentes possibilidades de distanciamento entre

    alunos e professores.

    Incompreenses sobre as possveis formas de distncia tendem a gerar,

    como consequncia, crticas e at mesmo preconceitos em relao a EaD.

    Neste sentido, relevante fazer duas consideraes. Primeiramente, a

    distncia - ou separao espacial - no implica necessariamente em

    divergncia temporal (cronolgica). Assim, alunos e professores podem estar

    em locais diferentes participando sincronicamente de uma mesma atividade

    com fim pedaggico, como, por exemplo, em atividades mediadas por chat.

    Em segundo lugar, conforme apontam Valente e Mattar (2007, p.19), o

    distanciamento fsico entre os participantes no implica em distanciamento

    humano. Os autores prosseguem afirmando que a EaD, portanto, possibilita a

    manipulao do espao e do tempo em favor da educao (p.20). Tori (2010)

    aponta que a EaD, na verdade, possibilita eliminar distncias, principalmente

    se considerarmos as potencialidades da internet. O autor discute o emprego de

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    tecnologias interativas na reduo de distncias em situaes de ensino e

    aprendizagem.

    3- Dos tipos aos bytes: uma breve trajetria da EaD

    Nos ltimos anos, EaD tem sido foco de muitos estudos e de grande

    repercusso na mdia, sendo cada vez mais adotada por colgios,

    universidades, professores, entre outros. A popularizao e a visibilidade da

    EaD parecem estar diretamente ligadas popularizao, ao desenvolvimento e

    expanso da internet e de novas tecnologias (MAIA e MATTAR, 2007). Este

    fato induz compreenso equivocada de EaD como novidade. Tori (2010, p.4)

    afirma que a educao a distncia (EAD) no to nova como muitos

    acreditam. O uso das novas tecnologias para essa modalidade que trouxe o

    carter inovador e atualizado para a EAD.

    Na verdade, esta modalidade de ensino remonta a uma longa histria,

    sendo difcil definir o marco ou o momento de sua fundao. A literatura

    apresenta diferentes situaes que podem ser consideradas como experincias

    iniciais em EaD.

    Maia e Mattar (2007) apontam que, na concepo de alguns autores, as

    cartas de Plato e as Epstolas de So Paulo estariam entre primeiras

    experincias de educao a distncia. A inveno da imprensa, no entanto,

    mais frequentemente tratada como o desenvolvimento tecnolgico que

    possibilitou o surgimento da EaD. Os pesquisadores citados afirmam que:

    H registros de cursos de taquigrafia a distncia, oferecidos por meio de anncios de jornais, desde a dcada de 1720. Entretanto, a EaD surge efetivamente em meados do sculo XIX, em funo do desenvolvimento de meios de transportes e comunicao (como trens e correio), especialmente com o ensino por correspondncia.

    (MAIA e MATTAR; 2007, p.21)

    Em geral, os autores relacionam o surgimento da EaD ao emprego de

    tecnologias de impresso, especialmente dos jornais. Assim, os jornais seriam

    um dos primeiros instrumentos de educao a distncia (MAIA e MATTAR,

    2007).

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    Embora atualmente um nvel surpreendente de EaD ocorra por meio da

    internet, necessrio lembrar que h outras formas de EaD em uso, entre elas

    o ensino por correspondncia e por programas de TV e rdio. No Brasil, estas

    ltimas tecnologias podem ser consideradas as primeiras iniciativas formais de

    educao a distncia. O quadro a seguir oferece alguns dos destaques da

    histria EaD no Brasil no sculo XX:

    Quadro 1 - Alguns destaques da EaD no Brasil no sculo XX

    Dcada de 20 Criao da Radio Sociedade do Rio de Janeiro por Roquette

    Pinto (MAIA e MATTAR, 2007; CARLINI e TRCIA, 2010)

    1939 Instituto Monitor (MAIA e MATTAR, 2007; CARLINI e TRCIA,

    2010)

    1941 Instituto Universal Brasileiro (MAIA e MATTAR, 2007; CARLINI e

    TRCIA, 2010)

    1947 Universidade do Ar fundada por SENAC e SESC e emissoras

    associadas (MAIA e MATTAR, 2007);

    1970 Projeto Minerva (MAIA e MATTAR, 2007);

    1977 Telecurso da Fundao Roberto Marinho (MAIA e MATTAR,

    2007)

    Alves (2009, p.9), em discusso sobre a histria da EaD no Brasil, afirma

    que:

    H registros histricos que colocam o Brasil entre os principais no mundo no desenvolvimento da EaD, especialmente at os anos 70. A partir dessa poca, outras naes avanaram e o Brasil estagnou, apresentando uma queda no ranking internacional. Somente no final do milnio que aes positivas voltaram a acontecer e pudemos observar novo crescimento, gerando nova fase de prosperidade e desenvolvimento.

    A trajetria da EaD dividida por diversos pesquisadores em fases ou

    geraes (MAIA e MATTAR, 2007; MOORE e KEARSLEY, 2008, por exemplo).

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    Estas divises tendem a considerar predominantemente o tipo de tecnologia

    empregada. As propostas de anlises em geraes apresentam diferenas

    entre os autores, mas o ensino por correspondncia tradicionalmente

    classificado como EaD de primeira gerao (MAIA e MATTAR, 2007; MOORE

    e KEARSLEY, 2008). Vejamos abaixo, por meio de um quadro2, a proposta de

    Maia e Mattar (2007).

    Quadro 2 Geraes de EaD de acordo com Maia e Mattar (2007)

    Gerao Forma Recursos instrucionais e

    tecnolgicos bsicos

    Primeira Ensino por Correspondncia Materiais impressos, livros, apostilas

    Segunda Novas mdias e universidades Rdio, Vdeo, TV, Fitas cassetes

    Terceira EaD on-line Internet, MP3, ambientes virtuais de

    aprendizagem (AVA), vdeos,

    animaes, ambientes 3D, redes

    sociais, fruns,

    Se, para Maia e Matar (2007, p. 22), vivemos hoje a terceira gerao:

    EaD on-line, na diviso elaborada por Moore e Kearsley (2008, p. 44 e 45), o

    momento atual reflete a quinta gerao: Aulas virtuais baseadas no

    Computador e na Internet. As geraes de EaD por Moore e Kearsley podem

    ser sinteticamente observadas no quadro3 abaixo:

    2 Quadro original elaborado com base nas discusses em Maia e Mattar (2007)

    3 Quadro original elaborado com base nas discusses em Moore e Kearsley (2008)

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    Quadro 3 Geraes de EaD de acordo com Moore e Kearsley (2008, p. 26)

    Gerao Forma Recursos instrucionais e

    tecnolgicos bsicos

    Primeira Ensino por Correspondncia Materiais impressos, livros, apostilas

    Segunda Transmisso por rdio e televiso Rdio, Vdeo, TV, Fitas cassetes

    Terceira Universidades abertas materiais impressos, TV, Rdio,

    telefone, fitas cassete

    Quarta Teleconferncia Teleconferncia interativa com udio

    e vdeo

    Quinta Internet/web Internet, MP3, ambientes virtuais de

    aprendizagem (AVA), vdeos,

    animaes, ambientes 3D, redes

    sociais, fruns ...

    Valente e Mattar (2007, p. 20) afirmam que recentemente, a EaD,

    passou a utilizar, com maior intensidade, tecnologias de telecomunicao e

    transmisso de dados, som e imagens que convergem cada vez mais para o

    computador. Fica evidente que a Educao deve procurar fazer uso da rede

    mundial de computadores, expandindo papis e atuaes de alunos e

    professores.

    4- Educao a Distncia e Ensino Tradicional: uma oposio

    perigosa

    Com certa frequncia possvel encontrar professores que, no intuito de

    apresentar ou defender a EaD estabelecem oposio entre EaD e ensino

    tradicional. Esta oposio, no entanto, em termos prticos apresenta

    impreciso conceitual e pode ter um efeito inverso ao desejado, atribuindo

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    compreenses equivocadas sobre o que seja EaD e o que seja ser

    tradicional.

    As discusses at aqui possibilitam compreender a proximidade entre

    EaD e tecnologias, em especial as Novas Tecnologia de Informao e

    Comunicao- NTICs (BARROS, 2009, KENSKI, 2010). Conforme j apontado,

    este fator acaba por atribuir EaD um carter inovador (TORI, 2010). No

    entanto, a oposio entre EaD e ensino tradicional bastante perigosa, j que

    palavra tradicional pode ser equivocadamente interpretada com sentidos

    pejorativos tais como antigo, conservador, ultrapassado, limitado, por exemplo.

    Em geral, quando ouvimos que uma escola ou um professor adota uma

    metodologia tradicional, quase que invariavelmente, a avaliao vista de

    forma negativa.

    Esta compreenso poderia apontar o professor que trabalha ou defende

    a EaD como um professor do futuro e o professor que no trabalha ou no

    aceita EaD como um professor do passado. Infelizmente este argumento

    algumas vezes equivocadamente usado para tentar motivar professores a

    aceitar, adotar ou reconhecer potencialidades da EaD. As generalizaes so

    perigosas. Afinal, a tecnologia por si s no pode garantir qualidade ao ensino.

    A qualidade da educao depende de uma ampla variedade de fatores. Em

    outras palavras, posvel ser tradicional em EaD da mesma forma como

    possvel ser inovador no ensino dito tradicional.

    necessrio que os professores sejam devidamente preparados em

    termos pedaggicos e tecnolgicos para a EaD, comprendendo suas

    possibilidadedes, caractersticas e potencialidades. Caso contrrio, h o risco

    de transposio de aulas presenciais para ambientes online (MAIA e

    MATTAR, 2007), provocando, entre outras coisas, o subaproveitamento dos

    recursos disponveis.

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    5- Blended Learning ou Ensino semipresencial

    Assim como a oposio discutida na seo anterior, outra

    diferenciao comum : EaD x ensino presencial. Embora a oposio possa

    ser til, necessrio ter em mente que h diversas possibilidades de

    combinao das duas modalidades de educao, o que resulta no ensino

    semipresencial, tambm denominado blended learning ou ensino hbrido

    (TORI, 2009).

    O verbo ingls blend significa misturar, combinar. Esta forma de ensino,

    portanto, combina estudos presenciais e a distncia. O termo blended learning

    pode ser empregado tanto quando aulas presenciais so combinadas com

    atividades a distncia ou para o sentido inverso, quando um curso em EaD

    requer aulas, encontros ou aulas presenciais.

    Tori (2009, p. 121) defende que:

    A convergncia entre virtual e real tem sido discutida h algum tempo (Tori e Ferreira, 1999), (Tait e Mills, 1999), (Moran, 2002) e Tori(2003). Mais recentemente, essa abordagem tem se popularizado, e o termo blended learning comea a se consolidar. Com essa abordagem, os educadores podem lanar mo de uma gama maior de recursos de aprendizagem, planejando atividades virtuais ou presenciais, levando em considerao limitaes e potenciais que cada uma apresenta em determinadas situaes e em funo de forma, contedo, custos e resultados pedaggicos desejados.

    importante ressaltar que a atividade a distncia no precisa

    necessariamente ser realizada online ou mediada por modernas tecnologias de

    informao e comunicao. Em outras palavras, o blended learning no implica

    obrigatoriamente em integrar atividades presenciais com atividades online. As

    atividades a distncia poderiam ser realizadas por materiais impressos, TV,

    rdio, entre outras possibilidades.

    6- Terminologias em Lngua Inglesa: cuidados necessrios

    Formiga (2009, p. 39), em artigo que discute o uso de terminologias em

    EaD, alerta que:

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    A prtica educativa e as teorias educacionais so propostas e conceituadas por meio de termos tcnicos ou expresses lingusticas, que expressam o sentido e definem suas concepes. A terminologia delimita a abrangncia de uma cincia e demonstra o domnio pelos seus propositores e usurios. De certa meneira, a terminologia constitui o dialeto prprio de cada cincia . Ao mesmo tempo que esclarece para os j iniciados, pode confundir os menos familiarizados com o campo de atuao de uma cincia pelo uso diferente daquele estabelecido pelas fronteiras de determinada rea de conchecimento.

    Em outras palavras, o pesquisador aponta para a necessidade de

    cuidados com o usos de terminologias e expresses, para evitar o que o autor

    denomina de armadilha terminolgica (FORMIGA, 2009, p. 39). O uso

    descuidado de termos e expresses pode ocasionar imprecises,

    ambiguidades ou, at mesmo, produzir discursos vazios, que, apesar de longos

    e repleto de palavras chaves na rea, podem dizer muito pouco ou, em casos

    extremos, at mesmo nada.

    Se h riscos no uso de termos tcnicos entre familiarizados na rea, a

    questo potencializada quando a interao ocorre com pessoas de outras

    reas ou leigos. Dois exemplos clssicos disso so o que, na mdia, aparecem

    chamados popularmente de economs, juridiqus, que se referem basicamente

    ao amplo emprego de terminologia e linguagens profissionais nas reas de

    Economia e Direito.

    interessante notar a forte presena da lngua inglesa em diferentes

    termos ligados a educao a distncia e ao uso de tecnologia em educao.

    Alguns destes termos so: online, blended learning, e-learning, mobile learning,

    click universities, web quest, webware. O uso da lngua inglesa pode ampliar os

    riscos de armadilhas terminolgicas.

    Os principais motivos que contribuem para o amplo uso do ingls em

    EaD so:

    a) as experincias de universidades americanas e britnicas em

    cursos e pesquisas em EaD;

    b) o impacto dos Estados Unidos no desenvolvimento de tecnologias

    de comunicao e informao (TICs), de softwares e hardwares;

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    c) o predomnio da lngua inglesa na internet.

    Enquanto alguns termos podem ser facilmente substituidos por suas

    tradues ou equivalentes em portugus (blended learning por ensino

    semipresencial, por exemplo), outros no apresentam esta mesma facilidade

    de traduo.

    O contexto da chamada Web 2.0, por exemplo, tem motivado a criao

    de neologismos em lngua inglesa tais como webware ( web + software, para

    se referir a um software que roda diretamente na internet), peopleware

    (people + software) e webtop (web + desktop). No caso dos dispositivos

    eletrnico, dois exemplos de neologismo so netbook (notebook + internet) e

    smartphone (smart + telephone). Muitas pessoas, mesmo com algum

    conhecimento da lngua inglesa, desconhecem palavras frequentes em

    publicaes e sites de tecnologia, como widgets4 e gadgets (dispositivo,

    aparelho, geringona), e o significado de conceitos como cloud computing,

    mesmo que, neste ltimo caso, a traduo computao nas nuvens no seja

    difcil.

    Em sntese, necessrio cuidado no uso de terminologias de lngua

    inglesa em atividades em educao a distncia, uma vez que as palavras e

    expresses estrangeiras podem conduzir a incompreenses.

    7- Consideraes Finais

    A EaD tem se popularizado e expandido para diferentes contextos

    e nveis escolares. Como consequncia, a necessidade de professores,

    conteudistas, designers instrucionais5 (FILATRO, 2007 e 2008) assim como de

    outros profissionais da rea, crescente.

    4 Termo empregado para pequenos aplicativos e funcionalidades que aparecem, em especial,

    nas laterais da tela de um computador ou de um site, sendo muito comum em blogs.

    5 O termo desenhista instrucional tambm empregado, porm com menor frequncia,

    considerarando, por exemplo, duas publicaes especializadas (FILATRO, 2007 e 2008).

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    necessrio que professores e estudantes estejam devidamente

    informados sobre as caractersticas e potencialidades desta modalidade de

    ensino, de forma a evitar conceitos equivocados e, at mesmo, crenas e

    preconceitos.

    Este artigo buscou abordar sinteticamente alguns conceitos bsicos

    sobre EaD, sua histria, suas formas e terminologias. Desta forma, ele pode

    ser empregado na formao bsica pr-servio e em servio de professores

    para esta modalidade educacional. O texto pode ainda contribuir para que

    estudantes interessados ou iniciantes compreendam alguns fundamentos da

    EaD.

    Por fim, convm mencionar que a bibliografia empregada foi selecionada

    e intencionalmente reduzida de forma a possibilitar que leitores deste trabalho

    busquem livros e artigos que tratam de aspectos de EaD de forma clara e

    objetiva. Outros crtrio que foi adotado para fundamentao bibliogrfica foi a

    publicao no Brasil nos ltimos 5 anos, o que facilita a sua pesquisa e

    aquisio, alm de contemplarem novas tecnologias e potencialidades da EaD.

    8- Bibliografia

    ALVES, J. R. M. A histria da EaD no Brasil.IN: LITTO, F. e FORMIGA, M. (Org)

    Educao a Distncia: o estado da arte. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

    BARROS, D. M. V. Guia didtico sobre as Tecnologias da Comunicao e Informao:.

    Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2009.

    BELLONI, M. L. Educao a Distncia. 5 Edio. Campinas: Autores Associados,

    2009.

    CARLINI, A. L. e TARCIA, R. M. L. Contribuies didticas para o uso das

    tecnologias de educao a distncia no ensino presencial. IN: CARLINI, A. L. e

    TARCIA, R. M. L. 20% a distncia e agora?: orientaes prticas para o uso da

    tecnologia de educao a distncia no ensino presencial. So Paulo: Pearson Education

    do Brasil, 2010.

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    FILATRO, A. Design instrucional contextualizado: educao e tecnologia.2 Edio.

    So Paulo, Editora Senac So Paulo, 2007.

    FILATRO, A. Design instrucional na prtica. So Paulo: Pearson Education do Brasil,

    2008.

    FORMIGA, M. A terminologia em EAD. IN: LITTO, F. e FORMIGA, M. (Org)

    Educao a Distncia: o estado da arte. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

    GOUVA, G. e OLIVEIRA, C. I. Educao a Distncia na Formao de Professores:

    Viabilidades, potencialidades e limites. Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2006.

    KENSKI, V. M. Tecnologias e Ensino Presencial e a Distncia. 8 Ed. Campinas, SP:

    Papirus, 2010.

    MAIA, C. e MATTAR, J. ABC da EaD: educao a distncia hoje. So Paulo: Pearson

    Prentice Hall, 2007.

    MOORE, M. e KEARSLEY. Educao a Distncia: uma viso integrada. So Paulo:

    Cengage Learning, 2008.

    TARCIA, R.M. L. e COSTA, S. M. C. Contexto da Educao a Distncia. IN:

    CARLINI, A. L. e TARCIA, R. M. L. 20% a distncia e agora?: orientaes prticas

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    Pearson Education do Brasil, 2010.

    TORI, R. Cursos hbridos ou blended learning. IN: LITTO, F. e FORMIGA, M. (Org)

    Educao a Distncia: o estado da arte. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

    TORI, R. Educao sem distncia: as tecnologias interativas na reduo de distncias

    em ensino e aprendizagem. So Paulo: Editora Senac So Paulo, 2010.

    VALENTE, C. e MATTAR, J. Second Life e Web 2.0 na Educao: o potencial

    revolucionrio das novas tecnologias. So Paulo: Novatec, 2007.