MARCOS RIBEIRO - Univali

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MARCOS RIBEIRO O CUIDADO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM DISFAGIA INTERNADAS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO. Itajaí (SC) 2019

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MARCOS RIBEIRO

O CUIDADO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM DISFAGIA INTERNADAS NA

UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO.

Itajaí (SC)

2019

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM

SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: SAÚDE DA FAMÍLIA

MARCOS RIBEIRO

O CUIDADO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM DISFAGIA INTERNADAS NA

UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO.

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí

como parte dos requisitos para a obtenção do grau de

Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho.

Orientador: Prof. Dra. Fabíola Hermes Chesani

Itajaí (SC)

Julho, 2019

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Dedico esta Dissertação a meus pais,

Raimundo e Terezinha (in memoriam),

que mesmo não estando presentes,

acredito que estariam orgulhosos.

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AGRADECIMENTOS

Sempre agradeço a Deus por guiar meus passos e pensamentos, me iluminando

nos momentos de dificuldade.

Aos meus queridos pais Raimundo e Terezinha (in memoriam) pela inspiração e

ensinamentos de vida que procuro seguir. “...Os sonhos de Deus jamais vão morrer...”

O meu agradecimento sincero a minha orientadora Prof.ª Dra. Fabíola Hermes

Chesani, pelos conselhos, ensinamentos e seu exemplo como profissional, professora e

amiga. Serei eternamente grato pelo apoio e compreensão nos momentos mais difíceis

desta caminhada.

À Prof.ª Dra. Rosane Sampaio Santos, a quem tanto admiro, por sua

sensibilidade e seu carinho, e por ter me impulsionado a realizar este trabalho.

Ao Hospital Municipal Ruth Cardoso de Balneário Camboriú, por ter aberto suas

portas para a realização deste estudo.

A todos da equipe multiprofissional da UTI Adulto do Hospital Municipal Ruth

Cardoso de Balneário Camboriú que contribuíram de alguma forma para a realização

deste trabalho.

Aos meus irmãos Adelson (in memorian), Elizabeth e Gleide, pela paciência

com os telefonemas, tarde da noite, o que me fez entender que não importa o tempo, a

ausência, os adiamentos. Quando há afinidade qualquer reencontro retoma a relação, o

diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto que em foi interrompido.

Aos meus amigos incondicionais e em especial à Wilson, Guilherme, Juçara,

Luciane, Deivite devo a vocês horas de conversas, angústias, mau humor, ausência,

sonhos, planos e o mais importante a lealdade e paciência que tiveram comigo nesse

trajeto, sempre me incentivando e fazendo eu acreditar que era capaz.

Aos amigos, pela compreensão da ausência e falta de atenção.

Aos meus amigos de Mestrado, que encheram meus dias de cores, rimas e risos,

e seguraram a minha mão quando caminhar pareceu difícil.

Aos secretários do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Saúde

e Gestão do Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí, pela disponibilidade e ajuda.

A todas as pessoas que que, direta ou indiretamente, me ajudaram a entender que

a mudança começa em nós mesmos.

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Nas muralhas desta vida, sempre temos a certeza de

uma existência, algo uma passagem pelo tempo, pelos

sofrimentos, preceitos poéticos talvez. Criticar o

mundo pelas muralhas da vida, não mudaria o pensar

humanitário, acreditar que para vencer temos que

vencer obstáculos, acreditar na passagem é ser

sincero, acreditar na saída, é a certeza de um mundo

bem melhor.

(Reis França)

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O CUIDADO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM DISFAGIA INTERNADAS NA

UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO.

Marcos Ribeiro

Julho/ 2019

Orientador: Dra. Fabíola Hermes Chesani

Área de Concentração: Saúde da Família na Perspectiva Interdisciplinar

Número de Páginas: 119

RESUMO

A disfagia orofaríngea mais conhecida como dificuldade para engolir ou um transtorno

na biomecânica da deglutição, pode gerar dificuldades tanto no preparo oral, faríngeo e

esofágico, podendo assim apresentar uma dificuldade de levar o alimento da cavidade

oral até o estômago. Esta pesquisa teve como objetivo geral analisar o cuidado integral

às pessoas com disfagia internadas na unidade de terapia intensiva adulto. Trata-se de

uma pesquisa exploratória, descritiva, de campo com abordagem qualitativa. A coleta de

dados foi realizada entre o periodo de junho a agosto de 2018, as técnicas utilizadas

foram a observação participante, diário de campo e entrevistas semiestruturada, em

seguida iniciou-se a coleta de dados que aconteceu em 2 etapas, a primeira foi a

observação participante juntamente com preenchimento do diário de campo e a segunda

uma entrevista semiestruturada. Após a fase de coleta de dados, foi realizado o

processamento deles através da análise de conteúdo, que é dividida em três fases: a pré-

análise, a descrição analítica e a interpretação inferencial, em seguida ocorreu a

triangulação entre a observação participante, diário de campo e entrevista

semiestruturada, com o objetivo de abranger a máxima amplitude na descrição,

explicação e compreensão do foco em estudo. Participaram da pesquisa 14

profissionais, sendo 02 médicos, 01 enfermeiro, 05 técnicos de enfermagem, 01

fisioterapeuta, 01 fonoaudióloga, 01 nutricionista, 01 assistente social, 02 psicólogas.

Após a triangulação dos dados, deram origem as unidades temáticas e suas respectivas

subcategorias, as quais referem-se aos aspectos de maior latência de acordo com a

opinião dos profissionais de saúde que participaram dessa pesquisa, sendo elas: cuidado

integral à saúde dos pacientes disfágicos (olhar o paciente “como um todo”, o físico e o

psicológico; os múltiplos olhares para as pessoas disfágicas) e técnicas de cuidado às

pessoas disfágicas (a falta de profissionais da fonoaudiologia no hospital e na UTI;

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insegurança e despreparo dos profissionais para os cuidados aos pacientes disfágicos;

formação continuada; a comunicação entre os profissionais da equipe multidisciplinar;

reconhecimento enquanto profissional de saúde na equipe multidisciplinar; o round

multidisciplinar; a necessidade da equipe; a importância da presença do profissional

fonoaudiólogo na equipe). Conforme resultados e sugestões dos participantes da

pesquisa em relação a UTI Adulto, foi elaborado um produto tecnológico, um

fluxograma de orientações de prevenção de Broncoaspiração para pacientes adultos. O

fluxograma auxiliará a equipe da UTI a maximizar a deglutição, adaptá-la e ou

preservar com segurança, fazendo-a que torne um prazer alimentar-se por via oral,

restabelecer a comunicação, visando a uma maior integração social e familiar, e depois

de decidir junto com os demais profissionais da equipe, o fonoaudiólogo orientará o

paciente e seus familiares, respeitando suas expectativas e os limites que a doença

apresentada doença avançada. Com a realização deste trabalho, foi possível evidenciar

que a realização do cuidado integral prestado aos pacientes disfágicos ainda é um

desafio, sendo numerosas as dificuldades e os obstáculos encontrados pelos

profissionais em seu processo de trabalho.

PALAVRAS-CHAVE: Fonoaudiologia; Transtornos de deglutição; Equipe de

Assistência ao Paciente; Assistência Integral à Saúde; Unidades de Terapia Intensiva.

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COMPREHENSIVE CARE OF PEOPLE WITH DYSPHAGIA ADMITTED TO

AN ADULT INTENSIVE CARE UNIT

Marcos Ribeiro

July/ 2019

Advisor: Fabíola Hermes Chesani, PhD.

Concentration Area: Family Health from an Interdisciplinary Perspective

Number of Pages: 119

ABSTRACT

Oropharyngeal dysphagia, more commonly known as difficulty in swallowing or a

disorder in swallowing biomechanics, may cause difficulties in oral, pharyngeal and

esophageal preparation, and may present difficulty in bringing food from the oral cavity

to the stomach. This research aimed to analyze the comprehensive care for dysphagia

people admitted to the adult intensive care unit. This is an exploratory, descriptive, field

research with a qualitative approach. Data collection was performed between June and

August 2018, the techniques used were participant observation, field diary and semi-

structured interviews, then began the data collection that happened in 2 stages, the first

was participant observation along with field diary filling and the second a semi-

structured interview. After the data collection phase, they were processed through

content analysis, which is divided into three phases: pre-analysis, analytical description

and inferential interpretation, followed by triangulation between participant, daily

observation. field study and semi-structured interview, with the objective of covering

the maximum range in the description, explanation and comprehension of the focus in

study. Fourteen professionals participated in the research: 02 doctors, 01 nurse, 05

nursing technicians, 01 physiotherapist, 01 speech therapist, 01 nutritionist, 01 social

worker, 02 psychologists. After data triangulation, the thematic units and their

respective subcategories originated, which refer to the aspects of greater latency

according to the opinion of the health professionals who participated in this research,

namely: comprehensive health care for dysphagic patients. (looking at the patient “as a

whole”, the physical and the psychological; the multiple looks at the dysphagic people)

and care techniques for the dysphagic people (the lack of speech therapy professionals

in the hospital and ICU; insecurity and unpreparedness of professionals for care for

dysphagic patients; continuing education; communication between professionals of the

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multidisciplinary team; recognition as a health professional in the multidisciplinary

team; the multidisciplinary round; the need for the team; the importance of the presence

of the speech therapist in the team). According to results and suggestions of the research

participants regarding the Adult ICU, a technological product was elaborated, a flow

chart of guidelines for prevention of bronchial aspiration for adult patients. The

flowchart will help ICU staff maximize swallowing, adapt it or preserve it safely,

making it a pleasure to eat orally, re-establish communication for greater social and

family integration, and then To decide together with the other professionals of the team,

the speech therapist will guide the patient and their families, respecting their

expectations and the limits that the disease presented advanced disease. With the

accomplishment of this work, it was possible to evidence that the accomplishment of the

integral care provided to the dysphagic patients is still a challenge, being the difficulties

and obstacles encountered by the professionals in their work process.

KEYWORDS: Speech therapy; Swallowing disorders; Patient Care Team;

Comprehensive Health Care; Intensive Care Units.

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LISTA DE FIGURAS

Quadro 1 – Categorias e subcategorias encontradas sobre às significações da

gestão do cuidado integral relacionados as pessoas com disfagia internadas na

unidade de terapia intensiva adulto.............................................................................32

Quadro 2 – Fluxograma de Prevenção de Broncoaspiração.....................................60

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LISTA DE ABREVIATURAS

AVE – Acidente Vascular Encefálico

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

EC – Educação Continuada

ELA – Esclerose Lateral Amiotrófica

EM – Equipe Multidisciplinar

RCN – Royal College of Nursing

RCP – Royal College of Physicians

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

SNE – Sonda Nasoenteral

SUS – Sistema Único de Saúde

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí

UTI – Unidade de Terapia Intensiva

UTIA – Unidade de Terapia Intensiva Adulto

UTIs – Unidades de Terapia Intensiva

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................15

1.1 OBJETIVOS ...........................................................................................................19

1.1.1Objetivo Geral ........................................................................................................19

1.1.2 Objetivos Específicos ............................................................................................19

2 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................20

2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..............................................................................20

2.1.1 Disfagia ..................................................................................................................20

2.1.2 O Cuidado Integral ao Paciente com Disfagia Internados na Unidade de Terapia

Intensiva Adulto .............................................................................................................21

2.1.3 Cuidados Integrais Prestados pela Equipe Multiprofissional às Pessoas com

Disfagia Internadas na Unidades de Terapia Intensiva Adulto ......................................22

2.2 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................25

2.2.1 Tipo de Estudo .......................................................................................................25

2.2.2 Local de Estudo .....................................................................................................25

2.2.3 Participantes da Pesquisa .......................................................................................26

2.2.4 Critérios de inclusão e exclusão ............................................................................27

2.2.5 Coleta de dados ......................................................................................................27

2.2.6 Análise de dados ....................................................................................................28

2.2.7 Aspectos éticos ......................................................................................................30

2.2.8 Riscos e benefícios ................................................................................................30

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................32

2.3.1 Cuidado integral a saúde dos pacientes disfágicos ................................................33

2.3.1.1 Olhar o paciente “como um todo”, o físico e o psicológico .............................33 2.3.1.2 Os múltiplos olhares para a pessoa disfágica ..............................................35 2.3.2 Técnicas de cuidado ...............................................................................................36

2.3.2.1 A falta de profissionais da Fonoaudiologia no hospital e na UTI ......................37

2.3.2.2 Insegurança e despreparo dos profissionais para os cuidados aos pacientes

disfágicos ........................................................................................................................41

2.3.2.3 Formação continuada ..........................................................................................44

2.3.2.4 A comunicação entre a equipe multidisciplinar ..................................................46

2.3.2.5 Reconhecimento enquanto profissional de saúde dentro da Equipe

Multidisciplinar ..............................................................................................................48

2.3.3.6 O round multidisciplinar .....................................................................................50

2.3.3.2 A necessidade da equipe .....................................................................................53

2.3.3.3 A importância da presença do profissional Fonoaudiólogo na equipe ...............55

2.4 PRODUTO TECNOLÓGICO: Fluxograma de prevenção de broncoaspiração ...59

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................61

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................62

5 APÊNDICE ................................................................................................................75

Apêndice A – Artigo Científico ......................................................................................76

Apêndice B – Revisão Integrativa ..................................................................................93

Apêndice C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................................108

Apêndice D - Roteiro de entrevista semiestruturada ....................................................111

6 ANEXOS ...................................................................................................................112

Anexo A - Parecer Consubstanciado do CEP ...............................................................113

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1 INTRODUÇÃO

A disfagia orofaríngea mais conhecida como dificuldade para engolir ou

transtorno na biomecânica da deglutição, pode gerar dificuldades tanto no preparo oral,

faríngeo e esofágico, podendo assim apresentar uma dificuldade de levar o alimento da

cavidade oral até o estômago (ALBINI, 2013; LEONOR, 2015).

A incidência e prevalência de disfagia orofaríngea no ambiente hospitalar,

encontra-se alta podendo afetar cerca de 20% dos pacientes com idade superior a 50

anos, ocorrendo o comprometimento da saúde em 65% a 80% dos pacientes idosos. Em

pessoas que apresentam a doença de Parkinson a ocorrência pode chegar a 95% dos

casos, atingindo de 25% a 50% pacientes pós acidente vascular cerebral (AVE). Na

população infantil, a ocorrência é de 20% a 30% em crianças normais e em prematuras

este nível pode alcançar de 40% a 60% (SANTORO, 2008; PAIXÃO, 2009;

GOLDANI, S. A. H., SILVEIRA, R. T., p.219-228, 2010; GUEDES, 2009).

As complicações mais comuns que podem ocorrer com uma pessoa que esteja

com disfagia, é a tosse ao deglutir, desidratação, pneumonias repetitivas, desnutrição,

perda de peso em pouco tempo e diminuição na falta de apetite. Um dos grandes

problemas é a pneumonia aspirativa, que se não for identificada e tratada, pode

desencadear complicações graves e severas no sistema respiratório levando à morte

(OLIVEIRA, 2012).

Podem ser observados, além dos citados acima, outros sinais que levam ao

diagnóstico de disfagia, como, a diminuição do peso, diminuição da quantidade de

alimentos ingeridos, alteração na consistência e volume da alimentação, maior tempo

para se alimentar, perda gradativa do prazer em se alimentar e recusa de convívio social

principalmente no horário das refeições (GUEDES, 2009).

É necessário que os profissionais da área da saúde, em especial os que compõem

a equipe interdisciplinar, e que atuam diretamente com pacientes disfágicos, saibam o

significado do “cuidado” e qual a sua relação entre profissional/paciente. (PREARO,

2011; DE FREITAS, 2015).

A gestão do cuidado integral em saúde conforme Campos (2008, p.231-235)

define como: ato ou efeito de administrar; ação de governar ou gerir empresa, órgão

público, exercer mando, ter poder de decisão (sobre), pois os termos gestão e

administração referem-se ao ato de governar pessoas, organizações e instituições,

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portanto diz que a gestão do cuidado em saúde diz respeito à capacidade de dirigir, isto

é, confunde-se com o exercício do poder, pois em sua origem, na Grécia clássica, o

termo 'política' tinha exatamente esse significado, no qual 'Polis' era a cidade, e a

política era a capacidade de fazer a gestão democrática das cidades e estados.

O cuidado integral em saúde, segundo Pinheiro (2008, p. 110 - 114), é o tratar, o

respeitar, o acolher, o atender o ser humano em seu sofrimento, mas com qualidade e

resolutividade de seus problemas, pois trata-se de uma ação integral fruto da inter-

relação de pessoas, ou seja, ação integral como efeitos e repercussões de interações

positivas entre usuários, profissionais e instituições.

Pensar o cuidado integral em saúde dentro das unidades de terapia intensiva

(UTIs) é ultrapassar os exercícios das competências profissionais, passando para uma

perspectiva entre os profissionais da equipe e com isso podemos descolar o foco da

intervenção ligada às práticas de saúde e cura das patologias para o cuidado dos sujeitos

(MACHADO, 2007; FURUYA, 2011; SILVA, 2013).

Dessa forma, o processo de cuidar dos pacientes disfágicos internados deve ser

observado a partir de uma nova perspectiva, com uma postura crítica e reflexiva sobre

sua própria atuação e inserção nas instituições de saúde (LOGEMANN, 2007).

O grande desafio da equipe multiprofissional é procurar compreender o

significado da vida e entender a forma de inserção do indivíduo no mundo,

apresentando competência ao cuidar desses pacientes. A equipe multiprofissional pode

iniciar um movimento de aproximação sem invadir os espaços íntimos familiares e

distanciando-se sem que eles tenham a sensação de abandono; sendo assim, a

intervenção deve transmitir o alívio da ansiedade, gerando uma boa comunicação entre

o paciente, familiares e equipe, gerando possível fortalecimento emocional que auxiliará

para o enfrentamento mais adequado em relação à doença (EVANGELISTA, 2013;

ALVO, 2014).

A equipe multiprofissional tem um grande desafio que é interpretar de forma

concisa e responsável o que é exposto pelos membros da equipe, tornando um diálogo

correto e pacientemente construído. Durante a criação de equipes, os fatores de risco

mais encontrados são dificuldade de comunicação entre os profissionais, disputa de

poder, conflitos não resolvidos, divisão rígida e imposta no trabalho (CICHERO, 2009;

KAIZER, 2012; ALBINI, 2013).

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Quando se depara com pacientes disfágicos da UTI, é preciso ter em mente a

importância de se manter suas necessidades e direitos, respeitando sua dor, privacidade,

individualidade, considerando também seu direito à informação, de forma a praticar a

escuta ativa na relevância de suas queixas e angústias, crenças e valores, presença da

família e direito aos cuidados paliativos, quando não houver mais a possibilidade

terapêutica (ALVO, 2014; CLARKE, 2016).

Conforme salienta o I Consenso Brasileiro em Nutrição e Disfagia (2011), os

cuidados realizados pela equipe interdisciplinar em conjunto com o Fonoaudiólogo são

necessários para que o paciente tenha uma recuperação efetiva, considerando-se que

pode suprir todos as necessidades, lembrando sempre sobre a importância de uma

atuação em equipe, tornando o trabalho mais eficaz na evolução do processo terapêutico

(ALMEIDA FILHO, 2005; MANCOPES, 2013).

O objetivo do trabalho do fonoaudiólogo, inserido na equipe multidisciplinar, é

gerenciar a deglutição e comunicação, fazendo a prevenção de aspiração traqueal e

procurando evitar as complicações respiratórias. Pettigrew e Toole (2007) afirmam que

o este é o profissional da saúde mais indicado para enfrentar os distúrbios da

comunicação e deglutição, sendo capaz de diagnosticar, tratar e gerenciá-los.

O fonoaudiólogo, enquanto membro da equipe multiprofissional, tem um papel

importante, uma vez que seu conhecimento coloca em prática os objetivos de uma

equipe humanizada para promover ao paciente um bem estar físico, mental e social,

tendo o papel primordial com seus conhecimentos específicos para maximizar a

deglutição, adaptá-la e ou preservar com segurança, fazendo-a que torne um prazer

alimentar-se por via oral, restabelecer a comunicação, visando a uma maior integração

social e familiar (CALHEIROS, 2012).

Um trabalho em equipe deve ser pensado relevando as dificuldades de atender às

demandas e necessidade do usuário de forma resolutiva, de forma a estruturar-se na

integralidade, possibilitando uma articulação entre trabalhadores e a atenção às

demandas do usuário. Desta forma, a comunicação se torna essencial para uma interação

maior e para a consolidação de uma equipe multiprofissional (DA COSTA SAAR,

2007; SILVA, 2016).

O trabalho em equipe juntamente com os diferentes saberes partilhados por

todos, acaba gerando um enriquecimento dos profissionais, tornando o cuidado mais

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centrado no paciente, em que interliga os saberes e conhecimentos de cada profissão

para uma qualidade no cuidado com o paciente disfágico (BRAGA, 2007).

A escolha do tema nesta pesquisa, justifica-se pela identificação do profissional

com esta área e também ao considerar sua formação em fonoaudiologia, característica

ainda que possibilitou especializar-se em Disfagia com enfoque em Fonoaudiologia

hospitalar. Ao iniciar suas pesquisas, e também ao considerar sua atuação enquanto

Fonoaudiólogo na área hospitalar, estudar esta enfermidade passou a representar uma

oportunidade para responder muitos questionamentos que a prática profissional trazia

nos exercícios de atuação. principalmente ao tratar de com pacientes Disfágicos.

A fragilidade do cuidado ao paciente disfágico dentro de uma unidade de terapia

intensiva (UTI), faz parte dos cuidados integrais e pressupõe a necessidade de definir

ferramentas capazes de criar mecanismos que possam diminuir os riscos que os

pacientes disfágicos apresentam naquele momento, característica esta, discutida ao

longo deste trabalho.

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

• Analisar a gestão do cuidado integral às pessoas com disfagia internadas

na unidade de terapia intensiva adulto.

1.1.2 Objetivos Específicos

• Identificar as estratégias de gestão de cuidado integral prestada pela

equipe de saúde às pessoas com disfagia internadas na UTI Adulto;

• Conhecer as fragilidades e potencialidades da equipe de saúde sobre a

gestão do cuidado integral às pessoas com disfagia na UTI Adulto;

• Construir uma tecnologia de cuidado integral às pessoas com disfagia

que contemple às necessidades que os profissionais de saúde

apresentem.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1.1 Disfagia

A história do ser humano mostra a importância de alimentar-se como forma de

garantir a sobrevivência, gerando uma boa socialização, com expressão de valores e de

crenças culturais. O comportamento alimentar não pode ser compreendido apenas sob o

olhar biológico e metabólico (MANCOPES, 2013).

A disfagia orofaríngea mais conhecida como dificuldade para engolir, desordem

na deglutição transtorno da deglutição, pode gerar dificuldade no preparo oral da

deglutição e apresentar dificuldade de levar o alimento da boca até o estômago

(ALBINI, 2013).

A disfagia pode estar presente em todas as faixas etárias, aumentando a

prevalência conforme o aumento da idade, a sua ocorrência em crianças, característica

esta que pode retardar o crescimento e desenvolvimento, comprometendo o sistema

imunológico, respiratório e neurológico (PIMENTEL, 2009).

As complicações mais comuns que podem ocorrer com uma pessoa que esteja

com disfagia são a tosse ao deglutir, desidratação, pneumonias repetitivas, desnutrição,

perda de peso em pouco tempo e diminuição de apetite. Sendo que um dos grandes

problemas é a pneumonia aspirativa e se não for identificada e tratada pode desencadear

complicações graves e severas no sistema respiratório até a morte (OLIVEIRA, 2012).

Podem ser observados, além dos citados acima, outros sinais que podem levar ao

diagnóstico de disfagia, são eles a diminuição do peso, diminuição da quantidade de

alimentos ingeridos, alteração na consistência e volume da alimentação, maior tempo

para se alimentar, perda gradativa do prazer em se alimentar e recusa de convívio social

principalmente no horário das refeições (GUEDES, 2009).

A prevalência de disfagia entre as pessoas idosas pode estar intimamente ligada

ao processo natural do envelhecimento, ao uso de medicamentos e possíveis doenças,

pois cerca de 20% destas irão apresentar queixas de disfagia, já em pessoas que

apresentam doenças cardiovasculares, esta frequência aumenta significativamente e

chega a atingir cerca de 81% (MARTINO, 2005).

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Dados sobre prevalência podem divergir em função do local, da população

estudada e da forma como o diagnóstico foi realizado. Estudos feitos na Europa e

Estados Unidos, por exemplo, fornecem taxas que variam entre 12% e 60% para

pacientes idosos. No Reino Unido, 15% a 33% dos pacientes em casas de saúde

apresentam dificuldades para engolir medicação sólida oral (JAVLE, 2006).

Um estudo realizado no Brasil indicou, a partir de uma avaliação clínica

fonoaudiológica, presença de disfagia em 76,5% dos pacientes internados após AVE, o

percentual de disfagia aumentou para 91%. Na china, 81% dos pacientes que sofreram

AVE apresentavam disfagia na fase aguda da doença, 79% com necessidade de apoio

nutricional por meio de sonda (ALBINI, 2013; SILVA, 2009).

2.1.2 O Cuidado Integral ao Paciente com Disfagia Internados na Unidade de

Terapia Intensiva Adulto

A gestão do cuidado integral em saúde conforme Campos (2008, p.231-235),

define enquanto o ato de administrar; ação de governar ou gerir empresa, órgão

público, exercer mando, ter poder de decisão (sobre), pois os termos gestão e

administração referem-se ao ato de governar pessoas, organizações e instituições,

portanto diz que a gestão do cuidado em saúde diz respeito à capacidade de dirigir, isto

é, confunde-se com o exercício do poder, pois em sua origem, na Grécia clássica, o

termo 'política' tinha exatamente esse significado, no qual 'Polis' era a cidade, e a

política era a capacidade de fazer a gestão democrática das cidades e estados.

O cuidado visto enquanto ato, resulta na prática do cuidar, que ao ser exercida

por um sujeito, reveste-se de novos sentidos imprimindo uma identidade ou domínio

próprio sobre um conjunto de conhecimentos voltados para o outro, pois vale ressaltar

que o outro tem no seu olhar o caminho para construção do seu cuidado, cujo sujeito

que se responsabiliza por praticá-lo tem a tarefa de garantir-lhe a autonomia acerca do

modo de andar de sua própria vida (PINHEIRO, R. 2008, p. 110-114).

As ações do cuidado e da comunicação são imprescindíveis nas relações

humanas, promovendo assim o equilíbrio que ajudará no processo de cuidar fazendo

com que o mesmo não fique apenas centrado na parte de técnica apresentado dentro das

unidades de terapia intensiva (PONTES, 2014).

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Por meio da comunicação é possível compreender e partilhar mensagens e essas

ações influenciam diretamente as pessoas no momento em que o processo de

comunicação acontece, pois a comunicação é de suma importância para que as

necessidades físicas e biológicas sejam supridas, mas também as psicossociais e

espirituais, a fim de garantir um cuidado integral, visando minimizar os efeitos da

internação (PALMA, 2012; PONTES, 2014).

Para que se possa alcançar o cuidado integral é preciso que seja implementado

políticas de saúde, e assim, os serviços possam ser reorganizados e que os profissionais

se sensibilizem para modificar seus conceitos, pois só assim será possível trabalhar com

os significados do outro (GUERRA GUERRERO, 2010).

Dessa forma, é necessário ampliar o olhar sobre o significado do que é cuidado,

pois este deve ser compreendido como parte da essência humana, devendo ir além de

atuações pontuais, estruturando-se sobre a ação de atitude respeitosa, de preocupação e

responsabilização para com o próximo, colocando o interesse do coletivo acima dos

interesses individuais, fazendo com que a fonte da mudança seja o diálogo,

identificando a subjetividade humana ao invés de reduzir o ser humano a objeto ou

doença (JAVLE, 2006; GUERRA GUERRERO, 2010; BORGES, 2010).

O processo do cuidado integral deve ser compreendido e aplicado como uma

atitude interativa, para que todas as partes possam compreender o sentido de

acolhimento e escuta do sujeito disfágico (ALBINI, 2013; AOKI, 2016).

Para atender aos indivíduos e suas famílias em suas particularidades, outro

aspecto direciona-se ao inserir o indivíduo como centro do cuidado na precisão de

acolhê-lo e atuar no sentido de mobilizar os recursos disponíveis para contemplar as

necessidades de saúde do sujeito, compreendidas como ter boas condições de vida,

acesso à tecnologia de saúde, vínculo afetivo e autonomia (SOARES RECH, 2016;

VIEIRA, 2017).

2.1.3 Cuidados Integrais Prestados pela Equipe Multiprofissional às Pessoas com

Disfagia Internadas na Unidades de Terapia Intensiva Adulto

O trabalho em saúde não deve acontecer isolado, mas sim remetendo à

necessidade de uma coletividade para atingir seus objetivos em comum. Entretanto, a

maior dificuldade ocorre devido à falta de articulação entre os profissionais de saúde, à

Page 23: MARCOS RIBEIRO - Univali

23

hierarquização que ainda persiste e à disputa por espaços. Estes deveriam ser de

socialização, de informações e de cuidado, porém, são vistos como um espaço de

desavenças, lutas corporativas e de desqualificação do outro. O Trabalho em equipe na

saúde ocorre com diversos atores de distintas formações e delineia-se pelo desafio desta

articulação para produzir saúde (COCKS, 2016; SILVA, 2016).

O grande desafio da equipe multiprofissional é procurar compreender o

significado da vida e entender a forma de inserção do indivíduo no mundo, enfim cuidar

com competência. A equipe multiprofissional pode iniciar um movimento de

aproximação sem invadir os espaços íntimos familiares e distanciando-se sem que eles

tenham a sensação de abandono; sendo assim, a intervenção deve transmitir o alívio da

ansiedade, com o intuito de gerar uma boa comunicação entre o paciente, familiares e

equipe, com fortalecimento emocional que auxiliará para o enfrentamento adequado

frente à doença (EVANGELISTA, 2013; ALVO, 2014).

Segundo Palma (2012) para que aumente o êxito quanto as resoluções de

problemas dentro de uma equipe multiprofissional, faz-se necessário focar no processo e

não apenas nas pessoas, ser sincero e franco nas colocações, falar com delicadeza

usando gestos e palavras adequadas, que verificar se todos compreenderam suas

colocações.

A equipe multiprofissional tem um grande desafio que é interpretar de forma

concisa e responsável o que é exposto pelos membros da equipe, tornando um diálogo

correto e pacientemente construído. Durante a criação de equipes os fatores de risco

mais encontrados são dificuldade de comunicação entre os profissionais, disputa de

poder, conflitos não resolvidos, divisão rígida e imposta no trabalho (CICHERO, 2009;

KAIZER, 2012; ALBINI, 2013).

Além desta equipe, o paciente também recebe cuidados por parte de membro da

família ou outra pessoa, denominados na literatura como “cuidador”. o cuidado significa

desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção, bom trato”. A capacidade de cuidar é

imperativo do ser humano, necessidade influenciada por diferentes valores culturais

inerentes ao ato de cuidar (JAVLE, 2006; PALMA, 2012).

A responsabilidade da equipe se estende para além das intervenções tecnológicas

e medicamentosas, incluindo assim avaliação das necessidades dos familiares, além da

necessidade de preservar a integridade com intuito de diminuir os traumas do paciente,

da família e norteando todos os profissionais que fazem parte da equipe para um

Page 24: MARCOS RIBEIRO - Univali

24

trabalho mais humanizado e menos mecânico (BARRA, 2006; CASATE, 2006;

NIEWEGLOWSKI, 2008).

O objetivo do trabalho do fonoaudiólogo, inserido na equipe multidisciplinar, é

com o gerenciamento da deglutição e comunicação, fazendo a prevenção de aspiração

traqueal e procurando evitar as complicações respiratórias. Pettigrew e Toole (2007)

afirmam que o fonoaudiólogo é profissional da saúde mais indicado para enfrentar os

distúrbios da comunicação e deglutição, sendo capaz de diagnosticar, tratar e gerenciá-

los. O risco de aspiração, diminuição do peso, desnutrição, infecções, longas internações

podem ser evitadas com um gerenciamento adequado dos distúrbios da deglutição.

Um trabalho em equipe deve ser pensado relevando as dificuldades de atender às

demandas e necessidades do usuário de forma resolutiva, baseando-se na integralidade,

possibilitando uma articulação entre trabalhadores e a atenção às demandas do usuário.

Desta forma, a comunicação se torna essencial para uma interação maior e para a

consolidação de uma equipe multiprofissional (DA COSTA SAAR, 2007; SILVA,

2016).

Page 25: MARCOS RIBEIRO - Univali

25

2.2 MATERIAL E MÉTODOS

2.2.1 Tipo de Estudo

Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva, de campo com abordagem

qualitativa.

A escolha da abordagem qualitativa decorreu do objetivo da pesquisa, por

melhor subsidiar as respostas para os questionamentos que possam ter relação com a

gestão do cuidado integral as pessoas com disfagia internadas dentro de uma unidade de

terapia intensiva adulto. Por meio da abordagem qualitativa, foi possível uma maior

compreensão da gestão do cuidado integral às pessoas com disfagia internadas na

unidade de terapia intensiva adulto.

A pesquisa qualitativa demonstra ser a melhor escolha para o desenvolvimento

do tema do estudo, pois é capaz de incorporar a questão do significado e da

intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais, sendo essas

últimas tomadas tanto no seu advento, quanto na sua transformação, como construções

humanas significativas (MINAYO, 2014). Geralmente, este tipo de pesquisa é

conduzido no ambiente natural, a fim de que o contexto em que o fenômeno ocorra, seja

considerado como parte do mesmo (MINAYO, 2014).

2.2.2 Local de Estudo

Este estudo foi realizado na Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI) do

Hospital Municipal de uma cidade no Sul do Brasil, no periodo de junho a agosto de

2018. A unidade conta com 10 leitos ativos, e atende pacientes clínicos e cirúrgicos.

Este hospital é caracterizado como de média complexidade, com atendimento exclusivo

pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Hospital teve suas atividades iniciadas em três

de outubro de 2011, sendo administrado pela Cruz Vermelha e a partir de agosto de

2012 a Prefeitura Municipal assumiu o hospital por meio do Fundo Municipal de Saúde,

ofertando atendimento 100% SUS. Os recursos financeiros advêm 75% do Município,

25% da União e 5% do Estado.

Atualmente dispõe de 125 leitos de média complexidade, adultos e pediátricos,

contendo: pronto socorro, maternidade, centro cirúrgico, 10 leitos de UTI adulto e 8

Page 26: MARCOS RIBEIRO - Univali

26

leitos de UTI neonatal. Realiza cerca de sete mil atendimentos ao mês no Pronto

Socorro (urgências e emergências), sendo referência em mais de cinco municípios sendo

que os atendimentos são de 60% do município e 40% de outros locais (HOSPITAL,

2018).

O hospital apresenta como missão a promoção da saúde e bem-estar através da

prestação da assistência humanizada e qualificada, garantindo infraestrutura e suporte

pessoal adequados, e instituindo políticas e práticas padronizadas que garantam a

eficácia dos resultados, a excelência e a melhoria contínua da qualidade, bem como, a

segurança do usuário. Como visão buscam ser referência à prestação de serviços à saúde

pública e como valores priorizam a confiança, credibilidade, segurança do paciente,

trabalho em equipe, ética, qualidade, humanização e responsabilidade (HOSPITAL,

2018).

A equipe de saúde da UTI adulto é formada por médicos, enfermeiros,

fisioterapeutas, fonoaudiólogo, nutricionistas, psicólogos, assistente social,

farmacêuticos e técnicos de enfermagem e solicita consultoria das mais diversas áreas

do conhecimento para prestar assistência qualificada, individualizada e contínua.

A equipe médica da UTI adulto é formada por 10 médicos sendo que 03

possuem especialização em terapia intensiva. A equipe de enfermagem é composta por

28 profissionais, destes 05 são enfermeiros e 23 técnicos de enfermagem distribuídos

em todos os turnos.

2.2.3 Participantes da Pesquisa

Participaram da pesquisa 14 profissionais da equipe multiprofissional, de ambos

os sexos, com tempo de atuação na área de 01 ano há 13 anos e que estão trabalhando

na instituição entre 01 mês há aproximadamente 03 anos, que estão inseridos e servem

de apoio na Unidade de Terapia Intensiva Adulto do turno vespertino.

Os participantes que aceitaram participar da pesquisa foram: 02 médicos, 01

enfermeiro, 05 técnicos de enfermagem, 01 fisioterapeuta, 01 fonoaudióloga, 01

nutricionista, 01 assistente social, 02 psicólogas, totalizando 14 participantes, sendo que

o profissional farmacêutico optou em não participar devido atuar bem pouco em

conjunto com a equipe e ter pouca interação junto aos pacientes.

Page 27: MARCOS RIBEIRO - Univali

27

Este turno foi determinado por ser um horário mais calmo, com menos

aglomeração de profissionais e ter um maior contato com os participantes da pesquisa.

2.2.4. Critérios de Inclusão e Exclusão

Como critério de inclusão foram selecionados os membros que compõem a

equipe multiprofissional na UTI adulto, que atuam diretamente com os pacientes com

disfagia, de ambos os sexos, que tenham assinado o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE).

2.2.5 Coleta de Dados

Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do

Vale do Itajaí (UNIVALI), sob o parecer de número 2.654.702 (ANEXO A), a pesquisa

foi iniciada.

As técnicas utilizadas foram: observação participante, diário de campo e

entrevistas semiestruturada. A coleta aconteceu em 2 etapas, a primeira foi a observação

participante juntamente com preenchimento do diário de campo e a segunda uma

entrevista semiestruturada.

Na primeira etapa as técnicas de coleta de dados foram a observação participante

e o diário de campo. A observação participante direta e de caráter exploratório, permitiu

perceber informações importantes do cotidiano dos entrevistados durante a coleta de

dados, auxiliando na descrição do fenômeno estudado. Nesse momento, foi

acompanhado a rotina de atividades desenvolvidas na unidade quanto: relação da equipe

com o paciente, relação entre a equipe e orientações ao paciente e família, se a equipe

tem experiência em realizar os cuidados, as reflexões da equipe sobre os cuidados da

pessoa com disfagia.

O pesquisador observou os profissionais da unidade de terapia intensiva adulto

no período vespertino, duas horas por dia em datas preestabelecidas em conjunto com a

instituição.

O diário de campo foi utilizado para registrar as estratégias de cuidado que a

equipe de saúde realiza com os pacientes disfágicos. O diário de campo consiste no

registro completo e preciso das observações dos fatos concretos, acontecimentos,

Page 28: MARCOS RIBEIRO - Univali

28

relações verificadas, experiências pessoais do profissional/investigador, suas reflexões e

comentários. Os fatos devem ser registrados no diário o quanto antes, após o observado

para garantir a fidedignidade do que se observa. Os diários de campo oferecem

elementos importantes para o aprofundamento das análises e dos dados coletados. O

significado de se escrever um diário, o diálogo consigo mesmo, da racionalização sobre

o acontecimento durante o dia, também tem seus efeitos terapêuticos e educativos

(TRIVINOS, 1987; MINAYO, 2014).

Foram criados codinomes com a letra “D1, D2, D3...”, conforme especificado na

Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde, que trata da pesquisa envolvendo

seres humanos.

Na segunda etapa a técnica de coleta de dados foi uma entrevista

semiestruturada. Para coleta das informações foi utilizado a entrevista semiestruturada,

que parte de questionamentos básicos, alicerçados em hipóteses, as quais vão surgindo

na proporção em que se recebe as respostas dos informantes. Desta maneira, o

informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas

experiências dentro do foco colocado pelo pesquisador, começa a participar na

elaboração do conteúdo da pesquisa (TRIVIÑOS, 1987).

A entrevista aconteceu numa sala reservada da UTI, em data pré-estabelecida

pelos participantes, estando presentes somente o entrevistador e o entrevistado e foram

gravadas em um gravador de voz. As questões da entrevista tiveram 2 partes, a primeira

para caracterizar os participantes (idade, sexo, categoria profissional, função/cargo que

exerce na equipe, tempo de formação profissional e tempo de atuação na UTI adulto). E

a segunda parte foi um roteiro norteador de questões relacionadas ao objeto da pesquisa

(APÊNDICE D).

As entrevistas realizadas possibilitaram que os entrevistados discorressem sobre

as questões apresentadas, permitindo que o pesquisador percebesse importantes

informações do processo de gestão do cuidado em saúde, auxiliando no entendimento e

descrição do fenômeno estudado.

2.2.6 Análises de Dados

Page 29: MARCOS RIBEIRO - Univali

29

Após a fase de coleta de dados, foi realizado o processamento deles através da

análise de conteúdo. Assim, tanto as entrevistas, quanto as observações e diários de

campo foram analisados em termos de conteúdo expresso pelos profissionais de saúde.

Neste estudo, os dados obtidos dos sujeitos foram analisados à luz da Análise de

Conteúdo proposta por Bardin (2011), que a define como um conjunto de técnicas de

análise das comunicações, visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de

descrição de conteúdo das mensagens, indicadores, quantitativos ou não, que permitam

a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis

inferidas) destas mensagens. A análise de conteúdo é dividida em três fases, a saber: a

pré-análise, a descrição analítica e a interpretação inferencial.

Na pré-análise, o pesquisador organizou o material e destacou sistematicamente

as ideias iniciais em um plano de análise. Refez uma leitura flutuante nos documentos a

serem analisados, deixando-se tomar contato exaustivo com o material (BARDIN,

2011).

A descrição analítica ocorreu logo após a pré-análise e consiste na codificação,

enumeração, classificação e agregação, em função de regras previamente formuladas.

Nesta fase, o material foi codificado, ou seja, as unidades temáticas foram classificadas

sob um título genérico, com base em um grupo de elementos num processo chamado

categorização (BARDIN, 2011).

A categorização é um processo de classificação por diferenciação, dos elementos

constituintes de um conjunto. Estes elementos são em seguida reagrupados por gênero

(analogia), com base em critérios previamente definidos. As categorias são classes que

reúnem unidades de registros com caracteres comuns, agrupando-os (BARDIN, 2011).

Na interpretação inferencial, os resultados brutos foram tratados de maneira a

serem significativos e válidos. Com resultados significativos e fiéis em mãos, o analista

pode então propor inferências e interpretações a propósito dos objetivos previstos, ou

que digam respeito a outras descobertas inesperadas (BARDIN, 2011).

Sendo a análise de conteúdo um conjunto de técnicas que indicam existir várias

maneiras para analisar conteúdos de materiais de pesquisa e uma delas é a análise

temática, afim de instrumentalizar e operacionalizar a análise do conteúdo das

entrevistas concedidas pelos sujeitos participantes desta investigação (BARDIN, 2011).

Em seguida ocorreu a triangulação entre a observação participante, diário de

campo e entrevista semiestruturada, pois o objetivo do estudo foi analisar como ocorre a

Page 30: MARCOS RIBEIRO - Univali

30

gestão do cuidado integral as pessoas com disfagia internadas dentro de uma unidade de

terapia intensiva adulto.

A triangulação é uma abordagem que utiliza vários métodos descritos como a

verificação das afirmações através da coleta de dados a partir de um determinado

número de informantes e de fontes, esta técnica tem por objetivo abranger a máxima

amplitude na descrição, explicação e compreensão do foco em estudo (TRIVIÑOS,

1987).

2.2.7 Aspectos Éticos

A realização das entrevistas somente foi realizada após a aprovação do projeto

pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNIVALI, sob o parecer de número

2.654.702 (ANEXO A).

Por se tratar de uma pesquisa que envolve seres humanos, foram obedecidos os

critérios exigidos na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

Foi garantido sigilo absoluto, assegurando a privacidade dos dados e da

identidade das pessoas envolvidas na pesquisa. Os participantes foram esclarecidos

sobre os objetivos da pesquisa e seu caráter científico, também foram fornecidas

informações a respeito do direito à desistência a qualquer momento e realizada a

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) do responsável.

As entrevistas foram realizadas em local apropriado, evitando ao máximo o

extravio de informações e exposição dos indivíduos participantes da pesquisa. A

pesquisa não acarretou ônus econômico-financeiro.

2.2.8 Riscos e Benefícios

Entre os riscos da presente pesquisa encontraram-se a perda ou extravio dos

dados coletados e quebra de sigilo. Para evitá-los, os pesquisadores adotaram como

medidas de segurança que as informações fossem sempre manipuladas e armazenadas

em locais seguros e sem interferência de terceiros, tais como a casa do pesquisador

participante e a sala de orientação da pesquisadora responsável no Mestrado em Saúde e

Gestão do Trabalho, na UNIVALI. Somente tiveram acesso aos dados o pesquisador e

Page 31: MARCOS RIBEIRO - Univali

31

sua orientadora; o diário de campo e as entrevistas ficarão sob a responsabilidade dos

pesquisadores nominados, por um período de cinco anos.

Outros riscos possíveis foram invasão de privacidade, revitimizar e perder o

autocontrole e a integridade ao revelar pensamentos e sentimentos nunca revelados,

discriminação e estigmatização a partir do conteúdo revelado, tomar o tempo do sujeito

ao responder ao questionário/entrevista, divulgação de dados confidenciais,

interferência na vida e na rotina dos sujeitos, embaraço de interagir com estranhos,

medo de repercussões eventuais, divulgação de dados confidenciais (registrados no

TCLE).

Devido aos riscos acima elencados, e com o intuito de evitá-los, os

pesquisadores buscaram trabalhar de forma a minimizar desconfortos, garantindo local

reservado e liberdade para não responder questões constrangedoras, estar atento aos

sinais verbais e não verbais de desconforto, garantindo o acesso aos resultados

individuais e coletivos, garantir que os pesquisadores sejam habilitados ao método de

coleta dos dado, garantir a não violação e a integridade dos documentos (danos físicos,

cópias, rasuras), assegurar a confidencialidade e a privacidade, a proteção da imagem e

a não estigmatização, garantindo a não utilização das informações em prejuízo das

pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos de autoestima, de prestígio e/ou

econômico – financeiro, garantir a divulgação pública dos resultados.

Ao analisar a gestão do cuidado integral as pessoas com disfagia internadas

dentro de uma unidade de terapia intensiva adulto e ao se realizar um protocolo de

cuidados a estes profissionais, o benefício será diretamente no atendimento integral,

com adequada resolutividade e na diminuição das complicações decorrentes da disfagia,

como a broncoaspiração, pneumonia aspirativa, desnutrição, desidratação e tempo de

internação.

Page 32: MARCOS RIBEIRO - Univali

32

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período de coleta de dados, compreendido entre junho a agosto de

2018, quinze profissionais de saúde preencheram os critérios de inclusão do estudo.

Apenas 01 profissional optou em não participar devido estar há pouco tempo na

instituição e ter pouca participação com a equipe multidisciplinar na UTI. Todas as

entrevistas foram realizadas conforme disponibilidade do entrevistado.

As unidades de questões desenvolvidos nas entrevistas, nas observações e nos

diários de campo foram denominados de unidades temáticas. O estabelecimento das

categorias se deu durante a análise dos dados, por meio de similaridade das

informações. As categorias analisadas foram construídas após a análise do material

coletado nas entrevistas, levando em consideração a orientação teórica e os objetivos da

pesquisa, caracterizando, assim, as categorias a posteriori segundo Bardin (2011). As

categorias inter-relacionadas foram agrupadas em grupos de categorias.

Quadro 1 – Unidades temáticas e subcategorias encontradas sobre às significações

da gestão do cuidado integral relacionados as pessoas com disfagia internadas na

unidade de terapia intensiva adulto.

UNIDADE TEMÁTICAS SUBCATEGORIAS

Cuidado integral a saúde dos

pacientes disfágicos

• Olhar o paciente “como um todo”, o físico e o

psicológico.

Os múltiplos olhares para as pessoas disfágicas.

Técnicas de cuidado às pessoas

disfágicas

• A falta de profissionais da Fonoaudiologia no

hospital e na UTI.

• Insegurança e despreparo dos profissionais para os

cuidados aos pacientes disfágicos.

• Formação continuada.

• A comunicação entre os profissionais da Equipe

Multidisciplinar.

• Reconhecimento enquanto profissional de saúde na

Equipe Multidisciplinar.

• O round multidisciplinar.

• A necessidade da equipe.

• A importância da presença do profissional

Fonoaudiólogo na equipe.

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33

2.3.1 Cuidado integral a saúde dos pacientes disfágicos

A primeira unidade temática desta pesquisa trata do Cuidado integral a saúde

dos pacientes disfágicos e relaciona-se com o que o profissional entende ou compreende

quanto ao cuidado integral a saúde dos pacientes disfágicos. Nessa perspectiva, o

cuidado na percepção dos profissionais está relacionado com as técnicas, como ver o

paciente no seu todo e habilidade voltada para um atendimento integral. Dentro da qual

identificamos as seguintes categorias:

2.3.1.1 Olhar o paciente “como um todo”, o físico e o psicológico.

2.3.1.2 Os múltiplos olhares para as pessoas disfágicas.

2.3.1.1 Olhar o paciente “como um todo”, o físico e o psicológico

Essa categoria refere-se aos significados que os participantes apresentam quanto

ao olhar o paciente “como um todo”. Quando se referem a esse conceito, os

profissionais da equipe multidisciplinar focalizam o cuidado na perspectiva da doença.

Tal relato é representado pela fala de algumas entrevistas:

[...] o cuidado integral em saúde na minha visão é a gente pensar não só no

que a gente precisa fazer de imediato, mas o que a gente precisa fazer de

manutenção e pós o cuidado[...] (D1).

[...] cuidado me deixa tentar bem, que tipo assim a gente tem que olhar ao

todo o paciente, tipo assim não somente o físico, mas também o psicológico,

é uma coisa bem ao todo do paciente [...] (D2).

[...] eu entendo integral é vê o paciente como um todo, é psico, emocional

tudo né, um paciente como um todo, é assim que eu entendo, integral acho

que é isso [...] (D3).

Quando se pensa em compreender o olhar o paciente “como um todo”, é

necessário que os profissionais envolvidos no atendimento entendam o verdadeiro

significado de olhar o paciente em sua totalidade, para que assim esteja apto e preparado

para identificar a melhor alternativa de tratamento/ acompanhamento.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a

ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social

BRASIL (1990a); ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (1995) e que a partir

desta definição os profissionais de saúde entendem que olhar o paciente como um todo

Page 34: MARCOS RIBEIRO - Univali

34

está relacionado ao bem estar físico, mental e social mas que a saúde é muito mais que

isto, principalmente quando se fala em cuidado.

Conforme Medeiros (2016), relata que isto é decorrente do modelo biomédico

no qual a saúde constitui estar isento da doença, dor, ou efeito, o que torna a condição

humana saudável, tendo como foco os processos físicos, patológicos ou fisiológicos de

uma doença, não levando em conta, o papel dos fatores sociais ou subjetividade

individual e que esta forma de pensar faz com que ocorra uma predominância no

cuidado nas técnicas e pouco no cuidado integral.

O modelo biomédico compreende os fenômenos da saúde e da doença com base

na biologia, no qual se define a doença como um desajuste ou falta de mecanismos de

adaptação do organismo ao meio, ou ainda como uma presença de perturbações da

estrutura viva causadoras de desarranjos na função de um órgão, sistema ou organismo

(OLIVEIRA; 2011). Esta é a maneira dominante e moderna que os profissionais de

saúde utilizam para diagnosticar e tratar na maioria das vezes, sendo visível no discurso

de alguns entrevistados.

Estes profissionais tem ações voltadas para as técnicas devido a formação no

modelo biomédico, com uma visão mecanicista, aonde veem o corpo humano como se

fosse uma espécie de máquina, no qual a doença representa um desarranjo em uma

delas, tornando-se o conhecimento necessário, pois a adequação da prática profissional

ao que realmente acontece na realidade também fica dificultada pelo fato de se trabalhar

com o conhecimento do passado, com aquilo que foi legitimado pela ciência tradicional,

e não com os desafios do presente ou com aquele conhecimento que vem dos dados da

realidade atual (ARAÚJO, 2014).

Portanto, na forma que se apresenta, este conceito é inatingível e não pode ser

usado como meta pelos serviços de saúde atuais e nem como preceito dos profissionais

de saúde, em constante formação. Atualmente, o conceito ampliado de saúde é o que

contempla as necessidades e exigências da população e do sistema de saúde.

A atuação dentro da unidade de terapia intensiva frente ao cuidado está além das

necessidades físicas, práticas, sociais e emocionais pois permite tornar o cuidado

integral efetivo e assim proporcionar uma maior ressignificação da experiência humana

gerando uma boa comunicação resultando num bom fortalecimento emocional, no qual

ajudará a enfrentar as dificuldades apresentadas neste momento, estabelecendo um canal

entre paciente e família (ARAÚJO, 2014; PALMA, 2012).

Page 35: MARCOS RIBEIRO - Univali

35

É preciso ter em mente que o cuidar precisa acontecer através de uma ação

interativa, pois esta envolve valores e conhecimento no qual obteremos respostas que

serão alcançadas através do ser que cuida para e com o ser que é cuidado, salientando

que este como um todo, ativa entre os profissionais de saúde, um comportamento de

compaixão, de solidariedade, de amor no sentido de promover o bem e, assim visa o

bem-estar do paciente, à sua integridade moral e à sua dignidade como pessoa

(GUEDES, 2009).

Sendo assim enquanto profissionais de saúde e corresponsáveis pelo

atendimento aos pacientes com disfagia dentro da UTI, outro é necessário que estes

especialistas projetem-se com empatia, na capacidade de avaliar através do outro, como

este gostaria de ser tratado naquele momento, ou seja, cuidar do paciente como um

“todo” significa tratar o paciente em sua totalidade, de forma integral.

2.3.1.2 Os múltiplos olhares para a pessoa disfágica

Quando se fala ou pensa em múltiplos olhares para a pessoa com disfagia, nota-

se que os profissionais de saúde já têm em mente que essas pessoas precisam ser

observadas e acompanhadas por uma equipe multidisciplinar. Tal relato é representado

pela fala de alguns entrevistados:

[...] eu entendo o integral né, o ser humano eu vejo né que ele é composto de

N fatores né, espiritual, biológico, emocional, social, cultural então enfim no

meu entender eu acredito que a gente tem que como profissional de saúde é

correlacionar todos esses setores todos essa amplitude ali [...] (D10)

[...] é muito de acolhimento àquelas famílias, ao paciente realmente é mais ao

final do tratamento, quando ele está num periodo de uma consciência maior

né, nível de consciência mais elevado, conseguindo interagir, conseguindo se

comunicar nem que seja pelo olhar, pelos gestos, mas o nosso trabalho com o

paciente ele é voltado para sua família [...] (D11)

[...] são os múltiplos olhares para aquele sujeito né, o olhar de vários

profissionais para a construção coletiva desse olhar né, aonde a gente

consegue conversar, dialogar, dialogar entre os pares, dialogar para além dos

pares e construir algo bacana na perspectiva do cuidado, na perspectiva de

montar um esquema de tratamento para ele ali dentro, olhando pra sua

dimensão fora que é essa família, que é pensar em como esse sujeito veio pra

cá e como esse sujeito sai daqui do hospital [...] (D11)

Nas falas acima fica claro que o cuidado integral está relacionado com o

envolvimento com a equipe, com a família. E este cuidado tem relação com o conceito

Page 36: MARCOS RIBEIRO - Univali

36

ampliado de saúde pois tal característica resulta das condições de alimentação,

habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer,

liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde, sendo assim o

resultado das formas de organização social de produção, as quais podem gerar grandes

desigualdades nos níveis de vida.

Durante o período da realização da observação que se deu entre os meses de

junho a agosto, não foi possível verificar o contexto relacionado a família devido ser um

horário que os familiares não estão presentes dentro da UTI. Os profissionais de saúde

precisam compreender que o cuidado integral em saúde está ligado ao acolher, tratar,

respeitar e atender o paciente em seu sofrimento com qualidade e resolutividade visando

que agir integralmente é fruto do inter-relações de pessoas causando efeitos e

repercussões de interações positivas entre os profissionais, pacientes e famílias

(ARAÚJO ASSIS, 2015; RANGEL, 2017; TORRES, 2017).

Conforme Marcellino de Melo Lanzoni (2012) o cuidado integral torna-se uma

atitude interativa pois fortalece o relacionamento e envolvimentos entre as partes,

respeitando a história e sofrimento que o paciente apresenta naquele momento, se por

um lado o cuidado em saúde realizado pelos profissionais, pode diminuir o impacto de

adoecimento, por outro lado, a falta de cuidado pode ocasionar o descaso, desamparo e

abandono dos pacientes podendo assim agravar o sofrimento dos pacientes.

Com isso a noção de cuidado integral em saúde permite que os profissionais de

saúde zelem pelo bem-estar dos pacientes e assim consigam devolver o poder de julgar

quais suas necessidades tornando-os assim como outros sujeitos e não como outros

objetos (AYRES, 2004; RANGEL, 2017).

2.3.2 Técnicas de cuidado

A segunda unidade temática está relacionada as técnicas de cuidado, em que

observa-se a ocorrência de conflitos entre o que é cuidado integral e quanto às técnicas

realizados com estes pacientes. Acredita-se que este pensamento prevalece devido o

ambiente da UTI exigir bastante conhecimento técnico do profissional e estes acabam

voltando suas atividades e seus estilos de pensar e agir especificamente na técnica e

muito pouco no estilo de pensar e agir por meio de um cuidado integral, o que acaba

Page 37: MARCOS RIBEIRO - Univali

37

confundindo que o cuidado integral sejam somente as técnicas. O predomínio das

técnicas é representado pela fala de alguns entrevistados:

2.3.2.1 A falta de profissionais da Fonoaudiologia no hospital e na UTI.

2.3.2.2 Insegurança e despreparo dos profissionais para os cuidados aos

pacientes disfágicos.

2.3.2.3 Formação continuada.

2.3.2.4 A comunicação entre os profissionais da Equipe Multidisciplinar.

2.3.2.5 Reconhecimento enquanto profissional de saúde na Equipe

Multidisciplinar.

2.3.2.6 O round multidisciplinar.

2.3.2.7 A necessidade da equipe.

2.3.2.8 A importância da presença do profissional Fonoaudiólogo na

equipe.

2.3.2.1 A falta de profissionais da Fonoaudiologia no hospital e na UTI

Os profissionais de saúde durante as entrevistas relataram que o Fonoaudiólogo

não está presente na UTI devendo ser apenas um profissional para todo o hospital, no

qual acaba sobrecarregando o profissional o que reduz seu alcance em suprir as

necessidades dos pacientes e de toda a equipe que acabam por não conversar sobre o

perfil clínico dos hospitalizados que apresentam disfagia.

É notável pela fala dos participantes da pesquisa a ausência dos Fonoaudiólogos

dentro da UTI. Segundo Albuquerque (2016) a atuação fonoaudiológica no ambiente

hospitalar vem crescendo e embora seja recente, requer conhecimento prévio e

especifico deste profissional, pois o mesmo inserido na equipe multiprofissional pode

proporcionar melhor compreensão das alterações decorrentes da disfagia e a sua

integração entre os membros da equipe são fundamentais para a condução dos casos de

acordo com o contexto no qual o paciente apresenta naquele momento.

As unidades de registros abaixo retratam esta realidade:

[...] a gente não tem uma demanda de um fonoaudiólogo aqui dentro, porque

né! Financeiramente é manter mais funcionários, mas a gente poderia ter, mas

eu acho que tendo um segundo fonoaudiólogo não um para UTI, mas pelo

menos um segundo fonoaudiólogo pro hospital nos facilitaria bastante. Tem

muitas vezes assim por exemplo extuba o paciente na sexta feira a noite no

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38

sábado esse paciente só vai comer na segunda quando a fono avaliar e se se

não tiver problemas [...] (D1)

[...] a dificuldade é por exemplo final de semana que eu faço plantão e não

tem o profissional lá. Então final de semana por exemplo o paciente interna

numa sexta à noite e não tem a fono, vamos dizer que o paciente precisa

estabilizar ali na uti, estabilizou e no sábado de manhã poderia fazer uma

avaliação para ofertar a ele uma ingesta via oral, talvez uma dieta pastosa

liquidificada não sei, dependendo da avaliação do fono [...] (D10)

[...] no meu ponto de vista poderia ter uma fono só dentro da UTI,

permanecer dentro da UTI para tá acompanhando, até fazer exercícios, enfim

estimular este paciente, e final de semana né, às vezes o paciente não é

acompanhando a gente não consegue atendimento integral porque no final de

semana não tem Fono, então pra gente que não é da área é difícil pra fazer

uma avaliação para, não tem como [...] (D12)

Durante o período de observação foi possível constatar que o Fonoaudiólogo não

se faz ativamente presente na equipe da UTI, e sim, que, se fez presente, apenas quando

solicitado e que o mesmo realizou a avaliação fonoaudiológica e discutiu o caso com o

médico e a enfermeira inexistindo qualquer comunicado ao técnico responsável sobre

qual a conduta a ser realizada.

Em um segundo momento durante o Round Multidisciplinar, foi necessário que

um dos profissionais presentes solicitasse que a equipe prestasse atenção, pois estavam

discutindo sobre o paciente e quais os cuidados que este paciente precisava no

momento.

Conforme observado, verificou-se a comunicação entre a Fonoaudióloga e o

médico sobre a importância de naquele momento iniciar uma dieta via sonda

nasoenterica (SNE), pois conforme avaliação da mesma o paciente apresentava

dificuldades para deglutir e com risco de broncoaspiração, o médico informou que iria

prescrever a SNE.

Segundo Cioatto (2015) vale salientar, que a rotina do serviço de

Fonoaudiologia no hospital é um pouco desgastante e corrida pois o mesmo precisa dar

a atenção para setores variados (clínica médica, pronto socorro, clinica cirúrgica, uti

neonatal, uti adulto, pediatria, maternidade) o que faz com que o trabalho

fonoaudiológico não seja efetivo. Além disso, durante a observação foi observado que a

evolução de Fonoaudiologia nos prontuários é realizada em uma folha separada quanto

aos outros profissionais da equipe, no qual pode favorecer o distanciamento destes com

a realidade do paciente disfágico.

Page 39: MARCOS RIBEIRO - Univali

39

A demanda por fonoaudiólogos em hospitais tem crescido consideravelmente,

pesquisas recentes e resoluções que mostram a necessidade do fonoaudiólogo dentro da

equipe multidisciplinar fomentam essa especialidade, conforme a

RDC Nº7, DE 24 DE FEVEREIRO DE 2010, no inciso IV que preconiza a

assistência fonoaudiológica devendo ser ofertada por meios próprios ou terceirizados, o

que evidencia a não obrigatoriedade do profissional Fonoaudiólogo o tempo todo dentro

da UTI, mas sim, como serviço de apoio, no qual nota-se que em muitos hospitais não

oferecem esta especialidade devido a não obrigatoriedade.

A equipe de enfermagem, juntamente com a equipe multidisciplinar que

acompanha os pacientes internados na UTI, precisam estar atentos às mudanças

significativas, portanto, devem ser treinados para reconhecer estas, diminuindo as

complicações e o risco de mortes, com todo embasamento teórico necessário para isso,

integrando-se com o atendimento interdisciplinar que estes podem apresentar em

relação ao ato de deglutir, reconhecer bem os sinais e sintomas, pois questões

pulmonares e nutricionais apresentadas devido a disfagia podem comprometer mais

ainda o quadro clínico desses pacientes e assim elevar um maior período de internação,

gerando custos e maior tempo de permanência dentro do hospital (MANCOPES, 2013;

LEONOR, 2015; DE ARAUJO NETO, 2016; LUCHESI, 2018).

O trabalho fonoaudiológico na Unidade de Terapia Intensiva tem como

objetivos, reabilitar as alterações observadas na avaliação, restaurar a capacidade

funcional do sistema estomatognático, minimizar as limitações cognitivas relacionadas à

comunicação e deglutição e auxiliar no desmame da traqueostomia através de exercícios

pneumofonoarticulátórios. A atuação da fonoaudiologia na UTI é um trabalho tanto no

sentido de manutenção de vida, pois pode prevenir possíveis complicações que a

Disfagia pode apresentar, quanto alterações na qualidade de vida, sendo assim a

Fonoaudiologia busca ampliar as perspectivas prognósticas, com a redução do tempo de

internação e a redução na taxa de reinternações por pneumonia aspirativa, permitindo

que o paciente volte a se alimentar por dieta via oral, mantendo um suporte nutricional

adequado (ALBINI, 2013; COSTA, 2016; DIAS, 2017).

Segundo Leonor (2015) e Fávero (2017) os pacientes disfágicos que se

encontram internados na UTI apresentam um risco elevado de aspirações devido a uma

variedade de fatores, tais como o rebaixamento do nível de consciência (muitas vezes

causadas por excesso de analgesia ou sedação), posicionamento inadequado, presença

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40

de traqueostomia, uso prolongado da SNE ou tubos orotraqueais, além do quadro clínico

instável, devido ao longo tempo de internação pode contribuir, juntamente com os

fatores etiológicos supracitados, para que haja comprometimento na dinâmica da

deglutição.

Porém dentre o perfil de pacientes atendidos pelo fonoaudiólogo em UTI,

destacam-se aquelas vítimas de acidente vascular encefálica e de tronco cerebral,

traumas de face, neuropatias, traumas cranioencefálicos, doenças degenerativas,

traumatismos raquimedulares, câncer de cabeça e pescoço e distúrbios de deglutição.

Como uma profissão emergente, a Fonoaudiologia em âmbito hospitalar e nas UTIs,

vem evoluindo e conquistando seu espaço a cada dia mais e mais (GUEDES, 2009;

CALHEIROS, 2012).

O fonoaudiólogo ao ingressar na equipe da UTI deve atuar de forma

multidisciplinar e interdisciplinar, com o objetivo de prevenir e reduzir complicações, a

partir do gerenciamento da disfagia, de maneira segura e eficaz, com isso a sua atuação

pode ampliar as perspectivas prognósticas, com a redução do tempo de internação e

reinternações por pneumonia aspirativa, o que contribui sobremaneira para a melhoria

da qualidade de vida dos pacientes (PADOVANI, 2013; CIOATTO, 2015). Conforme

Abdulmassih et al. (2009), a conduta fonoaudiológica quando iniciada desde o início ao

final da internação concluiu-se que a intervenção fonoaudiológica apresenta excelentes

resultados, com muitos pacientes se alimentando por via oral, na alta hospitalar.

O estudo de Fumelli Monti (2013) mostra que o trabalho fonoaudiológico é

eficaz e denota menor tempo de internação hospitalar, mas que devido a carga horária

do profissional ser restrita, faz com que o trabalho não se torne efetivo e muitas das

condutas a serem realizadas ainda ficam por conta do médico.

Apesar do reconhecimento dos pesquisados quanto a ocupação do

fonoaudiólogo, o profissional responsável pela reabilitação da disfagia, nota-se que em

muitas instituições hospitalares não contam com a atuação desse especialista, o que

justificaria alguns índices inadequados ou incoerentes dos dados, onde muitos

profissionais já trazem consigo uma bagagem de experiência superior ao tempo de

existência dessa instituição, e não teriam tido até então, alguma interação com o

Fonoaudiólogo (LEANDRO, 2012; ALBINI, 2013; SILVA, 2016).

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41

2.3.2.2 Insegurança e despreparo dos profissionais para os cuidados aos pacientes

disfágicos

A equipe de saúde se mostrou insegura e despreparada para realizar os cuidados

que favorecessem a uma melhora do estado de saúde geral dos pacientes disfágicos.

Durante a realização das observações algo que não foi possível visualizar foi a

realização prestada pelos participantes na prática aos pacientes, devido os mesmos em

alguns momentos se sentirem inseguros com a presença do pesquisador. Nota-se que

durante o round multidisciplinar, devido à pouca participação dos profissionais de saúde

na discussão dos casos, era dada pouca importância quanto aos pacientes que

apresentavam dificuldades para deglutir.

Tal relato é representado pela fala de algumas entrevistas:

[...] normalmente eu quando pego assim um paciente que tem uma certa

dificuldade e que já passou pela avaliação e precisa mais de uma readaptação

para deglutir, eu me sinto assim um pouco com medo e receio, porque o risco

do paciente broncoaspirar é quase que 100% né, a gente normalmente se

afoga então imagina uma pessoa que já tem dificuldade, então eu vejo assim

a necessidade da minha parte de ter um cuidado bem mais redobrado numa

dieta assistida no caso [...] (D5)

[...] é que na verdade a gente aqui aguarda avaliação da fono e liberação do

médico, não pode tomar uma atitude sozinho, o máximo que a gente faz é

molhar a boca do paciente para que não dar aquela sensação de boca seca que

sempre se queixam, mas quando tem a liberação da dieta a gente sempre tá

acompanhando ali tanto porque a gente sabe que é complicado né, o paciente

foi entubado tem toda aquela serie de riscos [...] (D6)

[...] difícil explicar o porquê de todas as funções de dietas, o que ele pode e o

que ele não pode, quando ele vai poder, se ele vai poder [...] (D12)

Os aspectos que a equipe multiprofissional retrata à insegurança podem ser

percebidos nas falas dos participantes, quando os mesmos relatam sentir dificuldades,

inseguranças e medo ao lidar com estes pacientes, podendo produzir efeitos positivos e

negativos quanto ao paciente e assim não conseguirem realizar um cuidado integral.

Conforme Guedes (2009) e Furkim (2014) observa-se a necessidade do apoio do

Fonoaudiólogo, pois o seu trabalho juntamente com a equipe é de extrema importância,

pois além de cuidar dos problemas de deglutição, poderá orientar o paciente e a equipe

quanto os cuidados necessários neste momento e quais os riscos que o paciente

apresenta e assim demonstrar a sua importância dentro da equipe multidisciplinar

(KAIZER, 2012; ALBINI, 2013; ZANATA, 2016).

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O entendimento quanto o processo da deglutição faz-se necessário para a

manutenção saudável do estado clínico geral do paciente, já que qualquer alteração que

dificulte a realização de uma boa deglutição irá repercutir no estado nutricional,

respiratório e na qualidade de vida do paciente. A disfagia é um distúrbio que dificulta

ou impossibilita a ingestão segura de alimento e/ou saliva, podendo provocar

complicações ao quadro clínico do paciente, como desidratação, desnutrição,

emagrecimento, alterações respiratórias, como a pneumonia aspirativa e até óbito

(PADOVANI, 2007; SOUZA, 2013; AOKI, 2016).

Um destes cuidados específicos de extrema relevância é o desempenhado pelo

fonoaudiólogo, que é o profissional habilitado para avaliação e reabilitação da disfagia,

pois vale ressaltar que sua atuação não se restringe apenas ao atendimento clínico e

sessões especializadas, mas inclui orientação, educação, treinamento do doente com

disfagia, da equipe multiprofissional e seus cuidadores, para que assim o paciente

possa se reabilitar e apresentar uma deglutição segura e eficaz, ainda que dentro do

âmbito hospitalar (PADOVANI, 2007; LEONOR, 2015; STARMER, 2017).

Neste contexto, destaca-se o papel do profissional de enfermagem, que se depara

com o doente disfágico na sua rotina diária na UTI, pois ao admitir o paciente que

apresenta sinais relacionados a dificuldades na deglutição, possa identificar o paciente

de risco para disfagia.

A equipe como um todo também pode reconhecer os sinais da disfagia durante a

assistência ao paciente internado na UTI, pois todos os profissionais envolvidos no

cuidado, podem facilitar e colaborar de modo que auxilie na redução do número de

pacientes com disfagia não identificados, prevenir complicações clínicas e nutricionais,

observar a necessidade de avaliação específica, reduzir o pedido de avaliações

inapropriadas, aumentar a adesão e seguimento às orientações e estratégias

fonoaudiológicas e intervir com meios compensatórios e orientação aos familiares e

pacientes (GUEDES, 2009; ALBINI, 2013; SILVA, 2016; LUCHESI, 2018).

Essa categoria refere-se aos significados que os participantes apresentam quanto

a falta de conhecimento sobre os cuidados prestados ao paciente com disfagia. Sendo

assim a provável falta de conhecimento sobre o que é a disfagia, quais os seus sinais e

sintomas, dificulta a sua detecção e intervenção, isto é, faz com que a intervenção

fonoaudiológica se inicie tardia, podendo assim o paciente ter uma piora no quadro

clínico devido a desnutrição, pneumonias aspirativas e aumento no tempo de internação.

Page 43: MARCOS RIBEIRO - Univali

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Segundo Albuquerque (2015) a disfagia associada a aspiração aumenta o risco

de infecções pulmonares, desnutrição e a mortalidade e, em muitas das vezes podem

ocorrer complicações pulmonares e nutricionais elevando o grau de enfermidade e

mortalidade nessa população.

A identificação precoce da disfagia e seu respectivo tratamento devem ser

iniciados ainda na UTI com o objetivo de minimizar os impactos da broncoaspiração.

Observa-se ainda que as equipes multidisciplinares ainda não estão aptas a identificar os

fatores de risco para disfagia e broncoaspiração, mas para que isso ocorra e assim

minimizar os possíveis riscos, é necessário protocolos multidisciplinares com checklist

de risco para disfagia e broncoaspiração, avaliação e gerenciamento fonoaudiológico

especializado (JACQUES, 2011).

Furkim (2014) e Albuquerque (2015) afirmam que o Fonoaudiólogo tem se

mostrado um profissional determinante no que se diz respeito à avaliação, diagnóstico e

reabilitação das disfagias, pois em 92% dos casos, ele é o profissional diretamente

envolvido com a equipe multidisciplinar para o diagnóstico e reabilitação desta

manifestação clínica.

Dentro de uma UTI é de competência do Fonoaudiólogo enquanto membro da

equipe avaliar a disfagia de forma criteriosa e cautelosa não colocando em risco o

quadro clínico do paciente, auxiliando, portanto, na prevenção e redução de

complicações pulmonares e/ou de nutrição e hidratação, diminuindo o tempo de

ocupação do leito e custos hospitalares (RODRIGUES, 2010).

É possível que treinamentos, cursos e palestras dentro do próprio ambiente de

trabalho possa promover uma melhor aderência ou conscientização de todos os

envolvidos no tratamento. Colocar o profissional no papel do paciente disfágico poderia

ser uma alternativa, porém ainda vive-se uma cultura onde só se é valorizado o que traz

vantagens.

Talvez o nosso caminho seja através de índices para provar aos gestores e toda a

equipe do hospital o quanto é mais econômico ter dentro da equipe a presença de um

profissional que possa identificar, detectar e reabilitar os pacientes disfágicos. Não

podemos eximir de toda a culpa e se não ocuparmos um espaço que nos pertence, e

assim mostrarmos a nossa importância dentro da realidade hospitalar, não serão os

demais profissionais que irão tomar essa decisão.

Page 44: MARCOS RIBEIRO - Univali

44

Os programas de educação continuada são excelentes meios para a construção de

protocolos e saberes coletivos sobre deglutição e disfagia e apresentam resultados

significativos no cuidado desses indivíduos, reduzindo vieses de informação e condutas.

As orientações e os esclarecimentos à família também apresentam resultados

interessantes quando adequados à sua realidade (PADOVANI, 2013).

2.3.2.3 Formação Continuada

Outro ponto relevante que surgiu dos relatos dos profissionais foi a necessidade

de formação continuada devido a rotatividade desses especialistas que atuam no setor

para que possam estar mais preparados através de diferentes conhecimentos

possibilitando o oferecimento de um atendimento integral aos pacientes disfágicos:

[...] eu já fiz algumas capacitações com o pessoal, mas muda muito né, então

fica difícil da equipe sempre está redonda e todo mundo saber para que serve.

(para que todos possam falar a mesma linguagem) [...] (D9)

[...] então eu acredito que as capacitações, podem trazer mais os temas que

acontecem no nosso dia a dia, é às vezes tipo assim as pessoas não entendem

porque que a nutricionista gostam da posição gástrica, então a gente poderia

se tivesse essa oportunidade da gente falar mais sobre a nossa área, mas num

momento que as pessoas parem pra receber aquela informação né, e a gente

sabe que o profissional de saúde hoje tem que trabalhar em dois locais, às

vezes que não tem tempo de estudar, às vezes chega em casa tem família, e

etc... [...] (D10)

[...] a minha sugestão é que a gente possa se reunir mais, falar mais sobre esse

espaço, que espaço é esse, que lugar hoje a gente hoje atua, mesmo sendo

uma unidade intensiva de tratamento né, como que isso se dá, como que a

gente se organiza lá dentro. Que espaço é esse? ele serve para que? Para que?

Ele está a serviço de quem? A serviço de que? Então eu acho que esse é o

início da conversa né, é pensar em ajustes para essa unidade, é pensar em

dialogar sobre isso, intencionar alguns pontos e fazer reflexões isso mesmo o

que é função de cada um exatamente [...] (D11)

A capacitação por meio da formação continuada precisa estar em consonância

com a necessidade do trabalho que a equipe multiprofissional apresenta dentro da UTI.

Observa-se que há a necessidade de temas voltados para o dia a dia de trabalho

sendo necessário uma discussão com a equipe sobre alguns temas que eles sentem a

necessidade de se aperfeiçoar mais, no qual possa estar envolvido a parte assistencial

voltado para as práticas em conjunto com a teoria, para que assim juntos possam atingir

um número maior de profissionais (GUEDES, 2009; ALBINI, 2013; LEONOR, 2015).

Page 45: MARCOS RIBEIRO - Univali

45

A Educação Continuada (EC) é primordial para o desenvolvimento dos

profissionais do hospital incluindo os que atum diretamente na UTI, pois pode-se

utilizar do próprio local de trabalho, realizando-se atividades práticas com as possíveis

situações vivenciadas naquele momento, transformando assim, o ambiente de

aprendizagem (DIAS, 2017). A capacitação dos profissionais de saúde está prevista na

Política Nacional de Educação Continuada para o Controle Social no Sistema Único de

Saúde – SUS, a qual compreendem os processos de aprendizagem que resultem em

ações que auxiliem no desenvolvimento do sujeito social em torno do cumprimento do

direito à saúde e com metodologias participativas, por meio de processos formais e

informais que valorizam as experiências (vivências) das pessoas (BRASIL, 2006).

Sendo assim a UTI é um setor no qual apresenta profissionais de especialidades

variadas, com variedade de recursos tecnológicos e sofisticados para atender pacientes

em estado grave e que necessitam de assistência intensiva, no qual observa-se que essas

características fazem com que a equipe desse setor, diferencie-se de outros setores

dentro do mesmo hospital pois é necessário que os profissionais tenham um

conhecimento especializado e para que isso ocorra é preciso realizar educação

continuada para que adquirem habilidades adicionais àquelas de sua formação

(FURKIM, 2010; DE QUEIROZ, 2013; DE ARAUJO NETO, 2016).

Conforme Cichero (2009) e Albini (2013) é preciso compreender que a

qualificação dos profissionais, juntamente com a produção de conhecimento faz parte de

um processo contínuo e permanente, no qual é necessário que haja trocas de

informações com avaliações constantes do processo de trabalho.

Sendo na UTI, um ambiente aonde ocorre mudanças constantes devido a altas

tecnologias e que requer um cuidado com maior complexidade e atenção, a educação

continuada se configura num alicerce para os profissionais da equipe.

Sendo assim a EC tem como objetivo dentro das unidades de terapia intensiva

estimular para que os profissionais apresentem consciência crítica, que favoreça

momentos de reflexão, e assim os profissionais possam questionar, argumentar e com

isso continuem aprendendo a desenvolver o melhor atendimento e cuidado ao paciente

critico, com novos saberes para que executem o trabalho do dia a dia com um novo

modo de agir, de organizar e compreender as condutas no ambiente de trabalho. É

necessário que as equipes de EC estejam empenhadas em executar estratégias de

Page 46: MARCOS RIBEIRO - Univali

46

autoaprendizagem ou experiencias do cotidiano, utilizando de modelos existenciais e

repensar suas condições de trabalho (LAZZARI, 2012; GINNELLY, 2016).

Uma das ações que se sugere é inserir o Fonoaudiólogo dentro dos programas de

educação continuada, juntamente com toda a equipe, para que possam realizar

treinamentos focados no cuidado integral ao paciente com disfagia, pois estes

treinamentos precisam ser aplicados de maneira sistemática e organizada, para que os

profissionais se sintam seguros e possam adquirir novos conhecimentos, tomar novas

atitudes e desenvolver novas habilidades (ANTUNES, 2010; TADDEO, 2012).

2.3.2.4 A comunicação entre a equipe multidisciplinar

Outro ponto importante que surgiu foi a falta de comunicação entre a equipe

multidisciplinar, devido a UTI ser um ambiente estressante no qual requer excesso de

demanda e bem como às relações interpessoais dos membros da equipe:

[...] então talvez acho que falta mais essa comunicação dos médicos com os

técnicos, eu acho eu acho que na verdade falta mais comunicação a tarde, eu

não sei acho que devem isso com eles [...] (D3)

[...] eu acho que talvez falte mais essa comunicação, tanto do enfermeiro e do

médico com a gente, não só tá olhando pro e falando pro enfermeiro mas tá

conversando mais com a gente [...] (D4)

[...] a meu assim ver precisa melhorar mais a comunicação entre os cargos,

porque a gente sempre tá ligado com o paciente, nós realmente que fazemos

tudo que fala pro médico, olha o paciente tá com a PAM baixo, tá

acontecendo isso, então primeiro contato do paciente é com a gente técnico e

o paciente, mas o médico precisa tá mais envolvido no nosso trabalho

também, tem que haver mais comunicação [...] (D6)

[...] como é setorizado e fragmentado, é por exemplo a nutrição tem uma

ficha, fono tem uma ficha, fisioterapeuta tem uma ficha, enfermeiro tem outra

ficha, cada um tem uma ficha. Eu acho que para facilitar uma comunicação

talvez não direta ou uma comunicação indireta todos utilizarem a mesma

ficha para realizar uma evolução [...] (D10)

Durante as observações realizadas é bem visível no trabalho em equipe que os

profissionais pouco se comunicam e, em muitas das vezes acabam realizando o trabalho

com o paciente e não discutem os casos entre si. Em alguns momentos foi observado

que o profissional chega para verificar se há solicitação de avaliações e, quando verifica

que existe esta solicitação, então, realiza o atendimento. Ocorre pouca comunicação

Page 47: MARCOS RIBEIRO - Univali

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entre os profissionais da equipe sobre a abordagem realizada e quais as condutas a

serem administradas a partir da sua intervenção.

A comunicação precisa ser compreendida pela equipe como uma troca de

informações para que possam influenciar nos atendimentos e condutas a serem

realizadas com os hospitalizados, pois a habilidade de comunicar-se influencia

diretamente no relacionamento entre a equipe. Conforme Pontes (2014) utilizando a

comunicação, o profissional de saúde inserido dentro da equipe, busca identificar as

necessidades destes, informando sobre as condutas a serem realizadas e assim conduz

trocas de experiências promovendo educação continuada gerando aos participantes

mudanças nos seus comportamentos.

Para que não ocorra distorções e falhas no atendimento ao paciente, é necessário

que a equipe multidisciplinar, se interage e realize uma comunicação efetiva, e assim

podem contribuir para que toda a equipe obtenha o conhecimento uniforme realizando o

cuidado de forma integral, segura e eficaz. Devido as falhas de comunicação, é possível

que em alguns momentos se torne ineficaz por ser um ambiente propício a apresentar

alto nível de ansiedade e tensão entre os profissionais (MORITZ, 2010; FURUYA,

2011; RODRIGUES, 2012; DE ARAUJO NETO, 2016; CARRO, 2017).

Para que o cuidado integral seja realizado de forma segura e eficaz é preciso que

tenhamos um olhar horizontal e focarmos na essência do cuidado que é a comunicação,

pois a partir dela que será possível realizarmos um trabalho em equipe, tornando o

ambiente harmonioso e terapêutico, e assim sermos capazes de perceber a importância

do processo de comunicação como forma de integração entre a equipe (DA COSTA,

2012; SILVA, 2013; NOGUEIRA, 2013).

Para otimizar e facilitar a comunicação entre os membros da equipe e assim

melhorar a qualidade dos cuidados, segundo Güell et al (2013) a maneira ideal de lidar

com os problemas derivados da doença é através de equipes multidisciplinares e que as

dificuldades apresentadas em relação a comunicação e deglutição podem ser superadas,

quando as tomadas de medidas preventivas estejam de acordo com o paciente, família

juntamente com a equipe multidisciplinar, para que assim possam adequar os cuidados

necessários.

Conforme pesquisa realizada por Broca (2012) sobre o processo de comunicação

entre os membros da equipe, os resultados apontam que o processo de comunicação

entre os membros da equipe é otimizado em função do cuidado ao paciente, através da

Page 48: MARCOS RIBEIRO - Univali

48

interação humana; relação de interdependência; reconhecimento profissional; melhora

do entendimento do outro; compartilhamento de informações através de discussões de

casos se possível em grupo, e conversas individuais e reservadas quando assim as

situações vivenciadas pelos membros da equipe requerer.

A falha de comunicação, como resultado da não colaboração entre os

profissionais de saúde, acaba tendo como causa de um dano acidental relacionado ao

cuidado integral dentro da unidade de terapia intensiva, que é um ambiente de trabalho

dinâmico, complexo, expondo os pacientes continuamente às complexidades da atuação

da equipe multiprofissional (REZENDE, 2014; FURMANN, 2015).

2.3.2.5 Reconhecimento enquanto profissional de saúde na equipe multidisciplinar

Dentre as fragilidades encontradas pelos profissionais de saúde quanto aos

pacientes disfágicos, foi possível identificar nas falas dos profissionais a falta de

reconhecimento enquanto profissional de saúde que compõem a equipe da UTI:

[...] que as vezes a gente entra numa conduta que não é nossa, as vezes a

gente deixa acaba delegando uma conduta pra outro profissional que é nossa

e agente por descuido ou por até não ter traquejo suficiente acaba deixando

passar pensando que é de outro profissional e é uma conduta nossa isso é o

principal problema [...] (D1)

[...] acho difícil que as vezes que quando eu [...] determinada orientação, por

exemplo que o paciente precisa fazer aquele exercício ou que o paciente só

pode ingerir um tipo de consistência e isso não é acatado, e o paciente

broncoaspira e retrocede no processo de tratamento né no processo de cura,

então essas são as coisas que eu acho mais difícil mesmo [...] (D9)

[...] eu não tenho como, como não o considerar sabendo da importância dele

nesse coletivo, eu entendo que precisamos entender mais sobre esses fazeres

né, esse é o meu ponto de vista porque aí tu vais conseguir compreendê-lo

enquanto parte dessa equipe [...] (D11)

[...] a Fono sempre avaliava os pacientes, mas como a gente tinha alguns

problemas no respeito a orientações da fonoaudiologia, então nem sempre o

que o Fono orientava era respeito pelos colegas da rotina ou do plantão, então

muitas vezes o paciente tinha indicação de permanecer em NVO ou com uma

dieta pastosa ou líquidos espessados, e isso não era respeitado pelo médico

porque ele achava que ele tinha capacidade de fazer essa avaliação também e

prescrever outro tipo de dieta [...] (D14)

Em contrapartida com as falas acima, durante a observação realizada, constatou-

se que os profissionais de saúde apresentam dificuldades de reconhecer os profissionais

e sua formação em especifico, pois em muitas das vezes, nota-se que o profissional

Page 49: MARCOS RIBEIRO - Univali

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chega para o seu atendimento, realiza suas funções e pouco se comunica com a equipe,

sendo necessário que o profissional vá até o prontuário verificar quem foi o profissional

que o atendeu e quais as condutas foram tomadas.

Cabe aos profissionais de saúde atuar com responsabilidade social quanto ao

cuidado do paciente, comprometendo-se com a equipe e o paciente, como forma de

superação quanto às condutas estipuladas por outros colaboradores da área, fazendo

com que cada trabalhador se sinta responsável não apenas pela sua área mas que possa

contribuir para o paciente como um todo, é preciso reforçar a necessidade de inteirar-se

entre si com a troca de conhecimentos e articulando um campo de produção do cuidado

(PADOVANI, 2013; GÜELL, 2013).

No conceito de campo de competência, é preciso que o profissional possa usar

todo o seu potencial criativo e criador atuando em conjunto com toda a equipe no plano

terapêutico de cuidado integral e faça uso dos pressupostos e qualificações profissionais

no seu contexto de trabalho como condição favorável para um atendimento que priorize

o paciente e possa gerar uma melhor interação entre a equipe no qual cada um possa ser

reconhecido pelo outro (PIROLO 2011; OLIVEIRA, 2011; OLIVEIRA, 2013).

Araújo Neto et al. (2016) mencionam a importância de uma estratégia do

trabalho em equipe:

Para garantir a segurança e a redução de sofrimento do cliente e de seus

cuidadores, a prática colaborativa entre os vários profissionais de saúde com

diferentes experiências profissionais promove uma assistência da mais alta

qualidade. Colaboração ou cooperação interprofissional se apresenta como

uma estratégia do trabalho em equipe e está relacionada a uma ética do

cuidado, aproximando-se de práticas participativas e de relacionamentos

pessoais mútuos e recíprocos entre os profissionais de saúde (ARAÚJO

NETO, 2016, p.44).

Dentre os fatores que dificultam, está a interface entre os profissionais que

integram a equipe de saúde, o qual é demarcado nos discursos por uma não linearidade,

de onde emergem possíveis conflitos que podem dificultar o exercício dos outros

profissionais, retraí-lo e impactar nos seus modos de agir (AZAR, 2014; AMESTOY,

2014).

A hierarquia existente representa um obstáculo entre os profissionais que

constituem a equipe, como acontece em relação aos seus espaços conquistados e os

privilégios adquiridos, podendo manifestar-se de diversas maneiras, dentre elas por

disputas declaradas ou de forma velada, podendo interferir quanto à tomada de decisões

sem que a equipe esteja de acordo (ALTAFIN, 2010; PIROLO, 2011; BROCA, 2012).

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50

Nota-se que os profissionais enfrentam grandes problemas causados pelo fato de

alguns membros não saberem atuar em equipe, podendo desencadear estresse e a

frustração na UTI. Vale ressaltar a necessidade de ênfase quanto ao trabalho em equipe

e a importância do grupo multiprofissional dentro da UTI, para que seja possível a

concretização de ações primordiais, tais como: assegurar a reintegração

multiprofissional, possibilitar a discussão e a reflexão sobre os dilemas da prática

profissional e viabilizar o desenvolvimento de mecanismos de adaptação que tornem os

membros da equipe (OCHOA, 2012, MANCOPES, 2013; AOKI, 2016).

2.3.2.6 O round multidisciplinar

O round multidisciplinar é o momento aonde é discutido caso a caso com todos

os profissionais da equipe. Este é o momento em que cada profissional se coloca quanto

as condutas a serem realizadas e em conjunto conseguem traçar um plano terapêutico

em relação ao cuidado com o paciente.

[...] gente tem tido mais contato com o pessoal por causa do round

multidisciplinar isso facilita muito a conversa entre os profissionais, a gente

não fica batendo cabeça com o que tem que fazer então desde que foi desde

que eu tenho tido a oportunidade de participar de alguns rounds

multidisciplinares isso tem melhorado muito a convivência com outros

profissionais o trabalho multidisciplinar [...] (D1)

[...] geralmente eu vou de manhã porque o round costumava ser de manhã,

mas agora eu passo de manhã vejo se tem alguma avaliação, se algum

paciente foi extubado há mais de 24 horas. E volto a tarde para participar do

round [...] (D9)

[...] ah é muito bom porque a gente tem a visão geral, a gente não enxerga só

a nossa parte, só a parte como eu posso dizer a gente vê o paciente como um

todo, cada um tem uma opinião diferente, mas a gente consegue juntar essas

opiniões e está fazendo o melhor trabalho para com o paciente [...] (D12)

[...] durante as discussões dos rounds multidisciplinares são muito bons, todo

mundo tem voz assim e as discussões são bem abertas, então nunca tive

problemas [...] (D13)

Durante as observações realizadas, nota-se que a realidade é um pouco diferente,

pois existe uma enorme contradição do que se fala e do que é vivenciado no dia a dia.

Foi observado que as equipes apresentam uma comunicação ineficaz, e que

apenas o médico e em poucas vezes a enfermeira discutia algo, pois nota-se um

desrespeito entre os profissionais que discutem coisas sem relação ao paciente que está

Page 51: MARCOS RIBEIRO - Univali

51

sendo falado, muitas vezes acabam saindo e deixando poucos profissionais para

realizarem a discussão sobre o paciente, ou seja, em alguns momentos sendo até um

descaso quanto ao paciente e toda a equipe.

O Round Multidisciplinar, mais conhecida como uma atividade clínica realizada

dentro das UTIs, busca fornecer dados relevantes ao quadro clínico do paciente com

isso realizar um atendimento que incremente segurança e assistência adequada durante o

período de internação.

Através do round multidisciplinar será possível alinhar conforme a necessidade e

situação de cada paciente em específico às ações necessárias para que possam realizar

um melhor cuidado integral ao paciente crítico (MUNIZ, 2018; CASA BLUM, 2018).

O Round Multidisciplinar, busca realizar a troca de informações entre os

profissionais, para que possam construir juntos estratégias referentes ao cuidado e com

isso alcançar maior eficiência e eficácia quanto a segurança e assistência ao paciente

dentro das UTIs, tornando-se uma ferramenta de gestão do cuidado no qual atende o

princípio da integralidade, conforme previsto pelo SUS no qual pende a melhora da

qualidade quanto os serviços prestados aos hospitalizados(BRASIL, 1990).

Conforme recomendações da Royal College Of Physicians Of London para que

ocorra um bom desenvolvimento e que esta equipe realize seu trabalho com eficiência e

eficácia é necessário:

• Possuir equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros,

farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos e

profissionais de saúde aliados, com responsabilidades individuais durante e

após os rounds multidisciplinares;

• Ocorrer no período da manhã, para existir tempo hábil para que tarefas

sejam implementadas e/ou completadas no mesmo dia;

• Estruturar a ação com preparação, programação e revisão após o round com

divisão das tarefas;

• Possuir a participação do paciente e se possível preparar pacientes com

antecedência e assegurar o envolvimento da enfermagem;

• Compartilhar todas as decisões e planos de cuidados e manter todos os

envolvidos bem informados;

• Utilizar um checklist seguro para evitar omissões e negligência a pontos

importantes do cuidado;

• Planejar a alta: fixar uma data para a alta;

(RCP & RCN, 2012).

O ambiente hospitalar é um espaço com diversidade de profissionais de saúde,

os quais, possuem formações variadas, posições hierárquicas e divisões de trabalho

conforme cada especialidade, pois neste contexto somado a presença de todos os

profissionais durante o Round Multidisciplinar é de suma importância, para que haja

Page 52: MARCOS RIBEIRO - Univali

52

envolvimento e acompanhamento do planejamento terapêutico possibilitando foco na

assistência de qualidade, proporcionando cuidado centralizado com a interação entre

todos os envolvidos (CRUZ, 2011; LEONOR, 2015).

Em um segundo momento durante as observações, foi necessário que um dos

profissionais presentes solicitasse que a equipe prestasse atenção, pois estavam

relatando algo importante e quais os cuidados que este paciente precisava neste

momento.

Foi discutido entre a Fonoaudióloga e o médico sobre a importância de naquele

momento iniciar uma dieta via Sonda Nasoenterica (SNE), pois conforme avaliação da

mesma o paciente apresentava dificuldades para deglutir e com risco de

Broncoaspiração, o médico informou que iria prescrever a SNE. Observa-se que neste

momento houve uma dispersão da equipe, alguns profissionais saíram momentos antes

do término das discussões.

O Round Multidisciplinar quando realizado adequadamente se torna um

momento em que é possível reunir todos os profissionais para que juntos realizem ações

centradas no cuidado do paciente e assim obter um melhor planejamento das condutas,

pois para que se obtenha sucesso frente ao cuidado é necessário que tenhamos uma

comunicação clara e segura, respeitando o momento para que cada um possa se

expressar e, com isso, envolver ações e informações que possam ser repassadas para

outros profissionais que não se encontram naquele momento (ALTAFIN, 2010).

O conhecimento compartilhado demonstra respeito à aceitação e assim traz de

forma inerente a abertura para o conhecimento do outro pela escuta e troca profissional,

as discussões de caso, um valioso espaço de interação enriquecidos por normas de

atuação, questionamentos, e devem estar presentes em todas as áreas que formam uma

equipe de saúde, sendo assim disponibilizados caminhos com enfoque incluindo as

necessidades, na busca de acolher o paciente e sua família na sua individualidade e

totalidade (BORGES, 2010; EVANGELISTA, 2013; COCKS, 2016).

O objetivo do trabalho do fonoaudiólogo, inserido na equipe multidisciplinar, é

com o gerenciamento da deglutição e comunicação, fazendo a prevenção de aspiração

traqueal e procurando evitar as complicações respiratórias. Pettigrew e Toole (2007)

afirmam que o fonoaudiólogo é o profissional da saúde mais indicado para enfrentar os

distúrbios da comunicação e deglutição, sendo capaz de diagnosticar, tratar e gerenciá-

los.

Page 53: MARCOS RIBEIRO - Univali

53

Durante a realização da Visita Multidisciplinar, o médico responsável pelo

paciente possui a responsabilidade de informar o resumo da história desse paciente,

como patologia de base, evolução e tratamento instituídos, resultado de exames e

dificuldades do caso. E o enfermeiro de informar sobre os cuidados de enfermagem, a

pendência de algum exame ou alguma prescrição, evolução dos dados vitais, assim

como, questionar sobre a possibilidade de retirada de algum dispositivo invasivo

(LEITE, 2005; O’DANIEL, 2008; RCP & RCN, 2012).

Vale ressaltar que falhas de comunicação entre os membros da equipe,

principalmente dentro de uma unidade de terapia intensiva, que é um ambiente de

trabalho dinâmico e complexo, precisam estar unidas por um objetivo comum, sendo

necessário trabalhar em sintonia, complementando suas ações, discutindo caso a caso e

alcançando sempre que possível, uma conclusão com foco no cuidado integral em

saúde.

2.3.2.7 A necessidade da equipe

Dentre as potencialidades encontradas pelos profissionais de saúde quanto aos

pacientes disfágicos, através das falas dos colaboradores, emergiu a categoria União da

Equipe enquanto profissional de saúde que compõem a equipe da UTI.

As unidades de registros abaixo retratam esta realidade:

[...] acho essencial assim o trabalho multidisciplinar seja em qual setor né

mais especificamente a uti é um lugar eu acho aonde a psicologia tem

bastante a trabalhar muito junto com a equipe [...] (D7)

[...] eu acho que cada um com seu conhecimento fecha o 100% entendeu e eu

vou contribuir da minha parte da mesma forma que eu vou aprender com a do

meu colega, não tem como ter uma fono e não ter um fisio, ter um fisio e não

ter uma nutri sabe, a gente sempre complementa o trabalho do outro, não dá

pra ser sem equipe [...] (D9)

[...] ah é muito bom porque a gente tem a visão geral, a gente não enxerga só

a nossa parte, só a parte como eu posso dizer a gente vê o paciente como um

todo. Cada um tem uma opinião diferente, mas a gente consegue juntar essas

opiniões está fazendo o melhor trabalho para com o paciente. [...] (D12)

[...] uma das razões por eu ter escolhido trabalhar na unidade de terapia

intensiva é trabalhar com a equipe multiprofissional, não tem como uma

especialidade né a minha a medicina trabalhar com paciente crítico sozinho, é

impossível oferecer um cuidado razoável sozinho, tem de ter uma equipe

multiprofissional com certeza. [...] (D14)

Page 54: MARCOS RIBEIRO - Univali

54

Neste momento é necessário realizar ações que integre todos os membros da

equipe, devido estes pacientes apresentar várias complicações. Sendo assim, nota-se que

cada membro que faz parte da equipe interdisciplinar deve reconhecer o seu papel

perante o paciente disfágico e assim obter, um maior sucesso no tratamento (SILVA,

2013; FURMANN, 2015).

A equipe multiprofissional tem um grande desafio que é interpretar de forma

concisa e responsável o que é exposto pelos membros da equipe, tornando um diálogo

correto e pacientemente construído. Durante a criação de equipes os fatores de risco

mais encontrados são dificuldade de comunicação entre os profissionais, disputa de

poder, conflitos não resolvidos, divisão rígida e imposta no trabalho (CICHERO, 2009;

KAIZER, 2012; ALBINI, 2013).

A responsabilidade da equipe se estende para além das intervenções tecnológicas

e medicamentosas, além de preservar-se a integridade do paciente com intuito de

diminuir traumas, todos os profissionais que fazem parte da equipe podem executar um

trabalho mais humanizado e menos mecânico. Cabe a toda equipe refletir sobre seus

valores como ser humano e assumirmos a responsabilidade por desenvolver o cuidado

integral, neste sentido, a relação com o paciente poderia deixar de ser tão verticalizada,

despersonalizada, centrada no saber científico e no uso do aparato tecnológico e no

cumprimento de rotinas (BARRA, 2006; CASATE, 2006; NIEWEGLOWSKI, 2008).

Durante as observações, foi possível constatar que há uma grande diferença do

que é falado e do que é vivido, pois ocorre pouca e quase nenhuma discussão entre a

equipe sobre os cuidados com os pacientes disfágicos, pois no momento que eles têm

para discutir e se colocarem quanto ao cuidados ofertados ao paciente, acabam deixando

as tomadas de decisões voltados para o médico.

Conforme Oliveira (2011), em muitas das vezes, os profissionais de saúde

acabam apresentando modificações quanto ao seu comportamento diante das pessoas ou

do grupo de profissionais, deixando de exercer certa conduta e com isso acabam sendo

influenciados pelo outro.

Quando isto ocorre dentro da unidade de terapia intensiva faz com que a equipe

multiprofissional sofra influências de lideranças, de relações interpessoais, de interação

entre os profissionais, sofrendo uma certa deficiência nas articulações e ocasionando

ações que eram para ser decididas em determinado momento com a equipe, acabe

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55

tomando um rumo diferente estruturando a responsabilidade da tomada de decisão a um

profissional apenas, o que demonstra atuar despreparo para atuação em conjunto.

Para Güell (2013) a maneira ideal de lidar com os problemas derivados das

doenças é através de equipes multidisciplinares e que as dificuldades apresentadas em

relação a comunicação e deglutição podem ser superadas quando as tomadas de medidas

preventivas estejam de acordo com o paciente, família e, juntamente, com a equipe

multidisciplinar.

O conhecimento compartilhado, demonstra respeito à aceitação e assim traz de

forma inerente a realização de troca de experiencia entre os profissionais, as discussões

de caso torna-se um valioso espaço de interação enriquecidos por normas de atuação,

questionamentos e devem estar presentes em todas as áreas que formam uma equipe de

saúde, sendo assim disponibilizados caminhos com enfoque incluindo as necessidades

associadas à doença, na busca de acolher o paciente e sua família na sua individualidade

e totalidade (BORGES, 2010; EVANGELISTA, 2013; COCKS, 2016).

A influência de uma abordagem multidisciplinar quanto aos cuidados com os

pacientes com disfagia, foi possível verificar que houve diminuição no aparecimento de

pneumonias em pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC) agudo e que é

necessário mais estudo multicêntrico prospectivo utilizando indicadores objetivos para

esclarecer o efeito da abordagem multidisciplinar participativa da equipe de deglutição

(AOKI, 2016).

Um trabalho em equipe deve ser pensado de forma resolutiva, baseando-se na

integralidade, possibilitando uma articulação entre trabalhadores e a atenção às

demandas do usuário. Desta forma, a comunicação se torna essencial para uma interação

maior e para a consolidação de uma equipe multiprofissional (SILVA, 2013; SILVA,

2016).

2.3.2.8 A importância da presença do profissional Fonoaudiólogo na equipe

Outro ponto importante que surgiu através das falas dos participantes e que foi

bem caracterizado por alguns é quanto a importância da presença do profissional

Fonoaudiólogo dentro da equipe, pois este especialista exerce um papel importante

dentro da equipe da UTI, cabendo a ele realizar o gerenciamento da deglutição e

minimização dos possíveis riscos que a disfagia pode apresentar ao paciente.

Page 56: MARCOS RIBEIRO - Univali

56

Conforme salienta o I Consenso Brasileiro em Nutrição e Disfagia (2011) que os

cuidados realizados pela equipe interdisciplinar em conjunto com o Fonoaudiólogo são

necessários para que o paciente tenha uma recuperação efetiva e a atuação integral do

sujeito, considerando-se que pode suprir todos as necessidades, lembrando sempre que

atuar em equipe torna o trabalho mais eficaz na evolução do processo terapêutico

(ALMEIDA FILHO, 2005; MANCOPES, 2013).

Tal relato é representado pela fala de alguns profissionais:

[...] a gente tem que ter avaliação do Fonoaudiólogo, ele na verdade é que faz

todos os testes para saber se realmente o paciente tem condições de deglutir

[...] (D5)

[...] eu acho que tendo o profissional fonoaudiólogo para poder fazer a

avaliação, isto se torna muito fácil, porque ele faz a indicação da consistência

e a gente oferta o espessante e (facilita pra vocês) acho que eu acredito que

assim a dificuldade é por exemplo final de semana que eu faço plantão e não

tem o profissional lá. [...] (D10)

[...] existe a rotina com a Fonoaudióloga todos os dias, todos os dias é feito

uma avaliação, a gente não fica mais com atendimento é, alias [...] não fico

mais no atendimento com o paciente direto o contato direto em relação a

avaliação em relação a alimentação também, mas quando há necessidade a

Fono nos chama pra pedir opinião, pra enfim nos orientar sobre a dieta

assistida, se precisa consistência e tudo mais. [...] (D12)

[...] a gente tem a Fono disponível, não no final de semana mas de segunda a

sexta, então todos os pacientes que internavam de segunda a sexta que a

gente precisava de uma avaliação né a gente tinha e a gente tinha raramente

um problema com aspiração, a gente infelizmente o regime de contratação

dela era de segunda a sexta feira então final de semana a gente não tinha [...]

(D13)

O fonoaudiólogo enquanto membro da equipe multiprofissional tem um papel

importante, uma vez que com o seu conhecimento quanto a uma equipe humanizada,

possa promover ao paciente um bem estar físico, mental e social.

Tendo o papel primordial com seus conhecimentos específicos para maximizar a

deglutição, adaptá-la e ou preservá-la com segurança, faz com que torne-a um prazer

alimentar-se por via oral, restabelecer a comunicação, visando a uma maior integração

social e familiar, depois de decidir junto com os demais profissionais da equipe, o

fonoaudiólogo tem a função de orientar o paciente e seus familiares a fim de

desenvolver suas potencialidades, de um jeito humanizado, respeitando suas

expectativas e os limites que a doença apresentada doença avançada (CALHEIROS,

2012).

Page 57: MARCOS RIBEIRO - Univali

57

O objetivo do trabalho do fonoaudiólogo, inserido na equipe multidisciplinar, é

com o gerenciamento da deglutição e comunicação, fazendo a prevenção de aspiração

traqueal e procurando evitar as complicações respiratórias. Pettigrew e Toole (2007)

afirmam que o fonoaudiólogo é profissional da saúde mais indicado para enfrentar os

distúrbios da comunicação e deglutição, sendo capaz de diagnosticar, tratar e gerenciá-

los.

A presença do fonoaudiólogo dentro das unidades de terapia intensiva é de

extrema importância, pois é o profissional habilitado para avaliação e reabilitação da

disfagia, sendo que sua atuação não se restringe ao atendimento clínico e sessões

especializadas, mas inclui orientação, educação, treinamento do doente com disfagia e

de seus cuidadores, para a reorganização de uma deglutição eficiente, visando o

aprimoramento de todos, no qual sua atuação juntamente com a equipe multidisciplinar

ao portador da doença conduz a uma situação que se Inter-relacionam, e o trabalho

integrado entre estes profissionais elevam a qualidade nos cuidados ao doente com

disfagia (FURKIM, A. M.; BARATA, L.; DUARTE, S. T.; NASCIMENTO JUNIOR,

J. R., p. 111-126, 2014; LEONOR, 2015; LUCHESI, 2018).

No mesmo sentido a intervenção do fonoaudiólogo no tratamento do paciente

crítico contribui na redução da ocorrência de broncoaspiração, minimiza os agravos à

saúde devido à pneumonia aspirativa, e principalmente auxilia na reintrodução de

alimentação oral e redução do tempo de permanência em unidade hospitalar. A

participação desses profissionais na equipe multidisciplinar objetiva a prevenção e

redução de complicações decorrentes das alterações no sistema estomatognático,

contribuindo assim para a redução do tempo de internação e da taxa de reinternações

por complicações (SILVA, 2016).

Ainda recente, a atuação de Fonoaudiólogos dentro do hospital, quando ocorre, e

em número reduzido e muitas vezes desenvolvida de forma tímida, não permitindo uma

ação efetiva de prevenção e rastreamento da disfagia. Outro obstáculo que não é raro,

são os profissionais de outras áreas da saúde, desconhecerem ou ignorarem a verdadeira

função do profissional Fonoaudiólogo.

Ainda encontramos relatos que não compreendem a importância de detectar e,

muitas vezes com medidas simples, amenizar riscos para a disfagia e possíveis

complicações do quadro clínico. Porém culpar somente o desconhecimento, seria

simplista demais, pois em muitas vezes os hospitais apresentam um contingente de

Page 58: MARCOS RIBEIRO - Univali

58

profissionais em números reduzidos no qual acabam tentando agilizar ou facilitar o seu

atendimento, ignorando orientações básicas de oferta de dieta via oral e a postura que

apresente menos riscos ao paciente, colocando em risco todo um acompanhamento que

feito pelo fonoaudiólogo.

Para que o gerenciamento de riscos e segurança do paciente em relação a

broncoaspirações esteja adequado é necessário ter um fonoaudiólogo inserido dentro da

equipe multidisciplinar, sendo assim em conjunto com a equipe sugere-se que a disfagia

seja elencada como risco de aspiração e com isso possa determinar ações preventivas e

corretivas na ocorrência de evento adverso (RODRIGUES, 2012).

A contratação de mais fonoaudiólogos para atuarem dentro da instituição em

estudo facilitará que seja realizado um gerenciamento mais efetivo dos pacientes que

apresentam disfagia, assim como o acesso ao tratamento e reabilitação dos pacientes, no

qual possa atingir um número maior de atendimentos condicionando uma melhor

integração entre o Fonoaudiólogo e a equipe multidisciplinar.

Com base em todas as considerações citadas, a necessidade de um

Fonoaudiólogo dentro da UTI, torna sua participação mais efetiva, possibilitando o

diagnóstico dos pacientes com e sem risco para disfagia e direcionando condutas e

recomendações referentes ao retorno seguro da alimentação por via oral, além de

contribuir para a redução de ocorrências de pneumonias aspirativas nesse ambiente. O

retorno precoce da habilidade de deglutir, mesmo que em pequenos volumes, pode ser

um resgate importante da saúde e do bem-estar físico e psicossocial dos pacientes

internados nesse ambiente. A associação entre a reintrodução de alimentação por via

oral e a melhora da qualidade de vida é um importante passo para a recuperação geral

do paciente (FURKIM, A. M.; BARATA, L.; DUARTE, S. T.; NASCIMENTO

JUNIOR, J. R., p. 111-126, 2014).

Page 59: MARCOS RIBEIRO - Univali

59

2.4 PRODUTO TECNOLÓGICO: Fluxograma de prevenção de

broncoaspiração

Conforme resultados e sugestões dos participantes da pesquisa em relação a UTI

Adulto, confeccionou-se um fluxograma de orientações de prevenção de

Broncoaspiração para pacientes adultos. O fluxograma será entregue a equipe de

Fonoaudiologia e ao coordenador da UTI Adulto que se encarregará de analisá-lo

juntamente com a equipe para que possam ser aplicados no dia-a-dia nos cuidados

ofertados aos pacientes que apresentam riscos para disfagia na UTI Adulto.

Foi possível evidenciar que a realização do cuidado integral prestado aos

pacientes disfágicos ainda é um desafio, sendo numerosas as dificuldades e os

obstáculos encontrados pelos profissionais em seu processo de trabalho e para combater

o problema os quais afetam a segurança do paciente e consequentemente, a qualidade do

cuidado no ambiente hospitalar é necessário que as equipes estejam preparadas e

capacitadas para o atendimento aos pacientes com risco de broncoaspiração.

O fluxograma foi produzido como uma linguagem acessível a todos os

profissionais de saúde e tem como objetivo evitar que o paciente aspire secreções,

alimentos ou medicamentos, minimizando os riscos de pneumonia aspirativa e / ou

óbito. Se aplicado corretamente podendo atingir como Meta Zero de Broncoaspiração

(CESAR, 2017).

Pode gerar indicadores tais como:

• Taxa Global de adesão as boas práticas (Auditoria Clínica);

• Taxa Global de prevenção de Broncoaspiração.

Tendo em vista que o cenário que compõe a UTI é repleto de tecnologias duras,

surgem sempre preocupações sobre a questão do cuidado integral, e a relação do ser

cuidado e de quem cuida é considerada eventualmente suplementar, dispensável ou até

mesmo, ausente (SANCHES, 2016).

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60

Quadro 2 – Fluxograma de Prevenção de Broncoaspiração.

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61

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realização deste trabalho, foi possível evidenciar que a realização do

cuidado integral prestado aos pacientes disfágicos ainda é um desafio, sendo numerosas

as dificuldades e os obstáculos encontrados pelos profissionais em seu processo de

trabalho.

As práticas de saúde persistem com características do modelo biomédico,

mecanicista, no qual é preciso que o profissional de saúde seja capaz de agir em

detrimento das necessidades mais abrangentes dos pacientes, num contexto que vise um

cuidado integral.

Observamos que a equipe multiprofissional enfrenta dificuldades relacionadas

quanto ao cuidado integral, pois para o desempenho de suas tarefas laborais, precisam

compreender o real significado de atendimento de pacientes, os quais apresentam

diferentes necessidades de acompanhamento, principalmente quando este precisa ser

realizado através de fonoaudiólogo, necessário à enfermidade mencionada nos textos

anteriores deste trabalho, podendo se aplicar técnicas que revelam confiança e

segurança, a pessoa hospitalizada na sua totalidade. Apesar de entender que a falta das

condições de trabalho, impõe limites para oferecer ao paciente uma assistência

entendida pelos profissionais como cuidado integral, observamos que os desgastes não

obscurecem o prazer que os trabalhadores desfrutam de suas atividades.

Sendo assim é necessário que a equipe tenha capacidade de empatia, para que

saibam que são capazes de avaliar como o outro gostaria de ser tratado neste momento,

pois cuidar do paciente como um todo significa tratar o paciente oferecendo melhores

condições de cuidado. Tal fator pode ser ainda verificado através de pesquisas de

satisfação junto das famílias que acompanham, podendo ser indicativo para melhoria

contínua dos processos de trabalho.

Embora se reconheça que o pequeno número de profissionais investigados

represente uma limitação nesta pesquisa, este trabalho não pretende esgotar o tema

acerca do cuidado integral em saúde pela equipe multiprofissional prestado aos

pacientes com disfagia que estão internados dentro da unidade de terapia intensiva, os

achados podem estimular outros profissionais de UTI a pesquisar sua realidade e estar

prontamente atento às necessidades de mudança.

Page 62: MARCOS RIBEIRO - Univali

62

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75

5 APÊNDICE

Page 76: MARCOS RIBEIRO - Univali

76

APÊNDICE A

ARTIGO CIENTÍFICO

AS ESTRATÉGIAS DE CUIDADO INTEGRAL PRESTADA PELA

EQUIPE DE SAÚDE ÀS PESSOAS DISFÁGICAS INTERNADAS NA UTI

ADULTO

THE STRATEGIES OF COMPLETE CARE PROVIDED BY THE

HEALTH TEAM TO THE DYSPHAGIC PERSONS HOSPITALIZED IN THE

ADULT ICU

O cuidado integral às pessoas com disfagia.

RIBEIRO, Marcos (1); CHESANI, Fabíola Hermes (1)

(1) Universidade do vale do Itajaí – UNVALI, Itajaí, Santa Catarina, Brasil.

Marcos Ribeiro

Rua Argia, 775, Bairro Assunção, São Bernardo do Campo, SP.

CEP: 09810 – 620

Email: [email protected]

Área: Saúde Coletiva.

Tipo de Manuscrito: artigo original de pesquisa.

Conflito de interesse: inexistente.

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RESUMO

Objetivo: identificar as estratégias de cuidado integral prestada pela equipe de saúde às

pessoas disfágicas internadas na Unidade de terapia intensiva Adulto (utia) de um

hospital público. Métodos: trata-se de um estudo qualitativo. Os instrumentos de coleta

foi a observação participante em conjunto com o diário de campo e a entrevista

semiestruturada. Os participantes foram os profissionais de saúde que atuam dentro da

utia de um hospital público. Foi realizada análise qualitativa de conteúdo temática de

todos os dados coletados. Resultados: participaram 14 profissionais, sendo 02 médicos,

01 enfermeiro, 05 técnicos de enfermagem, 01 fisioterapeuta, 01 fonoaudióloga, 01

nutricionista, 01 assistente social, 02 psicólogas. Os instrumentos de coleta de dados

utilizados foram a observação participante em conjunto com o diário de campo e a

entrevista semiestruturada, que foi dividida em duas etapas, sendo a primeira etapa a

observação participante juntamente com o diário de campo e no segundo momento

conforme tempo e disponibilidade dos participantes foi realizado uma entrevista

semiestruturada com os profissionais que compõem a equipe multiprofissional da

unidade de terapia intensiva adulto. Na triangulação da análise dos dados conteúdos

surgiram as categorias: técnicas de cuidado; olhar o paciente como um “todo”, o físico e

o psicológico e os múltiplos olhares para a pessoa. Conclusão: foi possível evidenciar

que a realização do cuidado integral prestado aos pacientes disfágicos ainda é um

desafio, sendo numerosas as dificuldades e os obstáculos encontrados pelos

profissionais em seu processo de trabalho.

DESCRITORES: Fonoaudiologia; Transtornos de deglutição; Equipe de Assistência

ao Paciente; Assistência Integral à Saúde; Unidades de Terapia Intensiva.

ABSTRACT

Objective: to identify the strategies of comprehensive care provided by the health team

to dysphagic persons hospitalized in the Adult Intensive Care Unit (UTI) of a public

hospital. Methods: This is a qualitative study. The collection instruments were

participant observation in conjunction with the field diary and the semi-structured

interview. Participants were health professionals working within a public hospital.

Qualitative analysis of the thematic content of all data collected was performed.

Results: 14 professionals participated, being 02 doctors, 01 nurse, 05 nursing

technicians, 01 physiotherapist, 01 speech therapist, 01 nutritionist, 01 social worker, 02

psychologists. The data collection instruments used were the participant observation in

conjunction with the field diary and the semi-structured interview, which was divided

into two stages, the first step being the participant observation together with the field

diary and the second time according to time and Participants were offered a semi-

structured interview with the professionals who make up the multiprofessional team of

the adult intensive care unit. In the triangulation of the analysis of the content data the

categories emerged: care techniques; look at the patient as a "whole", the physical and

the psychological, and the multiple looks for the person. Conclusion: it was possible to

show that the complete care provided to dysphagic patients is still a challenge, with

numerous difficulties and obstacles encountered by professionals in their work process.

KEYWORDS: Speech therapy; Deglutition disorders; Patient Assistance Team;

Comprehensive Health Care; Intensive Care Units

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INTRODUÇÃO

Os pacientes que estão internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e

estão com dificuldades para deglutir, são pacientes que naquele momento necessitam ser

acompanhados por uma equipe interdisciplinar. É necessário que os profissionais da

área da saúde, em especial os que compõem a equipe interdisciplinar, e que atuam

diretamente com pacientes disfágicos, saibam o significado do “cuidado” e qual a sua

relação entre profissional/paciente e que assim possa incluir no sentido do cuidado a

subjetividade, pois lembrando sempre que o incluir está interligado ao sentido de

acolhimento, escuta do paciente1,2.

A gestão do cuidado integral em saúde conforme Campos3 define como: ato ou

efeito de administrar; ação de governar ou gerir empresa, órgão público, exercer mando,

ter poder de decisão (sobre), pois os termos gestão e administração referem-se ao ato de

governar pessoas, organizações e instituições, portanto diz que a gestão do cuidado em

saúde diz respeito à capacidade de dirigir, isto é, confunde-se com o exercício do poder,

pois em sua origem, na Grécia clássica, o termo 'política' tinha exatamente esse

significado, no qual 'Polis' era a cidade, e a política era a capacidade de fazer

a gestão democrática das cidades e estados.

Quando o profissional consegue realizar uma escuta qualificada, obterá

resultados mais positivos em relação ao cuidado prestado e com isso o paciente receberá

um tratamento mais digno e humanizado, podendo assim respeitar o conceito que

compõem o sentido de integralidade 4,5,6.

Pensar o cuidado em saúde dentro das unidades de terapia intensiva através do

princípio da integralidade é ultrapassar os exercícios das competências profissionais, o

cuidar acaba passando para uma perspectiva entre os profissionais da equipe e com isso

podemos descolar o foco da intervenção ligado as práticas de saúde e cura das

patologias para o cuidado dos sujeitos7,4,8.

Nota-se que o cuidado deve se igualar nos aspectos humanístico e relacional, ou

seja, os profissionais que atuam neste setor apresentam uma relação com os pacientes

num sentido vertical, pois ficam centrado em muitas das vezes no conhecimento técnico

(aparelhos, maquinas, horários, normas e rotinas), causando assim uma desvalorização

na relação humana, que acaba tornando-a fragmentada e simplificada com o cuidado

voltado mais para a parte física4,6.

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79

Ressalta-se que o cuidado integral precisa ser visto de uma maneira mais

humanizada, direcionando as ações para o paciente e não direcionando apenas às

patologias, procedimentos e problemas. O cuidar está intimamente ligado às

necessidades que o paciente disfágico apresenta naquele momento, sendo necessário

que envolva a família, paciente, ambiente e profissional, comtemplando o sentido da

vida5,9.

A disfagia orofaríngea mais conhecida como dificuldade para engolir ou uma

desordem na deglutição transtorno da deglutição, pode gerar uma dificuldade no preparo

oral e assim apresentar uma dificuldade de levar o alimento da boca até o estômago10,11.

Considerando que a incidência e prevalência de disfagia orofaríngea no

ambiente hospitalar encontra-se alta, podendo assim afetar cerca de 20% em pacientes

com idade superior a 50 anos, ocorrendo um comprometimento de 65% a 80% em

pacientes idosos, em pacientes que apresentam a doença de Parkinson pode chegar a

95% dos casos, chegando a atingir de 25% a 50% pacientes pós acidente vascular

cerebral (AVE), sendo muito comum na infância com uma média de 20% a 30% em

crianças normais e nas crianças prematuras chegando a 40% a 60%12,13,14,15.

Conforme salienta o I Consenso Brasileiro em Nutrição e Disfagia16 que os

cuidados realizados pela equipe interdisciplinar em conjunto com o Fonoaudiólogo são

necessários para que o paciente tenha uma recuperação efetiva, colocando necessário a

atuação integral do sujeito, considerando-se que pode suprir todos as necessidades,

lembrando sempre que atuar em equipe acaba tornando o trabalho mais eficaz na

evolução do processo terapêutico17,18.

A equipe interdisciplinar tem um papel fundamental e muito importante durante

o período de internação dos pacientes disfágicos nas unidades de terapia intensiva, pois

é necessário realizar uma ação que envolva todos os profissionais de forma integrada,

em função de que neste momento o paciente que está com disfagia pode apresentar

vários problemas associados e assim acabar gerando um impacto no estado clínico geral

do paciente. Sendo assim, nota-se que cada membro que faz parte da equipe

interdisciplinar deve reconhecer o seu papel perante o paciente disfágico e assim obter

um maior sucesso no tratamento19,8,9.

O trabalho em equipe juntamente com os diferentes saberes partilhados por

todos acaba gerando um enriquecimento dos profissionais, tornando o cuidado mais

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80

centrado no paciente, interligando os saberes e conhecimentos de cada profissão para

uma qualidade quanto ao cuidado com o paciente disfágico4.

Dessa forma, para a garantia do princípio da integralidade a incorporação de

novas tecnologias deve ser realizada no sentido de privilegiar a incorporação daquelas

que forem eficazes e seguras, cujos danos ou riscos não superem os seus benefícios e

que, beneficiando a todos os que delas necessitem, não causem prejuízo para o

atendimento de outros segmentos da população20.

A fragilidade do cuidado ao paciente disfágico dentro de uma unidade de terapia

intensiva merece uma atenção especial da equipe, sendo que neste momento o cuidado

integral é de grande importância e assim diminuir complicações que a disfagia pode

apresentar, tais como: broncoaspiração, desnutrição, desidratação, pneumonia

aspirativa10.

Este trabalho teve como objetivo geral identificar as estratégias de cuidado

integral prestada pela equipe de saúde às pessoas disfágicas internadas na Unidade de

terapia intensiva Adulto (UTIA) de um hospital público.

METODOLOGIA

O presente estudo foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

(CEP) da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), sob o parecer de número

2.654.702, e seguiu as normas da Resolução nº 466/2012, que trata da pesquisa

envolvendo seres humanos. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE).

Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva, de campo com abordagem

qualitativa, recorte da pesquisa “A Gestao do Cuidado Integral às Pessoas com Disfagia

Internadas na Unidade de Terapia Intensiva Adulto”. Os instrumentos de coleta de

dados foram observação participante em conjunto com o diário de campo e a entrevista

semiestruturada.

Na primeira etapa as técnicas de coleta de dados foram a observação participante

e o diário de campo. A observação participante direta e de caráter exploratório, permitiu

perceber informações importantes do cotidiano dos entrevistados durante a coleta de

dados, auxiliando na descrição do fenômeno estudado. Nesse momento, foi

acompanhado a rotina de atividades desenvolvidas na unidade quanto: relação da equipe

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com o paciente, relação entre a equipe e orientações ao paciente e família, se a equipe

tem experiência em realizar os cuidados, as reflexões da equipe sobre os cuidados da

pessoa com disfagia. Na segunda etapa a técnica de coleta de dados foi uma entrevista

semiestruturada aos profissionais da UTIA.

Pesquisa realizada a UTIA de um hospital público da região sul do país e

participaram da pesquisa 14 profissionais que compõem a equipe multiprofissional, de

ambos os sexos, com tempo de atuação na área de 01 ano há 13 anos e que estão

trabalhando na instituição entre 01 mês à aproximadamente 03 anos (02 médicos, 01

enfermeiro, 05 técnicos de enfermagem, 01 fisioterapeuta, 01 fonoaudióloga, 01

nutricionista, 01 assistente social, 02 psicólogas) , que estão inseridos e servem de apoio

na Unidade de Terapia Intensiva Adulto do turno vespertino.

Os dados obtidos dos sujeitos foram analisados à luz da Análise de Conteúdo

proposta por Bardin21, que a define como um conjunto de técnicas de análise das

comunicações, visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição

de conteúdo das mensagens, indicadores, quantitativos ou não, que permitam a

inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis

inferidas) destas mensagens.

A análise de conteúdo é dividida em três fases, a saber: a pré-análise, a descrição

analítica e a interpretação inferencial, foram criadas codinomes com a letra “D1, D2,

D3...” conforme os critérios exigidos na Resolução nº 466/2012.

O turno vespertino foi determinado por ser um horário mais calmo, com menos

aglomeração de profissionais e assim podermos ter um maior contato com os

participantes da pesquisa. Em seguida foram agendados encontros no próprio local de

trabalho para explicação da pesquisa, assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) estando presentes somente o entrevistador e o entrevistado e foram

gravadas em um gravador de voz.

Para realizar as entrevistas foi criado um questionário com questões relacionadas

ao conceito do cuidado integral aos pacientes com disfagia internados na unidade de

terapia intensiva adulto (UTIA), que visaram identificar as estratégias de cuidado

integral prestada pela equipe de saúde às pessoas com disfagia internadas numa UTIA.

O questionário foi dividido em duas partes, no qual foi possível realizar a caracterização

dos participantes (idade, sexo, profissão, tempo de atuação na UTIA e tempo de

formação) em seguida aplicado entrevista semiestruturada, que parte de

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questionamentos básicos, alicerçados em hipóteses, as quais vão surgindo na proporção

em que se recebe as respostas dos informantes.

Foram considerados como critérios de inclusão: os membros que compõem a

equipe multiprofissional na UTIA, que atuam diretamente com os pacientes com

disfagia, de ambos os sexos, que tenham assinado o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE). Como critérios de exclusão foram selecionados os profissionais

que não fazem parte da equipe multiprofissional da UTIA, que recusaram a assinar o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

O estabelecimento das categorias aconteceu através da triangulação de todos os

dados analisados que emergiram dos instrumentos de coleta de dados, por meio de

similaridade das informações.

A triangulação é uma abordagem que utiliza vários métodos descritos como a

verificação das afirmações através da coleta de dados a partir de um determinado

número de informantes e de fontes, permitindo a comparação e a confrontação

subsequente de uma afirmação com outra. Esta técnica tem por objetivo abranger a

máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do foco em estudo, as

categorias inter-relacionadas foram agrupadas em grupos de categorias. As categorias

analisadas foram construídas após a análise do material colhido nas entrevistas, levando

em consideração a orientação teórica e os objetivos da pesquisa, caracterizando, assim,

as categorias a posteriori segundo Bardin21.

RESULTADOS

Durante o período de coleta de dados, compreendido entre junho a agosto de

2018, quatorze profissionais de saúde preencheram os critérios de inclusão do estudo.

Todas as entrevistas foram realizadas conforme disponibilidade do entrevistado.

As unidades de questões desenvolvidos nas entrevistas, nas observações e nos

diários de campo foram denominados de unidades temáticos. O estabelecimento das

categorias se deu durante a análise dos dados, por meio de similaridade das

informações. As categorias inter-relacionadas foram agrupadas em grupos de categorias.

As categorias analisadas foram construídas após a análise do material colhido nas

entrevistas, levando em consideração a orientação teórica e os objetivos da pesquisa,

caracterizando, assim, as categorias a posteriori segundo Bardin21.

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Após a análise da observação, diário de campo e das entrevistas as categorias

que emergiram foram sobre: técnicas de cuidado; olhar o paciente “como um todo”, o

físico e o psicológico; os múltiplos olhares para a pessoa.

A unidade temática é “o cuidado integral a saúde dos pacientes disfágicos” e

relaciona-se com o que o profissional entende ou compreende quanto ao cuidado

integral a saúde dos pacientes disfágicos, percebemos que o cuidado na percepção dos

profissionais está relacionado com as técnicas, como ver o paciente como um todo e

uma habilidade voltado para um atendimento integral. Dentro da qual identificamos as

seguintes categorias:

Técnicas de cuidado

Durante as entrevistas realizadas com os profissionais da área da saúde foi

possível observar que eles apresentam um certo conflito entre o que é cuidado integral e

o que é cuidado integral quanto às técnicas realizados com estes pacientes, acredita-se

que este pensamento prevalece devido o ambiente da unidade de terapia intensiva

adulto (UTIA) exigir bastante conhecimento técnico do profissional e estes acabam

voltando suas atividades e seus estilos de pensar e agir especificamente na técnica e

muito pouco no estilo de pensar e agir por meio de um cuidado integral, o que acaba

confundindo que o cuidado integral sejam somente as técnicas. O predomínio das

técnicas é representado pela fala de alguns entrevistados:

[...] eu tenho a participação da nutrológa junto comigo pra poder ver uma

dieta, pra melhorar o ganho de massa dele ou poder dar um aporte extra de

calorias, mas ainda assim, por exemplo com a fono pra gente orientar quanto

a troca de traqueostomia ou a manutenção de uma cânula X ou Y isso nos

facilita um pouco [...] (D1)

[...] a gente tem que fazer, cuidar dos pacientes, de uma em uma hora estar

vendo os sinais deles, fazendo mudança de decúbito e medicação, é bem

tranquilo [...] (D3)

[...] no dia a dia a gente chega vai ver os sinais vitais dos pacientes, depois

fazer as mudanças de decúbitos né, ver os banhos também quem tem que

tomar banho, há as medicações, e seguir acompanhando os sinais vitais do

paciente, e quando tem intercorrência a gente avisa o enfermeiro ou o médico

[...] (D4)

[...] eu passo de manhã vejo se tem alguma avaliação, se algum paciente foi

extubado há mais de 24 horas, para fazer a avaliação ou senão eu dou

continuidade na terapia [...] (D9)

[...] todo dia eu chego eu vejo o que precisa fazer com o paciente, se precisa

passar uma sonda, se tem coletas de exames e durante o round a gente discute

a rotina do paciente durante o dia, se ele sentou de manhã se vai sentar à

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tarde, se vai deambular a gente discute a rotina do paciente, se tem algum

exame pendente e qual é o horário que vai fazer ou se já foi feito [...] (D12)

As falas relatam o que os profissionais da UTIA percebem que o cuidado

integral são as técnicas realizadas aos pacientes internados.

Na observação do dia 13 de Julho de 2018 durante as 02 horas que estive

realizando a observação, percebi que a conduta dos profissionais que se encontravam

naquele momento (técnicos de enfermagem, enfermeira, fisioterapeuta e médico) o

cuidado determinante foi a técnica, pois os profissionais chegam nos pacientes e

verificam o que precisa fazer com paciente, verificam sinais vitais, preparam as

medicações, verificam quais pacientes iram sentar naquele periodo, quais os banhos

serão realizados, e que em momento algum realizam um diálogo entre eles e muito

menos com o paciente.

Olhar o paciente “como um todo”, o físico e o psicológico

Essa categoria refere-se aos significados que os participantes apresentam quanto

ao olhar o paciente “como um todo”. Quando se referem a esse conceito, os

profissionais da equipe multidisciplinar focalizam o cuidado na perspectiva da doença.

Tal relato é representado pela fala de algumas entrevistas:

[...] o cuidado integral em saúde na minha visão é a gente pensar não só no

que a gente precisa fazer de imediato, mas o que a gente precisa fazer de

manutenção e pós o cuidado[...] (D1)

[...] cuidado deixa eu pensar bem, que tipo assim a gente tem que olhar ao

todo o paciente, tipo assim não somente o físico, mas também o psicológico,

é uma coisa bem ao todo do paciente [...] (D2)

[...] eu entendo integral é vê o paciente como um todo, é psico, emocional

tudo né, um paciente como um todo, é assim que eu entendo, integral acho

que é isso [...] (D3)

[...] É aquele cuidado pra mim que tem que ser feito assim periodicamente

durante o dia, mas não assim ir lá e fazer de qualquer forma, feito com

atenção, com cuidado, pensar que ali dependendo do estado que a pessoa tá

tem uma vida que precisa ser feito o melhor pra ela [...] (D8)

[...] ver o paciente como um todo, eu vejo não só a minha parte, mas também

vejo a parte de nutrição, questão de posicionamento do paciente, questão

respiratória lesão por pressão, acho que a gente acaba contribuindo e

cuidando melhor do paciente como um todo mesmo [...] (D9)

[...] cuidado integral em saúde eu acho que é tudo, desde a chegada do

paciente no hospital, na recepção, com a família, acolhimento familiar, tratar

bem os pacientes, o paciente ter acesso as coisas que ele precise [...] (D13)

[...] cuidado integral na área hospitalar que é o que eu trabalho hoje, na minha

opinião é desde que o paciente entrou no pronto atendimento até o momento

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da alta do paciente (...) todo o acompanhamento da equipe multidisciplinar

dentro da uti e após alta da uti plano de tratamento no setor e as equipes que

devem seguir acompanhando o paciente [...] (D14)

Sobre o compreender o olhar o paciente “como um todo”, é necessário que os

profissionais envolvidos no atendimento entendam o verdadeiro significado de olhar o

paciente “como um todo” para que assim esteja apto e preparado para poder identificar

estes pacientes. Esta é a maneira dominante e moderna que os profissionais de saúde

utilizam para diagnosticar e tratar na maioria das vezes, sendo visível no discurso de

alguns entrevistados tais como o Técnico de Enfermagem, o Médico, o Fisioterapeuta e

o Fonoaudiólogo.

Estes profissionais tem ações voltadas para as técnicas devido a formação no

modelo biomédico, com uma visão mecanicista, aonde veem o corpo humano como se

fosse uma espécie de máquina, no qual a doença representa um desarranjo em uma

delas, tornando-se o conhecimento necessário para lidar com ele se torna

necessariamente fragmentado, pois a adequação da prática profissional ao que realmente

acontece na realidade também fica dificultada, pelo fato de se trabalhar com o

conhecimento do passado, com aquilo que foi legitimado pela ciência tradicional, e não

com os desafios do presente ou com aquele conhecimento que vem dos dados da

realidade atual.

Os múltiplos olhares para a pessoa disfágica

Quando se fala ou pensa em os múltiplos olhares para a pessoa com disfagia,

nota-se que os profissionais de saúde já têm em mente que essas pessoas precisam ser

observadas e acompanhadas por uma equipe multidisciplinar. Tal relato é representado

pela fala de alguns entrevistados:

[...] justamente o que o trabalho multidisciplinar eu acredito que faça, cuidar

desse paciente na saúde, a família o que envolve o social, o que envolve as

necessidades daquele paciente naquele momento, então acho que é muito o

fazer da equipe multi é esse cuidado integral, esse paciente é um sujeito de

relações né, ele está aqui ele está doente, mas ele tem uma família [...] (D7)

[...] eu entendo o integral né, o ser humano eu vejo né que ele é composto de

N fatores né, espiritual, biológico, emocional, social, cultural então enfim no

meu entender eu acredito que a gente tem que como profissional de saúde é

correlacionar todos esses setores todos essa amplitude ali [...] (D10)

[...] são os múltiplos olhares para aquele sujeito né, o olhar de vários

profissionais para a construção coletiva desse olhar né, aonde a gente

consegue conversar, dialogar, dialogar entre os pares, dialogar para além dos

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pares e construir algo bacana na perspectiva do cuidado, na perspectiva de

montar um esquema de tratamento para ele ali dentro, olhando pra sua

dimensão fora que é essa família, que é pensar em como esse sujeito veio pra

cá e como esse sujeito sai daqui do hospital [...] (D11)

[...] entendo que é uma visão não apenas a parte médica assistencial e o

cuidado da mente também, então isso envolve todos os profissionais e a gente

respeitar a opinião do paciente, não apenas fazer o que a gente acha melhor,

mas sim escutá-lo [...] (D12)

[...] é acho que é tudo, desde a chegada do paciente no hospital, na recepção,

com a família, acolhimento familiar, tratar bem os pacientes, o paciente ter

acesso as coisas que ele precisa [...] (D13)

Nas falas acima fica claro que o cuidado integral está relacionado com o

envolvimento com a equipe, com a família. E este cuidado tem relação com o conceito

ampliado de saúde pois este conceito é resultante das condições de alimentação,

habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer,

liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde, sendo assim o

resultado das formas de organização social de produção, as quais podem gerar grandes

desigualdades nos níveis de vida.

Durante o periodo da realização da observação que se deu entre os meses de

junho a agosto em momento algum foi observado fatos no envolvesse a família.

DISCUSSÃO

Para Palma22 a atuação dentro da unidade de terapia intensiva frente ao cuidado

está além das necessidades físicas, práticas, sociais e emocionais pois permite tornar o

cuidado integral efetivo e assim proporcionar uma maior ressignificação da experiência

humana gerando uma boa comunicação resultando num bom fortalecimento emocional,

no qual ajudará a enfrentar as dificuldades apresentadas neste momento estabelecendo

um canal entre paciente e família.

Para Albini10 e Aoki23 o processo do cuidado integral deve ser compreendido e

aplicado como uma atitude interativa, para que todas as partes possam compreender o

sentido de acolhimento e escuta do sujeito, respeitar o sofrimento e histórias de vida.

Dessa forma tendo um olhar ampliado quanto ao cuidado integral é necessário

que reflitam sobre sua forma de agir e pensar na atenção a pessoa disfágica, pois o

cuidado deve ser compreendido como parte da essência humana, devendo ir além de

atuações pontuais, mas englobar o cuidado enquanto uma ação com atitude de respeito,

preocupação e responsabilização para com o próximo, colocando o interesse do coletivo

acima dos interesses individuais, fazendo com que a fonte da mudança seja o diálogo,

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87

identificando a subjetividade humana ao invés de reduzir o ser humano a objeto ou

doença24,25,26.

Os profissionais de saúde que atuam com pacientes que disfágicos dentro da

UTI, precisam compreender que atender pacientes que apresentam tais queixas é

necessário que saibamos sim realizar as técnicas com confiança e segurança, mas que

estas técnicas não se tornem o único foco e princípio no ato de cuidar.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a

ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social

Brasil27; Organização Mundial da Saúde28 e que a partir desta definição os profissionais

de saúde entendem que olhar o paciente como um todo está relacionado ao bem estar

físico, mental e social mas que a saúde é muito mais que isto, principalmente quando se

fala em cuidado.

Conforme Medeiros et al.29 relata que isto é decorrente do modelo biomédico no

qual a saúde constitui estar isento da doença, dor, ou efeito, o que torna a condição

humana saudável, tendo como foco os processos físicos, patológicos ou fisiológicos de

uma doença, não leva em conta o papel dos fatores sociais ou subjetividade individual e

que esta forma de pensar faz com que ocorra uma predominância no cuidado nas

técnicas e pouco no cuidado integral.

O modelo biomédico compreende os fenômenos da saúde e da doença com base

na biologia, no qual se define a doença como um desajuste ou falta de mecanismos de

adaptação do organismo ao meio, ou ainda como uma presença de perturbações da

estrutura viva causadoras de desarranjos na função de um órgão, sistema ou

organismo30.

Portanto, na forma que se apresenta, este conceito é inatingível e não pode ser

usado como meta pelos serviços de saúde atuais e nem como preceito dos profissionais

de saúde, em constante formação. Atualmente, o conceito ampliado de saúde é o que

contempla as necessidades e exigências da população e do sistema de saúde31.

A atuação dentro da unidade de terapia intensiva frente ao cuidado está além das

necessidades físicas, práticas, sociais e emocionais pois permite tornar o cuidado

integral efetivo e assim proporcionar uma maior ressignificação da experiência humana

gerando uma boa comunicação resultando num bom fortalecimento emocional, no qual

ajudará a enfrentar as dificuldades apresentadas neste momento estabelecendo um canal

entre paciente e família32,22.

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88

É preciso ter em mente que o cuidar precisa ter uma ação interativa, pois essa

ação envolve valores e conhecimento no qual obteremos respostas que serão alcançados

através do ser que cuida para e com o ser que é cuidado, salientamos que o cuidado

como um todo ativa entre os profissionais de saúde um comportamento de compaixão,

de solidariedade, de amor no sentido de promover o bem e, assim visa o bem-estar do

paciente, à sua integridade moral e à sua dignidade como pessoa15.

Sendo assim enquanto profissionais de saúde e corresponsáveis pelo

atendimento aos pacientes com disfagia dentro da UTI, precisamos nos projetarmos no

lugar do outro, pois somos capazes de avaliarmos através do outro como gostaríamos de

ser tratados naquele momento, ou seja, cuidar do paciente como um “todo” significa

tratar o paciente como eu gostaria de ser tratado.

Os profissionais de saúde precisam compreender que o cuidado integral em

saúde está ligado ao acolher, tratar, respeitar e atender o paciente em seu sofrimento

com qualidade e resolutividade visando que agir integralmente é fruto do inter-relações

de pessoas causando efeitos e repercussões de interações positivas entre os

profissionais, pacientes e famílias33,34,35.

Conforme Lanzoni36 o cuidado integral torna-se uma atitude interativa pois

fortalece o relacionamento e envolvimentos entre as partes, respeitando a história e

sofrimento que o paciente apresenta naquele momento, porem se por um lado o cuidado

em saúde realizado pelos profissionais, pode diminuir o impacto de adoecimento, por

outro lado, a falta de cuidado pode ocasionar o descaso, desamparo e abandono dos

pacientes podendo assim agravar o sofrimento dos pacientes.

Com isso a noção de cuidado integral em saúde permite que os profissionais de

saúde zelem pelo bem-estar dos pacientes e assim consigam devolver o poder de julgar

quais sias necessidades necessárias, tornando-os assim como outros sujeitos e não como

outros objetos37,34.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realização deste trabalho, foi possível evidenciar que a realização do

cuidado integral prestado aos pacientes disfágicos ainda é um desafio, sendo numerosas

as dificuldades e os obstáculos encontrados pelos profissionais em seu processo de

trabalho.

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89

As práticas de saúde persistem com características do modelo biomédico,

mecanicista, no qual é preciso que o profissional de saúde seja capaz de agir em

detrimento para que assim possa apreender as necessidades mais abrangentes dos

pacientes, num contexto que vise um cuidado integral.

Observamos que a equipe multiprofissional enfrenta dificuldades relacionadas

quanto o que é cuidado integral, pois precisam compreender que atender pacientes que

apresentam tais queixas é necessário que saibamos sim realizar as técnicas com

confiança e segurança, mas que estas técnicas não se tornem o único foco e princípio no

ato de cuidar. Apesar de entender que a falta das condições de trabalho, impõe limites

para oferecer ao paciente uma assistência entendida pelos profissionais como cuidado

integral, observamos que os desgastes não obscurecem o prazer que os trabalhadores

desfrutam de suas atividades.

Sendo assim é necessário que a equipe se projete no lugar do outro, para que

saibam que são capazes de avaliar como o outro gostaria de ser tratado neste momento,

pois cuidar do paciente como um todo significa tratar o paciente como eu gostaria de ser

tratado.

Embora se reconheça que o pequeno número de profissionais investigados

represente uma limitação desta pesquisa, este trabalho não pretende esgotar o tema

acerca do cuidado integral em saúde pela equipe multiprofissional prestado aos

pacientes com disfagia que estão internados dentro da unidade de terapia intensiva, os

achados podem estimular outros profissionais de UTI a pesquisar sua realidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Prearo C, Gonçalves LS, Vinhando MB, Menezes, SL. Percepção do enfermeiro

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multiprofissional. São Paulo, 2004; 35.

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APÊNDICE B

REVISÃO INTEGRATIVA

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APÊNDICE C

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma

pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar

fazer parte do estudo, rubrique todas as folhas e assine ao final deste documento, com as

folhas rubricadas pelo pesquisador, e assinadas pelo mesmo, na última página. Este

documento está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável.

Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

Título do Projeto: A gestão do cuidado integral às pessoas com disfagia internadas

dentro de uma unidade de terapia intensiva adulto.

Pesquisadores Responsáveis: Marcos Ribeiro e Fabíola Hermes Chesani

Telefone para Contato: (47) 99623 – 6646

Instituição onde será realizada a pesquisa: Hospital Municipal Ruth Cardoso

O objetivo desta pesquisa é: Analisar a gestão do cuidado integral às pessoas

com disfagia internadas dentro de uma unidade de terapia intensiva adulto.

Caso você aceite participar desta pesquisa, os pesquisadores comprometem-se

em mantê-lo informado das etapas e resultados da mesma, através de encontros

previamente agendados e por contatos via endereço eletrônico. Todos os participantes

voluntários receberão via correio eletrônico uma cópia do artigo resultante desta

pesquisa.

Você será observado em dias alternados e serão observados como ocorre a

gestão do cuidado integral às pessoas com disfagia internadas dentro da unidade de

terapia intensiva adulto. Para registrarmos esses dados será utilizado o diário de campo,

que consiste no registro completo e preciso das observações dos fatos, acontecimentos,

relações verificadas, experiências pessoais do profissional/investigador, suas reflexões e

comentários e na entrevista você responderá perguntas sobre quais estratégias você

utiliza no cuidado a saúde do paciente disfágico.

Caso você participe da pesquisa, será necessário responder as perguntas de uma

entrevista semiestruturada, contudo ao se realizar um protocolo de cuidados a estes

profissionais, o benefício será diretamente no atendimento integral, com adequada

resolutividade e na diminuição das complicações decorrentes da disfagia, como a

Broncoaspiração, Pneumonia Aspirativa, Desnutrição, Desidratação e Tempo de

Internação.

Estarão garantidas todas as informações que você solicitou antes, durante e

depois do estudo, bem como, garante-se que os pesquisadores são habilitados quanto ao

método de coleta de dados da pesquisa.

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A sua participação neste estudo é voluntária. Tens a liberdade de recusar

participar do estudo, ou se aceitar a participar de retirar seu consentimento a qualquer

momento. Este fato não irá interferir na sua atuação profissional dentro do Hospital

Municipal Ruth Cardoso do Município de Balneário Camboriú (SC).

Você precisa saber que ao participar desta pesquisa podem ocorrer alguns

desconfortos e/ou riscos como: Invasão de privacidade, revitimizar e perder o

autocontrole e a integridade ao revelar pensamentos e sentimentos nunca revelados,

discriminação e estigmatização a partir do conteúdo revelado, tomar o tempo do sujeito

ao responder ao questionário/entrevista, divulgação de dados confidenciais,

interferência na vida e na rotina dos sujeitos, embaraço de interagir com estranhos,

medo de repercussões eventuais e divulgação de dados confidenciais (registrados no

TCLE).

Para minimizar possíveis desconfortos, o pesquisador estará minimizando

desconfortos, garantindo local reservado e liberdade para não responder questões

constrangedoras. Estarei atento aos sinais verbais e não verbais de desconforto.

Limitarei o acesso aos prontuários apenas pelo tempo, quantidade e qualidade das

informações específicas para a pesquisa. Garanto o acesso aos resultados individuais e

coletivos. Garanto que os pesquisadores sejam habilitados ao método de coleta dos

dados. Garanto a não violação e a integridade dos documentos (danos físicos, cópias,

rasuras). Asseguro a confidencialidade e a privacidade, a proteção da imagem e a não

estigmatização, garantindo a não utilização das informações em prejuízo das pessoas

e/ou das comunidades, inclusive em termos de autoestima, de prestígio e/ou econômico

– financeiro. Garanto a divulgação pública dos resultados, a menos que se trate de caso

de obtenção de patenteamento; neste caso, os resultados devem se tornar públicos, tão

logo se encerre a etapa de patenteamento. Garanto que sempre serão respeitados os

valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, bem como os hábitos e costumes

quando as pesquisas envolverem comunidades.

Você não será identificado (a) em nenhum momento, mesmo quando os

resultados desta pesquisa forem divulgados em qualquer forma. Os dados coletados

serão utilizados somente para nesta pesquisa e os resultados divulgados apenas em

eventos e artigos científicos.

Nenhuma pesquisa é isenta de risco, portanto para esta pesquisa os riscos

identificados são: o constrangimento ou desconforto diante da presença do pesquisador

durante o período de observação, constrangimento por alguma situação que proporcione

incomodo nas entrevistas, invasão de privacidade e toma de tempo ao responder a

entrevista.

Contudo caso fique constrangido (a) ou desconfortável, se assim desejar, você

poderá deixar de participar da pesquisa, sem que isso lhe cause algum prejuízo. Quanto

ao extravio será tomado cuidado para que não venha ocorrer, porém se houver, o

material não estará identificado com seu nome ou suas características, garantindo-lhe o

anonimato.

Não haverá nenhum tipo de compensação financeira por aceitar a participar do

estudo.

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Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da

Universidade do vale do Itajaí – UNIVALI sob o parecer nº: 2.654.704, caso persistam

dúvidas, sugestões e/ou denúncias após os esclarecimentos do pesquisador o Comitê de

Ética está disponível para atender.

CEP/UNIVALI - Rua Uruguai, n. 458 Centro Itajaí. Bloco F6, andar térreo.

Horário de Atendimento: Das 8:00 às 12:00 e das 13:30 às 17:30

Telefone: 47- 33417738. E-mail: [email protected]

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

EU___________________________________________________________________,

RG_________________________, CPF________________________ abaixo assinado,

concordo em participar do presente estudo como participante. Fui devidamente

informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim

como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me

garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a

qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento.

Local e Data:_____________________________________________________

Nome:__________________________________________________________

Assinatura do Participante ou Responsável:____________________________

Telefone para Contato:_____________________________________________

Pesquisador Responsável: Fabíola Hermes Chesani

Telefone para Contato: (47) 98482 – 1635

Pesquisador Assistente: Marcos Ribeiro

Telefone para Contato: (47) 99623 – 6646

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APÊNDICE D

ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

1. Nome: ____________________________________________________

2. Idade: ___________ 3. Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )

3. E-mail: ____________________________________________________

4. Formação: _________________________________________________

5. Tempo de formação: _________________________________________

6. Função / Cargo que exerce: ___________________________________

7. Há quanto tempo trabalha na instituição: _________________________

8. Regime de contratação: ______________________________________

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

1. Como é para você fazer parte da equipe multiprofissional dentro da UTI?

2. Como é o seu relacionamento dentro da equipe multiprofissional?

3. Como é o seu dia-a-dia de trabalho na UTI?

4. O que você entende por cuidado integral em saúde?

5. O que você compreende por integralidade em saúde?

6. Como é a sua experiencia no desenvolvimento do cuidado na unidade de

terapia intensiva frente aos pacientes com dificuldades para deglutição?

7. O que é fácil para você no cuidado com o paciente com dificuldade para

deglutição?

8. O que é difícil para você no cuidado com o paciente com dificuldade para

deglutição?

9. É possível realizar este trabalho sem ser em equipe?

10. O que pode ser feito para melhorar o trabalho em equipe?

11. Você considera a comunicação entre os membros da equipe de profissionais

da UTI ideal? Em caso de não, possui sugestões para aproximá-lo? Quais?

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6 ANEXOS

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ANEXO A

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

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