Mari Baiocchi HOMENAGENS DO 11º CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA.

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Mari Baiocchi HOMENAGENS DO 11º CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA

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Mari BaiocchiHOMENAGENS DO 11 CONGRESSO BRASILEIRO DE SADE COLETIVA

Mari de Nasar Baiocchi nasceu na cidade de Gois. Filha de Colombo Baiocchi e de Isabel Aciscla Pereira Guimares Baiocchi, graduou-se na Universidade Federal de Gois em 1966 e em 1981 titula-se Doutora em Antropologia Social pela Universidade de So Paulo.HOMENAGENS DO 11 CONGRESSO BRASILEIRO DE SADE COLETIVA

Foi professora de Antropologia no Mestrado de Cincias Agrrias da UFG e h 30 anos mantm um projeto de pesquisa e extenso junto ao povo Kalunga, uma comunidade de ex-escravos que vive no nordeste goiano.HOMENAGENS DO 11 CONGRESSO BRASILEIRO DE SADE COLETIVA

Em 2011, Mari Baiocchi tomou posse na cadeira n 33 da Academia Feminina de Letras e Artes de Gois e recebeu da Sociedade Brasileira para o Progresso da Cincia, homenagem pelo pioneirismo na pesquisa no estado de Gois.HOMENAGENS DO 11 CONGRESSO BRASILEIRO DE SADE COLETIVA

Nas dcadas de 1970 e 1980, a antroploga Mari Baiocchi realizou dois estudos importantes em comunidades quilombolas de Gois, o primeiro em Mineiros, denominada Negros de Cedros, e o segundo nos municpios de Cavalcante, Teresina de Gois e monte Alegre de Gois, no nordeste do estado, talvez esse seja seu estudo mais conhecido.HOMENAGENS DO 11 CONGRESSO BRASILEIRO DE SADE COLETIVA

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A comunidade Kalunga, como ela denominou, a partir da fala de seus moradores e dos etnnimos utilizados para denominar a populao daquele local, de to invisvel, foi relatada como descoberta, e bastante oportuna para os habitantes da regio, pois estavam sendo ameaados por grileiros e fazendeiros cobiavam mais terras.HOMENAGENS DO 11 CONGRESSO BRASILEIRO DE SADE COLETIVA

Atualmente a comunidade formada por cerca de 600 famlias, a maior conhecida do pas, e declarada Stio Histrico e Patrimnio Cultural do Estado de Gois. Foi uma das primeiras comunidades quilombolas a ser reconhecida, porm as questes fundirias ainda no foram totalmente resolvidas.

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Graas ao trabalho pioneiro e desbravador de Mari Baiocchi, os Kalunga receberam o Ttulo de Sitio Histrico Patrimnio Cultural Kalunga, em 1991. Ttulo conseguido atravs de muita luta, coragem, sensibilidade, unio e articulao.

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Baiocchi, apesar de possuir uma rede de contatos polticos, por sua atuao como aluna e professora do Colgio Liceu de Gois, e um marido mdico que a apoiava, no percorreu um caminho fcil.

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Ser mulher e antroploga em Gois e lutar por uma causa que poucos tinham conhecimento quela poca, no foi uma tarefa fcil. Alm disso, a ausncia de recursos para pesquisa, somados precariedade de acesso e infraestrutura da comunidade fazem de Mari Baiocchi uma guerreira e herona, que no s lutou pelos seus ideais, como contribuiu para que milhares de quilombolas pudessem vislumbrar um futuro mais digno.

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Ao longo de sua trajetria junto comunidade trouxe vrios representantes da comunidade para sua casa, para juntos participarem de assembleias na Cmara dos Deputados e junto ao Instituto de Desenvolvimento Agrrio de Gois. E alm de tudo isso, teve uma importante participao na Constituio Federal, no artigo 68, que garante o direto de propriedade definitiva das terras ocupadas pelos remanentes de quilombos.

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Precursora na metodologia da antropologia aplicada utilizada no seu trabalho na comunidade, seu projeto de carter multidisciplinar tinha como trip: a Sade, Educao e Terra. Por meio deste projeto foi possvel desenvolver a primeira vacinao na regio que se deu de avio por meio da Organizao de Sade do Estado de Gois.

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A antroploga Mari Baiocchi a autora e responsvel por um livro em que pesa quase 200 anos de histria: Kalunga, o Povo da Terra, resultado de um minucioso trabalho de pesquisa com mais de 20 anos de dedicao.

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No livro, Baoicchi defende entre outras ideias a de que o africano foi o principal elemento colonizador do vasto territrio goiano. Foi um excelente desbravador. Desmontou cascalhos, deslocou rochedos, fez obras de engenharia com aterros e cortes por dezenas de quilmetros.

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Nos 237 mil hectares do territrio Kalunga, a terra muito importante para seus moradores. Hoje vivem das roas de mandioca, arroz, feijo e cana, mas no quebraram a relao na ordem da natureza da regio.

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Mas atualmente, os kalungas esto vendo suas terras serem invadidas. Eles tm 2.020 km, o equivalente a uma cidade de So Paulo e meia, a 590 km ao norte de Goinia.

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"De 70% a 80% desse territrio foi invadido por grileiros'', estima a antroploga e ela estuda os kalungas desde 1982.

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Os kalungas refugiaram-se ao longo do rio Paran em serras de difcil acesso. A estrada de asfalto mais prxima ao Vo de Almas fica a oito horas em lombo de burro; a de terra, a trs. H pontos do antigo quilombo que s se atingem aps trs dias de cavalo. No h estradas ou luz eltrica; s picadas. Doentes so carregados em rede em viagens que duram um dia.

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Estavam to isolados que cultivam tradies africanas e europeias, como a coroao do imperador, os tambores feitos de troncos e o latim das rezas.

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Furnas nem os notou quando comeou a planejar uma hidreltrica no rio Paran em 1987, que inundaria 80% do territrio kalunga. Teve de alterar os planos, que esto arquivados. "Os kalungas construram uma cultura prpria por causa do isolamento, que precisa ser preservada'', diz Baiocchi.

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S em 1982, com a chegada de pesquisadores rea, os kalungas passaram a existir para o governo goiano. Trs anos depois, para evitar a extino do grupo, foi aprovada uma lei que doava a terras da serra aos kalungas.

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Foi o primeiro remanescente de quilombo a obter tal conquista, prevista na Constituio de 88 e que at hoje no saiu do papel. Em 1991, o territrio foi tombado como stio histrico. Segundo a lei aprovada pela Assemblia Legislativa de Gois, a rea deve ser preservada pela importncia histrica e s pode ser habitada por descendentes dos kalungas.

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Tudo isso no garante nada. Os kalungas saram de um mundo comunitrio e caram na ante-sala da barbrie. A regio abriga garimpeiros de ouro, mineradoras de cassiterita e invasores.

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"A gente no vai comer lixo na cidade. Em Braslia tem gente comendo lixo debaixo da ponte. Vi com meus olhos, no estou mentindo, uma velha comendo jornal. Se o governo quer tirar a gente daqui, melhor mandar matar'' Procpia dos Santos Rosa, 62 anos, kalunga.

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Hoje, Mari Baiocchi a me branca dos kalungas. Ela foi estudar uma cultura, mas se apaixonou. Ganhou amigos fiis, deixou lies e seguidores. O sofrimento desse povo divide o corao da antroploga: D uma certa angstia em saber se errei colocando eles nessa visibilidade. Quando eu os encontrei, eles viviam com muita felicidade. Hoje esto tristes

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