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1 Teorias sobre os movimentos sociais: o debate contemporâneo Autora: Maria da Glória Gohn- Unicamp/CNPq E-mail: [email protected] Resumo O trabalho apresenta o debate contemporâneo sobre as teorias dos movimentos sociais, destacando-se os conceitos e as categorias utilizadas, assim como os paradigmas teóricos que lhes dão suporte. A partir de um panorama geral sobre movimentos e publicações recentes destacam-se cinco eixos teóricos, a saber: culturais, o tema da justiça social, resistência como foco básico, teorias pós coloniais e teorias com ênfase nos aspectos institucionais das ações coletivas. Palavras chaves: movimentos sociais-teorias- associativismo-produção de conhecimento. A produção do conhecimento sobre os movimentos sociais e o associativismo no século XXI na América Latina Sabe-se que o processo de produção de conhecimento pode ser analisado segundo múltiplos olhares. A trajetória histórica do tema ou objeto ou sujeito em tela, seus conteúdos, a relação entre os agentes envolvidos no processo, a posição dos diferentes sujeitos atuantes no processo etc. Qualquer que seja o recorte, sempre nos defrontamos com os mediadores-professores, assessores, militantes, ou simplesmente como os denominaremos neste texto- intelectuais. Sabe-se que a categoria dos intelectuais é um tema complicado porque tem diferentes conotações e sujeitos/alvos, tais como: o intelectual orgânico(Gramsci), intelectual colectivo (Bordieu), intelectual específico (Foucault), intelectual anfíbio (Svampa),etc.Neste texto utilizaremos o termo intelectual para os pesquisadores, produtores de pesquisas, análises e textos sobre a temática dos movimentos sociais, independente de sua filiação profissional (universidade, academias, centros de pesquisa, ONGs, ou

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Teorias sobre os movimentos sociais: o debate contemporâneo

Autora: Maria da Glória Gohn- Unicamp/CNPq

E-mail: [email protected]

Resumo

O trabalho apresenta o debate contemporâneo sobre as teorias dos

movimentos sociais, destacando-se os conceitos e as categorias utilizadas, assim

como os paradigmas teóricos que lhes dão suporte. A partir de um panorama geral

sobre movimentos e publicações recentes destacam-se cinco eixos teóricos, a saber:

culturais, o tema da justiça social, resistência como foco básico, teorias pós coloniais e

teorias com ênfase nos aspectos institucionais das ações coletivas.

Palavras chaves: movimentos sociais-teorias- associativismo-produção de

conhecimento.

A produção do conhecimento sobre os movimentos sociais e o

associativismo no século XXI na América Latina

Sabe-se que o processo de produção de conhecimento pode ser analisado

segundo múltiplos olhares. A trajetória histórica do tema ou objeto ou sujeito

em tela, seus conteúdos, a relação entre os agentes envolvidos no processo, a

posição dos diferentes sujeitos atuantes no processo etc. Qualquer que seja o

recorte, sempre nos defrontamos com os mediadores-professores, assessores,

militantes, ou simplesmente como os denominaremos neste texto- intelectuais.

Sabe-se que a categoria dos intelectuais é um tema complicado porque tem

diferentes conotações e sujeitos/alvos, tais como: o intelectual

orgânico(Gramsci), intelectual colectivo (Bordieu), intelectual específico

(Foucault), intelectual anfíbio (Svampa),etc.Neste texto utilizaremos o termo

intelectual para os pesquisadores, produtores de pesquisas, análises e textos

sobre a temática dos movimentos sociais, independente de sua filiação

profissional (universidade, academias, centros de pesquisa, ONGs, ou

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assessores de movimentos). Faremos citações de nomes e obras, sem nos

deter em suas análises, dado a falta de espaço neste texto.

A observação que tomamos como ponto de partida é: neste milênio o

tema dos movimentos sociais retomou um lugar central no plano internacional

como objeto de investigação, especialmente devido a emergência do

movimento antiglobalização, sob novas perspectivas - global ou transnacionais,

como resposta ao avanço do neoliberalismo dos anos de 1990; lutas locais,

comunitárias, e identitárias, a exemplo dos povos indígenas; e o ressurgimento

de inúmeras ações cidadãs impulsionadas pelas novas políticas sociais

públicas .No primeiro caso citamos o movimento antiglobalização e a ênfase

analítica está nas redes que constroem, sendo os Fóruns que realizam seus

principais momentos de visibilidade (vide Farro, 2003; Farro e Talher 2007;

MacDonald, 2006; Gohn 2003, Della Porta, 2007, Della Porta e S. Tarrow ,

2005; Munõz, 2008; Massiah, 2011; Pleyers, 2011 ).No segundo caso, ações

comunitárias locais também ganham destaque, tanto no plano internacional

como no Brasil (Hamel, 2003; Putnam, 2000; Martins, 2004; Gohn, 2004, 2010,

Quijano, 2006 e outros) . A terceira forma é a mais carente de pesquisas (vide

Gohn, 2010). Registre-se ainda que organizações terroristas e movimentos de

fanatismo religioso também passam a ocupar a atenção dos pesquisadores

(Goodwin, 2003).

Na primeira década deste milênio registra-se, no Brasil, uma série de

publicações demonstrando que a temática voltou à pauta, especialmente com

uma preocupação que pouca atenção recebeu no passado: a questão teórica.

Dentre as novas publicações destacam-se:: Revistas: Sociedade e Estado, (vol

21, no 1,2006), Estudos Históricos (no. 42, 2008), Caderno CRH, (Vol. 21, No

54, 2008); Lua Nova, (no 76, 2009); ECCOS Revista Científica(vol. 10, no 1,

2009); Ciências Sociais Unisinos, (vol. 46, no 1,2010); Revista Brasileira de

Ciência Política, (no 3, 2010); Revista IHU-Humanitas Unisinos, (no 325, 2010);

Revista Política e Sociedade ( no 18, vol 10, 2011), entre outros. Movimentos

anti ou alter-globalização, os escopos das lutas ampliaram-se para dimensões

territoriais transnacionais também ganharam destaque nas novas publicações

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As categorias de análise também se alteram. Se nos anos 90, cidadania e

exclusão dominaram nos trabalhos sobre os movimentos sociais, no novo

milênio rede social (ver Scherer-Warren, 2006) e inclusão social passam a ter

um papel importante. A questão da emancipação social persiste, mas restrita a

alguns teóricos e não mais sob o crivo exclusivo da abordagem marxista.

Território para a ser uma categoria ressignificada e uma das mais utilizadas

para explicar as ações localizadas. Cada grupo atua em seu espaço –

territorial/geográfico, lingüístico, étnico, sócio-econômico; com seus problemas,

interlocutores, políticas, mediações etc. Alguns movimentos autodenominam-se

como movimentos territoriais. Ou seja, o território torna-se um referente central

para os projetos de agregação das ações coletivas e não mais as ideologias ou

correntes de opiniões políticas.Entretanto, nem sempre a noção de território é

trabalhada em sua totalidade, ou seja - além de seus aspectos físico-espaciais

porque incluem referenciais da ancestralidade dos povos que lá vivem, seus

idiomas, organização social, formas de produção, seus símbolos, signos e sua

cosmovisão de vida. Registre-se ainda que a noção de território tem outra

conotação, que ultrapassam as representações simbólicas e inserem-se no

plano das estratégias da esquerda latinoamericana. As unidades fabris –que

atuam no plano da produção, tem seu curso normal afetado pelas greves dos

operários; mas o território de uma região é também importante para perturbar a

circulação das mercadorias. Por isto as interrupções de rotas, os ―cortes de lãs

rutas‖, bastante comum na Argentina, é uma das estratégias utilizadas quando

se trata da questão da disputas de territórios.

Novos conceitos foram criados para dar suporte às novas ações tais como,

responsabilidade social, compromisso social, desenvolvimento sustentável,

empoderamento, protagonismo social, economia social, capital social, etc.

O universo das categorias: justiça social, igualdade, cidadania, emancipação,

direitos, lutas pelo biopoder etc. passa a conviver com outras categorías como

capital social, inclusão social, mobilização, empoderamento da comunidade,

auto-estima, responsabilidade social, compromisso social, sustentabilidade etc.

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Inclusão social substitui a categoria exclusão, em termos de ênfase que esta

teve nos anos 90, em estudos e pesquisas, num movimento contraditório que

acompanha a ênfase nas novas políticas sociais e buscam dar suporte às

novas ações coletivas. Na realidade, a maioria dos que utilizam estas

categorias não esta preocupada com a análise dos movimentos sociais em si,

mas sim com as ações solidárias, o destaque ao empoderamento social, e,

eventualmente, captar os possíveis conflitos sociais (ver GOHN, 2009).

Disto tudo, conclui-se: o leque das abordagens teóricas dos movimentos

sociais é amplo e diversificado, tanto na América Latina como fora dela. Não há

uma mas várias teorias (ver Gohn,2010 b) . E em cada paradigma interpretativo

podemos encontrar também várias teorias. De forma geral observam-se cinco

eixos analíticos nas teorias, a saber:

1- Teorias construídas a partir de eixos culturais, relativas ao processo de

construção de identidades (atribuídas ou adquiridas), onde diferentes

tipos de pertencimentos são fundamentais-a um dado território, grupo

étnico, religião, faixa etária, comunidade ou grupo de interesses etc.

Criam-se vínculos e as ações são frutos de processos de reflexividade-

os sujeitos participantes constroem sentidos e significados para suas

ações a partir do próprio agir coletivo.( Ver Melucci, Touraine, entre

outros ) . A abordagem cultural sobre os movimentos sociais cresceu

neste novo milênio. Fora da América Latina, Johnston e Klandermans já

anunciavam esta tendência em 1995, quando publicaram ― Social

Movements and Culture‖. Ann Swidler, uma das autoras daquela

coletânea associou os movimentos sociais ao desenvolvimento de

inovações culturais, e depois a questão de gênero. Aspectos da

subjetividade, e dimensões da cultura de um grupo ou das pessoas têm

sido os eixos analíticos predominantes neste século. Ou seja- o pós

modernismo tornou-se a abordagem abrangente.

2- Teorias focadas no eixo da Justiça Social que destacam as questões do

reconhecimento (das diferenças, das desigualdades, etc.) e nas

questões da redistribuição (de bens ou direitos, como forma de

compensar as injustiças históricamente acumuladas).As teorias críticas,

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herdeiras da Escola de Frankfurt dão sustentação a estas abordagens.

Exemplos: Axel Honneth, Nancy Fraser (vide Sobotka e Saavedra, 2008)

3- Teorias que destacam a capacidade de resistência dos movimentos

sociais, destacam-se as elaborações sobre o tema da autonomia, das

novas formas de lutas em busca da construção de um novo mundo, de

novas relações sociais não focadas/orientadas pelo mercado, da luta

contra o neoliberalismo. Nesta abordagem critica-se veementemente a

ressigficação das lutas emancipatórias e cidadãs pelas políticas públicas

que buscam apenas a integração social, a construção e produção de

consensos- conclamando para processos participativos mas deixando-

os inconclusos, os resultados sendo apropriados por um só lado- que

detêm o controle sobre as ações desenvolvidas. São as cidadanias

tuteladas, geradas nos processos de modernização conservadora..

Troca-se identidades políticas- construídas e tecidas em longas jornadas

de lutas, por políticas de identidades- tecidas em gabinetes

burocratizados. Na América Latina a CLACSO— Conselho Latino-

Americano de Ciências Sociais — e seus pesquisadores é um bom

exemplo de produção teórica neste eixo, ao fazer o acompanhamento

dos movimentos e políticas sociais e criticar a integração conservadora

em marcha em inúmeros países da América Latina( ver Seoane, Taddei

e Algranati, 2006), Seone (2003), Taddei (2001), Boron e Lechini (2006),

Sader (2005) e Cattani e Cimadamore (2007), Quevedo e Iokoi (2007),

Di Marco e Palomino (2004) . O CLACSO criou um ―Observatório Social

da América Latina‖ (20006 a, 2006b, 2007) para registrar e fazer

avaliações periódicas das lutas e dos movimentos da região. Christian

Adel Mirza (2006), um de seus pesquisadores, analisou os movimentos

sociais da América Latina da perspectiva de novas formas de

dependência que foram construídas com e pelos Estados Unidos, e das

novas relações dos movimentos sociais com o sistema político vigente.

O autor destaca a questão da autonomia como um problema-chave — a

debilidade da autonomia em relação às estruturas de poder, porque

existiria, segundo Mirza, um vínculo histórico entre os movimentos

sociais e os partidos políticos. Do ponto de vista metodológico, Mirza faz

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uma importante contribuição ao analisar a relação entre os movimentos

sociais e os sistemas políticos. Ele investiga nos movimentos o grau de

organicidade, capacidade de proposta, capacidade de mobilizar por

meio de suas convocações, discurso político, grau de autonomia e taxa

de afiliação (número de militantes/participantes ou adeptos dos

movimentos). Essas dimensões são analisadas em perspectiva histórica.

Segundo ele, o fortalecimento dos movimentos sociais não tem sido

possível devido a esta cultura política existente, herdada do século XX.

Concordando com Mirza, citamos o caso da herança do populismo nas

Sociedades de Amigos de Bairros, no Brasil, e o caso do Movimento dos

Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e suas relações com o PT, na

contemporaneidade, assim como os piqueteiros e seus ―panelaços‖ na

Argentina, na atualidade. Acreditamos, entretanto, que esta cultura

política de ―dependência‖ dos sistemas políticos existentes vem desde o

tempo colonial. Touraine já afirmava nos anos de 1980 que ―a

subordinação dos movimentos sociais à ação do Estado constitui a

limitação mais grave de sua capacidade de ação coletiva autônoma‖

(TOURAINE 1989).

4- Teorias Pós Colonial também denominada por alguns como das

racionalidades alternativas. Este grupo inclui autores e pontos de vista da

abordagem anterior. Ele se destaca porque inclui outros autores da Europa,

Estados Unidos etc. Na América Latina ele tem se constituído em um novo

eixo paradigmático. O leque de autores é vasto que vai de Boaventura de

Souza Santos (2006, 2009), Aníbal Quijano (2004), Enrique Dussel (2002,

2005), Walter Mignolo (2003, 2009),Franzé (2009), Spivak et alli(2008), S.

Hall( 2003), P. Gilroy (2004) etc., além de precursores como F. Fanon (1968),

Orlando Fals Borda (1986), H. Bhabha (1994), E. Said etc. além de

formuladores da teoria da dependência, como André Gunder Frank, Enzo

Faletto, F.H.Cardoso etc.. Este enfoque recupera na formação histórica da

América Latina a matriz do poder colonial no século XVI. Destaca que a

fundamentação deste poder está no controle do conhecimento , fazendo deste

controle as bases do domínio político, econômico, cultural e social. Com isto, o

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saber dominante, colonial, desqualificou-se outros conhecimentos e saberes

que não o do colonizador, europeu, do hemisfério Norte, advindo dos brancos

etc. Com isto, o problema central da América Latina seria a descolonização

do saber e do ser (enquanto repositório de práticas e valores que mantém e

reproduzem subjetividades e conhecimentos), saberes estes que ―são mantidos

por um tipo de economia que alimenta as instituições, os argumentos e os

consumidores (Mignolo, 2009:254). Na mesma linha de argumentos Sirvent

(2008) afirma que um dos grandes problemas sociais contemporâneos é: o

fenômeno da naturalização da injustiça, a exploração e a pobreza nas mentes

da população, inibindo o desenvolvimento do pensamento crítico. Com isto, o

poder dominante foi se transformando em nosso sentido comum.Sirvent

preconiza a necessidade de se construir poder por meio do conhecimento e

isto implica em ‗construir categorias para pensar a realidade que possam gerar

ações de mobilização coletiva em confrontação com os significados que

desmobilizam e paralizam ―(Sirvent, 2008:22). Dussel (2002), contribui para

novos olhares sobre os movimentos sociais ao analisar uma pedagogia crítica

que contribui para a emancipação dos oprimidos, numa abordagem que une

Paulo Freire, a Escola de Frankfurt-especialmente Marcuse, análises de Freud,

Nietzsche e Lévinas, etc. para criar uma Ética da Libertação a partir da

construção da identidade das vítimas. A ética da libertação realiza-se com a

consciência ética de ser vítima, ela se transforma em sujeito pela comunidade

O comunitarismo e o neocomunitarismo é um veio analítico utilizado em

algumas vertentes das teorias da descolonização.

5- Teorias que canalizam todas as atenções para os processos de

institucionalização das ações coletivas. Preocupam-se com os vínculos e redes

de sociabilidade das pessoas, assim como o desempenho das pessoas em

instituições, organizações, espaços segregados, associações etc. O paradigma

teórico que embasa toda a elaboração / construção e desenvolvimento desta

abordagem baseia-se nas teorias da privação social, desenvolvidas

inicialmente, entre outros, pelos interacionistas simbólicos no início do século

XX. Na atualidade são influenciados por Tarrow (1994,2005, 2007), MacAdam,

McCarth e Zald(1996) etc. Observa-se também a utilização da abordagem

desenvolvida por Charles Tilly (2005, 2007) , nos Estados Unidos, e muito

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difundida também na Inglaterra, sobre as disputas políticas- “contentious

politics”.

O uso destas teorias esta presente, de forma explícita ou não, nas redes

temáticas de pesquisas que se formaram ou se adensam na última década.

Entretanto, o tema dos movimentos sociais deixa de ser objeto de pesquisa

apenas da academia. ONGs e outras entidades do terceiro setor, assim como

entidades do poder público administrativo, iniciam pesquisas empíricas sobre

alguns movimentos sociais a fim de obter dados para seus planos e projetos de

intervenção na realidade social. Elas também patrocinam cursos, seminários e

encontros de movimentos sociais com estudiosos e pesquisadores. Vários

estudos desta produção é de natureza estratégica instrumental — visa,

prioritariamente, informar as ações de intervenção junto a grupos organizados

(ver TORO 2007), mas se constitui numa grande fonte de dados para a

pesquisa. A revisão ou retomada de uma reflexão sobre os movimentos

populares das décadas de 1970 e 1980 aparece em estudos de intelectuais e

assessores dos movimentos naquele período, sendo também uma grande fonte

de memória e registro histórico, a exemplo de Wanderley (2007).

No campo das ferramentas teórico-metodológicas do trabalho empírico, de

campo, uma das tendências que está ganhando corpo nesta década é a de

realizar estudos sobre trajetórias de lideranças-especialmente de movimentos

com maioria de mulheres. O único problema neste tipo de investigação, que é

relevante e há grandes lacunas a respeito, é que as teorias que tem

fundamentado estas investigações tomam os indivíduos, com suas trajetórias e

histórias de vida, como unidades isoladas, preocupando-se pouco ou quase

nada, com o movimento ou ação coletiva do qual fazem parte. Não há também

contextualização histórica do período em análise. Resultam estudos que

glorificam as histórias de vida, os personagens, caracterizados como grandes

líderes, transformam-se em heróis e heroínas, que venceram as adversidades

da vida e ―chegaram lá‖ . Empoderaram-se é o termo mais utilizado, usando

uma categoria típica das novas políticas sociais neoliberais. A moral é que

qualifica estas lideranças, são consideradas virtuosas por qualidades pessoais-

vai lá, faz, etc. A formação ou erudição em uma área do conhecimento-não

importa. O individualismo pragmatista é o que se destaca. A identificação entre

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os membros da comunidade local com estas lideranças é feita por esta teia de

sentimentos e interesses concretos imediatos- continuar na lista dos cartões ou

bolsas, por exemplo, e não por alguma causa ou ideal coletivo. Não há

deliberações conscientes. Há tomadas de posições estratégicas e utilitaristas.O

uso da metodologia dos grupos focais também passa a ser bastante

preconizado, nas pesquisas que destacam mais as trajetórias dos indivíduos,

do que a história da ação coletiva dos grupos , associações e movimentos

sociais.

O mexicano Rafael R. Alvarez (2000), na contramão da grande maioria

dos pesquisadores, que deixam de lado a dimensão do político em seus

estudos, irá analisá-la constituição da identidade do sujeito. Para ele, a

constituição do sujeito social se dá a partir do lugar que ele ocupa no social, no

político, no cultural e no espaço simbólico de outros sujeitos. Ele destaca a

importância dos projetos sociais na constituição do sujeito, não como algo

pronto, mas sim processual e tensionado pelas diferenças entre os atores de

uma ação coletiva organizada como movimento social. Projeto social é

entendido aqui como o projeto político-ideológico de um grupo, explicitado ou

não.

A apropriação de conhecimentos e a experiência dos sujeitos são à base

da prática política que irá nos explicar a construção dos projetos. Da mesma

forma, a cultura política vigente não é dada pronta ou preexiste, bastando

encaixar-se na realidade de um grupo. Ela também é gerada no processo a

partir dos valores que vão sendo assumidos como básicos do grupo e pelo

grupo. Não há, portanto, nada intrínseco, pré-dado. As construções são

relacionais, ainda que as estruturas maiores existam a priori, antes das ações.

Mas elas vão se modificando com as ações. Um movimento social com certa

permanência é aquele que cria sua própria identidade a partir de suas

necessidades e seus desejos, tomando referentes com os quais se identifica.

Ele não assume ou ―veste‖ uma identidade pré-construída apenas porque tem

uma etnia, um gênero ou uma idade. Este ato configura uma política de

identidade e não uma identidade política. O reconhecimento da identidade

política se faz no processo de luta, perante a sociedade civil e política; não se

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trata de um reconhecimento outorgado, doado, uma inclusão de cima para

baixo. O reconhecimento jurídico, a construção formal de um direito, para que

tenha legitimidade, deve ser uma resposta do Estado à demanda organizada.

Deve-se tratar a questão da identidade em termos de um campo relacional, de

disputas e tensões, um processo de reconhecimento da institucionalidade da

ação, e não como um processo de institucionalização da ação coletiva, de

forma normativa, com regras e enquadramentos, como temos observado nas

políticas públicas no Brasil na atualidade.

O movimento social, enquanto um sujeito social coletivo, não pode ser

pensado fora de seu contexto histórico e conjuntural. As identidades são

móveis, variam segundo a conjuntura. Há um processo de socialização da

identidade que vai sendo construída. Compartilhamos a idéia de Hobsbawm

quando afirma que as identidades são múltiplas, combinadas e

intercambiáveis. Ao contrário da política de identidades construídas pelo alto,

usualmente de forma homogênea (nos termos criticados por Fraser, 2001), a

identidade política dos movimentos sociais não é única, ela pode variar em

contextos e conjunturas diferentes. E muda porque há aprendizagens, que

geram consciência de interesses. Os sujeitos dos movimentos sociais saberão

fazer leituras de mundo, identificar projetos diferentes ou convergentes se

participarem integralmente das ações coletivas, desde seu início, geradas por

uma demanda socioeconômica ou cultural- relativa ao não pelo simples

reconhecimento no plano dos valores ou da moral.

A grande mudança observada nos estudos sobre as políticas de parceria do

Estado com a sociedade civil organizada está na direção do foco central da

análise: do agente para a demanda a ser atendida. Reconhecem-se as

carências e busca-se superá-las de forma holística. Olhares multifocais que

contemplam raça, etnia, gênero, idade etc. passam a ser privilegiados. O

sujeito coletivo se dilacera, fragmenta-se em múltiplos campos isolados.

Sozinhos, estes múltiplos sujeitos não têm força coletiva, e o ponto de

convergência entre eles é o próprio Estado. A interação do Estado por meio da

ação de seus governos se faz mediante uma retórica que retira dos

movimentos a ação propriamente dita (ver também Burity, 2006). Ela se

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transforma em execução de tarefas programadas, tarefas que serão

monitoradas e avaliadas para que possam continuar a existir. A

institucionalização das ações coletivas impera no sentido já assinalado-como

regulação normativa, com regras e espaços demarcados e não como um

campo relacional de reconhecimento. A possibilidade da emancipação fica

confinada aos espaços de resistência existentes. Há uma disputa no processo

de construção da democracia, em seu sentido-integrador versus emancipador.

(ver também Dagnino, Olvera e Panfichi, 2006). Resta o consolo de que, a

médio ou longo prazo, isto gera aprendizado sociopolítico para os movimentos

sociais e contribui para a construção de valores, vindo a desenvolver uma

cultura política alternativa ao que está posto. Há indicações a este respeito

quando entidades como a ABONG-Associação Brasileira de ONGs indaga: ―.

1. Conferências e conselhos participativos têm de fato democratizado o

exercício do poder, incluindo mais segmentos sociais e pontos de vista nos

debates e nas decisões sobre temas de interesse público?

2. Conferências e conselhos têm conseguido ampliar os direitos, melhorar a

distribuição dos recursos da sociedade (renda, terra, oportunidades etc.),

melhorar os serviços públicos e proteger o meio ambiente?

3. Será possível estender os processos participativos e de controle social

também para o âmbito das políticas econômicas, que permanecem ainda

bastante impenetráveis, territórios exclusivos de burocratas e especialistas, dos

lobbies dos grandes grupos econômicos privados?

4. Estarão esses espaços de participação se tornando mecanismos

modernizados de retomar velhas práticas clientelistas, de cooptação e controle

de movimentos populares, sindicatos, ONGs ou outros grupos potencialmente

críticos aos governos?

5. A participação em conferências e conselhos vem afastando as ONGs de

suas atividades de mobilização e formação política de grupos e movimentos de

base?

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A ABONG responde no mesmo boletim

“...a mobilização e formação política da sociedade são, de fato, tarefas

importantes que ONGs, sindicatos e movimentos sociais devem realizar de

forma cada vez mais forte. A participação nos espaços institucionais, porém,

não é uma alternativa aos trabalhos na base da sociedade. Pelo contrário,

criam oportunidades excelentes de formação política de grupos de base e da

população em geral, com a discussão de temas relevantes e explicitação

das posições dos vários grupos de interesse. Além disso, as conferências e

os conselhos certamente se fortalecem se há processos de mobilização

social respaldando suas proposições” (Boletim ABONG, no 467, Julho de

2010, grifo nosso).

Notas Finais

No plano da produção de conhecimento sobre os movimentos sociais,

análises fundadas nas narrativas que estabeleciam uma clara conexão entre

classes sociais e movimentos sociais, e a centralidade da classe operária como

sujeito fundamental das transformações sociais, reduziram-se em toda a

América Latina neste novo milênio. O exame da literatura a respeito nos revela

um crescimento das análises que ampliam o espectro dos sujeitos em cena,

antes circunscrito ao movimento operário e aos movimentos sociais das

camadas populares no local de moradia. Alguns autores passam a falar de

sujeitos no plural, a exemplo de Rauber quando afirma ― em Latinoamérica no

existe hoy ningún actor social, sociopolítico que pueda por si solo erigirge em

sujeto de lãs transformación; este resulta necessariamente um plural-articulado

que se configura y expresa como tal sujeto em tanto sea capaz de

interarticularse, constituyéndose em sujeto popular‖ (Isabel Rauber, 2003: 58).

Movimentos sociais de outras camadas- como os ambientalistas ou as

mulheres das camadas médias, focalizam outros atores sociais na cena

pública, como os que atuam nas ONGs. Esta mudança de foco levou muitos

analistas a abraçarem abordagens que se preocupam com as formas de

organizar a participação e a mobilização social, numa linha próxima às teorias

norte-americanas da mobilização política e estruturas de oportunidades

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organizativas. Mas teorias críticas a exemplo das que tem sido elaboradas pela

CLACSO, ou entre os intelectuais que titulam sua produção como ―contra o

neocolonialismo‖ tem se constituído em um novo eixo paradigmático, unindo

pesquisadores de vários países, do Sul e do Norte do globo, originários de

diferentes matrizes teóricas. A grande tarefa destes intelectuais é não ficar nos

desenhos e modelos analíticos e enfrentar os desafios postos pela ação dos

movimentos e organizações sociais concretas, produzindo reflexões que

responda a indagações como as colocadas pela ABONG, citadas logo acima,

neste texto.

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