Maria Dolores Sales de Araújo Bacelar · conselho do querido amigo dos gentios: “Tudo me é...

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PROIBIDA A VENDA Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” – Ano 13 – nº 115 – Maio/2012 Distribuição Gratuita Neste mês Mãe Silêncio A Beneficência A Imagem de Jesus Orientação dos Filhos Gravidez na Adolescência Livros: Diálogo dos Vivos; A Vida Escreve Maria Dolores Sales de Araújo Bacelar

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Page 1: Maria Dolores Sales de Araújo Bacelar · conselho do querido amigo dos gentios: “Tudo me é lícito, ... Segundo o Espiritismo”, no capítulo XIV, item 9: “Compreendei, nesse

PROIBIDA A VENDA

Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” – Ano 13 – nº 115 – Maio/2012Distribuição Gratuita

Neste mêsMãeSilêncioA BeneficênciaA Imagem de JesusOrientação dos FilhosGravidez na AdolescênciaLivros: Diálogo dos Vivos; A Vida Escreve

Maria Dolores Sales de Araújo Bacelar

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Um apelo à vida! Vida, oportunidade bendita de evolução moral e intelectual do Espírito! “Que todos tenham direito à vida” é a frase que todos nós necessitamos fazer refletir nos meios em que vivemos. Em tempos de discussão sobre o aborto dos chamados ‘anencéfalos’, cumpre-nos ter a coragem de fazer o bem, de nos posicio-narmos em defesa da vida de um irmão nosso que precisa, como todos nós, da chan-ce de reencarnar pelo tempo que Deus considerar necessário. Contudo, é importante que conheçamos mais, que nos instruamos, para defendermos a vida.

Em primeiro lugar, entendamos que o próprio termo ‘anencéfalo’ apresenta um equívoco: ‘encéfalo’, segundo a Terminologia Anatômica Internacional, compreende o tronco encefálico, o cerebelo, o diencéfalo e o cérebro, não sendo, portanto, sinônimo de cérebro. Um feto que fosse realmente anencéfalo apresentaria a cavidade crania-na completamente oca, o que não é o caso desses fetos, que apresentam sim um problema físico, mas que é, na realidade, uma malformação do cérebro e da caixa craniana. Ainda que essa malformação apresente vários graus de complexidade, em todos os casos está presente a glândula pineal, centro de ligação do perispírito com o corpo físico. Há formação de órgãos, respiração, batimentos cardíacos! Ou seja, não há dúvidas de que esse corpo em formação está ligado a um Espírito que, por razões as quais não nos compete discutir, necessita refazer seu perispírito pelo tem-po que lhe for possível: horas, dias, semanas, meses e, até mesmo, alguns anos. Há, portanto, vida! E mesmo que esse pequeno ser não venha a nascer, como acontece em muitos casos, o tempo em que ele ficou ligado ao útero materno, recebendo as vibrações de amor da mãe e dos familiares, lhe é extremamente benéfico. Ele se sente acolhido, amado!

É importante sabermos também que, ainda que a mãe, em muitos casos, corra risco de morte na gestação desse feto, por problemas ocasionados por pressão alta, aumento do líquido amniótico, entre outros, os quais, é bom esclarecermos, não são exclusivos da gravidez de um anencéfalo, podendo ocorrer até em casos de fetos nor-mais, atualmente, com um acompanhamento médico adequado, é possível minimizar esses riscos, permitindo que a gravidez complete os nove meses e assim o reencarne desse Espírito.

Aos pais dessa criança, compete-nos lembrar que não há castigo divino em gerar um filho com uma deficiência - qualquer que ela seja - há sim um compromisso assu-mido com esse Espírito, um compromisso de amor, renúncia e abnegação que Deus, em Sua infinita Misericórdia, lhes confiou. Tenham a coragem, pois, de seguir adiante, de amar esse filho, ainda que a lei dos homens lhes outorgue a infeliz opção de tirar--lhe a vida. É aí que reside a abençoada lei divina do livre-arbítrio, mas também o conselho do querido amigo dos gentios: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém” (I Coríntios, 6:12).

O apelo à vida cala fundamente em nós ao nos recordarmos o que diz “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo XIV, item 9: “Compreendei, nesse momento, o grande papel da Humanidade! Compreendei que quando gerais um corpo, a alma que nele se reencarna vem do mundo espiritual para evoluir. Inteirai-vos de vossos deveres e colocai todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus. Esta é a missão que vos foi confiada e recebereis a vossa recompensa se a cumprirdes fiel-mente.” A opção, pois, pela porta larga do aborto nos fará ouvir a voz do Criador da Vida: “Que fizeste da criança que confiei à vossa guarda?”.

Que todos nós tenhamos assim a coragem de empunharmos a bandeira em favor da vida por todos aqueles que ainda não têm voz para se defender! Que levemos o esclarecimento a nossos amigos, colegas, vizinhos quanto ao falso conceito de que o feto anencéfalo não tem vida! Que amparemos com muito amor essa mãe e esse pai que assumiram o compromisso de gerar o corpo desse bebê e de acolhê-lo em sua família! E que Jesus nos abençoe nessa luta!

Equipe Seareiro

Editorialeditorial

ÍNDIC

E

Publicação MensalDoutrinária-espírita

Ano 13 – nº 115 – Maio/2012Órgão divulgador do Núcleo de

Estudos Espíritas “Amor e Esperança”CNPJ: 03.880.975/0001-40

Inscrição Estadual: 146.209.029.115

Seareiro é uma publicação mensal, destinada a expandir a divulgação da Doutrina Espírita e a manter o intercâmbio entre os interessados em âmbito mundial. Ninguém está autorizado a arrecadar materiais em nosso nome, a qualquer título. Conceitos emitidos nos artigos assinados refletem a opinião de seu respectivo autor. Todas as matérias podem ser reproduzidas, desde que citada a fonte.

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E-mail: [email protected] Editorial

Cladi de Oliveira SilvaFátima Maria Gambaroni

Geni Maria da SilvaReinaldo Gimenez

Roberto de Menezes PatrícioRosangela Araújo Neves

Rosane AmadoSilvana S.F.X. Gimenez

Vanda NovickasWilson AdolphoWilliam Amado

RevisãoConselho Editorial

Jornalista ResponsávelEliana Baptista do Norte

Mtb 27.433Diagramação e Arte

Reinaldo GimenezSilvana S.F.X. Gimenez

William AmadoImagem da Capa

http://www.espiritualidades.com.br/img_2011_2sem/dolores_bacelar_01.jpg

ImpressãoVan Moorsel, Andrade & Cia LtdaRua Souza Caldas, 343 – Brás

São Paulo – SP – (11) 2764-5700CNPJ: 61.089.868/0001-02

Tiragem12.000 exemplaresDistribuição Gratuita

Grandes Pioneiros: Maria Dolores Sales de Araújo Bacelar - Pág. 3Família: Orientação dos Filhos - Pág. 11Pegadas de Chico Xavier: Flores do Coração - Pág. 12Clube do Livro: Diálogo dos Vivos - Pág. 12Trabalhos da Casa: Grupo de Gestantes - Pág. 13Atualidade: Prenúncios! - Pág. 13Kardec em Estudo: A Beneficência - Pág. 14Tema Livre: A Imagem de Jesus - Pág. 15Canal Aberto: Gravidez na Adolescência - Pág. 15Livro em Foco: A Vida Escreve - Pág. 16Cantinho do Verso em Prosa: Silêncio - Pág. 16Contos: O Burro de Carga - Pág. 17Homenagem: Mãe - Pág. 19Aconteceu: VII Semana de Allan Kardec, Núcleo de Estudos Espíritas “Amor E Esperança” - Pág. 19

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Grandes Pioneirosgrandes pioneiros

Maria Dolores Sales de Araújo Bacelar

Marco zero da cidade de Recife - Pernambuco Catedral de São Sebastião, Ilhéus - Bahia

3Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

Desde épocas remotas, a Doutrina Espírita e seus segui-dores eram perseguidos por diversas formas de preconceitos, estabelecidos pelos religiosos, líderes e propagadores de suas crenças e influentes nas interpretações sobre a Lei de Deus.

Os defensores e frequentadores dos Centros Espíritas eram considerados loucos ou endemoniados, isto é, regidos pelo demônio.

Mas, os fieis estudiosos da Doutrina Espírita encontravam, no Evangelho de Jesus, ânimo renovado para vencer a luta do Bem contra o Mal. E, através da persistência, essas bar-reiras foram deixando de existir, graças aos grandes médiuns cuja reencarnação permitiu a manifestação, pelas obras psi-cografadas ou psicofônicas, com mensagens esclarecedoras sobre a continuidade da Vida e vieram trazer o consolo e a esperança aos mais sofridos.

As obras básicas da Doutrina surgiram através do Codifi-cador Allan Kardec, não deixando dúvidas de que o Espírito é eterno.

E, como servidores do Cristo, muitos Espíritos reencar-naram com missões importantes, dando sequência à obra de esclarecimento, já começada desde a vinda de Jesus à Terra. Mas, ser médium não significa ser Espírita, porque, de certa forma, o ser humano, seja ele quem for, desempenha qualidades que os fazem diferentes uns dos outros, pelo modo de agir, de falar e até pelas religiões que professam.

O médium espírita, quando tem sua mediunidade aflorada e buscando, no estudo, aprimorar sua relação com o Mundo Espiritual, poderá ser mais um tarefeiro da Seara do Cristo, atento às palavras de Jesus, contidas em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: Buscai e Achareis.

E, nesse contexto de que a mediunidade não é privilé-gio de ninguém, encontramos o nome de uma servidora do Bem, que buscando com sua humildade os acontecimentos estranhos à sua fé, como católica convicta, sente o desa-brochar espontâneo de sua mediunidade psicográfica. Isto é, sua mão, em contato com o lápis e o papel, deslizavam rapidamente numa escrita de pensamentos que reconhece não serem seus.

Seu nome: Dolores Bacelar.Nascida em Pernambuco, estado do Brasil, no dia 10 de

novembro de 1914, filha do senhor Heitor de Araújo e dona Maria Augusta Sales Araújo, que a batiza-ram com o nome de Maria Dolores Sales de Araújo, acrescido Bacelar depois de seu

casamento com Luiz Gonzaga da Silveira Bacelar.Maria Dolores reencarnou numa família muito ligada ao

catolicismo, por isso sua criação foi formada com profundos vínculos à igreja católica, sob a guarda educacional do tio, Monsenhor Francisco Apolônio Jorge Sales, que a enca-minhou a estudar, por seis anos, num colégio dirigido pela Irmandade das igrejas centrais de Pernambuco.

Por essa época, Dolores, como todas as meninas, após os estudos de alfabetização, eram educadas para saber dirigir um lar, isto é, eram preparadas para o casamento.

No caso de Dolores, se ela tivesse vocação para ser freira iria para um convento, onde muitas de suas tias estavam. Mas, a jovem não demonstrava pendores para tanto. Apren-deu a ter o hábito de uma boa leitura, porque seu pai fazia questão que ela e seus irmãos fossem adeptos de bons livros.

Apresentada numa certa ocasião a um cantor de nome Luiz, conhecido no meio radiofônico como o “cantor da voz di-ferente” pelo timbre vocal, Dolores apaixonou-se. Ele também ficara encantado com o jeito elegante e simples de Dolores e, em breve, o namoro começou.

Luiz era nascido em Pernambuco, mas com a morte do pai, o senhor Amphilóphio Carolino Bacelar, a necessidade o fez ir à procura de trabalho, mudando-se, então, com sua mãe, dona Arlinda Porto da Silveira Bacelar, para o Recife.

Contava ele à jovem que a sua afinidade com o canto o levou a participar de um programa radiofônico da cidade. E a sorte lhe reservou a alegria de trabalhar como cantor, sendo contratado pela rádio. Com sua persistência e amor pela arte, tornou-se conhecido e popularizado como “o cantor da voz diferente”.

Dona Arlinda, sua mãezinha tinha o filho como seu ídolo. Era seu eterno orgulho e dele não se desligava em momento algum.

Durante o período de namoro, Dolores foi se afeiçoando a Luiz. E, para que ela o conhecesse melhor, ele contou em detalhes a sua vida. Dizia que seu pai era de família abas-tada, residente na Bahia de Todos os Santos, mais propria-mente em Ilhéus, Estado da Bahia. Estudou e formou-se em contabilidade em Recife.

Já formado, conheceu dona Arlinda e pouco tempo depois casaram-se e ficaram morando em Recife. Nasceu sua irmã-zinha, de nome Luiza, de quem ele, Luiz, só conhecia o que sua mãe contara da sua rápida passagem na Terra, porque com alguns meses de vida foi acometida de

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uma violenta desidratação e veio a mor-rer, embora todos os recursos médicos aplicados.

Imensa dor abateu-se sobre o casal e seu pai, o senhor Amphilóphio, não supe-rando o acontecimento, com muita revolta em seu coração, é acometido de violento surto; vai até a capela existente no fundo de sua casa e quebra todas as imagens dos santos, o altar ali construído e tam-bém a própria capela. Após esse fato, é vitimado por um colapso e morre quatro dias depois. Dona Arlinda fica viúva e so-zinha para criar o filho que havia nascido e estava com poucos meses de vida.

Luiz contava a dura realidade de sua mãe, ainda jovem, mas tendo que enfren-tar todos os preconceitos, para trabalhar e criá-lo com decência, embora as dificul-dades financeiras.

Dolores ouvia atentamente os relatos do moço, por quem começara a simpa-tizar, pela simplicidade e domínio de seu caráter digno e respeitoso. Comovida indagou:

— E o que foi feito do cantor?— Estou buscando novos rumos, — respondeu Luiz, pros-

seguindo — agora mesmo estou de partida para o Rio de Janeiro. Lá é que poderei me profissionalizar, se aceito como cantor, embora essa profissão ainda não exista, mas será o melhor rumo para a minha carreira. Sonho em me apresentar na Rádio Nacional. Há outras rádios, como a Mayrink Veiga, a Rádio Tupi... vou tentar...

Dolores segue o assunto, animando o rapaz para ir ao encontro de seus ideais.

Luiz sentiu-se atraído pela doce presença de Dolores. Num ímpeto, pegando-lhe as mãos, falou apaixonado:

— Irei, pensando no futuro, que seja pródigo, porque quero retornar para firmar nosso compromisso de amor eterno. E, olhando fixamente o rosto de Dolores, perguntou-lhe:

— Você quer aceitar o meu pedido de casamento? Pro-meto-lhe que logo estarei de volta, pois a saudade não me deixará em paz.

Dolores, surpresa, mas sentindo o forte pulsar de seu jo-vem coração, aceita emocionada o pedido de casamento. E, num abraço afetuoso, Luiz parte, após aquele apaixonado encontro, para definir sua vida futura.

O tempo passa. Luiz encontra a fama tão desejada como cantor. A imprensa e a crítica elogiam o seu diferente modo de cantar. O público o aplaude a cada apresentação e Luiz,

embora contente com o sucesso, não se sente feliz.

O desejo de estar perto de Dolores era maior que o sonho realizado. Mas, seu salário era pouco. Assim pensando, foi à procura do tio, o senhor Alberto Porto da Silveira, tabelião, resi-dente no Rio de Janeiro. Este prontificou-se a arranjar-lhe um emprego, o que logo aconteceu.

Seu Alberto ficou satisfeito em colaborar para que a felicidade do sobrinho se realizasse.

Abandonando a carreira de cantor, Luiz voltou a Pernam-buco, para ficar eternamente ao lado de seu amor. A alegria de Dolores ao vê-lo foi imensa e, logo após o reencontro, as bo-das se concretizaram, com muito gosto, entre os familiares.

O casal, após as festividades do feliz enlace, viajou para o Rio de Janeiro, onde iriam construir o novo rumo de suas vidas.

A adaptação no Rio de Janeiro levou Luiz a deixar a car-reira de cantor e a trabalhar somente no emprego que seu tio havia arrumado, porém, as despesas eram muitas e o aluguel da casa em que residiam, em Vicente de Carvalho, onerava bastante seu salário.

Católicos praticantes, imbuídos na fé, esperavam a melho-ra em suas vidas, ainda cheias de dificuldades.

A chegada dos dois primeiros filhos do casal foi de grande contentamento. Porém, o primogênito, ainda pequenino, veio a contrair a paralisia infantil. A época foi de muito sofrimento.

Dolores tinha que cuidar da recém-nascida filhinha; e o temor de que primeiro filho ficasse paralítico davam-lhe muita insegurança. Mas, de corações unidos e orações profundas levadas a Deus, sem esmorecerem, conseguiram salvar o menino.

A vida seguiu seu rumo.Tempos depois, Dolores tem a frente uma nova gravidez,

porém de alto risco, segundo o médico que a tratava. Este, em conversação com o casal, aconselhou o aborto, explican-do que tanto a vida de Dolores como a da criança estavam em perigo de morte. Dolores, de imediato, rejeitou a ideia. Acontecesse o que tivesse que acontecer, sua fé em Deus a levaria a ter o bebê, mesmo que não vivesse; porém a vida de um ser, que Deus lhe confiara, jamais seria exterminada.

Não se deixando abater, e com as preces a Jesus, em meio a todos esses acontecimentos, a vida para eles tomava novos rumos na parte monetária.

Luiz conseguira um ótimo emprego, como gerente de com-pras do Hotel Quitandinha, em Petrópolis. Embora o novo ânimo, com a diminuição das preocupações financeiras, a situação com respeito à gravidez de Dolores, estava prestes a chegar ao fim.

Chegada a hora do parto. Muita tristeza, porque Luiz não queria acreditar na expressão do médico, após o parto.

Dolores, comunicava o clínico, havia morrido ao dar a luz.Chorando atônito, Luiz acompanha o corpo de sua esposa

ao necrotério, coberta por um lençol e tendo, à sua cabeceira, uma vela acesa.

Passado algum tempo, diante das pessoas que ali se en-contravam, para espanto de todos, Dolores abre os olhos e levantando a cabeça, pergunta aflita:

A Rádio Nacional ocupa os três últimos andares do edifício ‘A Noite’ na Praça Mauá - Rio de Janeiro

Hotel Quitandinha - Petrópolis - Rio de Janeiro

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— Onde está meu filho, ele está bem?Apesar do susto, Luiz corre a ampará-la e, abraçando-a,

chorando diz que é um belo menino e que ele está muito bem.Levada para ver o filho e já refeita, Luiz, passando as mãos

em seus cabelos, lembrou-se de que Dolores havia lhe falado sobre a promessa que fizera a São Judas Tadeu: “que se a criança se salvasse, a promessa seria cumprida”.

Diante disso ele perguntou à esposa:— Dolores, agora que você e o bebê estão salvos, posso

saber qual foi a promessa feita ao Santo de sua devoção?Dolores sorrindo, respondeu:— Você sabe Luiz, que, em todos os problemas para os

quais não encontro solução, procuro aconselhar-me com meu tio, Monsenhor Francisco Apolônio, que sobretudo é meu confessor e pai.

Após narrar-lhe as minhas aflições, ele me recomendou confiar em São Judas Tadeu, o “santo das causas impossí-veis”.

Assim o fiz; e a promessa seria de que nosso filho recebe-ria o nome de Rômulo Tadeu de Araújo Bacelar, em homena-gem a quem, após Deus, lhe concedeu a vida.

O cuidado para com a família era a razão de viver para Dolores. Os afazeres domésticos não lhe permitiam perceber a mediunidade que desabrochava entre a clarividência e o seu potencial intuitivo. Ao atravessar a rua, por exemplo, era comum ela assustar-se com transeuntes desencarnados que avançavam entre os carros sem serem atropelados. Ela confundia-os com os encarnados.

Mas, sem conhecimento sobre o Espiritismo, ela rezava, pedindo ajuda, pois tinha medo dessas alucinações.

Tempos depois, a família passou por outro abalo. Por um decreto lei, do Presidente da República, na época o senhor Eurico Gaspar Dutra, general católico e profundo seguidor das orientações do Vaticano, veio a proibir o jogo no Brasil. Esse decreto desnorteou as muitas casas noturnas e suas atividades. Muitas pessoas sofreram o desemprego e, entre esses, Luiz Bacelar.

Porém, pelo procedimento de Luiz no trabalho, era ele considerado, pelo dono do Quitandinha, como o melhor fun-cionário, sempre responsável e honesto.

Com isso, o senhor Joaquim Rola, dono do estabelecimen-to, colocou-o num escritório de finanças, no Rio de Janeiro. Claro ficou que seu salário não seria o mesmo, receberia menor valor, mas Luiz ficou satisfeito, porque continuaria a sustentar a família.

Os familiares por parte de Dolores, principalmente uma de suas irmãs, que era casada com um advogado e também jornalista e escritor, o senhor Alberto Fagundes, preocupada com a situação da irmã, pediu ao marido, Alberto, que era bem relacionado no Rio, que ajudasse o cunhado a ter um emprego, que lhe fornecesse um melhor rendimento, para a educação dos filhos.

Alberto sabia que Luiz poderia exercer um trabalho onde ele fosse melhor aproveitado, pois tinha capacidade para tan-to. Sabendo que o Diário de Notícias estava a procura de um diretor para dirigir o departamento de circulação, conseguiu empregá-lo com um ótimo salário.

E Luiz trabalhou por vinte e cinco anos nesse jornal, até a sua extinção. Depois, ele passou a trabalhar na CAPEMI, onde se aposentou.

A senhora Arlinda, mãe de Luiz, residente em Recife, nunca se acostumara com a ideia do filho ir morar tão distante de seu convívio. Por esse motivo, ela se mostrava arredia com o casamento de Luiz. Culpava Dolores por lhe ter roubado o filho amado.

Num determinado dia, ela sofreu um mal súbito e veio a desencarnar.

No Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro do Leme, onde a família Bacelar residia, Dolores fazia suas atividades domésticas, quando sentiu uma vertigem e perdeu os senti-dos. Por sorte ela não estava só, a faxineira estava a ajudá-la e, assustada, correu a socorrer a patroa.

Dolores, para surpresa da faxineira, começou a falar estra-nhamente, com os olhos arregalados e agitada, gritando pelo filho, dizendo várias vezes: “onde está ele... onde está ele?”

A pobre faxineira não entendia que Dolores estava me-diunizada.

A notícia da morte de dona Arlinda ainda não havia che-gado até eles, mas, mediunicamente, ela se manifestou, procurando por Luiz.

Mas isso só foi esclarecido depois, porque naquele mo-mento a faxineira chamou pelo senhor Vieira, o vizinho, que por acréscimo da Providência Divina, era um estudioso da Doutrina Espírita e frequentador do Centro Espírita, onde desenvolvia a sua fé cristã.

Seu Vieira, assim conhecido, ao se deparar com o quadro, concluiu tratar-se de um fenômeno mediúnico. Aproximou-se da médium e, serenamente, orou, pedindo a ajuda do Plano Espiritual Superior para aquela entidade sofredora. Após, levantando as mãos sobre a cabeça de Dolores, envolveu--a com todo amor. Paulatinamente, o Espírito se aquietou, deixando lágrimas rolarem nas faces de Dolores.

Aos poucos, ela voltou a ter o domínio de sua mente. E vendo seu Vieira, a quem pouco conhecia aos seu lado, per-gunta, assustada:

— Que houve?... estou zonza... por acaso tive um mal estar...

Seu Vieira, calmo como sempre, olhando-a esclarece:— Na verdade, senhora, o seu problema não é físico. A

Rio de Janeiro - 1961

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senhora é médium e, para sua tranquilidade, aconselho-a a procurar um Centro Espírita, e com urgência, estudar a Doutrina Espírita. Procure ler as obras de Allan Kardec e logo entenderá o que a senhora teve. Essa é a forma pela qual Deus permite despertar as criaturas, para desenvolver a tarefa que lhe é atribuída, para o refazimento dos débitos assumidos nas reencarnações passadas.

Dolores ficara confusa, afinal ela sempre fora católica e agora ouvia falar em mediunidade... procurar um Centro Es-pírita... como poderia renegar sua fé? Como deixar de ser católica?

Em meio a tudo isso, Luiz, avisado pelo filho mais velho, que, não entendendo nada do que vira e ouvira, de imediato o chamou, rapidamente pede dispensa do trabalho e chegou no momento em que Dolores se mostrava aflita e agitada, tentando contar-lhe o que sentira.

Depois de breve conversação com seu Vieira, ficando a sós, Luiz combina com a esposa de procurarem um Centro Espírita, como seu Vieira recomendara.

Afinal, pensava Luiz, ele lhe parecera ser um homem ín-tegro e muito sensato nas orientações que dera a ambos.

Dias depois, através de uma carta vinda de Recife, os parentes de Luiz avisavam sobre o desencarne de sua mãe, dona Arlinda, vítima de um mal súbito. Essa notícia chegou, na mesma ocasião indicada na carta, em que Dolores teve a manifestação do Espírito, que procurava pelo filho. Luiz entendera pelos fatos ocorridos, que poderia ter sido sua mãezinha, querendo vê-lo, antes de morrer.

Dolores continuava a sentir os pensamentos que, para ela, eram de profunda perturbação. Já haviam buscado muitos lo-cais, porém em nenhum houve afinidade para permanecerem estudando ou recebendo orientação para o estado agitado de Dolores, como dissera seu Vieira.

Um tanto quanto desanimado, Luiz lembra de um colega de seu trabalho, quando era empregado do Cassino da Urca. Ambos conversavam muito, pois este era um homem culto, professor de Esperanto, língua considerada internacional, mas pouco falada.

Seu nome aparecia em sua memória, Ismael Gomes Braga, e recordava também, naquele instante, que Ismael contava ser espírita e frequentador da Federação Espírita Brasileira. Sem perda de tempo, levou Dolores para conhecê-lo. Após a alegria de Ismael em rever o apreciado e bom funcionário dos velhos tempos da Urca, ficou conhecendo os problemas espirituais de Dolores.

Ela recebeu toda atenção e orientação de Ismael. Sentindo--se segura pela conversa esclarecedora, aceita o convite feito por ele, para que fossem assistir a uma reunião na sede da Federação Espírita. Compareceram dias depois e Dolores gostou do ambiente e das orientações sobre a sua mediu-nidade.

Ismael indicou-lhe vários livros da Doutrina, para que pudesse saber controlar e disciplinar suas mediunidades, que além da vidência, eram também de psicofonia e, a mais frequente, a psicografia.

Essa época foi de grande dificuldade para Dolores, porque, precisando estudar os livros doutrinários, quando seu tio, o Monsenhor Francisco Apolônio, vinha visitá-la, era uma correria para escondê-los, pela não aceitação dele e dos familiares católicos, que afirmavam ser essa situação uma criação do demônio, para afastá-la da igreja.

Dolores começara a sofrer as pressões dos parentes ca-tólicos, quando perceberam os comentários com respeito às estranhas ocorrências mediúnicas, que diziam ser influências maléficas, devido ao seu afastamento da igreja.

O tio, Monsenhor Francisco Apolônio, já a havia advertido de que não deveria faltar com seus deveres para com a fé aos santos de sua preferência, indo à missa aos domingos, e não deixando de se confessar, sempre que se sentisse influenciada pelo demônio.

Dolores também tinha dificuldades em aceitar a mudança religiosa. Afinal, era católica fervorosa. Mas, as reuniões na Federação Espírita e as orientações do amigo Ismael tra-ziam segurança e conforto para o desenvolvimento de sua mediunidade.

O tempo passando e a sua confiança no Plano Espiritual Superior começaram a dar frutos. Numa das reuniões notur-nas, Dolores sentiu que suas mãos corriam sobre o papel sem que ela pudesse dominá-las, e, pela primeira vez um Espírito se apresentou como “Um Jardineiro” e deixou a sua mensagem.

Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro

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7Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

Nela, ele a informa de que Espíritos poetas viriam pela companhia de Guerra Junqueiro, que estaria à frente, am-parando-a e dando-lhe guarida. Dessa forma, os Espíritos como Abel Gomes, Castro Alves, Amaral Ornellas, Anthero Quental e muitos outros, embora as dificuldades sentidas por eles em transmitir suas poesias, continuaram a ajudá-la a progredir nesse intercâmbio mediúnico.

Foram muitos esses, propriamente ditos, ensaios, provei-tosos. A cada manifestação, a psicografia se tornava mais clara para Dolores, embora ainda se mostrasse temerosa.

Tais fatos, porém, demonstrando grande capacidade no seu potencial mediúnico, facilitaram a qualidade literária, que lhe deu sustentação para que os Espíritos Monteiro Lobato, Arthur Azevedo e Coelho Neto se apresentassem com men-sagens de incentivo, abrindo campo para o Espírito Josepho escrever a série “Às Margens do Eufrates”.

São esses os títulos mencionados nessa série: “O Alvorecer da Espiritualidade”, “Guardiães da Verdade”, “Veladores da Luz”, “O Vôo do Pássaro Azul” e “Jonathan, o Pastor”.

O Espírito que se denominava Um Jardineiro escreveu, por intermédio de Dolores a obra que ela mais gostava, editada com o título de “À Sombra do Olmeiro”.

Ela também gostou da obra “A Mansão Renoir”, na qual o Espírito chamado Alfredo, que praticamente acompanhou o desempenho de toda sua coragem e dedicação no trabalho mediúnico, tornou-se seu guia espiritual, e que, segundo seu filho Rômulo Bacelar, fora o Visconde de Taunay ou Alfredo D’Escragnolle. Essa obra narra a história da “transformação ocorrida em uma importante família de descendência francesa”.

Alfredo, o autor do romance “A Mansão Renoir”, sentindo as dificuldades em escrevê-lo, sugeriu a Dolores que estudasse o português e o esperanto, porque ficaria mais fácil para ela entender os assuntos tratados nas mensagens, poesias ou

romances, que dali para frente se sucederiam.“A Mansão Renoir” foi a primeira obra literária psicogra-

fada pela médium, que, por essa época, ainda era católica praticante.

Sendo Ismael Gomes Braga o amigo que muito se preo-cupou com o estado espiritual da médium, após levá-la às reuniões preparatórias da Federação Espírita, colocou-a em contato com outra grande médium da época, dona Francisca Fraenkel, dirigente do Centro Espírita Canagé.

Dolores se dividia entre seus afazeres domésticos e a mediunidade, que muito a constrangia. Pedia a Ismael que não mencionasse e não divulgasse as obras recebidas por ela, porque tinha receio que os comentários feitos viessem a trazer problemas aos familiares. Mas, a verdade de sua personalidade era da humildade que fazia parte de seu es-pírito simples e abnegado, a sua forma de crer em Deus.

Nada, porém, impediu que mais tarde os jornais come-çassem a editar e a tecer comentários sobre a mediunidade de Dolores.

O próprio Diário de São Paulo divulgou, numa de suas edições, uma matéria intitulada “Desenvolve-se outra me-diunidade semelhante a Francisco Cândido Xavier”. Isto em 1952. Ao tomar conhecimento da notícia, Dolores Bacelar passou a usar diversos pseudônimos. E, como as reportagens apresentavam a médium como quase uma analfabeta, mos-trando uma caligrafia mal feita, e pelo visto, diziam os jornais, incapaz de redigir uma carta, deixavam Dolores até feliz, pois informava aos familiares não serem suas características.

Dolores, com sua modéstia, jamais desmentiu, a quem quer que fosse, essas referências, até maldosas, para com sua pessoa. Achava até muito propício, para poder trabalhar tranquilamente e dar todos os méritos aos Espíritos, que escreviam pelas suas mãos. Essa era a verdade.

Guerra Junqueiro Abel Gomes Castro Alves Amaral Ornellas

Anthero Quental Monteiro Lobato Arthur Azevedo Coelho Neto

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A vida continuava e Dolores criava seus filhos com todo carinho junto ao amor de Luiz, que a ajudava e a apoiava em seu trabalho mediúnico. Liam as obras doutrinárias e a mé-dium se sentia mais segura. Por essa época, Dolores estava com quatro filhos, Fernando Antonio, Ana Cristina, Rômulo e Primavera. Ela sempre salientava, entre os amigos do Centro Espírita que frequentava, que Deus lhe dera primeiro a função de ser mãe e depois o trabalho mediúnico.

A família começara a desconfiar que “Lorinha”, como Dolores era chamada pelas irmãs, estava se dedicando à “religião do diabo”.

Informaram, então, ao tio Monsenhor, o horrível aconteci-mento. Ele, de imediato, veio em visita à família. Conversando com a sobrinha, o tio Monsenhor perguntou-lhe:

— Lorinha, sei que você guarda muito bem seus livros religiosos. Diga-me, onde estão? Gostaria de vê-los para recordar os momentos em que juntos estudávamos teologia... lembra-se?

— Que... livros, tio?... teologia... eu...E, Lorinha, não sabia como contar ao tio Monsenhor que

estavam escondidos, juntos com os livros da Doutrina Espí-rita. Mas, o tio, logo em seguida, respondeu-lhe:

— Eu quero saber dos livros que você recebeu mediuni-camente. Saiba que eu já sei da sua psicografia mecânica e tenho acompanhado as edições desses livros mediúnicos. Já li e gostei muito da “Rosa Imortal”! Trata-se de um diálogo do Espírito chamado Um Jardineiro, não é? Bela colocação dele com as flores.

Dolores estava surpresa. Sem palavras olhava para o tio padre.Ele era uma pessoa culta, poeta, tinha livros publicados.

Ordenou-se padre em Roma, levado para lá com dez anos. Todos esses pensamentos giravam em sua mente, quando

o tio voltou-se para ela e falou:— Lorinha, não se espante. Eu também, ao escrever, sinto

muita inspiração . No Vaticano também existiram reuniões mediúnicas entre as consultas a antigos papas. Porém, isto não podia e nem pode ser divulgado, talvez o povo ainda não esteja preparado para tanto.

Quando prestarem atenção ao ler a Bíblia, irão perceber os casos de incorporação ali revelados. Basta relacionar a reunião no alto do monte Tabor, quando Jesus convocou Pedro, Tiago e João e aconteceu o fenômeno da transfiguração, com Moisés e Elias. Portanto, minha sobrinha, só não crê aquele que positivamente quer viver de fantasia. O Cristo é a Verdade, é a Luz, trazendo-as à Terra.

Daí para frente, as visitas do tio Monsenhor para a família

Bacelar eram de profunda harmonia. Dolores podia conversar abertamente com ele, recebendo muito apoio e esclarecimen-tos entre seu ponto de vista católico e o Espiritismo. Sentia-se plenamente segura.

Não precisaria esconder a sua mediunidade, continuaria, agora, a tornar-se a divulgadora fiel e serva de Jesus, junto ao Plano Espiritual Superior.

As reuniões na Federação Espírita eram importantes para ela, mas a distância a impedia de ser mais frequente; e o próprio Ismael a aconselhara a continuar no Centro Espírita Casa do Coração, que seguia as orientações de Kardec.

Essa instituição era a mesma onde Dolores aprimorou sua mediunidade. Era denominada de Sociedade Espiritualista Cabana Canagé. A direção atual estava a cargo de dona Chiquita, outra médium responsável e admirada pelo seu trabalho por Ismael, que continuava também frequentando e participando das tarefas ali desenvolvidas.

Tempos depois, junto do seu companheiro Luiz, fundaram o Centro Espírita “Seara dos Servos de Deus”.

Outros integrantes do grupo ajudaram a oficializar essa instituição: Gisela Kraier, Nelly Essussi e Raimundo Souto. Esse centro foi inaugurado no dia 19 de fevereiro de 1959, em Copacabana, e depois foi transferido para o bairro de Botafogo com atividades atuais, segundo dados pesquisados, no Rio de Janeiro.

Depois, contando sempre com a colaboração de Luiz, criaram a Casa Assistencial Lar Amigo, para dar amparo às meninas órfãs.

A finalidade dessa Casa Assistencial era dar às crianças a ideia de família, tirando-as das ruas. Recebiam, além do afeto de mãe, que Dolores e o marido transmitiam, o incen-tivo ao estudo e a educação religiosa, assim como o casal conduzia seus filhos.

Todo esse trabalho não afastou Dolores dos seus com-promissos familiares. Por essa época ela já contava com o aumento da família, com a reencarnação de oito netos, completando a alegria familiar para o casal.

Em 1980, talvez pelo conta-to com crianças órfãs, Dolores sentiu vontade de visitar o Lar da Criança Emmanuel, insti-tuição fundada pelos espíritas Ismael Sgrignoli, Raimundo Espelho, Manoel Romero, José Corrêa e outros, em São Bernardo do Campo, SP. Ela foi acompanhada pelo escritor Jorge Rizzini e ficou emocio-nada ao conhecer o trabalho ali desenvolvido.

Pensando sempre em ajudar, através da psicografia, aqueles mais necessitados, de imediato transferiu os direitos autorais

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Dolores Bacelar e amigos

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9Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

de todas as suas obras psicografadas àquela entidade de assistência a crianças carentes. E, no mesmo ano de 1980, o romance “A Mansão Renoir” veio a ser edi-tado pela editora ligada ao Lar Emmanuel, Correio Fraterno, fundada em 1967, pelo senhor Raymundo Rodrigues Espelho e outros companheiros, hoje tendo à frente sua filha, Izabel Regina R. Vitusso.

Dolores Bacelar, com toda meiguice e humildade, escondendo-se de toda matéria de divulgação que a projetasse nos meios publicitários, continuava seu trabalho de servir a Jesus.

Vindo a conhecer o Coronel Jaime Rolem-berg de Lima e o seu trabalho dedicado às famílias carentes, juntou-se a ele e criou, no Lar Fabiano de Cristo, em Copacabana, maior atendimento aos carentes, surgindo mais um complexo, que recebeu o nome de Casa de Alfredo, em homenagem ao seu guia espiritual.

A vida seguia o rumo de muitas tarefas para Dolores e o companheiro, mas no dia 18 de junho de 1988, ela, com mui-ta dor em seu nobre coração, vê e ora em favor do desligamento de Luiz do seu corpo físico. Ele retorna à Espiritualidade.

Os filhos, assim como a mãe, sentem essa hora dolorosa da separação. Porém, Dolores não se deixa abater, continua firme com sua mediunidade

produtiva, cuidando das órfãs na Casa Assistencial Lar Amigo.Sendo convidada a assumir a presidência da instituição Seara

dos Servos de Deus, não se fez de rogada, aceitando dar conti-nuidade às tarefas ali realizadas, integrando-se ao Conselho da Instituição, formada para o bom seguimento moral das crianças.

Ela ainda achava tempo para escrever aos amigos do Cor-reio Fraterno e enviava cartas para o médium Chico Xavier, contando das suas responsabilidades como médium.

Costumava confessar a Chico que o seu exemplo e de-dicação de sua missão na Terra davam a ela provas da sua grandeza espiritual, pois, com a permissão de Jesus, os Es-píritos que se comunicavam pela psicografia e por intermédio de suas fluentes mediunidades não deixavam dúvidas das

vidas além-túmulo e o retorno ao plano físico.Portanto, escrevia no final de suas cartas a Chico Xavier:

“A morte não existe!”.Contando quase noventa e dois anos de existência física,

os sinais de debilidade do seu corpo, um tanto fransino, co-meçaram a incomodá-la.

Levada para o hospital, é internada e fica cercada pelo carinho dos filhos e netos. Médicos cuidam de Dolores, transmitindo-lhe os socorros necessários para aliviar suas dores. Ela, em alguns momentos, balbucia o nome de sua mãezinha, Maria, chamando-a.

O Plano Espiritual prestava os últimos recursos para o desligamento dos fluidos vitais físicos, e dava a serenidade necessária, para Dolores não se deixar prender pelas lágrimas dos filhos e netos ao seu redor.

Para tanto, a médica presente, auxiliada pelos Espíritos, recebeu a intuição de pedir a todos, principalmente ao filho Rômulo, com quem Dolores morava, após seu período de viuvez, que deixassem a enferma descansar.

E, logo após, Dolores entrega-se, confiante, em espírito, às mãos de seus instrutores Espirituais, como Alfredo seu guia e amigo de todas as horas.

A tarde do dia 06 de outubro de 2006 chegava, e uma chuva fina caiu sobre a cidade do Rio de Janeiro. Parecia que as lágrimas de encarnados e desencarnados se misturavam naquele instante, talvez da tristeza dos que ficavam e a alegria dos entes queridos que esperavam Dolores Bacelar no seu regresso à pátria de origem!

O enterro ocorreu às 14 horas, no dia seguinte, no Cemi-tério São João Batista, Botafogo, Rio de Janeiro.

Dois meses depois de seu desencarne, o Espírito Dolores foi sentido entre seus familiares residentes no Rio de Janeiro e em São Paulo, deixando uma mensagem, que foi confir-mada por eles, pelas expressões de sua preferência, como

Visconde de Taunay Jorge Rizzini Rolando Ramacciotti Caio Ramacciotti

Coronel Rolemberg

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assinalou seu filho Rômulo:“A mão que antes fere, hoje ilumi-

na. A arma que desfere para o mal, hoje se transforma em instrumento do Bem.

Cada sonho despetalado trans-forma-se em sementes que irão germinar.

E só o Amor é capaz de encubar toda semente lançada à terra.

Assim são as palavras que conso-lam regadas pelo sentimento.”

Pelo Espírito Dolores Bacelar.As obras mediúnicas recebidas

pela psicografia da médium Dolores Bacelar:

• Seu primeiro trabalho – “Semeando Estrelas” (mensagens)• Seu primeiro livro de poesias – “Cânticos do Além”, trazendo a

assinatura de 57 poetas, com o prefácio de Ismael Gomes Braga.Seguem-se as obras contidas na série “Às Margens do Eufrates”,

com os títulos:• “O Alvorecer da Espiritualidade”• “Guardiães da Verdade”• “Veladores da Luz”• “O Voo do Pássaro Azul”

• “Jonathan, o Pastor”• Outras obras:• “A Mansão Renoir”• “A Canção do Destino”• “Novos Cânticos”• “A Rosa Imortal”• “À Sombra do Olmeiro”

Os espíritos se assemelhavam à conduta da médium em sua humildade, que queriam deixar um bom conteúdo em cada obra e não

• O Filho da Médium – Rômulo Tadeu Araújo Bacelar, Editora Léon Denis, 1ª ed., 2006 ou 2007.

• Jornal Correio Fraterno – ed. 433 – São Bernardo do Campo – SP.• Revista Reformador – Editora FEB, 2006.• Imagens:

• http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0a/Recife-MarcoZero.jpg• http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/dd/Ilh%C3%A9us_-_

Bahia.jpg• http://tvbrasil.org.br/saladeimprensa/imagens/radionacional/predioanoite.

jpg• http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/df/Pal%C3%A1cio_

Quitandinha%2C_Petr%C3%B3polis.jpg• http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/55/GASPARDUTRA.jpg• http://srv.fotopages.com/2/21085574/Rio-de-Janeiro-1961.jpg• http://s.ipernity.com/T/L/z.gif• http://i1114.photobucket.com/albums/k525/andersoncunha/30042011967.

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Biblio

graf

ia

Rômulo Bacelar

Reuniões: 2ª, 4ª e 5ª, às 20h003ª, às 15h00

2ª e 6ª, às 14h30Domingo, às 10h00

Artesanato: Sábado, das 14h00 às 17h00Atendimento às Gestantes: nas reuniões de 2ª e 6ªEvangelização Infantil: ocorre em conjunto com as reuniõesTerapia de apoio espiritual aos dependentes químicos e doentes em geral: 6ª, às 19h30Tratamento Espiritual: 2ª e 4ª, às 19h45

3ª e 6ª, às 14h45Treino Mediúnico: 5ª, às 20h00

Rua dos Marimbás, 220Vila Guacuri – São Paulo – SP – Tel.: (11) 2758-6345

Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”DIA LIVROS ESTUDADOS

2ª O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da Esperança – Emmanuel*; O Céu e o Inferno – Allan Kardec; Missionários da Luz – André Luiz*

3ª O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da Esperança – Emmanuel*; O Consolador – Emmanuel*; O Livro dos Espíritos – Allan Kardec

4ª O problema do ser, do destino e da dor – Léon Denis; Religião dos Espíritos – Emmanuel*; O Livro dos Espíritos – Allan Kardec; Das Leis Morais – Roque Jacintho

5ª O Evangelho Segundo o Espiritismo; Seara dos Médiuns – Emmanuel*; O Livro dos Médiuns – Allan Kardec

6ª O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da Esperança – Emmanuel*; Missionários da Luz – André Luiz*; Vida Futura – Roque Jacintho

Domingo O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro de mensagens de Emmanuel*

*Livro psicografado por Francisco Cândido Xavier

o registro de seus nomes. Mas, apareciam como Um Jardineiro, Josepho ou Alfredo.

Textos extraídos e adaptados das palavras de Izabel Vitusso, Editora do Jornal Correio Fraterno, São Bernardo do Campo.

Eloísa

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11Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

Observamos que hoje a educação e a disciplina com rela-ção aos filhos estão sofrendo mudanças, que contribuirão para formação de gerações egoísticas, temperamentais e desnorteadas. Os pais parecem ter perdido a noção de quem é responsável pela educação, e não só pedem “por favor” para algo que deveriam obter pelo respeito e consideração por parte dos filhos, mas ainda alimentam seus desejos e caprichos, entregando-os a escolhas descabidas. Criou-se a enganosa interpretação de que a criança “tem opinião”, quando na verdade ela precisa ser corrigida nas suas tendências prejudiciais e orientada no sentido acertado para que construa valores dignos e íntegros.

A atenção dos filhos, comumente, é voltada para o apa-relho de som conectado diretamente nas orelhas, aparelhos celulares, televisores e joguinhos ou conversas virtuais, que ocupam a maior parte do tempo da criança ou do jovem, aniquilando a convivência familiar. Nem mesmo as refeições são feitas pela família reunida ao redor da mesa. Mesmo as-sim, novos aparelhos e tecno-logias avançadas adentram o universo das crianças, em for-ma de presentes e mimos, ou até mesmo da exigência dos filhos, amplamente permitida pela ineficácia dos pais.

São poucas as famílias que se reúnem em prece, que se unem num culto ou estudo dos ensinamentos de Jesus. Há muita gente reunida, mas pelos laços materiais, come-morações, festas, banquetes, baladas. Temos que repensar uma forma de trabalho com a família, reeducar o pai e a mãe, para educarem os filhos.

Perante a Espiritualidade, a responsabilidade é nossa, dos pais. Com a orientação moral e religiosa, os filhos perceberão que não somos apenas a matéria perecível, mas espíritos eternos. A orientação é importante; através da conversação direta, do diálogo, do esclarecimento, assim, os filhos não serão afastados dos en-sinamentos religiosos e saberão conter os instintos. É preciso burilar os sentimentos dos filhos, fazê-los entender e respeitar o semelhante, os sentimentos e os limites. A responsabilidade dos pais diante da educação dos filhos é fundamental. Pai e mãe que não derem alicerce, que se omitirem, vão respon-der seriamente por essa conduta. Não estamos fantasiando nada, assim está caminhando a Humanidade. É preciso que os pais assumam suas responsabilidades, capacitando-se para melhor orientarem seus filhos e saberem dar a resposta adequada, quando estes formularem questões. Que sejam transparentes e verdadeiros nas respostas que derem aos filhos desde tenra idade.

Numa época em que os espíritos reencarnam sedentos de esclarecimentos, esclarecê-los de forma clara e amorosa é tarefa dos pais; e não devem tentar obter bom comporta-mento, ou educar através de ameaças e medos (o homem do saco etc.), que apenas desenvolverão o próprio descrédito perante os filhos.

É preciso muito esforço e empenho na tarefa da educação dos filhos. Hoje, presenciamos muitos lares desestruturados, casais separados, cuja guarda compartilhada dos filhos desencadeia distúrbios de toda ordem. São compensações infundadas, seja na forma de presentes, caprichos atendidos, omissões diante de um comportamento negativo, para não magoar o filho, porque compartilha a presença de um dos pais por pouco tempo, normalmente finais de semana, não cabendo advertência ou corrigenda, pois poderia ficar desapontado ou bronqueado diante da necessária observação. E, para evitar desapontamentos e discórdias, a omissão dos pais torna-se

um problema ainda maior. Pai e mãe optam por um ambiente de concorrência, competição ou barganha, como algozes em forma de benfeitores, o que reverte automaticamente, devido à situação manipulado-ra, como servidores/escravos dos filhos. Tudo em nome da conveniência própria, do des-caso perante suas escolhas e do bem viver, com valores tão distantes dos verdadeiros va-lores do Homem de Bem.

As palavras que orientam ficam gravadas no imo de cada um e serão colocadas em prática. Ninguém pertence a ninguém. De nada valem os presentinhos para conquistar a preferência do filho. Essas

atitudes serão traduzidas posteriormente, quando observarem que criaram um ser egoísta e presunçoso.

Se até as paredes ficam impregnadas de nossos fluidos, do que estamos impregnando o espírito daqueles que nos foram confiados por Deus?

Devemos procurar o aprendizado cristão e, ligando-nos ao Criador através da oração, com discernimento, serenidade e fé, rogar a Ele que nos conduza nesta missão, tão nobre e cada vez mais displicente, de sermos pais (pai e mãe).

O Evangelho precisa estar presente para que se faça Luz em nossas mentes e corações, norteando nossas vidas.

O que buscamos? Atender nossos caprichos e desejos? Ou buscar o Cristo, o Evangelho, como bússola a nos dire-cionar nesta preciosa oportunidade da existência terrestre, pairando em nossas cabeças o verdadeiro ideal e a necessária responsabilidade?

Tenhamos no Cristo a bússola para seguirmos nossa ca-minhada.

NereideImagem: http://api.ning.com/files/j3DqRUbtQvn3KaxMswJKIf4aKbetPITE1tp8T6EuqITKkVq3EUyl4H3WtBDnST6pKMxyNAAIMIj7evGquvX8lx2YaEK9iPcE/evangelho.jpg

Orientação dos Filhosfamilia

Família

ACEITAMOS SUA COLABORAÇÃOSua doação é importante para o custeio da postagem do Seareiro e

pode ser feita em nome doNúcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança – CNPJ: 03.880.975/0001-40

Banco Itaú S.A. – Agência 0257 – C/C 46.852-0

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Conta-nos Ramiro Gama, no livro “Lindos Casos de Chico Xavier”, que, em Pedro Leopoldo, numa sessão do Centro Espírita Luiz Gonzaga, em fevereiro de 1956, assistiu ao seguinte: um auditório numeroso superlotava o centro. Perto do Chico, um grupo de mães sofredo-ras e pesarosas, chorando a morte de seus filhos amados. O querido médium ouviu-as com atenção e considerou amorosamente:

“Minhas irmãs, consolai-vos com esta verdade: um dia vereis, na Pátria Espiri-tual, os vossos filhos e todos os vossos entes familiares. É preciso, no entanto, que daqui partais triunfantes para vê-los também triunfantes. E, para sairdes daqui triunfantes, faz-se necessário que luteis e que não deixeis de lutar. Transformai, pois, esta tristeza do mundo, que vos adoece, pela tristeza segundo Deus, que tudo sabe. A luta é redentora. É ela que nos fará vencer a morte em busca da vida verdadeira. Estou há 28 anos no exercício da mediunidade. Ainda não passei um dia sem sofrer e chorar. Posso morrer, tenho este direito

e isto me consola, mas ficar triste e parar de lutar, nunca. Nosso dever é lutar, com fé, como uma gratidão a Jesus, que até hoje luta e sofre por nós.”

Os olhos cheios de lágrimas das mães presentes deixaram de chorar e encheram-se de um novo brilho. Consolaram--se. Em seus corações caíram luzes esclarecedoras, flores

do coração de um verdadeiro servidor de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Chico Xavier era assim, um coração imenso, que não se cansava de reer-guer os corações que necessitavam de consolo. Muitos eram os que o procu-ravam, mas muitos, Chico foi até eles, consolando, também, o infortúnio oculto que nos fala “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo XIII, item 4.

Sigamos este exemplo de caridade e humildade e deixemos nos emocionar e envolver as criaturas que sofrem, com

o nosso carinho, levando sempre uma palavra de consolo, baseada nas promessas consoladoras de Jesus.

AdolphoBibliografia: Lindos Casos de Chico Xavier – Ramiro Gama, Editora LAKE, 21ª ed., 2010.Imagem: http://www.qualquerinstante.com.br/images/noticias/thumbs/a6c8e502fca5f3c2e5bdaf.jpg

Pegadas de Chico Xavierpegadas de chico xavier

Flores do Coração

A obra “Diálogo dos Vivos” constitui-se de uma coletânea de questões abordadas pelos encarnados ao Plano Espiritual, denominada por Herculano Pires como “diálogos da preparação”.

Herculano, em prefácio, se reporta às obras: “Chico Xavier Pede Licença”*, “Na Era do Espírito” e “Astronautas do Além”, como integrantes da mesma série literária e enfatiza a importância das mensagens mediúnicas para a nossa vida, não apenas atual, mas sobretudo, futura.

São retratados temas de notável interesse para a Humanidade, refletindo experiências, incertezas e atitudes praticadas no plano terrestre.

O livro é composto por vários capítulos, cujos temas, ressalte-se, são solicitados pelos próprios homens aqui na Terra, em

reuniões realizadas por Chico Xavier, no Centro Espírita de Uberaba.

Em cada capítulo consta sempre a indicação da obra doutrinária estudada. Após, seguem-se as respostas esclarecedoras e educativas dos Espíritos amigos e, em seguida, o comentário de Irmão Saulo (pseudônimo de J. Herculano Pires).

Dentre as colocações de Espíritos como Emmanuel, Maria Dolores, André Luiz etc. estão os versos bem-humorados de Cornélio Pires.

A obra foi encaminhada aos associados do Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)”.

Ótimo aprendizado a todos!Neves

________________* A obra acima citada, “Chico Xavier Pede Licença”,

também foi enviada aos associados do Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)”.

Clube do Livroclube do livro

Diálogo dos Vivos Francisco Cândido XavierJ.Herculano Pires e Espíritos Diversos

Editora GEEM

Você poderá obter informações sobre o Espiritismo, encontrar matérias sobre a Doutrina e tirar dúvidas sobre o Espiritismo por e-mail. Poderá

também comprar livros espíritas e ler o Seareiro eletrônico.

www.espiritismoeluz.org.brVISITE NOSSO SITE

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13Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

Os atendimentos às gestantes inscritas em nosso Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” são feitos em encon-tros informais de instruções da Doutrina Espírita, orientações e esclarecimentos sobre as diversas fases da gestação, com participação ativa das gestantes, estimulando, assim, o conheci-

mento dos valores familiares e religiosos para uma boa formação dos indivíduos e incentivando a aceitação, o carinho e o respeito na geração de um novo Ser.

As gestantes recebem lições de fé, esperança e coragem, contidas nas páginas de “O Evangelho

Segundo o Espiritismo” e em outros livros da Doutrina, mas, não com o objetivo de torná-las espíritas.

Os encontros acontecem em dezesseis semanas, quando, ao final, elas recebem um enxoval para o seu bebê e leite por seis meses.

Regina Edite

Grupo de GestantesTrabalhos da Casa

trabalhos da casa

Atualidadeatualidade

Observe o nosso mundo.Tudo está em constante mutação.Sob pressão de nossa mente inquieta, o próprio panorama

da Terra sofre sucessivas e violentas alterações. A agitação do orbe revela que nosso plano ingressou num estágio de maturação, prenunciando um mais dilatado período de vida.

Provações coletivas denunciam resgates derradeiros.Você está satisfeito com Você mesmo?Povos milenares sacodem a própria inércia, enredando-

-se em convulsões intestinas. Disputam o direito inalienável de auto-dirigirem-se, sacudindo o jugo paternalista que lhes estrangula experiências próprias e intransferíveis para a sua afirmação no papel que lhes foi confiado pela Providência Divina.

Populações multiplicam-se e a densidade inusitada, temida pelos profetas do pessimismo, rompe com preconceitos mi-lenares a que se escravizavam muito e cria condições para voos mais amplos para a inteligência humana.

Uma sensação de insegurança, no entanto, polui o clima.Há uma saturação de progresso técnico.Mas há uma angústia e opressão de dor em cada um.Crescem as indagações sobre morte e destino.Nunca houve tanta sede de sentimento religioso.Embora os templos de fé, não raro, se mostrem semi-deser-

tos, a criatura busca os ensinamentos de Jesus, preferindo reencontrá-los sem a ingerência de pastores e sacerdotes tradicionais e, por isso, hoje os lares se tornam cenáculos divinos para a sublime comunhão com o Mundo Maior.

A Espiritualidade, pelas vozes daqueles Seareiros do Bem que já partiram do sanatório da carne, fala por toda parte, comunicando suas experiências, enriquecidas com a mais ampla visão que conquistaram no Além.

Toda família já viveu um fenômeno Espírita!Esta é a hora decisiva para sua realização espiritual.O plano terrestre, qual imenso educandário que se trans-

formará na Universidade da Vida, onde aprenderemos os lances da regeneração, encontra-se no limiar de uma era em que o homem deixará de ser classificado pela escala bioló-gica, para ser reconhecido por “o ser que tem a faculdade de pensar em Deus”.

Muitos são os que aspiram pelo Bem.Essas aspirações nobres atrairão para o nosso mundo

Espíritos Benfeitores que, tomando a vaga dos que dilapidam seus recursos interiores com olvide de sua responsabilidade

divina de viver, secundarão os esforços daqueles que rogam por evoluir pacificamente.

Cederemos vagas para os mais dignos.Afinal — indagam-nos — por que Você está vivendo?Você vive ou brinca de existir, consumindo as horas

tão voltado para seus interesses exclusivistas, que nem semeamos o Bem e nem permitimos que outros o façam?

Ninguém se matricula nos cursos da Vida para frequentá--los internado na queixa, omisso diante daqueles que sofrem mais e necessitam da bênção do consolo e do esclarecimento, e surdo para as mensagens renovadoras do Evangelho.

Você vive ou ocupa uma vaga na Terra?Oh! Distraídos, anestesiados na consciência, criaturas que

inda não se resolveram viver, não por viver, mas viver para edificar, construir e reconstruir o Bem – enfim, todos nós, não façamos por ignorar que é chegado o momento enunciado por Jesus, em que estamos sendo conferidos no que doamos de nosso mundo interior aos companheiros de caminhada e no que buscamos nas intempéries da existência.

Cuidemos para que esse exame maior não nos surpreenda apenas voltados para os nossos próprios “ais”, a fim de que não venhamos a compor a caravana de almas aturdidas, quase revoltadas, que iniciam a sua migração dolorosa deste para planos menos felizes, ajustados, porém, aos nossos desajustes.

O reino de Deus está dentro de Você.Descubra esse reino e acrescente ao reino que o seu

Amigo sustenta no próprio coração e, de súbito, eis-nos a transformar a Terra num dadivoso paraíso a peregrinar na escala dos mundos que marcham ao encontro da felicidade.

Roque JacinthoImagem: http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTjqcKZ7h05tQkvoMgdH_rg0PgPtBBdJDCKbobSFxFKMbbONB-U&t=1

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A indulgência não é também caridade?Vós que não podeis fazer mais que caridade-indulgência,

fazei pelo menos essa, mas fazei-a com grandeza.”Estamos sempre a dizer que não temos tempo e dinheiro

para praticar a caridade, atribuindo, assim, apenas às pes-soas ricas e com disponibilidade de tempo a possibilidade de serem caridosas!

Mas isto não é verdade! A caridade pode ser praticada por todos nós, a qualquer tempo, independente de nossa condi-ção financeira, física, idade etc.

Temos exemplos lindos da prática de caridade, como aquele testemunhado por Jesus, quando uma pobre viúva fez uma pequena doação no Templo de Jerusalém, caso este conhecido como “O óbolo da viúva”. Não foi o valor ma-terial que contou naquela doação, mas o sentimento em si, pois a viúva doou com amor e sacrifício, aquilo que proveria o seu sustento e, dessa maneira, sua doação valeu muito mais espiritualmente do que as fortunas doadas pelos ricos. Até os dias de hoje, muitas pessoas doam o que sobra, fazem por fazer ou para se ostentarem.

Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Assim, Ele é o maior e melhor exemplo de amor, caridade, dedicação, disci-plina, paciência, indulgência, beneficência e tolerância, entre outras virtudes.

Jesus, além de seus exemplos, vivenciando o amor, deixou--nos suas parábolas, narrativas onde comparara um episódio do cotidiano com uma realidade espiritual. Uma delas é a “Parábola dos Talentos”, que mostra a importância de mul-tiplicarmos os nossos talentos, sobretudo os espirituais, e ajudarmos os demais a desenvolverem os seus.

“Os seus talentos são o seu conhecimento, a sua bondade, o seu dinheiro, a sua boa vontade para ajudar a quem sabe ou pode menos que você. Tudo que você possui ou sabe é um talento que Deus confiou a ti, a fim de que seu coração e sua inteligência o multipliquem em favor dos pobres, dos so-

fredores e dos necessitados do mundo... Se você cumprir seu dever de trabalhar no Bem, nas pequeninas coisas, creia que a Parábola se cumprirá na sua vida: o Senhor Jesus confiará à sua alma tarefa maiores no Seu Reino e você gozará de Sua Perfeita Alegria, na grande felicidade de tra-balhar com Ele em favor da regeneração de nosso mundo.” (do livro “Histórias que Jesus Contou” – Clóvis Tavares).

Outra forma de praticar a caridade é sermos indulgentes, perdoar todos aqueles que nos tenham feito algo prejudicial, não nos tornando juízes severos, pois da mesma forma que julgarmos, seremos julgados. Novamente lembremos-nos que Jesus, na “Prece Pai Nosso”, nos ensina, através da fra-se: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores”, a maneira correta de ser, isto é, perdoar para ser perdoado.

Somos responsáveis pelo uso do nosso livre-arbítrio e prestaremos contas de tudo que fizermos e deixarmos de fazer, e até mesmo do que pensarmos. Aproveitemos o “agora” e todas as oportunidades, para acabar com a indiferença, o egoísmo e o orgulho, que nos distancia de Deus. Tracemos nossa vida futura baseada na beneficência que gera a paz interior e na felicidade ao auxiliarmos ao próximo e nos apro-ximarmos de Deus.

“Caridade, palavra sublime que resume todas as virtudes, és tu que deves conduzir todos os povos à felicidade. Em te praticando, eles criarão para si infinitas alegrias celestiais para o seu próprio futuro e, enquanto estiverem exilados na Terra, tu serás para eles a consolação da alegria que viverão, mais tarde, quando se encontrarem reunidos no seio do Deus de amor.”

“A beneficência, meus amigos, vos dará neste mundo os mais puros e os mais doces contentamentos, as alegrias do coração que não são perturbadas nem pelo remorso, nem pela indiferença.”

Que Jesus nos inspire e ampare!Silvana

Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Tradução de Roque Jacintho, Editora Luz no Lar, 8ª ed., 2010.Histórias que Jesus Contou – Clóvis Tavares, Editora Lake.

Receba mensalmente obrasselecionadas de conformidadecom os ensinamentos espíritas.

Informe-se através:E-mail: [email protected](11) 2758-6345Caixa Postal 42 – CEP 09910-970 – Diadema – SP

Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)”CHICO

Kardec em Estudokardec em estudo

A Beneficência“Meus queridos amigos, cada dia ouço, entre vós, alguns dizerem: “Eu sou pobre; não posso fazer a caridade”. E cada dia vejo que faltais com a indulgência para com os semelhantes. Não perdoais coisa alguma que vos façam e vos levantais em juízes muito severos, sem vos perguntar se ficaríeis satisfeitos que os outros vos fizessem o mesmo.A indulgência não é também caridade?Vós que não podeis fazer mais que caridade--indulgência, fazei pelo menos essa, mas fazei-a com grandeza.”

O Evangelho Segundo o EspiritismoCapítulo XIII – Item 15

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15Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

Quando oramos e elevamos o nosso pensamento em ro-gativas, tentamos visualizar a figura de Jesus.

E o que a nossa mente nos apresenta?Cada pessoa irá imaginar Jesus de uma forma.Mas fica a pergunta:— Como vemos Jesus?Se visualizamos Jesus na cruz, é sinal de que ainda

estamos muito ligados às faixas de sofrimentos.E vamos mais além:Qual seria a imagem de Deus?Quando crianças, muito de nós éramos levados para a

igreja ou templo religioso e lá achávamos que veríamos Deus.Mas como ver Deus?Por que não ver Deus em uma criança que nasce?Por que não vemos Deus nas folhagens, com seus coloridos?

E no vento que balança estas folhagens?Por que não vemos Deus na criatura caída na sarjeta, aju-

dando-o? Agindo assim, estamos vendo a imagem de Deus, mas quando nos desviamos desta criatura caída, que nos pede socorro, aí voltamos a ver Jesus na cruz.

Estas variações são trazidas pelo nosso lado bom e lado mau, que temos vivos dentro de nós.

Às vezes estamos tristes, caídos, e recebemos um cum-primento:

— Bom dia! Como vai? Que Deus ilumine o seu dia!Parece que, através deste cumprimento, somos reanimados,

erguemos a cabeça, já desanuviada de maus pensamentos. E sabe por quê? Porque Deus estava naquele cumprimento!

E assim vamos prosseguindo em nossa jornada evolutiva.Ainda sentimos muita dificuldade em ver Deus e Jesus nos

oferecendo os braços e falando:—Vem, vem que Eu te amparo.Para que um dia alcancemos este entendimento, precisamos

ter paz dentro de nós.Quando tivermos paz, chegaremos a enxergar Deus até em

nosso inimigo, pois foi Deus que deu a vida a ele.Pensando assim, poderemos nos encaminhar para o

sublime remédio, que cura muitas de nossas dores: o perdão.Baruffi

Imagem: http://coracaodejesusedemaria.com/portal/wp-content/uploads/2009/05/samaritano1.jpg

A Imagem de JesusTema Livre

tema livre

canal abertoEste espaço é reservado para respondermos às dúvidas que nos são enviadas e para publicações dos leitores.

Agradecemos por todas as correspondências e e-mails recebidos. Reservamo-nos o direito de fazer modificações nos textos a serem publicados.

Canal Aberto

A imaturidade dos pais Os igualam a tais crianças... Inversão de valores morais Geram conflitos e inseguranças...

Por falta de orientação, Ou até mesmo de decência, É grave a situação Da gravidez na adolescência...

Somente a Evangelização Pode curar tal ferida... Pelos caminhos da educação Mudamos a nossa vida...

Carlo Augusto Sobrinho – Rio de Janeiro – RJ

Gravidez na Adolescência

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Livro em Focolivro em foco

No preâmbulo intitulado “Novo Servidor”, Emmanuel, há 51 anos, já falava de compor-tamentos que, infelizmente, continuam atuais: “... muita gente, em contacto com a verdade, liberta a cabeça de prejuízos e preconceitos, continuando, porém, com os pés algemados a ilusões e convenções”, o que só confirma o quanto ainda temos, e muito, a aprender.

A obra, pelo Espírito Hilário Silva, psicogra-fada a duas mãos, é dividida em duas partes. Na primeira se encontram as psicografias pelo médium Waldo Vieira e, na segunda, as rece-bidas por Francisco Cândido Xavier.

Os capítulos descrevem histórias de vida do cotidiano, retratam a lei de causa e efeito, justificando as nossas mazelas reencarnató-

rias; abordam os ajustes de dívidas e compro-missos assumidos no pretérito, despertando a atenção do leitor de maneira simples, mas direta.

Fica fácil a compreensão através dos casos relatados e essa foi a real intenção do amigo Hilário.

Aproveitemos mais essa disponibilidade de aprendizado que Deus nos proporciona através da Espiritualidade, concedendo-nos estes alertas de entendimento, que podemos usufruir durante o trajeto do ônibus, na sala de espera de uma consulta médica ou mesmo no salão de cabeleireiro!

Uma ótima leitura.Rosangela

A Vida Escreve

Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

Espírito Hilário SilvaEditora FEB

Cantinho do Verso em Prosacantinho do verso em prosa

Diz um ditado antigo que o silêncio vale ouro. Nada mais sábio, quando tudo a sua volta está conturbado e falar só vai agitar mais o ambiente.

Mas este ditado não vale para as situações em que pessoas encontram-se em desequilíbrio aparente e nós sentimos que podemos fazer algo por elas, através de uma palavra de conforto ou de orientação.

A omissão, quando podemos auxiliar através da palavra, é um erro tão grave quanto a palavra que ofende ou que calunia.

Em todos os lugares e ambientes que frequentarmos, poderemos deixar, através da palavra bem colocada, um pouco de harmonia e paz, sempre evitando os comentários sobre assuntos menos nobres, tais como fofoca e maledicência.

Temos que nos vigiar para não participarmos dos desequilíbrios que nos rodeiam.

WilsonBibliografia: Momentos de Ouro – Francisco Cândido Xavier / Espíritos Diversos, Editora GEEM, 2ª ed., 2002.

SilêncioQuando a palavra não sejaEstrutura definidaDe luz, esperança e vida,Nas falas que vêm e vão...Modifica o assunto em pauta,Guardando-a no grande arquivoDo silêncio claro e vivoEm que pulsa o coração.

É na escola socialQue a vida se aperfeiçoa;Mesmo que a prova te doa,Nunca censures ninguém...Se falas, fala evitandoConflito, maldade e luta;Auxilia a quem te escutaPara o cultivo do bem.

As frases de sombra e lama,Quando a queixa nos procura,São lâminas de loucura,Lembrando finos punhais...São armas das mais estranhas,Nos mais estranhos perigos,Matando grupos e amigosOu abrindo chagas mortais.

Ninguém existe sem erros...Se alguém te ofende ou injuria,Perdoa!... O tempo em vigiaCorrige crentes e ateus.Se alguém te fere, silêncio!...Segue a luz que te elevas;O poder que vence as trevasÉ a força do amor de Deus.

Maria Dolores

O Hospital do Fogo Selvagem de Uberaba – MG, que atende a portadores do Pênfigo (Fogo Selvagem) e tam-bém a 150 crianças, precisa de doações para comprar: os remédios Calcort e Psorex pomada (podem ser gené-ricos); materiais de limpeza (sabão em barra Ypê amarelo para os doentes e sabão em pó para limpeza em geral); fraldas descartáveis tamanho G infantil; Mucilon; lenços umedecidos e álcool gel 70%.

Caso queira fazer doações em dinheiro, o depósito pode ser feito em nome do LAR DA CARIDADE, através dos seguintes bancos:

• Bradesco – agência 0264-0 – c/c 14572-6• Banco do Brasil – agência 3278-6 – c/c 3724-9Maiores informações:• Telefone (34) 3318-2900• [email protected]

HOSPITAL DO FOGO SELVAGEM PEDE AJUDA

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17Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

No tempo em que não havia automóveis, na cocheira de famoso palácio real, um burro de carga curtia imensa amargura, em vista das pilhérias e remoques dos companheiros de apartamento.

Reparando-lhe o pelo maltratado, as fundas cicatrizes no lombo e a cabeça tristonha e humilde, aproximou-se formoso cavalo árabe, que se fizera detentor de muitos prêmios.

Junto com o cavalo árabe, veio um potro de fina origem inglesa.

— Triste sina a que você recebeu! Não inveja a minha posição nas corridas? Sou acariciado por mãos de princesas e elogiado pela palavra dos reis!

E o potro inglês falou:— Pudera! Como conseguirá um

burro entender o brilho das apostas e o gosto da caça?

O infortunado animal recebia os sarcasmos resignadamente.

Outro soberbo cavalo, de

procedência húngara, entrou também a comentar:

— Esse burro é um covarde! Sofreu nas mãos do bruto amansador, sem dar ao menos um coice. É vergonhoso suportar-lhe a companhia.

Um jumento espanhol acercou-se e acentuou, sem piedade:

— Lastimo reconhecer neste burro um parente próximo. É um desonrado, um fraco, um inútil... Desconhece o amor-próprio! Eu só aceito deveres dentro de um limite. Se abusam, pinoteio e sou capaz de matar.

As observações insultuosas não haviam terminado, quando o rei penetrou o recinto, em companhia do chefe das cavalariças.

— Preciso de um animal para serviço de grande responsabilidade — informou o monarca — animal dócil e educado, que mereça absoluta confiança.

O empregado perguntou:— Não prefere o árabe, Majestade?— Não, não! É muito altivo e só

serve para corridas em festejos sem maior

importância.— Não quer o

potro inglês?— De modo

algum. É irre-quieto e não vai além das extra-vagâncias da

caça.— E o húngaro? Não deseja o

húngaro?— Não, não. É bravio e sem

educação. É apenas pastor de rebanhos.

— O jumento serviria? — perguntou o chefe das cavalariças.

— De maneira alguma. É

manhoso e não merece confiança. Respondeu o rei.

Decorridos alguns instantes de silêncio, o soberano indagou:

— Onde está o meu burro de carga?

— Lá, Majestade. Apontou o chefe das cavalariças para o canto onde o burro estava.

O p r ó p r i o r e i p u x o u - o c a r i n h o s a m e n t e p a r a f o r a , mandou ajaezá-lo com as armas resplandecentes de sua Casa e confiou-lhe o filho, ainda criança, para longa viagem.

Assim também acontece na vida.Em todas as ocasiões, temos

sempre grande número de amigos, de conhecidos e companheiros, mas somente nos prestam serviços de utilidade real aqueles que já aprenderam a suportar, servir e sofrer, sem cogitar de si mesmos.

Neio Lucio* * *

Crianças, nunca devemos achar que somos superiores aos outros.

Todos somos irmãos, pois todos somos filhos de Deus.

Devemos ser educados, calmos, não brigarmos, estarmos sempre prontos para ajudar aos outros com um sorriso no rosto, pois Deus está vendo tudo o que nós fazemos.

Quem é obediente e educado, tem a simpatia de todos.

Vitório

Bibliografia: A Vida Fala II – Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Neio Lúcio – Adaptação de Roque Jacintho, Editora FEB, 12ª ed.Imagem: http://1.bp.blogspot.com/-uHmnXZHvD30/TbLgi8_ZN8I/AAAAAAAACTA/EkFoymkc07U/s1600/11-mykonosBurro.jpg

Contoscontos

O Burro de Carga

Atualmente, os adultos perderam o costume de contar ou ler histórias para as crianças, o que é de se lamentar.Quando contamos uma história para uma criança, ela exercita a imaginação, desenvolvendo, inclusive, capacidades de raciocínio. Isto sem mencionar o ensinamento que a história pode conter.Neste sentido, a Espiritualidade Maior nos trouxe, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, alguns livros infantis, como “A Vida Fala”, do qual transcrevemos uma história para o enriquecimento moral das crianças.

Banca de Livros Espíritas “Joaquim Alves (Jô)”Livros básicos da Doutrina Espírita. Temos os 419 livros psicografados por Chico Xavier, romances de diversos autores, revistas, jornais e DVDs espíritas. Distribuição permanente de edificantes mensagens.

Praça Presidente Castelo BrancoCentro – Diadema – SP – Telefone (11) 4055-2955Horário de funcionamento: 8 às 19 horasSegunda-feira a Sábado

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19Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

No dia 31 de março de 1869, desencarnou Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita; e, em homenagem a este grande missionário, todos os anos, realizamos a Semana de Allan Kardec, trazendo convidados para discorrerem sobre assuntos diversos e atuais, à luz da Doutrina Espírita.

Este ano a VII Semana de Allan Kardec foi realizada de 26 a 31 de março, com um clima espiritual muito gostoso, de acolhimento e esclarecimento.

Todas as noites, apresentaram-se corais, músicos e instrumentistas que harmonizaram e elevaram os pensamentos dos presentes. Na apresentação do dia 31, destacamos o jogral e canções cantadas pelas crianças e equipe de colaboradores da Evangelização Infantil, bem como a emocionante apresentação de viola e violão realizada pelo professor de violão do curso aos sábados, Amadeu Klein Júnior, e amigos.

Os temas e palestrantes de toda a semana trouxeram muito esclarecimento aos presentes.

A programação completa vai abaixo:

Dia 26/03 – A moral atual e as religiõesDr. Edson Mantovani

Dia 27/03 – Os jovens e os problemas familiaresDr. Fernando Sansone

Dia 28/03 – Nas sendas do mundoRosangela Araújo Neves

Dia 29/03 – Profecias do Cristo sobre o futuro da TerraDr. Américo Canhoto

Dia 30/03 – Evolução e aprimoramentoDra. Maria Heloisa BernardoO encerramento foi realizado no dia 31/03 às 17 horas, na

Praça Castelo Branco, junto à Banca de Livros Espíritas Joaquim Alves (Jô), no Centro de Diadema, SP, com a leitura de um trecho de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e uma prece.

Agradecemos a todos os presentes e já deixamos o convite para a Semana de Fabiano de Cristo, a se realizar de 15 a 20 de outubro.

Equipe Seareiro

Aconteceuaconteceu

VII Semana de Allan KardecNúcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”

Uma luz acendeu,Pude reconhecer.Você me recebeuComo um novo ser. Bendita oportunidade,Abençoada dedicação.Pela luz da maternidade,Me davas a condição. Pelo trabalho esmerado,Quantas dificuldades.No desejo apurado,De nos dar felicidades. A luta constante,O bem encaminhar.Quanto te vimos ofegante,De tanto trabalhar. A tua criatividade,Procurando solução, Supria a dificuldade,À luz do coração.

No preparo ao teu alcance,A vontade nunca faltou.De nos treinar o bastante,Para o que a vida nos reservou. Nas tuas limitações,Temos que entender, Que buscavas soluções,Que não podíamos compreender. O caminho seguimos,Jamais esquecendo que,O arrimo que conseguimos,Foi apoiando em você. Fácil de se encontrar,Neste mundo a gratidão,Quando se trata de homenagear,A mãe do nosso coração. Porém ainda temos,Algo mais a acrescentar: Que jamais olvidemos,De te agradecer e te amar.

Luana

Homenagemhomenagem

Mãe

Imagem: http://3.bp.blogspot.com/_rXIpau9vlG8/S-SanwhpEUI/AAAAAAAAAIo/qwSICWwnG_s/s1600/mae_negra_2.jpg

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