MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

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MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA Espécies patogênicas de Arcobacter spp. de origem aviária: identificação molecular, caracterização fenotípica e interação com hospedeiro São Paulo 2019

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MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

Espécies patogênicas de Arcobacter spp. de origem aviária: identificação

molecular, caracterização fenotípica e interação com hospedeiro

São Paulo

2019

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MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

Espécies patogênicas de Arcobacter spp. de origem aviária: identificação

molecular, caracterização fenotípica e interação com hospedeiro

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Patologia Experimental e Comparada da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Doutora em Ciências

Departamento:

Patologia

Área de concentração:

Programa de Pós-Graduação em

Patologia Experimental e Comparada.

Orientador:

Profa. Drª. Terezinha Knöbl

São Paulo

2019

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Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte.

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

(Biblioteca Virginie Buff D’Ápice da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Maria Aparecida Laet, CRB 5673-8, da FMVZ/USP.

T. 3877FMVZ

Oliveira, Maria Gabriela Xavier de Espécies patogênicas de Arcobacter spp. de origem aviária: identificação molecular, caracterização fenotípica e interação com hospedeiro / Maria Gabriela Xavier de Oliveira. – 2019.

104 f. : il.

Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Departamento de Patologia, São Paulo, 2019.

Programa de Pós-Graduação: Patologia Experimental e Comparada.

Área de concentração: Patologia Experimental e Comparada.

Orientadora: Profa. Dra. Terezinha Knöbl.

1. Arcobacter spp. 2. Campylobacteraceae. 3. Toxi-infecção alimentar. 4. Doença de transmissão alimentar. I. Título.

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Autor: OLIVEIRA, Maria Gabriela Xavier de

Título: Espécies patogênicas de Arcobacter spp. de origem aviária:

identificação molecular, caracterização fenotípica e interação com

hospedeiro

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Patologia Experimental e Comparada da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências

Data: _____/_____/_____

Banca Examinadora

Prof. Dr.________________________________________________________

Instituição:_______________________

Julgamento:_____________________

Prof. Dr.________________________________________________________

Instituição:________________________

Julgamento:_______________________

Prof. Dr._________________________________________________________

Instituição:________________________

Julgamento:_______________________

Prof. Dr._________________________________________________________

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Dedico a tese à toda minha

família que sempre me ensinou

a priorizar os estudos como

melhor forma de ascensão e

desenvolvimento.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família pelo apoio e incentivo em todas as etapas da

minha formação e por sempre me fazer acreditar no meu potencial.

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – código de

financiamento 001.

Agradeço o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado

de São Paulo – projeto 2014/07837-6.

Agradeço o apoio financeiro do Conselho Nacional De Desenvolvimento

Científico E Tecnológico – CNPq.

À Professora Doutora Terezinha Knöbl, por toda dedicação, orientação,

carinho, pelos 10 anos de confiança e por sempre acreditar em nosso trabalho e

me apoiar em tantas decisões que tivemos que tomar ao longo dessa jornada. Te

admiro que entre tantos desafios sempre lutou e conseguiu o seu lugar no

universo da pesquisa.

À professora Doutora Andrea Micke Moreno, por ser a primeira pessoa a

nos acolher e permitir o desenvolvimento de nosso trabalho no Laboratório de

Sanidade Suína. Muito obrigada pelo carinho, atenção, ensinamento e todas as

virtudes de gerenciar um ambiente harmonioso e dedicado à tudo que propõe.

À Doutora Mônica Aparecida Midoli Vieira por todos os ensinamentos e por

me acolher com tanto carinho nos alegres dias de Unifesp.

À Professora Doutora Tânia A. T. Amaral por permitir o desenvolvimento

deste trabalho com tanta tranquilidade em seu laboratório.

À Professora Doutora Cristina O. Massoco pela colaboração e atenção no

desenvolvimento e análise dos dados e mobilização de sua equipe para auxílio do

trabalho.

Á Professora Doutora Cecília M. Abe do Instituto Butantâ pela atenção e

colaboração no trabalho.

Aos colegas do Laboratório de Medicina Aviária (Jéssica, Letícia, Lilian,

Rosely, Yamê, Maria Flávia, Letícia, Bruna, Felipe, André, Fernanda, Márcia,

Victória e à todos os estagiários) por permitirem a minha participação em uma

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quipe tão dedicada, atenciosa e com enorme potencial de crescimento científico.

Agradeço em especial ao Marcos Cunha e à Mirela Vilela pela parceria de

tantos anos, amizade e compartilhar desde o início tudo o que conquistamos

juntos à professora Terezinha no laboratório de Medicina Aviária.

A toda equipe do Laboratório de Sanidade Suína (Ana Paula, Luisa,

Rosilma, Vasco, Carlos, Bárbara, Pedro, Givago, Alexandre, Thaís, Ketrin, Jucelia,

Maria Roberta, Fabiana, Maria e à todos estagiários) pelo companheirismo e

atitudes de cooperação, que de alguma forma permitiram o perfeito andamento do

trabalho.

À todos os grupos de pesquisa do VPT e VPS pela amizade e

por compartilhar tantos momentos de alegrias, dilemas e desafios ao longo de

tantos anos.

Aos professores, funcionários, alunos e residentes do Departamento de

Patologia e do Departamento de Medicina Preventiva e Saúde Animal, em

especial à Adriana Margarido, Milena Oliveira, Danival, Dona Célia, Dennis,

Mauro, Claúdio, Edson, Celina, Vivian por toda a atenção dispensada e por

sempre me recepcionarem com alegria.

À Juliana Fonseca pela atenção, ensinamentos e toda dedicação que até

aos finais de semana se propôs a me ajudar.

À toda equipe de trabalho da FMU pelos momentos compartilhados e

ensinamentos diários, em especial à minha chefe Ana Claudia Balda que sempre

respeitou minhas decisões e me apoiou para que eu desenvolvesse o doutorado.

À minha amiga e colega de trabalho Vanessa Feijó e Ramon Mesquita pelo auxílio

na análise dos dados e todas disponibilidade e carinho. `

A todos os estagiários e orientados de TCC e Iniciação Científica que

estiveram em minha vida ao longo dessa caminhada e que de alguma forma

colaboraram para a execução do trabalho, compartilhando informação e

conhecimento adquirido em todos esses anos de dedicação.

`

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Andei! Progredi um centímetro a cada passo, desatei nós e fiz outros laços.

Sempre olhando em frente, não parei. E nesse caminho, desenvolvi planos

mirabolantes, perdi horas, vivi instantes, colhi a flor e o espinho. Se evolui nesse

pequeno salto? Não sei dizer com precisão, mas os meus pés que antes tocavam

o chão, hoje são asas que me levam para o alto.

OLIVEIRA, Maria Cristina Xavier

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RESUMO

OLIVEIRA, M.G.X. Espécies patogênicas de Arcobacter spp. de origem aviária: identificação molecular, caracterização fenotípica e interação com hospedeiro. [Pathogenic species of Arcobacter spp. from birds: molecular identification, phenotypic characterization and interaction with host.]. 2019. 104 p. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019. Arcobacter spp. é um microrganismo Gram negativo causador de diarreia e sepse

em humanos. O objetivo deste trabalho foi caracterizar isolados de Arcobacter

spp., provenientes de recortes de carne de frango do Município de São Paulo.

Foram utilizadas 40 estirpes de Arcobacter spp das espécies A. butzleri (27/40) e

A. cryaerophilus (13/40), provenientes de 231 recortes de carnes de frangos (2013

a 2015). Os resultados obtidos no perfil de resistência antimicrobiana determinado

pela concentração inibitória mínima (CIM) revelaram que 62,5% das estirpes eram

resistentes à clindamicina, 45% ao ácido nalidíxico e florfenicol, 7,5% à

azitromicina e ciprofloxacina, 5% à telitromicina, 2,5% à eritromicina e tetraciclina

e 0% à gentamicina. Algumas estirpes foram selecionadas para os ensaios

fenitípicos in vitro e in vivo. A análise da produção de biofilme de 12 expressa pelo

índice de formação de biofilmes (IFB), revelou uma estirpe com padrão

moderado. As demais apresentaram padrão fraco (11/12). Nos testes de

aderência, 4/5 estirpes apresentaram padrão de adesão difusa (3h) sobre a

superfície celular com variação de baixa a alta intensidade. Todas as estirpes

foram positivas no teste de toxicidade com efeito em 24h. Estas estirpes causaram

hemorragia intestinal no teste de alça ligada em coelho, com intenso edema de

submucosa. A inoculação experimental em aves revelou lesões mais acentuadas

no quarto dia após infecção, mas sem sintomas clínicos significativos. Lesões

inflamatórias como espessamento de vilosidades e alteração de criptas intestinais

foram observadas no exame histológico. A avaliação dos parâmetros de

modulação da resposta imune local foi realizada entre indivíduos de cada grupo

experimental de aves, revelando diferenças de expressão da citocinas IL 1 e IL 10

do baço e tonsila cecal.

Palavras-chave: Arcobacter spp.. Campylobacteriaceae. toxi-infecção alimentar.

doença de transmissão alimentar.

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ABSTRACT

OLIVEIRA, M. G. X. Arcobacter spp. pathogenic species of avian origin: molecular identification, phenotypic characterization and interaction with host. [Espécies Patogênicas de Arcobacter spp. de origem aviária: identificação molecular, caracterização fenotípica e interação com hospedeiro]. 2019. 104 p. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.

Arcobacter spp. is a Gram negative microorganism causing diarrhea and sepsis in

humans. The aim of this study was to phenotypically characterize arcobacter

spp.isolates from chicken meat cutouts marketed in the city of São Paulo. Forty

strains of Arcobacter spp. of species A. butzleri (27/40) and A. cryaerophilus

(13/40) from 231 chicken meat cutouts collected in butchers and municipal markets

(2013 to 2015). The results obtained in the antimicrobial resistance profile

determined by the minimum inhibitory concentration (MIC) revealed that 62.5% of

the strains were resistant to clindamycin, 45% resistant to nalidyxic acid and

florfenicol, 7.5% to azithromycin and ciprofloxacin, 5% telitermycin, 2.5% to

erythromycin and tetracycline and 0% to gentamycin. The analysis of biofilm

production of 12 strains expressed by the moderate biofilm formation index (IFB)

only 1 strain. The others presented a weak pattern (11/12). In the adhesion tests,

4/5 strains showed diffuse adhesion pattern (3h) on the cellular surface with low to

high intensity variation. All strains were positive in the toxicity test with effect at

24h. These strains caused intestinal hemorrhage in the rabbit-illeal loop test, with

intense submucosal edema. Experimental inoculation in birds revealed more

pronounced lesions on the fourth day after infection, but without significant clinical

symptoms. Inflammatory lesions such as thickening of villi and altered intestinal

crypts were observed on histological examination. The evaluation of the

modulation parameters of the local immune response was performed among

individuals from each experimental group of birds, revealing differences in

expression of cytokines IL 1 and IL 10 the spleen and cecal tonsil.

Keywords: Arcobacter spp.. Campylobacteriaceae. toxi-food infection. food

transmission disease.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Dendrograma ilustrando as relações entre os perfis de

susceptibilidade e virulência dos isolados de Arcobacter spp. ............................ 35

Figura 2 Teste de adesão em células HeLa. ....................................................... 54

Figura 3 Teste de toxicidade em células VERO .................................................. 54

Figura 4 Porção da alça intestinal do coelho desafiado com Arcobacter

butzleri ................................................................................................................... 57

Figura 5 Porção da alça intestinal do coelho. Região sem inoculação de

Arcobacter spp. ..................................................................................................... 57

Figura 6 Histologia de Intestino Delgado de Coelho inoculado com A. butzleri

(estirpe A). ............................................................................................................. 59

Figura 7 - Histologia de Intestino Delgado de coelho inoculado com

Arcobacter butzleri (estirpe B) ............................................................................... 59

Figura 8 - Histologia de Intestino Delgado de Coelho inoculado com A.

cryaerophilus (estirpe C)........................................................................................ 60

Figura 9 Histologia de Intestino Delgado de Coelho. Controle negativo .............. 60

Figura 10 Imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura da

porção de amostra de intestino de coelho desafiado com Arcobacter

butzleri. .................................................................................................................. 61

Figura 11 Imagem obtida através de microscopia eletrônica de varredura

de porção da amostra intestinal não desafiada (C-). ............................................. 61

Figura 12 Alterações macroscópicas de aves inoculadas experimentalmente com

Arcobacter butzleri........................................................................................ 62

Figura 13 Alça intestinal de ave SPF inoculada com Arcobacter butzleri. ........... 63

Figura 14 Comparação entre diferentes lesões macroscópicas em intestinos de

aves SPF inoculadas com estirpes de Arcobacter butzleri (A167 e A170). ........... 64

Figura 15 Intestino de ave não desafida (controle negativo) no dia 1 ................. 66

Figura 16 Intestino de ave não desafiada (controle negativo) do dia 7 após

desafio ................................................................................................................... 66

Figura 17 - Intestino de ave desafiada com a estirpe A167 (A. butzleri), 4

dias após desafio ................................................................................................... 67

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Figura 18 Intestino de ave desafiada com a estirpe A170 (A. butzleri), 4

dias após desafio ................................................................................................... 68

Figura 19 Intestino de ave desafiada com a estirpe A178 (A. butzleri), 4 dias

após desafio .......................................................................................................... 69

Figura 20 Intestino de ave desafiada com a estirpe A181 (A. cryaerophilus)

4 dias após desafio ................................................................................................ 70

Figura 21 Distribuição da expressão de IL 1 ......................................................... 72

Figura 22 Distribuição da expressão de IL 10. ...................................................... 73

Figura 23 Distribuição da expressão de INF.......................................................... 74

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Descrição dos genes alvo, sequência dos primers, tamanho dos

produtos dos genes de resistência pesquisados ................................................... 32

Tabela 2 - Valores de amplitude, CIM50, CIM90, taxa de resistência e

pontos de corte para os antimicrobianos estudados (CIM - µg/mL) – N (%) ......... 34

Tabela 3 - Distribuição dos perfis resistência identificados segundo espécie

– N/40. ................................................................................................................... 36

Tabela 4 - Média e Desvio Padrão do Teste de formação de bioflime. ................. 52

Tabela 5 - Perfil das estirpes testadas para os testes de biofilme, adesão e

toxicidade. ............................................................................................................. 56

Tabela 6 Análise comparativa entre os diferentes indivíduos desafiados com

Arcobacter butzleri e Arcobater cryaerophilus. ...................................................... 71

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Sequência de primers de citocinas ........................................................ 50

Quadro 2 Efeito citológico em células HeLa e citotóxico em células VERO

das estirpes de A. butzleri e A. cryaerophilus ........................................................ 53

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................18

2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 20

2.1GÊNERO ARCOBACTER ................................................................................... 20

2.2 DOENÇA EM HUMANOS ........................................................................... 23

2.3 DOENÇA NOS ANIMAIS ............................................................................ 24

3 RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE ESTIRPES VIRULENTAS DE

Arcobacter butzleri E Arcobacter cryaerophilus ISOLADAS DE

CARNE DE FRANGO. ..................................................................................... 28

3.2 OBJETIVOS ............................................................................................... 29

3.3 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 30

3.3.1 Isolados bacterianos ............................................................................. 30

3.2.2 Detecção Da Concentração Inibitória Mínima – CIM .......................... 30

3.4 RESULTADOS ........................................................................................... 33

3.5 DISCUSSÃO .............................................................................................. 37

4 Caracterização Fenotípica e Interação Patógeno-Hospedeiro de

Estirpes Virulentas de Arcobacter butzleri e Arcobacter

cryaerophilus de Origem Aviária .................................................................. 42

4.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 42

4.2 OBJETIVOS ............................................................................................... 44

4.2.1 Objetivos específicos ............................................................................ 44

4.3 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 45

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4.3.1 Seleção das estirpes ............................................................................. 45

4.3.2 Ensaios de formação de biofilme ......................................................... 45

4.3.3 Cultivo celular ........................................................................................ 46

4.3.4 Teste de aderência bacteriana ............................................................. 46

4.3.5 Determinação de toxicidade em células VERO ................................... 47

4.3.6 Teste de alça intestinal ligada em coelho ........................................... 47

4.3.7 Inoculação experimental em aves ........................................................ 49

4.4 RESULTADOS ........................................................................................... 52

4.4.1 Teste de biofilme ................................................................................... 52

4.4.2 Teste de adesão (HeLa) e citotoxicidade (VERO). .............................. 53

4.4.3 Teste de alça ligada em coelho ............................................................ 57

4.3.4 Teste de inoculação experimental em aves ........................................ 62

4.3.5 Quantificação das citocinas através da PCR em tempo real ............. 71

4.5 DISCUSSÃO .............................................................................................. 75

5 CONCLUSÔES ............................................................................................. 84

REFERÊNCIAS BiBLIOGRÁFICAS ................................................................ 86

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1 INTRODUÇÃO GERAL

Cerca de 1,5 bilhões de casos de diarreia ocorrem anualmente no mundo,

sendo esta uma das principais causas de mortalidade infantil (UNICEF, 2010). A

diarreia é uma manifestação clínica comum das infecções gastrointestinais, que

pode ter várias causas como a ingestão de alimentos de origem animal crus ou

mal cozidos, a contaminação cruzada de alimentos não cozidos, o consumo de

água contaminada, ou ainda, o contato com o agente em situações de falta de

higiene e de saneamento básico (OLIVEIRA et al., 2014).

Diversos microrganismos podem estar associados à ocorrência de

diarreias; e a presença de patógenos zoonóticos em alimentos de origem animal é

uma preocupação de saúde pública (SANCHEZ-ORTIZ; LEITE, 2011). Estimativas

americanas apontam que a infecção por bactérias da Família Campylobacteracea

é a principal causa de diarreia nos Estados Unidos, com aproximadamente 1,3

milhões de casos de doença ao ano (CDC – CENTER FOR DISEASE AND

CONTROL, 2017). A principal via de transmissão da campilobacteriose é a carne

de frango e 95% das ocorrências são decorrentes da presença de Campylobacter

jejuni e Campylobacter coli, sendo 5% dos casos associados à presença de outras

espécies emergentes de Campylobacter spp. e aos organismos Campylobacter-

like, como Arcobacter spp. e Helicobacter spp. (VANDENBERG et al., 2004).

No Brasil as doenças de transmissão hídrica e alimentares constam na lista

nacional de doenças de notificação compulsória, cujas informações são

gerenciadas pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação

(SINAN/DATASUS) como determina a PORTARIA Nº 204, de 17 DE FEVEREIRO

de 2016. No entanto, na prática, os dados epidemiológicos de ocorrência de

diarreias causadas especificamente por Campylobacter spp. e Arcobacter spp. são

escassos no país, em função das dificuldades de diagnóstico diferencial de

gastroenterites nas unidades básicas de saúde, clínicas e hospitais nacionais.

Arcobacter spp. é um microrganismo Gram negativo, aerotolerante,

pertencente à Família Campylobacteraceae, capaz de causar diarreia aquosa ou

sanguinolenta e sepse em humanos (WEBB et al., 2015). São descritas e

reconhecidas 27 espécies do gênero Arcobacter (LEVICAN et al., 2015; PARK et

al. 2016; RAMEES et al., 2017), sendo as espécies A. butzleri, A. cryaerophilus e

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A. skirrowii as únicas consideradas patogênicas para humanos e animais

(VANDENBERG et al., 2004).

Estudos sobre a epidemiologia, caráter zoonótico de Arcobacter spp.e os

fatores envolvidos na patogenia da Arcobacteriose têm se intensificado nos

últimos anos, mas ainda não estão completamente estabelecidos todos os pontos

da cadeia de transmissão (FERREIRA et al., 2016). A infecção de aves

domésticas pelo Arcobacter spp. não cursa sinais clínicos aparentes e por isso é

difícil realizar o diagnóstico nas granjas. Em diversas suposições, a contaminação

ocorre por via horizontal, pelo contato de organismos externos como água de

bebida, manipulação das pessoas, animais sinantrópicos e equipamentos

utilizados na granja (HOUF, 2009). A contaminação da carne no momento do

abate é uma situação frequente e representa um perigo alimentar, principalmente

nos casos de estirpes com fenótipo de virulência e resistência antimicrobiana

(OLIVEIRA et al., 2001).

Técnicas moleculares para identificar e diferenciar a diversidade genética,

assim como as formas de transmissão do agente e a determinação de alguns

fatores de virulência, vem contribuindo significantemente nos estudos

epidemiológicos e são essenciais para o avanço das pesquisas sobre Arcobacter

(FERREIRA et al., 2016; OLIVEIRA et al., 2017). Ensaios experimentais in vivo e

in vitro também vêm fornecendo dados importantes sobre a patogenia e

informações prognósticas de pacientes (ADESIJI, 2010).

Um levantamento epidemiológico em carne de frango comercializada no

município de São Paulo detectou a presença de espécies patogênicas de

Arcobacter spp. em 18,3% das amostras analisadas. As estirpes isoladas

apresentaram uma elevada heterogeneidade genética, sendo positivas para

diversos genes de virulência descritos em isolados de pacientes humanos com

Arcobacteriose (OLIVEIRA, 2015). Diante da importância do agente e da escassez

de dados nacionais, os objetivos deste trabalho foram: estabelecer um perfil de

resistência antimicrobiana das estirpes de A. butzleri e A. cryaerophilus

previamente caracterizadas como virulentas; avaliar as características fenotípicas

destas estirpes; bem como a interação com hospedeiros em ensaios in vitro e in

vivo.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

O Brasil é um país que possui agroindústria desenvolvida no setor de

carne de frango. Os números da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

indicam que a produção brasileira no ano de 2018 atingiu 12,86 milhões de

toneladas de carne de frangos, com distribuição do produto em mais de 150

países de todos os continentes (CAMPOS; GOMES, 2016; ABPA, 2019). Apesar

do grande desenvolvimento em tecnologia e atenção aos cuidados à saúde

animal, todo produto de origem animal pode representar um perigo à população

consumidora, caso essa não tenha acesso à determinadas informações sobre

perigos biológicos, condições higiênico-sanitárias e boas práticas de preparo de

alimentos (BRASIL, 1997).

Intoxicações alimentares apresentam um amplo espectro de manifestações

clínicas. No entanto, a diarreia é a manifestação clínica mais frequentemente

observada nas diferentes formas de infecções e toxi-infecções alimentares.

Segundo FERREIRA et al. (2016), Arcobacter spp. foi identificado como um

patógeno emergente nos últimos anos, contaminando alimentos de origem animal

em todo o mundo. O agente é classificado como um perigo para o ser humano

(FERREIRA et al., 2016).

A seguir serão descritas as características do gênero Arcobacter spp., sua

relação com a doença em humanos e nos animais, além das técnicas para

diagnóstico e caracterização do agente.

2.1 GÊNERO ARCOBACTER

Arcobacter spp. são bactérias curvas, Gram negativas, oxidase-positivas,

não esporuladas, com um flagelo polar associado à motilidade. Pertencem à

família Campylobacteraceae e são considerados patógenos emergentes, com

potencial zoonótico (TRABULSI; ALTERTUM, 2008).

Até a presente data são descritas e reconhecidas 27 espécies do gênero

(RAMEES et al., 2017; DIEGUEZ et al., 2017), sendo que as espécies melhor

caracterizadas são Arcobacter butzleri, Arcobacter cryaerophilus, Arcobacter

Page 22: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

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skirrowii, Arcobacter nitrofigilis, Arcobacter cibarius e Arcobacter halophilus

(FERNANDEZ et al., 2015; GIACOMETTI et al., 2015; HARMON; WESLEY, 1997;

VAN DEN ABEELE et al., 2014).

São capazes de crescer em atmosfera aeróbica e micro aeróbica, com

temperatura ótima de crescimento de 30oC (VANDAMME et al., 1992). A maioria

das espécies de Arcobacter é considerada ubiquitária, estando presentes no meio

ambiente, na água e nas fezes de animais domésticos e selvagens (TALAY et al.,

2016; OLIVEIRA et al., 2017). No entanto, as espécies Arcobacter butzleri,

Arcobacter cryaerophilus e Arcobacter skirrowii são classificadas pela Comissão

Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos como potenciais

patógenos alimentares e aquáticos para os seres humanos e animais (ICMSF,

2002).

Em relação à temperatura mínima de crescimento detectável, foi

demonstrado que A. butzleri é capaz de crescer à 10°C e por outro lado não

apresenta crescimento detectável à 40ºC (KJELDGAARD et al., 2009) Na

temperatura de congelamento A. butzleri mostrou ser capaz de sobreviver a uma

incubação prolongada a 20°C até 6 meses (D'Sa & Harrison, 2005).

Os estudos sobre a presença de genes de virulência e sua

citopatogênicidade em testes genotípicos e fenotípicos, revelam que A. butzleri

representa um "grave perigo" para a saúde humana de acordo com a Comissão

Internacional de Microbiologia e Especificações para Alimentos (ICMSF, 2002).

Os mecanismos de patogenicidade e virulência de Arcobacter ainda são

mal compreendidos (HO et al., 2006). Contudo, sabe-se que a presença de alguns

fatores de virulência caracterizam as espécies como potencialmente patogênicas

(OLIVEIRA et al., 2017). Dentre os genes de virulência encontrados nas espécies

patogênicas de Arcobacter spp. destacam-se: ciaB (codifica o antígeno de

invasão Campylobacter jejuni); mviN (codifica marcador de virulência; proteína da

membrana interna necessária para a biossíntese de peptidoglicanos); pldA

(codifica fosfolipase A da membrana externa associada à lise de eritrócitos); tlyA

(codifica a produção de hemolisina); hecA (codifica uma proteína membro da

família de hemaglutinina filamentosa (FHA) que promove a fixação em células

fagocitárias do hospedeiro); hecB (codifica a ativação de hemolisina); irgA

Page 23: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

22

(codifica uma proteína de membrana externa reguladora de ferro, juntamente com

o gene iroE, que codifica uma enzima periplasmática), cadF e cj1349 (codificam

proteínas de ligação à fibronectina e promovem a ligação de bactérias nas células

intestinais) (GRANT et al., 1997; WREN et al., 1998; KONKEL et al., 1999; MEY et

al., 2002; RASHID et al., 2006; MILLER et al., 2007; RUIZ, 2008; TRABULSI;

ALTERTHUM, 2008; FLANAGAN et al., 2009; DASTI et al., 2010; DOUIDAH et al.,

2012; KARADAS et al., 2013).

Os genomas de Arcobacter disponíveis em bases de acesso podem ser

úteis no estudo sobre a virulência destes microrganismos (MILLER; PARKER,

2011). Em um estudo realizado por MILLER et al., (2007) foi realizado o

sequenciamento genômico de uma estirpe de A. butzlei, proveniente de um

isolado clínico humano (RM4018). Este estudo revelou a presença de genes de

virulência como cadF, ciaB, cj1349, hecA, hecB, irgA, mviN, pldA, tlyA e iroE. Com

base nestes dados, evidenciou-se a homologia dos genes de virulência de A.

butzleri e C. jejuni (MILLER et al., 2007).

As técnicas para identificação do gênero Arcobacter e a diferenciação entre

outras espécies da família podem incluir testes moleculares como sequenciamento

do 16S rRNA, 23S rRNA, DNA girase (gyrA e gyrB), Espectrometria de Massa de

Ionização por Desorção Assistida por Matriz Assistida (MALDITOF MS),

Hibridação in situ por fluorescência (FISH), entre outras (PATYAL et al. 2011;

MOHAN et al. 2014; VAN DEN ABEELE et al., 2016). Tais metodologias são

sensíveis e específicas para identificação de espécies e de marcadores de

virulência. (MILLER et al., 2007). Contudo tais técnicas não são suficientes para

determinar a patogenicidade do agente (HARMON; WESLEY, 1997). Métodos

moleculares devem ser associados ao isolamento e caracterização fenotípica para

avaliação do potencial patogênico das diferentes espécies de Arcobacter

(MAUGERI et al. 2005).

DOUIDAH et al. (2012) e KARADAS et al. (2013) desenvolveram primers

para a detecção de genes de virulência em Arcobacter por PCR, demonstrando

sua presença nas espécies A. butzleri, A. cryaerophilus e A. skirrowii. Desde

então, diversos estudos analisaram a ocorrência de genes de virulência em

espécies de Arcobacter spp. isoladas de humanos, animais e de alimentos de

Page 24: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

23

origem animal (LEVICAN et al., 2013; COLLADO et al., 2014; FERREIRA et al.,

2014; TABATABAEI et al., 2014; LEHMANN et al., 2015; OLIVEIRA et al. 2017).

2.2 DOENÇA EM HUMANOS

As espécies A. butzleri, A. cryaerophilus e A. skirrowii estão associadas a

infecções em humanos e animais. Essas espécies são consideradas patógenos

emergentes e foram isoladas de pacientes com bacteriemia, endocardite,

peritonite e diarreia (ALONSO et al., 2014; COLLADO et al., 2014; CORRY;

ATABAY, 2001; GIRBAU et al., 2015; HOUF et al., 2000).

A transmissão do Arcobacter ao homem se dá pela via fecal oral, pela

ingestão de água e alimentos contaminados ou por maus hábitos de higiene

(GONZALEZ et al. 2010; COLLADO et al. 2010; SHAH et al. 2011; LEE; CHOI

2013). A transmissão entre humanos e por contato com animais de estimação,

embora seja menos frequente, já foi reportada em surtos da doença na Itália

(FERREIRA et al., 2016).

Carne de frango, suínos e frutos do mar consumidos crus ou mal cozidos

podem levar à infecção (COLLADO et al., 2009). As manifestações clínicas

incluem dor abdominal, náuseas, febre e fraqueza (VANDAMME et al., 1992). A

enterite causada por Arcobacter pode ter curso agudo, com duração de 3 a 15

dias, contudo a maioria das descrições relata casos persistentes ou recorrentes,

que podem durar de duas semanas a dois meses (VANDENBERG et al., 2004).

A. cryaerophilus foi a primeira espécie identificada em seres humanos

(COLLADO et al., 2011). Atualmente Arcobacter butzleri é a espécie mais

comumente isolada de fezes e sangue de pacientes que apresentam desde

diarreia até quadros sepse (FISHER et al., 2014; ARGUELLO et al., 2015),

enquanto A. cryaerophilus e A. skirrowii são isolados apenas de fezes de

pacientes diarreicos (FIGUERAS et al., 2014; VANDENBERG et al., 2004; WYBO

et al., 2004).

A diarreia é geralmente do tipo aquosa e pode ser mais grave em

pacientes imunossuprimidos, em idosos e crianças (WYBO et al., 2004;

FERREIRA et al., 2014). No entanto, poucos microrganismos produzem os casos

mais graves, com perda significativa de líquidos levando à desidratação e morte

Page 25: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

24

(UNICEF, 2009). Diarreias sanguinolentas são menos frequentes (COLLADO et

al., 2011). FIGUEIRAS et al., (2014) relataram um caso de um paciente masculino

na Espanha que apresentou diarreia sanguinolenta. A princípio os sintomas foram

atribuídos a possibilidade de infecção por Campylobacter, contudo o diagnóstico

confirmou a presença de Arcobacter cryaerophilus.

A. cryaerophilus e A. butzleri foram identificados como causas raras de

bacteremia em pacientes com apendicite gangrenosa, cirrose hepática,

pneumonia secundária devido à disseminação hematogênica do organismo e em

um caso de sepse neonatal (LAU et al., 2002). Contudo um homem de 65 anos de

idade, com cardiomiopatia isquêmica e cirrose subjacente, apresentou fraqueza,

calafrios, febre e taquicardia, em em 24h entrou em estado grave com efusão

pleural, levando a uma investigação de sepse. Este havia ingerido frutos do mar,

mais especificamente caranguejo. O diagnóstico de Arcobacteriose foi confirmado

após 14 dias e o paciente apresentou melhora com o uso de doxiciclina e

ciprofloxacina (VASILJEVIC et al., 2019).

ARGUELLO et al. (2015) relataram a forma invasiva da infecção em um

homem imunocomprometido de 85 anos de idade, com leucemia linfocítica crônica

que desenvolveu sepse por A. butzleri. Um estudo na África do Sul mostrou que A.

butzleri foi a terceira espécie mais prevalente em diarreias humanas, enquanto na

Bélgica e na França foi relatado que a espécie é a quarta mais prevalente (VAN

DRIESSCHE et al., 2003; PROUZET-MAULEON et al., 2006; SAMIE et al., 2007;

VAN DEN ABEELE et al. 2014).

2.3 DOENÇA NOS ANIMAIS

O isolamento de Arcobacter em animais teve seu primeiro relato feito por

ELLIS et al. (1977), que descreveram o agente presente em fezes de bovinos.

Atualmente se sabe que é possível realizar o isolamento do agente em amostras

de animais de produção como os bovinos, ovinos, aves, equinos e suínos, sendo

que estes podem ser indivíduos assintomáticos ou portadores, sugerindo que

Arcobacter pode ser um agente comensal presente na microbiota (VAN

DRIESSCHE et al., 2005; HO et al., 2006; AYDIN et al.2007). Entretanto há

Page 26: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

25

descrições de diferentes manifestações clínicas em animais infectados por

Arcobacter. De maneira geral as manifestações estão associadas a distúrbios

reprodutivos como abortamentos, mastites e diarreias (NEILL et al., 1985; HO et

al., 2006; LOGAN et al., 1982; VAN DRIESSCHE et al., 2003; COLLADO;

FIGUERAS, 2011).

A infecção por A. butzleri em suínos, bovinos e equinos provoca quadros

de diarreia associado ou não à enterite, enquanto a infecção por A. skirrowii causa

diarreia e/ou colite hemorrágica. (HO et al., 2006; VANDAMME, et al., 1992). A.

cryaerophillus é a espécie predominante isolada de animais abortados, mas

também foi isolada de lavagens de prepúcio de bovinos (GILL 1983; DE OLIVEIRA

et al., 1999; BATH et al., 2013). A. butzleri e A. skirrowii são menos relatados em

animais abortados (DE OLIVEIRA et al., 1997; COLLADO; FIGUERAS, 2011).

Arcobacter spp. também pode ser isolado de pequenos animais, incluindo

cães diarréicos (HOUF et al. 2009). Em um trabalho realizado na República Checa

foram avaliados 108 esfregaços orais de cães e 70 de gatos, resultando em cinco

animais positivos para A. butzleri, sendo quatro amostras provenientes de cães e

uma de gato (PEJCHALOVA et al., 2016). A presença do agente em gatos foi

testada por um grupo no Sul da Itália, com a avaliação de 85 animais com e sem

manifestações clínicas de doença. Foram positivos para A. butzleri 66/85 gatos e

29/85 para A. cryaerophilus. A comparação entre os grupos saudáveis e doentes

revelou que 80% dos animais positivos para Arcobacter apresentavam lesões na

cavidade oral e 76% destes tinham linfadenomegalia (FERA et al., 2009).

Em um trabalho realizado na Índia, sobre a prevalência de Arcobacter

spp. em seres humanos, animais e alimentos de origem animal, foi demonstrado

que as maiores taxas de isolamento eram de fezes de suínos com e sem diarreia

(21,33%), seguido de alimentos do mar (17,33%), fezes de frangos de corte sem

diarreia (14,67%), carne de suíno (16%), carne de frango (12%) e amostras de

fezes de humanos com diarreia (2,67%). Este estudo aponta animais marinhos,

suínos e aves como reservatórios das três espécies com potencial zoonótico (A.

butzleri, A. cryaerophilus e A. skirrowi) e reforça o risco de contaminação dos

produtos de origem animal e o perigo na transmissão aos humanos a partir destes

alimentos (PATYAL et al., 2011).

Page 27: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

26

Arcobacter spp. é frequentemente relatado em casos de surtos em

humanos que ingeriram alimentos de origem animal, como frango, suíno, carne

bovina, cordeiro, leite cru e marisco contaminados (HO et al., 2006; LEVICAN et

al., 2014; NIEVA ECHEVARRIA et al., 2013). Segundo VAN DRIESSCHE; HOUF

(2007) a maior prevalência é relatada em frangos de corte, seguida de carne de

suíno e carne bovina.

Várias espécies de répteis incluindo lagartos, serpentes, tartarugas e

jacarés já foram descritas como portadoras de Arcobacter spp. (HSU; LEE 2015;

OLIVEIRA et al., 2017). Enquanto os répteis parecem ser refratários a doença,

existem evidências de que os peixes sejam suscetíveis ao agente. Um estudo

relatou o isolamento de A. cryaerophilus em uma Truta arco-íris (Oncorhynchus

mykiss). A experiência de patogenicidade in vivo da estirpe isolada revelou

infecção do intestino, fígado e rim e também causou a morte dos peixes infectados

(YILDIZ; AYDIN, 2006). AÇIK et al. (2016) relataram pela primeira vez a

inoculação experimental em Zebra fish. Os animais foram inoculados com a dose

infecciosa média (DI50) de A. butzleri de 1,3 × 108 UFC/ mL por imersão e 1 × 105

UFC/mL por injeção intraperitoneal. O exame histopatológico revelou inflamação

aguda caracterizada por neutrófilos e células plasmáticas, necrose e congestão

em vários órgãos. Essas descobertas sugeriram que Zebra fish pode ser usado

como um modelo de animal de laboratório para estudar a patogenicidade de

Arcobacter spp. (AÇIK et al., 2016).

A patogenicidade de A. butzleri pode variar em função da espécie

acometida. Um estudo de inoculação experimental realizado por WESLEY; BAETZ

(1999) demonstrou que a infecção de frangos de corte não induziu nenhuma

sintomatologia. Em contrapartida, a infecção experimental em ratos pela mesma

estirpe causou uma diarreia aquosa em animais adultos e diarreia seguida de

necrose hepática em ratos neonatos (ADESIJI 2010; ADESIJI et al., 2012).

A patogenia da infecção por Arcobacter em animais precisa ser elucidada

adequadamente em diferentes modelos animais e por relatos clínicos,

principalmente aqueles que envolvem estudos in vitro e in vivo, para assim

contribuir para elaboração de novas estratégias de prevenção e controle do

agente (PATYAL et al., 2011).

Page 28: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

27

2.4 INFECÇÃO DE AVES

Os primeiros relatos de isolamento de Arcobacter cryaerophilus, A

skirrowii e A. butzleri provenientes de carcaças de frango ocorreu em 1998 por

ATABAY et al. (1988). A maior parte das descrições considera que as aves são

portadoras assintomáticas e atuam como reservatórios potenciais de Arcobacter

spp. (ATABAY; CORRY, 2001; KABEYA et al., 2004; LEHNER et al., 2005; HO et

al., 2008; COLLADO; FIGUERAS 2011; RAHIMI et al., 2014).

Há suposições de que o agente tenha um ciclo transitório nas aves devido

sua alta temperatura corporal (42ºC), que não corresponde com as características

de crescimento à 30ºC do Arcobacter spp. (WESLEY, 1996). Contudo RISDALE et

al., (1998) determinaram a presença de Arcobacter e Campylobacter em cecos e

carcaças de patos em abatedouros, encontrando as espécies A. cryaerophilus, A

skirrowii e A. butzleri.

Um estudo sobre investigação de possíveis fontes de infecção das

espécies patogênicas de Arcobacter em um rebanho leiteiro indicaram ausência

do agente em amostras de intestino de 47 pombos, descartando a participação

destas aves na transmissão de Arcobacter para o gado (GIACOMETTI et al.,

2015).

Vários estudos documentaram o isolamento de Arcobacter spp. em fezes

de frangos de corte com diferentes prevalências, como 12% na Costa Rica, 14%

no Japão e 1,3% da Nigéria (KABEYA et al. 2003; BOGANTES et al. 2015).

ATABAY et al. (2008) relataram 18% de prevalência de Arcobacter provenientes

de gansos na Turquia.

Apesar de poucas informações sobre a Arcobacteriose em aves é

importante ressaltar que as diferentes espécies de Arcobacter podem ser

detectadas e identificadas em diversas espécies aviárias com incidência variáveis,

sendo que os métodos para detecção e diferenciação mais eficazes e rápidos são

os moleculares como a PCR (HASSAN et al., 2017).

Page 29: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

28

3 RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE ESTIRPES VIRULENTAS DE

ARCOBACTER BUTZLERI E ARCOBACTER CRYAEROPHILUS ISOLADAS DE

CARNE DE FRANGO.

3.1 INTRODUÇÃO

A resistência antimicrobiana é um fenômeno comum por meio do qual as

bactérias conseguem restringir a ação de drogas por diversos mecanismos como:

produção de enzimas que degradam ou alteram as moléculas, alterações do sítio

alvo dos medicamentos, diminuição da absorção ou expulsão do antimicrobiano

por bombas de efluxo (SILVA et al., 2013). A resistência pode ter origem em

mutações pontuais do DNA, conferindo uma vantagem adaptativa ao

microrganismo. Na maioria das vezes, a aquisição de genes de resistência se

dissemina horizontalmente pela transferência de elementos móveis de resistência,

principalmente plasmídeos e integrons (SILVA et al.,2013).

O uso excessivo de antibióticos na medicina humana e na agroindústria

tem contribuído para a seleção, disseminação e emergência de estirpes com

determinantes de resistência. Este fato tornou-se uma preocupação mundial, pois

segundos dados da OMS, estima-se que o número de óbitos associados a

infecções por bactérias multirresistentes ultrapasse 10 milhões/ano, tornando-se a

principal causa de morte em todos os continentes (O’NEILLl, 2014).

Segundo MAGIORAKOS et al. (2012) uma bactéria é considerada

multirresistente (MR) quando apresenta resistência a pelo menos um

antimicrobiano de três ou mais classes distintas. Segundo SON et al. (2007) a

prevalência de estirpes de Arcobacter MR é maior na comparação com

Campylobacter spp., com destaque para A. butzleri, cujos níveis de resistência

múltipla variam entre 72,9% a 80,9% (KABEYA et al., 2004; ABAY et al., 2012). De

acordo com KABEYA et al. (2004), as espécies A. cryaerophilus e A. skirrowii

apresentam frequências menores de MR, com 9,1% e 13,3%, respectivamente.

Elevadas taxas de resistência entre os membros da família

Campylobacteracea têm sido reportadas para ampicilina, penicilinas e

cefalosporinas; e as indicações terapêuticas para tratamento de pacientes com

infecção por Campylobacter spp. e Campylobacter-like incluem macrolídios

Page 30: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

29

(Azitromicina) e fluorquinolonas (Ciprofloxacina) (CDC, 2017), e menos

comumente as tetraciclinas e os aminoglicosídeos (FERREIRA et al., 2016). No

entanto, estirpes resistentes a macrolídeos, aminoglicosídeos, tetraciclinas e

fluorquinolonas têm sido reportadas em isolados de ambiente, humanos, animais

de produção e de estimação (FERREIRA et al., 2016).

3.2 OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho foi determinar o perfil de susceptibilidade

antimicrobiana de estirpes virulentas de Arcobacter butzleri e Arcobacter

cryaerophilus isolados de carne de frango comercializadas no Município de São

Paulo.

3.2.1 Objetivos específicos

● Determinar a susceptibilidade antimicrobiana de A. butzleri e A.

cryaerophilus por meio da Concentração Inibitória Mínima (CIM);

● Identificar os determinantes de resistência antimicrobiana pela PCR.

Page 31: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

30

3.3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.3.1 Isolados bacterianos

Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética e Uso de Animais da

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo-

CEUA e protocolado sob o número 4686280114. Foram avaliadas 40 estirpes de

Arcobacter spp. pertencentes à Coleção de Culturas do Laboratório de Sanidade

de Suínos – VPS – FMVZ – USP. As estirpes foram isoladas em um estudo

anterior, a partir de 231 recortes de carnes de frangos procedentes de mercados

municipais e açougues do município de São Paulo. Os estabelecimentos foram

selecionados em uma amostragem por conveniência, em cinco regiões do

município (Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro).

O isolamento foi realizado em ágar seletivo Johnson e Murano (1999), com

incubação em aerobiose por 48 a 72 horas a 30°C. A identificação das espécies

foi realizada pela reação em cadeia pela polimerase (PCR) com os primers

descritos por HARMON; WESLEY (1996); BASTYNS et al., 1995; HOUF et al.,

(2000) e DOUIDAH et al., (2010). Para este estudo foram selecionadas apenas as

estirpes consideradas virulentas, após a detecção dos genes de virulência por

PCR Multiplex, segundo descrição de DOUIDAH et al. (2012).

Após a caracterização molecular de virulência foram selecionadas para este

estudo 27/40 estirpes de A. butzleri e 13/40 de A. cryaerophilus. Os atributos de

virulência permitiram a classificação destes isolados em perfis genotípicos

distintos, conforme ilustra a Figura 1.

3.2.2 Detecção Da Concentração Inibitória Mínima – CIM

O perfil de resistência antimicrobiana foi avaliado por meio da concentração

inibitória mínima, utilizando o método de microdiluição em placa de acordo com o

protocolo descrito no documento M31-A3 do Clinical and Laboratory Standards

Institute (CLSI-2009).

Page 32: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

31

Para a determinação da CIM foi utilizado o painel Campylobacter MIC-Plate

- Sensititre® (TREK Diagnostic System Inc., Cleveland – OH). Foram testados os

seguintes antibióticos: Azitromicina, Ciprofloxacina, Eritromicina, Gentamicina,

Tetraciclina, Florfenicol, Ácido Nalixidico, Telitromicina e Clindamicina. Foram

utilizadas como controle do teste as estirpes padrão Escherichia coli ATCC 25922

e Staphylococcus aureus ATCC 29213.

Para análise dos dados foi utilizado o programa Bionumerics (AppliedMaths,

Sint-Martens-Latem, Belgica), gerando uma matriz de similaridade com

agrupamento de perfis de resistência antimicrobiana. Os critérios de

multirresistência e a determinação da CIM50 e CIM90 foram determinados

conforme definições de SCHWARZ et al. (2010).

3.3.3 Pesquisa de genes de resistência antimicrobiana

Todos os isolados que apresentaram fenótipo de resistência aos

macrolideos, florfenicol e tetraciclina foram submetidas à caracterização molecular

por PCR, utilizando os primers descritos na Tabela 1. Após a extração do DNA as

amostras foram submetidas à PCR em misturas contendo: 2,5 µL do DNA, tampão

para PCR 1X, MgCl2(1,5 mM), 10 mM de cada desoxiribonucleotídeo (dATP,

dCTP, dGTP, dTTP), 10 de cada primer (Tabela 1), 1 U da enzima HotStart Taq

polimerase (Sinapse Inc.) e água ultrapura autoclavada totalizando 25 µL por

reação. Os produtos de PCR foram submetidos à eletroforese em gel de agarose

(1,5%) a 100 V durante 2 horas e corados com SYBR® Safe DNA Gel Stain

(Invitrogen).

Page 33: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

32

Tabela 1 - Descrição dos genes alvo, sequência dos primers, tamanho dos produtos dos genes de resistência pesquisados

Alvo Sequência dos primers (5’-3’) Produto

(pb) Referência

mphA GTGAGGAGGAGCTTCGCGAG

406

Nguyen et al.

(2009)

TGCCGCAGGACTCGGAGGTC

mphB GATATTAAACAAGTAATCAGAATAG

494 GCTCTTACTGCATCCATACG

Erma TCTAAAAAGCATGTAAAAGAAA

533 CGATACTTTTTGTAGTCCTTC

ermB GAAAAAGTACTCAACCAAATA

639 AATTTAAGTACCGTTACT

cfrC GGTGAAACTGTTGTGGAGAT

722 Tang et al. (2017) AGTTTCCGTAACTGTCGTTT

floR CACGTTGAGCCTCTATAT

868 Saenz et al. (2004)

AYGCAGAAGTAGAACGCG

Teto

GGCGTTTTGTTTATGTGCG

559 Pratt et al. (2005) ATGGACAACCCGACAGAAGC

GTTAGCCAGCATCACGATCC

Fonte: OLIVEIRA (2019).

Page 34: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

33

3.4 RESULTADOS

O teste de resistência antimicrobiana foi determinado pela técnica de

Concentração Inibitória Mínima (CIM) em microdiluição. Realizou-se CIM das 40

estirpes e os resultados obtidos revelaram que 62,5% (25/40) dos isolados foram

resistentes à clindamicina, 45% (18/40) resistentes ao ácido nalidíxico e florfenicol,

7,5% (3/40) à ciprofloxacina e à azitromicina, 5% (2/40) à telitromicina e 2,5%

(1/40) à eritromicina e tetraciclina. Não foi observada resistência para gentamicina

(Tabela 2).

A análise dos resultados por espécie revelou os seguintes resultados: A.

butzleri (22 estirpes) apresentaram resistência para clindamicina 95,4% (21/22),

florfenicol 77,2% (17/22), ácido nalidíxico 72,7% (16/22), azitromicina 13,6 %

(3/22) telitromicina e ciprofloxacina 9% (2/22), tetraciclina e eritromicina 4,5%

(1/22). Os resultados de A. cryaerophulis (5 estirpes) revelaram que 80% (4/5)

eram resistentes à clindamicina, 40% (2/5) resistentes ao ácido nalídixico, 20%

(1/5) à ciprofloxacina e florfenicol. Não foi observada resistência à gentamicina,

para ambas as espécies. Não foi observada resistência para A. cryaeroplhilus à

azitromicina, eritromicina, tetraciclina e telitromicina.

Estes dados revelam um percentual de 40% (16/40 estirpes testadas) de

multirresistência considerando 3 ou mais classes de antibióticos, como

macrolídeos, cetolídeos, aminoglicosídeos, fenicóis, fluorquinolonas, quinolonas e

lincosamidas. Dessas 16 estirpes multirresistentes, 15 correspondem à espécie A.

butzleri e 1 à A. cryaerophilus.

A Figura 1 ilustra os agrupamentos obtidos pela matriz de similaridade

gerada pelo Bionumerics. Na figura estão representados também os atributos de

virulência individuais das estirpes analisadas em estudo prévio (Oliveira et al.

2018). Na tabela 3 é possível verificar os perfis de resistência (R1 – R11)

distribuídos pelas espécies A. butzleri e A. cryaerophilus.

Apesar de serem encontradas cepas resistentes aos macrolídeos,

florfenicol e tetraciclina, não foram encontrados isolados positivos para os genes

pesquisados.

Page 35: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

34

Tabela 2 - Valores de amplitude, CIM50, CIM90, taxa de resistência e pontos de corte para os antimicrobianos estudados (CIM - µg/mL) – N (%)

Antimicrobiano Amplitude1 CIM50 CIM90

Resistência N (%)

Pontos de corte

Sensível Intermediário Resistente

Tetraciclina 0,06 – 64 2 4 2,5 ≤4 8 ≥16

Ácido nalidíxico 4 – 64 32 >64 45 ≤16 32 ≥64

Ciprofloxacina 0,015 – 64 0.06 0,5 7,5 ≤1 2 ≥4

Azitromicina 0,015 – 64 0,5 4 7,5 ≤2 4 ≥8

Eritromicina 0,03 – 6 2 4 2,5 ≤8 16 ≥32

Telitromicina 0,015 – 8 1 2 5 ≤1 2 ≥4

Gentamicina 0,12 – 32 0,25 0,5 0 ≤2 4 ≥8

Florfenicol 0,03 – 64 4 32 45 ≤4 - ≥8

Clindamicina 0,03 – 16 8 >16 62,5 ≤2 4 ≥8

1 – Amplitude das concentrações de antimicrobianos na microplaca Sensititre™ CAMPY. Fonte: Adaptado

RIESENBERG (2017).

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Figura 1 - Dendrograma ilustrando as relações entre os perfis de susceptibilidade e virulência dos isolados de Arcobacter spp.

Fonte: Arquivo pessoal (2019).

Page 37: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

36

Tabela 3 - Distribuição dos perfis resistência identificados segundo espécie – N/40.

Perfil de resistência A. butzleri A. cryaerophilus Estirpes

(N/40)

R1 Sensível a todos os antimicrobianos testados 5 8 13/40

R2 CLIN 2 3 5/40

R3 NAL / CIP 1 1 2/40

R4 NAL / CIP / CLIN 1 0 1/40

R5 FLOR / CLIN 3 0 3/40

R6 NAL / FLOR / CLIN 10 1 11/40

R7 NAL / FLOR / CLIN / TELI 1 0 1/40

R8 TET / NAL / FLOR / CLIN 1 0 1/40

R9 NAL / AZI / CLIN 1 0 1/40

R10 NAL / AZI / FLOR / CLIN 1 0 1/40

R11 AZI / ERI / TELI / FLOR / CLIN 1 0 1/40

Legenda: Perfis de resistência. AZI - Azitromicina, CIP - Ciprofloxacina, CLIN - Clindamicina, ERI - Eritromicina, GEN -

Gentamicina, FLOR - Florfenicol, NAL - Ácido nalidíxico, TELI - Telitromicina, TET - Tetraciclina. Fonte: OLIVEIRA (2019)

Page 38: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

37

3.5 DISCUSSÃO

O uso indiscriminado de antibióticos na população humana e nas criações

animais contribuiu para o aumento de infecções resistentes aos diferentes

antimicrobianos. No entanto, informações sobre a resistência antimicrobiana de

Arcobacter spp. ainda são limitadas, sendo a maioria dos dados disponíveis sobre

A. butzleri (ATABAY et al. 2001; HOUF et al. 2001; FERA et al. 2003; KABEYA et

al. 2004). Uma dificuldade adicional para a interpretação de dados de resistência

do gênero Arcobacter é a falta de padronização de metodologias e dos critérios de

interpretação, o que pode resultar em comparações equivocadas. Em nosso

trabalho utilizou-se a conferência com os dados de uma pesquisa realizada com

Arcobacter butzleri para determinar a distribuição de resistência entre as estirpes

(RIESENBERG et al., 2017).

De acordo com os nossos dados o maior percentual de resistência refere-se

às classes de antimicrobianos licosamidas, quinolonas e fenicóis, sendo que as

estirpes apresentaram 62,5% (25/40) de resistência à clindamicina (licosamidas) e

45% (18/40) de resistência ao ácido nalidixico (quinolona) e ao florfenicol

(fenicóis).

O percentual de estirpes resistentes de A. butzleri foi de 67,5% (27/40)

comparado ao percental de A. cryaerophilus 32,5% (13/40), sendo que A. butzleri

não apresentou resistência apenas à gentamicina (aminoglicosídeo), enquanto A.

cryaerophilus foi sensível à azitromicina (macrolídeo), eritromicina (macrolídeo),

tetraciclina, telitromicina (cetolídeo) e gentamicina (aminoglicosídeo).

Considerando resistência à 3 ou mais classes de antimicrobianos, o percentual de

estirpes multirresistentes foi de 42,5% (17/40 estirpes testadas), sendo que 16

correspondem com A. butzleri e 1 à A. cryaerophilus.

Um trabalho semelhante ao nosso foi realizado por SON et al. (2007) com

174 isolados de carcaças de frangos em um abatedouro dos Estados Unidos. Os

autores destacaram que as estirpes de A. butzleri foram resistentes à clindamicina

(90%), seguido de azitromicina (81,4%) e ácido nalidíxico (23,6%). Nossos

resultados também apontam a clindamicina como o medicamento menos efetivo,

mas o percentual de estirpes resistentes foi de 62,5%. Em contrapartida, a

resistência ao ácido nalidíxico encontrada em nosso estudo foi de 45%, superando

Page 39: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

38

os resultados do estudo americano. Para a azitromicina, também houve

discordância, pois identificamos níveis menores de resistência (7,5%).

O tratamento com antibióticos na Arcobacteriose é recomendado somente

para as formas mais severas de doença, sendo dispensado nos casos brandos

(DEBRUYNE et al., 2008). As drogas de escolha utilizadas na terapia clínica de

humanos com campilobacteriose são macrólideos, tais como azitromicina e

eritromicina ou as fluoroquinolonas, como a ciprofloxacina (CDC, 2017). Não

existem diretrizes específicas de tratamento estabelecidas para Arcobacter spp.;

no entanto, dados de literatura apontam uma suscetibilidade confiável à

fluoroquinolonas e tetraciclinas (FIGUERAS et al, 2014).

Segundo dados do Sistema Nacional de Monitoramento de Resistência

Antimicrobiana nos Estado Unidos (NARMS/USA. 2017), no ano de 2014 a taxa

de resistência à azitromicina era de 2% para C. jejuni e 10% para C. coli. Neste

mesmo ano, 27% das estirpes de C. jejuni e 36% das estirpes de C. coli

apresentavam resistência à ciprofloxacina. A emergência de estirpes de

Campylobacter spp. resistentes às fluorquinolonas foi atribuída ao uso destas

como melhoradores de desempenho em criações de aves nos Estados Unidos.

Esta relação epidemiológica resultou no banimento das quinolonas como

promotores de crescimento no território americano em 2005, mas os níveis de

resistência das bactérias Campylobacter e Campylobacter-like não recuaram após

a proibição do uso na avicultura (CDC, 2017).

VAN DEN ABEELE et al. (2016) mencionam o fato de 51% das estirpes de

A. cryaerophilus e 13% de A. butzleri apresentarem resistência à ciprofloxacina,

com valores de MIC 90 > 32 mg/L. No entanto, os nossos dados relativos à

ciprofloxacina diferem dos obtidos pelos autores, uma vez que apenas 3/40 (7,5%)

isolados de frango apresentaram MIC≥8mg/L, sendo 92.5% das estirpes do

presente estudo classificadas abaixo do ponto de corte (≥4 mg/L). No Brasil, as

fluorquinolonas nunca foram utilizadas como promotores de crescimento em

avicultura, sendo destinadas apenas ao tratamento terapêutico de aves em

situações específicas, como nas infecções por Salmonella spp. Este fato pode

estar relacionado às diferenças epidemiológicas encontradas entre os dados deste

estudo e de outros países. Em contrapartida, nosso estudo demonstrou uma

elevada taxa de resistência ao florfenicol (45%), provavelmente resultante do uso

Page 40: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

39

preventivo deste medicamento nas fases iniciais de criação de aves nas granjas

brasileiras, com pressão de seleção sobre a microbiota intestinal. Não

encontramos na literatura, até o presente momento, trabalhos que permitam a

comparação dos níveis de resistência de Arcobacter spp. ao florfenicol (45%) e à

telitromicina (5%).

Há evidências para apoiar a hipótese de que padrões de resistência em

aves de produção são os mesmos encontrados em isolados humanos e, por esta

razão as quinolonas são consideradas alvo de maior preocupação por ser uma

classe de medicamentos compartilhada. Em trabalho realizado por VAN BOVEN

et al. (2003) foram realizadas coletas de suabes de cloaca de frangos que

receberam tratamento com enrofloxacina. Para determinar a resistência buscou-se

o gene gyrA que codifica resistência a esse antimicrobiano. Os resultados

apresentaram alta freqüências de estirpes resistentes a fluoroquinolonas por

mutações no gene gyrA (VAN BOVEN et al., 2003). Em geral, os dois alvos

enzimáticos intracelulares de fluorquinolonas são DNA gyrase (codificado por gyrA

e gyrB) (DRLICA et al, 1997). VAN DEN ABEELE et al. (2016) relataram a

susceptibilidade antimicrobiana de A. butzleri e A. cryaerophilus isolados de

pacientes belgas. A maioria das estirpes de A. butzleri eram suscetíveis à

ciprofloxacina (87%), enquanto os isolados de A. cryaerophilus (51%)

apresentaram resistência de alto nível (MIC> 32mg/L). A análise do genoma das

estirpes resistentes revelou uma mutação idêntica em gyrA. e sugeriu que A.

cryaerophilus adquiriu resistência à fluoroquinolonas (VAN DEN ABELLE et al.,

2016).

As tetraciclinas e a gentamicina também são medicamentos efetivos

contra o agente, mas na prática não são utilizados (ACHESON, 2001; BLASER,

2008). VAN DEN ABEELE et al. (2016) avaliaram a susceptibilidade de estirpes de

A. butzleri e A. cryaerophilus em pacientes humanos. Segundo os autores, a

tetraciclina é o medicamento com maior eficiência clínica. Este dado concorda

com os obtidos no presente estudo em que observamos ausência de resistência à

gentamicina e níveis baixos de resistência para eritromicina e tetraciclina (2,5%).

A resistência à tetraciclina em Campylobacter ocorre por alteração

ribossômica e por bombas de efluxo (CHOPRA et al., 2001). De acordo com os

dados do Sistema Nacional de Monitoramento da Resistência Antimicrobiana para

Page 41: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

40

Bactérias Entéricas, 43% de C. jejuni e 49% de C. coli são resistentes à

tetraciclina, fazendo com que essa classe de antibiótico seja pouco utilizada no

tratamento de diarreias (NARMS, 2010). Dados registrados no NARMS, >99% de

C. jejuni e 88% de isolados de C. coli são suscetíveis aos aminoglicosídeos

(NARMS, 2010). Embora estes medicamentos sejam efetivos do ponto de vista

terapêutico, o tratamento de pacientes desidratados com drogas nefrotóxicas pode

ser contraindicado na prática médica. O principal mecanismo de resistência de

Campylobacter frente aos aminoglicosídeos é por modificações enzimáticas. A

resistência a aminoglicosídeos foi detectada pela primeira vez em C. coli, mediada

por uma 3'-aminoglycoside phosphotransferase (codificada por aphA-3) que tinha

sido anteriormente descrito como gene de resistência em Streptococcus e

Staphylococcus, sugerindo assim a transferência plasmidial (LAMBERT, 1985).

A utilização preventiva de macrolídeos também tem resultado em seleção

de estirpes resistentes da família Campylobacteracea (HOUF et al., 2001). Um

estudo com perus de produção demonstrou a resistência aos macrolídeos ao

abate em um lote no qual foi utilizada tilosina com a finalidade de promotor de

crescimento por período de quatro semanas (LOGUE et al., 2010).

Os mecanismos de resistência de Arcobacter são normalmente de

natureza cromossômica (ABDELBAQI et al., 2007; MILLER et al., 2007; DOUIDAH

et al. 2014; FERREIRA et al. 2016). A. butzleri é comparativamente mais

resistente que A. cryaerophilus (KABEYA et al., 2004; ABAY et al. 2012). SHAH et

al. (2013) mostraram que A. butzleri era resistente à ampicilina (56%), seguido por

cefotaxime (33%) e ciprofloxacina (33%), mas susceptíveis à enrofloxacina e

gentamicina, drogas de escolha para o tratamento da infecção por Arcobacter.

Em nosso trabalho foram revelados 11 perfis de resistência (R1-R11),

sendo que 13/40 (32,5%) estirpes apresentaram sensibilidade à todos

antimicrobianos testados e 25/40 (62,5%) foram resistentes à clindamicina. A partir

de dendograma gerado pelo Bionumerics é possível verificar a combinação dos

antimicrobianos em relação às estirpes testadas, nas quais 18/40 (45%) estirpes

apresentaram resistência à florfenicol e clindamicina, 15/40 (37,5%) foram

resistentes à clindamicina, florfenicol e ácido nalidixico, 3/40 (7,5%) resistente à

ciprofloxacino e ácido nalidixico, 2/40 (5%) à clindamicina, azitromicina e ácido

nalidixico. As combinações de ácido nalidixico, ciprofloxacino e clidamicina; ácido

Page 42: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

41

nalidixico, florfenicol, clindamicina e telitromicina; tetraciclina, ácido nalidixico,

florfenicol e clindamicina; ácido nalidixico, azitromicina, florfenicol e clindamicina e

a relação entre azitromicina, eritromicina, telitromicina florfenicol e clindamicina,

foram representados por 1/40 (2,5%) estirpe em cada uma das combinações.

Observou-se 1 estirpe de A. cryaerophilus e 14 estirpes de A. butzleri

multisistentes à florfenicol, ácido nalidixico e clidamicina. Nossos dados não

corroboram com o descrito por SON et al. (2007), no qual descreveram 28/116

(24,1%) de estirpes testadas com perfil de multiresistência único à azitromicina,

clindamicina e ácido nalidixico e nenhuma estirpe de A. cryaerophilus

multiresristente. No trabalho realizado por GOBBI (2013), não foram observadas

estirpes multiresistentes de A. cryaerophilus em isolados de suínos.

Apesar de serem encontradas cepas resistentes, nenhum isolado foi

positivo para qualquer gene de resistência pesquisado. Existem poucos trabalhos

que avaliaram a presença de genes de resistência em Arcobacter spp., e nos

trabalhos pesquisados, os autores utilizaram como referência genes encontrados

em Campylobacter spp. (SAÉNZ et al., 2004; PRATT & KOROLIK, 2005,

NGUYEN et al., 2009; TANG et al., 2017). Atribuímos nossos resultados

negativos a esse fato, pois no nosso trabalho foram utilizados primers para genes

encontrados em Campylobacter spp., e levando em conta que existem centenas

de alelos para esses genes de resistência, esse resultado era esperado.

Page 43: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

42

4 CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E INTERAÇÃO PATÓGENO-HOSPEDEIRO

DE ESTIRPES VIRULENTAS DE ARCOBACTER BUTZLERI E ARCOBACTER

CRYAEROPHILUS DE ORIGEM AVIÁRIA

4.1 INTRODUÇÃO

O gênero Arcobacter possui 27 espécies e três delas (Arcobacter butzleri,

Arcobater cryaerophilus e Arcobacter skirowii) são consideradas potencialmente

zoonóticas (RAMEES et al., 2017). A veiculação do agente envolve com maior

frequência a ingestão de carne de aves e de suínos contaminadas. Embora estes

organismos, com especial ênfase para A. butzleri, sejam reconhecidos como

patógenos clínicos, ainda há diversos aspectos de sua epidemiologia e

patogenicidade a serem esclarecidos (FERREIRA et al., 2015).

Um estudo prévio realizado por nosso grupo de trabalho revelou a

contaminação de 18,3% de carcaças de aves comercializadas eno Município de

São Paulo, com 63,6% para Arcobater butzleri e 36,3% para A. cryaerophilu

(OLIVEIRA et al., 2018). Um trabalho realizado na Costa Rica demonstrou a

presença de Arcobacter spp. em carcaças de aves em um abatedouro e em carne

de aves de lojas de varejo, com um percentual de contaminação de 6,5%. As

espécies isoladas incluíram A. thereius (30,4%), A. butzleri (21,7%), A. skirrowii

(4,3%) e A. cibarius (4,3%) (BARBOZA et al., 2017).

Os mecanismos de patogenicidade e virulência de Arcobacter ainda são

mal compreendidos. Contudo sabe-se que há alguns fatores de virulência que

caracterizam as espécies como potenciais patogênicos: ciaB (codifica o antígeno

de invasão Campylobacter jejuni); mviN (codifica marcador de virulência; proteína

da membrana interna necessária para a biossíntese de peptidoglicanos); pldA

(codifica fosfolipase A da membrana externa associada a lise de eritrócitos); tlyA

(o gene da hemolisina); hecA codifica uma proteína membro da família de

hemaglutinina filamentosa (FHA) que promove a fixação em células fagocitárias do

hospedeiro; hecB, codifica a ativação da hemolisina proteína; irgA gene, que

codifica uma proteína de membrana externa regulada pelo ferro, juntamente com o

gene iroE, que codifica uma enzima periplasmática, são componentes funcionais

para aquisição de ferro e são necessários para estabelecimento e manutenção de

infecção; e cadF e cj1349 (codifica ligação de fibronectina proteínas que

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43

promovem a ligação de bactérias para células intestinais) (GRANT et al., 1997;

WREN et al., 1998; KONKEL et al., 1999; MEY et al., 2002; RASHID et al., 2006;

MILLER et al., 2007; RUIZ, 2008; TRABULSI; ALTERTHUM, 2008. FLANAGAN et

al., 2009; DASTI et al., 2010; DOUIDAH et al., 2012, KARADAS et al., 2013).

Em estudo anterior, nosso grupo de pesquisa avaliou a virulência de 40

estirpes de Arcobacter spp., que foram submetidas à pesquisa de genes de

virulência descritos por Douidah et al. (2012), demonstrando positividade de 100%

para cj1349, 99% (39/40) para o ciaB e mviN, 95% para tlyA e pldA (38/40),

87,5% de cadF (35/40), 50% para irgA e hecA (20/40) e 32, 5% para hecB

(13/40) (OLIVEIRA, 2015). Estes dados sugerem que tais estirpes apresentam

potencial risco para os consumidores. No entanto, novos estudos são necessários

para confirmar a expressão destes genes e avaliar as características fenotípicas

destas estirpes, bem como a interação do patógeno com hospedeiros mamíferos e

aves.

Page 45: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

44

4.2 OBJETIVOS

Determinar as características fenotípicas de estirpes virulentas e resistentes

de Arcobacter butzleri e Arcobacter cryaerophilus de origem aviária e avaliar a

interação patógeno/hospedeiro por meio de testes in vitro e in vivo.

4.2.1 Objetivos específicos

● Analisar o potencial de formação de biofilme.

● Verificar a capacidade de aderência in vitro das estirpes virulentas de

Arcobacter butzleri e Arcobacter cryaerophilus em células HeLa.

● Verificar a produção de toxinas in vitro em cultura de células VERO.

● Avaliar a capacidade de acumular líquido intestinal e lesar tecidos no

modelo de alça intestinal ligada em coelho.

● Avaliar a excreção do agente, manifestação clínica e capacidade de

invasão de órgãos de aves experimentalmente infectadas.

● Verificar a resposta imunológica local por meio de imunofenotipagem

das tonsilas cecais, baço e fígado de aves SPF experimentalmente

infectadas.

Page 46: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

45

4.3 MATERIAIS E MÉTODOS

4.3.1 Seleção das estirpes

Após a caracterização de virulência e resistência de 40 isolados de Arcobacter

spp. foram selecionadas algumas estirpes para os ensaios fenotípicos e estudos

“in vivo”. Os critérios de escolha foram adotados no agrupamento destes isolados

após análise genotípica, considerando o perfil virulento das espécies de

importância em Saúde Pública e o perfil de resistência revelado no teste de

concentração inibitória mínima (CIM).

Utilizou-se 12 estirpes para observação da formação de biofilme, 5 estirpes

para verificar adesão e toxicidade, 4 para avaliar lesões intestinais no teste de alça

ligada no coelho, 4 estirpes na avaliação da relação patógeno hospedeiro das

aves desafiadas e a resposta imunológica..

4.3.2 Ensaios de formação de biofilme

A capacidade de formação de biofilme foi avaliada comparando-se os

valores de absorbância dos biofilmes formados aos de estirpes padrão que

formam ou não biofilmes. A técnica empregada foi a de cristal violeta em

superfície de poliestireno (MCLENNAN et al., 2008; GAYNOR et al., 2007).

As culturas foram incubadas durante a noite em caldo MH a 37°C e diluída

a uma densidade óptica (OD) a 620 nm de 0.20 (~ 109 UFC/mL) e 0,02 (~ 108

UFC/mL). Destas diluições, 100 μL foram inoculadas em placas de poliestireno de

96 poços e incubadas durante 48 h a 37°C, em microaerofila e em condições

aeróbias. Caldo MH foi usado como controle negativo. Após a incubação, 25 μL de

uma solução de cristal violeta (CV) de 1% em etanol 100% foram adicionadas aos

poços e incubadas à temperatura ambiente por 15 min. Os poços foram

enxaguados completamente cinco vezes com água destilada.

A formação de biofilme foi quantificada, dissolvendo o restante CV com

uma solução composta de 30% de metanol e ácido acético à 10%, e a

absorbância com mensuração de 570 nm. A análise foi expressa pelo índice de

formação de biofilmes (IFB) que mede o acúmulo de biofilme normalizado pelo

Page 47: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

46

crescimento usando uma fórmula matemática que inclui DO de bactérias

anexadas e coradas, DO de controles corados contendo apenas meio livre de

bactérias e DO de crescimento celular em caldo. O IFB foi categorizado de acordo

com Naves et al. (2008) e resultou na classificação semi quantitativa da formação

do biofilme em quatro categorias: forte (≥1.10), moderada (0.70 a 1.09), fraca

(0.35 a 0.69) e nenhuma (<0.35). Cada isolamento foi examinado em três

repetições.

4.3.3 Cultivo celular

Células HeLa, derivadas de adenocarcinoma de colo de útero (atcc. Ccl-2)

e células vero derivadas de células epiteliais de rim de um macaco verde

africano (Chlorocebus sp) (atcc. Ccl-8) foram cultivadas em garrafas de cultura

celular de 15 cm².

As células foram cultivadas em estufa com atmosfera de 5% de CO2 em

meio Dulbecco´s Modified Eagle Medium (DMEM) (Gibco, EUA), contendo 10% de

soro fetal bovino (SFB) (Gibco, EUA) e 1% de mistura de antibióticos (penicilina e

estreptomicina, Gibco, EUA).

Para o repique, foi utilizada a solução de Tripsina e Versene (ATV – Anexo

2) para destacar as células aderidas às garrafas e as células foram distribuídas

em microplacas plásticas de 24 poços. Para proceder aos testes, células HeLa e

VERO foram cultivadas por 48h para ocorrência de polarização e diferenciação da

monocamada.

4.3.4 Teste de aderência bacteriana

Células HeLa (~105 por poço) foram cultivadas em lamínulas de vidro, em

placas de 24 poços, por 48h, em meio DMEM contendo 10% de SFB, mantido a

37ºC em estufa com atmosfera de 5% de CO2. As células foram lavadas 3 vezes

com solução salina tamponada com fosfato (PBS). Após as lavagens, as

suspensões bacterianas cultivadas durante a noite em meio LB, diluídas 1:50

(~108 bactérias/mL) foram inoculadas em meio DMEM contendo 2% de SFB e 2%

Page 48: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

47

de D-manose, sem antibióticos, sendo incubadas à 37ºC por 3 h, em atmosfera de

5% de CO2.

Após esse período, os poços foram lavados 3 vezes com PBS e adicionou-

se meio fresco, sendo incubado por mais 3h. Ao final de tal período, as

preparações foram lavadas e então fixadas de acordo com o teste a ser realizado.

As preparações nas lamínulas do teste de adesão foram fixadas com

metanol por 24h a 4ºC. Após este período, foram lavadas 3 vezes com água

destilada, coradas com May Grünwald (Dinâmica, Brasil) por 5 min. Em seguida, o

corante foi retirado e adicionou-se solução corante de Giemsa (Merck, Alemanha)

por 20 min. Após esse período, as preparações foram lavadas com água

destilada, para retirar o excesso de corante, e secar ao ar. As lamínulas foram

fixadas sobre lâminas de microscopia para observação. A estirpe tEPEC E2348/69

foi utilizada como controle de adesão localizada (AL), a estirpe JPN15 como

controle de adesão localizada like (Al-like), a estirpe EAEC O42, como controle de

adesão agregativa (AA) e a estirpe DAEC C1845 como controle de adesão difusa

(AD). As lamínulas foram examinadas em microscopia óptica.

4.3.5 Determinação de toxicidade em células VERO

No ensaio de toxicidade foi utilizada a técnica de cultivo celular em

microplacas com células VERO com 24h de repique. Foram semeadas 150 uL de

uma suspensão de células por poço contendo 1.105 cel/mL e meio de manutenção

Eagle em microplaca e incubadas a 37ºC por 24h.

Foram adicionados 50 ul do filtrado obtido em cada poço obtendo-se uma

diluição de 1:4. este procedimento foi realizado em cabine de segurança biológica.

as microplacas foram incubadas à 37ºc, 24h e 48h em estufa a 5% de co2. a

leitura foi realizada em microscópio óptico invertido após 24h e 48h com

observação da destruição ou não da monocamada celular.

4.3.6 Teste de alça intestinal ligada em coelho

O protocolo para o teste de acúmulo de fluido em alça ligada em coelho foi

o descrito por Bergdoll (1988), com algumas modificações. Utilizou-se um coelho

Page 49: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

48

macho da raça New Zeeland, pesando ~1,7 Kg e mantido em jejum durante 24

horas antes do ensaio.

Os isolados foram repicados em caldo nutriente e incubados à 30oC por 18

horas. Uma aliquota desse cultivo foi repicada em caldo de infusão de cerebro e

corac ão (BHI) adicionado de 0,1% de glicose, e novamente incubada a 30oC por

18 horas, sob moderada agitac ão (200rpm). Ao termino desse periodo, a cultura

foi centrifugada a 8000 rpm por 20 minutos, sob refrigerac ão, o sobrenadante

filtrado em filtros com poro 0,45μm. O volume de 1 mL de filtrado e de 1 mL de

cultura bacteriana padronizada na concentracão de 1 x 106 UFC foram inoculados

em segmentos de ileo de coelho.

Para a cirurgia, o animal foi sedado por via intramuscular utilizando-se

Fentanil na dose de 0.2 mL/kg (0.0785 mg/mL) e para o procedimento utilizou-se

anestésico dissociativo – Quetamina na dose de 22 mg/Kg (100 mg/mL) e Xilazina

na dose de 2 mg/Kg (20 mg/mL) por via intramuscular e por fim, para manutenção

da analgesia, foram utilizados bolus intravenosos de Fentanil a cada 30 minutos

na dose de 0.008 mg/Kg.

Após a tricotomia da região abdominal, foi feita incisão na região mediana

com exteriorização do intestino. Foi efetuada a lavagem do lúmen intestinal por

três vezes com solução salina, seguida da ligadura de segmentos de intestino com

cinco cm de comprimento, separados por inter-alças de três cm de comprimento e

posteriormente inoculado em cada alça 1 mL da solução da amostra.

Após 12 horas, o coelho foi eutanasiado e a alc a intestinal do intestino

delgado examinada quanto a presenc a de acumulo de liquido e de muco.

PBS e E. coli K 12 foram utilizados como controles negativos do teste.

Fragmentos de 0,5 mm de intestino foram fixados em paraformaldeido 4% em

tampão fosfato, e posteriormente desidratados, diafanizados e incluidos em

parafina. Os blocos foram cortados em micrótomo LEICA RM2145 e corados com

Giemsa e hematoxilina-eosina. A observac ão dos cortes histológicos foi realizada

em microscópio optico.

Para o estudo ultra-estrutural dos enterócitos foi utilizada a técnica de

microscopia eletrônica. A fixação do intestino foi realizada em solução gelada de

glutaraldeído a 2,5% em tampão fosfato 0.1M de pH 7,2 à 0°C com fragmentos de

cerca de 1 a 2 mm de espessura. A pós-fixação, as peças forma incluídas em

Page 50: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

49

resina pura à 37°C, depositadas em moldes e levadas à estufa à 70°C, durante 5

dias. Para a microtomia de corte semi-fino, da ordem de 0,5 mm de espessura,

empregaremos o ultramicrótomo LKB Porter Blum MT-1; para cortes ultrafinos de

aproximadamente 70 nm utilizaremos o ultramicrótomo LKB Porter Blum MT 2,

cujos cortes foram coletados em telas de cobre, corados com acetato de uranila a

2% em água destilada durante 1 hora e lavados em água destilada durante 30

minutos. Para as análises das telas e obtenção de micrografias eletrônicas,

utilizaremos os microscópios eletrônicos do Instituto Butantan.

4.3.7 Inoculação experimental em aves

Foram utilizadas 30 aves SPF de 11 semanas de idade, alojadas em

ambiente com controle de temperatura, umidade e luminosidade. Estas foram

alocadas em gaiolas em 5 grupos de 6 animais, no qual 4 grupos foram

submetidos a inoculação de estirpes de Arcobacter e 1 grupo representou o

controle negativo (C-).

Os grupos desafiados receberam no 1º. dia, 0,1 mL de caldo LB com

Arcobacter butzleri ou de Arcobacter cryarophilus por via oral (gavagem) de caldo

contendo de caldo contendo 1,0 x 109 UFC/mL. O grupo C- não foi desafiado e

realizou-se a coleta de fezes para verificar se eram negativas para o agente

pesquisado. Uma ave do C- foi eutanasiada no primeiro dia do experimento para

padronização de normalidade histológica, bacteriológica e imunológica do lote.

As aves foram mantidas vivas em um período gradativo de 6 dias após a

inoculação (7 dias no total). Realizou–se a coleta de fezes diária para

acompanhamento de excreção do agente. Um grama de fezes de cada ave foi

semeado em 9 mL no caldo de enriquecimento seletivo descrito por Johnson;

Murano, (1999) e os tubos de ensaio agitados por 15 segundos. Os tubos foram

incubados em aerobiose por 48 horas a 30°C. Após o período de incubação, uma

alíquota de 10µL do caldo foi depositada sobre uma membrana estéril de celulose

(0,45µm) colocada na superfície do ágar seletivo Johnson e Murano (1999). Após

uma hora, os filtros foram removidos e a placas de ágar estriadas e incubadas em

aerobiose por 48 a 72 horas a 30°C.

Page 51: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

50

Durante esses 7 dias realizou-se o abate de 1 ave por dia a partir do 1º dia

após o procedimento, para observação de lesões macroscópicas e coleta de

material para análise histológica, bacteriológica e imunológica. As aves foram

avaliadas para verificação de manifestações clínicas e presença de lesões

macroscópicas, com coleta de baço, fígado e intestino para isolamento do agente

e identificação de lesões patológicas pela histologia e microscopia eletrônica do

intestino. Os dados obtidos foram analisados para comparação da patogenicidade

do grupo controle em relação aos grupos desafiados.

4.3.8 Quantificação das citocinas através da PCR em tempo real

A imunidade local foi avaliada pelo teste de imunofenotipagem das tonsilas

cecais, fígado e do baço das aves através da PCR em tempo real. Para este

procedimento utilizamos os seguintes primers na PCR em tempo real (Quadro 1):

Quadro 1 Sequência de primers de citocinas

Gene

alvo Senso Antisenso

Tamanho do

fragmento

amplificado

IFN-

alpha 5'-ATCCTGCTGCTCACGCTCCTTCT-3' 5'-GGTGTTGCTGGTGTCCAGGATG-3' 198

IL-1 GTGAGGCTCAACATTGCGCTGTA TGTCCAGGCGGTAGAAGATGAAG 214

IL-10 5'-AGCAGATCAAGGAGACGTTC-3' 5'-ATCAGCAGGTACTCCTCGAT-3' 103

B-actin 5'-CAACACAGTGCTGTCTGGTGGTA-3' 5'-ATCGTACTCCTGCTTGCTGATCC-3' 205

Fonte: OLIVEIRA (2019).

Para a quantificação dos tecidos pela RT- PCR, o RNA total foi extraído de

amostras usando TRIZOL® (Invitrogen®, São Paulo, Brasil), conforme descrito por

Abdul Careem et al. (2006). Rapidamente, cada tecido foi homogeneizada na

presença de TRIZOL®; acrescentou-se clorofórmio (1:5) e obteve-se a fase

aquosa após centrifugação (12.000×g, 15 minutos). O RNA foi precipitado com

isopropanol por 15 minutos em temperatura ambiente, seguido por centrifugação a

12.000×g por 10 minutos. Os pellets foram novamente suspensos em água tratada

com 0,1% dietilpirocarbonato (DEPC) e o RNA foram quantificados por

espectrofotometria.

Page 52: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

51

A concentração total de RNA foi determinada pela mensuração da

densidade óptica a 260nm. Para a transcrição reversa, 1μg de RNA total foi usado

como molde para sintetizar cDNA. RNA foi incubado com 1μL de oligo(dT)

(0,5μg/μL, Invitrogen®, São Paulo, Brasil), 1μL de desoxirribonucleotideo trifosfato

(dNTPs) (10mM) e água-DEPC para um volume final de 12μL, por 5 minutos a

65°C e, depois, por 1 minuto em gelo. Os seguintes reagentes foram então

adicionados para atingir um volume final de 19μL:4μL de tampão RT-PCR (50mM

TrisHCl, pH 8,3, 75mM KCl, 3mM MgCl2) e 2μL de DTT® (0,1M). Após 2 minutos

de incubação a 37°C, 1μL da transcriptase reversa foi adicionado e a sintese de

cDNA foi feita a 50°C por 1 hora. A reação foi inativada por incubação a 70°C por

15 minutos.

A amplificação dos genes de referência citados no quadro 1, foi feita

usando 9,5μL de SYBR® green polymerase chain reaction (PCR) master

mix (Applied Biosystems®, São Paulo, Brasil), 0,5μL de primers

forward e reverse (0,33µM cada), 100 ng de cDNA e água livre de nuclease, em

um volume total de 15μL. As reações foram feitas em uma placa óptica de 96

poços, usando um termociclador StepOnePlus® (Applied Biosystems®, Foster City,

CA, EUA). As condições de amplificação empregadas consistiram de pré-

incubação por 10 min a 94º C, seguido de 60 ciclos de 95ºC por 10 s; 54º a 64ºC

para anelamento por 5 s e aquisição e elongação a 72ºC por 10 s. A análise da

curva de melting foi realizada em três etapas: 95ºC por 10 s, resfriamento até 55º

C por 1 min e aquecimento a 97º C. A média geométrica foi utilizado um gene de

controle endógeno (β-actina) para analisar a expressão relativa do gene. Utilizou-

se um ciclo limiar relativo (CT) para determinar a expressão do gene alvo em

relação ao controle sem tecido (calibrador).

A expressão do gene da β-actina foi quantificada por RT-PCR para

normalização. Os dados de expressão gênica dos animais infectados e não

infectados foram avaliados pelo método 2-ΔΔCt.

A comparação entre os animais selecionados foi realizada de forma apenas

descritiva e utilizou-se o software SPSS Base 9.0 para citar os resultados

comparativos.

Page 53: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

52

4.4 RESULTADOS

À seguir serão descritos os resultados referentes ao capítulo 2.

4.4.1 Teste de biofilme

Realizou-se o teste de biofilme com 12 estirpes que apresentam

diferentes características de virulência e resistência, A estirpe de Escherichia coli

enteroagregativa (O42) foi utilizada como controle positivo do teste e a estirpe

Escherichia coli C600 foi o controle negativo, além de um controle apenas com

água destilada (branco). Os resultados revelam que os índices de formação de

biofilme variaram dentro do padrão de fraco a moderado, considerando a média de

forte (≥1.10), moderada (0.70 a 1.09), fraca (0.35 a 0.69) (Tabela 4).

Tabela 4 - Média e Desvio Padrão do Teste de formação de bioflime.

Estirpe Teste 1 Teste 2 Teste 3 Média Desvio Padrão A181 0,537 0,488 0,629 0,551 0,072 A167 0,897 0,931 0,950 0,926 0,027 A170 0,741 0,781 0,515 0,679 0,143 A178 0,400 0,454 0,787 0,547 0,210 A188 0,519 0,577 0,683 0,593 0,083 A165 0,737 0,632 0,715 0,695 0,055 A149 0,729 0,649 0,620 0,666 0,056 A156 0,283 0,403 0,317 0,334 0,062 A51 0,651 0,704 0,645 0,667 0,032

A214 0,536 0,555 0,242 0,444 0,175 A106 0,577 0,539 0,764 0,627 0,120 A156 0,257 0,293 0,309 0,286 0,027 C600 0,637 0,535 0,675 0,616 0,072 O42 1,042 0,915 1,050 1,002 0,076

Branco 0,050 0,051 0,052 0,051 0,001 Legenda: C+ (controle positivo 042 EAEC), C- (controle negativo C600) e água destilada (branco).

Análise realizada por Densidade Ótica. Fonte: OLIVEIRA (2017).

Page 54: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

53

4.4.2 Teste de adesão (HeLa) e citotoxicidade (VERO).

A expressão dos genes de adesão foi avaliada em cultivo celular em células

HeLa com observação em 3h, enquanto a produção de toxinas foi avaliada em

células vero com resultado em 24h (Quadro 2). No teste de adesão em células

HeLa, 4/5 estirpes testadas apresentaram adesão de baixa à média intensidade e

apenas uma estirpe não apresentou aderência. As estirpes não apresentaram

padrões específicos de adesão (Figura 2).

Quadro 2 Efeito citológico em células HeLa e citotóxico em células VERO das estirpes de A. butzleri e A. cryaerophilus

Estirpes HeLa (3h) VERO (24h)

A170 Adesão de média à

intensa.

Alongamento e

vacuolização alta.

A167 Sem aderência. Arredondamento e/ou

alongamento alta.

A165 Adesão de média à

baixa. Arredondamento fraco.

A188 Adesão de média à

baixa. Alongamento médio.

A181 Adesão de média à

baixa. Alongamento médio.

Contole Negativo Células preservadas Células preservadas

Controle Positivo

Adesão alta com

clusters compactos e

diferentes padrões de

adesão.

Alongamento e intensa

vacuolização.

Fonte: OLIVEIRA (2019).

Todas as estirpes testadas apresentaram efeito citotóxico no cultivo em

células VERO de baixa à alta intensidade (Quadro 2), revelando alongamento,

arredondamento e vacuolização celular (Figura 3).

Page 55: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

54

Figura 2 Teste de adesão em células HeLa.

Legenda: A seta preta indica a presença de Arcobater butzleri. Células. HeLa

apresentando alteração de média à alta intensidade de Arcobacter butzleri. Fonte: OLIVEIRA

(2018)

Legenda: Células VERO apresentando alongamento, arrondamento e vacuolização,

após adição de sebrenadante de cultura de A. butzleri. Fonte: OLIVEIRA (2018).

Figura 3 Teste de toxicidade em células VERO

Page 56: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

55

Para melhor comparação apenas os dados de 5 estirpes em comum,

testadas para o teste in vitro de adesão e invasão, biofilme e virulência, foram

agrupados as estirpes testadas representam as seguintes combinações (Tabela

5):

Page 57: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

56

Tabela 5 - Perfil das estirpes testadas para os testes de biofilme, adesão e toxicidade.

.Fonte: OLIVEIRA (2019).

Estirpe Espécie Fator de virulência Hela (3h) VERO (24h) Biofilme

A170 A. butzleri ciaB, cj1349, hecA, irgA, mviN, cadF, hecB, pldA, tlyA Adesão de média à

intensa.

Alongamento e

vacuolização alta. Padrão fraco

A167 A. butzleri ciaB, cj1349, hecA, irgA, mviN, cadF, hecB, pldA, tlyA Sem aderência.

Arredondamento

e/ou alongamento

alta.

Padrão

Médio

A165 A. butzleri ciaB, cj1349, hecA, irgA, mviN, cadF, hecB, pldA, tlyA Adesão de média à

baixa.

Arredondamento

fraco.

Padrão

Fraco

A188 A. cryaerophilus ciaB, cj1349, mviN, pldA, tlyA Adesão de média à

baixa.

Alongamento

médio.

Padrão

Fraco

A181 A. cryaerophilus ciaB, cj1349, hecA, irgA, mviN, cadF, pldA Adesão de média à

baixa.

Alongamento

médio. Padrão fraco

Page 58: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

4.4.3 Teste de alça ligada em coelho

No teste de alça ligada em coelho todas as estirpes causaram lesões

hemorrágicas (Figura 4). Utilizou–se uma alça com controle negativo (solução

fisiológica estéril) (Figura 5).

Figura 4 Porção da alça intestinal do coelho desafiado com Arcobacter butzleri

Legenda: Lesão hemorrágica induzida por A. butzleri após 12h de inoculação. Fonte: OLIVEIRA (2019).

Figura 5 Porção da alça intestinal do coelho. Região sem inoculação de Arcobacter spp.

Legenda: Sem alterações macroscópicas. Fonte: OLIVEIRA (2019).

57

Page 59: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

58

A análise histologia dos fragmentos de intestino delgado foi realizada no

Centro Veterinário de Anatomia Patológica - CVAP e as descrições correspondem

à duas estirpes de A. butzleri (A - A167 e B - A170), uma estirpe de A.

cryaerophilus (C - A181), um controle positivo (D) e um controle negativo (E):

As estirpes A e B de A. butzleri causaram um edema discreto a moderado

difuso na lâmina própria e na submucosa. Na submucosa notou-se dilatação

discreta multifocal de vasos linfáticos. No lúmen do órgão observou-se moderada

quantidade de hemácias associadas a debris celulares. As demais estruturas

apresentam-se íntegras (Figuras 6 e 7)

A análise microscópica dos fragmentos de intestino delgado inoculado com

A. cryaerophilus (C) revelou área focal de hemorragia na submucosa, associado à

debris celulares e moderado infiltrado inflamatório misto composto por linfócitos,

plasmócitos e heterófilos (íntegros e degenerados). Na serosa adjacente a essa

área notou-se infiltrado inflamatório linfoplasmocítico nodular a difuso multifocal

associado a debris celulares. Na submucosa verificou-se ectasia discreta

multifocal de vasos linfáticos. No lúmen do órgão observou-se moderada

quantidade de hemácias associadas à debris celulares. Demais estruturas

permaneceram íntegras (Figura 8).

Realizou-se também a análise do fragmento de intestino delgado inoculado

com solução fisiológica estéril (controle negativo). As estruturas apresentam-se

íntegras (Figura 9).

Page 60: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

59

Figura 6 Histologia de Intestino Delgado de Coelho inoculado com A. butzleri (estirpe A).

Legenda: Alterações na submucosa nota-se ectasia discreta multifocal de vasos linfáticos. No lúmen do órgão observa-se moderada quantidade de hemácias associados a debris celulares. Coloração HE X 100. Fonte: OLIVEIRA (2019).

Figura 7 - Histologia de Intestino Delgado de coelho inoculado com Arcobacter butzleri (estirpe B)

Legenda: Alterações na submucosa nota-se ectasia discreta multifocal de vasos linfáticos. No lúmen do órgão observa-se moderada quantidade de hemácias associados a debris celulares. Coloração HE X 100. Fonte: OLIVEIRA (2019).

Page 61: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

60

Figura 8 - Histologia de Intestino Delgado de Coelho inoculado com A. cryaerophilus (estirpe C).

Legenda: Submucosa área focal de hemorragia associado a debris celulares e moderado infiltrado inflamatório Na serosa adjacente a essa área nota-se infiltrado inflamatório linfocitário. Coloração HE X 100. Fonte: OLIVEIRA (2019).

Figura 9 Histologia de Intestino Delgado de Coelho. Controle negativo

Legenda: Criptas sem alteração; células caliciformes normais. Coloração HE X 200. Fonte: OLIVEIRA (2019).

Através da microscopia eletrônica de varredura observamos que as estirpes

aderiram de maneira fraca à mucosa intestinal, sem apresentar padrões de

aderência específicos. Estruturas em forma de bacilos foram encontradas no meio

extracelular. Observa-se destruição das criptas intestinais (Figura 10) na

comparação com o controle negativo (Figura 11).

Page 62: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

61

Figura 10 Imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura da porção de amostra de intestino de coelho desafiado com Arcobacter butzleri.

Legenda: As imagens revelam destruição de vilosidades com a presença de alguns bacilos

dispersos na matriz extracelular (setas vermelhas). Fonte: OLIVEIRA (2019).

Figura 11 Imagem obtida através de microscopia eletrônica de varredura de porção da amostra intestinal não desafiada (C-).

Legenda: As imagens revelam porção da alça intestinal do coelho que não houve desafios

(Controle negativo). Nas imagens vemos a preservação das criptas intestinais. Fonte: OLIVEIRA

(2019).

Page 63: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

62

4.3.4 Teste de inoculação experimental em aves

Realizou-se a inoculação experimental em aves SPF com 4 estirpes

selecionadas a partir da observação dos testes de resistência, de formação de

biofilme e de adesão. O projeto foi aprovado pela CEUA nº 7843030717.

O experimento foi realizado no Centro Experimental de Patologia Animal

pertencente ao Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária

e Zootecnia – USP.

Observou-se que as aves desafiadas com uma estirpe com características

genéticas de alto índice de virulência (A170) apresentaram hiperemia em intestino

delgado e formação de gás em alças intestinais (Figura 12). As lesões foram mais

evidentes no 4º dia após a inoculação. Contudo os animais apresentaram apenas

diarreia leve sem outras manifestações clínicas aparentes.

Figura 12 Alterações macroscópicas de aves inoculadas experimentalmente com Arcobacter butzleri.

Legenda: A: apontado pela seta laranja indica-se fezes diarreinogênicas no ambiente

experimental. B: alça intestinal apresentando hiperemia e distensão gasosa C: Distenção

gasosa dos cecos. D: presença de conteúdo alimentar pastoso e acúmulo de muco em

alça intestinal. Fonte: OLIVEIRA (2019).

Page 64: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

63

Em outra estirpe (A167) com características genéticas de resistência foi

possível observar palidez de todos os órgãos. Essa característica foi observada a

partir do 4º dia após a inoculação. Notou-se também a presença de gás nas alças

intestinais (Figura 13). Na Figura 14 é possível observar a comparação entre as

características de hiperemia e palidez dos intestinos dos animais inoculados com

as diferentes estirpes descritas.

Figura 13 Alça intestinal de ave SPF inoculada com Arcobacter butzleri.

Legenda. A: Distensão de alça intestinal pela presença de gás e palidez; B: mucosa pálida de alça

intestinal de animal no 4º dia após inoculação. Fonte: OLIVEIRA (2019).

Page 65: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

64

Figura 14 Comparação entre diferentes lesões macroscópicas em intestinos de aves SPF inoculadas com estirpes de Arcobacter butzleri (A167 e A170).

Legenda: A: palidez no intestino de aves SPF inoculada com a estirpe A167 com

características de multiresistência à antimicrobianos (MDR). B: hiperemia e hemorragia no intestino

de ave SPF inoculada com a estirpe (A170) com características de elevado grau de virulência.

Fonte: OLIVEIRA (2019).

A análise bacteriológica foi realizada através da coleta das fezes dos

animais durante a vida e após o óbito de cada uma delas. Diariamente além da

coleta das fezes do fundo das gaiolas e diretamente do intestino das aves

eutanasiadas, coletou-se também fragmentos de fígado e baço para bacteriologia,

para verificar a invasibilidade das estirpes.

Foram coletados de todos os animais necropsiados fígado, baço, intestino,

inglúvio, proventrículo, pâncreas, tonsilas cecais e Bursa de Fabricius. Os

fragmentos dos tecidos foram separados para PCR e assim investigar a presença

do gênero Arcobacter. Porções de fígado, baço, pâncreas e intestino, foram

separados para histologia e análise imunológica (fígado, baço e tonsilas cecais).

O resisolamento de Arcobacter spp. só foi observado em uma das

repetições do grupo A167 (A. butzleri), a partir de fezes coletadas após 2 dias do

desafio. As demais amostras foram negativas. Do mesmo modo a PCR para o

gênero Arcobacter foi negativa, com exceção da segunda repetição com a estirpe

A167 no 4ºdia após desafio.

A B

Page 66: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

65

A análise histológica foi realizada no Centro Veterinário de Anatomia

Patológica – CVAP. O controle negativo foi representado por uma ave eutanasiada

antes da inoculação experimental e uma ave eutanasiada no final do experimento.

Os animais dos grupos desafiados revelaram lesões mais intensas no 40

dia após a inoculação experimental.

Nenhuma amostra de fígado apresentou alterações com a inoculação de

Arcobacter. Em comparação com os controles negativos, os animais

apresentaram uma hepatite portal linfoplasmocítica multifocal discreta ou estavam

livre de alterações patológicas apreciáveis. Tais lesões podem ter desenvolvido

durante o transporte devido ao estresse.

O baço dos dois C- revelam estruturas morfológica preservadas e livre de

alterações dignas de nota. Observou-se que a estirpe A (A167), B (A170) (A.

butzleri) e D (A181) (A.cryaerophilus) apresentaram lesões compatíveis com

hiperplasia linfoide discreta. A análise microscópica da estirpe C (A178)

(A.butzleri) revela discreto aumento de celularidade de polpa branca, com

aproximação entre os folículos.

Os resultados da análise do intestino revelaram que o C- do dia 1

apresentava diminuição acentuada do comprimento das vilosidades, por vezes

associados à discreta fusão de vilos e discreto infiltrado inflamatório

linfoplasmocítico multifocal (Figura 15). A análise microscópica do C- do último dia

de experimento revela discreto infiltrado inflamatório composto por linfócitos e

plasmócitos, localizados em lâmina própria multifocal, contudo não revelam a

presença de colônias bacterianas semelhantes aos grupos experimentais (Figura

16).

A análise microscópica dos fragmentos de intestino das estirpe A167,

A,170, A178 (A. butzleri) e A181 (A. cryaerophilus) revelam lesões semelhantes de

inflamação nas criptas intestinais no qual apresentam discreto aumento de figuras

de mitose, dilatação focal com acúmulo de debris celulares, macrófagos e

espessamento dos vilos, devido à infiltração de linfócitos, plasmócitos e

heterófilos, além de macrófagos encontrados em região de lâmina própria.

Algumas vilosidades, apresentam achatamento, diminuição do

comprimento ou destruição das mesmas, além da observação de múltiplas

colônias bacterianas com unidades formadas por bacilos, sugestivos de

Page 67: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

66

Arcobacter. A descrição específica de cada estirpe encontra-se na legenda das

fotos (Figura 17, 18, 19 e 20).

Figura 15 Intestino de ave não desafida (controle negativo) no dia 1

Legenda: Criptas intestinais do C- aviário do animal eutanasiado no dia 1. Diminuição acentuada

do comprimento das vilosidades e discreta inflamação. Coloração HE X 100 Fonte: OLIVEIRA

(2019).

Figura 16 Intestino de ave não desafiada (controle negativo) do dia 7 após desafio

Legenda: A estirpe A167 (A. butzleri) revela discreto infiltrado inflamatório composto por linfócitos e

plasmócitos, localizados em lâmina própria, mas sem a presença de agentes bacterianos.

Coloração HE X 100 Fonte: OLIVEIRA (2019).

Page 68: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

67

Figura 17 - Intestino de ave desafiada com a estirpe A167 (A. butzleri), 4 dias após desafio

Legenda: Aumento de figuras de mitose, discreta dilatação focal de criptas devido ao acúmulo de

debris celulares e macrófagos, e moderado espessamento dos vilos devido à infiltração de

moderados linfócitos, plasmócitos e heterofilos, e discretos macrófagos encontrados em região de

lâmina própria. No lúmen observa-se conteúdo alimentar associado a múltiplas colônias

bacterianas com unidades formadas por bacilos. Coloração HE X 100 Fonte: OLIVEIRA (2019).

Page 69: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

68

Figura 18 Intestino de ave desafiada com a estirpe A170 (A. butzleri), 4 dias após desafio

Legenda: A estirpe revela discreto aumento de figuras de mitose na região de criptas associados a

moderado espessamento dos vilos devido à infiltração de moderados linfócitos, plasmócitos,

macrófagos e heterofilos encontrados em região de lâmina própria. No lúmen observa-se conteúdo

alimentar associado a múltiplas colônias bacterianas com unidades formadas por bacilos.

Coloração HE X 100 Fonte: OLIVEIRA (2019).

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69

Figura 19 Intestino de ave desafiada com a estirpe A178 (A. butzleri), 4 dias após desafio

Legenda: A estirpe A178 (A. butzleri) revela discreto aumento de figuras de mitose na região de

criptas e discreto espessamento dos vilos devido à infiltração de moderados linfócitos e

plasmócitos, discretos macrófagos e raros heterofilos em região de lâmina própria. Um dos

fragmentos apresentam vilosidades com achatamento e diminuição do comprimento, com apenas

remanescentes de criptas. No lúmen observa-se conteúdo alimentar associado a múltiplas colônias

bacterianas com unidades formadas por médios e longos bacilos. Coloração HE X 100 Fonte:

OLIVEIRA (2019)..

Page 71: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

70

Figura 20 Intestino de ave desafiada com a estirpe A181 (A. cryaerophilus) 4 dias após desafio

Legenda: A estirpe A181 (A. cryaerophilus) revela infiltração de discretos linfócitos e plasmócitos,

discretos macrófagos em região de lamina própria distribuídos de forma multifocal. No lúmen

observa-se conteúdo alimentar associado a múltiplas colônias bacterianas com unidades formadas

por médios e longos bacilos. Coloração HE X 100 Fonte: OLIVEIRA (2019).

Page 72: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

71

4.3.5 Quantificação das citocinas através da PCR em tempo real

Realizamos a quantificação de citocinas pela técnica de PCR em tempo

real de amostras de fígado, baço e tonsilas cecais dos grupos experimentais.

Nossos resultados não apresentaram expressão de beta actina, IL 1,

IL 10 e INF para fígado. Contudo para as tonsilas cecais e baço, houve expressão

das citocinas citadas e foram observadas algumas diferenças.

Realizou-se a análise de 7 indivíduos representativos de cada grupo para

verificar as diferenças de expressão de IL-1, IL-10 E INF em baço e tonsilas

cecais, utilizando a expressão gênica dos animais infectados e não infectados pelo

método 2-ΔΔCT.

Os resultados revelaram diferenças da expressão das citocinas IL 1 e IL 10.

em baço e tonsila cecal. A análise estatística inferencial foi conduzida com o

objetivo de comparar as distribuições de IL1, IL10 e INF segundo o tipo de tecido

(baço e tonsila cecal). Inicialmente, o teste de Kolgomorov-Smirnov foi realizado

buscando verificar aderência à distribuição Normal, de forma que não foi

observada Normalidade (p>0,05; α=0,05). Por esse motivo, optou-se pelo teste

não paramétrico de Wilkoxon, uma vez que as amostras são dependentes

(α=0,05) (Tabela 6)

Tabela 6 Análise comparativa entre os diferentes indivíduos desafiados com Arcobacter butzleri e Arcobater cryaerophilus.

Tipo de molécula Tecido Média

Desvio padrão Mediana

Intervalo interquartil Valor de p

IL1 Baço 0,95 0,25 0,98 0,42

0,028 Tonsila 0,25 0,76 0,60 1,58

IL10 Baço 0,00 0,42 0,20 0,80

0,018 Tonsila 0,43 0,48 0,56 0,67

INF Baço 0,50 0,32 0,30 0,65

0,398 Tonsila 0,57 0,29 0,50 0,43

Legenda: Comparação entre os diferentes indivíduos desafiados por Arcobacter butzleri e

Arcobacter cryarephilus a partir da média, desvio padrão, mediana e intervalo interquartil do total

dos tecidos analisados dos indivíduos selecionados. Os valores de p representam diferenças

significativas apenas entre IL 1 e IL 10. Fonte: OLIVEIRA (2019).

A partir dos dados coletados, foram obtidos os valores padronizados de

cada indivíduo para a confecção dos gráficos, que comparam as medidas de baço

e tonsila em 7 dias após desafio (D7).

Page 73: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

72

Na figura 21 temos a comparação entre baço e tonsila dos animais

desafiados e analisadas a expressão de IL 1. Verifica-se que a reação

inflamatória nas tonsilas, representada pela citocina citada é elevada nos animais

até o dia 5 (D5). Já no baço, houve aumento da expressão apenas no D6 e D7,

sendo que a queda da expressão da IL1 nas tonsilas foram inversamente

proporcionais no mesmo período (D 6 e D7).

Figura 21 Distribuição da expressão de IL 1

Legenda: Distribuição da expressão de IL 1 de baço (barra azul) e tonsila cecal (barra verde) dos

animais desafiados com Arcobacter butzleri e Arcobacter cryarophilus em 7 dias (D1 - D7). Fonte:

OLIVEIRA (2019).

O fenômeno observado para IL 10, para os mesmos tecidos, revelou que a

citocina não foi representativa no D1 paras a tonsila, mas no baço houve

evidências de sinalização. Entretanto pode-se verificar que a IL10 tanto o baço

quanto a tonsila desde o D2 até D5, foram expressas positivamente, sendo que no

D2 e D3 os maiores valores foram da tonsila cecal e no D4 e D5 foram o do baço.

Page 74: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

73

Em D6 e D7, IL10 de ambos os tecidos reduziram negativamente a expressão

(Figura 22).

Figura 22 Distribuição da expressão de IL 10.

Legenda: Distribuição da expressão de IL 10 de baço (barra azul) e tonsila cecal (barra verde) dos

aves desafiadas com Arcobacter butzleri e Arcobacter cryarophilus em 7 dias (D1 - D7). Fonte:

OLIVEIRA (2019).

Na análise de INF verificamos níveis negativos do D1 ao D4 do baço e no

D5 houve expressão. Para tonsilas verificamos níveis baixos no D2, mas no D1,

D3, D4 e D5 os níveis foram negativos. Apenas do D6 e D7 verificou-se aumento

de expressão dos tecidos testados para INF (Figura 23).

Page 75: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

74

Figura 23 Distribuição da expressão de INF.

Legenda: Distribuição da expressão de INF de baço (barra azul) e tonsila cecal (barra verde) dos

animais desafiados com Arcobacter butzleri e Arcobacter cryarophilus em 7 dias (D1 - D7). Fonte:

OLIVEIRA (2019).

Todas as análises foram conduzidas com o auxílio do pacote estatístico

IBM SPSS v. 23.

Page 76: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

4.5 DISCUSSÃO

Nos últimos anos, a ocorrência de infecções provocadas por Arcobacter,

vem aumentando significativamente em diversas situações de ambiente hospitalar,

sendo descritos casos de toxinfecções alimentares, diarreias, sepses, entre outras

manifestações clínicas. O isolamento e a identificação das espécies de Arcobacter

não fazem parte da rotina dos laboratórios clínicos; dessa forma, a real incidência

da infecção em humanos é subestimada (COLLADO; FIGUEIRAS, 2011; GOBBI

et al., 2018).

Os estudos do agente em questão na veterinária mostra o patógeno

presente no processo de doença em diferentes animais como bovinos e suínos, e

a busca pelo esclarecimento da relação patógeno e hospedeiro vem se

acentuando nos diferentes setores da Medicina humana e veterinária (HO et al.,

2006; MELLA et al., 2016). A presença deste patógeno em produtos de origem

animal representa um risco à saúde dos consumidores, sendo uma preocupação

para o setor de produção (OLIVEIRA et al, 2015).

Diante as análises fenotípicas das estripes, o teste de biofilme demonstrou

que das 12 estirpes analisadas, apenas uma estirpe apresentou padrão

moderado, com média de 0,926. As outras 11 estirpes apresentaram padrão fraco

com valores entre 0,444 ≥0,679. A capacidade de Arcobacter em aderir a

superfícies inertes e formar biofilme juntamente com a alta prevalência de

isolamento de Arcobacter spp. em equipamentos e instalações de abatedouros

torna o tema relevante, pois a presença do biofilme favorece a sobrevida do

agente, protegendo-o contra a ação de desinfetantes, aumentando as chances de

contaminação das carcaças (KJELDGAARD et al., 2009). Entretanto nosso índice

de biofilme foi abaixo do esperado.

O desenvolvimento de biofilme em tubulações de água em ambiente de

frigorífico, demonstra a capacidade de o agente resistir à diferentes desafios como

pressão das tubulações e a exposição à desinfetantes (ASSANTA et al., 2002).

Assim é possível também considerar que a presença de Arcobacter spp., ocorra

devido à alta concentração ou à falhas nos processos desinfecção do ambiente

(HAUSDORF et al., 2013).

75

Page 77: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

76

Phillips & Bates (2004), relataram que 5% das estirpes testadas resistiam

no ambiente de aço inoxidável desinfetado com etanol. Rasmussen et al. (2013)

identificaram que 31/32 frigoríficos analisados estavam contaminados por A.

butzleri. Os autores determinaram a concentração inibitória mínima (CIM) do

hipoclorito de sódio e observaram uma sobrevida superior a 20 horas em uma

concentração de 0,2% do produto. Além disso, foi demonstrado que A. butzleri foi

capaz de formar biofilmes a 5ºC, bem como a 10ºC e 21ºC (KJELDGAARD et al.,

2009FERREIRA 2015).

Em trabalho realizado por Girbau et al. (2017), 9 (21,4%) dos 42 isolados

de Arcobacter butzleri foram capazes de formar biofilmes na superfície do placas

de microtitulação de poliestireno. A proporção de aderência não é tão grande

como a relatada por Ferreira et al. (2015), que sob as condições de microaerofilia,

26 dos 36 (72,2%) isolados analisados formaram biofilmes. Vinte e um (58,3%)

isolados foram categorizados como fracamente aderentes e cinco (13,9%) foram

incluídos na categoria de moderadamente aderente. Contudo quando estas

mesmas estirpes foram submetidas às condições aeróbicas, nenhum dos 36

isolados apresentaram capacidade de formação de biofilmes (FERREIRA et al.,

2015).

Um ponto de extrema importância para a compreensão da patogenia da

doença é verificar a capacidade de adesão e de expressão de toxinas do agente.

Estes estudos são frequentemente realizados in vitro, em culturas celulares de

HeLa com observação em 3h e células VERO com resultado em 24h. Os

resultados deste trabalho revelaram que tanto as estirpes de A. butzleri quanto as

de A. cryaerophilus possuem capacidade de aderir difusamente em células e são

produtoras de toxinas.

A carência de informações específicas sobre a patogenia das infecções

por Arcobacter spp. levou muitos autores a uma comparação com Campylobacter,

uma vez que estes microrganismos pertencem à mesma família e possuem

similaridades genéticas. A adesão às células epiteliais do trato gastrintestinal do

hospedeiro é um importante fator de colonização por Campylobacter jejuni. Esta

etapa é assegurada pela presença de genes de adesinas específicos como cadF e

cj1349 (KONKEL et al., 1999). A adesina cadF é requerida por C. jejuni para a

máxima aderência e invasão às células do epitélio intestinal do hospedeiro, a

Page 78: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

77

aderência de cadF é o primeiro passo para a internalização bacteriana (KONKEL

et al., 2001). A ligação de cadF, promove a interação entre o patógeno e a célula

do hospedeiro, facilitando a colonização do microrganismo (KRAUSE-

GRUSZCZYNSKA et al., 2007).

Apesar da estreita relação entre o Arcobacter e o gênero Campylobacter,

existem algumas diferenças nos possíveis efeitos citotóxicos desses dois gêneros.

Em um trabalho que buscou analisar a expressão de virulência de estirpes

provenientes de água de rio, no qual foram utilizados células HeLa e de intestino

para testar adesão e invasão, apenas uma estirpe aderiu à células e a invasão

não foi observada. Todas as estirpes induziram efeitos citotóxicos nas células,

apresentando alongamento (MUSMANNO et al., 1997).

Alguns estudos demonstram que estirpes Campylobacter são capazes de

produzir uma toxina que é responsável pela hipertrofia e morte celular in vitro ,

contudo quando se compara os efeitos de Arcobacter spp., nenhuma atividade

distensora citoletal é observada (MUSMANNO et al., 1997). Nossos resultados

revelam padrões de fraca à moderada adesão, contudo todos apresentaram algum

efeito citoletal, como vacuolização, diferentemente da descrição realizada por

Musmanno et al. (1997).

Organismos como o V. cholerae e Helicobacter pylori produzem uma

citotoxina, conhecida como VacA, que induz a formação de vacúolos ácidos nos

citoplasmas de diferentes linhas celulares. Esses agentes já foram utilizados como

referência para reportar diferentes mecanismos de virulência de Arcobacter spp. e

a ação citoteletal pode ser explicada pela possível presença desta toxina

(VILLARRUEL-LOPEZ et al., 2003).

Nossos resultados não corroboram com o descrito e nossas estirpes

mostram uma heterogeneidade fenotípica quanto à capacidade de aderência,

variando de fraca à forte. Sobre os padrões de citotoxicidade, nossas estirpes

também apresentaram alterações variadas quanto aos efeitos citotóxicos e

alterações da morfologia do cultivo celular, revelando células com aspecto

alongado, arredondados e ainda a formação de vacúolos. Os resultados dos

testes fenotípicos de aderência e toxicidade das estirpes previamente

caracterizadas como portadoras de fatores de virulência confirmam o potencial de

patogenicidade.

Page 79: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

78

Em um estudo realizado em Grigliasco (Itália), utilizou-se dois modelos de

células intestinais humanas in vitro, sendo uma produtora de muco (HT29 - MTX)

e outra não produtora de muco (HT29, Caco-2), no qual foram incubadas com uma

estirpe de Arcobacter butzleri. Em 90 min após a incubação, a estirpe apresentou

uma alta capacidade de colonização e adesão em HT29 – MTX e expressiva

invasão tanto em HT29–MTX quanto em Caco–2. Em um período de 24h, A.

butzleri, conseguiu atravessar a barreira epitelial de Caco-2, representando um

passo para a compreensão da patogenicidade do agente e sua importância para

explicar seu papel nas doenças gastrointestinais (BUZZANCA et al, 2019).

Com o objetivo de verificar a capacidade patogênica de Arcobacter spp. em

organismos vivos e determinar a expressão dos fatores de virulência previamente

detectados em teste de PCR e verificados in vitro em cultivo celular, optamos pela

utilização do modelo de alça ligada em coelho. A análise macroscópica revelou

hemorragia severa dos fragmentos inoculados. A microscópica dos fragmentos de

intestino delgado revelou que as estirpes de A. butzleri provocaram dilatação focal

de vasos linfáticos e no lúmen do órgão observou-se moderada quantidade de

hemácias. A. cryaerophilus também causou dilatação de vasos linfáticos, contudo

este estava associado às áreas focais de hemorragia com presença de infiltrado

inflamatório mista (linfócitos, plasmócitos e heterofilos, integros e degenerados). A

presença de células inflamatórias linfoplasmocíticas foi detectada também na

serosa adjacente a área de inoculação.

O potencial toxigênico de A. cryaerophilus foi demonstrado in vivo (ratos

Wistar adultos) por FERNANDEZ et al. (1995) que utilizaram sobrenadante de dois

isolados de A. cryaerophilus. Os autores observaram que o agente provocou

distensão do íleo e acúmulo de líquidos nas alças intestinais. Em pesquisa

realizada por CARTER (1996) foram testadas estirpes de A. butzleri em testes de

alça ligada em coelho e em suínos. Dos 60 coelhos testados 13% (8/60)

produziram fluído. O suíno também testado com a estirpe 4056, apresentou fluído

e todos os animais do experimento apresentaram infiltração leucocitária no

intestino (CARTER, 1996). Estes dados não corroboram com os nossos, pois

destaca-se a capacidade inflamatória e hemorrágica das estirpes de A. butzleri e

A. cryaerophilus testadas, com ausência acúmulo de fluído.

Page 80: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

79

Em grande parte dos estudos, a interação de Arcobacter com os

hospedeiros é revelada como principal sinal clínico a diarreia aquosa, contudo em

2013, foi relatado um caso de um homem de 85 anos, com histórico de febre,

hipotensão, diarreia crônica e bacteremia. Através da amostra de sangue e uso de

16S, revelou como agente causador da doença Arcobacter butzleri. O paciente

internado fez uso de Vancomicina e Piperazilina- tazobendam e apresentou

melhora da bacteremia após 3 dias de tratamento (ARGUELLO et al., 2015). Estes

resultados comprovam que a capacidade de gerar estados de sepse através de

uma intensa inflamação, são características do agente. No teste de alça ligada o

efeito hemorrágico observado sugere uma capacidade de evolução o agente na

relação patógeno-hospedeiro para uma situação mais grave como a sepse.

Outros modelos animais têm sido empregados para elucidar a

patogenicidade e mecanismos de virulência de Arcobacter. O Zebra Fish (Danio

rerio) é um modelo de laboratório importante para estudos de toxicologia,

imunologia, câncer e doenças infecciosas (LU et al., 2015; ZHANG et al., 2016).

Em trabalho pioneiro realizado por AÇIK et al., (2016) foi verificada a

patogenicidade de A. butzleri, demonstrando alterações clínicas e patológicas no

Zebra Fish. A doença foi observada nos grupos de peixes infectados com o ID50

que apresentaram no exame histopatológico, inflamação aguda caracterizada por

neutrofilia, necrose e congestão focal de fígado, rim e baços. Os autores relataram

também a presença de peritonite, infiltração de leucócitos, atrofia de vilos e sepse

(AÇIK et al., 2016).

Em um estudo de revisão realizado na Nigéria, comparou o efeito

histopatológico de animais que apresentavam infecção por Arcobacter butzleri ou

Arcobacter cryareophilus (ADESIJI et al., 2014). Em ratos albinos desafiados com

A. butzleri que apresentavam diarreia e intensa inflamação, os animais revelaram

lesões intestinais de necrose, descamação, atrofia das vilosidades e hipertrofia de

células caliciformes, sendo que este último achado corresponde que os animais

apresentavam diarreias do tipo aquosas ou mucoide (ADESIJI et al., 2009).

Nossos achados histopatológicos das alças intestinais do coelho

apresentaram lesões diferentes das descritas no artigo citado anteriormente, visto

que nós observamos lesões de intensa hemorragia. O tempo de exposição ao

Arcobacter butzleri e a virulência do mesmo em nosso teste, são fatores que

Page 81: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

80

devem ser considerados, pois em comparação com outras pesquisas tais variáveis

não foram descritas até o presente momento.

A microscopia eletrônica de varredura revelou que não há um padrão de

adesão definido para Arcobacter, mas auxiliou na comprovação da presença do

agente na mucosa intestinal e na destruição das criptas, descritas no estudo

histológico.

A interação de Arcobater com as aves revelaram perfis diferenciados

entre os grupos testados. Os animais não apresentaram severas manifestações

clínicas, apenas uma discreta diarreia pastosa. As aves foram mantidas por 7 dias

sob observação e nas necropsias realizadas diariamente, identificamos um padrão

de lesões de acordo com os grupos, sendo que no dia 4 foi revelado a maior

exacerbação de tais lesões intestinais

Na análise microscópica, observou-se que todos os grupos apresentaram

padrão de inflamação aguda com a presença tanto de polimorfonucleares, como

mononucleares. A lesão tecidual acompanhada de macrófagos, diminuição de

vilosidades e presença de bactérias na lâmina própria, comprova o poder de

invasão do agente. Estes efeitos foram observados também em pesquisa

realizada em Berlin, no qual em um período de 16 dias, observou-se lesões

macroscópicas e microscópicas em ratos. Os animais não tiveram qualquer

diferença de padrão macroscópico, mas o encurtamento de vilos e celularidade

indicativa de inflamação, também foram descritas pelos autores (HEIMISAAT et

al., 2015).

Na comparação dos animais desafiados e dos controles negativos diante

à verificação do gene B-actina, IFN alpha, IL1 e IL10, não houve diferenças

quantitativas. A análise das citocinas é apenas descritiva e observou-se diferenças

de expressão entre baço e tonsila para IL 1 e IL10.

A beta-actina, também conhecida como proteína "housekeeping", é

geralmente usada como controle uma vez que são consideradas proteínas

altamente conservadas e que estão envolvidas na motilidade, estrutura e

integridade das células (HANUKOGLU et al., 1983). IFN alpha é uma citocina pró-

inflamatória correlacionada com infecções virais, além de atuar na imunidade

inata, adquirida e controlar múltiplos efeitos fenotípicos (IMANISHI et al., 1994),

assim como a IL 1, que são liberadas a partir de inflamação intestinal . IL- 10 atua

Page 82: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

81

como citocina anti-inflamatória que inibe a resposta de macrófagos e de citocinas

pró inflamatórias (COSTA PINTO; PALERMO – NETO, 2010).

Nossos dados não corroboram com o de GOLZ et al. (2015), quanto a

expressão das citocinas em tecidos extra intestinais. No trabalho citado foram

desafiados ratos com uma dose de 109 UFC de duas estirpes de A. butzleri:

isolada de um paciente com diarreia e outra isolada de carne de frango fresco.

Para análise da infecção foram coletados sangue cardíaco e amostras de tecido

de cólon, fígado e rim. A infecção por A. butzleri induziu não apenas respostas

imunes intestinais, mas também extra-intestinais e sistêmicas em camundongos.

Esses achados apontam para um potencial imunopatogênico de A. butzleri (GOLZ

et al., 2015).

Em trabalhos semelhantes desenvolvidos com Campylobacter jejuni, foi

verificado que existe um equilíbrio entre as atividades de citocinas para gerar uma

resposta imune em benefício do hospedeiro ou a sobrevivência da bactéria. A

produção de citocinas pró-inflamatórias como INF alpha, tem sido associada a

diferentes aspectos da virulência de C. jejuni, sendo que elas podem

desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento de uma reação para

controlar a infecção e provocar uma imunidade adaptativa. Eles também podem

desempenhar um papel na promoção de doenças extra-intestinais (AL-BANNA et

al., 2018).

Pode-se verificar que a expressão da citocinas inflamatórias IL-1,

importante na resposta anti humoral. De acordo com a literatura após lesões ou

infecções graves, a resposta exacerbada e persistente de citocinas Th1

(aumentam a resposta inflamatória) podem contribuir para lesões em órgão-alvo,

levando à insuficiência de múltiplos órgãos e à morte. A IL-1 é primariamente

produzida por macrófagos e monócitos, assim como por células não imunológicas,

tais como fibroblastos e células endoteliais ativadas durante lesão celular,

infecção, invasão e inflamação. São responsáveis também pela estimulação de

células CD4+ (VARELLA et al., 2001; OLIVEIRA et al., 2011).

Verificou-se também a expressão de IL-10 (facilitador de sinalização de

mastócitos) sendo tal citocina produzida principalmente por células CD8+ ativadas,

realizando a inibição da síntese de outras citocinas ou ainda diminuindo a função

citolítica e secretora de citocinas por Th1 (ex. IL-1) e facilitando o desenvolvimento

Page 83: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

82

de respostas Th2 (VARELLA et al., 2001). Não houve resultados significativos

para INF.

Em nosso estudo não podemos relacionar os achados de IL-1 e IL10, pois

trata-se de uma pesquisa realizada em indivíduos, cujo objetivo foi verificar se

realmente os animais apresentaram reação inflamatório diante o desafio com

Arcobacter. Contudo verificou-se que existem diferenças entre os tecidos

analisados (baço e tonsila), no qual os animais de um modo geral tem maior

reação inflamatória nas tonsilas cecais, na comparação com o baço. Relação

esperada visto que o agente gerou lesões mais acentuadas em trato

gastrointestinal.

Em um estudo realizado com ratos gnobióticos, desafiados com

Escherichia coli, Campylobacter jejuni e Arcobacter butzleri, e testados para as

citocinas IFN-γ, TNF, IL-6 e MCP-1, verificou-se que A. butzleri induzem a

resposta pró-inflamatória de forma menos distinta em comparação com C. jejuni,

contudo as respostas imunes locais e sistêmicas são mais evidentes se

comparadas com E. coli. Assim, os dados apontam para que A. butzleri é mais do

que um comensal em hospedeiros vertebrados, indicando seu potencial

patogênico (GOLZ et al., 2016).

A alta produtividade da avicultura brasileira se deve aos avanços nas áreas

de genética, sanidade e nutrição. Este desenvolvimento tecnológico permitiu que

as redes de distribuição de produtos de origem animal se expandissem. Contudo

tornaram-se mais centralizadas e complexas, afetando as características

epidemiológicas dos surtos e introduzindo novos desafios sanitários, possibilitando

a contaminação cruzada e a emergência de novos patógenos (BELUSSO;

HESPANHOL, 2010). A presença de certas espécies de bactérias do gênero

Arcobacter spp. em alimentos de origem animal pode representar um perigo

biológico para os consumidores, em determinadas circunstâncias que favorecem a

ocorrência de infecções alimentares. Embora o potencial do agente em causar

doenças de transmissão alimentar seja conhecido, existem poucos estudos de

patogenia envolvendo este gênero bacteriano no Brasil (NEUBAUER; HESS,

2006).

Page 84: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

83

Os dados deste estudo confirmam a patogenicidade das estirpes

isoladas, contudo os estudos de interação do patógeno com grupos experimentais

desafiados e submetidos em diferentes tempos e concentrações de inóculo podem

contribuir para melhores esclarecimentos e contribuição científica sobre

Arcobacter.

Page 85: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

84

5 CONCLUSÔES

✔ Os dados obtidos no presente estudo sugerem que Arcobacter spp. é mais

do que um comensal em hospedeiros vertebrados, indicando o potencial

patogênico dessas bactérias.

✔ Os dados dos perfis de resistência reforçam que estratégias de controle são

necessárias para impedir a transmissão estirpes resistentes, assim como a

possibilidade da transmissão de seus genes para outros agentes, que

podem causar infecções humanas, principalmente pelo consumo de carne

de frango contaminadas, sendo esse um reservatório subestimado.

✔ A determinação da suscetibilidade antimicrobiana pelo MIC revelou

resistência à determinadas classes de antibióticos, como lincosamidas e

quinolonas, sendo necessária atenção especial pois o uso de ambas as

classes são compartilhadas tanto na Medicina quanto na Medicina

Veterinária.

✔ O fato de não termos encontrado genes de resistência na PCR,é um indício

que a sequência de alelos pode ser diferente dos primers utilizados, uma

vez que não tínhamos nenhum primer desenhado diretamente para

Arcobacter, mas sim para Campylobacter.

✔ Os ensaios in vitro demonstraram baixa capacidade das estirpes em formar

biofilme, apontando uma fragilidade de sobrevivência do agente no

ambiente.

✔ As estirpes revelaram capacidade de aderir em células e produzir toxinas, o

que ressalta a possibilidade de ocorrência de lesões decorrentes da

interação patógeno-hospedeiro.

✔ No teste de alça ligada as estirpes provocaram intensa inflamação e lesões

hemorrágicas. Esse resultado se diferencia dos descritos na literatura que

associa o agente aos quadros de diarreia aquosa.

✔ As aves apresentaram manifestações clínicas brandas com

comprometimento da saúde intestinal após o desafio com dose elevada

(109 UFC/mL). Na análise histológica verificou-se a presença de intensa

inflamação com diminuição de vilosidades do intestino delgado e grosso.

Page 86: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

85

Para verificação de outros efeitos macro e microscópicos seria necessário

outras repetições com variação de tempo e quantidade de inóculo.

✔ A resposta imunológica foi feita de forma descritiva com observação de

apenas alguns indivíduos representativos de cada grupo experimental de

aves. Foram observadas diferenças de expressão para IL 1 e IL10 em baço

e tonsilas cecais. A presença desta citocina indica que houve um processo

inflamatório de caráter agudo e auxilia na explicação da destruição de

criptas intestinais nos animais.

✔ Os dados obtidos neste estudo apontam que A. butzleri e A. cryaerophilus

são patógenos que podem comprometer a saúde intestinal das aves,

causando manifestações clínicas leves, com inflamação intestinal e

ativação da resposta imunológica do hospedeiro.

✔ A interação destes patógenos com hospedeiros mamíferos sugere a

possibilidade de ocorrência de doença intestinal grave, e reforça o risco

zoonótico destas estirpes.

Page 87: MARIA GABRIELA XAVIER DE OLIVEIRA

86

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