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Universidade do Minho Escola de Economia e Gestão Mariana Gonçalves Trancoso abril de 2016 SENTIMENTO DO INVESTIDOR NO MERCADO DE CAPITAIS PORTUGUÊS Mariana Gonçalves Trancoso SENTIMENTO DO INVESTIDOR NO MERCADO DE CAPITAIS PORTUGUÊS UMinho|2016

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Universidade do MinhoEscola de Economia e Gestão

Mariana Gonçalves Trancoso

abril de 2016

SENTIMENTO DO INVESTIDOR NO MERCADO DE CAPITAIS PORTUGUÊS

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Mariana Gonçalves Trancoso

abril de 2016

SENTIMENTO DO INVESTIDOR NO MERCADO DE CAPITAIS PORTUGUÊS

Trabalho efetuado sob a orientação daProfessora Doutora Cristiana Cerqueira Leal

Dissertação de MestradoMestrado em Estudos de Gestão

Universidade do MinhoEscola de Economia e Gestão

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Nome: Mariana Gonçalves Trancoso

Endereço electrónico: [email protected]

Título dissertação: SENTIMENTO DO INVESTIDOR NO MERCADO DE CAPITAIS PORTUGUÊS

Orientador: Professora Doutora Cristiana Cerqueira Leal

Ano de conclusão: 2016

Designação do Mestrado: Mestrado em Estudos de Gestão

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA

EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE

A TAL SE COMPROMETE;

Universidade do Minho, 5 de Abril de 2016

Assinatura: ________________________________________________

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de prestar o meu agradecimento à Professora

Doutora Cristiana Cerqueira Leal, orientadora desta dissertação. O seu apoio e

disponibilidade, bem como todas as sugestões oferecidas foram fundamentais para a

conclusão deste trabalho.

Aos meus pais por todo o apoio e esforço que depositaram no meu percurso

académico. Em especial ao meu pai, pela confiança que sempre depositou nas minhas

capacidades.

Gostaria também de agradecer ao Alberto pelo apoio incondicional e motivação

prestados ao longo desta etapa.

Por fim, mas não menos importante, agradeço à Mónica por todas as

experiências partilhadas, apoio e voz amiga.

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TÍTULO: SENTIMENTO DO INVESTIDOR NO MERCADO DE CAPITAIS PORTUGUÊS

Resumo

A presente dissertação estuda o impacto do sentimento do investidor nas

rendibilidades agregadas do mercado português, em horizontes temporais de 1, 3 e 6

meses. A periocidade dos dados é mensal e o horizonte temporal estudado

compreende o período de Janeiro de 2002 a Dezembro de 2014. Como indicador de

sentimento utilizam-se o índice de confiança do consumidor, o índice de sentimento

económico, o índice de sentimento da Investor Intelligence e o índice de sentimento

de Baker & Wurgler (2007). Como medida do mercado de capitais português são

utilizadas as rendibilidades mensais do PSI-20 e dos índices da datastream de

empresas financeiras/não financeiras.

Adicionalmente, é também testada a possibilidade de o sentimento verificar

um impacto assimétrico nas rendibilidades agregadas do PSI-20 e nas rendibilidades

dos índices de empresas financeiras e não financeiras consoante o estado da

economia. Isto é, consoante se verifique um período de expansão ou recessão

económica.

A capacidade explicativa do sentimento é testada através de análises de

regressão linear. Os resultados sugerem um impacto negativo do sentimento sobre as

rendibilidades futuras. Contudo, é possível constatar que as diferentes medidas

analisadas apresentam capacidade explicativa para diferentes horizontes de tempo.

Relativamente à hipótese de que o sentimento apresente uma capacidade explicativa

distinta consoante o estado da economia, encontra-se alguma evidência de que o

sentimento afete de forma mais acentuada as rendibilidades de mercado durante

períodos de recessão económica.

Palavras-chaves: sentimento do investidor, medidas de sentimento, PSI-20,

rendibilidades de mercado, impacto do sentimento a nível agregado, ciclo económico.

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TITLE: INVESTOR SENTIMENT IN THE PORTUGUESE STOCK MARKET

Abstract:

The present research aims to analyze the investor sentiment impact on the

aggregate returns of the Portuguese stock market, in time frames of 1, 3 and 6

months. The sample period includes monthly data from January 2002 to December

2014. Several sentiment measures are used: the consumer confidence index, the

economic sentiment index, the investor intelligence sentiment index and the Baker &

Wurgler (2007) sentiment index. As measure of the Portuguese stock market are used

the PSI-20 returns, the returns of the datastream index of non-financial companies and

the returns of the datastream index of financial companies.

The second goal of the present study is to analyze whether the sentiment

impact varies depending on the state of the economy. In other words, does the

sentiment impact on the aggregate returns vary during economic recessions or

economic expansions?

The sentiment impact is measured using linear regression models. According

to the results, the investor sentiment (for all the tested indicators) negatively impacts

the aggregate market returns for the total market and subsets. However, the different

measures appear to have different time horizons. Relatively to the hypothesis that the

return predictability of sentiment has an asymmetric power during the economic cycle,

there is some evidence that the sentiment impact is bigger during economic

downturns.

Keywords: Investor sentiment, investor sentiment measures, PSI-20, aggregated stock

returns, economic cycle.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

1.1. Descrição da problemática ............................................................................. 1

1.2. Motivação ....................................................................................................... 2

1.3. Objetivos ........................................................................................................ 3

1.4. Estrutura da Dissertação ................................................................................ 5

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................................ 7

2.1. Finanças Tradicionais ......................................................................................... 7

2.2. Finanças Comportamentais ............................................................................... 7

2.2.1. Psicologia do Investidor .............................................................................. 9

2.2.2. Limites à arbitragem................................................................................. 12

2.3. Definição de Sentimento ................................................................................. 15

2.4. Medidas de sentimento ............................................................................... 15

2.5. Medidas indiretas de sentimento ................................................................ 17

2.5.1. Volume de transação ................................................................................ 17

2.5.2. Tendências de investidores individuais ..................................................... 18

2.5.3. Fluxos dos Fundos de Investimento .......................................................... 18

2.5.4. Prêmio de Dividendo ................................................................................. 19

2.5.5. Desconto dos fundos fechados ................................................................. 20

2.5.6. Retornos iniciais/volume de ofertas públicas iniciais (OPI) ...................... 20

2.5.7. Informação Interna ................................................................................... 21

2.5.8. Emissão de capital próprio em relação ao total de novas emissões ........ 21

2.6. Evidência Empírica ........................................................................................... 22

2.6.1. Evidência empírica global ......................................................................... 22

2.6.2. Evidência empírica sobre o mercado Português....................................... 28

2.7. Investidor Português ........................................................................................ 31

3. DADOS ...................................................................................................................... 34

3.1. Introdução ........................................................................................................ 34

3.2. Indicador de Confiança do Consumidor (ICC) .................................................. 36

3.3. Índice de Sentimento Económico (ISE) ............................................................ 37

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3.4. Índice de sentimento da Investor Intelligence ................................................. 38

3.5. Índice de Sentimento de Baker & Wurgler (2007)........................................... 39

3.6. Indicadores do Mercado de Capitais Português .............................................. 40

3.7. Variáveis Macroeconómicas ............................................................................ 41

4. METODOLOGIA ........................................................................................................... 43

4.1. Hipóteses ......................................................................................................... 43

4.2. Metodologia aplicada ...................................................................................... 44

4.2.1. Análise à estacionariedade, normalidade, autocorrelação e

heterocedasticidade ................................................................................................ 44

4.2.2. Comportamento dos indicadores de sentimento e as rendibilidades do

mercado de capitais português ............................................................................... 47

4.2.3. Impacto do sentimento durante períodos de recessão e expansão ......... 48

5. RESULTADOS .............................................................................................................. 50

5.1. Indicadores de Sentimento e o Mercado de Capitais Português .................... 50

5.2. Capacidade explicativa do Sentimento ............................................................ 54

5.2.1. Análise da capacidade explicativa do índice de confiança do consumidor ..

.................................................................................................................. 54

5.2.2. Análise da capacidade explicativa do índice de sentimento económico . 58

5.2.3. Análise das regressões com o indicador da Investor Intelligence ............ 63

5.2.4. Análise da capacidade explicativa do índice de sentimento de Baker &

Wurgler (2007) ........................................................................................................ 69

5.2.5. Comparação entre as diferentes medidas de sentimento e observações

gerais .................................................................................................................. 71

5.3. Impacto do sentimento sobre as rendibilidades futuras controlando para o

estado da economia .................................................................................................... 72

5.3.1. Capacidade explicativa do ICC .................................................................. 73

5.3.2. Capacidade explicativa do ISE .................................................................. 77

5.3.3. Capacidade explicativa do indicador da Investor Intelligence ................. 82

5.3.4. Considerações gerais ................................................................................ 87

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 89

7. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 93

APÊNDICES

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LISTA DE SIGLAS

CE – Comunidade Europeia

EUA – Estados Unidos da América

ICC – índice de Confiança do Consumidor

INE – Instituto Nacional de Estatística

ISE – Índice de Sentimento Económico

ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão

NBER – National Bureau of Economic Research

NYSE – New York Stock Exchange

OPI – Oferta Pública Inicial

PSI-20 – Portuguese Stock Index

S&P500 – Standard and Poor’s 500

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 Evolução das medidas de Sentimento, Janeiro de 2002 a Dezembro de

2014 ................................................................................................................................ 53

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Dados Utilizados ............................................................................................... 42

Tabela 2 Resultados do teste de Augmented Dickey-Fuller (sem desfasamentos)........ 46

Tabela 3 Estatísticas descritivas e correlações entre as variáveis .................................. 52

Tabela 4 Capacidade explicativa do ICC sobre as rendibilidades futuras do PSI-20 ...... 56

Tabela 5 Capacidade explicativa do ICC sobre as rendibilidades futuras do índice de

empresas não financeiras ............................................................................................... 57

Tabela 6 Capacidade explicativa do ICC sobre as rendibilidades futuras do índice de

empresas financeiras ...................................................................................................... 58

Tabela 7 Capacidade explicativa do ISE sobre as rendibilidades futuras do PSI-20 ....... 61

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Tabela 8 Capacidade explicativa do ISE sobre as rendibilidades futuras do índice de

empresas não financeiras ............................................................................................... 62

Tabela 9 Capacidade explicativa do ISE sobre as rendibilidades futuras do índice de

empresas financeiras ...................................................................................................... 63

Tabela 10 Capacidade explicativa do indicador da Investor Intelligence sobre as

rendibilidades futuras do PSI-20 .................................................................................... 66

Tabela 11 Capacidade explicativa do indicador do indicador de sentimento da Investor

Intelligence sobre as rendibilidades futuras do índice de empresas não financeiras .... 67

Tabela 12 Capacidade explicativa do indicador de sentimento da Investor Intelligence

sobre as rendibilidades futuras do índice de empresas financeiras .............................. 68

Tabela 13 Capacidade explicativa do índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007)

sobre as rendibilidades futuras de mercado .................................................................. 71

Tabela 14 Capacidade explicativa do ICC sobre as rendibilidades do PSI-20 ................. 75

Tabela 15 Capacidade explicativa do ICC sobre as rendibilidades do índice de empresas

não financeiras ............................................................................................................... 76

Tabela 16 Capacidade explicativa do ICC sobre as rendibilidades do índice de empresas

financeiras ...................................................................................................................... 77

Tabela 17 Capacidade explicativa do ISE sobre as rendibilidades do PSI-20 ................. 80

Tabela 18 Capacidade explicativa do ISE sobre as rendibilidades do índice de empresas

não financeiras ............................................................................................................... 81

Tabela 19 Capacidade explicativa do ISE sobre as rendibilidades do índice de empresas

financeiras ...................................................................................................................... 82

Tabela 20 Capacidade explicativa do indicador de sentimento da Investor Intelligence

sobre as rendibilidades do PSI-20 .................................................................................. 84

Tabela 21 Capacidade explicativa do indicador de sentimento da Investor Intelligence

sobre as rendibilidades do índice de empresas não financeiras .................................... 85

Tabela 22 Capacidade explicativa do indicador de sentimento da Investor Intelligence

sobre as rendibilidades do índice de empresas financeiras ........................................... 86

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Descrição da problemática

A teoria financeira tradicional, genericamente, parte do princípio que os

agentes são racionais, que os mercados são eficientes, que os investidores constroem

as suas carteiras de investimento com base nas regras de média e variância da teoria

de carteira e que para obter maiores retornos é necessário assumir maiores riscos

(Statman, 2014). Consequentemente, num mercado perfeito, o preço dos ativos é igual

ao seu valor fundamental, ou seja, ao valor atual dos fluxos de caixa futuros esperados.

De acordo com o risco inerente estimado, os agentes utilizam uma maior ou menor

taxa de desconto e adaptam as suas expectativas na presença de nova informação.

Nesse sentido, “não existem almoços grátis”, na medida em que, não é possível

alcançar retornos esperados superiores sem assumir um maior risco (Barberis & Thaler

2002). A visão tradicional assume que na presença de um desequilíbrio de preços, os

investidores irão rapidamente explorar a oportunidade e, a concorrência entre estes

forçará os preços a convergir para o seu valor fundamental.

No entanto, existem na literatura vários estudos que demonstram que as

teorias clássicas, por vezes, falham em fornecer uma explicação satisfatória para o

movimento dos preços. O comportamento dos preços e do volume de transação

durante certos acontecimentos históricos, como o caso das bolhas especulativas,

apresentam um desafio às teóricas clássicas (Scheinkman & Xiong 2003).

Uma abordagem alternativa é dada pelas finanças comportamentais. Esta

considera que os agentes nem sempre optam pela decisão que seria racionalmente

expectável. As finanças comportamentais defendem que os agentes são normais, os

mercados não são totalmente eficientes, apesar de serem difíceis de vencer, e que

nem sempre é necessário assumir mais risco para obter retornos adicionais (Statman,

2014).

A teoria comportamental considera a influência de fatores sociais. Como refere

Nofsinger (2005, p.144) “the economy is not a physical system, but a complex system of

human interactions”. De acordo com o autor, a maneira como os agentes pensam

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depende das suas emoções e estas, por sua vez, estão dependentes da interação

social.

Um dos pilares das finanças comportamentais é, portanto, a existência de

enviesamentos cognitivos que afetam a tomada de decisão dos agentes económicos.

Dito por outras palavras, assume-se que os indivíduos são afetados pelo sentimento.

Na presente dissertação entende-se por sentimento do investidor a definição de Baker

& Wurgler (2007) segundo a qual, sentimento do investidor são expectativas sobre os

fluxos de caixa esperados que não são na sua totalidade explicadas pela informação

disponível. Adicionalmente, em semelhança com o defendido por Schmeling (2009),

assume-se que ondas de sentimento irracional, isto é, períodos de expectativas

excessivamente pessimistas ou otimistas, podem persistir e afetar os preços por

períodos significativos de tempo.

A questão não é mais se o sentimento do investidor afeta os preços dos ativos,

mas sim como medir o sentimento e quantificar os seus efeitos (Baker & Wurgler,

2007). Nesse sentido, a presente dissertação visa testar se o sentimento detém algum

impacto sobre as rendibilidades futuras do mercado de capitais português e se esse

impacto, caso se verifique, varia consoante a economia esteja numa fase de expansão

ou recessão económica. Neste contexto, como indicador do mercado de capitais

utilizam-se as rendibilidades mensais do PSI-20. Adicionalmente analisam-se também

as rendibilidades mensais do índice da datastream de empresas financeiras e não

financeiras, a sua utilização tem como finalidade testar se o sentimento impacta estas

rendibilidades de forma distinta. O sentimento é representado por três medidas

diretas e uma medida indireta.

1.2. Motivação

O campo das finanças comportamentais têm ganho maior destaque na

literatura, apesar de ainda haver muito espaço para pesquisa adicional. O número de

estudos sobre esta temática para o mercado português é ainda escasso. Realça-se os

estudos de Sequeira (2011), Leal et al. (2008) e Fernandes et al. (2013) que serão

discutidos com maior detalhe posteriormente.

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Devido ao número reduzido de estudos, sobre esta temática, específicos para o

mercado português, existem ainda varias lacunas a preencher. Nomeadamente, na

análise da diversidade de medidas de sentimento existentes. Adicionalmente, não foi

encontrado nenhum estudo, durante a pesquisa bibliográfica efetuada, que testasse se

o impacto do sentimento no mercado português varia consoante o estado da

economia, ou que testasse a possibilidade de existir um impacto diferenciado do

sentimento nas rendibilidades futuras do mercado de capitais considerando apenas o

universo de empresas financeiras/não financeiras.

Considerando as lacunas encontradas, o objetivo fulcral da presente

dissertação é contribuir para uma melhor compreensão sobre o mercado de capitais

nacional. Caso se verifique que o sentimento detém algum impacto sobre as

rendibilidades do mercado de capitais português, a sua consideração nas decisões de

investimento não deve ser menosprezada. Acredita-se que a pertinência do tema

assume uma maior relevância considerando o panorama macroeconómico atual,

muito marcado pela crise financeira que abalou a economia mundial e a confiança dos

agentes económicos. O pessimismo é particularmente elevado para o consumidor

português, cuja classe média tem visto o seu poder de compra a diminuir. Um maior

conhecimento sobre o perfil do investidor nacional e sobre o mercado de capitais será

uma mais-valia para lidar com os diversos choques que potencialmente o possam

afetar.

1.3. Objetivos

O principal objetivo da presente dissertação é averiguar se o sentimento do

investidor detém impacto sobre as rendibilidades agregadas futuras do PSI-20 e sobre

as rendibilidades futuras dos índices da datastream de empresas financeiras/não

financeiras.

Utilizando três medidas diretas de sentimento – o índice de confiança do

consumidor (ICC), o índice de sentimento económico (ISE) e o índice de sentimento da

Investor Intelligence - e uma medida indireta – o índice de sentimento de Baker &

Wurgler (2007) - pretende-se analisar se o sentimento apresenta alguma capacidade

explicativa sobre as rendibilidades futuras (considerando um horizonte temporal de 1,

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3 e 6 meses). Apesar de vários estudos na literatura defenderem que o sentimento

detém capacidade explicativa sobre as rendibilidades, Schmeling (2009) encontra

evidência de que o poder explicativo do sentimento varia entre países. Nesse sentido,

surge a questão se o mercado português é ou não propenso ao sentimento e, se este

afeta as rendibilidades de mercado. Como refere Leal et al. (2008) em mercados mais

pequenos os investidores tendem a ser menos sofisticados e, consequentemente, mais

propensos ao sentimento o que é, eventualmente, o caso do mercado português.

A confirmação de que o sentimento influência o mercado significa que, este

deve ser considerado como um factor capaz de introduzir risco no equilíbrio dos

preços. Na presença de investidores excessivamente otimistas, isto é, sentimento

elevado, espera-se que um aumento da procura de certos ativos resulte numa

valorização dos mesmos acima do seu valor fundamental (Brown & Cliff 2005).

Eventualmente os preços dos ativos retornam ao seu valor fundamental, o que leva a

que o sentimento dos investidores ao desviar os preços dos ativos do seu valor

fundamental torne expectável menores retornos futuros (Baker & Wurgler 2007).

O segundo objetivo do presente estudo é testar se o sentimento tem impacto

sobre as rendibilidades agregadas futuras do PSI-20 e sobre as rendibilidades dos

índices de empresas não financeiras e financeiras de forma assimétrica consoante o

estado da economia. Isto é, se o impacto do sentimento sobre as rendibilidades

futuras varia consoante o ciclo económico.

O fundamento desta hipótese baseia-se, em grande medida, no estudo de

Chung et al. (2012). Os autores argumentam que a sobreavaliação de ativos tende a

ocorrer em períodos de expansão económica, enquanto a subavaliação é mais comum

durante períodos económicos adversos. Em períodos de expansão económica, o nível

agregado de confiança aumenta, o que pode levar a um aumento nas transações e, no

extremo, a um bull market o que poderá originar a uma bolha especulativa. Em

períodos de expansão económica, o risco criado pelos noise traders e a eventualidade

de ter que liquidar a sua posição antecipadamente pode limitar a atividade dos

arbitragistas. Contudo, em períodos de declínio económico a compra de ativos

subavaliados é bastante simples. Adicionalmente, em resposta a quedas abruptas nos

preços, os reguladores, geralmente, restringem as vendas a descoberto e

desencorajam o empréstimo de ativos, o que evita mudanças drásticas nos preços de

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mercado. Consequentemente, os autores argumentam que devido a limites à

arbitragem e à venda a descoberto, a sobreavaliação dos ativos tende a ser mais

persistente do que a subavaliação. Os resultados obtidos no seu estudo suportam a

teoria de que o sentimento apenas exibe poder preditivo sobre as rendibilidades

durante períodos de expansão económica.

Chen (2011) também defende a noção de que choques na confiança do

consumidor possam afetar de forma distinta as rendibilidades de mercado consoante o

estado da economia. Segundo o autor, na presença de informação assimétrica os

agentes irão comportar-se como se estivessem financeiramente limitados, o que é

mais provável de ocorrer durante um bear market. Adicionalmente, quando o mercado

verifica um mau desempenho a aversão a perdas, isto é, a tendência dos indivíduos a

preferirem evitar perdas suporta a teoria de que o sentimento detenha um maior

impacto sobre as rendibilidades durante períodos bear. Os resultados obtidos

suportam a teoria de que a falta de confiança afeta as rendibilidades de forma mais

acentuada em bear markets, sendo que essa falta de confiança é capaz de conduzir o

mercado para um período bear e aprofundar essa tendência.

Considerando os resultados de Chen (2011) e Chung et al. (2012), pretende-se

testar se, de facto, o impacto do sentimento sobre as rendibilidades agregadas futuras

do PSI-20 do índice de empresas financeiras e não financeiras varia consoante a

economia verifique um período de expansão ou recessão. Como indicador do ciclo

económico, utiliza-se o indicador do National Bureau of Economic Research (NBER).

1.4. Estrutura da Dissertação

A presente dissertação segue a seguinte organização. O capítulo 2 apresenta a

revisão da literatura. Neste capítulo discutem-se brevemente as diferenças entre as

teorias clássicas e teoria comportamental. Seguidamente discutem-se com maior

pormenor as hipóteses base das finanças comportamentais. Prossegue-se com a

explicação do sentimento do investidor e abordam-se algumas medidas de sentimento

habitualmente citadas na literatura. No fim deste capítulo apresentam-se as principais

conclusões de alguns estudos sobre a temática.

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No capítulo 3 apresentam-se os dados. De forma sucinta, descrevem-se as

variáveis aplicadas no estudo, a sua fonte, periocidade e horizonte temporal. No

capítulo 4 aborda-se a metodologia aplicada. Neste capítulo descrevem-se todos os

testes efetuados para atingir os objetivos propostos.

No capítulo 5 discutem-se os resultados obtidos. O capítulo 6 encerra a

dissertação apresentando as principais conclusões, limitações do estudo e sugestões

para futura investigação.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Finanças Tradicionais

“Traditional finance relies on models in which the behavior of investors is

considered rational. These rational investors value stocks based on available

information on risk and return. When new information is available on a particular

stock, they re-evaluate it and accordingly, updating its market price to reflect the new

information. This implies that there is no investment strategy that can generate

average returns greater than warranted by the risk taken.”

(Wolff, 2013, p.1301)

A teoria financeira clássica não deixa lugar para o sentimento do investidor

(Baker & Wurgler, 2006). Como os autores explicam, de acordo com o defendido pela

teoria clássica a competição entre os investidores racionais, que diversificam os seus

investimentos forma obter carteiras ótimas leva a um equilíbrio no qual os preços

igualam o valor atual dos fluxos de caixa esperados. Mesmo na presença de

investidores que tomam decisões não racionais, a teoria clássica defende que a

presença de arbitragistas será suficiente para colmatar as suas ações. Deste modo, o

impacto desses investidores nos preços torna-se irrelevante.

2.2. Finanças Comportamentais

O campo das finanças comportamentais surgiu entre o ano de 1979 e meados

da década de 80 em resposta às dificuldades encontradas pelas finanças tradicionais

em fornecer uma explicação satisfatória que justifique as anomalias que

historicamente afetam o mercado (Barberis & Thaler 2002). O colapso do mercado de

capitais em 1987, a bolha no Japão nos anos 80, a crise asiática em 1997 e a crise

financeira em 2008 são alguns exemplos de acontecimentos de difícil explicação (De

Bondt et al. 2008). Em linha com este raciocínio, Shefrin (2009) argumenta que a crise

de 2008 deveu-se em grande medida a fatores psicológicos. Segundo o autor, a reação

psicológica a fatores fundamentais (como as mudanças nas taxas de poupanças

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líquidas globais e aumentos nos preços do petróleo) conduziram o sistema financeiro

global à beira do colapso. Em linha com este argumento, Alan Greenspan, antigo

presidente da Reserva Federal dos EUA, afirmou numa entrevista à BBC1:

“They [financial crisis] are all different, but they have one fundamental source.

That is the unquenchable capability of human beings when confronted with long

periods of prosperity to presume that it will continue.”

(Greenspan 2006)

As finanças comportamentais analisam o comportamento dos investidores

(nomeadamente o processo de tomada de decisão) e a maneira como as suas ações

afetam o mercado financeiro e as suas instituições (De Bondt et al. 2008). De acordo

com esta abordagem, existem investidores “normais”, que são afetados por

enviesamentos cognitivos e emoções (Statman 2014).

Nofsinger (2005) defende que o processo de tomada de decisão e análise é

moldado pelas emoções dos agentes, sobretudo em períodos de volatilidade. As

emoções e opiniões são transmitidas e moldadas em certa medida pelas interações

sociais. O humor social é transmitido através dos investidores para o mercado de

capitais, ou seja, o sentimento do investidor é absorvido nos preços. O mercado de

capitais move-se em concordância com o humor social, sobe em períodos de

otimismo, satisfação, confiança e declina em períodos pessimistas ou conservadores.

Consoante o humor social, o comportamento e preferências dos agentes alteram-se.

Maior otimismo está relacionado com procura de ativos mais arriscados, aumento de

dívida, fusões, aumento de negócios, enquanto períodos pessimistas estão associados

ao oposto. O autor acredita que o humor social determina a evolução do mercado de

capitais e da atividade empresarial, ou seja, o mercado varia consoante o humor social.

Como se pode deduzir, a psicologia do investidor2 é um dos pilares base da

teoria comportamental. Contudo, a existência de investidores que nem sempre tomam

decisões racionais não é suficiente para refutar a teoria da eficiência dos mercados. Na

1 http://news.bbc.co.uk/2/hi/business/8244600.stm

2 Este tópico será abordado com maior detalhe na secção 2.2.1.

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9

presença de desequilíbrios dos preços causados por decisões não racionais dos

agentes, será de esperar que os arbitragistas na sua tentativa de lucrar com o

desequilíbrio rapidamente esgotem a janela de oportunidade, forçando os preços para

os seus valores de equilíbrio. O segundo pilar das finanças comportamentais é,

portanto, a existência de limites à arbitragem3.

Em suma, a teoria comportamental tem em conta o plano psicológico dos

indivíduos, isto é, considera que certos investidores são afetados por enviesamentos e

emoções. Adicionalmente assume a possibilidade de existirem limites à atividade

arbitragista. Nestas circunstâncias, o preço dos ativos pode variar dos seus valores

fundamentais e as rendibilidades dependem de outros fatores para além do risco

(Long et al. 1990).

Contrariamente a assumir que as finanças comportamentais se opõe às

finanças tradicionais, o presente estudo vai de encontro ao defendido por De Bondt et

al (2008). Os autores argumentam que a teoria financeira está em constante evolução,

sendo provável, o surgimento de um novo paradigma que combine elementos das

finanças tradicionais e das finanças comportamentais.

2.2.1. Psicologia do Investidor

Heurística é a denominação que se atribui ao processo de aprendizagem que

segue uma trajetória de tentativa e erro. Os agentes procuram autonomamente

entender determinados fenómenos com base na sua experiência e informação

disponível. Contudo, esse processo nem sempre garante o melhor resultado. Na

eventualidade de as conclusões retiradas não serem as mais acertadas, o agente irá de

forma consistente incorrer em decisões erradas (De Bondt et al. 2008).

Em seguida irão abordar-se algumas heurísticas que afetam a tomada de

decisão. Não se pretende, contudo, fazer uma lista extensiva.

3 Este tópico será abordado com maior detalhe na secção 2.2.2.

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10

Representatividade, esta heurística refere-se aos julgamentos baseados em

estereótipos. Nas suas decisões os agentes tem a tendência de ignorar o tamanho da

sua amostra, considerando que a representatividade de uma amostra de pequena

dimensão é igual à de uma amostra de grande dimensão. Consequentemente, tendo

por base experiências anteriores extrapolam conclusões para acontecimentos futuros

(Lobão 2012). Um exemplo deste tipo de erro é o pensamento de que a regressão para

a média, que supõe que os retornos irão tender para o seu valor médio. O que não

significa que os retornos serão inferiores aos seus valores históricos (Shefrin 2000).

Excesso de confiança. Com alguma frequência, os indivíduos tendem a

sobrestimar as suas competências, bem como a sua capacidade de análise. De acordo

com Shefrin (2000) advém duas consequências do excesso de confiança. A primeira é

que os investidores tomam decisões erradas pois falham a compreender que estão em

desvantagem em termos de informação. A segunda é que esses agentes transacionam

com maior frequência do que seria desejável, levando a um volume de transação

excessivo. De acordo com De Bondt (1998), os investidores recorrem a diversas

técnicas para evitar tomar decisões emocionais, ainda assim, não é fácil manter a

disciplina. Consequentemente, decisões impulsivas são, por vezes, tomadas.

Nomeadamente, em períodos bull existe uma maior propensão em comprar ações e

em períodos bear a tentação para vender é maior.

Baker & Stein (2004) argumentam que agentes excessivamente confiantes

tendem a sobrevalorizar as suas conclusões sobre o mercado e, tendem a

desconsiderar as decisões dos outros investidores, isto porque, consideram-se melhor

informados do que os restantes.

Ancoramento e Conservadorismo. Ancoramento diz respeito ao enviesamento

decorrente do facto de, por vezes, os investidores se basearem principalmente numa

dada informação e falharem na sua posterior atualização. Conservadorismo é um

fenómeno similar e, diz respeito ao facto de os investidores conferirem demasiada

importância a informação passada relativamente a informação recente (De Bondt et al.

2008).

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11

Para além dos erros de processamento da informação, existem outras fontes de

enviesamentos. A conceção e a forma como os sujeitos organizam mentalmente a

informação são também aspetos a considerar. Na visão financeira tradicional a

concepção é transparente, ou seja, os agentes são capazes de analisar todas as

variáveis em causa, contudo na realidade o processo é muito mais opaco (Shefrin

2000).

Seguem-se alguns exemplos.

Aversão à perda. Como refere Chen (2011) aversão à perda diz respeito à ao

facto de certos indivíduos se preocuparem mais em evitar perdas do que em realizar

ganhos. Frequentemente investidores tendem a agarrar-se a ativos a sofrer perdas em

vez de os venderem. A justificação passa pelo facto de ao venderem o ativo com

perdas estarem a admitir o seu erro.

Autocontrole. Refere-se ao grau de controlo dos indivíduos sobre os seus

impulsos (De Bondt et al. 2008). Um exemplo é a compra de um carro, o consumidor

define mentalmente que não irá desembolsar mais do que um determinado montante.

Esta condicionante poderá leva-lo a optar por um modelo com um valor mais acessível,

contudo dado que esse modelo é de menor qualidade no longo prazo acabará por ser

mais dispendioso (reparações, por exemplo).

Remorso. Quando se toma uma má decisão é usual sentir remorso a seu

respeito, o mesmo acontece com os investidores. Indivíduos particularmente afetados

pelo remorso tendem a ser menos propensos à variedade ou a pensar no longo prazo

e, consequentemente tendem a manter uma dada rotina (Shefrin 2000).

Ilusão monetária, frequentemente os agentes falham em compreender que,

por exemplo, um aumento salarial que não acompanhe o aumento da inflação não se

traduz em uma melhoria de bem-estar.

Disposition effect é a denominação dada à tendência dos investidores em

manterem investimentos perdedores por demasiado tempo e a vender investimentos

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a verificar ganhos demasiado cedo. Em mercados de pequena dimensão e pouco

desenvolvidos, como o mercado nacional, os investidores são mais propensos ao

sentimento o que poderá influenciar o disposition effect (Leal et al. 2008). Os autores

analisam o mercado português, durante o período de 1 de Janeiro de 1999 a 31 de

Dezembro de 2002 e, encontram evidência deste fenómeno mesmo no final do ano, o

indica que o efeito fiscal não tem aparente impacto nas escolhas dos investidores.

Contrariamente ao verificado, seria de esperar que os investidores estivessem

propensos a realizar perdas em Dezembro, final do ano fiscal, de forma a reduzir a

carga fiscal sobre os ganhos de capital. A explicação apontada relaciona-se com o

fenómeno de compartimentação mental, onde os investidores na tentativa de

terminar o ano com bom desempenho não tomam em consideração os impostos.

Os autores encontram ainda evidência de que o disposition effect é mais forte

em bull markets do que em bear markets. Constatam igualmente, que os investidores

mais sofisticados tendem a ser menos propensos ao disposition effect.

2.2.2. Limites à arbitragem

Arbitragem é a exploração de desequilíbrios de preços de maneira a lucrar sem

exercer qualquer risco (Bodie et al. 2010). Envolve a compra e venda de ativos

equivalentes, de maneira a beneficiar das diferenças dos seus preços. De acordo com

Shleifer & Vishny (1997), a arbitragem é de elevada importância para o bom

funcionamento dos mercados, uma vez que, o seu papel é empurrar os preços para os

seus valores fundamentais e manter os mercados eficientes. O problema é que no

mundo real a arbitragem é mais complexa que a sua definição, sobretudo quando os

arbitragistas gerem dinheiro de terceiros.

Risco Fundamental

Ao investir num ativo subavaliado o arbitragista espera que, eventualmente, os

preços retomem para os seus valores fundamentais. Contudo, tal pode não ocorrer

durante o horizonte temporal desejado. Adicionalmente existe o risco de no curto

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prazo o preço do ativo se afastar ainda mais do seu valor de equilíbrio. Para se

proteger dessa eventualidade, o arbitragista por norma irá vender a descoberto um

ativo substituto. O problema é que, encontrar um ativo perfeitamente substituto é

quase impossível e, consequentemente, o arbitragista não consegue proteger-se

totalmente da exposição ao risco fundamental. Ao vender a descoberto o arbitragista

protege-se contra notícias negativas que afetem o sector, mas não contra notícias que

impliquem diretamente o ativo no qual decidiu investir (Barberis & Thaler 2002).

Noise Trader Risk

Noise trader risk é um conceito inicialmente introduzido por Long et al (1990) e,

diz respeito ao risco de um desequilíbrio de preços que está a ser explorado por um

arbitragista se acentue no curto prazo. Noise traders são tipicamente investidores

pouco sofisticados que atuam com base em informação ruidosa de qualidade

questionável, o que os leva a calcular erroneamente o preço dos ativos.

Um arbitragista, com horizontes de curto prazo, ao apostar contra noise traders

arrisca-se a que estes não alterem as suas expectativas por um período prolongado de

tempo. No pior cenário, existe mesmo a possibilidade de o desequilíbrio de preços se

agravar. Consequentemente, se o arbitragista liquidar sua posição antes que os preços

voltem ao seu valor de equilíbrio, irá sofrer perdas. A própria ameaça de perda pode

mesmo limitar a sua atuação.

“Because the unpredictability of noise traders’ future opinions deters arbitrage,

prices can diverge significantly from fundamental values even when there is no

fundamental risk”

(Long et al., 1990, p.705)

Um grande número de arbitragistas são, na realidade, gestores de carteiras,

especializados em determinados ativos, que não gerem o seu próprio capital mas sim o

de terceiros. Desta realidade pode advir um problema de agência. Isto porque, os

detentores de capital não dispõem, frequentemente, da especialização necessária para

compreender a estratégia levada a cabo pelo arbitragista. Quando se verificam perdas

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decorrentes do agravamento do desequilíbrio de preços no curto prazo, existe a

possibilidade de o detentor de capital retirar os seus fundos. O risco inerente a essa

eventualidade, bem como o risco dos credores, ao observarem o valor do seu colateral

diminuir, cancelarem os seus empréstimos poderá comprometer o empenho do

arbitragista em apostar contra o desequilíbrio. Caso este recorra à venda a descoberto

(para se proteger do risco), enfrenta um risco adicional. Nessa situação, existe a

possibilidade do proprietário do ativo que está a ser transacionado a descoberto exigir

a sua devolução, obrigando o arbitragista a fechar a sua posição caso não seja possível

encontrar um novo ativo substituto (Barberis & Thaler 2002)

Custos de transação

Para além dos riscos mencionados anteriormente, o arbitragista deve ainda

considerar todos os custos de transação, comissões, bid-ask spreads,

constrangimentos às vendas a descoberto, constrangimentos legais e custos de

informação dado que estes fatores podem condicionar a sua atividade, sobretudo se o

arbitragista for avesso ao risco.

Em conclusão, como observa Long et al. (1990), devido ao facto de o

arbitragista dispor de um horizonte de curto prazo e se preocupar com a liquidação do

seu investimento durante um desequilíbrio de preços, a sua agressividade será

limitada mesmo na ausência de risco fundamental.

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2.3. Definição de Sentimento

Encontram-se na literatura várias definições de sentimento do investidor. Baker

& Wurgler (2007) descrevem-no, de forma genérica, como expectativas que não são

explicadas pela informação disponível.

Brown & Cliff (2004) consideram que o sentimento representa as expectativas

dos investidores relativamente a uma norma: um investidor bullish espera retornos

acima da média, um investidor bearish espera retornos abaixo da média. Os autores

referem ainda que se alguns investidores transacionam com base em sinais ruidosos,

não relacionados com o valor fundamental, os preços dos ativos irão desviar-se do seu

valor intrínseco.

Baker & Stein (2004) consideram no seu modelo investidores propensos ao

sentimento como investidores excessivamente confiantes. Por confiança os autores

consideram tendência para sobrevalorizar o valor da informação privada que cada um

detém. Este tipo de investidores tende a sobrevalorizar a informação que recebe e a

desvalorizar as decisões de transação dos restantes investidores, uma vez que

consideram estar melhor informados.

No presente estudo, compreende-se que sentimento do investidor são

expectativas sobre os fluxos de caixa futuros que não são totalmente explicadas pela

informação disponível. Assume-se, tal como Schmeling (2009), que ondas de

sentimento irracional, isto é, períodos de expectativas excessivamente pessimistas ou

otimistas, podem persistir e afetar os preços por períodos significativos de tempo.

2.4. Medidas de sentimento

Existem na literatura diversos indicadores que podem ser utilizados como

medidas de sentimento, não existe contudo um consenso entre qual medidas serão

mais ou menos apropriadas. De uma maneira geral, podem dividir-se as medidas de

sentimento em medidas diretas e indiretas.

Indicadores diretos resultam de inquéritos que questionam diretamente os

indivíduos relativamente às suas expectativas e opiniões sobre a economia e o

mercado financeiro. Para o mercado português existem indicadores de confiança

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disponibilizados pelo Banco de Portugal e o Instituto Nacional de Estatística (INE)

português.

O uso de inquéritos apresenta vantagens e inconvenientes. Pelo lado positivo,

pode apontar-se o facto de os inquéritos terem em consideração o lado psicológico

dos indivíduos, e as suas expectativas relativamente às condições económicas e

financeiras. Pelo lado negativo, o tamanho da amostra é limitado. Frequentemente, os

inquiridos não são totalmente honestos, o que leva ao enviesamento dos dados.

Adicionalmente, os dados são recolhidos durante um determinado período de tempo,

levando a que os resultados não espelhem o sentimento do investidor num dado

momento, mas sim a média de opiniões em diferentes momentos do tempo. Outro

problema é o facto de o peso de cada resposta ao inquérito ser igual,

independentemente da magnitude dos fundos geridos pelos inquiridos e, pode ainda

apontar-se o facto de não haver distinção, na maioria dos inquéritos utilizados, entre

diferentes níveis de otimismo e pessimismo (Beer & Zouaoui, 2013).

A utilização de dados diretos é comum na literatura, Brown & Cliff (2005)

utilizam como variável chave na sua análise dados de inquéritos sobre o sentimento do

investidor. Esses dados são provenientes da Investor Intelligence que categoriza um

número de revistas sobre o mercado em bullish, bearish ou neutral. Lemmon &

Portniaguina (2006) recorrem, também, a dados primários. Nomeadamente, dados de

inquéritos da Universidade de Michigan4 sobre sentimento do consumidor e da

Conference Board5 sobre confiança do consumidor. Jansen & Nahuis (2003) e

Schmeling (2009) utilizam como indicador direto de sentimento o índice de confiança

do consumidor.

Medidas indiretas utilizam variáveis económicas e financeiras para capturar o

sentimento do investidor. Na literatura existe um grande debate relativamente a que

variáveis são mais ou menos apropriadas. Apesar deste tipo de dados ser facilmente

recolhido em tempo real, não explicam apenas o sentimento mas também refletem

4 Inquérito trimestral levado a cabo pela Universidade de Michigan desde 1947. A partir de 1978 o índice

é disponibilizado com uma base mensal. São inquiridas quinhentas pessoas, sendo as questões relacionadas com as suas perspetivas financeiras futuras. 5 Os inquéritos foram levados a cabo pela primeira vez em 1967 com uma base quinzenal, passando em

1977 para uma periocidade mensal. São inquiridos 5000 indivíduos.

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variações macroeconómicas. Adiante serão discutidas uma série de variáveis indicadas

na literatura como potenciais medidas indiretas do sentimento do investidor. Apesar

de estas não serem medidas perfeitas, o recurso a uma combinação de uma série de

indicadores poderá ser uma solução aceitável (Baker & Wurgler 2007).

2.5. Medidas indiretas de sentimento

Não se pretende elaborar uma listagem extensiva, pelo que irão se abordar

apenas algumas variáveis que são pertinentes para o presente estudo.

2.5.1. Volume de transação

O facto de o volume de transação6, ou liquidez, estar associado com menores

retornos futuros é explicado pelas teorias tradicionais como sendo o resultado de os

investidores compreenderem que eventualmente terão que vender os seus ativos.

Naturalmente, tal irá implicar custos de transação. Quanto mais elevados estes forem,

maior será a taxa de desconto considerada, como explicam Baker & Stein (2004).

Contudo, um elevado volume de transação pode ser um indicador de

sobrevalorização dos ativos (Baker et al. 2012; Baker & Wurgler 2007). Baker & Stein

(2004) constroem um modelo segundo o qual, na eventualidade de existirem

constrangimentos à venda a descoberto, um mercado inusitadamente líquido estará

provavelmente dominado por investidores propensos ao sentimento. Maior liquidez é

sinal de sentimento elevado, uma vez que estes investidores estarão a apostar no

aumento de preços. Os autores mostram teoricamente que à medida que o nível de

sentimento aumenta, a liquidez e o preço dos ativos aumenta e, consequentemente,

as rendibilidades futuras serão inferiores.

6 Proposta de tradução de market turnover.

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2.5.2. Tendências de investidores individuais

Por norma investidores institucionais são investidores sofisticados, na medida

em que, são mais experientes e conhecedores em comparação com investidores

individuais, que são geralmente considerados como mais propensos ao sentimento.

Kumar & Lee (2006) encontram evidência de que investidores individuais

concentram a sua atividade financeira em empresas pequenas, com preços reduzidos,

com elevados rácios book to market e não institucionais. Estas empresas são

tipicamente mais propensas a variações no sentimento do investidor individual. Os

resultados apontam que para este tipo de ações, quando o sentimento individual se

verifica bullish (bearish), as rendibilidades das ações tendem a verificar maiores

(menores) rendibilidades em excesso.

Fisher & Statman (2000) encontram evidência de uma relação negativa e

estatisticamente significativa entre o sentimento dos investidores individuais e dos

investidores institucionais (estrategistas de Wall Street) relativamente aos retornos de

S&P500. Também Brown & Cliff (2004) encontram evidência de um co-movimento

entre as medidas de sentimento e os retornos do mercado. Contudo, os autores

constatam que os investidores individuais não são os únicos afetados pelo sentimento,

uma vez que, encontram uma forte relação entre as suas medidas de sentimento

institucional e ações de empresas de grande dimensão.

2.5.3. Fluxos dos Fundos de Investimento

Uma interpretação plausível dos fluxos dos fundos de investimento é que estes

espelham informação relevante, logo os preços movem-se em sintonia à medida que

incorporam a nova informação.

Alternativamente pode considerar-se que os fundos de investimento são um

indicador do sentimento. Os investidores deste tipo de ativos são genericamente

considerados pouco sofisticados, uma vez que delegam as suas decisões de

investimento aos gestores dos fundos (Indro 2004). Consequentemente, a alocação de

recursos entre fundos de investimento mais ou menos arriscados poderá ser evidência

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de sentimento (Baker & Wurgler 2007). Se um determinado conjunto de fundos que

contém um ativo específico verificam um forte desinvestimento poderá prever-se um

pior desempenho desse mesmo ativo.

Ben-Rephael et al. (2012) analisam trocas entre fundos de obrigações e fundos

de ações. Os autores encontram uma relação entre a medida destes movimentos

(trocas líquidas) e retornos excessivos de mercado. Dado que essas variações nos

preços são de curto prazo, ou seja, tendem a reverter em alguns meses, os autores

consideram esse padrão de retrocesso como evidência de ruído a nível do mercado. O

efeito é maior para ações de empresas pequenas e para empresas em crescimento.

Também Indro (2004) estuda a relação entre o sentimento do investidor e o fluxo dos

fundos de investimento. A periocidade estudada é semanal, o horizonte de estudo vai

de 1992 a 2001 e como indicadores de sentimento o autor utiliza dados da American

Association of Individual Investor e da Investors Intelligence. Os resultados apontam

para uma relação entre o sentimento e os fluxos dos fundos de investimento.

Nomeadamente, quando numa dada semana se verificou fluxos superiores, os

investidores individuais tendiam a encontrar-se mais bullish na própria semana e na

semana anterior, enquanto os autores de artigos tendiam a tornar-se mais bullish na

semana subsequente.

2.5.4. Prêmio de Dividendo

Na presença de informação assimétrica, as empresas utilizam a política de

dividendos para sinalizar as perspetivas futuras da companhia, portanto um aumento

no nível do dividendo indica uma melhoria nas perspetivas da empresa,

contrariamente um decréscimo no valor do dividendo aponta para uma deterioração

das perspetivas futuras (Fernandes et al. 2013).

Como refere Baker & Wurgler (2007) ações distribuidoras de dividendos são

geralmente consideradas mais seguras, em comparação com ações que historicamente

não distribuem dividendos. É mais provável que a empresa pague o dividendo quando

este está a prêmio do que quando está a desconto. Nesse sentido, pode considerar-se

existir relação inversa entre o sentimento e o prêmio de dividendo.

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Ações voláteis são pouco atrativas para arbitragistas, o que aumenta a

probabilidade destas ações serem afetadas por noise trader sentiment. Volatilidade

implica não só o risco fundamental, mas também risco em arbitrar. Adicionalmente,

ações voláteis tendem a ser mais custosas de transacionar (Baker et al. 2012).

2.5.5. Desconto dos fundos fechados

Como explica Baker & Wurgler (2007) fundos fechados são companhias de

investimento que emitem um dado número de ações, as quais são posteriormente

transacionadas na bolsa de valores. O desconto é dado pela diferença entre o valor

presente dos ativos do fundo e o seu preço de mercado. Vários estudos analisam esta

medida como indicador de sentimento, a lógica é que se o fundo for detido por um

elevado número de investidores individuais, o desconto médio em fundos de

investimento fechados poderá ser um indicador de sentimento, onde o desconto

aumenta quando o mercado se encontra bearish.

Contudo, outras explicações podem ser dadas para explicar o desconto em

fundos fechados. Nomeadamente, custos de transação, custos de agência ou a

possibilidade de o fundo não ser detido por investidores individuais como se

pressupõe. Alguns estudos têm vindo a demonstrar algumas reservas sobre a

qualidade deste indicador. Brown & Cliff (2004) não encontram evidência de que o

desconto de fundos espelhe o sentimento do investidor. Adicionalmente, Lemmon &

Portniaguina (2006) encontram uma fraca relação entre a sua medida de sentimento e

o desconto em fundos fechados. Qiu & Welch (2006) chegam mesmo a concluir que o

desconto em fundos fechados não é uma proxy válida para o sentimento do investidor.

2.5.6. Retornos iniciais/volume de ofertas públicas iniciais (OPI)

Acredita-se que o entusiasmo dos investidores em relação às OPI possa estar

relacionado com os retornos anormais nos primeiros dias de transação. Com alguma

frequência é possível verificarem-se variações fortes na procura das OPI, o que pode

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ser considerado como um indicador de investidores propensos ao sentimento (Baker &

Wurgler 2007).

Borges (2006) estuda o fenómeno da subavaliação das OPI em Portugal.

Relativamente às OPI ocorridas em 1987 o autor constata que o elevado volume

verificado foi desencadeado por reduções fiscais, ainda assim o autor argumenta que a

concentração de OPI no segundo semestre desse ano deveu-se à janela de

oportunidade desencadeada pelo sentimento do investidor durante o pico da bolha

especulativa.

2.5.7. Informação Interna

Executivos estão melhor informados sobre o valor real da sua empresa do que

o público em geral. Apesar de existirem leis que regulam o seu comportamento, as

suas decisões de investimento são indicadores das suas percepções em relativamente

à valorização dos ativos. Consequentemente, caso o sentimento leve a desvio de

preços correlacionados, os padrões de investimento dos executivos podem conter uma

componente sistemática de sentimento (Baker & Wurgler, 2007).

2.5.8. Emissão de capital próprio em relação ao total de novas emissões

Este indicador analisa proporção de ações emitidas sobre o total de emissões

de capital próprio e alheio por todas as empresas. Baker & Wurgler (2000) encontram

evidência de que as empresas tendem a favorecer capital próprio em períodos

anteriores a retornos reduzidos e, tendem a favorecer financiamento através de

capital alheio anteriormente a períodos de retornos superiores. Os autores acreditam

que o mercado de capitais poderá ser ineficiente e que os gestores tomam partido

desse facto nas suas decisões de financiamento.

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2.6. Evidência Empírica

2.6.1. Evidência empírica global

Nesta secção serão descritos alguns estudos relativos à temática do sentimento

do investidor que se consideraram pertinentes para a presente dissertação devido à

metodologia de cálculo utilizada, aos resultados obtidos e, também, devido à sua

contribuição para a literatura de forma geral.

Os estudos de Baker & Wurgler (2006, 2007) são fortes contributos para a

literatura sobre o sentimento do investidor. Dado que um dos indicadores de

sentimento testados na presente dissertação é o índice elaborado por estes autores

para o mercado norte-americano, considerou-se fundamental referir o seu trabalho.

Baker & Wurgler (2006) analisam o impacto do sentimento sobre as

rendibilidades de ações para o mercado norte-americano, a nível transversal. O

horizonte temporal estudado vai de 1963 até 2001. Como indicador de sentimento os

autores constroem um índice composto por vários indicadores sugeridos na literatura.

Especificamente utilizam as emissões de capital próprio no total de emissões, o

volume de transação, o desconto em fundos fechados, o volume/rendibilidades do

primeiro dia de OPI e o prêmio de dividendo. Posteriormente, os autores constroem

um novo índice considerando um conjunto de variáveis macroeconómicas (índice de

crescimento da produção industrial, crescimento no consumo de duráveis,

crescimento no consumo de não duráveis, crescimento no consumo de serviços e o

indicador do ciclo económico do NBER) de forma a controlar o efeito das condições

macroeconómicas.

Os resultados obtidos apontam para que o sentimento afete as rendibilidades

de ações de forma distinta. Em períodos de elevado sentimento (baixo sentimento) as

ações mais propensas ao sentimento – ações voláteis, de empresas pequenas, jovens,

não rentáveis, não distribuidoras de dividendos, com elevado potencial de crescimento

e com dificuldades financeiras – tendem a verificar rendibilidades futuras inferiores

(superiores).

Os mesmos autores em 2007 analisam o impacto do sentimento do investidor a

nível transversal e nas rendibilidades agregadas de mercado. O seu horizonte temporal

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vai de 1966 a 2005. Os autores utilizam dois modelos para medir o sentimento do

investidor. Utilizam um índice composto pelas mesmas variáveis empregadas no seu

artigo de 20067 e, também, o fluxo de fundos mútuos. Este último indicador

representa as decisões de investidores, em média, pouco sofisticados e, portanto, mais

propensos ao sentimento. Os seus resultados mostram que é possível medir o

sentimento do investidor e que, as ondas de sentimento impactam claramente e de

forma regular empresas individuais e o mercado de capitais como um todo. Os autores

constatam que o sentimento afeta de forma mais acentuada ações de empresas de

difícil valorização e arbitragem8. Relativamente ao impacto nas rendibilidades

agregadas de mercado, os dados apontam para que períodos de elevado sentimento

(baixo sentimento) sejam seguidos de rendibilidades futuras inferiores (superiores).

Num estudo mais recente, Baker et al. (2012) analisam o impacto do

sentimento do investidor sobre as rendibilidades agregadas futuras e o impacto a nível

transversal dos mercados acionistas do Canadá, França, EUA, Japão, Alemanha e Reino

Unido. O horizonte temporal vai de 1980 a 2005. Como medida de sentimento os

autores constroem índices de sentimento “total”, para cada país. Posteriormente, os

índices totais são decompostos num índice global e em seis índices locais.

O impacto do sentimento sobre as rendibilidades futuras agregadas é testado

através de testes de regressão linear. Os resultados indicam que o sentimento impacta

negativamente as rendibilidades agregadas futuras, sendo o sentimento global o

principal condutor. A nível transversal, os dados apontam para a existência de uma

relação inversa entre o sentimento as rendibilidades futuras de ações de difícil

arbitragem e valoração. Adicionalmente, os autores constatam que o sentimento é

contagioso entre mercados, sendo que, os fluxos de capital são sugeridos como

potencial condutor. Ainda assim, alertam para a consideração de outros mecanismos

de propagação como os meios de comunicação social e o chamado word-of-mouth.

7 O índice de Baker & Wurgler (2007) é descrito em maior detalhe do capítulo 3.

8 Por ações de difícil arbitragem e valoração consideram-se ações voláteis, de empresas pequenas,

jovens, não rentáveis, não distribuidoras de dividendos, com elevado potencial de crescimento e em dificuldades financeiras.

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Jansen & Nahuis (2003) analisam a relação entre o mercado de capitais e a

confiança do consumidor para 11 países europeus10, incluindo Portugal, entre 1986 a

2001. Como medida de sentimento utilizam o índice de confiança do consumidor

disponibilizado pela CE. Para analisar essa relação, os autores utilizam o teste de

causalidade de Granger. Os resultados apontam para uma correlação positiva entre os

retornos de mercado de capitais (em 9 dos 11 países considerados) e variações no

sentimento, sendo a grande exceção o mercado Alemão. Segundo os testes de

causalidade de Granger as rendibilidades de mercado verificam causalidade no sentido

de Granger sobre a confiança do consumidor em horizontes muito curtos (2 semanas a

1 mês), mas a relação contrária não se verifica. Os resultados implicam que o impacto

de curto prazo dos retornos sobre a confiança do consumidor depende sobretudo das

percepções sobre as condições futuras da economia.

Lemmon & Portniaguina (2006) também recorrem a medidas de sentimento

diretas, para explorar a relação entre o sentimento do investidor e os retornos do

mercado de capitais. Como medida de otimismo do investidor utilizam os dados dos

inquéritos da Universidade de Michigan e da Conference Board. O seu horizonte

temporal compreende os anos de 1956 a 2002. Para controlar a influência de fatores

macroeconómicos, utilizam os resíduos da regressão entre os indicadores de

sentimento e um conjunto de variáveis macroeconómicas.

Os dados indicam que a confiança do consumidor apresenta capacidade

explicativa relativamente às condições macroeconómicas e para os retornos de ações

de empresas com pequena capitalização. Essa relação é contudo apenas observável no

período posterior a 1977. Os autores verificam existir uma correlação negativa entre

os desequilíbrios nos preços e o indicador de sentimento. De acordo com os seus

resultados, o sentimento afeta o preço das ações forma distinta. Ações de empresas

de menor dimensão apresentam retornos futuros menores em relação a ações de

empresas de maior dimensão, quando a confiança é elevada. Este facto é consistente

com a ideia de que os investidores avaliam excessivamente ações de pequenas

empresas, em relação a empresas de maior dimensão em períodos de elevado

10 Os países analisados incluem: Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Holanda,

Portugal, Espanha e o Reino Unido.

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sentimento e subavaliam essas mesmas ações, em comparação com ações de

empresas de maior dimensão, em períodos de reduzido sentimento.

Os autores verificam ainda que, ações de empresas detidas maioritariamente

por investidores individuais exibem menores retornos (maiores retornos) após

períodos de elevada confiança (reduzida confiança). Esses resultados apontam para a

teoria de que ações detidas por investidores individuais são mais propensas a

variações no sentimento.

Os autores atestam, ainda, que medidas de sentimento baseadas na confiança

não exibem poder explicativo em relação ao book-to-market ou factores de

momentum11. Adicionalmente constatam que valores elevados de sentimento

preveem menores retornos futuros em ações de valor, mas não encontram evidência

de que o sentimento preveja retornos em ações de empresas em crescimento.

Curiosamente, ao analisarem a relação entre a sua medida de sentimento, com

o índice de sentimento de Baker & Wurgler (2005) e com o desconto em fundos

fechados, constatam a inexistência de uma forte correlação entre as medidas. Esse

resultado sugere que as medidas de sentimento captam diferentes aspetos do

sentimento ou, pelo menos uma delas falha em medi-lo corretamente.

Brown & Cliff (2004) analisam a relação entre o sentimento e rendibilidades de

mercado, num horizonte de curto prazo. Os autores utilizam periocidades mensais e

semanais. Para os dados mensais o horizonte de estudo compreende os anos de 1965

a 1998, relativamente à análise semanal o horizonte considerado é de 1987 a 1998.

Como medidas de sentimento utilizam medidas diretas e indiretas. A nível das medidas

diretas, recorrem aos dados da American Association of Individual Investors e da

Investor Intelligence. Relativamente às medidas indiretas, os autores consideram

diversas variáveis que agrupam em quatro categorias: medidas de desempenho do

mercado, medidas relacionadas com o tipo de atividade de transação, medidas

relacionadas com derivados e outras medidas de sentimento (desconto em fundos

fechados, fluxos de fundos mútuos, retornos/volume no primeiro dia de OPI).

11 Momentum effect é a denominação dada quando carteiras com baixo/alto desempenho num dado

período mantém essa tendência anormal nos períodos seguintes.

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No seu modelo os autores consideram o sentimento com enviesamentos de

especuladores, ou seja, excessivo otimismo ou pessimismo. Os autores dividem os

investidores em dois grupos: fundamentalistas (com expectativas não enviesadas) e

especuladores (investidores com expectativas enviesadas). Dado que os dois grupos de

investidores atribuem diferentes avaliações aos ativos, o preço de mercado será uma

média ponderada, desviando-se do valor intrínseco do ativo.

Os autores verificam correlações fortes entre as medidas diretas e indiretas de

sentimento estudadas. Encontram, também, evidência de que variações nos seus

indicadores de sentimento estão fortemente correlacionadas com as rendibilidades

contemporâneas de mercado. Contudo, alertam para o facto de a correlação não

implicar uma relação de causalidade. Através de análises adicionais concluem que as

rendibilidades de mercado detêm capacidade explicativa sobre variações futuras no

sentimento, contudo encontram fraca evidência de que o sentimento cause variações

nas rendibilidades futuras de mercado, em horizontes de curto-prazo. Apenas as

variáveis de sentimento institucional apresentem alguma capacidade explicativa sobre

as rendibilidades subsequentes (nomeadamente para ações de empresas de grande

dimensão). Tal evidência sugere que o sentimento não afeta apenas o investidor

individual mas também os investidores institucionais.

No geral, os autores argumentam que utilizar uma estratégia baseada nas

previsões de sentimento não será lucrativo, dada a sua reduzida capacidade

explicativa.

Num estudo posterior, Brown & Cliff (2005) assumem que certos investidores

são sujeitos a enviesamentos que afetam a avaliação dos ativos. Tais enviesamentos

são persistentes ao longo do tempo. Num ambiente onde existem limitações à

arbitragem, poderão ocorrer desequilíbrios na valoração dos ativos. Os autores

sugerem que a arbitragem poderá ser capaz de eliminar os desequilíbrios no curto

prazo, mas não ser tão eficaz em períodos mais longos. Como indicador de sentimento

utilizam os dados da Investor Intelligence, que analisa o número de newsletters

relacionadas com o mercado que se apresentam como bullish, bearish ou neutral. O

seu horizonte temporal vai de 1963 a 2000. Os resultados obtidos revelam que

medidas diretas de sentimento são um bom indicador dos retornos do mercado entre

1 a 3 anos. Especificamente, valores elevados de sentimento resultam em menores

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retornos do mercado de capitais durante os 2-3 anos subsequentes, especialmente

para ações de empresas de grande crescimento e capitalização. A evidência sugere que

os investidores demasiado otimistas (pessimistas) forçam os preços acima (abaixo) do

seu valor fundamental, mas com o passar do tempo o desequilíbrio tende a corrigir-se.

De seguida irão abordar-se dois estudos que constituem o ponto de partida

para o segundo objetivo do presente estudo, isto é, a hipótese de o sentimento poder

afetar as rendibilidades futuras do mercado de capitais português de forma

assimétrica consoante o ciclo económico.

Chung et al. (2012) analisam a capacidade preditiva do sentimento do

investidor sobre as rendibilidades transversais durante períodos de recessão/expansão

económica. Os autores partem de dois pressupostos base. Primeiramente assumem

que a sobreavaliação dos ativos ocorre em períodos económicos prósperos e a

subavaliação de ativos ocorre durante momentos económicos desfavoráveis. Durante

períodos de expansão, o otimismo aumenta o que é refletido por um aumento no

sentimento. Durante períodos de expansão a atividade dos arbitragistas pode ser

limitada devido ao noise trader risk e à possibilidade de serem forçados a liquidar o seu

investimento prematuramente. Em períodos de contração económica a compra de

ativos subavaliados é bastante simples e, as entidades reguladoras tendem a impor

restrições à venda a descoberto e ao empréstimo de ativos evitando assim variações

negativas fortes nos preços dos ativos. Consequentemente, os autores acreditam que

devido às restrições à venda a descoberto e aos limites à arbitragem a sobreavaliação

dos ativos tende a ser mais persistente que a subavaliação.

Para distinguir os ciclos económicos recorrem ao indicador do NBER, e utilizam

um Markov-switching model de forma a capturar dinâmicas não observáveis durante

as mudanças de ciclo económico. Como medida de sentimento utilizam o índice

mensal ortogonalizado de Baker & Wurgler (2006). O horizonte temporal estudado

compreende Janeiro de 1966 a Dezembro de 2007.

Os resultados revelam que o sentimento detém um poder preditivo assimétrico

sobre as rendibilidades transversais durante diferentes estados da economia. Apenas

durante períodos de expansão económica é que o sentimento demonstra poder

preditivo sobre as rendibilidades.

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Similarmente, Chen (2011) testa a possibilidade de o efeito de choques na

confiança do consumidor afetarem as rendibilidades de forma distinta consoante se

trate de um bull market ou de um bear market e ainda, se um decréscimo na confiança

é capaz de conduzir o mercado para um período bear. O autor argumenta que na

presença de assimetrias de informação os agentes irão comportar-se como se

estivessem financeiramente limitados, o que é mais provável de ocorrer durante bear

markets. Adicionalmente, quando o mercado verifica um mau desempenho a aversão

a perdas, isto é, a tendência dos indivíduos a preferirem evitar perdas em detrimento

de verificarem ganhos suporta a teoria de que o sentimento detenha um maior

impacto sobre as rendibilidades durante períodos bear.

Como medida de sentimento o autor utiliza o indicador de confiança da

Universidade de Michigan e, como indicador do mercado de capitais utiliza o índice da

S&P500. Os dados utilizados tem frequência mensal e o horizonte temporal estudado

compreende Janeiro de 1978 a Maio de 2009. De forma a distinguir as flutuações do

mercado utiliza diversos modelos de acordo com a metodologia de Markov-switching.

Os resultados obtidos confirmam a suposição de que a falta de confiança afeta

as rendibilidades de forma assimétrica, sendo o impacto maior em bear markets. O

autor conclui que um nível elevado de pessimismo é capaz de conduzir o mercado para

um período bear.

2.6.2. Evidência empírica sobre o mercado Português

Como foi referido anteriormente, o número de estudos sobre a relação entre o

sentimento e as rendibilidades do mercado português é ainda escasso. Nesta secção

abordam-se dois estudos dirigidos ao mercado nacional, cujos resultados se

consideram relevantes para a presente dissertação.

Fernandes et al. (2013) procuram investigar se o sentimento do investidor

português influência as rendibilidades agregadas do mercado de capitais português e

as rendibilidades dos índices industriais nacionais. Adicionalmente testam se o

sentimento norte-americano afeta as rendibilidades do mercado nacional, a nível

agregado e a nível dos sectores industriais. Como indicador de confiança do mercado

nacional utilizam o índice de sentimento económico e o índice de confiança do

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consumidor (este último é apenas utilizado nos testes de robustez). Como indicador de

sentimento norte-americano utilizam os dados do índice de confiança da Universidade

de Michigan. O cálculo da medida de sentimento é realizado utilizando a metodologia

de Lemmon & Portniaguina (2006), de maneira a separar a componente racional e

irracional do indicador de sentimento. Como medida de excessivo

otimismo/pessimismo, os autores utilizam os resíduos da regressão entre o índice de

sentimento económico e um conjunto de variáveis macroeconómicas, a mesma

metodologia é seguida para o cálculo do sentimento norte-americano.

Os resultados indicam que o sentimento português apresenta uma capacidade

preditiva estatisticamente significativa sobre as rendibilidades agregadas do mercado,

para horizontes de 1, 3, 6 e 12 meses. Os autores constatam existir uma relação

negativa entre o sentimento desfasado e as rendibilidades agregadas do mercado. O

impacto do sentimento tende a diminuir para horizontes de 12 meses.

A nível do impacto do sentimento português sobre as rendibilidades dos índices

das indústrias, os resultados indicam que o sentimento detém um impacto negativo e

estatisticamente significativo sobre as rendibilidades futuras, para horizontes de 3, 6 e

12 meses, do PSI Telecomunicações, PSI Utilities e PSI Tecnologia. No que respeita às

rendibilidades do PSI Industrias, o sentimento é apenas relevante para horizontes

temporais de 3 meses.

Relativamente ao indicador de sentimento norte-americano, a evidência sugere

que o seu impacto sobre as rendibilidades agregadas futuras e dos índices industriais

nacionais é estatisticamente insignificante. Em testes de robustez, os autores testaram

também se o sentimento inglês e alemão detém poder preditivo sobre as

rendibilidades agregadas futuras e dos índices industriais portugueses. A metodologia

aplicada é similar, substituindo apenas o indicador de sentimento americano pelo

sentimento inglês e alemão. Como medida de sentimento inglês e alemão os autores

utilizaram o índice de sentimento económico e o índice de confiança do consumidor de

cada país após controlar para fatores macroeconómicos globais e domésticos. O

sentimento inglês verificou ser insignificante para prever as rendibilidades agregadas

futuras e dos índices industriais nacionais. Contudo os resultados obtidos com o

sentimento alemão são contraditórios. Quando utilizando o índice de sentimento

económico, não foi encontrada evidência que suportasse uma capacidade preditiva

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sobre as rendibilidades agregadas futuras e dos índices industriais. Contudo, quando

utilizando a medida de sentimento obtida através do índice de confiança alemão,

verifica-se um impacto negativo e estatisticamente significativo sobre as rendibilidades

agregadas futuras e sobre as rendibilidades futuras do PSI Matérias-primas.

Sequeira (2011) obtém contudo resultados algo contraditórios. A autora estuda

a relação entre o sentimento e o mercado de capitais português. Como medida de

sentimento o índice de confiança do consumidor (a autora utiliza o índice

disponibilizado pela CE e também o índice disponibilizado pelo INE) e o índice de

confiança desenvolvido pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), este

último é realizado por economistas e, de acordo com a autora, espera-se que estes

sejam menos propensos ao sentimento. Como indicador do mercado de capitais utiliza

o principal índice de referência nacional, o PSI-20. O horizonte temporal estudado vai

de 1993 a 2010.

Usando o teste de causalidade de Granger a autora constata que variações

desfasadas mensais dos indicadores de confiança do consumidor não influenciam o

PSI-20. Pelo contrário, encontra evidência de que o PSI-20 influencie os indicadores de

confiança. De maneira a analisar a capacidade preditiva do indicador de confiança da

CE sobre o PSI-20 a autora testa a resposta ao impulso do modelo VAR. Os resultados

indicam uma fraca resposta do PSI-20 a choques no indicador de confiança da CE. A

nível da análise inversa, ou seja, a nível do poder preditivo do PSI-20 sobre o indicador

de confiança da CE os resultados são similares, ainda que o nível de resposta

encontrado seja ligeiramente superior. Como possível explicação a autora salienta a

fraca participação das famílias portuguesas no mercado de capitais. Os resultados

obtidos apontam, ainda, para o facto de os economistas aparentarem serem mais

sensíveis que os consumidores às variações do PSI-20.

No geral, a autora argumenta que o indicador de confiança do consumidor não

é um bom indicador do sentimento individual português.

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2.7. Investidor Português

Over the past 20 years, the role of the stock market as substantially increased in

many industrialized countries. Market capitalizations, expressed as a percentage of

GDP, have double or tripled between 1985 and 2001 (…) There is much literature about

the ability of the stock market to predict output growth. Predictive power in itself does

not imply a causal relationship running from the stock market to the real economy,

since the stock market may just act as a leading indicator, an information processing

black box.

(Jansen & Nahuis, 2003, p.89)

Como se pode depreender pela citação anterior, o papel do mercado de

capitais têm assumido um maior relevo, sobretudo, em economias desenvolvidas.

Autores como Otoo (1999) e Jansen & Nahuis (2003) encontram evidência de que o

preço das ações influencia a confiança dos consumidores. Nesse sentido, considera-se

pertinente descrever brevemente o perfil do investidor nacional. Acredita-se que o

enquadramento do investidor típico português será útil para ajudar a compreender os

resultados obtidos no presente estudo.

Ao contrário do que se verifica em outros países, a participação de investidores

individuais nacionais no mercado de capitais é ainda muito reduzida. De acordo com

CMVM (2009) para além de depósitos a prazo e certificados de aforro, menos de 10%

das famílias portuguesas possuem outro tipo de produtos financeiros tais como, ações,

obrigações, unidades de participação em fundos de investimento, produtos

estruturados, derivados, fundos e planos de poupança e reforma.

O mesmo estudo verifica que existem certos fatores socioeconómicos que

influenciam a participação no mercado de valores mobiliários. Esta está diretamente

relacionada com o nível de rendimento das famílias, quanto maior for o rendimento

familiar maior é a probabilidade de a família investir no mercado de capitais. O nível de

escolaridade e profissão são também fatores a considerar. Quanto maior for a

qualificação do individuo e/ou a sua posição profissional maior será a sua propensão a

investir. A faixa etária mais propensa a investir compreende o escalão dos 45-64 anos,

sendo que a relação entre a idade e a propensão a investir segue em trajetória em “U”

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invertido. Adicionalmente, a localização geográfica é também um fator a considerar e

os indivíduos do sexo masculino tendem a ser mais propensos a investir em

comparação com o sexo oposto.

Abreu & Mendes (2010) analisam a relação entre a literacia dos investidores

nacionais e o grau de diversificação da sua carteira. Os dados sugerem que em geral os

investidores nacionais apresentam baixos conhecimentos financeiros e, grande parte

das carteiras são insuficientemente diversificadas. A evidência sugere que os

conhecimentos financeiros são um fator relevante para a participação no mercado e

para o grau de diversificação das carteiras. Maior educação contribuiu para uma maior

diversificação. Adicionalmente, as fontes de informação são também apontadas como

um fator importante na diversificação.

Curiosamente, segundo os autores, o grau da diversificação da carteira de

agentes que não procuram qualquer tipo de informação é semelhante ao grau de

diversificação das carteiras de agentes que são aconselhados pelos seus bancos. Tal

evidência questiona o tipo de acompanhamento que é fornecido por estas instituições.

Em suma, verifica-se que a participação de investidores individuais nacionais no

mercado de capitais é ainda reduzida. O seu grau de participação está dependente de

certos fatores socioeconómicos e as suas escolhas de investimento (a nível de

diversificação) estão relacionadas com os seus conhecimentos financeiros. Para além

destes fatores, existem na literatura vários estudos que exploram a possibilidade dos

agentes económicos copiarem sistematicamente o comportamento dos seus pares,

causando uma convergência nas suas decisões de investimento. Este fenómeno é

denominado por herding behavior.

“Herding may be defined as a group of investors ignoring their own information

and beliefs and following the decisions of other investors, imitating them”

(Vieira & Pereira 2015, p.79)

Contudo, este fenómeno apresenta alguma controvérsia. Alguns autores

defendem que este comportamento pode ser racionalmente justificável. Utilizar as

mesmas fontes de informação, interpretar de forma semelhante os sinais do mercado,

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a qualidade da informação, a atratividade de certos ativos e o grau de sofisticação do

mercado podem ser explicações lógicas para o comportamento dos indivíduos.

De acordo com Simões & Valente (2015) poderá ser mais facilmente verificável

o herding behavior em mercados menos líquidos e de menor dimensão, dado que a

menor liquidez pode limitar certas ações, sobretudo quando estas forem contrárias às

dos restantes investidores. No seu estudo, os autores analisam a intensidade do

herding behavior para o mercado português entre 2003 e 2011. Num primeiro

momento, os autores encontram evidência de que os investidores se imitam de forma

sistemática. Contudo, quando utilizam uma metodologia diferente os resultados não

se mantém. A explicação dada pelos autores é que diferentes formas de cálculo

apresentam influência nos resultados obtidos.

Outro objetivo dos autores é analisar a relação entre o herding behavior e o

sentimento. Os dados levam os autores a rejeitar a hipótese de que o sentimento afete

o herding behavior.

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3. DADOS

3.1. Introdução

Como já foi referido, um dos objetivos do presente estudo é verificar se o

sentimento detém impacto sobre as rendibilidades agregadas futuras do mercado de

capitais português (especificamente sobre o PSI-20) e, também, sobre as

rendibilidades futuras do índice de empresas financeiras e do índice de empresas não

financeiras. Uma vez que, não existe consenso na literatura sobre qual medida de

sentimento é mais adequada, optou-se por testar quatro medidas distintas.

Concretamente utilizaram-se três medidas de sentimento diretas: o índice de

confiança do consumidor, o índice de sentimento económico e o índice de sentimento

da Investor Intelligence. Como medida indireta utiliza-se o índice de sentimento de

Baker & Wurgler (2007).

A escolha do índice de confiança do consumidor justifica-se por este ser um

indicador apontado frequentemente na literatura como medida de sentimento do

consumidor. Adicionalmente, este indicador é calculado para vários países europeus,

incluindo o mercado português e, os dados são facilmente acessíveis e estão

disponíveis para um razoável período de tempo.

O índice de sentimento económico é, também, um indicador fácil de recolha e

cujos dados estão disponíveis durante um período temporal razoável. Uma vez que o

cálculo deste indicador tem em consideração cinco sectores da economia, considera-se

que possa ser um bom indicador da realidade nacional.

O índice de sentimento da Investor Intelligence, por outro lado, é um indicador

calculado com base no mercado americano, o que poderá ser uma desvantagem pois

poderá não ser tão adequado para o mercado nacional. Contudo, é um indicador

frequentemente utilizado na literatura como medida de sentimento institucional.

O índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007) é também um indicador

largamente citado na literatura. Dado que durante a pesquisa bibliográfica não se

encontrou nenhum estudo direcionado para o mercado português que utilizasse este

indicador ou um outro com semelhante metodologia de construção, achou-se

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consequentemente ser pertinente testar o impacto deste indicador como medida de

sentimento.

A utilização de dois indicadores de sentimento norte-americano - o indicador

da Investor Intelligence e o índice de sentimento Baker & Wurgler (2007) - pode ser

justificada não só por ambos os indicadores serem amplamente citados na literatura,

mas também pelo facto de o mercado norte-americano ser considerado um mercado

de referência. “The United State is widely considered the world’s bellwether market”

(Baker et al. 2012, p.278).

Para além dos fatores referidos, a sua utilização também se baseia na literatura

existente sobre o contágio entre mercados. Nomeadamente, Verma & Soydemir

(2006) investigam o efeteito da propagação do sentimento norte-americano nas

rendibilidades dos mercados de capitais internacionais12. Como medida de sentimento

individual utilizam dados mensais da American Association of Individual Investors e

como medida do sentimento institucional utilizam dados mensais da Investor

Intelligence. Os resultados confirmam que o sentimento intitucional norte-americano

impacta de forma significativa as rendibilidades do Reino Unido e da America-Latina. A

nível do sentimento individual, apenas se verifica um impacto estatisticamente

significativo sobre as rendibilidades do Reino-Unido. Também os resultados de Baker

et al. (2012) suportam a hipótse de o sentimento ser contagioso entre mercados.

Especificamente para o mercado português, Fernandes et al. (2013) verificarem

que apesar do sentimento norte-americano não deter impacto sobre as rendibilidades

futuras do mercado português, segundo os seus testes de robustez o índice de

confiança alemão, verifica um impacto negativo e estatisticamente significativo sobre

as rendibilidades agregadas futuras do PSI-20 e sobre as rendibilidades futuras do PSI

Matérias-Primas.

Em suma, considerados todos os fatores referidos, acredita-se que a utilização

destes indicadores de sentimento é pertinente para o presente estudo.

A periocidade utilizada na presente dissertação é mensal, uma vez que esta é a

periocidade habitual em estudos sobre o sentimento do investidor. O horizonte

12 Os autores estudam o mercado Mexicano, Brasileiro, Chileno e do Reino Unido.

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temporal é compreendido entre 31/01/2002 e 31/12/2014. Apesar de inicialmente se

pretender utilizar um horizonte temporal mais alargado, a disponibilidade de dados

condicionou a tarefa13.

Todos os dados foram recolhidos da plataforma datastream, com exceção do

índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007) que é disponibilizado na página online

do Professor Jeffrey Wurgler14.

O remanescente deste capítulo descreve com maior detalhe as medidas de

sentimento do investidor, os dados sobre o mercado de capitais e, também as

variáveis macroeconómicas empregues como medidas de controlo.

3.2. Indicador de Confiança do Consumidor (ICC)

O indicador de confiança do consumidor é um indicador de sentimento direto

(como se referiu anteriormente) disponibilizado pelo Instituto Nacional de Estatística

(INE) e pela Comissão Europeia (CE). Por ser um indicado harmonizado e aplicado a

todos os países da comunidade europeia detém a vantagem de ser comparável entre

esses países, apesar de tal não ser um objetivo do presente estudo. O seu cálculo

resulta da média aritmética dos saldos de respostas extremas, isto é, da diferença

entre a percentagem de respostas de valoração positiva e as de valoração negativa,

não são consideradas as respostas neutras, por exemplo, não sabe ou talvez, das

questões abaixo mencionadas.

Em sua opinião, a situação financeira do seu lar (agregado familiar), nos

próximos 12 meses irá:

13 Os dados utilizados para a varável representativa do mercado de capitais apenas se

encontram disponíveis a partir de 2001. Adicionalmente os dados sobre a produção industrial são apenas disponibilizados a partir de 2002.

Outro impedimento, foi o facto do índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007) apenas se encontrar disponível até 2010.

Inicialmente, ponderou-se testar também o índice de sentimento de Baker et al.( 2012), mas uma vez que este indicador apenas está disponível até 2006 acabou por não ser uma opção viável. 14

http://people.stern.nyu.edu/jwurgler/

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1. Melhorar muito; 2. Melhorar um pouco; 3. Manter-se; 4. Piorar um pouco; 5. Piorar

muito; 6. Não sabe.

Em sua opinião, a situação económica geral do País, nos próximos 12 meses irá:

1. Melhorar muito; 2. Melhorar um pouco; 3. Manter-se; 4. Piorar um pouco; 5. Piorar

muito; 6. Não sabe.

Em sua opinião, nos próximos 12 meses, o desemprego no País, irá:

1. Aumentar muito; 2. Aumentar um pouco; 3. Ficar na mesma; 4. Diminuir pouco; 5.

Diminuir muito; 6. Não sabe.

Nos próximos 12 meses pensa que, pessoalmente lhe será possível poupar/pôr

algum dinheiro de lado:

1. Sim, de certeza absoluta; 2. Provavelmente sim; 3. Provavelmente não; 4. Não, de

certeza absoluta; 5. Não sabe.

Este indicador é frequentemente apontado como potencial medida de

sentimento sendo utilizado em vários estudos, nomeadamente por Schmeling (2009) e

Jansen & Nahuis (2003).

Os dados utilizados neste estudo foram retirados da plataforma da datastream,

após a recolha dos mesmos, procedeu-se à sua estandardização de maneira a permitir

uma maior comparabilidade entre as diversas medidas de sentimento.

3.3. Índice de Sentimento Económico (ISE)

O índice de sentimento económico é um indicador disponibilizado pela CE, cujo

cálculo engloba indicadores de confiança de cinco sectores, com diferentes pesos:

indicador de confiança industrial, indicador de confiança de serviços, indicador de

confiança do consumidor, indicador de confiança da construção e indicador de

confiança do retalho. O ISE é calculado como um índice com valor médio de 100 e

desvio padrão de 10 ao longo de um período de amostragem fixado padronizado. O ISE

é ajustado à sazonalidade e está disponível com uma periocidade mensal a partir de

31/01/1987. Este indicador está disponível para o mercado nacional e, também para

os restantes países da União Europeia.

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38

A vantagem deste indicador sobre o ICC é que para além de deter informação

sobre a confiança dos consumidores, também, reflete informação sobre as opiniões

das empresas relativamente às suas perspetivas económicas futuras e as suas

intenções de investimento. Se tanto os consumidores como os produtores estiverem

otimistas sobre a situação económica e financeira, será mais provável que aumentem

os seus níveis de consumo e produção e, consequentemente, o mercado de capitais

deverá refletir essa atividade económica se o sentimento de facto afetar o

comportamento dos preços dos ativos (Ho & Hung 2012). Adicionalmente, uma vez

que este indicador contempla cinco sectores distintos, acredita-se que seja mais

abrangente e, desta forma, possa espelhar a realidade portuguesa melhor.

Os dados deste indicador foram recolhidos através da plataforma da

datastream. Após a sua recolha, procedeu-se à sua estandardização de maneira a

permitir uma maior comparabilidade entre as diversas medidas de sentimento.

3.4. Índice de sentimento da Investor Intelligence

A Investor Intelligence é um fornecedor mundial de serviços financeiros,

aconselhamento e análise técnica. Desde 1963 que esta organização tem vindo a

caracterizar mais de 120 revistas financeiras como bullish, bearish ou awaiting

correction.15Inicialmente os inquéritos eram realizados quinzenalmente, até 1969

quando se tornaram semanais. De acordo com a organização, apenas quatro editores

estão envolvidos na categorização das revistas, pelo que se assume existir um elevado

grau de consistência deste indicador. Adicionalmente, de acordo com a informação

disponível na página online da organização, em média, os dados apontam para 45%

bulls, 35% bears e 20% para a categorial neutral.

Autores como Verma & Soydemir (2006) e Brown & Cliff (2004) utilizam os

dados da Investor Intelligence como medida de sentimento institucional. Isto porque, a

15 Durante a análise das revistas, os editores caracterizam os artigos como bullish ou bearish. Contudo,

na presença de artigos ambíguos, ou seja, que dão simultaneamente indicações bullish e bearish os editores consideram que a categoria awaiting correction.

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39

generalidade dos autores das revistas analisadas são profissionais de mercado (no

ativo ou aposentados).

Seguindo a metodologia de Brown & Cliff (2004) utiliza-se a percentagem de

investidores bull menos a percentagem de investidores bear como medida de

sentimento institucional. De modo a permitir uma maior comparabilidade, procedeu-

se posteriormente à estandardização deste indicador.

3.5. Índice de Sentimento de Baker & Wurgler (2007)

O índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007) é um indicador de

sentimento calculado para o mercado norte-americano. O cálculo deste indicador

utiliza diversas proxies: o desconto de fundos fechados, o volume de transação do

NYSE (New York Stock Exchange), o número de OPI, os retornos nos primeiros dias de

OPI, a proporção de capital próprio emitido no total de novas emissões de capital

próprio e alheio e o prémio de dividendo.

O desconto em fundos fechados é a diferença média entre o valor líquido de

ações de fundos fechados e os seus preços de mercado. O volume de transação do

NYSE é calculado com base no rácio do volume de ações divulgado, pela média de

ações listadas no NYSE Fact Book. Os autores calculam a média dos cinco anos

anteriores para eliminar qualquer tendência dos dados. A proporção de capital próprio

no total de novas emissões é definida como emissão bruta de capital próprio dividido

pela soma da emissão bruta de capital próprio e emissão de débito a longo prazo. O

prémio de dividendo é dado pela diferença logarítmica da média dos rácios book-to-

market de pagadores e não pagadores de dividendos no final do período. Os

indicadores: volume de transação, a média anual dos retornos nos primeiros dias de

OPI e o prêmio de dividendo apresentam um desfasamento de um ano, relativamente

às restantes variáveis que compõe o índice.

Uma questão que pode ser levantada é o facto de o índice de sentimento não

espelhar apenas o sentimento mas, também, fatores económicos que afetem o

mercado. Por essa razão os autores regridem cada proxy a um conjunto de variáveis

macroeconómicas. Nomeadamente, os autores utilizam o índice de crescimento da

produção industrial, crescimento do consumo de bens duráveis, crescimento do

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consumo de bens não duráveis, crescimento do consumo de serviços e uma variável

dummy como indicador de recessão do NBER (National Bureau of Economic Research).

Os autores constroem um novo índice de sentimento utilizando os resíduos das

regressões, que é o índice utilizado no presente estudo.

Uma vez que o foco do presente estudo é o mercado de capitais português,

multiplicou-se o indicador de sentimento por uma taxa de câmbio dólar/euro.

3.6. Indicadores do Mercado de Capitais Português

Como indicador do mercado de capitais nacional optou-se por utilizar as

cotações do principal índice de referência, o PSI-20, à semelhança de autores como

Fernandes et al. (2013), Jansen & Nahuis (2003) e Sequeira (2011). Este índice é

calculado com base numa amostra de emissões de ações, pertencentes a empresas

que cumprem um conjunto de pré-requisitos, entre os quais, requisitos relativos à

dimensão e liquidez. Utilizando a plataforma datastream recolheu-se os dados do total

return index. Desta forma, garante-se que eventos como a distribuição de dividendos,

(reverse) stock splits e outros eventos institucionais sejam tidos em consideração.

Para além de utilizar o PSI-20 como variável representativa do mercado de

capitais, achou-se pertinente analisar se o impacto do sentimento é diferenciado

consoante se trate de empresas financeiras ou não financeiras. Nesse seguimento,

recolheu-se o total return index para o índice de ações da datastream de empresas

financeiras (EF) e não financeiras (ENF).

O cálculo das rendibilidades de mercado foi efetuado utilizando a fórmula para

as rendibilidades contínuas de Brooks (2008, p.7).

Onde Pt corresponde ao valor do total return índex para o PSI-20, para o índice

de empresas financeiras e para o índice de empresas não financeiras, conforme o caso.

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41

3.7. Variáveis Macroeconómicas

Apesar de se esperar que os indicadores mencionados anteriormente reflitam o

sentimento do investidor, a sua interpretação deve ser feita com parcimónia. Deve ter-

se em conta o enquadramento macroeconómico para o período em análise, uma vez

que, até um certo ponto, é expectável que as medidas de sentimento reflitam

fundamentos económicos (Baker & Wurgler 2007). Para mitigar esse problema, na

literatura é comum utilizar-se um conjunto de variáveis macroeconómicas como

variáveis de controlo.

As variáveis macroeconómicas utilizadas no presente estudo, apresentadas

com uma periocidade mensal, são: o indicador de ciclo económico do National Bureau

of Economic Research (NBER) que assume o valor 1 para recessão económica e 0 para

expansão económica, a produção industrial (variação percentual), a taxa de

desemprego (em percentagem), o indicador coincidente de consumo privado (em

percentagem) e o índice de preços do consumidor (variação percentual).

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Tabela 1 Dados utilizados Descrição, frequência e fonte das variáveis utilizadas.

Código Variável Frequência Fonte

Medidas de Sentimento do Investidor

ICC Índice de Confiança do Consumidor Mensal Datastream

ISE Índice de Sentimento Económico Mensal Datastream

Investor Intelligence Investor Intelligence Index ( % de Investidores Bull-% Investidores Bear) Mensal Datastream

Índice de Sentimento de Baker & Wurgler Índice de Sentimento de Baker & Wurgler (2007) Mensal http://people.stern.nyu.edu/jwurgler/

Mercado de Capitais Português

PSI-20 Índice do PSI-20 (Total Return Index) Mensal Datastream

EF Índice de Ações de Empresas Financeiras (Total Return Index) Mensal Datastream

ENF Índice de Ações de Empresas Não Financeiras (Total Return Index) Mensal Datastream

Variáveis Macroeconómicas

IP Variação % da Produção Industrial Mensal Datastream

IPC Variação % do Índice de Preços do Consumidor Mensal Datastream

UR Taxa de desemprego (15/74, em %) Mensal Datastream

BC Indicador de ciclo económico do National Bureau of Economic Research( NBER) Mensal Datastream

CONS Indicador coincidente de consumo privado (%) Mensal Datastream

CAMB Taxa de câmbio dólar/euro Mensal Datastream

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4. METODOLOGIA

4.1. Hipóteses

Como foi anteriormente referido, existem vários estudos na literatura que

suportam a hipótese de que o sentimento apresenta capacidade preditiva sobre as

rendibilidades do mercado. Contudo, Schmeling (2009) encontra evidência de que o

poder preditivo do sentimento sobre as rendibilidades varia consoante o país em

análise. Nesse sentido, surge a questão de se o mercado de capitais português é ou

não influenciado pelo sentimento. Como refere Leal et al. (2008) em mercados mais

pequenos os investidores tendem a ser menos sofisticados e, consequentemente, mais

propensos ao sentimento o que é certamente o caso do mercado português.

O número de estudos sobre esta temática, específicos para o mercado nacional,

ainda é reduzido e, consequentemente existem várias lacunas a preencher. Neste

sentido, um dos principais objetivos da presente dissertação é estar se o sentimento

apresenta capacidade explicativa sobre as rendibilidades agregadas futuras do PSI-20 e

sobre as rendibilidades futuras do índice de empresas financeiras e do índice de

empresas não financeiras. Como medidas de sentimento utilizam-se três indicadores

diretos - o ICC, o ISE e o índice da Investor Intelligence - e um indireto - o índice de

sentimento de Baker & Wurgler (2007).

Ao utilizar diversos tipos de indicadores de sentimento, para além do ICC que é

um dos indicadores mais comuns, e ao testar o impacto do sentimento não só sobre as

rendibilidades futuras do PSI-20 mas também sobre as rendibilidades futuras do índice

de empresas financeiras e não financeiras espera-se contribuir para a literatura

ajudando a colmatar as lacunas existentes. Considerando a pesquisa bibliográfica

efetuada, acredita-se que nenhum estudo anterior testou o impacto do indicador de

Baker & Wurgler (2007) no mercado de capitais nacional ou que explorasse a hipótese

do impacto do sentimento variar consoante se considere o universo de empresas

financeiras e não financeiras.

Caso se verifique que o sentimento detém impacto sobre as rendibilidades

futuras de mercado, pretende-se verificar se o mesmo apresenta alguma assimetria

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consoante o estado da economia. Por outras palavras, pretende-se testar se o impacto

do sentimento varia consoante a economia esteja num período de recessão ou

expansão económica. Por exemplo, Chung et al. (2012) encontram evidência de um

impacto significativo e robusto do sentimento em períodos de expansão, mas não para

períodos de recessão.

Em finanças conhecer os fatores que afetam os preços é de grande

importância, caso se verifique que o sentimento detém capacidade explicativa sobre as

rendibilidades será relevante auferir se fatores como o ciclo económico condicionam

esse efeito.

4.2. Metodologia aplicada

Nesta secção são descritos todos os procedimentos efetuados para dar

resposta aos objetivos pré-estabelecidos para este estudo. Na análise e tratamento de

dados recorreu-se ao Microsoft Excel e ao software estatístico Stata 13.

4.2.1. Análise à estacionariedade, normalidade, autocorrelação e

heterocedasticidade

De acordo com a metodologia de Jansen & Nahuis (2003), inicialmente testou-

se a estacionariedade das variáveis. Para tal recorreu-se ao teste de Augmented

Dickey-Fuller (Dickey & Fuller 1979) e ao teste de Phillips-Perron (Philips & Perron,

1988). Uma série estacionária implica média constante, variância constante e

autocovariâncias constantes para cada desfasamento considerado. A utilização de

dados não estacionários pode levar a regressões espúrias (Brooks, 2008). Nos casos em

que se verificou a presença de não estacionariedade, recorreu-se a regressões com

erros-padrão bootstraped.

A Tabela 2 apresenta os resultados obtidos após a realização do teste

Augmented Dickey-Fuller (sem desfasamentos) para a análise da estacionariedade das

variáveis. Sempre que o valor absoluto do teste ADF for superior ao valor crítico

absoluto, rejeita-se a hipótese nula de raiz unitária, ou seja, a variável é estacionária.

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45

De acordo com os resultados obtidos, são estacionárias as seguintes variáveis: o

indicador de sentimento da Investor Intelligence, as rendibilidades do PSI-20, do índice

de empresas financeiras e não financeiras e o índice de produção industrial. As

restantes variáveis falham em rejeitar a hipótese nula (em pelo menos num dos níveis

críticos considerados), pelo que, se conclui que as variáveis em causa são não

estacionárias. De forma a confirmar os resultados obtidos no teste ADF efetuou-se o

teste de Phillips-Perron16.

Um dos pressupostos da regressão linear clássica é a não existência de

autocorrelação, isto é, o modelo clássico supõe que o termo de perturbação referente

a uma perturbação qualquer não é influenciado pelo termo de perturbação referente a

uma outra observação qualquer (Gujarati, 2000). Através do teste de Breusch–Godfrey,

verificou-se a existência de autocorrelação em alguns casos17. Nessas situações,

utilizou-se a regressão bootstraped com a correção de Newey-West.

A regressão linear clássica pressupõe ainda a homoscedasticidade, dito de

outra forma, significa que as populações de Y correspondentes aos valores de X têm a

mesma variância. Quando tal não acontece estamos perante heterocedasticidade.

Dado que em todas as regressões se utilizou bootstrapping (que se trata duma

estimação empírica dos erros padrão) não se realizou nenhuma correção adicional.

Por fim, efetuaram-se também testes assimetria e curtose18.

16 Os resultados do teste de Phillips-Perron podem ser consultados nos apêndices I a XII.

17 Os resultados dos testes de autocorrelação podem ser consultados nos apêndices XIII a XVIII

18 Os resultados dos testes de normalidade podem ser consultados nos apêndices XIX a XXIV.

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Tabela 2 Resultados do teste de Augmented Dickey-Fuller (sem desfasamentos)

Resultados do teste Augmented Dickey-Fuller sem desfasamentos para testar a estacionariedade das variáveis. O ICC corresponde ao índice de sentimento do consumidor, o ISE corresponde ao índice de sentimento económico, Investor Intelligence corresponde à % de investidores bull menos a % de investidores bear, PSI-20 corresponde as rendibilidades do PSI-20, EF corresponde às rendibilidades do índice de empresas financeiras, ENF corresponde às rendibilidades do índice de empresas não financeiras, UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).

ICC ISE Baker & Wurgler (2007) Investor Intelligence PSI-20 EF ENF UR IP CONS IPC

Estatística do Teste -1.787 -1.797 -3.480 -5.773 -10.003 -8.774 -10.809 -1.700 -8.426 -0.644 -1.269

Valores críticos

1% -3.787 -3.492 -3.508 -3.492 -3.492 -3.492 -3.492 -3.492 -3.492 -3.492 -3.492

5% -2.886 -2.886 -2.890 -2.886 -2.886 -2.886 -2.886 -2.886 -2.886 -2.886 -2.886

10% -2.576 -2.576 - 2.58 -2.576 -2.576 -2.576 -2.576 -2.576 -2.576 -2.576 -2.576

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47

4.2.2. Comportamento dos indicadores de sentimento e as rendibilidades do

mercado de capitais português

Numa primeira instância, dado que se estão a analisar vários indicadores de

sentimento, considera-se pertinente analisar o grau de intensidade linear entre as

diferentes variáveis de sentimento e as rendibilidades do PSI-20, do índice de

empresas financeiras e do índice de empresas não financeiras. A existência de

correlação entre duas variáveis significa que as mesmas se comportam de forma

simétrica, não implica contudo causalidade. Apenas existe evidência de uma relação

linear entre as duas variáveis, e que movimentos das duas são em média relacionados

até um certo ponto medido pelo coeficiente de correlação (Brooks, 2008).

De seguida, de forma a auferir a capacidade explicativa das medidas de

sentimento nas rendibilidades futuras do PSI-20, do índice de empresas financeiras e

do índice de empresas não financeiras utilizaram-se modelos de regressão linear

múltipla, com horizontes temporais de 1, 3 e 6 meses.

A equação 1 sintetiza o modelo aplicado para testar o impacto do ICC, do ISE e

do indicador da Investor Intelligence sobre as rendibilidades futuras do PSI-20, do

índice de empresas financeiras e do índice de empresas não financeiras.

representa as rendibilidades do PSI-20 no mês t, ou as rendibilidades do

índice de empresas financeiras em t, ou as rendibilidades do índice de empresas não

financeiras em t, consoante o caso; é a constante; representa, consoante o

caso, o ICC, ISE ou o indicador da Investor Intelligence em ; representa

produção industrial (variação percentual); corresponde índice de preços do

consumidor (variação percentual); representa a taxa de desemprego,

representa o indicador coincidente de consumo privado (em percentagem); BC

representa o indicador de ciclo económico do NBER e representa os erros da

regressão.

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48

A equação 2 sintetiza o modelo aplicado para testar o impacto do índice de

Baker & Wurgler (2007) sobre as rendibilidades futuras do PSI-20, do índice de

empresas financeiras e do índice de empresas não financeiras.

representa as rendibilidades do PSI-20 no mês t, ou as rendibilidades do

índice de empresas financeiras em t ou as rendibilidades do índice de empresas não

financeiras t, consoante o caso; é a constante; representa o índice de

sentimento do mercado americano no mês t-k e representa os erros da regressão.

Neste modelo não são incluídas variáveis económicas de controlo, uma vez que

o índice de sentimento na sua construção já inclui uma série de variáveis

macroeconómicas.

4.2.3. Impacto do sentimento durante períodos de recessão e expansão

Como já foi referido, o segundo objetivo do presente estudo é analisar se existe

alguma assimetria na relação entre o sentimento e as rendibilidades do mercado

durante períodos de recessão e expansão económica.

Para testar essa hipótese, utiliza-se a variável do NBER (que assume o valor 1

para recessão e 0 para expansão económica) para identificar o estado da economia.

A metodologia aplicada baseia-se no estudo de Chen (2012) e também na

metodologia aplicada por Chen (2011), sobretudo nos seus testes de robustez.

Basicamente acrescentou-se à equação 1 uma variável de interação entre a medida de

sentimento e o estado da economia.

A equação 3 sintetiza a análise efetuada:

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Onde representa as rendibilidades do PSI-20 no mês t, ou as rendibilidades

do índice de empresas financeiras em t, ou as rendibilidades do índice de empresas

não financeiras em t, consoante o caso; é a constante; representa o consoante

o caso o ICC, ISE ou o indicador da Investor Intelligence19 em t –k; IP representa

produção industrial (variação percentual); corresponde índice de preços do

consumidor (variação percentual); representa a taxa de desemprego; CONS

representa o indicador coincidente de consumo privado (em percentagem); BC

representa o indicador de ciclo económico do NBER; corresponde à

interação entre a variável dummy sobre o estado da economia e a medida de

sentimento. Por fim, representa os erros da regressão.

19 As regressões levadas a cabo na secção anterior, relativamente ao impacto do índice de Baker & Wurgler ( 2007)

nas rendibilidades de mercado evidenciaram um R2 muito reduzido, pelo que não se considerou este indicador nas

regressões efetuadas para testar se o sentimento apresenta um impacto assimétrico nas rendibilidades controlando para o estado da economia.

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50

5. RESULTADOS

5.1. Indicadores de Sentimento e o Mercado de Capitais Português

Após a recolha e tratamento das variáveis de estudo efetuaram-se alguns

testes, de forma a explorar as suas características e interação. A Tabela 3 apresenta os

dados das estatísticas descritivas e os valores de correlação verificados entre as

diversas medidas de sentimento e os indicadores do mercado de capitais.

Como se pode observar, todas as variáveis detém um número total de

observações de 156, com exceção do índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007)

um vez que, este indicador apenas está disponível até 2010. Devido à estandardização,

as variáveis ICC, ISE e o indicador da Investor Intelligence apresentam média 0 e

desvio-padrão de 1. A nível das variáveis representativas do mercado português,

constata-se que tanto as rendibilidades do PSI-20 como as rendibilidades do índice de

empresas financeiras apresentam média negativa, já as rendibilidades do índice de

empresas não financeiras apresenta média positiva.

Pela análise das colunas de valores máximos e mínimos é possível notar que as

rendibilidades do PSI-20, as rendibilidades do índice de empresas financeiras (EF) e as

rendibilidades do índice de empresas não financeiras (ENF) apresentam uma certa

volatilidade, isto porque, o intervalo entre o seu valor mínimo e máximo é

consideravelmente maior, relativamente ao verificado nas restantes variáveis

analisadas.

As variáveis de sentimento no geral verificam uma correlação positiva, com

exceção da correlação verificada entre o indicador de sentimento de Baker & Wurgler

(2007) com o indicador de sentimento da Investor Intelligence (-0.1936). O ICC e o ISE

apresentam uma correlação de 0.6751, o que é de se esperar dado que o ISE engloba

na sua construção dados sobre a confiança dos consumidores.

Relativamente aos indicadores do mercado de capitais, verifica-se que as

rendibilidades do PSI-20, do índice de empresas financeiras e do índice de empresas

não financeiras apresentam uma correlação positiva quase perfeita, o que

naturalmente seria de esperar.

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51

A correlação verificada entre as rendibilidades do PSI-20 e os indicadores de

sentimento português (ICC e ISE) é consideravelmente reduzida. Contudo, verifica-se

que as rendibilidades do PSI-20 apresentam uma correlação com o indicador de

sentimento de Baker & Wurgler (2007) de -0.2470 e com o indicador da Investor

Intelligence de 0.4340.

A correlação encontrada entre as rendibilidades do índice de empresas

financeiras e o ISE é também consideravelmente reduzida. Contudo, verifica-se que as

rendibilidades deste índice apresentam uma correlação com o índice de Baker &

Wurgler (2007) de -0.2140 e com o indicador da Investor Intelligence de 0.4273.

A correlação observada entre as rendibilidades do índice de empresas não

financeiras e os indicadores de sentimento português (ICC e ISE) é também muito

fraca. Contudo, verifica-se uma correlação deste índice com o índice de Baker &

Wurgler (2007) de -0.2515 e com o indicador da Investor Intelligence de 0.4007.

Curiosamente salienta-se que contrariamente ao expectável, a correlação das

medidas representativas do mercado de capitais com as variáveis de sentimento

calculadas especificamente para o mercado português é consideravelmente reduzida,

quando comparado com a correlação verificada com os indicadores de sentimento

calculados para o mercado americano.

Os dados obtidos, de forma geral, vão de acordo com outros estudos, por

exemplo, Lemmon & Portniaguina (2006) também verificam no seu estudo uma

correlação positiva entre a medida de sentimento de Baker & Wurgler (2005) e as

medidas de confiança para o período após 1977, com exceção da medida de confiança

calculada com base no inquérito da Universidade de Michigan. Jansen & Nahuis (2003)

verificam uma correlação positiva entre o mercado de capitais português e a sua

medida de sentimento (índice de confiança do consumidor), contudo tal como referem

os autores, a existência de uma relação positiva entre o mercado de capitais e o

sentimento não implica causalidade.

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52

Tabela 3 Estatísticas descritivas e correlações entre as variáveis

Número de observações (N), média (µ), desvio-padrão (σ), valor mínimo (Min) e valor máximo (Max) das variáveis de sentimento e do mercado de capitais. O ICC corresponde ao índice de

sentimento do consumidor, o ISE corresponde ao índice de sentimento económico, Investor Intelligence é a % de investidores bull menos a %de investidores bear, PSI-20 corresponde as

rendibilidades do PSI-20, EF corresponde às rendibilidades do índice de empresas financeiras, ENF corresponde às rendibilidades do índice de empresas não financeiras.

N µ σ Min Max

Correlações

PSI-20 Baker & Wurgler (2007) ICC ISE Investor Intelligence EF ENF

PSI-20 156 -0.0185 5,554 -23.20 11.49 1

Baker & Wurgler (2007)

108 -0.0891 0,375 -1.061 0.898 -0.2470 1

ICC 156 0 1 -2.169 1.852 0.0769 0.2976 1

ISE 156 0 1 -2.372 1.640 -0.0958 0.5946 0.6751 1

Investor Intelligence

156 0 1 -3.315 2.033 0.4340 -0.1936 0.4068 0.2887 1

EF 156 -1.307 9,977 -31.94 23.70 0.8328 -0.2140 0.1871 -0.0762 0.4273 1

ENF 156 0.333 5,004 -23.40 9.091 0.9622 -0.2515 0.0576 -0.0849 0.4007 0.7044 1

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53

De maneira a compreender melhor a relação entre as vaiáveis de sentimento,

procedeu-se à análise gráfica da sua evolução. A Ilustração 1 revela a evolução ao

longo do tempo entre as variáveis de sentimento consideradas no presente estudo.

Ilustração 1 Evolução das medidas de Sentimento, Janeiro de 2002 a Dezembro de 2014

ICC corresponde ao índice de sentimento do consumidor, o ISE corresponde ao índice de sentimento económico, IS

corresponde ao índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007), isbull corresponde aos dados da Investor

Intelligence (% de investidores bull menos a %de investidores bear)

Como se pode ver pela ilustração 1, o ICC e o ISE apresentam um percurso

bastante semelhante durante o horizonte considerado, contudo os restantes

indicadores apresentam caminhos ligeiramente distintos.

Enquanto a variável Investor Intelligence apresenta grande volatilidade, pelo

contrário, o índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007) é a medida que tende a

apresentar um percurso ligeiramente mais estável.

De forma geral, é possível observar que todas as variáveis sofrem uma queda a

partir de meados de 2007, atingindo o seu pico em meados de 2009. O que é

consistente com a evolução económica, nomeadamente a crise financeira de 2007. A

descida em 2009 é particularmente acentuada para o indicador da Investor

Intelligence.

-3-2

-10

12

2002m1 2004m1 2006m1 2008m1 2010m1 2012m1 2014m1datevar3

Standardized values of (icc) Standardized values of (ise)

is Standardized values of (isbull)

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54

5.2. Capacidade explicativa do Sentimento

Nesta secção são abordados os dados relativos à análise da capacidade

explicativa dos indicadores de sentimento sobre as rendibilidades futuras de mercado.

Após a discussão dos resultados obtidos de forma isolada para cada medida de

sentimento, é feita uma breve comparação das diversas medidas bem como algumas

considerações gerais.

5.2.1. Análise da capacidade explicativa do índice de confiança do consumidor

O índice de confiança do consumidor foi analisado quanto à sua capacidade

explicativa sobre as rendibilidades do PSI-20, do índice de empresas não financeiras e

do índice de empresas financeiras, em horizontes temporais de 1, 3 e 6 meses. Um

conjunto de variáveis macroeconómicas foi incluído como variáveis de controlo. Os

resultados obtidos são passíveis de observação nas Tabelas 4, 5 e 6.

Primeiramente, no que concerne às variáveis de controlo verifica-se que, de

forma global, com exceção do índice de preços do consumidor, do indicador

coincidente de consumo privado e do indicador do ciclo económico, as restantes

variáveis não são estatisticamente relevantes em nenhum dos horizontes temporais

estudados. Ainda assim, estas foram mantidas nos modelos visto que a sua remoção

diminui a capacidade explicativa dos mesmos.

O ICC demonstra alguma capacidade explicativa sobre as rendibilidades futuras

de mercado. Em linha com outros estudos, verifica-se uma relação negativa entre o ICC

e as rendibilidades, o que indica que períodos de elevado sentimento são seguidos de

menores rendibilidades subsequentes.

Concretamente, resultados apontam que um aumento do desvio-padrão do ICC

esteja associado a um decréscimo das rendibilidades do PSI-20 de cerca de 3.127%,

2.656% para um horizonte temporal de 1 e 3 meses, respetivamente. Para o mesmo

período, um aumento do desvio-padrão do ICC está associado a um decréscimo das

rendibilidades do índice de empresas não financeiras de 2.623% e 2.123%,

respetivamente. Para as rendibilidades do índice de empresas financeiras, o

Page 65: Mariana Gonçalves Trancoso · 2016. 7. 15. · sentimento utilizam-se o índice de confiança do consumidor, o índice de sentimento económico, o índice de sentimento da Investor

55

decréscimo verificado é de 5.052%, 4.992 % e 4.992 % para um horizonte temporal de

1, 3 e 6 meses, respetivamente.

Comparando o impacto do ICC sobre as rendibilidades futuras dos diferentes

índices salientam-se alguns pontos. Enquanto o impacto do ICC sobre as rendibilidades

do PSI-20 e do índice de empresas não financeiras comporta-se de forma semelhante,

constata-se que o impacto sobre as rendibilidades do índice de empresas financeiras é

maior. Tal evidência é peculiar, dado que seria de supor que as empresas financeiras

fossem sobretudo alvo de investimento por parte de investidores institucionais e,

consequentemente fossem menos sensíveis aos efeitos do sentimento.

Em geral, constata-se que o impacto do sentimento sobre as rendibilidades

futuras tende a diminuir à medida que se expande o horizonte temporal.

Globalmente, os resultados obtidos vão de encontro aos obtidos por Schmeling

(2009). O autor testa o impacto do sentimento (medido pelo índice de confiança do

consumidor) em 18 países industrializados. Os dados apontam, para a maioria dos

países, que o ICC detém capacidade explicativa, sobretudo para horizontes temporais

entre 1 a 6 meses. O autor verifica, à semelhança com o presente estudo, que o

impacto médio do sentimento sobre as rendibilidades futuras tende a diminuir à

medida que se expande o horizonte temporal. Segundo o autor, esta constatação

detém implicações tanto estatísticas como económicas. Regressões espúrias tendem a

verificar resultados significativos com o aumento do tempo. Em termos económicos, o

declínio do impacto do sentimento com o passar do tempo sugere que o impacto dos

noise traders tende a desvanecer, ou seja, os limites à arbitragem no curto e médio

prazo tendem a enfraquecer no longo prazo

Contrariamente, Sequeira (2011) conclui no seu estudo que o indicador de

confiança do consumidor não é, para o mercado português, um bom indicador de

sentimento. Contudo, a autora opta por uma abordagem metodológica bastante

distinta da utilizada no presente estudo. As conclusões que a autora retira são

baseadas no teste de casualidade de Granger. Similarmente, Lacerda ( 2012) também

conclui que tanto o ICC e o ISE não conseguem captar o humor do investidor de forma

satisfatória para o mercado português.

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56

Tabela 4 Capacidade explicativa do ICC sobre as rendibilidades futuras do PSI-20

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do índice de confiança do consumidor (ICC) sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do PSI-20. UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês. As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

1 Mês 3 Meses 6 Meses PSI-20 ICC -3.127*** -2.656** -1.860 (0.923) (1.201) (1.350) IP 0.0576 0.0186 -0.0204 (0.128) (0.133) (0.133) IPC -1.357 -2.992*** -1.985 (1.424) (1.132) (1.409) UR 1.124 -0.0804 -0.918 (2.358) (2.298) (2.156) CONS 4.769** 3.412 1.264 (2.101) (2.604) (2.233) BC -4.499* -3.102 -3.312* (2.510) (2.609) (2.011) L.IP 0.0521 0.0910 0.0521 (0.104) (0.109) (0.180) L.IPC 0.557 2.377** 1.521 (1.290) (1.116) (1.370) L.UR -1.908 -0.640 0.157 (2.348) (2.204) (2.138) L.CONS -4.476** -3.331 -1.514 (2.003) (2.384) (1.910) Constante 10.45** 9.209** 9.469** (5.045) (4.528) (3.949) R

2 0.146 0.103 0.081

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57

Tabela 5 Capacidade explicativa do ICC sobre as rendibilidades futuras do índice de empresas não financeiras Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do índice de confiança do consumidor (ICC) sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do índice de empresas não financeiras. UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês. As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

1 Mês 3 Meses 6 Meses ENF ICC -2.623** -2.123** -1.357 (1.033) (0.981) (1.220) IP 0.0709 0.00824 0.0328 (0.131) (0.116) (0.112) IPC -1.248 -2.845*** -1.191 (1.087) (0.969) (0.976) UR 0.765 0.740 -1.116 (2.423) (1.927) (2.602) CONS 2.867 1.866 0.472 (1.905) (1.709) (1.664) BC -4.661** -3.416* -2.596 (2.325) (1.989) (2.396) L.IP 0.00749 0.117 0.102 (0.0938) (0.110) (0.136) L.IPC 0.351 2.100** 0.551 (1.032) (0.827) (1.045) L.UR -1.481 -1.382 0.353 (2.401) (1.928) (2.585) L.CONS -2.660 -1.849 -0.929 (1.704) (1.575) (1.390)

Constante 10.31*** 9.060*** 10.34***

(3.510) (3.457) (2.883)

R2 0.132 0.100 0.076

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58

Tabela 6 Capacidade explicativa do ICC sobre as rendibilidades futuras do índice de empresas

financeiras

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do índice de confiança do consumidor (ICC) sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do índice de empresas financeiras. UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês. As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

EF 1 Mês 3 Meses 6 Meses ICC -5.052** -4.992** -4.992** (2.162) (2.349) (2.233) IP 0.0363 0.0584 0.0584 (0.222) (0.202) (0.226) IPC -2.320 -3.067 -3.067 (2.349) (2.119) (2.051) UR -0.499 5.464 5.464 (5.615) (5.931) (4.518) CONS 11.56*** 11.79** 11.79*** (4.238) (4.697) (4.122) BC -5.575 -1.737 -1.737 (3.457) (3.287) (3.313) L.IP 0.0802 0.0873 0.0873 (0.269) (0.196) (0.230) L.IPC 1.854 3.020 3.020 (2.000) (1.973) (2.093) L.UR -0.742 -6.544 -6.544 (5.600) (5.813) (4.404) L.CONS -10.94*** -11.17*** -11.17*** (3.850) (4.163) (3.651) Constante 13.40 9.923 9.923 (9.399) (6.906) (7.574)

5.2.2. Análise da capacidade explicativa do índice de sentimento económico

O índice de sentimento económico (ISE) foi analisado quanto à sua capacidade

explicativa sobre as rendibilidades agregadas futuras do PSI-20 e também do índice de

empresas financeiras e não financeiras. A análise foi realizada considerando horizontes

temporais de 1, 3 e 6 meses. Novamente, um conjunto de variáveis macroeconómicas

foi incluído na regressão como variáveis de controlo. Os resultados obtidos são

passíveis de observação nas Tabelas 7, 8 e 9.

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59

Relativamente às variáveis de controlo verifica-se, que com exceção do índice

de preços do consumidor e do indicador coincidente de consumo privado, as restantes

variáveis não são estatisticamente relevantes em nenhum dos horizontes temporais

estudados, ainda assim estas foram mantidas nos modelos visto que a sua remoção

diminui a capacidade explicativa dos mesmos.

De acordo com os resultados, o ISE apresenta um impacto negativo

estatisticamente significativo sobre as rendibilidades do PSI-20, do índice de empresas

não financeiras/ financeiras em todos os horizontes temporais considerados,

suportando a hipótese de que elevado sentimento é seguido de menores

rendibilidades subsequentes.

Os resultados apontam para que um aumento do desvio-padrão do ISE esteja

associado a um decréscimo das rendibilidades do PSI-20 de cerca de 2.714%, 4.083 % e

de 5.385% para um horizonte temporal de 1, 3 e 6 meses, respetivamente.

Relativamente ao índice de empresas não financeiras, verifica-se que um aumento do

desvio-padrão do ISE esteja associado a um decréscimo das rendibilidades 2.293%, 3%

e de 4.374% para um horizonte temporal de 1, 3 e 6 meses, respetivamente.

Considerando o índice de empresas financeiras, a evidência aponta para que um

aumento do desvio-padrão do ISE esteja associado a um decréscimo das rendibilidades

5.367%, 8.191 % e de 7.617% para um horizonte temporal de 1,3 e 6 meses,

respetivamente. Novamente nota-se que as rendibilidades do índice de empresas

financeiras são mais suscetíveis ao impacto do ISE, em comparação com o impacto

verificado para os restantes índices.

A nível do horizonte temporal deste indicador, constata-se que enquanto os

resultados obtidos com o ICC apontam para uma redução do seu impacto com o passar

do tempo, no caso do ISE verifica-se o oposto. Com a dilatação do horizonte temporal

verifica-se que o impacto do ISE e, a sua relevância estatística, em geral, tendem a

aumentar.

Os resultados obtidos sobre a capacidade explicativa do ISE estão de acordo

com os dados de Fernandes et al. (2013). Os autores verificam que o ISE (controlando

para fatores macroeconómicos) apresenta capacidade explicativa estatisticamente

significativa sobre as rendibilidades agregadas do mercado, para horizontes de 1, 3, 6 e

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60

12 meses. Os autores constatam existir uma relação negativa entre o sentimento

desfasado e as rendibilidades agregadas do mercado português. O impacto do

sentimento tende a diminuir para horizontes de 12 meses.

Em oposição, Ho & Hung (2012), apesar de encontrarem suporte de que o ICC

impacta negativamente o excesso de rendibilidades futuras de forme estatisticamente

significativa para o mercado de capitais francês e italiano, não encontram evidência de

que o ISE detenha capacidade explicativa para nenhum dos quatro países europeus

analisados. Os autores sugerem que os países europeus são mais sensíveis a decisões

de consumo dos consumidores comparativamente com decisões de investimento

tomadas pelos produtores. Contudo, a evidência encontrada na presente dissertação,

aponta para que o mercado português seja sensível tanto às decisões de consumo dos

consumidores mas também às decisões de investimento dos levadas a cabo pelos

produtores.

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61

Tabela 7 Capacidade explicativa do ISE sobre as rendibilidades futuras do PSI-20

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do

índice de sentimento económico (ISE) sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do PSI-20. UR corresponde à

taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de

consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador

IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR

corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um

desfasamento de um mês. As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de

Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de

significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de

significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

1 Mês 3 Meses 6 Meses PSI-20 ISE -2.714* -4.083*** -5.385*** (1.543) (1.400) (1.030) IP 0.0273 -0.0266 -0.0741 (0.126) (0.121) (0.0956) IPC -0.268 -1.806 -0.720 (1.352) (1.239) (1.460) UR 0.502 -0.729 -1.780 (2.691) (2.204) (2.535) CONS 4.478** 4.141** 3.384** (2.094) (1.832) (1.724) BC -2.798 -1.763 -2.365 (2.632) (2.065) (1.889) L.IP 0.0307 0.0654 0.0257 (0.0980) (0.112) (0.139) L.IPC 0.413 2.394** 1.717 (1.256) (1.190) (1.357) L.UR -0.725 0.616 1.595 (2.606) (2.173) (2.472) L.CONS -3.808** -2.975* -1.842 (1.830) (1.757) (1.611) Constante 2.311 -0.0318 -0.0964 (4.293) (3.419) (3.439) R

2 0.121 0.129 0.167

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62

Tabela 8 Capacidade explicativa do ISE sobre as rendibilidades futuras do índice de empresas não

financeiras

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do índice de sentimento económico (ISE) sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do índice de empresas não financeiras. UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês. As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

1 Mês 3 Meses 6 Meses ENF ISE -2.293** -3.000*** -4.374*** (1.021) (1.141) (1.142) IP 0.0453 -0.0257 -0.0102 (0.107) (0.125) (0.145) IPC -0.332 -1.937 -0.191 (1.107) (1.285) (1.073) UR 0.241 0.262 -1.797 (2.825) (2.523) (2.020) CONS 2.633 2.286 2.319* (1.755) (1.941) (1.340) BC -3.234 -2.344 -1.896 (2.067) (1.934) (1.995) L.IP -0.0105 0.0971 0.0816 (0.0992) (0.0842) (0.132) L.IPC 0.232 2.091** 0.730 (1.118) (0.965) (1.182) L.UR -0.486 -0.436 1.481 (2.676) (2.494) (1.922) L.CONS -2.103 -1.509 -1.287 (1.586) (1.640) (1.171)

Constante 3.466 1.996 2.809

(4.116) (3.809) (3.945)

R2 0.111 0.113 0.149

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63

Tabela 9 Capacidade explicativa do ISE sobre as rendibilidades futuras do índice de empresas

financeiras

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do índice de sentimento económico (ISE) sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) índice de empresas financeiras (EF). UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês. As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

1 Mês 3 Meses 6 Meses

EF

ISE -5.367*** -8.191*** -7.617*** (1.745) (2.597) (2.485) IP -0.0211 -0.0307 -0.168 (0.233) (0.199) (0.255) IPC -0.409 -0.759 -2.844 (2.566) (2.142) (2.624) UR -1.631 4.162 -2.704 (6.115) (5.757) (6.054) CONS 11.68*** 13.48*** 8.198 (4.241) (3.215) (5.139) BC -2.846 0.777 -3.110 (3.638) (3.094) (3.046) L.IP 0.0421 0.0375 -0.160 (0.221) (0.223) (0.231) L.IPC 1.702 3.098 4.882* (2.697) (2.238) (2.637) L.UR 1.358 -4.072 2.418 (6.098) (5.540) (5.923) L.CONS -10.04*** -10.61*** -5.875 (3.704) (2.977) (4.208) Constante -0.969 -8.078 -3.072 (8.720) (7.701) (9.533)

5.2.3. Análise das regressões com o indicador da Investor Intelligence

O indicador da Investor Intelligence (% de investidores bullish menos a % de

investidores bearish) foi analisado quanto à sua capacidade explicativa sobre as

rendibilidades agregadas futuras do PSI-20 e também do índice de empresas

financeiras e não financeiras. A análise foi realizada considerando horizontes

temporais de 1, 3 e 6 meses. Em semelhança aos resultados discutidos anteriormente

relativos à análise com o ICC e o ISE, incluíram-se também variáveis macroeconómicas

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64

como variáveis de controlo. Os resultados obtidos são passíveis de observação nas

Tabelas 10, 11 e 12.

O indicador de sentimento da Investor Intelligence apresenta apenas

capacidade explicativa sobre as rendibilidades para um horizonte temporal de 6

meses, para todos os índices analisados. Mais precisamente, estima-se um aumento

do desvio-padrão deste indicador de sentimento impacte negativamente as

rendibilidades do PSI-20, do índice de empresas não financeiras e do índice de

empresas financeiras em 1.254%, 1.081% e 2.808%, respetivamente.

A relevância estatística deste indicador sugere que o mercado nacional também

seja afetado pelo sentimento institucional. Relativamente ao facto do impacto deste

indicador ser apenas visível para um horizonte de 6 meses, a evidência encontrada é

compatível com os resultados obtidos por Verma & Soydemir (2006). Os autores

estudam o grau de propagação do sentimento individual e institucional americano

sobre mercados estrangeiros, mais precisamente os autores estudam o mercado do

Reino Unido, México e Brasil. Segundo os seus resultados, enquanto a resposta do

mercado americano ao sentimento é imediata, nos restantes países estudados o

impacto do sentimento é apenas visível a partir do terceiro mês. A diferença em timing

é justificada pela menor capacidade dos mercados estrangeiros em difundirem

informação gerada nos Estados Unidos. O impacto do sentimento, nos mercados

estudados, verifica ainda diferenças de intensidade, sendo o grau de relações

comerciais entre os países e os EUA apontado como uma possível explicação. Nesse

sentido, entende-se que é plausível que o impacto do indicador da Investor Intelligence

sobre as rendibilidades nacionais apenas se verifique para um horizonte temporal de 6

meses.

Brown & Cliff (2005) utilizam também como medida de sentimento dados da

Investor Intelligence. Os resultados obtidos revelam que medidas diretas de

sentimento são um bom indicador dos retornos do mercado entre 1 a 3 anos.

Especificamente, valores elevados de sentimento resultam em menores retornos do

mercado de capitais durante os 2-3 anos subsequentes, especialmente para ações de

empresas de grande crescimento e capitalização. Por outro lado, Fisher & Statman

(2000) analisam o sentimento em três grupos de investidores: pequenos investidores,

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65

médios investidores e grandes investidores (estrategistas de Wall Street). Como

medida de sentimento dos investidores medianos, os autores utilizam dados da

Investor Intelligence (mais precisamente utilizam a % de escritores bullish durante a

última semana de cada mês). Os autores concluem que o sentimento dos pequenos e

grandes investidores apresentam ser um indicador contrário das rendibilidades futuras

da S&P500. Contudo, contrariamente aos resultados obtidos na presente dissertação,

segundo os autores o impacto do sentimento dos investidores médios não é

estatisticamente significativo.

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66

Tabela 10 Capacidade explicativa do indicador da Investor Intelligence sobre as rendibilidades futuras do PSI-20 Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do

indicador de sentimento da Investor Intelligence sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do PSI-20.UR

corresponde à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador

coincidente de consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP

corresponde ao indicador IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um

desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um mês, L.CONS

corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês. As variáveis apresentam periocidade mensal. O

período temporal considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível

de significância: * denota um nível de significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística

de 5%, e *** denota um nível de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

1 Mês 3 Meses 6 Meses PSI-20 Investor Intelligence -0.0916 0.225 -1.254*** (0.498) (0.551) (0.441) IP 0.0500 0.00782 -0.0370 (0.125) (0.135) (0.130) IPC -0.680 -2.445* -1.586 (1.284) (1.346) (1.216) UR 0.847 -0.0733 -1.115 (2.632) (2.146) (2.727) CONS 2.918 1.444 0.736 (2.046) (2.170) (1.814) BC -2.868 -1.447 -4.116** (2.586) (2.281) (2.010) L.IP 0.0408 0.0772 0.0507 (0.120) (0.107) (0.161) L.IPC 0.189 2.040 1.294 (1.372) (1.332) (1.205) L.UR -1.245 -0.290 0.617 (2.552) (2.098) (2.678) L.CONS -3.366* -1.973 -1.273 (1.940) (2.055) (1.664) Constante 5.687 4.959 6.538*

(3.933) (4.345) (3.350)

R2 0.095 0.101

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67

Tabela 11 Capacidade explicativa do indicador do indicador de sentimento da Investor Intelligence

sobre as rendibilidades futuras do índice de empresas não financeiras

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do indicador de sentimento da Investor Intelligence sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do índice de empresas não financeiras (ENF). UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês. As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

1 Mês 3 Meses 6 Meses ENF Investor Intelligence -0.00646 0.241 -1.081** (0.523) (0.568) (0.472) IP 0.0651 0.000107 0.0195 (0.129) (0.131) (0.101) IPC -0.684 -2.412** -0.891 (1.154) (0.971) (1.206) UR 0.534 0.749 -1.255 (2.691) (1.847) (2.272) CONS 1.264 0.249 0.217 (1.992) (1.876) (1.349) BC -3.198* -2.012 -3.400 (1.870) (2.361) (2.449) L.IP -0.00242 0.105 0.102 (0.115) (0.117) (0.147) L.IPC 0.0439 1.832** 0.387 (1.148) (0.931) (1.215) L.UR -0.928 -1.106 0.684 (2.572) (1.877) (2.234) L.CONS -1.687 -0.724 -0.867 (1.888) (1.862) (1.238) Constante 6.322 5.664* 8.193** (3.878) (3.333) (3.600) R2 0.088 0.077 0.099

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Tabela 12 Capacidade explicativa do indicador de sentimento da Investor Intelligence sobre as

rendibilidades futuras do índice de empresas financeiras

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do indicador de sentimento da Investor Intelligence sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do índice de empresas financeiras (EF). UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês. As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

1 Mês 3 Meses 6 Meses EF Investor Intelligence -0.434 0.217 -2.808*** (0.917) (0.819) (0.954) IP 0.0217 0.0367 -0.124 (0.213) (0.215) (0.218) IPC -1.206 -2.027 -4.012 (2.171) (1.840) (2.800) UR -0.953 5.465 -1.730 (5.537) (6.877) (4.994) CONS 8.770** 8.245* 5.266 (3.924) (4.221) (3.401) BC -3.325 1.101 -6.943** (3.361) (3.305) (3.182) L.IP 0.0633 0.0625 -0.121 (0.219) (0.235) (0.220) L.IPC 1.253 2.384 4.292 (2.250) (1.884) (2.696) L.UR 0.337 -5.874 1.006 (5.385) (6.595) (4.876) L.CONS -9.321*** -8.752** -5.784* (3.473) (3.792) (3.095) Constante 5.693 1.931 6.229 (9.822) (7.808) (6.740)

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69

5.2.4. Análise da capacidade explicativa do índice de sentimento de Baker &

Wurgler (2007)

O índice de Baker & Wurgler (2007) foi analisado quanto à sua capacidade

explicativa sobre as rendibilidades agregadas futuras do PSI-20 e também do índice de

empresas financeiras e não financeiras. Nas regressões com este indicador não se

incluíram variáveis de controlo visto que, este indicador já considera um conjunto de

variáveis macroeconómicas na sua construção. A análise foi realizada considerando

horizontes temporais de 1, 3 e 6 meses. Os resultados obtidos são passíveis de

observação na Tabela 13.

É possível verificar que o índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007)

apresenta um impacto negativo estatisticamente significativo, sobre as rendibilidades

do PSI-20, do índice de empresas não financeiras e do índice de empresas financeiras

em todos os horizontes temporais considerados. Nota-se contudo, a reduzida

capacidade explicativa do modelo.

Os resultados apontam um aumento do desvio-padrão do índice de sentimento

de Baker & Wurgler (2007) esteja associado a um decréscimo das rendibilidades do

PSI-20 de cerca de 4.175%, 4.768 % e de 3.296% para um horizonte temporal de 1, 3 e

6 meses, respetivamente. Relativamente ao índice de empresas não financeiras,

verifica-se que um aumento do desvio-padrão deste indicador de sentimento esteja

associado a um decréscimo das rendibilidades 4.59%, 4.340% e de 2.781% para um

horizonte temporal de 1, 3 e 6 meses, respetivamente. Considerando o índice de

empresas financeiras, a evidência aponta para que um aumento do desvio-padrão do

índice de sentimento esteja associado a um decréscimo das rendibilidades 5.445%,

6.069 % e de 4.172% para um horizonte temporal de 1,3 e 6 meses, respetivamente.

Uma vez mais, verifica-se que as rendibilidades futuras do índice de empresas

financeiras são mais fortemente afetadas pelo impacto deste indicador, em

comparação com o verificado sobre as rendibilidades quer do PSI-20 quer do índice de

empresas não financeiras.

Em linha com os resultados obtidos, Baker et al. (2012) encontram evidência de

que o seu índice de sentimento (cuja metodologia de construção é similar ao índice de

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70

sentimento do mercado norte-americano utilizado na presente dissertação) apresenta

capacidade explicativa contrária para as rendibilidades agregadas de mercado.

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71

Tabela 13 Capacidade explicativa do índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007) sobre as rendibilidades futuras de mercado

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do índice de sentimento de Baker & Wugler (2007) sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do PSI-20, do índice de empresas não financeiras (ENF) e do índice de empresas financeiras (EF).As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2010. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

1 Mês 3 Meses 6 Meses PSI-20 Baker & Wurgler (2007) -4.715*** -4.768*** -3.296** (1.423) (1.527) (1.572) Constante -0.0750 -0.132 0.105 (0.649) (0.548) (0.585) R

2 0.096 0.098 0.048

ENF Baker & Wurgler (2007) -4.459** -4.340*** -2.781* (1.802) (1.364) (1.449) Constante 0.248 0.219 0.483 (0.535) (0.608) (0.564) R

2 0.098 0.093 0.040

EF

Baker & Wurgler (2007) -5.445*** -6.069*** -4.712** (1.954) (1.824) (1.954) Constante -0.941 -1.124* -1.096 (0.651) (0.641) (0.866) R

2 0.071 0.086 0.051

5.2.5. Comparação entre as diferentes medidas de sentimento e observações

gerais

Relativamente aos testes efetuados sobre a capacidade explicativa do

sentimento sobre as rendibilidades futuras de mercado, salienta-se o facto que todos

os indicadores de sentimento analisados verificam uma capacidade explicativa

negativa sobre as rendibilidades futuras de mercado, o que sugere que o mercado de

capitais português é afeto ao sentimento.

A evidência encontrada aponta para que os diferentes indicadores de

sentimento apresentem horizontes temporais distintos. Nomeadamente constata-se

que o impacto do ICC sobre as rendibilidades futuras é apenas relevante para

horizontes temporais de 1 e 3 meses. O indicador de sentimento da Investor

Intelligence, por outro lado, apenas evidência capacidade explicativa sobre as

rendibilidades futuras para um horizonte de 6 meses. No que respeita aos restantes

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72

dois indicadores, o ISE e o índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007), nota-se

uma capacidade explicativa sobre as rendibilidades futuras de mercado para todos os

horizontes temporais testados.

Adicionalmente, constata-se que ambos os indicadores de sentimento

construídos para o mercado norte-americano impactam negativamente as

rendibilidades futuras do mercado nacional, o que sugere a existência de contágio

entre o mercado dos EUA para o mercado português.

Apesar de o sentimento afetar todos os índices de rendibilidades analisados,

verifica-se que em todos os modelos estudados as rendibilidades do índice de

empresas financeiras verificam sempre um maior impacto.

Os resultados obtidos suportam a hipótese de que o sentimento influencia o

preço dos ativos, pelo que é importante que os investidores tenham em conta as suas

implicações durante as suas decisões de investimento. Também as entidades

governamentais e os reguladores devem ter este fenómeno em conta, dado que faz

parte das suas funções contribuir para uma maior transparência do mercado.

5.3. Impacto do sentimento sobre as rendibilidades futuras controlando para

o estado da economia

De forma a testar se o sentimento detém um impacto assimétrico sobre as

rendibilidades futuras consoante o estado da economia, aplicou-se o modelo descrito

pela equação 3 (Capítulo 4). Em seguida, discutem-se os resultados obtidos na análise

com o ICC, ISE e com o indicador de sentimento da Investor Intelligence. O índice de

sentimento de Baker & Wurgler (2007) não foi considerado nesta análise dado que o

R2 obtido nas regressões anteriores provou ser bastante reduzido. A capacidade

explicativa dos indicadores de sentimento foi testada em horizontes temporais de 1, 3

e 6 meses.

Após a discussão individual dos resultados obtidos para cada medida de

sentimento, o capítulo encerra com algumas considerações gerais.

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73

5.3.1. Capacidade explicativa do ICC

Os resultados referentes à análise do ICC são passíveis de observação nas

Tabelas 14, 15 e 16. Primeiramente, no que concerne às variáveis de controlo verifica-

se que o indicador da produção industrial (com e sem desfasamentos), a taxa de

desemprego (com e sem desfasamentos) não são estatisticamente relevantes em

nenhum dos horizontes temporais estudados. Ainda assim, estas variáveis foram

mantidas nos modelos visto que a sua remoção diminui a capacidade explicativa dos

mesmos.

Em relação às rendibilidades do PSI-20, verifica-se que, para um horizonte

temporal de 1 mês, um aumento do desvio-padrão do ICC está associado a uma

diminuição das rendibilidades de -2.139% em períodos de expansão económica, em

períodos de recessão o impacto ( ) é de -13.969%, este valor é estatisticamente

significativo dado que o P.valor obtido ao testar se 𝐻0: 1+ 2 =0 é de 0.0001. Para um

horizonte temporal de 3 meses, constata-se que o impacto do ICC sobre as

rendibilidades é de -2.341% em períodos de expansão económica, em períodos de

recessão o impacto ( ) é de -5.811%, contudo este valor não é estatisticamente

significativo. Observando um horizonte temporal de 6 meses, verifica-se que o impacto

do ICC durante períodos de expansão não é estatisticamente relevante e, em períodos

de recessão o impacto é de -8.743%. Este valor é estatisticamente relevante dado que

o P.valor obtido ao testar 𝐻0: 1+ 2 =0 é de 0.0186.

Em suma, os dados obtidos relativamente ao impacto do ICC sobre as

rendibilidades futuras do PSI-20 são algo contraditórios. Constata-se que o ICC impacta

negativamente as rendibilidades do PSI-20 a um mês, tanto em períodos de recessão

como expansão. Contudo, o impacto é mais acentuado em períodos economicamente

desfavoráveis. Considerando um horizonte temporal de 3 meses, constata-se que o

impacto do ICC é apenas relevante durante períodos de expansão. Contrariamente,

para um horizonte temporal de 6 meses, o impacto do ICC sobre as rendibilidades do

PSI-20 é apenas estatisticamente significativo em períodos de contração económica.

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74

Os resultados obtidos sobre a capacidade explicativa do ICC sobre as

rendibilidades futuras do índice de empresas não financeiras/financeiras são bastante

semelhantes aos verificados sobre as rendibilidades do PSI-20.

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75

Tabela 14 Capacidade explicativa do ICC sobre as rendibilidades do PSI-20

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do

índice de confiança do consumidor (ICC) sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do PSI-20. UR corresponde

à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de

consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador

IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR

corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um

desfasamento de um mês. A variável ICC_BC representa a interação entre a variável de sentimento ICC e o estado

da economia. A variável BC corresponde à variável dummy que assume o valor 1 para o caso de recessão economia

e 0 para o caso de expansão económica. As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal

considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: *

denota um nível de significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e ***

denota um nível de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

1 Mês 3 Meses 6 Meses PSI-20 ICC -2.139** -2.341* -1.196 (0.957) (1.202) (1.419) ICC_BC -11.83*** -3.470 -7.547** (3.474) (3.457) (3.723) BC -6.859*** -3.789 -4.805 (2.175) (2.612) (2.951) IP 0.0419 0.0134 -0.0320 (0.138) (0.105) (0.126) IPC 0.191 -2.533* -0.977 (1.211) (1.342) (1.293) UR 0.870 -0.143 -1.041 (2.317) (2.500) (3.118) CONS 7.362*** 4.146* 2.900 (2.153) (2.280) (2.291) L.IP 0.0457 0.0888 0.0472 (0.111) (0.0766) (0.145) L.IPC 0.320 2.303** 1.354 (1.302) (1.123) (1.225) L.UR -1.121 -0.416 0.627 (2.277) (2.480) (3.117) L.CONS -6.798*** -3.989** -2.980 (2.009) (1.941) (1.976) Constante 1.758 6.608 3.832 (4.461) (4.848) (4.266) R

2 0.243 0.112 0.122

P.valor para 𝐻 0.0001 0.1739 0.0186

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76

Tabela 15 Capacidade explicativa do ICC sobre as rendibilidades do índice de empresas não financeiras

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do

índice de confiança do consumidor (ICC) sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do índice de empresas não

financeiras (ENF).UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS

corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor

(variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC

com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um mês, L.CONS

corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês. A variável ICC_BC representa a interação entre

a variável de sentimento ICC e o estado da economia. A variável BC corresponde à variável dummy que assume o

valor 1 para o caso de recessão economia e 0 para o caso de expansão económica. As variáveis apresentam

periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os

asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de significância estatística de 10%,** denota um nível

de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

ENF 1 Mês 3 Meses 6 Meses ICC -1.692** -1.946** -1.062 (0.716) (0.959) (2.226) ICC_BC -11.14*** -1.948 -10.93* (3.511) (3.434) (5.816) BC -6.882** -3.801 -6.337* (2.897) (2.483) (3.547) IP 0.0561 0.00538 -0.112 (0.103) (0.0840) (0.240) IPC 0.209 -2.588** -3.067 (0.942) (1.150) (3.072) UR 0.526 0.705 -1.741 (2.405) (2.319) (5.817) CONS 5.308*** 2.279 7.072 (1.417) (2.031) (4.928) L.IP 0.00144 0.116 -0.132 (0.0927) (0.123) (0.267) L.IPC 0.128 2.059** 4.285 (1.017) (0.961) (2.858) L.UR -0.741 -1.256 1.226 (2.292) (2.415) (5.851) L.CONS -4.846*** -2.218 -7.171 (1.300) (1.840) (4.528) Constante 2.130 7.600 1.374 (3.748) (4.730) (8.358) R

2 0.238 0.103 0.119

P.valor para 𝐻 0.0003 0.4272 0.0394

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77

Tabela 16 Capacidade explicativa do ICC sobre as rendibilidades do índice de empresas financeiras

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do

índice de confiança do consumidor (ICC) sobre as rendibilidades agregadas futuras (1, 3 e 6 meses) do índice de

empresas financeiras (EF). UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%),

CONS corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços

consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao

indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um

mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês. A variável ICC_BC representa a

interação entre a variável de sentimento ICC e o estado da economia. A variável BC corresponde à variável dummy

que assume o valor 1 para o caso de recessão economia e 0 para o caso de expansão económica. As variáveis

apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de

2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de significância estatística de 10%,** denota

um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

EF 1 Mês 3 Meses 6 Meses

ICC -4.038** -4.307* -1.062 (1.635) (2.336) (1.998) ICC_BC -12.14** -7.555 -10.93** (5.248) (7.801) (5.191) BC -7.995** -3.233 -6.337** (3.714) (3.893) (3.030) IP 0.0202 0.0473 -0.112 (0.175) (0.215) (0.252) IPC -0.731 -2.069 -3.067 (2.139) (2.531) (2.293) UR -0.760 5.328 -1.741 (5.615) (4.998) (5.257) CONS 14.22*** 13.39*** 7.072 (3.753) (4.682) (4.835) L.IP 0.0736 0.0826 -0.132 (0.198) (0.217) (0.233) L.IPC 1.611 2.859 4.285* (1.986) (2.114) (2.254) L.UR 0.0652 -6.057 1.226 (5.523) (4.954) (5.379) L.CONS -13.32*** -12.60*** -7.171* (3.561) (4.057) (4.317) Constante 4.483 4.261 1.374 (8.012) (10.38) (9.775) P.valor para 𝐻 0..0087 0.1335 0.0285

5.3.2. Capacidade explicativa do ISE

Os resultados da análise do impacto do ISE sobre as rendibilidades futuras de

mercado, controlando para o estado da economia são evidenciados nas Tabelas 17, 18

e 19.

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78

Primeiramente nota-se que a nível das variáveis de controlo apenas o indicador

coincidente do consumo privado e o índice de preços do consumidor (desfasado) são

estatisticamente significativos, contudo as restantes variáveis foram incluídas uma vez

que a sua remoção diminui a capacidade explicativa dos modelos.

De acordo com os resultados, um aumento do desvio-padrão do ISE está

associado a um impacto negativo sobre as rendibilidades do PSI-20 a um mês em -

4.349% apenas em períodos de contração. Para um horizonte temporal de 3 meses,

verifica-se que em períodos de expansão o impacto sobre as rendibilidades é de -

2.904% e, em períodos de recessão o mesmo é de -5.484%. Quando analisando para

um horizonte temporal de 6 meses constata-se que em condições económicas

favoráveis, um aumento do desvio-padrão do ISE está associado a um impacto

negativo sobre as rendibilidades do PSI-20 de -4.443% e, em períodos

economicamente desfavoráveis o impacto agrava-se para -6.537%, este impacto é

estatisticamente significativo dado que o P.valor obtido para a hipótese de 𝐻0: 1+ 2

=0 é de 0.043.

Portanto, o impacto do ISE sobre as rendibilidades do PSI-20 é apenas

significativo em períodos de recessão quando considerando um horizonte temporal de

1 mês. Em horizontes de 3 e 6 meses, verifica-se que o ISE afeta negativamente as

rendibilidades tanto em períodos de expansão como recessão, mas o seu impacto é

mais severo em períodos economicamente difíceis.

Considerando o índice de empresas não financeiras, os resultados são

semelhantes. O impacto do ISE é apenas significativo em períodos de recessão quando

considerando um horizonte temporal de 1 mês ( -3.595%). A 3 e 6 meses,

verifica-se que o ISE impacta negativamente as rendibilidades em períodos de

expansão ( =-2.04% e

-3.41%), mas o seu impacto é maior em

períodos economicamente difíceis ( +

=-4.14% e +

=−5.556%).

Considerando o índice de empresas financeiras, a evidência mostra que o

impacto do ISE a um mês não é estatisticamente significativo independentemente do

estado da economia. Em horizontes de 3 e 6 meses, verifica-se que o ISE impacta

negativamente as rendibilidades em períodos de expansão ( -6.574% e

Page 89: Mariana Gonçalves Trancoso · 2016. 7. 15. · sentimento utilizam-se o índice de confiança do consumidor, o índice de sentimento económico, o índice de sentimento da Investor

79

=-6.378%), contudo o seu impacto é maior em períodos economicamente

difíceis ( +

=-10.112% e +

= -9.136%).

Page 90: Mariana Gonçalves Trancoso · 2016. 7. 15. · sentimento utilizam-se o índice de confiança do consumidor, o índice de sentimento económico, o índice de sentimento da Investor

80

Tabela 17 Capacidade explicativa do ISE sobre as rendibilidades do PSI-20

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do

índice de sentimento económico (ISE) sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do PSI-20. UR corresponde à

taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de

consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador

IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR

corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um

desfasamento de um mês. A variável ISE_BC representa a interação entre a variável de sentimento ISE e o estado da

economia. A variável BC corresponde à variável dummy que assume o valor 1 para o caso de recessão economia e 0

para o caso de expansão económica. As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado

é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um

nível de significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível

de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

PSI-20 1 Mês 3 Meses 6 Meses ISE -1.363 -2.904** -4.443*** (1.177) (1.200) (1.643) ISE_BC -2.986*** -2.580 -2.094 (1.103) (2.028) (1.784) BC -2.154 -1.214 -1.903 (1.857) (2.018) (1.989) IP 0.0149 -0.0374 -0.0834 (0.113) (0.0921) (0.138) IPC 0.544 -1.105 -0.138 (1.278) (1.407) (1.578) UR 0.587 -0.639 -1.674 (2.956) (2.203) (2.582) CONS 5.918*** 5.368*** 4.427** (2.276) (1.777) (1.972) L.IP 0.00347 0.0417 0.00598 (0.0900) (0.116) (0.133) L.IPC 0.166 2.176* 1.541 (1.203) (1.285) (1.351) L.UR -0.585 0.721 1.649 (2.792) (2.127) (2.549) L.CONS -5.397*** -4.333** -2.986* (2.065) (1.732) (1.755) Constante -1.420 -3.251 -2.754 (4.210) (4.095) (4.691) R

2 0.149 0.150 0.181

P.valor para 𝐻

0.0041 0.0000 0.0043

Page 91: Mariana Gonçalves Trancoso · 2016. 7. 15. · sentimento utilizam-se o índice de confiança do consumidor, o índice de sentimento económico, o índice de sentimento da Investor

81

Tabela 18 Capacidade explicativa do ISE sobre as rendibilidades do índice de empresas não financeiras

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do

índice de sentimento económico (ISE) sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do índice de empresas não

financeiras (ENF). UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial (%), CONS

corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços consumidor

(variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC

com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um mês, L.CONS

corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês. A variável ISE_BC representa a interação entre a

variável de sentimento ISE e o estado da economia. A variável BC corresponde à variável dummy que assume o valor

1 para o caso de recessão economia e 0 para o caso de expansão económica. As variáveis apresentam periocidade

mensal. O período temporal considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos

denotam o nível de significância: * denota um nível de significância estatística de 10%,** denota um nível de

significância estatística de 5%, e *** denota um nível de significância estatística de 1%.

Horizonte Temporal

1 Mês 3 Meses 6 Meses ENF ISE -1.217 -2.040* -3.410** (1.151) (1.166) (1.503) ISE_BC -2.378** -2.100 -2.146 (1.183) (1.390) (1.470) BC -2.722 -1.897 -1.423 (2.422) (2.240) (1.896) IP 0.0355 -0.0345 -0.0197 (0.104) (0.112) (0.133) IPC 0.314 -1.367 0.405 (1.068) (1.055) (1.060) UR 0.309 0.336 -1.688 (2.233) (1.951) (2.127) CONS 3.779** 3.284** 3.388** (1.689) (1.628) (1.477) L.IP -0.0322 0.0779 0.0614 (0.101) (0.0854) (0.144) L.IPC 0.0352 1.913** 0.549 (1.137) (0.922) (1.085) L.UR -0.374 -0.350 1.535 (2.181) (1.921) (2.057) L.CONS -3.368** -2.614 -2.458* (1.514) (1.639) (1.390) Constante 0.495 -0.625 0.0853 (3.585) (4.137) (4.087) R

2 0.133 0.130 0.168

P.valor para 𝐻

0.0100 0.0247 0.0011

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82

Tabela 19 Capacidade explicativa do ISE sobre as rendibilidades do índice de empresas financeiras

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do

índice de sentimento económico (ISE) sobre as rendibilidades futuras (1, 3 e 6 meses) do índice de empresas

financeiras (ENF) e do índice de empresas financeiras (EF), UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP

corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC

corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento

de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador

UR com um desfasamento de um mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês.

A variável ISE_BC representa a interação entre a variável de sentimento ICC e o estado da economia. A variável BC

corresponde à variável dummy que assume o valor 1 para o caso de recessão economia e 0 para o caso de expansão

económica. As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de Janeiro de

2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de significância

estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de significância

estatística de 1%.

Horizonte Temporal

EF 1 Mês 3 Meses 6 Meses ISE -4.051 -6.574*** -6.378** (2.927) (2.358) (3.129) ISE_BC -2.908 -3.538 -2.758 (2.620) (2.526) (2.430) BC -2.219 1.530 -2.502 (3.475) (3.052) (3.262) IP -0.0332 -0.0455 -0.181 (0.217) (0.187) (0.221) IPC 0.381 0.202 -2.078 (2.273) (2.373) (3.046) UR -1.547 4.287 -2.564 (4.960) (5.078) (5.800) CONS 13.08*** 15.17*** 9.571* (2.763) (4.082) (5.298) L.IP 0.0156 0.00506 -0.186 (0.217) (0.249) (0.241) L.IPC 1.462 2.799 4.650* (2.297) (2.076) (2.599) L.UR 1.494 -3.927 2.488 (4.837) (4.915) (5.604) L.CONS -11.59*** -12.47*** -7.381 (2.698) (3.846) (4.524) Constante -4.602 -12.49* -6.573

P.valor para 𝐻

0.0002 0.0010

5.3.3. Capacidade explicativa do indicador da Investor Intelligence

Os resultados da análise da capacidade explicativa do indicador da Investor

Intelligence sobre as rendibilidades futuras são passíveis de observação nas Tabelas 20

21 e 22.

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83

Antes de mais, nota-se, à semelhança do verificado nos pontos anteriores, que

boa parte das variáveis de controlo não são estatisticamente significativas.

Analisando o impacto do indicador da Investor Intelligence sobre as

rendibilidades do PSI-20 a um mês, constata-se que em períodos de expansão o

impacto não é estatisticamente significativo. De forma a testar se o impacto é

estatisticamente relevante durante períodos de recessão testou-se a hipótese de

𝐻0: 1+ 2 =0, sendo o P.valor obtido de 0.0997. Em horizontes temporais de 3 meses,

o impacto deste indicador não é estatisticamente relevante. Olhando para os

resultados a 6 meses, verifica-se um impacto negativo e estatisticamente significativo

sobre as rendibilidades do PSI-20 apenas em períodos de recessão ( -

6.854%).

Observando os resultados obtidos para o índice de empresas não financeiras

constata-se que o impacto do indicador da Investor Intelligence é apenas

estatisticamente significativo para um horizonte temporal de 6 meses e durante

períodos de recessão económica. Estima-se que um aumento do desvio-padrão deste

indicador impacte negativamente as rendibilidades em -5.769%.

Relativamente aos dados obtidos para o índice de empresas financeiras,

verifica-se que o indicador de sentimento afeta as rendibilidades a um mês, em

períodos de recessão económica. Nomeadamente, 1+ 2 =-7.165% e o P. valor obtido

ao testar 𝐻0: 1+ 2 =0 é de 0.0275. Para um horizonte temporal de 3 meses os

resultados não são estatisticamente significativos e, para um horizonte de 6 meses

constata-se que o impacto do sentimento sobre as rendibilidades durante períodos de

expansão é de -1.906% e, durante períodos de recessão é de -9.217%.

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84

Tabela 20 Capacidade explicativa do indicador de sentimento da Investor Intelligence sobre as rendibilidades do PSI-20

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do

índice da Investor Intelligence (% de investidores bullish menos a % de investidores bearish) sobre as rendibilidades

futuras (1, 3 e 6 meses) do PSI-20. UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP corresponde à produção industrial

(%), CONS corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC corresponde ao índice de preços

consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento de um mês, L.IPC corresponde ao

indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador UR com um desfasamento de um

mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês. A variável Investor Intelligence_BC

representa a interação entre a variável de sentimento e o estado da economia. A variável BC corresponde à variável

dummy que assume o valor 1 para o caso de recessão economia e 0 para o caso de expansão económica. As

variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de Janeiro de 2002 a 31 de

Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de significância estatística de

10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de significância estatística de 1%

Horizonte Temporal

1 Mês 3 Meses 6 Meses PSI-20 Investor Intelligence 0.375 0.0259 -0.465 (0.467) (0.559) (0.446) Investor Intelligence_BC -3.814* 1.621 -6.389*** (2.053) (1.982) (2.015) BC -7.001** 0.311 -11.01*** (3.143) (2.810) (3.793) IP 0.0482 0.00860 -0.0408 (0.107) (0.156) (0.113) IPC -0.247 -2.630** -0.819 (1.162) (1.193) (1.013) UR 1.088 -0.181 -0.693 (3.304) (2.418) (2.586) CONS 3.710** 1.112 2.090 (1.623) (2.184) (1.545) L.IP 0.0346 0.0799 0.0405 (0.0835) (0.118) (0.134) L.IPC -0.0305 2.135* 0.892 (1.195) (1.155) (1.115) L.UR -1.408 -0.216 0.323 (3.171) (2.407) (2.524) L.CONS -4.094*** -1.669 -2.521* (1.458) (2.123) (1.530) Constante 4.256 5.571* 4.128 (3.844) (3.351) (3.275) R

2 0.133 0.211

P.valor para 𝐻 0.0997 0.0000

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85

Tabela 21 Capacidade explicativa do indicador de sentimento da Investor Intelligence sobre as rendibilidades do índice de empresas não financeiras

Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do

índice da Investor Intelligence (% de investidores bullish menos a % de investidores bearish) sobre as rendibilidades

futuras (1, 3 e 6 meses) do índice de empresas não financeiras (ENF). UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP

corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC

corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento

de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador

UR com um desfasamento de um mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês.

A variável Investor Intelligence_BC representa a interação entre a variável de sentimento e o estado da economia. A

variável BC corresponde à variável dummy que assume o valor 1 para o caso de recessão economia e 0 para o caso

de expansão económica. As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de

Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de

significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de

significância estatística de 1%

Horizonte Temporal

1 Mês 3 Meses 6 Meses ENF Investor Intelligence 0.307 0.00292 -0.420 (0.431) (0.501) (0.385) Investor Intelligence_BC -2.561 1.935 -5.349** (2.477) (1.735) (2.144) BC -5.974* 0.0855 -9.172** (3.348) (2.674) (3.665) IP 0.0639 0.00103 0.0163 (0.110) (0.124) (0.121) IPC -0.394 -2.632*** -0.249 (1.113) (0.942) (1.195) UR 0.696 0.620 -0.901 (2.565) (2.065) (2.603) CONS 1.796 -0.147 1.351 (2.125) (2.009) (1.295) L.IP -0.00657 0.109 0.0936 (0.0895) (0.101) (0.125) L.IPC -0.103 1.945** 0.0503 (1.038) (0.833) (1.203) L.UR -1.037 -1.018 0.438 (2.419) (2.012) (2.572) L.CONS -2.175 -0.362 -1.912 (1.971) (1.880) (1.245) Constante 5.361 6.394 6.175** (4.585) (3.928) (2.952) R

2 0.109 0.089 0.195

P.valor para 𝐻 0.0012

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86

Tabela 22 Capacidade explicativa do indicador de sentimento da Investor Intelligence sobre as rendibilidades do índice de empresas financeiras Resultados (coeficientes e erros-padrão entre parênteses) das análises de regressão linear para testar o impacto do

índice da Investor Intelligence (% de investidores bullish menos a % de investidores bearish) sobre as rendibilidades

futuras (1, 3 e 6 meses) do índice de empresas financeiras (EF). UR corresponde à taxa de desemprego (%), IP

corresponde à produção industrial (%), CONS corresponde ao indicador coincidente de consumo privado (%) e IPC

corresponde ao índice de preços consumidor (variação %).L.IP corresponde ao indicador IP com um desfasamento

de um mês, L.IPC corresponde ao indicador IPC com um desfasamento de um mês, L.UR corresponde ao indicador

UR com um desfasamento de um mês, L.CONS corresponde ao indicador CONS com um desfasamento de um mês.

A variável Investor Intelligence_BC representa a interação entre a variável de sentimento e o estado da economia. A

variável BC corresponde à variável dummy que assume o valor 1 para o caso de recessão economia e 0 para o caso

de expansão económica. As variáveis apresentam periocidade mensal. O período temporal considerado é de 31 de

Janeiro de 2002 a 31 de Dezembro de 2014. Os asteriscos denotam o nível de significância: * denota um nível de

significância estatística de 10%,** denota um nível de significância estatística de 5%, e *** denota um nível de

significância estatística de 1%

Horizonte Temporal

EF 1 Mês 3 Meses 6 Meses Investor Intelligence 0.504 -0.0124 -1.906* (1.059) (0.840) (1.064) Investor Intelligence_BC -7.669** 1.862 -7.311*** (3.254) (2.330) (2.168) BC -11.63** 3.120 -14.83*** (5.127) (4.215) (3.299) IP 0.0182 0.0376 -0.128 (0.206) (0.247) (0.209) IPC -0.336 -2.239 -3.135 (2.211) (2.257) (2.315) UR -0.469 5.341 -1.246 (5.991) (5.725) (5.227) CONS 10.36*** 7.863* 6.815* (3.552) (4.220) (3.745) L.IP 0.0509 0.0656 -0.132 (0.238) (0.243) (0.171) L.IPC 0.812 2.493 3.832* (2.202) (2.119) (2.312) L.UR 0.00900 -5.788 0.670 (5.900) (5.418) (5.224) L.CONS -10.78*** -8.403** -7.212** (3.416) (3.946) (3.584) Constante 2.817 2.634 3.472 (6.676) (7.430) (6.514) P.valor para 𝐻 0.0275 0.0000

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87

5.3.4. Considerações gerais

Primeiramente salienta-se que nos testes efetuados para auferir se o

sentimento apresenta um impacto assimétrico sobre as rendibilidades futuras de

mercado, verifica-se existir uma relação negativa entre o sentimento e a rendibilidades

futuras, independentemente do estado da economia.

A análise efetuada com o ICC revela dados contraditórios, pelo que é difícil

retirar conclusões. Contudo, na análise efetuada com o ISE, de forma geral, a evidência

encontrada sugere que para um horizonte temporal de 1 mês o impacto do ISE sobre

as rendibilidades do PSI-20 e do índice de empresas não financeiras é apenas relevante

durante períodos de contração. Para horizontes temporais de 3 e 6 meses o ISE

influencie negativamente as rendibilidades futuras de mercado tanto em períodos de

expansão como também em períodos de recessão económica, sendo que o impacto é

significativamente maior em períodos de recessão.

Relativamente à análise efetuada com o indicador de sentimento da Investor

Intelligence, verifica-se que para um horizonte temporal de 6 meses este indicador

apenas detém capacidade explicativa sobre as rendibilidades do PSI-20 e sobre o índice

de empresas não financeiras durante períodos de recessão.

De forma geral, a evidência encontrada nos testes com o ISE e com o indicador

da Investor Intelligence apontam para um impacto assimétrico do sentimento, sendo

os seus efeitos mais pronunciados durante períodos de recessão. Esses resultados vão

de encontro ao estudo de Chen (2011). Os dados obtidos pelo autor, suportam a

suposição de que a falta de confiança afeta as rendibilidades de forma assimétrica,

sendo o impacto maior em bear markets. O autor conclui que um nível elevado de

pessimismo é capaz de conduzir o mercado para um período bear.

Contrariamente, Chung et al. (2012) obtém resultados distintos no seu estudo.

Os autores analisam o poder explicativo do sentimento nas rendibilidades transversais

em diferentes estados da economia e concluem que o poder preditivo do sentimento

apenas é relevante durante períodos de expansão económica.

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88

Apesar dos resultados obtidos sugerirem um impacto assimétrico do

sentimento dependendo do estado da economia, acredita-se que essa hipótese deve

ser explorada com maior profundidade. Ainda assim, salienta-se que a possibilidade de

o sentimento afetar de forma assimétrica as rentabilidades consoante o estado da

economia detém implicações práticas, por exemplo, a nível do impacto de políticas

monetárias. Kurov (2010) estuda a reação do mercado a políticas monetárias,

considerando a existência de investidores afetos ao sentimento. Como medida de

sentimento o autor utiliza os índices de sentimento de Baker & Wurgler (2006, 2007) e

a variação mensal do índice de sentimento da Investor Intelligence. Como variável

representativa de mercado, utiliza as rendibilidades do índice da S&P500. O autor

verifica que variações das políticas monetárias têm pouco impacto nas rendibilidades

do mercado durante períodos bull. Em períodos bear, o autor verifica que choques na

política monetária tem um impacto significativo no sentimento do investidor. No caso

de ações de empresas particularmente sensíveis a variações do sentimento, a sua

resposta a notícias sobre o sentimento é consideravelmente acentuada.

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89

6. CONCLUSÃO

A presente dissertação tem por objetivo principal verificar se o sentimento do

investidor apresenta algum impacto estatisticamente significativo sobre as

rendibilidades futuras do mercado de capitais português. Para dar resposta a este

objetivo, são analisadas várias medidas de sentimento e o seu impacto nas

rendibilidades do PSI-20 e, em subconjuntos de empresas financeiras e não financeiras

utilizando análises de regressão linear.

Como medidas de sentimento recorreu-se ao índice de confiança do

consumidor, ao índice de sentimento económico, ao índice de sentimento da Investor

Intelligence e ao índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007). O estudo de

diferentes medidas visa contribuir para o aprofundamento da literatura existente

específica para o mercado nacional.

Os resultados obtidos sugerem que o sentimento detém um impacto negativo

sobre as rendibilidades futuras de mercado. No caso do ICC verifica-se capacidade

explicativa em horizontes de 1 a 3 meses, o ISE e o índice de Baker & Wurgler ( 2007)

apresentam capacidade explicativa para todos os horizontes estudados e, o indicador

de sentimento da Investor Intelligence apresenta capacidade explicativa apenas

quando considerando um horizonte temporal de 6 meses.

A relevância estatística encontrada nas análises com o ICC e com o ISE sugere

que o mercado de capitais português seja afeto tanto a variações na confiança dos

consumidores, como também dos produtores. Aliás, o facto do impacto do ISE se

estender até horizontes temporais de 6 meses, enquanto o impacto do ICC é limitado

até horizontes de 3 meses pode ser indicador de que choques no nível de confiança

dos produtores, afetem o mercado durante períodos de tempo mais prolongados, em

comparação com choques no nível de confiança dos consumidores.

No que respeita à análise do índice de sentimento da Investor Intelligence e do

índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007), o facto do impacto destes

indicadores ser estatisticamente significativo sugere a possibilidade de existir um

contágio do mercado norte-americano para o mercado nacional.

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90

De acordo com os resultados, nota-se que o impacto do índice de sentimento

da Investor Intelligence apenas se manifesta quando analisando um horizonte de 6

meses, o que é consistente com os resultados obtidos por Verma & Soydemir (2006).

Os autores constatam que o impacto do sentimento americano noutros mercados

tende a não ser imediato, sendo uma possível explicação para esse desfasamento a

capacidade dos mercados estrangeiros em difundirem informação gerada nos EUA.

No que respeita à análise do índice de sentimento de Baker & Wurgler (2007),

verifica-se que o seu impacto sobre as rendibilidades é visível para todos os horizontes

temporais considerados. Uma possível explicação para a diferença de timing destes

dois indicadores pode advir da diferenciação destas duas medidas, o que é sugerido ao

longo deste estudo nas análises de correlação e nas diferenças verificadas na análise

da evolução destas variáveis. Outra possível explicação será o facto de o modelo

utilizado na análise do indicador de sentimento de Baker & Wurgler (2007) ser

ligeiramente diferente do aplicado para as restantes variáveis de sentimento.

Os resultados obtidos apontam ainda que o impacto do sentimento tende a ser

superior sobre as rendibilidades do índice de empresas financeiras, em comparação

com os resultados obtidos sobre as rendibilidades do PSI-20 e do índice de empresas

não financeiras. Contudo, esta diferença pode dever-se ao menor número de

empresas que este índice abarca, o que leva a que o tamanho da amostra seja menor.

Por outro lado, o índice de empresas não financeiras abarca grande parte das

empresas que constituem o PSI-20, pelo que, é possível que assumir que os resultados

assumam uma maior similaridade.

De forma geral, os dados obtidos, nesta primeira análise, sugerem que o

sentimento do investidor é um factor capaz de influenciar os preços do mercado de

capitais português. Ainda assim, os resultados obtidos com as regressões lineares

devem ser interpretados com cautela, dado que existe a possibilidade de que os

efeitos atribuídos ao sentimento se devam a variáveis omitidas.

Relativamente ao segundo objetivo fundamental desta dissertação, estudar a

possibilidade do sentimento afetar as rendibilidades futuras de forma assimétrica

consoante o estado da economia utilizaram-se novamente análises de regressão linear

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91

para responder a este objetivo. Concretamente analisou-se a interação das variáveis

de sentimento com o indicador do estado da economia do NBER.

Na análise efetuada com o ISE, de forma geral, a evidência encontrada sugere

que para um horizonte temporal de 1 mês o impacto do ISE sobre as rendibilidades do

PSI-20 e do índice de empresas não financeiras é apenas relevante durante períodos

de contração económica. Para horizontes temporais de 3 e 6 meses o ISE influencie

negativamente as rendibilidades futuras de mercado tanto em períodos de expansão

como também em períodos de recessão económica, sendo que o impacto é

significativamente maior em períodos de recessão.

No que respeita à análise efetuada com o indicador de sentimento da Investor

Intelligence, verifica-se que para um horizonte temporal de 6 meses este indicador

apenas detém capacidade explicativa sobre as rendibilidades do PSI-20 e sobre o índice

de empresas não financeiras durante períodos de recessão.

De forma geral, a evidência encontrada nos testes com o ISE e com o indicador

da Investor Intelligence apontam para um impacto assimétrico do sentimento, sendo

os seus efeitos mais pronunciados durante períodos de recessão. Esses resultados vão

de encontro ao estudo de Chen (2011). Os resultados obtidos pelo autor suportam a

teoria de que a falta de confiança afeta as rendibilidades de forma mais acentuada em

bear markets, sendo que essa falta de confiança é capaz de conduzir o mercado para

um período bear e aprofundar essa tendência.

Em conclusão, a presente dissertação suporta a hipótese de que o sentimento

do investidor é um factor capaz de introduzir risco no mercado de capitais, pelo que o

seu potencial impacto não deve ser desconsiderado. Consequentemente, salienta-se a

necessidade de continuar a aprofundar o conhecimento nesta temática, em particular

para o mercado português.

Limitações

A disponibilidade de dados foi um factor limitador ao presente estudo. Grande

parte das variáveis macroeconómicas apenas está disponível com base trimestral, o

que é restritivo dado que as medidas de sentimento tendem a ser construídas com

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92

base mensal. Adicionalmente, não existem, para o mercado nacional, inquéritos

diretos aos investigadores. Seria interessante dispor de uma medida que servisse como

proxy do sentimento institucional nacional, de maneira a comparar o seu impacto com

um proxy do sentimento individual. Seria também interessante construir um índice de

sentimento similar ao de Baker & Wurgler (2007) para o mercado nacional, mas, uma

vez mais, a disponibilidade de dados é um constrangimento.

A utilização de um horizonte temporal relativamente pequeno também pode

ser apontado como uma limitação.

Adicionalmente, o presente estudo utiliza duas variáveis construídas para o

mercado americano, apesar de ser metodologicamente aceite, o ideal seria utilizar

medidas construídas para o mercado português.

Sugestões para futura investigação

Para investigação futura poderia ser pertinente utilizar horizontes temporais

mais longos (12 ou até 24 meses), de maneira a confirmar se as suposições sobre os

horizontes temporais das medidas analisadas no presente estudo se confirmam.

Adicionalmente, sugere-se efetuar uma análise do sentimento a nível

transversal, é possível que o sentimento afecte de forma distinta diferentes ativos.

Relativamente à análise do impacto assimétrico do sentimento consoante o

ciclo económico, sugere-se uma análise mais complexa em comparação com a que se

efetuou no presente estudo, nomeadamente utilizando uma metodologia como a de

Markov-switching. Esta metodologia é utilizada, por exemplo, no estudo de Chen

(2012).

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93

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APÊNDICES

I. Resultados do teste de Phillips-Perron para a variável PSI-20

r; t=0.03 10:51:53

_cons .6081561 .8854563 0.69 0.493 -1.141235 2.357547

_trend -.0079305 .0098494 -0.81 0.422 -.0273898 .0115288

L1. .2001326 .0798226 2.51 0.013 .0424277 .3578376

psi

psi Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

MacKinnon approximate p-value for Z(t) = 0.0000

Z(t) -10.111 -4.022 -3.443 -3.143

Z(rho) -129.834 -27.767 -20.920 -17.683

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron psi, trend regress

r; t=0.05 10:51:53

L1. .2036931 .0793477 2.57 0.011 .0469427 .3604435

psi

psi Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

Z(t) -10.132 -2.593 -1.950 -1.614

Z(rho) -129.636 -13.410 -7.937 -5.637

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron psi, noconstant regress

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II. Resultados do teste Phillips-Perron para o índice de empresas financeiras

r; t=0.02 10:51:54

_cons .8588481 1.541282 0.56 0.578 -2.186253 3.903949

_trend -.0230769 .0172206 -1.34 0.182 -.0570996 .0109458

L1. .2978063 .0790148 3.77 0.000 .1416973 .4539153

financeiras

financeiras Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

MacKinnon approximate p-value for Z(t) = 0.0000

Z(t) -8.925 -4.022 -3.443 -3.143

Z(rho) -110.563 -27.767 -20.920 -17.683

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron financeiras, trend regress

r; t=0.02 10:51:54

L1. .319467 .0783958 4.08 0.000 .1645969 .474337

financeiras

financeiras Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

Z(t) -8.752 -2.593 -1.950 -1.614

Z(rho) -108.533 -13.410 -7.937 -5.637

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron financeiras, noconstant regress

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III. Resultados do teste Phillips-Perron para o índice de empresas não financeiras

r; t=0.02 10:51:54

_cons .8252469 .8101681 1.02 0.310 -.7753974 2.425891

_trend -.0068752 .0089911 -0.76 0.446 -.0246388 .0108884

L1. .1267006 .0807099 1.57 0.119 -.0327574 .2861587

nfinanceiras

nfinanceiras Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

MacKinnon approximate p-value for Z(t) = 0.0000

Z(t) -10.895 -4.022 -3.443 -3.143

Z(rho) -142.052 -27.767 -20.920 -17.683

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron nfinanceiras, trend regress

r; t=0.01 10:51:54

L1. .1343808 .0801288 1.68 0.096 -.0239127 .2926743

nfinanceiras

nfinanceiras Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

Z(t) -10.889 -2.593 -1.950 -1.614

Z(rho) -141.757 -13.410 -7.937 -5.637

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron nfinanceiras, noconstant regress

Page 110: Mariana Gonçalves Trancoso · 2016. 7. 15. · sentimento utilizam-se o índice de confiança do consumidor, o índice de sentimento económico, o índice de sentimento da Investor

r; t=0.02 10:51:53

_cons -.0262144 .0516152 -0.51 0.612 -.1281902 .0757614

_trend .0003329 .0005951 0.56 0.577 -.0008428 .0015087

L1. .9667353 .0268033 36.07 0.000 .9137803 1.01969

zicc

zicc Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

MacKinnon approximate p-value for Z(t) = 0.8277

Z(t) -1.504 -4.022 -3.443 -3.143

Z(rho) -6.820 -27.767 -20.920 -17.683

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron zicc, trend regress

r; t=0.01 10:51:53

L1. .9590225 .022856 41.96 0.000 .9138709 1.004174

zicc

zicc Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

Z(t) -1.985 -2.593 -1.950 -1.614

Z(rho) -7.803 -13.410 -7.937 -5.637

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron zicc, noconstant regress

IV. Resultados do teste de Phillips-Perron para a variável ICC

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V. Resultados teste de Phillips-Perron para a variável ISE

.

r; t=0.02 10:51:53

_cons -.007917 .0496256 -0.16 0.873 -.105962 .090128

_trend .0001044 .0005629 0.19 0.853 -.0010077 .0012164

L1. .9600565 .0252557 38.01 0.000 .910159 1.009954

zise

zise Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

MacKinnon approximate p-value for Z(t) = 0.6448

Z(t) -1.919 -4.022 -3.443 -3.143

Z(rho) -8.616 -27.767 -20.920 -17.683

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron zise, trend regress

r; t=0.02 10:51:53

L1. .9582515 .0231566 41.38 0.000 .9125059 1.003997

zise

zise Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

Z(t) -2.075 -2.593 -1.950 -1.614

Z(rho) -8.581 -13.410 -7.937 -5.637

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron zise, noconstant regress

Page 112: Mariana Gonçalves Trancoso · 2016. 7. 15. · sentimento utilizam-se o índice de confiança do consumidor, o índice de sentimento económico, o índice de sentimento da Investor

VI. Resultados do teste de Phillips-Perron para o índice de sentimento de Baker &

Wurgler (2007)

r; t=0.01 10:51:54

_cons -.0709023 .0371205 -1.91 0.059 -.1445137 .0027091

_trend .0008391 .000585 1.43 0.154 -.0003209 .0019992

L1. .8223924 .0482002 17.06 0.000 .7268095 .9179753

is

is Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

MacKinnon approximate p-value for Z(t) = 0.0261

Z(t) -3.646 -4.038 -3.449 -3.149

Z(rho) -18.288 -27.447 -20.728 -17.523

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 107

. pperron is, trend regress

r; t=0.02 10:51:54

L1. .8483898 .0466807 18.17 0.000 .7558408 .9409387

is

is Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

Z(t) -3.225 -2.599 -1.950 -1.610

Z(rho) -15.888 -13.314 -7.905 -5.605

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 107

. pperron is, noconstant regress

Page 113: Mariana Gonçalves Trancoso · 2016. 7. 15. · sentimento utilizam-se o índice de confiança do consumidor, o índice de sentimento económico, o índice de sentimento da Investor

VII. Resultados do teste de Phillips-Perron para a variável de sentimento da Investor

Intelligence

r; t=0.01 10:51:54

_cons .0514528 .1253577 0.41 0.682 -.1962157 .2991213

_trend -.0006484 .0013958 -0.46 0.643 -.003406 .0021092

L1. .6390967 .0624787 10.23 0.000 .5156579 .7625356

bull_bear

bull_bear Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

MacKinnon approximate p-value for Z(t) = 0.0000

Z(t) -5.716 -4.022 -3.443 -3.143

Z(rho) -54.494 -27.767 -20.920 -17.683

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron bull_bear, trend regress

r; t=0.02 10:51:54

L1. .6418485 .0618353 10.38 0.000 .5196935 .7640035

bull_bear

bull_bear Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

Z(t) -5.727 -2.593 -1.950 -1.614

Z(rho) -53.933 -13.410 -7.937 -5.637

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron bull_bear, noconstant regress

Page 114: Mariana Gonçalves Trancoso · 2016. 7. 15. · sentimento utilizam-se o índice de confiança do consumidor, o índice de sentimento económico, o índice de sentimento da Investor

VIII. Resultados do teste de Phillips-Perron para a variável do ciclo económico

r; t=0.01 10:51:54

_cons .0110983 .0184598 0.60 0.549 -.0253726 .0475692

_trend -.0000489 .0002027 -0.24 0.810 -.0004493 .0003515

L1. .9372835 .0283031 33.12 0.000 .8813652 .9932018

bc

bc Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

MacKinnon approximate p-value for Z(t) = 0.4168

Z(t) -2.331 -4.022 -3.443 -3.143

Z(rho) -10.770 -27.767 -20.920 -17.683

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron bc, trend regress

r; t=0.02 10:51:54

L1. .9444444 .0264851 35.66 0.000 .8921235 .9967654

bc

bc Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

Z(t) -2.197 -2.593 -1.950 -1.614

Z(rho) -9.462 -13.410 -7.937 -5.637

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron bc, noconstant regress

Page 115: Mariana Gonçalves Trancoso · 2016. 7. 15. · sentimento utilizam-se o índice de confiança do consumidor, o índice de sentimento económico, o índice de sentimento da Investor

IX. Resultados do teste Phillips-Perron para a variável representativa da produção

industrial

.

r; t=0.02 10:51:54

_cons -.4506937 .7328204 -0.62 0.539 -1.898522 .9971351

_trend -.0039466 .0081507 -0.48 0.629 -.0200499 .0121566

L1. .3641863 .0755251 4.82 0.000 .2149719 .5134008

ip

ip Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

MacKinnon approximate p-value for Z(t) = 0.0000

Z(t) -8.916 -4.022 -3.443 -3.143

Z(rho) -118.992 -27.767 -20.920 -17.683

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron ip, trend regress

r; t=0.01 10:51:54

L1. .402605 .0737629 5.46 0.000 .2568873 .5483228

ip

ip Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

Z(t) -8.558 -2.593 -1.950 -1.614

Z(rho) -110.363 -13.410 -7.937 -5.637

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron ip, noconstant regress

Page 116: Mariana Gonçalves Trancoso · 2016. 7. 15. · sentimento utilizam-se o índice de confiança do consumidor, o índice de sentimento económico, o índice de sentimento da Investor

X. Resultados do teste Phillips-Perron para a variável representativa do consumo

privado

r; t=0.01 10:51:54

_cons -.0605576 .0554 -1.09 0.276 -.1700111 .0488959

_trend .0008358 .0006229 1.34 0.182 -.0003948 .0020664

L1. .9996063 .0108817 91.86 0.000 .9781074 1.021105

cons

cons Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

MacKinnon approximate p-value for Z(t) = 0.8598

Z(t) -1.404 -4.022 -3.443 -3.143

Z(rho) -4.994 -27.767 -20.920 -17.683

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron cons, trend regress

r; t=0.02 10:51:54

L1. .9937146 .0098977 100.40 0.000 .9741618 1.013267

cons

cons Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

Z(t) -1.570 -2.593 -1.950 -1.614

Z(rho) -5.124 -13.410 -7.937 -5.637

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron cons, noconstant regress

Page 117: Mariana Gonçalves Trancoso · 2016. 7. 15. · sentimento utilizam-se o índice de confiança do consumidor, o índice de sentimento económico, o índice de sentimento da Investor

XI. Resultados do teste Phillips-Perron para a variável representativa da taxa de

desemprego

.

r; t=0.02 10:51:54

_cons .1104172 .0795053 1.39 0.167 -.046661 .2674954

_trend -.0004994 .0009659 -0.52 0.606 -.0024077 .0014089

L1. .9983173 .0134763 74.08 0.000 .9716923 1.024942

ur

ur Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

MacKinnon approximate p-value for Z(t) = 0.9336

Z(t) -1.072 -4.022 -3.443 -3.143

Z(rho) -3.526 -27.767 -20.920 -17.683

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron ur, trend regress

r; t=0.01 10:51:54

L1. 1.00393 .0014154 709.29 0.000 1.001134 1.006726

ur

ur Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

Z(t) 1.605 -2.593 -1.950 -1.614

Z(rho) 0.570 -13.410 -7.937 -5.637

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron ur, noconstant regress

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XII. Resultados do teste Phillips-Perron para o índice de preços do consumidor

r; t=0.01 10:51:54

_cons .1296495 .0999022 1.30 0.196 -.0677268 .3270258

_trend -.0009314 .0007769 -1.20 0.232 -.0024663 .0006035

L1. .9599276 .0233909 41.04 0.000 .9137143 1.006141

ipc

ipc Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

MacKinnon approximate p-value for Z(t) = 0.5231

Z(t) -2.141 -4.022 -3.443 -3.143

Z(rho) -9.513 -27.767 -20.920 -17.683

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron ipc, trend regress

r; t=0.02 10:51:54

L1. .9831709 .0115738 84.95 0.000 .9603069 1.006035

ipc

ipc Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]

Z(t) -1.547 -2.593 -1.950 -1.614

Z(rho) -3.369 -13.410 -7.937 -5.637

Statistic Value Value Value

Test 1% Critical 5% Critical 10% Critical

Interpolated Dickey-Fuller

Newey-West lags = 4

Phillips-Perron test for unit root Number of obs = 155

. pperron ipc, noconstant regress

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XIII. Resultados dos testes Breusch-Godfrey nas regressões entre as variáveis de

sentimento e o PSI-20, a 1, 3 e 6 meses

Prob> Chi2

1 Mês 3 Meses 6 Meses

ICC 0.2004 0.1179 0.0559

ISE 0.2160 0.2551 0.4109

Investor Intelligence 0.0651 0.0408 0.0867

Índice de Sentimento de Baker & Wurgler (2007) 0.4354 0.4629 0.3040

XIV. Resultados dos testes Breusch-Godfrey nas regressões entre as variáveis de

sentimento e o índice de empresas financeiras, a 1, 3 e 6 meses

Prob> Chi2

1 Mês 3 Meses 6 Meses

ICC 0.063 0.0032 0.0014

ISE 0.0167 0.0067 0.0076

Investor Intelligence 0.0021 0.0014 0.0041

Índice de Sentimento de Baker & Wurgler (2007) 0.0877 0.1779 0.0749

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XV. Resultados dos testes Breusch-Godfrey nas regressões entre as variáveis de

sentimento e o índice de empresas não financeiras, a 1, 3 e 6 meses

Prob> Chi2

1 Mês 3 Meses 6 Meses

ICC 0.7090 0.5777 0.3404

ISE 0.6401 0.8184 0.8928

Investor Intelligence 0.3811 0.3062 0.5253

Índice de Sentimento de Baker & Wurgler (2007) 0.9506 0.9393 0.7522

Page 121: Mariana Gonçalves Trancoso · 2016. 7. 15. · sentimento utilizam-se o índice de confiança do consumidor, o índice de sentimento económico, o índice de sentimento da Investor

XVI. Resultados dos testes Breusch-Godfrey nas regressões entre as variáveis de

sentimento e o PSI-20, considerando a interação com o estado da economia, a

1, 3 e 6 meses

Prob> Chi2

1 Mês 3 Meses 6 Meses

ICC 0.3300 0.1949 0.1229

ISE 0.3394 0.3650 0.5678

Investor Intelligence 0.0653 0.0371 0.4027

XVII. Resultados dos testes Breusch-Godfrey nas regressões entre as variáveis de

sentimento e o índice de empresas financeiras, considerando a interação com o

estado da economia, a 1, 3 e 6 meses

Prob> Chi2

1 Mês 3 Meses 6 Meses

ICC 0.0151 0.0097 0.0025

ISE 0.0236 0.0125 0.0097

Investor Intelligence 0.0007 0.0016 0.0085

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XVIII. Resultados dos testes Breusch-Godfrey nas regressões entre as variáveis de

sentimento e o índice de empresas não financeiras, considerando a interação

com o estado da economia, a 1,3 e 6 meses

XIX. Resultados dos testes de assimetria e curtose nas regressões entre as variáveis

de sentimento e as rendibilidades do PSI-20 a 1, 3 e 6 meses

Prob> Chi2

1 Mês 3 Meses 6 Meses

ICC 0.7551 0.6687 0.5692

ISE 0.7532 0.9335 0.6497

Investor Intelligence 0.4337 0.2724 0.7442

Prob> Chi2

1 Mês

3 Meses

6 Meses

ICC 0,0032 0,0000 0,0001

ISE 0,0005 0,001 0,0002

Investor Intelligence 0,0007 0,0001 0,0000

Índice de Sentimento de Baker & Wurgler (2007) 0,0001 0,0001 0,0000

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XX. Resultados dos testes de assimetria e curtose nas regressões entre as variáveis

de sentimento e as rendibilidades do índice de empresas financeiras a 1, 3 e 6

meses

XXI. Resultados dos testes de assimetria e curtose nas regressões entre as variáveis

de sentimento e as rendibilidades do índice de empresas não financeiras a 1, 3

e 6 meses

Prob> Chi2

1 Mês 3 Meses 6 Meses

ICC 0,0001 0,0000 0,0000

ISE 0,0000 0,0000 0,0000

Investor Intelligence 0,0000 0,0000 0,0000

Índice de Sentimento de Baker & Wurgler (2007) 0,0000 0,0000 0,0000

XXII. Resultados dos testes de assimetria e curtose nas regressões entre as variáveis

de sentimento e as rendibilidades do PSI-20 considerando a interação com a

economia a 1, 3 e 6 meses

Prob> Chi2

1 Mês 3Meses 6 eses

ICC 0,5169 0,2884 0,2164

ISE 0,5047 0,2545 0,1974

Investor Intelligence 0,3188 0,2006 0,0817

Índice de Sentimento de Baker & Wurgler (2007) 0,0085 0,0058 0,0186

Prob> Chi2

1 Mês 3 Meses 6 Meses

ICC 0,0337 0,0000 0,0007

ISE 0,0006 0,0002 0,0006

Investor Intelligence 0,0002 0,0003 0,0002

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XXIII. Resultados dos testes de assimetria e curtose nas regressões entre as variáveis

de sentimento e as rendibilidades do índice de empresas financeiras

considerando a interação com a economia a 1, 3 e 6 meses

XXIV. Resultados dos testes de assimetria e curtose nas regressões entre as variáveis

de sentimento e as rendibilidades do índice de empresas não financeiras

considerando a interação com a economia a 1, 3 e 6 meses

Prob> Chi2

1 Mês 3 Meses 6 Meses

ICC 0,0095 0,0000 0,0000

ISE 0,0000 0,0000 0,0000

Investor Intelligence 0,0000 0,0000 0,0001

Prob> Chi2

1 Mês 3 Meses 6 Meses

ICC 0,8554 0,2308 0,1264

ISE 0,6536 0,2162 0,1276

Investor Intelligence 0,4068 0,2099 0,0454