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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
MESTRADO ACADMICO EM CINCIAS DO CUIDADO EM SADE
MARINA GOMES DOS SANTOS
MAPEAMENTO EM SADE COMO FERRAMENTA PARA GERNCIA DO CUIDADO
DE ENFERMAGEM A IDOSOS HIPERTENSOS
Niteri
2015
MARINA GOMES DOS SANTOS
MAPEAMENTO EM SADE COMO FERRAMENTA PARA GERNCIA DO CUIDADO
DE ENFERMAGEM A IDOSOS HIPERTENSOS
Dissertao de Mestrado, apresentada ao
Curso de Mestrado Acadmico em Cincias do
Cuidado em Sade, pela Universidade Federal
Fluminense, como requisito para obteno do
grau de mestre.
ORIENTADORA: Prof. Dr. Brbara Pompeu Christovam
Niteri
2015
FICHA CATALOGRFICA
S 237 SANTOS, MARINA GOMES DOS.
Mapeamento em sade como ferramenta para gerncia do
cuidado de enfermagem a idosos hipertensos / Marina Gomes dos
Santos. Niteri: [s.n.], 2015.
116 f.
Dissertao (Mestrado Acadmico em Cincias do Cuidado em
Sade) - Universidade Federal Fluminense, 2015.
Orientador: Prof. Dr. Brbara Pompeu Christovam.
1. Cuidados de enfermagem. 2. Hipertenso. 3. Idoso. 4.
Ateno primria sade. 5. Enfermagem em sade comunitria. 6.
Preveno de doenas / Preveno & Controle. I. Ttulo.
CDD 610.73
MARINA GOMES DOS SANTOS
MAPEAMENTO EM SADE COMO FERRAMENTA PARA GERNCIA DO CUIDADO
DE ENFERMAGEM A IDOSOS HIPERTENSOS
Dissertao de Mestrado, apresentada ao
Curso de Mestrado Acadmico em Cincias do
Cuidado em Sade, pela Universidade Federal
Fluminense, como requisito para obteno do
grau de mestre.
Apresentado em 11/03/2015
Prof. Dr. Brbara Pompeu Christovam
Prof. Dr. Marluci Andrade Conceio Stipp
Prof. Dr. Miriam Marinho Chrizostimo
Prof. Dr. Tereza Tonini
Prof. Dr. Dayse Mary da Silva Correa
Niteri
2015
DEDICATRIA
A todos que fizeram do meu sonho real, me
proporcionando foras para que eu no
desistisse de ir atrs do que eu buscava para
minha vida. Muitos obstculos foram impostos
para mim durante esses ltimos anos, mas
graas a vocs eu no fraquejei. Obrigada por
tudo pai, me, irmos, familiares, afilhados,
noivo, professores e amigos.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente Deus pelo dom da vida e por todas as bnos derramadas sobre mim
e em minha famlia, agradeo por ter me dado fora e me erguido nos momentos de fraquezas,
nunca deixando-me desistir dos meus sonhos e objetivos.
A minha av, que no est mais fisicamente comigo, mas enquanto esteve sempre me
encorajou e me deu apoio para continuar a minha faculdade.
Aos meus pais, Paulo e Emilia, por serem sempre a minha base e o meu exemplo de
vida, por terem me ajudado nos momentos difceis e terem comemorado junto comigo as
vitrias, pois sabiam o quanto as batalhas tinham sido duras, e por nunca terem me deixado
desistir de nenhum objetivo.
Aos meus irmos, Victor e Samara, pelo amor incondicional que dedicam a mim,
durante toda a vida. Agradeo pelas suas existncias, pois foi por meio de tudo que
partilhamos e compartilhamos que pude crescer, realizar os meus sonhos e me tornar a mulher
que hoje sou.
Aos meus tios, tias e familiares por todo apoio, ajuda e orgulho que sempre tiveram de
mim ao longo de toda vida e por terem sempre comemorado comigo cada pequena conquista.
Aos meus afilhados, que so meus maiores orgulhos e por eles que fao tudo em
minha vida, sem eles as conquistas no teriam sentido e ao final no seriam to gratificantes.
Ao meu noivo Vincius, por todo amor, companheirismo, apoio, ajuda, dedicao e
conselhos, sem ele tudo seria mais difcil e a vida no teria tanta beleza e
Aos meus amigos, que tornaram a minha caminhada menos difcil e mais prazerosa, e
que compreenderam meus muitos momentos de ausncia.
A minha orientadora, Prof. Dr. Brbara Pompeu Christovam, pelo apoio, parceria ao
longo dessa caminhada, na construo deste estudo e por sua amizade, relao de admirao,
carinho e respeito, que transcende os muros da UFF e se estende para a vida.
EPGRAFE
Os sonhos determinam o que voc quer. As
aes determinam o que voc conquista.
Aldo Novak
http://pensador.uol.com.br/autor/aldo_novak/
RESUMO
Os agravos decorrentes de DCNT tm sido as principais causas de bito em idosos,
seguindo uma tendncia mundial. Nesta populao algumas doenas crnicas no
transmissveis, tem apresentado um crescimento alarmante, em especial a hipertenso
arterial sistmica (HAS) e os seus agravos, tm recebido ateno especial dos servios de
sade. O Sistema de Informao em Sade (SIS) - HIPERDIA, uma importante
tecnologia que, juntamente com a tcnica de mapeamento em sade, permite a coleta,
processamento e anlise dos servios de sade, bem como processos de vigilncia e
planejamento do cuidado. Nesta perspectiva, as aes de gerncia do cuidado realizadas
pelo enfermeiro na ateno bsica tm carter expressivo e instrumental de cuidado direto
e indireto voltadas promoo da sade e preveno de agravos. Para o desenvolvimento
do estudo utilizou-se como questo de pesquisa: O mapeamento em sade uma
ferramenta do gerenciamento do cuidado que possibilita determinar a relao entre o perfil
epidemiolgico e os determinantes sociais em sade na prevalncia dos fatores de risco
relacionados hipertenso arterial sistmica? Hiptese: Existe correlao entre os
determinantes sociais de sade (DSS) e o perfil epidemiolgico dos idosos no aumento da
prevalncia dos fatores de risco relacionados hipertenso arterial sistmica (HAS).
Objetivos: Caracterizar o perfil epidemiolgico da populao cadastrada no Hiperdia;
Mapear a distribuio dos fatores de risco relacionados aos agravos a sade dos clientes
cadastrados no programa Hiperdia da PRLB; e correlacionar os DSS e o perfil
epidemiolgico na prevalncia dos fatores de risco da HAS. Quanto aos aspectos
metodolgicos foi desenvolvido um estudo do tipo epidemiolgico descritivo, seccional,
de abordagem quantitativa, aplicando-se o mtodo de mapeamento em sade. O cenrio
de pesquisa foi a PRLB; como fontes de dados foram utilizados os SIS: Hiperdia e Gil
com corte temporal de 2009 2013; alm de dados do IBGE, Censo Demogrfico de 2000
e 2010, e do Plano Urbanstico da Regio de Pendotiba, 2015, realizado pela Secretaria de
Urbanismo e Mobilidade, da Prefeitura Municipal de Niteri. Aps anlises e com o
objetivo de processar as informaes obtidas de modo a simplific-las e sintetiz-las,
houve o cruzamento de mltiplas informaes e dados, ou variveis, no modelo de
tabulao cruzada (cross - tables). Tendo como critrios de incluso/excluso: pacientes
com idade superior ou igual a 60 anos, de ambos os sexos, cadastrados no perodo
compreendido entre 2009 e 2013, moradores do bairro do Largo da Batalha, com
diagnstico de hipertenso arterial sistmica. Foram excludos do estudo os idosos
portadores de Diabetes Mellitus, tipo 1 ou tipo 2. Resultados/Discusso: foram
cadastrados 725 pacientes no programa Hiperdia da PRLB, sendo 93 selecionados para o
estudo. Predominncia do sexo feminino; da cor branca; e da idade entre 66 e 71 anos;
40,9% dos sujeitos informaram ter antecedentes familiares; o tabagismo foi um fator de
risco confirmado por 59,1%; j o sedentarismo foi negado por 40,9%. Nesta populao, a
baixa escolaridade, associada baixa renda mensal, so aspectos sociodemogrficos
relevantes, existindo correlao direta entre os DSS e o perfil epidemiolgico dos idosos
no aumento da prevalncia dos fatores de risco relacionados HAS. Neste cenrio o
desenvolvimento do mapeamento em sade na ateno bsica, torna-se uma ferramenta
capaz de fornecer juntamente com as informaes do perfil sociodemogrfico e
epidemiolgico de sua populao, subsdios para a construo de um plano de aes e de
cuidado de enfermagem, mais prximo a realidade e as necessidades de seu pblico,
devendo este ser compreendido pelo enfermeiro como uma estratgia da gerncia do
cuidado. O estudo encontra-se inserido em um projeto de pesquisa maior aprovado pelo
Comit de tica em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal
Fluminense encontra-se sob n CAAE: 2866.0.000.258-10.
Palavras-chave: Hipertenso; Idoso; Ateno Primria Sade; Enfermagem em Sade
Comunitria; Cuidados de Enfermagem; Preveno e Doenas / preveno & controle.
ABSTRACT
Disorders resulting from NCDs have been the main causes of death in the elderly, following a
worldwide trend. In this population some chronic diseases have shown an alarming increase,
particularly systemic arterial hypertension (SAH) and its subsequent conditions which have
received special attention of health services. The Health Information System (SIS) -
HIPERDIA is an important technology that, with the health mapping technique, allows the
collection, processing and analysis of health services, monitoring procedures and care
measures planning. In this perspective, the care management actions carried out by nurses in
primary care services have expressive and instrumental character of direct and indirect care,
aimed at health promotion and disease prevention. For the development of this study we used
as the research question: Is the health mapping a care management tool that lets us determine
the relationship between the epidemiology and social determinants of health in the prevalence
of risk factors related to hypertension? Hypothesis: There is a correlation between social
determinants of health (SDH) and the epidemiological profile of the elderly in the increased
prevalence of risk factors related to high blood pressure (hypertension). Objectives: To
characterize the epidemiological profile of the population registered in HIPERDIA; to map
the distribution of risk factors related to health harms of patients registered in HIPERDIA
program of PRLB; and to correlate the SDH and epidemiological profile of the population in
the prevalence of risk factors of hypertension. In the methodological aspects we developed a
descriptive epidemiological sectional study, with quantitative approach, applying the health
mapping method. The research scenario was the PRLB, and the data sources used were
HIPERDIA and Gil from period between 2009 and 2013, both from SIS; in addition to data
from IBGE, Census 2000 and 2010, and the Urban Plan of Pendotiba Region, from 2015,
developed by the Department of Urban Planning and Mobility, of the City of Niteri. After
analysis and in order to process the information obtained to simplify and synthesize them, we
performed the crossing of multiple information and data and/or variables in the cross-table
model. The following inclusion/exclusion criteria were used: patients aged 60 years or older,
of both genders, registered in the period between 2009 and 2013, residents in the
neighborhood of Largoda Batalha, with a diagnosis of hypertension. The elderly with diabetes
mellitus, type 1 or type 2 were excluded from the study. Results / Discussion: Of the 725
patients registered in the HIPERDIA PRLB program, 93 were selected for the study. Of these,
we could verify a predominance of women, of white color, aged between 66 and 71 years.
40.9% of the subjects reported having a family history of the disease; smoking was a risk
factor confirmed by 59.1% of the patients; 40.9% of the sample denied having a sedentary
lifestyle. In this population, a low education level, associated with a low monthly income, are
relevant sociodemographic characteristics demonstrating direct correlation between the SDH
and the epidemiological profile of the elderly in the increased prevalence of risk factors
related to hypertension. In this scenario, the development of health mapping in primary care,
as a tool able to provide information about the socio-demographic and epidemiological profile
of the population, subsidizing the construction of an action plan as well as a nursing health
care plan, closer to the reality and the needs of their targets, and which must be understood by
the nursing teams as a care management strategy. This study is part of a larger research
project approved by the Ethics Research Committee of the Medical College of Fluminense
Federal University, under CAAE register number: 2866.0.000.258-10.
Keywords: Hypertension; Elderly; Primary Health Care; Public Health Nursing; Nursing
care; Disease Prevention and Control.
SUMRIO
1 - INTRODUO, p. 20
2 - CAPTULO - FUNDAMENTAO TERICA, p. 29
2.1 - AS POLTICAS PBLICAS E LEGISLAES RELACIONADAS SADE DO
IDOSO HIPERTENSO, p. 29
2.2 - OS DETERMINANTES SOCIAIS EM SADE E OS FATORES DE RISCOS PARA O
DESENVOLVIMENTO DAS DCNTS NOS IDOSOS ESPECIALMENTE A HAS, p. 32
2.3 - OS SISTEMAS DE INFORMAO EM SADE - SISTEMA DE
CADASTRAMENTO E ACOMPANHAMENTO DE HIPERTENSOS E DIABTICOS
HIPERDIA E O GERENCIADOR DE INFORMAES LOCAIS GIL, p. 36
2.4 - O CONCEITO DE GERNCIA DO CUIDADO DE ENFERMAGEM SEGUNDO
CHRISTOVAM, p. 40
2.5. O MODELO CONCEITUAL DE SISTEMAS ABERTOS INTERATUANTES E A
TEORIA DO ALCANCE DE METAS, p. 43
2.5.1 - Sistemas Pessoais, p. 44
2.5.2 - Sistemas Interpessoais, p. 45
2.5.3 - Sistemas Sociais, p. 45
2.5.5 - Enfermeiro-paciente (idoso) e os sistemas, p. 45
2.5.5 - A Teoria do Alcance de Metas, p. 46
2.6 - O MAPEAMENTO EM SADE, p. 46
3 - METODOLOGIA, p. 49
3.1 - TIPO DE PESQUISA, p. 49
3.2 - CARACTERIZAO DOS LOCAIS DE PESQUISA, p. 49
3.3 - AMOSTRA DA PESQUISA, p. 54
3.4 - COLETA DE DADOS, p. 54
3.5 - ASPECTOS TICOS, p. 54
3.6 - TRATAMENTO E ANLISE DOS DADOS, p. 55
4 - APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS, p. 57
4.1. APRESENTAO DOS RESULTADOS - POLICLNICA REGIONAL DO LARGO
DA BATALHA E FICHAS CADASTRAIS DO HIPERDIA, p.57
4.1.1 - Categoria 1: Caracterizao do perfil epidemiolgico da populao cadastrada no
Hiperdia, p. 61
4.1.2 - Categoria 2: Correlao dos determinantes Sociais de Sade para caracterizao do
perfil epidemiolgico na prevalncia dos fatores de risco da HAS, p. 71
4.2 - APRESENTAO DOS RESULTADOS - BAIRRO LARGO DA BATALHA, p. 75
4.2.1 - Caracterizao da populao do bairro Largo da Batalha, p. 76
4.2.2 - Faixas Etrias, p. 78
4.2.3 - Relao dos Sexos, p. 79
4.2.4 - Relao Raa /Cor autodeclarada, p. 80
4.2.5 - Renda Mensal, p. 80
4.2.6 - Caracterizao dos Domiclios, p.83
4.2.7 - Condies dos Domiclios, relativas rede de esgoto, abastecimento de gua,
saneamento bsico e coleta de lixo, p. 87
4.3 - O MAPEAMENTO EM SADE COMO ESTRATGIA PARA A GERNCIA DO
CUIDADO, p. 89
4.3.1 - Categoria 3: Mapeamento e distribuio dos fatores de risco relacionados aos agravos
a sade dos clientes cadastrados no programa Hiperdia da PRLB, p.88
4.4. DISCUSSO, p. 95
5 CONSIDERAES FINAIS, p. 102
6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS, p. 103
7 APNDICE, p. 114
8 ANEXOS, p.115
LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1 Esquema dos Trs Sistemas Interativos da Teoria do Alcance de Metas, p.44
Figura 2 Mapa da diviso do municpio de Niteri/RJ, por regies de planejamento, p.50
Figura 3 Mapa de destaque do bairro Largo da Batalha, por meio de recorte da regio de
Pendotiba, Niteri/RJ, p. 51
Figura 4 Mapa da concentrao populacional dos municpios de Niteri/RJ, com destaque
ao bairro Largo da Batalha na regio de Pendotiba, p. 52
Figura 5 Mapa do crescimento populacional da regio de Pendotiba, por meio de Recorte
Temporal comparativo, realizado entre os anos de 2002 e 2014, p.53
Figura 6 Mapa da Distribuio dos Aglomerados Subnormais dos bairros da regio de
Pendotiba, Niteri/RJ, Brasil,p. 76
Figura 7 Mapa da pessoas com 60 anos ou mais, residentes no bairro Largo da Batalha, na
regio de Pendotiba, Niteri/RJ, Brasil, 2010, p. 79
Figura 8 Mapa da renda mdia por domiclio da populao dos bairros da regio de
Pendotiba, Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2010, p. 81
Figura 9 Mapa de Distribuio dos domiclios, nos bairros da regio de Pendotiba,
Niteri/RJ, Brasil, 2010, p. 83
Figura 10 Mapa da Densidade Demogrfica do bairro Largo da Batalha, segundo setores
censitrios, IBGE, 2010 - Recorte da Regio de Pendotiba, Niteri /RJ, Brasil,
p.90
Figura 11 Mapa das Pessoas residentes, com 60 ou mais, no bairro do Largo da Batalha,
segundo setores censitrios do IBGE, 2010 - Recorte da Regio de Pendotiba,
Niteri /RJ, Brasil, p. 91
Figura 12 Mapa da Distribuio dos usurios cadastrados no Hiperdia da PRLB, segundo
endereo, no bairro Largo da Batalha Niteri, Rio de Janeiro/ Brasil, 2009
2013, p. 92
Figura 13 Mapa de Distribuio dos Idosos selecionados para o estudo, cadastrados no
Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha, segundo a Raa/Cor,
Niteri, Rio de Janeiro/ Brasil, 2009 2013, p. 93
Figura 14 Mapa de Distribuio dos Idosos selecionados para o estudo,cadastrados no
Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha, que apresentam
Sobrepeso/Obesidade, com base nos resultados de IMC, Niteri, Rio de Janeiro/
Brasil, 2009 2013, p. 94
Figura 15 Mapa de Distribuio dos Idosos selecionados para o estudo,cadastrados no
Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha, que apresentam
Sobrepeso/Obesidade, com base nos resultados de IMC, Niteri, Rio de Janeiro/
Brasil, 2009 2013, p. 95
Grfico 1 Frequncia das patologias dos usurios cadastrados no Hiperdia, da Policlnica
Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2009, p. 57
Grfico 2
Frequncia das patologias dos usurios cadastrados no Hiperdia, da Policlnica
Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2010, p. 58
Grfico 3 Frequncia das patologias dos usurios cadastrados no Hiperdia, da Policlnica
Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2011, p. 58
Grfico 4 Frequncia das patologias dos usurios cadastrados no Hiperdia, Policlnica
Regional do Largo da Batalha Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2012, p. 59
Grfico 5 Frequncia das patologias dos usurios cadastrados no Hiperdia, Policlnica
Regional do Largo da Batalha Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2013, p. 59
Grfico 6 Frequncia de Sexo dos idosos selecionados para o estudo, cadastrados no
Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de
Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 61
Grfico 7 Frequncia de Idade dos idosos selecionados para o estudo, cadastrados no
Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de
Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 61
Grfico 8 Frequncia de raa/cor autodeclarada dos idosos selecionados para o estudo,
cadastrados no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri,
Rio de Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 62
Grfico 9 Frequncia de Peso dos idosos selecionados para o estudo, cadastrados no
Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de
Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 62
Grfico 10 Frequncia de Altura dos idosos selecionados para o estudo, cadastrados no
Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de
Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 63
Grfico 11 Frequncia de Sobrepeso/Obesidade dos Idosos selecionados para o estudo,
cadastrados no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri,
Rio de Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 63
Grfico 12 Frequncia de Sobrepeso/Obesidade com base no clculo de ndice de massa
corporal dos Idosos selecionados para o estudo, cadastrados no Hiperdia, da
Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2009
2013, p. 64
Grfico 13 Frequncia de Antecedentes Familiares para DCNTs dos Idosos selecionados
para o estudo, cadastrados no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da
Batalha - Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 64
Grfico 14 Frequncia de Tabagismo dos Idosos selecionados para o estudo, cadastrados no
Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de
Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 65
Grfico 15 Frequncia de sedentarismo dos Idosos selecionados para o estudo, cadastrados
no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de
Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 65
Grfico 16 Frequncia de Acidente Vascular Cerebral dos Idosos selecionados para o estudo,
cadastrados no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri,
Rio de Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 66
Grfico 17 Frequncia de Coronariopatias dos Idosos selecionados para o estudo,
cadastrados no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri,
Rio de Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 66
Grfico 18 Frequncia de Doena Renal dos Idosos selecionados para o estudo, cadastrados
no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de
Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 67
Grfico 19 Frequncia de Infarto Agudo do Miocrdio dos Idosos selecionados para o
estudo, cadastrados no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha -
Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 67
Grfico 20 Frequncia de Tratamento Medicamentoso dos Idosos selecionados para o
estudo, cadastrados no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha -
Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 68
Grfico 21 Frequncia da Presso Arterial dos Idosos selecionados para o estudo,
cadastrados no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri,
Rio de Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 69
Grfico 22 Correlao entre Sexo e P.A. dos Idosos selecionados para o estudo, cadastrados
no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de
Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 71
Grfico 23 Correlao entre Raa e P.A.. dos Idosos selecionados para o estudo, cadastrados
no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de
Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 72
Grfico 24 Correlao entre Sexo e Sobrepeso/Obesidade, com base nos Resultados do IMC,
dos Idosos selecionados para o estudo, cadastrados no Hiperdia, da Policlnica
Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2009 2013, p.73
Grfico 25 Correlao entre Raa e Sobrepeso/Obesidade, com base nos Resultados do IMC,
dos Idosos selecionados para o estudo, cadastrados no Hiperdia, da Policlnica
Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2009 2013, p.73
Grfico 26 Correlao entre Idade, Peso, Altura e IMC, dos Idosos selecionados para o
estudo, cadastrados no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da Batalha -
Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 74
Grfico 27 Correlao entre presso arterial, peso, altura e IMC, dos Idosos selecionados
para o estudo, cadastrados no Hiperdia, da Policlnica Regional do Largo da
Batalha - Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 74
Grfico 28 Correlao entre Raa, Antecedentes Familiares, Tabagismo e Sedentarismo dos
Idosos selecionados para o estudo, cadastrados no Hiperdia, da Policlnica
Regional do Largo da Batalha - Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2009 2013, p. 75
Quadro 1 Crescimento Populacional da Regio de Pendotiba, Niteri/RJ, Brasil, 2010, p.
77
Quadro 2 Taxa de Alfabetizao, segundo a faixa etria, nos bairros da Regio de
Pendotiba, Niteri/RJ, Brasil, 2010, p.78
Quadro 3 Estratos de idade dos bairros de abrangncia da PRLB, Largo da Batalha -
Niteri/RJ, Brasil, 2010, p.78
Quadro 4 Relao de sexos dos bairros de abrangncia da PRLB, Largo da Batalha -
Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2010, p.79
Quadro 5 Relao de raa/cor autodeclarada da populao dos bairros da regio de
Pendotiba, Niteri, Rio de Janeiro/Brasil, 2010, p.80
Quadro 6 Renda mensal bruta da populao dos bairros da regio de Pendotiba, Niteri/RJ,
Brasil, 2010, p.82
Quadro 7 Relao do nmero de setores censitrios em extrema pobreza, segundo os
bairros da regio de Pendotiba, Niteri/RJ, Brasil, 2010, p.82
Quadro 8 Domiclios Particulares Permanentes dos bairros da regio de Pendotiba,
Niteri/RJ, Brasil, 2010, p.84
Quadro 9 Tipos de domiclios dos bairros da regio de Pendotiba, Niteri/RJ, Brasil, 2010,
p. 85
Quadro 10 Condio dos domiclios da populao dos bairros da regio de Pendotiba,
Niteri/RJ, Brasil, 2010, p. 86
Quadro 11 Domiclios segundo a unidade domstica, dos bairros da regio de Pendotiba,
Niteri/RJ, Brasil, 2010, p.87
Quadro 12 Tipo de Sistema de esgoto no domiclio dos bairros da regio de Pendotiba,
Niteri/RJ, Brasil, 2010, p. 88
Quadro 13 Abastecimento de gua e coleta de lixo dos bairros da regio de Pendotiba,
Niteri/RJ, Brasil, 2010, p.88
Quadro 14 Mudanas no Estilo de Vida para Controle para HAS, p. 98
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AVC Acidente Vascular Cerebral
Art. Artigo
BVS Biblioteca Virtual em Sade
CNES Cadastro Nacional de Estabelecimento de Sade
CADSUS Cadastro Nacional de Usurios
CNDSS Comisso Nacional sobre os Determinantes Sociais da Sade
CONASS Conselho Nacional de Secretrias de Sade
CONASEMS Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Sade
DCNT Doenas Crnicas No Transmissveis
DHA Departamento de Hipertenso Arterial
DATASUS Departamento de Informtica do Sistema nico de Sade
DSS Determinantes Sociais de Sade
DM Diabetes Mellitus
EEAAC Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa
ESF Estratgias de Sade da Famlia
GIL Gerenciador de Informaes Locais
HAS Hipertenso Arterial Sistmica
IBECS ndice Bibliogrfico Espanhol de Cincias da Sade
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IMC ndice de Massa Corporal
IAM Infarto agudo do miocrdio
LILACS Literatura Latino-americana e do Caribe em Cincias da Sade
MEDLINE Literatura Internacional em Cincias da Sade
MS Ministrio da Sade
NOB Norma Operacional Bsica
N Nmero
OMS Organizao Mundial de Sade
OPAS Organizao Pan-Americana de Sade
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios
PND Plano Nacional de Desenvolvimento
PNS Pesquisa Nacional de Sade
PUR- Pendotiba Plano Urbanstico da Regio de Pendotiba
PRLB Policlnica Regional do Largo da Batalha
PIA Populao em Idade Ativa
PSF Programa de Sade da Famlia
PMF Programa Mdico de Famlia
PNI Programa Nacional de Imunizao
PTS Projeto Teraputico Singular
RJ Rio de Janeiro
SCIELO Scientific Electronic Library Online
SADI Servio de Atendimento Domiciliar ao Idoso
SPA-1 Servio de Pronto Atendimento
Hiperdia Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e
Diabticos
SIAB Sistema de Informao da Ateno Bsica
SINAN Sistema de Informao de Agravos de Notificao
SIS Sistema de Informao em Sade
SIA-SUS Sistema de Informaes Ambulatoriais do SUS
SIH-SUS Sistema de Informaes Hospitalares do SUS
SIM Sistema de Informaes sobre Mortalidade
SINASC Sistema de Informaes sobre Nascidos Vivos
SISVAN Sistema de Vigilncia Nutricional
SISPRENATAL Sistema Pr-Natal
SUS Sistema nico de Sade
SAE Sistematizao da Assistncia de Enfermagem
SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia
UBS Unidades Bsicas de Sade
UFF Universidade Federal Fluminense
Vigitel Vigilncia de Fatores de Risco e Proteo para Doenas Crnicas
por Inqurito Telefnico
WHO World Health Organization
20
1. INTRODUO
De acordo com IBGE (2014) na Pesquisa Nacional de Sade (PNS) de 2013, as
doenas crnicas no transmissveis (DCNT) constituem o problema de sade de maior
magnitude no Brasil correspondendo, atualmente, por mais de 70% das causas de mortes no
pas antes dos 70 anos de idade, estando as doenas cardiovasculares entre as mais prevalentes
gerando perda de qualidade de vida, incapacidades e alto grau de limitao das pessoas
doentes em suas atividades de trabalho e de lazer.
Corroborando com o exposto o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE),
aponta que o nmero de idosos no Brasil alcana aproximadamente, 20 milhes de pessoas
com idade igual ou superior a 60 anos, este grupo representa pelo menos 10% da populao
brasileira. Estima-se que em 2025 haja cerca de 32 milhes de pessoas com 60 anos ou mais
de idade (BRASIL, 2010).
Nesta populao algumas doenas crnicas no transmissveis, tem apresentado um
crescimento alarmante, em especial a hipertenso arterial sistmica (HAS) e os agravos,
oriundos desta patologia, provocando uma ateno especial dos servios de sade. Estudos da
Sociedade Brasileira de Cardiologia e o Departamento de Hipertenso Arterial (SBC/DHA)
estimam que a cada ano morra 7,6 milhes de pessoas em todo o mundo devido hipertenso.
Cerca de 80% dessas mortes ocorrem em pases em desenvolvimento, como o Brasil, sendo
que mais da metade das vtimas tm entre 45 e 69 anos. A HAS responsvel, por 54% de
todos os casos de acidentes vasculares cerebrais e 47% dos casos de infarto agudo do
miocrdio, fatais e no fatais, em todo o mundo.
De acordo com a Organizao Mundial de Sade (OMS, 2011) pode ser constatada
uma epidemia de DCNT, onde estas afetam especialmente as pessoas de baixa renda, por
estarem mais expostas aos fatores de risco e por terem menor acesso aos servios de sade,
criando de certa forma um crculo vicioso, o que acarreta as famlias um maior estado de
pobreza.
Segundo Brasil (2011), pesquisas recentes demonstram que as DCNT constituem o
problema de sade de maior magnitude no Brasil. Atingem fortemente camadas pobres da
populao e grupos vulnerveis, correspondendo a 72% das causas de mortes e de 75% dos
gastos com ateno sade no Sistema nico de Sade (SUS).
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Diferentes estudos vm sendo desenvolvidos com o intuito de conhecer e monitorar
essas doenas que vem aumentando sua prevalncia ao longo dos anos. Segundo a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD, 2008), no Brasil, 59,5 milhes de pessoas
(31,3%) afirmaram apresentar pelo menos uma doena crnica; do total da populao, 5,9%
declararam ter trs ou mais doenas crnicas e esses percentuais aumentaram com a idade,
IBGE (2010).
A cada ano no Brasil, ocorrem mais de 320 mil mortes por doenas cardiovasculares, a
maioria delas relacionada hipertenso no controlada. A Organizao Mundial de Sade
(OMS) estima que a HAS que acomete aproximadamente uma em cada trs pessoas, ou seja,
dois bilhes da populao mundial; j de acordo com dados do Ministrio da Sade, cerca de
30 milhes de brasileiros tm hipertenso e h outros 12 milhes que ainda no sabem que
possuem a doena.
Dados da Vigilncia de Fatores de Risco e Proteo para Doenas Crnicas por
Inqurito Telefnico (Vigitel), do Ministrio da Sade corroboram com o exposto tendo em
vista que 24,3% da populao brasileira tm hipertenso arterial, contra 22,5% em 2006, ano
em que foi realizada a primeira pesquisa. A doena mais comum entre as mulheres (26,9%)
que entre os homens (21,3%), o Estado do Rio de Janeiro acompanhou a estimava, pois neste
mesmo estudo foi divulgado que 29,7% da populao do Estado portadora de HAS sendo
25,4% do sexo masculino e 33,2% do sexo feminino e entre os brasileiros com mais de 65
anos de idade, 59,2% declaram-se hipertensos (BRASIL, 2012).
Segundo dados do Departamento de Informtica do Sistema nico de Sade
(DATASUS) oriundos do Programa Hiperdia apontam que no Municpio de Niteri at o ano
de 2012, esto cadastrados no sistema aproximadamente 49.979 pacientes diagnosticados com
hipertenso. Vale salientar que de acordo com dados do IBGE, a populao de Niteri at o
mesmo ano, alcanava o nmero de 487.562 habitantes, ou seja, aproximadamente 10,26% da
populao do referido municpio hipertensa.
Cabe ressaltar que, embora a HAS seja uma doena crnico-degenerativa de fcil
diagnstico e com grandes possibilidades teraputicas, farmacolgicas e no farmacolgicas,
seu controle ainda um desafio aos pacientes, especialmente para a populao idosa, alm
disso, a no adeso e o interrupo do tratamento anti-hipertensivo so frequentes.
Reconhecer as especificidades, de cada regio e paciente, tem sido uma grande dificuldade
dos servios de sade de um modo geral. No entanto relevante citarmos que a adeso, de
fato, ao tratamento ocorrer se houver a integrao dos usurios ao seu processo de cuidado,
tornando-o ator principal deste, ou seja, conduzindo estes ao processo de autocuidado.
22
Neste contexto, o idoso com uma ou mais doena crnica pode ser considerado
saudvel se realiza o tratamento adequado, por meio de controle medicamentoso, atividade
fsica, mudana alimentar, suporte familiar entre outros. Deste modo, o tratamento e o
acompanhamento de uma doena crnica no transmissvel (DCNT) devem ser desenvolvido
de modo multidimensional para que desta forma haja minimizao de possveis sequelas e/ou
desenvolvimento incapacidades associadas (RAMOS, 2003; GOTTLIEB, 2011).
Os profissionais de sade, especialmente os enfermeiros, devem ter suas aes
voltadas ao cuidado holstico dos indivduos, compreendendo que so seres biopsicossociais,
que interagem com os meios em que esto inseridos (famlia, trabalho, sociedade e outros),
sofrendo influncias socioeconmicas e culturais continuamente (KING, 1981).
Nesta perspectiva, entende-se que a promoo da sade e a preveno de agravos a
esta clientela especfica, requer do enfermeiro a implementao de aes de gerncia do
cuidado pautadas no mapeamento prvio dos determinantes sociais de sade que interferem
direta e indiretamente nas condies de sade de idosos hipertensos em um territrio.
De acordo com a VI Diretrizes Brasileiras de Hipertenso Arterial (2010), os
principais fatores de risco para o desenvolvimento da HAS so: idade, gnero e etnia, excesso
de peso e obesidade, ingesto de sal, ingesto de lcool, sedentarismo, fatores
socioeconmicos e gentica. Alm destes, o documento tambm aponta como fator de risco o
tabagismo e ainda expe como determinantes sociais das DCNT, assim incluindo a HAS, as
desigualdades sociais, as diferenas no acesso aos bens e aos servios, a baixa escolaridade, as
desigualdades no acesso informao (BRASIL, 2011).
Com base no exposto, possvel inferir que os fatores de risco associados ao
desenvolvimento da HAS, so reas de interveno de grande importncia para efetividade
das aes de gerncia do cuidado a serem implementadas pelo enfermeiro na ateno bsica.
De acordo com a OMS, este pequeno conjunto de fatores de risco responde pela grande
maioria das mortes relacionadas as doenas cardiovasculares e a hipertenso arterial sistmica
e por frao substancial da carga de enfermidade associada a outras DCNT (BRASIL, 2011).
De acordo com Vaz et. al, 2005, os fatores de risco podem ser definidos como
caractersticas inatas ou adquiridas de um indivduo que se associa ao aumento da
probabilidade de este vir a sofrer ou falecer de determinada doena ou condio. Ainda
segundo o autor os fatores de risco devem ser compreendidos como atributos individuais,
como por exemplo: idade, sexo, raa e outros, ou mesmo como uma exposio, podendo ser
citada a ambiental, a que est positiva ou negativamente associada com a ocorrncia de uma
determinada doena.
23
O conhecimento da prevalncia dos fatores de risco para DCNT, principalmente os de
natureza comportamental (dieta, sedentarismo, dependncia qumica - tabaco, lcool e outras
drogas) fundamental. A preveno e o controle auxiliam de modo a evitar o crescimento,
epidmico e pandmico, e suas consequncias nefastas para a qualidade de vida e o sistema de
sade no pas.
Algumas estratgias vm sendo implementadas em nosso pas com o intuito de reduzir
estes agravos decorrentes das DCNT. Para tal, o Ministrio da Sade lana no ano de 2011 o
Plano de aes estratgicas para o enfrentamento das doenas crnicas no transmissveis
(DCNT) no Brasil no perodo de 2011-2022. Esse plano rene o conjunto de aes que
possibilitam conhecer a distribuio, magnitude e tendncia dessas doenas e de seus fatores
de risco na populao, identificando seus condicionantes sociais, econmicos e ambientais,
com o objetivo de definir e priorizar as aes e os investimentos necessrios para preparar o
pas para enfrentar e deter as DCNT nos prximos dez anos, bem como subsidiar o
planejamento, a execuo e a avaliao da preveno e do controle, no intuito de apoiar as
polticas pblicas de promoo da sade (BRASIL, 2011).
Os trs componentes essenciais da vigilncia de DCNT so: monitoramento os fatores
de risco; da morbidade e mortalidade especfica das doenas; e das respostas dos sistemas de
sade as aes implementadas, que tambm incluem gesto, ou polticas, planos,
infraestrutura, recursos humanos e acesso a servios de sade essenciais, inclusive a
medicamentos (WHO, 2011).
Corroborando com essa discusso, Christovam (2009) sugere que o modelo de gesto
em sade seja fundamentado nas necessidades e demandas da populao por aes e servios
de promoo, proteo e recuperao da sade e, na perspectiva holstica e interdisciplinar de
prestao de cuidados a usurios dos servios de sade de baixa e mdia complexidade
envolva o desenvolvimento de aes educativas e interventivas junto aos clientes, familiares e
equipe de sade e de enfermagem voltadas promoo, recuperao da sade e a preveno
de agravos.
Nesta perspectiva, as aes de gerncia do cuidado realizadas pelo enfermeiro na
ateno bsica tm carter expressivo e instrumental de cuidado direto e indireto voltadas
promoo da sade e preveno de agravos, utilizando-se da Sistematizao da Assistncia de
Enfermagem (SAE) como uma ferramenta gerencial, que visa planejar, organizar,
implementar e avaliar o cuidado em sade. Sendo assim, as aes de gerncia do cuidado de
enfermagem esto relacionadas s aes de cuidado direto e indireto, que devem ser
desenvolvidas de modo articulado proporcionando uma assistncia de qualidade e
24
sistematizadas ao usurio/familiares, aliando o enfoque instrumental de qualidade e
produtividade ao enfoque expressivo de humanismo, proximidade, envolvimento e tica
(CHRISTOVAM, 2012).
Neste sentido as aes de gerncia do cuidado de enfermagem, esto intrinsecamente
ligadas s aes de educao em sade, uma vez que os focos principais dessas aes so a
preveno, promoo da sade, reduo de agravos e comorbidades articuladas aos
Determinantes Sociais de Sade (DSS), por meio da produo da autonomia, j que o
enfermeiro como educador em sade fornece subsdios necessrios ao usurio para que este
possa atuar como ator principal no seu processo sade-doena, ou seja, o indivduo passa a
tornar-se responsvel por seus processos de transformao.
Corroborando com esta afirmao Alves e Aerts (2011), referem que a educao em
sade deve estimular a adoo voluntria de mudanas de comportamento. Isso significa que
as informaes sobre sade e doena devem ser discutidas com os indivduos e a partir dessa
reflexo, ser possvel a opo por uma vida mais saudvel. Essa opo deve estar
fundamentada na anlise da realidade que se faz a partir da identificao de problemas e
necessidades de sade. Sendo assim as intervenes de enfermagem e aes de educao em
sade devem estar voltadas para o alcance dos focos de atuao expostos anteriormente.
Destarte, condio sinequa non reconhecer as condies socioambientais que os
indivduos esto inseridos, compreendendo que estes tem seu processo sade-doena
amplamente influenciado por fatores ambientais, denominados Determinantes Sociais de
Sade (DSS). Essa identificao deve ser feita com o objetivo de trabalhar questes
educativas, atividade fundamental na busca pela qualidade de vida de quem sofre de doenas
crnicas.
Buss e Filho (2007) afirmam que de acordo com a Comisso Nacional sobre os
Determinantes Sociais da Sade (CNDSS), DSS so fatores sociais, econmicos, culturais,
tnicos/raciais, psicolgicos e comportamentais que influenciam a ocorrncia de problemas de
sade e seus fatores de risco na populao, que atravs da introduo de aes
intervencionistas baseadas em sade podem potencialmente ser alterados.
Assim torna-se possvel inferir que por meio de aes especficas sobre os
determinantes (como renda, educao, ocupao, estrutura familiar, disponibilidade de
servios, saneamento, exposies a doenas, redes e apoio social e acesso a aes preventivas
de sade), as causas das doenas, as iniquidades em sade e os mecanismos pelos quais as
condies do contexto social que afetam a sade podem ser modificadas (GEIB, 2012).
25
Desta forma, a criao de estratgias e tcnicas que busquem a compreenso e o
monitoramento e o planejamento de intervenes com enfoque nos diferentes fatores
relacionados ao desenvolvimento de DCNT tornam-se imprescindvel. Diferentes estudos
epidemiolgicos tm sido desenvolvidos como com vistas a compreender e explicar o
processo sade-doena nos indivduos e em populaes. A Geografia da Sade por sua vez,
procura identificar na estrutura espacial e nas relaes sociais que ela encerra associaes
plausveis com os processos de adoecimento e morte nas coletividades (BRASIL, 2006).
No entanto, as duas reas aceitam como premissa geral que os padres de
morbimortalidade e sade no ocorrem de forma aleatria em populaes humanas, mas sim
em padres ordenados que refletem causas subjacentes. Estas causas subjacentes muitas vezes
relacionadas com as relaes sociais do meio, fatores comportamentais, e de acesso aos
servios de sade so facilmente compreendidos quando so aplicadas tcnicas e se
desenvolvem aes para a compreenso de relaes sade-doena com o territrio destas
coletividades, possibilitando tambm, a compreenso de que se h ou no uma relao
dialgica entre o que considerado demanda, com o que se oferta.
Neste intuito a tcnica de mapeamento em sade, como ferramenta de territorializao,
vem sendo bastante difundida e implementada em diferentes campos da sade. O
reconhecimento do territrio um passo bsico para a caracterizao da populao e de
seus problemas de sade, bem como para a avaliao do impacto dos servios sobre os nveis
de sade dessa populao. Sendo fundamental identificar e interpretar a organizao e
dinmica das populaes que nele habitam, as condies de vida da populao e as diferentes
situaes ambientais que os afetam.
Uma vez que de acordo com Santana et. al. (2013) o territrio se constitui da
acumulao de situaes histricas, ambientais, sociais que promovem condies particulares
para a produo de sade e doenas. Para conhec-lo fundamental que as equipes de sade
realizem o mapeamento, a fim de identificar as condies de vida, as necessidades de sade,
os riscos coletivos e as potencialidades deste territrio.
Assim a territorializao como um instrumento utilizado na prtica da sade pblica,
gera subsdios para elaborao de estratgias em sade, atravs do mapeamento das reas de
ao da equipe de ateno bsica, fornecendo aos profissionais de sade as mais variadas
informaes sobre a populao de determinada localidade. Em posse desse conhecimento
estes profissionais podero planejar estratgias de atuao que tem base nas aes de
vigilncia em sade, desta possibilitando a compreenso da dinmica que envolve o meio
onde se estabelece o processo sade/doena. Tal conduta visa a execuo dos princpios
http://www.epsjv.fiocruz.br/pdtsp/nav.php?s_livro_id=6&capitulo_id=22&autor_id=&sub_capitulo_id=702&arquivo=ver_pop_up
26
norteadores do SUS, quais sejam, integridade, equidade e descentralizao (CASSIANO, et.
al., 2010).
O enfermeiro enquanto agente promotor de sade e no uso de suas atribuies e
competncias tem o mapeamento em sade como uma ferramenta que permite a busca de
intervenes mais efetivas no que diz respeito ao monitoramento, preveno de agravos e
promoo da sade da populao; possibilita o conhecimento das reais necessidades de sade
da populao; bem como o monitoramento dos fatores de risco sade de populao
especfica; e tambm a elaborao de estratgias que de fato sero de grande relevncia, tanto
no mbito individual quanto no coletivo.
Com base no exposto, surgiu uma necessidade e inquietude em aprofundar os estudos
iniciados na graduao relacionados a aes do enfermeiro na ateno primria para o pblico
idoso hipertenso, com enfoque nas aes de gerncia do cuidado de enfermagem realizadas
nesse cenrio.
Para tal, foi realizado um recorte no municpio de Niteri/RJ, especificamente, no
bairro do Largo da Batalha. Por meio de dados disponibilizados pela Policlnica Regional do
Largo da Batalha (PRLB), foi possvel constatar que no referido bairro h grande nmero de
idosos portadores de DCNTS, sendo a HAS mais prevalente. Salienta-se ainda que a Unidade
de Sade possui o programa hiperdia institudo desde o ano de 2006.
Com o objetivo de buscar na literatura cientfica as lacunas do conhecimento acerca da
temtica em estudo, utilizou-se da estratgia PICO (P: paciente; I: interveno; C:
comparao; O: outcomes-desfecho) como uma ferramenta de pesquisa baseada em
evidncia, que prope que os problemas clnicos da prtica assistencial, sejam inicialmente
fragmentados para posteriormente serem organizados (SANTOS et. al. 2007).
Para tal utilizou-se os seguintes descritores: hypertension, Aged; Primary Health Care,
Community Health Nursing; Nursing Care; e Disease Prevention /prevention & control ,
para busca de produes nas bases cientficas LILACS (Literatura Latino-americana e do
Caribe em Cincias da Sade); MEDLINE (Literatura Internacional em Cincias da Sade);
COCHRANE LIBRARY; SCIELO (Scientific Electronic Library Online);e IBECS (ndice
Bibliogrfico Espanhol de Cincias da Sade); aplicando os seguintes critrios para busca e
seleo: produes publicadas nos ltimos cinco anos (2009 a 2013); realizadas com idosos
hipertensos, nos idiomas portugus, ingls ou espanhol; e ter texto completo disponvel para
consulta. Aps realizar o levantamento, na base de dados da Biblioteca Virtual em Sade
(BVS), foram encontrados 497 ARTIGOS, destes, 213 possuam textos disponveis para
consulta. Aps a aplicao de filtros, alcanou-se 194; com a leitura de ttulos atingiu-se o
http://www.scielo.org/index.php?lang=pthttp://www.scielo.org/index.php?lang=pt
27
nmero de 57 artigos; ao realizar-se a leitura dos resumos restou 25 artigos; e finalmente com
a leitura do texto completo, foram selecionados 7 artigos, que possuam aderncia total a
temtica.
A partir dos resultados da anlise das produes selecionadas evidenciou-se que a
maioria dos estudos foi realizada no Brasil, no entanto com predominncia da lngua inglesa;
quanto s temticas abordadas, nenhuma produo abordava as aes de gerncia e assistncia
de modo articulado. A anlise destes estudos evidenciou a relevncia do desenvolvimento da
presente pesquisa, tendo em vista que articula gerncia e assistncia, ou seja, a gerncia do
cuidado de enfermagem para idosos hipertensos com vistas a alcanar a promoo da sade e
preveno de agravos.
Tendo em vista as lacunas e fragilidades apontadas na literatura acerca da temtica do
estudo, elaborou-se a seguinte questo de pesquisa: O mapeamento em sade uma
ferramenta do gerenciamento do cuidado que possibilita determinar a relao entre o perfil
epidemiolgico e os determinantes sociais em sade na prevalncia dos fatores de risco
relacionados hipertenso arterial sistmica? Para nortear o desenvolvimento do estudo foram
delimitadas como hipteses e objetivos para o estudo:
Hiptese:
Existe correlao entre os fatores de risco e o perfil epidemiolgico dos idosos no
aumento da prevalncia dos fatores de risco relacionados hipertenso arterial sistmica
(HAS).
Objetivos:
Caracterizar o perfil epidemiolgico da populao cadastrada no Hiperdia;
Correlacionar os fatores de risco e o perfil epidemiolgico dos idosos na prevalncia
dos agravos sade dos idosos portadores de HAS.
Mapear a distribuio dos fatores de risco relacionados aos agravos a sade dos
clientes cadastrados no programa Hiperdia da PRLB;
Assim, com base no exposto entende-se que os resultados deste estudo podero
subsidiar possveis mudanas no saber-fazer do enfermeiro na implantao e implementao
de aes de gerncia do cuidado a idosos hipertensos na ateno bsica, entendendo que a
unidade bsicas de sade um cenrio de prxis de enfermeiros. Alm disso, espera-se que
este estudo possibilite a sensibilizao e a reflexo por parte de pesquisadores docentes ou
28
no, discentes e enfermeiros sobre as aes gerenciais voltadas para o cuidado ao cliente
idoso hipertenso e famlia na ateno bsica.
Ao considerar a importncia de trazer a tona dimenses de um fenmeno da prtica de
Enfermagem ainda obscuro e/ ou que ainda no tenham sido descritos claramente na
literatura, o desenvolvimento desta pesquisa visa contribuir para a produo de novos
conhecimentos sobre as aes de gerncia do cuidado a idosos hipertensos na ateno bsica,
de forma a valorizar a prxis e nortear a tomada de deciso clnica do enfermeiro. Nesta
perspectiva, a contribuio deste estudo linha de pesquisa Gerncia do Cuidado de
Enfermagem do Grupo de Estudos e Pesquisas em Cidadania e Gerncia na Enfermagem da
Universidade Federal Fluminense, insere-se no esforo mais geral da Enfermagem na busca
de bases tericas especficas para a profisso construdas e aplicadas prtica do enfermeiro.
29
2 - CAPTULO - FUNDAMENTAO TERICA
Neste captulo, apresentada a base terica sobre as principais temticas que orientam
o estudo, a saber: Polticas Pblicas e Legislao de Sade que versam sobre: Sade do Idoso;
Hipertenso; Ateno Bsica, bem como as temticas referentes aos fatores de risco,
determinantes sociais de sade, sistemas de informao em sade, Hiperdia e Gil e o conceito
de gerncia do cuidado de enfermagem proposto por Christovam e o modelo de sistemas
abertos e interatuantes e a teoria do alcance de metas, propostos por King adaptando-os aos
referentes empricos relacionados ao processo de cuidado realizado na ateno bsica por
enfermeiros ao idoso hipertenso de acordo com suas caractersticas, especificidades e
necessidades. Por fim ser discutida a estratgia de mapeamento em sade adotada para este
estudo.
2.1 - AS POLTICAS PBLICAS E LEGISLAES RELACIONADAS SADE DO
IDOSO HIPERTENSO
Neste item so apresentadas especificamente as Polticas Pblicas e as suas vertentes
voltadas para sade do idoso e hipertenso. Vale esclarecer que as polticas pblicas so
constitudas por diversos tipos de polticas, que atendem as demandas de cada parcela da
sociedade, por exemplo: polticas sociais, de meio ambiente, de sade e outras.
A discusso deve ser iniciada com a exposio dos Art. 196, 197 e 198 da
Constituio Federal de 1988expem que:
Art. 196. A sade direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polticas
sociais e econmicas que visem reduo do risco de doena e de outros agravos e
ao acesso universal e igualitrio s aes e servios para sua promoo, proteo e
recuperao.
Art. 197. So de relevncia pblica as aes e servios de sade, cabendo ao Poder
Pblico dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentao, fiscalizao e controle,
devendo sua execuo ser feita diretamente ou atravs de terceiros e, tambm, por
pessoa fsica ou jurdica de direito privado.
Art. 198. As aes e servios pblicos de sade integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema nico, organizado de acordo com as
seguintes diretrizes:
I - descentralizao, com direo nica em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuzo dos servios assistenciais;
III - participao da comunidade(...).
30
Aps esta explanao pertinente trazermos a definio conceitual de Polticas
Pblicas, segundo Lopes e Amaral. (2008, p.5):
(...) as Polticas Pblicas so a totalidade de aes, metas e planos que os governos
(nacionais, estaduais ou municipais) traam para alcanar o bem-estar da sociedade
e o interesse pblico. certo que as aes que os dirigentes pblicos (os
governantes ou os tomadores de decises) selecionam (suas prioridades) so aquelas
que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou seja, o bem-
estar da sociedade sempre definido pelo governo e no pela sociedade.
Tendo a compreenso dos expostos acima torna-se possvel inferir que as polticas
pblicas correspondem ento a direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam
graas ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes pblicos.
Alm da Constituio Federal a elaborao de polticas pblicas tem como base a Lei
n 8080/1990 que dispe sobre condies para a promoo, proteo e recuperao da sade,
a organizao e o funcionamento dos servios correspondentes. Em seu Ttulo I Art. 2 - A
sade um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condies
indispensveis ao seu pleno exerccio. E Art. 3 A sade tem como fatores determinantes e
condicionantes, entre outros, a alimentao, a moradia, o saneamento bsico, o meio
ambiente, o trabalho, a renda, a educao, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e servios
essenciais; os nveis de sade da populao expressam a organizao social e econmica do
Pas (BRASIL, 1988, p.1).
Importante expor que o pblico idoso possui diversos programas e polticas pblicas
de sade para atender as suas demandas e especificidades, sendo as principais: o Estatuto do
Idoso de 2003(Brasil, 2003); o Caderno de Envelhecimento Ativo: uma poltica de sade, de
2005, produzido pela World Health Organization em parceria com a Organizao Pan-
Americana de Sade (OPAS) (Brasil,2005); a Portaria n 2.528 de 2006 que aprova a poltica
nacional de sade da pessoa idosa; o Caderno de ateno sade da pessoa idosa e
envelhecimento (Brasil,2006); e o Caderno de Ateno Bsica n 19 que versa sobre o
Envelhecimento e sade da pessoa idosa (Brasil, 2007).
Dentro da temtica deste estudo h Programas e Polticas de Sade que se atravessam
com os citados acima e contribuem para o desenvolvimento da pesquisa, tais como: Caderno
de vigilncia, controle e preveno das doenas crnicas no transmissveis de 2005,
produzido pelo Ministrio da Sade em parceria com a OPAS, (Brasil, 2005); o Caderno de
Ateno Bsica de n16, do ano de 2006 que versa sobre Hipertenso arterial sistmica para o
Sistema nico de Sade (Brasil, 2006); a Poltica Nacional de Ateno Bsica (Brasil,
2006); as Diretrizes e Recomendaes para o Cuidado Integral de Doenas Crnicas
31
NoTransmissveis (Brasil,2006); e o Plano de aes estratgicas para o enfrentamento das
doenas crnicas no transmissveis (DCNT) no Brasil 2011-2022 (Brasil, 2011).
Dentre estes o mais recente, o Plano de aes de estratgicas de 2011, define como
diretrizes e aes: primeiramente a vigilncia, informao, avaliao e monitoramento, tendo
este eixo como componentes essenciais da vigilncia de DCNT o monitoramento dos fatores
de risco, monitoramento da morbidade e mortalidade especfica das doenas e as respostas
dos sistemas de sade, que tambm incluem gesto, polticas, planos, infraestrutura, recursos
humanos e acesso a servios de sade essenciais, inclusive a medicamentos.
O segundo eixo, a promoo da sade compreende a importncia das parcerias para
superar os fatores determinantes do processo sade-doena, sendo definidas diferentes aes
com o objetivo de viabilizar as intervenes que impactem positivamente na reduo dessas
doenas e seus fatores de risco, em especial para as populaes em situao de
vulnerabilidade, dentre as aes estratgicas sugeridas est o envelhecimento ativo que
prope a implantao de um modelo de ateno integral ao envelhecimento ativo,
favorecendo aes de promoo da sade, preveno e ateno integral; promoo do
envelhecimento ativo e aes de sade suplementar; incentivo aos idosos para a prtica da
atividade fsica regular no programa Academia da Sade; Capacitao das equipes de
profissionais da Ateno Bsica em Sade para o atendimento, acolhimento e cuidado da
pessoa idosa e de pessoas com condies crnicas; incentivar a ampliao da autonomia e
independncia para o autocuidado e o uso racional de medicamentos; e criar programas para
formao de cuidadores de pessoa idosa e de pessoa com condies crnicas na comunidade
(BRASIL, 2011).
E o ltimo eixo, o cuidado integral, prev a realizao de aes visando ao
fortalecimento da capacidade de resposta do Sistema nico de Sade e ampliao de um
conjunto de intervenes diversificadas capazes de uma abordagem integral da sade com
vistas preveno e ao controle das DCNT.
Tendo em vista o exposto possvel inferir que o Plano de aes estratgicas para o
enfrentamento das doenas crnicas no transmissveis (DCNT) no Brasil 2011-2022, est em
consonncia com a Poltica Nacional da Pessoa Idosa, lanada no ano de 2006, uma vez que
esta j trazia em seu contedo a necessidade de assegurar ateno a toda populao,
especialmente ao pblico idoso, at ento pouco notado pela sade pblica sendo
imprescindvel a oferta de cuidados sistematizados e adequados a partir dos recursos fsicos,
financeiros e humanos de que se dispe hoje.
32
Uma das principais metas da Poltica Nacional da Pessoa Idosa (Brasil, 2006) consiste
em garantir a promoo do envelhecimento ativo, assim como no Plano de Aes
Estratgicas, tendo a compreenso de que a assistncia em sade ao idoso deve abranger
aes e medidas que garantam sua capacidade funcional e autonomia ao longo do processo de
envelhecimento.
So apresentadas abaixo as da Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa (Brasil,
2006):
a) promoo do envelhecimento ativo e saudvel;
b) ateno integral, integrada sade da pessoa idosa;
c) estmulo s aes intersetoriais, visando integralidade da ateno;
d) provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da ateno sade da pessoa idosa;
e) estmulo participao e fortalecimento do controle social;
f) formao e educao permanente dos profissionais de sade do SUS na rea de sade da
pessoa idosa;
g) divulgao e informao sobre a Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa para
profissionais de sade, gestores e usurios do SUS;
h) promoo de cooperao nacional e internacional das experincias na ateno sade da
pessoa idosa; e,
i) apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.
Ainda segundo determinao da Organizao Mundial da Sade (2002), no
reconhecimento de direitos da pessoa idosa, tais medidas devem abranger princpios como de
independncia, participao, dignidade, assistncia e autorrealizao.
No entanto, como aponta Ramos (2003), as aes de assistncia pessoa idosa devem
proporcionar a esta populao, medidas de integrao entre a sade fsica, mental,
independncia financeira, capacidade funcional e suporte social, e no somente com
abordagens que visem a preveno de agravos crnicos, corroborando assim, com um
processo de envelhecimento ativo e com reduo problemas recorrentes da populao.
2.2 - OS DETERMINANTES SOCIAIS EM SADE E OS FATORES DE RISCOS
PARA O DESENVOLVIMENTO DAS DCNTS NOS IDOSOS ESPECIALMENTE A
HAS
Ao abordarmos os Determinantes Sociais de Sade (DSS) pertinente trazermos luz
da discusso as colocaes da Declarao da Poltica do Rio sobre os DSS da Conferncia
33
Mundial sobre DSS do ano de 2011, onde exposto que as iniquidades em sade so
causadas pelas condies sociais em que as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e
envelhecem, as quais recebem a denominao de determinantes sociais da sade (DSS). Esses
determinantes incluem as experincias do indivduo em seus primeiros anos de vida,
educao, situao econmica, emprego e trabalho decente, habitao e meio ambiente, alm
de sistemas eficientes para a preveno e o tratamento de doenas.
Corroborando com o supracitado a Fundao Oswaldo Cruz (2012) expe que as
condies econmicas e sociais influenciam decisivamente as condies de sade de pessoas
e populaes. A maior parte da carga das doenas assim como as iniquidades em sade,
que existem em todos os pases acontece por conta do conjunto de condies sociais, em
que as populaes esto inseridas e esse conjunto que denominado determinantes sociais da
sade, um termo que resume os determinantes sociais, econmicos, polticos, culturais e
ambientais da sade.
Esta Literatura aponta ainda que, nem todos os determinantes so igualmente
importantes, sendo os mais relevantes os que geram estratificao social, ou seja, os que
refletem as condies de distribuio de riqueza, poder e prestgio nas sociedades, como a
estrutura de classes sociais, a distribuio de renda, o preconceito com base em fatores como
o gnero, a etnia ou deficincias. Esses mecanismos estruturais, que alteram o posicionamento
social dos indivduos, so a causa mais profunda das iniquidades em sade. So essas
diferenas que com seu impacto sobre as condies de vida, circunstncias psicossociais,
fatores comportamentais e/ou biolgicos e o prprio sistema de sade do forma s condies
de sade dos indivduos.
Neste sentido aes de sade sobre os DSS so essenciais, tanto que a Declarao da
Poltica do Rio sobre os DSS da Conferncia Mundial sobre DSS de 2011 relata que as
intervenes em sade tanto para os grupos vulnerveis quanto para populao em geral so
de suma importncia para que as sociedades sejam inclusivas, equitativas, economicamente
produtivas e saudveis (OMS, 2011).
A OMS (2011,p.2), aprofunda a discusso ao afirmar que a implementao de aes
sobre os determinantes sociais baseia-se em trs temas mais amplos. Sendo eles, a saber:
Primeiro, reduzir as iniquidades em sade um imperativo moral.Segundo,
essencial melhorar as condies de sade e o bem-estar, promover o
desenvolvimento e alcanar objetivos gerais no campo da sade. Terceiro,
necessrio promover aes em uma srie de prioridades sociais - que esto para alm
do campo da sade e que dependem de melhores nveis de igualdade em sade.
34
A anlise de fatores que permeiam o comportamento dos sujeitos trar contribuies
para a compreenso da situao e do contexto de sade, sendo parte de um processo de
capacitao do prprio profissional, contribuindo de forma significativa na formao e
reorientao para prticas mais humanizadas e condizentes com a realidade vivida pelas
pessoas idosas. Assim, mais do que pensar aes para determinar como as pessoas devem
cuidar-se ou prescrever e normatizar medidas verticalizadas, surge a gesto do cuidado como
uma tecnologia que contempla aspectos determinantes da condio de sade (PEREIRA et. al.
2013).
Assim como no mundo, o Brasil tem passado por um processo de transio
demogrfica, onde a expectativa de vida da populao idosa vem aumentando
significativamente com o passar dos anos e como consequncia, um processo de transio
epidemiolgica mostrou-se vigente por meio do crescimento das DCNTS, dentre elas a HAS.
Neste contexto Geib (2012), em sua obra corrobora com os acontecimentos supracitados e
ainda insere que estes devem ser analisados sob uma perspectiva de macrodeterminao, onde
possvel afirmar que o processo de urbanizao agravou a pobreza e a excluso social e
contribuiu para a persistncia nas desigualdades de renda. Em nvel intermedirio, situam-se
as condies de vida e trabalho, nesse mbito, a educao deficitria da populao idosa atual
poder representar um desafio para as aes de educao em sade.
Outro aspecto preocupante a transio dos padres de consumo alimentar, decorrente
do processo de urbanizao/industrializao, que est na linha da determinao DCNTS pelo
aumento na prevalncia do sobrepeso e da obesidade. Neste nvel esto tambm as redes
sociais e comunitrias que se encontram empobrecidas. A fragilidade de sade e as
incapacidades impostas pelo envelhecimento tendem a enfraquecer a interao social e a
participao comunitria dos idosos, com riscos de isolamento social e limitaes no estilo de
vida. No nvel proximal, situam-se os comportamentos e estilos de vida. Entre aqueles com
maior influncia sobre a sade dos idosos, destacam-se a dieta pouco saudvel, a falta de
atividade fsica, o tabagismo e o abuso do lcool, que determinam diretamente a ocorrncia
das doenas no transmissveis.
Sob esta tica o Plano Nacional de Sade de 2011 (Brasil, 2011), que estabelece aes
para o ano de 2012 a 2015, e aborda que as DCNTS, tais como a HAS, assumiram nus
crescente e preocupante em decorrncia das transies demogrfica, nutricional e
epidemiolgica ocorridas nas ltimas dcadas. E ainda afirma que as principais DCNTS tm
em comum alguns fatores de risco modificveis, onde um conjunto pequeno de fatores de
risco responsvel pela maioria das mortes por DCNTS e por frao substancial da carga de
35
doenas devida a estas enfermidades. Entre esses fatores, destacam-se o tabagismo, a
obesidade, as dislipidemias, a ingesto insuficiente de frutas e hortalias e a inatividade fsica.
Os Fatores de Risco segundo Malta et. al. (2012), os fatores de risco listados acima so
considerados comportamentais, (acrescentando-se a estes o consumo de bebidas alcolicas e
outras drogas) e so potencialmente modificveis tendo em vista que so condicionados por
fatores socioeconmicos, culturais e ambientais. Ainda segundo a autora h evidncias de que
estratgias de promoo sade e preveno reduzem a morbimortalidade por estas doenas,
tornando o monitoramento e acompanhamentos dos fatores de risco das DCNT uma medida
importante na definio de aes efetivas no controle das mesmas.
Vale salientar que alm dos j citados h os fatores de risco intrnsecos, como
antecedentes familiares, sexo, idade e etnia, que tm grande influncia sobre o processo
sade-doena, estes so imutveis, ou seja, no so passveis de aes ou de qualquer
tratamento para modific-los.
Segundo o Ministrio da Sade (Brasil, 2011), as quatro doenas crnicas de maior
impacto mundial (doenas do aparelho circulatrio, diabetes, cncer e doenas respiratrias
crnicas) tm quatro fatores de risco em comum (tabagismo, inatividade fsica, alimentao
no saudvel e lcool). Em termos de mortes atribuveis, os grandes fatores de risco
globalmente conhecidos so: presso arterial elevada (responsvel por 13% das mortes no
mundo), tabagismo (9%), altos nveis de glicose sangunea (6%), inatividade fsica (6%) e
sobrepeso e obesidade (5%).Estes dados so ratificados, a medida que o prprio Ministrio da
Sade afirma que a HAS a mais frequente das doenas cardiovasculares, sendo tambm o
principal fator de risco para as complicaes mais comuns como acidente vascular cerebral e
infarto agudo do miocrdio, alm da doena renal crnica terminal(Brasil, 2006).
Dados apresentados na II Diretrizes de Cardiogeriatria da Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC, 2010), evidenciam que a prevalncia de hipertenso arterial entre idosos
brasileiros 65%, podendo chegar entre as mulheres com mais de 75 anos a 80%. A
hipertenso sistlica mais frequente e parece estar mais associada a eventos
cardiovasculares que a hipertenso diastlica. Embora haja tendncia de aumento da presso
arterial com a idade, nveis de presso sistlica acima de 140mmHg e/ou de presso diastlica
acima de 90mmHg no devem ser considerados fisiolgicos para os idosos.
Para a SBC, a HAS uma condio clnica multifatorial caracterizada por nveis
elevados e sustentados de presso arterial. mais predominante entre os idosos e associa-se
frequentemente a alteraes funcionais e/ou estruturais dos rgos alvo (corao, encfalo,
rins e vasos sanguneos) e a alteraes metablicas, com consequente aumento do risco de
36
eventos cardiovasculares fatais e no fatais. Salientando que a associao entre a HAS e o
risco de doenas cardiovasculares forte e est presente mesmo quando os valores pressricos
ainda so considerados normais, considerado o principal fator de risco modificvel para
doenas cardiovasculares na populao geritrica.
Compreendo que a HAS um processo de mltiplos fatores que tem sido altamente
incidente na populao idosa, modificvel e o seu controle est associado, a reduo de
doenas cardiovasculares e at mesmo de bitos precoce, Pereira (2013) acredita que as
prticas de sade coletiva voltadas populao idosa podem tornar-se mais qualificadas e
resolutivas, quando ampliado o espectro de atuao, pautando-se pela integralidade e fugindo
da superficialidade de aes que, muitas vezes, ficam restritas s medidas de teraputica
medicamentosa e orientaes voltadas manuteno das atividades de vida diria, deixando
de valorizar tecnologias do conhecimento cientfico e de prticas educativas que possam ser
transformadoras das realidades ou que, pelo menos, estejam voltadas para elas. Assim, as
diferentes realidades e contextos vividos so relevantes para a efetivao das aes em sade,
observando os sujeitos e seu ambiente.
Sendo assim possvel inferir que aes e estratgias intersetoriais e
multiprofissionais de carter preventivo e de promoo em sade para a populao idosa, com
foco no combate as DCNTS, so de suma importncia. Na ateno primria em sade dentre
as aes de gerncia do cuidado do enfermeiro esto o monitoramento de fatores de risco e a
ateno sade centrada no incentivo a adoo de dietas saudveis, prtica de atividade
fsica, reduo do tabagismo e do etilismo, por exemplo, sendo importante salientar que ao
longo de todo processo de cuidado o idoso deve ser considerado como figura central e ativa,
bem como seus familiares e outros que faam parte de seu convvio, assim como o territrio
em que est inserido, com todas as suas caractersticas e peculiaridades uma vez que todos
estes iro influenciar diretamente em seu processo sade-doena.
2.3 - OS SISTEMAS DE INFORMAO EM SADE - SISTEMA DE
CADASTRAMENTO E ACOMPANHAMENTO DE HIPERTENSOS E DIABTICOS
HIPERDIA E O GERENCIADOR DE INFORMAES LOCAIS - GIL
No Brasil, o Sistema de Informao e Informtica em Sade (SIS) comeou a ser
esboado na dcada de 1970 e, dada a sua importncia, at fez parte do II Plano Nacional de
Desenvolvimento (II PND). Nesse plano, a implantao do Sistema Nacional de Informao
37
sobre Sade e a do Centro de Processamento de Dados do Ministrio da Sade foram citada
como fundamentais e destacadas como projeto prioritrio.
A dcada de 1980 foi um perodo mpar para a rea da sade no Pas, pois o debate em
torno dos rumos da poltica de sade foi intenso e criou-se a Comisso Nacional de Reforma
Sanitria, que teve como misso conjecturar uma estrutura organizacional necessria ao novo
Sistema Nacional de Sade. Isso culminou, em 1988, na constituio do SUS.
Segundo Branco (2001), essa dcada representou o resgate das liberdades
democrticas, que favoreceria o debate em torno da poltica de sade, com possibilidades de
ampliao dos horizontes conceituais. Assim, a informao, cujo enfoque, at ento, era
controlador, cedeu espao para uma abordagem que destacava seu potencial como subsdio
para a tomada de deciso.
A Lei 8.080/90 criou e estabeleceu a competncia e a organizao do Sistema
Nacional de Informaes em Sade, o SIS, sendo normatizada sua operacionalizao em
1993, com a edio da Norma Operacional Bsica NOB-1/93.
Na concepo do Sistema nico de Sade (SUS), um dos objetivos bsicos do Sistema
de Informao em Sade (SIS) possibilitar a anlise da situao de sade no nvel local; essa
anlise toma como referencial, as microrregies homogneas, alm de levar em considerao
as condies de vida da populao no processo sade doena (KIUTI, 2003).
Atualmente o SIS entendido como um mecanismo de coleta, processamento, anlise
e transmisso da informao necessria para se planejar, organizar, operar e avaliar os
servios de sade. Considera-se que a transformao de um dado em informao exige, alm
da anlise, a divulgao, e inclusive recomendaes para a ao. A informao em sade pode
ser compreendida como um instrumento de apoio decisrio para o conhecimento da realidade
socioeconmica, demogrfica e epidemiolgica, para o planejamento, gesto, organizao e
avaliao nos vrios nveis que constituem o Sistema nico de Sade (CARVALHO, 1998).
No Brasil, existem 06 (seis) principais sistemas de informao em sade: o Sistema de
Informaes sobre Mortalidade (SIM), o Sistema de Informaes sobre Nascidos Vivos
(SINASC), o Sistema de Informao de Agravos de Notificao (SINAN), o Sistema de
Informaes Hospitalares do SUS (SIH-SUS), o Sistema de Informaes Ambulatoriais do
SUS (SIA-SUS) e o Sistema de Informao da Ateno Bsica (SIAB). (KIUTI, 2003). Alm
destes, foram criados SIS especficos para atender a diversos planos e programas do MS,
como o Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabticos, o
HIPERDIA.
38
O Ministrio da Sade (MS), com o propsito de reduzir a morbimortalidade
associada a doenas como a HAS e Diabetes Mellitus (DM), assumiu o compromisso de
executar aes em parceria com estados, municpios, a Sociedade Brasileiras de Cardiologia,
hipertenso, Nefrologia e Diabetes, a Federaes Nacionais de Portadores de Hipertenso
arterial e Diabetes, o Conselho Nacional de Secretrias de Sade (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretarias Municipais de Sade (CONASEMS) para apoiar a reorganizao da
rede de sade, com melhoria da ateno aos portadores dessas patologias atravs do Plano de
Reorganizao da Ateno Hipertenso Arterial e ao Diabetes Mellitus. (BRASIL, 2001,
p,63)
O Plano de Reorganizao da Ateno HAS e ao DM tm como principal objetivo
estabelecer diretrizes e metas para a ateno aos portadores desses agravos no SUS, mediante
a reestruturao e a ampliao do atendimento bsico voltado para a HAS e o DM, com
nfase na preveno primria, na ampliao do diagnstico precoce e na vinculao de
portadores rede bsica de sade (BRASIL, 2004).
O Hiperdia faz parte deste plano e um Sistema de Cadastramento e Acompanhamento
de Hipertensos e Diabticos captados em todas as unidades ambulatoriais do SUS, que gera
informaes para os gerentes locais, gestores das secretarias municipais, estaduais e
Ministrio da Sade (MS). Alm do cadastro, o Sistema permite o acompanhamento, a
garantia do recebimento dos medicamentos prescritos, ao mesmo tempo em que, em mdio
prazo, poder definir o perfil epidemiolgico desta populao, e o consequente
desencadeamento de estratgias de sade pblica que levaro modificao do quadro atual,
a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas e a reduo do custo social. (BRASIL, 2002)
O Hiperdia foi criado em 04 de maro de 2002 pela Portaria n 371/GM, para
reorganizar o trabalho de ateno sade, das unidades da rede bsica do SUS, de modo a
corroborar com o Plano de Reorganizao da Ateno HAS e ao DM e objetiva atacar a
fundo o problema, estabelecendo metas e diretrizes para ampliar aes de preveno,
diagnstico, tratamento e controle dessas patologias. (BRASIL, 2002)
A administrao feita pelo MS atravs das unidades ambulatoriais do SUS, gerando
informaes para os gerentes locais, gestores das secretarias municipais, estaduais e MS.
Atravs das informaes passadas o MS elabora estratgias de promoo de sade a essa
populao inscrita no programa, evitando as doenas cardiovasculares, e oferece um
acompanhamento que realizado pelas Unidades Bsicas de Sade (UBS) atravs das
Estratgias de Sade da Famlia (ESF). (BRASIL, 2002).
39
A alimentao contnua e adequada do Hiperdia em relao s fases de cadastramento
e acompanhamento permite o fornecimento de informaes suficientes para o planejamento
eficaz de preveno e controle de complicaes nos indivduos j diagnosticados portadores
da HAS e do DM, alm de fornecer dados epidemiolgicos que poderiam constituir
importantes parmetros para a definio de aes e polticas de preveno do diabetes na
populao geral.
Alm dos sistemas j citados anteriormente h o sistema de informaes em sade
denominado GIL que um Gerenciador de Informaes Locais e foi desenvolvido no intuito
de otimizar e integrar os sistemas ofertados e implantados pelo Ministrio da Sade por
intermdio do DATASUS e destina-se informatizao da rede ambulatorial bsica do
sistema nico de Sade SUS auxiliando na administrao dos seus processos e fornecendo
informaes sobre a morbidade da populao atendida, subsidiando os gestores nas tomadas
de decises. Permite o monitoramento e o planejamento contnuo do sistema de sade no
Municpio. Esse sistema pode ser instalado em qualquer estabelecimento assistencial de
sade da rede ambulatorial bsica do SUS, independentemente de seu porte ou grau de
complexidade. E tem por finalidade sistematizar as aes no atendimento dos
estabelecimentos de sade, contribuindo para uma melhora da gesto.
O GIL de simples utilizao podendo ser operacionalizado por profissionais de nvel
mdio ou superior, porm o preenchimento correto e contnuo do mesmo de suma
importncia, uma vez que este possui integrao com sistemas do DATASUS relacionados
ateno bsica, ou seja, permite o acompanhamento e o cadastramento de pacientes, gerando
informaes para vrios sistemas j existentes, por meio de uma nica entrada de dados,
sendo eles: PNI (Programa Nacional de Imunizao); SIAB (Sistema de Ateno Bsica);
SISPRENATAL (Sistema Pr-Natal); HIPERDIA (Sistema Hipertenso e Diabetes); CNES
(Cadastro Nacional de Estabelecimento de Sade); CADSUS (Cadastro Nacional de
Usurios); SIA/SUS (Sistema de Informaes Ambulatoriais do SUS); e o SISVAN (Sistema
de Vigilncia Nutricional); e desta forma permite aos gestores locais de sade, um
planejamento mais eficaz e eficiente de aes em sade, de acordo com a realidade e a
necessidade de sua populao; bem como subsidia informaes ao Ministrio da Sade, para a
elaborao de programas e estratgias em sade.
Somado a todos os benefcios j expostos, de acordo com Brasil (2007) o GIL ainda
possui outras vantagens e funcionalidades, sendo as principais:
Facilitar a organizao dos pronturios dos pacientes;
Possibilitar agendamento dos atendimentos;
40
Registrar as informaes dos atendimentos realizados mantendo o histrico dos
atendimentos individualizados;
Registrar as aplicaes e esquemas de vacinao;
Eliminar a redundncia de trabalho,tendo em vista que possibilita a entrada de dados
dos vrios sistemas da Ateno Bsica;
Permitir o registro de dados como: agravos de notificao obrigatria, estado
nutricional de usurios atendidos, atendimentos odontolgicos, entre outros;
Gera informaes do perfil de morbidade da populao atendida para a gerncia local,
possibilitando sua exportao para o nvel municipal;
Utilizar a identificao do usurio por meio do uso do Carto Nacional de Sade;
Possibilitar a identificao dos atendimentos realizados a usurios de outros
municpios/estados.
2.4 - O CONCEITO DE GERNCIA DO CUIDADO DE ENFERMAGEM SEGUNDO
CHRISTOVAM
Segundo Christovam (2009), o conceito de gerncia do cuidado de enfermagem
formado em sua essncia por dois processos que formam o processo de trabalho do
enfermeiro, o processo de cuidar e o processo de administrar. Esses dois processos, segundo a
autora, apesar de ainda no sculo XXI serem vistos de forma dicotmica por muitos
enfermeiros, so dialticos, pois eles possuem objetos que se complementam na prxis do
enfermeiro nos servios de sade.
Assim, a gerncia do cuidado de enfermagem um processo, que envolve
um conjunto de aes que caracterizam os processos de cuidar (cuidado
direto) e de administrar (cuidado indireto) que formam o processo de
trabalho da enfermeira. Esses processos se entrelaam e se complementam
formando uma relao dialtica e no dicotmica, medida que um deles
no acontece se o outro no acontecer tambm. Na prtica, a articulao
desses dois processos resulta em uma integralidade das aes da enfermeira,
constituindo assim, o processo de gerncia do cuidado de enfermagem
(CHRISTOVAM 2009, p.189).
Assim sendo, a definio operacional do conceito de Gerncia do Cuidado de
Enfermagem adotada neste estudo que:
A prtica da enfermeira na gerncia do cuidado de enfermagem consiste
numa sistematizao de suas atividades, que envolve diferentes nveis de
complexidade no planejamento estratgico, situacional e operacional na
organizao do cuidado de enfermagem, do processo de trabalho da equipe
de enfermagem, do ambiente teraputico, do capital humano, dos recursos
41
materiais e dos equipamentos necessrios implementao de aes de
carter instrumental e expressivo do cuidado direto e indireto
(CHRISTOVAM, 2009, p. 232).
O saber-fazer que envolve as aes de gerncia do cuidado realizadas pelo enfermeiro
nos servios de sade envolvem as dimenses ontolgicas, tcnica e da tecnologia que
caracterizam as aes expressivas e instrumentais de gerncia do cuidado. As dimenses so
entendidas como variaes as quais os cuidado seja ele direto e/ou indireto pode ser
conduzido (Christovam, 2012). A dimenso ontolgica que envolve as aes de gerncia do
cuidado refere-se relao de ajuda ao ser humano e caracteriza-se pelos atributos
conhecimento e complexidade. O conhecimento o produto do processo ensino
aprendizagem e da experincia tanto para o enfermeiro quanto para o cliente e como os graus
do conhecer (observar, perceber, determinar, interpretar, discutir, negar e afirmar) no contexto
no qual est inserido.
No que tange complexidade, segundo Christovam (2012, p. 739)ela relaciona-se
atitude e postura do homem no mundo, bem como s relaes que ele estabelece com as
pessoas, os objetos e o contexto social onde est inserido, considerando a diversidade
biolgica, individual e cultural apresentada pelo ser humano. A dimenso tcnica e da
tecnologia da gerncia do cuidado, caracteriza-se por um conjunto de
conhecimentos,ferramentas, instrumentos e habilidades necessrias ao enfermeiro para o
alcance dos objetivos institucionais de prestao de um cuidado de qualidade e das metas dos
receptores do cuidado sade (CHRISTOVAM,2012; WILLS, 2009).
Nesta perspectiva, o enfermeiro para implementar as aes instrumentais da gerncia
do cuidado para o idoso hipertenso, utiliza ferramentas e instrumentos administrativos e
assistenciais, para realizao de atividades de cuidado direto no que tange a sistematizao do
cuidado de enfermagem, atravs do processo de enfermagem, quais sejam, diagnstico,
planejamento, execuo e avaliao. Estas ferramentas e instrumentos norteiam tambm, as
atividades de cuidado indireto, tais como o planejamento e solicitao de recursos materiais e
equipamentos; planejamento e organizao.
Assim, as aes instrumentais caracterizam-se pela realizao de atividades tcnicas
voltadas para o atendimento das necessidades biolgicas expressadas no corpo do cliente e,
para o cuidado fsico junto a este corpo, no intuito de planejar e organizar o ambiente
teraputico e os equipamentos e materiais necessrios realizao de procedimentos tcnicos
de enfermagem (CHRISTOVAM, 2012, p. 740).
42
As aes expressivas na prtica da gerncia do cuidado de enfermagem apresentam
um carter relacional pautado nas normas sociais, as quais estabelecem uma base para as
interaes, as relaes de troca e de ajuda entre os sujeitos envolvidos no processo de
cuidado. realizao das aes de gerncia do cuidado de enfermagem, requerem do
enfermeiro habilidades cognitiva, analtica, comportamental e de ao.Segundo Christovam
(2009, p. 233-34):
A habilidade cognitiva confere ao enfermeiro capacidade para compreender as
particularidades no mbito do conhecimento geral, para que ento ela possa realizar
a categorizao dos problemas, a priorizao deles para serem solucionados e a
relao entre as diferentes categorias de problemas. A habilidade analtica permite
identificar e diagnosticar problemas administrativos e assistenciais decompondo-os
em diferentes partes, identificando suas variveis fundamentais, para ento
estabelecer suas causas e seus efeitos na busca de novas solues, objetivos,
prioridades e alternativas de ao. A habilidade analtica confere ainda, a capacidade
para tomar decises, avaliar o contexto e as necessidades de sade dos indivduos,
famlia e comunidade, planejar e avaliar o ambiente teraputico, os recursos
materiais, equipamentos e o capital humano necessrios produo do cuidado de
enfermagem, avaliar o desempenho da equipe de enfermagem na prestao do
cuidado de enfermagem e a influncia da cultura organizacional na implementao
das aes de gerncia do cuidado de enfermagem e, analisar os resultados da
implementao das aes de gerncia do