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    CURSO DE FORMAODE AQUAVIRIOS

    MDULO ESPECIAL

    CFAQ - E

    Manual do aluno

    MARINHA DO BRASILDIRETORIA DE PORTOS E COSTASENSINO PROFISSIONAL MART IMO

    1 edi o

    Rio de Janeiro2002

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    2002 direitos reservados Diretoria de Portos e Costas

    ________ exemplares

    Diretoria de Portos e CostasRua Tefilo Otoni, n 4 - Centro

    Rio de Janeiro, RJ20090-000http://www.mar.mil.br/~dpc/[email protected]

    Depsito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto n 1825, de 20 de dezembro de 1907

    IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL

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    Sumrio

    MARINHARIA

    1 Estrutura das embarcaes .............................................................................9

    1.1 Embarcao........................................................................................................91.2 Classificao.......................................................................................................91.3 Identificao de corpos e partes .........................................................................91.4 Nomenclatura da embarcao ............................................................................101.5 Componentes estruturais ....................................................................................111.6 Sistemas de propulso e governo.......................................................................131.7 Acessrios de convs .........................................................................................141.8 Aberturas ............................................................................................................151.9 Mastreao e aparelhos de carga.......................................................................171.10 Manobras ............................................................................................................18

    1.11 Aparelhos de suspender e fundear .....................................................................181.12 Aparelhos de laborar...........................................................................................21

    2 Cabos, ns, voltas e trabalhos do marinheiro ...............................................232.1 Tipos de cabos....................................................................................................232.2 Cuidados no manuseio dos cabos ......................................................................242.3 Ns e voltas ........................................................................................................252.3.1 Ns .....................................................................................................................252.3.2 Voltas ..................................................................................................................272.4 Trabalhos marinheiros ........................................................................................29

    PRIMEIROS SOCORROS

    1 Primeiros socorros ...........................................................................................331.1 Introduo ...........................................................................................................331.2 O que so primeiros socorros .............................................................................341.3 Primeiras atitudes ...............................................................................................341.4 Sinais vitais de um acidentado ...........................................................................341.5 O transporte seguro de um acidentado...............................................................381.6 Enjo...................................................................................................................39

    2 Procedimentos em emergncia ..............................................................................402.1 Afogamento e choque eltrico ............................................................................402.1.1 Procedimentos em caso de afogamento .............................................................402.1.2 Procedimentos em caso de choque eltrico ....................................................... 402.2 Fraturas ..............................................................................................................452.2.1 Tipos de fraturas .................................................................................................452.2.2 Tcnica de imobilizao em caso de fratura .......................................................462.3 O processo de hemostasia .................................................................................482.3.1 Sangramentos externos ......................................................................................48

    2.3.2 Sangramentos internos .......................................................................................492.3.3 Sangramentos nasais .........................................................................................49

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    2.3.4 Torniquete ...........................................................................................................492.4 Queimaduras.......................................................................................................502.41 Procedimentos em casos de queimadura ...........................................................50

    SOBREVIVNCIA DO NUFRAGO

    1 Material de salvatagem......................................................................................551.1 Introduo .............................................................................................................551.2 Os recursos de salvatagem nas embarcaes ..................................................... 551.3 Colete salva-vidas.................................................................................................571.4 Bia salva-vidas....................................................................................................581.5 Embarcao de sobrevivncia ..............................................................................591.6 Procedimentos do nufrago antes do resgate ......................................................60

    2 Sobrevivncia .....................................................................................................612.1 Procedimento de abandono da embarcao.........................................................61

    2.2 Vestimenta para o abandono da embarcao ....................................................... 622.3 Distncia da embarcao sinistrada .....................................................................632.4 Destroos como recurso para flutuao................................................................632.5 Ingesto de gua salgada .....................................................................................64

    REGRAS DE MANOBRA, LUZES E SINAIS SONOROS

    1 Regras de manobra e suas descries ..........................................................671.1 Introduo...........................................................................................................671.2 Estrutura do Regulamento Para Evitar Abalroamento no Mar (RIPEAM) ...........671.3 Regras de manobra no mar ................................................................................681.4 Regras de navegao e manobra em rios e canais ............................................701.5 Prioridade de manobra de acordo com o tipo de embarcao ............................73

    2 Luzes e sinais sonoros ....................................................................................742.1 Identificao de luzes e marcas ..........................................................................742.2 Sinais sonoros ....................................................................................................822.3 Sinais sonoros emitidos em baixa visibilidade ....................................................83

    NOES BSICAS DE NAVEGAO

    1 Navegao....................................................................................................... 871.1 Fundamentos bsicos da navegao ............................................................... 871.2 Carta nutica .................................................................................................... 871.3 Rumo, proa e marcao ................................................................................... 891.4 Balizamento ...................................................................................................... 921.4.1 Apresentao dos sinais ................................................................................... 921.5 Regras de navegao em rios e canais ............................................................ 1001.6 A importncia da conservao da sinalizao nutica ...................................... 102

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    NOES BSICAS DE ESTABILIDADE

    1 Estabilidade .................................................................................................... 1051.1 Esforos estruturais longitudinais ..................................................................... 1051.2 Caractersticas lineares da embarcao........................................................... 1061.3 Distribuio longitudinal e transversal de pesos ............................................... 110

    1.4 Peao da carga............................................................................................... 113

    COMBATE A INCNDIO

    1 Combate a incndio....................................................................................... 1171.1 Componentes do tringulo do fogo .................................................................. 1171.2 Classificao dos incndios ............................................................................. 1201.3 Agentes extintores ........................................................................................... 1211.4 Medidas preventivas contra incndios a bordo ................................................ 122

    2 Procedimentos de combate a incndio ....................................................... 1242.1 Extintores portteis .......................................................................................... 1242.2 Processos de extino de incndio.................................................................. 1262.3 Material de combate a incndio ....................................................................... 1262.4 Equipamentos de proteo individual .............................................................. 1282.5 Procedimento em caso de incndio ................................................................. 128

    OPERAES COM MOTORES DIESEL

    1 Partes componentes do motor diesel ........................................................... 1311.1 Introduo ......................................................................................................... 1311.2 Origem .............................................................................................................. 1311.3 Principais componentes .................................................................................... 1321.4 Princpio bsico de funcionamento ................................................................... 134

    2 Operaes com motores diesel .................................................................... 1362.1 Providncias para colocar o motor em funcionamento ...................................... 1362.2 Identificao dos componentes do sistema de partida ..................................... 1372.3 Procedimentos na parada ou repouso do motor ............................................... 137

    2.4 Instrumentos do painel de controle e suas finalidades....................................... 138

    3 A manuteno de motores diesel .................................................................. 1393.1 A segurana no compartimento do motor ......................................................... 1393.2 A carta ou tabela de lubrificao ....................................................................... 1413.3 Sintomas de mau funcionamento do motor....................................................... 1423.4 A manuteno preventiva nos sistemas do motor ............................................ 144

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    PREVENO DA POLUIO DO MEIO AMBIENTE

    1Conceito de meio ambiente ................................................................................... 1471.1 Cadeia Alimentar .................................................................................................. 147

    2 Poluio ................................................................................................................. 147

    2.1 Degradao dos rios brasileiros ........................................................................... 1492.2 Substncia nocivas ............................................................................................... 1522.3 Poluio e outros Crimes Ambientais ................................................................... 152

    3 Principais agentes poluidores ............................................................................. 1533.1 Lixo ....................................................................................................................... 1533.2 leo ...................................................................................................................... 1543.3 Esgoto .................................................................................................................. 155

    4 H escassez de peixes? ....................................................................................... 156

    Bibliografia................................................................................................................ 158

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    1 Estrutura das embarcaes

    1.1 Embarcao

    Embarcao uma construo flutuante, feita de madeira e/ou ferro, que transporta

    com segurana, sobre a gua (salgada ou doce), pessoas e/ou carga.

    Navio o termo normalmente empregado para designar embarcaes de grandeporte.

    1.2 Classificao

    (*) algumas embarcaes modernas so construdas de fibra de vidro ou novos materiaiscompostos.(**) existem embarcaes que utilizam mais de um tipo de propulso.

    Nessa disciplina vamos nos referir a pequenas embarcaes mercantes, construdasde madeira ou de ferro, com propulso a motor diesel.

    1.3 Identificao de corpos e partes

    Corpos os navios so divididos ao meio formando os corpos de vante e de r.

    Proa a regio da extremidade de vante da embarcao. Estruturalmente, tem aforma exterior afilada para melhor cortar a gua.

    euqamifoaotnauQmanitsedes

    arreuged oiopa/etnacremomitram

    oiercereetropseed

    lairetamoaotnauQodourtsnoced

    )*(ocsacariedam oa

    sotsopmocsiairetam

    )cte,ordivedarbif(

    ametsisoaotnauQ)**(osluporped

    aleva omeraocincem

    )anibrut,rotom(

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    Popa a regio da extremidade de r da embarcao. Estruturalmente, sua formaexterior projetada para facilitar o escoamento da gua e para tornar a ao do leme e dohlice mais eficiente.

    Meia-nau a parte do casco que divide os dois corpos; um referencial de umaregio da embarcao que se situa entre a proa e a popa.

    Bordos so os lados da embarcao, ou seja, as duas partes em que o casco dividido por um plano que corte a proa e a popa. Um observador posicionado na linhadiametral do navio e voltado para a proa, terboreste (BE) sua direita e bombordo (BB) sua esquerda.

    Veja na figura a seguir um pouco sobre as direes que se pode obter, estando abordo de uma embarcao.

    Bochechas so as partes curvas do costado de um bordo e de outro, prximas proa. Amura o mesmo que bochecha, significa tambm uma direo qualquer entre aproa e o travs.

    Travs a direo perpendicular ao plano longitudinal que corta o navio de proa apopa.

    Alheta so as partes curvas do costado de um bordo e de outro, prximas popa.

    1.4 Nomenclatura da embarcao

    A figura abaixo mostra algumas partes de grande importncia em uma embarcao.Veremos a seguir em que consiste cada uma delas.

    LINHA DGUA

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    1.5 Componentes estruturais

    Casco uma espcie de vaso que serve de base embarcao. Em sua parteinferior corre a quilha, que acompanha todo o casco, desde a proa at a popa, servindo-lhede pea principal de sustentao da sua estrutura. A quilha funciona no casco como a colunavertebral no corpo humano e o divide em dois bordos. Para a sustentao do chapeamento

    do casco, saem as cavernas para um bordo e para outro, como se fossem as nossascostelas, que partem da coluna vertebral. O conjunto de cavernas que d forma ao casco chamado de cavername. Depois de formado o esqueleto do casco, este recebe ochapeamento ou revestimento.

    Chapeamento o conjunto de chapas metlicas que compem o revestimentoque envolve as cavernas (exterior) ou que dividem o espao interior do casco de umaembarcao (interior). Contribui para a estrutura resistente do casco a esforoslongitudinais.

    Linha dgua uma faixa pintada no casco da embarcao, que representa aregio em que ela flutua. A linha de flutuao a interseo entre o casco da embarcaoe a superfcie da gua em um determinado momento em que ela flutua.

    Quando a embarcao est completamente carregada a linha de flutuao coincidecom a parte superior da linha dgua. Denomina-se flutuao leve a situao em que aembarcao flutua na parte inferior da linha dgua.

    Na figura ao lado pode-se ver o casco na proa daembarcao, seu chapeamento e a linha dguapintada de amarelo.

    Calado a distncia vertical compreendida entre o fundoda embarcao e a superfcie da gua onde flutua a embarcao.

    As embarcaes tm marcadas nos costados, a BE e a BB, asescalas numricas dos calados ou marcas de calado.

    A graduao das escalas pode ser em decmetros, comalgarismos arbicos de 10 cm de altura (ou 5 cm em naviospequenos), ou em ps, com algarismos romanos de 12 polegadasde altura (ou 6 polegadas em navios pequenos). Muitos naviosadotam a escala em decmetros e algarismos arbicos a boreste e a escala em ps ealgarismos romanos a bombordo.

    Cada nmero indica sempre o calado que o navio tem quando a superfcie da guaest tocando o seu limbo inferior; consequentemente, quando a gua estiver no seu limboinferior acrescenta-se uma unidade ao calado. As fraes so estimadas a olho.

    inserir foto barco01.jpg60

    58

    56

    54

    52

    60

    58

    56

    54

    52

    5,90 m

    5,60 m

    5,35 m

    ESCALA DE CALADO

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    Compartimentos so as divises internas de uma embarcao.

    Anteparas so divisrias verticais, que formam os compartimentos daembarcao. A bordo no h paredes, mas sim anteparas.

    Convses so os pavimentos de uma embarcao.

    Um convs corrido quando no sofre interrupo de proa a popa, sendo o maiselevado chamado de convs principal. H vrios outros conveses superiores no corridos,sobretudo nas embarcaes de passageiros. Neste caso, passam a ser numerados (convs01, 02, 03 e assim por diante) e se situam na superestrutura da embarcao.

    Superestruturas so as elevaes construdas sobre o convs principal. Existemvrios tipos de superestrutura, como castelo e tombadilho, sendo a principal denominadacentral. Em navios mercantes nela ficam situados diversos compartimentos como: a cmarado comandante, os camarotes, o refeitrio, o escritrio, a cozinha e o camarim de navegao.

    O castelo e o tombadilho so pequenos conveses situados na proa e na popa,respectivamente, usados nas manobras de atracao, desatracao e reboque. Os convesesse comunicam com o interior do casco e com a parte externa da embarcao por meio deaberturas, que sero vistas no subitem 1.8.

    Castelo ou castelo de proa uma espcie de plataforma na proa, onde ficamsituados os escovns (aberturas onde fica gurnida a ncora de vante ou ferro de vante), as

    espias (cabos de amarrao da embarcao), as buzinas (aberturas por onde passam asespias para terra) e todo o material das fainas de atracao e fundeio.

    Tombadilho a superestrutura situada na popa, destinada tambm s manobrasde atracao, desatracao e reboque.

    O casco protegido total ou parcialmente poruma espcie de cerca que pode ser toda metlicaou de madeira, denominada borda. Em outrasembarcaes a proteo feita com balaustradas

    formadas por balastres e correntes nelas passadas.

    Superestrutura

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    1.6 Sistemas de propulso e governo

    Motor de propulso so asmquinas que fornecem energia mecnica propulso. As pequenas embarcaes em

    geral so movidas por motores diesel, quetransmitem um movimento de rotao a um eixoque possui um hlice em sua extremidade.

    Eixo propulsor so peas metlicas cilndricasque servem para transmitir o movimento rotativodo motor ao hlice da embarcao. O eixo apoiado em mancais que suportam seu peso e o

    matm alinhado. Um mancal muito importante oda bucha telescpica do eixo que se localiza naabertura do casco por onde o eixo passa para forada embarcao.

    Hlice o propulsor da embarcao instalado naextremidade do eixo propulsor. A tradio marinheiraconsidera hlice como palavra masculina. Assim, aoreferirmo-nos a essa pea, dizemos: o hlice, em vez de ahlice. H navios que possuem mais de um hlice, emboraa maioria possua apenas um e este situa-se a r, envoltopor uma pea robusta situada no extremo da quilha,denominada cadaste.

    Roda do leme ou Timo uma roda de madeira ou metal cujogiro, para um bordo ou para o outro, ocasiona a movimentao doleme para o mesmo bordo de seu giro.

    Malaguetas so punhos fixados aocontorno exterior do timo por meiodos quais o timoneiro imprime a ele omovimento de rotao.

    Leme o principal aparelho degoverno da embarcao e serve para dar a direo em queela navega.

    Malaguetas

    Hlice

    Bucha telescpica

    Eixo propulsor

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    1.7 Acessrios de convs

    Abaixo voc ver ilustraes de acessrios e equipamentos situados no convs,destinados manobra da embarcao.

    Cabeo duplo - Serve para as mesmasfunes do cabeo singelo, sendo quea espia no precisa ter ala, pois a

    fixao pode ser feita com voltas falidas.

    Buzina uma pea deao robusta colocada naborda para servir de guia

    aos cabos de amarraodos navios.

    Cabrestante - um aparelho constitudo por

    um tambor de eixo vertical, normalmente

    acionado por motor eltrico ou manualmente,

    destinado a iar amarras (ver 1.11) e a puxar

    espias durante a atracao e a desatracao.

    Serve tambm para efetuar outras manobras

    de peso.

    Espias - so cabos que servem paraamarrar o navio ao cais ou a outro navio.

    Boas - so cabos destinados a amarrarembarcaes midas.

    Cabeo - uma coluna de ao montada noconvs ou no cais, podendo ser singelo ouduplo.

    Cabeo singelo - Serve para fixao daala de uma espia da embarcao, ou daboa de uma embarcao mida

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    1.8 Aberturas

    Muitas so as aberturas encontradas nas embarcaes. A seguir passaremos adefinir as principais.

    Portal abertura na borda da embarcao onde fica situada a escada de acessode pessoal e de pequenas cargas. As figuras abaixo mostram o portal e sua escada.

    Tamanca - uma pea demetal fixada no convs parapassagem dos cabos deamarrao dos navios.Serve para substituir umabuzina junto borda daembarcao, com avantagem de reduzir o atrito,por possuir roletes ourodetes.

    rodetes

    Portal Escada de portal

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    Portas so aberturas que permitem a passagem depessoal de um compartimento para outro, no mesmo convs.

    H portas na parte interna do navio que no permitem

    a passagem de gua ou de qualquer outro lquido, a fim deevitar alagamentos. Este tipo de porta possui um sistemaespecial de fechamento por meio de grampos e chamadode porta estanque.

    Existem ainda nas embarcaes as portas de visitaque fecham as aberturas circulares ou elpticas dos tanquese permitem que eles sejam inspecionados.

    Escotilha abertura no convs ou nas cobertas, geralmente retangular, por ondepassam a carga, o pessoal e a luz. Cobertas so os espaos compreendidos entre osconveses abaixo do principal.

    Escotilho tipo de escotilha que d acesso ao pessoal para as cobertas, porese compartimentos de conveses inferiores. Seu fechamento estanque.

    Vigia abertura circular no costado ou na anteparada superestrutura, guarnecida de gola metlica para fixaode tampa espessa de vidro. Pela vigia podem passar o ar ea claridade.

    Olho de boi abertura no convs ou numa antepara fechadacom vidro grosso para dar claridade a um compartimento.

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    1.9 Mastreao e aparelhos de carga

    Mastreao o conjunto de mastros, mastarus, vrgas e antenas de umaembarcao.

    Mastro pea de madeira ou ferro colocada na posio vertical, de formato

    normalmente cilndrico. Nas embarcaes, o mastro usado principalmente na sustentaodos aparelhos de carga, que facilitam a carga e a descarga. O principal aparelho de cargaexistente a bordo o pau-de-carga, que uma vrga de madeira ou de ao com umaextermidade presa ao mastro e que possui um tipo de roldana na outra extremidade eserve para iar e arriar a carga no poro da embarcao ou no cais.

    Os mastros situam-se no convs e no podem ser protegidos com capas. Por estarazo, este material sofre muito os efeitos da gua salgada e das chuvas; da a necessidadede constante inspeo e lubrificao.

    Veja alguns tipos de mastro nas figuras abaixo.

    Turco coluna de ferro tendoa parte superior recurvada parareceber um aparelho de laborar(ver item 1.12) que serve paraiar e arriar cargas de grandespesos e tambm embarcaes.

    Turco de carga Turco de embarcao

    mastro simples - so construdos de perfisde madeira ou ferro, sem reforos internos.So os mais usados e mais leves,necessitando de estaiamento.

    mastro tubular - formado porsees de tubo de ao reforadaspor dentro com cantoneiras.

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    1.10 Manobras

    Atracao atracar prender uma embarcao qualquer a um cais ou a outraembarcao que j esteja atracada. Neste caso diz-se que a atracao foi a contrabordode outra. A atracao de um navio faz-se por meio de cabos de grande bitola (espias). Porexemplo, as espias de vante e de r so chamados, respectivamente, lanantes de vante

    e lanantes de r. O peso do navio e a fora dos mares exigem a atuao de mquinas depropulso e alguns equipamentos de convs para a aproximao do navio at o local daatracao. A desatracao a manobrainversa da atracao, ou seja, desamarraro navio do cais ou de outro navio.

    Fundear ou ancorar a manobrade lanar uma ncora ao fundo para comela manter a embarcao segura e paradaem determinado local no mar. Suspender

    iar a ncora, recolhendo a amarra dofundo, para permitir a movimentao donavio.

    1.11 Aparelhos de fundear e suspender

    Assim so chamadas as mquinas de convs usadas nas manobras de atracao,desatracao e fundeio da embarcao.

    Mquina de suspender funciona a vapor, motor eltrico ou por meio de sistemaeltrico-hidrulico. provida de um tambor que colhe as espias e de uma coroa, chamadaCoroa de Barbotin, que recolhe as amarras, or ocasio do suspender. Quando o tamborfica na posio vertical, a mquina chamada cabrestante e se na posio horizontal, demolinete.

    Molinete

    amarra

    tambor

    Coroade

    Barbotin

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    Amarra uma corrente que leva a ncora (ferro) ao seu fundeadouro. A amarra dividida em seces denominadas quartis. O conjunto de quartis de uma amarraforma uma quartelada, que varia em seu comprimento, de acordo com o tamanho donavio.

    Escovm um tubo por onde gurne a amarra da embarcao, do convs para o

    costado.

    Abita um cabeo de ferro, situado entre o cabrestante e o escovm, com nervurassalientes chamadas de tetas e serve para dar uma volta redonda com a amarra.

    Mordente um aparelho fixado ao convs, situado entre o cabrestante e oescovm, normalmente provido de uma alavanca, que serve para agentar a amarra,mordendo-a em um dos seus elos.

    Paiol da amarra a figura abaixo mostra o paiol onde a amarra fica recolhida.

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    ncoras ou ferros so peas de peso do navio, destinadas a segurar aembarcao prendendo-a ao fundo e evitando que seja arrastada pela fora da correntezaou do vento. So utilizadas nas fainas de fundeio e suspender das embarcaes.

    Nas embarcaes pequenas o fundeio bem simples, uma vez que um pesoamarrado a um cabo ou corrente suficiente para prender temporariamente a embaracao

    no local desejado.

    medida que o tamanho das embarcaes aumenta outros equipamentos eaparelhos so necessrios para dar maior segurana ao fundeio. J vimos a mquina desuspender e o molinete. Veremos agora alguns tipos de ncoras.

    ncora almirantado - a mais antiga e tem um grandepoder de fixao ao fundo (poder de unhar), entretanto difcil deiar e estivar a bordo.

    ncora patente - surgiu em virtude dos problemas dotipo almirantado, facilitando o iamento e o alojamento noescovm por ter mobilidade nos braos.

    ncora danforth - tem grande poder de unhar,braos mveis e peso reduzido, sendo ideal paraembarcaes pequenas.

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    1.12 Aparelhos de laborar

    Iar e arriar peso uma das principais atividades dos que laboram (trabalham) emembarcaes. Aparelho de laborar um sistema composto de poleames de laborar fixose mveis e de um cabo neles aparelhado. Poleame de laborar so peas de madeira oumetal, de forma oval, dentro das quais trabalham roldanas com goivados que servem para

    dar retornos aos cabos de laborar. Os tipos mais usadosde poleames de laborar so os moites (uma s roldana)e os cadernais (duas ou trs roldanas).

    Vejamos seis dos aparelhos bem marinheiros, com-postos de poleames e cabos neles gurnidos (introduzi-dos). Os aparelhos que apresentamos no se podemcomparar com os mecnicos, uma vez que a fora a serexecutada manual. Porm, dependendo do nmero deroldanas, o esforo que se faz pode ser bem reduzido.

    Na figura ao lado apresentamos apenas o moitocom um cabo gurnido. Neste caso a fora exercida paraiar um peso exatamente igual ao peso a ser suspenso.Isto , esse aparelho no multiplica a fora do seu opera-dor.

    J na figura abaixo temos um teque. Observe queh o dobro de roldanas e ento a fora efetuada para iaro peso se reduz metade em relao ao aparelho anterior(moito).

    Este aparelho multiplica a fora do operador por dois,

    ou seja, para iar um peso somente necessrio aplicaruma fora igual sua metade.

    moito

    teque

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    Na talha singela o esforo se reduz para 1/3 do peso, e assim segue-se at aestralheira dobrada que reduz o peso em 1/6. Observe que sempre o tirador sai doaparelho superior. Veja ainda que o gato possui tornel (distorcedor), para impedir que acarga fique torcendo o aparelho e este se parta.

    Como trabalhar com os aparelhos?

    Moito basta pegarmos um moito e gurnir o cabo na roldana. Gurnir introduzire gorne a abertura da caixa do moito. Embora o moito no reduza o nosso esforo,ele til, porque nos d posio para iar algo, estando o marinheiro num lugar alto.

    Teque gurne-se o cabo em dois moites. O moito inferior sempre provido deum gato (gancho).

    Talha singela gurne-se a beta (cabo do aparelho) entre um moito e um cadernalde dois gornes e duas roldanas.

    Talha dobrada o processo o mesmo, sendo que so utilizados dois cadernaisde dois gornes e duas roldanas.

    Estralheira singela passa-se a beta entre dois cadernais , sendo um de dois

    gornes e outro de trs.

    Estralheira dobrada a forma semelhante anterior, sendo que os dois cadernaistm trs gornes cada um.

    talha singela talha dobrada estralheirasingela

    estralheiradobrada

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    2 Cabos, ns, voltas e trabalhos do marinheiro

    2.1 Tipos de cabos

    Saber manusear os cabos garantia de uma embarcao bem amarrada, de uma

    carga bem peada.

    Os cabos, quanto natureza de suas fibras, podem ser: vegetais, sintticos, dearame ou mistos.

    Vegetal quando desfiamos certos vegetais como o sisal, cnhamo, linho, algodo,coco, juta e outros, torcemos as fibras, formamos os fios de carreta. Ao torcermos os fios

    de carreta formamos os cordes e ao torcermos os cordes formamos os cabos.

    Sinttico de matrias plsticas artificiais e que podem ser esticadas em forma defios. mais resistente que o vegetal, sendo de aparncia muito mais apresentvel. Existemvrios tipos de cabos de matria plstica, sendo o nylon o mais conhecido.

    De arame a formao dos cabos de arame difere bastante da que se faz comfibra vegetal, uma vez que compe-se apenas de fios torcidos e isto no pode ser feito deforma manual. Mesmo assim o cabo de arame, tambm chamado de cabo de ao, omais resistente. Medimos o cabo de arame pelo seu dimetro e em polegadas. Assimdizemos a bitola do cabo de tantas polegadas.

    Mistos em certas operaes especiais, como em alguns reboques, prefervelusar-se um cabo misto, isto , parte de arame e parte de fibra vegetal.

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    2.2 Cuidados no manuseio dos cabos

    Os cabos precisam ser bem cuidados para no ressecarem, perderem a elasticidadeou partirem-se. Aps usado, se um cabo molhou na gua salgada, este deve ser adoado(lavado com gua doce) e depois colhido em local apropriado. Aduchar enrolar ou colhercabos para armazen-los ou pendur-los em algum acessrio a bordo. Os cabos podem

    ser colhidos ou aduchados em forma de pandeiro, inglesa ou em cobros. Vejam asfiguras que seguem.

    Os cabos de arame devem ser colhidos em sarilhos (espcie de carretel) apropriados.Entre os cuidados que se deve ter esto a lubrificao com leo de linhaa cru (cabos em

    uso) ou semestralmente com o banho de alcatro (cabos imersos por longo tempo).

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    2.3 Ns e voltas

    O conhecimento dos ns e voltas nos asseguraro eficincia na atracao daembarcao, nas manobras com pesos e economia do tempo.

    2.3.1 Ns

    Geralmente so dados nos chicotes (extremidades) dos cabos, unindo-os, ouprendendo um chicote a qualquer objeto. A seguir esto apresentados os mais usados naMarinharia Mercante. Procure mentalizar a utilidade de cada n, pois eles somente sovlidos quando os aplicamos de forma correta e para os fins destinados.

    Meia volta a volta dada nos embrulhos,

    a qual se d com o chicote do cabo e pode-se

    desfazer facilmente. Serve como base ou parte

    de outros ns. Utilizada para impedir que o tirador

    de um aparelho de laborar se desgurna.

    N de azelha uma simples laada peloseio, podendo ser usada para fazer uma

    marcao num cabo, ou silar uma parte do caboque esteja coada (ferida em conseqncia deatrito).

    N de frade a figura ao lado ensina comofaz-lo. Basta que se faa uma meia volta e, aseguir, se d uma seqncia de outras voltas edepois aperte-se. de pouco uso, entretantoserve de adorno.

    N direito por ser um dos ns maisfceis de fazer, usado com muita freqnciapara unir cabos de bitolas iguais, sendo paraisso, o mais seguro dos ns.

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    N torto parece-se com o n direito, porm asegunda volta invertida, tornando-o desusadopor correr e quando aperta no se desfaz comfacilidade.

    N de escota singelo um n de muitasegurana, com a grande vantagem de poder unircabos de bitolas iguais ou diferentes.

    Lais de guia um dos mais executados em todas as

    Marinhas. Trata-se de um n que garante uma alasegura, substituindo a mo ou ala de uma espia.

    N de catau tambm chamado decatau de reboque. Serve para encurtar umaespia na faina de reboque, e tambm para isolaruma parte de um cabo coado (pudo).

    N de pescador um n fcil de fazer,bastando unir dois cabos ou fios e se d umameia volta e depois outra no chicote oposto.Tem este nome por ser muito til para unirlinhas finas de pesca.

    N de moringa serve onde sejanecessria uma ala permanente. Antigamenteera usado para iar barris de gua potvel ebujes de gs, entre outros materiais cilndricos.

    Balso de calafate tambm chamado de lais de guia dobrado.Como os demais balsos, oferece uma boa opo para salvamentode um nufrago, bem como para agentar um homem que trabalhanum costado ou num mastro, podendo ele ficar com as mos livres.

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    2.3.2 Voltas

    So dadas com o chicote do cabo ou com o seio de um cabo em torno de um objetoqualquer. As voltas geralmente so bem mais fceis de executar, sendo a sua seguranatotal.

    Cunho - um componente no qual fixamos muitoscabos a bordo, inclusive junto aos mastros para afixao de adria (cabo de iamento) da bandeira.

    Volta de malagueta - mais usada em barcosou navios a vela, e a utilidade da volta dada no cabeoem cruz.

    Voltas falidas - so muito usadas nas atracaes,desde que o cabeo seja duplo.

    Veja que a meia volta com cote (volta singela em que uma das

    partes do cabo morde a outra) o princpio da volta da ribeira.

    Volta da ribeira - usada para

    enfeixar objetos cilndricos.

    Para aumentar a segurana da volta da ribeira, quando

    se quer iar uma pea cilndrica, podemos dar mais uma meiavolta, como se v na figura.

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    Aps engatarmos uma carga devemos fechar a boca do gato,

    mordendo-a com um cabo,para que na eventualidade de umtranco maior no venhamos a perder acarga.

    A facilidade com que se faz a volta de fiel no expressa asua grande segurana. Com ela os cavaleiros do oeste prendiam

    seus cavalos cerca.

    Volta de tortor ou, como diro os meninos, o nde rabiola, aquele que prende os papis que formam arabiola das pipas ou papagaios. Em nosso caso a voltaprende pequenos objetos que queiramos iar. Exemplo:um pincel para algum que esteja pintando um mastro.

    Esta volta redonda com cotes somente dsegurana quando sob tenso, isto , quando h peso.

    No se esquea de que, mesmo no havendoum instrutor ao seu alcance, voc poder reunir um

    grupo de colegas no seu bairro e divertir-se aprendendocomo autodidatas a fazer ns e voltas.

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    2.4 Trabalhos marinheiros

    So os diferentes trabalhos a bordo pelos quais as lonas e os cabos se prendem,so emendados ou se fazem fixos.

    Botes so voltas redondas dadas em torno de duas partes de um cabo a fim deprend-las de modo definitivo. Os botes se constituem em esbarros e unio entre cabosparalelos ou cruzados.

    Falcaas o meiocorreto e mais usado para

    no permitir descochar ochicote de um cabo. Falcaar dar voltas redondas nochicote de um cabo. A figuraao lado apresenta uma dasmaneiras de falcaar ochicote de um cabo.

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    Pinhas constituem-se em entrelaamentos de fios, cordes ou cabos, destinadosa esbarros nos chicotes de aparelhos de fora ou de peso, ao transporte de uma espiapara cais, ou do cais para bordo e so muito usadas para a fixao em cabos de vai-e-vem e corrimos. As pinhas possuem diversos formatos.

    Defensas consistem em sacos de lona forteou pneus, cheios de cortia, borracha ou pedaos decabos, cobertos com embotijo (tranado de cabos paraproteo contra desgaste). So usados para protegera embarcao durante a atracao ou, enquantoestiverem atracadas, para evitar danos pintura eavarias no costado. A figura ao lado mostra um dostipos de defensa, conhecida como defensa da roda.

    Forrao forrar um cabo proteg-lo, evitando a penetrao da umidade emsuas cochas (espao entre os cordes do cabo).

    Na figura abaixo, voc pode observar os trs passos que se d at chegar ao finalda forrao.

    1) com cordes finos cobrem-se as cochas do cabo, em toda a sua extenso isto engaiar;2) com tiras de lona, cobre-se toda a parte engaiada esta a operao de percintar; e3) finalmente, com voltas redondas forra-se o cabo com merlim, ou outro cabo fino.

    Aps a realizao destas operaes para proteger um cabo, podemos ainda envolv-lo com lona ou couro e costurar. Esta quarta operao chama-se emangueirar.