Marinheiros e Barqueiros Africanos No Reconcavo Da Guanabara Sec Xix

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RECÔNCAVO 4 Recôncavo: Revista de História da UNIABEU Ano 1 Número 1 Agosto- Dezembro de 2011 Marinheiros e barqueiros africanos no Recôncavo da Guanabara, século XIX. 1 Nielson Rosa Bezerra Doutor em História - UFF Resumo Este trabalho é uma provocação para uma nova abordagem para a escravidão africana na cidade do Rio de Janeiro, considerando os escravos que trabalhavam nas embarcações que ligavam a cidade e o recôncavo fluminense. Assim, considerando fontes de pesquisa diversas, como os relatos de viajantes e as matrículas de embarcações que eram utilizadas na Baía de Guanabara, espera-se construir novas problemáticas para o estudo das africanidades no Rio de Janeiro. Palavras-Chave: escravidão; marinheiros; baía de Guanabara. Abstract This work is a provocation to a new approach to African slavery in Rio de Janeiro City through a study about mariner slaves who worked on trips from the city to Recôncavo of Guanabra. This work is based on primary sources such as traveller reports and ships registrations. Therefore, I intend to create new questions in African studies in Rio de Janeiro. Keywords: slavery; mariner; Ganabara Bay 1 Agradeço a generosidade do Prof. Dr. Flávio dos Santos Gomes (UFRJ).

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Artigo de historia da Baixada Fluminense

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  • RECNCAVO 4

    Recncavo: Revista de Histria da UNIABEU Ano 1 Nmero 1 Agosto- Dezembro de 2011

    Marinheiros e barqueiros africanos no Recncavo da Guanabara,

    sculo XIX. 1

    Nielson Rosa Bezerra

    Doutor em Histria - UFF

    Resumo

    Este trabalho uma provocao para uma nova abordagem para a escravido africana na

    cidade do Rio de Janeiro, considerando os escravos que trabalhavam nas embarcaes que

    ligavam a cidade e o recncavo fluminense. Assim, considerando fontes de pesquisa diversas,

    como os relatos de viajantes e as matrculas de embarcaes que eram utilizadas na Baa de

    Guanabara, espera-se construir novas problemticas para o estudo das africanidades no Rio de

    Janeiro.

    Palavras-Chave: escravido; marinheiros; baa de Guanabara.

    Abstract

    This work is a provocation to a new approach to African slavery in Rio de Janeiro City through a

    study about mariner slaves who worked on trips from the city to Recncavo of Guanabra. This

    work is based on primary sources such as traveller reports and ships registrations. Therefore, I

    intend to create new questions in African studies in Rio de Janeiro.

    Keywords: slavery; mariner; Ganabara Bay

    1 Agradeo a generosidade do Prof. Dr. Flvio dos Santos Gomes (UFRJ).

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    A baa de Guanabara j foi cenrio de manifestaes culturais, inspirao de

    artistas, intelectuais e viajantes do sculo XIX, bem como objeto de pesquisas

    acadmicas fundamentais para a percepo da relao dos seres humanos e o meio

    ambiente na cena carioca. Atravs deste trabalho, considerando a cultura, a inspirao

    e o rigor acadmico daqueles que delimitaram a baa de Guanabara no tempo e no

    espao, penso que seja possvel contribuir para o desenvolvimento do conhecimento

    do processo de formao da sociedade fluminense, considerando as fortssimas

    interaes culturais que ocorreram nas guas da Guanabara durante o perodo

    escravista de nossa histria.

    Neste sentido, atravs das guas da Guanabara, seria possvel pensar a

    histria da escravido africana, considerando as mltiplas conexes histricas que se

    seguiram durante o perodo colonial e o sculo XIX, bem como as relaes sociais e

    culturais constitudas entre as diversas regies africanas e o Brasil, particularmente a

    cidade do Rio de Janeiro, sua baa e o seu recncavo. Muito tem se produzido sobre a

    escravido que existia nas ruas da cidade do Rio de Janeiro.2 Neste trabalho, venho

    propor uma anlise das relaes escravistas que ocorriam no entorno da baa de

    Guanabara, considerando-a uma representao valiosa do cenrio que constituiu um

    mosaico tnico, caracterizado pelos inmeros grupos de procedncia que formavam

    a sociedade brasileira escravista.

    Para isso, pensar a baa de Guanabara pode ser providencial, pois as relaes

    que os seres humanos tm construdo com a natureza ao longo do processo histrico

    tm sido fundamentais para se pensar relaes de poder, formao econmica,

    construes sociais e diversidade cultural. A principal iniciativa que pode melhor

    estabelecer um exemplo desse dilogo so as reflexes de Fernand Braudel para a

    expanso filipina atravs do Mediterrneo. Tal autor, considerando uma geo-histria,

    percebeu trs dimenses para as transformaes sociais, sagrando-se como referncia

    neste trabalho por conta de suas construes sobre a longa durao. Sem dvida

    que Braudel foi o pioneiro em um olhar diferenciado para a histria regional,

    2 Muitos desses trabalhos esto relacionados nas referncias bibliogrficas desse texto.

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    sobretudo porque redefiniu a maneira como o conceito de regio era considerado

    pelos historiadores. Alm disso, suas reflexes so deveras proveitosas como

    referncia para esta pesquisa, pois inovou ao introduzir a ideia de uma histria

    integrada pelo mar (BRAUDEL, 1949).

    Nesta anlise tenho como objetivo principal identificar as relaes sociais

    escravistas atravs de um estudo da ambincia social que ocorria na baa da

    Guanabara, levando em conta as transformaes culturais atravs da construo de

    um perfil da diversidade dos agentes sociais que atuavam neste contexto. Assim,

    penso que a baa foi um espao de intensa integrao da capitania e da provncia

    fluminense, tornando-se fundamental para a compreenso das construes sociais e

    culturais das pessoas que habitavam esta regio, independente da condio social em

    que viviam.

    Os agentes da sociedade escravista privilegiados nesta pesquisa so os

    marinheiros, barqueiros, proprietrios e mestres de embarcaes que vivenciavam o

    concorrido cotidiano das viagens entre a cidade e as diferentes localidades do

    recncavo, atravs das guas da Guanabara. Sobre esses agentes sociais, Mary Karach

    afirmava:

    Semelhante ao carreto por terra era o transporte de bens ou pessoas por gua. Canoas, balsas, veleiros pequenos e grandes e barcos a vapor viajavam pela costa, atravessavam a baa de Guanabara e iam at portos longnquos do mundo, inclusive alguns da frica. Um ou dois escravos tripulavam as canoas que traziam produtos para vender na cidade, enquanto outros alugavam seus servios para transportar passageiros ao longo da costa. (...) Desse grupo de cativos, parece que a maioria navegava pela baa sem seus donos e gozava de uma existncia menos controlada, sem dvida porque se confiava neles. Infelizmente, essa liberdade no era o quinho da maioria dos barqueiros e marinheiros, pois trabalhavam sob a superviso disciplinadora do senhor ou feitor ou manejo de escravos e marinheiros das galeras. (KARACH, 2000, p. 267)

    Desta forma, o objeto de pesquisa sobre a escravido africana no Rio de

    Janeiro se especifica pelo cenrio diferenciado, delimitando as guas da Guanabara

    como um espao de confluncias sociais e culturais, cujas relaes favoreciam um

    processo poltico entre senhores, escravos e outros agentes da sociedade escravista.

    Tambm, a diversidade das relaes entre senhores e escravos que estavam

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    empregados nos ofcios de carregadores das guas, que podiam caracterizar pelo

    controle ou pela autonomia, flexibilizando as relaes construdas pela historiografia

    brasileira at ento. Os tipos de embarcaes, os agentes sociais, o cotidiano das

    viagens para os portos de freguesias do recncavo atravs da Guanabara, a

    possibilidade de viagens mais longnquas, os internacionalismos sociais so algumas

    questes que podem ser consideradas em novas abordagens.

    As reflexes construdas neste trabalho ainda podem ser fundamentadas

    pelas consideraes de John Thornton, que estudou a formao do mundo atlntico

    atravs da atuao dos africanos de agentes de outras regies do mundo colonial. Para

    isso, buscou compreender os diversos interesses que se conjugavam atravs das guas

    atlnticas, estabelecendo um dilogo entre as reas de interesses de sua historiografia

    com concepes geogrficas sobre a temtica. O autor evidencia a importncia do

    Atlntico para o estudo da histria da dispora africana, principalmente no que se

    refere aos agentes sociais marginalizados atravs do processo escravista. Mais uma

    vez, pode-se perceber a importncia da ecologia para o processo histrico

    desencadeado pela diversidade humana, propulsora de nossa formao social.

    (THORNTON, 2004)

    Da mesma forma, pode-se indicar o trabalho de Lus Felipe de Alencastro

    voltado para o sculo XVII - quando afirma que o Brasil se formou fora do Brasil,

    estabelecendo o Atlntico Sul como principal espao de confluncia na formao da

    sociedade colonial. Nesse sentido, para o autor, as relaes entre as diferentes partes

    da frica e do Brasil so fundamentais para a compreenso da sociedade colonial,

    principalmente quando consideramos que as interaes econmicas e culturais so

    muito mais diversificadas do que se poderia imaginar. Assim, Alencastro nos chama

    ateno para a importncia dos africanos entre os interesses metropolitanos e dos

    colonos brasileiros, alm de outros agentes de procedncias diversificadas, como os

    holandeses, por exemplo. (ALENCASTRO, 2001)

    Para que nosso objetivo possa ser factvel, necessrio se faz uma reduo de

    nossa escala de anlise. As iniciativas historiogrficas realizadas para o Atlntico e para

    o Mediterrneo s podem ser reproduzidas atravs de um estudo sobre as relaes

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    escravistas no mbito da baa de Guanabara se estabelecermos uma microanlise da

    temtica da escravido. Desta forma, as perspectivas de Jacques Revel tornam-se

    valiosas para a fundamentao de nossa pesquisa.

    Num caso e noutro, a escolha de um enfoque micro-histrico tem uma importncia decisiva. Tratando-se da natureza das categorias de anlise do social, com certeza no nvel local que a defasagem entre categorias gerais (ou exgenas) e categorias endgenas mais marcada. (REVEL, 2001, p. 24)

    Assim, seria possvel estabelecer as guas da Guanabara como um lugar de

    formao de uma sociedade cujas relaes se davam de forma dinmica, marcada pela

    inquietude do trfico de escravos africanos que desembocava em suas guas.

    Portanto, as guas da baa do Rio de Janeiro eram um cenrio privilegiado para as

    confluncias de fatores endgenos e situaes especficas, que vinham e partiam para

    o interior da provncia, de forma que nos favorece em uma anlise das suas relaes

    escravistas. Ainda preciso esclarecer que a micro-histria no deve ser percebida

    como um mtodo absoluto e autossuficiente, pelo contrrio, ser utilizado neste

    trabalho como uma representao de um processo histrico mais amplo que se

    iniciava na frica, atravessava o Atlntico, passava pelo litoral e chegava ao interior do

    Brasil.

    Considerando as preocupaes com o esclarecimento sobre uma negao da

    autossuficincia, acompanhando a tendncia da historiografia sobre a dispora

    africana, pode-se realizar uma importante insero antropolgica para os nossos

    estudos. Fredrick Barth oferece ferramentas eficazes contra a ideia que a identidade se

    formava atravs da restrio de comunidades e que os isolamentos sociais e

    geogrficos foram fatores para a manuteno da diversidade cultural. Pelo contrrio, o

    antroplogo noruegus considera a formao de identidades tnicas atravs do fluxo

    de pessoas. Em outras palavras, as distines entre categorias tnicas no dependem

    da ausncia de mobilidade, contato e informao, mas implicam efetivamente

    processos de excluso e de incorporao, atravs dos quais, apesar das mudanas de

    participao e pertena ao longo das histrias de vida individuais, estas distines so

    mantidas. (BARTH, 2000).

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    Aps uma breve insero terica que fundamentou as atividades empricas,

    pode-se estabelecer uma caracterizao do ambiente natural que pretendo estudar. A

    baa de Guanabara um acidente geogrfico. (LAMEGO, 1964) Tais ideias podem ser

    melhor representadas atravs das palavras de Rugendas, que considera a beleza da

    baa do Rio de Janeiro com sua forma oval e regular:

    Talvez no exista no mundo uma regio como o Rio de Janeiro, com paisagens e belezas to variadas, tanto do ponto de vista da forma grandiosa das montanhas, quanto dos contornos das praias. Em virtude da multido de enseadas e promontrios, h uma variedade infinita de panoramas, tanto para o lado da baa e das suas ilhas quanto para o mar alto. No so menores a riqueza e a variedade da vegetao. (RUGENDAS, 1941, p, 20)

    O estudo de Alberto Lamego destaca-se, em primeiro lugar por uma

    catalogao das impresses dos europeus sobre as belezas do Rio de Janeiro atravs

    de sua baa, iniciando no sculo XIV e estendendo-se at o sculo XX. Aps uma longa

    descrio das inmeras belezas naturais da Guanabara, tal autor conclui:

    O quadro panormico da Guanabara d-nos claro exemplo da limitao do artista ao querer escalar o inacessvel. o que nos provam tantos testemunhos, das mais extremas conformaes intelectuais e morais. Do mais rude e inculto marinheiro ao sbio de renome e ao esteta requintado transfiguram-se todos fascinao de uma inenarrvel maravilha. (LAMEGO, 1964, p. 14)

    O trabalho de Lamego no se restringe apenas a uma compilao das

    impresses de viajantes e artistas. Embora o autor no se furte do entusiasmo pelas

    belezas naturais da baa do Rio de Janeiro, importante destacar sua importante

    contribuio para se problematizar a relao entre o homem e o espao natural.

    Assim, sua obra se divide em trs partes: a terra, o homem e a cultura, constituindo-se

    importante referncia sobre a ocupao e as transformaes sociais que ocorreram na

    cidade do Rio de Janeiro, no seu recncavo e no interior da provncia. (LAMEGO, 1964)

    Sobre a baa do Rio de Janeiro, posso afirmar que suas caractersticas naturais

    foram humanizadas pela ao das pessoas em uma poca especfica. Por esse prisma,

    pode-se perceber que a Guanabara, fonte de admirao e inspirao registradas nos

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    relatos de europeus que aqui estiveram ao longo do perodo colonial e do sculo XIX,

    passou a ser a principal referncia na entrada da cidade do Rio de Janeiro. Assim, o

    encantamento das belezas naturais dividia o lugar com as complexas relaes

    escravistas que caracterizavam a cidade colonial, o seu recncavo, bem como toda a

    provncia fluminense.

    Durante o sculo XVIII o Rio de Janeiro se tornou o principal porto importador

    de escravos africanos da Amrica. Assim, a cidade do Rio de Janeiro passou a guardar

    complexidades que tm sido largamente estudadas pela historiografia mais recente.

    No obstante, podem citar-se estudos sobre a vida cotidiana, as diversas formas de

    resistncia e de sociabilidade, bem como a cultura escrava pelas ruas do Rio de

    Janeiro. No entanto, a historiografia mais recente, como tambm a mais tradicional,

    considerou apenas o porto do Rio de Janeiro do ponto de vista do trafico atlntico,

    minimizando a sua importncia para o movimento dos escravos atravs da baa e no

    recncavo. As guas da Guanabara eram um importante espao de comunicao e

    integrao entre a cidade e seu entorno, um cenrio valioso mesmo para aqueles

    interessados em descrever o cotidiano da cidade

    Tais consideraes remetem s palavras de Daniel Kidder, que registrou uma

    importante caracterstica porturia do Rio de Janeiro, quando sua comitiva pretendia

    conhecer o interior fluminense.3 Em seus registros, possvel perceber a importncia

    dos barqueiros e marinheiros para a vida econmica, social e cultural da cidade.

    Segundo esse viajante e missionrio protestante, a Praia dos Mineiros, onde se faziam

    os embarques para o recncavo concentrava grande nmero de escravos treinados na

    arte da navegao:

    Quando chegamos ao ponto onde devamos tomar a embarcao (Praia dos Mineiros), fomos, como de costume, assaltados por cerca de cincoenta barqueiros, e tremenda concorrncia, oferecendo botes, faluas ou canoas... Esses homens pertencem numerosa classe de escravos adestrados no mister de catraeiros e empregados no transporte de passageiros no interior da baa. Do-lhes botes e canoas pelos quais ficam pessoalmente responsveis, assumindo perante seus senhores a obrigao de pagar certa parcela diria, depois de deduzida a quantia necessria a sua subsistncia...

    3 Daniel Kidder (Darien, 1815 - Evanston, 1891) foi um americano mrmon que esteve no Brasil em

    1836/37 e 1840/42 para fazer trabalho missionrio na Amaznia, tendo por isso passado pelo Rio de Janeiro e viajado em suas imediaes. Suas memrias de viagem foram publicadas em ingls em 1845.

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    no trabalham apenas para ganhar a vida, mas para escapar ao castigo que lhes est reservado caso no consigam entregar a seus senhores a parcela estipulada... alugamos um bote munido de vela e remos conduzidos por dois negros que se diziam perfeitos conhecedores de todos os portos da baa. (KIDDER, 1972, p. 145-146)

    As descries de Kidder revelam-se valiosas para a identificao da

    complexidade do cenrio que se pretende reconstituir. A expressiva quantidade, a

    concorrncia e a variedade de embarcaes concentradas na praia dos Mineiros so

    indcios bem interessantes das caractersticas porturias da cidade, bem como do fluxo

    dirio de pessoas e mercadorias para o recncavo e o interior da provncia. Uma outra

    caracterstica a destreza dos barqueiros registrada pelo viajante, treinados tanto no

    transporte de passageiros como de mercadorias. Alm disso, nas palavras do

    missionrio americano, possvel identificar uma modalidade de explorao do

    trabalho escravo tipicamente da cidade: o trabalho ao ganho. Desta forma, diversas

    caractersticas da cidade do Rio de Janeiro, pouco faladas pelos historiadores, podem

    ser identificadas nas palavras de Kidder.

    Contudo, a integrao necessria para se caracterizar o cenrio que se

    pretende trabalhar no se restringe s ofertas e organizao do trabalho escravo nos

    portos urbanos do Rio de Janeiro. As embarcaes tinham destinos costumeiros,

    permitindo identificar a circulao e o ordenamento espacial dessas embarcaes no

    perodo estudado. Kidder arrola os principais portos da Baa de Guanabara:

    Os portos principais da baa so Mag, Piedade, Estrela e Iguau. Nesses pontos as tropas procedentes do interior descarregam grandes quantidades de mercadorias que seguem para o Rio de Janeiro em pequenas embarcaes... Se alguma coisa pode aumentar a magnificncia do empolgante cenrio so as numerosssimas embarcaes de todos os tipos que cruzam incessantemente a baa, pontilhando com suas velas brancas, o verde claro do mar.(KIDDER, 1972, p. 158-159)

    So vrios os viajantes europeus que relataram suas experincias sobre a

    travessia da Baa de Guanabara, registrando as caractersticas fsico-geogrficas e

    sociais presentes na sociedade escravista da poca. Com o objetivo de chegar at o

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    Porto da Estrela para prosseguir at Minas Gerais, o naturalista ingls Charles James

    Fox Bunbury registrou:

    Fiquei impressionado com a beleza das pequenas ilhas cobertas de mato de que a baa espessamente salpicada, e muitas das quais habitadas; as cabanas aninhadas debaixo das orlas das florestas, perto do mar, com pequenas plantaes de bananeiras ou cana-de-acar, lembram-me as gravuras que vi nas ilhas do mar do sul. A parte superior da baa tem as caractersticas de um lago. Cinco horas eram passadas desde que tnhamos partido da cidade, antes de chegarmos entrada do rio da Estrela ou Anhum-mirim (em tupi pequeno campinho)... (BUNBURY,1981, p. 51-52)

    O relato de Bunbury torna-se fundamental ao estabelecer traos sobre a

    importncia da Baa de Guanabara, bem como o tempo aproximado de travessia.

    Atravs de suas memrias possvel inferir as condies favorveis para os constantes

    deslocamentos fluviais e martimos que facilitavam o trnsito de pessoas, o

    escoamento de mercadorias e as trocas de signos culturais. Francisco Pond, em

    estudo mais recente, tambm descreve as caractersticas do incio da viagem para

    Minas Gerais atravs da travessia da Baa de Guanabara:

    Tomava-se na Praia dos Mineiros, no Rio de Janeiro, passagem em uma falua s 11 horas da manh e aproava-se ao Porto da Estrela, passando pelo Boqueiro, na ponta Ilha do Governador(...). Do Porto da Estrela, desembarcava-se em qualquer dos ancoradouros de Francisco Alves Machado Martinho e de Joviniano, s cinco horas da tarde, quando o tempo favorecia(...) (POND,1971, s.p)

    Ao contrrio de Banbury, Pond destaca um perodo maior de viagem entre o

    Rio de Janeiro e o Porto da Estrela, bem como a possibilidade de condies

    desfavorveis para a circulao de pessoas e mercadorias atravs das diversas

    embarcaes que navegavam atravs da Guanabara. Desta forma, a diversidade de

    memrias e as interpretaes construdas sobre o processo que ora estuda-se

    contribuem para o desenvolvimento da ideia de que a Guanabara era um ponto

    privilegiado para as interaes sociais e as reconstrues culturais que ocorriam entre

    africanos, crioulos, livres, escravos e libertos empregados nos servios martimos entre

    a cidade do Rio de Janeiro e o seu recncavo.

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    Durante a sua estada na Corte do Imprio, a francesa Adle Toussant-

    Samson, visitou duas vezes uma fazenda de Mag. Atravessou a Baa de Guanabara,

    chegou ao Porto da Piedade, esteve em um hotel da localidade e fez pouso na fazenda

    So Jos, em Mag. Em uma de suas viagens, relatou:

    Gordos vendeiros portugueses tiravam os sapatos e coavam os ps durante a viagem; outros estendiam-se nos bancos, semi-despidos e roncavam sem se importar com seus companheiros de viagem; negros sujos e malcheirosos, carregados de cestos e de gneros de toda a natureza atravancavam o barco, de sorte que ficamos muito satisfeitos de deixar essa encantadora sociedade ao desembarcar na Piedade. (TOUSSANT-SAMSON, 2003, s.p)

    Embora trate-se de um olhar etnocntrico caracterstico dos viajantes

    europeus, fica evidente o ambiente do pequeno comrcio. Em seu breve relato, alm

    da presena de um francs, no caso, ela mesma, a descrio destaca que as

    embarcaes mesclavam o servio de passageiros e o transporte de mercadorias,

    facilitando a percepo do cotidiano dessas embarcaes aqui estudadas.

    Os relatos de viajantes so valiosos em qualquer processo investigativo do

    passado. Em geral, so impresses de pessoas que viveram, visitaram, vivenciaram e

    experimentaram situaes que ajudam na reconstituio do cenrio estudado.

    Entretanto, se no se pode confiar cegamente por um possvel olhar exterior, cheio de

    concepes europeias ou norte-americanas que procuravam entender o Brasil atravs

    de uma lgica exgena, tambm preciso considerar o pouco conhecimento que os

    viajantes tinham do processo. Por mais detalhado que o registro e as descries

    possam ser, preciso questionar, problematizar e confrontar com outras fontes de

    poca e que ofeream informaes similares, ou pelo menos sobre a mesma situao

    que se est estudando. Com essa preocupao, buscamos outras fontes que

    pudessem informar sobre a insero da sociedade escravista nas guas da Guanabara.

    A mais rica documentao encontrada foram as matrculas das embarcaes de fretes

    e servios de frete empregados na Baa do Rio de Janeiro, disponveis no Arquivo

    Nacional, analisadas a seguir.

    Desde o sculo XVIII o Rio de Janeiro passava por um processo de

    crescimento de suas atividades comerciais e de uma intensa expanso demogrfica.

    Tais transformaes alteraram a dinmica urbana, trazendo situaes difceis de serem

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    controladas. As dificuldades se multiplicavam, porque o Rio de Janeiro se tornou uma

    espcie de cidade aberta, que abrigava todo tipo de gente, escravos e livres, naturais

    da terra, portugueses e ainda uma diversidade assombrosa de estrangeiros espanhis,

    austracos, americanos, turcos, entre muitos outros. Sobre os contrastes urbanos da

    cidade do Rio de Janeiro, Ilmar de Mattos frisou que:

    Do Rio de Janeiro, sede do governo do Estado do Brasil desde 1763, pode-se dizer que preservava as caractersticas de uma quase aldeia ao encerrar-se o perodo colonial. Ruas estreitas, escuras e sujas; no havia remoo de lixo, sistemas de esgotos, qualquer noo de higiene pblica. As casas eram trreas e sua maioria, ocupadas pelos prprios donos. (...) No decorrer do sculo XVIII, sua populao crescera significativamente (...). Tal crescimento expressava, se dvida, a intensificao da atividade comercial com a regio mineradora, a Metrpole e o litoral africano.(MATTOS, 1994, p. 29)

    Segundo Ilmar de Mattos, a formao do Estado Imperial Brasileiro se deu de

    forma extremamente complexa, considerando as caractersticas demogrficas de sua

    capital. Portanto, um controle das ruas deveria ser expressamente necessrio para que

    fosse feita a transio entre o governo da casa e o governo do Estado. (MATTOS,

    1994) Entre os diversos estudiosos que buscaram entender a dinmica das ruas do Rio

    de Janeiro durante a primeira metade do sculo XIX, destaca-se Carlos Eugnio Soares

    que ao decorrer sobre as diversas formas de rebeldia escrava que se alastravam pela

    cidade do Rio de Janeiro, evidenciou as preocupaes da classe senhorial em criar

    mecanismos de controle e represso das massas intertnicas que viviam e povoavam a

    capital do Imprio. (SOARES, 2001).

    As preocupaes com o controle da populao no se restringiam aos que

    habitavam nas ruas da cidade, mas tambm aos escravos, libertos e livres que viviam

    o cotidiano fluvial da Guanabara e dos rios que os ligavam com o interior do

    recncavo. Assim, as medidas propostas em 1829 para o controle das embarcaes e

    suas tripulaes nos revelam tais preocupaes:

    1. Todos os Juzos de Paz apresentaro uma lista das embarcaes pertencentes as pessoas dos distritos de sua jurisdio, designando nome de seus tripulantes, nome dos barcos, servio em que se emprega, e se de frete ou particular.

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    2. Todos sero no prazo de um ms destas publicadas receberem do Juiz de Paz um boletim com as declaraes assim, e com eles apresentarem-se no Arsenal de Marinha para ali serem numeradas fazendo-se um lanamento sobre declaraes e sinais do Arraes (...).

    3. Que todas as embarcaes que forem encontradas sem esta numerao se considerem suspeitas e em estado de averiguao.(...) 4. Todos os botes de demais embarcaes empregadas no servio de quitanda pelo mar sero obrigadas as mesmas legitimar que so obrigadas os mascates e quitandeiros que so de qual distrito. Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 1829.4

    Como se v, a preocupao com a ordem e a formao de uma boa sociedade

    eram flagrantes nas medidas das autoridades cariocas, evidenciando a necessidade de

    controle da massa nas ruas e nas vias fluviais. Tais preocupaes se estendiam para

    alm das freguesias sob a jurisdio da cidade do Rio de Janeiro, pois eram os

    inmeros agentes sociais que residiam em freguesias do recncavo e que

    quotidianamente visitavam a cidade. Portanto, a preocupao e as medidas de

    controle deveriam estar associadas a um permanente alerta, para que a ordem fosse

    estabelecida no mbito da capital do Imprio.

    As matrculas eram registradas em livros do Arsenal de Marinha, ficando

    disposio da Polcia da Corte. Entretanto, cada embarcao recebia um bilhete de

    identificao para ser apresentado s autoridades, quando solicitado, incluindo tipo e

    nome da embarcao, servio para qual era destinada, nome e endereo do

    proprietrio, nome e funo da autoridade encarregada do registro e da autorizao.

    Ficava ainda registrada a identidade dos tripulantes.

    Sobre a tripulao empregada nas embarcaes, necessrio um breve

    descritivo e analtico, pois tais registros so extremamente reveladores para a

    problemtica enfocada nesse captulo. O nmero de tripulantes variava de acordo com

    o tamanho da embarcao e o servio, mas quase todos os registros indicam um

    arraes, o mestre da embarcao, responsvel por ela e pelos demais tripulantes. A

    seguir, eram apresentados os marinheiros que, embora no tivessem uma descrio

    densa de suas caractersticas, eram identificados pelos nomes e, no caso dos africanos,

    4 Arquivo Nacional. Polcia da Corte (Diversos Cdices). Cdice 413. Volume 1. Rio de Janeiro, 1829-1832.

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    por seus grupos de procedncia. A variedade tnica dos tripulantes das embarcaes

    era enorme, sendo um importante elemento para identificar a formao de mosaico

    de naes que caracterizavam a escravido na provncia do Rio de Janeiro. Uma

    reflexo mais complexa sobre a hierarquizao social representada pela tripulao das

    embarcaes da Baa de Guanabara pode ser bem interessante. Pela identificao e

    quantificao das matrculas possvel perceber uma expressiva diversidade de

    naes, de atividades e de servios oferecidos, revelando mais uma face da escravido.

    Voltado para a investigao sobre o trfico atlntico de escravos, Jaime

    Rodrigues analisou e refletiu sobre o cotidiano das embarcaes que atracavam no

    porto do Rio de Janeiro. Sobre suas tripulaes afirmou que:

    Independente da nacionalidade, pertencer a uma tripulao era fazer parte de um processo de trabalho especializado e dividido em tarefas que variavam de acordo com uma hierarquia que, se era construda a partir das habilidades, tambm refletia uma diviso social transportada da terra para bordo. (RODRIGUES, 2005, p. 162)

    No resta dvida sobre a importncia econmica dessas atividades exercidas

    concomitantemente por escravos, livres e libertos; africanos, crioulos, brasileiros e

    europeus. Portanto, a hierarquizao social era bem mais complexa durante o

    processo cotidiano da escravido que existia nas guas guanabarinas. A presena

    expressiva de africanos nessas atividades torna-se um importante indcio de

    permanncia e reconstruo de habilidades e expresses culturais entre aqueles que

    se deslocaram da frica para o Brasil. Alm do mais, no se pode furtar o contato

    cultural de pessoas que guardavam naes diversas em seu universo identitrio. Assim,

    manter e reconstruir identidades sociais e culturais era bem mais complexo, pois se

    tratava da ampliao de fronteiras que eram redefinidas, no mbito do trabalho

    martimo na Baa de Guanabara.

    Com referncia s ideias que estamos propondo, o trabalho de Jaime

    Rodrigues, aponta para questes fundamentais:

    Se o sofrimento era uma marca desse tipo de trabalho, produzindo resultados que esto no cerne mesmo da cultura martima, outros elementos ainda intervinham na caracterizao de prticas culturais dos marinheiros. Entre elas estava a mobilidade no espao, responsvel pelo

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    contato com outras prticas culturais mundo (ou mar) afora, alm de inmeras diversidades: a diferena social entre membros das tripulaes, a variao etria, a multiplicidade religiosa, de nacionalidade, de etnia, etc.(RODRIGUES, 2005, p. 185)

    Assim, as possibilidades de anlise da sociedade escravista se multiplicam de

    forma contundente. Associada s descries de viajantes, a anlise da documentao

    das embarcaes permite oferecer uma importante contribuio para o historiografia

    da cidade do Rio de Janeiro, do comrcio e do controle da escravido, que tinha lugar

    nas fazendas, nas ruas das cidades, mas tambm nas guas da baa e dos rios que

    ligavam a Cidade s freguesias do seu recncavo.

    Atravs deste estudo, pretende-se apontar para a necessidade de se valorizar

    a concentrao da demografia africana na cidade do Rio de Janeiro. So muitos os

    trabalhos que vm demonstrando tais preocupaes. Porm, tambm muito

    importante descentralizar os estudos africanistas para o recncavo guanabarino. Isso

    se explica pela perspectiva das conexes histricas que precisam caracterizar a

    produo historiogrfica do presente, haja vista a percepo da ausncia de

    isolamento entre os indivduos, as sociedade e regies.

    Portanto, o estudo dos marinheiros e barqueiros empregados na Baa de

    Guanabara nos empresta muito mais diversidade cultural do que se supunha no

    processo de formao da sociedade escravista brasileira. As diversas identidades

    ligadas procedncia e a grupos tnicos, as muitas naes construdas pelo trfico

    atlntico devem ser consideradas ao lado das mltiplas naes no africanas que

    tambm se faziam representar nas guas da Guanabara e no seu cotidiano comercial.

    As confluncias culturais tambm so percebidas pelas prprias modalidades de

    explorao do trabalho, pois os escravos africanos dividiam o cotidiano com

    trabalhadores livres. Embora esta informao seja lugar comum na historiografia

    brasileira, neste caso, a experincia de trabalhadores no-africanos com outros que

    viviam o cativeiro pode enriquecer uma nova anlise para o estudo de nosso passado

    escravista. Neste caso, ainda acrescente-se o fato de se tratar de marinheiros

    africanos, brasileiros, europeus, norte-americanos, asiticos, australianos, que viviam a

    experincia da liberdade como natureza de ofcio. Desta forma, pode-se afirmar que,

    alm de toda experincia de autonomia, trocas culturais, dentre outras, o cotidiano da

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    baa de Guanabara, que ligava a cidade do Rio de Janeiro e suas freguesias recnditas,

    guardavam uma caracterstica de sntese internacional, multiplicando as possibilidades

    de transformao e reconstruo cultural dos africanos e de todos os agentes

    envolvidos neste processo.

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