Marmuro Impressão Foyer

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WWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW WWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW WWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW WWWWWWWWWWWWWWWWWWW as primeiras WWWWWWWW linhas deste texto devem WWWWW manter-se cerradas em si mesmo, opacas, produzindo uma WWWW opacidade semântica, ou melhor dizendo, uma linha limite que renuncia a diversidade das letras e bloqueia WW as possibilidades de discursos WWWWWWWW remetendo sempre a si mesmo, algo como essa série de dablius colocados lado a lado formando um bloco espesso homogêneo replicando a solidez de um muro. Aqui, no espaço deste texto, tenho a cumplicidade da sua experiência em andar nas ruas e se deparar com muros, informação comum, banal, elemento básico arquitetônico que divide o espaço urbano. O gesto que um muro realiza no espaço urbano tem a WWW funcionalidade de proteger, defender, privar, isolar... de

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WWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW

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WWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW

WWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW

WWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW

WWWWWWWWWWWWWWWWWW as primeiras

WWWWWWWW linhas deste texto devem WWWWW

manter-se cerradas em si mesmo, opacas, produzindo uma

WWWW opacidade semântica, ou melhor dizendo, uma

linha limite que renuncia a diversidade das letras e bloqueia

WW as possibilidades de discursos WWWWWWWW

remetendo sempre a si mesmo, algo como essa série de

dablius colocados lado a lado formando um bloco espesso

homogêneo replicando a solidez de um muro. Aqui, no

espaço deste texto, tenho a cumplicidade da sua experiência

em andar nas ruas e se deparar com muros, informação

comum, banal, elemento básico arquitetônico que divide o

espaço urbano. O gesto que um muro realiza no espaço

urbano tem a WWW funcionalidade de proteger, defender,

privar, isolar... de uma possível ação do Outro, o estranho,

estrangeiro, o indesejado, desconhecido, o bárbaro. Um

muro WWWWWWWWWWWWW deve ser incontestável

na sua solidez, deve bastar, ser suficiente para suportar a

indesejável invasão. Ando na rua, não esqueço da força do

muro e sua implicação político-social, mas passo a vê-lo

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estrategicamente como um corpo gráfico performativo,

passível de ser editado, desorganizado e re-organizado

WWWWWW meu pai acaba de estacionar o carro na rua do

Cond. João Machado Fortes em que vive a mais de 40 anos,

classe média baixa, domingo 15:00, amigos na rua, boteco de

bairro aberto, movimento, três jovens se aproximam, um

tiro estoura na perna, meu pai, a bala do tipo Dundun

perfura a carne e não descansa, abrigada no corpo, invade,

explode e estilhaça vasos, ossos, músculos...WWWWW a

experiência dessa brecha aberta no corpo de meu pai me

desorganiza e me desafia a transformar o veneno em

antídoto: a dor do estilhaço lembra que a vida tem a

intensidade de uma bala. A força dessa experiência abre,

para mim, uma informação que posso colocá-la em

movimento, me possibilitando a mover o muro, inclusive, na

sua materialidade, o muro não se basta mais, W nem sua

solidez, nem seus acessórios de ferrinhos cortantes e cercas

elétricas, o muro move, pois nada se basta, nada é

inabalável. A bala dundun nos ensina em sua violência que

não basta perfurar tem que estourar dentro para estilhaçar.

Para cada violência de isolar, negar, privar gera-se sempre o

desejo de violar e violentar a violência oferecida. WWWWW

WWWWWWWWWWWWWWWWW WWWW A violência

ri da pretensão da sua violência, então se faz necessária uma

brecha para sair do impasse desse rebatimento e passar

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outras informações, outros afetos, outros desejos para que o

Outro em sua diferença seja respeitado. O muro - bordão

tonal da segurança intolerante com as oscilações. O muro -

coreografia da verdade que defende a violência ordeira. O

muro - corporalidade homogênea, totalizante. No

rebatimento da violência pela violência, do mesmo pelo

mesmo, na recorrência incessante do mesmo dabliu, utilizo

o mesmo para encontrar o outro, o temido desconhecido em

mim. WWWW O design do consumo é atraente mas não é

acessível, tenho que consumir o consumo, produzo o design

do meu desejo na tensão dos desejos, design performativo,

se a lei é o layout meu desenho é a tensão do meu desejo.

Onde se ler muro leio maré, produção de movimento no

tecido urbano embrutecido. WWWWWWWWWW Ando

pelo Bairro da Gamboa de Baixo me deparo com um muro

de um beco sem saída aberto para uma ribanceira que dá no

mar, a broca aberta no muro era uma possibilidade de

desvio e fuga utilizada por alguns diante da polícia, um

recurso tecnológico low-tech a favor da sobrevivência, da

afirmação da vida diante do beco sem saída. WWWWW não

posso, não quero acabar com os muros, mas os muros não se

sustentam, quando a maré encher tomar banho de canal

quando a maré encher. Sem paraísos de pedra, nem resorts,

sem exigências face ou fakebook, só quero deixar o possível

acontecer. A luta não acaba, a crise não se encerra, outros

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muros se erguem, mas a exigência constante do movimento

seguirá abrindo fendas, fissuras, brechas e brocas nos

muros. W W W W W W WW

WWWW W WW WW WWW W W W

WW WW WWWW WW WWWW WWWW

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