MASSA ALIMENTÍCIA COM SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DA FARINHA DE TRIGO POR FARINHA DE OKARA
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CENTRO EDUCACIONAL DA FUNDAO SALVADOR ARENA
FACULDADE DE TECNOLOGIA TERMOMECANICA
ANTONIO DOMENICO ALVES MONTEIRO
CAMILA SALES DE REZENDE
CINTHIA MASSUMI SHINODA
MASSA ALIMENTCIA COM SUBSTITUIO PARCIAL DA FARINHA DE
TRIGO POR FARINHA DE OKARA
So Bernardo do Campo
2013
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ANTONIO DOMENICO ALVES MONTEIRO
CAMILA SALES
CINTHIA MASSUMI SHINODA
MASSA ALIMENTCIA COM SUBSTITUIO PARCIAL DA FARINHA DE
TRIGO POR FARINHA DE OKARA
Trabalho de concluso de curso, realizado sob
orientao da Ms. Ctia Palma de Moura
Almeida, apresentado Faculdade de
Tecnologia Termomecanica, como requisito
para obteno do ttulo de Tecnlogo em
Alimentos.
So Bernardo do Campo
2013
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus, pela oportunidade de concluir mais uma etapa de
nossas vidas.
nossa querida orientadora Ctia, pelo nimo, pacincia e bom humor em nossas
conversas, no somente em orientaes, mas tambm ao longo das aulas que foram fundamentais
para nossa formao.
Ao querido Clio Cordeiro de Carvalho, pelo grande auxlio neste trabalho e durante as
aulas, com seu conhecimento e pacincia.
Tambm deixamos nosso obrigado aos demais professores e mestres que foram de
fundamental importncia em nossa carreira e principalmente na vida, contribuindo no s com
conhecimento tcnico, mas com lies de vida, conversas e brincadeiras.
nossa famlia e amigos por todo incentivo, compreenso e auxlio em todas as etapas do
curso e da vida.
Somos gratos tambm, Fundao Salvador Arena, onde nos possibilitou oportunidade de
conhecimento, com seu corpo docente e estrutura de alta qualidade.
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Que os vossos esforos desafiem as impossibilidades,
lembrai-vos de que as grandes coisas do homem
foram conquistadas do que parecia impossvel.
(Charles Chaplin)
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RESUMO
A parte slida do extrato hidrossolvel da soja, denominado okara, um resduo industrial do
processamento de soja, e possui altos teores de protena e fibras. Por se tratar de um resduo,
geralmente descartado ou utilizado como rao animal. A massa alimentcia um dos produtos
mais consumidos mundialmente, sendo que o Brasil o terceiro produtor mundial, aliado ao
interesse e a busca do consumidor por alimentos mais saudveis, o objetivo do trabalho, foi
desenvolver uma farinha a partir do resduo do extrato aquoso da soja para aplicao e melhoria
nutricional do macarro. Aps a obteno da farinha de okara e da formulao padro do
macarro, foram testadas formulaes com substituies parciais de 30%, 35% e 40% de farinha
de trigo, por farinha de okara. Os produtos foram analisados sensorialmente com testes de
preferncia, sendo que a formulao de 35% de substituio teve melhor aceitao com 66% e
com inteno de compra dos provadores de 89%. Atravs das anlises fsico-qumicas obteve-se
15% de protena podendo ser classificado como rico em protenas.
Palavras-chave: Okara. Farinha de okara. Massa alimentcia.
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ABSTRACT
Okara is an industrial residue from the processing of soybean, it has high content of proteins and
fibers. As a residue, it's also most commonly rejected or used as animal feed. Pasta is one of the
most consumed products worldwide, while Brazil is the third largest producer, together with
interest and consumer search for healthier foods, the aim of this study was to develop a flour
from the residue of the aqueous extract of soybean for application and improvement of the
nutritional pasta. After the acquirement of the okara flour and the standard formulation of the
pasta, it was tested formulations with partial substitution of 30%, 35% and 40% of wheat flour
for okara flour. The products were analyzed sensorially with acceptance tests, the 35% okara
pasta was the most popular one, with 66%, using as basis the intent to purchase and and hedonic
scale tests and physical chemistry analysis. Turning out to be a well accepted product, it received
89% of purchase intent and was classified as high protein food.
Key-word: Okara. Residue. Pasta.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fluxograma do processo de macarro industrializado. ...................................... 25
Figura 2: Fluxograma da obteno do okara seco. ............................................................ 28
Figura 3: Fluxograma da massa padro. ............................................................................ 30
Figura 4: Ficha de seleo de provadores. ......................................................................... 32
Figura 5: Ficha para aplicao do teste pareado preferncia. ............................................ 33
Figura 6: Ficha para aplicao do teste de escada de inteno de compra. ....................... 33
Figura 7: Ficha para aplicao do teste pareado preferncia. ............................................ 34
Figura 8: Ficha de anlise de teste de escala hednica. ..................................................... 35
Figura 9: Ficha de teste de inteno de compra. ................................................................ 35
Figura 10: Amostras sem inativao enzimtica ............................................................... 38
Figura 11: Amostra com inativao enzimtica ................................................................ 39
Figura 12: Okara sem processamento ( esquerda) ........................................................... 40
Figura 13: Farinha de okara armazenada a vcuo. ............................................................ 42
Figura 14: Formulao de macarro padro. ..................................................................... 46
Figura 15: Formulaes com 30% e 35% de farinha de okara .......................................... 46
Figura 16: Macarro com adio de goma guar ................................................................ 47
Figura 17: Macarro com adio de goma guar ................................................................ 47
Figura 18: Frequncia do consumo de macarro. .............................................................. 48
Figura 19: Resultado do teste pareado- preferncia. ......................................................... 49
Figura 20: Teste Pareado-preferncia. ............................................................................... 50
Figura 21: Histograma com valores hednicos. ................................................................ 51
Figura 22: Grfico de inteno de compra......................................................................... 52
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Caractersticas fsicas do gro de soja. .............................................................. 12
Tabela 2: Quantidade necessria de derivados de soja para atingir o consumo mnimo. . 14
Tabela 3: Composio mdia dos gros de soja, do extrato aquoso e do okara em base
seca (g/ 100g)................................................................................................................................. 14
Tabela 4: Dados relacionados massa fresca. ................................................................... 23
Tabela 5: Rendimento do processo de obteno da farinha de okara. .............................. 40
Tabela 6: Composio centesimal farinha de okara. ......................................................... 41
Tabela 7: Formulao padro de massa alimentcia. ......................................................... 43
Tabela 8: Porcentagem de cada ingrediente na massa alimentcia. ................................... 44
Tabela 9: Porcentagem de Semolina de trigo e Farinha de Okara. .................................... 45
Tabela 10: Formulaes com adio de goma guar. .......................................................... 47
Tabela 11: Comparao dos resultados obtidos para a composio centesimal de macarro
com okara e de marca comercial. .................................................................................................. 52
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SUMRIO
SUMRIO ......................................................................................................................... 10
1 INTRODUO ............................................................................................................ 8
2 REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................... 11
2.1 Soja ...................................................................................................................... 11
2.1.1 O gro ............................................................................................................. 11
2.1.2 Consumo de soja ............................................................................................ 12
2.1.3 Mercado de soja ............................................................................................. 13
2.1.4 Derivados da Soja .......................................................................................... 13
2.1.5 Resduo do extrato aquoso de soja (Okara) ................................................... 14
2.1.6 Estudos realizados com Okara ....................................................................... 16
2.2 Macarro .............................................................................................................. 17
2.2.1 Ingredientes .................................................................................................... 18
2.2.2 Produto pronto ................................................................................................ 21
2.2.3 Talharim ......................................................................................................... 22
2.2.7 Elaborao do macarro industrializado ........................................................ 24
3 MATERIAIS E MTODOS ....................................................................................... 26
3.1 Matria prima ....................................................................................................... 26
3.2 Equipamentos e utenslios ................................................................................... 26
3.3 Obteno da farinha de Okara ............................................................................. 27
3.4 Obteno do macarro padro ............................................................................. 30
3.5 Anlise sensorial .................................................................................................. 31
3.5.1 Teste pareado preferncia .............................................................................. 32
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3.6 Anlises fsico-qumicas ...................................................................................... 36
3.7 Avaliao da inativao enzimtica ..................................................................... 37
4 RESULTADOS E DISCUSSES .............................................................................. 38
4.1 Teste de inativao enzimtica ............................................................................ 38
4.2 Desenvolvimento da farinha de okara ................................................................. 39
4.2.1 Composio qumica da farinha de okara ...................................................... 41
4.3 Desenvolvimento da massa padro e das substituies parciais .......................... 42
Figura 14: Formulao de macarro padro. ..................................................................... 46
Figura 16: Macarro com adio de goma guar ................................................................ 47
Figura 17: Macarro com adio de goma guar ................................................................ 47
4.4 Anlise sensorial .................................................................................................. 48
Figura 18: Frequncia do consumo de macarro. .............................................................. 48
Figura 19: Resultado do teste pareado- preferncia. ......................................................... 49
Figura 20: Teste Pareado-preferncia. ............................................................................... 50
Figura 21: Histograma com valores hednicos. ................................................................ 51
Figura 22: Grfico de inteno de compra......................................................................... 52
4.5 Anlises fsico-qumicas ...................................................................................... 52
5 CONCLUSO ............................................................................................................ 54
6 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ...................................................... 55
7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................ 56
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1 INTRODUO
Segundo a Legislao RDC N 263, de 22 DE SETEMBRO DE 2005 Massas
alimentcias so os produtos obtidos da farinha de trigo (Triticum aestivum L. e ou de outras
espcies do gnero Triticum) e ou derivados do trigo durum (Triticum durum L.) e ou derivados
de outros cereais, leguminosas, razes e ou tubrculos, resultantes do processo de empasto e
amassamento mecnico, sem fermentao, podendo ser adicionadas de outros ingredientes, com
complementos isolados ou misturados a massa, desde que no descaracterizem o produto. Podem
ser apresentados secos, frescos, pr-cozidos, instantneos ou prontos para o consumo, com
diferentes formatos e com ou sem recheio.
A massa alimentcia atualmente um dos alimentos mais consumidos mundialmente,
estando presente como prato principal ou complemento na alimentao de diversas culturas e
pases (BROCKWAY, 2011).
O Brasil encontra-se em terceiro lugar no ranking mundial de produo de macarro, com
1.300.000 toneladas produzidas por ano, perdendo apenas para a Itlia e Estados Unidos. E a
venda de massas alimentcias vem crescendo a cada ano, e a venda de massas frescas, aumentou
de 39,2 mil toneladas em 2008, para 50,5 mil toneladas em 2012 (ABIMA, 2012).
O interesse e a busca do consumidor por alimentos mais saudveis propiciam um rpido
crescimento do segmento da indstria de alimentos que visa contribuir para o alcance de uma
dieta de melhor qualidade. Os indivduos esto mais preocupados com as consequncias que o
estilo de vida e os hbitos alimentares tm na sade e bem estar (CAS et al., 2005).
Os resduos de hortalias, frutas e leguminosas, que geralmente so desprezados pela
indstria, podem ser reaproveitados para enriquecer produtos ou at para desenvolvimento de
novos produtos no mercado, pois na maioria das vezes so fontes de nutrientes. Com a utilizao
desses resduos pode ser minimizado o acmulo dos mesmos que muitas vezes poluem o meio
ambiente, colaborando ento com questes sociais, econmicas e ambientais (PEREIRA,
SANTOS e SILVA, s.d).
Segundo o Institute of Medicines Food and Nutrition Board, entende-se por alimento
funcional o produto alimentcio que fornea benefcio especfico sade, alm de tradicionais
nutrientes nele contidos, isto , alimentos que contm nveis significativos de componentes
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biologicamente ativos, os quais promovem benefcio ao indivduo, alm de simplesmente nutrir o
organismo. Entre os alimentos funcionais mais estudados, destacam-se a soja, o tomate, o peixe, a
linhaa, as crucferas (brcolis, couve de Bruxelas, repolho), o alho e a cebola, as frutas ctricas,
o ch verde, a uva, aveia, entre outros.
De acordo com Berhens e Silva (2009), a soja tornou-se um alimento amplamente
divulgado pela mdia, cujas alegaes sobre seus benefcios a sade tem sido explorados e
destacados. Suas caractersticas qumicas e nutricionais a qualificam como um produto funcional.
Os benefcios da soja em relao a sade humana, so pontos importantes para a promoo deste
alimento.
No contexto de crescimento do consumo de cereais, tendo em foco gros, a soja e os seus
derivados figuram dentre os de maior importncia e mais estudados alimentos com caractersticas
funcionais, sendo necessria a aplicao de tecnologias que visem a melhoria nos produtos base
de soja, auxiliando assim a incorporao de maiores teores de isoflavonas na dieta dos
consumidores (AMARAL, 2006). Tais aplicaes foram positivamente comprovadas por
Madrona e Almeida (2008), na verificao de aceitao do biscoito tipo cookie elaborados com
substituio parcial (50%) de aveia, por um subproduto da produo de extratos hidrossolveis de
soja.
De acordo com Robinson (1991, apud Castro, 2008), o aquecimento de farinhas
leguminosas, e em particular a soja, pode melhorar o valor nutritivo e produzir um suplemento
proteico de maior qualidade. No entanto, em algumas leguminosas pode detectar-se atividade
inibidora de proteases depois do aquecimento de uma hora a 100 C.
O okara um resduo do extrato hidrossolvel da soja (leite de soja) e possui alto teor de
protenas e fibras, portanto pode ser utilizado no enriquecimento nutricional de alimentos, alm
de sua aplicao reduzir o resduo que hoje gerado pela indstria de leite de soja.
Diversos trabalhos j relataram a possibilidade do uso de farinha de okara substituindo
quantidades de algum ingrediente na elaborao de produtos de panificao e paoca, obtendo
produtos com aceitao igual a dos produtos sem sua adio e com um perfil de aminocidos de
maior qualidade (APLEVICZ, 2006). Porm a digestibilidade dos produtos derivados da soja
comprometida pela presena de fatores antinutricionais e pelo processamento trmico ao qual so
submetidos, como cozimento a 100C por 10 minutos e aquecimento em estufa de circulao
forada de ar a 85C at valor de umidade inferior a 30%.
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Este trabalho teve como objetivo contribuir com os estudos do okara (resduo do extrato
hidrossolvel de soja) auxiliando na melhoria nutricional do macarro talharim, avaliando as
caractersticas sensoriais e fsico-qumicas.
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2 REVISO BIBLIOGRFICA
2.1 Soja
A soja uma leguminosa de alto valor proteico originria dos pases orientais. Seus
primeiros relatos foram obtidos na China, j em 1500-1207 a.C. Antes de chegar ao ocidente, o
cultivo de soja percorreu a Europa at que chegasse aos Estados Unidos, hoje maior produtor
mundial do gro. Juntamente com outros grandes produtores, como China, Brasil e Argentina,
podendo-se evidenciar que o gro se adequa as condies climticas a ele submetidas. A vinda do
gro para o ocidente foi devido os estudos realizados sobre ela determinando-se o alto valor
nutricional, a sua fcil industrializao, cultivo e por ser um novo produto para exportao
(EMBRAPA, 2011).
2.1.1 O gro
Com os avanos na rea agrcola e nos estudos realizados, a soja passou a ser alvo da
indstria alimentcia. Tomou-se conta dos valores nutricionais que o gro pode proporcionar
sade humana como substitutos de produtos de origem animal (ricos em gordura saturada e
colesterol) e que alm de produto em gro in natura, pode-se utilizar o leo e o farelo dessa
leguminosa (LIMA, 2010).
Em mdia o gro inteiro apresentar 40% de protenas, 20% de lipdeos (leo), 5% de
minerais e 34% de carboidratos, como mostra a tabela 1. Entre os compostos importantes da soja,
esto a lecitina e as isoflavonas, auxiliadores na reduo do mau colesterol para preveno de
doenas cardacas (LIMA, 2010).
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Tabela 1: Caractersticas fsicas do gro de soja.
Composio Protena leo Cinza Carboidrato
Semente 40,3 21,0 4,9 33,9
Cotildone 42,8 22, 5,0 29,4
Casca 8,8 1,0 4,3 85,9
Hipoctilo 40,8 11,4 4,4 43,4
Fonte: Shalunke, 1992 apud Lima, 2009.
Por ser uma leguminosa, tambm apresenta compostos antinutricionais (antitripsina e
hemaglutinina) que inibiriam, por exemplo, as proteases (substncias responsveis pela quebra de
protena). Porm so compostos que podem ser facilmente destrudos com o uso de tratamento
trmico adequado. A lecitina encontrada em grande nmero na soja uma substncia orgnica,
que se constitui principalmente de cido graxo, triglicerdeos e fsforo. So extremamente
importantes para o sistema nervoso humano e por ajudar a absorver gorduras presentes no
organismo. Dentro das suas funes, o fato de emulsionar e conservar gorduras em suspenso faz
com seja aproveitado na indstria de alimentos (LIMA, 2009).
2.1.2 Consumo de soja
A previso do USDA, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, para o consumo
global de soja para 2013 de 256,9 milhes de toneladas, o que indica aumento de 1,2% em
relao safra anterior. A China, o maior consumidor mundial, apresenta perspectiva positiva,
com a previso de aumento de 5,3% em relao ao ano anterior, atingindo 74,5 milhes de
toneladas. No Brasil, terceiro consumidor mundial, espera-se um aumento de 1,1% sobre o ano
anterior. Apesar de o Brasil ser um dos maiores produtores mundial de soja, seu consumo interno
inferior se comparados com outros pases. Os motivos para esse baixo consumo so a falta de
conhecimento sobre as qualidades nutricionais da soja, produtos disponveis e formas de
introduzi-la na alimentao. Porm o Brasil tem potencial de crescimento do consumo
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considerando-se a disponibilidade de fontes naturais, capacidade produtiva da indstria local e o
tamanho do mercado consumidor (EMBRAPA, 2012).
2.1.3 Mercado de soja
Hoje em dia os consumidores esto se interessando cada vez mais por alimentos mais
saudveis chamados de alimentos funcionais, que esta ganhando um novo segmento nos
mercados, tendo todo um apelo comercial visando qualidade nutricional e melhor expectativa
de vida, induzindo o consumidor a compra. Produtos base de soja que tem um maior espao no
mercado so as bebidas de soja que tem um segmento crescente na indstria, aproximadamente
15% ao ano. Outros produtos derivados que tem seu espao no mercado so os produtos
congelados, como hambrguer, embutidos e a prpria soja in natura (EMBRAPA, 2012)
2.1.4 Derivados da Soja
A soja, atualmente, o principal produto agrcola do Brasil e reconhecido
internacionalmente como alimento funcional, aliado alimentao saudvel, com substncias
capazes de prevenir e curar doenas, verstil, podendo ser consumido de diversas maneiras. A
soja e seus derivados vm sendo utilizados tanto pela indstria de alimentos em diversos produtos
a base de soja, como na forma in natura (MARGARETH, 2011).
A leguminosa tambm conhecida pelas suas qualidades proteicas, e segundo a
ANVISA, 2007 o consumo mnimo de 25g de protena de soja, aliada a hbitos saudveis e dieta
equilibrada, ajuda na reduo do colesterol. A tabela 2 mostra a quantidade necessria de
derivados de soja para atingir o consumo mnimo.
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Tabela 2: Quantidade necessria de derivados de soja para atingir o consumo mnimo. Alimento Poro Quantidade
Tofu 7 fatias grossas 357g
Miss 12 colheres (sopa) 238g
Shoyu 40 colheres (sopa) 397ml
Hambrguer 1 poro grande 125g
PTS 1 poro 50g
Gro de soja cozido 1 concha cheia 148g
Extrato leite de soja 5 copos 980 ml Suco de soja com frutas 21 copos 4,2 L
Fonte: Margareth, 2011.
Os derivados da soja hoje esto presentes no cotidiano brasileiro. A partir das pesquisas
realizadas sobre subprodutos do gro de soja, pode-se perceber que o consumo da soja vem
crescendo e sendo utilizada de diversas maneiras, principalmente pela melhora das tcnicas de
preparo do gro. Evidenciou-se que ao passar por tratamento trmico, a enzima lipoxigenase,
responsvel pelo gosto amargo, inativada, resultando assim na melhora da palatabilidade do
gro, alm de que alguns fatores antinutricionais, como os inibidores de tripsina, que impedem a
ao de enzimas digestivas, como a tripsina, tornando a digesto da soja crua extremamente
difcil, so inativados. Na prtica, o farelo de soja e os ingredientes proteicos originados da soja
so sempre cozidos antes do consumo (MISSO, 2008).
2.1.5 Resduo do extrato aquoso de soja (Okara)
O extrato aquoso de soja, ou leite de soja, gera em seu processamento um resduo
denominado Okara. Este subproduto obtido atravs de lavagem, macerao e aquecimento dos
gros de soja, para que possam ser filtrados e assim separados em parte slida, okara, e parte
aquosa, leite de soja (BOWLES;DEMIATE 2006).
Em relao ao teor nutricional deste subproduto, pesquisas demonstram sua alta qualidade
nutricional, e possveis aplicaes em produtos alimentcios para melhoria dos mesmos
(MADRONA, 2008). A composio mdia do okara, tal como cinzas, protenas, lipdeos e
carboidratos, dado na tabela 3.
Tabela 3: Composio mdia dos gros de soja, do extrato aquoso e do okara em base seca (g/ 100g).
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Cinzas Protenas Lipdeos Carboidratos totais
Carboidratos
Solveis
Fibras
alimentares
Soja 4,7 0,064 37,3 0,078 21,20,678 28,8 8
Extrato aquoso 2,4 0,009 33 0,026 17,7 0,071 46,9 Traos
Okara 2,8 0,003 370,019 13 0,049 4,7 42,5
Fonte: Bowles; Demiate, 2006.
O okara proveniente do processamento da soja e separao do leite de soja, porm
como visto, ainda contm um alto valor nutricional. Todavia, seu uso ainda comum na
fabricao de rao animal ou descartado como resduo industrial, vindo a ser tratado como lixo,
contaminando o meio ambiente quando mal descartado (BOWLES; DEMIATE, 2006).
Assim, o seu aproveitamento, ir melhorar a qualidade nutricional dos produtos
alimentcios com ele produzidos, agregar valor aos produtos base de soja e ainda reduzir o
desperdcio de alimentos e descarte industrial (SILVA et al., 2007 apud MADRONA, 2008).
Em relao ao rendimento, Bowles; Demiate (2006) demonstram em sua pesquisa, que
cerca de 1,1Kg de okara fresco produzido pelo processamento de 1Kg de gros de soja mais
uma quantidade padro de gua. Aps desidratao, foram obtidos aproximadamente 250g de
okara seco.
J para Aplevicz (2007), a proporo da obteno do extrato atendeu a proporo de 1:10,
foi utilizado 100g de soja para 1 litro de gua (CIABOTTI et al., 2006 apud APLEVICZ, 2007).
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16
2.1.6 Estudos realizados com Okara
Diversos autores j realizaram estudos sobre a possibilidade de substituir parcialmente
algum ingrediente por farinha de okara na elaborao de novos produtos com grande aceitao e
valor nutricional (PINTO, 2008).
Waliszewski et al. (2002) apud Apeticz (2007), realizaram uma avaliao qumica e
sensorial de okara com formulaes nas porcentagens de 5, 10, 15, 20 e 25% em Tortillas. Os
resultados demonstraram que concentraes de at 10% de substituio de farinha de trigo por
okara podem ser adicionadas s Tortillas, alcanando nveis satisfatrios de aceitao, j com
bom teor de qualidade nutricional.
Bowles e Demiate (2006) elaboraram po francs com adio de 5, 10 e 15% de okara
seco, que em sua composio foram encontrados 2,8% de cinzas, 37% de protenas, 13% de
lipdios, 42,5% de fibras alimentares e 4,7% de carboidratos solveis. Os pes adicionados de 5%
e 10% de okara podem ser denominados produtos fonte e ricos em fibras, respectivamente, e
os resultados da anlise sensorial, apontaram um produto de boa aceitao.
Aplevicz e Demiate (2007) avaliaram a qualidade de pes de queijo produzidos com
adio de okara nas propores de 5, 10 e 15%. Os resultados foram que os pes de queijo
suplementados com o subproduto apresentaram teores elevados de protenas e fibras alimentares
superiores ao do po de queijo padro, alm de obterem boa aceitao sensorial.
Madrona e Almeida (2008) desenvolveram biscoito tipo cookie base de okara e aveia
com o objetivo de utiliz-los como fonte enriquecedora do produto e aproveitamento de resduo.
Foi preparada a formulao padro com 100% de aveia e outras duas com 50 e 100% de okara
em substituio a aveia. A amostra com maior aceitao foi a de 50% de okara e 50% aveia,
sendo que em pesquisa de mercado obteve como resultado grandes chances de lanamento e
permanncia no mercado.
Lupatini et al. (2011), realizaram biscoitos tipo cookie com aproveitamento de casca de
maracuj-amarelo e okara. Foram feitos biscoitos na concentrao de 5 a 15% de farinha da
casca do maracuj e 10 a 20% de okara. Feita a anlise sensorial verificou-se que o biscoito com
menor quantidade de ambos os produtos tiveram melhor aceitao. Assim, com essa melhor
formulao refizeram, em duplicata, os biscoitos tendo como resposta da anlise fsico-qumica;
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17
4,56% e 4,25% de umidade, 1,16% e 1,14% de cinzas, 17,45% e 15,16% de fibras, 18,83% e
18,94% de lipdeos, 8,90% e 9,89% de protenas e 49,11% e 50,63% de carboidratos,
respectivamente.
Chamelet et al. (2012), desenvolveu bolo de chocolate enriquecido com a substituio de
50% da farinha de trigo pela farinha de okara, e teve como objetivo verificar a aceitao desse
produto em relao ao bolo padro de chocolate. Os resultados foram que a aceitao do bolo
enriquecido foi a mesma em relao a formulao comum.
2.2 Macarro
A palavra "Macarro" vem do grego "Makria", h cerca de 2500 anos e significa caldo
de carne enriquecido com pelotinhas de farinha de trigo e por cereais. A palavra "pasta" (massa
para os italianos para se referir ao macarro) vem do grego "Pastillos". O termo citado em seus
textos pelo poeta Horcio, especialista em versos culinrios. Os latinos da poca de Cristo j se
serviam com um prato batizado de "macco", um caldo de favas e massas de trigo e gua.
Seguramente, da reunio dessas influncias fez com que, h cerca de mil anos, surgisse na Siclia
o verbo "maccari", que significa esmagar ou achatar com muita fora, que por sua vez vem do
grego makar, que quer dizer sagrado. A palavra derivada, "macaronis", foi utilizada em 1279 em
um inventrio de um soldado genovs, Ponzio Bastione, que deixava para a famlia, uma "cesta
de massas" (ITAL, 1990).
O macarro o produto mais consumido no mundo estando normalmente associada
Itlia por ser o pas que mais consome macarro comparado s outras naes, consumindo assim
aproximadamente 30-35 Kg de macarro por pessoa a cada ano (BROCKWAY, 2011).
A massa alimentcia um produto no fermentado, recheado ou no, podendo apresentar
diversas formas, obtido atravs do amassamento de uma mistura de farinha de trigo comum e ou
smola/semolina de trigo durum e ou farinha integral de trigo durum e ou derivados de cereais,
leguminosas, razes, tubrculos podendo ser adicionado ou no outros ingredientes. A massa
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alimentcia pr-cozida apresenta a definio similar da massa alimentcia, porm esta deve ser
parcialmente cozida, e o preparo necessita de cozimento complementar (BRASIL, 2000).
Os ingredientes bsicos do macarro so farinha de trigo ou semolina e gua, podendo ser
adicionado ingredientes como ovo, farinha de batata, farinha de milho (para produtos sem
glten), corantes naturais como o de espinafre, o do tomate e em alguns casos vitaminas (KILL;
TUNBULL, 2001; CIACCO; CHANG, s/d).
2.2.1 Ingredientes
2.2.1.1 Trigo
A utilizao do trigo como alimento, no se pode datar precisamente. O primeiro homem
a comer trigo, provavelmente mastigou o gro do cereal silvestre, e ao descobrir que podia
cultiv-lo ele estava prestes a fazer grandes descobertas como para a obteno da farinha de trigo,
que hoje muito utilizada em alimentos. uma gramnea, da famlia Graminae, do gnero
Triticum. Nesse gnero h 14 espcies das quais, Triticum aestivum, Triticum durum, Triticum
compactum representam 90% da produo mundial, sendo as mais comercializadas. Variam seus
tamanhos entre 0,60 a 2,10 m. Possuem folhas longas e estreitas, verdes que se tornam douradas
nas proximidades da colheita (ITAL, 1990).
2.2.1.2 Ovo
O ovo utilizado com muita frequncia pela populao brasileira, pois, alm de
apresentar preos acessveis, faz parte de o seu hbito alimentar. Trata-se de um alimento fonte
de protenas de alto valor biolgico e sua gema rica em vitamina A. Na indstria de alimentos,
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o ovo - pasteurizado, congelado ou desidratado - utilizado preferencialmente ao ovo em casca,
pois, alm do sabor, cor, valor nutritivo e propriedades funcionais serem comparveis aos do ovo,
apresenta vantagens operacionais, como melhor qualidade, estabilidade e uniformidade,
economia de mo de obra, menor espao para armazenamento e facilidade para medir as pores.
O ovo lquido utilizado na fabricao de vrios alimentos como bolos, merengues, produtos de
confeitaria, embutidos, entre outros (ALEGRO; CASALE et al., 2005).
A adio de ovos massa confere cor amarela, melhora a elasticidade, principalmente em
massas longas, reduzindo a quantidade de resduo na gua de cozimento e, consequentemente, a
pegajosidade da massa, alm de aumentar o valor nutricional. Durante a preparao da massa, a
albumina do ovo tem influncia positiva sobre a protena da farinha, ajudando na formao da
rede proteica e melhorando o envolvimento do amido por essa rede (GUERREIRO et al., 2008).
A literatura cita que os ovos podem ser adicionados s massas nas formas fresca,
congelada ou desidratada, sendo a forma fresca a mais indicada. Porm, no esclarecida a
vantagem dessa forma sobre as demais. O ovo em p apresenta alguns benefcios em relao
forma in natura ou lquida: pode ser estocada a temperatura ambiente por um perodo de tempo
relativamente longo, no necessitando de cmaras frigorficas; facilidade de transporte; pode ser
adicionado diretamente farinha, no necessitando de tanques e bombas. A quantidade de ovos
que deve ser adicionada varivel de um pas para outro, conforme a legislao vigente. Nos
Estados Unidos, o Departamento da Agricultura prescreve no mais que 5,5% em peso do ovo,
calculado sobre os slidos totais. De acordo com a revista tcnica Macaroni Journal, devero
ser usados, para cada 95 quilos de farinha, 5 quilos de ovos secos, 20 quilos de ovos inteiros
frescos ou 12,5 quilos de gema de ovo. No Brasil, para a utilizao da expresso com ovos, o
produto deve ter no mnimo 450mg de colesterol por quilo de massa, expresso em base seca, o
que corresponde, em mdia, a trs ovos inteiros ou 135g de ovos por quilograma de farinha
(ITAL, 1990).
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2.2.1.3 gua
Para a indstria, a gua importante em dois aspectos: como matria prima para a
fabricao da massa e para servir como acessrio (ITAL, 1990).
Para ser utilizada na indstria, a gua deve ser limpa, inodora e neutra. Pode conter sais de
naturezas diversas (clcio, magnsio, sob a forma de carbonatos e bicarbonatos), onde a principal
caracterstica alcalinidade. Sais em excesso, geram produtos de mau gosto, e ao mesmo tempo,
de colorao escura (ITAL, 1990).
2.2.1.4 Corantes e aditivos
Quando a produo feita a partir de semolina proveniente da moagem do trigo Ambar
durum, no h necessidade de se adicionar corantes com a finalidade de uma tonalidade amarela.
Isso se d, pois o material deste farinceo, contem pigmentos carotenoides. Caso contrrio, se
adiciona corantes para obter uma melhor pigmentao do produto. Esses corantes quando
adicionados, devem ser incuos, declarados na embalagem e tambm podem ser adicionados
para melhorar as caractersticas finais do produto acabado (ITAL, 1990).
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2.2.1.5 Goma Guar
um polissacardeo hidrossolvel extrado de sementes, bastante utilizado na industria de
alimentos podendo atuar como aditivo ou fibra alimentar, espessante, emulsificante e
estabilizante. Suas principais propriedades de ser solvel em gua fria, possuir alta viscosidade
em baixas concentraes e ter de mdia a rpida absoro. indicada no preparo de sorvetes,
cremes, produtos base de queijo, molhos , sopas e na panificao.Em produtos com baixo teor
de glten auxilia na formao de filme (INSUMOS, s/d ; PANTEC, 2013).
Nas massas alimentcias os emulsificantes iro auxiliar na qualidade e aparncia da
massa, auxiliando na reduo da perda de slidos solveis (principalmente amido) na gua de
cozimento e na melhoria da textura (adesividade e firmeza), uniformidade, espessura, brilho e
dureza das massas. Alm de contribui na melhora das qualidades tecnolgicas da massa, pois
tambm proporciona melhor controle do processo, devido propriedade de lubrificao dos
produtos amilceos extrusados que facilita a passagem da massa atravs dos cilindros extrusores
(GUERREIRO, 2006).
2.2.2 Produto pronto
O macarro um produto consumido em alguns pases da Europa, notadamente na Itlia.
Porm sua demanda vem se expandindo em outros pases, como EUA, Japo e Brasil. O mercado
vem crescendo, por razes de crescimento de mercado e consequente aumento da produo
industrial. O custo relativamente baixo, e h facilidade tanto no preparo, quanto no consumo.
Possuem diversos tipos, cortes e ingredientes, que lhes do uma caracterstica especfica para o
produto. A massa alimentcia deve ser bem seca, para no alterar sua conservao. Estando na
faixa de 12 a 13%. Nesse teor de umidade, a massa se mantm ntegra por um longo tempo. Alm
da umidade, outras caractersticas devem ser notadas, tais como organolpticas (cor, sabor, odor),
qumicas (cinzas, a acidez) e aspecto. O formato deve ser uniforme, tanto no comprimento, como
no dimetro. Sem apresentar rugosidades ou pontuaes (ITAL, 1990).
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2.2.3 Talharim
Existem vrios formatos de macarro, que variam com o tipo de prato e o gosto do
consumidor. O macarro do tipo talharim uma massa extrusada slida, com forma de fita, de
largura variando de 12 a 25 mm. Pode ser comercializada de forma enrolada, conhecida como
ninho ou na forma reta. uma massa seca e longa que oferece maior versatilidade e praticidade,
pois tem prazo de validade longo, custo baixo visto que 1kg o suficiente para alimentar 10
pessoas, seu armazenamento no necessita de condies especiais e principalmente, de fcil
preparo (ABIMA, 2009; ALLGAYER, 2000).
2.2.4 Massa seca
A massa seca o tipo de macarro que foi submetido a um processo de secagem para
diminuir o teor de umidade e atividade de gua obtendo assim um produto com melhor
conservao, aumento de shelf life e estabilidade. Para secagem, aps o processo de extruso a
massa, submetida uma temperatura entre 40 a 55C num tempo varivel de 30 a 90 minutos
para que a umidade atinja 18-19 % e a atividade de gua fique entre 0,5 e 0,8
(GUERREIRO,2006).
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2.2.5 Massa fresca
A massa fresca no submetida a processo para reduo da umidade, ficando com o
mesmo teor de quando moldada, aproximadamente 25%. Para impedir a aderncia entre os fios, a
massa fica exposta ao ambiente, por um perodo curto anterior ao acondicionamento, somente
para secagem superficial do macarro, devendo ser um ambiente seco e limpo para que no haja
contaminao do produto (GUERREIRO, 2006).
2.2.6 Massa instantnea
A formulao de uma massa instantnea no ir diferir da massa seca ou fresca. A
diferena est na finalizao do processo de produo que ter mais duas etapas, resultando em
menor tempo de cozimento como produto final. A massa instantnea tem o tempo de cozimento
rpido, pois aps mistura e moldagem ainda na indstria, passar por cozimento por um perodo
de trs minutos e segue para fritura por mais trs minutos, para que ocorra secagem da massa e
posterior envase (GUERREIRO, 2006).
Segundo a Associao Brasileira de Indstrias de Massas alimentcias ABIMA (2013),
o setor de massas frescas vem crescendo significantemente com aumento do volume, faturamento
e no consumo por kg de habitante por ano, sendo observado na tabela 4, nos anos de 2008 a 2012.
Tabela 4: Dados relacionados massa fresca.
2008 2009 2010 2011 2012
Vendas de Massas Frescas
Volume (mil toneladas)
39,2 40,8 45,2 51,1 50,5
Vendas de Massas Frescas
Faturamento (milhes de
R$)
373,3 401,4 456,1 539,5 548,9
Consumo per capita de
Massas Frescas (kg/hab/ano)
0,2 0,2 0,2 0,3 0,3
Fonte: Adaptado de Abima, 2013.
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2.2.7 Elaborao do macarro talharim industrializado
O macarro talharim elaborado num processo batelada, o mais tradicional que a
laminao. O processo consiste em fazer a massa, transform-la em lmina fina e cort-la em
fatias no tamanho e formato desejado, passando-o por um cilindro de massas (GUERREIRO,
2006). O processo de fabricao do macarro industrial dado na figura 1.
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Figura 1: Fluxograma do processo de macarro talharim de massa seca industrializado.
Fonte: Adaptado de ABIMA, 2013.
Mistura dos ingredientes
Extruso
Trefilagem
Corte
Secagem
Pesagem
Empacotamento
Estoque
Expedio
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3 MATERIAIS E MTODOS
3.1 Matria prima
A obteno da farinha de okara, a fabricao da massa tipo talharim e as anlises fsico-
qumicas foram realizadas no perodo compreendido de agosto a novembro de 2013 na Faculdade
de Tecnologia Termomecanica utilizando as seguintes matrias primas: Semolina de Trigo
Durum (marca Renata); farinha de okara (obtida no prprio laboratrio), ovos, sal e gua.
3.2 Equipamentos e utenslios
Agitador Magntico Macro com Aquecimento Quimis, modelo Q261-22
Cilindro para massas;
Estufa de secagem com circulao de ar- Tecnal, modelo LSDHG9055A
Fogo industrial - Topema;
Liquidificador - Skymsen LTDA, modelo: TA-02
Moinho de Rotor- Tecnal, modelo TE 651
Peneira A Bronzinox Malha 20;
pHmetro - Orion;
Refrigerador - Consul 320
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3.3 Obteno da farinha de Okara
O extrato aquoso de soja, ou leite de soja, gera em seu processamento um resduo
denominado Okara. Este subproduto obtido atravs de lavagem, macerao e aquecimento dos
gros de soja, para que possam ser filtrados e assim separados em parte slida, o okara, e parte
aquosa (BOWLES; DEMIATE 2006).
Segundo Aplevicz, Demiate (2007); Singh, Heldman (1998) apud Pinto (2008); a
secagem do okara um dos tratamentos trmicos que ir reduzir e/ ou garantir que fatores
antinutricionais biologicamente presentes nas leguminosas estejam em nveis aceitveis para o
consumo. Consequentemente, esse processo ir reduzir a umidade do produto fazendo com que
diminua a possibilidade de contaminao microbiana e de outros mecanismos de deteriorao. A
farinha foi produzida a partir do okara seco obtido pela secagem do extrato aquoso de soja obtida
a partir da metodologia adaptada usada por Aplevicz (2007), como mostra a figura 2.
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Figura 2: Fluxograma da obteno do okara seco.
Fonte: Aplevicz, 2007.
Primeiramente os gros de soja foram hidratados com gua a temperatura ambiente por
aproximadamente 12 horas. Nesse perodo, os gros absorveram gua, perderam dureza e
dobraram de tamanho, aumentando o rendimento. Nesse perodo, a casca se desprendeu do gro
facilitando sua retirada.
Imerso do gro em gua
(8-12 horas)
Aquecimento
(100C - 10 minutos)
Triturao
Cozimento
(100C - 10 minutos)
Filtrao
Armazenamento do okara mido
(4C )
Secagem (85C )
Armazenamento do okara seco
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Aps a hidratao e remoo da casca foi feito aquecimento dos gros em gua 100C
por 10 minutos. Aps o cozimento, a soja foi triturada em liquidificador com adio de gua, na
proporo 1:2, de soja e gua. O Triturado retornou ao cozimento 100C por 10 minutos, para
total inativao enzimtica e diminuio do sabor residual da soja.
Em seguida, realizou-se a filtrao, feita em peneira a fim de separar o okara mido do
extrato aquoso. Como o resduo contm alto teor de umidade, foi armazenado sob refrigerao
temperatura de 4C.
Na secagem, o okara mido foi seco em estufa de circulao forada, na temperatura de
85C, at a obteno de umidade inferior a 30%.
Finalmente, o resduo seco foi embalado a vcuo, em embalagem devidamente
esterilizada e seca e armazenado sobre refrigerao at o seu uso.
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3.4 Obteno do macarro padro
Figura 3: Fluxograma da massa padro.
Pesagem dos ingredientes
Mistura dos ingredientes
Trefilagem
Rolo cilndrico para massas
Laminao
Envase
Armazenamernto sob refrigerao
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A formulao padro foi adquirida na cozinha industrial da Faculdade de Tecnologia
Termomecanica, consistindo em farinha de trigo comum, ovo inteiro, sal e gua.
Foi realizada a pesagem dos ingredientes em balana semi analtica, em seguida,
misturou-se os componentes em p, juntamente com a gema de ovo e finalmente, a gua de
forma fracionada.
A trefila consiste do amassamento da massa para o desenvolvimento do glten at formar
uma massa homognea e lisa para que possa ser laminada no rolo cilndrico para massas, obtendo
o formato de macarro talharim.
Finalmente, a massa foi acondicionada em sacos plsticos e submetida a vcuo e sob-
refrigerao para uma melhor conservao.
3.5 Anlise sensorial
Primeiramente, para a realizao das anlises sensoriais, foi realizada uma seleo de
provadores, para se obter informaes se h ou no o consumo de produtos a base de soja, se h
ou no consumo de macarro integral e se o provador tem alergia a algum alimento e se gostaria
de participar da anlise sensorial. Conforme o modelo da figura 4.
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Figura 4: Ficha de seleo de provadores.
3.5.1 Teste pareado preferncia
As amostras foram servidas em copos descartveis de 50 mL, com a inteno de uma
menor perda de calor, codificados com nmeros aleatrios de trs dgitos. Os provadores foram
instrudos a provar as amostras da esquerda para direita, e entre elas, comer um biscoito de gua e
sal e beber gua, e indicando a amostra de maior preferncia. Os resultados obtidos foram
interpretados estatisticamente, utilizando a tabela de teste pareado bicaudal. Pode-se verificar a
ficha utilizada para o teste na figura 5.
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33
Figura 5: Ficha para aplicao do teste pareado preferncia.
Fonte: Adaptado de Instituto Adolf Lutz, 2008.
Foi realizado o teste de escala de atitude ou inteno, onde por meio das escalas de
atitude, o individuo expressa sua vontade de consumir, adquirir ou comprar um produto que lhe
oferecido. Os termos definidos foram provavelmente compraria a provavelmente no
compraria. Os dados so avaliados pelas frequncias atravs de grficos de histogramas. As
amostras foram entregues em seguida do primeiro teste e foi instrudo para que avaliassem a
inteno de compra das duas formulaes, como se verifica na figura 6.
Figura 6: Ficha para aplicao do teste de escada de inteno de compra.
Fonte: Adaptado de Instituto Adolf Lutz, 2008.
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Em seguida, realizou-se anlise sensorial, utilizando duas formulaes, com o intuito de
avaliar qual a mais preferida pelo consumidor entre elas. Utilizando a ficha sensorial descrita na
figura 7.
Figura 7: Ficha para aplicao do teste pareado preferncia.
Fonte: Adaptado de Instituto Adolf Lutz, 2008.
Finalmente, realizou-se o ultimo teste sensorial, com a formulao mais preferida
utilizando a escala hednica de 5 pontos, com os extremos de desgostei muito e gostei muito,
avaliando os atributos de avaliao global, aparncia, textura, odor e sabor e a inteno de
compra do produto, com os extremos de certamente compraria e certamente no compraria.
Como so apresentados nas figuras 8 e 9 respectivamente.
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35
Figura 8: Ficha de anlise de teste de escala hednica.
Figura 9: Ficha de teste de inteno de compra.
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3.6 Anlises fsico-qumicas
As anlises foram realizadas de acordo com as Normas Analticas do Instituto Adolfo
Lutz: umidade, protena, lipdeos, cinzas (ADOLFO LUTZ, 2008), carboidrato por diferena
(ANVISA, 2009) e fibra por clculo terico.
Umidade
O teor de umidade foi obtido atravs do mtodo gravimtrico, por secagem direta em
estufa a temperatura constante de 105C, at estabilizao do peso.
Lipdeos
Os lipdeos foram determinados com extrao contnua com solvente orgnico, em
aparelho do tipo Soxhlet.
Protena
A determinao de protena foi realizada pelo mtodo Kjeldahl, atravs do contedo de
nitrognio total encontrado multiplicado pelo fator de correo 5,70, especfico para macarro.
Cinzas
O teor de cinzas foi obtido pelo aquecimento da amostra em temperatura por volta de
550-570 C, em mufla, at que as cinzas fiquem brancas ou ligeiramente cinzas, indicando
incinerao total da matria orgnica.
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3.7 Avaliao da inativao enzimtica
Para verificao da inativao enzimtica, ser realizado o teste do guaiacol, que consiste
em constatar a ao da peroxidase, enzima resistente a altas temperaturas. Para isso, feito testes
em amostras sem aquecimento, com aquecimento antes e depois de triturado. O procedimento
realizado em capela e consiste em adicionar 0,5ml de guaiacol, na amostra em placa de petri e
adicionar 5 gotas de perxido de hidrognio 10% e por fim visualizar a mudana de cor, de
branco para vermelho.
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38
4 RESULTADOS E DISCUSSES
4.1 Teste de inativao enzimtica
Foi feito uma avaliao da inativao enzimtica, utilizando-se trs amostras, porm com
tratamentos trmicos em momentos diferentes. Como demonstrado na figura 10, a primeira placa
de petri ( esquerda) sofreu tratamento trmico somente uma vez e antes de ser triturada em
liquidificador, como visto, apresentou um tom rosceo, indicando a no inativao enzimtica. A
segunda placa ( direita), no sofreu tratamento trmico e como visualizado, a amostra
apresentou colorao avermelhada, demonstrando tambm que no houve inativao total da
enzima.
Figura 10: Amostras sem inativao enzimtica
Somente foi verificada total inativao enzimtica, quando a amostra sofreu dois
tratamentos trmicos, antes e depois da triturao e como visto na figura 11, a amostra
permaneceu com a colorao inicial branca.
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Figura 11: Amostra com inativao enzimtica
Os gros foram triturados, peneirados para a separao do leite de soja do okara mido,
em peneira com malha 20, sendo acondicionado em formas e posto em estufa na temperatura de
85C at que chegasse a uma umidade de 8%. Depois de seco, o okara foi passado no moinho de
rotor para reduo da granulometria. O rendimento da obteno da farinha de okara foi de 28,9%.
Para armazenagem, a farinha foi embalada a vcuo e armazenada sob refrigerao.
4.2 Desenvolvimento da farinha de okara
A farinha de okara foi obtida na forma de p, atravs do seu processamento em moinho
coloidal, em colorao amarela clara, conforme ilustrado na figura 12, onde esquerda representa
a farinha antes do processamento em moinho coloidal, e direita, a farinha j processada.
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Figura 12: Okara sem processamento ( esquerda)
e ps-processamento ( direita).
O rendimento da farinha de okara em diferentes etapas do processo est representado na
tabela 5.
Tabela 5: Rendimento do processo de obteno da farinha de okara.
Massa (kg) Rendimento (%)
Gro de soja 2,76 100
Okara mido 3,56 128,9
Okara seco 0,9 32,6
Okara seco aps moinho 0,8 28,9
Os resultados obtidos foram superiores aos encontrados por Bowles e Demiate (2006),
onde obtiveram em 1 kg de gro de soja, 250 g de farinha de okara. Observando a tabela 5,
verifica-se que o rendimento do okara foi de 28,9%, ou seja, seria o resduo da produo a ser
descartado.
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4.2.1 Composio qumica da farinha de okara
Os resultados obtidos com as anlises fsico qumicas realizadas para determinao da
composio nutricional da farinha de okara esto apresentados na tabela 6.
Tabela 6: Composio centesimal farinha de okara.
Anlises Farinha de okara (%)
Umidade 3,9 0,3
Protenas 43,89 0,15
Lipdeos 22*
Carboidratos 21*
Cinzas 3,2 0,001
Fibras totais 6,01*
*Clculo terico
O teor de umidade quando comparado aos estudos de Pinto e Castro (2008) so prximos,
sendo o resultado obtido de 3,9% de umidade, pois o mtodo de obteno da farinha foi baseado
na metodologia do mesmo.
Os resultados obtidos demonstram que a farinha de okara um produto com potencial
proteico e pode ser utilizado para melhoria nutricional de produtos alimentcios. O teor de
protena encontrado na okara difere dos valores da literatura, que variam de 28% a 38% uma vez
que o processo utilizado na indstria possui diferenas do processo laboratorial. O industrial
utiliza gua a 90C na triturao para uma maior passagem de protenas para o leite de soja e o
processo feito em laboratrio utiliza gua temperatura ambiente na triturao, fazendo com que
os valores de protenas sejam maiores, importante levar em considerao a poro de gua e
soja utilizada, pH da gua e o teor de protena inicial na matria prima.
O valor terico de fibras foi inferior em relao aos valores da literatura, porm
importante levar em considerao que na literatura no h descascamento da soja, que a forma de
triturao se diferencia em relao aos equipamentos, mesh das peneiras, quantidade de vezes que
o triturado passado pelas peneiras, e alm da origem da matria-prima, uma vez que diversos
fatores, como clima, regio e solo influenciam na composio da soja.
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42
O valor de cinzas se mostrou dentro do que encontrado na literatura entre 3,10% a
3,80%.
Os valores de carboidratos e lipdeos respectivamente, segundo a literatura, so 25% a
30% e 15% a 25%.
Foram utilizados como parmetro para os valores de fibras, carboidratos e lipdeos o
resultado laboratorial apresentado em artigo cientifico por Pinto e Castro (2008), devido s
semelhanas encontradas nos teores de protena, umidade e cinzas.
No armazenamento da farinha produzida, foi utilizada a seladora a vcuo, onde a farinha
foi envasada em sacos estreis at o momento de seu uso, conforme mostra a figura 13.
Figura 13: Farinha de okara armazenada a vcuo.
4.3 Desenvolvimento da massa padro e das substituies parciais
A partir da formulao fornecida pela cozinha industrial da Faculdade Termomecnica,
foram feitas algumas alteraes para melhora tecnolgica do macarro talharim.
Na primeira massa produzida, utilizou-se de ingredientes comuns massa, como farinha
de trigo comum e ovos inteiros. Apesar de respeitado as porcentagens corretas da formulao
base, o resultado foi de uma massa estriada e quebradia e aps cozimento uma massa grudenta.
Com base nesses resultados decidiu-se aprimorar a formulao utilizando semolina de trigo
durum, pelo maior teor de glten presente nesse tipo de farinha, favorecendo assim melhor
desenvolvimento da massa.
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43
A partir de um segundo teste de formulao padro, fez-se uma massa com ovos inteiros e
uma segunda massa somente com gema. A massa que apresentou caractersticas como maior
elasticidade, resistncia extenso e menos estriada foi a massa feita somente com gema,
concluindo-se que a clara atrapalha o desenvolvimento do glten, ou a interao do mesmo com
gua. Com estes resultados, decidiu-se que a formulao da massa padro a ser trabalhada
conteria semolina de trigo durum e gema, alm dos demais ingredientes, sendo apresentada na
tabela 7.
Tabela 7: Formulao padro de massa alimentcia.
A partir da formulao padro (F1), iniciou-se as substituies parciais de semolina por
farinha de okara. O volume de farinha total a ser utilizado foi divido entre as duas farinhas, onde
o porcentual de okara colocado era completado com semolina.
As tabelas 8 e 9, a seguir mostram as formulaes utilizadas em todas as substituies e
suas respectivas porcentagens.
Ingredientes Porcentagem
Semolina de trigo Durum 66%
Gema de ovo 7%
gua 25%
Sal 1,8%
Goma Guar 0,2%
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44
Tabela 8: Porcentagem de cada ingrediente na massa alimentcia.
Porcentagens F1* F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8
Semolina de
Trigo
Durum
66% 0% 49,5% 46,2% 42,9% 39,6% 36,3% 33%
Farinha de
Okara
0% 66% 16,5% 19,8% 23,1% 26,4% 29,7% 33%
Gema de ovo 7% 7% 7% 7% 7% 7% 7% 7%
gua 25% 25% 25% 25% 25% 25% 25% 25%
Sal 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2%
*Formulao padro
O primeiro teste de substituio (F2) foi com 100% de okara em relao semolina de
trigo. A ausncia do glten do trigo impossibilitou a formao de massa. A partir da
desenvolveu-se mais trs formulaes (F3, F4, F5), para se ter conhecimento de uma faixa de
substituio que possibilitaria a formao de massa, sempre mantendo os teores de sal e gema
constantes.
Conforme o desenvolvimento da massa percebeu-se que a incorporao de gua nas
massas com farinha de okara era maior e que para total desenvolvimento do glten seria
necessria adio de mais gua. Sendo assim, nas formulaes com substituio parcial de okara,
o teor de gua aumentou aproximadamente em 10% (valor dependente da quantidade de okara
presente).
Nas amostras F4 e F5 foi verificado, que as caractersticas do macarro foram muito
alteradas, pois nessas formulaes a massa se apresentava quebradia e estriada, caractersticas
no satisfatrias para a massa fresca. Portanto as amostras foram descartadas. Somente a
formulao de 25% (F3) se manteve firme e no quebradia. Assim, optou-se por testar valores
intermedirios menores que 50%. Logo, realizaram-se testes com substituies entre as
porcentagens de 25% a 50% de farinha de okara, utilizando-se: 30% (F6), 35% (F7) e 40% (F8)
de farinha de okara. Como se buscava uma formulao com maior teor de okara, descartou-se a
amostra F3.
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45
As formulaes F6 e F7 obtiveram as caractersticas ideais, uma massa lisa, sem
rugosidades e de colorao uniforme e F8 apresentou uma massa coesa e com rugosidade, sendo
descartada. A partir disso, foi realizada anlise sensorial nas amostras com 30 e 35% de farinha
de okara, para verificar se h ou no diferena significativa entre as amostras. Foi feito ento, um
teste de aceitao e inteno de compra.
Tabela 9: Porcentagem de Semolina de trigo e Farinha de Okara.
Amostra Semolina de Trigo
Durum %
Farinha de
Okara %
F3 75 25
F4 50 50
F5 25 75
F6 70 30
F7 65 35
F8 60 40
F9 65 35
F10 50 50
A massa padro obteve tonalidade menos amarela em relao s formulaes com adio
de farinha de okara, sendo a massa padro representada na figura 14. Devido presena da soja,
recebeu uma colorao amarelada, fazendo com que no houvesse a necessidade de adio do
corante no macarro, fatos demonstrados na figura 15, sendo que a formulao esquerda
representa formulao com 30% de farinha de okara e direita, formulao com 35% de farinha
de okara.
-
46
Figura 14: Formulao de macarro padro.
Figura 15: Formulaes com 30% e 35% de farinha de okara
Visando a melhora da textura, coesividade e maleabilidade da massa, desenvolveram-se
mais duas formulaes com adio de 0,2% de goma guar, na formulao com 35% de farinha de
okara (F9) e 40% (F10), sendo que a goma tambm possibilitou adio de mais 5% de farinha de
okara para formao de uma massa de qualidade, visto que atravs de teste realizado com 10% a
mais de farinha de okara no houve formao de massa, ficando quebradia. As propores finais
de cada ingrediente so demonstradas na tabela 10, j o resultado final das massas dados nas
figuras 16 e 17. Os resultados do teste indicaram que a adio de goma guar, conferiu ao
macarro ausncia de rugosidade, maior elasticidade e maleabilidade, alm de melhora na
textura.
-
47
Tabela 10: Formulaes com adio de goma guar.
Ingredientes F9 F10
Semolina de Trigo Durum 42,7% 39,6%
Farinha de Okara 23,1% 26,4%
Gema de ovo 7% 7%
gua 25% 25%
Sal 1,8% 1,8%
Guar 0,2% 0,2%
Figura 16: Macarro com adio de goma guar
e 35% de farinha de okara (F9).
Figura 17: Macarro com adio de goma guar
e 40% de farinha de okara (F10).
-
48
Tambm se observou diferena no tempo de coco do macarro, com adio de okara o
tempo de cozimento foi de apenas 2 minutos, visto que a massa fresca e possui um teor
reduzido de dureza, j que a soja no contm glten. A colorao aps a coco ficou mais
prxima a de um macarro tradicional.
4.4 Anlise sensorial
A ficha foi preenchida por 175 alunos da faculdade Termomecnica com idade entre 17 a
48 anos. Entre os quais somente quatro pessoas no consomem macarro, e foram excludos da
anlise. Como mostra o grfico da figura 18.
Figura 18: Frequncia do consumo de macarro.
A primeira anlise sensorial realizada foi o teste pareado preferncia, onde no foi
percebida diferena significativa em nvel de 5% de significncia entre as amostras de 30% e
35% de farinha de okara, onde a formulao com 30% de okara recebeu 46,6% de preferncia, j
a formulao com 35% de farinha de okara, recebeu 53,4% de preferncia, como descreve a
figura 19.
2%
62% 24%
12%
Frequncia de Consumo
Diariamente
Semanalmente
Quinzenalmente
Ocasionalmente
-
49
Figura 19: Resultado do teste pareado- preferncia.
Em seguida, mais um teste foi realizado, com a tentativa de aumentar a porcentagem da
farinha de okara. Com isso, adicionou-se 0,2% de goma guar, e a possibilidade de aumentar 5%
de farinha de okara, para continuar com a massa coesa, lisa e firme, juntamente com anlise
sensorial de teste de preferncia com porcentagens de substituio parcial de 35% e 40% de
farinha de okara. Para anlise dos resultados, consultou-se a tabela do teste de ordenao
pareada, e em relao ao nmero de provadores, havendo diferena significativa em nvel de 5%
de significncia entre as amostras, sendo que a formulao de 35% de farinha de okara, foi a
mais aceita, como indicada na figura 20.
46,6% 53,4%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
Formulaes
Preferncia entre as substituies
Okara (30% )
Okara (35%)
-
50
Figura 20: Teste Pareado-preferncia.
Finalmente, o ltimo teste sensorial realizado foi com a amostra final, com adio de 35%
de farinha de okara, sendo realizado teste de escala hednica e inteno de compra, com os
resultados demonstrados nos grficos das figuras 21 e 22, respectivamente.
66
34
0
10
20
30
40
50
60
70
Formulaes
(%)
Grfico de Aceitao do macarro
35% de Okara
40% de Okara
-
51
Figura 21: Histograma com valores hednicos.
Em relao ao teste utilizando a escala hednica atribuindo notas para os atributos de
avaliao global, aparncia, textura, odor e sabor, foram atribudos notas de 1 a 5, sendo que 1
desgostei extremamente e 5 gostei extremamente.
Observando o grfico, possvel notar que houve um resultado satisfatrio em relao aos
atributos, sendo que foram bem aceitos, obtendo nota 4 gostei muito e 5 gostei
extremamente.
A aparncia do macarro, foi o atributo que recebeu a maior porcentagem de nota 5,
sendo fundamental, uma vez que esse atributo influencia na escolha do consumidor. Mesmo com
a substituio de farinha de okara por farinha de trigo, no houve alterao do produto.
0
5,7
54,7
39,6
0 1,9
32,1
66,0
3,8
13,2
47,2
35,8
1,9
17,0
43,4 37,7
0,0
13,2
54,7
32,1
0
10
20
30
40
50
60
70
NOTA 2 NOTA 3 NOTA 4 NOTA 5
% Grfico de atributos do macarro
Avaliao global
Aparncia
Textura
Odor
Sabor
-
52
Figura 22: Grfico de inteno de compra.
4.5 Anlises fsico-qumicas
As anlises fsico qumicas foram realizadas apenas na formulao final, que corresponde
a formulao de macarro talharim com 35% de substituio de farinha de trigo, por farinha de
okara, sendo que todas as anlises foram feitas em amostra de massa crua devidamente triturada,
e armazenada sob refrigerao. Esses resultados foram comparados e demonstrados com a tabela
nutricional de um macarro de marca lder comercial, apresentados na tabela 11.
Tabela 11: Comparao dos resultados obtidos para a composio centesimal de macarro com okara e de
marca comercial, em uma poro de 100g.
Composio
Centesimal
Com Okara(%) IDR (%)*
Marca lder IDR (%)*
Protena 15,1 0,3 20 8,9 12
Gordura 7,6 14 2,5 5
Cinzas 2,664
0,007
- - -
Umidade 35,8 0,3 - - -
Fibras 2,5 10 1,3 5
Carboidratos 36,4 12 54 18
*Valor dirio com base em uma dieta de 2000 Kcal ou 8400 KJ.
49,1%
39,6%
9,4%
1,9% 0%
Inteno de Compra
Provavelmente compraria
Certamente compraria
Talvez comprasse/ talvezno comprasse
Provavelmente nocompraria
Certamente nocompraria
-
53
Entre os valores que apresentaram grandes diferenas, o mais expressivo foi o teor de
fibras, sendo que o produto obtido apresentou o dobro de quantidade de fibras em comparao a
marca comercial, o alto teor foi proveniente do okara, que mesmo sendo um resduo industrial
ainda um produto com quantidades significativas de fibras, segundo a literatura de Costa (1981)
o okara seco apresenta de 10 a 12% de fibras, e tambm proveniente da farinha de semolina de
trigo durum, que apresenta 2% de fibras em sua composio.
Outro resultado significativo foi o aumento do teor de protena, aproximadamente o dobro
do valor comercial,. Esse aumento da quantidade de protenas proveniente da semolina de trigo
durum, da gema de ovo, mas tambm do okara. Em relao literatura de Costa (1981), o okara
seco apresenta de 28 a 38% de protena, valor ainda baixo se comparado com o valor obtido em
laboratrio por Castro (2008) de 45,71%. Ainda segundo Castro (2008), esses valores mudam em
consequncia de: proporo de soja e gua utilizada, pH da gua, temperatura de extrao e teor
inicial de protena na matria prima.
O macarro com okara teve um teor maior de gordura em relao marca comercial,
podendo ser consequncia do leo da soja e tambm dos lipdeos provenientes da gema do ovo. A
quantidade maior de gordura no interferiu nas propriedades tecnolgicas e sensoriais da massa.
Os teores de umidade e de cinzas do macarro esto dentro do permitido pela legislao
vigente de massa alimentcia, RDC n93 (BRASIL, 2000).
O pH da massa crua com adio de farinha de okara foi de 6,57 que em comparao a
estudos de Menegassi e Leonel (2006) feitos com massa alimentcia fresca, os valores foram
exatamente iguais. Concluindo-se que a adio da farinha de okara no influencia no pH da
massa.
O resultado da anlise de acidez foi de 0,2%, valor abaixo do limite permitido pela
legislao RDC n93 (BRASIL, 2000), que regulamenta, para massa alimentcia, o teor mximo
de 5%.
-
54
5 CONCLUSO
Os resultados obtidos demonstram que possvel a substituio de farinha de okara
contribuindo efetivamente no desenvolvimento de um macarro de melhor qualidade nutricional,
classificado como rico em protenas, tendo aumento do teor de fibras quando comparado a uma
marca comercial.
Os resultados obtidos da anlise sensorial mostraram-se satisfatrios, com o alcance
elevado de aceitao e 88,7% de inteno de compra sem que o mesmo perdesse caractersticas
tecnolgicas e sensoriais, com potencial de comercializao.
A utilizao da goma guar permitiu uma substituio maior de okara em relao a
semolina, no total de 40%, fazendo com que a massa no ficasse pegajosa, ou seja, com
caractersticas adequadas.
Conclui-se, portanto, que os resduos de produo, especificamente os de soja, podem ser
introduzidos em formulaes, em vista de melhorar a qualidade nutricional de produtos
alimentcios e ao mesmo tempo sem encarecer o produto ou at mesmo diminuir o preo do
mesmo por baratear o custo com matria prima.
-
55
6 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS
Desenvolvimento de novos produtos com adio de farinha de okara;
Testes com outros tipos de goma;
Estudo do shelf life da massa fresca;
-
56
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